2019.03.12 - Fromkin, Rodman. Morfologia PDF
2019.03.12 - Fromkin, Rodman. Morfologia PDF
2019.03.12 - Fromkin, Rodman. Morfologia PDF
Capítulo 4
Morfologia: As Palavras
da Língua
B.C. JohnnyHart
Evaporo Oprimeiro poro
.-::...::=.......:...:.:.::.:.::..::::::..........1.------ -
~...e
A word is dead
When it is said,
Some say.
I say itjust
Begins to live
That day.
Emily Dickinson, "A Word"
CONJUNTOS DE PALAVRAS
phone phonic
phonetic phoneme
phonetician phonemic
phonetics allophone
phonology telephone
phonologist telephonic
phonological euphonious
com a unidade sonora /on/, significando "own". Mas todas as outras pala-
vras da lista contêm esta mesma palavra como parte da sua estrutura. As
regras fonológicas do inglês "dizem-nos" que em phonetic, phonetics,
phonology, phonologist, phonemic a pronúncia é [fün] em vez de fõn] ,
estando, porém, o mesmo elemento phone /fon/ presente em todas estas
palavras com o mesmo significado: "que diz respeito ao som".
Note-se também que nos seguintes pares de palavras os significados de
todas as palavras da coluna B são constituídos pelos significados das pala-
vras da coluna A mais o significado "não":
A B
desirable undesirable
likely unlikely
inspired uninspired
happy unhappy
developed undeveloped
sophisticated unsophisticated
BROOMHILDA
O estudo da estrutura interna das palavras, assim como das regras que
determinam a formação das palavras, chama-se morfologia. O conheci -
mento de uma língua implica o conhecimento não só da fonologia como
também da morfologia.
Neste capítulo analisaremos a formação das palavras em inglês e
noutras línguas e o que os falantes de uma língua sabem sobre a morfologia
da sua língua.
1
Alguns falantes da língua inglesa podem mesmo apresentar mais morfemas.
124 Aspectos Gramaticais da Linguagem
"Nunca ouvi falar em 'Enfeiamento"' aventurou-se Alice a dizer. "O que é?"
O grifo levantou as patas surpreendido. "Nunca ouviste falar em enfeiar!",
exclamou. " Sabes o que é embelezar, suponho?"
" Sim", disse Alice hesitante: "significa - tornar - uma coisa - mais bela".
"Bom" - continuou o - grifo, "se não sabes o que é enfeiar, então és uma pateta".
Alice não era assim tão pateta, uma vez que enfeiamento não era
palavra corrente antes de Lewis Carroll a usar. Chamámos já a atenção para
a existência de lacunas no léxico, palavras que não existem mas poderiam
existir. Algumas lacunas devem-se ao facto de determinada sequênci a
Morfologia: As Palavras da Língua 127
MORFEMAS DERIVACIONAIS
Novas palavras podem entrar desta forma no dicionário, criadas pela apli-
cação de regras morfológicas. Acontece frequentemente que embora uma
palavra como, por exemplo, Commun + ist entre para a língua, outras formas
complexas também possíveis, como Commun + ite (como em Trotsky+ ite) ou
Commun + ian (como em grammar + ian) não entram. Poderão, no entanto,
existir formas alternativas: Marxian/Marxist. A redundância dessas formas
alternativas, todas elas de acordo com as regras gerais de formação de
palavras, pode explicar algumas lacunas acidentais que o léxico representa.
Isto mostra que as palavras que na realidade existem numa língua constituem
apenas um subconjunto de palavras possíveis.
Algumas regras morfológicas são muito produtivas no sentido em que
podem ser utilizadas bastante livremente para formar novas palavras da lista de
morfemas livres e presos. O sufixo -able parece ser um morfema que pode
combinar-se livremente para derivar um adjectivo com o significado do verbo
e o significado de -able, que significa algo como "capaz de ser", como acon-
tece em accept + able, blam(e) + able, pass + able, change + able, breath +
able, adapt + able, etc. O significado de -able tem por vezes sido expresso
como "pronto para fazer" ou "pronto para ser feito".
Poderíamos explicitar esta regra do seguinte modo:
(1) VERBO + able ="capaz de ser VERBO + part. pass."
accept + able ="capaz de ser aceite"
A produtividade desta regra está bem patente no facto de encontrarmos
-able em palavras morfologicamente complexas como un + speakabl(e) + y
e un + come· + at + able.
Vimos já existir um morfema em inglês que significa "não": tem a
forma un- e quando combinado com adjectivos como afraid, fit, free, smooth,
American e British forma o antónimo, ou negativa, desses adjectivos; por
exemplo, unafraid, unfit, unfree, unsmooth, unAmerican, unBritish.
Podemos também acrescentar o prefixo un- para fazer derivar palavras
que haviam sido formadas por regras morfológicas:
un + believe + able
un + accept + able
un + talk + about + able
un + keep + off + able
un + speak + able
A regra que forma estas palavras pode ser expressa do seguinte modo:
(2) un + ADJECTIVO ="não - ADJECTIVO"
Esta regra parece explicar todos os exemplos apresentados. No entan-
to, embora encontremos happy e unhappy, cowardly e uncowardly, não
encontramos sad e *unsad ou brave e *unbrave.
Estas formas não gramaticais podem, é certo, constituir meras lacunas no
léxico. Certamente que se alguém se referir a uma pessoa dizendo que está
*unsad saberíamos que essa pessoa estava "not sad" e que uma pessoa
*unbrave seria "not brave". Mas como salienta a linguista Sandra Thompson 2,
2
S. A Thompson, "On the Issue of Productivity in the Lexicon'', Kritikon Litterarum
4 (1975): 332-349.
Morfologia: As Palavras da Língua 129
pode ac~ntecer que a regra "un-" não seja tão produtiva para adjectivos for-
mados por um só morfema como para adjectivos derivados de verbos. A
regra parece aplicar-se livremente às formas adjectivais derivadas de ver-
bos, como acontece com unenlightened, unsimplified, uncharacterized,
unaut~orized, undistinguished, etc.
E verdade, porém, que nem sempre podemos saber o significado das
palavras derivadas de morfemas livres e derivacionais com base apenas nos
próprios morfemas. Thompson chama a atenção para os significados impre-
visíveis das seguintes formas un-:
unloosen " loosen, let loose"
unrip " rip, undo by ripping"
undo "reverse doing"
untread "go back through in the sarne steps"
unearth " dig up"
unfrock " deprive (a cleric) of ecclesiastic rank"
unnerve " fluster"
Assim, embora as palavras de um língua não sejam as unidades som-
-significado mais elementares, deverão Quntamente com os morfemas) fazer
parte dos nossos dicionários. As regras morfológicas fazem parte da gra-
mática apontando as relações entre as palavras e fornecendo os meios de
formação de novas palavras.
As regras morfológicas podem ser mais produtivas (podem muitas
vezes ser usadas para formar novas palavras) ou menos produtivas. A regra
que acrescenta -er aos verbos ingleses para representar o significado nomi-
nal de aquele que pratica uma acção (uma vez ou habitualmente)" parece ser
uma regra morfológica muito produtiva; a maior parte dos verbos ingleses
aceitam este sufixo: lover, hunter, predictor (note-se que -or e -er têm a
mesma pronúncia), examiner, examtaker, analyzer, etc.
Consideremos agora o seguinte:
sincerity de sincere
warmth de warm
moisten de moist
O sufixo -ity encontra-se em muitas outras palavras inglesas, como
chastity, scarcity, curiosity. E -th ocorre em health, wealth, depth, width,
growth. Encontramos -en em sadden, ripen, redden, weaken, deepen.
No entanto, o segmento *The fiercity of the lion soa-nos estranho, tal como
a frase *I'm going to thinnen the sauce. Poder-se-á usar a palavra coolth, mas,
como Thompson refere, quando se usam palavras como fiercity, thinnen, fullen
ou coolth, trata-se ou de um erro de fala ou o falante está a tentar fazer humor.
Talvez se trate de uma regra morfológica que já foi produtiva (como
mostram os pares do tipo scarce/scarcity) mas deixou de o ser. O nosso
conhecimento de pares que se relacionam poderá, no entanto, permitir-nos a
utilização destes exemplos para formarmos novas palavras com base na
analogia com elementos já existentes.
"PULLET SURPRISES"
O conhecimento que os falantes têm dos morfemas da sua língua e das
130 Aspectos Gramaticais da Linguagem
regras de formação de palavras está bem patente quer nos "erros" que fazem
quer nas formas correctas que produzem. Os morfemas combinam-se para
formarem palavras. Essas palavras formam os nossos dicionários interiores.
Nenhum falante de uma língua conhece todas as palavras. Considerando o
nosso conhecimento dos morfemas da língua e das regras morfológicas,
conseguimos muitas vezes adivinhar o significado de uma palavra que não
conhecemos. Muitas vezes, como é evidente, adivinhamos mal. Amsel
Greene anotou erros feitos pelos seus alunos em aulas de vocabulário e
publicou-os num livro encantador intitulado Pullet Surprises 3 • O título é
tirado de uma frase escrita por um aluno do ensino secundário: "Em 1957
Eugene O'Neill won a Pullet Surprise". O mais interessante destes erros é o
que revelam do conhecimento que os alunos têm da morfologia do inglês.
Consideremos a criatividade desses alunos nos exemplos seguintes.
PAIAVRA DEFINIÇÃO DO ALUNO
deciduous "able to make up one's rnind"
longevity "being very tall"
fortuitous "well protected"
gubematorial "to do with peanuts"
bibliography "holy geography"
adamant "pertaining to original sin"
diatribe "food for the whole clan"
polyglot "more than one glot"
gullible "to do with sea birds"
homogeneous "devoted to home life"
Criação de Palavras
Como já vimos, novas palavras podem juntar-se ao
vocabulário ou léxico de uma língua através de processos derivacionais.
Mas novas palavrás podem também entrar numa língua de muitas outras
maneiras. Algumas são criadas directamente par~ servir um objectivo. A
Madison Avenue deu já ao inglês muitas palavras novas como Kodak,
nylon, Orlon e Dracon. Nomes de marcas comerciais como Xerox, Kleenex,
Jell-o, Frigidaire, Brillo e Vaseline surgem frequentemente nos nossos dias
como o nome genérico para marcas diferentes desses mesmos produtos.
Note-se que algumas destas palavras foram criadas a partir de palavras já
existentes: kleenex vem da palavra clean eJell-o de gel, por exemplo.
· 3 Amsel Green, 1969. Pullet Surprises, Scott, Foresman & Co. Glenview, Ill.
Morfologia: As Palavras da Língua 131
COMPOSTOS
... os Houyhnhnms não têm na sua Língua Palavra para
exprimir algo mau, excepto a que vão buscar aos Defeitos ou
às más Qualidades dos Yahoos. Assim, mostram .a Loucura de
um Criado, uma Omissão de uma Criança, uma Pedra que
lhes corta os Pés, a Continuação de Tempo mau ou indese-
jável, etc., acrescentando a cada Palavra o Epíteto Yahoo. Por
exemplo, Hhnm Yahoo, Whnaholm Yahoo, Ynholmhnmrohlnw
Yahoo.
Jonathan Swift, Viagens de Gulliver
Os pastores criam
Este relatório é sobre carneiros donde comemos
criadores de gado costeletas de carneiro
ACRÓNIMOS
-
A.C.R.O.N.Í.M.l.A.
A.!.~tlt:CA!i05iv.t051)l!
OfXi.Mit5MO$NM))toWS
~L.tlosHO~.tf'U·
J;ACQrW. A!ITÔM:MO
•
-
Desenhado por D. Fradon; © 1974 The New Yorker Magazine, lnc.
4
T. S. Geisel, 1965. Fox in Sox. Random House. Nova Iorque, p. 5 1.
134 Aspectos Gramaticais da Linguagem
ACRÓNIMOS
Acrónimos são palavras derivadas das iniciais de várias palavras. Essas
palavras pronunciam-se como se escrevem: NASA lê-se [nresg], UNESCO
[yunEsko] e CARE [kher]. Radar, de "Radio Detecting and Ranging'', laser, de
"Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation" e Scuba, de
"Self-Contained Underwater Breathing Apparatus'', exemplos dos esforços
criadores dos que inventam palavras, tal como acontece com snafu que é
conhecido em círculos bem frequentados como "situation normal, all fouled up".
PALAVRAS ENTRECRUZADAS
É UMA COMBINAÇÃO DE
BANQUETE E JANTAR
... "Brillig" means four o' clock in the afternoon - the time when you begin
broiling things for dinner.... "Slithy" means "lithe and slimy." ... You see it's like
a portmanteau - there are two meanings packed up into one word .... "Toves" are
something like badgers - they're something like lizards - and thery're something
like corkscrews ... also they make their nests under sun-dials - also they live on
cheese .... To "gyre" is to go round and round like a gyroscope. To "gimble" is to
make holes like a gimlet. And "the wabe" is the grass-plot round a sun-dial. .. It 's
Morfologia: A s Palavras da Língua 135
called "wabe" ... because it goes a long way before it and a long way before it and
a long way behind it. ... " Mimsy" is "flimsy and miserable" (there's another port-
manteau for you).
FORMAÇÃO REGRESSIVA
Podem formar-se novas palavras a partir de palavras já existentes
"subtraindo" um afixo considerado como parte da palavra primitiva. Assim,
peddle derivou de peddler com base no pressuposto errado de que er era um
sufixo de "agente". Tais palavras dizem-se de derivação regressiva. Os
verbos hawk, stoker, swindle e edit entraram todos para a língua por for-
mação regressiva - de hawker, stoker, swindler e editor. Pea derivou de
uma palavra singular, pease, devido à leitura que alguns falantes faziam de
pease como plural. Os puristas da língua queixam-se por vezes das palavras
formadas regressivamente e citam enthuse (de enthusiasm) e ept (de inept)
como exemplos de corrupção linguística. No entanto, muitas palavras hoje
aceites fizeram assim a sua entrada na língua.
REGRASALARGADASDEFORMAÇÃODEPALAVRAS
Podem também formar-se novas palavras a partir de palavras já
existentes que parecem ser analisáveis - isto é, compostas de mais de um
morfema.
A palavra bikini, por exemplo, teve a sua origem do atol Bikini das
Ilhas Marshall. Uma vez que a primeira sílaba bi- significa em muitos casos,
como bi-polar, "dois", algum indivíduo esperto lembrou-se de chamar
monokini a um fato de banho só com a parte de baixo. Historicamente
entraram desta forma muitas palavras no léxico inglês. Por analogia com
pares como act/action, exempt/exemption, revise/revision, formaram-se as
novas palavras resurrect, preempt, televise com base nas palavras já exis-
tentes resurrection, preemtion e television.
ABREVIAÇÕES
Abreviações de palavras ou segmentos frásicos longos podem também
ser "lexicalizadas" : nark para narcotics agent; tec (ou dick) para detective;
telly, a palavra inglesa para television; prof para professor; teach para
teacher; e doe para doctor são apenas alguns exemplos de formas abrevi-
adas que são agora utilizadas como palavras plenas. Outros exemplos são
ad, bike, math, gas, gym, phone, bus, van. Este processo é muitas vezes
referido como clipping.
PALAVRAS DE NOMES
A produtividade da criação de novas palavras (ou expansão vocabular)
revela-se curiosamente pelo número de palavras do vocabulário inglês que
136 Aspectos Gramaticais da Linguagem
Morfologia e Sintaxe:
Morfologia Flexional
"... e até ... o patriótico arcebispo de Canterbury o achou
aconselhável-"
"A chou o quê?" disse o Pato.
"Achou-o, " respondeu o Rato já zangado: "é claro que sabes
o que significa 'o '."
"Sei muito bem o que significa 'o ', quando acho algo," disse
o Pato: "é quase sempre uma rã ou uma minhoca. A questão
é, o que é que o arcebisp o achou?"
Lewis Carrol!, Alice no País das Maravilhas.
5
W. R. Espy. 1978. O Thou lmproper, Thou Uncommon Noun: An Etymology of
Words That Once Were Names. Clarkson N. Potter, Inc. Nova Iorque
Morfologia: As Palavras da Língua 137
"Meu menino, o Avô não é a pessoa indicada para responder a essas coisas. Há oitenta e sete anos que
vivo calmo e f eliz em Montoire-sur-le-Loir sem a forma verbal do p assé antérieur "
mas cuja presença é exigida pelas regras sintácticas da língua para assinalaI
o "tempo" ou o "aspecto".
O inglês deixou de ser uma língua altamente flectida. Mas temos ou-
tras terminações flexionais. A pluralidade de um substantivo comum 6 , por
exemplo, como em boy/boys, cat/cats, etc.
Um aspecto interessante dos morfemas flexionais em inglês é que
geralmente "rodeiam" morfemas derivacionais. Assim, à palavra deriva-
cionalmente complexa un + like + ly + hood podemos acrescentar a termi-
nação plural e formaremos un + like + ly + hood + s mas não *unlikesly-
hood.
Algumas relações gramaticais podem ser expressas quer flexional-
mente (morfologicamente) quer sintacticamente. Observemos as seguintes
frases:
6
Os substantivos comuns pQdem co.ntar-se: one boy, two boys, etc. Os substantivos
não comuns não podem contar-se: *one rice, *two rices, etc.
7
Exemplos de L. Campbell, "Generative Phonology vs. Finnish Phonology: Retros-
pect and Prospect, "Texas Linguist Forum 5 (1977); 21-58.
Morfologia: As Palavras da Língua 139
1 II III IV
cab cap buss child
cad cat bush ox
bag back buzz mo use
love cuff garage sheep
lathe faith match criterion
cam badge
can
bang
call
bar
spa
boy
MORFONÉMICA
Se nem (3a) nem (3b) se aplicar, então /z/ realizar-se-á [z]; não se acrescen-
tarão quaisquer segmentos nem se alterarão quaisquer traços.
A "regra do plural" fará derivar as formas fonéticas de plural para
todos os substantivos regulares (recordemos que se trata aqui do plural /zl):
regra (3a)
regra (3b) NA
!
g NN i
s
NA
NA
REPRESENTAÇÃO
FONÉTICA (bAsgz] (brets] (bregz]
ª NA significa "Não Aplicável".
Tal como formulámos estas regras, (3a) deverá ser aplicada antes de
(3b). Se aplicássemos as duas partes desta regra por outra ordem, iríamos
dar origem a formas fonéticas incorrectas:
A regra da formação do plural revela mais uma vez que as regras fono-
lógicas podem introduzir segmentos completos na cadeia fonémica: um [g] é
acrescentado pela primeira regra. Revela também a importância da ordem
das regras em fonologia.
Se observarmos as regras da formação do tempo passado nos verbos
ingleses notaremos um interessante paralelismo com a formação do plural
dos substantivos:
142 Aspectos Gramaticais da Linguagem
1 II m IV
grab reap state is
hug pea.k cloud run
seethe unearth sing
love huff have
buzz làss go
rouge wish bit
judge pitch
fan
ram
long
kill
care
tie
bow
hoe
observar que quando uma nova palavra entra para a língua se aplicam as
regras regulares de flexão. O plural de Bic será, pois, Bics e não *Bicken.
O past tense do verbo hit , como em Yesterday, John hit the roo/, e o
plural do substantivo sheep, como em The sheep are in the meadow, mos-
tram-nos que alguns morfemas parecem não ter nenhuma forma fonológica.
Sabemos que hit na frase mencionada é hit + past por causa do advérbio
temporal yesterday e sabemos também que sheep é a forma fonética de
sheep + plural devido à forma plural do verbo are. Há milhares de anos os
gramáticos de hindu sugeriram que alguns morfemas tinham a forma zero;
isto é, podem não ter qualquer representação fonológica. Do nosso ponto de
vista, porém, e porque defendemos uma definição de morfema como uma
forma constante de som-significado, sugerimos que o morfema hit está mar-
cado quer como presente, quer como passado, no nosso dicionário e o mor-
fema sheep está ·marcado como singular e plural. Outros linguistas, porém,
analisarão estas palavras diferentemente.
Algumas das limitações nas associações de fonemas que analisámos
no Capítulo 3 poderão apresentar-se como regras fonológicas e morfo-
fonémicas. A limitação da nasal homorgânica inglesa aplica-se entre alguns
morfemas assim como dentro do próprio morfema. O prefixo negativo in-
que, como un-, significa "não" em palavras como inexcusable, inattentive e
inorganic, apresenta três alomorfes: [ln] antes de vogais como nos exemplos
apresentados e ainda antes de alveolares como intolerant, indefinable,
insurmoutable, [lm] antes de labiaias em palavras como impossable ou
imbalance; e [i!J] antes de velares em palavras como incomplete ou inglori-
ous. A pronúncia deste morfema revela-se muitas vezes na grafia, com im-
quando apenso a morfemas começados por /p/ ou /b/. E porque não temos a
letra"!) " no nosso alfabeto (embora exista em alfabetos de outras línguas) a
valer [!J) escreve-se n em palavras como incomplete. Talvez não tenham
reparado que se pronuncia o n de incomplete, inglorious, incongruous e
outras como [IJ] pois a regra inglesa da nasal homorgânica é tão incons-
ciente como outras regras da gramática. Compete aos linguistas e foneticis-
tas tornar essas regras conscientes ou revelá-las como parte da gramática. Se
articularmos estas palavras em tempo normal sem fazermos pausa a seguir
ao in- sentiremos a parte posterior da língua erguer-se e tocar no véu
pala til)O.
E interessante notar que em akan o morfema negativo apresenta tam-
bém três alomorfes nasais: [m] antes de /p/, [n] antes de /t/ e [IJ] antes de /kJ
como poderemos ver nos exemplos seguintes:
A B
sign [sã:Yn J signature [sígnoc~r]
design [dnã:Yn] designate [dÉz~gnet]
paradigm [ph;frgdà)im] paradigmatic [phà:rndigmreD~k]
(4) Suprima um /g/ sempre que este ocorra antes de consoante nasal final 8 .
8
O /g/ pode também ser suprimido noutras ci~cunstâncias, como nos mostra a sua
ausência em signing e signer.
Morfologia: As Palavras da Língua 145
A B
bomb /bamb/ [bãm] bombardier /bombadir/ (bãmoodir]
iamb /ayremb/ [ayrem] iambic /ayrembik/ [ayrembrk]
crumb /kr/\lllb/ [krAm] crumble /kr/\llloo li [krÃIIlool]
(5) Suprima o /b/ final sempre que este ocorra depois de um /m/.
RESUMO
EXERCÍCIOS
C. Faça uma lista de todos os morfemas que ocorrem nas frases de ewe
que apontámos (faça o "glossário" dos morfemas.)
D. Como diria em ewe "A mulher olhou para a árvore"?
E. Se oge de abo significa "Um homem bebeu vinho" como diria em
ewe "Um homem queria o vinho"?
REFERÊNCIAS
Aronoff, Mark. 1976. Word Formation in Generative Grammar. Ling uistic Inqci.~ .
Monograph 1. M.I.T. Press. Cambridge, Mass.
Greene, Arnsel. 1969. Pullet Surprises. Scott, Foresman & Co. Glenview, Ili.
Marchand, Hans, 1969. The Categories and Types of Present-Day English íl'Onf-
Formation, 2nd ed. C. H. Beck'sche Verlagsbuchhandlung. Munique.
Matthews, P. H. 1976. Morphology: An Jntroduction to the Theory of Word Smu:-
ture, Cambridge U niversity Press. Cambridge, Inglaterra.