A Música No Culto Reformado
A Música No Culto Reformado
A Música No Culto Reformado
INTRODUÇÃO
Nosso propósito é pensar sobre o papel da música no Culto ao Senhor. Ela é um
elemento do Culto que tem sido extremamente valorizado nos últimos anos.
Portanto, devemos analisar de que forma ela pode auxiliar na adoração.
a) Impressão
⇨ Agostinho de Hipona disse: “Assim flutuo entre o perigo do prazer e os
salutares efeitos que a experiência nos mostra. Portanto, sem proferir uma sentença
irrevogável, inclino-me a aprovar o costume de cantar na Igreja, para que, pelos
deleites do ouvido, o espírito, demasiado fraco, se eleve até aos afetos da piedade.
Quando, às vezes, a música me sensibiliza mais do que as letras que se cantam, confesso
com dor que pequei. Neste caso, por castigo, preferiria não ouvir cantar. Eis em que
estado me encontro”.
⇨ A música tem um poder de impressão muito grande, ela mexe com nossos
sentimentos de uma maneira que muitas outras artes não conseguem. A música
produz em nós: medo, alegria, tristeza, dor e etc. Só um instrumental já é capaz de
causar impressão.
⇨ A música contém três elementos: ritmo, melodia e harmonia. O ritmo é o
esqueleto da música, ele mexe com nosso corpo. A melodia é uma sucessão de sons;
ela trabalha nossas emoções. A harmonia pode ser definida como sons simultâneos.
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b) Expressão
⇨ Expressão é a mensagem que a música transmite por meio do texto. Cânticos
espirituais/hinos são músicas que se baseiam na inspiração bíblica.
⇨ A música é um excelente veículo para guardar informações em nosso cérebro.
Podemos fixar verdades ou mentiras, dependendo do que cantamos. Por isso, é
preciso parar e pensar seriamente no que estamos cantando nas nossas igrejas.
⇨ Lutero destacou um importante fato quando ele disse à sua congregação: “eu
sei que amanhã, segunda-feira, vocês vão esquecer o que eu estou falando agora no
meu sermão. Mas os hinos que os faço cantar, jamais vão ser esquecidos”.
⇨ Vejamos alguns exemplos de músicas boas e ruins para o canto
congregacional:
V. A MÚSICA E OS REFORMADORES
⇨ Zwinglio, um dos reformadores da época, demonstrou a ênfase que a igreja
deveria ter na pregação da Palavra, mantendo apenas alguns elementos de culto.
Segundo Zwinglio, a música tinha um poder muito “sedutivo” com isso ele teve a
ideia de bani-la dos cultos.
⇨ Calvino também contrastou com Zwinglio na medida em que acreditava que
a música possuía o poder para inflamar o coração humano com o zelo espiritual
trabalhando para esta finalidade. Ele recrutou músicos para a igreja de Genebra,
colocou-os para trabalharem na produção de novas melodias para acompanharem
os salmos. Calvino restaurou o canto com o acompanhamento da harmonia e
melodia, voltadas para o canto congregacional.
⇨ O canto medieval era utilizado apenas pelo clero, com isso a igreja tinha uma
participação passiva. Os reformadores então, não aceitando essa ideia, reformaram
o canto congregacional no qual a igreja faça o papel ativo. Ele acreditava que o ponto
central da música na igreja era aquilo que se cantava; a música era direcionada à
congregação e deveria ser simples sem requerer treinamento ou habilidade daquele
que iria cantá-la em uníssono na igreja.
⇨ Em 1539, Calvino escreveu um saltério metrificado em francês com o que ele
equipou sua comunidade; 17 salmos metrificados, 5 de sua autoria e os demais de
Clément Marot. Além dos Salmos, Hinos e Cantos Congregacionais, foram inseridos
também como cantos os Dez Mandamentos metrificados; A Oração do Senhor; O
cântico de Simeão; O Credo dos Apóstolos e outros.
⇨ Calvino sempre enfatizou que deveria haver uma conexão entre a letra, a
palavra e a melodia nos cantos litúrgicos, e que os cânticos litúrgicos não deveriam
ser “luminosos e frívolos”, mas “imponentes e majestáticos” tendo uma grande
aversão às “músicas dançantes” que tornava o povo licencioso. Calvino também
sempre enfatizou o fato de voltar a Igreja antiga, especialmente à Igreja primitiva,
para buscar as bases do culto.
⇨ A tradição litúrgica reformada sempre carregou e deve carregar as marcas
fundamentais da sua concepção teológica. A letra dos cânticos e hinos deve buscar
refletir a centralidade da Palavra de Deus, expressa no cuidado com a biblicidade na
composição, e, tendo a soberania de Deus como elemento distinguível da teologia
que os formula. O imperativo de um culto teocêntrico.
b) Congregação
⇨ A Congregação é a parte principal do canto congregacional. Quem adora é
toda igreja. A comunidade deve expressar em espírito e em verdade cada palavra
cantada.
⇨ Gostos particulares não devem impedir ou atrapalhar a comunhão e unidade
entre os crentes. Não podemos criar cultos de acordo com gostos musicais.
⇨ O modo de adorar/cultuar a Deus não é baseado em nossos conceitos,
formatos ou métodos (Confissão de Fé de Westminster capítulo XXI).
⇨ O Culto deve ser em espírito e em verdade (Jo 4.23,24), com alegria (sl 100.2);
inteligibilidade (1Co 14.23-25; Rm 12.1); reverência e santo temor (Hb 12.28);
decência e ordem (1Co 14.40); santidade (Is 1; Rm 12.1,2); confessionalidade (Hb
13.15); sinceridade e exclusividade (1Sm 7.3); catolicidade (Hb 10.19-25; 1Pe 2.9).
CONCLUSÃO
⇨ A música não deve ser vista como uma vilã ou como estrela em nossas
comunidades cristãs. Ela é uma ferramenta e um elemento do Culto e não “O Culto”.
Não deve ser valorizada demais ou desvalorizada.
⇨ A Equipe e Regentes devem ser sábios e cientes da sua responsabilidade de
condutores. Jamais devem olhar para si como as grandes estrelas do Culto.
⇨ A Congregação deve exercer seu papel de adoradora e utilizar esta arte como
instrumento para glorificar a Deus em espírito e em verdade. Não só a música, mas
todas as partes do Culto devem ser realizadas com alegria e reverência.
⇨ O Culto prestado por uma congregação só será validado se a vida dos
membros é um culto diário. O que se faz fora se valida dentro e não o contrário.