Impulso Atmosferico
Impulso Atmosferico
Impulso Atmosferico
1. INTRODUÇÃO
A amplitude dos surtos de origem interna ou surtos de manobra pode ser minimizada através do
emprego de resistores de pré-inserção em disjuntores, drenagem (descarga) da carga residual de linhas
de transmissão e outras técnicas construtivas e critérios adequados de operação do sistema elétrico. O
emprego de técnicas apropriadas possibilita que sistemas elétricos com tensão de operação de 550 kV
sejam projetados com sobretensões devidas aos surtos de manobra limitadas a 2 pu. De modo similar, a
sobretensão interna máxima gerada em sistemas 765 kV e 1000 kV não ultrapassa a 1,3 pu. Sistemas
elétricos projetados assim, passam a ter os espaçamentos mínimos determinados principalmente pela
tensão de operação do sistema sob condições de chuva e poluição intensa, as quais podem causar
sensível redução na capacidade de isolação externa de equipamentos elétricos em extra-alta tensão.
Vários ensaios de alta tensão são usualmente realizados com o gerador de impulso destacando-
se os ensaios de impulso atmosférico e impulso de manobra, pelos quais se simula, em laboratório,
sobretensões de elevada ordem, originadas, respectivamente, por descargas atmosféricas e surtos
provenientes de chaveamentos no sistema de potência. O ensaio aplicado, por exemplo, a um
transformador de força, cuja tensão nominal do enrolamento de tensão superior é de 550 kV, exige a
aplicação de tensões da ordem de 1550 kV para o ensaio de impulso atmosférico e, de 1250 kV para o
ensaio de impulso de manobra.
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Quando o ar constitui a isolação principal do equipamento em verificação, o ensaio é não
destrutivo e o fenômeno físico associado à aplicação dos impulsos tem natureza probabilística, sendo
comum a adoção de procedimentos de ensaio que utilizam métodos estatísticos, com amostragens
constituídas de um número significativo de aplicações, para permitir a determinação da suportabilidade
do equipamento em função de uma dada probabilidade de descarga.
Entre as diversas técnicas utilizadas para a geração de impulsos de tensão, a mais prática e
eficiente é a que utiliza uma associação de capacitores em série, em um circuito desenvolvido por Marx,
no início do século, podendo ser utilizado tanto para a geração de impulsos atmosféricos quanto os de
manobra.
O circuito multiplicador de Marx está apresentado na Fig. 1, constituído por apenas 4 estágios,
onde RL é denominada resistência de carga, RS a resistência de frente, Rp a resistência de cauda e Cs
a capacitância de cada estágio, sendo o objeto de ensaio representado somente por sua capacitância
Cb, em relação à terra.
Os impulsos atmosféricos se caracterizam por possuir forma de onda padronizada como 1,2/50,
sendo o tempo virtual de frente igual a 1,2 µs e o tempo virtual de cauda equivalente a 50 µs . A sua
caracterização é feita com base na amplitude da onda de tensão, nos tempos virtuais de frente e de
cauda e, eventualmente, no tempo virtual até a disrupção, se o objeto sob ensaio não suportar a
aplicação do impulso de tensão. A determinação dos tempos virtuais, conforme mostrado na Fig. 3, é
realizada em função do zero virtual O’, definido pela reta que passa pelos pontos correspondentes a 30
% e 90 % do valor de crista, na frente da onda de impulso.
Assim, o tempo virtual de frente é determinado pelo produto da constante 1,67 e do intervalo de
tempo definido pelos instantes de 30% e 90% do valor de crista da onda de impulso atmosférico. De
modo similar, o tempo virtual de cauda é definido pelo intervalo de tempo compreendido entre o zero
virtual O’ e o instante em que a tensão tenha sido reduzida para 50% do valor de crista.