Manual de Med Nuclear 2006
Manual de Med Nuclear 2006
Manual de Med Nuclear 2006
1. PRINCÍPIOS BÁSICOS
A Medicina Nuclear (MN) é uma especialidade que utiliza radionuclídeos para fins
diagnósticos e terapêuticos. Estes radionuclídeos possuem características físicas e químicas
adequadas para uso “in anima nobili”.
O estudo de Medicina Nuclear na UFRJ foi criado no início dos anos oitenta, no
Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina. Tem como objetivo o ensino de
graduação, de pós-graduação, além da pesquisa e prestação de serviços no Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), realizando exames cintilográficos para
complementação diagnóstica.
(153Sa), nas outras condições citadas usa-se o 131Iodo, sob a forma de iodeto para as doenças
da tireóide e ligado a um análogo das catecolaminas para tumores da supra-renal.
Sob o ponto de vista didático, costuma-se dizer que o átomo é formado por um núcleo
pesado, com carga positiva, e vários elétrons, com carga negativa, que se movimentam ao
redor do núcleo, à semelhança do sistema solar (sol e planetas).
Os elétrons distribuem-se em camadas ou órbitas, de tal modo que dois deles nunca
ocupem a mesma posição. Quanto maior o número de elétrons de um elemento químico,
maior será o seu número de órbitas. É considerado que os elétrons da última camada são
aqueles que definem todas as propriedades químicas do elemento.
Cada elétron, girando ao redor do núcleo, está a ele vinculado por uma força de
atração entre sua carga negativa e a carga positiva do núcleo.
força de repulsão surge. Vale dizer que estas partículas podem permanecer ligadas com certos
limites de distância o que garante a existência dos átomos. Foi sugerido um valor crítico de
0,5 .x 10-13 cm. Para distâncias maiores ou menores as partículas se repelem.
X = nome do elemento;
A = massa;
Z = número atômico = nº prótons = nº elétrons;
N = número de nêutrons
Exemplo:
Átomos que têm o mesmo número atômico (mesmo número de prótons) e diferentes
números de massa. Ocupa a mesma posição na classificação periódica. Têm as mesmas
propriedades químicas, mas diferem em suas propriedades físicas. Exemplo:
5
; ;
1.3.2 Isóbaros
1.3.3 Isótonos
Exemplo; ; ;
Exemplo:
(140 keV)
Os átomos radioativos podem ser obtidos, artificialmente, por meio de: reator
(produtos de fissão), ciclotron, aceleradores, geradores.
.4 Terminologia
.5 Radioatividade
Röntgen, em 1895, descobriu um tipo de radiação que atravessa corpos opacos, apesar
de serem absorvidos em parte por eles. Esses raios têm a propriedade de excitar substâncias
fluorescentes, impressionam películas fotográficas, e aumentam a condutividade elétrica do ar
que atravessam. Como eram de natureza desconhecida, foram denominados de radiação X.
Em 1889, Maria Curie, em Paris, descobriu que o elemento conhecido como Tório
apresentava características radioativas do urânio. Em 1910, ela descobriu o Rádio.
7
núcleos emissores perdem duas cargas elétricas positivas, quatro núcleons e muita energia.
Os núcleos emissores alfa têm em geral número atômico (Z) muito elevado, e em
alguns casos a emissão pode ocorrer espontaneamente, como é o caso do 226Ra, 238U e 232Th,
As radiações alfa são muito pouco penetrantes podendo ser blindadas totalmente com
uma folha de papel. No entanto causam preocupações no caso de contaminação interna ou
externa porque elas são muito ionizantes (reagem ativamente com o meio).
Exemplo:
É a emissão de uma partícula igual ao elétron com carga negativa que se origina no
núcleo com excesso de nêutrons em relação ao nuclídeo estável com o mesmo número de
massa. Um nêutron se transforma em um próton e ocorre a emissão de um elétron do núcleo
(beta negativa) e um antineutrino.
8
Assim como o neutrino o antineutrino é uma partícula que não possui carga nem
massa somente energia. Portanto, quando um núcleo X de número atômico Z e número de
massa A emite uma partícula β- ( Beta menos), transforma-se em outro com número atômico
Exemplo:
É a emissão de uma partícula igual ao elétron, porém com carga positiva (beta +),
originada do núcleo com excesso de prótons em relação ao nuclídeo estável de mesmo
número de massa.
Exemplo:
Estas partículas têm maior poder de penetração e menor poder de ionização que as
radiações alfa.
Após emissão das radiações alfa ou beta, o núcleo residual pode continuar excitado;
desta forma a transição para o estado fundamental (equilíbrio) é feita pela emissão da energia
excedente sob a forma de radiação eletromagnética, denominada radiação gama.
A radiação gama é mais penetrante que as citadas acima e seu poder de ionização é
menor; já que não possui massa nem carga.
10
Exemplo:
Além dos tipos de radiações acima citados existem outros meios dos átomos excitados
atingirem o equilíbrio. São eles:
b) conversão interna: a radiação gama ao ser liberada do núcleo atinge um elétron da camada
K (raramente L ou N) e o expulsa da órbita do átomo. Como no caso anterior há também
emissão de raios X; O elemento permanece o mesmo.
Exemplo:
Os raios X têm as mesmas propriedades dos raios gama, a diferença está na origem. O
raio gama provém do núcleo e os raios X dos elétrons do átomo (periferia).
N(t) = N0 e-λt
seja, se num instante T tenho uma quantidade A de átomos instáveis, depois de um intervalo
de tempo igual a T1/2 , terei A/2 átomos instáveis.
É possível distinguir para cada radionuclídeo um tempo médio de vida para seus
átomos, denominado
A = λN ou A = A0 e-λt
onde:
A = atividade naquele tempo;
λ = constante de desintegração;
N = número de átomos
A0 = atividade no tempo zero;
e = base do logaritmo Neperiano ( = 2,7l8 ).
1.7.1 Unidades
Até 1977 a unidade padrão era Curie – Ci = a atividade de 1 g de rádio, mais tarde
preconizaram como 3,7 . 1010 dps( desintegrações por segundo).
1Ci = 3,7 x 1010 dps
1mCi = 3,7 . 107 dps
1µCi = 3,7 . 104 dps
1 Bq = 1 dps
1Ci = 3,7 .x 1010 Bq
1Bq = 2,7 .x 1011 Ci
.2 Unidades de radiação
1 R = 2,58 x 10-4
É definida pelo ICRU como sendo a energia (E) absorvida da radiação por unidade de
massa (m) do material absorvedor.
A unidade oficial de 1950 a 1975 foi o rad (radiation absorved dose) definida como:
1 rad = .
b)Dose equivalente
A unidade de dose equivalente estabelecida pela ICRU até 1975 foi Roentgen
radiation equivalent men, onde 1 rem = 1 rad x Q
Obs.: para transformar rem em mSv é só multiplicar ao valor do rem por 10; e mSv em rem
divide o seu valor por 10.
Em resumo para raios X, gama e elétrons um Gray é igual a um Sievert. Para radiação
incidente X ou gama a relação entre a unidade de dose absorvida e a unidade de exposição é
próximo de 1.
O ICRP fixou em 1 mSv ou 0,1 rem o limite semanal ou 50 mSv ou 5 rem o limite
anual de dose equivalente efetiva (corpo inteiro) para os profissionais que trabalham com
radiação. E para os indivíduos do público, a Comissão limitou em 1mSv ou 0,1 rem a dose
equivalente efetiva anual.
Três fatores devem ser levados em consideração para minimizar o efeito da radiação:
tempo, blindagem e distância.
.9 Traçadores
.1 Radiotraçadores
Tipo de energia gama, meia vida curta e afinidades pelo órgão em estudo.
.2 Radiofármacos
- colimador: tem a função de guiar os raios emitidos pelo sistema em estudo até o cristal do
detetor;
- detetor: pode ser um cristal de cintilação, por exemplo, o cristal de iodeto de sódio ativado
com tálio – NaI (Tl) ou um detetor semicondutor, como o de germano lítio – GeLi;
- sistemas eletrônicos para o processamento do sinal;
- sistemas de registros de imagem (atualmente câmaras são acopladas a computadores).
energia da radiação incidente. Ele é processado e a informação registrada sob a forma de uma
imagem ou dígitos, (figura 1.1).
2. RADIOFARMÁCIA E RADIOFÁRMACOS
Até 1960 as substâncias radioativas eram importadas prontas para uso, e só havia
necessidade de fracioná-las de acordo com a dose para cada paciente. Isto trazia um alto custo
devido os centros produtores serem distantes dos consumidores.
Fonte de irradiação: quando o material biológico recebe apenas as radiações emitidas pelo
radionuclídeo usado, não entra em contato íntimo com o meio.
Radiotraçador: o próprio radionuclídeo é incorporado ao meio biológico que se deseja
estudar.
.2 Na Área Biológica:
Medicina Legal (análise por ativação (n,γ) que se baseia na irradiação da amostra em geral
com nêutrons, a fim de tornar radioativo o elemento que se quer estudar.
Pode determinar a presença de elementos traços na amostra)
História - Rei Eric XIV da Suécia foi envenenado por arsênio há cerca de 400 anos.
Criminologia – identificação de suspeitos pela análise de cabelos. O espectro de Raio γ do
cabelo de um indivíduo permite identificá-lo tão perfeitamente quanto suas impressões
digitais.
Com a introdução dos reatores nucleares e dos aceleradores de partículas foi possível a
obtenção de RN artificiais para utilização em sistemas biológicos como traçadores radioativos
ou radiotraçadores.
Traçadores são substâncias que são incorporadas ao meio que se quer estudar e cujo
destino pode ser acompanhado. O radiotraçador ideal deve reunir algumas características
como:
a) Não afetar o sistema onde está sendo introduzido;
b) Possuir alta atividade específica (atividade radioatividade por unidade de massa).
22
A sua radiação deve ser facilmente detectável e não deve causar danos ao sistema (a
radiação γ permite uma análise não destrutiva, pode-se detectar à distância sem alterar o
sistema em estudo)
2.2 Geradores
Radionuclídeo pai = 99Mo (meia vida = 67h) Radionuclídeo filho = 99mTc (meia vida = 6h)
O gerador de 99Mo consiste em uma pequena coluna de vidro contendo uma resina
trocadora de íons (alumina) onde o 99Mo é firmemente absorvido. Por decaimento β- o 99Mo
O 99mtecnécio pode ser utilizado exatamente como é obtido na coluna (nesta forma
quando administrado tem afinidade por tireóide, glândulas salivares, estômago e plexo
coróide). A forma química do 99mTc obtida a partir do gerador é de pertecnetato de sódio.
Quimicamente, o radical 99mTcO -
4 é não reativo e não se liga a praticamente nenhuma
estrutura por reação direta.
2.3 Radiofármacos
Exemplo: 99mTc DTPA ( Dietileno Triamino Pentacético Ácido marcado com 99mTc
para imagem renal). A molécula (DTPA) não radioativa, é escolhida com base na sua
localização preferencial ou afinidade pelo órgão que se deseja estudar, ou na sua participação
na função deste órgão. Esta molécula é então marcada por um radionuclídeo, de tal modo que
após a sua administração, as radiações emitidas possam ser detectadas ou seguidas por um
detetor de radiação externa, fornecendo imagens funcionais ou anatômicas. Assim, a função
do órgão ou sgua estrutura morfológica pode ser acessada.
Os radionuclídeos 11C, 15O e 13N são pouco utilizados pois, sendo emissores de
pósitron, radionuclídeos de meia vida ultra curta, necessitam de aparelhagem específica para
sua detecção, ainda que o centro produtor esteja próximo do centro do usuário.
2.3.3.2 Fagocitose:
pirofosfato liga-se à superfície destes cristais onde a perfusão é mantida e fornece uma
imagem da região infartada. O tempo ótimo pós infarto para sua detecção é de 1-3 dias.
São radiofármacos que se ligam, com alta afinidade, aos sítios de receptores. Ex.
localização e imagem de tumores neuroendócrinos ou outros baseados na ligação de um
análogo da somatostatina radiomarcado (111In-Octreotide) aos receptores do tumor.
Uma vez que os radiofármacos são administrados em seres humanos, precisam ser
estéreis, livres de pirogênio e serem submetidos a todos os controles de qualidade requeridos
para uma droga farmacológica convencional. Além disso, devem apresentar pureza
radionuclídica e radioquímica.
Estudos funcionais constituem a força da Medicina Nuclear, e isso tem sido possível
devido ao fato de isótopos de meia-vida curta poderem ser incorporados em uma variedade de
compostos ativos biológicos.
Fig. 3 - a) cintilografia cerebral planar normal; b) cintilografia anormal. Notar área de intensa captação em
topografia de região parietal direita, que posteriormente foi confirmada, cirurgicamente, presença de um
tumor.
c d
3.1.4 Radiofármacos usados na SPECT (Tomografia computadorizada por emissão de foto único):
TIPOS DE DEMÊNCIAS:
ALZHEIMER
POR MULTIPLOS INFARTOS
FRONTAL
PRÉ-SENIL ...
f)
g)
.2 Doença de Parkinson
Perfusão diminuída nos núcleos da base.
h)
3.3.3 Doença vascular:
.4 Epilepsia:
3.3.6 Uso de cocaína: diminuição da perfusão na região frontal e parietal (agudo) e pequenos
e múltiplos defeitos na região cortical e subcortical (crônico).
3.3.8 Morte cerebral:– este diagnóstico tem grande importância nesta época de transplantes
em ascensão. O SPECT é um método que só produz imagem em indivíduos vivos, pois
depende da captação do radiotraçador pelas células neuronais.
i) j)
4.1 Esôfago
Na forma acima o radiotraçador não deve ser absorvido pela mucosa esofageana.
do órgão e estômago (6 áreas) fornece curvas de atividade ou contagens x tempo, nos eixos
das ordenadas e abscissa, respectivamente.
O aspecto normal da curva: pico único ou com discreto entalhe e entrada rápida no
estômago.
Tempo total de trânsito pode ser definido como o intervalo de tempo que decorre entre
podendo se visibilizar no esôfago uma atividade residual em torno de 10% da atividade total.
a) b)
46
c) d)
– Técnica de exame:
Preparo do paciente: jejum de 4 h
Radiotraçador: 99m Tc – coloidal
Dose 18,5 MBq ou 0,5 mCi em 50 ml água
100 a 150 ml de suco de laranja.
Logo após a ingestão dos líquidos o paciente deve ser posicionado de pé em frente ao
campo do colimador da câmara de cintilação e em seguida pesquisada a presença de resíduo
radioativo no esôfago. Se presente, o paciente ingere adicionalmente um máximo de 50 ml
água. Persistindo ainda sinais de resíduo, o exame deve ser feito em outra oportunidade com
auxílio de sonda nasogástrica.
O computador é programado para aquisição de 36 imagens com intervalo de 10s cada,
durante um tempo total de no mínimo 6 minutos. Este tempo pode ser aumentado
dependendo da disponibilidade do equipamento.
ordenadas e abscissas respectivamente. A curva do esôfago pode mostrar picos cuja altura é
proporcional à quantidade de material que retornou do estômago para o esôfago; o número de
picos é proporcional à freqüência e a sua largura caracteriza a duração do refluxo. É
considerado refluxo presente toda vez que a altura do pico for pelo menos igual ao dobro da
radiação basal do esôfago.
Indicações:
DRGE
Dor torácica não cardíaca
Colagenoses (esclerose sistêmica progressiva principalmente)
Em pediatria, crianças com infecções respiratórias de repetição
Adultos (asmáticos)
Indicações:
distúrbios causados por obstrução mecânica
doença de refluxo gastroesofágica (DRGE)
doenças neuropáticas (diabetes)
colagenoses (ESP)
avaliação de terapêutica medicamentosa ou cirúrgica
h) i)
Fig. 4 h) esvaziamento gástrico normal e Fig. 4 i) exame anormal, duas horas após
a ingestão de alimento sólido
j)
4.5 Divertículo de Meckel (dm) Fig. 4 j) curva e imagens de esvaziamento gástrico
alterados
k) l)
4.6 Fígado
No hemangioma como é um tumor muito vascularizado, a área que era não captante
com o colóide-99mTc passa a ser hipercaptante com as hemácias marcadas.
Os abscessos mostram áreas não captantes, mas se realizarmos a seguir exame com
67-Gálio-citrato, passamos, também, a observar áreas hipercaptantes.
m) n)
Fig. 4 m) exame do fígado com 99mTc-colóide (colóide) normal; e Fig. 4 n) fígado mostrando lesão
ocupando espaço
Fig. 4 o) exame do fígado com colóiode mostrando pequena área de hipocaptação na região póstero
superior, que no estudo com hemácias marcadas a área mostra-se hiperperfundida, sugestiva de
hemangioma hepático.
53
p) q )
Pode ser usada para avaliar as diversas doenças hepatobiliares, colecistites aguda e
crônica, fístula biliar, obstrução do ducto biliar comum, hepatopatia crônica (cirrose). Em
pediatria, diagnóstico diferencial entre hepatite e atresia das vias biliares.
A CCK pode ser usada para estimular a contração da vesícula e encher depois com o
radiofármaco, porém pode causar obstrução por cálculo.
s t
Imagens são obtidas desde o momento da injeção até 24 horas após. É usada para a
pesquisa de sangramentos ativos intermitentes, intermitentes e ativos. Sua sensibilidade e
especificidade estão acima de 90%.
Para os sangramentos ativos pode-se usar o 99m Tc-coloidal numa dose de 370 MBq
(10 mCi) EV. Imagens seqüenciais são obtidas durante 2 minutos, com o paciente em
decúbito dorsal, abdome sob o detector da câmara de cintilação. Imagens estáticas, em
anterior, lateral, obliqua e posterior podem ser obtidas quando necessário por até 20 a 30
minutos.
4.8.1 Imagem
Fig. 4 v,x) Ausência de anormalidades nas duas primeiras imagens(v). O sangramento normal
inicia em topografia do colo ascendente e migra para o transverso (v,x).
Qualquer outra atividade presente no abdome que não seja aquela extraída por células
do SRE, sugere sangramento ativo.
v x
z1 z2
61
z3 z4
Os pulmões podem ser considerados como um órgão par, composto por dois
compartimentos, aéreo e sangüíneo, que estão em contato funcional, através da membrana
alveolar, a fim de realizar as trocas gasosas. O pulmão possui duas circulações bem
diferenciadas: a circulação nutritiva, procedente da aorta, através das artérias brônquicas e a
circulação funcional de caráter terminal, procedente da artéria pulmonar, e formando parte da
pequena circulação.
pulmonar pode ser fatal para o paciente. Nos casos freqüentes, onde a obstrução ocorre em
vasos de menor diâmetro, a sintomatologia, geralmente, é a dispnéia súbita e a dor torácica.
O diagnóstico deve ser esclarecido e iniciado, imediatamente, o tratamento.
A injeção deve ser feita numa veia periférica, lentamente, e com o paciente em
posição supina a fim de assegurar uma distribuição uniforme das partículas por ambos os
64
pulmões. Desta forma se obtém uma imagem de perfusão capilar pulmonar, na qual a
atividade de cada região é proporcional ao fluxo sangüíneo regional.
.1 Resultados:
Dos gases radioativos os mais utilizados são o 133Xenônio e o 81mKriptônio que são de
pouco uso em nosso meio devido as suas características físicas e alto preço.
5.3.1 O diagnostico de embolia pulmonar através da Medicina Nuclear baseia-se nos critérios
de PIOPED modificado.
Dois ou mais, grandes defeitos de perfusão nos segmentos que não mostram correspondência
com o exame ventilatório ou inalatório e exame radiológico pode estar normal ou com
discretas alterações.
Vale ressaltar que há trabalhos citando valores em torno de l0 a 12% de casos de embolia,
cujo aspecto cintilográficos é de baixa probabilidade. Desta forma a história e o exame clínico
são muito importantes para instituir a terapêutica.
a)
68
b)
Nos anos setenta, este radioisótopo era utilizado como marcador ósseo. Constatou-se,
no entanto, sua capacidade em se fixar em sítios com atividade metabólica aumentada:
processos inflamatórios, infecciosos e tumorais, alterando-se, então, suas indicações clínicas.
5.4.1. Biocinética
superior a 15 dias. Sendo a árvore respiratória o sistema de nosso corpo que mais contato tem
com o meio exterior, um significante porcentual das FOO é conseqüente de infecções
bacterianas ou viróticas aí localizadas. Em pacientes com SIDA, febrícula vespertina e RX de
tórax normal, a cintilografia com 67Gálio pode evidenciar nos pulmões a presença de um
processo infeccioso oportunista, segmentar ou difuso, causado por Pneumocystis Carinii ou
por Cytomegalovirus.
Há relato na literatura que as lesões tumorais malignas retém o 18FDG por mais tempo.
Nesses casos se realiza imagens de uma e duas horas após administração deste radiofármaco,
as imagens tardias têm maior atividade com o valor de captação padrão (SUV, do inglês
Standard Uptake Valor) elevado.
Convém assinalar que o 67Gálio não consegue distinguir entre processo tumoral e
infeccioso/inflamatório. Desta forma, sua especificidade deve ser aprimorada,
correlacionando-se as imagens com todos os dados clínicos, laboratoriais e radiológicos.
c d
AEROSSOL DE 99mTc-DTPA
A barreira alvéolo-capilar pode ter sua integridade funcional alterada por diversas
condições patológicas e por outros fatores como a irritação do epitélio do parênquima
pulmonar provocada pelo fumo etc.
Em estudo que realizamos com pacientes HIV soro reativos assintomáticos com
radiografia de tórax normal, a TDP-DTPA média em indivíduos que não desenvolveram
72
A TDP-DTPA é um exame não invasivo, com irradiação do paciente menor que uma
radiografia convencional, cômodo para o paciente, muito sensível para evidenciar presença
de infecção pulmonar, atividade de doenças pulmonares difusas, como a sarcoidose, febre
reumática etc., alterações da permeabilidade alvéolo-capilar, como a doença da membrana
hialina e a SARA; e é um método preditivo do desenvolvimento da pneumocistose em
pacientes HIV soro reativos assintomáticos. Trata-se de exame de grande importância no
estabelecimento de conduta terapêutica adequada, ainda, em tempo de controlar um bom
número de doenças pulmonares.
A Medicina Nuclear oferece uma série de métodos diagnósticos que são utilizados,
essencialmente, para três finalidades básicas: diagnóstico, prognóstico (estratificação de risco)
e avaliação terapêutica cardiológica. Podemos utilizar marcadores de necrose, perfusão,
função e metabolismo. Atualmente, dois procedimentos predominam no estudo cintilográfico
da função cardíaca: perfusão miocárdica e imagens sincronizadas das câmaras cardíacas. O
estudo com pirofosfato (necrose) está sendo menos utilizado, mas tem ainda sua aplicação. O
estudo de metabolismo para avaliação da viabilidade miocárdica pós-infarto, é limitado aos
grandes Centros, em São Paulo e Rio de Janeiro, devido ao alto custo do equipamento e do
radiofármaco.
a) 201Tálio (201Tl);
b) 2-metoxi-isobutil-isonitrila - 99m Tecnécio( 99mTc –SESTAMIBI ou MIBI);
c) Teboroxina-99m Tc; e
d) Tetrosfosmim-99m Tc.
O 201Tálio foi utilizado pela primeira vez em 1975 por Lebowitz. Concentra-se nos
miócitos na dependência de fluxo sangüíneo e integridade celular (bomba de Na-KATPase),
porém suas características físicas não são as ideais para obtenção de imagens de boa
qualidade em gama-câmaras e, é de disponibilidade mais difícil; apesar disso, o 201Tl ainda é
bastante utilizado, devido principalmente, a grande experiência acumulada durante todos
esses anos e, também, por ser o radiotraçador de escolha para o diagnóstico de miocárdio
hibernante ou atordoado.
Com o aparecimento do 99m Tc-MIBI muitos Centros deixaram de usar o 201Tl, devido,
basicamente, aos seguintes fatos:
O MIBI não é radioativo, podendo ser estocado e marcado com 99m Tc no momento
que se deseja usá-la, ao contrário do 201Tl, que decai com meia-vida de 73 horas.
b) Fase de redistribuição
Decorridas três a quatro horas (ou, menos freqüentemente, alguns minutos), há uma
redistribuição do 201Tl pelo miocárdio, bem como por todo o organismo, em função da qual
podem-se observar ou não mudanças nos padrões de distribuição do radiotraçador, pela
obtenção de novas imagens.
Quando existe uma oclusão parcial da artéria coronária, o fluxo sangüíneo pré e pós-
oclusão é o mesmo, na freqüência cardíaca basal.
Quando o paciente cessa o exercício e o fluxo vai voltando ao estado basal; observa-se
aumento relativo da concentração do 201Tl na região anteriormente hipocaptante.
No caso de oclusão total da artéria coronária, haverá sempre uma região hipocaptante
pós-oclusão, quer logo após o exercício quer no estado basal.
Uma área hipocaptante observada logo após o exercício e que assim permaneça na
fase de redistribuição, porém com menor dimensão, é compatível com fibrose concomitante
com isquemia transitória adjacente.
b) Protocolo de um dia
As duas etapas são realizadas com intervalo de três a quatro horas e, de preferência, na
seqüência repouso-exercício, com injeções de 10 mCi e 30 mCi, respectivamente, e também
aqui, as imagens são adquiridas uma hora após cada injeção.
6.1.4
ou 99mTc-Sestamibi
A interpretação de tais
Fig. 6- a) Perfusão do imagens é a mesma
miocárido normal. daquela
b) Perfusão com 201Tl no que se refere a
do miocárdio
mostrando hipocaptação na parede inferior sugestivo de fibrose
hipocaptação transitória ou persistente. Com 99mTc-MIBI as imagens são de melhor qualidade
e devido a maior energia do 99mTc .
a) b)
Quando o paciente não pode se submeter a teste ergométrico, lança-se mão, então, de
estímulos farmacológicos - Doença vascular periférica ou cerebral; insuficiência cardíaca;
distúrbios músculos-esqueléticos ou neurológicos; doença pulmonar obstrutiva crônica; baixa
capacidade funcional; HAS moderada a grave; estudos em vigência de medicamentos que
limitam a resposta funcional ao esforço, interferindo, principalmente, no cronotropismo
durante o exercício (-bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, etc).
não protegidos por MP artificial, angina instável; Dobutamina - angina instável, fase aguda do
infarto do miocárdio, cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva, arritmias complexas, hipertensão
arterial não controlada
a) medicamentosa;
b) cirurgia de revascularização do miocárdio; e
c) angioplastia coronária.
6. Avaliação do infarto agudo do miocárdio recente com ou sem procedimento
intervencionista
7. Doença não-coronária:
a) doença hipertensiva;
b) miocardiopatias; e
c) distúrbios da condução intraventricular.
O estudo da função cardíaca pela medicina nuclear pode ser realizado pela técnica de
primeira passagem ou pela técnica de equilíbrio denominado de Gated ou Muga. Ambos os
procedimentos propiciam informações anatômicas e funcionais das câmaras ventriculares
esquerda e direita.
Primeira passagem:
O estudo da primeira passagem pode ser realizado com o paciente sentado em frente
da gama-câmara na projeção OAD ou OAE. A injeção do radiofármaco é feita em veia
antecubital do braço direito. O volume injetado em “bolus” e impulsionado rapidamente com
10 ml de solução salina. A dose do radiofármaco é da ordem 20 a 25 mCi. A aquisição das
imagens , durante 30-40 segundos, é feita em tempo real . Portanto teremos as imagens da
passagem do “bolus através das câmaras cardíacas.
83
Gated ou Muga
O estudo Gated ou Muga é realizado com a marcação “in vivo” das hemácias com
administração venosa de 1 mg de pirofosfato estanhoso e após 20 minutos, com a
administração de 20 a 25 mCi de 99mTecnécio. O referencial fisiológico utilizado é o sinal do
ECG do paciente que é enviado ao computador. O espaço R-R é dividido, temporalmente, em
16 a 32 segmentos, que irão compor as imagens digitais computadorizadas e que permitem a
visualização cinética do ciclo cardíaco.
Aplicações clínicas:
IAM;
Diagnóstico e prognóstico de insuficiência coronária com repouso e exercício;
Reserva miocárdica em valvopatias; e
Controle e resultados terapêuticos das intervenções cirúrgicas
Embora diferentes indicadores, bem como, diversas técnicas possam ter aplicações
sobreponíveis, entre si, nas três principais áreas de aplicação da Medicina Nuclear em
Cardiologia (função, perfusão) falaremos agora do uso do pirofosfato marcado com tecnécio
na detecção do comprometimento isquêmico agudo do miocárdio.(necrose)
A avaliação do sistema urinário, pela Medicina Nuclear, tem por objetivo a pesquisa
através da imagem de anormalidades estruturais, assim como, a determinação da capacidade
de perfusão e filtração deste sistema fornecendo ao especialista um exame complementar
capaz de colaborar no diagnóstico das inúmeras doenças relacionadas a este aparelho.
Várias são as aplicações clínicas dos radiofármacos citados acima. As mais comuns
são:
a)Insuficiência renal aguda e crônica;
b)Anormalidades vasculares;
c) Uropatias obstrutivas;
d) Hipertensão renovascular;
e) Refluxo vésico-ureteral;
f) Pielonefrite;
g) Trauma renal;
h) Avaliação do rim transplantado;
i) Anomalias congênitas; e
j) Epididimite e torção testicular.
Os métodos citados acima permitem uma real avaliação do funcionamento dos rins e
informações valiosas através da imagem e valores numéricos e curvas, que são úteis na
interpretação das alterações da função renal e na detecção de lesões estruturais do aparelho
urinário. A exploração funcional renal por estes métodos traz como vantagem a simplicidade e
inocuidade, sendo necessário como preparo para o exame, apenas, hidratação adequada do
paciente que deve ingerir líquidos na quantidade de 7ml/kg de peso, uma hora antes do
exame. Uma anamnese cuidadosa deve ser efetuada voltada, principalmente, para a
medicação em uso que pode interferir na interpretação do estudo. O paciente deve ser
informado, previamente, sobre o tempo de duração do exame e a necessidade de permanecer
imóvel durante a aquisição das imagens e esses cuidados são tomados especialmente com
crianças, de forma que não haja um prejuízo no processamento das imagens, posteriormente.
Imagem de perfusão renal é definida como exame dinâmico rápido realizado durante o
primeiro minuto após a administração intravenosa em bolus de 5 mCi (185MBq) do material
radioativo (99mTc-DTPA ou 99mTc-MAG3). Necessário se faz, inicialmente, definir também
o que seja injeção em bolus – é a introdução intravenosa do radiofármaco (5mCi ou 185MBq)
89
em volume inferior a 1ml com o uso de “scalp” e com o braço garroteado. Imediatamente
depois, solta-se o garrote e inicia-se a injeção rápida de 10ml de soro fisiológico com o
objetivo de forçar a entrada do radiofármaco no sistema vascular renal.
No entanto, é a quantificação das informações contidas nas imagens que nos permitirá
explorar, ao máximo, o exame realizado. Para isto, é necessário traçar na tela do monitor de
TV do computador, as áreas de interesse. Áreas são desenhadas ao redor de ambos os rins,
como também, sobre a aorta abdominal e outra logo abaixo do rim direito, que corresponde a
contagem da radiação de fundo (BKG), necessária para subtração das contagens sobre os
rins. As contagens alcançadas desta forma são plotadas no eixo das ordenadas e o tempo de
exame nas abscissas, construindo-se curvas de atividade x tempo dos rins e da aorta
abdominal. No exame normal, observa-se um pico máximo de atividade simétrico e
sincrônico, em cada curva, de ambos os rins e, um pico máximo precedido no tempo pelos
picos das curvas dos rins, que corresponde a passagem do radiofármaco pela aorta abdominal.
Quando existe diminuição do aporte vascular em um dos rins, os picos das curvas
correspondentes dos rins deixam de ser simétricos.
a)
A 1a fase se caracteriza por uma subida abrupta da atividade durante um curto espaço
de tempo e corresponde à chegada do bolo radioativo nas áreas de interesse renais.
A 3a fase
é
Fig. 7- d) Estudo com DMSA normal. e) Estudo com DMSA evidenciando alteração no
rim direito.
b) c)
7.2.4 A
imagem estática
Para a
imagem estática renal
utiliza-se o 99mTc-
DMSA. Estas
devem ser obtidas d e
preferência 24 horas após
93
administração Fig.
intravenosa
7 – f) Estudo de
renal5mCi (185
dinâmico basal,MBq)
normal. deste radiofármaco.
g) Exame As incidências,
anormal, compatível
de hipertensão renovascular
geralmente, realizadas são: posterior, anterior e oblíqua direita e esquerda. Na projeção
anterior , pode ser detectado a presença de anomalia congênita, tal como, o rim em ferradura,
embora a maior aplicação clínica deste exame seja a detecção de cicatrizes renais
conseqüências das infecções urinárias de repetição por refluxo vésico-ureteral. No exame
normal, observa-se distribuição homogênea do radiofármaco.
O 99mTc-MAG3 também pode ser usado para realização de cintilografia renal estática.
Deve-se salientar que a vantagem deste radiofármaco é fundamental, porque com uma única
injeção pode-se efetuar tanto o estudo dinâmico quanto o estático. A desvantagem é o seu
custo elevado para um país em desenvolvimento como o Brasil.
d) e)
f g
O fluxo renal é muito útil para estabelecer o diagnóstico diferencial entre necrose
tubular aguda e rejeição do rim transplantado, uma vez que o fluxo sangüíneo está geralmente
mantido no primeiro caso, enquanto que na rejeição ele se encontra diminuído. Este método
permite a obtenção de informações qualitativas e quantitativas. As informações qualitativas
são obtidas pela inspeção visual das séries de imagens, onde, nos casos normais, observa-se
primeiro a chegada do bolo radioativo na aorta abdominal, cerca de 4 a 6 segundos após
começamos a visualizar o rim transplantado. A atividade renal aumenta, ultrapassando aquela
da aorta, até atingir um máximo, após o qual diminui. O traçado de áreas de interesse no rim
95
h)
97
Existe, com freqüência, um intervalo latente de sete a dez dias, antes que as primeiras
alterações ósseas sejam mostradas radiologicamente; ao contrário, a cintilografia óssea é,
invariavelmente, positiva mesmo em fase mais precoce. Entretanto, este diagnóstico precisa
ser confirmado por meio de aspiração subperióstica percutânea . Se a cintilografia óssea é
geralmente útil para identificar a doença, é provavelmente, de pouco uso para acompanhar o
tratamento e avaliar sua eficiência. Daí , torna-se imperiosa a realização da cintilografia com
67Gálio-citrato (67Ga) ou leucócitos marcados com 99mTecnécio no acompanhamento desses
pacientes.
O 67Ga tem uma meia vida física de 78 horas o que permite a observação de lesões
ósseas em imagens de até 72 horas após a injeção. O mecanismo de captação deste
radioelemento não está bem esclarecido, mas acredita-se que, por ser análogo do íon férrico,
ele se liga a transferrina plasmática. Nas áreas de inflamação ativa existe aumento do fluxo
sangüíneo, vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar, resultando em extravasamento
do complexo 67Ga-transferrina do capilar para o sítio da inflamação. O 67Ga, também, pode se
Fig. 8 b) Pefusão aumentada em
ligar a lactoferrina e a bactérias sideróforas no local da inflamação. topografia do pé direito
8.1 Indicações:
8.1.1 Da cintilografia óssea com 99mTc-MDP
Na terceira fase, a cintilografia óssea propriamente dita, pode ser realizada de três
formas: corpo inteiro, “spots” ou obtenção de cortes tomográficos, SPECT (Single Foton
Emission Computed Tomography) da região acometida. A retenção do radiofármaco pelo
esqueleto inicia-se por volta dos 20 minutos após a injeção. Deve-se principiar o exame 3
horas após a injeção do radiofármaco, e se necessário, imagens de 24 horas podem ser
efetuadas. Na osteomielite, há uma intensa captação no osso comprometido e na celulite nesta
terceira fase, o exame é normal.
c
102
A dose é administrada por via intravenosa e imagens são obtidas 24, 48, 72 horas após
a injeção. Recomenda-se o uso de laxativos antes das imagens de 48 e de 72 horas para evitar
que a atividade em cólon interfira na
Fig. 8 e )Cintilografia óssea, fase
interpretação do exame, por superposição nas tardia normal estruturas
ósseas da pelve.
Após a injeção deste radiofármaco, pode-se observar sua concentração nos órgãos de
sua biodistribuição. No esqueleto normal esta é regular e simétrica. Recomenda-se que a
cintilografia óssea com 99mTc-MDP tenha sido realizada previamente.
Áreas após tratamento e em remodelação óssea podem captar 99mTc-MDP por algum
tempo, enquanto não evidenciam captação com 67Gálio.
106
Vale ressaltar que a captação do 67Gálio pode ser vista em lesão com aumento do
metabolismo ósseo, como sítios de fratura e de amputação.
sua alta energia, favorecendo imagens com pobre resolução e a sua eliminação por via
digestiva, que podem dificultar a interpretação de estruturas ósseas da pelve.
Após a administração dos leucócitos marcados com 99mTc, nas imagens iniciais há
uma captação pelos pulmões, fígado e baço. Com o passar do tempo, há um “clearance”
pulmonar. Há também, um aumento progressivo da captação pelo fígado. Pode-se observar
que não há imagem de tireóide, estômago e/ou coração. Em pacientes com infecção, esta é
visibilizada permitindo sua localização através de intensa captação na área comprometida, em
imagens precoces, que permanecem até 24 horas. Como o laudo é conclusivo logo nas
imagens iniciais, recomenda-se que a cintilografia seja efetuada em três fases: uma imediata,
após a administração das células marcadas, seguida de outras, uma e três horas após. Vale
ressaltar que a captação dos 99mTc-leucócitos só acontece em processos infecciosos.
g
107
108
Fig. 9 - a) Tireoide normal: lobo direito maior que o esquerdo e mais captante, isto,
por ter menor tecido, acumula menos material radioativo. b) Tireóide aumentada de
volume com área hipocaptante em lobo esquerdo.
Os radionuclídeos mais utilizados para o estudo desta glândula são: 131I, 123I, e
99mTCO
4. Inicialmente, utilizavam-se apenas os isótopos radioativos do Iodo. O seu uso
baseia-se no fato de seguirem naturalmente o mecanismo de formação dos hormônios
tireoideanos,. São captados pela bomba de Iodeto, sob influencia do TSH, e seguem todo
caminho até a formação destes hormônios. O 99mTco Na
4 (Pertecnetato de Sódio) também, é
captado pela glândula da tireóide sob influência do TSH, porém, não é organificado, e,
portanto não segue para a formação do hormônio tireoideano. Outros fármacos têm sido
estudados como o 99mTc-Sestamibi, o Cloreto de 201Tálio, Citrato de 67Gálio dentre outros. A
experiência com estes últimos radiotraçadores ainda é limitada, mas alguns achados são
promissores, especialmente na área oncológica, onde eles têm importante papel,
principalmente, no carcinoma diferenciado da tireóide. Além da importância no diagnóstico
das doenças da tireóide, a Medicina Nuclear tem importante papel na sua terapia.
a) b)
Muitas vezes utilizado na detecção do tecido tireoideano suprimido, por não sofrer influência
do TSH. Utilizado, também, na investigação do nódulo tireoideano. Sua retenção tardia (em
torno de 4 horas), favorecia a hipótese de malignidade.
O Citrato de Gálio, seu mecanismo de ação é pouco conhecido, podendo refletir a atividade
metabólica celular.
Outras aplicações
131MIBG (Meta iodo benzilguanidina marcada com Iodo 131) é utilizada no diagnóstico e
tratamento de Feocromocitomas, neuroblastomas e paragangliomas. O fundamento do seu uso
reside no fato de que a MIBG entra na via de formação das catecolaminas, portanto sendo de
uso nos tumores de origem neuroendócrina.
112
Em maio de 1946, temos então, a publicação simultânea dos artigos de Hertz et Robert
e Chapman et Evans no JAMA, anunciando a radioiodoterapia como uma nova e efetiva
modalidade no tratamento do hipertireoidismo. Desde então este tratamento vem sendo usado
em larga escala assumindo posição de destaque no tratamento deste tipo de patologia.
Definição
Causas de hipertireoidismo
.2 Tratamento
Radioiodoterapia
Esta tática terapêutica tinha por objetivo evitar gasto dos pacientes com aquisição
continuada de medicação e, também, fazendo-se acompanhamento ambulatorial prevenindo-
se o hipotireoidismo pós-dose, assim como, trazendo informações aos pacientes para que
tivessem um melhor entendimento de sua doença, sabendo qual o objetivo do tratamento e as
conseqüências do mesmo.
E a mais comum causa de hipertireoidismo, descrita pela primeira vez por Robert
James Graves (1835), em três mulheres no Meath Hospital em Dublin, Irlanda, como uma
síndrome composta por taquicardia, bócio e exoftalmia. É bem reconhecido, atualmente, que
a doença é resultado da produção de anticorpos contra o receptor do TSH (Thyrotropin
Receptor Antibodies, TRAb), que mimetizam o efeito da tireotrofina sobre as células
foliculares estimulando a produção autônoma de tiroxina e triiodotironina.
Esta patologia tireóidea, usualmente, ocorre em pacientes mais idosos com bócio
multinodular de longa evolução. Clinicamente, esses pacientes se apresentam com
117
taquicardia, insuficiência cardíaca, arritmia e algumas vezes com perda de peso, tremores e
sudorese. Ao exame físico, a glândula se apresenta a palpação com aumento de volume e
nódulos de tamanhos variados, pequeno ou grande volume, podendo se estender
subesternalmente.
.3 Considerações Finais
muito contribui para a exacerbação do quadro psíquico que compõe o quadro clínico da
Doença de Graves.
Atualmente, existem mais de 100 Centros de PET nos Estados Unidos da América,
muitos dos quais, envolvidos com a aplicação clínica das técnicas de PET para problemas
121
médicos. Uma única informação obtida através do PET pode proporcionar importantes
informações clínicas. O PET está seguindo um padrão típico de evolução, assim como, a
modalidade de imagem clínica. A sua habilidade única em responder questões muito
específicas de importância fisiológica e relevância clínica tem levado a ter um importante e
crescente papel na avaliação de pacientes com diferentes desordens.
Estudos Cerebrais
Desde o início dos anos setenta o PET tem sido uma importante técnica de pesquisa
para estudos de fisiologia cerebral. Na última década, entretanto, houve um aumento no
interesse em se utilizar esta modalidade de imagem fisiológica com cortes seccionais na
medicina clínica.
O PET pode medir parâmetros de perfusão, como fluxo e volume sangüíneo cerebral
regional. Além disso, com os parâmetros metabólicos do PET , como a extração da fração de
oxigênio e as taxas metabólicas cerebrais regionais tanto para o oxigênio quanto para a
glicose, ambos podem ser medidos.
10.1.2 Oncologia
124
Uma vez que os tumores têm um metabolismo mais intermediário que os tecidos
normais, o PET é um excelente método para caracterização de tumores devido à sua
habilidade em estudar o metabolismo quantitativa e qualitativamente. Diversos processos,
incluindo a glicólise, RNA, DNA e síntese protéica são acelerados em tumores. O PET
oferece muitas técnicas para a avaliação do metabolismo, da síntese protéica, do status
antigênico, da farmacocinética, etc. O radiofármaco mais amplamente utilizado para avaliação
tumoral com PET é o FDG marcado com o 18F.
Estudos com PET com 18FDG mostraram ser acurados em estadiar tumores
pulmonares. Linfonodos com menos de 1 cm em TC demonstraram um acúmulo anormal de
18FDG e malignidade. Entretanto, o PET com 18FDG se mostrou negativo em linfonodos
maiores (3 cm) que não tinham malignidade quando examinados através da histopatologia. A
detecção com aparelhos acoplados (PET/CT) contribuiu para a mudança da abordagem
terapêutica em 38% dos casos, demonstrando metástases à distância com encaminhamento
dos pacientes para tratamento não cirúrgico.
Estudos com fluorodesoxiglicose, marcada com 18Flúor, têm sido utilizados para a
investigação no diagnóstico/estadiamento do câncer de mama. O câncer de mama primário,
bem como, o metastático foram estudados com 18FDG e agentes marcados com 18F para
obtenção de imagens de receptores de estrogênio. Imagens quantitativas demonstraram uma
boa correlação entre a captação em tumores do derivado de estradiol marcado com 18F ea
medida da concentração de receptores de estrogênio seguindo a excisão tumoral. A habilidade
em medir o status dos receptores de estrogênio em malignidade primária e secundária pode
ser muito importante para a avaliação da resposta terapêutica.
125
10.1.3 Cardiologia
podem ser avaliados “in vivo”, o que pode proporcionar dados fisiológicos únicos que não
podem ser adquiridos por nenhuma outra técnica na atualidade.
Uma das maiores vantagens das imagens obtidas com PET sobre àquelas planares
convencional ou SPECT é a habilidade do PET em corrigir a atenuação com acurácia. Essa
qualidade única do PET elimina artefatos e permite a medida quantitativa de dados
fisiológicos absolutos. Nos aparelhos com CT acoplados a correção de atenuação pode ser
realizada pelo PET (equipamentos Philips) ou através do CT (GE e Siemens).
a)
b)
c)
130
d)
e)
131
f )
11.LINFOCINTILOGRAFIA
11. 1 Linfedema
pelos vasos coletores, ou seja, qualquer imagem obtida reflete a fisiopatologia do sistema.(fig
11 a )
a)
136
b)
c)
O Linfonodo Sentinela é demarcado com um sinal na pele que por limitação espacial
do equipamento, não mostra com precisão o local, mas serve como uma indicação ao
cirurgião, da localização mais próxima do Linfonodo.