Thelema Textos Thelemitas
Thelema Textos Thelemitas
Thelema Textos Thelemitas
“Sentir que por detrás de toda e qualquer coisa que possa ser experienciada há algo além,
que nossas mentes não conseguem compreender e cuja beleza sublime nos chega
somente indiretamente e como uma pálida reflexão.”
A trama da história concerne o relacionamento extraconjugal que o Jung safadão tem com
a sua paciente Sabina Spielrein.
A questão da minha parceira de vida dizia respeito à postura do tralha do Jung sob o ponto
de vista de Thelema. Tendo estado ao meu lado tempo suficiente para entender que a visão
Thelemita tende a esculhambar o rolê - e exemplos abundam para demonstrar como a Lei
da Liberdade pode ser (mal)usada para justificar condutas babacas por aí, sua pergunta
tinha um tanto de curiosidade intelectual sobre minhas baboseiras esquisotéricas e um
tanto de cagaço quanto à perspectiva futura da manutenção do estado monogâmico de
nosso relacionamento. Calma aí, vida… para quê essa pergunta essazora…
A maior parte, não só de nós thelemitas, mas dos ocultistas em geral, não se preocupa
com os aspectos cotidianos da sua prática mágicka - yama e niyama, para os patanjalétes
de plantão; os caras usam thelema como desculpa para fazerem o que dá na telha e
saírem esfregando o pinto em qualquer coisa que não consiga correr para longe rápido o
suficiente.
Se o leitor tiver qualquer familiaridade com a visão thelêmica, poderá facilmente lembrar de
exemplos do nosso querido Livro da Lei que parecem endossar essa visão libertina do
conceito de thelemita.
I.22 “Nada ateis! Que não se faça diferença entre vós e uma coisa e qualquer outra coisa;
pois disto resulta dor.”
I.41 “A palavra de Pecado é Restrição. Ó homem! Não recuseis tua esposa, se ela o quiser!
Ó amante, se quereis, ide embora! Não há vínculo que possa unir o dividido senão o amor:
tudo o mais é uma maldição. Maldito! Maldito seja pelos aeons! Inferno!”
Além desses trechos, a própria biografia dos thelemitas mais conhecidos é notória por
apresentar um balaio de putarias e os barracos oriundos delas, ao ponto de Thelema ser
quase sinônimo de dedo no cu e gritaria.
Não obstante, preciso vestir agora meu balandrau de apologista da Lei da Liberdade, e
gritar que essa não é a casa da mãe Joana, seus viado!
Liber OZ
Assim, a Lei de Thelema admite a possibilidade de relações sexuais como, com quem e
quantos se quiser, sejam uma, duas, três ou cinquenta pessoas, e não propõe que isso seja
necessariamente um impedimento para o desenvolvimento espiritual - desde que todos os
envolvidos estejam de comum acordo e aceitem sua responsabilidade pelo ato.
Até aí, todo mundo que sabe alguma coisa de Thelema meio que já entendeu, e parece que
eu estou pregando para convertidos, reiterando a chancela à prática do oba-oba. Só que
não.
Este é o momento que separa os meninos dos homens (para a tristeza dos padres
católicos…), meus amigos, e que faz um thelemita guardar o pau dentro da cueca: assim
como existe, no Liber Al, uma exortação à prática da liberdade e da plena realização da
individualidade, existe também outra questão tão importante quanto - e quem sabe seja a
mesma questão, inclusive.
II. 27 “Há grande perigo em mim; pois quem não compreende estas runas cometerá um
grande erro. Ele cairá dentro da cova chamada Porque, e lá ele perecerá com os cães da
Razão.”
II. 57 “Aquele que é correto permanecerá correto; aquele que é sujo permanecerá sujo.”
I. 52 “Se isto não estiver correto; se vós confundires as marcas do espaço, dizendo: Elas
são uma; ou dizendo, Elas são muitas; se o ritual não for sempre para mim: então esperai
pelos terríveis julgamentos de Ra Hoor Khuit!”
A maturidade da aplicação da Lei da Liberdade não é alcançada fazendo o que você quer
fazer, pulando de capricho em capricho, de prazer em prazer. A maturidade do
entendimento da Lei da Liberdade está em você tomar todas as diferentes partes de você e
submetê-las a uma única vontade.
I.29 “Pois Eu estou dividida pela causa do amor, pela chance de união.”
I.42 “Que aquele estado de multiplicidade, seja confinado e repugnado. Assim com todos
vós; tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade.”
Como Thelemita, não pode existir postura contra ou à favor de monogamia, poliamor ou
suruba à priori. São todas expressões válidas de individualidade.
Contudo, responder algo dessa natureza não teria livrado meu couro da inquisição, não é
mesmo? Então o que fez a diferença aos 48 do segundo tempo e me garantiu ver o sol por
mais um dia?
O que eu disse para minha namorada - e que realmente é o meu entendimento da visão
thelêmica aplicada à questão dos relacionamentos sexuais e de qualquer outra natureza - é
que eu não vejo o comportamento de Jung no filme como desejável pelo fato de ele agir
com duas posturas completamente antagônicas por temer a consequência de seus atos.
Para os que não viram o filme e não conhecem a história do Dr. Jung, o que se passa é que
ele tem um caso com sua paciente, mas diante de sua esposa assume falsamente o papel
de marido de moral ilibada. Curiosamente, um dos conceitos Jungianos é a noção de
Persona, que vem da palavra latina usada para as máscaras de teatro. Obviamente a
conceituação dentro da teoria Jungiana de personalidade é completamente distinta da
aproximação que eu realizei, mas é curioso observar como o Dr. Jung acaba por vestir uma
máscara nesse exemplo.
Note que o uso de máscaras sociais implica uma incapacidade de manifestação de uma
coerência de comportamento, o que é algo muitíssimo comum (e até necessário para a
nossa sobrevivência social), mas que deve ser gradualmente abandonada pelo adepto, para
que paulatinamente possa executar a grande obra, a construção do templo e a confecção
da pedra filosofal, que são alegorias para a construção dessa versão coesa de si mesmo, tão
si-mesmo quanto possível: Ipsissimus.
Está escrito em Mateus 5,37: ‘Seja, porém, o teu sim, sim! E o teu não, não! O que passar
disso vem do Maligno.’ Longe de mim fazer o pastor, mas essa frase é muito foda e
completamente alinhada com a perspectiva thelêmica.
Ainda sobre essa questão de unidade, um dos rituais básicos mais utilizados por praticantes
de magia cerimonial é o Ritual Menor do Hexagrama, e lá utiliza-se uma palavra por
repetidas vezes. ARARITA. Talvez até saibamos o que as letras representam ipsis verbis,
mas a apreensão real do sentido a ser utilizado é algo muito mais sutil, que escapa à
maioria dos praticantes.
Assim não são nem Quatro, nem Todos, nem Dois, nem Um e nem Nada.
Gloria ao Pai, à Mãe, ao Filho, à Filha, ao Espírito Santo Externo e ao Espírito Santo Interno
como era, é e há de ser pelos Séculos dos Séculos, Seis em Um pelo Nome Sétuplo,
Daí nêgo faz o ritual todo dia (ou deveria) e não pára para considerar o que está fazendo e
dizendo. ARARITA é um notaricon (uma sigla) que nos fala sobre a unidade do Todo; só que
ao invés de buscar a união do microcosmo com o macrocosmo, o praticante deveria
primeiramente buscar uma união consigo mesmo dentro dessa unidade coerente e
alinhada com a sua Vontade, e colocar suas esfinges-bestas sob o domínio de sua Vontade,
para que a porcaria da carruagem possa ir para algum lado, percebe?
III. 5 “Fortificai-a!”
O que ocorre na maioria das vezes é uma cisão entre o sujeito quando está entre seus
pares no templo e a sua versão profana, que trabalha e vai no shopping. O praticante de
magia cerimonial acaba utilizando seu motto mágicko como um alter ego, no sentido literal
do latim, que significa ‘outro eu’, sendo quase uma esquizofrenia esotérica.
O motto mágicko não pode ser usado como uma máscara, uma persona, um alter ego,
para que se esconda e se separe o trabalho interno (templo) e o trabalho externo (mundo
do cotidiano).
Para que haja a consecução da Grande Obra, a união do microcosmo com o macrocosmo,
do 5 com o 6, é necessário o trabalho árduo de depuração do indesejável e junção e
transmutação do que permanece. Solve et Coagula. Apenas quando houver esta coesão,
ou, nas palavras do Silvio Santos do ocultismo, Samael Aun Weor, ‘um centro de gravidade
interna permanente, é que o buscador pode começar a ponderar sobre o trabalho de
integração com o macrocosmo.
Liber Ararita, p. 2
“36. Muitos apareceram, sendo sábios. Eles disseram: "Buscai a Imagem resplandecente
no lugar sempre dourado e uni-vos a Ela".
37. Muitos apareceram, sendo tolos. Eles disseram: "Descei ao esplêndido mundo da
escuridão, e desposai a Criatura Cega do Lodo".
38. Eu, que estou além da Sabedoria e da Tolice, ergo-me e vos digo: Realizai ambos os
casamentos! Uni-vos com ambos!
39. Cuidado, cuidado, digo Eu, para que vós não cortejeis uma e percais a outra!
40. Meus adeptos mantêm-se erguidos; suas cabeças acima dos céus, seus pés abaixo dos
infernos.” - Liber Tzaddi
Frater Melquisedeque
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Frater Melquisedeque
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