Biossegurança (Livro)
Biossegurança (Livro)
Biossegurança (Livro)
Pedro Teixeira
Silvio Valle
(orgs.)
TEIXEIRA, P., and VALLE, S., orgs. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar [online]. 2nd
ed. rev. and enl. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2010. 442 p. ISBN: 978-85-7541-306-7.
Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.
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BIOSSEGURANÇA
uma abordagem multidisciplinar
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Presidente
Paulo Gadelha
EDITORA FIOCRUZ
Diretora
Nísia Trindade Lima
Editor Executivo
João Carlos Canossa Mendes
Editores Científicos
Gilberto Hochman e Ricardo Ventura Santos
Conselho Editorial
Ana Lúcia Teles Rabello
Armando de Oliveira Schubach
Carlos E. A. Coimbra Jr.
Gerson Oliveira Penna
Joseli Lannes Vieira
Ligia Vieira da Silva
Maria Cecília de Souza Minayo
BIOSSEGURANÇA
uma abordagem multidisciplinar
Pedro Teixeira
Silvio Valle
Organizadores
Projeto gráfico
Lúcia Regina Pantojo de Brito
Revisão e copidesque
Ana Prôa
Normalização de referências
Clarissa Bravo
Supervisão editorial
M. Cecilia G. B. Moreira
Catalogação na fonte
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde
Biblioteca de Saúde Pública
2012
EDITORA FIOCRUZ
Av. Brasil, 4036 – 1o andar – sala 112 – Manguinhos
21040-361 – Rio de Janeiro – RJ
Tels.: (21) 3882-9039 e 3882-9041
Telefax: (21) 3882-9006
http://www.fiocruz.br/editora
e-mail: [email protected]
Prefácio à primeira Edição
13
de inúmeros casos adquiridos em laboratório através de cinco importantes
doenças parasitárias: malária, leishmaniose, ou toxoplasmose tripanossomíase
africana (doença do sono) e tripanossomíase americana (doença de Chagas).
A contaminação por acidentes de laboratório ou atividades ocupacionais por
esses parasitas processa-se por diferentes mecanismos, tais como inoculação de
estágios infectantes de transmissores, ferimentos cutâneos, mucosas íntegras,
aerossol e ingestão.
Entre as doenças causadas por protozoários parasitas, destaca-se, no que
se refere a acidentes ocupacionais, a doença de Chagas, entidade mórbida
descoberta no Brasil que afeta 16 a 18 milhões de pacientes na área endêmica.
No Brasil, a doença acomete cinco a seis milhões e induz alterações do coração
e do cólon.
O Tripanossoma cruzi, agente causal da doença de Chagas, dotado de
grande agressividade, é um parasita versátil que sobrevive em vários sistemas
biológicos. Assim, o T cruzi pode ser mantido em animais de laboratório por
passagens sucessivas do sangue, cultura de células in vitro, meio de cultura
acelular e inseto vetor. Em todas essas modalidades de manutenção estão pre-
sentes estágios infectantes, o que explica a alta incidência de contaminação.
Em um trabalho publicado por Brener (1985), foram coletados 45 casos de
infecção acidental distribuídos por universidades, centros de pesquisa e in-
dústrias farmacêuticas em diferentes países (Argentina, Áustria, Brasil, Chile,
Colômbia, Inglaterra, França, Alemanha, Panamá e Estados Unidos). Segun-
do Herwaldt e Juranek (1993), pelo menos 12 casos de infecção ocorreram
nos Estados Unidos no período de 1970 a 1980. Esses números seguramente
aumentaram como está demonstrado pelo recente relato de cinco casos de
infecção pelo T cruzi na Universidade de Campinas (Almeida et ai., 1994).
Embora o número de infecções acidentais pelo T cruzi não seja nem de
longe comparável a outros episódios de acidentes ocupacionais, a sua inci-
dência tem sido suficientemente’ significativa para desencorajar pesquisadores
e instituições a manter e realizar pesquisas com o T cruzi. Por essa razão, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) preparou um documento de normas
para o manejo do T cruzi no laboratório (Safety Precautions for Laboratory
Work with T. cruzi. Scientific Working Group on Chagas’ Disease. T. D. R.,
World Health Organization). Além das precauções, esse documento postula
que o tratamento especifico com os derivados nitroeterociclicos (benznidazol
e nifurtimox) usados clinicamente na doença de Chagas sejam administrados
14
o mais rápido possível após a presumível infecção, de acordo com as sugestões
de Brener (1984, 1987).
Estas considerações, que destoam de um prefácio formal, têm como objeti-
vo confirmar que mesmo populações afetadas episodicamente podem e devem
ter seus riscos controlados, a fim de que o manejo de produtos e técnicas se
constitua em uma atividade criativa, sem danos pessoais. Aqueles que se aven-
turarem a ler este prefácio verão que ~ esse o espírito e a práxis da obra.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, E. A. et ai. Acidentes com T cruzi em laboratório de pesquisa
em doença de Chagas: apresentação de cinco casos. Revista da Sociedade Bra-
sileira de Medicina Tropical, 27 (supl.): 145, 1994.
BRENER, Z. Laboratory-acquired Chagas’ disease: an endemic disease
among parasitologists? In: MOREL, M. (Ed.) Genes and Antigens of Parasites:
a laboratory manual. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 1984.
BRENER, Z. Laboratory-acquired Chagas’ disease: comment letter. Tran-
sactions of the Royal Society aí Tropical Medicine and Hygiene, 81: 527,1987.
HERWALDT, B. L. & JURANEK, D. D. Laboratory-acquired maiana,
leishmaniasis, trypanosomiasis, and toxoplasmosis. The American Journal aí
Tropical Medicine and Hygiene, 48: 313-323, 1993.
PIKE, R. M. Past and present hazards ofworking with infectious agents.
Archives of Pathology & Laboratory Medicine, 102: 333-336, 1978.
Zigtnan Brener
Centro de Pesquisas René Rachou (CPPR)
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
15
Prefácio à Segunda Edição
17
auxiliarão todos que trabalham ou se interessam pela biossegurança, como por
exemplo, biossegurança em arquitetura, infecções adquiridas em laboratórios,
classificação de risco de microrganismos, mapeamento de risco em ambientes
de trabalho, segurança química, desinfecção e esterilização química,
equipamentos de contenção, gerenciamento de resíduos de laboratórios,
proteção radiológica e materiais radioativos, segurança em biotérios,
indicadores de biossegurança, legislação brasileira e sistemas de vigilância.
Completando o livro, os capítulos finais tratam de ameaças específicas – as
hepatites B e C como doenças ocupacionais, príons e biossegurança, doenças
emergentes, organismos geneticamente modificados (OGMs) e seus riscos.
Estão, portanto, de parabéns a Fiocruz, sua Editora e, sobretudo, os
autores e organizadores de obra tão importante para a saúde pública e a ciência
e a tecnologia nacionais.
Carlos Medicis Morel
Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS)
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
18
apresentação à primeira Edição
19
E aqui está Biossegurança, uma abordagem multidisciplinar: falha, como
toda primeira edição; exposta à critica para aperfeiçoamento, como deve ser
toda obra de caráter cientifico; espontânea, como o quiseram todos os seus
autores.
Mas um livro também se faz com calor humano e sensibilidade estética,
razão por que agradecemos a Edmilson Carneiro, coordenador executivo da
Editora Fiocruz na época dos nossos primeiros esforços de publicação, entu-
siasta da obra e incentivador ao longo de todo o seu percurso; e também a Lú-
cia Pantojo, pela minúcia e refinamento na programação visual, pela infinita
paciência com os aflitos cuidados dos autores.
Um agradecimento maior fazemos ao professor Adauto Araújo, atual dire-
tor da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz, um dos primeiros a se apai-
xonar pelo tema da biossegurança, nos dando a oportunidade de implementar
nosso curso e o apoio para esta publicação, tudo isto mesclado de permanente
incentivo e amizade sincera.
Os Organizadores
20
APRESENTAÇÃO À SEGUNDA EDIÇÃO
21
como os aspectos ligados à legislação, às normas, às diretivas. Acreditamos que
esses conteúdos poderão contribuir para a adoção de técnicas que potencializam
o trabalho mais seguro nos ambientes de trabalho.
Tivemos a preocupação de evidenciar um conjunto de temas que
organizamos de forma proposital, visando à estruturação dos postos de
trabalho. Um exemplo é a gestão da qualidade (capítulo 4), que possibilita o
uso de ferramentas estruturantes que permitem um trabalho parametrizado
com base em normas/diretivas nacionais e internacionais.
No capítulo 5, focaliza-se o planejamento das edificações com base na
arquitetura, que tem como objetivos a construção de laboratórios dentro
dos níveis de biossegurança. O capítulo 14 trata da segurança em biotérios,
instalações capazes de produzir e manter espécies animais, destinadas a servir
aos diversos tipos de ensaios controlados, para atender as necessidades dos
programas de pesquisa, ensino, produção e controle de qualidade. O capítulo
10 aborda a contenção primária e os equipamentos de contenção, como as
cabines de segurança biológica, que objetivam a proteção da equipe e do meio
de trabalho e estão assentadas nas boas práticas e técnicas laboratoriais e no
uso de equipamentos de proteção coletiva e individual adequados.
Outro desafio foi aproximar o leitor de uma área pouco conhecida nos
laboratórios, que é a ergonomia, tema do capítulo 11. Cabe ressaltar que as
lesões por esforços repetitivos (LER), também conhecidas como distúrbios
osteomoleculares relacionados ao trabalho (Dort), são lesões ocorridas em
ligamentos, músculos, tendões e em outros segmentos corporais relacionadas
com o uso repetitivo de movimentos, posturas inadequadas e outros fatores
como a força excessiva. Constituem a segunda maior causa de afastamentos de
trabalho no Brasil.
O capítulo 8, que trata dos indicadores em biossegurança, procura
sistematizar o uso da aferição da pressão, exposição e monitoramento dos
profissionais, contribuir para criação de mecanismos de avaliação que
possibilitem a utilização destes conceitos como ferramenta em atividades
gerenciais. Já o capítulo 6 fornece todos os procedimentos necessários e a
metodologia para a criação dos mapas de risco, ferramenta essencial para a
promoção da saúde. A questão dos indicadores em biossegurança e a construção
dos mapas de riscos visam a aproximar o leitor dessas duas metodologias que
poderão ser essenciais no cotidiano de trabalho.
22
No capítulo 9, com o objetivo de apresentar os principais aspectos
relacionados à área de desinfecção e esterilização química, descrevem-se as
características gerais dos agentes disponíveis e suas aplicações, a fim de que
os profissionais utilizem de forma correta e racional os desinfetantes em suas
rotinas de trabalho.
O capítulo 12 apresenta a importância do gerenciamento dos resíduos
e focaliza as etapas do gerenciamento, das coletas e o transporte interno e
externo com base na legislação. As vigilâncias sanitárias municipais têm como
responsabilidade orientar e fiscalizar a implantação do Plano de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS), publicado pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
No capítulo 15, que aborda a biossegurança em laboratório e trabalho de
campo com hantavírus e rickettsias, a autora discorre sobre os conceitos que
direcionam a revisão das medidas de precaução e biossegurança nas práticas de
laboratórios, com destaque para o manuseio de espécimes biológicas. O capítulo
17 apresenta importantes métodos e algumas de suas aplicações, ao longo de
uma trajetória histórica, dos conceitos básicos que permitem a compreensão
das aplicações da biologia molecular dentro das normas de biossegurança.
Já no capítulo 20, os autores apresentam uma relevante sistematização das
principais bactérias de importância médica, organizando as informações de tal
forma a tornar claros os principais conceitos e mostrando a importância dos
procedimentos seguros.
Outros temas sistematizam importantes informações, cujos autores
apresentaram suas experiências ao longo de anos de pesquisa em suas bancadas
de trabalho. No capítulo 16, analisam-se as medidas preventivas com relação à
hepatite B como doença ocupacional, ampliando os conceitos de prevenção de
acidentes. No capítulo 18, tenta-se dar um enquadramento da formulação das
teorias priônicas, através de uma descrição detalhada dos aspectos históricos
até os riscos inerentes ao processo de investigação nos laboratórios. O capítulo
19 aborda o conceito das doenças emergentes, que é o pano de fundo para
a discussão das bases da teoria da transição epidemiológica. Trata também
dos fatores relacionados à emergência das doenças infecciosas e as principais
ocorrências e, por fim, dos desafios colocados pela (re)emergência das doenças
infecciosas e de propostas para o seu enfrentamento. O tema do capítulo 21,
a biossegurança na manipulação de fungos, é extremamente importante, e
as informações apresentadas permitem que os profissionais de laboratório
tenham todas as condições para o trabalho seguro com os fungos.
23
Ao ter acesso às informações contidas no capítulo 22, que finaliza esta
coletânea, o leitor terá todas as informações necessárias que vão da legislação
ao estado da arte sobre o tema em nosso país e no mundo. Ainda é apresentado
um roteiro de como notificar os acidentes em nosso país e considerações sobre
a importância dessa notificação para a tomada de consciência/decisão.
***
Os Organizadores
24
Dos Sumérios ao DNA
1
DOS SUMÉRIOS AO DNA:
UMA HISTÓRIA BREVÍSSIMA
William Waissmann
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BIOSSEGURANÇA
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Dos Sumérios ao DNA
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BIOSSEGURANÇA
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Dos Sumérios ao DNA
29
BIOSSEGURANÇA
de doenças mal definidas). Foi também no século XVIII que houve o primeiro
grande passo da prevenção vacinal das doenças transmissíveis. A varíola, uma
das principais causas de morte no início do século XVIII, flagelo antigo da
humanidade, pôde, graças aos trabalhos de Jenner (1749-1823) e outros, com
o desenvolvimento da vacinação antivariólica e seus aperfeiçoamentos futuros,
ser considerada extinta em fins do século XX (Margotta, 1996; May, 1957;
Porter, 1996; Rosen, 1994).
A cirurgia, por sua vez, enfrentava uma barreira que parecia intransponível.
Não se conseguia bloquear, com eficiência, a dor e as infecções. A anestesia
surgia na primeira metade do século XIX, com o uso do éter, e teve
desenvolvimento exponencial, com métodos anestésicos endovenosos, locais
e espinhais elaborados ainda nesse século. O início do controle das infecções,
porém, deveu-se, dentre outros, a dois nomes. Um deles é Semmelweiss
(1818-1865), que, observando que as infecções podiam ser ‘transportadas’
por instrumental cirúrgico, instituiu a lavagem e antissepsia das mãos e do
instrumental por obstetras e parteiras em enfermaria em Viena (motivo pelo
qual foi rejeitado pela Academia de Medicina e demitido do serviço). O outro
é Lister (1827-1912), cujo intento de redução das infecções pós-operatórias –
via limpeza de ferimentos, mãos, instrumental cirúrgico e vestes dos pacientes
e uso de antissépticos – baseou-se num dos modos pelos quais Pasteur (1822-
1895), professor da Faculdade de Ciências de Lille, na França, demonstrou a
inibição do crescimento bacteriano, a antissepsia, uma das marcas da primeira
grande Revolução Sanitária (RS), a Revolução Pasteuriana, que leva seu nome
(Castiglione, 1947; Margotta, 1996; Porter, 1996).
Mas a história da Revolução Pasteuriana tem curso longo e complexo pelo
próprio século XIX. Bassi (1773-1835) reconheceu ser um fungo o causador de
doença que atormentava os criadouros de bicho-da-seda, verificando, também,
sua transmissibilidade. Entretanto, Henle (1809-1885), munido apenas de um
senso racional arguto e de um conhecimento vasto em diversas áreas da saúde,
mesmo concluindo que certas doenças deveriam ser causadas por organismos
vivos, instituiu alguns postulados de prova para que isso fosse demonstrado de
forma inequívoca, fato só alcançado por Koch (1843-1910), trinta anos depois,
apesar de vários outros agentes terem sido implicados como causadores de
doenças nos anos seguintes (Margotta, 1996).
Sem meios materiais adequados para sua comprovação, a teoria do
contágio, apesar dos trabalhos de Bassi e outros, caiu em certo descrédito
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Dos Sumérios ao DNA
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BIOSSEGURANÇA
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Dos Sumérios ao DNA
33
BIOSSEGURANÇA
Referências
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Dos Sumérios ao DNA
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
2
APLICAÇÕES DA WORLD WIDE WEB
EM BIOSSEGURANÇA
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BIOSSEGURANÇA
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Sociedades Científicas
Oferecendo conteúdos variados – calendário de eventos, lista de membros
ou orientações para filiação, artigos e avisos gerais – os sites das sociedades
científicas podem trazer serviços adicionais como lista e grupo de discussão. A
American Biological Safety Association (ABSA), em <http://www.absa.org>, e
a European Biosafety Association (EBSA), em <http://www.ebsaweb.eu>, são
endereços relevantes nesta categoria.
Revistas Científicas
Os sites dos periódicos científicos na Internet apresentam, em geral,
informações sobre corpo editorial, resumos e/ou artigos completos,
informações para autores, assinantes e anunciantes, entre outros. O Journal of
the American Biological Safety Association, em <http://www.absa.org/abj>, é uma
publicação oficial da ABSA. Ainda como importantes publicações no campo
da biossegurança, citamos: Emerging Infectious Diseases, no endereço <http://
www.cdc.gov/eid> e Biosecurity and Bioterrorism: biodefense strategy, practice, and
science a ser localizada no endereço <http://www.liebertpub.com> e a Revista
Bioética disponível no site do Conselho Federal de Medicina em < http://
portal.cfm.org.br>.
Recursos Educacionais
Diversos são os sites que se incluem nesta categoria, por exemplo,
plataformas de ensino a distância (EAD), portais acadêmicos e sites das agências
de fomento, bem como portais de revistas científicas descritos em detalhes no
item ‘Levantamento Bibliográfico em Biossegurança’. Especificamente sobre
o tema biossegurança, lembramos os endereços <http://www.biosseguranca.
com>, <http://www.biossegurancahospitalar.com.br> e <http://www.
riscobiologico.org.>, tendo em vista sua utilidade para os profissionais da
área.
Tecnologias baseadas na web e demais serviços da Internet (por exemplo,
correio eletrônico, salas de chat e fórum de discussão) vêm apoiando e
consolidando iniciativas de EAD. A EAD da Escola Nacional de Saúde
Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) surgiu em
1998 (Dupret & Barilli, 2006) e oferece formação em diversas áreas, entre
as quais a biossegurança. Sua clientela é variada, incluindo professores de
cursos de pós-graduação em Saúde, dirigentes e técnicos de grupos privados,
profissionais do setor público, conselheiros municipais e estaduais de saúde
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BIOSSEGURANÇA
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Institucionais
O termo ‘Institucionais’ substitui aqui o termo ‘Coorporativos’,
originalmente utilizado no artigo de Rothschild (1998). A Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (Datasus) constituem exemplos brasileiros desta categoria,
enquanto Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Food and
Drug Administration (FDA), Institut National de la Santé e de la Recherche
Médicale (Inserm), Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e World
Health Organization (WHO) – Organização Mundial da Saúde (OMS) –
representam cinco importantes instituições internacionais. Nome completo,
endereços e uma breve descrição estão listados na Quadro 1. Seus serviços
e conteúdos variam, podendo ser mais bem conhecidos ao se navegar nos
respectivos endereços na web.
Sites Indexadores
Constituem os sites com listas de links relacionados à área de biossegurança.
Um exemplo desta categoria está na página do International Centre for Genetic
Engineering and Biotechnology (Centro Internacional para Engenharia
Genética e Biotecnologia), no endereço <http://www.icgeb.org/~bsafesrv>.
Ao finalizar esta primeira parte, cumpre-nos relacionar três endereços
essenciais no campo da avaliação do risco biológico que não foram
mencionados previamente: Organisation for Economic Co-operation and
Development (OECD), em <http://www.oecd.org>, Convention on Biological
Diversity (CBD), em <http://www.cbd.int>, e Center for Environmental Risk
Assessment (CERA-GMC), em <http://cera-gmc.org>.
41
BIOSSEGURANÇA
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
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BIOSSEGURANÇA
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Onde Buscar?
Quando usar um catalogador, um motor de busca ou um metabuscador?
Como regra geral, ao se tratar de um tema amplo e abrangente, recomendam-
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BIOSSEGURANÇA
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Como Buscar?
No endereço <http://navigators.com/search_methodology.html> há a
recomendação de se adotar cinco passos em sequência – reflexão, estratégia,
busca, limpeza e documentação – na realização de uma pesquisa eficiente.
No primeiro passo, reflexão, o usuário pensa sobre o tema de interesse e
lista possíveis palavras-chave. Esta lista deve incluir sinônimos e abreviações.
Ao imaginar o contexto da busca e a natureza dos sites de interesse, tenta-
se adivinhar argumentos específicos. Ao procurar, por exemplo, por possíveis
cursos de pós-graduação em biossegurança, devem-se incluir os termos {curso},
{pós-graduação} e {biossegurança}.
A estratégia utilizada vai depender do buscador escolhido e das
funcionalidades existentes. Na homepage do Google, clique no link Tudo sobre
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BIOSSEGURANÇA
48
Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
portuguesa. Basta comparar o número de links: a palavra que gerar uma lista de
ocorrências maior será, provavelmente, a que está com a grafia correta.
O terceiro passo é a busca propriamente dita: execute a busca, mantenha
o foco e faça uso dos seus recursos avançados. Importantes funcionalidades
encontram-se na interface de busca avançada do Google em <http://www.
google.com.br/advanced_search>. Para se localizar uma apresentação de slides,
basta digitar os argumentos de busca e, na caixa de listagem referente ao campo
Formato de arquivo, selecionar a extensão .ppt. Procedimento semelhante
deve ser realizado para a localização de artigos científicos ao se especificar a
extensão .ppt. Revistas e congressos científicos, bem como autores em geral,
adotaram a extensão .pdf como padrão para a oferta de artigos on-line. Outros
recursos consistem em se fornecer data ou endereço (domínio) específicos.
Nesse último caso, sugerimos digitar o argumento {biossegurança} na caixa
de texto superior e digitar {ensp.fiocruz.br} no campo Domínio. Neste caso, a
busca irá ocorrer apenas nas páginas que integram o site relacionado. Para
a busca com termos estrangeiros, a interface avançada oferece outro recurso
interessante que merece ser explorado. Ao digitar uma palavra internacional
como {Aids}, por exemplo, podem-se filtrar os resultados por um idioma
específico. Assim, ao procurar sites sobre Aids em português, selecione a
opção Português na caixa de listagem Idioma. Como resultado, além de sites
brasileiros, virão, naturalmente, sites de Portugal e demais países de língua
portuguesa. Se, porém, você deseja localizar sites em Portugal, experimente
digitar {.pt} na caixa de texto do campo Domínio.
O passo seguinte é a limpeza ou o refinamento dos resultados. A busca
ideal é produto de experimentações e testes, aproveitando-se dos argumentos
que advêm nas descrições dos sites encontrados para novas tentativas. Se os
argumentos de busca foram bem escolhidos, provavelmente as primeiras
duas ou três páginas de resultados, que totalizam vinte a trinta links, conterão
os endereços mais relevantes. No processo de limpeza, quando se fazem
refinamentos sucessivos, é sempre bom lembrar do recurso ao sinal de
subtração ( - ) para se excluir um conjunto de sites indesejáveis. Entretanto, este
procedimento poderá excluir sites potencialmente interessantes. Ao navegar
nos sites relacionados na página de resultados, recomenda-se que o usuário
mantenha a página original e, para cada link visitado, abra uma janela nova.
Para isso, coloque o cursor do mouse sobre o link selecionado e, ao usar as
funções do botão direito do mouse, use a opção Abrir uma nova janela. Ainda
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BIOSSEGURANÇA
A www tem se destacado por oferecer conteúdos cada vez mais abrangentes
e valiosos, incluindo teses, livros, revistas e artigos on-line. Se, por um lado,
abre-se um leque de oportunidades para alguns, por outro, fecham-se portas
para os não iniciados. A autonomia na obtenção de literatura científica
requer conhecimentos e ações específicos, como compreender conceitos e
estratégias referentes à busca propriamente dita e adquirir as habilidades para
implementá-la em qualquer que seja a interface. Apresentaremos aqui algumas
considerações e sugestões sobre endereços e procedimentos para o acesso a
teses e dissertações, livros, bases de dados bibliográficas, revistas e respectivos
artigos científicos de conteúdo integral.
Teses e Dissertações
A Capes e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(Ibict) constituem instituições de referência para a busca de teses e dissertações.
50
Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Id: 422216
Autor: Silva, Pedro Cesar Teixeira da.
Título: Proposta para criação de um sistema de informação gerencial
para a área de biossegurança na Fiocruz / Proposal for creation of a
management information systems for the area of biosafety in the Fiocruz.
Fonte: Rio de Janeiro; s.n; 2004. 121 p. ilus, mapas, tab, graf.
Idioma: Pt.
51
BIOSSEGURANÇA
Livros
Atualmente, o ato de se adquirir um livro não se restringe mais a uma ida
à livraria. As possibilidades são inúmeras: adquirir livros não comercializados
no Brasil ou esgotados e comercializados como artigos ‘de segunda mão’
nos ‘sebos’ virtuais; comprar com desconto nos sites das editoras; comparar
preços; baixar volumes inteiros gratuitamente ou adquirir versões integrais
para handhelds. Há ainda a possibilidade do empréstimo do volume ‘em papel’
em uma biblioteca próxima, localizada com o auxílio de uma ferramenta
especializada na Internet.
No universo dos negócios on-line, a Amazon foi uma das pioneiras na
comercialização de livros. Ao digitar o endereço <http://www.amazon.com>,
selecione o item Books na caixa de listagem e digite {biosafety} na caixa de
texto Search. O total de resultados em outubro de 2009 foi de 3.588 títulos!
Use a caixa de listagem Sort by para organizar a lista conforme preço, ordem
alfabética, relevância, entre outros. Ao clicar sobre a imagem ou título do livro
Laboratory Biosafety Manual, da OMS, ganha-se acesso à página de detalhe que
apresenta o botão Add to shopping cart, comando que dará início à transação
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
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BIOSSEGURANÇA
Editora URL
Atheneu http://www.atheneu.com.br
Embrapa http://www.embrapa.gov
Fiocruz http://www.fiocruz.br/editora
Guanabara Koogan http://www.editoraguanabara.com.br
Interciência http://www.editorainterciencia.com.br
Ministério da Saúde http://www.saude.gov.br
Publit http://www.publit.com.br
RT http://www.rt.com.br
Universidade Caxias http://www.ucs.br
do Sul
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Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
55
BIOSSEGURANÇA
Medline
Cobre os campos da medicina, enfermagem, odontologia, veterinária
e ciências pré-clínicas, referenciando citações bibliográficas de jornais de
oitenta países. São mais de 15 milhões de citações datando da década de 1950.
Uma das mais conhecidas e utilizadas mundialmente, a base de resumos
Medline é acessada gratuitamente através do Portal PubMed da NLM em
<http://www.pubmed.gov>. Ao clicar no link Tutorials, o usuário poderá
desenvolver habilidades de busca no site. E no link Journals database poderão
ser conferidos os títulos das mais de cinco mil publicações indexadas pelo
Medline. Como todos os conteúdos estão em inglês, sugerimos visitar o site
da Health InterNetwork Access to Research Initiative (HINARI), da OMS,
detalhado mais adiante. No endereço <http://hinari.bvs.br/capacitacao.
56
Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Lilacs
É o mais importante índice bibliográfico da produção científica e
técnica em saúde da região da América Latina e do Caribe. Produzido sob a
coordenação da Bireme/Opas/OMS, envolve instituições de 37 países. Como
extensão e evolução do Index Medicus Latino-Americano (IMLA), criado em
1978, a base Lilacs surgiu em 1985 e, a partir de 1996, foi disponibilizada para
acesso na web. Contém artigos de cerca de setecentas revistas da área da saúde,
publicadas em 18 países da América Latina e Caribe. Complementa bases
internacionais, como Medline e Web of Science, e está disponível em três
idiomas: português, espanhol e inglês (Biblioteca Virtual em Saúde, 2006).
No endereço <http://www.bireme.br>, localize o link Pesquisa bibliográfica
e selecione Lilacs. A busca usando o argumento {biossegurança} fez retornar
167 registros. Como {biossegurança} pertence à base Descritores em Ciências
de Saúde (DeCS), esta busca fará retornar registros em que este termo foi
utilizado pelo autor em seu título ou resumo (vocabulário não controlado),
além daqueles que foram indexados sob o respectivo descritor (vocabulário
controlado). Mais informações sobre os DeCS podem ser encontradas no
endereço <http://decs.bvs.br>. Realizada a busca, deve-se acionar o link para a
revista (campo Source). Se ela se inclui na coleção Scielo ou se o computador
em uso pertence a um rede institucional servida pelo portal da Capes, o artigo
completo poderá estar disponível para consulta integral gratuita. Neste caso,
os ícones correspondentes serão listados na página do Portal de Revistas da
Bireme. O ícone Fotocópia encaminha o usuário para o Serviço Cooperativo
de Acesso a Documentos (Scad), descrito mais adiante.
57
BIOSSEGURANÇA
ERIC
É relevante para pesquisas na área de educação. Gratuito pelo endereço
<http://www.eric.ed.gov> ou via portal da Capes, na régua Resumos. Embora
não seja especificamente voltado para biossegurança, deverá interessar aos
pesquisadores das respectivas temáticas educacionais. Para mais detalhes sobre
seu conteúdo, abrangência e jornais indexados, navegar nos links What’s in
the ERIC Collection e Journal Index em sua página principal.
Embase
Banco de referências nas áreas biomédicas e farmacêutica do grupo
Elsevier. Contém mais de 19 milhões de registros a partir de 1947. Referencia
mais de sete mil revistas científicas, de setenta países. O uso da base Embase
<http://www.embase.com> está restrito às instituições contratantes, sendo a
Universidade de São Paulo (USP) um exemplo no Brasil. Mais informações em
<http://www.bvs-sp.fsp.usp.br:8080/html/pt/topic.html#>.
Scopus
Também da Elsevier, a base Scopus está disponível gratuitamente para
os usuários do Portal Periódicos Capes em <http://www.periodicos.capes.
gov.br>. Indexa em torno de 18 milhões de títulos, não exclusivos da área
da saúde. Além das revistas científicas, referencia aquelas de acesso aberto
(open access), conferências, páginas web, conforme apresentado no endereço
<http://info.scopus.com/overview/what>. No link Sources da sua homepage,
em <http://www.scopus.com/scopus/source/browse.url>, estão relacionados
os títulos que integram o acervo, que inclui 265 revistas brasileiras. A busca
se faz na página de abertura <http://www.scopus.com/scopus/home.url>,
havendo a opção de busca avançada. Um dos recursos mais interessantes
da base Scopus está na página de resultados, no campo Cited by. Tendo em
vista um registro selecionado, serve para apontar os artigos que o citaram,
publicados posteriormente.
58
Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
59
BIOSSEGURANÇA
Artigos
A partir de meados dos anos 90, os jornais ganharam a web. De um total
de 35 títulos em 1998, em 2001 já eram quatro mil revistas que ofereciam seu
conteúdo em formato eletrônico. Aproximadamente 75% dos jornais científicos
biomédicos estão hoje on-line (Steinbrook, 2006). Existem, basicamente, duas
formas de se ofertar artigos on-line: modalidade distribuída – cada periódico
com seu website e controle de registro próprios – e agregada – os periódicos
são licenciados por seus editores e dispostos em coleções (Detmer, 1997). No
Brasil, exemplos de coleções de periódicos eletrônicos são os Portais Periódicos
Capes e Scielo, enquanto a iniciativa HINARI é o endereço de referência
para um conjunto de países menos favorecidos economicamente. Estaremos
aqui detalhando estes e outros endereços úteis no momento de se localizar o
artigo integral. Esgotadas estas possibilidades, há ainda dois recursos úteis: 1)
digitar o título completo do artigo entre aspas no Google, já que, por vezes, o
artigo será encontrado em um servidor web, com ou sem autorização do editor
(Steinbrook, 2006); 2) solicitar ao autor o envio do artigo por e-mail.
60
Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Scielo (http://www.scielo.org)
É resultado da cooperação entre a Fapesp, a Bireme e instituições
nacionais e internacionais. O site é apresentado em três idiomas: português,
inglês e espanhol. Sua coleção de revistas inclui títulos da Argentina, Brasil,
Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, Portugal e Venezuela. México, África do
Sul, Bolívia, Costa Rica, Paraguai, Peru e Uruguai constituem países cujas
coleções encontram-se em desenvolvimento. Consulta em outubro de 2009
revelou 646 periódicos científicos em acesso gratuito. Do acervo brasileiro,
citamos os títulos Cadernos de Saúde Pública (entre 1985 e 2009) e Memórias do
Instituto Oswaldo Cruz (entre 1997 e 2009). Para a lista completa, acione o link
Ordem alfabética... na homepage da versão em português. Uma vez dentro de
uma revista escolhida, navegue pelos botões azuis da barra horizontal superior.
O botão Todos relaciona as edições disponíveis on-line.
Bireme (http://www.bireme.br)
O site da Bireme possui duas opções particularmente úteis no momento
de se obter os artigos integrais. No endereço <http://portal.revistas.bvs.br>,
digita-se o nome da revista (completo ou parcial) e, na janela de resultados,
ao acionar o link Coleções SeCS..., são relacionadas as bibliotecas da Rede
Bireme que têm em acervo a revista desejada. Para aqueles que moram nos
grandes centros, deve ser mais econômico seu deslocamento até a biblioteca
para a fotocópia in loco dos artigos desejados. Alternativamente, o Serviço
Cooperativo de Acesso a Documentos (Scad), no endereço <http://scad.bvs.
br>, providencia a remessa da fotocópia de artigos e teses para o requerente.
As formas de envio variam entre correio convencional, eletrônico, fax ou
Ariel. Dependendo do número total de artigos científicos desejados, há que se
comparar o custo final SeCs versus Scad.
HINARI (http://www.who.int/hinari/en)
Leitores oriundos de países de língua portuguesa, como Angola, Cabo
Verde, Moçambique, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, e de língua
espanhola, como Bolívia, Cuba, Equador, Paraguai e Peru, entre um universo
de mais de cem países, têm acesso a 6.200 títulos de revistas de conteúdo
integral. Patrocinado pela OMS, o projeto HINARI (InterRed-Saúde de
61
BIOSSEGURANÇA
Conclusão
Referências
BAUSCH, S. N. Netratings Announces January US Search Share Rankings. Table 1: Top 10
search providers for January 2007. Disponível em: <http://www.netratings.com/pr/
pr_070228.pdf>. Acesso em: mar. 2007.
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Lilacs Completa Vinte Anos On-Line. Newsletter
BVS 039 31/março/2006. Disponível em: <http://espacio.bvsalud.org>. Acesso em:
fev. 2010.
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
DE GUIRE, E. J. Publish or Perish: afterlife of a published article, Apr. 2006. Disponível
em: <http://www.csa.com/discoveryguides/publish/review.php>. Acesso em: mar.
2007.
DETMER, W. M. Medline on the web: ten questions to ask when evaluating a web
based service. Internet Working Group Newsletter, 3: 11-13, 1997.
DUPRET, L. M. & BARILLI, E. C. Distance learning for the health area: distance
education as a strategic element for the consolidation of public health policies
foundation - Brazil. In: LITTO, F. M. & MARTHOS, B. R. (Orgs.) Distance Learning
in Brazil: best practices. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
62
Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
Glossário
Aplicativo (Application) – É um programa que desempenha uma função específica,
como, por exemplo, um programa de editoração de textos.
Backup – Cópia de segurança.
Domínio – Trata-se de uma região lógica da Internet, podendo também se referir ao
website (ou sítio web). Tecnicamente, um domínio faz referência a um endereço IP, um
endereço único que localiza um servidor na Internet.
Download – Ato de copiar (ou baixar) dados, em geral um arquivo inteiro, de uma
locação principal para um dispositivo periférico. Este termo é utilizado para descrever o
processo de copiar um arquivo de um serviço on-line para o seu próprio computador.
Endereço IP – O endereço ou número IP é dividido em quatro números decimais,
cada qual representado por oito bits e separados por um ponto. A versão numérica do
IP tem um correspondente por extenso que se chama nome de domínio. Assim, o IP
157.86.169.197 corresponde a uma máquina específica no domínio<ensp.fiocruz.br>.
63
BIOSSEGURANÇA
64
Aplicações da World Wide Web em Biossegurança
65
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
3
RISCOS BIOLÓGICOS
EM LABORATÓRIOS DE PESQUISA
Pedro Teixeira
Cíntia de Moraes Borba
67
BIOSSEGURANÇA
69
BIOSSEGURANÇA
• Classe de Risco 1
Inclui os agentes que nunca foram descritos como causadores de doenças
para o homem ou animais e que não constituem risco para o meio ambiente.
Possuem baixo risco individual e coletivo.
• Classe de Risco 2
Inclui os agentes que podem provocar doenças no homem ou nos animais,
com pouca probabilidade de alto risco para os profissionais do laboratório,
cujo potencial de propagação e de disseminação no meio ambiente é limitado,
além de existirem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Possuem risco
individual moderado e risco coletivo limitado.
• Classe de Risco 3
Inclui os agentes com capacidade de transmissão por via respiratória
e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais,
para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção.
Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente,
podendo se propagar de pessoa a pessoa. Possuem risco individual elevado
e risco coletivo baixo.
• Classe de Risco 4
Inclui os agentes que causam doenças graves para o homem ou para os
animais e que representam um sério risco para os profissionais de laboratório
e para a coletividade. São agentes patogênicos altamente infecciosos, que se
propagam facilmente, podendo causar a morte. Possuem alto risco individual
assim como para a coletividade.
É sempre bom lembrar que o conhecimento da classe de risco de um
agente biológico é determinante na definição do nível de contenção laboratorial
(nível de biossegurança) necessário para se trabalhar em segurança. Os níveis
de biossegurança são denominados NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. (Para mais
detalhes veja o capítulo 5, “Biossegurança em arquitetura”.)
70
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
Formação de aerossóis
71
BIOSSEGURANÇA
72
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
73
BIOSSEGURANÇA
Via cutânea
Uma das formas mais frequentes de transmissão por esta via é, sem dúvida,
a injúria por agulhas contaminadas, sobretudo durante a prática incorreta de
recapeá-las. O corte ou a perfuração por vidraria quebrada, trincada ou ainda
por instrumentos perfurocortantes contaminados também constituem modos
de contaminação relevantes.
Via ocular
A contaminação da mucosa conjuntival ocorre, invariavelmente, por
projeções de gotículas ou aerossóis de material infectante nos olhos.
Via oral
O ato de pipetar com a boca representa uma das mais frequentes formas
de infecção nos laboratórios. Porém, a contaminação oral não ocorre,
necessariamente, por esta prática, sendo o hábito de fumar, fazer refeições
no laboratório e a falta de procedimentos higiênicos (não lavar as mãos após
manusear materiais contaminados) importantes formas de transmissão por
esta via.
Proteção Individual
Os equipamentos de proteção individual (EPIs) (Figura 1) são
regulamentados pela portaria n. 32/4-NR-6 do Ministério do Trabalho, de
74
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
75
BIOSSEGURANÇA
Proteção coletiva
Sinalização
76
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
Natureza do risco:
Profissional responsável:
77
BIOSSEGURANÇA
78
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
79
BIOSSEGURANÇA
80
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
Prevenção e treinamento
81
BIOSSEGURANÇA
Conclusão
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Classificação de Risco dos Agentes Biológicos. 2. ed. Série
A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/06_1156_M.pdf%20>. Acesso em: jun. 2010.
BORBA, C. M. & ARMÔA, G. R. G. Biossegurança no laboratório de microbiologia.
Microbiologia in Foco SBM, out/nov/dez: 13-19, 2007.
BRUN, A. Risques Biologique. Documento interno produzido pelo Inserm. Paris, 1993
(Mimeo.)
EVANS, N. A clinical report of case of blastomycosis of the skin from accidental
inoculation. Journal of American Medical Association, 40: 1.772-1.775, 1903.
favelier, j. Manuel de prévention des risques associés aux techniques biologiques: aplications
à l’enseignement. Elsevier: Paris, 1995.
Grisht, N. R. Manual de Biossegurança para o Laboratório. World Health Organization.
São Paulo: Santos, 1995.
PEREIRA, M. E. C. Transporte e Manuseio de Material Biológico. Material instrucional
do curso QBA/on-line Sensibilização em Gestão da Qualidade, Biossegurança e
Ambiente. Fiocruz, Ensp/EAD, 2008.
PERFECT, J. R. & SCHELL, W. A. The new fungal opportunistis are coming. Clinical
Infectious Diseases, 22(suppl. 2): S112-118, 1996.
82
Riscos Biológicos em Laboratórios de Pesquisa
Pike, R. M. Past and present hazards of working with infectious agents. Archives of
Pathology & Laboratory Medicine, 102: 333-336, 1978.
Rocaniello, V. R. Emerging infectious diseases. The Journal of Clinical Investigation,
113: 796-798, 2004.
SIMONS, J. & SOTTY, P. Prévention en Laboratorie de Recherche: Inserm/INRA. Institute
Pasteur: Paris, 1991.
TEIXEIRA, P. Proposta para Criação de um Sistema de Informação Gerencial para a Área
de Biossegurança na Fiocruz, 2004. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Ensp/
Fiocruz.
TELELAB (Sistema de Educação a Distância). Biossegurança em Unidades Hemoterápicas
e Laboratórios de Saúde Pública. Brasília: Ministério da Saúde, Coordenação Nacional de
Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, 1999.
VIANNA, C. H. M. Biotecnologia: novos riscos no trabalho laboratorial. In:
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE SEGURANÇA QUÍMICA E BIOLÓGICA DO
SETOR FARMACÊUTICO, 1989, Rio de Janeiro, INCQS/Fiocruz. (Mimeo.)
83
Gestão da Qualidade para Laboratórios da Área da Saúde
4
GESTÃO DA QUALIDADE
PARA LABORATÓRIOS DA ÁREA DA SAÚDE
85
BIOSSEGURANÇA
86
Gestão da Qualidade para Laboratórios da Área da Saúde
87
BIOSSEGURANÇA
como “apropriada para seu uso” (Juran, 1989), se os objetivos não contemplarem
o bem-estar dos trabalhadores, que devem se manter motivados.
Aliás, motivação é uma das palavras mais repetidas durante a implantação
de um processo de gestão da qualidade, que não pode se perder em retóricas,
pois deverá ser o resultado das condições que a empresa proporcionará para
que o trabalhador possa se sentir estimulado.
Normas ISO
88
Gestão da Qualidade para Laboratórios da Área da Saúde
Normas Fundamentos
Descreve os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade e estabelece a
ABNT NBR 9000 terminologia para esses sistemas.
Especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade, no qual uma
ABNT NBR 9001 organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que
atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamentáveis. Objetiva
aumentar a satisfação do cliente.
Fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema
ABNT NBR 9004 de gestão da qualidade. Objetiva melhorar o desempenho da organização e a
satisfação dos clientes e das outras partes interessadas.
89
BIOSSEGURANÇA
Plan-Do-Check-Act
Na abordagem dos processos de implementação e melhoria contínua da
gestão nas organizações que utilizam as normas NBR ISO/IEC 9001 e
NBR ISO/IEC 14001, pode ser aplicada a metodologia conhecida como Plan-
Do-Check-Act (PDCA) ou Planejar, Executar, Verificar e Agir (Figura 1), em
que cada ação significa:
• Planejar: estabelecer os princípios e processos necessários para atingir
os resultados em concordância com a política de gestão da qualidade e
gestão ambiental da organização.
• Executar: implementar os processos.
• Verificar: monitorar e medir os processos em conformidade com a
política ambiental, os objetivos, as metas, os requisitos legais e outros,
relatando os resultados.
• Agir: atuar de modo a continuar melhorando o desempenho do sistema
de gestão da qualidade e gestão ambiental.
OHSAS
Em 1999, foi lançada nos Estados Unidos a Série de Avaliação de Saúde
e Segurança Ocupacional 18000 – Occupational Health and Safety Assessment
Series (OHSAS). A série consiste em um sistema de gestão com o foco
voltado para a saúde e segurança ocupacional. É uma ferramenta que
90
Gestão da Qualidade para Laboratórios da Área da Saúde
Legislação nacional
A legislação brasileira voltada para a implantação da gestão da qualidade
para laboratórios da área da saúde é recente. A Secretaria de Vigilância em
Saúde (SVS) lançou a portaria n. 70, publicada em 24 de fevereiro de 2005
(Brasil, 2005), que estabelece os critérios e a sistemática para habilitação
de laboratórios de referência nacional e regional para as redes nacionais de
vigilância epidemiológica e ambiental em saúde. Com base nela, os laboratórios
requerentes deverão cumprir os seguintes procedimentos:
• Adotar as seguintes normas, de acordo com o escopo do laboratório:
– NIT-DICLA-083: critérios gerais para a competência em laboratórios
clínicos (Inmetro, 2001);
– NBR ISO/IEC 17025: requisitos gerais para a competência de la-
boratórios de ensaio e calibração (ABNT, 2006);
– NIT-DICLA-028: critérios para o credenciamento de laboratórios de
ensaios segundo os princípios das Boas Práticas de Laboratório (BPL)
(INMETRO, 2003).
• Implantar um sistema de gestão da biossegurança, seguindo as normas/
orientações nacionais/internacionais vigentes.
• Desenvolver procedimentos de comunicação eficientes e ágeis conforme
fluxos e prazos estabelecidos em manuais técnicos reconhecidos pelo
Ministério da Saúde, com os clientes e parceiros dos níveis nacional,
estadual e municipal, sobre os resultados das análises laboratoriais de
interesse à saúde pública, relativas à prestação de serviços (regional) e à
pesquisa (nacional).
• Realizar análises laboratoriais de alta complexidade (nacional) ou
de maior complexidade (regional) na área de conhecimento, para
complementação de diagnóstico.
• Apresentar atividades e pesquisa científica na área de conhecimento,
por um período mínimo de cinco anos, excetuando-se para aqueles
diagnósticos de problemas emergentes (nacional).
91
BIOSSEGURANÇA
92
Gestão da Qualidade para Laboratórios da Área da Saúde
Processo de Implementação
93
BIOSSEGURANÇA
Conceito dos 5S
Conhecido como o conjunto de cinco conceitos simples, que, uma vez
implantado em qualquer tipo de empresa, como os laboratórios da área da
saúde, poderá modificar o ambiente de trabalho, reorientando as atividades
rotineiras para a sua efetividade, incluindo o bem-estar dos trabalhadores.
O termo 5S é originário de cinco palavras em japonês e foi empregado
no Japão após a Segunda Guerra Mundial. Na tradução para o português,
emprega-se a expressão ‘senso de’ para não perder a marca do programa
conhecida mundialmente e, em seguida, adicionamos a palavra que mais se
aproxima do original em japonês (Quadro 2).
S Japonês Português
utilização
1 seiri senso de arrumação
organização
seleção
ordenação
2 seiton senso de sistematização
classificação
3 seisou senso de limpeza
zelo
Asseio
4 seiketsu senso de higiene
saúde
integridade
autodisciplina
5 shitsuke senso de educação
compromisso
94
Gestão da Qualidade para Laboratórios da Área da Saúde
95
BIOSSEGURANÇA
Certificação e Acreditação
96
Gestão da Qualidade para Laboratórios da Área da Saúde
Conclusão
Referências
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR ISO 14500 – Gestão da
Qualidade nos Laboratórios Clínicos. Rio de Janeiro, 2000a.
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR ISO 9001 – Sistemas de Gestão
da Qualidade: requisitos. Rio de Janeiro, 2000b.
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR ISO 14001 – Sistemas de
Gestão Ambiental: especificações e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 2000c.
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR ISO 9000 – Sistemas de Gestão
da Qualidade: fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2005.
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR ISO 17025 – Requisitos Gerais
para a Competência de Laboratórios de Ensaios e Calibração. Rio de Janeiro, 2006.
97
BIOSSEGURANÇA
98
Biossegurança em Arquitetura
5
BIOSSEGURANÇA EM ARQUITETURA:
O ELO DA QUALIDADE AMBIENTAL
Christina Simas
Telma Abdalla de Oliveira Cardoso
Avaliação de risco
99
BIOSSEGURANÇA
Biossegurança em arquitetura
100
Biossegurança em Arquitetura
101
BIOSSEGURANÇA
Organização funcional
Localização e acessos
102
Biossegurança em Arquitetura
103
BIOSSEGURANÇA
104
Biossegurança em Arquitetura
Barreiras de contenção
105
BIOSSEGURANÇA
Características construtivas
106
Biossegurança em Arquitetura
107
BIOSSEGURANÇA
Características ambientais
108
Biossegurança em Arquitetura
Instalações prediais
109
BIOSSEGURANÇA
110
Biossegurança em Arquitetura
Práticas operacionais
Conclusão
111
BIOSSEGURANÇA
Referências
112
Biossegurança em Arquitetura
113
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
6
AVALIAÇÃO DOS AMBIENTES DE TRABALHO
ATRAVÉS DO MAPEAMENTO DE RISCOS
Origem
115
BIOSSEGURANÇA
116
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
Definições
117
BIOSSEGURANÇA
Construção
118
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
119
BIOSSEGURANÇA
120
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
Grupos de risco
A NR-5 classifica os fatores de risco em cinco grupos:
• Grupo 1 – Riscos físicos: identificados pela cor verde. Ex.: ruído,
calor, frio, pressões, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes,
vibração etc.
• Grupo 2 – Riscos químicos: identificados pela cor vermelha. Ex.:
poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas, substâncias compostas,
produtos químicos em geral etc.
• Grupo 3 – Riscos biológicos: identificados pela cor marrom. Ex.: fungos,
vírus, parasitas, bactérias, protozoários, insetos transmissores de doenças
(vetores) etc.
• Grupo 4 – Riscos ergonômicos: identificados pela cor amarela. Ex.:
levantamento e transporte manual de peso, esforço físico excessivo,
monotonia, repetitividade, responsabilidade, atenção e vigilância,
imposição de ritmo de trabalho excessivo, jornada de trabalho
prolongada, postura inadequada de trabalho, trabalho em turnos e
noturno, controle rígido de produtividade, outras situações causadoras
de fadiga e estresse etc.
• Grupo 5 – Riscos de acidentes: indicados pela cor azul. Ex.: arranjo físico
inadequado, iluminação inadequada, armazenamento inadequado de
materiais, incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e equipamentos
sem proteção, quedas e animais peçonhentos, inexistência de sinali-
zação, outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência
de acidentes.
121
BIOSSEGURANÇA
Gravidade Proporção
pequena 1
média 2
grande 4
122
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
123
BIOSSEGURANÇA
Estudo de caso
124
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
125
BIOSSEGURANÇA
126
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
Freezers
Estantes com tubos
Centrífuga de ensaio
1 2
5 3 4
Bancada de Mármore
6 Armário
Banho-maria
7 8 9 10 11 12 13 Pia
127
BIOSSEGURANÇA
128
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
129
BIOSSEGURANÇA
4 5 7 8 13
1 17 13
6 6
17
7
4
13
17
6 6 5 7 13 8 1 17 7 5
13 17
2 3 9 10 11 12 14 15 16
Conclusão
130
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
Referências
131
BIOSSEGURANÇA
132
Avaliação dos Ambientes de Trabalho através do Mapeamento de Riscos
ODDONE, I. et al. Ambiente de Trabalho: a luta dos trabalhadores pela saúde. São Paulo:
Hucitec, 1986.
SANTOS, P. R. Estudo do Processo de Trabalho da Enfermagem em Hemodinâmica:
desgastes, cargas de trabalho e fatores de risco à saúde do trabalhador, 2001. Dissertação de
Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação
Oswaldo Cruz.
SIMONI, M. Formação em segurança do trabalho e ergonomia para trabalhadores
sindicalizados. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
(ENEGEP), 12, 1992, São Paulo. Anais... São Paulo: 1992.
SIVIERI, L. H. Saúde no trabalho e mapeamento de riscos. In: Saúde, Meio Ambiente
e Condições de Trabalho: conteúdos básicos para uma ação sindical. São Paulo: CUT/
Fundacentro, 1996.
133
Segurança Química
7
SEGURANÇA QUÍMICA: ENTRE A EXPERIÊNCIA
E A VIVÊNCIA SEM LIMITES
135
BIOSSEGURANÇA
136
Segurança Química
Conceitos Importantes
• Explosivos – Substâncias químicas e preparações que podem reagir
exotermicamente sem o oxigênio atmosférico e que, em condições de
testes definidos, explodem sob aquecimento, se parcialmente confinadas.
Como medidas de prevenção, devem-se evitar impactos, batidas, atritos,
exposição ao fogo e aquecimento de todas as ordens (Carvalho, 2009;
Merck, 2009).
• Oxidantes – Substâncias e preparações que, como regra, não são
combustíveis entre si, mas que, em contato com materiais combustíveis,
principalmente com o oxigênio, aumentam consideravelmente o risco
de fogo. Os peróxidos orgânicos que são muito combustíveis não devem
entrar em contato com os demais materiais também combustíveis. Como
medida de prevenção, é necessário evitar o contato com substâncias
combustíveis. As substâncias oxidantes apresentam risco de ignição e,
portanto, promovem o início de fogo. Em caso de incêndios, quando
essas substâncias se fazem presentes, o combate ao fogo é dificultado
(Carvalho, 2009; Merck, 2009).
• Altamente inflamáveis– Líquidos com ponto de fulgor abaixo de
21ºC que não são extremamente inflamáveis. Substâncias sólidas e
preparações que, em curtas exposições a uma fonte de ignição, podem
ser facilmente inflamáveis. Como medida de prevenção, devem ser
mantidos longe de chamas abertas, faíscas e fontes de calor (Carvalho,
2009; Merck, 2009).
• Extremamente inflamáveis – Substâncias e preparações líquidas cujo
ponto de inflamação é extremamente baixo e cujo ponto de ebulição é
baixo, e substâncias e preparações gasosas que, à temperatura e pressão
normais, são inflamáveis ao ar (Carvalho, 2009; Merck, 2009).
• Tóxicos – Substâncias capazes de agir de maneira nociva e de provocar
dano aos organismos vivos em função de uma interação química,
causando-lhes até mesmo a morte. Produzem alterações físicas e/
ou psíquicas diversas, podendo gerar dependência e modificações
de comportamento. Dependendo da dose, posto que a toxicidade
tem relação direta com este fator, todas as drogas são consideradas
137
BIOSSEGURANÇA
138
Segurança Química
Inalação
A inalação é a principal via de intoxicação no ambiente de trabalho, daí
a importância a ser dada aos sistemas de ventilação. A superfície dos alvéolos
pulmonares representa no homem adulto uma área de 80 a 90 m2. Esta grande
139
BIOSSEGURANÇA
Absorção Dérmica
É o contato das substâncias químicas com a pele. A absorção dérmica
é extremamente crítica quando se lida com produtos lipossolúveis que são
absorvidos através da pele. Algumas substâncias são absorvidas, mesmo em
soluções aquosas. No que tange ao contato de substâncias químicas com a
pele, é necessário considerar que:
Ingestão
A ingestão, via de regra, ocorre por descumprimento de normas de
higiene e segurança. Representa uma via secundária de ingresso de substâncias
químicas no organismo, o que pode acontecer de forma acidental.
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Segurança Química
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BIOSSEGURANÇA
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Segurança Química
Rotulagem
A rotulagem e a marcação de recipientes contendo substâncias químicas,
por intermédio de símbolos e textos de aviso, são precauções essenciais de
segurança a serem adotadas pela empresa. Os rótulos ou etiquetas aplicados
sobre uma embalagem devem apresentar em seu texto as informações
necessárias para garantir ao produto ali contido toda a segurança possível.
São exemplos de dados adequados a um rótulo: 1) nome do produto, 2) for-
necedor; 3) concentração; 4) cuidados; 5) antídotos; 6) incompatibilidades
(Costa & Costa, 2005).
É prática perigosa utilizar frasco de um produto rotulado para guardar
qualquer outro diferente, já que pode causar um grave acidente. Também é
perigoso colocar nova etiqueta sobre a antiga. Para uma embalagem sem rótulo,
não se deve adivinhar o que há em seu interior. Se não houver possibilidade
de identificação, é melhor providenciar o descarte do produto através de
firmas especializadas.
Armazenamento
Ao armazenar substâncias químicas, importa considerar:
• incompatibilidades entre os materiais armazenados, principalmente nos
almoxarifados, devido à diversidade dos mesmos;
• sistema de ventilação;
• sinalização correta;
• disponibilidade de EPI e Equipamento de Proteção Coletiva (EPC);
• área administrativa separada da área técnica e de armazenagem.
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BIOSSEGURANÇA
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Segurança Química
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BIOSSEGURANÇA
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Segurança Química
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BIOSSEGURANÇA
Halogênios líquidos B NR S E NR
Fenóis E E NR NR B
Nitrobenzeno B NR NR NR NR
Nitrometano B NR NR NR NR
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Segurança Química
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BIOSSEGURANÇA
Considerações Finais
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Segurança Química
Referências
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COSTA, M. A. F. da & COSTA, M. de F. B. Segurança e Saúde no Trabalho: cidadania,
competitividade e produtividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
151
BIOSSEGURANÇA
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
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A CONSTRUÇÃO DE INDICADORES
DE BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIOS
BIOMÉDICOS
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BIOSSEGURANÇA
Conceitos e definições
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
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BIOSSEGURANÇA
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
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BIOSSEGURANÇA
Indicadores
Por definição, um indicador é uma variável que descreve uma determinada
realidade e, em função desta propriedade, pode ser utilizado como ferramenta
para avaliar possíveis mudanças de situação (Bodart & Shrestha, 2000).
Etiologicamente, o termo ‘indicador’ vem da palavra latina indicare, que
significa ‘apontar’ (Funtowicz & Ravetz, 1990). Um indicador deve ser
construído de forma que facilite a interpretação da informação contida nele,
ou seja, deve mostrar o complexo de uma forma simples, permitindo ao
gerente a tomada de decisão com mais eficácia em ao menos cinco aspectos
básicos do gerenciamento: 1) definir a prioridade das decisões; 2) estabelecer
a hierarquia da informação; 3) identificar as vulnerabilidades para enfocar
medidas proativas; 4) oferecer uma medida reproduzível e comparável para
planificar, implementar e avaliar intervenções; 5) orientar investimentos e
negociações.
De acordo com Briggs (1999), os indicadores devem cumprir com alguns
requisitos para serem efetivos. Tais requisitos reduzem significativamente o
número de medidas e variáveis que, de fato, podem ser aplicadas na
forma de indicadores. Normalmente, os critérios que mais pesam na hora de
selecionar indicadores são:
• competência para descrever o fenômeno sobre o qual se propõe
informar;
• reprodutibilidade segundo padrões metodológicos estabelecidos;
• sensibilidade para detectar pequenas mudanças nas condições que
avalia;
• rápida reação para refletir essas mesmas mudanças;
• baixo custo e acessibilidade;
• comparabilidade;
• completo entendimento por parte dos usuários.
Em meio a tantas fontes de informação para o gerenciamento de riscos, os
indicadores considerados mais adequados são aqueles que permitem adaptar
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
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BIOSSEGURANÇA
Qualidade da informação
Agregação
Índices
Target
Gerentes Indicadores
Profissionais e técnicos
Dados
(a) Pirâmide ideal
X Z Y
Target
Gerentes
Profissionais e técnicos
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
Abordagem Metodológica
Uma vez definida a forma como devem ser entendidos os conceitos de risco,
contenção, biossegurança e indicadores aos fins do modelo de gerenciamento
aqui apresentado – baseado na AI –, é possível começar o desenho do roteiro
de levantamento de dados, definir um set de indicadores, traçar os cenários
de situação e de prospecção e, finalmente, organizar a informação gerada
através de um organograma de gerenciamento. Porém, antes de desdobrar a
abordagem metodológica, é conveniente explicar brevemente de que se trata a
AI, um método sociológico que se apoia na dialética hegeliana.
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BIOSSEGURANÇA
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
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BIOSSEGURANÇA
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
* Neste exemplo, o foco está dado à vulnerabilidade ocupacional dos profissionais expostos a
um tipo específico de risco.
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BIOSSEGURANÇA
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BIOSSEGURANÇA
CONCLUSÃO
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A Construção de Indicadores de Biossegurança em Laboratórios Biomédicos
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BIOSSEGURANÇA
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Desinfecção e Esterilização Química
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DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA
Célia M. C. A. Romão
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Desinfecção e Esterilização Química
TERMINOLOGIA
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BIOSSEGURANÇA
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Desinfecção e Esterilização Química
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BIOSSEGURANÇA
que lhes confere uma barreira efetiva à entrada dos agentes químicos (McDon-
nell & Russell, 1999).
PRÍONS*
Coccidia
(Cryptosporidium)
ESPOROS BACTERIANOS
(Bacillus subtilis, Clostridium difficile)
MICOBACTÉRIA
(Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium avium)
Cistos
(Giardia)
VÍRUS HIDROFÍLICOS ou PEQUENOS
(poliovírus)
Trofozoítos
(Acanthamoeba)
BACTÉRIA GRAM-NEGATIVA (não esporulada)
(Pseudomonas, Providencia)
FUNGOS
(Candida, Aspergillus)
VÍRUS GRANDES NÃO ENVELOPADOS
(Enterovírus, Adenovírus)
BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS (não esporuladas)
(Staphylococcus aureus, Enterococcus)
VÍRUS
LIPOFÍLICOS
(vírus da hepatite B, vírus da Aids)
* As conclusões sobre a resistência dos príons aos agentes químicos ainda não são universal-
mente definidas.
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Desinfecção e Esterilização Química
Tempo de exposição
A ação antimicrobiana é diretamente relacionada ao tempo de exposição.
Este deve ser rigorosamente obedecido para que se tenha a ação esperada. Os
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BIOSSEGURANÇA
Temperatura
De modo geral, a atividade dos desinfetantes aumenta à medida que
se eleva a temperatura. Entretanto, não se deve atingir a temperatura de de-
gradação do agente químico, o que pode ocasionar a produção de substâncias
perigosas à saúde e a diminuição da atividade do desinfetante (Rutala, 1996a).
Os desinfetantes são comumente usados à temperatura ambiente.
pH
O pH pode influenciar na ação antimicrobiana de várias maneiras, sendo
as mais comuns as seguintes: 1) na molécula – exemplo: soluções de gluta-
raldeído são mais estáveis em pH ácido, porém mais efetivas em pH alcalino;
2) na superfície da célula bacteriana – com o aumento do pH, o número de
grupos carregados negativamente aumenta e desta forma aumenta a ligação
das moléculas carregadas positivamente, como é o caso dos compostos quater-
nários de amônio, mais ativos em pH alcalino (Russell, 1982).
Dureza da água
Os íons divalentes cálcio e magnésio, presentes na água com alto grau
de dureza, interagem com sabões e outros compostos formando precipitados
insolúveis. A eficácia dos compostos quaternários de amônio é marcadamente
afetada na presença de água dura.
Umidade relativa
Este fator afeta diretamente a atividade de compostos na forma gasosa,
como o óxido de etileno e o formaldeído (Russel, 1982).
182
Desinfecção e Esterilização Química
Matéria orgânica
A matéria orgânica em diversas formas, como soro, sangue, pus, matéria
fecal e resíduos de alimentos, interfere na ação dos agentes antimicrobianos
de pelo menos duas maneiras: mais comumente, ocorre uma reação entre o
composto e o material orgânico, resultando num complexo menos ativo e dei-
xando uma menor quantidade do agente químico disponível para atacar os
microrganismos (Russell, 1982). Essa redução é notadamente observada com
compostos altamente ativos, como os liberadores inorgânicos de cloro; alter-
nativamente, o material orgânico pode proteger os microrganismos da ação
desinfetante, funcionando como uma barreira física (Rutala, 1987).
Como já mencionado, a limpeza é essencial para remover matéria
orgânica como sangue, fluidos corpóreos e outras sujidades orgânicas e inor-
gânicas (Rutala, 1996a), de forma a minimizar a ação desses materiais nos
procedimentos de desinfecção e esterilização.
Álcoois
Os álcoois mais empregados em desinfecção são o álcool etílico e o álcool
isopropílico, sendo o primeiro o mais usado no nosso país, em função da dis-
ponibilidade e do baixo custo.
183
BIOSSEGURANÇA
Atividade antimicrobiana
Os álcoois etílico e isopropílico apresentam atividade rápida sobre bacté-
rias na forma vegetativa, como os cocos gram-positivos, as enterobactérias e as
bactérias gram-negativas não fermentadoras da glicose, como as Pseudomonas.
Atuam também sobre as micobactérias, incluindo o Mycobacterium tuberculosis,
e sobre alguns fungos e vírus lipofílicos. Não possuem atividade sobre esporos
bacterianos e vírus hidrofílicos (Hugo & Russel, 1982; Rutala, 1987, 1996a;
Widmer & Frei, 1999).
Mecanismo de ação
O mecanismo de ação dos álcoois ainda não foi totalmente elucidado,
sendo a desnaturação de proteínas provavelmente o mecanismo predomi-
nante. Na ausência de água, as proteínas não são desnaturadas tão rapida-
mente quanto em sua presença, razão pela qual o etanol absoluto, um agente
desidratante, é menos ativo do que suas soluções aquosas (Ali et al., 2001).
Características importantes
Não possuem ação residual. Coagulam ou precipitam proteínas presentes
no soro, pus e em outros materiais biológicos, que podem proteger os
microrganismos do contato efetivo com álcool. São inflamáveis, requerendo,
portanto, cuidados especiais na manipulação e estocagem.
Aplicações
Os álcoois possuem ampla aplicação. No laboratório, são empregados
para descontaminação e desinfecção de superfícies de bancadas, cabines de
segurança biológica, equipamentos de grande e médio porte e para a antissep-
sia das mãos.
Nos estabelecimentos de saúde, são indicados para desinfecção e descon-
taminação de superfícies e artigos como: ampolas e vidros, termômetros oral e
retal, estetoscópios, cabos de otoscópios e laringoscópios, superfícies externas
de equipamentos metálicos, macas, colchões, mesas de exame, entre outros
(Brasil, 1994).
A técnica de aplicação é a seguinte: friccionar a superfície com gaze ou
algodão embebidos abundantemente na solução alcoólica, esperar secar
e repetir a operação três vezes. Quando possível, imergir o artigo na solução
(Brasil, 1994).
184
Desinfecção e Esterilização Química
Efeitos adversos
Os álcoois etílico e isopropílico são irritantes para os olhos e são
produtos tóxicos. A frequente aplicação produz irritação e dessecação da
pele (Sweetman, 2002).
Formaldeído
Atividade antimicrobiana
O formaldeído apresenta atividade para bactérias gram-positivas e gram-
negativas na forma vegetativa, incluindo micobactérias, fungos, vírus
lipofílicos e hidrofílicos e esporos bacterianos (Hugo & Russell, 1982). A
atividade esporocida é lenta, exigindo um tempo de contato em torno de 18
horas para a maioria das formulações.
Formas de apresentação
O formaldeído é um gás encontrado disponível na forma líquida em
solução a 37-40%, contendo metanol para retardar a polimerização (forma-
lina) e, na forma sólida, polimerizada em paraformaldeído.
Mecanismo de ação
O formaldeído destrói os microrganismos através da alquilação dos grupa-
mentos amino e sulfidrilas de proteínas e dos anéis de nitrogênio das bases
purinas (Rutala, 1996a).
Características importantes
É pouco ativo a temperaturas inferiores a 20° C. Apresenta atividade na
presença de proteínas e é pouco inativado por matéria orgânica e deter-
gentes (Collins, 1993).
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BIOSSEGURANÇA
Aplicações
O formaldeído é utilizado principalmente para descontaminação, através
de fumigação, de ambientes fechados (cabines de segurança biológica, salas di-
versas, salas de envase em indústria de medicamentos estéreis, biotérios e hos-
pitais). Para cabines de segurança biológica, é indicado para descontaminação
periódica antes da troca de filtros e após contaminação acidental, principal-
mente quando ocorre formação de aerossóis. Em função da sua toxicidade e de
seu caráter irritante e carcinogênico, somente deve ser empregado para casos
restritos. Não é recomendado para desinfecção rotineira de superfícies, equi-
pamentos e vidraria, podendo ser utilizado em situações especiais de acordo
com o microrganismo envolvido.
Exemplos de concentrações usualmente utilizadas/tempo de contato:
• para fumigação em ambientes fechados:
1) com formalina – 60 ml de formalina/m3, com aquecimento – durante
a noite (Collins, 1993);
2) com paraformaldeído – 3-4 g/0,34 m3, com aquecimento – durante a
noite (Collins, 1993).
• para desinfecção de superfícies: 4% – 30 minutos (OMS, 1988).
Nos exemplos apresentados, o aquecimento é necessário para que ocorra
a liberação do formaldeído na forma gasosa.
Efeitos adversos
O formaldeído é um composto altamente tóxico. Seus vapores são irri-
tantes para os olhos e aparelho respiratório. Causa reações de sensibilização.
Foi recentemente classificado como substância carcinogênica, provocando
câncer nasal através de mecanismo dose dependente. A concentração máxima
na atmosfera, recomendada pelo National Institute for Occupational Safety
and Health, é de 0,75 ppm, para uma exposição de oito horas (Widmer &
Frei, 1999). Desta forma, o uso do formaldeído deve ser racionalizado e seu
emprego deve ser restrito à situação onde não haja outra alternativa.
Glutaraldeído
Atividade antimicrobiana. O glutaraldeído possui amplo e rápido espec-
tro de atividade, agindo sobre bactérias na forma vegetativa, incluindo mi-
186
Desinfecção e Esterilização Química
Mecanismo de ação
A atividade biocida e inibitória do glutaraldeído é devida à alquilação dos
grupos sulfidrila, hidroxila e amino encontrados nos microrganismos, ocor-
rendo uma interação proteína-glutaraldeído (Gorman, Scott & Russel, 1980;
Scott & Gorman, 2001).
Características importantes
É ativo na presença de material orgânico e detergentes. Não coagula mate-
rial proteináceo e não é corrosivo para metais, materiais de borracha, lentes e
cimento de materiais óticos (Rutala, 1996a).
Aplicações
O glutaraldeído é usado, principalmente, como esterilizante e desinfe-
tante de equipamentos médico-cirúrgicos que não podem ser submetidos a
métodos físicos (Brasil, 1994).
No laboratório, também é indicado para recipientes de descarte de mate-
rial, apesar de não ser uma prática comum em nosso país, devido ao alto custo
desses produtos. É indicado também para descontaminação de equipamentos
sensíveis, quando não podem ser aplicadas soluções de hipoclorito de sódio.
Não é indicado para desinfecção de superfícies de maneira rotineira, so-
mente em situações especiais de acordo com o microrganismo envolvido.
Formulações/tempo de contato
Produtos comerciais se apresentam geralmente em formulações contendo
de 2% a 3,5% de glutaraldeído em soluções ácidas, que são ativadas através de
agentes alcalizantes. Os tempos de contato preconizados são de trinta minutos
para desinfecção e em torno de dez horas para esterilização.
Efeitos adversos
O glutaraldeído é um composto tóxico irritante para a pele, as mucosas
e os olhos, porém em menor grau do que o formaldeído. Provoca dermatite e
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BIOSSEGURANÇA
Atividade antimicrobiana
Os compostos liberadores de cloro são muito ativos para bactérias na
forma vegetativa, gram-positivas e gram-negativas, ativos para micobactérias,
fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos. Apresentam atividade moderada para
esporos bacterianos. Em altas concentrações, apresentam efeito letal para os
príons (Favero & Bond, 2001).
A forma ativa é o ácido hipocloroso (HOCl), que é predominante em
soluções com pH de 4 a 7. Os íons hipocloritos (OCl-), que predominam nas
soluções alcalinas com pH superior a 9, constituem a forma menos ativa (Mc-
Donnell & Russell, 1999).
Mecanismo de ação
O mecanismo exato através do qual o cloro ativo destrói microrganismos
ainda não foi demonstrado experimentalmente. Algumas teorias são sugeri-
das, tais como: o ácido hipocloroso libera oxigênio nascente que se combina
com componentes do protoplasma celular destruindo o microrganismo; com-
binação do cloro com proteínas da membrana celular formando compostos
tóxicos; ruptura da membrana celular (Dychdala, 2001).
Características importantes
Os desinfetantes à base de cloro reagem rapidamente com a matéria
orgânica, incluindo sangue, fezes e tecido. Sua atividade é marcadamente di-
minuída, sendo o grau de inativação proporcional à quantidade de material
presente (Coates, 1991). Portanto, a concentração de cloro disponível no
processo de desinfecção deve ser alta o suficiente para satisfazer à demanda do
cloro (cloro consumido pela carga orgânica presente) e fornecer cloro residual
suficiente para destruir os microrganismos. Esse fato deve ser cuida-
dosamente considerado quando se aplicam esses compostos para desinfecção
188
Desinfecção e Esterilização Química
Aplicações
Os compostos liberadores de cloro ativo têm uma ampla aplicação em
diversas áreas. No laboratório, são apropriados para desinfecção em geral de
objetos e superfícies inanimadas, inclusive as contaminadas com sangue
(McDonnell & Russell, 1999) e outros materiais orgânicos, e para recipientes
de descarte de materiais (Collins, 1993). Nos estabelecimentos de saúde, têm
aplicação para desinfecção de superfícies e artigos semicríticos não metálicos e
artigos de lactários (Brasil, 1994).
Formulações
As soluções de hipoclorito de sódio estão disponíveis para comercializa-
ção em várias concentrações, como, por exemplo, a 2-2,5% de cloro ativo, na
forma de água sanitária, como reagentes químicos em concentrações variáveis
de 5 a 10% de cloro ativo ou em outras concentrações. O hipoclorito de cálcio
e os ácidos isocianúricos são comercializados na forma de pó.
Concentrações (em ppm de cloro ativo) e tempos de contato usualmente
recomendados:
• recipientes de descarte de materiais e finalidades gerais de descontami-
nação e desinfecção em laboratórios – 2.500 ppm; 10.000 ppm (para su-
perfícies contendo sangue e recipientes de descarte que recebem grandes
quantidades de proteínas) (Collins, 1993);
• desinfecção/descontaminação de superfícies em hospitais – 10.000
ppm/10 minutos de contato (Brasil, 1994);
189
BIOSSEGURANÇA
Efeitos adversos
Os compostos liberadores de cloro são tóxicos, causando irritação da pele
e dos olhos. Quando ingeridos, provocam irritação e corrosão das membranas
mucosas. A inalação do ácido hipocloroso provoca tosse e choque,
podendo causar irritação severa do trato respiratório (Reynolds, 1989;
Sweetman, 2002).
Fenóis Sintéticos
Atividade antimicrobiana
De maneira geral, os fenóis sintéticos são ativos para bactérias na forma
vegetativa, incluindo micobactérias, fungos e vírus lipídicos. Não possuem
atividade biocida para esporos bacterianos e vírus hidrofílicos (Collins,
1993). Os diferentes compostos existentes variam quanto à sua atividade anti-
microbiana (Fraise, 1999).
Mecanismo de ação
Os compostos fenólicos em altas concentrações agem penetrando e
rompendo a parede celular bacteriana e precipitando as proteínas celulares.
Baixas concentrações inativam sistemas enzimáticos essenciais e provocam
o extravazamento de metabólitos através da parede celular (Rutala, 1987;
Widmer & Frei, 1999).
190
Desinfecção e Esterilização Química
Características importantes
São pouco afetados pela presença de matéria orgânica e por detergentes
aniônicos (Widmer & Frei,1999).
Aplicações
Os produtos à base de fenóis sintéticos são utilizados principalmente para
desinfecção de objetos e superfícies inanimadas (bancadas, pisos etc.) em labo-
ratórios, hospitais, biotérios, em situações em que haja necessidade de desin-
fecção na presença de matéria orgânica (Gardner & Peel, 1991).
São indicados para desinfecção/descontaminação de artigos semicríti-
cos e superfícies em áreas críticas (UTI, centro cirúrgico, unidade de diálise).
Não são recomendados para artigos que entram em contato com o trato res-
piratório, alimento, objetos de látex, acrílico e borracha. Não são indicados
para uso em berçários devido à ocorrência de casos de hiperbilirrubinemia em
crianças (Rutala, 1987; Brasil, 1994; Widmer & Frei, 1999).
No laboratório, são apropriados para desinfecção rotineira de super-
fícies contaminadas com bactérias não esporuladas. Podem ser utilizados
como alternativa aos compostos liberadores de cloro em recipientes de
descarte de materiais, com exceção dos laboratórios de virologia, para os
quais não são indicados.
Formulações
Os fenóis sintéticos são comercializados em formulações complexas e con-
centradas, geralmente contendo dois ou mais princípios ativos, tensoativos
aniônicos ou sabões e emulsificantes, uma vez que os ingredientes ativos são
insolúveis em água (O’Connor & Rubino, 2001). Devem ser diluídos na hora
do uso, de acordo com a recomendação do fabricante, e não devem ser estoca-
dos por mais de 24 horas (Collins, 1993).
Efeitos adversos
Os compostos fenólicos são tóxicos quando ingeridos e irritantes para a
pele e para os olhos (Rutala, 1987; Widmer & Frei, 1999).
191
BIOSSEGURANÇA
Atividade antimicrobiana
De maneira geral, os compostos quaternários de amônio são muito
efetivos para bactérias gram-positivas e efetivos em menor grau para
as gram-negativas, sendo as Pseudomonas especialmente mais resistentes. São
ativos para alguns fungos e para vírus não lipídicos. Não apresentam ação letal
para esporos bacterianos e para vírus hidrofílicos e, geralmente, não são ativos
para micobactérias (Collins, 1993; Merianos, 2001; Widmer & Frei, 1999).
Mecanismos de ação
A ação bactericida é atribuída à inativação de enzimas responsáveis pelos
processos de produção de energia, desnaturação de proteínas celulares essen-
ciais e ruptura da membrana celular (Petrocci, 1983; Widmer & Frei, 1999).
Características importantes
Os quaternários de amônio são fortemente inativados por proteínas, de-
tergentes não iônicos e sabões. São influenciados negativamente pela presença
dos íons cálcio e magnésio presentes na água dura (Gardner & Peel, 1991).
Possuem efeito residual.
Aplicação
São recomendados para desinfecção ordinária de superfícies não críticas,
como pisos, mobiliário e paredes. São apropriados para desinfecção de super-
fícies e equipamentos em todas as áreas relacionadas com alimentos.
Formulações
São apresentados em formulações complexas e concentradas, contendo
um ou mais princípios ativos, que devem ser diluídas de acordo com a reco-
mendação do fabricante.
Efeitos adversos
Nas concentrações usualmente utilizadas, os compostos quaternários de
amônio apresentam baixa toxicidade, porém podem causar irritação e sensibi-
lização da pele (Gardner & Peel, 1991; Sweetman, 2002).
192
Desinfecção e Esterilização Química
Iodóforos
Os iodóforos constituem uma combinação entre o iodo e um agente solu-
bilizante ou carreador. O complexo resultante fornece um reservatório de iodo,
que é liberado em pequenas quantidades na solução aquosa. O composto mais
conhecido é o polivinilpirrolidona – iodo (PVP-I) (Gottardi, 2001).
Atividade antimicrobiana
Os iodóforos são ativos para bactérias na forma vegetativa, incluindo mi-
cobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos (Collins, 1993). A atividade
esporocida pode requerer tempo de contato prolongado (Rutala, 1996a).
Mecanismo de ação
O iodo penetra fácil e rapidamente através da parede celular dos micror-
ganismos. O efeito letal é atribuído à ruptura das estruturas proteicas e
dos ácidos nucleicos e à interferência nos processos de síntese de proteínas
(Gottardi, 2001).
Características importantes
Os iodóforos são rapidamente inativados por proteínas e por alguns plás-
ticos e substâncias naturais em menor grau. Não são compatíveis com deter-
gentes não iônicos (Collins, 1993).
Aplicações
Os iodóforos são utilizados principalmente em antissepsia como uma al-
ternativa à clorhexidina e em situações em que é necessária uma ação rápida
e de amplo espectro. Para desinfecção, são recomendados em hospitais para
artigos tais como ampolas e vidros, termômetros, estetoscópios, superfícies ex-
ternas e metálicas de equipamentos. São ainda usados em superfícies e equipa-
mentos relacionados a alimentos (Brasil, 1994).
No laboratório, têm aplicação em recipientes para descarte de materiais
e para desinfecção de superfícies em geral (Collins, 1993). Não são indicados
para metais não resistentes à oxidação (cromo, ferro, alumínio e outros) e para
materiais que absorvem o iodo e mancham, como os plásticos.
Formulações
As formulações antissépticas comercializadas normalmente contêm 1%
(p/v) de iodo disponível em base alcoólica ou aquosa. As formulações comer-
193
BIOSSEGURANÇA
Efeitos adversos
Os iodóforos possuem baixa toxicidade, sendo irritantes para os olhos e,
em menor extensão, para a pele (Collins, 1993).
Ácido Peracético
Atividade antimicrobiana
O ácido peracético é ativo para bactérias na forma vegetativa, incluindo
micobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos e para esporos bacteri-
anos (Rutala, 1996a; Fraise, 1999).
Mecanismo de ação
O mecanismo de ação assemelha-se a outros peróxidos e agentes oxi-
dantes, ou seja, atua na permeabilidade da parede celular, desnatura proteínas
e oxida ligações sulfidrilas em proteínas, enzimas e outros metabólitos
(Rutala & Weber, 1999).
Características importantes
O ácido peracético é ativo na presença de matéria orgânica e possui ativi-
dade esporocida mesmo em baixas temperaturas (Block, 2001b). Tem duas
características interessantes: alta solubilidade em água e decomposição
produzindo substâncias de baixa toxicidade (ácido acético, água, oxigênio e
peróxido de hidrogênio). É instável quando diluído e corrói materiais de co-
bre, bronze, aço e ferro galvanizado (Rutala & Weber, 1999).
Aplicações
No laboratório, é adequado para a desinfecção de cabines de segurança
e filtros de ar (Gardner & Peel, 1991). No Brasil, o uso do ácido peracético
foi autorizado em 1993 (Brasil, 1993) como componente ativo de produtos
esterilizantes, desinfetantes hospitalares para superfícies fixas e para artigos
semicríticos e como desinfetante para a indústria alimentícia.
Efeitos adversos
As soluções diluídas em água utilizadas como desinfetantes e esterilizantes
têm baixa toxicidade. Entretanto, em soluções concentradas, são irritantes
194
Desinfecção e Esterilização Química
Precauções
Produtos e soluções à base de ácido peracético devem ser armazenados em
local fresco, abaixo de 30ºC. A embalagem deve ser provida de tampa com vál-
vula de ventilação e resistente à chama. Devem ser manipulados com cuidado,
uma vez que se trata de substância altamente oxidante (Block, 2001b).
Conclusão
Referências
ALI, Y. et al. Alcohols. In: BLOCK, S. S. Disinfection, Sterilization and Preservation. 5. ed.
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001.
BLOCK, S. S. Historical review. In: BLOCK, S. S. Disinfection, Sterilization and
Preservation. 5. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001a.
BLOCK, S. S. Peroxygen compounds. In: BLOCK, S. S. Disinfection, Sterilization and
Preservation. 5. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001b.
BRASIL. Decreto n. 79.094. Regulamenta a lei n. 6.360, de 23 de setembro de
1976, que submete ao sistema de vigilância sanitária os medicamentos, insumos
farmacêuticos, drogas, correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros.
Diário Oficial, 5 jan. 1977.
BRASIL. Portaria n. 15 de 23 de agosto de 1988. Determina que o registro de
produtos com finalidade antimicrobiana seja procedido de acordo com as normas
regulamentares anexas à presente. Diário Oficial, seção I: 17.041-17.043, 5 set. 1988.
BRASIL. Portaria n. 122 de 29 de novembro de 1993. Inclui na portaria n. 15 de 23
de agosto de 1988 o princípio ativo ácido peracético. Diário Oficial, seção I: 18.255,
1º dez. 1993.
BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar.
Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde. 2. ed. Brasília, 1994.
BRASIL. Resolução ANVISA RDC n. 14 de 28 de fevereiro de 2007. Aprova o
Regulamento Técnico para produtos saneantes com antimicrobiana harmonizado no
âmbito do Mercosul. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>.
CHAPMAN, J. S. Disinfectant resistance mechanisms, cross-resistance, and co-
resistance. International Biodeterioration and Biodegradation, 51: 271-276, 2003.
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of body fluids. Journal of Hospital Infection, 16: 241-251, 1989.
COATES, D. Disinfection of spills of body fluids: how effective is a level of 10.000
ppm avaliable chlorine? Journal of Hospital Infection, 18: 319-332, 1991.
COLLINS, C. H. Laboratory: acquired infections. 3. ed. Cambridge: Butterworth-
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DYCHDALA, G. R. Chlorine and chlorine compounds. In: BLOCK, S. S. Disinfection,
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2001.
FAVERO, M. S. & BOND, W. W. Chemical disinfection of medical and surgical
196
Desinfecção e Esterilização Química
197
BIOSSEGURANÇA
198
Equipamentos de Contenção
10
EQUIPAMENTOS DE CONTENÇÃO:
CABINES DE SEGURANÇA BIOLÓGICA
199
BIOSSEGURANÇA
200
Equipamentos de Contenção
201
BIOSSEGURANÇA
Fonte: Sadir, s. d.
202
Equipamentos de Contenção
203
BIOSSEGURANÇA
A B C
Obs.: A – uso convencional; B – com painel frontal preso à cabine; C – com luvas de borracha
presas ao painel frontal.
Fonte: Kruse, Puckett & Richardison, 1991.
B
D
A
Ar da sala
Ar potencialmente contaminado
HEPA – Ar filtrado
204
Equipamentos de Contenção
Filtro HEPA
205
BIOSSEGURANÇA
ÁREAS LIMPAS
206
Equipamentos de Contenção
Salas limpas
207
BIOSSEGURANÇA
208
Equipamentos de Contenção
Classes
209
BIOSSEGURANÇA
Fluxo laminar de ar
210
Equipamentos de Contenção
São áreas portáteis, limitadas por cortina de PVC flexível ou outro material
rígido transparente, como vidro temperado ou acrílico, que, devido ao tipo de
contenção, classificam a área de trabalho como classe 100, segundo o FS-209E.
São de grande eficiência para o controle da contaminação em áreas críticas de
produção de alimentos e fármacos, controle de qualidade nas indústrias ou
para isolamento de pacientes em hospitais, principalmente em unidades de
211
BIOSSEGURANÇA
Luzes
Filtros HEPA Grelha protetora
Fluxo de ar
Fluxo de ar
Ar novo
(pré-filtrado)
Fluxo de ar Piso perfurado
Parede Ventiladores
Pré-filtro
Fonte: Sadir, s. d.
212
Equipamentos de Contenção
Filtros HEPA
Fluxo de ar
Grelha de Piso sólido Grelha protetora
Pré-filtro exaustão
Fonte: Sadir, s. d.
Grelha protetora
Entrada de ar
Luzes
Fluxo de ar
Pés
Rodas
Saída de ar
Fonte: Sadir, s. d.
213
BIOSSEGURANÇA
Luzes
Painel superior
Painel lateral
Grelha protetora
Fluxo de ar interno
Filtro de ar
Filtro HEPA
Superfície de Suprimento de
trabalho ar interno
Pré-filtro
Entrada de ar
Ventilador
Fonte: Sadir, s. d.
214
Equipamentos de Contenção
215
BIOSSEGURANÇA
Ar da sala
Ar potencialmente contaminado
HEPA – Ar filtrado
216
Equipamentos de Contenção
70% de
Filtro HEPA exaustão
de exaustão
Filtro HEPA
70% de
100 pés/min recirculação
do ar
Cabine classe II B1
217
BIOSSEGURANÇA
Ar da sala
Ar potencialmente contaminado
HEPA – Ar filtrado
Cabine classe II B2
218
Equipamentos de Contenção
G B
E A
Ar da sala
Ar potencialmente contaminado
HEPA – Ar filtrado
Fonte: CDC, s. d.
219
BIOSSEGURANÇA
220
Equipamentos de Contenção
F A
Ar da sala
Ar potencialmente contaminado
HEPA – Ar filtrado
Representação esquemática de uma cabine de segurança biológicva classe III (Glove Box)
Obs.: A – abertura para luvas de cano longo; B – vidraça; C – duplo filtro HEPA de exaustão; D
– entrada de ar com filtro HEPA; E – autoclave de saída dupla ou caixa de passagem; F – tanque
de desinfecção química
É necessário conexão da cabine de exaustão com o sistema de exaustão do edifício.
221
BIOSSEGURANÇA
222
Equipamentos de Contenção
Isolador flexível
Rack isolador
223
BIOSSEGURANÇA
Unidade de necropsia
224
Equipamentos de Contenção
225
BIOSSEGURANÇA
Métodos de certificação
226
Equipamentos de Contenção
Métodos Físicos
• Prova de fuga da cabine (determina se a estrutura da cabine está livre de
orifícios que proporcionem escape do ar).
• Prova de fuga do filtro HEPA (verifica a integridade do filtro e a ausência
de orifícios).
• Perfil de velocidade do fluxo de ar no interior da cabine (velocidade
constante sem turbulência).
• Velocidade do fluxo de exaustão do ar para o exterior da cabine.
• Prova de fuga elétrica (de corrente, inspeção dos circuitos elétricos,
medição das tensões, circuito terra de resistência).
• Nível de ruído (o nível recomendado para conforto do operador é de
55 dB).
227
BIOSSEGURANÇA
Método Biológico
São aplicados os seguintes testes: teste de contenção para classe I e III;
teste do iodeto de potássio e de contaminação externa para classe II; teste de
contaminação cruzada para classe II. Nenhum destes testes é aplicado de forma
rotineira durante a vida útil da cabine. Eles são usados pelo fabricante
quando o desenho de um novo modelo é construído ou modificações
estruturais são feitas nos existentes. Os referidos testes requerem equipamentos
dispendiosos e complexos, além de, ao mesmo tempo, considerável experiência
do certificador.
Teste de contenção
Medida da quantidade de aerossol contendo um número conhecido de
esporos de Bacillus globigii NCTC 10073 espalhados dentro da cabine por um
aparelho nebulizador especial. Enquanto a cabine está funcionando, amostras
são recolhidas fora da cabine por outro aparelho que contém um conjunto
de placas de meio de cultura onde os esporos que escapam são recolhidos. As
placas contendo meio de cultura são incubadas e as colônias em cor amarela,
facilmente, visualizadas e contadas (Kruse, 1991).
228
Equipamentos de Contenção
229
BIOSSEGURANÇA
Teste do filtro
A eficiência do filtro absoluto é verificada por instrumentos de medição,
como contador de luz branca operando por espalhamento (light screening), laser,
CNC (utiliza princípio aplicado na meteorologia), teste DOP (Dioctylphthalato),
que é a geração de aerossol finamente particulado medido por fotômetro.
230
Equipamentos de Contenção
Sequência da Descontaminação
1. Calcular o volume da cabine (largura x altura x profundidade = pé
cúbico).
2. Multiplicar o volume (pé cúbico) por 0,25 ou 0,3 para determinar em
gramas o peso do paraformaldeído requerido.
3. Elevar a umidade relativa da cabine até pelo mnos 60% (utilizar Beaker
com água sobre uma placa aquecedora).
4. Colocar o paraformaldeído pesado (gramas necessárias) em aquecedor
elétrico com timer (dispositivo elétrico específico).
5. Selar a cabine com plástico verificando todas as entradas e saídas. Caso a
cabine de segurança biológica tenha dutos, selar os dutos de saída.
6. Ligue o equipamento de aquecimento (dispositivo elétrico específico).
7. Após 25% da despolimerização do paraformaldeído, ligar a cabine de
cinco a dez segundos para dissipar o gás formaldeído através da cabine e
do filtro HEPA.
8. Repetir a operação anterior com 50%, 75% e 100% da despolimerização
do paraformaldeído.
9. Deixar o gás formaldeído agir na cabine por uma hora.
10. No caso de Mycobacterium tuberculosis, Histoplasma capsulatum ou fungos
sistêmicos, o gás formaldeído deverá agir por duas horas ou mais.
11. Para neutralizar o gás formaldeído, usar a mesma quantidade de
NH4HCO3 e ligar o equipamento de aquecimento e o ventilador da
cabine até o NH4HCO3 ser dissipado. No mercado, existe um aparelho
que, automaticamente, aquece o paraformaldeído e em seguida realiza a
neutralização, evitando, assim, o contato do trabalhador.
12. Deixar a cabine ligada pelo menos uma hora antes de abrir os selos,
deixando o ar circular. (Observação: o formaldeído é explosivo quando
misturado com o ar entre 7% e 73% por volume, mas não alcança este
intervalo de concentração com a descontaminação padrão descrita).
13. O operador deve usar máscara contra gases e outros EPIs, como, por
exemplo, jaleco ou macacão, gorro, óculos de proteção, luvas compatíveis
com a manipulação de produtos químicos, botas e outros necessários
(Kruse, 1991).
231
BIOSSEGURANÇA
Lâmpada UV
232
Equipamentos de Contenção
233
BIOSSEGURANÇA
234
Equipamentos de Contenção
235
BIOSSEGURANÇA
Considerações finais
236
Equipamentos de Contenção
Referências
BARBEITO, M. S. & KRUSE, R. H. A History of the American Biological Safety
Association. Part I: the first 10 biological safety conferences 1955-1965. Disponível em:
<www.absa.org/abohist1.html>. Acesso em: 20 out. 2005.
BIOSSEGURANÇA no Uso de Cabine de Segurança Biológica no Manuseio de Substâncias
Químicas, Drogas e Radioisótopos. Disponível em: <www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/
lab_virtual/csb.html>. Acesso em: 5 dez. 2005.
BRITISH STANDARD INSTITUT. BS3928. Method for Sodium Flame Test for Air
Filters (other than for air supply to i.c. engines and compressors), 1969. Disponível em:
<http://standards.mackido.com/bs/bs-standards24_view_2028.html>. Acesso em: 5
dez. 2005.
CDC (Center for Disease Control). BMBL Appendix A - Figure 2c Class II, Type B2
Biological Safety Cabinet. Disponível em: <www.cdc.gov/od/ohs/biosfty/bmbl4/
b4aaf2c.htm>. Acesso em: 5 dez. 2005.
ENCYCLOPEDIA BRITANNICA ONLINE. History of Technology. Disponível em:
<http://search.eb.com/bol/topic?eu=115399&sctn=13&pm=1>. Acesso em: 22
dez. 2005.
ENGEFILTRO. Glossário. Disponível em: <www.engefiltro.com.br/glossario.htm>.
Acesso em: 6 dez. 2005.
FIGUEIREDO, L. Sistema para Controle de Contaminação Ambiental. VECO do Brasil.
Slides da palestra proferida em Vitória (ES), abr. 2005.
237
BIOSSEGURANÇA
238
Ergonomia em Laboratórios
11
ERGONOMIA EM LABORATÓRIOS
Breve histórico
239
BIOSSEGURANÇA
Os domínios da ergonomia
240
Ergonomia em Laboratórios
Ergonomia cognitiva Trata dos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio
e respostas motoras, com relação às interações entre as pessoas e
outros componentes de um sistema. Os temas centrais compreendem
a carga mental, os processos de decisão, o desempenho especializado,
a interação homem-máquina, a confiabilidade humana, o estresse
profissional e a formação. Os tópicos relevantes incluem carga mental,
atividade física, postura no trabalho, tomada de decisão, performance
especializada, interação homem-computador, estresse e treinamento.
Ergonomia organizacional Trata da otimização dos sistemas sociotécnicos, incluindo sua estrutura
organizacional, regras e processos políticos. Os tópicos relevantes
incluem comunicações, gestão dos coletivos, a concepção do
trabalho, os horários de trabalho, o trabalho em equipe, a concepção
participativa, a ergonomia comunitária, o traba-lho cooperativo, a
cultura organizacional, o teletrabalho e a gestão da qualidade.
241
BIOSSEGURANÇA
O paradigma biomecânico
242
Ergonomia em Laboratórios
A ergonomia contemporânea
243
BIOSSEGURANÇA
244
Ergonomia em Laboratórios
245
BIOSSEGURANÇA
estática. É por isso que, na prática, encontramos quase sempre trabalho estático
e dinâmico atuando juntos.
Sempre que mantemos qualquer segmento corporal posicionado contra a
força da gravidade, estamos usando contrações estáticas. As contrações estáticas
são eminentemente posicionais e antigravitacionais. Por isso os apoios são
importantes, já que substituem o trabalho muscular estático.
Sendo altamente fatigante, o trabalho muscular estático (Figura 1) deve ser
evitado. Quando isso não for possível, pode ser aliviado com reconfigurações
no processo de trabalho, permitindo mudanças de postura, melhorando o
posicionamento de peças e ferramentas ou providenciando apoios para partes
do corpo.
Figura 1 – Trabalho estático – análise eletromiográfica da musculatura dos
ombros e braços para trabalho de digitação ou datilografia
A B C
Trabalho em pé
246
Ergonomia em Laboratórios
Figura 2 – Trabalho em pé
Obs.: Alturas de bancadas recomendadas para trabalho em pé: a medida base é a altura do co-
tovelo, que é em média 105 cm para homens e 98 para mulheres acima do chão. O ideal é que
a altura da bancada seja regulável.
Fonte: Grandjean, 2005: 52.
247
BIOSSEGURANÇA
Trabalho sentado
248
Ergonomia em Laboratórios
Veias varicosas,
pernas inchadas
249
BIOSSEGURANÇA
das pausas etc.) até a qualidade desejada do produto (um erro pode acarretar
consequências graves), passando pela utilização obrigatória do mobiliário e
dos equipamentos disponíveis (Brasil, 2004).
A organização do trabalho também pode impor ritmos de produção
muito rígidos e excessivos, com pressão temporal intensa, aumentando o
desgaste e a carga de trabalho. Pode haver prolongamento das jornadas de
trabalho, com necessidade de complementação em regime de horas extras.
Outro fator importante a se analisar é se existe trabalho em turno no-
turno. A literatura específica tem demonstrado como o trabalho noturno
pode ser desgastante, por obrigar o trabalhador a dormir durante o dia, o
que compromete significativamente a qualidade do sono, reduzindo ou
mesmo amputando a fase REM (Rappid Eyes Movement), em que surgem os
movimentos oculares rápidos. Esta é a fase em que o sono atinge o mais
profundo relaxamento muscular e em que há também intensa produção de
sonhos (Grandjean, 2005).
lado lado
Esquerdo Direito
250
Ergonomia em Laboratórios
251
BIOSSEGURANÇA
252
Ergonomia em Laboratórios
Conclusão
254
Ergonomia em Laboratórios
Condições ambientais
Os laboratórios apresentam tendência para uma temperatura excessivamente
baixa, o que aumenta o risco de doenças do aparelho respiratório e
osteomuscular. A temperatura recomendada situa-se na faixa entre os 20 e 23
graus centígrados.
Deve-se evitar a incidência dos jatos de ar condicionado sobre o corpo dos
trabalhadores (NR 17.5.2).
A iluminação geral ou suplementar (fonte de luz individual) deve ser projetada
de forma a evitar ofuscamentos, reflexos incômodos, sombras e contrastes
excessivos (NR 17.5.3.2).
O nível de ruído deve ser baixo, compatível com a demanda de atenção
requerida pela atividade.
Mobiliário do posto de trabalho (NR17.3.2)
Altura das bancadas: O ideal é que as bancadas possam ser reguláveis para
ficarem sempre na altura do cotovelo (ângulo de conforto do cotovelo em
torno de 90 graus) do trabalhador.
Leiaute das bancadas: A bancada deve ter os bordos arredondados e espaço
suficiente para o encaixe das pernas do trabalhador quando sentado.
Posturas de trabalho
Trabalho de pé: Sempre que o trabalho puder ser executado na posição
sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta postura
(NR 17.3.1).
Para as atividades em que os trabalhos precisam ser realizados de pé, devem ser
colocados assentos para descanso em locais que possam ser utilizados durante
as pausas (NR 17.3.5).
255
BIOSSEGURANÇA
256
Ergonomia em Laboratórios
Referências
257
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
12
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
DE LABORATÓRIOS
João Alberto Ferreira
Cristina Lúcia Silveira Sisinno
259
BIOSSEGURANÇA
260
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
261
BIOSSEGURANÇA
262
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
263
BIOSSEGURANÇA
264
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
265
BIOSSEGURANÇA
com os resíduos comuns em aterros sanitários licenciados, desde que haja uma
prática adequada de acondicionamento e manuseio dos resíduos em geral.
Quanto aos laboratórios de engenharia genética, considera-se que todos
os resíduos biológicos devem ser esterilizados antes de serem encaminhados
para aterro sanitário licenciado.
Os resíduos químicos de laboratórios representam um problema em
função da multiplicidade de produtos utilizados em pequenas quantidades.
Resíduos que apresentam grandes riscos de toxicidade, de inflamabilidade
ou de explosão devem necessariamente ser neutralizados antes de serem
descartados junto com os resíduos comuns. Os demais resíduos químicos
de baixo risco não necessitam neutralização. Os resíduos no estado sólido,
quando não tratados, devem ser dispostos em aterros de resíduos perigosos.
Os resíduos em estado líquido não precisam ser encaminhados para disposição
final em aterros (Conama, 2005).
266
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
Resíduos líquidos
Resíduos especiais
• Radioativos
• Resíduos químicos perigosos: tóxicos, corrosivos, inflamáveis, explosivos,
genotóxicos ou carcinogênicos.
Aerossóis
267
BIOSSEGURANÇA
268
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
269
BIOSSEGURANÇA
270
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
Acondicionamento
Os recipientes de acondicionamento devem ser estanques e, no caso de
resíduos infecciosos, ser fechados com tampa. Todos os recipientes precisam
ser identificados.
Desde que manuseados corretamente, o risco de infecção por resíduos
é bastante reduzido. Os perfurocortantes são os principais responsáveis
por infecções. Devem, então, ser acondicionados de forma segura, em
embalagens rígidas.
É necessário que o acondicionamento seja adequado ao tratamento a que
será submetido o resíduo. Autoclavar os resíduos dentro de sacos plásticos
pode ser relativamente complicado. Sacos de polipropileno de alta densidade,
sensíveis ao calor, podem impedir o acesso do vapor à massa de resíduos. Sacos
de plástico sensíveis ao calor devem ser colocados dentro de outro contêiner
para evitar derramamento dos resíduos no equipamento.
Os resíduos de risco biológico ou infectantes, quando considerados
separadamente, precisam ser acondicionados em sacos plásticos que os
diferenciem dos resíduos comuns. A norma NBR 9190 da ABNT recomenda
sacos brancos leitosos para os infectantes e escuros para os comuns.
Conforme já referido anteriormente, os resíduos perfurocortantes
constituem a principal fonte potencial de riscos, tanto de acidentes físicos como
de doenças infecciosas. Segundo Casanova e colaboradores (1993: 474), “de
todos os acidentes relatados por empregados de hospitais, nos Estados Unidos,
a maior proporção (35%) é causada por agulhas e outros perfurocortantes”.
Durante um estudo de dez meses em um hospital universitário nos Estados
Unidos, mais de 320 ferimentos com perfurocortantes foram relatados, dos
quais 13% ocorreram durante ou após a disposição dos mesmos: a maioria
destes ferimentos foi causada por pontas saindo do lixo acondicionado à
espera de coleta e disposição (Walker, 1991). Os resíduos perfurocortantes
devem estar acondicionados em embalagens rígidas.
271
BIOSSEGURANÇA
Armazenamento Interno
Por questões de segurança, recomenda-se não acumular grandes
quantidades de resíduos no laboratório. O ideal é que em cada local exista
apenas o frasco em uso para cada tipo de resíduo e que, após utilizado, seja
encaminhado para uma central de armazenamento fora do laboratório. Não
se devem armazenar frascos de resíduos na capela nem próximos a fontes de
água ou calor (Embrapa, 2006).
Transporte Interno
A condição mais importante é que o resíduo esteja acondicionado de
forma adequada, assegurando o seu confinamento. O transporte deve ser
feito de forma a evitar a ruptura do acondicionamento e a disseminação
do resíduo.
Armazenamento Externo
O armazenamento de resíduos é a contenção temporária dos resíduos em
área específica visando a atender as condições básicas de segurança, mantendo
a integridade física das embalagens até a sua remoção pelo sistema de coleta
externo. O ideal é que haja um abrigo para os resíduos, construído de acordo
com as normas (Cussiol, Lange & Ferreira, 2003).
Transporte Externo
O transporte de resíduos, que podem ser armazenados em contêineres,
em tambores com tampa, deve ser feito em caminhões com mecanismos de
recolhimento de líquidos porventura vazados da massa de resíduos.
272
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
273
BIOSSEGURANÇA
Considerações finais
274
Gerenciamento de Resíduos de Laboratórios
Referências
275
BIOSSEGURANÇA
276
Proteçao Radiológica na Utilização de Materiais Radioativos...
13
Proteção Radiológica na Utilização de
Materiais Radioativos em Laboratórios
de Pesquisa
277
BIOSSEGURANÇA
278
Proteçao Radiológica na Utilização de Materiais Radioativos...
Fundamentos
279
BIOSSEGURANÇA
p → n + e+ + υe
n → p + e– + υe
280
Proteçao Radiológica na Utilização de Materiais Radioativos...
Grandezas e Unidades
A energia de uma radiação, seja de natureza corpuscular (α e β), seja
eletromagnética (γ ou X), é expressa em elétron-Volts (eV). Um elétron-Volt é
definido como a energia adquirida por um elétron quando este atravessa uma
diferença de potencial de um Volt. Os múltiplos mais usados são o kilo-elétron-
Volt (keV) e o mega-elétron-Volt (MeV).
A atividade de uma amostra radioativa é expressa em Becquerels (Bq).
Um Becquerel é igual a uma desintegração por segundo. Isto significa que, por
exemplo, se a atividade de um material radioativo for de 100 Bq, na amostra
radioativa, a cada segundo ocorrerão cem emissões de uma dada radiação (α, β
ou γ). Historicamente, a primeira unidade de medida de atividade foi o Curie
(Ci), definido como a atividade de um grama do isótopo do elemento rádio
(Z = 88) de número de massa 226 (88Ra226). A relação entre estas duas unidades
é a seguinte:
1 Ci = 3,7 x 1010 Bq
Os múltiplos do Curie são, por exemplo, o microcurie (µCi) e o
milicurie (mCi).
Ao atravessar a matéria, as radiações cedem toda ou parte da sua energia ao
produzir as ionizações e/ou excitações. A dose absorvida exprime a quantidade
de energia cedida à matéria por unidade de massa. A unidade que expressa a
dose absorvida é o Gray (Gy), isto é:
1 Gy = 1 Joule/kg
A taxa de dose absorvida é expressa em Grays por segundo.
Para se avaliar o efeito biológico de uma dose absorvida pela matéria viva, foi
criado o conceito de dose equivalente. Sua unidade é o Sievert, cujo símbolo
é Sv. A expressão matemática que vincula as doses absorvida e equivalente é
a seguinte:
H=DxQ
Onde H é a dose equivalente; D, a dose absorvida; e Q, o chamado ‘fator de
qualidade’, que depende da natureza e da energia da radiação.
281
BIOSSEGURANÇA
onde Tefe é a meia-vida efetiva, Tfís é a meia-vida física e Tbio é a meia-vida biológica.
Um exemplo simples para o emprego da fórmula anterior consiste em imaginar
um radionuclídeo que tivesse a meia-vida física (Tfís) igual à meia-vida biológica
(Tbio), isto é: Tfís = Tbio = T, então Tefe = 2T, ou seja, a eliminação ao radionuclídeo
do organismo ocorreria numa taxa duas vezes maior.
Proteção Radiológica
Como foi dito, as radiações trazem benefícios aos seres humanos quando
empregadas corretamente. Contudo, se utilizadas de forma incorreta, podem
provocar uma série de danos à saúde.
Para melhor compreender os objetivos da proteção radiológica, devem-se
levar em consideração os seguintes pontos: 1) as características da dose de
radiação recebida; 2) os tipos de exposição; 3) a forma físico-química apresentada
pelo radionuclídeo; 4) os efeitos biológicos das radiações nas células; 5) os efeitos
das radiações no organismo.
O Limite de Incorporação Anual (LIA) para um radionuclídeo é o valor
máximo de incorporação anual para um homem padrão. Para cada radionuclídeo,
estabelece-se um LIA.
O Quadro 1 exibe exemplos dos conceitos de energia do radionuclídeo, suas
meias-vidas, descritos anteriormente.
A proteção radiológica está baseada em três princípios básicos, a saber:
• Tempo: quanto menor for o tempo de exposição às radiações ionizantes,
menores serão as doses de radiação recebidas e, consequentemente,
serão menores as chances de ocorrência de efeitos deletérios para a saúde.
282
Proteçao Radiológica na Utilização de Materiais Radioativos...
Cromo -51(51Cr) β- 4,5 27,8 dias 125 dias de 7,0 x 108 até 2,0 x 109 (ina)
γ 320
Iodo -125( 125I) β- 167,47 60,2 dias 138 dias 2,0 x 106 (ina)
γ 35,5 4,4 x 104 (tir)
Iodo -131( 131I) β- 608 8,05 dias 3 dias 2,0 x 106 (ina)
γ 364
283
BIOSSEGURANÇA
Fontes de radiação
• Fonte selada – é aquela cuja estrutura é tal que previna, sob as condições
normais de uso, qualquer dispersão do seu material radioativo para o
ambiente. Ex.: fontes de 60Co utilizadas em teleterapia.
• Fonte não selada– é aquela cuja forma física e as condições normais
de uso não permitem prevenir todas as formas de dispersão do material
radioativo para o ambiente. Ex.: fontes na forma líquida, empregadas
para marcação de moléculas.
285
BIOSSEGURANÇA
O emprego das radiações ionizantes é regulado por normas, que têm por
objetivo reduzir as chances de exposições não justificadas para trabalhadores,
pacientes e membros da população de um modo geral. A Comissão Internacional
de Proteção Radiológica (ICRP) vem, desde 1928, formulando recomendações
sobre todos os aspectos básicos e práticos da proteção radiológica (ICRP, 1991).
Essas recomendações constituem a base dos regulamentos (normas) adotados
por organizações nacionais e internacionais.
Em 1977, a ICRP lançou um conjunto de recomendações, denominado
ICRP-26, que foi reformulado em 1990, recebendo a designação de ICRP-60
(1990 Recommendations of the ICRP), válidos até hoje.
Além da ICRP, existem outras organizações internacionais que também
formulam recomendações na área de proteção radiológica, como, por exemplo, a
IAEA (<www.iaea.org>), a partir de documentos intitulados Safety Series.
No Brasil, a CNEN (<www.cnen.gov.br>), autarquia especial subordinada
ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é o organismo responsável, entre outras
atribuições, pela licença que autoriza o funcionamento de instalações que
usem materiais radioativos. Desta forma, todas as organizações que utilizem
materiais radioativos, no território nacional brasileiro, para quaisquer fins,
devem cumprir as normas expedidas pela CNEN (1984, 1985, 1988a, 1988b,
1988c, 1989, 2005).
Rejeitos radioativos
286
Proteçao Radiológica na Utilização de Materiais Radioativos...
Prevenção Coletiva
• Os laboratórios de manipulação de materiais radioativos devem ter
assoalho plano e liso e ser constituídos por materiais que sejam facilmente
descontaminados (caso seja necessário efetuar uma descontaminação).
• As paredes também devem ser lisas e pintadas com tintas que sejam de
fácil lavagem.
Prevenção Individual
Obtenha informações: 1) junto à pessoa competente encarregada de
analisar o local de trabalho; 2) lendo as instruções fixadas no laboratório e as
fichas técnicas.
287
BIOSSEGURANÇA
Proteja-se:
• usando equipamentos de proteção individual (epi) adequados para cada
experimentação, como, por exemplo, jaleco fechado, gorro e dois pares
de luvas cirúrgicas;
• empregando blindagens, isto é, utilizar telas apropriadas, manipular em
câmaras e capelas, de acordo com o radionuclídeo e a sua atividade;
• diminuindo o tempo de exposição;
• aumentando a distância até a fonte.
Delimite:
• os locais com marcação específica;
• as superfícies de trabalho;
• os locais de armazenagem das fontes;
• identifique os materiais, etiquetando-os.
Confine:
• os materiais dentro de bandejas, cobertas com papel absorvente, du-
rante a manipulação;
• preveja os materiais que serão destinados à manipulação e descon-
taminação (caso sejam necessárias) e os instrumentos para detecção.
Monitorize com um detector de radiação ionizante:
• as superfícies de trabalho;
• o material empregado;
• as mãos;
• as roupas;
• e, se necessário, de acordo com o radionuclídeo, o assoalho, os
sapatos e a tireoide.
Jamais:
• comer, beber ou fumar no laboratório;
• maquiar-se;
• pipetar com a boca;
• trabalhar sozinho;
288
Proteçao Radiológica na Utilização de Materiais Radioativos...
Controle de Materiais
Deve ser feito a partir de detetores de radiação (por exemplo, Geiger-
Muller) escolhidos de acordo com o tipo de radiação e sua energia, sendo
devidamente calibrados e aferidos. Para isto, o supervisor de proteção radio-
lógica deve ser consultado.
Controle de Pessoal
Deve ser realizado com o emprego de filmes dosimétricos, canetas
dosimétricas e dosímetros termoluminescentes (TLD) para todos que
trabalhem com materiais radioativos. Além disso, exames radiotoxológicos
devem ser realizados periodicamente, tais como exames de urina e de fezes.
Dependendo da prática, outros exames complementares podem ser exigidos,
caso necessário, como medidas de contaminação interna num contador de
corpo inteiro e exames de sangue.
Uma ficha de acompanhamento médico deve cobrir a vida profissional de
cada trabalhador ocupacionalmente exposto a radiações ionizantes.
289
BIOSSEGURANÇA
Riscos envolvidos
290
Proteçao Radiológica na Utilização de Materiais Radioativos...
Acidentes Registrados
Contaminações por materiais radioativos (na forma de fontes não seladas)
ocorrem com certa frequência na prática médica e biomédica. Entre alguns
casos que foram notificados ao Sistema de Atendimento a Emergências
Radiológicas (Saer), da CNEN, podem ser destacados os seguintes:
Conclusão
A obediência aos princípios da proteção radiológica é fundamental para a
utilização segura de materiais radioativos e radiações ionizantes em laboratórios.
A constatação de que a maioria dos acidentes envolvendo contaminação com
materiais e/ou exposição às radiações é provocada por falha humana põe em
xeque toda a infraestrutura das organizações que, de alguma maneira, utilizam
essas tecnologias como ferramenta de trabalho.
291
BIOSSEGURANÇA
Referências
292
Segurança em Biotérios
14
SEGURANÇA EM BIOTÉRIOS
Antenor Andrade
Ter segurança significa poder confiar. Para isso, devem ser observados e
respeitados as regras e os procedimentos de trabalho formulados para eliminar
práticas perigosas e evitar riscos desnecessários.
Os animais de laboratório representam um risco para quem os maneja,
pois, mesmo que não estejam experimentalmente infectados, podem estar
carreando agentes patogênicos, inclusive zoonóticos. Por isso, o risco de
se adquirir infecções em biotérios onde doenças infecciosas estão sendo
estudadas, isto é, em infectórios, é muito grande.
Desse modo, um rígido controle nos protocolos experimentais deve ser
associado a estritos procedimentos de segurança. E não somente os técnicos
precisam ter consciência dos perigos existentes, alguns dos quais específicos
para cada área, mas também os pesquisadores e o pessoal de apoio que têm
acesso ao biotério.
Os estudos de longa duração em animais estão associados, frequentemente,
a estudos de carcinogênese, oncogênese viral e teratogênese, avaliação de
compostos potencialmente tóxicos e radioisótopos, entre outros. Por esse
motivo, a manipulação e administração de drogas, o contato com tecidos do
animal, inclusive soro, bem como com alguns dos componentes das madeiras,
cujas maravalhas se usam para as camas dos animais, constituem motivo de
preocupação para aqueles que trabalham com animais de laboratório.
O ambiente de trabalho
293
BIOSSEGURANÇA
294
Segurança em Biotérios
Proteção da saúde
295
BIOSSEGURANÇA
Zoonoses
296
Segurança em Biotérios
297
BIOSSEGURANÇA
298
Segurança em Biotérios
Segurança pessoal
299
BIOSSEGURANÇA
Material radioativo
300
Segurança em Biotérios
301
BIOSSEGURANÇA
• Não manusear espécie animal sem que esteja habilitado para tal;
• Usar roupas e materiais de contenção de animais, conforme a espécie;
• Informar imediatamente o responsável sobre mordeduras, arranhões ou
qualquer trauma físico que tenha sofrido;
• Manter em ordem sua área de trabalho;
• Não fumar, beber ou comer na área de materiais oriundos das criações;
• Separar os materiais defeituosos ou em más condições, para serem recu-
perados depois;
• Não colocar, nos carros de transporte, material que prejudique a visi-
bilidade do condutor;
• Manter as mãos limpas e as unhas aparadas;
• Recolher com pá e vassoura materiais de vidro ao se quebrarem.
Conclusão
302
Segurança em Biotérios
REFERêNCIAS
303
BIOSSEGURANÇA
304
Hantavírus e Rickettsias
15
HANTAVÍRUS E RICKETTSIAS:
BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO
E NO TRABALHO DE CAMPO
305
BIOSSEGURANÇA
Riscos em laboratório
Os hantavírus estão presentes em aerossóis gerados a partir de cultura
de células ou quaisquer outros procedimentos que aumentem a exposição do
profissional às partículas virais, presentes em amostras biológicas de pacientes
infectados e de roedores silvestres capturados em áreas de ocorrência de casos
confirmados. Apesar de não existir imunização disponível para hantaviroses
causadas por hantavírus associados com a síndrome pulmonar do continente
americano, a exposição laboratorial oferece um risco insignificante para as
pessoas que restringem as práticas de laboratório sem geração de aerossóis
(CDC, 1993a; 1993c).
Os hantavírus são sensíveis aos agentes físicos e químicos e, assim como os
outros vírus envelopados, são rapidamente inativados por calor, detergentes,
solventes orgânicos e soluções de hipoclorito.
Precauções recomendadas
As práticas e instalações do nível de biossegurança 2 (NB-2) são indicadas
para as atividades de diagnóstico sorológico e molecular que utilizam líquidos
306
Hantavírus e Rickettsias
Rickettsias
Diante da grande diversidade de agentes bacterianos deste grupo lato sensu,
cuja avaliação de risco se encontra compilada no Quadro 3, as rickettsias, isto
é, Rickettsia spp. (R. rickettsii), Bartonella, Ehrlichia e Coxiella burnetii, de uma
forma geral, serão consideradas microrganismos de classe de risco 3.
As infecções com rickettsias adquiridas em laboratórios são raras e se
limitam às pessoas que trabalham diretamente com estes microrganismos em
laboratório com práticas associadas com produção de aerossóis. Apesar do
relato de casos fatais de pesquisadores, como Howard Taylor Ricketts e Lemos
Monteiro, que se infectaram acidentalmente em laboratório com rickettsias
do grupo da febre maculosa (Johnson & Kadull, 1967; Sexton et al., 1991) e
do grupo do tifo (Wright et al., 1968), nas últimas três décadas existem poucos
relatos e sem registro de óbito. Em relação a C. burnetii, agente da febre Q,
mais de 15 casos clínicos adquiridos, por inalação, foram descritos, a maioria
com quadro caracterizado por pneumonia intersticial (Hall et al., 1982; Pike,
1976). A febre Q é a mais frequente rickettsiose adquirida acidentalmente em
laboratório (Johnson & Kadull, 1966; Graham, Yamauchi & Rountree, 1989;
Hall et al., 1982; Hamadeh et al., 1992).
Semelhante aos dados obtidos sobre o risco de infecção por hantavírus
em laboratório, com as instalações laboratoriais eficazes, tecnologia e
procedimentos que não gerem aerossóis, atualmente estas infecções são raras
em laboratórios.
307
BIOSSEGURANÇA
Hantavírus
O hantavírus, um gênero singular entre os membros da família
Bunyaviridae, é um grupo de vírus RNA que é transmitido acidentalmente ao
homem pelo contato direto com as excretas ou pela inalação de partículas
virais presentes nos aerossóis formados a partir de excrementos e secreções
de roedores reservatórios assintomáticos. Os diferentes hantavírus quase
invariavelmente são mantidos na natureza associados, cada um, com uma única
espécie de roedor. No Brasil, hantavírus associados com casos humanos têm
sido identificados principalmente em Necromys lasiurus, Oligoryzomys nigripes,
Calomys aff. callosus, Oligoryzomys moojeni e Oligoryzomys fornesi (Johnson et al.,
1999; Suzuki et al., 2004; Rosa et al., 2005; Rosa, 2008).
308
Hantavírus e Rickettsias
a Os hantavírus identificados em roedores, mas que não foram até o momento associados com
doença humana, não são apresentados. No Brasil, até o momento foram identificados os
hantavírus não patogênicos, Jaborá (Akodon montensis) e Rio Mearim (Holochiulus sciureus).
b Febre hemorrágica com síndrome renal.
c Febre hemorrágica com síndrome renal – forma grave.
d Febre hemorrágica com síndrome renal – forma mais branda.
e Síndrome pulmonar por hantavírus.
f Síndrome pulmonar por hantavírus no Brasil.
309
BIOSSEGURANÇA
Rickettsias
Etiologia
No campo amplo da ricketsiologia, no qual as bartonelas e Coxiella
burnetti também são incluídas, as rickettsias são pequenas bactérias gram-
negativas, cocoides, cocobacilares, pleomórficas, medindo aproximadamente
0,3 a 0,5 µm de diâmetro por 0,8 a 2 µm de comprimento, pertencentes
origi-nalmente à ordem Rickettsiales, que se coram pelos métodos de Giemsa,
de Gimenez ou de Machiavello, sendo facilmente visualizadas à microscopia
óptica (Olson & McDade, 1994; Olson & Paddock, 1999; Walker, 2007;
Walker & Bouyer, 2003).
Até a década de 1990, a ordem Rickettsiales era composta por três
famílias: Rickettsiaceae, Bartonellaceae e Anaplasmataceae. No entanto, com
a caracterização taxonômica utilizando técnicas moleculares, os gêneros
Bartonella e Coxiella foram retirados da ordem Rickettsiales e passaram a ser
classificados como proteobactérias do subgrupo α 2, família Bartonellaceae, e
proteobactéria grupo γ, família Coxiellaceae, ordem Legionellas, respectivamente
(Quadros 2 e 3). Assim, sob o aspecto taxonômico, embora as rickettsioses
devam ser consideradas como um grupo de doenças causadas estritamente por
proteobactérias do subgrupo α, as bartoneloses e a febre Q ainda permanecem
estudadas no campo da rickettsiologia (Breener et al., 1993; Olson & McDade,
1994; Raoult & Roux, 1997; Walker & Bouyer, 2003).
A composição da parede celular bem como dos lipopolissacarídeos e do
peptideoglicano das bactérias do gênero Rickettsia assemelham-se aos das
bactérias gram-negativas. Não existem evidências da presença de peptideoglicano
nos membros dos gêneros Orientia e Ehrlichia (Olson & McDade, 1994; Raoult
& Roux, 1997; Walker & Bouyer, 2003).
310
Hantavírus e Rickettsias
Febre maculosa
Tifo do cerrado
311
BIOSSEGURANÇA
312
Hantavírus e Rickettsias
313
BIOSSEGURANÇA
Obs.: DAG1 – doença da arranhadura do gato; AB2 – angiomatose bacilar; PH3 – peliose
hepática; FOO4 – febre de origem obscura.
314
Hantavírus e Rickettsias
B. henselae 2
B. quintana 2
B. vinsonii 2
B. elizabethae 3
B. clarridgeiae 3
Coxiella burnetti 3
Ehrlichia spp. 2
O. tsutsugamushi 3
R. canada 3
R. conorii 3
R. montana 3
R. prowazekii 3
R. rickettsii 3
R. siberica 3
R. typhi 3
315
BIOSSEGURANÇA
Riscos em Laboratório
As rickettsias estão presentes em aerossóis gerados a partir de cultura de
células ou quaisquer outros procedimentos que aumentem a exposição do
profissional às partículas rickettsianas presentes em amostras biológicas de
pacientes infectados, animais não humanos e triturado de artrópodes.
Apesar da existência de vacinas tanto para as rickettsias quanto para o agen-
te da febre Q, as mesmas não estão disponíveis, além de não determinarem
proteção total aos imunizados. De uma forma geral, a exposição laboratorial
às rickettsias oferece um risco insignificante para as pessoas que restringem as
práticas de laboratório sem geração de aerossóis, com exceção de C. burnetii,
que constitui a segunda causa de infecção adquirida em laboratório (Sewell,
1995; Harding & Byers, 2006).
Precauções Recomendadas
As práticas e instalações NB-2 são indicadas para as atividades de
diagnóstico sorológico e molecular que utilizam líquidos sabidamente ou
potencialmente infecciosos e materiais clínicos contendo ou suspeitos de
conter rickettsias e o agente da febre Q. O laboratório NB-2 para rickettsias
deve seguir os requisitos do NB-2 tradicional quanto às instalações, às práticas
e aos procedimentos que não gerem aerossóis. As atividades de laboratório,
como inoculação e cultura de rickettsias lato sensu e produção de antígeno ou
necropsia de animais infectados, devem ser realizadas também em área NB-3
(Pike et al., 1976; Sewell, 1995; Harding & Byers, 2006).
316
Hantavírus e Rickettsias
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BIOSSEGURANÇA
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Hantavírus e Rickettsias
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BIOSSEGURANÇA
320
Hantavírus e Rickettsias
Período Pós-Expedição
Todos os profissionais membros da equipe participante deverão estar
orientados sobre os sinais e sintomas das doenças que são objeto de estudo e
de outras zoonoses passíveis de ocorrer. Assim, dentro de um período de seis
semanas, após a realização do trabalho de campo, o surgimento de qualquer
quadro febril será considerado como suspeito de infecção ocupacional. O
profissional, neste contexto, deverá ser encaminhado para um médico, de
preferência membro da equipe, para exame clínico e coleta de sangue para análise
pareada com a amostra previamente coletada e acondicionada no seu próprio
laboratório de pesquisa. Concomitantemente, seguindo as recomendações do
programa de saúde do trabalhador, todas as informações serão repassadas ao
setor responsável pela saúde do trabalhador visando não somente à vigilância,
mas fundamentalmente à análise e à identificação dos fatores, assim como à
instituição de medidas necessárias de prevenção e proteção do profissional e
do ambiente de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
321
BIOSSEGURANÇA
322
Hantavírus e Rickettsias
Referências
324
Hantavírus e Rickettsias
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Hepatites B e C como Doenças Ocupacionais
16
Hepatites B e C
como Doenças Ocupacionais
327
BIOSSEGURANÇA
328
Hepatites B e C como Doenças Ocupacionais
329
BIOSSEGURANÇA
Modos de transmissão
330
Hepatites B e C como Doenças Ocupacionais
331
BIOSSEGURANÇA
que, sendo portadores crônicos, acabam infectando seus pacientes por falha
das medidas gerais de prevenção. Para que isto ocorra, o profissional deve ser
um portador altamente virêmico, infeccioso, e realizar algum procedimento
traumático, como cirurgia, para ter acesso à entrada do vírus, inclusive havendo
a preocupação de se avaliar os níveis virêmicos do portador. Alguns autores
sugerem a oferta da terapia antiviral através de tratamento convencional e com
novas drogas, em busca de resposta eficaz, para prevenir o afastamento deste
profissional especializado como também diminuir a possibilidade da infecção
nosocomial (hospitalar) (Buster, Van der Eijk & Schalm, 2003; Van der Eijk
et al., 2006).
Nos Estados Unidos, estudos epidemiológicos da década de 1970 e 1980
demonstravam que profissionais da saúde, como médicos e dentistas, tinham
aproximadamente uma prevalência de cinco a dez vezes maior de marcadores
sorológicos do HBV do que doadores de sangue (Denes et al., 1978; Dienstag
& Ryan, 1982; Hadler et al., 1986).
Segundo dados de 1986 do Centro de Controle de Doenças de Atlanta,
Estados Unidos, onde a vigilância para esta doença tem papel preponderante,
cerca de trezentos mil casos de hepatite B ocorriam anualmente. Deste
total, 12.000 casos (4%) eram atribuídos a profissionais da saúde, como
consequência de exposição ocupacional ao vírus. Estes dados demonstram que
a infecção pelo HBV é um fator de maior risco ocupacional na área da saúde,
contudo, é um dos poucos que podem ser prevenidos e controlados com
vacinas seguras e eficazes. Levando-se em consideração a história natural da
doença e sua provável evolução nos profissionais infectados, é possível supor
que, dos 12.000 profissionais da saúde infectados anualmente, 15 morrerão de
hepatite fulminante, mil se tornarão crônicos, pelo menos duzentos morrerão
de cirrose e quarenta por câncer de fígado em decorrência da infecção pelo
HBV (Hadler, 1990).
No Brasil, um estudo envolvendo 1.433 profissionais da área da saúde e
872 da área administrativa mostrou que a prevalência de HBV nos profissionais
da saúde é quatro vezes maior. Entre os fatores ocupacionais, o tempo de
serviço contribuiu em 14% para a chance de apresentar sorologia positiva,
e o acidente biológico elevou o risco de infecção pelo HBV em 4,29 vezes
332
Hepatites B e C como Doenças Ocupacionais
333
BIOSSEGURANÇA
334
Hepatites B e C como Doenças Ocupacionais
335
BIOSSEGURANÇA
Paciente-Fonte
Situação vacinal HBsAg positivo HBsAg negativo HBsAg
e sorológica do desconhecido ou
profissional da saúde não testado
exposto
Não vacinado HBIG + iniciar Iniciar vacinação Iniciar vacinação*
vacinação
Com vacinação HBIG + completar Completar Completar
incompleta vacinação vacinação vacinação*
Previamente vacinado
Com resposta vacinal Nenhuma medida Nenhuma medida Nenhuma medida
conhecida e adequada específica específica específica
(10mUI/mL)
Sem resposta vacinal HBIG + 1 dose da Iniciar nova série de Iniciar nova série
após a 1ª série (3 doses) vacina contra hepatite B vacina (3 doses) de vacina
(3 doses)**
336
Hepatites B e C como Doenças Ocupacionais
Paciente-Fonte
Sem resposta vacinal HBIG (2x)** Nenhuma medida HBIG (2x)**
após a 2ª série (6 doses) específica
* Uso associado de imunoglobulina hiperimune está indicado se o paciente-fonte tiver alto risco
para infecção pelo HBV.
** HBIG (2x) = duas doses de imunoglobulina hiperimune para hepatite B com intervalo de um
mês entre as doses. Esta opção deve ser indicada para aqueles não respondedores.
337
BIOSSEGURANÇA
Conclusão
338
Hepatites B e C como Doenças Ocupacionais
Referências
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A Biologia Molecular
e os Desafios de Biossegurança
Carlos Mazur
Ricardo Galler
343
BIOSSEGURANÇA
A BIOLOGIA MOLECULAR
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A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
Breve Histórico
Uma compreensão mais abrangente do conceito e evolução da biologia
molecular pode ser obtida a partir de uma visão histórica, observando-se a
convergência dos esforços de geneticistas, físicos e químicos estruturais unidos
na busca por uma resposta sobre a estrutura e função do gene.
No início do século XX, embora ainda incipiente, a genética deu passos
largos com as contribuições de Mendel, do grupo de Morgan (1926), que
desenvolveu os primeiros modelos com Drosophila, e Muller (1926), que
reconheceu o gene como a base da vida e começou a pesquisar sua estrutura,
entre outros. Em 1938, percebendo a importância desta nova abordagem física
e química da biologia, Warren Weaver, então diretor da Fundação Rockefeller,
introduziu o termo biologia molecular.
Em um notável episódio, Francis Crick (Nobel em 1962) explicou por que
começou a se intitular um biólogo molecular:
345
BIOSSEGURANÇA
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A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
Fonte: <http://mooni.fccj.org/~ethall/dna/dna.htm>.
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BIOSSEGURANÇA
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A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
349
BIOSSEGURANÇA
Gene
Afinal, o que são os genes? Originalmente em 1865, Mendel imaginou que
características individuais eram determinadas por fatores discretos conhecidos
como genes, que eram herdados dos pais. Tratava-se então de um conceito
hipotético e teórico, que, em função da sua origem filosófica e histórica, vem
causando muita controvérsia. Apenas com o advento da biologia molecular,
os genes passaram a ser considerados como segmentos contínuos de DNA,
definidos por sequências nucleotídicas específicas.
O termo gene pode ser conceituado como unidade hereditária que ocupa
um local (locus) específico em um cromossomo e tem uma sequência de DNA
determinada e característica para cada organismo. Um gene sofre mutação
quando sua sequência de nucleotídeos é alterada. De maneira simplista, pode-
se considerar que um gene é um segmento de DNA que está especificamente
envolvido na produção de uma cadeia polipeptídica.
Clonagem Molecular
O termo ‘clonar’, originado na bacteriologia, significa obter uma
população geneticamente idêntica de células ou de organismos multicelulares.
Por inferência, a ‘clonagem molecular’ representa a obtenção de uma coleção
350
A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
Enzimas de Restrição
O primeiro passo fundamental para o desenvolvimento das técni-
cas de clonagem molecular foi a descoberta das enzimas de restrição.
Enzimas de restrição são endonucleases que reconhecem e clivam (cortam)
precisamente sequências nucleotídicas específicas que definem seus sítios de
restrição particulares em moléculas de DNA.
Identificadas apenas na década de 1970 no citoplasma de E. coli, onde
atuam restringindo a ação de bacteriófagos (vírus de bactérias) através da
clivagem e consequente inativação do genoma viral, as enzimas de restrição
foram rapidamente identificadas como bisturis moleculares, devido à precisão
do seu corte.
As enzimas de restrição reconhecem seus sítios de restrição no DNA de
fita dupla e clivam cada uma das fitas nestes locais específicos. Isto
indica que a cadeia de DNA pode ser seccionada de forma sistemática,
ou seja, todas as vezes que for clivada por uma determinada enzima produzirá
os mesmos fragmentos.
Atualmente, existe uma estimativa de, pelo menos, novecentos tipos de
endonucleases de restrição para se escolher, fornecendo à tecnologia de DNA
recombinante uma bateria de instrumentos precisos.
351
BIOSSEGURANÇA
Ligases
DNA ligases são uma família de proteínas evolutivamente relacionadas
que participam na replicação, reparo e recombinação de DNA. Nestas
atividades, as DNA ligases são capazes de catalisar a ligação fosfodiéster entre
os desoxirribonucleotídeos da cadeia de DNA, com dependência de energia,
na forma de ATP.
Após a clivagem com enzimas de restrição, o DNA ensejado (inserto) pode
ser unido a um vetor de clonagem com a ação de ligases. Como exemplo, a
ligase derivada do bacteriófago T4 vem sendo amplamente utilizada na ligação
de fragmentos de DNA.
Vetores de Clonagem
Também conhecidos como veículos de DNA, os vetores de clonagem
foram baseados inicialmente em plasmídeos bacterianos e bacteriófagos e, mais
recentemente, em vírus eucarióticos, genomas bacterianos (bacterial artificial
chromosomes – BACs) e fungos (yeast artificial chromosomes – YACS).
Os plasmídeos bacterianos são moléculas de DNA, fita dupla circular,
extracromossômicas, que são replicadas pelas mesmas enzimas celulares
responsáveis pela replicação do DNA genômico.
Entre outros fatores, a escolha do vetor é baseada no tamanho do
fragmento a ser clonado, no método de seleção a ser empregado e na finalidade
da clonagem.
A partir da ligação do inserto de DNA a um destes vetores, pode-se
introduzir o conjunto recombinado (DNA recombinante) em um sistema
biológico (bacteriófago, bactérias, leveduras ou células eucarióticas) que, por
sua vez, promoverá sua multiplicação, completando o processo de clonagem.
Um vetor de clonagem deve ter três características indispensáveis: uma
origem de replicação, sem a qual a célula hospedeira não replicará o DNA, um
marcador seletivo para facilitar a identificação das células recombinantes (com
o DNA recombinante) e um pequeno segmento caracterizado pela presença de
diversos sítios de restrição, para o corte e a inserção de DNA.
352
A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
Métodos de Seleção
Uma vez proporcionadas as condições necessárias para recombinação do
DNA, através da ligação do vetor com a sequência de DNA a ser inserida,
é possível que a reação origine moléculas com estruturas indesejadas. Por
exemplo, a recircularização de um vetor de clonagem de DNA circular, como
um plasmídeo bacteriano. Desse modo, são necessárias técnicas de detecção
das sequências específicas que estão sendo clonadas. O peso molecular maior
do vetor recombinante ou marcadores seletivos podem ser utilizados.
O processo de inserção também pode originar centenas de clones da
célula usada para amplificação e/ou expressão molecular. A partir dessa
etapa, torna-se necessária a identificação dos clones celulares que carregam
o DNA recombinante desejado, em meio aos clones apenas com o vetor
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BIOSSEGURANÇA
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A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
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BIOSSEGURANÇA
Biblioteca Genômica
Uma biblioteca genômica é o produto da clonagem simultânea de um
genoma completo, clivado por enzimas de restrição, sendo, portanto, uma
coleção de clones que representa a informação genética, possibilitando
a localização e o estudo de genes de interesse e, se for de interesse, o seu
sequenciamento nucleotídico completo.
O genoma de DNA de um dos vírus mais estudados, o vírus SV 40 dos
símios, tem somente 5.243 pares de bases (Jackson, Robert & Berg, 1972), onde
estão configurados cinco genes. Este DNA viral, devido à sua simplicidade,
tornou possível, após a sua purificação, o estudo dos aspectos estruturais dos
genes, da transcrição e do processamento do RNA mensageiro, incluindo a
síntese de proteína.
PCR
Quando o objetivo for apenas a obtenção de grandes quantidades de
fragmentos de DNA para análises como o sequenciamento nucleotídico ou
inserção posterior em um vetor de expressão, a amplificação é normalmente
efetuada por polymerase chain reaction (PCR) que oferece maior praticidade e
eficiência do que a amplificação biológica.
A técnica de PCR corresponde a uma replicação de DNA in vitro. Para a
reação de síntese, são adicionados a uma solução tamponada do DNA, com
uma região-alvo para multiplicação, desoxirribonucleotídeos trifosfatados,
uma DNA polimerase dependente de DNA fita dupla, geralmente a Thermus
aquaticus (TAQ) polimerase, e um par de oligonucleotídeos com 20-25
nucleotídeos, cada um com uma sequência reversa complementar a uma das
extremidades da região-alvo. É necessária a utilização de um termociclador
com um ciclo térmico programado, por exemplo, 95oC por 30 segundos, 55oC
por 30 segundos e 72oC por 60 segundos, que se repetirá por 30 a 40 vezes. O
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A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
Sequenciamento Nucleotídico
O termo refere-se à determinação da sequência nucleotídica do DNA,
a partir da qual sequências de aminoácidos são deduzidas e diferentes genes
são identificados. No caso do vírus símio SV40, o objetivo foi estabelecer a
sequência nucleotídica genômica completa, publicada em 1978, buscando-se
determinar as sequências de suas proteínas.
Nos dias de hoje, o desenvolvimento dos métodos de sequenciamento
nucleotídico semiautomatizados permitiu abordagens mais complexas, como
o sequenciamento do genoma completo de diversos organismos, como de
levedura, helmintos, insetos e do homem.
No caso do genoma humano foram estimados cerca de 24,5 mil genes
(Pennisi, 2003), enquanto um pequeno nematoide, Caenorhabiditis elegans,
possui aproximadamente 20 mil (Claverie, 2001), a bactéria E. coli 4,5 mil e os
vírus apresentam de 3 a 200 genes.
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BIOSSEGURANÇA
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A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
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BIOSSEGURANÇA
Eletroforese
A eletroforese é utilizada com frequência para monitorar os fragmentos
de DNA processados ao longo das técnicas. A utilização do brometo de
etídeo, agente intercalante de DNA/RNA, é necessária para visualização por
transiluminação UV de géis de agarose, após a eletroforese.
Devido à sua interação do DNA/RNA, o produto é oncogênico. O
brometo de etídeo pode ser acrescentado no gel ou no tampão de eletroforese
ou ainda em outro recipiente para coloração do gel, após a eletroforese. Embora
gere mais consumo de tempo, o último procedimento contamina apenas um
recipiente utilizado, e o gel pode ser descontaminado por enxágues sucessivos
em recipientes com água.
De qualquer forma, é necessário que todos os materiais que entrarem em
contato com o brometo de etídeo sejam descontaminados cuidadosamente,
e a manipulação do gel utilize espátulas exclusivas. A visualização do gel de
agarose em transiluminador UV deve ser realizada com extremo cuidado, pois
o equipamento poderá provocar lesões de pele e nos olhos. É obrigatório o uso
de óculos (protetor facial), além da proteção da tampa acrílica do aparelho.
Para o preparo de géis de poliacrilamida, que oferecem maior resolução
no fracionamento por peso molecular, a manipulação do reagente em pó
deverá ser realizada com máscara na capela de exaustão. Após a obtenção da
imagem das bandas nos géis, o descarte deverá ser feito em recipiente próprio
para incineração ou após autoclavação.
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A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
Ligação
A partir da etapa de ligação do gene ou fragmento de DNA desejado ao
vetor escolhido, moléculas de DNA recombinantes podem ser liberadas no
ambiente. Todos os tubos, ponteiras e pipetas utilizados devem ser descartados
em recipiente com hipoclorito de sódio a 1% para inativação. Concluído o
processo, o tubo com a mistura de ligação deve ser aberto apenas em capelas de
fluxo laminar, evitando-se sempre a formação de aerossóis e a contaminação
das luvas na abertura dos tubos.
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BIOSSEGURANÇA
Conclusão
362
A Biologia Molecular e os Desafios de Biossegurança
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Propriedades gerais
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Prevenção e controle
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BIOSSEGURANÇA
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Príons e Biossegurança
por mais 48 horas até a preparação dos cortes histológicos (Brown, Wolff &
Gajdusek, 1990).
O manejo de pacientes de doenças causadas por príons deve seguir as
mesmas recomendações aplicáveis aos pacientes com Aids: eles não são capazes
de transmitir a infecção por contato direto ou aerossol, porém, lesões de pele –
em especial as causadas por instrumentos perfurocortantes, como agulhas ou
instrumentos cirúrgicos usados anteriormente no paciente – são consideradas
de alto risco. No caso de ocorrer este tipo de lesão, a área deve ser lavada com
hidróxido de sódio 1 N ou hipoclorito não diluído por dez minutos e, em
seguida, rinsada com água. Recomenda-se, ainda, a incineração final de todo
material que potencialmente esteve contaminado com príons.
Mais detalhes sobre procedimentos laboratoriais e hospitalares relativos a
doenças causadas por príons podem ser encontrados no endereço eletrônico:
<www.anvisa.gov.br>.
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Doenças Emergentes, Biossegurança e Desenvolvimento Sustentável
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Doenças emergentes, biossegurança
e desenvolvimento sustentável
Hermann G. Schatzmayr
Izabel K. F. de Miranda Santos
Amilcar Tanuri
Entende-se por doença emergente toda aquela causada por novos agentes
patogênicos ou ainda por antigos agentes que ganharam novas capacidades
destrutivas, modificando assim seu quadro original. Por sua vez, as atividades
humanas podem ser representadas pelas mais diversas interfaces homem-
natureza e homem-homem. Passam por tecnologias e aspectos sociais,
chegando às políticas de desenvolvimento, conduzindo o homem ao contato
com novos nichos ecológicos e a novas condições sociais, ambos criadouros
potenciais de doenças.
Porém, entender a biossegurança no contexto das doenças emergentes
é fundamental do ponto de vista científico e, ao mesmo tempo, estratégico
para a segurança biológica mundial, principalmente com o vertiginoso
desenvolvimento da moderna biotecnologia e dos vários interesses que estão
em jogo no início deste século em área tão polêmica como a de manipulações
genéticas. O verdadeiro fascínio pelas descobertas no campo da biologia deu
lugar à corrida acelerada pelo seu domínio tecnológico, envolvendo bilhões de
dólares e com visões as mais ecléticas possíveis do seu uso.
O advento dos antibióticos e inseticidas, a erradicação mundial da varío-
la e até mesmo o sabão e a refrigeração faziam-nos crer na onipotência da
ciência e da tecnologia sobre os microrganismos. Mas a dimensão do flagelo
da Aids, as ‘bactérias assassinas’, o ressurgimento de doenças medievais (como
a peste bubônica, na Índia) e a explosão da malária e da tuberculose resistentes
a múltiplas drogas esvaziaram essas esperanças e criaram a expectativa de
que o apocalipse, anunciado por microscópicos cavaleiros, é iminente.
E humildemente refletimos sobre as razões para as derrotas acumuladas.
Perguntamos por que, em plena revolução da biotecnologia, uma outrora
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BIOSSEGURANÇA
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Doenças Emergentes, Biossegurança e Desenvolvimento Sustentável
indicam que foi por essa artéria que o HIV deixou as florestas africanas e
alguns poucos habitantes e, a partir das margens do lago Vitória, ganhou o
mundo. Com esse exemplo, fica claro que as políticas de desenvolvimento
sustentável que o Brasil abraça precisam não somente incluir a avaliação de seu
impacto ambiental e as consequências sobre a biodiversidade e outras fontes
de riquezas, mas devem primeiramente considerar o papel do desenvolvimento
no surgimento de doenças.
A plasticidade genética dos microrganismos lhes garante adaptabilidade
em situações que são inicialmente adversas e a uma velocidade que, quase
sempre, tem superado a da criatividade humana. Um exemplo deste fenômeno
é o vibrião do cólera, que recentemente adquiriu a capacidade de parasitar
algas. Isso lhe garante maior viabilidade e um alcance geográfico mais amplo
a bordo desse meio de transporte ubíquo. Porém, pesquisadores da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
isolaram no Amazonas nova cepa da bactéria, que não produz a toxina clássica,
porém produz os sintomas por ela mediados.
A corrida dos microrganismos contra os antibióticos e quimioterápicos
constitui outro exemplo assustador dessa plasticidade. Enquanto a indústria
farmacêutica leva de sete a dez anos para desenvolver e comercializar um
novo antibiótico, uma bactéria pode desenvolver resistência ao mesmo em
menos de dois anos. Existem cepas de estafilococos patógenos humanos,
resistentes a todos os antibióticos empregados. No sudeste asiático, 50% dos
casos de malária são resistentes às drogas comumente empregadas na África.
Acredita-se que esses dados reflitam tanto o melhor poder aquisitivo dos povos
asiáticos quanto a falta de regulamentação da venda de medicamentos. Assim,
a medicação pode ser comprada ‘por baixo do balcão’ (sem receita médica
controlada), aumentando seu uso inadequado e facilitando o aparecimento
de resistência.
Outros números também têm enorme significado na avaliação do impacto
de doenças emergentes. Por exemplo, as trinta mil crianças órfãs de vítimas
da Aids existentes até junho de 1994 somente na cidade de Nova York. O
impacto econômico da Aids em países do sudeste asiático e africanos não tem
precedentes. Alguns, porém, argumentarão sobre a impossibilidade de se prever
uma nova doença e seus efeitos médico-sanitários, muito menos os econômicos.
Uns poucos ainda saudarão seus efeitos malthusianos, esquecendo-se de que
todo patógeno acaba por romper barreiras sociais, ‘democratizando’ a doença
para os que negavam o direito de todos à saúde.
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E BACTÉRIAS PATOGÊNICAS
Leon Rabinovich
Geraldo Rodrigues Garcia Armôa
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Contagium vivum
Deve-se a Fracastorius, em 1546, a postulação da ideia de que o contagium
ocorria por meio de agentes vivos (seminaria), criando, deste modo, a doutrina
do contagium vivum, no âmbito da qual eram distinguidas três formas de
contágio: direto, indireto e à distância (contagium per contatum, per formitem et
ad distans).
Todavia, dois séculos mais tarde, em 1762, o médico vienense Plenciz,
reconhecendo o significado da descoberta dos micróbios (animalicula) por
Antonie van Leewenhöek, em 1675, não só atribuiu a eles a causa das doenças
como introduziu a noção de “a cada doença o seu micróbio específico”.
A demonstração definitiva da origem microbiana das doenças infecciosas
somente teve lugar em 1878, quando Louis Pasteur e colaboradores
comunicaram a Teoria dos Germes, fruto de seguidas investigações sobre
fermentações e a geração espontânea, esta última refutada com demonstrações
práticas, com o emprego dos famosos frascos com colos em ‘pescoço de cisne’
(Bier, 1963; Madigan, Martinko & Parker, 2003).1
Somam-se a isso as ideias de Henle, em 1840, que trouxeram a noção de
que o pus varioloso, constituído de pus mais o contagium da varíola, poderia
ser transmitido por contato, diretamente, ou espalhando-se pelo ar. Foi
Henle quem estabeleceu que um determinado agente particular pudesse ser o
1
Essas demonstrações, realizadas em 1861, consistiram em provar que infusões de carne (caldos
de carne animal) fervidas longamente permaneciam límpidas após resfriamento em frascos aber-
tos para o meio exterior, desde que estes fossem construídos com colos longos e sinuosos como
um ‘pescoço de cisne’. Nessas circunstâncias, o ar penetrava livremente e os micróbios do ar
ficavam retidos no trajeto sinuoso do colo do frasco, não atingindo os líquidos dos nutrientes,
assim não os turvando como resultado de crescimento. Tais demonstrações foram auxiliares à
microbiologia em geral, permitindo o aperfeiçoamento das metodologias de esterilização, por
destruição de microrganismos com auxílio de calor, agentes químicos ou retenção dos mesmos
por filtração.
388
Biossegurança e Bactérias Patogênicas
2
Importantes instituições de pesquisa usam hipoclorito de sódio (NaClO) a 0,5%-0,6% em
água destilada (Água de Javelle) como excelente antisséptico, antibacteriano.
389
BIOSSEGURANÇA
Conceito de Bactéria
Se considerarmos que microrganismos são seres microscópicos unicelulares
ou um conjunto de células, as bactérias constituem um grupo de procariotos
unicelulares de relacionamento filogenético próximo, mas distinto sob os
aspectos fisiológicos, bioquímicos, citomorfológicos e moleculares do grupo
de Archaea. São de dimensões tais que se situam no limite do visível, isto é, os
contornos de uma célula podem ser observados ao microscópio óptico comum
ainda no limite de 0,2 μ; abaixo disso, duas células são confundidas com uma
única. De qualquer modo, não são observadas a olho nu.
Dentro de certos limites e em relação à sua presença no homem, as bactérias
podem ser consideradas como compondo microbiotas, que são distinguidas
pelas seguintes categorias: não patogênicas, comensais e patogênicas. Em
laboratório bacteriológico, esse conhecimento torna-se importante, pois,
se microrganismos podem ser introduzidos no ambiente via materiais
contaminados, inclusive portados pela roupa do introdutor, assim como o
ar de ventilação, todas essas condições contribuirão para introduzir bactérias
contaminantes no ambiente e nos materiais estéreis desse laboratório.
390
Biossegurança e Bactérias Patogênicas
391
BIOSSEGURANÇA
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Biossegurança e Bactérias Patogênicas
393
BIOSSEGURANÇA
394
Biossegurança e Bactérias Patogênicas
395
BIOSSEGURANÇA
396
Biossegurança e Bactérias Patogênicas
3
Consultar a legislação vigente para incineração.
397
BIOSSEGURANÇA
398
Biossegurança e Bactérias Patogênicas
399
BIOSSEGURANÇA
400
Biossegurança e Bactérias Patogênicas
401
BIOSSEGURANÇA
Conclusão
Referências
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Biossegurança e Bactérias Patogênicas
403
Biossegurança na Manipulação de Fungos
21
Biossegurança na manipulação
de fungos
405
BIOSSEGURANÇA
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Biossegurança na Manipulação de Fungos
407
BIOSSEGURANÇA
Histoplasma capsulatum
É um fungo dimórfico que se caracteriza por apresentar uma fase
filamentosa no solo ou em meio de cultura à temperatura ambiente, como
colônia algodonosa de crescimento rápido, inicialmente branca. Constitui-se
de hifas, nas quais nascem conídios (esporos) sésseis ou em curtos conidióforos.
Dois tipos de conídios são vistos: microconídios, pequenos, esféricos medindo
cerca de 2 a 6 µm, e macroconídios, grandes, de 8 a 15 µm, esféricos e
tuberculados. A inalação de conídios e fragmentos miceliais é provavelmente o
modo de infecção mais importante desse organismo. Já a 37oC, em cultura ou
em tecido parasitado, elementos ovalados com brotamento unipolar ligado por
estreito istmo são vistos. A histoplasmose pode ser uma micose pulmonar
aguda, subaguda, crônica ou sistêmica. O microrganismo tem predileção pelo
sistema retículo endotelial e pode envolver alguns órgãos, incluindo o sistema
nervoso central (Bulmer & Fromtling, 1983).
Essa doença fúngica associada ao trabalho laboratorial está bem
documentada (CDC, 2007; Collins, 1983; Hanel & Kruse, 1967; Pike, 1976).
As infecções pulmonares resultaram do manuseio de culturas na forma micelial,
das coletas e dos processamentos de amostras de solo e as infecções locais, de
ferimentos na pele. Os conídios produzidos pelo H. capsulatum são resistentes
408
Biossegurança na Manipulação de Fungos
Paracoccidioides brasiliensis
É um fungo dimórfico e agente causal da paracoccidioidomicose. É
encontrado como elementos esféricos, apresentando um ou mais brotamentos
no pus, nos líquidos orgânicos, nos tecidos e em cultura a 37oC. Em cultivo,
à temperatura ambiente, ele forma colônias filamentosas compostas de hifas,
clamidosporos e aleuriosporos (San-Blas, Nino-Veja & Iturriaga, 2002). As
manifestações clínicas resultam da inalação de elementos infectantes do fungo
ou da reativação de lesão primária quiescente e são aquelas de uma doença
granulomatosa crônica, com envolvimento dos pulmões, sistema retículo-
endotelial, áreas mucocutâneas e outros órgãos.
Ao se trabalhar com a fase leveduriforme, o risco de se contaminar é
por inoculação acidental do fungo. Com a fase micelial, o perigo de se inalar
elementos infectantes é grande, principalmente quando se trabalha com meios
pobres que induzem a esporulação. No entanto, a paracoccidioidomicose
associada a acidentes de laboratório não tem sido documentada.
409
BIOSSEGURANÇA
Blastomyces dermatitidis
É um fungo dimórfico encontrado no solo. Cresce lentamente em meio
sólido à temperatura ambiente, formando colônias com micélio aéreo branco
tornando-se marrom. Produz conídios (esporos) esféricos a ovais originados de
curtos conidióforos ou conídios piriformes a esféricos nascidos terminalmente
na hifa. A 37oC desenvolvem-se colônias leveduriformes apresentando grandes
células esféricas com unibrotamentos. A blastomicose é uma doença crônica
supurativa e granulomatosa (Bradsher, Chapman & Pappas, 2003).
Durante o trabalho laboratorial com esse agente, corre-se o risco de
inoculação acidental de formas de levedura presentes nos tecidos de animais
infectados e em espécimes clínicos. Essa inoculação pode causar a formação
de granulomas locais que regridem espontaneamente (Larson et al., 1983).
Outro perigo é a manipulação de culturas filamentosas contendo conídios
deste fungo, que podem levar à produção e, consequentemente, à exposição
aos aerossóis.
Nível de biossegurança recomendado ao se trabalhar com B. dermatitidis
• NB-2 – trabalho com animais, materiais clínicos e culturas leveduri-
formes;
• NB-3 – manipulação de culturas filamentosas, solo e outros materiais
contendo conídios infecciosos de B. dermatitidis.
Cryptococcus neoformans
É uma levedura patogênica, apresentando em seu aspecto parasitário,
ou em cultivo, elementos normalmente arredondados, ovais ou em forma
de limão, de 3 a 8 µm de diâmetro, uni ou bibrotantes, encapsulados. A
criptococose é adquirida por inalação de propágulos de leveduras desidratadas
e/ou basidiosporos (da forma perfeita do fungo Filobasidiella neoformans) a partir
de fontes ambientais (Lortholary et al., 2004). Na maioria dos casos, ocorre
infecção pulmonar regressiva, sem manifestações clínicas ou radiológicas.
Contudo, alguns indivíduos desenvolvem quadros pulmores (pneumonia,
pseudotumor) acompanhados ou não de disseminação por via hematogênica,
com frequente acometimento do sistema nervoso central (Kwon-Chung &
Bennett, 1992).
410
Biossegurança na Manipulação de Fungos
Sporothrix schenckii
É um fungo dimórfico que se apresenta à temperatura ambiente como
filamentoso, formando colônias esteliformes tornando-se membranosas e
sulcadas, com coloração variando do branco ao negro. O S. schenckii vive
na natureza, usualmente associado a vegetais, e é inoculado acidentalmente
na pele ou no tecido subcutâneo determinando lesão subcutânea. Em cultivo
enriquecido de sangue a 37oC, em tecido parasitado e no pus, se apresenta
sob a forma de elementos navicular e charuto, além de corpos asteroides.
Esta fase chamada de leveduriforme apresenta colônias brancas e cremosas.
Ocasionalmente, o fungo pode ser inalado causando a forma sistêmica. A
lesão inicial é uma pápula ou um nódulo que surge no ponto de inoculação.
Propaga-se por contiguidade, determinando a lesão circunscrita, ou por via
linfática, produzindo uma série de lesões lineares (Rosa et al., 2005).
Tem-se documentado um número significativo de infecções na pele e
nos olhos de pessoas que trabalham em laboratório manipulando S. schenckii.
Muitos casos estão associados a acidentes e envolvem respingos de materiais
de culturas nos olhos, arranhão ou injeção de material infectado na pele ou
411
BIOSSEGURANÇA
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Biossegurança na Manipulação de Fungos
Acremonium spp.
Alternaria spp.
Aphanoascus fulvescens
Aspergillus spp.
Beauveria bassiana
Candida spp.
Conidiobolus incongruus
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BIOSSEGURANÇA
Cunninghamella bertholletiae
Fusarium spp.
Geotrichum candidum
Mucor spp.
Paecilomyces lilacinus, P. variotii
Phoma spp.
Schizophyllum commune
Scopulariops spp.
Trichosporon spp.
Obs.: spp. = espécies
Fonte: Torres-Rodríguez, 1996.
414
Biossegurança na Manipulação de Fungos
415
BIOSSEGURANÇA
Conclusão
Ao trabalhar em um laboratório, seja ele micológico ou microbiológico,
deve-se sempre lembrar que a segurança é de responsabilidade pessoal, da
chefia do laboratório e da instituição. É importante que o profissional tenha
conhecimento da legislação brasileira de biossegurança e suas normas, pois
as mesmas abordam questões para a redução dos riscos envolvidos e para a
implantação de um trabalho de qualidade no ambiente laboratorial. Com o
conhecimento adequado, é possível adotar medidas de proteção, assumir uma
postura diferenciada e pró-ativa com relação à prática de procedimentos
que garantam não só a segurança individual como a segurança coletiva e,
consequentemente, evitar acidentes (Borba & Armôa, 2007).
Adicionalmente, em relação ao trabalho com fungos, o trabalhador
deve estar consciente de que não há vacinas ou profilaxias medicamentosas
indicadas antes de se trabalhar com esses agentes. E em caso de acidentes,
todos aqueles que entraram em contato com partículas fúngicas devem
procurar atendimento médico.
Referências
416
Biossegurança na Manipulação de Fungos
417
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
22
ACIDENTES DO TRABALHO
COM MATERIAL BIOLÓGICO
Cristiane Rapparini
Contexto Internacional
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam uma
média diária de aproximadamente seis mil mortes de trabalhadores como
419
BIOSSEGURANÇA
Contexto Nacional
No Brasil, o reconhecimento do acidente do trabalho como evento
crítico na saúde do trabalhador foi oficialmente identificado como gravíssimo
problema de saúde pública desde a década de 1970. A queda observada no
número de acidentes do trabalho nos últimos anos no país pode ser explicada
como resultado de vários fatores, que vão desde a adoção de uma política de
engenharia de segurança e medicina do trabalho, com o estabelecimento
de normas regulamentadoras e formação específica de profissionais, até as
questões que não refletem, na realidade, melhorias na qualidade de saúde e
segurança no trabalho, mas que estão relacionadas a restrições que a legislação
sofreu progressivamente no conceito do acidente e das doenças relacionadas
ao trabalho, o que implicou mudança na concessão de benefícios.
A despeito da tendência de declínio nas últimas décadas, a mortalidade
vem se mantendo em patamares mais elevados do que a de outros países. O
aumento da letalidade, concomitante à tendência declinante da mortalidade,
tem sido interpretado como indicativo de sub-registro dos casos de acidentes.
De acordo com os dados do Ministério da Previdência Social (MPS), em
2008 foram registrados aproximadamente 750.000 acidentes do trabalho e
2.750 mortes, o que corresponde a 230 óbitos por mês ou mais de sete mortes
por dia.
Com base nos dados do Anuário Estatístico da Previdência Social de
2008, verifica-se que na categoria “Saúde e serviços sociais”, com um número
médio de 1.700.000 vínculos empregatícios, foram registrados 52.559 acidentes
(7,0% do total do país), correspondendo a uma taxa de incidência de 30,9
acidentes/1.000 vínculos empregatícios. As atividades com maior número de
registros foram aquelas da categoria “Atividades de atendimento hospitalar”.
420
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
421
BIOSSEGURANÇA
Legislação brasileira
A legislação brasileira sobre acidentes do trabalho sofreu importantes
modificações ao longo dos anos. A primeira lei a respeito surgiu em 1919
e considerava o conceito de ‘risco profissional’ como natural à atividade
exercida. Essa legislação previa a comunicação do acidente de trabalho à
autoridade policial e o pagamento de indenização ao trabalhador ou à sua
família, calculado de acordo com a gravidade das sequelas do acidente.
Em 1972, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) iniciou o programa
de formação de especialistas e técnicos em medicina e segurança do trabalho,
tendo sido publicada uma portaria que obrigava as empresas a criar serviços
médicos para os empregados, dependendo do tamanho e do risco da empresa.
Essa portaria ministerial tinha como base a recomendação n. 112 da OIT, de
1959, que foi o primeiro instrumento internacional em que foram definidos
de maneira precisa e objetiva as funções, a organização e os meios de ação dos
serviços de medicina do trabalho, servindo como base para as diretrizes de
outras instituições científicas.
Em 1978, o MTE aprovou as Normas Regulamentadoras (NR) relativas
à segurança e à medicina do trabalho. Mediante essas normas, estabeleceram-
se, segundo critérios de risco e número de empregados das empresas, a
obrigatoriedade de serviços e programas responsáveis pelas questões relativas
à saúde e segurança no ambiente de trabalho. No final de 2005, foi publicada
uma nova NR (NR-32), relacionada à segurança e saúde no trabalho em
serviços de saúde. Nela, constam recomendações contempladas nas NRs
anteriores, considerando-se as especificidades para controle e prevenção dos
riscos encontrados no ambiente de trabalho da saúde (Quadro 1).
A legislação brasileira sobre acidentes de trabalho atualmente em vigor
é de 1991 e foi regulamentada em 1992 (Lei Básica da Previdência Social).
Acidente de trabalho é definido como aquele que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause morte, perda ou redução da capacidade, permanente ou
temporária, para o trabalho.
422
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
423
BIOSSEGURANÇA
* Selecionadas apenas as principais NRs relacionadas com os temas tratados neste capítulo.
** Alterações de texto e inclusão de adendos foram efetuadas para praticamente todas as NRs
nos anos posteriores à sua criação.
*** Embora a CLT de 1943, em seu art. 164, já prescrevesse a existência nas empresas de
Serviços Especializados em Segurança e Higiene do Trabalho, os mesmos só se constituiram
com a portaria 3.237, de 27 de junho 1972, do Ministério do Trabalho, sendo então
denominados Serviços Especializados em Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho.
Posteriormente com a NR-04 de 1978, passou-se à denominação Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).
424
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
425
BIOSSEGURANÇA
426
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
427
BIOSSEGURANÇA
428
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
Sistemas de Vigilância
Vários estudos têm sido realizados em todo o mundo nas últimas duas
décadas, principalmente nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa
(destacando-se Itália, Reino Unido, Espanha e França), para avaliar, monitorar
e prevenir o risco de contaminação por patógenos de transmissão sanguínea
entre trabalhadores da área da saúde e para investigar a incidência e as causas
de exposição ocupacional.
A maioria dos sistemas de vigilância implementados referem-se a
programas de notificação voluntária, com a participação de diferentes serviços
de saúde através da notificação em formulários padronizados e da centralização
dos dados em órgãos específicos para consolidação e posterior divulgação dos
resultados.
Sistemas eficazes de vigilância para monitorar as práticas existentes são
essenciais para que a segurança no ambiente de trabalho seja alcançada, já
que o conhecimento dos fatores determinantes das exposições ocupacionais
permite a possibilidade de melhorias nas estratégias de prevenção.
A análise comparativa dos resultados entre os estudos é dificultada pelas
diferentes metodologias utilizadas. Alguns denominadores necessários para
os cálculos de taxas, como o número de funcionários, o número de horas
trabalhadas, indicadores de ocupação hospitalar e os tipos de dispositivos
utilizados, normalmente não estão disponíveis. Além disso, a interpretação dos
resultados encontrados deve ser avaliada dentro do contexto: serviços de saúde
com taxas semelhantes podem apresentar realidades opostas. Por exemplo, se
um dos serviços de saúde apresenta características principais de atendimento
de emergência a pacientes com trauma e o outro a pacientes com condições
clínicas que não exijam muitos procedimentos invasivos, alguns indicadores
utilizados podem não ser comparáveis.
É difícil obter estimativas confiáveis da frequência de contato com
sangue ou outros materiais biológicos entre os trabalhadores da área da saúde.
Além da importante subnotificação das exposições por parte do trabalhador
acidentado, a comparação entre os dados é difícil, já que as informações sobre
as incidências de exposição são baseadas em diferentes tipos de estudo. Entre
eles estão os estudos de casos autorrelatados, os estudos com questionários e
entrevistas com os profissionais sobre as exposições ocorridas e a observação
direta de procedimentos.
Os estudos de casos autorrelatados estão sujeitos a vários vieses em função
das subnotificações. Em alguns desses trabalhos as incidências de exposição
429
BIOSSEGURANÇA
430
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
• América
1) Estados Unidos
Nos EUA, no final da década de 1990, considerando somente trabalha-
dores que atuam em estabelecimentos hospitalares, revelava-se a ocorrência
anual de 385 mil acidentes percutâneos, o que resulta em uma média
aproximada de mil acidentes por dia. Estimativas recentes revelam que 17-57
trabalhadores da área da saúde por milhão de empregados morrem anualmente
nos EUA devido a infecções e acidentes ocupacionais.
O primeiro sistema nacional de vigilância de exposição a material
biológico entre trabalhadores da área da saúde foi criado, em 1983, pelo The
Cooperative Needlestick Surveillance Group (CDC). Os serviços de saúde
preenchiam voluntariamente um formulário padronizado no momento do
acidente e posteriormente durante o acompanhamento. Cerca de cem serviços
participaram durante o período de 1983 a 1998. O sistema foi encerrado,
tendo em vista a criação do National Surveillance System for Hospital Health
Care Workers (NaSH).
O NaSH foi criado pelos CDC em 1995 com o intuito de ser um
sistema de vigilância mais abrangente, incluindo diferentes aspectos de saúde
ocupacional dos trabalhadores da área da saúde, como vacinações e exposições
a doenças imunopreveníveis. Nesse sistema participam serviços de saúde, com
a notificação voluntária de dados referentes às exposições, e também de outras
informações, para permitir o cálculo de taxas e comparações entre os serviços.
A partir de 2005, a vigilância de exposições ocupacionais passou a ser um dos
componentes de um novo sistema, denominado National Healthcare Safety
Network (NHSN), baseado na Internet e criado para englobar tanto as questões
de segurança para o trabalhador quanto aquelas relacionadas ao pacientes.
431
BIOSSEGURANÇA
2) Canadá
No Canadá, um sistema de vigilância denominado Système Intégré de
Surveillance des Expositions aux Liquides Biologiques et des Séroconversions
(SISES) foi implementado em abril de 1996 a partir de uma adaptação do
EPINet® e ficou consolidado a partir de 2000, quando foi reunido a outros
sistemas de vigilância e passou a ser chamado de Réseau de Surveillance
Canadien des Piqûres d’Aiguilles (RSCPA) ou Canadian Needle Stick
Surveillance Network (CNSSN). As notificações de acidentes são enviadas
pelos serviços de saúde, que participam voluntariamente da vigilância.
• Europa
Na Europa, os principais países com sistemas de vigilância implementados
são: Itália, França, Espanha e Reino Unido.
432
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
1) Itália
O Studio Italiano Rischio Occupazionale HIV (SIROH), um estudo
nacional multicêntrico, prospectivo, foi iniciado na Itália em 1986 com a
finalidade de estimar o risco de transmissão do HIV e de outros patógenos de
transmissão sanguínea. Entre 1986 e 1993, todas as exposições percutâneas,
em membranas mucosas e em pele não íntegra, envolvendo sangue ou outros
materiais com risco de transmissão dos vírus das hepatites B e C e o HIV
foram investigadas de forma detalhada.
A partir de 1994, uma versão modificada do EPINet® foi adaptada para o
registro mais minucioso de exposições a material biológico entre trabalhadores
da área da saúde, independentemente do conhecimento do paciente-fonte e
de sua infectividade. Além disso, desde 1990, o centro coordenador iniciou a
coleta de dados sobre o uso de profilaxia antirretroviral pós-exposição com
a finalidade de monitorar o uso e a toxicidade de esquemas com a zidovudina
e, a partir de 1995, de esquemas combinados de quimioprofilaxia.
2) França
Na França, existem diferentes sistemas de vigilância implementados,
incluindo: Groupe d’Étude sur le Risque d’Exposition au Sang (GERES),
iniciado no final dos anos 80; Assistance Publique – Hôpitaux de Paris, um
hospital de ensino de grande porte; Hospices Civils de Lyon et de Marseille e
cinco Centres de Coordination de Lutte contre les Infections Nosocomiales
(CCLINs), que correspondem a cinco unidades coordenadoras de comissões
de controle de infecção hospitalar. Em Paris, desde 1990, questionários
padronizados sobre exposições a material biológico são preenchidos pelos
médicos do trabalho da assistência de hospitais públicos.
Desde 1994, o Comitê de Prevenção de Infecção Nosocomial (CCLIN/
GERES) tem conduzido um estudo prospectivo de notificações voluntárias
de exposições a material biológico realizado em hospitais da região norte da
França, bem como em Paris, com participação por pelo menos um ano no
programa. Esse sistema de vigilância também utiliza questionários padronizados,
preenchidos por profissionais de medicina do trabalho.
3) Espanha
Na Espanha foi implementado em 1996 o Estudio y Seguimiento del
Riesgo Biológico en el Personal Sanitario (EPINETAC). A adaptação do
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BIOSSEGURANÇA
4) Reino Unido
Um sistema de vigilância passiva de exposição ocupacional ao HIV entre
trabalhadores da área da saúde foi implementado no Reino Unido, englobando
a Inglaterra, o País de Gales e a Irlanda do Norte. A partir de julho de 1997 a
vigilância ativa foi estabelecida e passou a incluir também as exposições
ao HBV e ao HCV. Um sistema semelhante de vigilância está disponível
na Escócia.
No período de janeiro de 1997 a dezembro de 2007, 3.773 exposições
ocupacionais a sangue e outros materiais biológicos foram notificadas à Health
Protection Agency, por 194 diferentes centros. Aproximadamente metade
destas notificações foram enviadas pelos 43 centros de Londres.
Contexto nacional
No Brasil, até muito recentemente não se havia estabelecido um sistema
nacional de vigilância de acidentes do trabalho com material biológico.
Os estudos desenvolvidos no país referiam-se principalmente a programas
realizados de forma individualizada em hospitais universitários e outros serviços
de saúde. Algumas cidades e estados brasileiros tomaram iniciativas a partir
do final da década de 1990, relacionadas com a criação e a implementação de
sistemas de vigilância locais. O município do Rio de Janeiro e o estado de São
Paulo são os locais com os sistemas de vigilância mais antigos e com divulgação
periódica de boletins informativos.
Apesar de não haver informações sobre o número de acidentes e infecções
ocupacionais, os dados sobre história prévia de acidentes do trabalho com
material biológico são alarmantes: até 90% dos trabalhadores referem a
ocorrência de pelo menos um acidente percutâneo durante suas atividades
e carreiras.
Em uma pesquisa realizada a partir de entrevistas com 1.096 trabalhadores
da área da saúde de um hospital-escola público de porte extra (dois mil leitos),
434
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
435
BIOSSEGURANÇA
436
Acidentes do Trabalho com Material Biológico
Conclusões
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BIOSSEGURANÇA
Recomendações
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Acidentes do Trabalho com Material Biológico
REFERÊNCIAS
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BIOSSEGURANÇA
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Acidentes do Trabalho com Material Biológico
441
BIOSSEGURANÇA
442
Autores
Amilcar Tanuri
Médico, doutor em Genética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
com pós-doutorado pelo Center for Disease Control (CDC), Atlanta (EUA).
Professor adjunto da UFRJ e chefe do Laboratório de Virologia Molecular
da UFRJ.
Antenor Andrade
Médico-veterinário, com especialização em Criação de Animais de Laboratório
Livres de Germes Patogênicos Específicos (SPF) pelo Robert von Ostertag Institute,
Berlim (Alemanha), e em Zootecnia pela Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ). Servidor do Centro de Criação de Animais de Laboratório da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Carlos Mazur
Médico-veterinário, mestre e doutor em Microbiologia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor associado do Departamento de
Microbiologia e Imunologia Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ).
Célia M. C. A. Romão
Farmacêutica-bioquímica, doutora em Biologia Parasitária pelo Instituto Oswaldo
Cruz da Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Tecnologista sênior da Fiocruz.
Christina Simas
Arquiteta, com especialização em Controle da Qualidade de Produtos,
Ambientes e Serviços pelo Instituto Nacional de Controle da Qualidade em
Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (INCQS/Fiocruz). Pesquisadora do Núcleo
de Biossegurança da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp)
da Fiocruz e docente do Programa de Capacitação de Recursos Humanos de
Biossegurança em Laboratórios, da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde
Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (SVS/MS).
Cristiane Rapparini
Médica, mestre e doutora em Infectologia pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Docente colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Doenças
Infecciosas e Parasitárias da UFRJ e coordenadora do Projeto Riscobiologico.org.
Hermann G. Schatzmayr
Veterinário, livre-docente em Virologia pela Universidade Federal Fluminense
(UFF). Pesquisador titular do Instituto Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz), membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
Leon Rabinovich
Farmacêutico-químico, doutor em Enzimologia e Tecnologia das Fermentações
pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com pós-doutorado pelo Instituto
Pasteur (Paris). Pesquisador titular e chefe do Laboratório de Fisiologia Bacteriana
do Instituto Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Renato Bonfatti
Médico e filósofo, mestre em Filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ), doutor em Ciências da
Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ. Médico-ergonomista do Núcleo de
Saúde do Trabalhador da Diretoria de Recursos Humanos da Fundação Oswaldo
Cruz (Direh/Fiocruz).
Ricardo Galler
Graduação em Biologia Animal, mestre em Ciências Biológicas pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), doutor em Ciências da Natureza pela Universitat
Heidelberg (Alemanha), com pós-doutorados pelas universidades Southwest
Foundation for Biomedical Research, Washington University e California Institute
of Technology. Pesquisador do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da
Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
William Waissmann
Médico, mestre e doutor em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz). Pesquisador titular do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador
e Ecologia Humana, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da
Fundação Oswaldo Cruz (Cesteh/Ensp/Fiocruz) e médico da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Formato: 16 x 23cm
Tipologia: Gouldy Old Style (miolo)
Chicago e Calibri (capa)
Papel Pólen Bold 70g/ m2 (miolo)
Cartão Supremo 250g/ m2 (capa)
CTP, Impressão e acabamento: Imos Gráfica e Editora Ltda.
Rio de Janeiro, maio de 2012.
Não encontrando nossos títulos em livrarias, contactar a Editora Fiocruz:
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21041-361 – Rio de Janeiro – RJ
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