001-Plantas Toxicas
001-Plantas Toxicas
001-Plantas Toxicas
br
Projeto CAPIM – Pesquisa e Extensão; Departamento de Zootecnia; ESALQ-USP
Abril de 2009
Denomina-se planta tóxica todos os vegetais que, introduzidos no organismo dos homens
ou de animais domésticos são capazes de causar danos à saúde e vitalidade desses seres. Segundo
Afonso e Pott (2000), planta tóxica é a que provoca perturbações diretas ou indiretas na saúde do
gado, às vezes pouco percebidas.
As plantas tóxicas também podem causar danos ao homem. Gorniak et al. (1987)
afirmaram ser possível encontrar o princípio tóxico de uma planta consumida por bovinos no
leite consumido pelo homem. Algumas plantas são ricas em alcalóides pirrolizidínicos, podendo
provocar efeitos tóxicos e carcinogênicos no fígado do homem (ALLEN et al., 1975, citado por
ANDRADE, 2007).
Pode-se definir como planta tóxica de interesse pecuário, aquela que quando ingerida
pelos animais domésticos, sob condições naturais, causa danos à saúde ou até a morte, ou seja,
aquela que produz quadros clínico-patológicos em condições naturais. Além disso, a toxicidade
da planta deve ser comprovada experimentalmente.
Existem diversas crendices no Brasil a respeito de plantas tóxicas, o que pode levar a
idéias equivocadas. Um exemplo de conceito equivocado é que lactescência está relacionada à
toxicidade. A maioria das plantas tóxicas não é lactescente e a maioria das plantas lactescentes
não é tóxica. A planta lactescente mais indicada como causa de mortes em bovinos é a
Oxypetalum banksii (paininha, cipó-de-leite ou timbó), considerada não tóxica
experimentalmente por Tokarnia et al. (1967).
A grande maioria das plantas tóxicas tem ação remota, isto é, o princípio tóxico não afeta
o tubo digestivo, é absorvido pela mucosa gastrintestinal, e através da circulação-porta, é levado
ao fígado. Antes de chegar ao fígado, a microflora ruminal pode modificar a toxicidade do que é
ingerido, por processos de degradação ou fixação de toxinas. No fígado, a estrutura da toxina
pode sofrer processos de oxidação, redução e desdobramentos, e só então cai na corrente
sanguínea geral, alcançando tecidos e órgãos.
Uma crença comum é de que quantidades mínimas de plantas tóxicas seriam suficientes
para causar a morte de um animal. Mesmo as plantas mais tóxicas, como Baccharis coridifolia
(mio-mio) e Palicourea marcgravii (erva-de-rato) precisam ser ingeridas em doses de 0,25 e 0,6
g por kg de peso animal, respectivamente. Isto é, um bovino de 300 kg tem que comer pelo
menos 180 g de folhas erva-de-rato para intoxicar-se, massa equivalente a mais de 150 folhas.
Quando se fala em dose letal, para a maioria das plantas tóxicas, essa dose se refere à quantidade
a ser ingerida durante um dia. No caso das plantas cianogênicas, cujo princípio tóxico é
absorvido rapidamente, o prazo para ingestão da dose letal é de aproximadamente uma hora. Há
ainda, plantas que precisam ser ingeridas durante períodos prolongados para causar efeitos
nocivos. Pteridium aquilinum (samambaia), por exemplo, para causar quadro de intoxicação
aguda, precisa ser ingerida pelos bovinos em doses acima de 10 g/kg por dia, por pelo menos um
ano.
Porém, as plantas mais perigosas são aquelas que o animal ingere por preferência. É o
caso de Palicourea marcgravii, P. grandiflora, Mascagnia rígida, M. pubiflora, plantas que são
ingeridas sempre que os animais têm acesso a elas.
5. Diagnóstico de intoxicação
Palicourea marcgravii
Essa planta é encontrada em todo país, exceto na região Sul e no Estado de Mato
Grosso do Sul. Seu hábitat são regiões de boa pluviosidade, jamais ocorrendo em várzeas.
Desenvolve-se bem em meia sombra, na beira de matas, por exemplo. Em pastagens com pouca
infestação por daninhas, onde a “erva-de-rato” fica diretamente exposta ao sol sua ocorrência é
mais rara.
O princípio tóxico é o ácido monofluoracético, que após ingestão é convertido em
fluorocitrato, que por sua vez, interrompe o ciclo de Krebs. A dose letal para bovinos é de 0,6 g
de folhas frescas por kg de peso corporal. Os frutos são mais tóxicos que as folhas, e não há
perda de toxidez por dessecagem. Em bovinos e ovinos, a evolução da intoxicação é superaguda,
da ordem de 1 a 10 minutos, até no máximo 85 minutos para bovinos. Em eqüinos, a evolução é
mais longa, de algumas horas. Os sintomas da intoxicação para bovinos são tremores
musculares, queda do animal seguida de movimentos de pedalagem e convulsão final tônica.
Mascagnia pubiflora
É uma das plantas tóxicas mais importantes das regiões Centro-Oeste e Sudeste,
sendo popularmente conhecida por corona ou cipó-prata. É um cipó ou arbusto escandente de
difícil erradicação devido ao sistema radicular bem desenvolvido. Pertence à família
Malpighiaceae e pode ser encontrada em duas formas, uma em que as folhas são glabras (sem
pêlos), e outra em que elas são pilosas, conferindo aspecto prateado. Sua ocorrência é comum
nos Estados do Mato Grosso do Sul, de São Paulo, bem como no Triângulo Mineiro e sul de
Goiás.
M. pubiflora é tóxica para bovinos, mas não para eqüinos. Os bovinos ingerem a
planta indiscriminadamente e os casos de intoxicação são mais comuns no período de seca. A
dose letal não varia entre as formas glabra e pilosa, mas varia amplamente em relação ao estádio
de crescimento da planta. Quando a planta está em brotação, floração e frutificação, geralmente
nos últimos meses da estação seca, a dose letal é de 5 g de folhas frescas por kg de peso corporal.
Quando a planta está madura, geralmente no final da estação chuvosa, a dose letal é de 20 g/kg.
Experimentos que objetivaram isolar o princípio tóxicos não foram conclusivos, mas
a toxicidade provavelmente está relacionada às cromonas rubrofusarina e ustilaginoidina. Não
existe tratamento conhecido para intoxicação por M. pubiflora.
Tetrapterys spp
Existem ainda, plantas que acarretam perturbações digestivas além de outros distúrbios.
Na intoxicação por Polygala klotzschii, além das perturbações nervosas que dominam o quadro
clínico-patológico, mais tarde aparece severa diarréia líquida. Nas intoxicações por plantas
nefrotóxicas, além de edemas subcutâneos, ocorrem perturbações digestivas com fezes pastosas,
com muco e sangue.
Baccharis coridifolia
Todas as partes da planta são tóxicas, mas flores e sementes tem maior toxicidade.
Em época de brotação, geralmente no início das águas, a dose letal é de aproximadamente 2 g de
planta fresca por kg de peso corporal. Na época da frutificação, geralmente no início da seca,
apenas 0,25 a 0,25 gkg-1 são suficientes para causar a morte de bovinos. Nos casos fatais, os
primeiros sintomas aparecem entre 5 e 29 h após a ingestão por bovinos. Os sintomas de
intoxicação são anorexia, instabilidade dos membros posteriores podendo estar associada a
tremores musculares. Os animais ficam inquietos, deitam-se e levantam-se seguidamente,
permanecendo cada vez mais em decúbito esternal. Os animais mostram, ainda, focinho seco,
secreção nos olhos, fezes ressequidas, em alguns casos gemidos e taquicardia. Os achados de
necropsia são edema na parede do rúmen e do retículo.
Ricinus communis
Cestrum laevigatum
O tratamento sugerido deve ser a base de extratos hepáticos antitóxicos por via
endovenosa. A principal medida profilática é a erradicação por controle mecânico e químico.
Sessea brasiliensis
Senecio spp
Ipomea fistulosa
Polygala klotzschii
Lantana spp
São conhecidas mais de 50 espécies do gênero Lantana, mas a espécie tóxica mais
importante é Lantana camara. É importante frisar que nem todas as espécies de Lantana e nem
todos os taxa de Lantana camara são tóxicos. No Brasil, Lantana spp é encontrada da Amazônia
ao Rio Grande do Sul. Para ocorrer intoxicação, são necessários dois requisitos: que os animais
estejam com fome e sendo transferidos de pasto ou região. Também pode ocorrer intoxicação em
bovinos jovens que começam a pastejar ou animais maduros confinados em áreas infestadas com
oferta de alimento escassa.
Pteridium aquilinum
7. Conclusão
AFONSO, E.; POTT, A. 2000. Plantas tóxicas para bovinos. Embrapa Campo Grande,
MS, dez. no 44
LORENZI, H. 1982. Plantas daninhas do Brasil. Nova Odessa, São Paulo,H. Lorenzi 425
p.
PAULINO, M.F.; DETMANN, E.; VALADADRES FILHO, S.C. et al. 2002. Soja grão e
e no Uruguai: importância econômica, controle e riscos para a saúde pública. Pesq. Vet.
TOKARNIA C. H., CANELLA C.F. & DOBEREINER J. 1967. Experimentos com plantas