01 Richard T. Froyen
01 Richard T. Froyen
01 Richard T. Froyen
Froyen
Antonio Matheus Sá
O ponto de Partida
• Para os economistas clássicos, o nível de renda normal, ou de equilíbrio era o de pleno
emprego, ou aquele em que o produto efetivo é igual ao potencial;
- O equilíbrio de uma variável refere-se ao estado no qual todas as forças agindo sobre ela
estão balanceadas e, consequentemente, não há nenhuma tendência para que essa determinada
variável mova-se desse ponto;
- Um postulado importante dos economistas clássicos afirmava que somente as situações de
pleno emprego podiam ser posições de equilíbrio, mesmo no curto prazo;
- Sem o pleno emprego, os economistas clássicos assumiam que haviam forças,
desbalanceadas, atuando para levar o produto até o nível de pleno emprego;
- A economia clássica de equilíbrio examinou os fatores que determinavam o nível de
produção com pleno emprego e sua inter-relação com variáveis agregadas importantes, como o
emprego, os preços, os salários e as taxas de juros;
A Revolução Clássica
• A economia clássica surgiu como uma revolução contra a ortodoxia anterior. Os
economistas clássicos atacaram um conjunto de doutrinas econômicas conhecidas como
mercantilismo;
• Os escritores clássicos atacaram o metalismo, a crença de que a riqueza e o poder de uma
nação fossem determinados por seus estoques de metais preciosos, e a crença na necessidade
da intervenção estatal para direcionar o desenvolvimento do sistema capitalista;
• A adesão ao metalismo levou os países a tentar assegurar excedentes de exportações
sobre as importações para ganhar ouro e prata através do comércio exterior;
- Os métodos utilizados para assegurar esses saldos comerciais favoráveis incluíam subsídios
às exportações, impostos sobre as importações e o desenvolvimento de colônias que
proporcionassem mercados para os bens de exportação;
- Supunha-se que a ação do Estado fosse necessária para fazer com que o sistema capitalista
em desenvolvimento agisse de acordo com seus interesses;
• Os economistas clássicos enfatizavam a importância dos fatores reais na determinação da
riqueza das nações, e acentuavam as tendências otimizadoras do livre mercado na ausência do
controle estatal;
- A análise clássica era fundamentalmente uma análise real, o crescimento de uma economia
era visto como resultante de aumentos nos estoques dos fatores de produção e avanços nas
técnicas produtivas;
- A moeda tinha exclusivamente a função de facilitar as transações, como meio de troca;
• Os economistas clássicos focalizavam a função da moeda como meio de troca.
- Na visão mercantilista, outro papel desempenhado pela moeda seria o de estimular a
atividade econômica. A curto prazo, um aumento na quantidade de moeda provocaria o
incremento da demanda por bens e serviços, alavancando a produção e o emprego;
- Para os economistas clássicos, admitir que a moeda tivesse o poder de afetar variáveis
reais, mesmo no curto prazo, poderia ser perigoso;
• Os economistas clássicos acentuavam o papel dos fatores reais, por oposição aos
monetários, na determinação das variáveis reais, como a produção e o emprego. A moeda teria
na economia somente a função de meio de troca;
• Os economistas clássicos insistiam nas tendências de auto-regulação das economias. E
consideravam desnecessárias e prejudiciais as políticas do governo para assegurar a adequação
da demanda à produção;
Produção
• A função produção, baseada na tecnologia das firmas individuais, é uma relação entre os
níveis da produção e os níveis do insumo; Y = F (K,N)
- Y é a produção real, K é o estoque de capital e N é a quantidade de mão-de-obra.
• No curto prazo, supõe-se que o estoque de capital seja fixo. A tecnologia e a população
são constantes. A produção varia unicamente com as alterações na utilização de mão-de-obra
(L) oriunda de uma população, que é fixa, por suposição.
• Na figura temos um gráfico do produto que será obtido mediante diferentes quantidades
de mão-de-obra.
• A níveis de emprego abaixo de N' supõe-se que a função seja uma linha reta, esse trecho
exibe retornos constantes aos aumentos no utilização de mão-de-obra;
- Para níveis suficientemente baixos de utilização de trabalho, é possível supor que o
acréscimo de trabalhadores (para uma dada planta industrial e quantidade de equipamentos)
não altera a produtividade do último trabalhador contratado;
- No entanto, consideramos situações entre N' e N'', onde os acréscimos de mão-de-obra
resultam em aumentos na quantidade produzida, mas esses acréscimos vão sendo de
magnitudes cada vez menores à medida que se empregam mais trabalhadores;
- Além de N'', os aumentos na utilização de trabalho não produzem nenhum incremento na
produção;
• Nessa figura temos o gráfico de variação na produção por alteração no uso de mão-de-
obra, o produto marginal do trabalho;
- A curva do produto marginal do trabalho é a inclinação da função produção;
- Abaixo de N', enquanto N cresce, a linha é reta, representando um produto marginal do
trabalho constante;
- Além de N', o produto marginal do trabalho é positivo mas decrescente, diminuindo até
que a curva encontra o eixo horizontal em N'';
• A função produção de curto prazo representada na figura é uma relação tecnológica que
determina o nível de produção, para um determinado nível de utilização do insumo trabalho
(emprego);
- Os economistas clássicos assumiam que a quantidade de mão-de-obra empregada fosse
determinada pelas forças de oferta e demanda no mercado de trabalho;
Emprego
Demanda por Trabalho,
• No modelo clássico, as firmas são perfeitamente competitivas, escolhendo as quantidades
a serem produzidas que maximizem os lucros;
- A curto prazo, a produção só pode ser alterada por meio da variação na utilização do
insumo trabalho, de modo que a escolha do nível de produção e a quantidade de trabalho
constituem uma única decisão;
- A firma perfeitamente competitiva aumentará a produção até o ponto em que o custo
marginal de produção seja igual à receita marginal recebida por sua venda;
- Para a firma perfeitamente competitiva, a receita marginal é igual ao preço do produto;
- Como o trabalho é o único fator variável da produção, o custo marginal de cada unidade
adicional de produção é o custo marginal do trabalho;
- O custo marginal do trabalho é igual ao salário monetário dividido pelo número de unidades
produzidas por unidade adicional de mão-de-obra;
- Definimos quantidades produzidas por unidade adicional de mão-de-obra empregada como
o produto marginal do trabalho (PMgN);
• A condição para a maximização do lucro é que o salário real (W/P) pago pela firma deve
ser igual ao produto marginal do trabalho (que é medido em unidades da mercadoria, isto é, em
termos reais);
• A quantidade de mão-de-obra que maximiza os lucros da firma, para cada nível de salário
real, é dada pela quantidade de trabalho para a qual o salário real é igual ao produto marginal
do trabalho;
- A curva de produto marginal é a curva de demanda da firma por trabalho. Isso significa
que a demanda por trabalho depende inversamente do valor do salário real. Por exemplo, quanto
mais alto for o salário real, menor será o nível de trabalho que iguala o salário real ao produto
marginal do trabalho;
- Para cada salário real, essa curva dará a soma das quantidades de trabalho demandadas
pelas firmas nessa economia. Escrevemos a função de demanda agregada por trabalho ( Nd)
𝐖
como 𝐍 𝐝 = 𝐟( 𝐏 ) onde, no agregado, assim como quando se consideram individualmente as
firmas, o aumento no salário real produz uma redução na demanda por trabalho;
Oferta de Trabalho,
• Os economistas clássicos assumiam que o indivíduo tenta maximizar a utilidade;
- O nível de utilidade dependia positivamente tanto da renda real, que proporcionava ao
indivíduo poder de compra sobre bens e serviços, quanto do lazer. Portanto há um trade off entre
esses dois objetivos, pois a renda aumenta com o trabalho, que, por sua vez, reduz o tempo
disponível para o lazer;
• A inclinação da curva de indiferença fornece a taxa à qual o indivíduo estaria disposto a
trocar lazer por renda;
- Note-se que as curvas tornam-se mais inclinadas à medida que vamos da direita para a
esquerda. Para manter inalterado seu nível de utilidade, o indivíduo exige uma compensação
salarial maior para trabalhar a 18ª hora de trabalho do que para a 5ª hora de trabalho;
- As curvas mais altas, situadas à direita, representam níveis progressivamente maiores de
utilidade. Todos os pontos ao longo de U2, por exemplo, rendem maior satisfação que qualquer
ponto de U1;
• Os raios originados no ponto zero do eixo horizontal mostram as linhas orçamentárias com
as quais se defronta o indivíduo. Começando a partir do ponto zero (sem trabalho, só lazer);
• Para maximizar a utilidade para qualquer salário real dado, o indivíduo deverá escolher o
ponto em que a linha orçamentária correspondente a essa taxa salarial seja tangente a uma de
suas curvas de indiferença;
- Esse ponto apresenta a propriedade de que a taxa à qual o indivíduo é capaz de trocar o
lazer por renda (a inclinação da linha do orçamento) é exatamente igual à taxa à qual ele está
disposto a fazer essa troca (a inclinação de sua curva de indiferença);
• A curva de oferta agregada de trabalho mostra a quantidade total de trabalho ofertado para
cada nível de salário real, na economia;
• A variável salarial é o salário real. Em última instância, o trabalhador recebe utilidade
através do consumo e, ao tomar a decisão trabalho-lazer, ele está preocupado com o poder de
compra, em termos de bens e serviços, que adquire por unidade de trabalho;
• A curva de oferta de trabalho tem inclinação positiva, supõe-se que mais trabalho seja
ofertado se os salários reais forem mais altos. A esse preço mais alto assumimos que o
trabalhador escolherá ter menos lazer (Efeito Substituição);
- À medida que o salário real aumenta, o trabalhador consegue obter uma renda real maior
(Efeito Renda);
- Pode-se chegar a um ponto em que o trabalhador escolhe ofertar menos trabalho e prioriza
mais lazer. Nesse ponto, o efeito renda supera o efeito substituição, a curva de oferta de trabalho
adquire uma inclinação negativa e curva-se para trás;
Conclusão
• Estão implícitas nessa representação clássica do mercado de trabalho duas suposições;
- Preços e salários perfeitamente flexíveis;
- Informação perfeita sobre os preços de mercado, por parte de todos os seus participantes;
• Seja qual for o horizonte de tempo durante o qual suponhamos que o modelo de equilíbrio
determina o emprego e o produto, o equilíbrio deve ser atingido;
- Se esse modelo tiver de explicar o emprego e o produto no curto prazo, os preços e os
salários deverão permanecer perfeitamente flexíveis no mesmo período;
• A caracterização do mercado de trabalho como mercado leiloeiro também exige que os
participantes no mercado disponham de informação perfeita sobre os preços de mercado. Tanto
os fornecedores quanto os compradores de trabalho devem conhecer os preços comerciais
relevantes. Isso exige que ao vender e comprar trabalho a um dado salário nominal W tanto os
trabalhadores quanto os empregadores conheçam o poder de compra, em termos de
mercadorias, resultante desse salário (W/P);
• Essas duas suposições, essenciais para a natureza do equilíbrio do emprego e do produto
na teoria clássica, são os elementos da teoria que Keynes atacou;
• As barras sobre o V e o y indicam que esses termos são definidos exogenamente. A equação
𝐕̄
𝐏 = 𝐲̄ 𝐌 mostra a dependência do nível de preços com relação ao estoque de moeda;
- Duplicar M implica duplicar P, ou seja, um aumento em 10% de M causa um aumento em
10% de P. Esse é o resultado básico da teoria quantitativa da moeda, a quantidade de moeda
determina o nível de preços;
A Abordagem de Cambridge à Teoria Quantitativa,
• Na maioria das formulações negligenciou-se a distinção entre renda e riqueza, de forma
que a equação de Cambridge tem sido escrita como 𝐌 𝐝 = 𝐤𝐏𝐲;
• Admite-se que a demanda por moeda (Md) represente uma proporção (k) da renda nominal,
o nível de preços (P) multiplicado pelo nível da renda real (y);
- Como a principal característica que torna a moeda desejável é sua utilidade nas transações,
a demanda por moeda dependerá do nível de transações, cuja variação, podemos supor,
relaciona-se estreitamente com o nível de renda;
- A fração ótima da renda a ser preservada sob forma de moeda (k) seria relativamente
estável no curto prazo, dependendo, como na formulação fisheriana, dos hábitos de pagamentos
da sociedade;
• Em equilíbrio, o estoque exógeno de moeda deve ser igual à quantidade demandada de
moeda: 𝐌 = 𝐌 𝐝 = 𝐤𝐏𝐲̄ ;
• Tratando k como fixo a curto prazo e com a produção real (y) determinada pelas condições
de oferta, a equação de Cambridge também se reduz a uma relação proporcional entre o nível
de preços e os estoques de moeda. Como na abordagem fisheriana, a quantidade de moeda
determina o nível de preços;
• Apesar de as duas formulações da teoria quantitativa serem formalmente equivalentes, a
versão de Cambridge representa um passo na direção de teorias monetárias mais modernas. O
enfoque de Cambridge percebia a teoria quantitativa como uma teoria da demanda por moeda;
• A relação proporcional entre a quantidade de moeda e o nível de preços era resultante dos
seguintes fatos;
- A fração da renda nominal que os indivíduos queriam manter sob forma de moeda ( k) era
constante;
- O nível de produto real era fixado pelas determinantes da oferta;
• O tratamento da teoria quantitativa como uma teoria da demanda por moeda, no enfoque
de Cambridge, traz naturalmente uma resposta à pergunta sobre os mecanismos pelos quais a
moeda afeta o nível de preços;
- Suponhamos que, inicialmente, a economia esteja em equilíbrio e, depois, consideremos
os efeitos de uma duplicação da quantidade de moeda;
- No início há um excesso de oferta de moeda em relação à demanda. Os indivíduos tentam
reduzir seus estoques de moeda visando atingir a proporção ótima entre moeda e renda, através
da utilização do excesso de moeda em usos alternativos, como consumo e investimentos. Esse
aumento na demanda por bens e serviços traz uma pressão de elevação dos preços;
- Na linguagem dos economistas clássicos, há moeda demais à procura de uma quantidade
limitada de bens. Se a produção permanecer inalterada, como seria o caso no modelo clássico,
e k for constante, só será atingido um novo equilíbrio após a duplicação do nível de preços.
Nesse ponto, a renda nominal e, portanto, a demanda por moeda terão dobrado;
- Esse era o vínculo direto entre moeda e preços no sistema clássico, uma oferta excessiva
de moeda causaria um aumento na demanda por mercadorias e exerceria pressão de alta sobre
o nível de preços;
A Curva de Demanda Agregada Clássica,
• Podemos empregar a teoria quantitativa para construir uma curva de demanda agregada
clássica;
• A Figura 4.2 reproduz a curva de oferta agregada vertical da Figura 3.6, e também contém
várias curvas de demanda agregada traçadas para valores sucessivamente maiores de estoque
monetário;
• Para um determinado valor de k (ou V), uma mudança na quantidade de moeda é o único
fator que desloca a curva de demanda agregada. Como o valor de equilíbrio de k (ou V) foi
considerado constante no curto prazo, a demanda agregada variou somente de acordo com o
estoque de moeda;
• Na teoria clássica, um dado valor de MV [ou M(1/k)] implica o nível de P.y que é necessário
para que haja equilíbrio no mercado monetário (para que a demanda por moeda seja igual à
oferta de moeda);
- Se a demanda por moeda exceder (for menor que) a oferta de moeda, haverá um
transbordamento (spillover) de mercadorias para o mercado, pois os indivíduos tentarão reduzir
(aumentar) seus dispêndios com mercadorias;
- Os pontos situados na curva yd são pontos em que as firmas e as famílias estão em equilíbrio
em relação a suas manutenções de moeda e, portanto, também estão em equilíbrio com relação
a seus dispêndios com bens e serviços;
- É nesse sentido que a teoria clássica da demanda agregada é implícita. Os níveis de
equilíbrio da demanda por bens e serviços são aquelas combinações de preço-produto que
garantem o equilíbrio do mercado monetário e, implicitamente, os níveis de equilíbrio da
demanda por bens e serviços;
Conclusão
• Os economistas clássicos davam ênfase às tendências de auto-ajuste na economia. Livre
das ações do governo que causam instabilidade, o setor privado permaneceria estável, e o pleno
emprego seria atingido;
- O primeiro desses mecanismos auto-estabilizadores é a taxa de juros, que se ajusta para
evitar que mudanças nos diferentes componentes da demanda afetem a denúncia agregada;
- O segundo conjunto de estabilizadores no sistema clássico é a flexibilidade de preços e
salários nominais, que impede que as mudanças da demanda agregada afetem o produto. A
flexibilidade de preços e salários é vital para garantir as propriedades de pleno emprego do
sistema clássico;
- A estabilidade inerente do setor privado levou os economistas clássicos a concluir por
políticas econômicas não intervencionistas. Com certeza, muitas das políticas intervencionistas
dos mercantilistas, criticadas pelos clássicos (tarifas, monopólios de comércio etc.), sequer se
comparavam às atuais políticas de estabilização macroeconômica, mas a linha mestra do modelo
permanece sendo não intervencionista;
• O segundo aspecto central do sistema clássico é a dicotomia entre os fatores que
determinam as variáveis reais e nominais;
- Na teoria clássica (lado da oferta) os fatores reais determinam as variáveis reais. A
produção e o emprego dependem principalmente da população, da tecnologia e da formação de
capital;
- A taxa de juros depende da produtividade e da frugalidade;
- A moeda é um véu que determina os valores nominais nos quais se medem as quantidades,
mas os fatores monetários não desempenham uma função na determinação dessas quantidades
reais;