Estudo Ambiental Integrado Pelotinhas
Estudo Ambiental Integrado Pelotinhas
Estudo Ambiental Integrado Pelotinhas
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................1
2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS INVENTARIADOS...................2
2.1. POTENCIAIS ENERGÉTICOS...........................................................................3
2.2. DESCRIÇÃO DOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS..........................3
2.2.1. PCH Raposo.................................................................................................3
2.2.2. PCH Coxilha Rica.........................................................................................4
2.2.3. PCH Rincão...................................................................................................6
2.2.4. PCH Penteado..............................................................................................7
2.2.5. PCH Santo Cristo..........................................................................................9
3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL.................................................................................11
3.1. MEIO FÍSICO....................................................................................................11
3.1.1. Clima............................................................................................................11
3.1.2. Recursos Hídricos.......................................................................................14
3.1.3. Topografia....................................................................................................45
3.1.4. Geologia......................................................................................................45
3.1.5. Características Geotécnicas.......................................................................51
3.1.6. Solos...........................................................................................................53
3.2. MEIO BIÓTICO.................................................................................................76
3.2.1. Ecossistemas terrestres..............................................................................76
3.2.2. Ecossistemas Aquáticos (Ictiofauna)..........................................................99
3.3. MEIO SÓCIO ECONÔMICO...........................................................................116
3.3.1. Processo Histórico de Ocupação..............................................................116
3.3.2. Organização Político Administrativa..........................................................118
3.3.3. Demografia................................................................................................118
3.3.4. Infra-estrutura............................................................................................119
3.3.5. Aspectos Econômicos...............................................................................122
3.3.6. Educação..................................................................................................125
3.3.7. Saúde........................................................................................................125
3.3.8. Índice de Desenvolvimento Social – IDS..................................................126
3.3.9. Aspectos Culturais....................................................................................127
3.3.10. Patrimônio Arqueológico.........................................................................128
4. ANÁLISE INTEGRADA........................................................................................134
4.1. PROCESSOS E ATRIBUTOS FÍSICOS.........................................................135
4.1.1. Clima.........................................................................................................135
4.1.2. Geologia....................................................................................................135
4.1.3. Patrimônio Histórico..................................................................................136
4.2. COMPONENTES SÍNTESE............................................................................137
4.2.1. Ecossistema Terrestre...............................................................................137
4.2.2. Ecossistemas Aquáticos...........................................................................139
4.2.3. Modos de Vida..........................................................................................142
4.2.4. Organização Territorial..............................................................................144
4.2.5. Base Econômica.......................................................................................144
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL – ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E
ENQUADRAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS..................................................146
5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.........................................................................146
5.2. EMPREENDIMENTOS AVALIADOS..............................................................146
5.3. COMPONENTES-SÍNTESE...........................................................................147
5.4. COMPARTILHAMENTO ESPACIAL..............................................................150
5.5. CRITÉRIOS ADOTADOS PARA AVALIAÇÃO...............................................150
5.6. PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO..........................................................150
5.7. QUADROS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL....................................................156
5.8. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL..............................................161
6. PROGRAMAS AMBIENTAIS...............................................................................163
6.1. PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E DE
RECOMPOSIÇÃO DA MATA CILIAR...................................................................163
6.2. PROGRAMA DE MONITORAMENTO LIMNOLÓGICO E DE QUALIDADE DA
ÁGUA.....................................................................................................................164
6.3. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA..............................165
6.4. PROGRAMA DE LIMPEZA DOS RESERVATÓRIOS...................................165
6.5. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.................................................165
6.6. PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DAS AREAS DO EMPREENDIMENTO.......166
6.7. PROGRAMA DE SUPERVISÃO AMBIENTAL..............................................166
6.8. DEFINIÇÃO DA MEDIDA COMPENSATÓRIA..............................................167
7. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................168
8. equipe técnica.......................................................................................................170
1. INTRODUÇÃO
Os estudos foram desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar, que adotou uma
abordagem integrada dos aspectos que compõe o ambiente na análise dos impactos
ambientais.
1
2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS INVENTARIADOS
O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 22 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização (4100/EA-
PE-A3-001 anexo).
Coordenadas
Área de Nível da Água (m) Queda (m)
PCH Vazão Geográficas
Drenagem
(m³/s)
(km²) Lat. Long. Montante Jusante Máxima Líquida
Raposo 605 22,9 28º11’03” 50º29’11” 920,00 890,00 30,0 28,7
Coxilha Rica 701 26,6 28º13’16” 50º32’16” 872,00 803,80 68,2 64,9
Rincão 747 28,4 28º15’34” 50º34’00” 802,00 757,00 45,0 44,0
Penteado 1.130 42,8 28º17’03” 50º37’00” 753,00 695,00 58,0 53,9
Santo Cristo 1.155 43,8 28º15’47” 50º40’00” 695,00 647,00 48,0 45,0
2
2.1. POTENCIAIS ENERGÉTICOS
O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 58 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 26 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.
3
operação de fechamento destas adufas será feita por meio de duas comportas
ensecadeira.
O trecho blindado possui 2 tubulações com diâmetro de 2,00 m, com 125 m. Junto à
casa de força, os condutos serão equipados com válvulas de fechamento de
emergência do tipo borboleta.
A casa de força é do tipo abrigada com duas unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo tubular de eixo horizontal e acoplamento a montante diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 3,4 MW, perfazendo uma potência total de
6,8 MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 16,25 m 3/s, totalizando 26,5 m3/s.
O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 22 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.
4
túnel de adução que deriva o rio por 2,4 km, aproveitando um desnível de água
natural da ordem de 48 m.
A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo com
diâmetro de 4,2 m, com elevação variando da cota 861,00 m a 834,9 m, e possuindo
1.260 m de extensão.
A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor simples, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 5,8 MW, perfazendo uma potência total de
17,4 MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 10 m 3/s, totalizando 30 m3/s.
5
O desenho 4100/EA-PE-A3-004 anexo, apresenta o arranjo proposto para o
aproveitamento hidrelétrico de Coxilha Rica.
O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 25 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.
O vertedouro, situado sobre a barragem, foi dimensionado para uma vazão de 3.090
m3/s, correspondendo a cheia decamilenar, resultando em uma extensão de soleira
livre de 110 m, com uma sobrelevação máxima de 5,8 m. Para a vazão média diária
da cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão de 1.235 m³/s, a
sobrelevação do reservatório resulta em 2,83 m. Portanto, a elevação a ser adotada
para a desapropriação do reservatório resulta em 805,83 m.
A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo com
diâmetro de 4 m, com elevação variando da cota 790,00 m a 780,00 m, possui 500
m de extensão.
6
O trecho blindado possui diâmetro de 2,80 m, sendo 25 m internos ao túnel de
adução e 89 m de conduto forçado externo. A ramificação para as três unidades tem
diâmetro de 1,60 m. Junto à casa de força, os condutos serão equipados com
válvulas de fechamento de emergência do tipo borboleta.
A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor duplo, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 4 MW, perfazendo uma potência total de 12
MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 10.33 m 3/s, totalizando 31 m3/s.
O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 33 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.
No local do projeto foi locado um túnel de adução que deriva o rio por 3 km,
aproveitando um desnível de água natural da ordem de 30 m.
A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo, com
diâmetro de 4,6 m em 929 m, 4,8 m em 509 m, com elevação variando da cota
741,00 m a 726,00 m. A interligação entre os dois rios é realizada através de um
túnel com 425 m com 3 m de diâmetro, conectando diretamente ao túnel adutor
principal na estaca 929.
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O trecho blindado possui diâmetro de 3,4 m, sendo 42 m internos ao túnel de
adução e 192 m de conduto forçado externo, a ramificação para as três unidades
tem diâmetro de 1,90 m. Junto à casa de força, os condutos serão equipados com
válvulas de fechamento de emergência do tipo borboleta.
A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor duplo, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 7,4 MW, perfazendo uma potência total de 22,2
MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 15,5 m 3/s, totalizando 46,6 m3/s.
Para a construção da barragem, o rio será desviado através etapas construtivas que
possibilitam o desvio final por duas adufas com seção retangular de 4 m de largura
por 7,0 m de altura e 32 m de comprimento, localizado na margem esquerda e
dimensionado para uma cheia de 419 m 3/s, correspondente a 2 anos de recorrência
do período seco, protegendo os primeiros 10 metros de execução da barragem de
concreto. A operação de fechamento destas adufas será feita por meio de duas
comportas ensecadeira.
9
O vertedouro, situado sobre a barragem, foi dimensionado para a vazão de 4.603
m3/s, correspondendo a cheia decamilenar, resultando em uma extensão de soleira
livre 130 m, com uma sobrelevação máxima de 6,6 m. Para a vazão média diária da
cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão de 1.910 m³/s, a
sobrelevação do reservatório resulta em 3,78 m. Portanto, a elevação a ser adotada
para a desapropriação do reservatório resulta em 697.58 m.
A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo com
diâmetro de 4.8 m, com elevação variando da cota 682,50 m a 650,00 m, possui 865
m de extensão.
A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor duplo, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 6,46 MW, perfazendo uma potência total de
19,4 MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 16,2 m 3/s, totalizando 48,6 m3/s.
10
3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
3.1.1. Clima
A bacia do rio Pelotinhas tem suas nascentes na Serra Geral, tendo suas altitudes
máximas no seu limite Nordeste, com altitudes da ordem de 1.200 m, nos seus
divisores. Os fatores genéticos dinâmicos são os mesmos para todo o Sul do Brasil,
sendo portanto, a latitude, a altitude, a orientação do relevo e a continentalidade, os
fatores estáticos encarregados de caracterizar as diferenças próprias da bacia.
Os estudos climáticos realizados para a bacia do rio Pelotinhas, tiveram como base
os dados observados em 2 estações, que são mostradas no quadro 3.1 seguinte.
11
3.1.1.3. Temperatura e Regime de Ventos
O regime pluvial da bacia foi definido com base nos dados de precipitações totais
diárias observados nas duas estações mostradas no quadro 3.1. As características
resultantes são próprias de uma região de transição.
A precipitação total média anual varia em torno de 1.500 mm. No período analisado
ocorreu um máximo de 2350 mm em 1983 e um mínimo de 1.070 mm em 1978. A
sua variação espacial é pouco acentuada, variando de 1.400 a 1.600 mm, conforme
mostra o mapa de isoietas do desenho 4100/EA-PE-A3-008. Este mapa foi
determinado durante os estudos de viabilidade da UHE Machadinho localizada no rio
Pelotas, tendo sido utilizados para a sua confecção, 31 estações pluviométricas
localizadas na sua bacia de contribuição.
P = 1045,53TR
0,1915
(D 9,77)0,8114
12
TR = tempo de recorrência em anos
D = duração da chuva em minutos
Elemento Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual
Radiação 15,5 13,6 12,6 10,4 9,2 7,0 7,4 8,9 10,4 12,7 14,4 15,8 15,8
Insolação 6,8 6,6 5,9 5,5 5,6 4,9 5,2 5,5 4,2 5,6 6,7 7,4 7,4
Evapotrans-
139 116 102 79 61 45 52 64 73 100 123 143 143
piração
Umidade 76,3 78,3 79,1 79,2 80,3 79,6 77,5 75,6 75,4 73,9 72,5 71,8 71,8
Estes sistemas de drenagem tem a Serra Geral como grande divisor de águas e na
porção norte do estado, a Serra do Mar. Desta forma as águas drenadas pelas
bacias do rio Uruguai e do rio Iguaçu escoam para o interior do continente tendo
como destino final o complexo da bacia do Prata. As águas drenadas pela vertente
do Atlântico, que tem como maior bacia a do rio Itajaí-Açu, escoam no sentido
oposto, desaguando no oceano Atlântico.
O sistema da vertente do interior ocupa uma área de 60.123 km², equivalente a 63%
do território catarinense. Neste sistema destaca-se a bacia do rio Uruguai com
49.573 km² e uma extensão de 2300 km, da cabeceira principal até a foz do rio
Peperi-Guaçu. Esta bacia é composta pelas seguintes sub-bacias principais: Peperi-
Guaçu, das Antas, Chapecó, Irani, Jacutinga, do Peixe, Canoas e Pelotas. As águas
do rio Pelotinhas contribuem para o sistema de drenagem da vertente do interior,
constituindo a sub-bacia do rio Pelotas, que é o segundo maior contribuinte do rio
Uruguai.
14
Ainda faz parte do mesmo sistema a bacia do rio Iguaçu, com área de 10.612 km²,
apresentando como principais sub-bacias as dos rios Negro, Canoinhas e Timbó.
Observando o regime fluvial dos rios catarinenses, pode-se concluir que são um
reflexo da boa regularidade de distribuição da pluviometria que ocorre na região,
onde a inexistência de déficit hídrico leva a um abastecimento normal dos
mananciais durante todo o ano. Porém pode-se distinguir as épocas de máximas,
que acontecem no inverno e na primavera, e as mínimas vazões registradas no
verão e no outono, prolongando-se até o início do inverno, como é característico das
regiões de clima subtropical.
O regime fluvial desta bacia mostra uma vazão mais acentuada no mês de
setembro. No verão as chuvas ocorrem com irregularidade e ainda é alta a
evapotranspiração. As vazantes mais acentuadas ocorrem de janeiro a abril. São
sempre significativas as amplitudes entre as máximas e as mínimas. O regime de
cheias é torrencial o que provoca níveis d’água muito elevados durante as grandes
cheias.
Figura 3.1.
15
um trecho de forte declividade, com drenagem reduzida e fortes oscilações de
vazão, associadas às enxurradas.
1.200
1.100
1.000
Elevação (m)
900
800
700
600
0 20 40 60 80 100 120
Para garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, são estabelecidas diferentes
classes de qualidade. Cada classe é caracterizada por limites máximos de
impurezas, especialmente para substâncias químicas. Esses limites definem critérios
ou condições que devem ser observados no caso de intervenção com o corpo
hídrico, seja para a proteção da comunidade aquática, seja para o lazer ou para o
lançamento de efluentes, entre outros usos.
16
Lages, a montante do ponto de barramento proposto, assim como os seus afluentes,
são classificados como Classe I.
A respeito das cargas domésticas verifica-se que são pouco elevadas principalmente
se comparadas aos valores de cargas industriais e agropecuárias. Isto se deve,
principalmente, ao porte das áreas urbanizadas, a maioria pequenos núcleos. Além
disso, a inexistência de sistemas de coleta e tratamento de esgoto permite que boa
parte dos efluentes urbanos não atinja os cursos d’água, sendo absorvidos e
depurados no solo.
Para verificar a qualidade da água do rio Pelotinhas, foi efetuada uma campanha de
coleta de amostragem de água nos seguintes pontos: no barramento da PCH Santo
Cristo e no barramento da PCH Coxilha Rica. As coletas de amostras e as análises
17
laboratoriais foram efetuadas pelo Laboratório QMC SANEAMENTO – Análise e
Tratamento de Efluente.
Oxigênio Dissolvido
Os valores de DBO obtidos nas análises encontram-se abaixo dos valores máximos
estabelecidos pela resolução 020/86 do CONAMA, indicando que existe apenas uma
pequena quantidade de materia orgânica no rio.
18
Coliformes Fecais
Nas amostras coletadas no rio Pelotinhas não foram detectados coliformes fecais e
a quantidade de coliformes totais mostrou valores muito abaixo daqueles exigidos
pelas legislações estadual e federal.
PH
Nitrogênio e Fósforo
A resolução 026/86 CONAMA estabelece limites de 1,0 mg/L para nitratos, nitritos e
nitrogênio amoniacal. O limite estabelecido pela legislação para a concentração de
fósforo é de 0,025 mg/L.
Sólidos Totais
Turbidez
19
fotossíntese pelos vegetais subaquáticos. O aumento de material suspenso na água
pose afetar o desenvolvimento de ovas, larvas e macroinvertebrados bentônicos.
Sulfatos
Fosfatos
Fenóis
20
QUADRO 3.4 – QUALIDADE DA ÁGUA NO LOCAL DO FUTURO EIXO DA BARRAGEM DA
PCH SANTO CRISTO
DADOS DA AMOSTRA
COLETOR : Djan Porrua de Freitas
DATA DA COLETA : 10 / 02 / 2005
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS : Tempo Bom
LOCAL DE COLETA : Rio Pelotinhas – Lages/SC
FATMA – Legislação Básica do Estado de Santa Catarina – Lei n. 5.793 Decreto 14.250 de 05
de junho de 1981.
CONAMA – Resolução 20 de 18 de junho de 1986
21
QUADRO 3.5– QUALIDADE DA ÁGUA NO LOCAL DO FUTURO EIXO DA BARRAGEM DA
PCH COXILHA RICA
DADOS DA AMOSTRA
COLETOR : Djan Porrua de Freitas
DATA DA COLETA : 10 / 02 / 2005
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS : Tempo Bom
LOCAL DE COLETA : Rio Pelotinhas – Lages/SC
FATMA – Legislação Básica do Estado de Santa Catarina – Lei n. 5.793 Decreto 14.250 de 05
de junho de 1981.
CONAMA – Resolução 20 de 18 de junho de 1986
22
3.1.2.4. Disponibilidade Hídrica
Área de Período
Código Nome do Posto Rio Entidade Drenagem Observado
(Km2)
23
3.1.2.4.2. Deflúvios Naturais
24
As séries de vazões médias mensais para os locais dos aproveitamentos
hidrelétricos inventariados no rio Pelotinhas foram obtidas através de relações de
áreas de drenagem com a estação fluviométrica de Coxilha Rica. As equações
resultantes e utilizadas para a transferência de informações para os locais dos
aproveitamentos hidrelétricos são as seguintes:
QRA = 1,104QCX
QCR = 1,279QCX
QRI = 1,363QCX
QPE = 2,062QCX
QSC = 2,108QCX
25
QUADRO 3.7- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA
Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 14,20 62,0 2,0
Fev 16,91 77,6 1,9
Mar 10,62 35,3 1,5
Abr 12,35 43,4 1,6
Mai 19,16 111,5 1,4
Jun 20,99 106,7 1,7
Jul 27,88 190,9 2,2
Ago 28,74 109,3 3,4
Set 35,50 115,8 6,1
Out 27,49 95,0 5,9
Nov 18,69 96,2 2,9
Dez 17,07 108,5 1,9
Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 15,7 68,4 2,2
Fev 18,7 85,7 2,1
Mar 11,7 39,0 1,7
Abr 13,6 47,9 1,8
Mai 21,2 123,1 1,5
Jun 23,2 117,8 1,9
Jul 30,8 210,8 2,4
Ago 31,7 120,7 3,8
Set 39,2 127,8 6,7
Out 30,3 104,9 6,5
Nov 20,6 106,2 3,2
Dez 18,8 119,8 2,1
26
QUADRO 3.9- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA PCH COXILHA RICA
Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 18,1 79,2 2,5
Fev 21,6 99,2 2,3
Mar 13,5 45,0 1,9
Abr 15,7 55,5 2,0
Mai 24,4 142,6 1,7
Jun 26,8 136,4 2,1
Jul 35,6 244,1 2,7
Ago 36,7 139,8 4,3
Set 45,4 148,0 7,8
Out 35,1 121,5 7,5
Nov 23,9 123,0 3,6
Dez 21,8 138,7 2,3
Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 19,4 84,5 2,7
Fev 23,0 105,8 2,6
Mar 14,5 48,1 2,0
Abr 16,8 59,2 2,2
Mai 26,1 152,0 1,9
Jun 28,6 145,4 2,3
Jul 38,0 260,2 3,0
Ago 39,2 149,0 4,6
Set 48,4 157,8 8,3
Out 37,5 129,5 8,0
Nov 25,5 131,1 4,0
Dez 23,3 147,9 2,6
27
QUADRO 3.11- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA PCH PENTEADO
Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 29,3 127,8 4,1
Fev 34,9 160,0 3,9
Mar 21,9 72,8 3,1
Abr 25,5 89,5 3,3
Mai 39,5 229,9 2,9
Jun 43,3 220,0 3,5
Jul 57,5 393,6 4,5
Ago 59,3 225,4 7,0
Set 73,2 238,8 12,6
Out 56,7 195,9 12,2
Nov 38,5 198,4 6,0
Dez 35,2 223,7 3,9
Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 29,9 130,7 4,2
Fev 35,6 163,6 3,9
Mar 22,4 74,3 3,1
Abr 26,0 91,5 3,4
Mai 40,4 235,1 3,0
Jun 44,2 224,8 3,5
Jul 58,8 402,5 4,5
Ago 60,6 230,5 7,2
Set 74,8 244,1 12,9
Out 58,0 200,3 12,5
Nov 39,4 202,9 6,0
Dez 36,0 228,6 3,9
28
FIGURA 3.2- HISTOGRAMAS DE VAZÕES CARACTERÍSTICAS NOS LOCAIS DE
APROVEITAMENTOS
PCH COXILHA RICA PCH RAPOSO
300 250
250
200
200
150
150
100
100
50
50
0 0
J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez
M ESES M ESES
400
250
350
200 300
250
150
200
100 150
100
50
50
0 0
J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez
M ESES M ESES
400
350
300
250
200
150
100
50
0
J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez
M ESES
29
QUADRO 3.13 - CURVAS DE PERMANÊNCIA DE VAZÕES MÉDIAS MENSAIS
PERÍODO: 1952 A 2002
Vazão (m³/s)
Permanência
(%)
PCH PCH PCH PCH PCH Santo
Raposo Coxilha rica Rincão Penteado Cristo
30
QUADRO 3.14- VAZÕES MÍNIMAS ANUAIS COM 7 DIAS DE DURAÇÃO DO RIO TIMBÓ
NA ESTAÇÃO FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA
31
Distribuição Extrema tipo III (Weibull)
- n.a (xi – c)
a–1
(a-1) ∑ 1 =0 (2)
xi - c (xi – c)a
n + a ∑ ℓn (x i – c) - n . a [ ( x i – c) a . n (x i – c)] = 0 (3)
( x i – c) a
b = c + [ ( x i – c) a] 1/a (4)
n
onde:
n - número de elementos da amostra
Resultados Obtidos
O Quadro 3.15 e a figura 3.3 apresentam o ajuste dos dados observados na estação
fluviométrica de Coxilha Rica à distribuição Weibull pelo método da menor seca
observada.
O Quadro 3.16 apresenta os valores das vazões médias diárias com 7 dias de
duração para diferentes tempos de recorrência no local da estação fluviométrica de
Coxilha Rica. Desta tabela obtem-se o valor da Q 7;10 para aquela estação como
sendo Q7;10 = 0,66 m³/s.
Para a determinação da Q 7;10 nos locais dos aproveitamentos hidrelétricos foram utilizadas
equações de transferência determinadas através de relações de áreas de drenagem com a
estação fluviométrica considerada, resultando nos seguintes valores:
32
QUADRO 3.15- AJUSTE DOS DADOS À DISTRIBUIÇÃO WEIBULL
33
QUADRO 3.15- AJUSTE DOS DADOS À DISTRIBUIÇÃO WEIBULL - CONTINUAÇÃO
34
FIGURA 3.3- VAZÃO MÍNIMA DE 7 DIAS DE DURAÇÃO DO RIO PELOTINHAS
EM COXILHA RICA
4,5
4,0
3,5
3,0
VAZÃO (m³/s)
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
DISTRIBUIÇÃO WEIBULL
0,0
1 10 100
TEMPO DE RECORRÊNCIA (anos)
35
3.1.2.4.4. Vazões de Enchentes
E = {[i=1,n(Qoi - Qci)2]/(n-m)}0,5
Os valores das cheias para diferentes tempos de recorrência para os locais dos
aproveitamentos hidrelétricos, foram determinados a partir da curva de freqüência
ajustada para a estação fluviométrica de Coxilha Rica, aplicando-se as mesmas
equações de transferência utilizadas para a obtenção das séries de vazões médias
mensais. Entretanto no caso da PCH Penteado, que é um aproveitamento composto
por duas barragens, uma localizada no próprio rio Pelotinhas (barragem 1) que
controla uma bacia de drenagem de 810 km² e a outra localizada no rio Penteado
(barragem 2) controlando uma bacia de drenagem de 320 km², foram determinados
valores de cheias especificamente para cada um destes locais usando as seguintes
equações de transferência, obtidas por relações de áreas de drenagem:
36
observadas na estação fluviométrica de Coxilha Rica para o período seco. A
distribuição de probabilidade selecionada neste caso foi também a distribuição
Exponencial ajustada pelo método da máxima verossimilhança. A distribuição Log-
Pearson 3 apresentou um erro padrão inferior, entretanto não foi selecionada por
apresentar um coeficiente de assimetria de Ln (x) negativo o que não recomenda a
sua utilização em função de, nestes casos, apresentar um limite superior.
900
800
700
600
500
400
300
200 DISTRIBUIÇÃO EXPONENCIAL
100
0
1 10 100 1000
TEMPO DE RECORRÊNCIA (anos)
37
FIGURA 3.5- CURVA DE FREQUÊNCIA DO RIO PELOTINHAS NA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA - PERÍODO SECO
1200
1100
1000
900
800
VAZÃO (m³/s)
700
600
500
400
300
200
100
DISTRIBUIÇÃO EXPONENCIAL
0
1 10 100 1000
38
QUADRO 3.17- DESCARGAS MÁXIMAS ANUAIS DO RIO PELOTINHAS NA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA – PERÍODO ÚMIDO
39
QUADRO 3.18- DESCARGAS MÁXIMAS ANUAIS DO RIO PELOTINHAS NA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA – PERÍODO SECO
40
Os valores das cheias para diferentes tempos de recorrência nos locais de
apeoveitamentos hidrelétricos inventariados, para os dois períodos analisados, são
apresentadas nos quadros 3.21 a 3.26.
O cálculo da descarga de pico instantânea para as diferentes cheias foi efetuado
através da equação de Füller, mostrada abaixo:
41
QUADRO 3.21- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O
LOCAL DA PCH RAPOSO
42
QUADRO 3.23- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O
LOCAL DA PCH RINCÃO
43
QUADRO 3.25- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O
LOCAL DA PCH PENTEADO – BARRAGEM 2
44
3.1.3. Topografia
3.1.4. Geologia
45
QUADRO 3.27- FORMAÇÕES GEOLÓGICAS DA BACIA SEDIMENTAR DO PARANÁ
GRUPO OU
ERA PERÍODO (*) LITOLOGIAS AMBIENTE
FORMAÇÃO
QUATERNÁRIO
Depósitos Recentes Aluviões e Coluviões Fluvial
(2 Ma)
CENOZÓICO
TERCIÁRIO
Coberturas Pós-Lava
Não ocorrem na Fluvial e
(63 Ma) (Grupo Bauru e Fo. STA
região Lacustre
Maria)
(*) Idade estimada dos limites em milhões de anos (American Geological Institute, 1982)
O desenho 2200/IH-PL-A3-014 apresenta o mapeamento geológico da bacia do rio Uruguai.
46
3.1.4.1.2. A Formação Botucatu
A Formação Botucatu, denominada de Arenitos São Bento por White (1908), é
constituída de sedimentos de origem eólica, lacustrinos e fluviais, depositados em
um clima árido sob condições de deserto. Data do Jurássico (possivelmente do
Mesojurássico) ao Cretáceo, estendendo-se por toda a bacia, transgredindo sobre o
embasamento cristalino em determinados locais.
47
3.1.4.1.5. Os Riodacitos Pórfiros do Membro GOIO-EM
A seqüência inicia com lavas básicas toleiíticas (com TiO 2 em torno de 1,1 %) e
andesi-basaltos (com TiO2 ao redor de 1,4 %), passando a lavas de composição
intermediária dos andesitos toleiíticos (com TiO 2 de aproximadamente 1,5 %),
culminando com as efusivas ácidas (riodacitos e riolitos, de teores de SiO 2 variando
de 66,30 a 71,85%) em direção ao topo da seqüência (Bellieni et al. 1984, conforme
classificação de De La Roche et al. 1980).
48
3.1.4.1.8. As Rochas Básicas e Intermediárias
49
3.1.4.2. Aspectos Geomorfológicos
Em oposição à unidade Planalto Campos Gerais, esta unidade apresenta relevo com
profundas incisões de drenagem e encostas em patamares denominados “traps”,
não desenvolvendo depósitos aluvionares, com rios correndo em trechos de
corredeiras e quedas d´água, encaixados em vales estruturais. A drenagem tem
como principal elemento o Rio Canoas, seguindo para o Rio Uruguai que segue a
inclinação geral do planalto.
Vale Encaixado
50
3.1.4.3. Aspectos Hidrogeológicos
O aqüífero Serra Geral, constituído por lavas básicas tipo basaltos toleíticos, com
estruturas de derrames é o de maior expressão territorial e ocorrência. Trata-se de
um aqüífero em meio fraturado, onde a ocorrência de água subterrânea está
associada à descontinuidade dos derrames basálticos.
O Rio Pelotinhas, por estar inserido em uma região basáltica, aparece encaixado,
com margens muito íngremes e os profundos vales fazem com que a área em
estudo enfrente problemas de acessibilidade e deslocamento, justificando assim,
entre outros fatores, a baixa ocupação populacional.
A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 0,5 cm para menos.
De um modo geral, aflora rocha praticamente sã.
51
As fundações dos apoios dos condutos forçados também serão em rocha
praticamente sã, em condições de encosta bastante íngreme, e a fundação da casa
de força será igualmente em rocha.
A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 1,0 m nos estreitos
patamares paralelos ao rio. Nas encostas íngremes, de um modo geral aflora rocha
praticamente sã.
A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 1,0 m nos estreitos
patamares paralelos ao rio. Nas encostas íngremes, de um modo geral aflora rocha
praticamente sã.
52
A rocha do leito do rio é praticamente sã, diaclasada sub-horizontalmente devido a
juntas de alívio de tensão, provavelmente facilitada pelo alinhamento de cristais
platiformes que provocam o “zebramento” característico deste tipo de litologia.
A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 1,0 m nos estreitos
patamares paralelos ao rio. Nas encostas íngremes, de um modo geral aflora rocha
praticamente sã.
3.1.6. Solos
A área de estudo desta bacia, apresenta uma pequena variabilidade nos tipos de
solo existentes. Esta pequena variabilidade tem base na área mínima de
mapeamento utilizada nos mapas de solo existentes, os quais levam somente em
consideração manchas de tipos diferentes de solo que tenham mais de 10 ha. Esta
classificação, para Santa Catarina, foi apresentada em cartas topográficas de escala
1: 1.000.000, resultado de um trabalho exploratório executado pela EPAGRI,
EMBRAPA e universidades existentes no Estado.
Como não foram efetuados vôos após este, além de particulares ou específicos,
esta classificação de classes foi concentrada pela Sociedade Brasileira de
Classificação do Solo (SBCS) e pelo Serviço Nacional de Levantamento e
Classificação dos Solos (SNLCS).
53
em escala aproximada, que variava entre 1:2.000 até 1:10.000, para a execução do
planejamento de ações conservacionistas.
54
FIGURA 3.8- RIO NA ÁREA DE ALTIPLANO
55
3.1.6.1. Descrição das Classes de Solo e Tipos de Manejo
São solos não hidromórficos e com intensa presença de pedras e/ou cascalho, em
que predomina a textura média, sendo classificados também como argilosos, e com
alta variabilidade de CTC. Pode apresentar contato lítico (Figura 3.10) ou litóide
(Figura 3.11).
Em horizontes com contato litóide, a escassez de água pode ser considerada média
sendo também mais difícil a exposição do lençol freático.
56
FIGURA 3.11– LITOSSOLO CONTATO LITÓIDE
São solos que normalmente apresentam um perfil pouco profundo, com boa
diferenciação de horizontes. Pode apresentar horizonte B Textural (Bt) ou Incipiente,
e normalmente apresentam uma seqüência de horizontes da seguinte forma: A, Bt,
C ou A, (B), C.
57
3.1.6.1.3. Cambissolos
São solos que normalmente apresentam um perfil pouco profundo, com presença de
horizonte B incipiente, e normalmente apresentam uma seqüência de horizontes da
seguinte forma: A, (B), C ou A, (B), R.
Neste tipo de solo, predominam condições álicas, mas com menor freqüência são
encontrados distróficos ou mesmos cambissolos eutróficos. (Na região em estudo,
há uma predominância pelo cambissolo distrófico ou álico, devido ao tipo de rocha
matriz predominante na região ter características ácidas).
58
FIGURA 3.13- CAMBISSOLO BRUNO HORIZONTE A HÚMICO COM PEDREGOSIDADES E
AFLORAMENTOS
a) Cambissolo distrófico
Ocorre ao longo das margens do rio Pelotinhas, sobre relevo suave ondulado a
forte ondulado. Pode aparecer também nos “degraus” formados ao longo do
tempo pela erosão contínua das encostas em terreno, obrigatoriamente, suave
ondulado.
Uso do solo: as unidades CBHa4 e CBHa5 são indicadas para silvicultura e/ou
pastagens naturais, com forte limitação quanto à suscetibilidade à erosão e
mecanização agrícola, elevada pedregosidade (inclusive com afloramentos,
Figura 3.14) e áreas cascalhentas. A unidade CBHa3 somente é indicada para
lavouras anuais, em manejos que envolvem o uso de níveis baixos de
mecanização, mão de obra familiar e tração animal. Estes solos têm sido
cultivados em pequenas áreas com lavouras de milho e feijão no verão e, no
inverno, com pastagens, principalmente para subsistência e alimentação para
animais. Sua única vantagem é a união de solo relativamente plano com relativa
fertilidade natural, apesar do alto risco de erosão e alto índice de pedregosidade.
Aqui também vem sendo aplicados os sistemas de cultivo mínimo e plantio direto,
através da adaptação de maquinário, melhorando a produtividade, diminuindo a
erosão, diminuindo a necessidade de mão de obra, porém aumentando o risco
ambiental, com o aumento de consumo de agrotóxicos.
59
FIGURA 3.14– CAMBISSOLO COM AFLORAMENTO ROCHOSO
b) Cambissolo álico
O caráter húmico destes solos já indica uma forte tendência dos mesmos
apresentarem o perfil álico.
São solos minerais, com textura argilosa e com presença (ou não) de cascalhos
e rochas (inclusive com afloramentos), sendo normalmente medianamente ou
pouco profundos.
Uso do Solo: as unidades CBHa4 e CBHa5 não é indicada para lavouras anuais.
São muito limitados à mecanização e apresentam moderada deficiência de água.
Indicado, portanto, para silvicultura e/ou pastagens naturais. Aparecem
principalmente em áreas de transição entre a Terra Bruna Estruturada
Intermediária a Terra Roxa Estruturada, presentes nos topos dos altiplanos e as
associações dos solos litólicos de encosta. A mão de obra nas raras lavouras,
normalmente na unidade CBHa3, é basicamente familiar com uso preponderante
da tração animal. A deficiência de fertilidade exige o uso da calagem intensa e
adubação, que são indispensáveis à obtenção de boas produtividades. Na
região, há uma tendência ao uso destas áreas como "potreiros" (campo nativo
perenizado), havendo uma forte tendência ao cultivo maciço em silvicultura
(Pinus), principalmente devido ao gradual aumento de preços de insumos
agrícolas modernos, necessários para corrigir a fertilidade destes solos.
Tipo de solo que apresenta perfil profundo a pouco profundo, sempre apresentando
o horizonte B textural, com boa presença de cerosidade entre os agregados do solo.
Apresenta um alto gradiente textural entre suas camadas.
60
Normalmente a seqüência de horizontes é A, Bt, C. Apresenta normalmente argila de
baixa CTC, predominando por isto os perfis álicos, distróficos, e em menor
quantidade, eutróficos (função do caráter químico da rocha matriz).
61
Uso do Solo: Só são recomendadas limitações de uso para cultivos anuais em
condições de declividade alta, principalmente pelo horizonte b textural, que
podem ocasionar deslizamentos de terra. São os solos de melhores condições de
cultivo na região. É utilizado predominantemente com lavouras anuais de milho e,
no inverno, pastagens cultivadas de inverno, ou pousio, dependendo das
condições econômicas e culturais do proprietário.
Como são os solos de cultivo mais intensivo, são também, os que apresentam o
melhor uso de tecnologia, incluindo a aplicação de mecanização. Normalmente
na região, são utilizados como pastagem para o gado.
62
Uso do Solo: Só são recomendadas limitações de uso para cultivos anuais em
condições de declividade alta, principalmente pelo horizonte b textural, que
podem ocasionar deslizamentos de terra. São os solos de melhores condições de
cultivo na região. É utilizado predominantemente com pastagens nativas ou
cultivadas de inverno, apresentando também áreas de intenso crescimento de
silvicultura, dependendo das condições econômicas e culturais do proprietário.
Como são os solos de cultivo mais intensivo, são também, os que apresentam o
melhor uso de tecnologia, incluindo a aplicação de mecanização.
3.1.6.1.5. Latossolos
63
Latossolo Bruno Câmbico
Uso do solo: permite o uso pela agricultura desde que sofra algumas correções
no tocante a fertilidade. Apresenta-se livre de pedras e quando utilizados para
cultivos, representa a base geográfica da cultura de grãos da região. Nos
períodos de entressafra de verão, pode ser utilizado para plantio de pastagem de
inverno ou mesmo para culturas de inverno como trigo e centeio. Normalmente
vem sendo utilizados com campo nativo ou silvicultura. Seu uso na região pode
ser feito de forma altamente tecnificada, atingindo produções iguais ou superiores
à média de produção de milho do Estado.
Estes tipos de solos estão presentes na região raras ocorrências, sob a forma de
associação TBHa1, anexo a Terra Bruna Estruturada Húmica, na relação
aproximada de 65% para as Terras e 35 % para o Latossolo.
GRUPO B: Terras impróprias para cultivos intensivos, mas ainda adaptadas para
pastagens e/ou reflorestamento e/ou vida silvestre, porém cultiváveis em casos de
algumas culturas especiais protetoras do solo (comporta as classes V, VI e VII).
64
GRUPO C: Terras não adequadas para cultivos anuais, perenes, pastagens ou
reflorestamento, porém apropriadas para proteção da flora e fauna silvestre,
recreação ou armazenamento de água (comporta a classe VIII).
GRUPO A
GRUPO B
CLASSE VI: terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com
problemas simples de conservação, cultiváveis apenas em casos especiais de
algumas culturas permanentes protetoras do solo.
GRUPO C
CLASSES II a VIII
- c: limitações climáticas
65
A natureza da limitação é representada por letras minúsculas, de modo que a
subclasse é representada pelo algarismo romano da classe seguido da letra que
designa a limitação (exemplo: IIIe = classe III com problema de erosão).
O enquadramento das classes pode ser feito por dois processos: o paramétrico e o
sintético. Basicamente, pode-se dizer que o primeiro, paramétrico, classifica as
terras com base única na limitação mais severa que possui e o segundo, sintético,
de acordo com o somatório dos graus de limitações e aptidões do solo.
GRUPO A
Classe I
São terras que têm nenhuma ou somente muito pequenas limitações permanentes
ou riscos de depauperamento.
Classe II
Consiste em terras que têm limitações moderadas para o seu uso. Estão sujeitadas
a riscos moderados de depauperamento, mas são terras boas, que podem ser
cultivadas desde que lhes sejam aplicadas práticas especiais de conservação do
solo, de fácil execução, para produção segura e permanente e colheitas entre
médias e elevadas, de culturas anuais adaptadas à região.
Classe III
São terras que quando cultivadas sem cuidados especiais, estão sujeitas a severos
riscos de depauperamento, principalmente no caso de culturas anuais. Requerem
medidas intensas e complexas de conservação do solo, a fim de poderem ser
cultivadas segura e permanentemente, com produção média a elevada, de culturas
anuais adaptadas.
Subclasse IIIa: terras praticamente planas com limitações moderadas por excesso
de água, mas sem riscos freqüentes de inundações: a drenagem é possível, mas,
sua manutenção complexa;
67
Subclasse IIIc: terras praticamente planas a suavemente onduladas, com
moderadas limitações climáticas, como a escassez de água em regiões semi-áridas.
Classe IV
São terras que têm riscos ou limitações permanentes muito severas quando usadas
para culturas manuais. O solos podem ter fertilidade natural boa ou razoável, mas
não são adequados, para cultivos intensivos e contínuos. Usualmente, devem ser
mantidas com pastagens, mas podem ser suficientemente boas para certos cultivos
ocasionais (na proporção de um ano de cultivo para cada quatro a seis de
pastagem) ou para algumas culturas anuais, porém com cuidados muito especiais.
Tais terras podem ser caracterizadas pelos seguintes aspectos: declive íngreme,
erosão severa, obstáculos físicos, como pedregosidade ou drenagem muito
deficiente, baixa produtividade, ou outras condições que as tornem impróprias para o
cultivo motomecanizado regular.
Em algumas regiões, onde a escassez de chuvas seja muito sentida, de tal maneira
a não serem seguras as culturas sem irrigação, as terras deverão ser classificadas
na classe IV, são previstas as seguintes subclasses:
Subclasse IVe: terras severamente limitadas por risco de erosão para cultivos
intensivos, geralmente com declividades acentuadas (classe de declive entre 10 e
15%), com deflúvio muito rápido, podendo apresentar erosão em sulcos superficiais
muito freqüentes, em sulcos rasos freqüentes ou em sulcos profundos ocasionais:
também é o caso de terrenos com declives da classe entre 5 e 10%, mas com solos
muito suscetíveis à erosão, tais como os Podzólicos com mudança textural abrupta;
GRUPO B
Classe V
São terras planas, ou com declives muito suaves, praticamente livres de erosão,
mas impróprias para serem exploradas com culturas anuais, e que podem, com
segurança, ser apropriadas para pastagens, florestas ou mesmo para algumas
culturas permanentes, sem a aplicação de técnicas especiais.
68
permanentes, tais como muito baixa capacidade de armazenamento de água,
encharcamento (sem possibilidade de ser corrigido), adversidade climática,
freqüente risco de inundação, pedregosidade ou afloramento de rochas. Em alguns
casos, é possível o cultivo exclusivo do arroz; mesmo assim, risco de insucesso
pelas limitações advindas principalmente do risco de inundação. O solo, entretanto,
tem poucas limitações de qualquer espécie, para uso em pastagens ou silvicultura.
Podem necessitar de alguns tratos para produções satisfatórias tanto de forragens
como de arbustos e árvores. Entretanto, se tais tratos forem dispensados, não serão
sujeitas à erosão acelerada. Por isso, podem ser usadas permanentemente sem
práticas especiais de controle de erosão ou de proteção do solo. São previstas para
a classe V as seguintes subclasses:
Subclasse Vs: terras planas não sujeitas à erosão, com deflúvio praticamente nulo,
podendo apresentar como limitações os seguintes fatores: muita baixa capacidade
de armazenamento de água, drenagem interna muito rápida ou muito lenta,
pedregosidade ou rochosidade intensa e problemas advindos de pequena
profundidade efetiva;
Subclasse Va: terras planas não sujeitas à erosão, com deflúvio permanentemente
nulo, severamente limitadas por excesso de água, sem possibilidade de drenagem
artificial e/ou risco de inundação freqüente, mas que podem ser usadas para
pastoreio, pelo menos em algumas épocas do ano;
Subclasse Vc: terras planas com limitações climáticas severas, com longos
períodos de seca e/ou risco freqüente de geada, neve ou ventos frios.
Classe VI
Terras impróprias para culturas anuais, mas que podem ser usadas para produção
de certos cultivos permanentes úteis, como pastagens, florestas e algumas
permanentes protetoras do solo, como seringueira e cacau, desde que
adequadamente manejadas. O uso com pastagens ou culturas permanentes
protetoras deve ser feito com restrições moderadas, com práticas especiais de
conservação do solo, uma vez que, mesmo sob este tipo de vegetação, são
medianamente suscetíveis de danificação pelos fatores de depauperamento do solo.
Subclasse VIe: terras que, sob pastagem (ou, eventualmente, com culturas
permanentes protetoras do solo, como por exemplo: seringueira, cacau ou banana),
são medianamente suscetíveis à erosão, com relevo ondulado e declividades
acentuadas (classes de declive entre 10 e 15%, ou entre 5 e 10% para solos muito
erodíveis), propiciando deflúvio moderado a severo; dificuldades severas de moto
mecanização, pelas condições topográficas, com risco de erosão que pode chegar a
69
muito severo; presença de erosão em sulcos rasos muito freqüentes ou sulcos
profundos freqüentes;
Subclasse VIs: terras constituídas por solos rasos ou, ainda, com pedregosidade
(30-50%) e/ou rochas expostas na superfície. Outra condição que pode caracteriza-
las é a pequena produtividade dos solos, como no caso das Areias Quartzosas em
terrenos não planos;
Subclasse VIc: terras com limitações climáticas muito severas, a ocasionar seca
edafológica muito prolongada que impeça o cultivo mesmo das plantas perenes mais
adaptadas.
Classe VII
Terras que, por serem sujeitas a muitas limitações permanentes, além de serem
impróprias para culturas anuais, apresentam severas limitações, mesmo para certas
culturas permanentes protetoras do solo, pastagens e florestas. Sendo altamente
suscetíveis de danificação, exigem severas restrições de uso, com práticas
especiais. Normalmente, são muito íngremes, erodidas, pedregosas ou com solos
muito rasos, ou ainda com deficiência de água muito grande.
Os cuidados necessário a elas são semelhantes aos aplicáveis à classe VI, com as
diferença de poder ser necessário maior número de práticas conservacionistas, ou
que estas tenham que ser mais intensivas, a fim de prevenir ou diminuir os danos
por erosão. Requerem cuidados externos para controle da erosão. Seu uso, tanto
para pastoreio como para produção de madeira, requer sempre cuidados especiais.
Suas subclasses são as seguintes:
Subclasse VIIe: terras com limitações severas para outras atividades que não
florestas, com risco de erosão muito severo, apresentando declividades muito
acentuadas (mais de 40% de declividade) propiciando deflúvios muito rápidos ou
impedindo a moto mecanização; presença de erosão em sulcos muito profundos,
muito freqüentes;
Subclasse VIIc: terras com limitações climáticas muito severas, a exemplo das
terras situadas em regiões semi-áridas, em locais onde a irrigação seria
imprescindível, mas é impraticável.
70
GRUPO C
Classe VIII
Terras impróprias para serem utilizadas com qualquer tipo de cultivo, inclusive o de
florestas comerciais ou para produção de qualquer outra forma de vegetação
permanente de valor econômico. Prestam-se apenas para proteção e abrigo da
fauna e flora silvestre, para fins de recreação e turismo ou armazenamento de água
em açudes.
Subclasse VIIIs: terras constituídas por solos rasos e/ou com tantas pedras a
afloramentos de rocha, que impossibilitem plantio e colheita de essências florestais;
Subclasse VIIIc: terras com limitações climáticas muito severas, como as das áreas
áridas, que não se prestam mesmo ao pastoreio ocasional.
Além das oito classes de capacidade de uso, existem as terras que não possibilitam
o desenvolvimento de vegetação: são áreas denominadas tipos de terreno. Entre
elas, enquadram-se os afloramentos contínuos de rochas, areias de praias, áreas
escavadas pelo homem, etc.
71
Como na classificação de Lepsh, a classe 1 é boa por excelência, não admitindo
restrições de espécie alguma, enquanto os demais podem ser acompanhados de
letras minúsculas que designam as restrições, sendo no máximo duas, na hipótese
de ambas terem importância capital na escolha do enquadramento.
Naturalmente, nos altiplanos, há uma tendência a situar o solo em uma classe boa
de solo (de 1 a 3), e à medida que vai se aproximando as encostas do Pelotas,
começam a aparecer classes piores (4 ou 5). É evidente que esta divisão é
grosseira, pois mesmo em áreas planas, podem haver problemas como solos rasos
e pedregosos, que levariam a classificação a uma situação pior.
72
QUADRO 3.28– CLASSES E SUB-CLASSES DE USO DE SOLO USADOS EM SANTA CATARINA
DECLIVIDADE
CLASSE DECLIVE (%) SÍMBOLO
PLANO 0a3 A
SUAVE ONDULADO 3a8 B
ONDULADO 8 a 20 C
FORTE ONDULADO 20 a 45 D
MONTANHOSO 45 a 75 E
ESCARPADO > 75 F
PROFUNDIDADE EFETIVA
CLASSE MEDIDA (cm) SÍMBOLO
MUITO PROFUNDO > 200 pr1
PROFUNDO 200 a 100 pr2
POUCO PROFUNDO 100 a 50 pr3
RASO < 50 pr4
SUSCETIBILIDADE A EROSÃO
GRAU DE LIMITAÇÃO DECLIVIDADE (%) PROP. FÍSICAS PERDAS NO HORIZ. SÍMBOLO
NULO 0a3 BOAS NÃO APARENTE e0
LIGEIRO 3a8 BOAS < 25 % e1
MODERADO 8 a 20 MÁS 25 a 75 % e2
FORTE ONDULADO 20 a 45 MÁS > 75 % e3
MUITO FORTE > 45 MÁS > 75 % e4
PEDREGOSIDADE
CLASSE PRESENÇA DE PEDRAS (%) SÍMBOLO
NÃO PEDREGOSA AUSÊNCIA OU < 0,1 p0
MODERADAMENTE PEDREG. 0,1 a 3 p1
PEDREGOSA 3 a 15 p2
MUITO PEDREGOSA 15 a 50 p3
EXTREMAMENTE PEDREG. 50 a 90 p4
FERTILIDADE
GRAU DE LIMITAÇÃO pH SÍMBOLO
MUITO BAIXO > 5,8 f0
BAIXO 5,3 a 5,8 f1
MÉDIO 4,9 a 5,2 f2
ALTO 4,3 a 4,8 f3
MUITO ALTO < 4,3 f4
DRENAGEM
CLASSES TEXTURA MOSQUEAM./GLEIZAÇÃO SÍMBOLO
EXCESIVAMENTE DREN. ARENOSA A MÉDIA AUSENTE h1
BEM DRENADO ARGILOSA, MÉDIA, MUITO ARGIL. AUSENTE OU > 100 cm h2
IMPERFEITAMENTE DREN. QUALQUER TIPO 50 A 100 cm h3
MAL DRENADO QUALQUER TIPO < 50 cm h4
73
3.1.6.3. Uso do Solo
Tanto Capão Alto, como Lages e Painel, são municípios cujas principais atividades
agrárias atuais são ligadas diretamente com a cadeia de transformação de alimentos
(agroindústria da carne), Bovinocultura de corte extensiva (Figura 3.29), como
atividade de renda principal, seguido da produção de leite.
Isto ocorre pela pequena importância que o grão desempenha na propriedade como
um todo, tornando anti-econômico a aquisição e manutenção de tratores individuais
só para estas atividades.
74
FIGURA 3.30 – PLANTIO DE PINUS, REFLORESTAMENTO
Convém citar que a indústria da madeira está sendo incentivada muito fortemente
por toda a região, como forma de aproveitamento econômico das áreas hoje
abandonadas pelas culturas tradicionais e pelas características dos solos e clima de
toda a região onde predomina o caráter álico dos solos, que exige grande aporte de
insumos para sua correção, tornando a atividade agrícola ou pecuária anti
econômica.
Da mesma forma, merece menção o fato de que o município de Lages, como pólo
regional de desenvolvimento, e até recentemente o maior município em área do
estado, tem a maior parte de sua balança comercial centrada nas atividades
urbanas, provocando portanto uma deficiência de infra-estrutura na área rural,
desestimulando ainda mais a agricultura ou pecuária tecnificada.
75
atividades altamente rentáveis, a presença de mão de obra de qualidade e pouca
mecanização. Em áreas mais propensas a lavouras, há o incentivo ao plantio mais
tecnificado, utilizando maior grau de mecanização, uso de insumos e aplicação de
pesquisa, visando suprir a falta dos grãos que serão deixados de produzir pelas
áreas de encosta e tentando também atingir auto suficiência de produção de grãos
no estado.
O estudo dos ecossistemas terrestres foi conduzido com o intuito de efetuar uma
caracterização geral da Área de Influência Indireta doa empreendimentos
inventariados na bacia do rio Pelotinhas, reunindo dados que permitam verificar a
inserção biogeográfica da unidade em estudo, situar as unidades de conservação
existentes dentro dos limites considerados e em áreas adjacentes e sintetizar alguns
aspectos da biodiversidade local. Em seguida, procurou-se detalhar aspectos
referentes à estrutura e funcionamento dos ecossistemas situados dentro da Área de
Influência Direta dos empreendimentos, que inclui a área de inundação e o espaço
entre a barragem e a casa de força.
O estudo como um todo não objetivou efetuar amplo levantamento da biota local,
mas sim, mediante avaliação qualitativa dos elementos de maior conspicuidade,
apresentar uma caracterização dos diferentes ambientes, visando o diagnóstico do
nível de integridade e de relevância bioconservacionista dos mesmos.
O roteiro dos trabalhos de campo e a seleção das áreas de relevante interesse para
estes estudos que objetivavam abordar a maior parte da área e o maior nº de habitat
´s presentes na AID foram definidas a partir das Cartas do Exército escala 1:50.000
e nas fotos aéreas utilizadas no estudo de inventário Hidrelétrico da Bacia do rio
Pelotinhas escala aproximada 1:20.000 (RTK, 2002). Esta base cartográfica também
foi utilizada para compor as áreas potenciais para corredores biológicos, áreas
prioritárias para a recuperação dos impactos decorrentes das instalações do
pretendido empreendimento e proposições de medidas mitigadoras e
compensatórias. O percurso foi verificado com apoio de um monitor qualificado e
membro da equipe que realizou o levantamento topográfico e com auxilio de
equipamento de posicionamento global por satélite (GPS) para localizar os registros.
Os registros foram avaliados diretamente (visualização e/ou zoofonias) ou indiretos
(pegadas, excrementos, abrigos, penas e carcaças) com auxilio de binóculo (8 X 50
mm), lupa (10 X), réguas de medição e o apoio de manuais estaduais e nacionais de
“checklists”, tanto de avistagens e vocalizações (aves) quanto rastros de mamíferos
(BECKER M. e DALPONTE, 1991; BELTON, 1993; SILVA, 1994; ROSÀRIO, 1996;
SICK, 1997; LA PEÑA & RUMBOLL,1998).
Foram dedicados dois dias para as expedições de campo com duração de 12 horas
cada realizadas nos dias 20 e 21 de dezembro de 2004. Não houve captura apenas
registros fotográficos e, quando necessário, desenhos esquemáticos com descrições
detalhadas para posterior identificação.
77
hidrográfica (rio Pelotas) onde sejam amostradas as mesmas fisionomias e
tipologias vegetais. Corroboram para tal análise o método das “Avaliações
Ecológicas Rápidas” onde a descrição e caracterização ambiental prévia, realizada
através de imagens satélites, fotos aéreas e estudos anteriores, são refinadas por
amostragens de campo pré-selecionadas (SOBREVILA & BATH, 1992). Importante
ressaltar que as matas nativas de encosta e ciliares da AID são secundárias e estão
em razoável e bom estado de conservação apresentando estágios iniciais, médios e
alguns trechos avançados de regeneração. Não foram encontradas remanescentes
florestais que apresentasse fitossociologia primária, pois em tempos pretéritos
(aproximadamente 20 ou 30 anos) houve intensa extração dos recursos florestais
locais pelas empresas madeireiras.
A indicação dos animais ameaçados de extinção e dos habitats onde ocorrem têm
por objetivo a proposição de manejo das mesmas no cenário relacionado com a
implantação dos empreendimentos.
Para as Áreas de Influência Indireta (AII) foi considerado a bacia do rio Pelotinhas e
foram utilizados dados secundários presentes nas bibliografias resultantes de
estudos técnicos aprofundados realizados nesta região.
3.2.1.2. Vegetação
A bacia do rio Pelotinhas é revestida por Floresta Ombrófila Mista (VELOSO &
GÓES-FILHO, 1982), chamada anteriormente de Floresta de Araucária (IBGE, 1992;
KLEIN, 1978).
78
vermelho entre as sapindáceas; a bracatinga, o rabo-de-mico e o angico-vermelho
entre as leguminosas; a sapopema entre as eleocarpáceas, bem como, outros
representantes das famílias das mirtáceas, Compostas, meliáceas e outras.
Grande parte do planalto do Estado de Santa Catarina era coberta por florestas
onde o pinheiro-brasileiro imprimia uma fisionomia à região, predominando de modo
absoluto no estrato superior em quase toda a sua área de ocorrência.
Tudo indica, que há um pequeno grupo de árvores seletivas, que apresenta grande
afinidade com o tipo de submatas dominadas pela canela-lageana. Trata-se
principalmente do camboatá (Matayba eleagnoides), do miguel-pintado (Cupania
vernalis), do guamirim (Myrcia obtecta), da pimenteira (Capsicodendrum dinisii), da
guabirobeira (Campomanesia xanthocarpa), do guaraperê (Lamanonia speciosa), do
pau-sabão (Quillaja brasiliensis), da carne-de-vaca (Clethra scabra), do pessegueiro-
brabo (Prunus sellowii), do araçazeiro (Myrcianthes gigantea), da congonha (Ilex
theezans), do açoita-cavalo (Luehea divaricata), entre as mais comuns.
79
cristas das serras. Muitas vezes, em permeio a esta vegetação arbórea rala, há
extensos campos secundários, formados principalmente por gramíneas grossas e
duras, em grande parte, produto de queimas dos taquarais e carazais, por ocasião
da periódica frutificação e morte dos mesmos, representando, quase sempre,
campos menos evoluídos e de vegetação graminácea mais grosseira, onde
predominam as macegas e outras espécies forrageiras inferiores.
80
3.2.1.2.3. Cobertura Vegetal Atual
A cobertura vegetal original da bacia do rio Pelotinhas foi, na sua maior parte,
descaracterizada pela ação antrópica, desde a colonização, principalmente, através
da exploração descontrolada das florestas para a extração de madeiras, bem como
pela implantação de culturas cíclicas, além da formação de pastagens
“naturalizadas” para a criação extensiva do gado bovino.
Devido a este uso faltam, algumas espécies arbóreas nos estratos inferiores, onde
encontra-se espécies palatáveis para o gado. Alterando-se assim, significativamente
os estratos, e deixando a vegetação com aspecto mais aberto, permitindo fácil
penetração de agentes externos.
81
Nome Comum Nome Cientifico
Pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia
Canela-amarela Nectandra lanceolata
Canela-branca Nectandra leucothyrsus
Camboatá-vermelho Cupania vernalis
Açoita-cavalo Luehea divaricata
Pinhero-bravo Podocarpus lambertii
Carvalho Ropala brasiliensis
Pitangueira Eugenia uniflora
Sarandi Sebastiania schottiana
Ingá feijão Inga sp.
Gerivá Syagrus romanzoffiana
Camboatá-Branco Matayba eleagnoides
Pessegueiro-Do-Mato Prunus sellowii
Angico Parapiptadenia rigida
82
camboatá-vermelho (Cupania vernalis) e mamica-de-cadela (Fagara rhoifolia),entre
outras.
83
FIGURA 3.31- VEGETAÇÃO DA ÁREA DO BARRAMENTO DA PCH COXILHA RICA
84
3.2.1.3. Fauna
3.2.1.3.1. Avifauna
85
Na região hidrográfica do rio Pelotas ao qual está integrado a bacia do rio Pelotinhas
estão previstas a ocorrência de aproximadamente duzentas espécies de aves de 44
famílias (ROSÁRIO, 1996) compartilhando a maioria das espécies generalistas
ocorrentes da Floresta Atlântica meridional excetuando os exemplares exigentes de
grandes áreas florestadas e acrescendo as espécies típicas da Floresta Ombrófila
Mista e campos do Planalto (ver tabela 1.2-a). As famílias de maior expressão neste
ambiente são Tyrannidae (29 espécies), Furnaridae (14 espécies) e Emberizidae (11
espécies). O total de espécies levantadas nesse estudo representou cerca de 30 %
das espécies de aves existentes no estado de Santa Catarina (Rosário, 1996). A
seguir apresentamos a situação da avifauna nos três principais conjuntos de habitat
´s presentes na região estudada.
Nesta tipologia estão a maioria dos habitat´s da região dos empreendimentos e onde
a maioria dessas Atividades agrícolas e pecuárias integram-se no dia-a-dia da fauna
silvestre. Desta forma, os campos agrícolas e pastagens, associados a essas
atividades assumem importância no forrageamento das espécies nativas. Devido à
grande área que esses ambientes ocupam na região, esta é a maior em área física,
porém a segunda em relação ao número de espécies de aves, tendo sido levantadas
59 espécies, como, por exemplo, Syrigma sibilatrix, Mimus saturninus, Emberizoides
herbicola, Theristicus caudatus, Columbina talpacoti, Volatinia jacarina, Speotyto
cunicularia e Milvago chimachima.
86
QUADRO 3.29 - LISTA DE AVES OCORRENTES NA BACIA DO RIO
PELOTINHAS (SC)
Tinamidae
Crypturellus obsoletus Inambuguaçu MAT
Nothura maculosa Codorna CAM
Rhynchotus rufescens Perdiz CAM
Crypturellus tataupa Inhambu-chitã CAM
Nothura maculosa Codorna CAM
Accipitridae
Leptodon cayanensis gavião-pombo MAT
Phasianidae
Odontophorus capueira uru MAT – CAM
Ardeidae
Syrigma sibilatrix Maria-faceira CAM
Bubulcus íbis Garça-vaqueira CAM
Casmerodius albus Garça-branca-grande AQUA
Egretta thula Garça-branca-pequena AQUA
Threskiornithidae
Theristicus caudatus Curicaca CAM
Cathartidae
Coragyps atratus Urubu-comum CAM
Accipitridae
Elanus leucurus Peneira CAM
Buteo albicaudatus Rabo-branco CAM
Accipiter striatus Gaviãozinho MAT – CAM
Buteogalus meridionalis Gavião CAM
Rupornis magnirostris Gavião-carijó CAM
Falconidae
Polyborus plancus Caracará CAM
Milvago chimachima Carrapateiro CAM
Milvago chimango Chimango CAM
Falco sparverius Quiriquiri CAM
87
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
88
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
Cuculidae
Piaya cayana Alma-de-gato MAT
Crotophaga sp. Anu-preto CAM
Guira guira Anu-branco CAM
Strigidae
Otus choliba Corujinha-do-mato MAT
Speotyto cunicularia Coruja-do-campo CAM
Apodidae
Cypseloides fumigatus Andorinhão-preto-de-cascata MAT – AQUA
Streptoprocne zonaris Andorinhão-coleira MAT
Chaetura meridionalis Andorinhão CAM
Trochilidae
Stephanoxis lalandi ‡ Beija-flor-de-topete MAT
Chlorostibom aureoventris Besourinho-bico-vermelho MAT – CAM
Leucochloris albicollis Beija-flor-de-pao-branco MAT
Thalurania glaucopis Tesoura MAT
Trogonidae
Trogon surrucura Surucuá MAT
Alcedinidae
Ceryle torquata Martim-pescador-grande AQUA
Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde AQUA
Bucconidae
Nystalus chacuru João-bobo CAM
Ramphastidae
Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde MAT
Pteroglossus castanotis Araçari MAT
Picidae
Picumnus nebulosus Picapauzinho MAT
89
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
90
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
91
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado MAT
Tyrannus melancholicus Suiriri CAM
Tyrannus savana Tesourinha CAM
Platyrhincus mystaceus Patinho MAT
Pachyramphus validus Caneleirinho-de-chapéu MAT
Pipridae
SCHIFFORNIS VIRESCENS Flautim
CHIROXIPHIA AUDATA Dançador MAT
Cotingidae
Pyroderus scutatus Pavó MAT
Hirundinidae
Progne tapera Andorinha-do-campo CAM
Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande CAM
Notiochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa CAM
Troglodytidae
Troglodytes aedon Corruíra MAT – CAM
Mimidae
Mimus saturninus Sabiá-do-campo MAT – CAM
Muscicapidae
Turdus subalaris Sabiá-ferreiro MAT
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira MAT
Turdus leucomelas ‡ Sabiá-barranco MAT
Turdus amaurochalinus Sabiá-poca MAT
Platycichla flavipes Sabiá-una MAT
Emberizidae
Zonotrichia capensis Tico-tico MAT – CAM
Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo CAM
Haplospiza unicolor Cigarra-bambu MAT
Poospiza nigrorufa Quem-te-vestiu MAT – CAM
Poospiza lateralis Quete MAT
Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiro CAM
Poospiza thoracica Peito-pinhão MAT
Emberizoides herbicola ‡ Canário-do-campo CAM – AQUA
Embernagra platensis Sabiá-do-banhado MAT – CAM
Volatina jacarina Tisiu CAM
Sporophila caerulescens Coleirinho CAM
92
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
Parulidae
Parula pitiayumi Mariquita MAT
Basileuterus culicivorus Pula-pula MAT
Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador MAT
Icteridae MAT
Cacicus chrysopterus Tecelão MAT
Sturnella superciliaris Polícia-inglesa CAM
Gmoromopsar chopi Graúna CAM
Molothrus bonariensis Vira-bosta CAM
Fringillidae
Carduelis magellanica Pintassilgo CAM
Titonidae
Tyto alba suindara CAM
Corvidae
Cyanocorax caeruleus Gralha-azul MAT
* Matas de encosta e matas ciliares; CAM = Campos de planalto e pequenos capões de vegetação
arbórea; AQUA = ambiente aquático.
** Espécies citadas na lista oficial dos Animais Ameaçados de Extinção na categoria de “vulnerável”
(IBAMA 2003).
3.2.1.3.2. Mamíferos
Destaca-se, a seguir, uma breve caracterização das espécies mais comuns em cada
conjunto de habitat presente na região estudada, que apresentou neste estudo a
93
ocorrência de 60 espécies, representando 35 % da mastofauna do estado
catarinense.
94
QUADRO 3.30- LISTA DE MAMÍFEROS OCORRENTES NA BACIA DO RIO PELOTINHAS (SC)
Didelphidae
Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca MAT - CAM
Caluromys aff. lanatus Cuíca-lanosa MAT
Philander oposum Cuíca-quatro-olhos MAT
Lutreolina crassicauda Cuíca MAT
Chironectes minimus Cuíca-d´àgua MAT – AQUA
Myrmecophagidae
Tamanduá tetradactyla Tamanduá-mirim MAT – CAM
Dasypodidae
Dasypus novencictus Tatú CAM – MAT
Eupharctus sextinctus Tatu-peludo CAM
Phyllostomidae
Artibeus lituratus Fruteiro MAT
Artibeus fimbriatus Fruteiro MAT
Chrotpterus auritus Morcego-bonbachudo MAT
Platyrhinus lineatus Fruteiro MAT
Sturnira liliun Fruteiro MAT
Carollia perspicillata Fruteiro MAT
Glossophaga soricina Beija-flor MAT - CAM
Anoura caudifer Beija-flor MAT
Phyllostomus hastatus Morcego MAT
Desmodus rotundus Vampiro CAM
Vespertilionidae
Myotis nigricans Morcego MAT
Myotis cf. ruber Morcego MAT
Lasiurus cinereus Morcego MAT
Myotis nigricans Morcego CAM
Myotis ruber Morcego CAM
Lasiurus cinereus Morcego CAM
Molossidae
Eumopsc sf. bonariensis Morcego MAT
95
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
Canidae
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato CAM – MAT
Dusicyon gymnocercus Graxaim-do-campo CAM
Procyonidae
Procyon cancrivorus Mão-pelada MAT – CAM – AQUA
Nasua nasua Quati MAT
Mustelidae
Eira barbara Irara MAT
Conepatus chinga Zorrilho MAT – CAM
Gallictis cuja Furão
Felidae
Tayasuidae
Pecari tajacu catetu MAT
Cervidae
Mazana americana Veado-mateiro MAT
Mazana rufina Veado-bororó MAT – CAM
Ozotocerus bezoarticus Veado-campeiro CAM – MAT
Sciuridae
Sciurus aestuans caxinguelê MAT
Muridae
Oryzomys sp. Rato MAT – CAM
96
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
Hydrochaeridae
Hydrochaeris hydrocaeris Capivara AQUA
Capromiidae
Myocastor coypus Ratão-do-banhado AQUA
* MAT = matas de encosta e matas ciliares; CAM = Campos de planalto e pequenos capões de vegetação
arbórea; AQUA = ambiente aquático.
** Espécies citadas na lista oficial dos Animais Ameaçados de Extinção (IBAMA 2003).
97
3.2.1.3.3. Herpitofauna e Anfíbios
98
Embora esta paisagem encontra-se bastante alterada, alguns setores como:
fundos de vales e áreas bastante declivosas, apresentam bons indicadores de
qualidade de habitat. Estes setores fazem parte da homerange de alguns
(poucos) exemplares da fauna e flora raras ou ameaçadas como: o tamanduá-
mirim (Tamanduá tetradactyla), os veados (Mazama sp. e Ozotocerus sp.), o
puma (Felis concolor), a jaguatirica (Felis pardalis), a Lontra (Lutra longicaudis), o
bugio-ruivo (Alouatta guariba), Xaxim (Dicksonia sellowiana) e o pinheiro-
brasileiro (Araucária angustifolia). Esta informação é de relevante importância
para os programas de compensação ambiental dos empreendimentos, visando
buscar a conectividade entre áreas fragmentadas situadas nas Áreas de
Indluência Direta (PRIMACK, 2002).
99
Cnesterodon brevirostratus, GHEDOTTI & WEITZMAN (1995) descreveram Jenynsia
eirmostigma, CARDOSO & MALABARBA (1999) descreveram Hemiancistrus
fuliginosus (figura 13), VIDAL & LUCENA (1999) descreveram Pimelodus
atrobruneus. e QUEVEDO & REIS (2002) descreveram Pogonopoma obscurum, até
então designado como Rhinelepis sp.
Estes dados foram mostrados por meio de tabelas onde são relacionados aspectos
relativos a cada grupo: porte, hábito alimentar, habitat, registro de migrações.
100
H´ = grau de diversidade
pi = proporção de ocorrência da espécie i na amostra
s = número total de espécies na amostra
FIGURA 3.33- COLETA COM REDES, REALIZADA NO PONTO 3 (RIO PELOTINHAS - PONTO
INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA PCH SANTO CRISTO:
535.045 E/6.870.701 N)
FIGURA 3.34- PONTO 1 (LOCAL DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH COXILHA RICA:
545.306 E/6.878.180 N)
101
3.2.2.2. Resultados
102
Táxon Nome popular
Pimelodus maculatus La Cepède, 1803 Pintado
Pimelodus atrobrunneus Vidal & Lucena, 1999 Pintado
HEPTAPTERIDAE
Rhamdia sp. Jundiá
Heptapterus mustelinus (Valenciennes, 1835) Bagrinho
Heptapteus sp. a Bagrinho
Heptapterus sp. b Bagrinho
103
Táxon Distribuição Exclusiva da Exclusiva da Presente
não definida área do alto bacia do rio em outras
Uruguai Uruguai bacias
Diapoma speculiferum X
Hypobrycon maromba X
SILURIFORMES
PIMELODIDAE
Pimelodus maculatus X
Pimelodus atrobrunneus X
HEPTAPTERIDAE
Rhamdia sp. X
Heptapterus mustelinus X
Heptapteus sp. a X
Heptapterus sp. b X
LORICARIIDAE
Hypostomus isbrueckeri X
H.luteus X
H.commersonii X
H. roseopunctatus X
H. uruguayensis X
H. ternetzi X
H. regani X
Eurycheilichthys pantherinus X
Ancistrus taunayi X
Hemipsilichthys vestigipinnis X
Hemiancisrtus chlorostictus X
Hemiancistrus fuliginosus X
Rineloricaria sp.1 X
AUCHENIPTERIDAE
Tatia boemia X
TRICHOMYCTERIDAE
Trichomycterus sp. X
GYMNOTOIDEI
GYMNOTIDAE
Gymnotus carapo X
APTERONOTIDAE
Eigenmannia sp. X
Eigenmannia virescens X
104
Táxon Distribuição Exclusiva da Exclusiva da Presente
não definida área do alto bacia do rio em outras
Uruguai Uruguai bacias
CYPRINODONTIFORMES
POECILIDAE
Phallocerus caudimaculatus X
Cnesterodon brevirostratus X
ANABLEPIDAE
Jenynsia eirmostigma X
SYNBRANCHIFORMES
SYNBRANCHIDAE
Synbranchus marmoratus X
PERCIFORMES
CICHLIDAE
Cichlasoma sp. X
Cichlasoma facetum X
Geophagus brasiliensis X
Gymnogeophagus X
gymnogenys
Crenicichla celidochilus X
C.jurubi X
C. minuano X
C.missioneira X
C.igara X
C. prenda X
C. tendybaguassu X
105
9
1,76
1,56
1,18
106
QUADRO 3.33- LISTA DE ESPÉCIES CAPTURADOS NOS TRÊS PONTOS DE AMOSTRAGEM. PONTO 1
(LOCAL DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH COXILHA RICA: 545.306/6.878.180), PONTO 2
(LOCAL DESIGNADO PARA A CASA DE MÁQUINAS DA PCH COXILHA RICA: . 544.804/6.876.655) E
PONTO 3 (RIO PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA
PCH COXILHA RICA E A FOZ JUNTO AO RIO PELOTAS: 535.045/6.870.701)
107
FIGURA 3.36- ESPÉCIME DE JENYNSIA EIRMOSTIGMA CAPTURADO NO PONTO PONTO 1
(RIO PELOTINHAS - LOCAL DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH COXILHA RICA: 545.306
E/6.878.180 N) BARRA EM BRANCO: 1 CM
3 3 3 3
1 1 1
108
QUADRO 3.34- DIMENSÕES, HABITAT PREFERENCIAL E HÁBITO ALIMENTAR DAS ESPÉCIES
DESIGNADAS PARA A BACIA ESTUDADA, DE ACORDO COM BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA
CHARACIFORMES
ERYTHRINIDAE
Hoplias malabaricus Médio Remansos Juvenil insetívoro –
Adulto ictiófago
H. lacerdae Médio Remansos Juvenil insetívoro –
Adulto ictiófago
CHRENUCHIDAE
Characidium tenue Pequeno Corredeiras Insetívoro
Characidium serrano Pequeno Corredeiras Insetívoro
ANOSTOMIDAE
Leporinus amae Médio Remansos Onívoro
CURIMATIDAE
Steindachnerina biornata Pequeno Remansos Iliófago
Cyphocharax saladensis Pequeno Remansos Iliófago
CHARACIFORMES
CHARACIDAE
Oligosarcus brevioris Pequeno Remansos Insetívoro/Ictiófago
Oligosarcus jenynsii Pequeno Remansos Insetívoro/Ictiófago
Cyanocharax lepiclastus Pequeno Remansos Onívoro
Astyanax aff. fasciatus Pequeno Remansos Onívoro
A. jacuhiensis Pequeno Remansos Onívoro
A. aff. scabripinnis Pequeno Corredeiras Onívoro
A. brachypterygium Pequeno Corredeiras Onívoro
Bryconamericus sp. Pequeno Corredeiras Onívoro
Bryconamericus iheringii Pequeno Corredeiras Onívoro
B. stramineus Pequeno Corredeiras Onívoro
Diapoma speculiferum Pequeno Remansos Insetívoro
Hypobrycon maromba Pequeno Corredeiras Onívoro
SILURIFORMES
PIMELODIDAE
Pimelodus maculatus Médio Remanso Insetívoro/Ictiófago
Pimelodus atrobrunneus Médio Remanso Insetívoro/Ictiófago
HEPTAPTERIDAE
Rhamdia sp. Médio Remanso Insetívoro/Ictiófago
Heptapterus mustelinus Pequeno Corredeiras Insetívoro
109
Taxon Porte Habitat Habito alimentar
110
Taxon Porte Habitat Habito alimentar
CICHLIDAE
Cichlasoma sp. Pequeno Remanso Insetívoro/Ictiófago
Cichlasoma facetum Pequeno Remanso Insetívoro/Ictiófago
Geophagus brasiliensis Pequeno Remanso Onívoro
Gymnogeophagus Pequeno Remanso Insetívoro/Ictiófago
gymnogenys
Crenicichla celidochilus Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C.jurubi Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C. minuano Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C.missioneira Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C.igara Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C. prenda Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C. tendybaguassu Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
Das sete espécies exóticas relacionadas para a bacia (quadro 3.35) foi registrada
Cyprinus carpio no ponto 3 (figura 3.37).
QUADRO 3.35- ESPÉCIES EXÓTICAS RELACIONADAS PARA A REGIÃO. DE ACORDO COM
GODOY (1987)
111
3.2.2.3. Conclusões Gerais
A partir da análise do perfil topográfico e da análise dos dados obtidos a partir das
espécies coletadas percebemos que a bacia analisada pode ser designada como um
único grande compartimento ambiental.
112
FIGURA 3.40- ESPÉCIME DE HYPOSTOMUS LUTEUS CAPTURADO NO PONTO PONTO 3 (RIO
PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA
PCH SANTO CRISTO: 535.045 E/6.870.701 N). BARRA EM BRANCO: 1 CM.
VARI & MALABARBA (1998) estimam que as taxas de descrições de novas espécies
da ictiofauna sul americana indicam um número muito superior ao até então
estimado. Isto se reflete quando analisamos o grande número de espécies sem
categoria taxônomica definida em coleções ou trabalhos científicos.
113
das bacias hidrográficas do sul do Brasil estão sendo revisadas pela equipe do
Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
De acordo com REIS et al. (2003) não existem informações precisas acerca das
populações à respeito da populações atuais do dourado (Salminus brasiliensis) na
bacia do rio Uruguai. Os autores recomendam que sejam incorporados os
requerimentos para a migração e reprodução de peixes migradores como importante
variável biótica a ser considerada na elaboração de planos de aproveitamento
hidrelétrico.
Também destacaram Tatia boemia Koch & Reis, 1996 por apresentar poucas
informações à respeito de sua distribuição e história de vida, possivelmente por ser
uma espécie dificilmente capturada com os métodos de captura comumente usados.
O mesmo é afirmado para Pseudocetopsis gobioides (Kner, 1858) conhecido
popularmente como candiru-açu. O surubim (Staindachneridion scripta),
Characidium serrano (canivete) e Astyanax brachypterygium uma das várias
espécies de lambari são designados na lista de espécies em risco de extinção pela
insuficiência de dados à respeito de sua distribuição e ecologia. Sendo o ultimo
(Astyanax brachypterygium) possivelmente ameaçado também pela introdução da
truta (Oncorhynchus mykiss).
114
FIGURA 3.42- ESPÉCIMES DE LEPORINUS AMAE HABITANDO O PONTO 3 (RIO PELOTINHAS -
PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA PCH SANTO
CRISTO: 535.045 E/6.870.701 N)
115
3.3. MEIO SÓCIO ECONÔMICO
Sua efetiva ocupação começa no século XVIII - século da mineração - quando serve
de palco à criação de efetivos bovinos, para o próprio trabalho das minas, para o
transporte de pessoas e mercadorias e para alimentação – que se destinam às mais
diferentes regiões do país, principalmente para São Paulo.
Outro impulso para região é, sem dúvida, a implantação da ferrovia ligando Rio
Grande Sul a São Paulo, em 1910, que tem como contrapartida à aquisição de
terras de terras equivalentes a 15 km de cada lado ao longo do seu trajeto. Isso
116
resulta na expulsão de vários trabalhadores rurais e familiares de suas terras (ou
posses), incrementando, por essa via, o movimento de revolta denominado
Contestado (1912-1916). Embora não tenha eclodido exatamente nessa região, teve
aí repercussão, como tiveram a Guerra dos Farrapos (ou Revolução Farroupilha), de
1839, e a Revolução Federalista, de 1893.
Todavia, a interligação da região com o resto do País ocorre mais efetivamente, com
a abertura ao tráfego das BR-116 e BR-101, embora ainda se constatem sérias
deficiências de comunicação entre alguns municípios integrantes da bacia do rio
Pelotinhas.
A cidade de Lages é pólo da região atingida pela bacia do Rio Pelotinhas, serve de
apoio aos municípios de Capão Alto e Painel. É onde se encontram os maiores
investimentos, maior industrialização, maior gama de serviços urbanos, motivo pelo
qual há maior oferta de empregos.
117
3.3.2. Organização Político Administrativa
A região da bacia do rio Pelotinhas é constituída por três municípios: Lages, Painel e
Capão Alto, com superfície territorial de 4.721 km 2, equivalente a 5% da área do
estado de Santa Catarina.
3.3.3. Demografia
118
QUADRO 3.37- POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – 2004 – ESTIMATIVA DO IBGE
3.3.4. Infra-estrutura
119
3.3.4.2. Sistema de Esgotos Sanitários
A cidade de Lages possui implantada em seu núcleo urbano rede coletora que
atenderá 70% da população lageana, pois as obras da Estação de Tratamento de
Esgotos não estão concluídas. A previsão para o Sistema de Tratamento de Esgotos
entrar em operação é julho de 2005.
A coleta e o tratamento dos resíduos sólidos são de responsabilidade das prefeituras. Nos
municípios de Capão Alto e Painel a coleta e tratamento são terceirizados pela
empresa privada Blumeterra.
120
3.3.4.5. Sistema Rodoviário
Interligando a BR-282 a BR-470, que liga o extremo oeste ao litoral do estado, existe
a rodovia estadual SC-425, eixo importante de comunicação dos municípios
intermediários com os centros de polarização da região. O quadro a seguir detalha a
interligação e condições dessas rodovias.
3.3.4.8. Comunicação
Um bom sistema de comunicação é instrumento básico para que haja um bom fluxo
das informações favorecendo assim um melhor e mais rápido desenvolvimento da
região.
121
3.3.5. Aspectos Econômicos
Capão Alto tem na agricultura e na pecuária a base da sua economia. Produz maçã,
milho, feijão, soja, hortaliças, gado leiteiro e de corte, além de aves e suínos.
Atualmente, está em desenvolvimento a piscicultura, com a criação de trutas e
carpas, e também a apicultura. Sua área reflorestada é extensa, fornecendo matéria-
prima para a indústria madeireira e papeleira da região.
3.3.5.1.1. Pecuária
122
QUADRO 3.43– PRINCIPAIS REBANHOS (CABEÇAS)
3.3.5.1.2. Agricultura
Os principais produtos agrícolas da área em estudo são listados nos quadros 3.44 e
3.45 seguintes:
3.3.5.1.3. Extravismo
123
constantes do quadro 3.46 a seguir:
3.3.5.1.4. Silvicultura
Mais de dois terços da madeira em tora produzida tem como destino às fabricas de
papel e celulose que existem na região.
O total do pessoal ocupado nesse setor é de 28.092 pessoas, sendo que 4.469
atuam na administração pública, 13.151 no comércio, 1.206 na construção e 1.708
em serviços, aluguéis.
124
3.3.6. Educação
Ensino
Município Pré-escolar Ensino Médio
Fundamental
Lages 4.709 28.080 7.991
Painel 50 403 56
Capão Alto 99 552 89
FONTE: IBGE - 2003
Ensino
Município Pré-escolar Ensino Médio
Fundamental
Lages 89 110 19
Painel 2 2 1
Capão Alto 7 13 1
FONTE: IBGE - 2003
3.3.7. Saúde
Nos municípios de Painel e Capão Alto não existem hospitais. Possuem apenas em
cada município um posto de saúde, onde os casos que precisam de maiores
cuidados, como internação, são encaminhados para Lages.
125
3.3.8. Índice de Desenvolvimento Social – IDS
Para calcular o Índice de Condição de Eficiência partiu-se dos valores relativos dos
indicadores selecionados. A etapa seguinte consiste em transformar os valores dos
indicadores em índices que variem entre zero e um, de tal forma que os valores mais
elevados indiquem melhores condições de desenvolvimento. Os indicadores são
avaliados através de parâmetros previamente estabelecidos, em que o melhor valor
é a meta que se pretende atingir no Estado e o pior valor é o desempenho mais
desfavorável a ser atingido. Com base no valor observado para o indicador e nos
limites estabelecidos para ele, obtém-se o índice através da fórmula:
Índice = (valor observado para o indicador - pior valor) / (melhor valor - pior valor)
126
QUADRO 3.51- ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – IDS 2000
Lages é a grande cidade do Planalto Serrano. Com 236 anos de história, preservam
o sentimento de amor pela terra, os campos nativos, formados por coxilhas, com
taipas centenárias e rios. Conhecida como Capital Nacional do Turismo Rural, é
ainda mais atraente no inverno, quando fortes geadas e nevascas criam cenários
inesquecíveis para os turistas. Em hospedagens rústicas, os visitantes podem
aproveitar o dia-a-dia de uma fazenda, experimentar a lida campeira e ser recebidos
como visitantes pelas famílias. Nos restaurantes das fazendas são comuns as
refeições típicas, iniciadas ao toque do sino, para chamar os convidados. Ao lado do
restaurante costuma ficar o fogo-de-chão, onde sempre existe água quente para o
chimarrão ou uma panela de ferro com pinhões para cozinhar.
A Fazenda do Barreiro tem cozinha de chão batido e um museu histórico onde são
guardados documentos e objetos de mais de 100 anos. Para chegar na fazenda é
necessário atravessar um rio, passando por uma ponte pênsil, cenário que se
encaixa com perfeição na bucólica paisagem rural. A Fazenda Nossa Senhora de
Lourdes, que se diferencia pela construção original em madeira, um tributo à
valorização das tradições, e pela presença de uma ampla biblioteca, com
exemplares raros, acumulados ao longo dos 158 anos de existência. Algumas
fazendas possuem açudes para pesca artesanal. Em todas as fazendas há conforto,
bons serviços e, geralmente, estrutura para eventos.
127
artistas famosos, rodeios, churrasco e chimarrão. A ExpoLages, realizada em
outubro, também é um grande evento regional – a maior feira agropecuária do
planalto catarinense -, com exposição de animais, produtos e implementos agrícolas,
enriquecida com manifestações culturais e folclóricas.
Identificamos dois tipos de altitudes com formas de relevo distintas: uma, mais alta
(acima de 1.200 m.) constitui-se em um divisor de águas entre as bacias dos rios
Uruguai, Iguaçu e Itajaí; a outra, com superfície média em torno de 900 m, onde
surgem camadas basálticas mais resistentes, vales subdivididos entre estreitos e
profundos com paredes abruptas, ou mais largos, subindo em patamares.
A formação desse relevo ocorreu durante a Era Mesozóica, quando a região central
do estado de Santa Catarina foi palco de intensos vulcanismos e fissuras, cujos
resultados estão representados no soerguimento e basculamento para Oeste.
128
ácidas representadas por dacitos/riodacitos felsíficos e riolitos felsíticos pórfiros ou
não (JKsg) (Mapa Geológico do Estado de SC, 1986).
A abertura dos “caminhos do sul”, pelo interior, fora um anseio antigo, dificultado
pela burocracia e interesses divergentes, destacando-se as povoações da Ilha de
Santa Catarina e de Laguna, que temiam sofrer prejuízos pela mudança da rota.
Dentre idas e vindas, a conclusão da marcha de Cristóvão Pereira de Abreu
constituiu a intensificação da ocupação dos “Campos de Viamão”, impulsionando o
crescimento de Laguna, configurando o “caminho do sul” da seguinte forma:
b) (...) parte da barra do Araranguá, galga dificilmente a serra, penetra nos Campos
de Cima da Serra e de São Joaquim, em pleno planalto, e vai por ele em
demanda a Curitiba,
c) o terceiro trecho (...) é o caminho ligando Curitiba a São Paulo. (Piazza, 1983:170)
Lages (Lajens), sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres, teve como marco
129
inicial, o lugar denominado Taipa, onde existia uma Ermida levantada por tropeiros.
No dia 22 de maio de 1771, o povoado é elevado a categoria de vila com o nome de
Nossa Senhora dos Prazeres do Sertão das Lajens.
De 1787 a 1790, o Alferes Antônio José da Costa abria um caminho entre Desterro
(Florianópolis) e Lages, que seria uma das razões para que, no ano de 1820, essa
última saísse do controle da Capitania de São Paulo e passasse à jurisdição do
governo sediado na Ilha de Santa Catarina.
Esses estudos demonstraram que a região Sul foi ocupada em todos os seus
espaços, uma vez que sua diversidade de clima, relevo e ecótonos propiciaram
diversos tipos de adaptação ecológica. Não existe por conseguinte, nenhum tipo de
ambiente no sul que não tenha sido ocupado sistemática ou esporadicamente
(Noelli, 2000:226).
130
habitat perfeito.
131
tempo (aproximadamente mil anos), ocuparam as principais bacias hidrográficas,
expulsaram, assimilaram ou exterminaram as populações que ali viveram por cerca
de 10.000 anos (Noelli, 2000:228).
Após exaustivos levantamentos bibliográficos concluímos que esta área ainda não
foi sistematicamente pesquisada. Entretanto, pesquisando nos bancos de dados do
IPHAN (www.iphan.gov.br), encontramos um sitio arqueológico no rio Caveiras,
mapeado por João Alfredo Rohr. A data de preenchimento da ficha é de 1997.
Este sítio, denominado como LGS 001, sendo caracterizado como pré-colonial e
definido como Galeria Subterrânea, entretanto não possui posição geográfica
precisa.
132
Sítios mapeados
Área: 80 m2 Medição:Estimada
Unidade geomorfológica: Planalto
Compartimento topográfico: Depressão
Rio: Caveiras Bacia: Uruguai
Vegetação atual:Mata de galeria /
Propriedade da terra: terra privada
Bibliografia:
Responsável pelo preenchimento da ficha: Rossano Lopes Bastos
Data: 8/9/1997 Localização dos dados: 11ª CR
133
4. ANÁLISE INTEGRADA
Ecossistema aquático;
Ecossistema terrestre;
Base econômica;
Modos de vida;
Organização territorial;
Populações indígenas.
134
4.1. PROCESSOS E ATRIBUTOS FÍSICOS
4.1.1. Clima
4.1.2. Geologia
Esta formação ocupa a parte superior do Grupo São Bento, correspondendo este
evento vulcânico ao encerramento da evolução gondwânica da bacia do Paraná.
As partes centrais dos bassaltos são quase sempre microcristalinas, o que lhe
confere uma granulação fina. A cor escura é devida a sua composição mineralógica
constituída essencialmente por plagioclásio e piroxênio, são comuns alguns minerais
agregados como quartzo, calcedônia e lorita e minerais acessórios e apatita e
zincão.
135
N30ºW e secundariamente N30ºE. As fraturas encurvadas são provenientes do
resfriamento dos derrames.
O patrimônio histórico foi considerado nesse estudo um atributo físico, pois contribui
para a formação dos costumes e da paisagem atual.
O leito do rio Pelotinhas, assim como o leito de vários rios, formaram durante
centenas de anos, o local adequado à moradia desses grupos indígenas. Portanto,
não é incomum encontrar nesses locais, evidências de ocupação de assentamentos
pré-coloniais. Essas evidências, muitas vezes estão na superfície, ou ainda
escondidas no subsolo, e através delas, é possível determinar os modelos de
assentamento, os padrões de subsistência e outros aspectos da vida desses povos.
Convém citar que na região do rio Pelotinhas não foram ainda realizadas pesquisas
siatemáticas que pudessem identificar evidências de ocupação indígena nas suas
margens.
136
4.2. COMPONENTES SÍNTESE
KLEIN (1978) descreve que na bacia do rio Uruguai, quando se dá o encontro do rio
Pelotas com o rio Pelotinhas, as formações características das Florestas de
Araucária da Bacia Pelotas-Canoas adentram o planalto catarinense, expandindo-se
em sua porção mais interior e dando lugar, na área mais marginal ao rio Pelotas, a
formação de Floresta de Araucária do Extremo Oeste, que se constituirá a formação
dominante ao longo do rio Uruguai até o extremo oeste de Santa Catarina, logo na
área em enfoque. É um diagnóstico desta formação a presença de submata onde
predominam o angico (Parapiptadenia rigida), a grapia (Apuleia leiocarpa), a
guajuvira (Patagonula americana) e canelas do gênero Nectandra. A fisionomia de
“matas-brancas” é a dominante, onde Araucaria angustifolia surge como espécie
emergente.
137
A integração dos dados obtidos nos estudos supracitados resultou em um arranjo de
66 espécies de ocorrência natural na área (não incluíndo Chiroptera). Os trabalhos
de campo resultaram em uma listagem menor, na qual se evidencia o predomínio de
espécies mais comuns em sistemas abertos e campos.
Diversos outros autores apresentam estudos que vêm a acrescentar dados sobre a
avifauna correlacionada à região zoogeográfica em questão, apesar de não
enfocarem o sul do país. SICK E TEIXEIRA (1979) apontam os principais fatores que
atuam de forma daninha sobre a ornitofauna ameaçada nessa, e nas demais regiões
do Brasil. Sobre a dieta alimentar das aves brasileiras, foram consultados HEMPEL
(1949) e SCHUBART et al. (1965). Um total de 412 espécies possui registro histórico
na bacia em estudo.
Tanto Capão Alto, como Lages e Painel, são municípios cujas principais atividades
agrárias atuais são ligadas diretamente com a cadeia de transformação de alimentos
(agroindústria da carne), Bovinocultura de corte extensiva, como atividade de renda
principal, seguido da produção de leite.
Isto ocorre pela pequena importância que o grão desempenha na propriedade como
um todo, tornando anti-econômico a aquisição e manutenção de tratores individuais
só para estas atividades.
138
Convém citar que a indústria da madeira está sendo incentivada muito fortemente
por toda a região, como forma de aproveitamento econômico das áreas hoje
abandonadas pelas culturas tradicionais e pelas características dos solos e clima de
toda a região onde predomina o caráter álico dos solos, que exige grande aporte de
insumos para sua correção, tornando a atividade agrícola ou pecuária anti
econômica.
Da mesma forma, merece menção o fato de que o município de Lages, como pólo
regional de desenvolvimento, e até recentemente o maior município em área do
estado, tem a maior parte de sua balança comercial centrada nas atividades
urbanas, provocando portanto uma deficiência de infra-estrutura na área rural,
desestimulando ainda mais a agricultura ou pecuária tecnificada.
139
O grande número de empreendimentos hidrelétricos na região do alto Uruguai
conduziu à realização de diversos estudos taxonômicos sobre a ictiofauna destes
rios.
140
Além disso destacam-se algumas espécies, que recebem a designação de
morfoespécies, sendo assim designadas por não apresentarem características que
possam ser utilizadas para enquadra-las nas categorias taxonômicas já descritas. A
família Characidae apresenta três morfoespécies que ainda não foram
suficientemente estudadas. As espécies pertencentes aos grupos Astyanax aff.
fasciatus, Astyanax aff. scabripinnis e Bryconamericus sp. possivelmente
apresentarão novas espécies ou poderão até mesmo ser subdivididas em novos
gêneros, fato que aconteceu recentemente com o gênero Cyanocharax até então
relacionado como Astyanax. Lima et al (2003) destacam que estes dois gêneros são
pouco conhecidos taxonomicamente e possivelmente não se tratam de um grupo
monofilético. Entre os siluriformes destacamos as morfoespécies Rineloricaria sp.
relacionada por FERRARIS JR. (2003) como um grande gênero que apresenta
poucos estudos conclusivos, Heptapterus sp. grupo ao qual BUCKUP (1988)
registrou quatro novas espécies a serem descritas e Rhamdia sp. cujas espécies
das bacias hidrográficas do sul do Brasil estão sendo revisadas pela equipe do
Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
141
apresenta reduzida diversidade de ambientes, tanto no que se refere às
características do canal principal como quanto à rede de drenagem associada.
142
4.2.3.1. Modos de Vida Vinculados ao Cultivo de Erva Mate
143
4.2.4. Organização Territorial
A região da bacia do rio Pelotinhas é constituída por três municípios: Lages, Painel e
Capão Alto, com superfície territorial de 4.721 km 2, equivalente a 5% da área do
estado de Santa Catarina (vide desenho 4100/EA-PE-A3-015 anexo).
Um fato relevante que merece ser destacado em relação a base econômica regional
está relacionada a concentração da população economicamente ativa. Na cidade de
Lages está concentrada 49% da PEA – População Economicamente Ativa dos
municípios que compõe a AMURES (Associação dos Municípios da Região
Serrana). Também esta centrado na cidade de Lages o setor terciário (setor de
serviços e comércio em geral), sendo que no restante da bacia predomina o setor
primário.
145
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL – ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E
ENQUADRAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS
Esta opção por pequenas centrais hidrelétricas se dá em função das vazões médias
apresentadas pelo rio Pelotinhas no trecho em estudo, e sua viabilidade ambiental.
Isto se deve às características topográficas acidentadas do rio e seu entorno, com
áreas de impacto sócio-econômico muito reduzido, devido principalmente ao
pequeno porte dos reservatórios.
1
ELETROBRÁS, 1997.
2
ANEEL, 1998.
146
custos não compatíveis, tanto do ponto de vista de engenharia, como do ponto de
vista sócio-ambiental.
O porte do rio Pelotinhas neste trecho indica que o mesmo apresenta viabilidade
técnica e ambiental para a implantação de pequenas centrais hidrelétricas.
5.3. COMPONENTES-SÍNTESE
147
O processo de atribuição de pesos teve por objetivo destacar a participação de cada
um dos elementos analisados dentro dos processos regionais e, desta forma, servir
como um elemento ponderador na atividade de avaliação ambiental. Desta forma, o
peso a ser definido foi tratado como um valor resultante da integração da
importância da componente na região e a relação observada entre as componentes.
Baixo valor 1
Médio valor 2
Alto valor 3
Base Econômica 1 4
Modos de Vida 2 3
Organização Territorial 3 2
Ecossistemas Terrestres e
4 1
Aquáticos
148
QUADRO 6.03- MATRIZ DE INTERRELAÇÃO DAS COMPONENTES-SÍNTESE
Ecos.
1 1 1 1 4
Aquáticos
Ecos.
Terrestres
1 1 1 1 4
Modos de
3 3 3 3 12
Vida
Organiz.
Territorial
1 2 1 2 6
Base
3 3 3 3 12
Econômica
Soma 8 8 5 7 6
Grau de
Ponderação
Componente-Síntese Soma Grau Normatização Interrelação
(soma x grau)
Pesos
149
5.4. COMPARTILHAMENTO ESPACIAL
Observa-se que a escolha dos parâmetros teve como objetivo permitir a utilização
de dados passíveis de quantificação, bem como efetivamente disponíveis. Embora
se mostre possível a inclusão de uma série de indicadores de maior detalhe e
profundidade, elegeram-se aqueles cujos dados para sua construção estivessem
disponíveis, bem como representassem de forma mais abrangente os elementos
indicados para avaliação, para esta fase dos estudos.
150
QUADRO 6.06- PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
COMPONENTE SÍNTESE: ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
151
Elementos de Parâmetros de Classificação
Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
Mudança nas
condições de
capitalização/descapi
talização pré- Interferência em
Interferências em Interferências entre Interferência em
existentes; mais de 5% das
menos de 1% das 1% e 5% das terras mais de 5% das
Alterações da rede terras municipais, e
terras municipais e municipais, mas em terras municipais, e
de relações das em áreas ocupadas
em áreas de baixa áreas de baixa em áreas de baixa
quais os grupos com atividades de
ocupação. ocupação. ocupação.
sociais urbanos produção.
dependem para
garantir a
sobrevivência
Interferências em Interferências em
extensões extensões
significativas de significativas de
terras e em terras e em
Interferência em Interferências entre caminhos e caminhos e
Ruptura dos vínculos menos de 1% das 1% e 5% das terras estradas de ligação estradas de ligação
de dependência terras municipais e municipais, mas em entre as cidades e entre as cidades e
entre rural e urbano em áreas de baixa áreas de baixa as zonas rurais; as zonas rurais;
ocupação. ocupação. canteiros de obra canteiros de obra
instalados em áreas instalados em áreas
próximas a cidades próximas a cidades
de maior de maior
expressão. expressão.
Alterações
ocasionadas em
áreas de pouca
Interferência em
ocupação humana Interferências entre Interferência em
mais de 5% das
Alteração das e pequena 1% e 5% das terras mais de 5% das
terras municipais, e
condicionantes intensidade de municipais, mas em terras municipais, e
em áreas ocupadas
ambientais utilização dos áreas de baixa em áreas de baixa
com atividades de
recursos naturais, ocupação. ocupação.
produção.
como água,
minerais, recursos
minerais e solos.
Interferências em
mais de 5% das
terras municipais e
Vínculos da
em áreas ocupadas
socialidade
Interferência em Interferências entre Interferência em com atividades de
comprometidos;
menos de 1% das 1% e 5% das terras mais de 5% das produção e
comprometimento da
terras municipais e municipais, mas em terras municipais, e alterações cujo
identidade sócio-
em áreas de baixa áreas de baixa em áreas de baixa resultado
cultural e de sua
ocupação. ocupação. ocupação. corresponde ao
expressão espaço-
acirramento de
temporal.
conflitos como por
exemplo, por terras
e trabalho.
152
QUADRO 6.08– PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
COMPONENTE SÍNTESE: ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL
153
QUADRO 6.09– PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
COMPONENTE SÍNTESE: BASE ECONÔMICA
154
Elementos de Parâmetros de Classificação
Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
hidrográfica
suprimidos: áreas
dotadas de
antrópicos.
potencial
biológico e
genétrico.
Características e
ordem de
São afetados São afetados
grandeza dos
indiretamente, parcialmente, com
recursos e
Não são afetados através da possibilidade de Potencial turístico
potencialidades
diretamente. supressão de infra- remanejamentos ou inviabilizado.
da bacia
estrutura de apoio desenvolvimento de
hidrográfica
ou de acesso. outros locais.
suprimidos:
potencial turístico
Interferências em
mais de 5% das
Diferencial de Interferências em
terras municipais e
arrecadação Interferência em Interferências entre mais de 5% das
em áreas ocupadas
tributária e das menos de 1% das 1% e 5% das terras terras municipais e
com atividades de
transferências de terras municipais. municipais. em áreas de alta
produção ou
receita ocupação.
densamente
ocupadas.
Esta classificação nominal foi convertida para uma escala ordinal, com apresentado
a seguir.
Baixo 0 – 0,40
155
5.7. QUADROS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 0,65 0,5 0,65 0,65 0,85
156
Sendo empreendimentos de pequeno porte, com barramentos de altura reduzida e
reservatórios com pouco alagamento, geram baixa alteração na fauna aquática e na
qualidade da água, bem como resultam em pequena perda de ecossistemas
aquáticos.
Este impacto torna-se relativamente mais critico na área da PCH Raposo, por se
tratar de empreendimento dotado de reservatório de maiores proporções, já em área
de planalto, poderá implicar em dificuldades para migração de espécies.
157
QUADRO 6.13– COMPONENTE SÍNTESE MODOS DE VIDA - Continuação
SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 0,90 0,90 0,90 0,80 0,90
O efeito mais severo será observado durante a realização das obras, quando haverá
um aumento da demanda por bens e serviços, decorrente do aumento da população
vinculada às obras das PCH’s.
158
QUADRO 6.14– COMPONENTE SÍNTESE ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL - CONTINUAÇÃO
Indicador Processo Critérios de Elementos de APROVEITAMENTOS
de Impacto Impactante Avaliação Avaliação Raposo Coxilha Rincão Penteado Santo
Rica Cristo
Acessibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
equipamentos G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
atingidos
Acessibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
extensão de infra-
Comprometi- G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
estrutura viária
mento dos atingida
fluxos de
circulação e Acessibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
comunicação articulações G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
intermodais atingidas
Reversibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
existência de
alternativas para as G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
rotas interrompidas
Comprometi- Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Perda Territorial: A
mento da base
superfície e
territorial relativa
participação no 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
à organização
território total do G
político-
município.
administrativa
SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 1,30 1,10 1,10 1,20 1,10
159
QUADRO 6.15– COMPONENTE SÍNTESE BASE ECONÔMICA
Indicador Processo Critérios de Elementos de Avaliação APROVEITAMENTOS
de Impacto Impactante Avaliação Raposo Coxilha Rincão Penteado Santo
Rica Cristo
Implantação Comprometi- A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
e operação mento das
Mercados afetados 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
do canteiro atividades G
de obras econômicas
Número e características A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
dos estabelecimentos
atingidos e quantitativo e G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
valor da produção afetada.
Comprometi-
mento das Atividades econômicas A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
atividades atingidas vinculadas ao rio G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
econômicas
Emprego e renda A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
suprimidos G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Mercados afetados
G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
grandeza dos recursos e A
potencialidades da bacia
Grau de 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
hidrográfica suprimidos: G
interferên-cia
jazidas minerais
nas
atividades Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
econômicas Formação do grandeza dos recursos e A
reservatório potencialidades da bacia
Comprometi- hidrográfica suprimidos: 0,30 0,10 0,10 0,10 0,10
mento das áreas de aptidão agrícola, G
potencialidade extrativisto
s com Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
destaque para grandeza dos recursos e A
usos da água potencialidades da bacia
hidrográfica suprimidos: 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
áreas dotadas de potencial G
biológico e genético
Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
A
grandeza dos recursos e
potencialidades da bacia 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
hidrográfica suprimidos: G
potencial turístico
Comprometi- A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Diferencial da arrecadação
mento das
tributária e das G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Finanças
transferências de receitas
Municipais
SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 1,30 1,10 1,10 1,10 1,10
160
5.8. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Componentes-Síntese
Aproveitamentos
Ecossistemas Ecossistemas Modos de Organização
Base Econômica
Terrestres Aquáticos Vida Territorial
Foi utilizada a média dos valores, em vez do Índice Máximo Teórico, conforme
sugerido no Manual da ELETROBRÁS, porque a maioria dos graus atribuídos ficou
na escala mais baixa e a utilização do grau maior não representaria o impacto sobre
a região, pois os graus maiores ocorreram pontualmente.
Ecossistemas
0,07
Terrestres 0,20 0,20 x 0,07 = 0,0180 0,0138
Ecossistemas
0,07
Aquáticos 0,17 0,17 x 0,07 = 0,0116 0,0116
Modos de Vida 0,11 0,29 0,11 x 0,29 = 0,0319 0,0319
Organização
0,15
Territorial 0,13 0,13x 0,15 = 0,0193 0,0193
Base Econômica 0,11 0,42 0,11 x 0,42 = 0,0479 0,0479
161
Os índices ambientais encontrados, para a alternativa de divisão de quedas do rio
Pelotinhas, são bastante baixos, conforme a escala definida no Quadro 6.10, o que
demonstra que, em termos ambientais, os aproveitamentos hidrelétricos analisados
não implicam em impactos significativos sobre o meio ambiente, podendo portanto
serem classificados como de baixo impacto ambiental.
162
6. PROGRAMAS AMBIENTAIS
163
6.2. PROGRAMA DE MONITORAMENTO LIMNOLÓGICO E DE QUALIDADE DA
ÁGUA
DQO; pH;
nitrato; amônia;
clorofila e feofitina.
164
6.3. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA
165
cidadania.
As aquisições de terras deverão ser realizadas até a cota que corresponde ao nível
do reservatório para a cheia de 100 anos de recorrência. As áreas a serem
desapropriadas, deverão ser liberadas em uma etapa a ser concluída
obrigatoriamente antes da etapa do desvio do rio.
166
6.8. DEFINIÇÃO DA MEDIDA COMPENSATÓRIA
Como alternativa para minimização desse impacto, sugere-se que seja definida uma
medida compensatória em comum acordo entre o empreendedor e o órgão
ambiental responsável, no caso a FATMA e nesse sentido, uma das possibilidades
de compensação ambiental seria o replantio de espécies nativas, principalmente
araucárias e demais espécies que ocorrem na formação florestal pertencente a
Floresta Ombrófila Mista , em Áreas de Preservação Permanente (APP) localizadas
nas proximidades dos empreendimentos buscando sua conectividade com a bacia
do rio Pelotas, onde deságuam seus mananciais (jusante), como também a
montante buscando conectividade com seus tributários de altitude. Da mesma
forma, poderá ser feito o enriquecimento dos remanescentes florestais mais
alterados. O número de árvores a serem replantadas e a área a ser recuperada,
neste caso, deverá ser definido pela FATMA.
167
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169
8. EQUIPE TÉCNICA
170