Estudo Ambiental Integrado Pelotinhas

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................1
2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS INVENTARIADOS...................2
2.1. POTENCIAIS ENERGÉTICOS...........................................................................3
2.2. DESCRIÇÃO DOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS..........................3
2.2.1. PCH Raposo.................................................................................................3
2.2.2. PCH Coxilha Rica.........................................................................................4
2.2.3. PCH Rincão...................................................................................................6
2.2.4. PCH Penteado..............................................................................................7
2.2.5. PCH Santo Cristo..........................................................................................9
3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL.................................................................................11
3.1. MEIO FÍSICO....................................................................................................11
3.1.1. Clima............................................................................................................11
3.1.2. Recursos Hídricos.......................................................................................14
3.1.3. Topografia....................................................................................................45
3.1.4. Geologia......................................................................................................45
3.1.5. Características Geotécnicas.......................................................................51
3.1.6. Solos...........................................................................................................53
3.2. MEIO BIÓTICO.................................................................................................76
3.2.1. Ecossistemas terrestres..............................................................................76
3.2.2. Ecossistemas Aquáticos (Ictiofauna)..........................................................99
3.3. MEIO SÓCIO ECONÔMICO...........................................................................116
3.3.1. Processo Histórico de Ocupação..............................................................116
3.3.2. Organização Político Administrativa..........................................................118
3.3.3. Demografia................................................................................................118
3.3.4. Infra-estrutura............................................................................................119
3.3.5. Aspectos Econômicos...............................................................................122
3.3.6. Educação..................................................................................................125
3.3.7. Saúde........................................................................................................125
3.3.8. Índice de Desenvolvimento Social – IDS..................................................126
3.3.9. Aspectos Culturais....................................................................................127
3.3.10. Patrimônio Arqueológico.........................................................................128
4. ANÁLISE INTEGRADA........................................................................................134
4.1. PROCESSOS E ATRIBUTOS FÍSICOS.........................................................135
4.1.1. Clima.........................................................................................................135
4.1.2. Geologia....................................................................................................135
4.1.3. Patrimônio Histórico..................................................................................136
4.2. COMPONENTES SÍNTESE............................................................................137
4.2.1. Ecossistema Terrestre...............................................................................137
4.2.2. Ecossistemas Aquáticos...........................................................................139
4.2.3. Modos de Vida..........................................................................................142
4.2.4. Organização Territorial..............................................................................144
4.2.5. Base Econômica.......................................................................................144
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL – ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E
ENQUADRAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS..................................................146
5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.........................................................................146
5.2. EMPREENDIMENTOS AVALIADOS..............................................................146
5.3. COMPONENTES-SÍNTESE...........................................................................147
5.4. COMPARTILHAMENTO ESPACIAL..............................................................150
5.5. CRITÉRIOS ADOTADOS PARA AVALIAÇÃO...............................................150
5.6. PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO..........................................................150
5.7. QUADROS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL....................................................156
5.8. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL..............................................161
6. PROGRAMAS AMBIENTAIS...............................................................................163
6.1. PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E DE
RECOMPOSIÇÃO DA MATA CILIAR...................................................................163
6.2. PROGRAMA DE MONITORAMENTO LIMNOLÓGICO E DE QUALIDADE DA
ÁGUA.....................................................................................................................164
6.3. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA..............................165
6.4. PROGRAMA DE LIMPEZA DOS RESERVATÓRIOS...................................165
6.5. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.................................................165
6.6. PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DAS AREAS DO EMPREENDIMENTO.......166
6.7. PROGRAMA DE SUPERVISÃO AMBIENTAL..............................................166
6.8. DEFINIÇÃO DA MEDIDA COMPENSATÓRIA..............................................167
7. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................168
8. equipe técnica.......................................................................................................170
1. INTRODUÇÃO

Neste relatório são apresentados os resultados do Estudo de Sustentabilidade


Ambiental para Implantação de Empreendimentos Hidrelétricos na Bacia
Hidrográfica do Rio Pelotinhas, que teve como objetivo principal compatibilizar os
aproveitamentos dos potenciais hidroenergéticos inventariados, aliados a uma
integração com os condicionantes sócio-ambientais na bacia.

Esse estudo visa analisar a viabilidade da implantação dos aproveitamentos


inventariados na bacia do rio Pelotinhas de forma integrada.

Os estudos foram desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar, que adotou uma
abordagem integrada dos aspectos que compõe o ambiente na análise dos impactos
ambientais.

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s), denominadas Raposo, Coxilha Rica,


Rincão, Penteado e Santo Cristo, possuem um potencial hidroenergético de 6,8 MW,
18,0 MW, 12,0 MW, 22,2 MW e 19,5 MW, respectivamente, o que equivale a um
potencial total de 78,5 MW.

Os estudos desenvolvidos visaram primeiramente organizar as informações


características dos empreendimentos de forma a possibilitar o dimensionamento e a
magnitude de seus impactos sobre o meio ambiente.

Para tanto, o ambiente foi caracterizado em seus aspectos físicos, bióticos e


antrópicos, os quais foram sintetizados e agrupados de modo a identificar as
interações entre os meios no contexto da bacia hidrográfica. Sendo assim, foram
caracterizados os componentes-síntese os quais são definidos como: ecossistema
terrestre, ecossistema aquático, modos de vida, organização territorial e base
econômica.,

A partir do cruzamento das características dos empreendimentos e os


condicionantes ambientais, foi realizada uma análise dos impactos ambientais e o
posterior enquadramento dos empreendimentos no que se refere a viabilidade
ambiental dos mesmos.

Por fim, os estudos visaram fazer indicações quanto a necessidade da implantação


de ações institucionais e estruturais, visando otimizar os usos dos recursos hídricos
no aproveitamento dos potenciais hidroenergéticos inventariados e nos demais usos
múltiplos existentes na bacia.

1
2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS INVENTARIADOS

Os aproveitamentos hidrelétricos estudados localizam-se no rio Pelotinhas, na bacia


de mesmo nome. Este rio é um afluente da margem direita do rio Pelotas, um dos
principais formadores do rio Uruguai. A bacia do rio Pelotinhas possui uma área de
drenagem total de aproximadamente 1.172 km 2.

A bacia do rio Pelotinhas se situa em sua totalidade no Estado de Santa Catarina


(Região Sudeste do Estado), como pode ser visto no desenho 4100/EA-PE-A3-001,
compreendendo os municípios de Lages, Painel e Capão Alto. A Bacia está
localizada entre as coordenadas geográficas 50º10’ a 50º42’ de longitude oeste e
27º57’ a 28º21’ de latitude sul.

O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 22 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização (4100/EA-
PE-A3-001 anexo).

Foram inventariados 5 (cinco) aproveitamentos no rio Pelotinhas entre o km 2,4 (a


partir da foz), correspondente a cota 647,00 m e o km 47, correspondente a cota
903,00 m, aproveitando, portanto um desnível de 256 m. A divisão de queda final é
mostrada no desenho 4100/EA-PE-A3-002 anexo. No quadro 2.1 abaixo são
apresentadas as características básicas locacionais dos aproveitamentos
inventariados na bacia do rio Pelotinhas.

QUADRO 2.1- CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS APROVEITAMENTOS INVENTARIADOS NA


BACIA DO RIO PELOTINHAS

Coordenadas
Área de Nível da Água (m) Queda (m)
PCH Vazão Geográficas
Drenagem
(m³/s)
(km²) Lat. Long. Montante Jusante Máxima Líquida
Raposo 605 22,9 28º11’03” 50º29’11” 920,00 890,00 30,0 28,7
Coxilha Rica 701 26,6 28º13’16” 50º32’16” 872,00 803,80 68,2 64,9
Rincão 747 28,4 28º15’34” 50º34’00” 802,00 757,00 45,0 44,0
Penteado 1.130 42,8 28º17’03” 50º37’00” 753,00 695,00 58,0 53,9
Santo Cristo 1.155 43,8 28º15’47” 50º40’00” 695,00 647,00 48,0 45,0

QUADRO 2.1- CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS APROVEITAMENTOS INVENTARIADOS NA


BACIA DO RIO PELOTINHAS (Continuação)

Adução Barramento Área


Tomada alagada
PCH Comprimento Altura
d’água Tipo material (km²)
(m) máxima (m)
Raposo Gravidade 200 Canal 17,5 CCR* 3,60
Coxilha Rica Gravidade 1583 túnel 23,0 CCR* 0,69
Rincão Gravidade 500 túnel 33,0 CCR* 0,66
Penteado Gravidade 934 túnel 28,0/42,0** CCR* 2,08
Santo Cristo Gravidade 890 túnel 37,0 CCR* 1,16

2
2.1. POTENCIAIS ENERGÉTICOS

Segundo os estudos de Inventário aprovados pela ANEEL e os Projetos Básicos


existentes dos empreendimentos propostos, os potenciais de geração de energia
elétrica são os apresentados no quadro 3.2 seguinte.

QUADRO 3.2- POTENCIAIS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

PCH Potência Energia Média Energia firme Turbinas


Instalada (MW) (MWmédios) (MWmédios)
Tipo Unidades

Raposo 6,8 3,72 3,16 Kaplan 2


Coxilha Rica 18,0 10,12 8,60 Francis 3
Rincão 12,0 6,54 5,57 Francis 3
Penteado 22,2 12,32 10,11 Francis 3
Santo Cristo 19,5 11,25 9,56 Francis 3

2.2. DESCRIÇÃO DOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS

2.2.1. PCH Raposo

O aproveitamento, com finalidade exclusiva de geração, situa-se no rio Pelotinhas à


aproximadamente 46 km de sua foz, no município de Lages, sendo suas
coordenadas 28º 11’ 03’’ Sul e 50º 29’ 11’’ Oeste.

O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 58 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 26 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.

A barragem está localizada em um vale fechado em que a ombreira direita apresenta


declividade da ordem de 27º e a ombreira esquerda declividade da ordem de 32º. No
local do barramento, o rio Pelotinhas, em condições normais, possui 100 m de
largura e 0,5 m de profundidade. No local do projeto foi locado um canal de adução
na margem direita que deriva o rio por apenas 300 m, aproveitando um desnível de
água natural da ordem de 12 m.

A barragem proposta é de concreto compactado a rolo com vertedouro incorporado,


tendo 17,5 m de altura máxima e 178 m de comprimento total, sendo que o trecho
do vertedouro de soleira livre representa 120 m de comprimento, com a crista na
elevação 920 m. A fundação da barragem na calha do rio é composta por rocha sã
de basalto.

Para a construção da barragem, o rio será desviado através de etapas construtivas


que possibilitam o desvio final por duas adufas com seção retangular de 3,0 m de
largura por 3,0 m de altura e 15 m de comprimento. Esta estrutura está localizada na
margem esquerda e dimensionada para uma cheia de 228 m 3/s, correspondente a 2
anos de recorrência do período seco, protegendo os primeiros metros de execução
da barragem de concreto, que permite o galgamento durante enchentes maiores. A

3
operação de fechamento destas adufas será feita por meio de duas comportas
ensecadeira.

O vertedouro, situado sobre a barragem, foi dimensionado para a vazão de 2.503


m3/s, correspondendo a vazão decamilenar, resultando em uma extensão de soleira
livre de 120 m, com uma sobrelevação máxima de 4,7 m. Para a vazão média diária
da cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão de 1.000 m³/s, a
sobrelevação do reservatório resulta em 2,55 m. Portanto, a elevação a ser adotada
para a desapropriação do reservatório resulta em 922,55 m.

As estruturas de adução e geração estão localizadas na margem esquerda do rio,


sendo que o arranjo proposto aproveita a queda natural do rio da ordem de 12 m.

A tomada de água é do tipo gravidade aliviada com 12 m de altura e 5 m de largura.


Na entrada desta tomada de água foi prevista uma grade destinada a retenção de
detritos e nesta estrutura está sendo prevista a instalação de duas comportas
ensecadeiras com seção de 2.0 m de largura por 3,75 m de altura.

A adução será feita por meio de um canal de adução com 6 m de largura e 5 m de


altura, com fundo na cota 912 m, possuindo 200 m de extensão.

O trecho blindado possui 2 tubulações com diâmetro de 2,00 m, com 125 m. Junto à
casa de força, os condutos serão equipados com válvulas de fechamento de
emergência do tipo borboleta.

A casa de força é do tipo abrigada com duas unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo tubular de eixo horizontal e acoplamento a montante diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 3,4 MW, perfazendo uma potência total de
6,8 MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 16,25 m 3/s, totalizando 26,5 m3/s.

O reservatório com área de 360 ha e de 13,7 km extensão, relativo ao nível de água


máximo normal mais a sobrelevação correspondente a cheia de 100 anos de
recorrência e a faixa de proteção, inundará áreas do município de Lages.

O desenho 4100/EA-PE-A3-003 anexo, apresenta o arranjo proposto para o


aproveitamento hidrelétrico de Raposo.

2.2.2. PCH Coxilha Rica

O aproveitamento, com finalidade exclusiva de geração, situa-se no rio Pelotinhas, à


aproximadamente 35 km de sua foz, no município de Lages, sendo suas
coordenadas 28º 13’ 16’’ Sul e 50º 32’ 16’’ Oeste.

O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 22 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.

A barragem está localizada em um vale fechado em que a ombreira direita apresenta


declividade da ordem de 14º e a ombreira esquerda possui declividade da ordem de
26º. No local do barramento, o rio Pelotinhas, em condições normais, possui 80 m de
largura e 1 m de profundidade. No local do projeto, na margem direita, foi locado um

4
túnel de adução que deriva o rio por 2,4 km, aproveitando um desnível de água
natural da ordem de 48 m.

A barragem principal proposta é de concreto compactado a rolo com vertedouro


incorporado, tendo 23 m de altura máxima e 200 m de comprimento total, sendo que
o trecho do vertedouro de soleira livre representa 130 m de comprimento, com a
crista na elevação 872 m. A fundação da barragem na calha do rio é composta por
rocha sã de basalto. Na margem direita o barramento é complementado por uma
barragem de terra com 28 m de altura máxima e 290 m de comprimento.

Para a construção da barragem, o rio será desviado através de etapas construtivas


que possibilitam o desvio final por três adufas com seção retangular de 3 m de
largura por 3,0 m de altura e 23 m de comprimento. Esta estrutura localizada na
margem direita e dimensionada para uma cheia de 264 m 3/s, correspondente a 2
anos de recorrência do período seco, protegendo os primeiros metros de execução
da barragem de concreto. A operação de fechamento destas adufas será feita por
meio de duas comportas ensecadeira.

O vertedouro, situado sobre a barragem, foi dimensionado para a vazão de 2.900


m3/s, correspondendo a vazão decamilenar, resultando em uma extensão de soleira
livre de 130 m, com uma sobrelevação máxima de 4,90 m. Para a vazão média
diária da cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão de 1.159 m³/s,
a sobrelevação do reservatório resulta em 2,71 m. Portanto, a elevação a ser
adotada para a desapropriação do reservatório resulta em 874,71 m.

As estruturas de adução e geração estão localizadas na margem direita do rio,


sendo que o arranjo proposto aproveita a queda natural do rio da ordem de 48 m.

A tomada de água é do tipo gravidade aliviada com 17 m de altura e 5 m de largura.


Na entrada desta tomada de água foi prevista uma grade destinada a retenção de
detritos e nesta estrutura está sendo prevista a instalação de uma comporta
ensecadeira com seção de 2,4 m de largura por 3 m de altura.

A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo com
diâmetro de 4,2 m, com elevação variando da cota 861,00 m a 834,9 m, e possuindo
1.260 m de extensão.

O trecho blindado possui diâmetro de 2,80 m, sendo 30 m internos ao túnel de


adução e 60 m de conduto forçado externo. A ramificação para as três unidades tem
diâmetro de 1,65 m. Junto à casa de força, os condutos serão equipados com
válvulas de fechamento de emergência do tipo borboleta.

A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor simples, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 5,8 MW, perfazendo uma potência total de
17,4 MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 10 m 3/s, totalizando 30 m3/s.

O reservatório com área de 113 ha e de 6,05 km extensão, relativo ao nível de água


máximo normal mais a sobrelevação correspondente a cheia de 100 anos de
recorrência e a faixa de proteção, inundará áreas do município de Lages.

5
O desenho 4100/EA-PE-A3-004 anexo, apresenta o arranjo proposto para o
aproveitamento hidrelétrico de Coxilha Rica.

2.2.3. PCH Rincão

O aproveitamento, com finalidade exclusiva de geração, situa-se no rio Pelotinhas, à


aproximadamente 28,1 km de sua foz, no município de Lages, sendo suas
coordenadas 28º 15’ 34’’ Sul e 50º 34’ 00’’ Oeste.

O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 25 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.

A barragem está localizada em um vale fechado em que a ombreira direita apresenta


declividade da ordem de 27º e a ombreira esquerda declividade da ordem de 32º. No
local do barramento, o rio Pelotinhas, em condições normais, possui 26 m de largura
e 1 m de profundidade. No local do projeto foi locado um túnel forçado que deriva o
rio por 3 km, aproveitando um desnível de água natural da ordem de 13 m.

A barragem proposta é de concreto compactado a rolo com vertedouro incorporado,


tendo 33 m de altura máxima e 212 m de comprimento total, sendo que o trecho do
vertedouro de soleira livre representa 110 m de comprimento, com a crista na
elevação 803 m. A fundação da barragem na calha do rio é composta por rocha sã
de basalto.

Para a construção da barragem, o rio será desviado através de etapas construtivas


que possibilitam o desvio final por duas adufas com seção retangular de 3.5 m de
largura por 6,0 m de altura e 25 m de comprimento, localizadas na margem
esquerda e dimensionadas para uma cheia de 281 m 3/s, correspondente a 2 anos de
recorrência do período seco, protegendo os primeiros 10 metros de execução da
barragem de concreto. A operação de fechamento destas adufas será feita por meio
de duas comportas ensecadeira.

O vertedouro, situado sobre a barragem, foi dimensionado para uma vazão de 3.090
m3/s, correspondendo a cheia decamilenar, resultando em uma extensão de soleira
livre de 110 m, com uma sobrelevação máxima de 5,8 m. Para a vazão média diária
da cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão de 1.235 m³/s, a
sobrelevação do reservatório resulta em 2,83 m. Portanto, a elevação a ser adotada
para a desapropriação do reservatório resulta em 805,83 m.

As estruturas de adução e geração estão localizadas na margem esquerda do rio,


sendo que o arranjo proposto aproveita a queda natural do rio da ordem de 13 m.

A tomada de água é do tipo gravidade aliviada com 19 m de altura e 5 m de largura.


Na entrada desta tomada de água foi prevista uma grade destinada a retenção de
detritos e nesta estrutura está sendo prevista a instalação de uma comporta
ensecadeira com seção de 2.6 m de largura por 3 m de altura.

A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo com
diâmetro de 4 m, com elevação variando da cota 790,00 m a 780,00 m, possui 500
m de extensão.

6
O trecho blindado possui diâmetro de 2,80 m, sendo 25 m internos ao túnel de
adução e 89 m de conduto forçado externo. A ramificação para as três unidades tem
diâmetro de 1,60 m. Junto à casa de força, os condutos serão equipados com
válvulas de fechamento de emergência do tipo borboleta.

A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor duplo, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 4 MW, perfazendo uma potência total de 12
MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 10.33 m 3/s, totalizando 31 m3/s.

O reservatório com área de 66 ha e de 6,1 km extensão, relativo ao nível de água


máximo normal mais a sobrelevação correspondente a cheia de 100 anos de
recorrência e a faixa de proteção, inundará áreas do município de Lages.

O desenho 4100/EA-PE-A3-005 anexo, apresenta o arranjo proposto para o


aproveitamento hidrelétrico de Rincão.

2.2.4. PCH Penteado

O aproveitamento, com dois barramentos, um no rio Pelotinhas e outro no rio


Penteado, com finalidade exclusiva de geração, situa-se no rio Pelotinhas, à
aproximadamente 16.8 Km de sua foz, entre os municípios de Capão Alto e Lages,
sendo suas coordenadas 28º 17’ 03’’ Sul e 50º 37’ 00’’ Oeste.

O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, seguindo para o Sul pela BR-
116 por 66 km e, posteriormente, seguindo para o Leste até o rio Pelotinhas, por
mais 33 km em estrada não pavimentada, conforme mapa de localização anexo.

A barragem no rio Pelotinhas está localizada em um vale fechado em que a ombreira


direita apresenta declividade da ordem de 11º e a ombreira esquerda declividade da
ordem de 41º. No local do barramento, o rio Pelotinhas, em condições normais,
possui 32 m de largura e 1 m de profundidade.

A barragem no rio Penteado também está localizada em um vale fechado em que a


ombreira direita apresenta declividade da ordem de 42º e a ombreira esquerda
declividade da ordem de 30º. No local do barramento, o rio Penteado, em condições
normais, possui 20 m de largura e 1 m de profundidade.

No local do projeto foi locado um túnel de adução que deriva o rio por 3 km,
aproveitando um desnível de água natural da ordem de 30 m.

A barragem proposta no rio Pelotinhas é parte de concreto compactado a rolo com


vertedouro incorporado, tendo 28 m de altura máxima e 158 m de comprimento total.
Para fechamento da ombreira direita a barragem é de terra, sendo que o trecho do
vertedouro de soleira livre representa 130 m de comprimento, com a crista na
elevação 753 m. A fundação da barragem na calha do rio é composta por rocha sã
de basalto.

Para a construção da barragem, o rio Pelotinhas será desviado através de etapas


construtivas que possibilitam o desvio final por duas adufas com seção retangular de
5 m de largura por 6,0 m de altura e 25 m de comprimento, localizado na margem
7
esquerda e dimensionado para uma cheia de 305 m 3/s, correspondente a 2 anos de
recorrência do período seco, protegendo os primeiros metros de execução da
barragem de concreto. A operação de fechamento destas adufas será feita por meio
de duas comportas ensecadeira.

O vertedouro, situado sobre a barragem do rio Pelotinhas, foi dimensionado para a


vazão de 3.350 m3/s, correspondendo a cheia decamilenar, resultando em uma
extensão de soleira livre 130 m, com uma sobrelevação máxima de 5,5 m. Para a
vazão média diária da cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão
de 1.338 m³/s, a sobrelevação do reservatório resulta em 2,98 m. Portanto, a
elevação a ser adotada para a desapropriação do reservatório resulta em 755,98 m.

A barragem proposta no rio Penteado é de concreto compactado a rolo com


vertedouro incorporado, tendo 42 m de altura máxima e 216 m de comprimento total,
sendo que o trecho do vertedouro de soleira livre representa 95 m de comprimento,
com a crista na elevação 753 m. A fundação da barragem na calha do rio é
composta por rocha sã de basalto.

Para a construção da barragem no rio Penteado, o desvio será efetuado através de


etapas construtivas que possibilitam o desvio final por uma adufa com seção
quadrada de 3,0 m de largura por 3,0 m de altura e 35 m de comprimento, localizado
na margem esquerda e dimensionado para uma cheia de 128 m 3/s, correspondente
a 2 anos de recorrência do período seco, protegendo os primeiros 6 metros de
execução da barragem de concreto.

O vertedouro, situado sobre a barragem do rio Penteado, foi dimensionado para a


vazão de 1.409 m3/s, correspondendo a cheia decamilenar, resultando em uma
extensão de soleira livre 95 m, com uma sobrelevação máxima de 3,80 m. Para a
vazão média diária da cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão
de 528 m³/s, a sobrelevação do reservatório resulta em 1,98 m. Portanto, a elevação
a ser adotada para a desapropriação do reservatório resulta em 754,98 m.

As estruturas de adução e geração estão localizadas na margem esquerda do rio


Pelotinhas, sendo que o arranjo proposto aproveita a queda natural do rio da ordem
de 25 m.

A tomada de água no rio Pelotinhas é do tipo gravidade aliviada com 19 m de altura


e 6 m de largura. Na entrada desta tomada de água foi prevista uma grade
destinada a retenção de detritos e nesta estrutura está sendo prevista a instalação
de uma comporta ensecadeira com seção de 2.6 m de largura por 3 m de altura.

A tomada de água no rio Penteado é do tipo gravidade aliviada com 18 m de altura


e 4 m de largura. Na entrada desta tomada de água foi prevista uma grade
destinada a retenção de detritos e nesta estrutura está sendo prevista a instalação
de uma comporta ensecadeira com seção de 2 m de largura por 2 m de altura.

A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo, com
diâmetro de 4,6 m em 929 m, 4,8 m em 509 m, com elevação variando da cota
741,00 m a 726,00 m. A interligação entre os dois rios é realizada através de um
túnel com 425 m com 3 m de diâmetro, conectando diretamente ao túnel adutor
principal na estaca 929.

8
O trecho blindado possui diâmetro de 3,4 m, sendo 42 m internos ao túnel de
adução e 192 m de conduto forçado externo, a ramificação para as três unidades
tem diâmetro de 1,90 m. Junto à casa de força, os condutos serão equipados com
válvulas de fechamento de emergência do tipo borboleta.

A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor duplo, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 7,4 MW, perfazendo uma potência total de 22,2
MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 15,5 m 3/s, totalizando 46,6 m3/s.

O reservatório com área de 208 ha e de 8,2 km extensão, relativo ao nível de água


máximo normal mais a sobrelevação correspondente à cheia de 100 anos de
recorrência e a faixa de proteção, inundará áreas dos municípios de Capão Alto e
Lages.

O desenho 4100/EA-PE-A3-006 anexo, apresenta o arranjo proposto para o


aproveitamento hidrelétrico de Penteado.

2.2.5. PCH Santo Cristo

O aproveitamento, com finalidade exclusiva de geração, situa-se no rio Pelotinhas, à


aproximadamente 5 Km de sua foz, entre os municípios de Capão Alto e Lages,
sendo suas coordenadas 28º 15’ 47’’ Sul e 50º 40’ 00’’ Oeste.

O acesso ao local se faz a partir da cidade de Lages, para o sul, percorrendo 66 km


pela BR 116 e por mais 34 km de estrada não pavimentada, para o leste, até o rio
Pelotinhas, conforme mapa de localização.

A barragem está localizada em um vale fechado em que a ombreira direita apresenta


declividade da ordem de 22º e a ombreira esquerda após a planície de inundação
possui declividade da ordem de 30º. No local do barramento, o rio Pelotinhas, em
condições normais, possui 30 m de largura e 1 m de profundidade. No local do
projeto foi locado um túnel forçado que deriva o rio por 2.2 km, aproveitando um
desnível de água natural da ordem de 15 m. Informações adicionais podem ser
obtidas no Capítulo Topografia e Cartografia, deste relatório.

A barragem proposta é de concreto compactado a rolo com vertedouro incorporado,


tendo 37 m de altura máxima e 210 m de comprimento total, sendo que o trecho do
vertedouro de soleira livre representa 110 m de comprimento, com a crista na
elevação 695 m. A fundação da barragem na calha do rio é composta por rocha sã
de basalto.

Para a construção da barragem, o rio será desviado através etapas construtivas que
possibilitam o desvio final por duas adufas com seção retangular de 4 m de largura
por 7,0 m de altura e 32 m de comprimento, localizado na margem esquerda e
dimensionado para uma cheia de 419 m 3/s, correspondente a 2 anos de recorrência
do período seco, protegendo os primeiros 10 metros de execução da barragem de
concreto. A operação de fechamento destas adufas será feita por meio de duas
comportas ensecadeira.

9
O vertedouro, situado sobre a barragem, foi dimensionado para a vazão de 4.603
m3/s, correspondendo a cheia decamilenar, resultando em uma extensão de soleira
livre 130 m, com uma sobrelevação máxima de 6,6 m. Para a vazão média diária da
cheia de 100 anos de recorrência, correspondente a vazão de 1.910 m³/s, a
sobrelevação do reservatório resulta em 3,78 m. Portanto, a elevação a ser adotada
para a desapropriação do reservatório resulta em 697.58 m.

As estruturas de adução e geração estão localizadas na margem esquerda do rio,


sendo que o arranjo proposto aproveita a queda natural do rio da ordem de 15 m.

A tomada de água é do tipo gravidade aliviada com 19 m de altura e 6 m de largura.


Na entrada desta tomada de água foi prevista uma grade destinada a retenção de
detritos e nesta estrutura está sendo prevista a instalação de uma comporta
ensecadeira com seção de 3 m de largura por 4 m de altura.

A adução será feita por meio de um túnel adutor de seção arco retângulo com
diâmetro de 4.8 m, com elevação variando da cota 682,50 m a 650,00 m, possui 865
m de extensão.

O trecho blindado possui diâmetro de 3,40 m, sendo 30 m internos ao túnel de


adução e 36 m de conduto forçado externo, a ramificação para as três unidades tem
diâmetro de 1,90 m. Junto à casa de força, os condutos serão equipados com
válvulas de fechamento de emergência do tipo borboleta.

A casa de força é do tipo abrigada com três unidades geradoras equipadas com
turbinas tipo Francis de eixo horizontal com rotor duplo, acoplada diretamente aos
geradores síncronos, trifásicos, previstos para interligação ao sistema. As unidades
geradoras terão potência unitária de 6,46 MW, perfazendo uma potência total de
19,4 MW. A vazão turbinada em cada máquina é de 16,2 m 3/s, totalizando 48,6 m3/s.

O reservatório com área de 130 ha e de 9,1 km extensão, relativo ao nível de água


máximo normal mais a sobrelevação correspondente a cheia de 100 anos de
recorrência e a faixa de proteção, inundará áreas dos municípios de Capão Alto e
Lages.

O desenho 4100/EA-PE-A3-007 anexo, apresenta o arranjo proposto para o


aproveitamento hidrelétrico de Santo Cristo.

10
3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

3.1. MEIO FÍSICO

3.1.1. Clima

A bacia do rio Pelotinhas tem suas nascentes na Serra Geral, tendo suas altitudes
máximas no seu limite Nordeste, com altitudes da ordem de 1.200 m, nos seus
divisores. Os fatores genéticos dinâmicos são os mesmos para todo o Sul do Brasil,
sendo portanto, a latitude, a altitude, a orientação do relevo e a continentalidade, os
fatores estáticos encarregados de caracterizar as diferenças próprias da bacia.

Os fatores dinâmicos geradores do clima mais importantes são o anticiclone móvel


polar da América do Sul e o anticiclone do Atlântico Sul. O anticiclone polar tem
muita importância no clima da região, por constituir uma fonte de ar frio dotado de
grande mobilidade. O anticiclone do Atlântico Sul constitui uma massa de ar tropical
marítima, que com sua subsidência inferior e conseqüente inversão de temperatura,
mantém a estabilidade do tempo e a umidade limitada à camada superficial.

Na bacia, especialmente no inverno e início da primavera, há predominância de


tempo bom com dias ensolarados, porém interrompidos por seqüências de dias
chuvosos, decorrentes da frente polar. As linhas de instabilidade tropical ocasionam
dias de chuvas intensas e de curta duração, em particular no final da primavera e no
verão.

3.1.1.1. Dados Climatológicos Utilizados

Os estudos climáticos realizados para a bacia do rio Pelotinhas, tiveram como base
os dados observados em 2 estações, que são mostradas no quadro 3.1 seguinte.

QUADRO 3.1- ESTAÇÕES UTILIZADAS

Código do DNAEE Estação Período Disponível Elementos utilizados

02750007 Painel 1958 - 1999 P


02750005 Lages 1913 - 1999 P; T; UR; INS; V

ABREVIATURAS: P – Chuva; T - Temperatura; UR - Umidade Relativa; INS - Insolação; V - Vento

3.1.1.2. Zoneamento Climático

Para a caracterização climatológica da bacia do rio Pelotinhas, foram coletadas


informações mensais relativas a temperaturas médias, umidade relativa, horas de
insolação, velocidade média do vento, precipitação e radiação solar, na estação
climatológica de Lages indicada no quadro 3.1.

Utilizando-se a classificação de Köeppen, pode-se concluir que o clima


predominante na bacia é do tipo Cf, isto é, temperado chuvoso de ambiente úmido.
Dentro desse tipo geral foi reconhecida a classe Cfkbg’, que correspondente a um
clima considerado “frio”, com temperatura média anual inferior a 18 ºC e
temperatura média do mês mais quente compreendida entre 18 ºC e 22 ºC.

11
3.1.1.3. Temperatura e Regime de Ventos

Na bacia, a temperatura média anual de longo período está em torno de 15 ºC,


apresentando uma distribuição espacial bem regular, com variações de 21 ºC em
janeiro a 12 ºC em julho (médias mensais). A sua distribuição no tempo é típica das
zonas temperadas, com máximas no trimestre de dezembro a fevereiro e mínimas
no trimestre de junho a agosto. As temperaturas máximas podem alcançar até 34 ºC
(no verão) enquanto que as mínimas podem atingir até –5 ºC durante os meses de
inverno.

As velocidades médias do vento na bacia, de um modo geral são baixas, com


valores em torno de 3,0 m/s. A direção predominante do vento inclui geralmente a
componente Leste (ventos de Sudeste e Nordeste). Nos meses do outono e inverno
também são freqüentes os ventos de componente Norte.

Na região dos aproveitamentos hidrelétricos inventariados, as velocidades médias


anuais, de acordo com os registros da estação climatológica mais próxima, são da
ordem de 2,5 m/s. A direção dominante é a do quadrante sudeste, para a qual os
registros indicam os ventos de maior intensidade. Velocidades máximas de até 25,0
m/s, para ventos com duração superior a uma hora foram registrados nesta direção.

3.1.1.4. Regime Pluviométrico

O regime pluvial da bacia foi definido com base nos dados de precipitações totais
diárias observados nas duas estações mostradas no quadro 3.1. As características
resultantes são próprias de uma região de transição.

A precipitação total média anual varia em torno de 1.500 mm. No período analisado
ocorreu um máximo de 2350 mm em 1983 e um mínimo de 1.070 mm em 1978. A
sua variação espacial é pouco acentuada, variando de 1.400 a 1.600 mm, conforme
mostra o mapa de isoietas do desenho 4100/EA-PE-A3-008. Este mapa foi
determinado durante os estudos de viabilidade da UHE Machadinho localizada no rio
Pelotas, tendo sido utilizados para a sua confecção, 31 estações pluviométricas
localizadas na sua bacia de contribuição.

Em relação a variação sazonal, as precipitações totais médias mensais de longo


período apresentam máximas relativas nos períodos de setembro a fevereiro e
mínimas relativas nos períodos de março a junho. Entretanto, estas médias não são
muito representativas para fins de previsão pluviométrica, uma vez que a variação
interanual das precipitações é muito grande. O quadro 3.2 apresenta os valores das
chuvas totais mensais características na estação pluviométrica de Coxilha Rica.

Em termos de chuvas intensas de curta duração (inferiores a 24 horas), importantes


para o dimensionamento de obras de drenagem pluvial, foi determinada com base
nos dados de chuva da estação pluviométrica de Coxilha Rica, a equação de chuvas
intensas mostrada a seguir:

P = 1045,53TR
0,1915

(D  9,77)0,8114

onde: P = precipitação em mm/hora

12
TR = tempo de recorrência em anos
D = duração da chuva em minutos

O desenho 4100/EA-PE-A3-008 apresenta um gráfico com as curvas de precipitação


x duração para diferentes tempos de recorrência, obtidas a partir da equação acima.

QUADRO 3.2- CHUVAS TOTAIS MÉDIAS MENSAIS NA ESTAÇÃO DE COXILHA RICA

Precipitação Média Precipitação Máxima Precipitação Mínima


Mês (mm) (mm) (mm)
JAN 137,1 268,8 24,5
FEV 141,9 401,8 51,1
MAR 105,3 184,3 23,2
ABR 96,9 232,3 8,1
MAI 91,9 305,5 5,0
JUN 100,1 242,4 9,4
JUL 127,0 676,5 34,0
AGO 133,7 412,0 0,0
SET 156,2 474,2 48,4
OUT 125,6 339,7 26,7
NOV 120,5 475,7 13,8
DEZ 105,0 231,0 17,8
ANUAL 1445,5 2282,8 840,8

3.1.1.5. Demais Características Climáticas

O quadro 3.3 apresenta os valores médios de longo período, para a região do


aproveitamento hidrelétrico, de outros elementos definidores das características
climáticas, quais sejam, radiação solar, insolação, evaporação e umidade relativa.

QUADRO 3.3- VALORES MÉDIOS DE OUTROS ELEMENTOS CLIMÁTICOS

Elemento Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual

Radiação 15,5 13,6 12,6 10,4 9,2 7,0 7,4 8,9 10,4 12,7 14,4 15,8 15,8
Insolação 6,8 6,6 5,9 5,5 5,6 4,9 5,2 5,5 4,2 5,6 6,7 7,4 7,4
Evapotrans-
139 116 102 79 61 45 52 64 73 100 123 143 143
piração
Umidade 76,3 78,3 79,1 79,2 80,3 79,6 77,5 75,6 75,4 73,9 72,5 71,8 71,8

Observação: Radiação solar em Kcal/cm2/mês; Umidade relativa em %; Insolação em horas/dia;


Evaporação em mm

A bacia hidrográfica do rio Pelotinhas recebe em toda a sua extensão praticamente a


mesma intensidade de radiação solar extraterrestre, variando entre um mínimo de
8 mm/dia de evaporação equivalente, em junho, e um máximo de 18 mm/dia de
13
evaporação, em dezembro. A parcela dessa radiação que atinge a superfície da terra
segue, em geral, a mesma variação sazonal, com alterações decorrentes apenas de
fatores locais.

Com relação a insolação, as observações disponíveis mostram os valores mínimos


ocorrendo nos meses de inverno, sendo este comportamento explicado pela
freqüência de nebulosidade e precipitações nestes meses. Os meses de verão são
os que apresentam um maior número médio de horas de sol. A insolação média
anual na região é de 6,3 horas/dia, com um máximo ocorrendo em dezembro (média
de 7,4 horas/dia) e um mínimo ocorrendo em setembro, com médias de 4,2
horas/dia.

A evapotranspiração potencial calculada com base no método da radiação para a


estação climatológica de Lages, apresenta valores relativamente moderados na
bacia do rio Pelotinhas, com valores variando entre um máximo de 1.250 mm/ano e
um mínimo de 1.050 mm/ano. A evapotranspiração anual média na região em que se
encontram localizados os aproveitamentos hidrelétricos inventariados é de
aproximadamente 1.150 mm.

Quanto a umidade relativa, a bacia se caracteriza como uma região de ambiente


sempre úmido, com valores médios anuais em torno de 77%, sendo que dezembro é
o mês mais seco, com uma média de 71,8%, enquanto que junho é o mês mais
úmido, com uma média de 80,3%.

O desenho 4100/EA-PE-A3-008 apresenta os valores característicos de longo termo


dos principais elementos climáticos.

3.1.2. Recursos Hídricos

A rede hidrográfica do Estado de Santa Catarina é constituida por dois sistemas


independentes de drenagem: sistema integrado da vertente do interior, onde
destacam-se as bacias do Paraná e do Uruguai e o sistema da vertente atlântica,
formado por um conjunto de bacias isoladas.

Estes sistemas de drenagem tem a Serra Geral como grande divisor de águas e na
porção norte do estado, a Serra do Mar. Desta forma as águas drenadas pelas
bacias do rio Uruguai e do rio Iguaçu escoam para o interior do continente tendo
como destino final o complexo da bacia do Prata. As águas drenadas pela vertente
do Atlântico, que tem como maior bacia a do rio Itajaí-Açu, escoam no sentido
oposto, desaguando no oceano Atlântico.

O sistema da vertente do interior ocupa uma área de 60.123 km², equivalente a 63%
do território catarinense. Neste sistema destaca-se a bacia do rio Uruguai com
49.573 km² e uma extensão de 2300 km, da cabeceira principal até a foz do rio
Peperi-Guaçu. Esta bacia é composta pelas seguintes sub-bacias principais: Peperi-
Guaçu, das Antas, Chapecó, Irani, Jacutinga, do Peixe, Canoas e Pelotas. As águas
do rio Pelotinhas contribuem para o sistema de drenagem da vertente do interior,
constituindo a sub-bacia do rio Pelotas, que é o segundo maior contribuinte do rio
Uruguai.

14
Ainda faz parte do mesmo sistema a bacia do rio Iguaçu, com área de 10.612 km²,
apresentando como principais sub-bacias as dos rios Negro, Canoinhas e Timbó.

Na vertente do interior os rios apresentam, via de regra, seus perfis longitudinais


com longo percurso e ocorrência de inúmeras quedas d’água, o que representa para
a região, um importante potencial hidroenergético.

Observando o regime fluvial dos rios catarinenses, pode-se concluir que são um
reflexo da boa regularidade de distribuição da pluviometria que ocorre na região,
onde a inexistência de déficit hídrico leva a um abastecimento normal dos
mananciais durante todo o ano. Porém pode-se distinguir as épocas de máximas,
que acontecem no inverno e na primavera, e as mínimas vazões registradas no
verão e no outono, prolongando-se até o início do inverno, como é característico das
regiões de clima subtropical.

3.1.2.1. Rio Pelotinhas

A bacia do rio Pelotinhas se situa em sua totalidade no Estado de Santa Catarina


(Região Sudeste do Estado), compreendendo os municípios de Lages, Painel e
Capão Alto. A Bacia está localizada entre as coordenadas geográficas 50º10’ a
50º42’ de longitude oeste e 27º57’ a 28º21’ de latitude sul. Até a sua confluência com
o rio Pelotas drena uma extensão territorial de aproximadamente 1.172 km 2.

O regime fluvial desta bacia mostra uma vazão mais acentuada no mês de
setembro. No verão as chuvas ocorrem com irregularidade e ainda é alta a
evapotranspiração. As vazantes mais acentuadas ocorrem de janeiro a abril. São
sempre significativas as amplitudes entre as máximas e as mínimas. O regime de
cheias é torrencial o que provoca níveis d’água muito elevados durante as grandes
cheias.

O rio Pelotinhas nasce na Serra da Farofa, componente da Serra Geral,


aproximadamente na elevação 1.200,00 m, a 4 km ao sul da cidade de Painel,
escoando em direção sul com uma extensão total de 113 km e um desnível de 560
m até a sua foz, no rio Pelotas. Neste ponto, o rio Pelotas será afetado futuramente
pelo reservatório da UHE Barra Grande, atualmente em fase de implantação, e que
terá seu nível máximo normal de operação na elevação 647,00 m.

Ao longo do percurso o rio Pelotinhas apresenta praticamente a mesma


característica topográfica, conforme pode ser visto pela figura 3.1. O principal
tributário do rio Pelotinhas, pela sua margem esquerda, é o rio Penteado. Os demais
tributários são pequenos riachos e arroios. A declividade média é muito acentuada,
com aproximadamente 0,00495 m/m, o relevo muito acidentado, com vales em
forma de V e muito encaixados.

A fisiografia da bacia, representada de maneira simplificada através do perfil natural


do rio Pelotinhas, permite o reconhecimento de três sub-áreas, como evidenciado na

Figura 3.1.

A primeira sub-área, de amplitude limitada a um trecho inferior a 10 km do curso do


rio Pelotinhas, caracteriza as nascentes do rio Pelotinhas, junto à Serra da Farofa. É

15
um trecho de forte declividade, com drenagem reduzida e fortes oscilações de
vazão, associadas às enxurradas.

A segunda sub-área apresenta como paisagem dominante sistemas eminentemente


planálticos, com baixa velocidade, ocasionalmente interrompidas por pequenas
corredeiras associadas a lajeados. A drenagem é de média densidade padrão
subdendrítico, com vales mais ou menos abertos. O sistema como um todo
apresenta reduzida diversidade de ambientes, tanto no que se refere às
características do canal principal como quanto à rede de drenagem associada.

Ao longo do gradiente lótico, na unidade 3, observa-se o aumento na complexidade


do sistema, tanto pelo incremento na rede de drenagem quanto pela formação de
maior quantidade de situações ambientais dentro do canal principal.

FIGURA 3.1– SUB-ÁREAS DO RIO PELOTINHAS

1.200

1.100

1.000
Elevação (m)

900

800

700

600
0 20 40 60 80 100 120

Distância à foz (km)

3.1.2.2. Classificação das Águas do Rio Pelotinhas

Para garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, são estabelecidas diferentes
classes de qualidade. Cada classe é caracterizada por limites máximos de
impurezas, especialmente para substâncias químicas. Esses limites definem critérios
ou condições que devem ser observados no caso de intervenção com o corpo
hídrico, seja para a proteção da comunidade aquática, seja para o lazer ou para o
lançamento de efluentes, entre outros usos.

Segundo a Legislação Ambiental Básica do Estado de Santa Catarina, Portaria n°


024/79, com a redação dada pela Lei n° 5516 de 28 de fevereiro de 1979, que veio
enquadrar os cursos d’água do Estado de Santa Catarina; a classificação do rio
Pelotinhas, conforme seus usos preponderantes, é de Classe II, com exceção do
trecho entre as nascentes e a captação d'água para abastecimento da cidade de

16
Lages, a montante do ponto de barramento proposto, assim como os seus afluentes,
são classificados como Classe I.

As águas classificadas como Classe I são aquelas destinadas ao abastecimento


doméstico sem tratamento prévio ou simples desinfecção. Nestas águas não são
tolerados lançamentos de efluentes mesmo tratados. As águas Classe II são
destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, à irrigação
de hortaliças ou plantas frutíferas e à recreação de contato primário.

3.1.2.3. Qualidade da Água

A qualidade da água de um manancial é reflexo do próprio uso que se faz dele,


assim como do uso do solo das suas proximidades. No que se refere às fontes
potenciais de poluição, a bacia de drenagem do rio Pelotinhas recebe efluentes
poluidores gerados pelas atividades urbanas (esgotos domésticos e industriais) e
rurais (agropecuária). As cargas urbanas em geral são pontuais, enquanto que a
atividade agropecuária produz cargas dispersas, incluindo resíduos e contaminantes
que são carreados aos cursos d’água por escoamento superficial ou contaminam o
lençol subterrâneo por infiltração.

Na área de influência indireta dos futuros aproveitamentos hidrelétricos do rio


Pelotinhas, a degradação da qualidade das águas correspondem as diversas
atividades exercidas por algumas concentrações urbano-industriais, basicamente no
uso de agrotóxicos, no processo de erosão do solo e a produção industrial de papel
e celulose.

Já na área de influência direta, a qual compreendem as áreas dos reservatórios e os


trechos secos do rio a jusante das barragens, a ocupação dos solos é esparsa,
constituída de pequenas propriedades rurais, onde predominam áreas de cultivo e
pastagens.

Os resíduos de culturas podem constituir problema quando implicam em


carreamento de matéria orgânica ou nutrientes pelo escoamento superficial, o que
pode ser evitado pela rápida incorporação do material no solo, após a colheita. As
características desses resíduos são muito variáveis em função do uso do solo,
tecnologias agrícolas empregadas, condições socioeconômicas da população e
condições físicas da região (clima, geomorfologia e solos). Com relação à
contaminação das águas por agrotóxicos (fertilizantes e defensivos) esta resulta,
principalmente, do transporte destes através do escoamento superficial, dos campos
para os cursos d’água.

A respeito das cargas domésticas verifica-se que são pouco elevadas principalmente
se comparadas aos valores de cargas industriais e agropecuárias. Isto se deve,
principalmente, ao porte das áreas urbanizadas, a maioria pequenos núcleos. Além
disso, a inexistência de sistemas de coleta e tratamento de esgoto permite que boa
parte dos efluentes urbanos não atinja os cursos d’água, sendo absorvidos e
depurados no solo.

Para verificar a qualidade da água do rio Pelotinhas, foi efetuada uma campanha de
coleta de amostragem de água nos seguintes pontos: no barramento da PCH Santo
Cristo e no barramento da PCH Coxilha Rica. As coletas de amostras e as análises

17
laboratoriais foram efetuadas pelo Laboratório QMC SANEAMENTO – Análise e
Tratamento de Efluente.

São utilizados para determinação da qualidade da água alguns parâmetros físico-


químicos e biológicos. Os resultados obtidos permitem uma análise preliminar das
condições atuais da bacia e das cargas orgânicas, decorrentes das atividades
urbanas e rurais, que atingem o curso d’água. Os resultados das coletas para
análise da qualidade da água do rio Pelotinhas são mostrados nos quadros 3.4 e
3.5.

Dos parâmetros analisados, nenhum apresentou valores além daqueles


estabelecidos pela legislação ambiental. Fato este que elucida as boas condições
ambientais do entorno das áreas diretamente afetadas pelos empreendimentos,
assim como da qualidade das águas do Rio Pelotinhas.

Seguem a seguir comentários sobre os principais parâmetros físico-químicos e


biológicos utilizados.

 Oxigênio Dissolvido

A presença de oxigênio dissolvido (OD) na água é de fundamental importância para


a manutenção da vida aquática. O oxigênio pode ser transmitido para a água através
da troca com a atmosfera ou pelos vegetais subaquáticos que realizam a
fotossíntese.

A concentração de oxigênio varia em função da temperatura, pressão atmosférica e


salinidade. Encontra-se maior concentração de oxigênio nas águas rápidas e
turbulentas. A concentração de oxigênio num rio sem poluição pode variar de 7 a 11
mg/L. Enquanto espécies resistentes de peixes conseguem suportar concentrações
de 2 mg/L, outras já apresentam problemas de respiração para concentrações
abaixo de 5 mg/L.

Nas amostras analisadas em nenhum ponto foi constatada uma concentração de OD


inferior a 5 mg/L, que é a concentração mínima exigida pela resolução 020/86 do
CONAMA.

 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

Para oxidar a matéria orgânica os microorganismos utilizam oxigênio presente no


meio. A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) mede a quantidade de oxigênio
consumida por estes microorganismos na decomposição da matéria orgânica
biodegradável. Um valor de DBO mais elevado indica menos oxigênio para os
organismos aquáticos.

Os valores de DBO obtidos nas análises encontram-se abaixo dos valores máximos
estabelecidos pela resolução 020/86 do CONAMA, indicando que existe apenas uma
pequena quantidade de materia orgânica no rio.

18
 Coliformes Fecais

São indicadores de contaminação fecal sendo encontrados no intestino humano e de


animais de sangue quente. A presença de coliformes fecais está associada a outros
microorganismos causadores de doenças como cólera, hepatite, doenças
gastrointestinais, vermes, etc.

Nas amostras coletadas no rio Pelotinhas não foram detectados coliformes fecais e
a quantidade de coliformes totais mostrou valores muito abaixo daqueles exigidos
pelas legislações estadual e federal.

 PH

É função da concentração dos íons de hidrogênio na água. Seu valor varia de o a


14. Uma substância é considerada ácida quando seu pH é inferior a 7 e alcalina
quando menor do que 7. Quando o pH é igual a 7 a substância é considerada
neutra.

O pH afeta os processos químicos e biológicos da água. Metais pesados presentes


no fundo e na matéria suspensa são solubilizados em pH ácido, tornando-se
passíveis de ser absorvido pela flora e fauna aquática. A maioria dos animais
aquáticos preferem pH variando de 6,5 a 9, pois valores maiores ou menores afetam
seus sistemas fisiológicos.

Nas amostras coletadas os valores de pH encontram-se em torno de 7, portanto


dentro dos parâmetros permitidos.

 Nitrogênio e Fósforo

São os principais nutrientes causadores do crescimento excessivo das algas


(eutrofização), comprometendo a qualidade das águas. Isso ocorre mais facilmente
em águas lênticas, paradas, como lagos e reservatórios.

No meio aquático o nitrogênio pode ser encontrado em formas variadas: nitrogênio


amoniacal, nitrato e nitrito.

A resolução 026/86 CONAMA estabelece limites de 1,0 mg/L para nitratos, nitritos e
nitrogênio amoniacal. O limite estabelecido pela legislação para a concentração de
fósforo é de 0,025 mg/L.

Nas amostras analisadas as concentrações de nitrogênio e fósforo ficaram bem


abaixo das permitidas pela legislação.

 Sólidos Totais

É a soma dos sólidos dissolvidos, suspensos e sedimentáveis. No rio Pelotinhas


estas concentrações encontram-se abaixo dos valores máximos admitidos pela
legislação vigente.

 Turbidez

A turbidez dificulta a passagem da luz ma água impedindo a realização da

19
fotossíntese pelos vegetais subaquáticos. O aumento de material suspenso na água
pose afetar o desenvolvimento de ovas, larvas e macroinvertebrados bentônicos.

Os valores desse parâmetro encontram-se bem abaixo do máximo permitido pela


legislação.

 Sulfatos

Os sulfatos estão presentes nos corpos hídricos, sendo liberados na decomposição


do enxofre que é utilizado na síntese de proteínas. O sulfato é reduzido a íon (S),
podendo combinar-se ao hidrogênio formando sulfeto de hidrogênio (H 2S),
substância que causa péssimo odor às águas. Em concentrações superiores a 2
mg/L é tóxico à biota aquática.

A resolução 020/86 do CONAMA estabelece em 250 mg/L a concentração máxima


permitida de sulfatos. Nas amostras analisadas detectou-se valores extremamente
baixos de sulfatos no rio Pelotinhas.

 Fosfatos

Classe na qual se reúnem numerosos minerais de constituição química análogas e


formas cristalinas semelhantes, fornecendo séries isoformas. O fosfato pode ser
proveniente de adubos, a base de fósforo, ou da decomposição de matérias
orgânicas e esgoto. O fosfato indica a presença de adubos químicos, detergentes e
matéria orgânica.

Nas amostras coletadas as concentrações de fosfatos são inferiores aos valores


máximos permitidos pela legislação.

 Fenóis

Os fenóis estão associados aos despejos industriais, aos pesticidas


organofosfarados, carbamatos e herbicidas, podendo ser transportados a longas
distâncias.

Os compostos fenóicos afetam as propriedades organolépticas da água para o


consumo humano. Concentrações abaixo de 1,0 mg/L não afetam a maioria dos
peixes, porém concentrações acima de 5,0 mg/L são prejudiciais aos mesmos.

As concentrações de fenóis encontradas no rio Pelotinhas estão abaixo dos valores


recomendados pelas legislações estadual e federal.

Analisando-se todos os parâmetros amostrados verifica-se que as águas do rio


Pelotinhas são de boa qualidade. O regime lótico do recurso hídrico está
diretamente relacionado com a qualidade da água do mesmo.

Pequenas Centrais Hidrelétricas não necessitam de grandes lagos de inundação, o


que não resulta numa mudança significativa do curso d’água e consequentemente
na sua qualidade. A construção de um reservatório de acumulação em escalas
maiores (como nas grandes centrais hidrelétricas) modificaria o regime do corpo
hídrico para um sistema lêntico propriamente dito, o que poderia alterar
significativamente a qualidade da água.

20
QUADRO 3.4 – QUALIDADE DA ÁGUA NO LOCAL DO FUTURO EIXO DA BARRAGEM DA
PCH SANTO CRISTO

QMC SANEAMENTO – Análise e Tratamento de Água e Efluente


RUA MONSENHOR TOPP, 99 FLORIANÓPOLIS – SC
DJAN PORRUA DE FREITAS FONE: (048) 224 – 4206 Laboratório
Técnico Responsável – CRQ 13400691 9960 – 0085 Técnico Responsável

Data da Emissão: 12 / 02 / 2005


Interessado: RTK Consultoria Ltda. Cidade: Florianópolis/SC
Endereço: Av. Rio Branco, 404 Torre 01 sala 607 Bairro: Centro
CNPJ 02.984.642/0001-06

DADOS DA AMOSTRA
COLETOR : Djan Porrua de Freitas
DATA DA COLETA : 10 / 02 / 2005
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS : Tempo Bom
LOCAL DE COLETA : Rio Pelotinhas – Lages/SC

PROTOCOLO AMOSTRA ORIGEM DA AMOSTRA


195804 AMOSTRA 01 barragem PCH Santo Cristo

Hora da coleta 12h04 --------- ---------- ----------


Temperatura ambiente 28,0 --------- --------- graus Celsius

PARÂMETROS MEDIÇÃO FATMA CONAMA UNIDADE


Temperatura amostra 22,0 --------- ---------- graus Celsius
Cor aparente inferior a 1,00 -------- inferior a 75,0 mg/L Pt-
Coliformes Totais 250 5000,0 5000,0 NMP/100ml
Coliformes Fecais ausentes 1000,0 1000,0 NMP/100ml
Turbidez 0,25 --------- inferior a 100,0 N.T.U.
Nitrato 0,18 0,50 1,0 mg/L NO3
Nitrito inferior a 0,01 1,0 1,0 mg/L NO2
Amônia inferior a 0,02 0,50 ---------- mg/L NH4
Cloretos 33,40 --------- 250,0 mg/L Cl-
pH 7,00 --------- 6–9 ----------
DBO(5) 1,07 inferior a 5,00 inferior a 5,00 mg/L O2
Óleos e Graxas inferior a 1,00 --------- --------- mg/L
Fosfato inferior a 0,01 --------- 0,025 mg/L PO4
Oxigênio dissolvido 5,30 superior a 5,00 superior a 5,00 mg/L O2
Sólido dissolv. Total 256,0 --------- 500,0 mg/L
Sulfato inferior a 0,02 --------- 250,0 mg/L SO4
Fenóis inferior a 0,0008 inferior a 0,001 inferior a 0,001 mg/L Fenol

FATMA – Legislação Básica do Estado de Santa Catarina – Lei n. 5.793 Decreto 14.250 de 05
de junho de 1981.
CONAMA – Resolução 20 de 18 de junho de 1986

21
QUADRO 3.5– QUALIDADE DA ÁGUA NO LOCAL DO FUTURO EIXO DA BARRAGEM DA
PCH COXILHA RICA

QMC SANEAMENTO – Análise e Tratamento de Água e Efluente


RUA MONSENHOR TOPP, 99 FLORIANÓPOLIS – SC
DJAN PORRUA DE FREITAS FONE: (048) 224 – 4206 Laboratório
Técnico Responsável – CRQ 13400691 9960 – 0085 Técnico Responsável

Data da Emissão: 12 / 02 / 2005


Interessado: RTK Consultoria Ltda. Cidade: Florianópolis/SC
Endereço: Av. Rio Branco, 404 Torre 01 sala 607 Bairro: Centro
CNPJ 02.984.642/0001-06

DADOS DA AMOSTRA
COLETOR : Djan Porrua de Freitas
DATA DA COLETA : 10 / 02 / 2005
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS : Tempo Bom
LOCAL DE COLETA : Rio Pelotinhas – Lages/SC

PROTOCOLO AMOSTRA ORIGEM DA AMOSTRA


195704 AMOSTRA 02 barragem PCH Coxilha Rica

Hora da coleta 15h20 --------- ---------- ----------


Temperatura ambiente 23,0 --------- --------- graus Celsius

PARÂMETROS MEDIÇÃO FATMA CONAMA UNIDADE


Temperatura amostra 24,0 --------- ---------- graus Celsius
Cor aparente 2,5 -------- inferior a 75,0 mg/L Pt-
Coliformes Totais 350 5000,0 5000,0 NMP/100ml
Coliformes Fecais ausentes 1000,0 1000,0 NMP/100ml
Turbidez 0,20 --------- inferior a 100,0 N.T.U.
Nitrato 0,10 0,50 1,0 mg/L NO3
Nitrito inferior a 0,01 1,0 1,0 mg/L NO2
Amônia inferior a 0,02 0,50 ---------- mg/L NH4
Cloretos 29,20 --------- 250,0 mg/L Cl-
pH 6,87 --------- 6–9 ----------
DBO(5) 1,03 inferior a 5,00 inferior a 5,00 mg/L O2
Óleos e Graxas inferior a 1,00 --------- --------- mg/L
Fosfato inferior a 0,01 --------- 0,025 mg/L PO4
Oxigênio dissolvido 5,80 superior a 5,00 superior a 5,00 mg/L O2
Sólido dissolv. Total 90,0 --------- 500,0 mg/L
Sulfato inferior a 0,02 --------- 250,0 mg/L SO4
Fenóis inferior a 0,0008 inferior a 0,001 inferior a 0,001 mg/L Fenol

FATMA – Legislação Básica do Estado de Santa Catarina – Lei n. 5.793 Decreto 14.250 de 05
de junho de 1981.
CONAMA – Resolução 20 de 18 de junho de 1986

22
3.1.2.4. Disponibilidade Hídrica

A disponibilidade hídrica na bacia do rio Pelotinhas pode ser avaliada através da


compilação de dados fluviométricos (vazões). Dessa forma, caracteriza-se a variável
quantitativa referente aos recursos hídricos disponíveis nos locais onde foram
inventariados os possíveis aproveitamentos hidrelétricos.

3.1.2.4.1. Dados Utilizados e Estudos de Consistência


Para a realização dos estudos de consistência dos dados fluviométricos existentes
na bacia do rio Pelotas e utilizados para a determinação das séries de vazões
médias mensais para os locais de aproveitamentos hidrelétricos do rio Pelotinhas,
assim como para a determinação das cheias de projeto, foram consideradas as
estações fluviométricas mostradas no quadro 3.6.

Os estudos de consistência visaram principalmente detectar erros e falhas de


observação nas séries de vazões médias diárias e mensais das estações
fluviométricas utilizadas.

Analisaram-se as curvas de permanência adimensionais para as estações


fluviométricas selecionadas. Em geral, estas curvas variam muito pouco ao longo de
um mesmo rio. Para o seu traçado, utilizou-se um mesmo período de observações
para todas as estações. Foram também realizadas comparações de cotagramas
simultâneos, fluviogramas simultâneos (vazões médias diárias) e correlações de
vazões médias mensais entre as estações fluviométricas consideradas.

Também foram efetuadas comparações entre as séries de descargas médias


mensais das estações fluviométricas consideradas, com a finalidade de detectar
incrementais negativas. Todas as análises de consistência realizadas permitiram
detectar e corrigir erros nas estações fluviométricas e também preencher as falhas
de observação nestas estações.

QUADRO 3.6- ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS UTILIZADAS

Área de Período
Código Nome do Posto Rio Entidade Drenagem Observado
(Km2)

70200000 Invernada Velha Pelotas ANEEL 2.841 1964 a 1998


70300000 Fazenda Mineira Lava Tudo ANEEL 1.119 1942 a 1998
70500000 Coxilha Rica Pelotinhas ANEEL 548 1942 a 1998
70700000 Passo Socorro Pelotas ANEEL 8.400 1940 a 1998

23
3.1.2.4.2. Deflúvios Naturais

No rio Pelotinhas existe apenas uma estação fluviométrica instalada, conforme


indicado no quadro 3.6. Esta estação, denominada de Coxilha Rica, possui um
período longo de observações, tendo sido instalada em março/1942. Entretanto no
banco de dados da ANA só existem dados de cotas médias diárias e vazões médias
diárias disponíveis a partir de novembro/1944.

Entre 1942 e 1950 foram efetuadas apenas 4 medições de descarga. Somente a


partir de 1951 é que foram efetuadas com uma freqüência adequada medições de
descarga que foram usadas para definir a curva-chave da estação fluviométrica.

Além da questão da falta de medições de descarga, os dados do período 1945 a


1951 apresentam inconsistências consideráveis, talvez associadas a falta de uma
curva de descarga representativa deste período, o que torna estes dados pouco
confiáveis.

Desta forma considerou-se nos estudos hidrológicos somente os dados de vazões


médias diárias e mensais existentes a partir do ano de 1952.

Os dados observados nas estações fluviométricas existentes no rio Pelotas


permitiram a obtenção de uma série completa, sem falhas de observação, de vazões
médias mensais em Coxilha Rica para o período de 1952 a 2002.

As falhas de observação de vazões médias mensais existentes na estação


fluviométrica de Coxilha Rica, foram preenchidas através de correlação com as
estações fluviométricas de Fazenda Mineira, Passo Socorro e Invernada Velha.
As equações utilizadas foram as seguintes:

QCR = 0,1449(QPS – QIV)  R = 0,939


QCR = 0,78QFM  R = 0,923

Onde: QCR = Vazão média mensal na estação fluviométrica de Coxilha Rica;


QPS = Vazão média mensal na estação fluviométrica de Passo Socorro;
QIV = Vazão média mensal na estação fluviométrica de Invernada Velha;
QFM = Vazão média mensal na estação fluviométrica de Passo Socorro.

A série de vazões médias mensais da estação fluviométrica de Invernada Velha foi


ampliada para o período 1952 a 2002 através de correlação com a estação
fluviométrica de Passo Socorro. A equação utilizada foi a seguinte:

QIV = 0,2706QPS  R = 0,949

Onde: QIV = Vazão média mensal na estação fluviométrica de Invernada Velha;


QPS = Vazão média mensal na estação fluviométrica de Passo Socorro.

As vazões médias mensais características do rio Pelotinhas, para o período de 1952


a 2002, no local da estação fluviométrica de Coxilha Rica são mostradas no quadro
3.7.

24
As séries de vazões médias mensais para os locais dos aproveitamentos
hidrelétricos inventariados no rio Pelotinhas foram obtidas através de relações de
áreas de drenagem com a estação fluviométrica de Coxilha Rica. As equações
resultantes e utilizadas para a transferência de informações para os locais dos
aproveitamentos hidrelétricos são as seguintes:

QRA = 1,104QCX
QCR = 1,279QCX
QRI = 1,363QCX
QPE = 2,062QCX
QSC = 2,108QCX

Sendo: QRA = vazão média mensal em PCH Raposo


QCR = vazão média mensal em PCH Coxilha Rica
QRI = vazão média mensal em PCH Rincão
QPE = vazão média mensal em PCH Penteado
QSC = vazão média mensal em PCH Santo Cristo
QCX = vazão média mensal na estação fluviométrica Coxilha Rica

As vazões médias mensais características para cada um destes locais são


mostradas nos quadros 3.8 a 3.12 e na figura 3.2. Nota-se pela análise destes
quadros, que existe uma influência da sazonalidade quanto à distribuição das
vazões máximas e médias ao longo do ano. Pode-se verificar uma maior freqüência
de vazões altas nos meses de maio a outubro, principalmente nos meses de
inverno.

Com base nas séries de vazões médias mensais, determinou-se curvas de


permanência de vazões para os locais dos aproveitamentos, com o objetivo de
subsidiar os estudos energéticos desenvolvidos. Estas curvas foram obtidas
considerando o critério de Kimball, que determina a ordenação, em ordem
decrescente, das vazões médias mensais do período histórico, atribuindo-se a cada
valor uma percentagem calculada pela relação entre o seu número de ordem e o
número total de valores da série acrescido de 1. Desta forma, uma curva de
permanência representa a percentagem do tempo em que uma determinada vazão é
superada no histórico.

O quadro 3.13 apresenta os valores das curvas de permanência de vazões médias


mensais para os locais dos aproveitamentos hidrelétricos do rio Pelotinhas (período
de 1952 a 2002).

25
QUADRO 3.7- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA

Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 14,20 62,0 2,0
Fev 16,91 77,6 1,9
Mar 10,62 35,3 1,5
Abr 12,35 43,4 1,6
Mai 19,16 111,5 1,4
Jun 20,99 106,7 1,7
Jul 27,88 190,9 2,2
Ago 28,74 109,3 3,4
Set 35,50 115,8 6,1
Out 27,49 95,0 5,9
Nov 18,69 96,2 2,9
Dez 17,07 108,5 1,9

Média Anual 20,80 49,4 8,7

QUADRO 3.8- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA PCH RAPOSO

Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 15,7 68,4 2,2
Fev 18,7 85,7 2,1
Mar 11,7 39,0 1,7
Abr 13,6 47,9 1,8
Mai 21,2 123,1 1,5
Jun 23,2 117,8 1,9
Jul 30,8 210,8 2,4
Ago 31,7 120,7 3,8
Set 39,2 127,8 6,7
Out 30,3 104,9 6,5
Nov 20,6 106,2 3,2
Dez 18,8 119,8 2,1

Média Anual 23,0 54,5 9,6

26
QUADRO 3.9- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA PCH COXILHA RICA

Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 18,1 79,2 2,5
Fev 21,6 99,2 2,3
Mar 13,5 45,0 1,9
Abr 15,7 55,5 2,0
Mai 24,4 142,6 1,7
Jun 26,8 136,4 2,1
Jul 35,6 244,1 2,7
Ago 36,7 139,8 4,3
Set 45,4 148,0 7,8
Out 35,1 121,5 7,5
Nov 23,9 123,0 3,6
Dez 21,8 138,7 2,3

Média Anual 26,6 63,1 11,1

QUADRO 3.10- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA PCH RINCÃO

Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 19,4 84,5 2,7
Fev 23,0 105,8 2,6
Mar 14,5 48,1 2,0
Abr 16,8 59,2 2,2
Mai 26,1 152,0 1,9
Jun 28,6 145,4 2,3
Jul 38,0 260,2 3,0
Ago 39,2 149,0 4,6
Set 48,4 157,8 8,3
Out 37,5 129,5 8,0
Nov 25,5 131,1 4,0
Dez 23,3 147,9 2,6

Média Anual 28,4 67,3 11,9

27
QUADRO 3.11- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA PCH PENTEADO

Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 29,3 127,8 4,1
Fev 34,9 160,0 3,9
Mar 21,9 72,8 3,1
Abr 25,5 89,5 3,3
Mai 39,5 229,9 2,9
Jun 43,3 220,0 3,5
Jul 57,5 393,6 4,5
Ago 59,3 225,4 7,0
Set 73,2 238,8 12,6
Out 56,7 195,9 12,2
Nov 38,5 198,4 6,0
Dez 35,2 223,7 3,9

Média Anual 42,9 101,9 17,9

QUADRO 3.12- VAZÕES CARACTERÍSTICAS NO LOCAL DA PCH SANTO CRISTO

Vazão (m3/s)
Mês
Média Máxima Mínima
Jan 29,9 130,7 4,2
Fev 35,6 163,6 3,9
Mar 22,4 74,3 3,1
Abr 26,0 91,5 3,4
Mai 40,4 235,1 3,0
Jun 44,2 224,8 3,5
Jul 58,8 402,5 4,5
Ago 60,6 230,5 7,2
Set 74,8 244,1 12,9
Out 58,0 200,3 12,5
Nov 39,4 202,9 6,0
Dez 36,0 228,6 3,9

Média Anual 43,8 104,1 18,3

28
FIGURA 3.2- HISTOGRAMAS DE VAZÕES CARACTERÍSTICAS NOS LOCAIS DE
APROVEITAMENTOS
PCH COXILHA RICA PCH RAPOSO
300 250

250
200

200
150

150
100
100

50
50

0 0
J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez
M ESES M ESES

PCH RINCÃO PCH PENTEADO


300 450

400
250
350

200 300

250
150
200

100 150

100
50
50

0 0
J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez
M ESES M ESES

PCH SANTO CRISTO


450

400

350

300

250

200

150

100

50

0
J an Fev M ar Abr M ai J un J ul Ago Set Out Nov Dez
M ESES

MÉDIA MÁXIMA MÍNIMA

29
QUADRO 3.13 - CURVAS DE PERMANÊNCIA DE VAZÕES MÉDIAS MENSAIS
PERÍODO: 1952 A 2002

Vazão (m³/s)
Permanência
(%)
PCH PCH PCH PCH PCH Santo
Raposo Coxilha rica Rincão Penteado Cristo

1,0 117,7 136,4 145,4 219,9 224,8


2,0 98,3 113,9 121,4 183,6 187,9
5,0 71,0 82,3 87,7 132,7 135,8
10,0 51,6 59,8 63,7 96,4 98,7
20,0 35,0 40,5 43,2 65,3 66,9
30,0 26,2 30,3 32,3 48,8 50,0
40,0 19,7 22,8 24,3 36,8 37,7
50,0 15,2 17,6 18,8 28,4 29,0
60,0 11,2 13,0 13,9 21,0 21,5
70,0 8,3 9,6 10,2 15,5 16,0
80,0 6,5 7,5 8,0 12,1 12,4
90,0 4,1 4,7 5,0 7,6 7,8
95,0 2,8 3,3 3,5 5,3 5,5
99,0 1,8 2,1 2,2 3,4 3,5

3.1.2.4.3. Vazão Sanitária

Para a determinação da Q7;10 do rio Pelotinhas para os locais dos aproveitamentos


hidrelétricos inventariados, exigida pela FATMA, órgão ambiental do Estado de
Santa Catarina, como vazão sanitária mínima a ser mantida a jusante das barragens
dos aproveitamentos, foram considerados os dados observados na estação
fluviométrica de Coxilha Rica, de propriedade da Agência Nacional de Águas - ANA,
e que controla uma área de drenagem de 548 km².

A partir dos dados de vazões médias diárias observadas naquela estação


fluviométrica foram determinados os valores de vazões médias mínimas anuais com
duração de 7 dias. Esta série de vazões mínimas anuais com 7 dias de duração foi
então utilizada nos estudos de frequência de vazões mínimas, tendo sido adotada
para tanto, a distribuição de Extremos tipo III, também denominada de distribuição
Weibull. O Quadro 3.14 apresenta os valores de vazões médias mínimas anuais com
7 dias de duração observados na estação fluviométrica considerada, para o período
de 1945 a 2002.

30
QUADRO 3.14- VAZÕES MÍNIMAS ANUAIS COM 7 DIAS DE DURAÇÃO DO RIO TIMBÓ
NA ESTAÇÃO FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA

Ano Vazão (m³/s) Ano Vazão (m³/s)

1945 0,27 1974 1,75


1946 0,47 1975 0,75
1947 0,51 1976 1,86
1948 0,52 1977 2,23
1949 0,46 1978 0,90
1950 0,75 1979 0,91
1951 0,45 1980 2,27
1952 0,47 1981 0,90
1953 1,08 1982 1,21
1954 1,43 1983 1,86
1955 1,18 1984 3,93
1956 1,25 1985 1,52
1957 1,18 1986 0,86
1958 1,93 1987 1,46
1959 1,32 1988 1,67
1960 1,32 1989 1,25
1961 1,00 1990 4,72
1962 0,72 1991 0,62
1963 0,68 1992 -
1964 0,69 1993 1,69
1965 0,84 1994 3,28
1966 2,89 1995 1,29
1967 2,41 1996 1,75
1968 0,72 1997 1,09
1969 2,73 1998 1,75
1970 1,30 1999 1,46
1971 0,86 2000 2,34
1972 1,53 2001 3,63
1973 2,25 2002 1,73

31
Distribuição Extrema tipo III (Weibull)

f X (x) = a / (b - c) [ (x - c) / (b - c) ] a - 1 e - [(x – c) /( b – c)] a (1)


onde:
f X (x) = função densidade de probabilidade

Sendo x a “vazão modulada” (“fator de recorrência”) e a, b e c os parâmetros da


distribuição. Aplicando-se o algorítmo simplificado de Newton para a resolução do
sistema formado pelas equações (2) e (3), se obtém a e c, que substituindo-se na
equação (4) determina-se b.

- n.a (xi – c)
a–1
(a-1) ∑ 1 =0 (2)
xi - c (xi – c)a

n + a ∑ ℓn (x i – c) - n . a  [ ( x i – c) a . n (x i – c)] = 0 (3)
 ( x i – c) a

b = c + [ ( x i – c) a] 1/a (4)
n
onde:
n - número de elementos da amostra

Resultados Obtidos

O ajuste dos parâmetros da distribuição foi efetuado através do método da menor


seca observada. Método que apresentou o melhor ajuste medido através da
determinação do erro padrão da estimativa.

O Quadro 3.15 e a figura 3.3 apresentam o ajuste dos dados observados na estação
fluviométrica de Coxilha Rica à distribuição Weibull pelo método da menor seca
observada.

O Quadro 3.16 apresenta os valores das vazões médias diárias com 7 dias de
duração para diferentes tempos de recorrência no local da estação fluviométrica de
Coxilha Rica. Desta tabela obtem-se o valor da Q 7;10 para aquela estação como
sendo Q7;10 = 0,66 m³/s.

Para a determinação da Q 7;10 nos locais dos aproveitamentos hidrelétricos foram utilizadas
equações de transferência determinadas através de relações de áreas de drenagem com a
estação fluviométrica considerada, resultando nos seguintes valores:

PCH Área (Km²) Q7;10 (m³/s)


Raposo 605 0,73
Coxilha Rica 701 0,84
Rincão 747 0,90
Penteado 1.130 1,36
Santo Cristo 1.155 1,39

32
QUADRO 3.15- AJUSTE DOS DADOS À DISTRIBUIÇÃO WEIBULL

Tempo de Vazões Método da


Número de Probabilidade
Recorrência Observadas Menor Seca
Observações (%)
(anos) (m³/s) (m³/s)
1 0,020 51,00 0,47 0,48
2 0,039 25,50 0,62 0,53
3 0,059 17,00 0,68 0,57
4 0,078 12,75 0,69 0,62
5 0,098 10,20 0,72 0,66
6 0,118 8,50 0,72 0,69
7 0,137 7,29 0,75 0,73
8 0,157 6,38 0,84 0,77
9 0,176 5,67 0,86 0,80
10 0,196 5,10 0,86 0,84
11 0,216 4,64 0,90 0,88
12 0,235 4,25 0,90 0,91
13 0,255 3,92 0,91 0,95
14 0,275 3,64 1,00 0,98
15 0,294 3,40 1,08 1,02
16 0,314 3,19 1,09 1,05
17 0,333 3,00 1,18 1,09
18 0,353 2,83 1,18 1,13
19 0,373 2,68 1,21 1,16
20 0,392 2,55 1,25 1,20
21 0,412 2,43 1,25 1,24
22 0,431 2,32 1,29 1,28
23 0,451 2,22 1,30 1,31
24 0,471 2,13 1,32 1,35
25 0,490 2,04 1,32 1,40
26 0,510 1,96 1,43 1,44
27 0,529 1,89 1,46 1,48
28 0,549 1,82 1,46 1,52
29 0,569 1,76 1,52 1,57
30 0,588 1,70 1,53 1,61

33
QUADRO 3.15- AJUSTE DOS DADOS À DISTRIBUIÇÃO WEIBULL - CONTINUAÇÃO

Tempo de Vazões Método da


Número de Probabilidade
Recorrência Observadas Menor Seca
Observações (%)
(anos) (m³/s) (m³/s)
31 0,608 1,65 1,67 1,66
32 0,627 1,59 1,69 1,71
33 0,647 1,55 1,73 1,76
34 0,667 1,50 1,75 1,82
35 0,686 1,46 1,75 1,87
36 0,706 1,42 1,75 1,93
37 0,725 1,38 1,86 1,99
38 0,745 1,34 1,86 2,06
39 0,765 1,31 1,93 2,13
40 0,784 1,27 2,23 2,20
41 0,804 1,24 2,25 2,29
42 0,824 1,21 2,27 2,37
43 0,843 1,19 2,34 2,47
44 0,863 1,16 2,41 2,58
45 0,882 1,13 2,73 2,70
46 0,902 1,11 2,89 2,84
47 0,922 1,09 3,28 3,00
48 0,941 1,06 3,63 3,21
49 0,961 1,04 3,93 3,50
50 0,980 1,02 4,72 3,96

34
FIGURA 3.3- VAZÃO MÍNIMA DE 7 DIAS DE DURAÇÃO DO RIO PELOTINHAS
EM COXILHA RICA
4,5

4,0

3,5

3,0
VAZÃO (m³/s)

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5
DISTRIBUIÇÃO WEIBULL
0,0
1 10 100
TEMPO DE RECORRÊNCIA (anos)

QUADRO 3.16- VAZÕES MÍNIMAS COM 7 DIAS DE DURAÇÃO EM COXILHA RICA

Tempo de Recorrência (anos) Vazão (m³/s) Erro Padrão


2 1,42 0,16
5 0,85 0,42
10 0,66 0,63
15 0,59 0,76
20 0,55 0,85
25 0,53 0,91
30 0,51 0,97
40 0,49 1,06
50 0,48 1,13

35
3.1.2.4.4. Vazões de Enchentes

Para os estudos de freqüência de cheias do rio Pelotinhas no local da PCH Santo


Cristo foram utilizados os dados observados na estação fluviométrica de Coxilha
Rica. A série de vazões máximas anuais observadas naquela estação para o período
de 1952 a 2002 é mostrada no quadro 3.17.

A série de vazões máximas anuais observadas na estação fluviométrica


mencionada, foi submetida a uma análise de freqüência de cheias, considerando as
distribuições de probabilidade Log-Normal 3, Gumbel, Pearson 3, Log-Pearson 3 e
Exponencial 2. As distribuições foram ajustadas à série de vazões máximas anuais
através dos métodos dos momentos e da máxima verossimilhança. Para determinar
a distribuição de probabilidade com melhor aderência aos dados observados, foi
calculado o erro padrão da estimativa para cada ajuste, pelos métodos citados,
através da seguinte expressão:

E = {[i=1,n(Qoi - Qci)2]/(n-m)}0,5

onde: Qoi = vazões observadas


Qci = vazões calculadas pela distribuição ajustada
n = número de eventos da amostra
m = número de parâmetros estimados para a distribuição
A distribuição de probabilidade selecionada foi a distribuição Exponencial 2, por ter
apresentado o menor erro padrão da estimativa (quadro 3.19). Outro fator importante
para a escolha desta distribuição foram os estudos realizados pela
ELETROBRÁS/CEPEL, que recomendam a utilização da distribuição Gumbel e
Exponencial 2, em estudos estatísticos de cheias, por serem as distribuições de
probabilidade mais “robustas”, ou seja, aquelas que produzem resultados mais
confiáveis. O quadro 3.20 apresenta os valores das cheias para diferentes tempos
de recorrência para o local da estação fluviométrica de Coxilha Rica, determinados
através da distribuição de probabilidade Exponencial 2.

Os valores das cheias para diferentes tempos de recorrência para os locais dos
aproveitamentos hidrelétricos, foram determinados a partir da curva de freqüência
ajustada para a estação fluviométrica de Coxilha Rica, aplicando-se as mesmas
equações de transferência utilizadas para a obtenção das séries de vazões médias
mensais. Entretanto no caso da PCH Penteado, que é um aproveitamento composto
por duas barragens, uma localizada no próprio rio Pelotinhas (barragem 1) que
controla uma bacia de drenagem de 810 km² e a outra localizada no rio Penteado
(barragem 2) controlando uma bacia de drenagem de 320 km², foram determinados
valores de cheias especificamente para cada um destes locais usando as seguintes
equações de transferência, obtidas por relações de áreas de drenagem:

Qbarragem 1 = 1,478 x QCoxilha Rica


Qbarragem 2 = 0,583 x QCoxilha Rica

O mesmo procedimento foi utilizado para a determinação da curva de freqüência de


cheias para o período seco da região Sul, compreendido entre os meses de
novembro a abril. O quadro 3.18 apresenta a série de vazões máximas anuais

36
observadas na estação fluviométrica de Coxilha Rica para o período seco. A
distribuição de probabilidade selecionada neste caso foi também a distribuição
Exponencial ajustada pelo método da máxima verossimilhança. A distribuição Log-
Pearson 3 apresentou um erro padrão inferior, entretanto não foi selecionada por
apresentar um coeficiente de assimetria de Ln (x) negativo o que não recomenda a
sua utilização em função de, nestes casos, apresentar um limite superior.

Nas figuras 3.4 e 3.5 seguintes, apresentam-se as curvas de freqüência de vazões


máximas anuais do rio Pelotinhas no local da estação fluviométrica de Coxilha Rica,
para os períodos úmido e seco. O quadro 3.20 apresenta os valores das cheias para
diferentes tempos de recorrência na estação fluviométrica de Coxilha Rica, para os
dois períodos analisados.

FIGURA 3.4- CURVA DE FREQUÊNCIA DE CHEIAS DO RIO PELOTINHAS NA ESTAÇÃO


FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA - PERÍODO ÚMIDO
1600
1500
1400
1300
1200
1100
1000
VAZÃO (m³/s)

900
800
700
600
500
400
300
200 DISTRIBUIÇÃO EXPONENCIAL
100
0
1 10 100 1000
TEMPO DE RECORRÊNCIA (anos)

37
FIGURA 3.5- CURVA DE FREQUÊNCIA DO RIO PELOTINHAS NA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA - PERÍODO SECO
1200

1100

1000

900

800
VAZÃO (m³/s)

700

600

500

400

300

200

100
DISTRIBUIÇÃO EXPONENCIAL
0
1 10 100 1000

TEMPO DE RECORRÊNCIA (anos)

38
QUADRO 3.17- DESCARGAS MÁXIMAS ANUAIS DO RIO PELOTINHAS NA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA – PERÍODO ÚMIDO

Descarga (m3/s) Descarga (m3/s)


Ano Ano
1952 150 1978 510
1953 168 1979 175
1954 421 1980 338
1955 367 1981 65
1956 418 1982 395
1957 429 1983 438
1958 107 1984 565
1959 394 1985 384
1960 339 1986 372
1961 324 1987 722
1962 149 1988 573
1963 331 1989 301
1964 149 1990 900
1965 435 1991 140
1966 240 1992 643
1967 305 1993 806
1968 145 1994 976
1969 220 1995 167
1970 230 1996 212
1971 285 1997 354
1972 252 1998 439
1973 238 1999 261
1974 212 2000 364
1975 191 2001 562
1976 322 2002 229
1977 488

39
QUADRO 3.18- DESCARGAS MÁXIMAS ANUAIS DO RIO PELOTINHAS NA ESTAÇÃO
FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA – PERÍODO SECO

Descarga (m3/s) Descarga (m3/s)


Ano Ano

1951/52 147,0 1977/78 510,0


1952/53 13,7 1978/79 58,8
1953/54 90,6 1979/80 152,0
1954/55 15,0 1980/81 338,0
1955/56 418,0 1981/82 41,5
1956/57 43,5 1982/83 229,0
1957/58 107,0 1983/84 176,0
1958/59 375,0 1984/85 158,0
1959/60 113,0 1985/86 85,2
1960/61 22,9 1986/87 372,0
1961/62 324,0 1987/88 181,0
1962/63 130,0 1988/89 573,0
1963/64 149,0 1989/90 161,0
1964/65 34,4 1990/91 199,0
1965/66 132,0 1991/92 261,0
1966/67 240,0 1992/93 72,4
1967/68 57,9 1993/94 527,0
1968/69 114,0 1994/95 577,0
1969/70 220,0 1995/96 163,0
1970/71 285,0 1996/97 354,0
1971/72 111,0 1997/98 402,0
1972/73 152,0 1998/99 60,9
1973/74 212,0 1999/00 86,3
1974/75 82,0 2000/01 171,3
1975/76 129,0 2001/02 102,6
1976/77 322,0

40
Os valores das cheias para diferentes tempos de recorrência nos locais de
apeoveitamentos hidrelétricos inventariados, para os dois períodos analisados, são
apresentadas nos quadros 3.21 a 3.26.
O cálculo da descarga de pico instantânea para as diferentes cheias foi efetuado
através da equação de Füller, mostrada abaixo:

Qpico = Qmédio [ 1.0 + 2,66 ]


A0,3

Sendo: A = área de drenagem, em km²

Para os locais dos aproveitamentos hidrelétricos do rio Pelotinhas, foi determinada


uma relação entre o pico instantâneo e o valor da descarga máxima média diária
variando entre 1,31 a 1,36.

QUADRO 3.19- ERRO PADRÃO DA ESTIMATIVA

Método dos Momentos Método da Máxima Verossimilhança


Distribuição de
Probabilidade Período Umido Período Seco Período Umido Período Seco
LOG-NORMAL 3 33,2 28,1 28,4 NC
GUMBEL 29,6 24,8 41,7 35,3
PEARSON 3 29,5 24,2 32,2 NC
LOG-PEARSON 3 30,4 20,4 NC NC
EXPONENCIAL 2 34,6 27,5 30,5 23,8

Obs.: NC = não convergiu para o método indicado

QUADRO 3.20- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O


LOCAL DA ESTAÇÃO FLUVIOMÉTRICA DE COXILHA RICA

Período Anual (úmido) Período Seco


Tempo de
Recorrência Cheia Média Pico Cheia Média Pico
(anos) Diária Instantâneo Diária Instantâneo
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
2 293 410 148 207
5 483 677 294 412
10 627 878 405 567
25 817 1144 552 772
50 961 1346 662 927
100 1105 1547 773 1082
250 1295 1813 919 1287
500 1439 2014 1030 1442
1000 1583 2216 1141 1597
10000 2061 2885

41
QUADRO 3.21- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O
LOCAL DA PCH RAPOSO

Período Anual (úmido) Período Seco


Tempo de
Recorrência Cheia Média Pico Cheia Média Pico
(anos) Diária Instantâneo Diária Instantâneo
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
2 323 440 163 222
5 533 725 325 441
10 692 941 447 608
25 902 1227 609 829
50 1061 1443 731 994
100 1220 1659 853 1161
250 1430 1944 1015 1380
500 1589 2161 1137 1546
1000 1748 2377 1260 1713
10000 2275 3094

QUADRO 3.22- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O


LOCAL DA PCH COXILHA RICA

Período Anual (úmido) Período Seco


Tempo de
Recorrência Cheia Média Pico Cheia Média Pico
(anos) Diária Instantâneo Diária Instantâneo
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
2 375 514 189 260
5 618 847 377 516
10 802 1099 518 710
25 1045 1432 705 966
50 1229 1684 847 1160
100 1413 1936 988 1354
250 1656 2269 1176 1611
500 1840 2521 1317 1805
1000 2024 2773 1459 1999
10000 2636 3611

42
QUADRO 3.23- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O
LOCAL DA PCH RINCÃO

Período Anual (úmido) Período Seco


Tempo de
Recorrência Cheia Média Pico Cheia Média Pico
(anos) Diária Instantâneo Diária Instantâneo
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
2 399 535 202 270
5 658 882 401 537
10 855 1145 552 740
25 1114 1492 752 1008
50 1310 1755 902 1209
100 1506 2018 1054 1412
250 1765 2365 1253 1678
500 1961 2628 1404 1881
1000 2158 2891 1555 2084
10000 2809 3764

QUADRO 3.24- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O


LOCAL DA PCH PENTEADO – BARRAGEM 1

Período Anual (úmido) Período Seco


Tempo de
Recorrência Cheia Média Pico Cheia Média Pico
(anos) Diária Instantâneo Diária Instantâneo
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
2 433 576 219 291
5 714 949 435 578
10 927 1233 599 796
25 1208 1606 816 1085
50 1420 1889 978 1301
100 1633 2172 1142 1520
250 1914 2546 1358 1807
500 2127 2829 1522 2025
1000 2340 3112 1686 2243
10000 3046 4051

43
QUADRO 3.25- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O
LOCAL DA PCH PENTEADO – BARRAGEM 2

Período Anual (úmido) Período Seco


Tempo de
Recorrência Cheia Média Pico Cheia Média Pico
(anos) Diária Instantâneo Diária Instantâneo
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
2 171 232 86 117
5 282 375 171 228
10 366 486 236 314
25 476 633 322 428
50 560 745 386 513
100 644 857 451 599
250 755 1004 536 713
500 839 1116 600 799
1000 923 1227 665 885
10000 1202 1598

QUADRO 3.26- CHEIAS PARA DIFERENTES TEMPOS DE RECORRÊNCIA PARA O


LOCAL DA PCH SANTO CRISTO

Período Anual (úmido) Período Seco


Tempo de
Recorrência Cheia Média Pico Cheia Média Pico
(anos) Diária Instantâneo Diária Instantâneo
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
2 618 816 312 412
5 1019 1345 621 819
10 1322 1745 854 1127
25 1723 2274 1163 1535
50 2026 2674 1396 1842
100 2329 3075 1629 2150
250 2730 3604 1938 2558
500 3033 4004 2171 2866
1000 3337 4404 2404 3174
10000 4344 5734

44
3.1.3. Topografia

O rio Pelotinhas nasce na Serra da Farofa, componente da Serra Geral,


aproximadamente na elevação 1.200,00 m, a 4 Km ao sul da cidade de Painel,
escoando na direção sul com uma extensão total de 113 Km e um desnível de 560 m
até a sua foz, no rio Pelotas. Neste ponto, o rio Pelotinhas estará afetado
futuramente pelo reservatório da UHE Barra Grande, atualmente em fase de
implantação, e que terá seu nível máximo normal de operação na elevação
647,00 m.

Ao longo do percurso o rio Pelotinhas apresenta praticamente a mesma


característica topográfica, conforme pode ser visto pela figura 3.1 apresentada
anteriormente. A declividade média é muito acentuada, com aproximadamente
0,00495 m/m, sendo o relevo muito acidentado com vales em forma de V e muito
encaixados.

3.1.4. Geologia

3.1.4.1. Geologia Regional

A Bacia do Rio Uruguai, onde se situa o rio Pelotinhas, se localiza no interior da


bacia sedimentar do Paraná que ocupa a região Centro-Sul do Brasil e também
parte do território da Argentina, Paraguai e Uruguai, como pode ser visualizado no
desenho 4100/EA-PE-A3-009 anexo.

A reativação da movimentação da plataforma brasileira deu inicio a emissão de lavas


através de vulcanismo fissural desde o final do Jurássico até o Cretáceo Inferior
(vide quadro 3.27), há cerca de 120 - 130 milhões de anos, fenômenos estes
associados à formação Serra Geral. As espessuras totais dos derrames alcançaram
mais de 1.500 m no eixo da bacia. As espessuras dos derrames variam de poucos
centímetros até cerca de 100 m estando distribuídos em áreas que variam de
dezenas até centenas de quilômetros quadrados.

A região do rio Pelotinhas se encontra sobre as vulcânicas juro-cretácicas da


Formação Serra Geral, da parte superior do Grupo São Bento. Predominam as
vulcânicas ácidas – riolitos, riodacitos, chamados também de granófiros devido à
disposição geométrica de seus minerais constituintes.

As formações da base das efusivas, os arenitos Botucatu e Pirambóia afloram de


maneira peculiar apenas nas bordas e interior do Domo de Lages (Maack, 1947;
Takeda, 1958; Loczi, 1966, 1968), uma estrutura circular de coordenadas centrais
27º39’30”S e 50º11’06”W, situada cerca de 20 Km a NE da cidade de Lages, gerada
por intrusões ígneas de composição variada, de rochas alcalinas, ultrabásicas,
carbonatitos e kimberlitos, que soergueram as camadas sedimentares paleozóicas e
mesozóicas em um raio de aproximadamente 40 Km, alçando-as, pelo menos,
1200 m.

45
QUADRO 3.27- FORMAÇÕES GEOLÓGICAS DA BACIA SEDIMENTAR DO PARANÁ
GRUPO OU
ERA PERÍODO (*) LITOLOGIAS AMBIENTE
FORMAÇÃO
QUATERNÁRIO
Depósitos Recentes Aluviões e Coluviões Fluvial
(2 Ma)
CENOZÓICO
TERCIÁRIO
Coberturas Pós-Lava
Não ocorrem na Fluvial e
(63 Ma) (Grupo Bauru e Fo. STA
região Lacustre
Maria)

- Intrusões Alcalinas Ígneo

CRETÁCEO -Efusivas ácidas

(138 Ma) -Diques de diabásio


MESOZÓICO Serra Geral
-Efusivas Básicas e
São Bento intercalações
Arenosas
JURÁSSICO Botucatu Arenitos
Pirambóia
(≈240 Ma)
PERNIANO Passa Dois Fluvial,
CARBONÍFERO Tubarão Arenitos, Siltitos, Marinho,
Argilitos, Folhelhos e Glacial,
DEVONIANO Ritaitos Lacustre,
Paraná
(410 Ma) Deltaico
PALEOZÓICO
SILURIANO
ORDOVICIANO
Não ocorrem na bacia sedimentar do Paraná
CAMBRIANO
(≈570 Ma)
PROTEROZÓICO PRÉ- Embasamento metamórfico ou cristalino
CAMBRIANO

(*) Idade estimada dos limites em milhões de anos (American Geological Institute, 1982)
O desenho 2200/IH-PL-A3-014 apresenta o mapeamento geológico da bacia do rio Uruguai.

3.1.4.1.1. A Formação Pirambóia

A Formação Pirambóia, redefinida por Soares (1975), é um pacote alternado de


arenitos e lamitos depositados do Neotriássico ao Eojurássico, que se estende
desde São Paulo até o Rio Grande do Sul. Nos estados do Paraná e Santa Catarina,
se dispõem em subsuperfície, aflorando na borda leste da bacia.

O contato da Formação Pirambóia com a Formação Botucatu, sobreposta, é


localmente discordante, com conglomerados basais localizados e indícios de paleo-
pavimentos desérticos no topo do Pirambóia. No entanto, os contatos erosivos
podem tratar-se apenas de um hiato expressivo, passagem normal de um ambiente
fluvial para desértico.(Soares 1973).

46
3.1.4.1.2. A Formação Botucatu
A Formação Botucatu, denominada de Arenitos São Bento por White (1908), é
constituída de sedimentos de origem eólica, lacustrinos e fluviais, depositados em
um clima árido sob condições de deserto. Data do Jurássico (possivelmente do
Mesojurássico) ao Cretáceo, estendendo-se por toda a bacia, transgredindo sobre o
embasamento cristalino em determinados locais.

A deposição dos arenitos red beds do topo da Formação Botucatu foi


contemporânea ao vulcanismo trapiano da Bacia do Paraná. Pacotes de espessura
variável destas rochas sedimentares intercalam-se com as efusivas no contato entre
elas.

3.1.4.1.3. As Efusivas de Platô da Formação Serra Geral

A Formação Serra Geral (Neojurássico/Eocretáceo) é constituída predominantemente


de derrames basálticos de platô, associados a eruptivas ácidas no meio da coluna.
O pacote de rochas vulcânico foi denominado, originalmente, de eruptivas Serra Geral
por White (1908). O nome Formação Serra Geral, no entanto, foi introduzido por
Gordon Jr. (1947).

As rochas vulcânicas, Formação Serra Geral, recobrem arenitos continentais


reunidos nas formações Pirambóia e Botucatu. Na borda da bacia, também
transgridem sobre as unidades paleozóicas e sobre o embasamento pré-cambriano.
As lavas correram para o quadrante oeste, sobre as camadas sedimentares.

As espessuras individuais dos derrames variam de uma dezena a uma centena de


metros, com média e valores mais comuns em torno de 50 m (Leinz 1949) Os
derrames geralmente tem posturas sub-horizontais, com mergulhos ao redor de 1º
nos homoclinais não perturbados tectonicamente, existentes na parte superior do
pacote. Sob influência de anomalias estruturais como domos, horsts, grabens,
falhas, e do paleo-relevo no interior da bacia, os ângulos de mergulho dos derrames
podem variar para graus maiores, podendo atingir até mais do que 20º.

3.1.4.1.4. A Compartimentação da Formação Serra Geral

Uma camada-guia representada pelo nível de riodacitos pórfiros denominado de


Membro Goio-En existente desde o Rio Grande do Sul até Guarapuava, no Paraná,
e bastante expressivo no topo do planalto do meio oeste catarinense, separa
discordantemente os derrames de lavas da Formação Serra Geral em duas
seqüências vulcânicas diferentes: o Membro Serra Geral Inferior, unidade sotoposta
aos riodacitos pórfiros do Membro Goio-En, constituído de vulcânicas básicas na
base, passando a intermediárias e com as ácidas no topo, e o Membro Serra Geral
Superior, sobreposto ao Membro Goio-En constituído de vulcânicas essencialmente
básicas toleiíticas (Paiva Filho, 2000).

Na região do rio Pelotinhas, as rochas vulcânicas pertencem ao Membro Serra Geral


Inferior.

47
3.1.4.1.5. Os Riodacitos Pórfiros do Membro GOIO-EM

Os riodacitos pórfiros do Membro Goio-En, correspondem às vulcânicas Tipo


Chapecó (CAV-Chapecó Acid Volcanics de Bellieni et al., l986) cujos teores de SiO 2
variam entre 64,08% e 68,12%.

Em lâmina delgada, o riodacito apresenta fenocristais de plagioclásio de 1 até 1,5


cm e microfenocristais de plagioclásio, augita e pigeonita de 0,2 a 0,6 mm, imersos
em matriz fina a vítrea, formada por micrólitos de feldspato alcalino, cristais de
quartzo, titanomagnetita, apatita e glóbulos de vidro. Microfenocristais de augita
substituem pigeonita.

3.1.4.1.6. O Membro Serra Geral Inferior

O Membro Serra Geral Inferior é constituído de vulcânicas sotopostas ao Membro


Goio-En, caracteristicamente de baixos teores em titânio (de acordo com o modelo
de Bellieni et al., 1984 que classifica as vulcânicas em de baixo teor em titânio, ou
LTi (TiO2 < 2 %), e de alto teor, ou HTi (TiO 2 > 2 %), com exceção de intercalações de
magmas básicos confinados na borda do rifte da abertura do Oceano Atlântico Sul,
nos contrafortes da Serra do Mar, que apresentam teores de TiO 2> 2%, 3,5 % em
média.

A seqüência inicia com lavas básicas toleiíticas (com TiO 2 em torno de 1,1 %) e
andesi-basaltos (com TiO2 ao redor de 1,4 %), passando a lavas de composição
intermediária dos andesitos toleiíticos (com TiO 2 de aproximadamente 1,5 %),
culminando com as efusivas ácidas (riodacitos e riolitos, de teores de SiO 2 variando
de 66,30 a 71,85%) em direção ao topo da seqüência (Bellieni et al. 1984, conforme
classificação de De La Roche et al. 1980).

Todo o pacote está confinado a leste da bacia, e nos contrafortes costeiros de


Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, e é encimados por granófiros,
correspondentes às efusivas ácidas tipo Palmas.

3.1.4.1.7. Os Granófiros ou Riodacitos

Os granófiros (riodacitos) tipo Palmas (Palmas Acid Volcanics de Bellieni et al.


1986), do topo do pacote de derrames do Membro Serra Geral Inferior, são
distinguidos macroscopicamente pelo aspecto pintalgado da textura fina
glomeroporfirítica que dá à rocha, um aspecto de “sal e pimenta”. A cor da rocha
maciça é cinza ou cinza-rosa, e em alguns casos, aparece “zebrada” ou com listras
devido à segregação mineral durante o resfriamento da lava. Quando intemperizada
produz um solo caulínico. Apresentam, via de regra, um horizonte pardo no topo,
caracterizado por um nível escoriáceo vesicular ou vesículo-amigdaloidal de aspecto
púmice.

Os estudos petrográficos em lâmina delgada demonstram que são litologias


levemente porfiríticas, com a massa fundamental formada de fenocristais de 0,5 a
2,0 mm e microfenocristais de 0,2 a 0,5 mm, constituídos de plagioclásio (An 59-51),
augita (Wo 37-32 En 42-38), pigeonita (Wo 9,2-8,9 En 46-40), ortopiroxênio (Wo 3.8-3.5 En 62-59) e
titanomagnetita. Às vezes ocorrem microfenocristais de feldspato alcalino (Or 75-65)
(Bellieni et al. 1984a).

48
3.1.4.1.8. As Rochas Básicas e Intermediárias

As efusivas de filiação básica, sotopostas aos granófiros, são de cor cinza-escura a


preta, e de textura predominantemente afanítica, pouco porfirítica em determinados
derrames. Tornam-se amareladas e pardas, produzindo solos avermelhados quando
intemperizadas. São comuns as desintegrações da rocha em esfoliações
esferoidais.

A delimitação superior dos derrames é marcada, quase sempre, por um horizonte


avermelhado de brecha basáltica bastante resistente, responsável pela morfologia
em escadaria dos vales da região. O contato da brecha com o nível de basalto
vesículo-amigdaloidal é geralmente transicional. Com a profundidade, o nível textural
vesículo amigdaloidal transiciona ao basalto denso do centro do derrame, quando
amígdalas e vesículas vão se tornando esparsas, mais estiradas ou achatadas, com
diâmetro maior de 5 cm ou mais.

O fraturamento é constituído de juntas de contração sub-horizontais (provocadas


pelo fluxo da lava que sofre tensões de cisalhamento) e verticais (de contração,
desenvolvidas em ângulo reto com a superfície de resfriamento). Na base do
derrame, acima do contato, ocorre um nível vesículo-amigdaloidal de espessura em
torno de 1 a 2 m, descolorido devido ao intemperismo, e com amígdalas e vesículas
achatadas pelo peso e fluxo da lava.

A análise petrográfica mostra que a rocha apresenta como minerais essenciais,


plagioclásio, piroxênio (augita, pigeonita), e opacos, olivina (rara) e apatita como
acessórios. A textura geralmente é ofítica a subofítica, ou intersertal.

3.1.4.1.9. O Membro Serra Geral Superios

O Membro Serra Geral Superior é caracterizado por uma sucessão de derrames de


basaltos predominantemente toleiíticos HTiB (high titanium basalts, com TiO2 > 2%)
escuros, sobrepostos discordantemente aos riodacitos pórfiros do Membro Goio-En.
Suas rochas são menos resistentes ao intemperismo decerto pelos teores mais
baixos de sílica (de 47% a 51,50%, aproximadamente), em comparação com os
basaltos similares contaminados do Membro Serra Geral Inferior, cujos teores são
maiores (de aproximadamente 51,50% a 54%). Esta particularidade química confere
à rocha uma maior fragilidade ao intemperismo, refletindo no maior grau de
entalhamento da drenagem, detectável nas imagens orbitais de sensoriamento
remoto.

Os estudos petrográficos em lâmina delgada mostram geralmente matriz com textura


intersertal ou intergranular formada de micrólitos de plagioclásio e piroxênio,
microfenocristais de andesina e labradorita, augita e pigeonita, com minerais acessórios
constituídos de apatita, hornblenda, magnetita e ilmenita. Os minerais de alteração da
matriz são vidro desvitrificado, óxidos de ferro e argilas.

A unidade estratigráfica Membro Serra Geral Superior, de acordo com os conhecimentos


atuais está ausente na região do planalto serrano de Lages.

49
3.1.4.2. Aspectos Geomorfológicos

A região em estudo compreende duas unidades geomorfológicos, sendo a de maior


abrangência local o Planalto dos Campos Gerais (expressando-se na área pelo
nome regional de Planalto de Campos Novos), enquanto que mais ao sul se faz
presente o Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/Rio Uruguai.

A unidade Planalto dos Campos possui um embasamento caracterizado por rochas


efusivas do Jurássico/Cretáceo depositadas no intenso vulcanismo ocorrido nesse
período.

Os rios presentes nessa unidade apresentam-se encaixados, com patamares


dissimulados nas encostas e cursos tortuosos, formando curvas oblíquas que
obedecem à orientação de falhamentos, esses rios apresentam corredeiras,
pequenas cachoeiras e lajeados.

A unidade Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/Rio Uruguai encontra-se entremeado


ao Planalto Campos Gerais, principalmente ao longo do Rio Pelotas e apresenta o
embasamento rochoso igual ao da unidade Planalto Campos Gerais.

Em oposição à unidade Planalto Campos Gerais, esta unidade apresenta relevo com
profundas incisões de drenagem e encostas em patamares denominados “traps”,
não desenvolvendo depósitos aluvionares, com rios correndo em trechos de
corredeiras e quedas d´água, encaixados em vales estruturais. A drenagem tem
como principal elemento o Rio Canoas, seguindo para o Rio Uruguai que segue a
inclinação geral do planalto.

As quedas de água e os ressaltos também se devem a variação textural e


diaclasamento dos derrames. A erosão fluvial inicialmente escava leitos de rios
sobre a zona de diaclases horizontais, formando pequenos saltos. Ao atingir a zona
de diaclases verticais, a erosão aprofunda-se com o desmoronamento dos blocos
que formam as colunas de basalto, formando o espelho da queda d´água.

FIGURA 3.6- RELEVO TÍPICO ENCONTRADO NA REGIÃO

Vale Encaixado

50
3.1.4.3. Aspectos Hidrogeológicos

A Bacia do Rio Pelotinhas está inserida na província hidrogeológica correspondente


a Bacia do Paraná, constituída por sedimentos clásticos e derrames basálticos. O
aqüífero dominante na região é o Sistema Serra Geral.

O aqüífero Serra Geral, constituído por lavas básicas tipo basaltos toleíticos, com
estruturas de derrames é o de maior expressão territorial e ocorrência. Trata-se de
um aqüífero em meio fraturado, onde a ocorrência de água subterrânea está
associada à descontinuidade dos derrames basálticos.

O Rio Pelotinhas, por estar inserido em uma região basáltica, aparece encaixado,
com margens muito íngremes e os profundos vales fazem com que a área em
estudo enfrente problemas de acessibilidade e deslocamento, justificando assim,
entre outros fatores, a baixa ocupação populacional.

As condições litológicas e estruturais não favorecem a formação de terraços aluviais


nas margens devido ao aprofundamento dos vales, bem como planícies de
inundação. Isto ocorre devido aos fortes entalhes existentes no basalto e pelo fato
de que esses cursos d´água correm sobre um continuo assoalho rochoso,
obedecendo ao sistema de fraturas.

3.1.5. Características Geotécnicas

A geologia do local do aproveitamento Raposo caracteriza-se pela ocorrência


predominante de derrames de lavas ácidas – riodacitos ou granófiros tipo Palmas.
Foram fotointerpretados, deste o topo dos interflúvios, ao leito do rio, 3 lineamentos
sub-horizontais atribuídos a contatos entre derrames.

A escavação da tomada d’água serão em rocha praticamente sã e bastante


fraturada, e as fundações dos apoios dos condutos forçados também serão em
rocha praticamente sã. As fundações da casa de força serão igualmente em rocha,
aflorante nas margens de um poço natural situado a jusante da queda.

No local do aproveitamento Coxilha Rica predominam de derrames de lavas ácidas


– riodacitos ou granófiros tipo Palmas. A rocha do leito do rio é praticamente sã,
diaclasada sub-horizontalmente devido a juntas de alívio de tensão, provavelmente
ao facilitada pelo alinhamento de cristais platiformes que provocam o “zebramento”
característico deste tipo de litologia. A rocha é também bastante fraturada sub-
verticalmente, devido a tectônica. Foram foto interpretados, na região de interesse
ao aproveitamento, três lineamentos sub-horizontais atribuídos a contatos entre
derrames.

A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 0,5 cm para menos.
De um modo geral, aflora rocha praticamente sã.

A escavação do emboque do túnel adutor será em rocha praticamente sã e bastante


fraturada, possivelmente em maciço sob tensões internas devido à falha que
originou o vale a jusante do eixo, e aos regimes transtensivos e transpressivos
relacionados às reativações (reativações da neotectônica) das falhas regionais.

51
As fundações dos apoios dos condutos forçados também serão em rocha
praticamente sã, em condições de encosta bastante íngreme, e a fundação da casa
de força será igualmente em rocha.

No local do aproveitamento Rincão, predominam derrames de lavas ácidas –


riodacitos ou granófiros tipo Palmas. Foram foto interpretados quatro derrames sub-
horizontalizados no local, sendo que os da base, a jusante das quedas,
possivelmente são de composição toleiítica básica intermediária. A rocha do leito do
rio é praticamente sã, diaclasada sub-horizontalmente devido a juntas de alívio de
tensão, provavelmente facilitada pelo alinhamento de cristais platiformes que
provocam o “zebramento” característico deste tipo de litologia.

Foram foto interpretados na região de interesse ao aproveitamento, vários


lineamentos sub-verticais de falhas transcorrentes paralelos e transversais ao eixo,
que provocaram o fraturamento das rochas e inclusive os processos denudativos
que originaram o meandro.

A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 1,0 m nos estreitos
patamares paralelos ao rio. Nas encostas íngremes, de um modo geral aflora rocha
praticamente sã.

As escavações do emboque do túnel adutor serão em rocha praticamente sã e


bastante fraturada, possivelmente em maciço sob tensões internas devido à falhas.
As fundações dos apoios dos condutos forçados também serão em rocha
praticamente sã, em condições de encosta bastante íngreme, e praticamente sem
cobertura de solo. Na região da casa de força a rocha é sã.

No local do aproveitamento Penteado, predominam derrames de lavas ácidas –


riodacitos ou granófiros tipo Palmas. Foram fotointerpretados na mesopotâmia, 5
derrames sub-horizontalizados, sendo que os da base a jusante das quedas,
possivelmente são de composição toleiítica básica intermediária. A rocha do leito do
rio é praticamente sã, diaclasada sub-horizontalmente devido a juntas de alívio de
tensão, provavelmente facilitada pelo alinhamento de cristais platiformes que
provocam o “zebramento” característico deste tipo de litologia.

A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 1,0 m nos estreitos
patamares paralelos ao rio. Nas encostas íngremes, de um modo geral aflora rocha
praticamente sã.

As escavações dos emboques dos túneis forçados serão em rocha praticamente sã


e bastante fraturadas, possivelmente em maciço sob tensões internas devido às
falhas. As fundações dos apoios dos condutos forçados também serão em rocha
praticamente sã, em condições de encosta bastante íngreme, e as fundações da
casa de força serão praticamente em rocha (não se descartando a possibilidade da
existência de camadas de solo e rocha pouco profundas, no local).

No local do aproveitamento Santo Cristo, foram fotointerpretados seis derrames sub-


horizontalizados. À meia encosta e topos das elevações, predominam derrames de
lavas ácidas – riodacitos ou granófiros tipo Palmas. Os derrames do sopé são de
composição toleiítica básica intermediária.

52
A rocha do leito do rio é praticamente sã, diaclasada sub-horizontalmente devido a
juntas de alívio de tensão, provavelmente facilitada pelo alinhamento de cristais
platiformes que provocam o “zebramento” característico deste tipo de litologia.

A espessura dos solos nas ombreiras é pequena, da ordem de 1,0 m nos estreitos
patamares paralelos ao rio. Nas encostas íngremes, de um modo geral aflora rocha
praticamente sã.

As escavações do emboque e desemboque dos túneis adutores serão em rocha


praticamente sã e bastante fraturada, possivelmente em maciço sob tensões
internas devido às falhas, requerendo tratamento para a estabilização das
abóbadas. As fundações dos apoios dos condutos forçados também serão em rocha
praticamente sã, em condições de encosta bastante íngreme e as escavações para
a implantação da casa de força serão praticamente em rocha sã, sendo a camada
de solo inexpressiva.

3.1.6. Solos

A bacia do rio Pelotinhas, localizada na região do planalto sul do Estado de Santa


Catarina, compreende os municípios de Capão Alto, Lages e Painel.

A área de estudo desta bacia, apresenta uma pequena variabilidade nos tipos de
solo existentes. Esta pequena variabilidade tem base na área mínima de
mapeamento utilizada nos mapas de solo existentes, os quais levam somente em
consideração manchas de tipos diferentes de solo que tenham mais de 10 ha. Esta
classificação, para Santa Catarina, foi apresentada em cartas topográficas de escala
1: 1.000.000, resultado de um trabalho exploratório executado pela EPAGRI,
EMBRAPA e universidades existentes no Estado.

Em levantamentos anteriores, efetuados sob a forma de cartas topográficas e


geológicas, além de pontos de amostragens, estas análises foram principalmente
baseadas em fotografias aéreas produzidas pelo Vôo Cruzeiro do Sul (1970) e suas
respectivas reproduções, através do governo federal (IBGE), normalmente nas
escalas de 1:50.000 e 1 : 100.000.

Como não foram efetuados vôos após este, além de particulares ou específicos,
esta classificação de classes foi concentrada pela Sociedade Brasileira de
Classificação do Solo (SBCS) e pelo Serviço Nacional de Levantamento e
Classificação dos Solos (SNLCS).

Esta concentração de tipos diferentes de solos foi confirmada a posteriori, utilizada


então, pelos levantamentos efetuados durante o projeto Microbacias/BIRB, que
ocorreu no Estado no período de 1991 a 1999.

Neste projeto, existia um componente denominado "mapeamento", que tinha a


função de apresentar um novo levantamento cartográfico para as regiões do Estado,
tendo como base levantamentos exploratórios que produziram mapas com escala
maior (1:25.000), aliado a informações de campo, tomadas a partir dos técnicos da
extensão rural, que desenvolviam o projeto baseado em um Plano Individual de
Propriedades, parte do qual consistia em um mapeamento expedito da propriedade,

53
em escala aproximada, que variava entre 1:2.000 até 1:10.000, para a execução do
planejamento de ações conservacionistas.

Lamentavelmente, para este trabalho, os dados recolhido pelo setor de mapeamento


do projeto microbacias/BIRD, ainda não estão totalmente disponíveis, utilizando-se
para a realização deste trabalho, parte do material do Projeto Microbacias, obtido
junto à EPAGRI, informações recolhidas do campo de técnicos que participaram do
projeto Microbacias/BIRD, além de visitas exploratórias a região e cartas
topográficas produzidas pelo vôo da empresa Cruzeiro do Sul de 1979.

Observando-se os aspectos físicos de solo da região em questão, ocorrem três


classes principais de solo, seja de forma isolada seja em associações complexas
destes grupos. Fazendo uma análise preliminar, pode-se dividir a bacia hidrográfica
do rio Pelotinhas em duas regiões que apresentam características distintas.

A região da foz do Pelotinhas, junto ao Pelotas (mais acidentada e declivosa - Figura


3.7) e o restante da bacia, área de altiplano (mais plano, menos acidentada - Figura
3.8 e Figura 3.9).

Na região de encosta, o solo predominante é uma associação complexa de três tipos


de solo, caracterizados como Re3 pelo Serviço Nacional de Levantamentos e
Classificação dos Solos (SNLCS).

Nesta associação, a proporção de participação de cada grupo de solo é assim


distribuída: Litossolos 55%, Terra Bruna Estruturada Intermediária com Terra Roxa
Estruturada 30% e Brunizem Avermelhado 15%. Esta distribuição não é
propriamente uma mistura aleatória e sim “manchas” de cada tipo individual de solo,
com área tão pequena frente ao mapeamento (menor que 10 ha), que não foi
possível sua individualização.

Normalmente os solos Litólicos são encontrados nas encostas e terrenos de alto


declive, os Brunizens são encontrados nos “degraus” entre as encostas e as Terras
Estruturadas, nas regiões mais altas do terreno.

FIGURA 3.7- REGIÃO DA ENCOSTA DO RIO

54
FIGURA 3.8- RIO NA ÁREA DE ALTIPLANO

FIGURA 3.9– RIO NA REGIÃO DE ALTIPLANO

Na região de altiplanos da bacia, com maior participação do relevo ondulado e suave


ondulado, aparece com maior freqüência grupos de solo individualizados. Nestas
regiões houve uma maior ação de intemperismo e menor ocorrência de erosão,
permitindo a formação de solos mais profundos. Aqui ocorrem terras estruturadas
(Bruna com A Húmico e Terra Estruturada Bruna Intermediário Terra Estruturada
Roxa, tanto de caráter eutrófico como distrófico).

Eventualmente podem ocorrer manchas também de Latossolos (Latossolo Bruno


Intermediário Latossolo Roxo) e nas áreas de relevo ondulado a levemente
ondulado, os Cambissolos (Cambissolo Bruno e Cambissolo Bruno Húmico). Os
Cambissolos comumente aparecem em associações com os Litossolos e Terras
Estruturadas, porém aqui, o Cambissolo aparece com cerca de 55% das
ocorrências, as terras com 30% e os Litossolos com 15%, podendo haver ou não
afloramentos rochosos.

55
3.1.6.1. Descrição das Classes de Solo e Tipos de Manejo

3.1.6.1.1. Solos Litólicos

São solos jovens, ainda em formação. Normalmente não apresentam horizonte B ou


ele existe de forma incipiente.

Normalmente apresenta seqüência de horizontes A,R; A,C,R; A, AC, R. Apresentam


uma profundidade de solo raso, normalmente variando entre 15 a 50 cm. Há a
predominância de perfis eutróficos, ocorrendo raramente perfis distróficos. O relevo
de maior ocorrência deste tipo de solo é o forte ondulado, e diminuindo a freqüência
no ondulado, montanhoso, escarpado e suave ondulado.

São solos não hidromórficos e com intensa presença de pedras e/ou cascalho, em
que predomina a textura média, sendo classificados também como argilosos, e com
alta variabilidade de CTC. Pode apresentar contato lítico (Figura 3.10) ou litóide
(Figura 3.11).

Em casos de horizontes com contato lítico, há o problema de rápida escassez de


água em períodos de baixa intensidade de chuva; outro problema é a maior
possibilidade de ocorrer afloramento do lençol freático, devido a baixa espessura do
solo e as altas declividades de terreno comumente associadas a este solo.

Em horizontes com contato litóide, a escassez de água pode ser considerada média
sendo também mais difícil a exposição do lençol freático.

Em ocorrências bastante raras ao longo do rio Pelotinhas, concentram-se na região


de sua foz, no rio Pelotas, podendo aparecer com o horizonte A Húmico (alto teor de
matéria orgânica, > 5%).

 É o tipo de solo predominante nas encostas ao longo do leito do rio Pelotas e na


parte baixa do Pelotinhas, em associações complexas com terras estruturadas e
brunizens avermelhados, sobre relevos forte ondulado a montanhoso.
 Apresentado nas unidades de mapeamento Ra3, caracterizadas por solos bem
drenados, porosos, com alta fertilidade natural.

FIGURA 3.10- LITOSSOLO CONTATO LÍTICO

56
FIGURA 3.11– LITOSSOLO CONTATO LITÓIDE

Uso do solo: embora seja indicado para silvicultura ou pastagens naturais, em


função de elevada declividade, são utilizados, por sua elevada fertilidade natural, em
pequenas lavouras de feijão e milho, com o uso intenso de tração animal.
Normalmente nas propriedades da região não são exploradas estas características,
quando muito sendo utilizado para pastagens ou silvicultura.

3.1.6.1.2. Brunizem Avermelhado

São solos que normalmente apresentam um perfil pouco profundo, com boa
diferenciação de horizontes. Pode apresentar horizonte B Textural (Bt) ou Incipiente,
e normalmente apresentam uma seqüência de horizontes da seguinte forma: A, Bt,
C ou A, (B), C.

Este tipo de solo é obrigatoriamente eutrófico. Ocorrem com mais freqüência em


terrenos forte ondulado e em menor freqüência em montanhoso e ondulado. São
solos não hidromórficos, predominando a textura média/argilosa podendo haver a
argilosa ao longo do perfil. Podem apresentar pedregosidade e obrigatoriamente
apresentam argila de atividade alta. Ocorrem normalmente em altitudes entre 200 a
700 metros.

Na bacia em estudo, ocorrem em associação com os litossolos e terras estruturadas


ao longo da bacia do rio Pelotas, aparecendo no Pelotinhas nas encostas próximas
da foz com o Pelotas. Apresenta a unidade de mapeamento Re3 e o uso deste solo
normalmente é restrito a sua condição de declividade. Na região normalmente é
usado em áreas de silvicultura, ou áreas de preservação permanente.

57
3.1.6.1.3. Cambissolos

São solos que normalmente apresentam um perfil pouco profundo, com presença de
horizonte B incipiente, e normalmente apresentam uma seqüência de horizontes da
seguinte forma: A, (B), C ou A, (B), R.

Apresenta a unidade de mapeamento CBHa3 (Figura 3.12), CBHa4 (Figura 3.13),


CBHa5 e TBRa2; são solos minerais, com textura argilosa, podendo ocorrer a
presença de cascalhos, pedregosidade, relevo acidentado e pouca profundidade,
sendo estas as principais limitações ao seu uso agrícola.

Neste tipo de solo, predominam condições álicas, mas com menor freqüência são
encontrados distróficos ou mesmos cambissolos eutróficos. (Na região em estudo,
há uma predominância pelo cambissolo distrófico ou álico, devido ao tipo de rocha
matriz predominante na região ter características ácidas).

Estão presentes nas mais variadas formas de relevo, na seguinte ordem de


importância de freqüência: ondulado, forte ondulado, suave ondulado, plano,
montanhoso e escarpado.

Predomina na forma de textura argilosa, e com menor freqüência a média ou muito


argilosa. Pode apresentar alta ou baixa CTC, sendo mais comum a última. É comum
apresentar altos índices de pedregosidade ou cascalho.

São solos que não apresentam gradiente textural, conseqüentemente não


apresentam cerosidades no perfil. Podem apresentar em um mesmo perfil, fase
pedregosa seguido de uma não pedregosa.

FIGURA 3.12– CAMBISSOLO BRUNO HORIZONTE A HÚMICO

58
FIGURA 3.13- CAMBISSOLO BRUNO HORIZONTE A HÚMICO COM PEDREGOSIDADES E
AFLORAMENTOS

a) Cambissolo distrófico

 Ocorre ao longo das margens do rio Pelotinhas, sobre relevo suave ondulado a
forte ondulado. Pode aparecer também nos “degraus” formados ao longo do
tempo pela erosão contínua das encostas em terreno, obrigatoriamente, suave
ondulado.

 Uso do solo: as unidades CBHa4 e CBHa5 são indicadas para silvicultura e/ou
pastagens naturais, com forte limitação quanto à suscetibilidade à erosão e
mecanização agrícola, elevada pedregosidade (inclusive com afloramentos,
Figura 3.14) e áreas cascalhentas. A unidade CBHa3 somente é indicada para
lavouras anuais, em manejos que envolvem o uso de níveis baixos de
mecanização, mão de obra familiar e tração animal. Estes solos têm sido
cultivados em pequenas áreas com lavouras de milho e feijão no verão e, no
inverno, com pastagens, principalmente para subsistência e alimentação para
animais. Sua única vantagem é a união de solo relativamente plano com relativa
fertilidade natural, apesar do alto risco de erosão e alto índice de pedregosidade.
Aqui também vem sendo aplicados os sistemas de cultivo mínimo e plantio direto,
através da adaptação de maquinário, melhorando a produtividade, diminuindo a
erosão, diminuindo a necessidade de mão de obra, porém aumentando o risco
ambiental, com o aumento de consumo de agrotóxicos.

59
FIGURA 3.14– CAMBISSOLO COM AFLORAMENTO ROCHOSO

b) Cambissolo álico

 Ocorre ao longo do rio Pelotinhas, em ambas as margens, em áreas de relevo


suave ondulado a forte ondulado principalmente nos topos dos morros ou nos
inícios dos declives.

 O caráter húmico destes solos já indica uma forte tendência dos mesmos
apresentarem o perfil álico.

 São solos minerais, com textura argilosa e com presença (ou não) de cascalhos
e rochas (inclusive com afloramentos), sendo normalmente medianamente ou
pouco profundos.

 Uso do Solo: as unidades CBHa4 e CBHa5 não é indicada para lavouras anuais.
São muito limitados à mecanização e apresentam moderada deficiência de água.
Indicado, portanto, para silvicultura e/ou pastagens naturais. Aparecem
principalmente em áreas de transição entre a Terra Bruna Estruturada
Intermediária a Terra Roxa Estruturada, presentes nos topos dos altiplanos e as
associações dos solos litólicos de encosta. A mão de obra nas raras lavouras,
normalmente na unidade CBHa3, é basicamente familiar com uso preponderante
da tração animal. A deficiência de fertilidade exige o uso da calagem intensa e
adubação, que são indispensáveis à obtenção de boas produtividades. Na
região, há uma tendência ao uso destas áreas como "potreiros" (campo nativo
perenizado), havendo uma forte tendência ao cultivo maciço em silvicultura
(Pinus), principalmente devido ao gradual aumento de preços de insumos
agrícolas modernos, necessários para corrigir a fertilidade destes solos.

3.1.6.1.4. Terras Estruturadas

Tipo de solo que apresenta perfil profundo a pouco profundo, sempre apresentando
o horizonte B textural, com boa presença de cerosidade entre os agregados do solo.
Apresenta um alto gradiente textural entre suas camadas.

60
Normalmente a seqüência de horizontes é A, Bt, C. Apresenta normalmente argila de
baixa CTC, predominando por isto os perfis álicos, distróficos, e em menor
quantidade, eutróficos (função do caráter químico da rocha matriz).

São solos comumente não hidromórficos, predominando em relevo ondulado,


seguido de forte ondulado, suave ondulado e mais raramente o montanhoso.

Devido à presença do horizonte B textural, apresenta altos teores de argila em sua


textura, classificando como argiloso ou muito argiloso. Podem ocorrer situações de
pedregosidade.

a) Terra Bruna Estruturada intermediária terra roxa estruturada

 Ocorre de modo expressivo nas áreas em que o planalto encontra-se dentro da


área de influência estudada do reservatório, em relevo Plano a ondulado.

 Apresentada pela unidade de mapeamento TBRa2 (em torno de 55% da área)


(Figura 3.15), caracterizada por solos minerais, bem drenados, de textura muito
argilosa existindo ocorrência de horizonte B textural, com cerosidade variando de
moderada a forte; de comum a abundante. Normalmente aparece com
características distróficas.

 Apresenta um teor de concentração de ferro (goetita) acima de 15%,


predominando perfis até 2,00 metros.

FIGURA 3.15– TERRA BRUNA INTERMEDIÁRIA TERRA ROXA ESTRUTURADA

61
 Uso do Solo: Só são recomendadas limitações de uso para cultivos anuais em
condições de declividade alta, principalmente pelo horizonte b textural, que
podem ocasionar deslizamentos de terra. São os solos de melhores condições de
cultivo na região. É utilizado predominantemente com lavouras anuais de milho e,
no inverno, pastagens cultivadas de inverno, ou pousio, dependendo das
condições econômicas e culturais do proprietário.

Como são os solos de cultivo mais intensivo, são também, os que apresentam o
melhor uso de tecnologia, incluindo a aplicação de mecanização. Normalmente
na região, são utilizados como pastagem para o gado.

b) Terra Bruna Estruturada Húmica

 Ocorre de modo pouco expressivo nas áreas de planalto, em relevo suave


ondulado a ondulado.

 Apresentada pela unidade de mapeamento TBHa1 (em torno de 65% da área)


(Figura 3.16), caracterizada por solos minerais, bem drenados, de textura muito
argilosa existindo ocorrência de horizonte B textural, com cerosidade variando de
moderada a forte; de comum a abundante e um horizonte A húmico,
apresentando caráter álico.

 Apresenta um teor de concentração de ferro (goetita) acima de 15%,


predominando perfis em torno de 2,00 metros.

FIGURA 3.16– TERRA BRUNA HÚMICA

62
 Uso do Solo: Só são recomendadas limitações de uso para cultivos anuais em
condições de declividade alta, principalmente pelo horizonte b textural, que
podem ocasionar deslizamentos de terra. São os solos de melhores condições de
cultivo na região. É utilizado predominantemente com pastagens nativas ou
cultivadas de inverno, apresentando também áreas de intenso crescimento de
silvicultura, dependendo das condições econômicas e culturais do proprietário.

Como são os solos de cultivo mais intensivo, são também, os que apresentam o
melhor uso de tecnologia, incluindo a aplicação de mecanização.

3.1.6.1.5. Latossolos

São solos mais intemperizados, de perfil profundo a muito profundo. Apresentam


baixo gradiente textural (normalmente  1,2), com argilas de atividade baixa,
predominando perfis álicos e distróficos, podendo ocorrer raramente perfis
eutróficos.

Pela sua formação, não há a possibilidade de serem hidromórficos e tem sua


ocorrência em relevos ondulado e suave ondulado, com predominância do primeiro.
Apresenta uma seqüência de horizontes bastante definida (A, B, C), de alta
porosidade e baixa CTC, não apresentando portanto cerosidades ao longo do perfil.

Podemos observar algumas destas características no exemplo da Figura 3.17.

FIGURA 3.17– TERRA BRUNA HÚMICA

63
Latossolo Bruno Câmbico

 Ocorre nas área mais altas do terreno (altiplanos).

 Pode apresentar um horizonte A húmico bem definido.

 Apresenta uma coloração mais próxima do marrom apresentando um teor de


goetita (forma de ferro) entre 13 a 24%,

 Perfil maior que 2,00 metros, bem drenado.

 Uso do solo: permite o uso pela agricultura desde que sofra algumas correções
no tocante a fertilidade. Apresenta-se livre de pedras e quando utilizados para
cultivos, representa a base geográfica da cultura de grãos da região. Nos
períodos de entressafra de verão, pode ser utilizado para plantio de pastagem de
inverno ou mesmo para culturas de inverno como trigo e centeio. Normalmente
vem sendo utilizados com campo nativo ou silvicultura. Seu uso na região pode
ser feito de forma altamente tecnificada, atingindo produções iguais ou superiores
à média de produção de milho do Estado.

Estes tipos de solos estão presentes na região raras ocorrências, sob a forma de
associação TBHa1, anexo a Terra Bruna Estruturada Húmica, na relação
aproximada de 65% para as Terras e 35 % para o Latossolo.

3.1.6.2. Grupos de Aptidão Agrícola

O estudo da aptidão agrícola dos solos serve para verificar se em determinada


região determinada prática agrícola poderá ou não vir a causar conflitos entre sua
utilização e a capacidade de suporte que aquele solo pode fornecer. Esta é a razão
que leva a cada Estado ou grupo de trabalho, procurar uma aproximação melhor da
tabela de Usos e Aptidão Agrícola usada nacionalmente, para a situação que tal
grupo está envolvido.

A tabela de Usos e Aptidão agrícola sugerida por Lepsch (Manual para


Levantamento Utilitário do Meio Físico e classificação de Terras no Sistema de
Capacidade de Uso; 1983), reconhecida nacionalmente é a seguinte:

- Grupos: são as possíveis utilizações que se podem aplicar ao solo;

- Classes: são as práticas de controle de erosão e as práticas complementares de


melhoramentos;

- Subclasses: são as limitações do solo.

As utilizações que se podem aplicar ao solo foram divididas em:

GRUPO A: Terras passíveis de serem utilizadas com culturas anuais, perenes,


pastagens e/ou reflorestamento e vida silvestre (comporta as classes I, II, III e IV).

GRUPO B: Terras impróprias para cultivos intensivos, mas ainda adaptadas para
pastagens e/ou reflorestamento e/ou vida silvestre, porém cultiváveis em casos de
algumas culturas especiais protetoras do solo (comporta as classes V, VI e VII).

64
GRUPO C: Terras não adequadas para cultivos anuais, perenes, pastagens ou
reflorestamento, porém apropriadas para proteção da flora e fauna silvestre,
recreação ou armazenamento de água (comporta a classe VIII).

As práticas de controle à erosão (exemplos: terraceamento, plantio e cultivo em


nível, faixas de retenção ou de rotação e canais divergentes) e as práticas
complementares de melhoramentos (exemplos: calagem, adubações químicas,
adubação verde, rotação de culturas, subsolagem, drenagem, divisão e manejo de
pastagens) foram divididas em oito classes designadas por algarismos romanos:

GRUPO A

CLASSE I: terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de


conservação.

CLASSE II: terras cultiváveis com problemas simples de conservação.

CLASSE III: terras cultiváveis com problemas complexos de conservação.

CLASSE IV: terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou em extensão limitada, com


sérios problemas de conservação.

GRUPO B

CLASSE V: terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, sem


necessidade de práticas especiais de conservação, cultiváveis apenas em casos
muito especiais.

CLASSE VI: terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com
problemas simples de conservação, cultiváveis apenas em casos especiais de
algumas culturas permanentes protetoras do solo.

CLASSE VII: terras adaptadas em geral somente para pastagens ou


reflorestamento, com problemas complexos de conservação.

GRUPO C

CLASSE VIII: terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo


servir apenas como abrigo e proteção de fauna e flora silvestre, como ambiente para
recreação, ou para os fins de armazenamento de água.

E, as limitações do solo, por sua vez, foram divididas em quatro subclasses,


designadas pelas seguintes letras:

CLASSES II a VIII

- e: limitação pela erosão presente ou risco de erosão

- s: limitações relativas ao solo

- a(w): limitações por excesso de água

- c: limitações climáticas
65
A natureza da limitação é representada por letras minúsculas, de modo que a
subclasse é representada pelo algarismo romano da classe seguido da letra que
designa a limitação (exemplo: IIIe = classe III com problema de erosão).

O enquadramento das classes pode ser feito por dois processos: o paramétrico e o
sintético. Basicamente, pode-se dizer que o primeiro, paramétrico, classifica as
terras com base única na limitação mais severa que possui e o segundo, sintético,
de acordo com o somatório dos graus de limitações e aptidões do solo.

A seguir apresentados, conforme Classificação do Manual para Levantamento


Utilitário do Meio Físico e Classificação de Terras no Sistema de Capacidade de Uso
(1983), as caracterizações das classes e subclasses de capacidade de uso:

GRUPO A

Classe I

São terras que têm nenhuma ou somente muito pequenas limitações permanentes
ou riscos de depauperamento.

São próprias para culturas anuais climaticamente adaptadas, com produção de


colheitas entre médias e elevadas sem práticas ou medidas especiais de
conservação do solo. Normalmente, são solos profundos, de fácil mecanização, com
boa retenção de umidade no perfil e fertilidade de média e alta. São áreas planas ou
com declividades muito suaves, sem riscos de inundação e sem grandes restrições
climáticas.

Não há afloramentos de rocha, nem o lençol de água é permanentemente elevado


ou qualquer outra condição que possa prejudicar o uso de máquinas agrícolas.
Dependendo de bons sistemas de manejo, podem mesmo ser cultivadas com
plantas que facilitem a erosão, como o algodão, milho ou mandioca, plantadas em
linhas retas, sem perigo apreciável de erosão acelerada.

As práticas comuns de melhoria e manutenção da fertilidade do solo, inclusive a


rotação de culturas e aplicação de corretivos e fertilizantes, devem ser usadas nas
terras da classe I. Esta classe não admite subclasses.

Classe II

Consiste em terras que têm limitações moderadas para o seu uso. Estão sujeitadas
a riscos moderados de depauperamento, mas são terras boas, que podem ser
cultivadas desde que lhes sejam aplicadas práticas especiais de conservação do
solo, de fácil execução, para produção segura e permanente e colheitas entre
médias e elevadas, de culturas anuais adaptadas à região.

A declividade já pode ser suficiente para provocar enxurradas e erosão. Em terras


planas, podem requerer drenagem, porém sem necessidades de práticas complexas
de manutenção dos drenos. Podem enquadrar-se nessa classe também terras que
não tenham excelente capacidade de retenção de água. Cada uma dessas
limitações requer cuidados especiais, como aração e plantio em contorno, plantas de
cobertura, cultura em faixas, controle de água, proteção contra enxurradas advindas
de glebas vizinhas, além das práticas comuns referidas para a classe I, como
66
rotações de cultura e aplicações de corretivos e fertilizantes. A classe II admite as
seguintes subclasses:

Subclasse IIe: terras produtivas, com relevo suavemente ondulado, oferecendo


ligeiro a moderado risco de erosão (classe de declive entre 2 e 5%);

Subclasse IIs: terras produtivas, planas ou suavemente onduladas, com ligeira


limitação pela capacidade de retenção de água, ou baixa saturação de bases
(caráter distrófico), ou pouca capacidade de retenção de adubos (baixa capacidade
de troca);

Subclasse IIa: terras produtivas, praticamente planas, com ligeiras restrições de


drenagem ou excesso de água, sem riscos de inundação, mas, uma vez instalado o
sistema de drenos, é de fácil manutenção e, a probabilidade de salinização,
pequena;

Subclasse IIc: terras produtivas, praticamente planas ou suavemente onduladas,


com ligeiras limitações climáticas (seca prolongada até três meses).

Classe III

São terras que quando cultivadas sem cuidados especiais, estão sujeitas a severos
riscos de depauperamento, principalmente no caso de culturas anuais. Requerem
medidas intensas e complexas de conservação do solo, a fim de poderem ser
cultivadas segura e permanentemente, com produção média a elevada, de culturas
anuais adaptadas.

Esta classe pode apresentar variações (subclasses), de acordo com a natureza do


fator restritivo de uso. Os principais fatores limitantes são: a declividade (moderado),
drenagem deficiente, escassez de água no solo (regiões semi-áridas não irrigadas) e
pedregosidade. Freqüentemente, essas limitações restringem muito a escolha das
espécies a serem cultivadas, ou a época do plantio ou operações de preparo e
cultivo do solo. A classe III admite as seguintes subclasses:

Subclasses IIIe: terras com declividades moderadas (classe de declive entre 5 e


10%), relevo suavemente ondulado a ondulado, com deflúvio rápido, com riscos
severos à erosão sob cultivos intensivos, podendo apresentar erosão laminar
moderada e/ou sulcos superficiais e rasos freqüentes, também em terrenos com
declives da classe entre 2 e 5% e solos muito erodíveis, como aqueles com
mudança textural abrupta;

Subclasse IIIs: terras praticamente planas ou suavemente onduladas com


fertilidade muito baixa (caráter álico) ou limitadas ainda por: profundidade efetiva
média, ou drenagem interna moderada a pobre; ou risco acentuado de salinização,
ou dificuldades de preparo do solo devido à presença de pedras ou argilas
expansivas (caráter vértico);

Subclasse IIIa: terras praticamente planas com limitações moderadas por excesso
de água, mas sem riscos freqüentes de inundações: a drenagem é possível, mas,
sua manutenção complexa;

67
Subclasse IIIc: terras praticamente planas a suavemente onduladas, com
moderadas limitações climáticas, como a escassez de água em regiões semi-áridas.

Classe IV

São terras que têm riscos ou limitações permanentes muito severas quando usadas
para culturas manuais. O solos podem ter fertilidade natural boa ou razoável, mas
não são adequados, para cultivos intensivos e contínuos. Usualmente, devem ser
mantidas com pastagens, mas podem ser suficientemente boas para certos cultivos
ocasionais (na proporção de um ano de cultivo para cada quatro a seis de
pastagem) ou para algumas culturas anuais, porém com cuidados muito especiais.

Tais terras podem ser caracterizadas pelos seguintes aspectos: declive íngreme,
erosão severa, obstáculos físicos, como pedregosidade ou drenagem muito
deficiente, baixa produtividade, ou outras condições que as tornem impróprias para o
cultivo motomecanizado regular.

Em algumas regiões, onde a escassez de chuvas seja muito sentida, de tal maneira
a não serem seguras as culturas sem irrigação, as terras deverão ser classificadas
na classe IV, são previstas as seguintes subclasses:

Subclasse IVe: terras severamente limitadas por risco de erosão para cultivos
intensivos, geralmente com declividades acentuadas (classe de declive entre 10 e
15%), com deflúvio muito rápido, podendo apresentar erosão em sulcos superficiais
muito freqüentes, em sulcos rasos freqüentes ou em sulcos profundos ocasionais:
também é o caso de terrenos com declives da classe entre 5 e 10%, mas com solos
muito suscetíveis à erosão, tais como os Podzólicos com mudança textural abrupta;

Subclasse IVs: solos limitados pela profundidade efetiva rasa, ou apresentando


pedregosidade (30-50%), com problemas de moto mecanização, ou ainda com
pequena capacidade de retenção de água aliada a problemas de fertilidade (como
no caso das Areias Quartzosas);

Subclasse IVa: solos úmidos, de difícil drenagem, dificultando trabalhos de moto


mecanização e ainda com outra limitação adicional, tal como risco de inundação
ocasional, que impede cultivo contínuo;

Subclasse IVc: terras com limitações climáticas moderadas a severas, ocasionando


períodos prolongados de seca, não sendo possíveis colheitas em anos muito secos,
ou então com risco ocasional de geada.

GRUPO B

Classe V

São terras planas, ou com declives muito suaves, praticamente livres de erosão,
mas impróprias para serem exploradas com culturas anuais, e que podem, com
segurança, ser apropriadas para pastagens, florestas ou mesmo para algumas
culturas permanentes, sem a aplicação de técnicas especiais.

Embora apresentando-a praticamente planas e não sujeitas à erosão, não são


adaptadas para exploração com culturas anuais comuns, em razão de impedimentos

68
permanentes, tais como muito baixa capacidade de armazenamento de água,
encharcamento (sem possibilidade de ser corrigido), adversidade climática,
freqüente risco de inundação, pedregosidade ou afloramento de rochas. Em alguns
casos, é possível o cultivo exclusivo do arroz; mesmo assim, risco de insucesso
pelas limitações advindas principalmente do risco de inundação. O solo, entretanto,
tem poucas limitações de qualquer espécie, para uso em pastagens ou silvicultura.
Podem necessitar de alguns tratos para produções satisfatórias tanto de forragens
como de arbustos e árvores. Entretanto, se tais tratos forem dispensados, não serão
sujeitas à erosão acelerada. Por isso, podem ser usadas permanentemente sem
práticas especiais de controle de erosão ou de proteção do solo. São previstas para
a classe V as seguintes subclasses:

Subclasse Vs: terras planas não sujeitas à erosão, com deflúvio praticamente nulo,
podendo apresentar como limitações os seguintes fatores: muita baixa capacidade
de armazenamento de água, drenagem interna muito rápida ou muito lenta,
pedregosidade ou rochosidade intensa e problemas advindos de pequena
profundidade efetiva;

Subclasse Va: terras planas não sujeitas à erosão, com deflúvio permanentemente
nulo, severamente limitadas por excesso de água, sem possibilidade de drenagem
artificial e/ou risco de inundação freqüente, mas que podem ser usadas para
pastoreio, pelo menos em algumas épocas do ano;

Subclasse Vc: terras planas com limitações climáticas severas, com longos
períodos de seca e/ou risco freqüente de geada, neve ou ventos frios.

Classe VI

Terras impróprias para culturas anuais, mas que podem ser usadas para produção
de certos cultivos permanentes úteis, como pastagens, florestas e algumas
permanentes protetoras do solo, como seringueira e cacau, desde que
adequadamente manejadas. O uso com pastagens ou culturas permanentes
protetoras deve ser feito com restrições moderadas, com práticas especiais de
conservação do solo, uma vez que, mesmo sob este tipo de vegetação, são
medianamente suscetíveis de danificação pelos fatores de depauperamento do solo.

Normalmente as limitações que apresentam, são em razão da declividade excessiva


ou pequena profundidade do solo, ou presença de pedras impedindo emprego de
máquinas agrícolas. Quando a pluviosidade da região é adequada para culturas, as
limitações da classe VI residem em geral, na declividade excessiva, na pequena
profundidade do solo ou na pedregosidade. Nas regiões semi-áridas, a escassez de
umidade, muitas vezes, é a principal razão para o enquadramento da terra na classe
VI, que apresenta as seguintes subclasses:

Subclasse VIe: terras que, sob pastagem (ou, eventualmente, com culturas
permanentes protetoras do solo, como por exemplo: seringueira, cacau ou banana),
são medianamente suscetíveis à erosão, com relevo ondulado e declividades
acentuadas (classes de declive entre 10 e 15%, ou entre 5 e 10% para solos muito
erodíveis), propiciando deflúvio moderado a severo; dificuldades severas de moto
mecanização, pelas condições topográficas, com risco de erosão que pode chegar a

69
muito severo; presença de erosão em sulcos rasos muito freqüentes ou sulcos
profundos freqüentes;

Subclasse VIs: terras constituídas por solos rasos ou, ainda, com pedregosidade
(30-50%) e/ou rochas expostas na superfície. Outra condição que pode caracteriza-
las é a pequena produtividade dos solos, como no caso das Areias Quartzosas em
terrenos não planos;

Subclasse VIa: solos muito úmidos, com pequenas ou nulas possibilidades de


drenagem artificial, acarretando problemas à moto mecanização, agravados por
certa suscetibilidade à erosão ou recebimento de depósitos erosivos oriundos de
áreas vizinhas;

Subclasse VIc: terras com limitações climáticas muito severas, a ocasionar seca
edafológica muito prolongada que impeça o cultivo mesmo das plantas perenes mais
adaptadas.

Classe VII

Terras que, por serem sujeitas a muitas limitações permanentes, além de serem
impróprias para culturas anuais, apresentam severas limitações, mesmo para certas
culturas permanentes protetoras do solo, pastagens e florestas. Sendo altamente
suscetíveis de danificação, exigem severas restrições de uso, com práticas
especiais. Normalmente, são muito íngremes, erodidas, pedregosas ou com solos
muito rasos, ou ainda com deficiência de água muito grande.

Os cuidados necessário a elas são semelhantes aos aplicáveis à classe VI, com as
diferença de poder ser necessário maior número de práticas conservacionistas, ou
que estas tenham que ser mais intensivas, a fim de prevenir ou diminuir os danos
por erosão. Requerem cuidados externos para controle da erosão. Seu uso, tanto
para pastoreio como para produção de madeira, requer sempre cuidados especiais.
Suas subclasses são as seguintes:

Subclasse VIIe: terras com limitações severas para outras atividades que não
florestas, com risco de erosão muito severo, apresentando declividades muito
acentuadas (mais de 40% de declividade) propiciando deflúvios muito rápidos ou
impedindo a moto mecanização; presença de erosão em sulcos muito profundos,
muito freqüentes;

Subclasse VIIs: terras pedregosas (mais de 50% de pedregosidade), com


associações rochosas, solos rasos a muito rasos ou, ainda, com agravante de serem
constituídas por solos de baixa capacidade de retenção de água;

Subclasse VIIc: terras com limitações climáticas muito severas, a exemplo das
terras situadas em regiões semi-áridas, em locais onde a irrigação seria
imprescindível, mas é impraticável.

70
GRUPO C

Classe VIII

Terras impróprias para serem utilizadas com qualquer tipo de cultivo, inclusive o de
florestas comerciais ou para produção de qualquer outra forma de vegetação
permanente de valor econômico. Prestam-se apenas para proteção e abrigo da
fauna e flora silvestre, para fins de recreação e turismo ou armazenamento de água
em açudes.

Consistem, em geral, em áreas extremamente áridas, ou acidentadas, ou


pedregosas, ou encharcadas (sem possibilidade de pastoreio ou drenagem artificial),
ou severamente erodidas ou encostas rochosas, ou, ainda dunas arenosas. Inclui-se
aí a maior parte dos terrenos de mangues e pântanos e terras muito áridas, que não
se prestam para pastoreio. São possíveis as seguintes subclasses:

Subclasse VIIIe: terras de relevo excessivo, com declives extremamente


acentuados e deflúvios muito rápidos, a expor os solos a alto risco de erosão
inclusive a eólica, como é o caso das dunas costeiras; presença de processos
erosivos muito severos, inclusive voçorocas;

Subclasse VIIIs: terras constituídas por solos rasos e/ou com tantas pedras a
afloramentos de rocha, que impossibilitem plantio e colheita de essências florestais;

Subclasse VIIIa: áreas planas permanentemente encharcadas, como banhados ou


pântanos, sem possibilidade de drenagem ou apresentando problemas sérios de
fertilidade, se drenados, como no caso dos solos Tiomórficos;

Subclasse VIIIc: terras com limitações climáticas muito severas, como as das áreas
áridas, que não se prestam mesmo ao pastoreio ocasional.

Além das oito classes de capacidade de uso, existem as terras que não possibilitam
o desenvolvimento de vegetação: são áreas denominadas tipos de terreno. Entre
elas, enquadram-se os afloramentos contínuos de rochas, areias de praias, áreas
escavadas pelo homem, etc.

No Estado de Santa Catarina, durante a implantação do projeto Microbacias, esta


tabela sofreu uma adaptação, visando aproxima-la melhor das condições aqui
vigentes. Esta adaptação significou a abolição dos grupos de uso e uma redução no
número de Classes de Uso e a modificação das subclasses em seis parâmetros
distintos, porém de aplicação direta para o estudo das condições do Estado, desta
forma a própria Classe se tornou se próprio grupo e já define o tipo possível de uso
de solo sem restrições. Esta tabela e forma de classificação está apresentada no
quadro 3.28.

As mudanças morfológicas em relação à tabela de uso nacional são que as classes


passam a ser representada por algarismos arábicos de 1 a 5, também em escala
decrescente de possibilidade de uso de solo. O padrão de enquadramento é o
Paramétrico, ou seja, o fator limitante é que enquadra o solo em determinada classe
de uso.

71
Como na classificação de Lepsh, a classe 1 é boa por excelência, não admitindo
restrições de espécie alguma, enquanto os demais podem ser acompanhados de
letras minúsculas que designam as restrições, sendo no máximo duas, na hipótese
de ambas terem importância capital na escolha do enquadramento.

Como o enquadramento é paramétrico, a classe de uso de solo só é conhecida após


a análise das possíveis restrições existentes. Estes dados são então reunidos em
uma espécie de "fórmula", que nada mais é do que o resumo de todas as possíveis
restrições que um solo apresentará. Baseados no conjunto destes dados, então é
definido a classe que será então apresentada em um mapa de classes de uso de
solo.

Na região da bacia do rio Pelotinhas, ocorrem todas as 5 classes de uso do solo


citadas acima. Isto está principalmente vinculado aos fatores tipo de solo,
profundidade, declividade e pedregosidade.

Naturalmente, nos altiplanos, há uma tendência a situar o solo em uma classe boa
de solo (de 1 a 3), e à medida que vai se aproximando as encostas do Pelotas,
começam a aparecer classes piores (4 ou 5). É evidente que esta divisão é
grosseira, pois mesmo em áreas planas, podem haver problemas como solos rasos
e pedregosos, que levariam a classificação a uma situação pior.

No mapa de Aptidão agrícola dos solos, apresentado no desenho 4100/EA-PE-A3-


010, é detalhada a ocorrência dos diferentes solos na bacia do rio Pelotinhas.

72
QUADRO 3.28– CLASSES E SUB-CLASSES DE USO DE SOLO USADOS EM SANTA CATARINA

DECLIVIDADE
CLASSE DECLIVE (%) SÍMBOLO
PLANO 0a3 A
SUAVE ONDULADO 3a8 B
ONDULADO 8 a 20 C
FORTE ONDULADO 20 a 45 D
MONTANHOSO 45 a 75 E
ESCARPADO > 75 F

PROFUNDIDADE EFETIVA
CLASSE MEDIDA (cm) SÍMBOLO
MUITO PROFUNDO > 200 pr1
PROFUNDO 200 a 100 pr2
POUCO PROFUNDO 100 a 50 pr3
RASO < 50 pr4

SUSCETIBILIDADE A EROSÃO
GRAU DE LIMITAÇÃO DECLIVIDADE (%) PROP. FÍSICAS PERDAS NO HORIZ. SÍMBOLO
NULO 0a3 BOAS NÃO APARENTE e0
LIGEIRO 3a8 BOAS < 25 % e1
MODERADO 8 a 20 MÁS 25 a 75 % e2
FORTE ONDULADO 20 a 45 MÁS > 75 % e3
MUITO FORTE > 45 MÁS > 75 % e4

PEDREGOSIDADE
CLASSE PRESENÇA DE PEDRAS (%) SÍMBOLO
NÃO PEDREGOSA AUSÊNCIA OU < 0,1 p0
MODERADAMENTE PEDREG. 0,1 a 3 p1
PEDREGOSA 3 a 15 p2
MUITO PEDREGOSA 15 a 50 p3
EXTREMAMENTE PEDREG. 50 a 90 p4

FERTILIDADE
GRAU DE LIMITAÇÃO pH SÍMBOLO
MUITO BAIXO > 5,8 f0
BAIXO 5,3 a 5,8 f1
MÉDIO 4,9 a 5,2 f2
ALTO 4,3 a 4,8 f3
MUITO ALTO < 4,3 f4

DRENAGEM
CLASSES TEXTURA MOSQUEAM./GLEIZAÇÃO SÍMBOLO
EXCESIVAMENTE DREN. ARENOSA A MÉDIA AUSENTE h1
BEM DRENADO ARGILOSA, MÉDIA, MUITO ARGIL. AUSENTE OU > 100 cm h2
IMPERFEITAMENTE DREN. QUALQUER TIPO 50 A 100 cm h3
MAL DRENADO QUALQUER TIPO < 50 cm h4

CASSE DE APTIDÃO DE USO


CLASSE/SÍMBOLO CARACTERÍSTICA
1 Boa aptidão para culturas anuais climaticamente adaptadas
2 Aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas
3 Aptidão c/ restrições para cult. anuais, reg. para fruticultura e boa p/ pastagem e reflorest.
4 Aptidão c/ restrições para frutic., regular ou com restrições para pastagens e reflorestamento
5 Preservação permanente

CONVENÇÕES PARA O USO ATUAL DE SOLO


ca Culturas anuais
cam pastagens e campos nativos
sam capoeira

73
3.1.6.3. Uso do Solo

Tanto Capão Alto, como Lages e Painel, são municípios cujas principais atividades
agrárias atuais são ligadas diretamente com a cadeia de transformação de alimentos
(agroindústria da carne), Bovinocultura de corte extensiva (Figura 3.29), como
atividade de renda principal, seguido da produção de leite.

Nestes municípios, a produção agrícola normalmente é canalizada internamente


para o consumo próprio da propriedade (milho para bovinos, eqüinos e ovinos), e
com raras exceções, tornando a propriedade auto sustentável no tocante a
agricultura. Pode-se ainda citar que a produção agrícola nestas propriedades
atualmente é feita nas áreas de melhores condições de relevo, pedregosidade e
existe um certo uso de insumos agrícolas (calcário, adubos, agrotóxicos e sementes
selecionadas), com uso de mecanização.

Isto ocorre pela pequena importância que o grão desempenha na propriedade como
um todo, tornando anti-econômico a aquisição e manutenção de tratores individuais
só para estas atividades.

Em compensação, pela extensão das propriedades e solo de relevo suave ondulado


a ondulado, não é raro encontrar maquinário para estas atividades, além da
utilização do mesmo para cultivo de pastagem de inverno.

FIGURA 3.29– CRIAÇÃO EXTENSIVA DE BOVINOS

Nestes municípios também é importante a participação da indústria da madeira


(Pinus) (Figura 3.30), seja in natura (serrarias), seja a de transformação (papel e
celulose).

74
FIGURA 3.30 – PLANTIO DE PINUS, REFLORESTAMENTO

Convém citar que a indústria da madeira está sendo incentivada muito fortemente
por toda a região, como forma de aproveitamento econômico das áreas hoje
abandonadas pelas culturas tradicionais e pelas características dos solos e clima de
toda a região onde predomina o caráter álico dos solos, que exige grande aporte de
insumos para sua correção, tornando a atividade agrícola ou pecuária anti
econômica.

Da mesma forma, merece menção o fato de que o município de Lages, como pólo
regional de desenvolvimento, e até recentemente o maior município em área do
estado, tem a maior parte de sua balança comercial centrada nas atividades
urbanas, provocando portanto uma deficiência de infra-estrutura na área rural,
desestimulando ainda mais a agricultura ou pecuária tecnificada.

Uso de solo X Aptidão agrícola

Efetuou-se um cruzamento de informações entre os dados descritos anteriormente,


verificando-se então os "conflitos" atuais no uso do solo agrícola, sugerindo-se
possibilidades de mitigação a estes "conflitos".

Na região de estudo, os maiores conflitos de uso de solo são encontrados nas


regiões a margem do rio Pelotinhas, onde haja a ocorrência de lavouras de grãos,
sendo que estas áreas são normalmente classificadas como de classe 4, aptas com
restrições a pastoreio, fruticultura e a silvicultura ou como áreas de classe 5, de
preservação permanente. Nas regiões de altiplano, os conflitos tendem a diminuir
pelas condições de melhoria de classe de uso de solo que acompanham a
suavização do terreno e diminuição da pedregosidade.

Baseado em tais estudos, o próprio Governo Estadual vem tentando implantar


modalidades de uso de solo mais adaptadas a estas realidades, através de seus
serviços de extensão rural e assistência técnica, incentivando a silvicultura e a
fruticultura nas regiões mais declivosas, onde é importante a concentração em

75
atividades altamente rentáveis, a presença de mão de obra de qualidade e pouca
mecanização. Em áreas mais propensas a lavouras, há o incentivo ao plantio mais
tecnificado, utilizando maior grau de mecanização, uso de insumos e aplicação de
pesquisa, visando suprir a falta dos grãos que serão deixados de produzir pelas
áreas de encosta e tentando também atingir auto suficiência de produção de grãos
no estado.

3.2. MEIO BIÓTICO

Levando-se em conta as características dos empreendimentos inventariados na


bacia do rio Pelotinhas, o estudo do meio biótico abrangeu os ecossistemas
terrestres e aquáticos passíveis de serem impactados. Em cada um deles, procurou-
se aqueles grupos que pudessem funcionar como indicadores biológicos,
possibilitando a análise conservacionista do ambiente e as ações de monitoramento
que se farão necessárias quando da execução das obras.

3.2.1. Ecossistemas terrestres

3.2.1.1. Aspectos Metodológicos

O estudo dos ecossistemas terrestres foi conduzido com o intuito de efetuar uma
caracterização geral da Área de Influência Indireta doa empreendimentos
inventariados na bacia do rio Pelotinhas, reunindo dados que permitam verificar a
inserção biogeográfica da unidade em estudo, situar as unidades de conservação
existentes dentro dos limites considerados e em áreas adjacentes e sintetizar alguns
aspectos da biodiversidade local. Em seguida, procurou-se detalhar aspectos
referentes à estrutura e funcionamento dos ecossistemas situados dentro da Área de
Influência Direta dos empreendimentos, que inclui a área de inundação e o espaço
entre a barragem e a casa de força.

O estudo como um todo não objetivou efetuar amplo levantamento da biota local,
mas sim, mediante avaliação qualitativa dos elementos de maior conspicuidade,
apresentar uma caracterização dos diferentes ambientes, visando o diagnóstico do
nível de integridade e de relevância bioconservacionista dos mesmos.

Para se atingir os objetivos propostos para caracterização da vegetação, realizou-se


saída a campo, quando toda a extensão do reservatório e seu entorno foi percorrida
a pé e de veículo automotor, tendo sido acompanhados pelo responsável pelos
levantamentos topográficos que demarcaram as áreas a serem inundadas pelos
aproveitamentos.

Para descrição da vegetação atual foram reconhecidas as principais espécies que


se destacam fitofisionomicante em cada um dos tipos de vegetação encontrados.

Para orientação em campo utilizou-se fotografias aéreas na escala 1: 20.000, de


2002, da Aeromapa, onde estavam demarcadas os locais dos barramentos e a
extensão dos lagos.

A indicação de espécies vegetais raras e/ou ameaçadas de extinção, foi feita de


acordo com a portaria nº 37-N/92, do Ibama, com objetivo de manejo das mesmas.

Os estudos faunísticos concentraram-se mais intensamente na análise dos


76
vertebrados, especialmente a ictiofauna (peixes), avifauna (aves) e mastofauna
(mamíferos), com apontamentos mais genéricos sobre anuros e herpetofauna, pois
estes grupos dão informações suficientes para a tomada de decisões quanto a
avaliação dos impactos gerados com estes tipos de empreendimentos e orienta as
medidas e programas para mitigar e compensar os danos causados (SOBREVILA &
BATH, 1992).

Tais estudos que incluíram o levantamento de dados primários, através de


expedições de campo e realização de entrevistas semi estruturadas com
“informantes privilegiados” foram concentrados nas Áreas de Influência Direta (AID)
dos empreendimentos. Considerou-se como AID a área de inundação, o espaço
entre a barragem e a casa de força e os acessos relacionados onde foram mais
aprofundados os estudos referentes à estrutura e funcionamento dos ecossistemas
envolvidos.

O roteiro dos trabalhos de campo e a seleção das áreas de relevante interesse para
estes estudos que objetivavam abordar a maior parte da área e o maior nº de habitat
´s presentes na AID foram definidas a partir das Cartas do Exército escala 1:50.000
e nas fotos aéreas utilizadas no estudo de inventário Hidrelétrico da Bacia do rio
Pelotinhas escala aproximada 1:20.000 (RTK, 2002). Esta base cartográfica também
foi utilizada para compor as áreas potenciais para corredores biológicos, áreas
prioritárias para a recuperação dos impactos decorrentes das instalações do
pretendido empreendimento e proposições de medidas mitigadoras e
compensatórias. O percurso foi verificado com apoio de um monitor qualificado e
membro da equipe que realizou o levantamento topográfico e com auxilio de
equipamento de posicionamento global por satélite (GPS) para localizar os registros.
Os registros foram avaliados diretamente (visualização e/ou zoofonias) ou indiretos
(pegadas, excrementos, abrigos, penas e carcaças) com auxilio de binóculo (8 X 50
mm), lupa (10 X), réguas de medição e o apoio de manuais estaduais e nacionais de
“checklists”, tanto de avistagens e vocalizações (aves) quanto rastros de mamíferos
(BECKER M. e DALPONTE, 1991; BELTON, 1993; SILVA, 1994; ROSÀRIO, 1996;
SICK, 1997; LA PEÑA & RUMBOLL,1998).

Foram dedicados dois dias para as expedições de campo com duração de 12 horas
cada realizadas nos dias 20 e 21 de dezembro de 2004. Não houve captura apenas
registros fotográficos e, quando necessário, desenhos esquemáticos com descrições
detalhadas para posterior identificação.

As entrevistas com moradores previamente identificados (informantes privilegiados)


contribuíram em muito para checagem de lista de espécies ocorrentes na Área de
Influência Indireta (AII) e dados sobre a área de uso das espécies identificadas na
Área de Influência Direta (AID), bem como informações adicionais que auxiliaram na
identificação de algumas espécies migratórias presentes na área e ausentes nos
registros em função da sazonalidade da amostragem (dezembro - verão).

A Lista final da fauna sofreu pequeno refinamento que considerou a distribuição de


espécies certificada por levantamentos mais aprofundados na referida região, sua
conectividade com tais áreas e as estruturas dos habitat´s presentes nas
amostragens. Como a fauna está intimamente relacionada ao tipo vegetacional
ocorrente em uma região é pertinente inferir sua correspondência quando existem
dados aprofundados de locais adjacentes ou próximos, dentro de uma bacia

77
hidrográfica (rio Pelotas) onde sejam amostradas as mesmas fisionomias e
tipologias vegetais. Corroboram para tal análise o método das “Avaliações
Ecológicas Rápidas” onde a descrição e caracterização ambiental prévia, realizada
através de imagens satélites, fotos aéreas e estudos anteriores, são refinadas por
amostragens de campo pré-selecionadas (SOBREVILA & BATH, 1992). Importante
ressaltar que as matas nativas de encosta e ciliares da AID são secundárias e estão
em razoável e bom estado de conservação apresentando estágios iniciais, médios e
alguns trechos avançados de regeneração. Não foram encontradas remanescentes
florestais que apresentasse fitossociologia primária, pois em tempos pretéritos
(aproximadamente 20 ou 30 anos) houve intensa extração dos recursos florestais
locais pelas empresas madeireiras.

A indicação dos animais ameaçados de extinção e dos habitats onde ocorrem têm
por objetivo a proposição de manejo das mesmas no cenário relacionado com a
implantação dos empreendimentos.

Para as Áreas de Influência Indireta (AII) foi considerado a bacia do rio Pelotinhas e
foram utilizados dados secundários presentes nas bibliografias resultantes de
estudos técnicos aprofundados realizados nesta região.

Objetivou-se com estes levantamentos da AII uma caracterização geral que


permitisse a inserção da referida área no contexto biogeográfico e uma breve
síntese de aspectos relevantes sobre a conservação da biodiversidade local.

Por fim, a identificação das espécies ameaçadas de extinção foram baseadas na


Lista oficial do IBAMA (IBAMA 2003) divulgada pelo site de sua competência.
Importante lembrar que a extinção é promovida principalmente pela destruição
estrutural dos habitat´s e da conseqüente diminuição do nível populacional das
espécies envolvidas, portanto tal dinâmica deve ser considerada nas proposições
compensatórias e mitigatórias para promover o crescimento populacional e
intercâmbio genético das espécies ameaçadas ou raras presentes na AID dos
empreendimentos.

3.2.1.2. Vegetação

3.2.1.2.1. Cobertura Vegetal Original

A bacia do rio Pelotinhas é revestida por Floresta Ombrófila Mista (VELOSO &
GÓES-FILHO, 1982), chamada anteriormente de Floresta de Araucária (IBGE, 1992;
KLEIN, 1978).

A Floresta Ombrófila Mista ocupa grande parte do planalto do Estado de Santa


Catarina, situada em altitudes acima de 500 m, em clima sem período seco;
ocorrência de quatro a seis meses frios (15°C) e até seis meses quentes (20°C)
durante o ano.

Trata-se de floresta particularmente restrita ao planalto, caracterizada por


gregarismo como sucede com o pinheiro-do-paraná no estrato emergente,
imprimindo assim à floresta um aspecto de floresta de coníferas. Esta árvore
dominante é acompanhada no estrato arbóreo dominado pela imbuia, a canela-
lajeana e a canela-amarela entre as lauráceas; o camboatá-branco e o camboatá-

78
vermelho entre as sapindáceas; a bracatinga, o rabo-de-mico e o angico-vermelho
entre as leguminosas; a sapopema entre as eleocarpáceas, bem como, outros
representantes das famílias das mirtáceas, Compostas, meliáceas e outras.

No estrato das arvoretas predomina em grandes áreas o mate ou erva-mate


acompanhada da guaçatunga, do vacunzeiro entre outros.

Grande parte do planalto do Estado de Santa Catarina era coberta por florestas
onde o pinheiro-brasileiro imprimia uma fisionomia à região, predominando de modo
absoluto no estrato superior em quase toda a sua área de ocorrência.

Na floresta com araucária (KLEIN, 1978), o pinheiro-brasileiro (Araucaria


angustifolia), constitui o andar superior, seguindo-se uma sinúsia arbórea da
submata, onde as lauráceas, desempenham papel preponderante, formando uma
cobertura densa. Este tipo de vegetação também é conhecido como “mata preta” ou
de pinhais.

Os pinhais se caracterizam pela sua maior densidade, agrupamentos em manchas,


muitas vezes, interrompidas, pelos campos. Estes densos agrupamentos, vistos de
cima, apresentam uma grande uniformidade fisionômica, parecendo constituírem
associações puras. Suas concentrações maiores se encontram ao longo dos
grandes rios, vales e encostas, enquanto nos terrenos ondulados, predominam os
campos e os capões, fatores estes, que muito contribuem na fitofisionomia tão
peculiar do planalto meridional do Brasil.

As canelas predominam como formadoras da submata, destacando-se pela sua


importância, abundância e freqüência a canela-lageana (Ocotea pulchella), que além
de dominar, imprime uma fácies de lauráceas ao sub-bosque. Além desta árvore
principal, tomam parte as seguintes lauráceas, que não obstante presentes também
nos imbuiais, nesta área são bem mais expressivas em abundância e densidade.
Trata-se, sobretudo da canela-amarela (Nectandra lanceolata), da canela-guaica
(Ocotea puberula), da canela-fedida (Nectandra grandiflora) e da canela-fogo
(Cryptocarya aschersoniana).

Tudo indica, que há um pequeno grupo de árvores seletivas, que apresenta grande
afinidade com o tipo de submatas dominadas pela canela-lageana. Trata-se
principalmente do camboatá (Matayba eleagnoides), do miguel-pintado (Cupania
vernalis), do guamirim (Myrcia obtecta), da pimenteira (Capsicodendrum dinisii), da
guabirobeira (Campomanesia xanthocarpa), do guaraperê (Lamanonia speciosa), do
pau-sabão (Quillaja brasiliensis), da carne-de-vaca (Clethra scabra), do pessegueiro-
brabo (Prunus sellowii), do araçazeiro (Myrcianthes gigantea), da congonha (Ilex
theezans), do açoita-cavalo (Luehea divaricata), entre as mais comuns.

Como arvoretas muito freqüentes convém lembrar: a casca-d’anta (Drimys


brasiliensis), o vacunzeiro (Allophylus guaraniticus), a guaçatonga (Casearia
decandra) e as caúnas (Ilex dumosa e I. brevicuspis).

Em altitudes superiores a 700 metros e inferiores a 1200 metros, bem como em


encostas íngremes, se verifica uma diminuição rápida das espécies tropicais da
mata pluvial, para cederem lugar às espécies que preferencialmente ocorrem em
solos rasos e próprios de encostas abruptas, bem como chapadas, existentes nas

79
cristas das serras. Muitas vezes, em permeio a esta vegetação arbórea rala, há
extensos campos secundários, formados principalmente por gramíneas grossas e
duras, em grande parte, produto de queimas dos taquarais e carazais, por ocasião
da periódica frutificação e morte dos mesmos, representando, quase sempre,
campos menos evoluídos e de vegetação graminácea mais grosseira, onde
predominam as macegas e outras espécies forrageiras inferiores.

Estes tipos de vegetação são conhecidos como “faxinal”, “caíva”, “catanduva” ou


“guaxiva”.

Os faxinais, na sua grande maioria, representam fases de transição, entre a floresta


tropical e a mata dos pinhais, ocorrendo nas encostas da Serra Geral e Serra do
Mar, não obstante de serem encontrados em plena área dos pinhais.

3.2.1.2.2. Vegetação Secundária

Costuma-se denominar como vegetação secundária às associações vegetais que


revestem o solo após a completa derrubada da floresta; são as densas
aglomerações de ervas, arbustos e árvores de pequeno, médio e grande porte que
sucessivamente invadem os terrenos abandonados.

A vegetação secundária, na bacia em questão, começa com ervas anuais e termina


em floresta, cujo aspecto fisionômico é muito semelhante à floresta original, não
obstante, a sua composição florística ser, em geral, bastante distinta. Desta forma se
sucedem diversas séries, começando pela capoeirinha, continuando-se através da
capoeira e do capoeirão e terminando em floresta secundária, que representam
fases de seu desenvolvimento, de acordo com as condições edáficas locais. Cada
estágio de desenvolvimento constitui uma face associativa distinta e muito peculiar,
com dominantes próprios onde, após uma aparente pausa, se efetua uma
substituição gradativa de espécies, cada vez mais exigentes a fatores edáficos.

Nas áreas de ocorrência da Floresta Ombrófila Mista, encontram-se vastas áreas de


vegetação secundária, que ocorrem após o cultivo agrícola e posterior abandono
das terras. Nestes solos degradados ocorrem inicialmente, a samambaia-das-
taperas, acompanhada geralmente pelo capim-rabo-de-burro e outras ervas anuais.
Estas plantas modificam o terreno e propiciam condições para o estabelecimento
dos vassourais, formados por arbustos do gênero Baccharis, que formam
agrupamentos densos e que podem ser observados em vastas áreas do planalto. No
meio destes vassourais cresce, comumente, o capim-dos-pampas ou tiririca, que
empresta aos mesmos um aspecto característico. Após diversos anos, encontram-
se, principalmente, os vassourões, as bracatingas (formando não raro, densos
agrupamentos), a canela-guaicá, o camboatá-branco, o camboatá-vermelho e outras
canelas.

Jamais estes capoeirões constituirão florestas semelhantes à primitiva, pois faltam


as sementes do pinheiro, da imbuia, das canelas, do pinheiro-brabo e de tantas
outras árvores de sementes pesadas, que deveriam ser transportadas pelas aves
(gralhas, papagaios) e pelos roedores, já raros em alguns ecossistemas serranos.

80
3.2.1.2.3. Cobertura Vegetal Atual

A região do município de Lages é coberta por campos de planalto com diversas


formações da Floresta Ombrófila Mista, em cuja fisionomia distinguem-se,
esparsamente, as florestas-de-galeria e os capões-de-mata, marcando o avanço
sobre a Savana (campos), alguns remanescentes de araucária, bracatinga,
vassourão-branco e tantas outras espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas típicas
do planalto catarinense.

O relevo e o solo permitem a predominância de uma agricultura mecanizada com


cultivos de soja, aveia, milho e feijão; porém, os terrenos são utilizados, na grande
maioria, para pecuária.

A cobertura vegetal original da bacia do rio Pelotinhas foi, na sua maior parte,
descaracterizada pela ação antrópica, desde a colonização, principalmente, através
da exploração descontrolada das florestas para a extração de madeiras, bem como
pela implantação de culturas cíclicas, além da formação de pastagens
“naturalizadas” para a criação extensiva do gado bovino.

Atualmente encontra-se nesta região, apenas remanescentes da vegetação original,


ocorrendo quase que restritamente na região ciliar dos rios. Pois, serve sempre de
abrigo para o gado nos meses mais frios do ano, atividade que perpetua e maximiza
a descaracterização destes ambientes florestais.

Atualmente a bacia do rio Pelotinhas é coberta por vegetação secundária nos


estágios: avançado, médio e inicial de regeneração, incluindo vegetação arbórea,
arbustiva e herbácea, além de áreas de cultivo, pastagem e reflorestamentos
(figuras 3.31 e 3.32).

De maneira geral as áreas cobertas por vegetação arbórea podem ser


caracterizadas como “bosque”, em função do uso pelo gado como local de invernada
nos meses mais frios do inverno.

Devido a este uso faltam, algumas espécies arbóreas nos estratos inferiores, onde
encontra-se espécies palatáveis para o gado. Alterando-se assim, significativamente
os estratos, e deixando a vegetação com aspecto mais aberto, permitindo fácil
penetração de agentes externos.

A cobertura arbórea é formada por pequenas extensões de mata ao longo do rio


Pelotinhas ou em locais com maior declividade, ou na forma de pequenos capões
isolados.

Como principais elementos arbóreos do estágio avançado (capoeirão), destacam-se:

81
Nome Comum Nome Cientifico
Pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia
Canela-amarela Nectandra lanceolata
Canela-branca Nectandra leucothyrsus
Camboatá-vermelho Cupania vernalis
Açoita-cavalo Luehea divaricata
Pinhero-bravo Podocarpus lambertii
Carvalho Ropala brasiliensis
Pitangueira Eugenia uniflora
Sarandi Sebastiania schottiana
Ingá feijão Inga sp.
Gerivá Syagrus romanzoffiana
Camboatá-Branco Matayba eleagnoides
Pessegueiro-Do-Mato Prunus sellowii
Angico Parapiptadenia rigida

No estrato das arvoretas encontram-se:

Nome Comum Nome Cientifico


Aroeira vermelha Schinus terebinthifolius
Bugreiro Lithrae a brasiliensis
Canela-lageana Ocotea pulchella
Cugreiro Lithraea brasiliensis
Goiaba-Serrana Feijoa sellowiana
Guaçatonga Casearia decandra
Vassourão-preto Vernonia discolor

O solo é recoberto quase que exclusivamente por duas gramíneas Ischaemum


minus e Pseudoechinolena echinata, ambas com desenvolvimento favorecido pelo
pastoreio.

Como trepadeiras desenvolvem-se espécies lenhosas, principalmente pente-de-


macaco (Pithecoctenium echinatum) e cipó-cruz (Serjania sp.).

Entre as epífitas destacam-se claramente as diversas espécies de líquens e


briófitas, em detrimento às espécies vasculares. Entre estas ocorrem os gravatás
(Vriesia gigantea e Aechmea recurvata), barba-de-velho (Tillandsia usneoides), cipó-
cabeludo (Microgramma squamulosa), samambaia-fita (Vittaria lineata) e erva-de-
vidro (Peperomia tetraphylla), entre outras.

Nos terrenos cobertos por estágio médio de regeneração (capoeira), onde se


sobressai a vegetação arbóreo-arbustiva, destacam-se as espécies de arvoretas
pioneiras, entre elas: aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius), camboim (Myrcia
bombycina), branquilho (Sebastiania brasiliensis), pau-leiteiro (Sapium glandulatum),
cocão (Erythroxylum sp.), vacum (Allophylus edulis), bugreiro (Lithraea brasiliensis),

82
camboatá-vermelho (Cupania vernalis) e mamica-de-cadela (Fagara rhoifolia),entre
outras.

Nestes locais as trepadeiras são herbáceas, ocorrendo cravo-do-mato-trepador


(Mutisia speciosa), falso-guaco (Mikania cordifloia) e balãozinho (Cardiospermum
halicacabum).

Como epífitas começam a se instalar espécies de líquens e as primeiros exemplares


de espécies vasculares, como o cravo-do-mato (Tillandsia sp.).

A cobertura herbácea é ainda pobre, destacando-se em muitos locais, as espécies


herbáceas ainda remanescentes dos estágios anteriores.

Nas áreas revestidas por vegetação em estágio inicial de regeneração (capoeirinha),


onde o terreno foi abandonado há poucos anos atrás, ocorre ainda o predomínio de
espécies arbustivas e herbáceas, destacando-se as vassouras-brancas (Eupatorium
sp., Baccharis gaudichaudianum e B. dracunculifolia), além da flexilha-de-ouro
(Solidago microglossa), mata-pasto (Vernonia tweediana), macega-estaladeira
(Erianthus trinii), carqueja (Baccharis trimera), marcela (Achyrocline satureioides) e
samambaia-das-taperas (Pteridium aquilinum), entre outras.

Os terrenos cobertos por campos de pastagem, normalmente com característica de


pasto sujo, devido à falta de roçada constante, são formados por espécies nativas
do gênero Axonopus (grama-missioneira e grama-azeda), além do capim-forquilha
(Paspalum notatum), sendo que nos locais mais compactados ocorrem o capim-
pelo-de-porco (Piptochaetium sp.) e capim-duro (Sporobolus virginicus), bem como
espécies das famílias Compositae e Leguminosae, também muito freqüentes nas
pastagens.

Entre as culturas cíclicas, predomina o cultivo de soja e milho, no verão e trigo,


centeio e aveia, no inverno.

3.2.1.2.4. Plantas Raras ou Ameaçadas de Extinção

Em função da intensa ocupação e exploração das florestas brasileiras, muitas das


espécies florestais, não só árvores, mas também muitas espécies herbáceas, são
consideradas ameaçadas de extinção ou raras.

Esta classificação, se dá principalmente devido a destruição dos habitats onde estas


espécies existiam, além da diminuição ou eliminação de indivíduos para dar
continuidade a sobrevivência da espécie.

A Portaria no 37-N/IBAMA de 03/04/92 indica a Lista Oficial de Espécies da Flora


Brasileira Ameaçada de Extinção (SBB, 1992), com 107 espécies, que ocorrem em
diversas regiões do território brasileiro.

Nas áreas de influência indireta e direta dos aproveitamentos hidrelétricos


inventariados estão presentes matas, onde apesar da alteração, ocorrem indivíduos
de algumas das espécies listadas, tendo sido encontradas a Araucaria angustifolia
(pinheiro-brasileiro) e Dicksonia sellowiana (xaxim), com exceção da região onde
será implantada a PCH Santo Cristo, área com reflorestamento de Pinus.

83
FIGURA 3.31- VEGETAÇÃO DA ÁREA DO BARRAMENTO DA PCH COXILHA RICA

FIGURA 3.32- VEGETAÇÃO NA REGIÃO DA PCH SANTO CRISTO – REFLORESTAMENTO DE


PINUS, FLORESTA NATIVA E PASTAGENS

84
3.2.1.3. Fauna

A região situa-se dentro da região fitogeográfica do Estado de Santa Catarina onde


predominam as formações vegetais da Floresta Ombrófila Mista (outrora chamada
de Floresta de Araucárias – seu exemplar emblemático) e os Campos do Planalto,
também chamadas de savanas do planalto (ROSÀRIO, 1996). Esta região limita-se
a leste (após as coordenadas 50º W) com a Floresta Ombrófila Densa (Mata
Atlântica) e no limite oeste do Estado, junto às drenagens do rio Uruguai, com a
Floresta Estacional Decidual (Mata Caducifólia). A Fauna que nela reside possui
alguns endemismos compartilhando parte de sua diversidade com as outras duas
regiões fitogeográficas localizadas neste Estado, especialmente as ocorrentes na
Mata Atlântica (ROSÀRIO, 1996).

As Áreas de Influência Direta dos aproveitamentos envolvem três conjuntos


diferentes de habitat´s com dinâmicas biocenóticas diferenciadas, onde destacamos
alguns aspectos estruturais:

 (a) As áreas mais elevadas encontram-se os Campos e pequenos capões de


vegetação arbórea de baixa diversidade com sub-bosque pobre em espécies e
biomassa devido a conexão com pastagens;

 (b) matas secundárias de encosta em seus diferentes estágios de regeneração ao


longo da intensa declividade e sua conexão com as matas ciliares e

 (c) ambiente aquático propriamente dito com corredeiras, águas rasas e


pequenas porções de águas lênticas.

3.2.1.3.1. Avifauna

Aves em geral são bons indicativos de ambientes naturais e isso se deve


principalmente à relativa facilidade dos levantamentos, aos hábitos de vida e à
diversidade relativamente alta se comparado aos outros grupos vertebrados. Aliado
a isso, é um dos grupos mais bem estudados, de mais fácil identificação em campo
através de visualização ou vocalização. Como há espécies que são exclusivas de
alguns tipos de ambientes, essas podem ajudar a indicar o atual estado de
conservação de um dado ambiente.

O estado de Santa Catarina apresenta cerca de 700 espécies de aves (Rosário,


1996), perfazendo cerca de 40 % das aves existentes no Brasil (Sick, 1997). O
estado é relativamente bem estudado quanto à avifauna e esforços têm sido feitos
para isso (Rosário, 1996). Entretanto, ainda é pouco, se comparado à riqueza de
espécies relacionados aos diversos ambientes no estado. Isso se faz importante já
que grande parte das formações vegetais do estado está fragmentada ou quase
dizimada, como é o caso das matas do rio Uruguai.

Os estudos sistemáticos desenvolvidos em Santa Catarina desde 1978 evidenciam a


riqueza da avifauna catarinense apontando para 596 espécies sendo 556
registradas diretamente por Rosário (ROSÁRIO, 1996). Deste total estão presentes
neste Estado 34 espécies ameaçadas de extinção pertencentes a 17 famílias
(IBAMA, 2003).

85
Na região hidrográfica do rio Pelotas ao qual está integrado a bacia do rio Pelotinhas
estão previstas a ocorrência de aproximadamente duzentas espécies de aves de 44
famílias (ROSÁRIO, 1996) compartilhando a maioria das espécies generalistas
ocorrentes da Floresta Atlântica meridional excetuando os exemplares exigentes de
grandes áreas florestadas e acrescendo as espécies típicas da Floresta Ombrófila
Mista e campos do Planalto (ver tabela 1.2-a). As famílias de maior expressão neste
ambiente são Tyrannidae (29 espécies), Furnaridae (14 espécies) e Emberizidae (11
espécies). O total de espécies levantadas nesse estudo representou cerca de 30 %
das espécies de aves existentes no estado de Santa Catarina (Rosário, 1996). A
seguir apresentamos a situação da avifauna nos três principais conjuntos de habitat
´s presentes na região estudada.

 (a) Campos e pequenos capões de vegetação arbórea de baixa diversidade com


sub-bosque pobre em espécies e biomassa devido a conexão com pastagens:

Nesta tipologia estão a maioria dos habitat´s da região dos empreendimentos e onde
a maioria dessas Atividades agrícolas e pecuárias integram-se no dia-a-dia da fauna
silvestre. Desta forma, os campos agrícolas e pastagens, associados a essas
atividades assumem importância no forrageamento das espécies nativas. Devido à
grande área que esses ambientes ocupam na região, esta é a maior em área física,
porém a segunda em relação ao número de espécies de aves, tendo sido levantadas
59 espécies, como, por exemplo, Syrigma sibilatrix, Mimus saturninus, Emberizoides
herbicola, Theristicus caudatus, Columbina talpacoti, Volatinia jacarina, Speotyto
cunicularia e Milvago chimachima.

 (b) Matas secundárias de encosta em seus diferentes estágios de regeneração ao


longo da intensa declividade e sua conexão com as matas ciliares:

Estes ambientes são de pouca expressão tanto quantitativa quanto qualitativa


(fitossociologia) dos habitat´s da região dos empreendimentos, sendo no entanto
freqüentada por uma relativa riqueza de espécies: 95 diferentes aves utilizam este
ambiente. Algumas são mais ou menos específicas desse tipo de ambiente e outras
mais generalistas. Entre as típicas das florestas estão: Crypturellus obsoletus,
Penelope obscura, Trogon surrucura, Turdus leucomelas, Tityra cayana, Pyrrhura
frontalis, Piaya cayana e Piculus aurulentus.

 (c) Ambiente aquático:

São ambientes formados por Lagos, charcos e alagadiços encontrados


esparsadamente ao longo de toda a região. Quanto aos rios, o mais importante
deles é o rio Pelotinhas além de outros afluentes de menor importância ao longo da
área. Várias espécies também utilizam parcialmente estes ambientes ligadas a
corpos de água, como os martins-pescadores (Alcedinidae) e garças (Ardeidae).
Foram observadas 16 espécies que utilizam esses tipos de ambientes. Entre elas,
os mais característicos são: Ceryle torquata, Gallinula chloropus, Oxyura dominica,
Jaçanã jaçanã, Casmerodius albus e Egretta thula.

No quadro 3.29 a seguir, apresenta-se os exemplares observados e de comprovada


existência na região dos empreendimentos, relacionando-os com os conjunto de
habitat´s de sua ocorrência.

86
QUADRO 3.29 - LISTA DE AVES OCORRENTES NA BACIA DO RIO
PELOTINHAS (SC)

Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Tinamidae
Crypturellus obsoletus Inambuguaçu MAT
Nothura maculosa Codorna CAM
Rhynchotus rufescens Perdiz CAM
Crypturellus tataupa Inhambu-chitã CAM
Nothura maculosa Codorna CAM
Accipitridae
Leptodon cayanensis gavião-pombo MAT
Phasianidae
Odontophorus capueira uru MAT – CAM
Ardeidae
Syrigma sibilatrix Maria-faceira CAM
Bubulcus íbis Garça-vaqueira CAM
Casmerodius albus Garça-branca-grande AQUA
Egretta thula Garça-branca-pequena AQUA
Threskiornithidae
Theristicus caudatus Curicaca CAM
Cathartidae
Coragyps atratus Urubu-comum CAM
Accipitridae
Elanus leucurus Peneira CAM
Buteo albicaudatus Rabo-branco CAM
Accipiter striatus Gaviãozinho MAT – CAM
Buteogalus meridionalis Gavião CAM
Rupornis magnirostris Gavião-carijó CAM
Falconidae
Polyborus plancus Caracará CAM
Milvago chimachima Carrapateiro CAM
Milvago chimango Chimango CAM
Falco sparverius Quiriquiri CAM

87
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Falco femoralis Falcão-de-coleira CAM


Anatidae
Cairina moschata ‡ Pato-do-mato AQUA
Oxyura dominica Bico-roxo AQUA
Amazonetta brasiliensis Marreca-de-pé-vermelho AQUA
Anas flavirostris ‡ Marreca-pardinha AQUA
Anas georgica Marreca-parda AQUA
Cracidae
Penélope obscura Jacu-açu MAT
Ortalis squamata Araquã MAT
Rallidae
Aramides saracura Saracura-do-mato MAT – AQUA
Cariamidae
Cariama cristata Seriema CAM
Jacanidae
Jacana jacana Jaçanã AQUA
Charadriidae
Vanellus chilensis Quero-quero CAM
Scolopacidae
Gallinago paraguaiae Narceja CAM – AQUA
Columbidae
Columba lívia Pombo-doméstico CAM
Columba pizazuro Asa-branca MAT
Columba cayannensis Pomba-galega MAT
Columba plumbea Pomba-amargosa MAT
Zenaida auriculata Pomba-de-bando CAM
Columbina talpacoti Rolinha-roxa CAM
Columbina picui Picuí CAM
Leptotila varreauxi Juriti-pupu MAT
Leptotila rufaxilla Juriti-gemedeira MAT
Psittacidae
Pyrrhura frontalis Tiriba MAT

88
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Pionus maximiliani Maitaca MAT

Amazona vinacea** Papagaio-de-peito-roxo MAT

Amazona pretrei** Papagaio-charão MAT

Cuculidae
Piaya cayana Alma-de-gato MAT
Crotophaga sp. Anu-preto CAM
Guira guira Anu-branco CAM
Strigidae
Otus choliba Corujinha-do-mato MAT
Speotyto cunicularia Coruja-do-campo CAM
Apodidae
Cypseloides fumigatus Andorinhão-preto-de-cascata MAT – AQUA
Streptoprocne zonaris Andorinhão-coleira MAT
Chaetura meridionalis Andorinhão CAM
Trochilidae
Stephanoxis lalandi ‡ Beija-flor-de-topete MAT
Chlorostibom aureoventris Besourinho-bico-vermelho MAT – CAM
Leucochloris albicollis Beija-flor-de-pao-branco MAT
Thalurania glaucopis Tesoura MAT
Trogonidae
Trogon surrucura Surucuá MAT
Alcedinidae
Ceryle torquata Martim-pescador-grande AQUA
Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde AQUA
Bucconidae
Nystalus chacuru João-bobo CAM
Ramphastidae
Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde MAT
Pteroglossus castanotis Araçari MAT
Picidae
Picumnus nebulosus Picapauzinho MAT

89
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Melanerpes flavifrons Benedito MAT


Veniliornis spilogaster Picapauzinho-verde-carijó MAT
Piculus aurulentus Pica-pau-dourado MAT
Colaptes melanochloros Pica-pau-gritador MAT
Colaptes campestris Pica-pau-do-campo CAM
Dendrocolaptidae
Xiphocolaptes albicollis Subideira-grande MAT
Sittasomus griseicapillus Arapaçu-liso MAT
Lepidocolaptes squamatus Arapaçu-escamoso MAT
Lepidocolaptes fuscus Arapaçu-rajado MAT
Furnariidae
Furnarius rufus João-de-barro CAM
Leptasthenura setaria Grimpeiro MAT
Leptasthenura striolata ‡ Grimpeirinho MAT
Synallaxis ruficapilla Pichororé MAT
Synallaxis cinerascens Pi-puí MAT
Cranioleuca obsoleta Arrédio-oliváceo MAT
Certhiaxis cinnamomea Curutié AQUA
Phleocryptes melanops Bate-bico CAM
Limnoctites rectirostris ‡ Junqueiro-de-bico-reto AQUA
Anumbius annumbi Cochicho CAM
Cinclodes pabsti Teresinha CAM
Syndactyla rufosuperciliata Trepador-quiete MAT
Philydor rufus Limpa-folha-de-testa-baia MAT
Heliobletus contaminatus Trepadorzinho MAT
Formicariidae MAT
Mackenziaena leachii Brujarara-assobiador MAT
Chamaeza campanisona Tovaca-campainha MAT
Thamnophilus Choca-da-mata MAT
caerulescens
Dysithamnus mentalis Choquinha-lisa MAT
Drymophila rubricolis Trovoada MAT

90
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Drymophila malura Choquinha-carijó MAT


Pyriglena leucoptera Olho-de-fogo MAT
Conopophagidae
Conopophaga lineata Chupa-dente MAT
Rhinocryptidae
Scytalopus speluncae macuquinho MAT
Tyrannidae
Phyllomyias fasciatus Piolhinho MAT
Camptostoma obsoletum Risadinha MAT
Elaenia parvirostris Guaracava-de-bico-curto MAT
Elaenia flavogaster Guaracava-barriga-amarela MAT
Elaenia mesoleuca Tuque MAT
Serpophaga subristata Alegrinho MAT
Mionectes rufiventris Supi-de-cabeça-cinza MAT
Philloscartes ventralis Borboletinha-do-mato MAT
Todirostrum plumbeiceps Tororó MAT
Tolmomyias sulphurescens Bico-chato MAT
Myiopagis sp. Guaracava MAT

Lathotriccus euleri Enferrujado MAT


Pyrocephalus rubinus Príncipe CAM
Xolmis cinerea Primavera CAM
Heteroxolmis dominicana Viuvinha CAM
Knipolegus lophotes Maria-preta-de-penacho CAM
Knipolegus cyanirostris Maria-preta MAT
Colonia colonus Noivinha-de-rabo-preto MAT
Hirundinea ferruginea Birro CAM
Machetornis rixosus Suiriri-cavaleiro CAM
Muscipipra vetula Tesourinha-cinzenta MAT
Syristes sibilator Suiriri-assobiador MAT
Myiarchus swaisoni Ire MAT
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi MAT – CAM
Megarhynchus pitangua Neinei MAT

91
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado MAT
Tyrannus melancholicus Suiriri CAM
Tyrannus savana Tesourinha CAM
Platyrhincus mystaceus Patinho MAT
Pachyramphus validus Caneleirinho-de-chapéu MAT
Pipridae
SCHIFFORNIS VIRESCENS Flautim
CHIROXIPHIA AUDATA Dançador MAT
Cotingidae
Pyroderus scutatus Pavó MAT
Hirundinidae
Progne tapera Andorinha-do-campo CAM
Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande CAM
Notiochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa CAM
Troglodytidae
Troglodytes aedon Corruíra MAT – CAM
Mimidae
Mimus saturninus Sabiá-do-campo MAT – CAM
Muscicapidae
Turdus subalaris Sabiá-ferreiro MAT
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira MAT
Turdus leucomelas ‡ Sabiá-barranco MAT
Turdus amaurochalinus Sabiá-poca MAT
Platycichla flavipes Sabiá-una MAT
Emberizidae
Zonotrichia capensis Tico-tico MAT – CAM
Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo CAM
Haplospiza unicolor Cigarra-bambu MAT
Poospiza nigrorufa Quem-te-vestiu MAT – CAM
Poospiza lateralis Quete MAT
Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiro CAM
Poospiza thoracica Peito-pinhão MAT
Emberizoides herbicola ‡ Canário-do-campo CAM – AQUA
Embernagra platensis Sabiá-do-banhado MAT – CAM
Volatina jacarina Tisiu CAM
Sporophila caerulescens Coleirinho CAM

92
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*
Parulidae
Parula pitiayumi Mariquita MAT
Basileuterus culicivorus Pula-pula MAT
Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador MAT
Icteridae MAT
Cacicus chrysopterus Tecelão MAT
Sturnella superciliaris Polícia-inglesa CAM
Gmoromopsar chopi Graúna CAM
Molothrus bonariensis Vira-bosta CAM
Fringillidae
Carduelis magellanica Pintassilgo CAM
Titonidae
Tyto alba suindara CAM
Corvidae
Cyanocorax caeruleus Gralha-azul MAT

* Matas de encosta e matas ciliares; CAM = Campos de planalto e pequenos capões de vegetação
arbórea; AQUA = ambiente aquático.
** Espécies citadas na lista oficial dos Animais Ameaçados de Extinção na categoria de “vulnerável”
(IBAMA 2003).

Houve registros de aves introduzidas (exóticas) como a pardal (Passer domesticus).

3.2.1.3.2. Mamíferos

Das 524 espécies de mamíferos ocorrentes no Brasil aproximadamente 261 são


ocorrentes no bioma Mata Atlântica, sendo que destas 169 espécies têm sua
ocorrência no Estado de Santa Catarina demonstrando a riqueza relativa deste
grupo, incluindo 13 espécies da mastofauna brasileira ameaçada de extinção
distribuídas em 09 famílias (IBAMA, 2003).

Em termos zoogeográficos a região onde localiza-se a bacia do rio Pelotinhas está


inserida na província Guarani que abarca parte do Uruguai, Argentina, Paraguai e do
Brasil (com limites na linha de ocorrência das Araucárias e ao longo da Serra do
Mar).

O estudo da mastofauna catarinense é recente e geralmente com dados de


pesquisa em Unidades de conservação do Estado (CIMARDI, 1996). Na região em
questão é o levantamento do Parque Municipal de Lages que possui 234 ha de
Floresta Ombrófila Mista e outras vegetações antropizadas registrando a ocorrência
de 21 espécies de mamíferos sendo duas não identificadas: um cervídeo e um felino
(PREFEITURA DE LAGES, 1997).

Destaca-se, a seguir, uma breve caracterização das espécies mais comuns em cada
conjunto de habitat presente na região estudada, que apresentou neste estudo a

93
ocorrência de 60 espécies, representando 35 % da mastofauna do estado
catarinense.

 (a) Campos e pequenos capões de vegetação arbórea de baixa diversidade com


sub-bosque pobre em espécies e biomassa devido a conexão com pastagens:

Nestes ambientes as Atividades agrícolas e pecuárias integram-se no dia-a-dia da


fauna silvestre. Desta forma, os campos agrícolas e pastagens, associados a essas
atividades assumem importância no forrageamento das espécies nativas. Devido à
grande área que esses ambientes ocupam na região, esta é a primeira em área
física, e segundo lugar quanto ao número de espécies de mamíferos, tendo sido
levantadas 22 espécies, como, por exemplo os tatu-galinha (Dazypus novencinctus),
o veado-campeiro (Ozotocerus sp.), o graxaim (dusicyon gymnocercus) e parte da
jornada do puma (Felis concolor).

 (b) Matas secundárias de encosta em seus diferentes estágios de regeneração ao


longo da intensa declividade e sua conexão com as matas ciliares:

Estes ambientes representam a menor parte dos habitat´s da região estudada, no


entanto foram constatadas 48 espécies de mamíferos que utilizam este ambiente. A
maioria é do tipo generalista em relação a itens específicos da estrutura do habitat,
configurando populações de pequeno porte e bem espaçadas. Entre as típicas das
florestas estão: Os macacos (Cebus apella e Alouatta guariba) o veado (Mazana
sp.), os felinos (Felis tigrina) e o cateto (Pecari tajacu).

 (c) Ambiente aquático:

São ambientes formados por Lagos, charcos e alagadiços encontrados


esparsadamente ao longo de toda a região. Quanto aos rios, o mais importante
deles é o rio Pelotinhas além de outros afluentes de menor importância ao longo da
área. Foram observadas 05 espécies que utilizam esses tipos de ambientes com
destaque para a cuíca-d’água (Chironectes minimus), o ratão-do-banhado
(Myocastor coypus) e a lontra (Lutra longicaudis).

No quadro 3.30 a seguir apresentamos os exemplares observados e de comprovada


existência na região dos aproveitamentos, relacionando-os com os conjunto de
habitat´s de sua ocorrência.

94
QUADRO 3.30- LISTA DE MAMÍFEROS OCORRENTES NA BACIA DO RIO PELOTINHAS (SC)

Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Didelphidae
Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca MAT - CAM
Caluromys aff. lanatus Cuíca-lanosa MAT
Philander oposum Cuíca-quatro-olhos MAT
Lutreolina crassicauda Cuíca MAT
Chironectes minimus Cuíca-d´àgua MAT – AQUA
Myrmecophagidae
Tamanduá tetradactyla Tamanduá-mirim MAT – CAM
Dasypodidae
Dasypus novencictus Tatú CAM – MAT
Eupharctus sextinctus Tatu-peludo CAM
Phyllostomidae
Artibeus lituratus Fruteiro MAT
Artibeus fimbriatus Fruteiro MAT
Chrotpterus auritus Morcego-bonbachudo MAT
Platyrhinus lineatus Fruteiro MAT
Sturnira liliun Fruteiro MAT
Carollia perspicillata Fruteiro MAT
Glossophaga soricina Beija-flor MAT - CAM
Anoura caudifer Beija-flor MAT
Phyllostomus hastatus Morcego MAT
Desmodus rotundus Vampiro CAM
Vespertilionidae
Myotis nigricans Morcego MAT
Myotis cf. ruber Morcego MAT
Lasiurus cinereus Morcego MAT
Myotis nigricans Morcego CAM
Myotis ruber Morcego CAM
Lasiurus cinereus Morcego CAM
Molossidae
Eumopsc sf. bonariensis Morcego MAT

95
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Eumops cf. bonariensis Morcego CAM


Molossus molossus morcego CAM
Cebidae
Cebus apella Macaco-prego MAT

Alouatta guariba** Bugio-ruivo MAT

Canidae
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato CAM – MAT
Dusicyon gymnocercus Graxaim-do-campo CAM
Procyonidae
Procyon cancrivorus Mão-pelada MAT – CAM – AQUA
Nasua nasua Quati MAT
Mustelidae
Eira barbara Irara MAT
Conepatus chinga Zorrilho MAT – CAM
Gallictis cuja Furão
Felidae

Felis pardalis** jaguatirica MAT

Felis tigrina** Gato-do-mato-pequeno MAT

Felis yagouaroundi** Gato-mourisco MAT

Felis concolor** Puma ou leão-baio MAT – CAM

Tayasuidae
Pecari tajacu catetu MAT
Cervidae
Mazana americana Veado-mateiro MAT
Mazana rufina Veado-bororó MAT – CAM
Ozotocerus bezoarticus Veado-campeiro CAM – MAT
Sciuridae
Sciurus aestuans caxinguelê MAT
Muridae
Oryzomys sp. Rato MAT – CAM

96
Nome científico Nome popular Habitat utilizado*

Oligoryzomys delticola Rato MAT


Oryzomys ratticeps Rato MAT
Oxymycterus rufus Rato-bicudo MAT – AQUA
Akodon sp. Rato MAT
Akodon cursor Rato MAT – CAM
Akodon serrensis Rato MAT – CAM
Erethizontidae
Coendou insidiosus ouriço MAT
Dasyproctidae

Agouti paca** paca MAT

Dayprocta azarae Cutia MAT


Echimyidae
Echimys dasythrix Rato-de-árvore MAT
Leporidae
Sylvilagus brasiliensis Tapiti MAT - CAM
Lepus capensis Lebre-européia MAT – CAM
Caviidae
Cavia fulgida Preá CAM
Mustelidae

Lutra longicaudis** Lontra AQUA

Hydrochaeridae
Hydrochaeris hydrocaeris Capivara AQUA
Capromiidae
Myocastor coypus Ratão-do-banhado AQUA

* MAT = matas de encosta e matas ciliares; CAM = Campos de planalto e pequenos capões de vegetação
arbórea; AQUA = ambiente aquático.
** Espécies citadas na lista oficial dos Animais Ameaçados de Extinção (IBAMA 2003).

Houve registros de mamíferos introduzidos (exóticos) como a lebre-européia (Lepus


capensis), e rato-doméstico (Ratus novergicus) vivendo de forma selvagem.

97
3.2.1.3.3. Herpitofauna e Anfíbios

Os anfíbios mais comuns na região são: sapo-cururú (Bufo ictericus e B. crucifer),


sapinho-do-chão (Elachistocleis ovalis), as pererecas (Hyla spp. E scinasx spp.) e as
rãs (Adenomera sp. e Odonthophrynus sp.).

Os répteis de maior ocorrência na região são do grupo das serpentes: jararacas


(Bothrops jararaca), cotiara (Bothrops cotiara), coral-verdadeira (Micrurus
coralinus),cobra-d´água (Liophis miliares), caninana (Spillotes pullatus) e os lagartos
(Tupinabis merianae) e lagartixas (Teius oculatus).

3.2.1.3.4. Conclusões Gerais

 A paisagem da bacia do rio Pelotinhas foi moldada historicamente pela exploração


madeireira especialmente das canelas (Ocotea spp. e Nectandra spp.), cedros
(Cedrela fissilis) e araucárias (Araucaria angustifólia), pastagens, pequenas
experiências com agricultura e recentemente com grandes áreas destinadas para
monoculturas de pinus (Pinus elliotis) e eucalipto (Eucaliptus spp.) alterando e
fragmentando significantemente os hábitat´s originais, tanto quantitativamente
quanto em sua estrutura. Importante registrar que na área de influência direta dos
empreendimentos não existe remanescente de floresta em estágio primário.

 Na região dos aproveitamentos inventariados, incluindo as matas ciliares, este


processo se reflete na ausência de algumas espécies e na abundância
populacional (comprovadas nas expedições de campo) dos exemplares
faunísticos generalistas, de ampla distribuição e com hábitos onívoros como é o
caso dos mamíferos mão-pelada (Procyon cancrivorus) e coati (Nasua nasua),
gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) e das aves como os anus (Guira
guira e Crotophaga), bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), Sabiá-laranjeira (Turdus
rufiventris), corruíra (Troglodytes aedon) e o canário-terra (Sicalis flaveola) -
tabelas: 1.2-a e 1.2-b.

 Nenhuma espécie da avifauna registrada em campo é considerada ameaçada de


extinção ou endêmica, com exceção para Amazona vinacea e A. Petrei,
entretanto, na literatura são citadas espécies consideradas “vulneráveis”
globalmente, como o Leucopternis polionota (gavião-pombo-grande) e
Heteroxolmis dominicana (viuvinha), ou “vulneráveis” globalmente, como o
Xanthopsar flavus (pássaro-preto-de-veste-amarela). Algumas espécies são
consideradas “raras” para o estado de Santa Catarina segundo Rosário (1996).
Como exemplos, citam-se Turdus leucomelas (sabiá-barranco), Oxyura dominica
(bico-roxo), Pachyramphus viridis (caneleirinho-verde) e Piculus aurulentus (pica-
pau-dourado).

 Por fim, entre as endêmicas do território brasileiro (Sick, 1997), destacam-se:


Leptasthenura striolata (grimpeirinho), Myrmeciza squamosa (papa-formiga-de-
gruta), Carpornis cucullatus (corocochó), Sporophila melanogaster (Caboclinho-
de-barriga-preta), Thraupis cyanoptera (sanhaço-de-encontro-azul) e Tangara
peruviana (saíra-preciosa).

98
 Embora esta paisagem encontra-se bastante alterada, alguns setores como:
fundos de vales e áreas bastante declivosas, apresentam bons indicadores de
qualidade de habitat. Estes setores fazem parte da homerange de alguns
(poucos) exemplares da fauna e flora raras ou ameaçadas como: o tamanduá-
mirim (Tamanduá tetradactyla), os veados (Mazama sp. e Ozotocerus sp.), o
puma (Felis concolor), a jaguatirica (Felis pardalis), a Lontra (Lutra longicaudis), o
bugio-ruivo (Alouatta guariba), Xaxim (Dicksonia sellowiana) e o pinheiro-
brasileiro (Araucária angustifolia). Esta informação é de relevante importância
para os programas de compensação ambiental dos empreendimentos, visando
buscar a conectividade entre áreas fragmentadas situadas nas Áreas de
Indluência Direta (PRIMACK, 2002).

 Embora esta região apresente uma significativa diversidade biológica, as áreas a


serem diretamente afetadas não representam o refúgio de nenhum grupo
inventariado na bacia do rio Pelotinhas.

3.2.2. Ecossistemas Aquáticos (Ictiofauna)

A utilização de peixes como indicadores ambientais para o meio aquático é


justificada por BRUSCHI JÚNIOR et al. (2000) tendo como argumento o fato de que
uma comunidade de peixes apresenta numerosas vantagens como organismos
indicadores nos programas de monitoramento biológico, citando dentre estas a
disponibilidade de informações sobre o ciclo de vida de grande número de espécies,
por incluírem uma variedade de níveis tróficos (onívoros, herbívoros, insetívoros,
planctívoros, carnívoros) compreendendo alimentos tanto de origem aquática quanto
terrestre. A posição dos peixes no topo da cadeia alimentar em relação a outros
indicadores de qualidade de água, como diatomáceas e invertebrados, favorece uma
visão integrada do ambiente aquático. Além disso, são relativamente fáceis de
serem identificados, e situações críticas, como mortalidade de peixes, podem ser
informadas pelo público em geral, o que pode chamar atenção para alterações nas
condições de qualidade da água dos ambientes.

O grande número de empreendimentos hidrelétricos na região do alto Uruguai


conduziu à realização de diversos estudos taxonômicos sobre a ictiofauna destes
rios.

Como os principais trabalhos realizados sobre as populações de peixes na área


podemos citar BERTOLETTI et al. (1989 a e b), que sintetiza os dados obtidos das
coletas realizadas para os diagnósticos das usinas hidrelétricas Itá, Machadinho e
Campos Novos.

Com base principalmente nestes trabalhos foram publicados diversos trabalhos de


revisão taxonômica das espécies desta região: REIS et. al. (1990) descreveram
duas espécies novas (Hypostomus isbrueckeri e H. roseopunctatus) além de
relatarem um total seis espécies do gênero Hypostomus para a região, LUCENA &
KULANDER (1992) reconheceram a ocorrência de onze espécies do gênero
Crenicichla na bacia do rio Uruguai, sendo que destas, seis relatadas como novas
espécies, ocorrem na região (Crenichla jurubi, C. minuano, C. missioneira, C. igara,
C. prenda e C. tendybaguassu). REIS & SHAEFER (1992) descreveram um novo
gênero e uma nova espécie (Eurycheilichthys panterinus), PEREIRA & REIS (1992)
descreveram Hemipsilichthys vestigipinnis, ROSA & COSTA (1993), descreveram

99
Cnesterodon brevirostratus, GHEDOTTI & WEITZMAN (1995) descreveram Jenynsia
eirmostigma, CARDOSO & MALABARBA (1999) descreveram Hemiancistrus
fuliginosus (figura 13), VIDAL & LUCENA (1999) descreveram Pimelodus
atrobruneus. e QUEVEDO & REIS (2002) descreveram Pogonopoma obscurum, até
então designado como Rhinelepis sp.

Recentemente, MALABARBA & WEITZMAN (2003) descreveram o novo gênero


Cyanocharax (Characidae) com seis novas espécies sendo Cyanocharax.
lepiclastus, registrado na área em estudo.

Estes e outros trabalhos possibilitaram o conhecimento da diversidade da ictiofauna


da bacia do rio Pelotas, fato que levou a classificação do conjunto formado pelas
bacias dos rios Pelotas e Canoas como área prioritária para estudo e conservação
das espécies de peixes (CONSERVATION INTERNATIONAL et al., 2000).

3.2.2.1. Aspectos Metodológicos

Este diagnóstico procura descrever as características gerais da composição


ictiofaunísticas do rio Pelotinhas nas áreas de influência direta e indireta dos
aproveitamentos hidrelétricos inventariados.

Os possíveis impactos das obras sobre a ictiofauna foram considerados a partir de


dados relacionados à presença de espécies migratórias; fragmentação do rio com a
presença de barragens e grandes quedas; classificação por diferentes habitats,
envolvendo as características fisiográficas do rio e a presença de matas ciliares;
classificação dos habitats segundo as características fisiográficas do trecho
analisado.

Os dados à respeito do tamanho, habitat, alimentação e reprodução das espécies


relacionadas foi obtido exclusivamente por meio de bibliografias ou por relações
feitas a partir de bibliografias de espécies afins.

Estes dados foram mostrados por meio de tabelas onde são relacionados aspectos
relativos a cada grupo: porte, hábito alimentar, habitat, registro de migrações.

As amostragens foram realizadas em três pontos de coleta (vide desenho 4100/EA-


PE-A3-0011): ponto 1 (rio Pelotinhas – à jusante da queda d’água localizada em
Coxilha Rica: 545.306 E/6.878.180 N), ponto 2 (rio Pelotinhas – à montante da
queda d’água localizada em Coxilha Rica: . 544.804 E/6.876.655 N) e ponto 3 (rio
Pelotinhas - ponto intermediário entre a barragem e a casa de máquinas da PCH
Santo Cristo: 535.045 E/6.870.701 N). As coletas foram realizadas por meio de
redes de espera malhas 50 mm, coletor cúbico (puçá) e rede de arrasto malha 6 mm
(picaré). Como complemento para as listas de ocorrência foram realizadas consultas
à coleções ictiológicas e bibliografias especializadas.

Diversidade específica de Shannon-Weiner, que foi calculada pela expressão


indicada por KREBS (1978):
s
H´= -  pi. ln pi
i=l
Onde:

100
H´ = grau de diversidade
pi = proporção de ocorrência da espécie i na amostra
s = número total de espécies na amostra

FIGURA 3.33- COLETA COM REDES, REALIZADA NO PONTO 3 (RIO PELOTINHAS - PONTO
INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA PCH SANTO CRISTO:
535.045 E/6.870.701 N)

FIGURA 3.34- PONTO 1 (LOCAL DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH COXILHA RICA:
545.306 E/6.878.180 N)

101
3.2.2.2. Resultados

A fauna de peixes da região é representada por 58 espécies pertencentes à 15


famílias (quadro 3.31). Destas espécies, dez são endêmicas da área das cabeceiras
dos rios Pelotas e Canoas (alto Uruguai) e onze ainda não apresentam distribuição
definida por falta de dados taxonômicos (quadro 3.32).

QUADRO 3.31- LISTA DE ESPÉCIES DESIGNADAS PARA A ÁREA DE ESTUDO, DE


ACORDO COM BERTOLETTI ET AL. (1989A E B) ATUALIZADA POR REIS ET AL. (2003).

Táxon Nome popular


CHARACIFORMES
ERYTHRINIDAE
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) traíra
H. lacerdae Miranda Ribeiro, 1908 trairão
CHRENUCHIDAE
Characidium tenue (Cope, 1894) canivete
Characidium serrano Buckup & Reis, 1997 Canivete
Characidium occidentale Buckup & Reis, 1997 Canivete
ANOSTOMIDAE
Leporinus amae Godoy, 1980 Piava
CURIMATIDAE
Steindachnerina biornata (Eigenmann & Eingenmann, 1889) Biru
Cyphocharax saladensis (Meinken, 1933) Biru
CHARACIDAE
Salminus brasiliensis (Cuvier, 1816) Dourado
Oligosarcus brevioris Menezes, 1987 Bocarra
Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) Bocarra
Cyanocharax lepiclastus Malabarba, 2003 Lambari
Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Lambari
A. jacuhiensis Cope, 1894 Lambari
A. scabripinnis (Jenyns, 1842) Lambari
A. brachypterygium Bertaco & Malabarba, 2001 Lambari
Bryconamericus sp. Lambari
Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) Lambari
B. stramineus Eigenmann, 1908 Lambari
Diapoma speculiferum Cope, 1894 Lambari
Hypobrycon maromba Malabarba & Malabarba, 1994 Lambari
SILURIFORMES
PIMELODIDAE

102
Táxon Nome popular
Pimelodus maculatus La Cepède, 1803 Pintado
Pimelodus atrobrunneus Vidal & Lucena, 1999 Pintado
HEPTAPTERIDAE
Rhamdia sp. Jundiá
Heptapterus mustelinus (Valenciennes, 1835) Bagrinho
Heptapteus sp. a Bagrinho
Heptapterus sp. b Bagrinho

QUADRO 3.32 - LISTA DE ESPÉCIES DESIGNADAS PARA A ÁREA DE ESTUDO, DE


ACORDO COM BERTOLETTI ET AL. (1989A E B) ATUALIZADA POR REIS ET AL. (2003)
(continuação)

Táxon Distribuição Exclusiva da Exclusiva da Presente


não definida área do alto bacia do rio em outras
Uruguai Uruguai bacias
CHARACIFORMES
ERYTHRINIDAE X
Hoplias malabaricus X
H. lacerdae
CHRENUCHIDAE
Characidium tenue X
Characidium serrano X
ANOSTOMIDAE
Leporinus amae X
CURIMATIDAE
Steindachnerina biornata X
Cyphocharax saladensis X
CHARACIDAE
Oligosarcus brevioris X
Oligosarcus jenynsii X
Cyanocharax lepiclastus X
Astyanax aff. fasciatus X
A. jacuhiensis X
A. aff. scabripinnis X
A. brachypterygium X
Bryconamericus sp. X
Bryconamericus iheringii X
B. stramineus X

103
Táxon Distribuição Exclusiva da Exclusiva da Presente
não definida área do alto bacia do rio em outras
Uruguai Uruguai bacias
Diapoma speculiferum X
Hypobrycon maromba X
SILURIFORMES
PIMELODIDAE
Pimelodus maculatus X
Pimelodus atrobrunneus X
HEPTAPTERIDAE
Rhamdia sp. X
Heptapterus mustelinus X
Heptapteus sp. a X
Heptapterus sp. b X
LORICARIIDAE
Hypostomus isbrueckeri X
H.luteus X
H.commersonii X
H. roseopunctatus X
H. uruguayensis X
H. ternetzi X
H. regani X
Eurycheilichthys pantherinus X
Ancistrus taunayi X
Hemipsilichthys vestigipinnis X
Hemiancisrtus chlorostictus X
Hemiancistrus fuliginosus X
Rineloricaria sp.1 X
AUCHENIPTERIDAE
Tatia boemia X
TRICHOMYCTERIDAE
Trichomycterus sp. X
GYMNOTOIDEI
GYMNOTIDAE
Gymnotus carapo X
APTERONOTIDAE
Eigenmannia sp. X
Eigenmannia virescens X

104
Táxon Distribuição Exclusiva da Exclusiva da Presente
não definida área do alto bacia do rio em outras
Uruguai Uruguai bacias
CYPRINODONTIFORMES
POECILIDAE
Phallocerus caudimaculatus X
Cnesterodon brevirostratus X
ANABLEPIDAE
Jenynsia eirmostigma X
SYNBRANCHIFORMES
SYNBRANCHIDAE
Synbranchus marmoratus X
PERCIFORMES
CICHLIDAE
Cichlasoma sp. X
Cichlasoma facetum X
Geophagus brasiliensis X
Gymnogeophagus X
gymnogenys
Crenicichla celidochilus X
C.jurubi X
C. minuano X
C.missioneira X
C.igara X
C. prenda X
C. tendybaguassu X

Os dados obtidos nas coletas demonstram maior abundância de indivíduos e


diversidade de espécies no ponto 3 e ponto 2 (Figura 3.35), sendo no entanto
percebido que há um maior número de espécies endêmicas no ponto de
amostragem número 1 (quadro 3.33) que se localiza logo acima da queda. Neste
ponto 1 foi capturado um reduzido número de espécies, todas de porte pequeno e
de caractere endêmico como Heptapterus sp. e Jenynsia eirmostigma (Figura 3.37)
de forma que percebemos um baixo índice de diversidade (Figura 3.36).

Os pontos 2 e 3 apresentaram maior número de espécies, conseqüentemente


maiores índices de diversidade se comparados ao ponto 1 (Figura 3.35).

105
9

1,76
1,56
1,18

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3

Total de espécies Indíce de Diversidade de Shannon

FIGURA 3.35- DIAGRAMA MOSTRANDO OS ÍNDICES DE DIVERSIDADE DOS TRÊS PONTOS


AMOSTRADOS. PONTO 1 (RIO PELOTINHAS - LOCAL DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH
COXILHA RICA: 545.306/6.878.180), PONTO 2 (RIO PELOTINHAS - LOCAL DESIGNADO PARA A
CASA DE MÁQUINAS DA PCH COXILHA RICA: . 544.804/6.876.655) E PONTO 3 (RIO
PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA PCH
COXILHA RICA E A FOZ JUNTO AO RIO PELOTAS: 535.045 E/6.870.701N)

106
QUADRO 3.33- LISTA DE ESPÉCIES CAPTURADOS NOS TRÊS PONTOS DE AMOSTRAGEM. PONTO 1
(LOCAL DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH COXILHA RICA: 545.306/6.878.180), PONTO 2
(LOCAL DESIGNADO PARA A CASA DE MÁQUINAS DA PCH COXILHA RICA: . 544.804/6.876.655) E
PONTO 3 (RIO PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA
PCH COXILHA RICA E A FOZ JUNTO AO RIO PELOTAS: 535.045/6.870.701)

Táxon Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3


CHARACIFORMES
ERYTHRINIDAE
Hoplias malabaricus - 10 7
H. lacerdae - 3 4
ANOSTOMIDAE
Leporinus amae - - 3
CHARACIDAE
Astyanax grupo fasciatus 1 3 3
A. jacuhiensis 1 4 7
SILURIFORMES
PIMELODIDAE
Pimelodus maculatus - - 1
HEPTAPTERIDAE
Heptapteus sp. 1 - -
LORICARIIDAE
Hypostomus sp. - 5 11
Eurycheilichthys pantherinus 1
Hemiancistrus fuliginosus - - 1
CYPRINODONTIFORMES
ANABLEPIDAE
Jenynsia eirmostigma 1 - -
PERCIFORMES
CICHLIDAE
Geophagus brasiliensis - 1 2
Crenicichla sp. - 1 -
TOTAL DE INDIVIDUOS 6 27 38

107
FIGURA 3.36- ESPÉCIME DE JENYNSIA EIRMOSTIGMA CAPTURADO NO PONTO PONTO 1
(RIO PELOTINHAS - LOCAL DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH COXILHA RICA: 545.306
E/6.878.180 N) BARRA EM BRANCO: 1 CM

FIGURA 3.37 DIAGRAMA MOSTRANDO OS HÁBITOS ALIMENTARES DAS ESPÉCIES


CAPTURADAS NOS PONTOS AMOSTRADOS. PONTO 1 (RIO PELOTINHAS - LOCAL
DESIGNADO PARA BARRAGEM DA PCH COXILHA RICA: 545.306 E/6.878.180 N), PONTO 2 (RIO
PELOTINHAS - LOCAL DESIGNADO PARA A CASA DE MÁQUINAS DA PCH COXILHA RICA: .
544.804 E/6.876.655 N) E RIO PELOTINHAS – PONTO 3 LOCALIZADO ENTRE ÁREA DE
INFLUÊNCIA DIRETA DA PCH COXILHA RICA E A FOZ JUNTO AO RIO PELOTAS: 535.045
E/6.870.701 N

3 3 3 3

1 1 1

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3

Espécies carnívoras Espécies onívoras Espécies iliófagas

108
QUADRO 3.34- DIMENSÕES, HABITAT PREFERENCIAL E HÁBITO ALIMENTAR DAS ESPÉCIES
DESIGNADAS PARA A BACIA ESTUDADA, DE ACORDO COM BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA

Taxon Porte Habitat Habito alimentar

CHARACIFORMES
ERYTHRINIDAE
Hoplias malabaricus Médio Remansos Juvenil insetívoro –
Adulto ictiófago
H. lacerdae Médio Remansos Juvenil insetívoro –
Adulto ictiófago
CHRENUCHIDAE
Characidium tenue Pequeno Corredeiras Insetívoro
Characidium serrano Pequeno Corredeiras Insetívoro
ANOSTOMIDAE
Leporinus amae Médio Remansos Onívoro
CURIMATIDAE
Steindachnerina biornata Pequeno Remansos Iliófago
Cyphocharax saladensis Pequeno Remansos Iliófago
CHARACIFORMES
CHARACIDAE
Oligosarcus brevioris Pequeno Remansos Insetívoro/Ictiófago
Oligosarcus jenynsii Pequeno Remansos Insetívoro/Ictiófago
Cyanocharax lepiclastus Pequeno Remansos Onívoro
Astyanax aff. fasciatus Pequeno Remansos Onívoro
A. jacuhiensis Pequeno Remansos Onívoro
A. aff. scabripinnis Pequeno Corredeiras Onívoro
A. brachypterygium Pequeno Corredeiras Onívoro
Bryconamericus sp. Pequeno Corredeiras Onívoro
Bryconamericus iheringii Pequeno Corredeiras Onívoro
B. stramineus Pequeno Corredeiras Onívoro
Diapoma speculiferum Pequeno Remansos Insetívoro
Hypobrycon maromba Pequeno Corredeiras Onívoro
SILURIFORMES
PIMELODIDAE
Pimelodus maculatus Médio Remanso Insetívoro/Ictiófago
Pimelodus atrobrunneus Médio Remanso Insetívoro/Ictiófago
HEPTAPTERIDAE
Rhamdia sp. Médio Remanso Insetívoro/Ictiófago
Heptapterus mustelinus Pequeno Corredeiras Insetívoro

109
Taxon Porte Habitat Habito alimentar

Heptapteus sp. a Pequeno Corredeiras Insetívoro


Heptapterus sp. b Pequeno Corredeiras Insetívoro
LORICARIIDAE
Hypostomus isbrueckeri Médio Corredeiras Iliófago
H.luteus Médio Corredeiras Iliófago
H.commersonii Médio Corredeiras Iliófago
H. roseopunctatus Médio Corredeiras Iliófago
H. uruguayensis Médio Corredeiras Iliófago
H. ternetzi Médio Corredeiras Iliófago
H. regani Médio Corredeiras Iliófago
Eurycheilichthys Pequeno Corredeiras Iliófago
pantherinus
Ancistrus taunayi Médio Corredeiras Iliófago
Hemipsilichthys Pequeno Corredeiras Iliófago
vestigipinnis
Hemiancisrtus Médio Corredeiras Iliófago
chlorostictus
Hemiancistrus fuliginosus Médio Corredeiras Iliófago
Rineloricaria sp.1 Pequeno Corredeiras Iliófago
AUCHENIPTERIDAE
Tatia boemia Pequeno Remansos
TRICHOMYCTERIDAE
Trichomycterus sp. Pequeno Corredeiras Insetívoro
APTERONOTIDAE
Eigenmannia sp. Pequeno Remanso Insetívoro
Eigenmannia virescens Pequeno Remanso Insetívoro
CYPRINODONTIFORMES
POECILIDAE
Phallocerus Pequeno Remanso Onívoro
caudimaculatus
Cnesterodon brevirostratus Pequeno Remanso Onívoro
ANABLEPIDAE
Jenynsia eirmostigma Pequeno Corredeiras Onívoro
SYNBRANCHIFORMES
SYNBRANCHIDAE
Synbranchus marmoratus Médio Remanso Insetívoro
PERCIFORMES

110
Taxon Porte Habitat Habito alimentar

CICHLIDAE
Cichlasoma sp. Pequeno Remanso Insetívoro/Ictiófago
Cichlasoma facetum Pequeno Remanso Insetívoro/Ictiófago
Geophagus brasiliensis Pequeno Remanso Onívoro
Gymnogeophagus Pequeno Remanso Insetívoro/Ictiófago
gymnogenys
Crenicichla celidochilus Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C.jurubi Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C. minuano Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C.missioneira Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C.igara Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C. prenda Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago
C. tendybaguassu Pequeno Remanso próx. à corredeiras Insetívoro/Ictiófago

Das sete espécies exóticas relacionadas para a bacia (quadro 3.35) foi registrada
Cyprinus carpio no ponto 3 (figura 3.37).
QUADRO 3.35- ESPÉCIES EXÓTICAS RELACIONADAS PARA A REGIÃO. DE ACORDO COM
GODOY (1987)

Táxon Nome popular


SALMONIFORMES
SALMONIDAE
Oncorhynchus mykiss (Walbaum, 1792) Truta
CYPRINIFORMES
CYPRINIDAE
Ctenopharyngodon idellaValenciennes, 1844 Carpa-capim
Cyprinus carpioLinnaeus, 1758 Carpa
SILURIFORMES
CLARIIDAE
Clarias gariepinnusBurchell, 1822 Bagre-africano
PERCIFORMES
CICHLIDAE
Tilapia rendalliBoulenger, 1912 Tilápia
Oreochromis niloticusLinnaeus, 1758 Tilápia
CENTRARCHIDAE
Micropterus salmoides (Lacépède, 1802) Black-bass

111
3.2.2.3. Conclusões Gerais

3.2.2.3.1. Compartimentação do Ambiente

A partir da análise do perfil topográfico e da análise dos dados obtidos a partir das
espécies coletadas percebemos que a bacia analisada pode ser designada como um
único grande compartimento ambiental.

Este é marcadamente delimitado a partir do ponto 1 onde se localiza a queda d’água


de Coxilha Rica e se estende até a confluência do rio Pelotinhas com o rio Pelotas.
Este trecho é formado por uma combinação de corredeiras e remansos refletindo na
composição da fauna na qual identificamos tanto espécies adaptadas às corredeiras
como aquelas de maior porte e que têm preferência por ambientes de remanso.
Também nesses pontos foram registradas espécies relacionadas à pesca esportiva
tais como: Hoplias malabaricus, Hoplias lacerdae (figura 3.38), Pimelodus maculatus
(figura 3.39) e Hypostomus luteus (figura 3.40). Podemos afirmar que estes locais
são capazes de manter espécies de maior porte além de maior diversificação de
espécies devido à maior complexidade de ambientes e maior disponibilidade de
alimentos (ODUM, 1983). Isto explica a dominância de espécies carnívoras e
onívoras nestes locais.

FIGURA 3.38- ESPÉCIME DE HOPLIAS LACERDAE CAPTURADO NO PONTO PONTO 3 (RIO


PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA
PCH SANTO CRISTO: 535.045 E/6.870.701 N). BARRA EM BRANCO: 1 CM

FIGURA 3.39- ESPÉCIME DE PIMELODUS MACULATUS CAPTURADO NO PONTO PONTO 3


(RIO PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS
DA PCH SANTO CRISTO: 535.045 E/6.870.701 N). BARRA EM BRANCO: 1 CM

112
FIGURA 3.40- ESPÉCIME DE HYPOSTOMUS LUTEUS CAPTURADO NO PONTO PONTO 3 (RIO
PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA
PCH SANTO CRISTO: 535.045 E/6.870.701 N). BARRA EM BRANCO: 1 CM.

3.2.2.3.2. Endemismo de Espécies e Espécies Ameaçadas

Outro fator importante é o endemismo de espécies, fator característico dos rios


localizados nas cabeceiras dos sistemas hídricos. O breve histórico apresentado
anteriormente com relação à descoberta de novas espécies na região é capaz de
informar o leitor sobre as perspectivas no que concerne aos estudos ainda
necessários para a caracterização geral da fauna de peixes da região do alto
Uruguai. Cabe fazermos algumas observações à respeito das espécies que ainda
necessitam estudos detalhados para determinação de seu status taxonômicos,
distribuição biogeográfica e ecologia.

VARI & MALABARBA (1998) estimam que as taxas de descrições de novas espécies
da ictiofauna sul americana indicam um número muito superior ao até então
estimado. Isto se reflete quando analisamos o grande número de espécies sem
categoria taxônomica definida em coleções ou trabalhos científicos.

Taxonomicamente a fauna da área pode ser definida como característica dos


sistemas de cabeceira. Este conceito se aplica principalmente quando constatamos
a ocorrência de grande número de espécies endêmicas, e altamente especializadas
ao nível trófico, relacionadas para a área como por exemplo Jenynsia eirmostigma
(figura 3.37); Hemiancistrus fuliginosus (figura 3.41) e Leporinus amae (figura 3.42).

Além disso destacam-se algumas espécies, que recebem a designação de


morfoespécies, sendo assim designadas por não apresentarem características que
possam ser utilizadas para enquadra-las nas categorias taxonômicas já descritas. A
família Characidae apresenta três morfoespécies que ainda não foram
suficientemente estudadas. As espécies pertencentes aos grupos Astyanax aff.
fasciatus, Astyanax aff. scabripinnis e Bryconamericus sp. possivelmente
apresentarão novas espécies ou poderão até mesmo ser subdivididas em novos
gêneros, fato que aconteceu recentemente com o gênero Cyanocharax até então
relacionado como Astyanax. Lima et al (2003) destacam que estes dois gêneros são
pouco conhecidos taxonomicamente e possivelmente não se tratam de um grupo
monofilético. Entre os siluriformes destacamos as morfoespécies Rineloricaria sp.
relacionada por FERRARIS JR. (2003) como um grande gênero que apresenta
poucos estudos conclusivos, Heptapterus sp. grupo ao qual BUCKUP (1988)
registrou quatro novas espécies a serem descritas e Rhamdia sp. cujas espécies

113
das bacias hidrográficas do sul do Brasil estão sendo revisadas pela equipe do
Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

De acordo com REIS et al. (2003) não existem informações precisas acerca das
populações à respeito da populações atuais do dourado (Salminus brasiliensis) na
bacia do rio Uruguai. Os autores recomendam que sejam incorporados os
requerimentos para a migração e reprodução de peixes migradores como importante
variável biótica a ser considerada na elaboração de planos de aproveitamento
hidrelétrico.

Também destacaram Tatia boemia Koch & Reis, 1996 por apresentar poucas
informações à respeito de sua distribuição e história de vida, possivelmente por ser
uma espécie dificilmente capturada com os métodos de captura comumente usados.
O mesmo é afirmado para Pseudocetopsis gobioides (Kner, 1858) conhecido
popularmente como candiru-açu. O surubim (Staindachneridion scripta),
Characidium serrano (canivete) e Astyanax brachypterygium uma das várias
espécies de lambari são designados na lista de espécies em risco de extinção pela
insuficiência de dados à respeito de sua distribuição e ecologia. Sendo o ultimo
(Astyanax brachypterygium) possivelmente ameaçado também pela introdução da
truta (Oncorhynchus mykiss).

FIGURA 3.41- ESPÉCIME DE HEMIANCISTRUS FULIGINOSUS COLETADO NO RIO


PELOTINHAS - PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA
PCH SANTO CRISTO 535.045 E/6.870.701 N). BARRA BRANCA: 1 CM

114
FIGURA 3.42- ESPÉCIMES DE LEPORINUS AMAE HABITANDO O PONTO 3 (RIO PELOTINHAS -
PONTO INTERMEDIÁRIO ENTRE A BARRAGEM E A CASA DE MÁQUINAS DA PCH SANTO
CRISTO: 535.045 E/6.870.701 N)

3.2.2.3.3. Espécies Exóticas

As espécies exóticas registradas, por serem procedentes de atividades de


piscicultura na região, correspondem à um padrão representado em várias partes do
país, sendo esta a principal causa da introdução destas espécies nos corpos d’água
da região. REIS et al. (2003) afirmam que a introdução de peixes exóticos em corpos
d’água naturais pode contribuir com a transmissão de doenças e parasitos para as
espécies nativas, e opinam ser mais grave ainda a introdução de espécies nativas
em áreas com altos índices de endemismo. Chama-se atenção para o fato que
grande número de carpas são encontradas nos rios da região, caracterizando a mais
forte influência antropomórfica aos rios da região depois do desmatamento da mata
ciliar em determinados locais da bacia do rio Pelotinhas.

115
3.3. MEIO SÓCIO ECONÔMICO

Neste capitulo serão apresentados os elementos socioeconômicos da região


estudada do rio Pelotinhas, sendo abordado o processo histórico de ocupação,
aspectos demográficos, econômicos, sociais, de infra-estrutura, saúde e educação.

Os municípios de Lages, Painel e Capão Alto estão localizados no Planalto Serrano


Catarinense, a altitudes que variam 904 a 1144 metros acima do nível do mar,
distando aproximadamente 225 km da Capital – Florianópolis, na bacia do rio
Pelotinhas, onde deverão ser implantados os empreendimentos hidrelétricos e,
portanto, serão abordados nesse estudo.

3.3.1. Processo Histórico de Ocupação

No século XVII, a região era habitada por populações indígenas e pertencia ao


sertão de Curitiba – administrado pela Capitania de São Paulo – tendo sido
explorada inicialmente pelos paulistas, através das Entradas e Bandeiras, que
objetivaram o reconhecimento do território, bem como a definição de limites entre os
domínios de Portugal e Espanha.

Sua efetiva ocupação começa no século XVIII - século da mineração - quando serve
de palco à criação de efetivos bovinos, para o próprio trabalho das minas, para o
transporte de pessoas e mercadorias e para alimentação – que se destinam às mais
diferentes regiões do país, principalmente para São Paulo.

Se, por um lado, a criação e transporte de gado respondem pelo estabelecimento de


povoados e abertura de caminhos, o deslocamento pelas novas vias, propicia por
sua vez, a criação de novos embriões de aglomerações. Assim, surgem povoados
que se expandem e passam a ter um papel fundamental nesse processo de
ocupação e desenvolvimento da região, como, por exemplo, Lages, cujas pastagens
naturais funcionaram, a princípio, como áreas de invernadas, embora o
fortalecimento do núcleo habitacional, tenha resultado, substancialmente, de uma
decisão política.

Ao lado da pecuária, desenvolve-se uma agricultura, fundamentalmente de


subsistência, e essas duas atividades conferem à região uma estrutura fundiária,
que se caracteriza pela convivência de grandes propriedades, destinadas à pecuária
extensiva, com pequenas propriedades destinadas ao trabalho agrícola, e de base
familiar.

No século XIX, chegam então os primeiros imigrantes estrangeiros, para colonização


da região, principalmente alemães e italianos. Eles ocupam-se de pequenas
propriedades e imprimem traços culturais que passam a conferir à Região Sul do
País, como um todo, e evidentemente à região em foco, especificidades, que se
refletem no desenvolvimento, na arquitetura, na comida, nos hábitos de higiene,
enfim nos diferentes aspectos que compõem o quadro de sua dinâmica sócio-
econômico-cultural.

Outro impulso para região é, sem dúvida, a implantação da ferrovia ligando Rio
Grande Sul a São Paulo, em 1910, que tem como contrapartida à aquisição de
terras de terras equivalentes a 15 km de cada lado ao longo do seu trajeto. Isso

116
resulta na expulsão de vários trabalhadores rurais e familiares de suas terras (ou
posses), incrementando, por essa via, o movimento de revolta denominado
Contestado (1912-1916). Embora não tenha eclodido exatamente nessa região, teve
aí repercussão, como tiveram a Guerra dos Farrapos (ou Revolução Farroupilha), de
1839, e a Revolução Federalista, de 1893.

Todavia, a interligação da região com o resto do País ocorre mais efetivamente, com
a abertura ao tráfego das BR-116 e BR-101, embora ainda se constatem sérias
deficiências de comunicação entre alguns municípios integrantes da bacia do rio
Pelotinhas.

E, finalmente, cabe observar que, além da penetração do colonizador, seja criando


gado, plantando lavoura, abrindo estradas, ou construindo povoações, a exploração
de madeira, bem como o funcionamento de serrarias, que tomou impulso no século
XX, tornou-se um componente fundamental da economia da região. Essa atividade,
todavia, resultou, inevitavelmente (uma vez que não havia replantio ou manejo), em
problemas ambientais, caracterizados pelo desmatamento, que implicou na
aplicação de uma legislação ambiental específica, de restrição à atividade. Isso,
para alguns administradores municipais, se constitui, hoje, num entrave ao
desenvolvimento.

O maior atrativo à ocupação do território da bacia do rio Pelotinhas foi existência de


grandes áreas com superfícies mais aplainado do relevo regional suave ondulado e
ondulado (Latossolo), ideal para a agricultura, e partes de relevo ondulado ou
próximo as drenagens naturais (Cambissolo), indicados para pastagens, fruticultura
de clima temperado e silvicultura.

O restante da área, apresentando solos mais rasos e pedregosos e de maior


declividade, teve sua ocupação agrícola caracterizada pelo sistema de rotação de
terras. Nesse sistema, pequenas parcelas de terra são ocupadas alternadamente
por milho, trigo, pasto e depois deixadas em descanso por 3 a 4 anos, quando é
novamente reiniciado o ciclo de produção agrícola.

Em janeiro de 1995 Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai constituíram o Mercado


Comum do Sul – MERCOSUL, estando o estado de Santa Catarina situado no
centro geográfico deste mercado, destacando-se a rodovia BR-282 como principal
corredor do tráfego rodoviário.

A cidade de Lages é pólo da região atingida pela bacia do Rio Pelotinhas, serve de
apoio aos municípios de Capão Alto e Painel. É onde se encontram os maiores
investimentos, maior industrialização, maior gama de serviços urbanos, motivo pelo
qual há maior oferta de empregos.

Por outro lado, as cidades de Capão Alto e Painel, desmembradas do município de


Lages em 1997, ainda se encontram em formação e apresentam várias deficiências
nos seus serviços públicos.

117
3.3.2. Organização Político Administrativa

A região da bacia do rio Pelotinhas é constituída por três municípios: Lages, Painel e
Capão Alto, com superfície territorial de 4.721 km 2, equivalente a 5% da área do
estado de Santa Catarina.

Os municípios integrantes da bacia do rio Pelotinhas fazem parte da AMURES –


Associação dos Municípios da Região Serrana, juntamente com os municípios de
Anita Garibaldi, Bocaina do Sul, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Campo Belo do
Sul, Cerro Negro, Correia Pinto, Otacílio Costa, Palmeira, Ponte Alta, rio Rufino, São
Joaquim, São José do Cerrito, Urubici e Urupema.

A data de fundação de Lages é 22 de maio de 1776. As cidades de Capão Alto e


Painel foram desmembradas do município de Lages em 1994.

O município de Lages teve outros desmembramentos dando origem aos municípios


de Bocaina do Sul, Correia Pinto, Curitibanos, Otacílio Costa, São José do Cerrito,
Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul, São Joaquim e Bom Retiro.

A sede do município de Lages encontra-se situada na confluência da BR-116 com a


BR-282; a de Capão Alto a 4 km da BR-116 e Painel às margens da SC-438.

O município de Lages é o que possui a maior área territorial com 2.644 Km 2. O


quadro a seguir apresenta a área territorial dos municípios da bacia do rio
Pelotinhas.

QUADRO 3.36 - ÁREA TERRITORIAL DOS MUNICÍPIOS

Município Área Territorial (Km2)


Lages 2.644
Capão Alto 1.335
Painel 742
TOTAL 4.721
FONTE: IBGE - CENSO 2000

3.3.3. Demografia

Na bacia do rio Pelotinhas residem 170.630 habitantes, segundo a estimativa do


IBGE para o ano de 2004. O município mais populoso é Lages com 165.068
habitantes.

A maioria da população da bacia do rio Pelotinhas vive em área urbana. Somente no


município de Painel é encontrada a maior concentração populacional em área rural.

118
QUADRO 3.37- POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – 2004 – ESTIMATIVA DO IBGE

Município População (hab.)


Lages 165.068
Capão Alto 3.110
Painel 2.452
TOTAL 170.630
FONTE: IBGE – Estimativa Populacional 2004

QUADRO 3.38- POPULAÇÃO URBANA, RURAL E TOTAL DOS MUNICÍPIOS –


2000
População Urbana População Rural População Total
Município
Habitantes % Habitantes % (Hab.)

Lages 153.582 97,4 4.100 2,6 157.682


Capão Alto 2.416 80,0 604 20,0 3.020
Painel 824 34,2 1.570 65,8 2.384
TOTAL 156.822 96,2 6274 3,8 163.086
FONTE: IBGE - CENSO 2000

3.3.4. Infra-estrutura

3.3.4.1. Sistema de Abastecimento de Água

As sedes municipais de Capão Alto e Painel contam com sistema de captação,


tratamento, reservação e distribuição de água, sob responsabilidade da CASAN –
Companhia Catarinense de águas e Saneamento.

O município de Lages administra seu sistema de abastecimento de água através da


SEMASA – Secretaria Municipal de Águas e Saneamento.

No quadro abaixo é apresentada a fonte de abastecimento como também o


tratamento adotado nos municípios.

QUADRO 3.39 - SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Município Tomada d'água Tratamento


Lages Rio Caveiras ETA – tratamento convencional
Capão Alto Poço artesiano Filtração e desinfecção
Painel Captação superficial ETA compacta/Filtração e desinfecção
FONTE: CASAN – SEMASA

119
3.3.4.2. Sistema de Esgotos Sanitários

A cidade de Lages possui implantada em seu núcleo urbano rede coletora que
atenderá 70% da população lageana, pois as obras da Estação de Tratamento de
Esgotos não estão concluídas. A previsão para o Sistema de Tratamento de Esgotos
entrar em operação é julho de 2005.

Em Capão Alto e Painel não existem Sistemas de Tratamento de Esgotos.

3.3.4.3. Resíduos Sólidos

A coleta e o tratamento dos resíduos sólidos são de responsabilidade das prefeituras. Nos
municípios de Capão Alto e Painel a coleta e tratamento são terceirizados pela
empresa privada Blumeterra.

Em Lages a Prefeitura efetua a coleta, destinando os resíduos sólidos às células


emergenciais impermeabilizadas, construídas no local onde se encontra o lixão do
município.

QUADRO 3.40– SISTEMA DE COLETA E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Município Destinação Final dos Resíduos Sólidos


Lages Células emergenciais – anexas ao lixão
Capão Alto Aterro Sanitário
Painel Aterro Sanitário
FONTE: Prefeituras Municipais

3.3.4.4. Energia Elétrica

A concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na região é a


CELESC - Centrais Elétricas do estado de Santa Catarina.

O Município de Lages é o maior consumidor de energia elétrica, tanto no consumo


total como na média de consumo per capita.

QUADRO 3.41– DADOS DE ENERGIA ELÉTRICA DOS MUNICÍPIOS

Município Consumo Anual Número Total de Média de Consumo Anual


Total (kw/h) Consumidores Per capita (Kw/h)
Lages 240.368.389 48.382 4.968
Capão Alto 2.749.368 1.136 2.420
Painel 1.281.786 701 1.936
FONTE: SDE. Anuário Estatístico de Santa Catarina - 2001

120
3.3.4.5. Sistema Rodoviário

O Sistema Viário constitui-se em fator determinante para o desenvolvimento da


região em estudo, o sistema rodoviário existente, constituído pela rodovia federal a
BR-282, interligando o litoral do estado de Santa Catarina com a área, e a BR-116,
interligando a região com as capitais Curitiba e Porto Alegre.

Também de grande importância na região destaca-se a rodovia estadual SC-438,


interligando Lages a Painel.

Interligando a BR-282 a BR-470, que liga o extremo oeste ao litoral do estado, existe
a rodovia estadual SC-425, eixo importante de comunicação dos municípios
intermediários com os centros de polarização da região. O quadro a seguir detalha a
interligação e condições dessas rodovias.

QUADRO 3.42– PRINCIPAIS RODOVIAS NA REGIÃO

Rodovia Sedes Municipais Interligadas


BR-116 Curitiba, Lages, Capão Alto, Porto Alegre.
BR-282 Florianópolis, Lages
SC-438 Lages, Painel
SC-425 Lages, Otacílio Costa, BR-470
FONTE: Mapa Rodoviário de Santa Catarina - 2004

3.3.4.6. Sistema Aéreo

O sistema aéreo constitui-se do Aeroporto Municipal de Lages, com vôos regulares


para São Paulo e Porto Alegre. O aeroporto possui uma media mensal de 100 vôos.

3.3.4.7. Sistema Ferroviário

A região é atravessada pela ferrovia ligando Mafra à Vacaria, integrante da única e


principal ligação ferroviária entre o Paraná e Santa Catarina, e que apresenta
intenso tráfego destinado, principalmente, ao transporte de cargas. Esta ferrovia é
operada pela ALL América Latina Logística Brasil S A, concessionária da Rede
Ferroviária Federal.

3.3.4.8. Comunicação

Um bom sistema de comunicação é instrumento básico para que haja um bom fluxo
das informações favorecendo assim um melhor e mais rápido desenvolvimento da
região.

A cidade de Lages é privilegiada em se tratando de meios de comunicação. Lages


possui estação de rádio AM e FM, retransmissoras de TV, provedores de Internet,
agências dos Correios e Telégrafos, rede de telefonia fixa e sistema de telefonia
móvel (celular).

121
3.3.5. Aspectos Econômicos

Os aspectos econômicos serão abordados com um breve histórico do


desenvolvimento da região, seguido de dados atuais dos setores primário,
secundário e terciário.

A partir de 1738, com a criação da Capitania de Santa Catarina, iniciou-se a


imigração açoriana que ocupou a região central e litoral em pequenas propriedades
e explorando as plantações de mandioca, arroz, cana-de-açúcar, feijão, etc.

Somente em meados do século XIX foi iniciado o povoamento da região central


catarinense com a imigração e, em seguida ocorre uma maior ocupação de sua
área, no século XX, com a migração interna de colonos do norte do Rio Grande do
Sul, do sul do Paraná e de outras regiões de Santa Catarina, principalmente de
origem estrangeira, buscando a abertura de novas fronteiras agrícolas.

Esta região tornou-se integrada economicamente ao norte do Rio Grande do Sul e


ao sul do Paraná em razão do escoamento de sua produção pelas estradas e portos
desses estados, devido à dificuldade de chegar ao litoral de Santa Catarina. A partir
dos anos 60 e 70 com a abertura da BR-282 e interligação de rodovias estaduais, foi
permitido a interligação com as demais regiões de Santa Catarina e litoral,
facilitando o escoamento da produção.

3.3.5.1. Setor Primário

O setor primário é o grande propulsor da economia da região através da agricultura,


fruticultura, silvicultura, piscicultura e pecuária.

Capão Alto tem na agricultura e na pecuária a base da sua economia. Produz maçã,
milho, feijão, soja, hortaliças, gado leiteiro e de corte, além de aves e suínos.
Atualmente, está em desenvolvimento a piscicultura, com a criação de trutas e
carpas, e também a apicultura. Sua área reflorestada é extensa, fornecendo matéria-
prima para a indústria madeireira e papeleira da região.

3.3.5.1.1. Pecuária

Dos 3.372 estabelecimentos agropecuários existentes na região (IBGE), 2.357


possuem área de até 100 ha., 745 possuem área de até 500 ha. e 270 possuem
área superior a 500 ha.

Da totalidade dos estabelecimentos agropecuários existentes na região 2.717 são


explorados pelo proprietário, 278 por arrendatários, 49 por parcerias e 328 por
ocupantes.

A criação de rebanhos se fez em pastagens naturais e de maneira extensiva,


proporcionando junto à produção de culturas voltadas para a ração animal, o
desenvolvimento da indústria de abates (frigoríficos).

No quadro abaixo, podemos verificar os principais rebanhos existentes na área em


estudo com informações do IBGE -2002.

122
QUADRO 3.43– PRINCIPAIS REBANHOS (CABEÇAS)

Município Bovinos Suínos Ovinos Galináceos


Lages 90.500 6.890 6.260 33.070
Capão Alto 42.000 4.450 2.900 10.200
Painel 34.000 1.800 800 7.100
FONTE: IBGE – 2002

3.3.5.1.2. Agricultura

A agricultura da região é bem desenvolvida tendo 2.506,6 ha com lavouras em


descanso e terras produtivas não utilizadas, 13.125,8 ha com lavouras permanentes
e temporárias, 119.375,3 ha com matas naturais e plantadas e 389.137,6 ha com
pastagens naturais ou plantadas.

Os principais produtos agrícolas da área em estudo são listados nos quadros 3.44 e
3.45 seguintes:

QUADRO 3.44- PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS - LAVOURAS TEMPORÁRIAS

Produto Agrícola (tonelada) Lages Capão Alto Painel


Alho 210 - -
Arroz (em casca) 57 15 -
Batata – inglesa 900 1.000 2.160
Cebola 45 40 -
Feijão (em grão) 1.890 605 270
Milho (em grão) 18.900 3.120 1.680
Soja (em grão) 1.890 375 -
Trigo 195 - -
FONTE: IBGE – 2002

QUADRO 3.45- PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS – LAVOURAS


PERMANENTES

Produto Agrícola (tonelada) Lages Capão Alto Painel


Maça (frutos) 7.625.000 204.000 -
Erva-mate-folha verde ton. 96 - -
FONTE: IBGE – 2002

3.3.5.1.3. Extravismo

A produção extrativista da região em estudo é caracterizada pelas quantidades

123
constantes do quadro 3.46 a seguir:

QUADRO 3.46- PRODUÇÃO EXTRATIVISTA

Produção (tonelada) Lages Capão Alto Painel


Pinhão 160 85 200
Erva-mate cacheada 35 72 360
Carvão vegetal (tonelada) 63 - -
Madeira em tora (m³) 300 200 1.000
FONTE: IBGE – 2002

3.3.5.1.4. Silvicultura

Os produtos da silvicultura da região são apresentados no quadro 3.47 abaixo.

QUADRO 3.47 - PRODUTOS DA SILVICULTURA

Produção Lages Capão Alto Painel


Carvão vegetal (tonelada) 53 - -
Lenha (m3) 80.000 3.500 1.000
Madeira em tora (m3) 117.000 67.00 67.100
FONTE: IBGE – 2002

Mais de dois terços da madeira em tora produzida tem como destino às fabricas de
papel e celulose que existem na região.

3.3.5.2. Setor Secundário

O setor secundário desenvolveu-se na região em municípios vizinhos através do


beneficiamento de produtos da atividade agro pecuária e da extração de madeira
para as industrias de celulose.

Na região 6.888 pessoas exercem atividades nas industrias.

3.3.5.3. Setor Terciário

As principais atividades geradoras de emprego no setor terciário são o comércio, os


prestadores de serviço, a construção e a administração pública.

O total do pessoal ocupado nesse setor é de 28.092 pessoas, sendo que 4.469
atuam na administração pública, 13.151 no comércio, 1.206 na construção e 1.708
em serviços, aluguéis.

Na área do turismo a região em estudo apresenta vários hotéis-fazenda e festas


regionais que movimentam principalmente o município de Lages.

124
3.3.6. Educação

Dos municípios da bacia do rio Pelotinhas o município de Lages é o que possui o


maior número de matrículas na pré-escola e ensinos fundamental e médio,
conseqüentemente um maior número de estabelecimentos escolares. Nos quadros
3.48 e 3.49 abaixo se observa essa afirmação, com dados do IBGE – 2003.

QUADRO 3.48- NÚMERO DE MATRÍCULAS ESCOLARES DOS MUNICÍPIOS DA


BACIA

Ensino
Município Pré-escolar Ensino Médio
Fundamental
Lages 4.709 28.080 7.991
Painel 50 403 56
Capão Alto 99 552 89
FONTE: IBGE - 2003

QUADRO 3.49- NÚMERO DE ESCOLAS DOS MUNICÍPIOS DA BACIA

Ensino
Município Pré-escolar Ensino Médio
Fundamental
Lages 89 110 19
Painel 2 2 1
Capão Alto 7 13 1
FONTE: IBGE - 2003

3.3.7. Saúde

Nos municípios de Painel e Capão Alto não existem hospitais. Possuem apenas em
cada município um posto de saúde, onde os casos que precisam de maiores
cuidados, como internação, são encaminhados para Lages.

No quadro 3.50 abaixo, se observa o número de estabelecimentos de saúde dos


municípios e de leitos hospitalares.

QUADRO 3.50- DADOS DOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE DOS


MUNICÍPIOS

Estabelecimentos Estabelecimentos com Leitos


Município
de Saúde internação - Hospitais Hospitalares
Lages 78 6 575
Painel 1 0 0
Capão Alto 1 0 0
FONTE: IBGE – 2000

125
3.3.8. Índice de Desenvolvimento Social – IDS

A metodologia se fundamenta no estudo comparado, isto é, o município com melhor


desempenho no indicador, quando comparado ao valor próximo ou igual ao melhor
valor (meta) no Estado, é contemplado com o valor máximo, um (1) e o pior com
valor mínimo, zero (0). Os municípios intermediários são intercalados entre estes
valores, de acordo com o valor relativo observado no indicador de cada município.

Os indicadores referem-se ao ano de 2000 e são originários dos segmentos sociais


e econômicos: perfil epidemiológico, ensino fundamental, escolaridade,
analfabetismo, produto interno bruto, energia elétrica, resultando na combinação de
17 indicadores. Também foram alterados os intervalos de classe, cujos valores
prevêem maiores exigências ao desempenho dos municípios, pois para que o
município obtenha o conceito de eficiência alto, é necessário que tenha conseguido
índice igual ou superior a 0,95, isto é, o município deve atingir a meta em 95% ou
mais no indicador.

Para calcular o Índice de Condição de Eficiência partiu-se dos valores relativos dos
indicadores selecionados. A etapa seguinte consiste em transformar os valores dos
indicadores em índices que variem entre zero e um, de tal forma que os valores mais
elevados indiquem melhores condições de desenvolvimento. Os indicadores são
avaliados através de parâmetros previamente estabelecidos, em que o melhor valor
é a meta que se pretende atingir no Estado e o pior valor é o desempenho mais
desfavorável a ser atingido. Com base no valor observado para o indicador e nos
limites estabelecidos para ele, obtém-se o índice através da fórmula:

Índice = (valor observado para o indicador - pior valor) / (melhor valor - pior valor)

A aplicação desta expressão leva a que, por exemplo, em determinado município, o


valor relativo apresenta-se em situação melhor, tenha o valor de um (1,00) e a pior,
um valor de zero (0,00), situando-se, por conseguinte, os demais municípios entre
estes valores. Desta forma o índice aqui denominado de “Índice de Condição de
Eficiência (ICE)”, na sua interpretação determina que quando o ICE se aproxima do
valor (1,00), melhores são as condições de eficiência do indicador, piorando quando
se aproxima do zero (0,00). Foram estabelecidas cinco classes hierárquicas de
desempenho, do valor do ICE, a saber:

 0,95 a 1,00 = alto


 0,90 a 0,94 = médio alto
 0,80 a 0,89 = médio
 0,70 a 0,79 = médio baixo
 0,00 a 0,69 = baixo

O quadro 3.51 seguinte apresenta os valores do Índice de Desenvolvimento Social


dos municípios.

126
QUADRO 3.51- ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – IDS 2000

Município Índice Nível de Eficiência Posição SC

Lages 0,926 Médio alto 21 º


Painel 0,669 Baixo 269 º
Capão Alto 0,651 baixo 281 º
FONTE: SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE - SC

Os indicadores refletem a qualidade de vida e as desigualdades sociais. Os


municípios de Painel e Capão Alto são considerados, segundo sua média aritmética,
com um índice baixo de desenvolvimento social, figurando entre os piores níveis de
IDS do Estado, diferente do município de Lages que ocupa a 21º posição no ranking
catarinense com nível de eficiência médio alto.

Essa pesquisa constituiu-se num importante referencial para os administradores


municipais e demais agentes públicos, servindo de instrumento de planejamento
para traçar políticas públicas e projetos, a fim de melhorar a qualidade de vida da
população.

3.3.9. Aspectos Culturais

A cultura do homem serrano se manifesta nas festas, artesanato, folclore


regionalista e danças, nas músicas e na comida típica campeira de Lages.

Lages é a grande cidade do Planalto Serrano. Com 236 anos de história, preservam
o sentimento de amor pela terra, os campos nativos, formados por coxilhas, com
taipas centenárias e rios. Conhecida como Capital Nacional do Turismo Rural, é
ainda mais atraente no inverno, quando fortes geadas e nevascas criam cenários
inesquecíveis para os turistas. Em hospedagens rústicas, os visitantes podem
aproveitar o dia-a-dia de uma fazenda, experimentar a lida campeira e ser recebidos
como visitantes pelas famílias. Nos restaurantes das fazendas são comuns as
refeições típicas, iniciadas ao toque do sino, para chamar os convidados. Ao lado do
restaurante costuma ficar o fogo-de-chão, onde sempre existe água quente para o
chimarrão ou uma panela de ferro com pinhões para cozinhar.

A Fazenda do Barreiro tem cozinha de chão batido e um museu histórico onde são
guardados documentos e objetos de mais de 100 anos. Para chegar na fazenda é
necessário atravessar um rio, passando por uma ponte pênsil, cenário que se
encaixa com perfeição na bucólica paisagem rural. A Fazenda Nossa Senhora de
Lourdes, que se diferencia pela construção original em madeira, um tributo à
valorização das tradições, e pela presença de uma ampla biblioteca, com
exemplares raros, acumulados ao longo dos 158 anos de existência. Algumas
fazendas possuem açudes para pesca artesanal. Em todas as fazendas há conforto,
bons serviços e, geralmente, estrutura para eventos.

A cidade promove diversas festas ao longo do ano. A Festa Nacional do Pinhão,


fruto da araucária, árvore típica na região, é o maior evento do Planalto Serrano e o
mais bem freqüentado. Realizado em junho, tem atrações como a Sapecada da
Canção Nativa, festival de música, concurso de danças gaúchas, poesia, shows com

127
artistas famosos, rodeios, churrasco e chimarrão. A ExpoLages, realizada em
outubro, também é um grande evento regional – a maior feira agropecuária do
planalto catarinense -, com exposição de animais, produtos e implementos agrícolas,
enriquecida com manifestações culturais e folclóricas.

O Patrimônio Histórico de Lages é riquíssimo merecendo destaque à Catedral


Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres, de 1922; o Colégio Vidal Ramos, de 1913,
o maior, mais confortável e moderno colégio do Estado à época; a Igreja Santa Cruz,
na Colina de Santa Cruz, local de encontro dos antigos tropeiros; a Cacimba de
Santa Cruz; o Memorial Nereu Ramos; o Monumento a Antônio Correia Pinto, uma
escultura de 3m de altura, de autoria do artista lageano Agostinho Malinverni Filho,
fundida em bronze e pesando meia tonelada; o Museu Thiago de Castro; o Museu
de Arte Agostinho Malinverni Filho e o Prédio da Prefeitura Municipal, de 1902,
construído em moldes italianos e adaptado ao estilo das construções oficiais
brasileiras. O Parque Jonas Ramos, popularmente chamado de Tanque, o Calçadão
da Praça João Costa e a Praça Joca Neves. Na zona rural, o destaque é o Parque
das Pedras Brancas.

Em Capão Alto entre outubro e dezembro, realizam-se os rodeios crioulos e torneios


de laço promovidos pelos oito CTGs existentes na cidade.

Em Painel acontece o Panelaço, comemoração ao aniversário de emancipação da


cidade – a Festa Nacional da Truta e do Tiro de Laço. O encontro inclui shows,
pratos típicos e à base de trutas e competições de laço e gineteadas onde os
competidores demonstram suas habilidades campeiras.

3.3.10. Patrimônio Arqueológico

3.3.10.1. Localização e Ambiente

O Planalto Ocidental ou Arenito-Basáltico é a maior unidade de relevo catarinense,


ocupando uma área que corresponde a 52% do Estado. Inserida neste espaço,
encontramos a Formação Serra Geral, divisora natural entre o Planalto e o litoral.

Identificamos dois tipos de altitudes com formas de relevo distintas: uma, mais alta
(acima de 1.200 m.) constitui-se em um divisor de águas entre as bacias dos rios
Uruguai, Iguaçu e Itajaí; a outra, com superfície média em torno de 900 m, onde
surgem camadas basálticas mais resistentes, vales subdivididos entre estreitos e
profundos com paredes abruptas, ou mais largos, subindo em patamares.

A formação desse relevo ocorreu durante a Era Mesozóica, quando a região central
do estado de Santa Catarina foi palco de intensos vulcanismos e fissuras, cujos
resultados estão representados no soerguimento e basculamento para Oeste.

A Formação Serra Geral encontra-se no domínio morfológico do Capeamento


Basáltico, cujo compartimento de relevo apresenta formas acidentadas em superfície
de forte dissecação. Formada no Mesozóico, Período Juro-Cretácio a
aproximadamente 190 Ma., integra a unidade litoestratigráfica do grupo São Bento,
cuja litologia é caracterizada por rochas vulcânicas em derrames basálticos de
textura afanítica, amigdaloidal no topo dos derrames, apresentando coloração cinza
escura e negra, com intercalações de arenitos intertrapeanos (JKsg). Efusivas

128
ácidas representadas por dacitos/riodacitos felsíficos e riolitos felsíticos pórfiros ou
não (JKsg) (Mapa Geológico do Estado de SC, 1986).

A fitogeografia da região apresenta grandes extensões de pinheirais (Floresta


Ombrófila Mista), intercaladas com áreas de campo. A margem da bacia do rio
Uruguai, deparamo-nos com uma extensa área de cerrado, que envolve o norte do
Rio Grande do Sul, até a sua porção noroeste, atingindo o Estado de Santa
Catarina.

O ambiente em questão, ofereceu aos grupos humanos do passado, largas


possibilidades de subsistência, uma vez que ele é formado por uma grande
diversidade de recursos.

3.3.10.2. Levantamento Histórico da Área

A Região Serrana, a qual compreende a implantação desse projeto, inicialmente


pertencia à Coroa Espanhola, proprietária de todas as terras a oeste da linha
imaginária conhecida como “Tratado de Tordesilhas”.

A ocupação portuguesa, desrespeitando o Tratado e fundando-se “uti-possedetis”,


seguia ao interior do Brasil na busca, em especial,de metais preciosos e mão-de-
obra escrava, através da captura de povos nativos. O sul do Brasil, especialmente a
região afastada da faixa litorânea economicamente periférica, passa ganhar
importância com a mineração, quando a região meridional, com abundante
disponibilidade de gado bovino, começa a abastecer a crescente concentração de
garimpeiros na região das minas, com carnes e tração animal para o trabalho.

A abertura dos “caminhos do sul”, pelo interior, fora um anseio antigo, dificultado
pela burocracia e interesses divergentes, destacando-se as povoações da Ilha de
Santa Catarina e de Laguna, que temiam sofrer prejuízos pela mudança da rota.
Dentre idas e vindas, a conclusão da marcha de Cristóvão Pereira de Abreu
constituiu a intensificação da ocupação dos “Campos de Viamão”, impulsionando o
crescimento de Laguna, configurando o “caminho do sul” da seguinte forma:

a) (...) estacava na Laguna, onde floresciam as estâncias e de onde se exportava


carne salgada para os portos mais ao norte.

b) (...) parte da barra do Araranguá, galga dificilmente a serra, penetra nos Campos
de Cima da Serra e de São Joaquim, em pleno planalto, e vai por ele em
demanda a Curitiba,

c) o terceiro trecho (...) é o caminho ligando Curitiba a São Paulo. (Piazza, 1983:170)

Visando impedir as pretensões espanholas referentes àquela área e dar suporte a


expansão da capitania de São Paulo, o seu entao governador, enviou para Lagens
em 22 de novembro de 1766 o guarda-mor Antonio Correa Pinto de Macedo. Ele
vinha com o compromisso de fundar um povoado que, alem de propiciar a formação
de fazendas, de cultivo de todo gênero de frutos, representaria um apoio aos
tropeiros que por ali passavam, vindos dos campos de Vacaria, Viamão ou
Araranguá, conduzindo as tropas à Feira de Sorocaba (Piazza, 1983:30)

Lages (Lajens), sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres, teve como marco
129
inicial, o lugar denominado Taipa, onde existia uma Ermida levantada por tropeiros.
No dia 22 de maio de 1771, o povoado é elevado a categoria de vila com o nome de
Nossa Senhora dos Prazeres do Sertão das Lajens.

De 1787 a 1790, o Alferes Antônio José da Costa abria um caminho entre Desterro
(Florianópolis) e Lages, que seria uma das razões para que, no ano de 1820, essa
última saísse do controle da Capitania de São Paulo e passasse à jurisdição do
governo sediado na Ilha de Santa Catarina.

Lages passou à condição de município em 9 de setembro de 1860. Foi o quarto


município a ser criado em Santa Catarina, depois de São Francisco do Sul,
Florianópolis e Laguna.

Conhecida pela sua importância na pecuária catarinense, especialmente pela


criação de gado bovino, Lages experimentou forte crescimento, baseado na
extração da madeira, que sem replantio foi gradativamente se esgotando.

A industrialização acena para o desenvolvimento a partir da segunda metade da


década de 1970, vai conquistando seu espaço no cenário catarinense, com as
indústrias de celulose, papel, embalagens, laminados e madeiras em geral para
construções, esquadrias, laticínios, carne, etc (Guia Lages)

Ao concentrar esforços no desenvolvimento turístico, atualmente conhecida como


“Capital Nacional do Turismo Rural”, Lages associa a natureza privilegiada à
tradição serrana da vida no campo, oferecendo variados atrativos, dentre os quais,
atrações como: lida campeira, domas, manejo de animais, ordenha, cavalgada,
passeios ecológicos, pesca, sapecada de pinhão (na época da colheita da semente
que vai de maio a agosto), pinhão cozido, chimarrão e muitos "causos" em volta do
fogo de chão.

3.3.10.3. Considerações Iniciais sobre a Ocupação Pré-colonial da Área

Os trabalhos realizados em Santa Catarina ficaram centrados, quase que


exclusivamente, no litoral, onde encontramos dezenas de sambaquis. A pesquisa no
interior foi intensa durante as décadas de 1960 e 1980, mas ficou restrita à
amostragens preliminares. Pouco conhecemos, portanto, dos sítios do interior,
muitos ainda não catalogados.

Esses estudos demonstraram que a região Sul foi ocupada em todos os seus
espaços, uma vez que sua diversidade de clima, relevo e ecótonos propiciaram
diversos tipos de adaptação ecológica. Não existe por conseguinte, nenhum tipo de
ambiente no sul que não tenha sido ocupado sistemática ou esporadicamente
(Noelli, 2000:226).

Os rios que integram a bacia do Uruguai, sempre tiveram bastante importância no


processo de subsistência humana. No período do “Ótimo Climático”, ela se
acentuou, visto que ocorreu a confluência entre a savana aberta e as matas ciliares,
oferecendo pequenos abrigos rochosos. Eram os refúgios para os animais se
resguardarem das áreas mais secas e nichos favoráveis à subsistência humana,
pois além de serem protegidos da chuva, ainda possuíam recursos vegetais, animais
e minerais diversos e abundantes. O homem pré-histórico fez dessa região um

130
habitat perfeito.

Nesses vales encaixados na borda do Planalto, encontram-se vestígios do período


pré-ceramista, envolvendo a Tradição Umbu, e nas matas densas, próximas a bacia
do Uruguai, destacamos a Tradição Humaitá (Schmitz, 1991:11).

Com o início da Era Cristã, ocorrem mudanças culturais significativas como o


desenvolvimento da tecnologia da cerâmica e a prática da horticultura, o que
proporcionou menor mobilidade desses grupos (Kern, 1994; Schmitz, 1991).

A tradição Humaitá permaneceu em sua área original, vivendo sempre em


pequenos bandos dispersos pelo território, até o primeiro milênio d.C.,
quando sua área é invadida e rapidamente ocupada por migrantes da
Amazônia, conhecidos em nossa história como Guaranis. (Schmitz,
1991:17)

Noelli (2000) revisa os trabalhos desenvolvidos na região sul do Brasil e argumenta


que as populações que começaram a conquistar esta região há cerca de 2.500 –
2.000 A.P. tinham estrutura, tecnologia, adaptabilidade e densidade demográfica
distintas dos caçadores-coletores que viviam ali há cerca de 10.000 anos ou mais. A
partir dos dados encontrados nas pesquisas já realizadas (Brochado, 1984; Hilbert,
1999; Kern, 1981; Monticelli, 1995; Reis, 1999; Ribeiro, 1980, 1999; Schmitz, 1991,
1999 dentre outros), o autor chama a atenção para os sistemas adaptativos
implantados por estes grupos, num ecossistema diferenciado do seu sistema de
origem. O exemplo mais contumaz fica por conta da agricultura e suas nuances,
como a incorporação de novas espécies vegetais e animais no sul, que foram úteis
para a alimentação, medicina e elaboração da cultura material.

Os povos em questão eram conquistadores e formavam unidades regionais


politicamente aliadas, variando de tamanho conforme as unidades locais e suas
densidades populacionais. Trocavam não só informações, o que contribuía para a
manutenção e reprodução da sua cultura material, língua, etc. , mas também
pessoas às quais eram impostos comportamentos, língua e sistemas tecnológicos,
fato que também corroborava com a reprodução dos seus sistemas culturais (Noelli,
2000:227).

Genericamente falando, três levas humanas ocuparam o sul do Brasil. A primeira


chegou por volta de 12.000 ou 13.000 A.P. e, a partir dos dados levantados por
Noelli (2000), mantiveram-se estáveis uma vez que conservaram as mesmas
características materiais, reproduzindo o modelo de “caçadores-coletores”, até cerca
de 2.500 A.P. . Essas populações são denominadas como Tradição Umbu e
Tradição Humaitá.

Os dois grupos seguintes, ligados aos Troncos Tupi e Macro-Jê, originários da


Amazônia e do centro-oeste do Brasil, chegaram por volta de 2.500 A.P.. Possuindo
matriz cultural distinta, estes grupos trouxeram consigo uma tradição ceramista e
horticultora, além de modelos de organização sociopolítica e de uma economia
baseada no manejo florestal diferentes dos grupos pré-cemistas que viviam nesta
região até então.

Estes grupos ceramistas dominaram completamente a região. Num curto espaço de

131
tempo (aproximadamente mil anos), ocuparam as principais bacias hidrográficas,
expulsaram, assimilaram ou exterminaram as populações que ali viveram por cerca
de 10.000 anos (Noelli, 2000:228).

Principais Grupos que Habitaram o Sul do Brasil

Os grupos que habitaram o sul do Brasil desde o período pré-colonial, distribuíram-


se numa larga área habitacional. Nesse espaço, era retirada a subsistência e se
processava a organização social. Podemos relacionar os grupos designados por
Tradição Humaitá, Tradição Umbu, e os povos Kaingang, Xokleng (Povos Jê) e
Guarani, como os que habitaram inicialmente o interior, até expandirem-se para o
litoral.

Abaixo, relacionamos apenas alguns desses grupos e os locais onde foram


encontrados vestígios da cultura material. Outros tantos foram mapeados, porém,
congregamos somente os mais próximos da área em estudo.

QUADRO 3.52- GRUPOS PRINCIPAIS DO PERÍODO PRÉ-COLONIAL

Povos/Tradição Local Nr. de sítios mapeados


Tradição Umbu Urubici – SC 01
Tradição Umbu Presidente Getúlio – SC 02
Tradição Humaitá Itapiranga – SC 04
Tradição Humaitá Itá – SC 01
Tradição Humaitá Alfredo Wagner – SC 01
Povos Je São Joaquim – SC 02
Povos Je Concórdia – SC 01
Povos Je Urubici – SC 01
Povos Guarani Mondai – SC 01
Povos Guarani Itapiranga – SC 01
Povos Guarani São Carlos – SC 03

Principais Pesquisas na Área do rio Pelotinhas – Lages e Capão Alto - SC

Após exaustivos levantamentos bibliográficos concluímos que esta área ainda não
foi sistematicamente pesquisada. Entretanto, pesquisando nos bancos de dados do
IPHAN (www.iphan.gov.br), encontramos um sitio arqueológico no rio Caveiras,
mapeado por João Alfredo Rohr. A data de preenchimento da ficha é de 1997.

Este sítio, denominado como LGS 001, sendo caracterizado como pré-colonial e
definido como Galeria Subterrânea, entretanto não possui posição geográfica
precisa.

Segue abaixo descrição disponibilizada pelo IPHAN, em sua homepage.

132
Sítios mapeados

Nome do sítio: Lages I


Outras designações e siglas: LGS 001.
Município:Lages UF: SC
Descrição sumária: Cavada na rocha de arenito, com 40m de comprimento x 1,5 de altura e 1,5 de largura.
Formato cilíndrico, com outra entrada no lado oposto do morro. A água que penetrou arrastou terra e nós de
pinho...

Altura máxima: 1,5 m (a partir do nível do solo)

Área: 80 m2 Medição:Estimada
Unidade geomorfológica: Planalto
Compartimento topográfico: Depressão
Rio: Caveiras Bacia: Uruguai
Vegetação atual:Mata de galeria /
Propriedade da terra: terra privada

Categoria: Unicomponencial Pré-Colonial


Tipo: Galeria subterrânea
Contexto de deposição: em profundidade
Exposição:

Grau de integridade: mais de 75%


Possibilidades de destruição:
Relevância do sítio: alta

Atividades desenvolvidas no local: Registro


Nome do responsável pelo registro: João Alfredo Rohr

Nome da instituição: Museu do Homem do Sambaqui Muse


Endereço: Rua Esteves Júnior nº 711. Caixa Postal 135 - Centro.
Cidade: Florianópolis UF: SC
CEP: 88010-970
Fone/Fax: (048) 2226877

Bibliografia:
Responsável pelo preenchimento da ficha: Rossano Lopes Bastos
Data: 8/9/1997 Localização dos dados: 11ª CR

133
4. ANÁLISE INTEGRADA

O conjunto de informações colhidas no diagnóstico ambiental são sintetizadas e


analisadas de forma integrada, afim de possibilitar um entendimento das interações
existentes entre os aspectos físicos, bióticos e sócio econômicos existentes na
bacia.

Para a integração das informações do diagnóstico ambiental seguiu-se a


metodologia proposta pela ELETROBRÁS (1996), onde os diferentes aspectos
ambientais são agrupados em conjuntos temáticos, denominados componentes-
síntese, que são relacionados abaixo:

 Ecossistema aquático;
 Ecossistema terrestre;
 Base econômica;
 Modos de vida;
 Organização territorial;
 Populações indígenas.

Estes componentes-síntese são estruturados a partir da interrelação entre vários


elementos do sistema ambiental. Sua definição conceitual e a estruturação de seu
conteúdo analítico tem como premissas:

 Possibilitar a compreensão da globalidade dos processos segundo os quais os


elementos ambientais interagem;

 Colocar em evidência as questões de maior relevância que emergem das


interações aproveitamento hidrelétrico-área de estudo.

O termo “síntese” é usado com a finalidade de expressar o grau de articulação entre


os diversos elementos ambientais que constituem um componente-síntese, aqui
denominados elementos de caracterização, proporcionando uma noção de conjunto
dos processos envolvidos em seu campo de análise. Destaca-se, nesse sentido, que
existem elementos de caracterização que estão presentes em mais de um
componente, assumindo diferentes funções nos processos inerentes a cada um
deles. Tais elementos não estão agrupados segundo as categorias tradicionais dos
estudos ambientais (meio físico, biótico e antrópico); ao contrário, cada componente-
síntese pode representar a síntese de elementos de caracterização dessas três
categorias.

Deve ser observado que os Processos e Atributos Físicos, por promoverem o


suporte e articulação entre os processos ambientais, não são considerados como
um componente-síntese, mas sim como elementos básicos para as análises dos
seis componentes adotados.

Tal processo, além de possibilitar a interrelação entre os diversos componentes


existentes na bacia, permitirá identificar unidades prioritárias para a preservação,
bem como, áreas críticas em relação a sustentabilidade do ecossistema local.

134
4.1. PROCESSOS E ATRIBUTOS FÍSICOS

4.1.1. Clima

Os fatores dinâmicos geradores do clima mais importantes são o anticiclone móvel


polar da América do Sul e o anticiclone do Atlântico Sul. O anticiclone polar tem
muita importância no clima da região, por constituir uma fonte de ar frio dotado de
grande mobilidade. O anticiclone do Atlântico Sul constitui uma massa de ar tropical
marítima, que com sua subsidência inferior e conseqüente inversão de temperatura,
mantém a estabilidade do tempo e a umidade limitada à camada superficial.

Na bacia, especialmente no inverno e início da primavera, há predominância de


tempo bom com dias ensolarados, porém interrompidos por seqüências de dias
chuvosos, decorrentes da frente polar. As linhas de instabilidade tropical ocasionam
dias de chuvas intensas e de curta duração, em particular no final da primavera e no
verão.

Utilizando-se a classificação de Köeppen, pode-se concluir que o clima


predominante na bacia é do tipo Cf, isto é, temperado chuvoso de ambiente úmido.
Dentro desse tipo geral foi reconhecida a classe Cfkbg’, que correspondente a um
clima considerado “frio”, com temperatura média anual inferior a 18 ºC e
temperatura média do mês mais quente compreendida entre 18 ºC e 22 ºC.

4.1.2. Geologia

A área em estudo encontra-se implantada sobre o pacote de rochas sedimentares e


vulcânicas que compõem a Bacia Sedimentar do Paraná e repousa sobre a unidade
litoestratigráfica Formação Serra Geral (TKsg).

Esta formação ocupa a parte superior do Grupo São Bento, correspondendo este
evento vulcânico ao encerramento da evolução gondwânica da bacia do Paraná.

A Formação Serra Geral pertence ao Jurássico Superior e Cretáceo, sendo


constituída principalmente por rochas de composição Básica e secundariamente
Ácidas.

As rochas de composição Básica são constituídas por basaltos, andesitos e basaltos


vítreos, apresentam coloração que vai do cinza escuro ao negro, com tonalidades
esverdeadas.

As partes centrais dos bassaltos são quase sempre microcristalinas, o que lhe
confere uma granulação fina. A cor escura é devida a sua composição mineralógica
constituída essencialmente por plagioclásio e piroxênio, são comuns alguns minerais
agregados como quartzo, calcedônia e lorita e minerais acessórios e apatita e
zincão.

As rochas de composição Ácidas variam sua composição de dacitos a riólitos, com


ampla dominância de riodacitos. Apresentam coloração cinza, variando os tons
desde claros até castanhos, possuem textura afanítica e granulação fina.

Em relação aos aspectos estruturais, a área em estudo é medianamente fraturada,


caracterizada por um sistema de diaclasses e falhas na direção preferencialmente

135
N30ºW e secundariamente N30ºE. As fraturas encurvadas são provenientes do
resfriamento dos derrames.

Os desenhos 4100/EA-PE-A3-0012 e 4100/EA-PE-A3-0013 apresentam os aspectos


geológicos e geomorfológicos da bacia do rio Pelotinhas.

4.1.3. Patrimônio Histórico

O patrimônio histórico foi considerado nesse estudo um atributo físico, pois contribui
para a formação dos costumes e da paisagem atual.

Em relação aos aspectos relacionados à povos indígenas, não existem atualmente,


reservas ou áreas indígenas consolidadas na bacia do rio Pelotinhas, o que levou a
desconsiderar as Populações indígenas como um componente-síntese específico.

Porém foram realizados estudos visando levantar a necessidade ou não da


realização de prospecções sistemáticas na busca de sítios arqueológicos na
implantação de empreendimentos hidrelétricos na região.

Os estudos bibliográficos visando obter indicações quanto a magnitude do


Patrimônio Arqueológico ressaltaram que esta região era ocupada por populações
indígenas dos grupos Kaingáng e Guarani. Sua área de locomoção estava situada a
oeste dos atuais estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul.

Os grupos Kaingáng assentavam-se em locais cuja altitude ficava em torno de 1.000


metros. Eram denominados coroados, devido a tonsura dos cabelos em forma de
coroa. Viviam em semi-nomadismo, pois praticavam a agricultura aliada a caça e a
coleta de vegetais.

“Os Kaingáng são tradicionalmente caçadores-coletores. A agricultura também era


praticada no espaço entre a aldeia e as matas e era praticada em pequena escala.
Na região de campos faziam seus alojamentos fixos que chamam emã (ou jemã).
Faziam também acampamentos temporários, wãre, nas florestas e beiras de rio para
se abrigarem nos meses em que caçavam e pescavam. Os deslocamentos eram
feitos por grupos de parentesco de modo que sempre havia grupos no emã e outros
no wãre. Esta forma de ocupação e deslocamento dentro de um território contínuo e
delimitado, impõe em nosso entendimento, uma rediscussão dos Kaingáng como
sociedade nômade.” (Tommasino, 1995a:02 in: Oliveira, 1996:21)

O leito do rio Pelotinhas, assim como o leito de vários rios, formaram durante
centenas de anos, o local adequado à moradia desses grupos indígenas. Portanto,
não é incomum encontrar nesses locais, evidências de ocupação de assentamentos
pré-coloniais. Essas evidências, muitas vezes estão na superfície, ou ainda
escondidas no subsolo, e através delas, é possível determinar os modelos de
assentamento, os padrões de subsistência e outros aspectos da vida desses povos.

Convém citar que na região do rio Pelotinhas não foram ainda realizadas pesquisas
siatemáticas que pudessem identificar evidências de ocupação indígena nas suas
margens.

136
4.2. COMPONENTES SÍNTESE

4.2.1. Ecossistema Terrestre

Pertencente ao trecho médio superior da bacia do rio Uruguai, a bacia do rio


Pelotinhas encontra-se dentro de domínio morfoclimático das florestas atlânticas, o
qual se estende entre os estados do Rio Grande do Sul e do Rio Grande do Norte.
Esta província fitogeográfica reúne um diversificado conjunto de formações vegetais,
das quais o complexo de floresta estacional, ocasionalmente associado com
Floresta Ombrófila Mista, é o dominante dentro da área em estudo (LEITE &
KLEIN,1990).

KLEIN (1978) descreve que na bacia do rio Uruguai, quando se dá o encontro do rio
Pelotas com o rio Pelotinhas, as formações características das Florestas de
Araucária da Bacia Pelotas-Canoas adentram o planalto catarinense, expandindo-se
em sua porção mais interior e dando lugar, na área mais marginal ao rio Pelotas, a
formação de Floresta de Araucária do Extremo Oeste, que se constituirá a formação
dominante ao longo do rio Uruguai até o extremo oeste de Santa Catarina, logo na
área em enfoque. É um diagnóstico desta formação a presença de submata onde
predominam o angico (Parapiptadenia rigida), a grapia (Apuleia leiocarpa), a
guajuvira (Patagonula americana) e canelas do gênero Nectandra. A fisionomia de
“matas-brancas” é a dominante, onde Araucaria angustifolia surge como espécie
emergente.

Nas porções laterais da bacia, afastadas do canal principal, estabelece-se a terceira


unidade natural, representada por Campos, associados a capões, florestas ciliares e
pinhais. A fisionomia dominada por espécies herbáceas, notadamente Andropogon
lateralis, e outras espécies cespitosas e rizomatosas associadas a ciperáceas,
poáceas, leguminosas e compostas constitui a paisagem deste domínio.

No que se refere às espécies endêmicas, encontra-se a Dyckia distachya


(Bromeliaceae) , característica e exclusiva das ilhas ou margens rochosas nas
corredeiras do rio Uruguai e do rio Paraná. Como espécie restrita ao Sul do Brasil
(i.e., endemismo regional) encontra-se Cryptocarya aschersoniana (canela-
pururuca). Como espécie exclusiva do Sul e Sudeste do Brasil, endemismo pan
atlântico, pode-se citar a Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro), característica da
Floresta Ombrófila Mista e ocorrente na área (ecótopo Floresta Estacional Decidual
Montana / Floresta Ombrófila Mista).

Estudos acerca da mastofauna presente em domínios político-geográficos nos quais


se insere a bacia do curso médio superior do rio Uruguai contribuem para traçar um
quadro que represente a fauna de mamíferos de ocorrência esperada no local em
estudo. Dentre estes, destacam-se os trabalhos de IHERING (1893), CABRERA
(1957), CABRERA & YEPES (1960), VIEIRA (1955), SILVA (1994). Somam-se a
estes informações contidas em estudos gerais sobre os mamíferos do mundo ou da
província neotropical, notadamente os estudos de WALKER (1964) e EMMONS
(1990). Dados sobre espécies ameaçadas de extinção podem ser obtidos na portaria
nº 1522 do IBAMA e nos trabalhos de CÂMARA (1991), BERNARDES et al. (1990),
FATMA (1991), SEMA (1994), FONSECA et al. (1994) e de COIMBRA-FILHO (1972).

137
A integração dos dados obtidos nos estudos supracitados resultou em um arranjo de
66 espécies de ocorrência natural na área (não incluíndo Chiroptera). Os trabalhos
de campo resultaram em uma listagem menor, na qual se evidencia o predomínio de
espécies mais comuns em sistemas abertos e campos.

Diversos autores contribuem de forma direta ou indireta para o conhecimento da


avifauna dessa região. Essas contribuições podem aparecer sob a forma de
levantamentos realizados em áreas fitofisionomicamente correlacionadas, como é o
caso de GLIESCH (1930), PINTO & CAMARGO (1956), VOSS (1976), TAMPSOM
(1987) e STRAUBE (1988) ou em trabalhos sobre a taxonomia e biologia de
espécies que ocorrem localmente, como em WILLIS (1988), RAPOSO & TEIXEIRA
(1992) e RAPOSO & PARRINI (1997).

O trabalho de BELTON (1994) sumariza, de certa forma, grande parte do


conhecimento produzido acerca da avifauna do Rio Grande do Sul. SHERER-NETO
& STRAUBE (1995) listam todas as espécies de aves já registradas para o Estado
do Paraná. ROSÁRIO (1996) resume a informação existente sobre a avifauna do
Estado de Santa Catarina.

Diversos outros autores apresentam estudos que vêm a acrescentar dados sobre a
avifauna correlacionada à região zoogeográfica em questão, apesar de não
enfocarem o sul do país. SICK E TEIXEIRA (1979) apontam os principais fatores que
atuam de forma daninha sobre a ornitofauna ameaçada nessa, e nas demais regiões
do Brasil. Sobre a dieta alimentar das aves brasileiras, foram consultados HEMPEL
(1949) e SCHUBART et al. (1965). Um total de 412 espécies possui registro histórico
na bacia em estudo.

4.2.1.1. Aptidão para a Prática Agrícola e Uso do Solo na Bacia

Tanto Capão Alto, como Lages e Painel, são municípios cujas principais atividades
agrárias atuais são ligadas diretamente com a cadeia de transformação de alimentos
(agroindústria da carne), Bovinocultura de corte extensiva, como atividade de renda
principal, seguido da produção de leite.

Nestes municípios, a produção agrícola normalmente é canalizada internamente


para o consumo próprio da propriedade (milho para bovinos, eqüinos e ovinos), e
com raras exceções, tornando a propriedade auto sustentável no tocante a
agricultura. Pode-se ainda citar que a produção agrícola nestas propriedades
atualmente é feita nas áreas de melhores condições de relevo, pedregosidade e
existe um certo uso de insumos agrícolas (calcário, adubos, agrotóxicos e sementes
selecionadas), com uso de mecanização.

Isto ocorre pela pequena importância que o grão desempenha na propriedade como
um todo, tornando anti-econômico a aquisição e manutenção de tratores individuais
só para estas atividades.

Em compensação, pela extensão das propriedades e solo de relevo suave ondulado


a ondulado, não é raro encontrar maquinário para estas atividades, além da
utilização do mesmo para cultivo de pastagem de inverno.

138
Convém citar que a indústria da madeira está sendo incentivada muito fortemente
por toda a região, como forma de aproveitamento econômico das áreas hoje
abandonadas pelas culturas tradicionais e pelas características dos solos e clima de
toda a região onde predomina o caráter álico dos solos, que exige grande aporte de
insumos para sua correção, tornando a atividade agrícola ou pecuária anti
econômica.

Da mesma forma, merece menção o fato de que o município de Lages, como pólo
regional de desenvolvimento, e até recentemente o maior município em área do
estado, tem a maior parte de sua balança comercial centrada nas atividades
urbanas, provocando portanto uma deficiência de infra-estrutura na área rural,
desestimulando ainda mais a agricultura ou pecuária tecnificada.

Na região de estudo, os maiores conflitos de uso de solo são encontrados nas


regiões a margem do rio Pelotinhas, onde haja a ocorrência de lavouras de grãos,
sendo que estas áreas são normalmente classificadas como de classe 4, aptas com
restrições a pastoreio, fruticultura e a silvicultura ou como áreas de classe 5, de
preservação permanente. Nas regiões de altiplano, os conflitos tendem a diminuir
pelas condições de melhoria de classe de uso de solo que acompanham a
suavização do terreno e diminuição da pedregosidade.

Baseado em tais estudos, o próprio Governo Estadual vem tentando implantar


modalidades de uso de solo mais adaptadas a estas realidades, através de seus
serviços de extensão rural e assistência técnica, incentivando a silvicultura e a
fruticultura nas regiões mais declivosas, onde é importante a concentração em
atividades altamente rentáveis, a presença de mão de obra de qualidade e pouca
mecanização. Em áreas mais propensas a lavouras, há o incentivo ao plantio mais
tecnificado, utilizando maior grau de mecanização, uso de insumos e aplicação de
pesquisa, visando suprir a falta dos grãos que serão deixados de produzir pelas
áreas de encosta e tentando também atingir auto suficiência de produção de grãos
no estado.

O desenho 4100/EA-PE-A3-0014 anexo, apresenta a cobertura vegetal da bacia


com os principais usos do solo na bacia do rio Pelotinhas.

4.2.1.2. Unidades Prioritárias para Conservação

Dentre as unidades ambientais observadas na bacia do rio Pelotinhas e seus


afluentes, merecem destaque, como áreas prioritárias à conservação, por se
constituírem em unidades de maior relevância bioconservacionista, as áreas
localizadas próximas à foz no rio Pelotas, onde observa-se grandes áreas de
florestas secundárias em avançado estado de regeneração, e as áreas próximas às
nascentes do rio Pelotinhas, na Serra da Farofa.

4.2.2. Ecossistemas Aquáticos

Nesse estudo adotou-se a ictiofauna como maior indicador biológico da fauna


aquática. Tal medida foi adotada por se tratar de um grupo sobre o qual se dispõe de
maior quantidade relativa de informações taxonômicas e ecológicas da região, como
também por ser um grupo que, por suas características sistêmicas, é recomendado
para a análise de ecossistemas aquáticas.

139
O grande número de empreendimentos hidrelétricos na região do alto Uruguai
conduziu à realização de diversos estudos taxonômicos sobre a ictiofauna destes
rios.

Como os principais trabalhos realizados sobre as populações de peixes na área


podemos citar BERTOLETTI et al. (1989 a e b), que sintetiza os dados obtidos das
coletas realizadas para os diagnósticos das usinas hidrelétricas Itá, Machadinho e
Campos Novos.

Com base principalmente nestes trabalhos foram publicados diversos trabalhos de


revisão taxonômica das espécies desta região: REIS et. al. (1990) descreveram
duas espécies novas (Hypostomus isbrueckeri e H. roseopunctatus) além de
relatarem um total seis espécies do gênero Hypostomus para a região, LUCENA &
KULANDER (1992) reconheceram a ocorrência de onze espécies do gênero
Crenicichla na bacia do rio Uruguai, sendo que destas, seis relatadas como novas
espécies, ocorrem na região (Crenichla jurubi, C. minuano, C. missioneira, C. igara,
C. prenda e C. tendybaguassu). REIS & SHAEFER (1992) descreveram um novo
gênero e uma nova espécie (Eurycheilichthys panterinus), PEREIRA & REIS (1992)
descreveram Hemipsilichthys vestigipinnis, ROSA & COSTA (1993), descreveram
Cnesterodon brevirostratus, GHEDOTTI & WEITZMAN (1995) descreveram Jenynsia
eirmostigma, CARDOSO & MALABARBA (1999) descreveram Hemiancistrus
fuliginosus (figura 13), VIDAL & LUCENA (1999) descreveram Pimelodus
atrobruneus. e QUEVEDO & REIS (2002) descreveram Pogonopoma obscurum, até
então designado como Rhinelepis sp.

Recentemente, MALABARBA & WEITZMAN (2003) descreveram o novo gênero


Cyanocharax (Characidae) com seis novas espécies sendo Cyanocharax.
lepiclastus, registrado na área em estudo.

Os estudos desenvolvidos enfocando diferentes grupos de peixes tem convergido na


conclusão da existência de elevada riqueza de formas ictíicas no alto rio Uruguai
como um todo.

A alta diversificação dos grupos existentes na bacia, associada ao isolamento de


suas populações, que gera uma taxa de endemismos provavelmente alta, bem como
a ocorrência na bacia de espécies que, por serem compartilhadas com bacias
vizinhas ilustram claramente processos de variância, conferem a todo o alto rio
Uruguai, especial valor bioconservacionista.

Foi observado um padrão de representatividade das ordens, que se enquadra dentro


do esperado em se tratando de um sistema hidrográfico da região Neotropical (Lowe
McConnell, 1987). Assim, os Otophysi foram dominantes dentro da área, havendo
neste táxon, divisão quase equitativa entre as ordens Characiformes e Siluriformes.

A ictiofauna amostrada no rio Pelotinhas enquadra-se dentro do padrão


ictiogeográfico para a região. Taxonomicamente a fauna da área pode ser definida
como característica dos sistemas de cabeceira. Este conceito se aplica
principalmente quando constatamos a ocorrência de grande número de espécies
endêmicas, e altamente especializadas ao nível trófico, relacionadas para a área
como por exemplo Jenynsia eirmostigma; Hemiancistrus fuliginosus e Leporinus
amae.

140
Além disso destacam-se algumas espécies, que recebem a designação de
morfoespécies, sendo assim designadas por não apresentarem características que
possam ser utilizadas para enquadra-las nas categorias taxonômicas já descritas. A
família Characidae apresenta três morfoespécies que ainda não foram
suficientemente estudadas. As espécies pertencentes aos grupos Astyanax aff.
fasciatus, Astyanax aff. scabripinnis e Bryconamericus sp. possivelmente
apresentarão novas espécies ou poderão até mesmo ser subdivididas em novos
gêneros, fato que aconteceu recentemente com o gênero Cyanocharax até então
relacionado como Astyanax. Lima et al (2003) destacam que estes dois gêneros são
pouco conhecidos taxonomicamente e possivelmente não se tratam de um grupo
monofilético. Entre os siluriformes destacamos as morfoespécies Rineloricaria sp.
relacionada por FERRARIS JR. (2003) como um grande gênero que apresenta
poucos estudos conclusivos, Heptapterus sp. grupo ao qual BUCKUP (1988)
registrou quatro novas espécies a serem descritas e Rhamdia sp. cujas espécies
das bacias hidrográficas do sul do Brasil estão sendo revisadas pela equipe do
Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

O surubim (Staindachneridion scripta), Characidium serrano (canivete) e Astyanax


brachypterygium uma das várias espécies de lambari são designados na lista de
espécies em risco de extinção pela insuficiência de dados à respeito de sua
distribuição e ecologia. Sendo o ultimo (Astyanax brachypterygium) possivelmente
ameaçado também pela introdução da truta (Oncorhynchus mykiss).

As espécies exóticas registradas, por serem procedentes de atividades de


piscicultura na região, correspondem à um padrão representado em várias partes do
país, sendo esta a principal causa da introdução destas espécies nos corpos d’água
da região. REIS et al. (2003) afirmam que a introdução de peixes exóticos em corpos
d’água naturais pode contribuir com a transmissão de doenças e parasitos para as
espécies nativas, e opinam ser mais grave ainda a introdução de espécies nativas
em áreas com altos índices de endemismo. Chama-se atenção para o fato que
grande número de carpas são encontradas nos rios da região, caracterizando a mais
forte influência antropomórfica aos rios da região depois do desmatamento da mata
ciliar em determinados locais da bacia do rio Pelotinhas.

4.2.2.1. Unidades Ambientais

A fisiografia da bacia, representada de maneira simplificada através do perfil natural


do rio Pelotinhas, permite o reconhecimento de três sub-áreas, como evidenciado na

Figura 3.1 apresentada anteriormente.

A primeira sub-área, de amplitude limitada a um trecho inferior a 10 km do curso do


rio Pelotinhas, caracteriza as nascentes do rio Pelotinhas, junto à Serra da Farofa. É
um trecho de forte declividade, com drenagem reduzida e fortes oscilações de
vazão, associadas às enxurradas.

A segunda sub-área apresenta como paisagem dominante sistemas eminentemente


planalticos, com baixa velocidade, ocasionalmente interrompidas por pequenas
corredeiras associadas a lajeados. A drenagem é de média densidade padrão
subdendrítico, com vales mais ou menos abertos. O sistema como um todo

141
apresenta reduzida diversidade de ambientes, tanto no que se refere às
características do canal principal como quanto à rede de drenagem associada.

Ao longo do gradiente lótico, na unidade 3, observa-se o aumento na complexidade


do sistema, tanto pelo incremento na rede de drenagem quanto pela formação de
maior quantidade de situações ambientais dentro do canal principal.

4.2.2.2. Disponibilidade Hídrica

Em relação a disponibilidade hídrica, o sistema fluvial desta bacia apresenta vazões


mais acentuadas no mês de setembro. No verão, as chuvas ocorrem com
irregularidade e, ainda é alta a evapotranspiração. As vazantes mais acentuadas
ocorrem no outono e os débitos mais fracos situam-se nos meses de março e abril.
São sempre significativas as amplitudes entre as vazões máximas e mínimas.

4.2.2.3. Unidades Prioritárias à Conservação

O trecho situado nas proximidades da confluência do rio Pelotinhas com o rio


Pelotas, por consistir área na qual se observa condição que permite o fluxo gênico
entre as populações de peixes e de demais organismos aquáticos, bem como por
representar um trecho de unidade com maior riqueza relativa de ambientes, é
considerado de especial valor conservacionista.

Outro trecho relevante refere-se ao alto curso do sistema, notadamente o trecho


assinalado na Figura 3.1, onde condições de isolamento geográfico aliadas ao bom
estado de conservação de formações florestais atuam como trecho com capacidade
de manter conjuntos ictíicos de especial relevância evolutiva.

4.2.3. Modos de Vida

Derruax (1973) definiu que o conceito de modo de vida pressupõe “ um conjunto de


atividades mediante os quais o grupo que as pratica e assegura sua existência: a
pesca, a caça, a coleta, a agricultura sedentária e a vida pastoril, são diferentes
modos complexos de vida”.

O estabelecimento de modos de vida guarda uma estreita relação com os atributos


físicos existentes na bacia. As práticas agrícolas, os costumes sociais e culturais são
decorrentes dos recursos oferecidos e, também, das limitações decorrentes da
inexistência dos mesmos. Muitas vezes a herança cultural dos colonizadores são
modificadas ou ajustadas às condições físicas e as disponibilidades da área
colonizada.

Os estudos de diagnóstico, apoiados por observações feitas em campo, possibilitam


a identificação de três modos de vida característicos existentes na bacia do rio
Pelotinhas:

 os modos de vida vinculados ao cultivo de erva-mate;

 os modos de vida vinculados à atividade de extração de madeira;

 os modos de vida vinculados as atividades agro-exportadora;

142
4.2.3.1. Modos de Vida Vinculados ao Cultivo de Erva Mate

Os modos de vida vinculados ao cultivo da erva-mate são constatados no município


de Lages e tratam-se de seu mais tradicional modo de vida pois foi introduzido pelas
chamadas empresas colonizadoras no início do século XX.

Os colonos estrangeiros assentados em pequenos estabelecimentos rurais,


iniciaram o cultivo da erva-mate que, em pouco tempo, havia se expandido para
outros produtores, vindo a se constituir na principal lavoura permanente no município
de Lages.

Esta tradição de cultivo, baseada em pequenos estabelecimentos rurais e na


utilização da mão-de-obra familiar, perpassa gerações de agricultores, dos colonos
estrangeiros aos seus descendentes, constituindo-se, até os dias atuais, num
elemento de fixação do homem no campo.

Existem, também, em Lages, indústrias ervateiras que, além de absorverem a


produção da lavoura da região, a inserem no mercado nacional.

4.2.3.2. Modos de Vida Vinculados à Atividade de Extração de Madeira

Os modos de vida vinculados a atividade de extração de madeira pode ser


considerado um dos que se aplicam a todos os municípios da região. Ele advém do
início do processo de colonização e, ao longo do tempo, vem servindo de suporte
para uma série de atividades econômicas que foram se instalando na região.

Com o processo de crescimento da região, a atividade extrativa da madeira cumpriu


um importante papel, desde constituição básica de uma indústria da construção civil
– com a edificação de casas que geraram os primeiros povoados, passando pela
constituição básica de uma indústria moveleira, até pelo fato de durante muito tempo
servir de combustível natural na região.

Nos últimos tempos, principalmente a partir da década passada, com o advento do


Mercosul, a atividade extrativa da madeira passa por um significativo processo de
reestruturação, vinculando-se ao reflorestamento da região, principalmente no
município de Lages, onde existem empresas reflorestadoras.

4.2.3.3. Modos de Vida Vinculados às Atividades Agro-Exportadoras

A partir da década de setenta os produtores rurais da região em estudo iniciaram um


processo de substituição da bovinocultura pela produção de grãos visando aumentar
a pauta de exportação nacional.

Atualmente, os pequenos produtores rurais da região em estudo, são responsáveis


por parcela significativa da produção catarinense de milho, feijão e maçã. Tais
produtos integram a pauta de exportação da agricultura estadual, sendo que alguns
desses produtos

143
4.2.4. Organização Territorial

A região da bacia do rio Pelotinhas é constituída por três municípios: Lages, Painel e
Capão Alto, com superfície territorial de 4.721 km 2, equivalente a 5% da área do
estado de Santa Catarina (vide desenho 4100/EA-PE-A3-015 anexo).

O município de Lages é o que possui a maior área territorial com 2.644 Km 2. Na


bacia residem 170.630 habitantes, segundo a estimativa do IBGE para o ano de
2004. O município mais populoso é Lages com 165.068 habitantes. De maneira
geral a região possui uma densidade demográfica de 36,14 hab/km², abaixo da
média estadual de 47,53 hab/km². A taxa geométrica de crescimento é pequena,
apenas 0,72%, comparando com a taxa estadual de 2,06%. A população urbana tem
taxas crescentes ao contrário da população rural que possuem taxas negativas.

A maioria da população da bacia do rio Pelotinhas vive em área urbana. Somente no


município de Painel é encontrada a maior concentração populacional em área rural.

A data de fundação de Lages é 22 de maio de 1776. As cidades de Capão Alto e


Painel foram desmembradas do município de Lages em 1994.

A cidade de Lages não possui sistema de tratamento de esgotos, dispõe os resíduos


sólidos domiciliares de forma inadequada e é o maior indutor da concentração
populacional e industrial da região serrana. Tais fatores levaram a considerar a
região conturbada da cidade de Lages como crítica em relação ao componente-
síntese organização territorial.

Nos estudos de diagnóstico ambiental, nos itens relacionados ao meio sócio


econômico, são apresentados dados mais detalhados com relação à organização
territorial dos municípios que fazem parte da bacia do rio Pelotinhas.

4.2.5. Base Econômica

Os aspectos integrados também tem reflexos na composição da base econômica


regional, onde a baixa fertilidade do solo natural, a alta pedregosidade e problemas
relacionados com a susceptibilidade a erosão, tornam a região pouco produtiva em
termos de culturas temporárias em larga escala.

Esse fato levou ao desenvolvimento de outras atividades econômicas, com destaque


para a pecuária e a silvicultura.

Um fato relevante que merece ser destacado em relação a base econômica regional
está relacionada a concentração da população economicamente ativa. Na cidade de
Lages está concentrada 49% da PEA – População Economicamente Ativa dos
municípios que compõe a AMURES (Associação dos Municípios da Região
Serrana). Também esta centrado na cidade de Lages o setor terciário (setor de
serviços e comércio em geral), sendo que no restante da bacia predomina o setor
primário.

A utilização da terra no setor primário tem como predominância as pastagens


naturais ou plantadas, com 74% das terras, as matas naturais e plantadas, com
23%, as áreas de cultivo ocupam 2,5% e o restante são lavouras em descanso e
terras produtivas não utilizadas.
144
Com relação ao setor secundário, a região estudada desenvolveu-se
economicamente centrada nas atividades agrícolas, na pecuária e na extração de
madeiras para indústrias de celulose instaladas em municípios vizinhos.

145
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL – ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E
ENQUADRAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS

5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os estudos ambientais realizados para este estudo integrado da bacia do rio


Pelotinhas procuraram atender as diretrizes do Manual de Estudos de Inventário
Hidrelétrico1, ajustando-o à característica de pequenas centrais hidrelétricas dos
aproveitamentos objeto do estudo.

Os objetivos da Avaliação Ambiental, seguindo as recomendações do Manual,


dividiram a análise ambiental por componente-síntese, concentrando-se nos
seguintes aspectos:

- fornecimento de informações básicas para a estimativa dos custos ambientais


dos aproveitamentos, efetuadas a partir da indicação das principais interferências
e das medidas necessárias decorrentes de legislação específica, bem como em
função das atividades de monitoramento, mitigação ou compensação das
interferências possíveis;

- a atribuição de valor aos impactos ambientais dos aproveitamentos, através dos


índices de impacto, de modo a incluí-los no cômputo global de avaliação dos
empreendimentos (avaliação técnica-econômica e energética e ambiental), de
acordo com os procedimentos definidos no Manual;

- a indicação e discussão, que foi efetuada ao longo de toda a elaboração dos


estudos, das necessidades e possibilidades de formulação de alternativas e de
concepção dos aproveitamentos, para que significassem a redução dos impactos
ambientais.

5.2. EMPREENDIMENTOS AVALIADOS

A avaliação preliminar do potencial hidrelétrico do rio Pelotinhas, isto é, suas vazões


e desníveis naturais, conduziu à conclusão de que o mesmo apresenta vocação
para a implantação de empreendimentos de pequeno porte, com características de
pequenas centrais hidrelétricas, para as quais as Resoluções da ANEEL 2 limitam a
capacidade instalada em 30 MW, e a área de inundação em até 3 km².

Esta opção por pequenas centrais hidrelétricas se dá em função das vazões médias
apresentadas pelo rio Pelotinhas no trecho em estudo, e sua viabilidade ambiental.
Isto se deve às características topográficas acidentadas do rio e seu entorno, com
áreas de impacto sócio-econômico muito reduzido, devido principalmente ao
pequeno porte dos reservatórios.

A partir da análise de alternativas locacionais para os empreendimentos, foram


formuladas as alternativas de divisão de queda para a bacia. Em todas as
alternativas analisadas, buscou-se limitar a altura dos barramentos – e em
conseqüência as áreas de alagamento, pois barramentos mais altos implicariam em

1
ELETROBRÁS, 1997.
2
ANEEL, 1998.

146
custos não compatíveis, tanto do ponto de vista de engenharia, como do ponto de
vista sócio-ambiental.

Cabe ressaltar, que do ponto de vista ambiental, contemplou-se a bacia como um


todo, fazendo o diagnóstico de sua área, sendo que a análise de impactos abrangeu
apenas a área de influência direta.

Conforme citado anteriormente, em se tratando de PCH’s, procurou-se adotar a


metodologia do Manual de Inventário, onde aplicável.

O rio Pelotinhas se apresenta, ao longo do seu desenvolvimento, no trecho com


vocação para empreendimentos hidrelétricos, como um vale fortemente encaixado,
ao longo do qual se alternam segmentos em corredeiras e trechos de remanso.

O porte do rio Pelotinhas neste trecho indica que o mesmo apresenta viabilidade
técnica e ambiental para a implantação de pequenas centrais hidrelétricas.

Os aproveitamentos hidrelétricos propostos e suas características básicas são


apresentados no quadro 6.01 a seguir.

QUADRO 6.01– APROVEITAMENTOS INTEGRANTES DA ALTERNATIVA DE DIVISÃO DE QUEDA


SELECIONADA

Área de Localização (km) Níveis d’água


Queda
Aproveitamento drenagem
bruta (m)
(km²) Barragem Casa de Força Montante Jusante

Raposo 605 46,5 46,1 920,00 890,00 30,0

Coxilha rica 701 35,8 33,9 872,00 803,80 68,2

Rincão 747 28,1 25,5 803,00 757,00 46,0

Penteado 1.130 16,9 13,9 753,00 695,00 58,0

Santo Cristo 1.155 4,9 2,4 695,00 647,00 48,0

5.3. COMPONENTES-SÍNTESE

Para a avaliação ambiental dos empreendimentos propostos, o sistema ambiental da


bacia do rio Pelotinhas foi representado por uma estrutura analítica composta pelas
componentes-síntese recomendadas pelo Manual de Inventário, que são
Ecossistemas Aquáticos, Ecossistemas Terrestres, Modos de Vida, Organização
Territorial e Base Econômica.

Cada componente-síntese supracitada apresenta um nível de participação próprio


dentro do processo de estruturação ambiental da área. Esta situação determina
importâncias diferenciadas das componentes dentro do contexto regional. A
importância relativa entre os processos impactantes de cada componente-síntese
sobre o sistema ambiental foi caracterizada através de pesos atribuídos a cada
componente-síntese.

147
O processo de atribuição de pesos teve por objetivo destacar a participação de cada
um dos elementos analisados dentro dos processos regionais e, desta forma, servir
como um elemento ponderador na atividade de avaliação ambiental. Desta forma, o
peso a ser definido foi tratado como um valor resultante da integração da
importância da componente na região e a relação observada entre as componentes.

Na área em enfoque, os sistemas fluviais exibem baixa participação nos processos


ambientais verificados na bacia, um aspecto observado não apenas no que se refere
ao funcionamento das comunidades essencialmente aquáticas, como também nas
formas de integração entre as comunidades humanas e a paisagem. Esta condição
determina uma baixa importância relativa dos rios e demais complexos aquáticos
dentro do processo de estruturação da bacia hidrográfica do rio Pelotinhas.

Os ecossistemas terrestres enquadram-se em situação similar, dada a grande


antropização observada nos mesmos. Desta forma, observa-se um arranjo que não
viabiliza manutenção de fauna e flora diversificada não exibindo, na maior parte de
sua área endemismos relevantes sob o ponto de vista bioconservacionista.

Analisando a inserção dos demais componentes dentro da dinâmica ecossistêmica


da região em estudo, observa-se que a componente População Indígena, dada sua
inexistência na área de estudo, não apresenta qualquer influência, e por este motivo,
foi eliminada da avaliação ambiental do rio Pelotinhas.

Para determinação dos valores dos pesos de cada componente-síntese, buscou-se


a avaliação das interrelações entre os mesmos, através de uma matriz, que admite
leituras a partir dos componentes que influenciam os demais, bem como são por
eles influenciados.

Esta matriz, apresentada a seguir, foi elaborada considerando-se três níveis de


interrelações, ou graus de interdependência, que são:

 Baixo valor 1
 Médio valor 2
 Alto valor 3

QUADRO 6.02– HIERARQUIZACÃO DOS PESOS RELATIVOS DAS COMPONENTES-SÍNTESE

Componente Síntese Hierarquia Grau

Base Econômica 1 4

Modos de Vida 2 3

Organização Territorial 3 2

Ecossistemas Terrestres e
4 1
Aquáticos

148
QUADRO 6.03- MATRIZ DE INTERRELAÇÃO DAS COMPONENTES-SÍNTESE

Ecossistemas Ecossistemas Modos Organização Base


Aquáticos Terrestres de Vida Territorial Econômica Soma

Ecos.
1 1 1 1 4
Aquáticos

Ecos.
Terrestres
1 1 1 1 4

Modos de
3 3 3 3 12
Vida

Organiz.
Territorial
1 2 1 2 6

Base
3 3 3 3 12
Econômica

Soma 8 8 5 7 6

As somas das linhas e colunas foram, então, ponderadas de acordo com a


hierarquização estabelecida para as componentes-síntese, assumindo-se graus
variando de 4, para a primeiro componente-síntese na escala de hierarquização, até
1, para o último nível da referida escala, indicada no Quadro anteriormente
apresentado.

Os cálculos estão resumidos no quadro a seguir:

QUADRO 6.04- CÁLCULO DO GRAU DE INTERRELAÇÃO DOS COMPONENTES-SÍNTESE

Grau de
Ponderação
Componente-Síntese Soma Grau Normatização Interrelação
(soma x grau)
Pesos

Ecossistemas Aquáticos 4+8 = 12 1 12x1 = 12 12/173 = 0,0694 0,07

Ecossistemas Terrestres 4+8 = 12 1 12x1 = 12 12/173 = 0,0694 0,07

Modos de Vida 12+5 = 17 3 17x3 = 51 51/173 = 0,2948 0,29

Organização Territorial 6+7 = 13 2 13x2 = 26 26/173 = 0,1503 0,15

Base Econômica 12+6 = 18 4 18x4 = 72 72/173 = 0,4162 0,42

Total 72 - 173 - 1,00

149
5.4. COMPARTILHAMENTO ESPACIAL

Embora nos aspectos do meio biótico se pudesse sub-dividir a área de estudo em 3


unidades ambientais, adotou-se uma única área de estudo (portanto, sem
compartimentação).

Esta decisão se deve à homogeneidade da bacia do rio Pelotinhas, no que tange as


demais disciplinas, e em especial, no que se refere à área diretamente afetada pelos
empreendimentos em estudo, localizados quase que integralmente na terceira
unidade ambiental identificada, portanto, em área com relativa homogeneidade.

5.5. CRITÉRIOS ADOTADOS PARA AVALIAÇÃO

Para cada componente-síntese, elaborou-se um conjunto de características que


representassem os critérios adotados para a avaliação. Esta consistiu na
interpretação da importância e sensibilidade de cada elemento face as alterações
previstas para o aproveitamento, avaliados de acordo com uma escala qualitativa,
variando entre qualificações de baixo, intermediário, alto e crítico.

Foram associados parâmetros de avaliação, apresentados no Manual de Inventário,


de modo a tornar o mais evidente possível os critérios utilizados para o
enquadramento de cada elemento nas escalas qualitativas.

Observa-se que a escolha dos parâmetros teve como objetivo permitir a utilização
de dados passíveis de quantificação, bem como efetivamente disponíveis. Embora
se mostre possível a inclusão de uma série de indicadores de maior detalhe e
profundidade, elegeram-se aqueles cujos dados para sua construção estivessem
disponíveis, bem como representassem de forma mais abrangente os elementos
indicados para avaliação, para esta fase dos estudos.

Nos itens a seguir, são apresentados os Quadros de Parâmetros de Classificação e


os Quadros de Avaliação Ambiental.

5.6. PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO

Os parâmetros de avaliação foram elaborados, como já mencionado, para cada


componente-síntese e são apresentados abaixo.

QUADRO 6.05- PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL


COMPONENTE SÍNTESE: ECOSSISTEMAS TERRESTRES

Elementos de Parâmetros de Classificação


Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico

Processo estabelecido Processo


Processo Processo
em área que ainda estabelecido em
estabelecido em estabelecido em
guarda remanescentes áreas com
Remoção de área áreas com
florestais, embora estes fragmentos
Cobertura Vegetal predominantement fragmentos florestais
mostrem-se pequenos e florestais íntegros
Atual e Perda de e campestre ou íntegros, conquanto
fortemente insularizados; e comunicantes
Habitats com cobertura insularizados, e
ou em áreas com co outros
nativa fortemente conduzindo à total
florestas ciliares ambientes
antropizada. eliminação destes.
descontínuas. silvestres.

150
QUADRO 6.06- PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
COMPONENTE SÍNTESE: ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

Elementos de Parâmetros de Classificação


Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
Perda de ambientes
Perda de estratégicos para a
Perda de ambiente
Perda de ambiente Perda de ambiente manutenção da
heterogêneo com
ambientes homogêneo e heterogêneo com biodiversidade; Perda
pouca
aquáticos pouco utilizado muitas espécies. de ambientes únicos
biodiversidade.
pela biota. associados a uma
fauna específica.
Processo
Processo
Processo estabelecido sobre
Alteração na estabelecido sobre Processo estabelecido
estabelecido arranjo
estrutura da fauna arranjo de espécies, sobre arranjo
sobre arranjo predominante
aquática e na com prevalência de exclusivamente
faunístico euritópico, com
qualidade da água espécies estenotópico.
euritópico. minoria de espécies
estenotópicas.
estenotópicas.
Comprometimento
Comprometimento Comprometimento
de algumas rotas
Comprometimento das rotas de algumas rotas
migratórias de Inviabilização de
de rotas migratórias de migratórias de
pequenos (ou atividade migratória.
migratórias peixes migradores pequenos
grandes)
facultativos migradores.
migradores
Processo
Processo
estabelecido sobre
Pequenos estabelecido em
corredores
Alteração da fragmentos corredores Perda de corredores
descontínuos que
vegetação florestais ou descontínuos porem contínuos bem
ainda guardam
marginal corredores com fragmentos de conservados.
remanescentes em
estreitos grande porte e bem
bom nível de
conservados.
conservação.

QUADRO 6.07- PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL


COMPONENTE SÍNTESE: MODOS DE VIDA

Elementos de Parâmetros de Classificação


Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
Alguns bens
coletivos são
Alguns bens de Entre 50 e 70% dos Mais de 70% dos
Bens de consumo afetados, mas estes
consumo coletivo bens coletivos são bens coletivos são
coletivo atingidos representam os
são atingidos. afetados. afetados.
únicos da região
atingida.
Alterações Alterações Perda de áreas
ocasionadas em ocasionadas em extensas, de
Alterações áreas relativamente áreas relativamente trabalho e de fontes
Modificações nos
ocasionadas em ocupadas, mas que ocupadas e que de renda.
indicadores de
áreas de pouca não dependem do dependem do Condições de
qualidade de vida
ocupação humana. trabalho direto em trabalho direto em saúde agravadas
atividades atividades pela exposição a
agropecuárias. agropecuárias. riscos de agravos.

151
Elementos de Parâmetros de Classificação
Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
Mudança nas
condições de
capitalização/descapi
talização pré- Interferência em
Interferências em Interferências entre Interferência em
existentes; mais de 5% das
menos de 1% das 1% e 5% das terras mais de 5% das
Alterações da rede terras municipais, e
terras municipais e municipais, mas em terras municipais, e
de relações das em áreas ocupadas
em áreas de baixa áreas de baixa em áreas de baixa
quais os grupos com atividades de
ocupação. ocupação. ocupação.
sociais urbanos produção.
dependem para
garantir a
sobrevivência
Interferências em Interferências em
extensões extensões
significativas de significativas de
terras e em terras e em
Interferência em Interferências entre caminhos e caminhos e
Ruptura dos vínculos menos de 1% das 1% e 5% das terras estradas de ligação estradas de ligação
de dependência terras municipais e municipais, mas em entre as cidades e entre as cidades e
entre rural e urbano em áreas de baixa áreas de baixa as zonas rurais; as zonas rurais;
ocupação. ocupação. canteiros de obra canteiros de obra
instalados em áreas instalados em áreas
próximas a cidades próximas a cidades
de maior de maior
expressão. expressão.
Alterações
ocasionadas em
áreas de pouca
Interferência em
ocupação humana Interferências entre Interferência em
mais de 5% das
Alteração das e pequena 1% e 5% das terras mais de 5% das
terras municipais, e
condicionantes intensidade de municipais, mas em terras municipais, e
em áreas ocupadas
ambientais utilização dos áreas de baixa em áreas de baixa
com atividades de
recursos naturais, ocupação. ocupação.
produção.
como água,
minerais, recursos
minerais e solos.
Interferências em
mais de 5% das
terras municipais e
Vínculos da
em áreas ocupadas
socialidade
Interferência em Interferências entre Interferência em com atividades de
comprometidos;
menos de 1% das 1% e 5% das terras mais de 5% das produção e
comprometimento da
terras municipais e municipais, mas em terras municipais, e alterações cujo
identidade sócio-
em áreas de baixa áreas de baixa em áreas de baixa resultado
cultural e de sua
ocupação. ocupação. ocupação. corresponde ao
expressão espaço-
acirramento de
temporal.
conflitos como por
exemplo, por terras
e trabalho.

152
QUADRO 6.08– PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
COMPONENTE SÍNTESE: ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL

Elementos de Parâmetros de Classificação


Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
Não são atingidos São atingidos os Ocorrem
Núcleos populacionais
núcleos acessos principais a interferências
Núcleos atingidos são completamente
populacionais núcleos diretas, porem,
atingidos.
diretamente. populacionais. parciais;
O Aproveitamento
O Aproveitamento O Aproveitamento localiza-se em áreas
O Aproveitamento
Disponibilidade está situado em localiza-se em de média/alta
está localizado em
de áreas para área de baixa área de média/alta densidade
áreas em processo
reassentamentos densidade densidade demográfica e em
de expansão.
demográfica. demográfica. locais onde há registro
de conflitos fundiários.
O quantitativo
populacional
O quantitativo O quantitativo
afetado é reduzido
O quantitativo populacional populacional afetado
absoluta e
populacional afetado representa represente entre 100%
População a ser relativamente.
afetado representa entre 10% e 30% da população total do
remanejada Considerou-se
de 5% a 10% da da população total núcleo afetado, ou
reduzido a afetação
população total. do núcleo ou até mais de 50% do
a menos de 100
50% do município. município.
famílias, 5% da
população rural.
Instalação de vila
em local onde a Instalação da vila em
Quando se localizar Quando se localizar
população locais onde a
em municípios de em municípios de
Vila residencial – trabalhadora população
grande porte (mais medito porte (entre
localização abrigada residente trabalhadora abriga
de 20.000 10.000 a 20.000
corresponderia a seria maior que a
habitantes). habitantes).
mais de 50% da população residente.
população.
São atingidos os São atingidos acessos
São atingidos os
acessos aos em povoados onde
Não são atingidos acessos aos
Equipamentos equipamentos em esses equipamentos
os acessos dos equipamentos em
atingidos núcleos constituem-se a única
equipamentos. locais onde existem
polarizadores que opção, ou quando todo
outras alternativas.
atendem à região. um núcleo é atingido.
Quando existem Quando existem
Quando existem outras alternativas outras alternativas
Quando não existem
outras alternativas de acesso aos de acesso aos
Infra-Estrutura outras alternativas de
de acesso aos núcleos ou núcleos ou
viária atingida acesso aos núcleos
núcleos ou equipamentos, em equipamentos, em
ou equipamentos.
equipamentos. locais pouco locais muito
povoados. povoados.
Reversibilidade Não são atingidas,
Quando existem Quando é atingida Quando é atingida
da Infra-Estrutura mas os acessos são
outras alternativas. parcialmente. totalmente.
atingida atingidos.
Quando a perda Quando a perda Quando a perda Quando a perda
Perda de
corresponder a no variar entre 10% e variar entre 30% e corresponder a mais
território.
máximo 10% 30%.. 50%. de 50%.

153
QUADRO 6.09– PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
COMPONENTE SÍNTESE: BASE ECONÔMICA

Elementos de Parâmetros de Classificação


Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
As alterações
Alterações cujo
ocasionadas
resultado inviabilizam
Alterações apresentam reflexos
Mercados uma atividade
Alterações ocasionadas cujos na produção, no
afetados. Número econômica, ou, sua
ocasionadas cujos reflexos podem ser mercado de trabalho
e características continuidade em
reflexos mostram- sentidos na afetando tanto a
dos outro local resultaria
se pouco produção, embora oferta quanto a
estabelecimentos em mudanças
significativos no não altere o demanda, de bens,
atingidos e acentuadas nas
computo geral da mercado de trabalho produtos, serviços e
quantitativos e relações e
produção e e a composição mão de obra, e ainda,
valor da produção vinculações sócio-
empregos locais. setorial da alterando os fluxos de
afetada, por setor econômicas e de
economia. receitas e despesas
mercados então
do poder público
vigentes.
municipal.
São afetadas em
Atividades Não são afetadas relação aos locais São afetadas em
econômicas de modo em que atualmente termos quantitativos, Atividades
atingidas perceptível são realizadas, mas mas não são inviabilizadas.
vinculadas ao rio quantitativamente. não em termos inviabilizadas.
quantitativos.
Áreas afetadas
Áreas atingidas
Áreas afetadas Áreas atingidas implicam em perda de
implicam em perdas
Emprego e renda não implicam em implicam em postos de trabalho,
de postos de trabalho
suprimidos perda de postos mudanças dos embora haja
sem a possibilidade
de trabalho. locais de trabalho. demanda para outros
de reposição.
serviços.
Características e
São atingidas áreas
ordem de
São atingidas com potencial
grandeza dos São atingidas áreas
áreas de potencial mineral média São atingidas áreas
recursos e com alto potencial
mineral baixo. Não embora não exista com alto potencial
potencialidades mineral, inclusive
são atingidas jazidas minerais. Há mineral, inclusive com
da bacia inviabilizando jazidas
ocorrências e registro de algumas jazidas mapeadas.
hidrográfica já em produção.
jazidas minerais. ocorrências
suprimidos:
minerais.
jazidas minerais
Características e
ordem de
grandeza dos
recursos e Atinge grandes
potencialidades áreas com aptidão Atinge grandes
Atinge grandes áreas Atinge grandes áreas
da bacia agrícola restrita áreas com aptidão
com aptidão regular. com aptidão boa.
hidrográfica para pastagem ou restrita.
suprimidos: áreas inapta.
de aptidão
agrícola,
extrativismo.
Características e Áreas atingidas já Uma parcela das Áreas atingidas Áreas atingidas
ordem de se encontram áreas atingidas se incidem sobre locais incidem sobre
grandeza dos ocupadas por constituem de recomendados para unidade de
recursos e pastagens ou remanescentes conservação. conservação.
potencialidades outros usos florestais.
da bacia

154
Elementos de Parâmetros de Classificação
Análise
Baixo Intermediário Alto Crítico
hidrográfica
suprimidos: áreas
dotadas de
antrópicos.
potencial
biológico e
genétrico.
Características e
ordem de
São afetados São afetados
grandeza dos
indiretamente, parcialmente, com
recursos e
Não são afetados através da possibilidade de Potencial turístico
potencialidades
diretamente. supressão de infra- remanejamentos ou inviabilizado.
da bacia
estrutura de apoio desenvolvimento de
hidrográfica
ou de acesso. outros locais.
suprimidos:
potencial turístico
Interferências em
mais de 5% das
Diferencial de Interferências em
terras municipais e
arrecadação Interferência em Interferências entre mais de 5% das
em áreas ocupadas
tributária e das menos de 1% das 1% e 5% das terras terras municipais e
com atividades de
transferências de terras municipais. municipais. em áreas de alta
produção ou
receita ocupação.
densamente
ocupadas.

Esta classificação nominal foi convertida para uma escala ordinal, com apresentado
a seguir.

QUADRO 6.10- CLASSIFICAÇÃO ORDINAL DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Avaliação Grau de Avaliação

Baixo 0 – 0,40

Intermediário 0,41 – 0,70

Alto 0,71 – 0,90

Crítico 0,91 – 1,00

155
5.7. QUADROS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Os quadros apresentados a seguir listam os valores atribuídos na análise de


avaliação ambiental.

QUADRO 6.11 – COMPONENTE-SÍNTESE ECOSSISTEMAS TERRESTRES


Indicador de Processo Critérios de Elementos de APROVEITAMENTOS
Impacto Impactante Avaliação Avaliação Raposo Coxilha Rincão Pentea- Santo
Rica do Cristo

Perda de A Interm Baixo Baixo Baixo Baixo


vegetação
Comprometimen- G 0,45 0,15 0,25 0,30 0,30
marginal
to das
Implantação e Comprometi-
características Perda de cobertura A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
operação do mento de
determinantes na vegetativa/exclusi-
empreendi- ecossistemas e
manutenção da vidade fisionômica G 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15
mento espécies
diversidade
biológica Relevância da A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
fauna na área G 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15
afetada
SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 0,75 0,45 0,55 0,60 0,6

QUANTIDADE DE ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 3

MÉDIA POR APROVEITAMENTO 0,25 0,15 0,18 0,20 0,20

Os empreendimentos se situam em área já antropizada, o que os torna pouco


impactantes para a componente síntese em enfoque.

QUADRO 6.12– COMPONENTE-SÍNTESE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

Indicador de Processo Critérios de Elementos de APROVEITAMENTOS


Impacto Impactante Avaliação Avaliação Raposo Coxilha Rincão Pentea- Santo
Rica do Cristo
Perda de A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Comprometi- ambientes
aquáticos G 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
mento dos
ambientes Alteração na A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Grau de
mantenedores estrutura da
comprometimen-
de fauna aquática e G 0,15 0,1 0,15 0,15 0,2
to das Implantação e
biodiversidade, na qualidade da
características operação do
de espécies água.
determinantes na empreendi-
migratórias,
manutenção da mento Comprometimen- A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
endêmicas ou
diversidade to das rotas
exclusivas (e de
biológica migratórias G 0,15 0,1 0,15 0,15 0,3
outros grupos de
fauna Alteração da Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
A
vertebrada) vegetação
marginal G 0,15 0,1 0,15 0,15 0,15

SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 0,65 0,5 0,65 0,65 0,85

QUANTIDADE DE ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 4

MÉDIA POR APROVEITAMENTO 0,16 0,13 0,16 0,16 0,21

156
Sendo empreendimentos de pequeno porte, com barramentos de altura reduzida e
reservatórios com pouco alagamento, geram baixa alteração na fauna aquática e na
qualidade da água, bem como resultam em pequena perda de ecossistemas
aquáticos.

Rotas migratórias afetadas restringem-se aquelas de espécies tidas como


"pequenos migradores", uma situação não resultará em perdas significativas de
estoques pesqueiros.

Este impacto torna-se relativamente mais critico na área da PCH Raposo, por se
tratar de empreendimento dotado de reservatório de maiores proporções, já em área
de planalto, poderá implicar em dificuldades para migração de espécies.

Da mesma forma, os aproveitamentos mais próximos à foz do rio Pelotinhas, junto


ao final do remanso da UHE Barra Grande, poderão implicar em restrições a rotas
migratórias remanescentes.

Quanto à vegetação marginal, devido às reduzidas alturas de alagamento, não são


esperadas implicações mais severas.

QUADRO 6.13– COMPONENTE SÍNTESE MODOS DE VIDA

Indicador Processo Critérios de Elementos de APROVEITAMENTOS


de Impacto Impactante Avaliação Avaliação Raposo Coxilha Rincão Penteado Santo
Rica Cristo
A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Bens de consumo
coletivo atingidos G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

Modificações nos A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo


indicadores de qualidade
de vida G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

Mudanças nas A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo


condições de
capitalização/ G 0,20 0,20 0,20 0,10 0,20
Comprometi- descapitalização pré-
Grau de mento das existentes
interferência estratégias de Alterações na rede de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
A
sobre as Formação sobrevivência relações das quais os
formas de do grupos sociais urbanos 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
reprodução reservatório dependem para garantir G
da vida sua sobrevivência
social Ruptura dos vínculos de A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
dependência entre rural
e urbano G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

Alteração nos A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo


condicionantes
ambientais G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

Comprometi- A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo


mento da
Vínculos de socialidade G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
socialidade
comprometidos
historicamente
constituída

157
QUADRO 6.13– COMPONENTE SÍNTESE MODOS DE VIDA - Continuação

Indicador Processo Critérios de Elementos de APROVEITAMENTOS


de Impacto Impactante Avaliação Avaliação Raposo Coxilha Rincão Penteado Santo
Rica Cristo
Comprometimento da A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
identidade sócio-cultural
e de sua expressão G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
espaço-temporal

SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 0,90 0,90 0,90 0,80 0,90

QUANTIDADE DE ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 8

MÉDIA POR APROVEITAMENTO 0,11 0,11 0,11 0,10 0,11

O entorno do rio Pelotinhas, no trecho onde estão previstos os aproveitamentos


hidrelétricos, apresenta reduzida presença antrópica.

Os poucos núcleos localizados próximos aos barramentos não apresentam relações


com o curso de água do rio Pelotinhas, devido às características do seu vale,
encaixado, e portanto não deverão ser afetados pelos empreendimentos, após sua
conclusão.

O efeito mais severo será observado durante a realização das obras, quando haverá
um aumento da demanda por bens e serviços, decorrente do aumento da população
vinculada às obras das PCH’s.

Nestes núcleos os elementos mais impactados são os indicadores da qualidade de


vida e os vínculos de sociabilidade. Possivelmente alguns bens de uso coletivo
serão atingidos, principalmente pelo cordão de proteção dos reservatórios, cuja
largura determinada pelo órgão estadual de meio ambiente, a exemplo de outros
empreendimentos de porte semelhante, deverá ser de 30 m a partir das margens
dos reservatórios.

QUADRO 6.14– COMPONENTE SÍNTESE ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL


Indicador Processo Critérios de Elementos de APROVEITAMENTOS
de Impacto Impactante Avaliação Avaliação Raposo Coxilha Rincão Penteado Santo
Rica Cristo
Vila residencial: Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Interferência nos A
Implantação localização,
padrões de
e operação população prevista 0,30 0,20 0,20 0,30 0,20
assentamento e
do canteiro associada à obra,
mobilidade da G
de obras relação com a
população
população local.
Grau de Número, localização A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
desarticula- e características dos G
ção da 0,20 0,10 0,10 0,10 0,10
núcleos atingi-dos
circulação e parcial e totalmente
comunica- Interferência nos
ção padrões de Disponibilidade de A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Formação do
assentamento e áreas para os
reservatório G 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
mobilidade da reassentamentos
população. previstos
Estimativa da A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
população a ser
remanejada. G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

158
QUADRO 6.14– COMPONENTE SÍNTESE ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL - CONTINUAÇÃO
Indicador Processo Critérios de Elementos de APROVEITAMENTOS
de Impacto Impactante Avaliação Avaliação Raposo Coxilha Rincão Penteado Santo
Rica Cristo
Acessibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
equipamentos G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
atingidos
Acessibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
extensão de infra-
Comprometi- G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
estrutura viária
mento dos atingida
fluxos de
circulação e Acessibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
comunicação articulações G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
intermodais atingidas
Reversibilidade – A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
existência de
alternativas para as G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
rotas interrompidas
Comprometi- Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Perda Territorial: A
mento da base
superfície e
territorial relativa
participação no 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
à organização
território total do G
político-
município.
administrativa
SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 1,30 1,10 1,10 1,20 1,10

QUANTIDADE DE ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 9

MÉDIA POR APROVEITAMENTO 0,14 0,12 0,12 0,13 0,12

Nesta componente-síntese, os elementos de maior impacto são aqueles relativos à


localização da Vila Residencial próximo à núcleos urbanos e à faixa de preservação
dos reservatórios a serem formados.

Os demais elementos terão pouca alteração, principalmente devido às reduzidas


dimensões dos reservatórios, sem interferência com a ferrovia que se desenvolve
próxima ao rio Pelotinhas e com perda inexpressiva de território, resultado em
reduzida (ou até mesmo nenhuma) necessidade de remanejamento de população.

159
QUADRO 6.15– COMPONENTE SÍNTESE BASE ECONÔMICA
Indicador Processo Critérios de Elementos de Avaliação APROVEITAMENTOS
de Impacto Impactante Avaliação Raposo Coxilha Rincão Penteado Santo
Rica Cristo
Implantação Comprometi- A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
e operação mento das
Mercados afetados 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
do canteiro atividades G
de obras econômicas
Número e características A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
dos estabelecimentos
atingidos e quantitativo e G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
valor da produção afetada.
Comprometi-
mento das Atividades econômicas A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
atividades atingidas vinculadas ao rio G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
econômicas
Emprego e renda A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
suprimidos G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Mercados afetados
G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
grandeza dos recursos e A
potencialidades da bacia
Grau de 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
hidrográfica suprimidos: G
interferên-cia
jazidas minerais
nas
atividades Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
econômicas Formação do grandeza dos recursos e A
reservatório potencialidades da bacia
Comprometi- hidrográfica suprimidos: 0,30 0,10 0,10 0,10 0,10
mento das áreas de aptidão agrícola, G
potencialidade extrativisto
s com Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
destaque para grandeza dos recursos e A
usos da água potencialidades da bacia
hidrográfica suprimidos: 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
áreas dotadas de potencial G
biológico e genético
Características e ordem de Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
A
grandeza dos recursos e
potencialidades da bacia 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
hidrográfica suprimidos: G
potencial turístico
Comprometi- A Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
Diferencial da arrecadação
mento das
tributária e das G 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Finanças
transferências de receitas
Municipais
SOMATÓRIO DA VALORAÇÃO DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 1,30 1,10 1,10 1,10 1,10

QUANTIDADE DE ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO 10

MÉDIA POR APROVEITAMENTO 0,13 0,11 0,11 0,11 0,11

De forma geral, principalmente por se tratar de Pequenas Centrais Hidrelétricas e


pelas dimensões dos reservatórios, o nível de interferências com a base econômica
foi considerado baixo.

160
5.8. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Para a obtenção dos valores da avaliação ambiental, procedeu-se à soma dos


escores atribuídos a cada uma das componentes-síntese, em cada aproveitamento,
dividindo-se o resultado pelo número de elementos de análise, ou seja, calculando-
se a média, e chegando-se aos seguintes resultados:

QUADRO 6.16– RESULTADO DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL POR COMPONENTE-


SÍNTESE

Componentes-Síntese
Aproveitamentos
Ecossistemas Ecossistemas Modos de Organização
Base Econômica
Terrestres Aquáticos Vida Territorial

Raposo 0,25 0,16 0,11 0,14 0,13


Coxilha Rica 0,15 0,13 0,11 0,12 0,11

Rincão 0,18 0,16 0,11 0,12 0,11

Penteado 0,20 0,16 0,10 0,13 0,11

Santo Cristo 0,20 0,21 0,11 0,12 0,11

Para a determinação do Índice Ambiental por componente-síntese, foram calculadas


as médias dos valores acima, as quais foram ponderadas pelos pesos relativos à
interpretação dos componentes-síntese.

Foi utilizada a média dos valores, em vez do Índice Máximo Teórico, conforme
sugerido no Manual da ELETROBRÁS, porque a maioria dos graus atribuídos ficou
na escala mais baixa e a utilização do grau maior não representaria o impacto sobre
a região, pois os graus maiores ocorreram pontualmente.

O Índice Ambiental da alternativas de divisão de queda avaliada, correspondendo à


soma dos índices de cada componente-síntese, é apresentado no Quadro 6.17 a
seguir.

QUADRO 6.17 – ÍNDICE AMBIENTAL

Componente- Avaliação Ambiental Grau de Índice Ambiental por


Ponderação
Síntese por Componente Interrelação Componente-Síntese

Ecossistemas
0,07
Terrestres 0,20 0,20 x 0,07 = 0,0180 0,0138
Ecossistemas
0,07
Aquáticos 0,17 0,17 x 0,07 = 0,0116 0,0116
Modos de Vida 0,11 0,29 0,11 x 0,29 = 0,0319 0,0319
Organização
0,15
Territorial 0,13 0,13x 0,15 = 0,0193 0,0193
Base Econômica 0,11 0,42 0,11 x 0,42 = 0,0479 0,0479

ÍNDICE AMBIENTAL (SOMATÓRIO DO IAS POR COMPONENTE-SÍNTESE) 0,1244

161
Os índices ambientais encontrados, para a alternativa de divisão de quedas do rio
Pelotinhas, são bastante baixos, conforme a escala definida no Quadro 6.10, o que
demonstra que, em termos ambientais, os aproveitamentos hidrelétricos analisados
não implicam em impactos significativos sobre o meio ambiente, podendo portanto
serem classificados como de baixo impacto ambiental.

162
6. PROGRAMAS AMBIENTAIS

Visando manter a qualidade ambiental dos recursos naturais ao longo do rio


Pelotinhas quando da implantação dos empreendimentos hidrelétricos inventariados
na bacia, torna-se necessário a efetivação de uma série de programas ambientais
que são descritos a seguir.

6.1. PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E DE


RECOMPOSIÇÃO DA MATA CILIAR

À semelhança do Programa de Controle dos Processos Erosivos, também este se


justifica pela preservação e recuperação dos solos, recursos hídricos, da flora e
fauna associada. A partir da manutenção ou recuperação da qualidade dos solos,
como substrato, estará possibilitada a reintrodução de espécies vegetais originais ou
a retomada de produções agrossilvopastoris, nas áreas degradadas durante a
implantação do empreendimento, reintegrando-as à paisagem local.

A cobertura vegetal dessas áreas, seja natural ou produtiva, desempenhará


importante função em relação à própria estabilização dos solos, evitando a geração
de sedimentos comprometedores da rede de drenagem, além de contribuir para a
preservação da flora e fauna regionais.

As áreas-alvo deste programa terão procedimentos específicos, de acordo com o


uso anterior à implantação dos empreendimentos, conforme se apresenta a seguir.
Nas que sofrerão alteração temporária de uso (canteiros de obras, bota-foras, áreas
de empréstimo e parte das vias de serviço) a recuperação constitui-se pela própria
retomada do uso original.

Das que sofrerão alteração permanente de uso, o conjunto do reservatório mais


parte das vias de serviço não sofrerão qualquer ação de recuperação, enquanto que
a faixa de proteção e parte das áreas de pedreiras, empréstimos e bota-foras
deverão ser reintegrados paisagisticamente, a partir do replantio de espécies da
flora original da região.

Este programa terá como objetivo principal a recomposição da mata ciliar e a


revegetação de todas as áreas atingidas pelas obras de implantação dos
empreendimentos (canteiros de obras, alojamentos, vias de serviços, pedreiras,
áreas de empréstimo, areais, bota-foras e outras) visando à proteção aos solos e
aos mananciais hídricos, contra os processos erosivos e de assoreamento à
reintegração paisagística dessas áreas (revegetação natural ou reintegração ao
processo produtivo) e, ainda, a integridade dos próprios empreendimentos, evitando
a exposição dos futuros reservatórios aos processos de assoreamento.

163
6.2. PROGRAMA DE MONITORAMENTO LIMNOLÓGICO E DE QUALIDADE DA
ÁGUA

O programa em enfoque se justifica por permitir:

 Proceder a uma caracterização das condições atuais de qualidade da água no


trecho do rio, na área dos futuros reservatórios;
 Acompanhar a evolução da qualidade da água durante as seguintes fases:
momento anterior ao início da construção; durante a implantação das obras;
durante o enchimento e operação dos reservatórios;
 Possibilitar a adoção de medidas de controle e/ou corretivas no caso de
ocorrência de situações previstas ou não previstas;
 Avaliar as condições tróficas dos futuros reservatórios.

O monitoramento da qualidade da água deverá consistir de amostragens efetuadas


sazonalmente, investigando os parâmetros apresentados no quadro a seguir. Os
pontos de amostragem deverão ser distribuídos de forma a representar, no mínimo,
as seguintes unidades espaciais:

 área a jusante do empreendimento;


 área do barramento;
 área a montante do barramento;
 área entre a barragem e a casa-de-força.

É importante que, durante as fases de enchimento e operação, sejam feitas


amostragens no reservatório enfocando a região superficial, intermediária e inferior
da coluna d’água. Todo o procedimento amostral, neste momento da análise, deverá
ser conduzido no sentido de permitir caracterizar o perfil vertical de temperatura,
transparência, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica.

QUADRO 6.01 - PARÂMETROS DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA

temperatura da água; temperatura do ambiente;

transparência da água; cor;

radiação total; sólidos em suspensão e em solução;

turbidez; velocidade da água;

oxigênio dissolvido; DBO;

DQO; pH;

condutividade; fósforo total e ortofosfato;

nitrogênio orgânico total; nitrito;

nitrato; amônia;

nitrogênio orgânico; nitrogênio total;

clorofila e feofitina.

164
6.3. PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA

Como destaca MACHADO (1994), as concessionárias de energia elétrica, ou


investidores privados, têm o dever de monitorar as águas e a fauna-flora dos
reservatórios. Monitorar no sentido de acompanhar e registrar as alterações
ambientais ocorridas, como também de repassar os dados aos órgãos ambientais e
delas dar publicidade.

Neste sentido, o acompanhamento das alterações sofridas pela ictiofauna, além de


constituir uma importante via para ampliar o conhecimento científico acerca deste
segmento da biota local, é uma obrigação do empreendedor junto à comunidade
local e ao sistema de gerência ambiental catarinense.

6.4. PROGRAMA DE LIMPEZA DOS RESERVATÓRIOS

Com a formação dos reservatórios, as áreas com vegetação a serem inundadas


podem trazer efeitos ambientais negativos, a curto e médio prazos ao ambiente a
montante e a jusante das barragens e, de certa forma, aos próprios
empreendimentos. A decomposição das folhas em trechos de vegetação mais densa
poderá acarretar uma produção de gases nocivos à fauna aquática e rápida
exaustão do oxigênio dissolvido na água. A implantação deste programa buscará
alcançar os seguintes objetivos:

 Minimizar os efeitos negativos sobre a qualidade da água dos reservatórios e do


trecho a jusante, decorrentes da submersão da vegetação;
 Estimar a biomassa vegetal da região;
 Gerar, mediante o planejamento do desmatamento, unidades que favoreçam o
manejo da vida aquática dentro dos reservatórios.

6.5. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

A implantação de uma Pequena Central Hidrelétrica caracteriza-se por ser um


projeto pouco conhecido pelo Poder Público e por parte da comunidade local. A falta
de informações precisas e oriundas do próprio empreendedor, pode gerar um
sentimento de insegurança e de especulações sobre o futuro da população próxima
à barragem, bem como sobre as novas oportunidades de trabalho advindas da
construção da usina.

A importância sócio-econômica da implantação de um empreendimento hidrelétrico,


desperta um interesse significativo da população, uma vez que as novas
possibilidades de investimentos e de novos negócios, derivados basicamente da
geração de empregos, significam um dos principais benefícios assimilados pela
grande maioria da sociedade, e tornam o empreendimento um tema de amplo
debate.

Naturalmente, são geradas demandas por informações, que provavelmente serão


crescentes à medida que a construção da usina for sendo concretizada. A
participação da sociedade e seu conhecimento sobre possíveis alterações
ambientais e sociais decorrentes devem ser respeitados, em sintonia com as
diversas recomendações de instituições ligadas à defesa do meio ambiente e da

165
cidadania.

O presente programa engloba também a educação ambiental, de forma a


sensibilizar e envolver as comunidades do entorno do reservatório a respeito da
necessidade de proteção e conservação dos recursos naturais, além de integrar e
democratizar as informações à população direta e indiretamente atingida sobre os
efeitos do empreendimento, a fim de promover a melhoria da qualidade de vida
dessa população.

A educação ambiental baseia-se fundamentalmente na transformação dos indivíduos


e das comunidades, na medida que tomam consciência do meio ambiente e
adquirem o conhecimento, os valores as habilidades, as experiências e a
determinação que os torna aptos a agir individual e coletivamente na conservação
ambiental.

Dessa forma, o objetivo geral do Programa de Comunicação Social é estabelecer


um fluxo de informações à comunidade de modo que esta esteja informada sobre as
possíveis mudanças que poderão ocorrer em função da implantação de um
empreendimento hidrelétrico; bem como a manutenção das condições ambientais e
a melhoria da qualidade de vida, através da responsabilidade gerada pela
conscientização, o esclarecimento de valores e a participação ativa das
comunidades nos processos ambientais.

6.6. PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DAS AREAS DO EMPREENDIMENTO

As aquisições de terras deverão ser realizadas até a cota que corresponde ao nível
do reservatório para a cheia de 100 anos de recorrência. As áreas a serem
desapropriadas, deverão ser liberadas em uma etapa a ser concluída
obrigatoriamente antes da etapa do desvio do rio.

Do ponto de vista sócio-econômico, os estudos realizados demonstram que os


impactos negativos da implantação do reservatório deverão ser minimizados, devido
à pequena área de aquisição de terras, e ao pequeno número de propriedades
atingidas, porém deve ser implantado um programa a fim de evitar transtornos ou
prejudicar a imagem dos empreendimentos ou o desenvolvimento das obras.

O objetivo do Programa de Aquisições de terras é o desenvolvimento de ações


relacionadas a aquisição de terras da área dos empreendimentos.

6.7. PROGRAMA DE SUPERVISÃO AMBIENTAL

Com o objetivo de verificar se as medidas mitigadoras e as diretrizes apontadas nos


estudos ambientais estão sendo cumpridas e se os resultados estão sendo os
esperados, deve-se executar a supervisão e o monitoramento ambiental.

A supervisão ambiental deve ser responsável pela fiscalização da execução dos


programas ambientais e das medidas mitigadoras. Deve ser executado por
instituição sem vínculo com o empreendedor e com o órgão fiscalizador e, através
de relatórios periódicos enviados ao órgão ambiental competente, demonstrar a
conformidade ou não dos programas pré-definidos e o desempenho de tais
programas.

166
6.8. DEFINIÇÃO DA MEDIDA COMPENSATÓRIA

Apesar de uma Pequena Central Hidrelétrica repercutir em pequeno impacto


ambiental , pois pode ser considerada, por suas características e dimensões, um
empreendimento que irá acarretar pequena alteração ambiental na região onde será
inserida, sua implantação acarretará o corte de vários exemplares de mata nativa,
inclusive de alguns ameaçados de extinção, como a araucária.

Além disso, as restrições estabelecidas para o desenvolvimento da vegetação na


faixa de servidão da linha e a travessia de Áreas de Preservação Permanente
acarretarão impactos significativos à flora.

Como alternativa para minimização desse impacto, sugere-se que seja definida uma
medida compensatória em comum acordo entre o empreendedor e o órgão
ambiental responsável, no caso a FATMA e nesse sentido, uma das possibilidades
de compensação ambiental seria o replantio de espécies nativas, principalmente
araucárias e demais espécies que ocorrem na formação florestal pertencente a
Floresta Ombrófila Mista , em Áreas de Preservação Permanente (APP) localizadas
nas proximidades dos empreendimentos buscando sua conectividade com a bacia
do rio Pelotas, onde deságuam seus mananciais (jusante), como também a
montante buscando conectividade com seus tributários de altitude. Da mesma
forma, poderá ser feito o enriquecimento dos remanescentes florestais mais
alterados. O número de árvores a serem replantadas e a área a ser recuperada,
neste caso, deverá ser definido pela FATMA.

167
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169
8. EQUIPE TÉCNICA

Geol. Augusto Paiva Filho CREA/SC 40479-0

Eng. Florestal Marcelo Aiub CREA/SC 067038-2

Eng. Hidrólogo Ricardo Kern CREA/SC 6956-3

Eng, Nerilton Nerilo CREA/SC 51160-0

Geógrafo Ângelo Martins Fraga CREA/SC: T1 047.629-0

Arqueóloga Deisi Scunderlick Eloy de Farias

Biólogo Marco Perotto CRBio 28578-03D

Biólogo Cláudio Ricken CRBio 28100 03D

Davi de Souza Schweitzer – desenhista/AutoCad

Renata Lisboa Mothcy – desenhista/AutoCad

Rodrigo Kern – estagiário/estudante de engenharia ambiental

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