Animais Peçonhentos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DISCIPLINA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Acidentes com animais


peçonhentos
Prof.Giovanni Casseb

UFAC - 2018
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ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS


•  Animais peçonhentos são aqueles que possuem
glândulas de veneno que se comunicam com um
aparelho inoculador: dentes ocos, ou ferrões, ou
aguilhões, por onde o veneno passa a<vamente.
•  Serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas,
marimbondos e arraias.

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ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

Animais Venenosos

•  Apesar de “peçonha” significar veneno, animal
peçonhento não é o mesmo que venenoso, sendo
este úl<mo, o animal que produz veneno, mas não
p o s s u i ó r g ã o i n o c u l a d o r , p r o v o c a n d o
envenenamento passivo por contato, compressão ou
por ingestão.
•  Algumas espécies de anEbios.

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Veneno x Peçonha
•  Veneno – Capaz de fazer mal a um ser, independente da via de ação –
ingerido, injetado, ou inalado podendo levar à morte. Em muitos casos sua
ação é por via oral, sendo estas substâncias absorvidas pelo sistema
diges<vo.
•  Peçonha – Proteína ou substância altamente complexa que é inoculada na
corrente sanguínea através de disposi<vos que o próprio animal tem para
esta finalidade – dentes ou ferrões.

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Não-peçonhentas
•  Provocam morte por constricção /asfixia
•  Jibóia
•  Sucuri
•  Caninana
•  Papagaio

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PROF RUI DE SOUZA 11
PROF RUI DE SOUZA 12
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ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

Coral 0,7%

Surucucu 2,9%

Cascavel 8,2%

Jararaca 88,2%

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PATOGENIA – AÇÃO COAGULANTE

É a propriedade que os venenos de Bothrops,


Crotalus e Lachesis têm de transformar a molécula
de fibrinogênio em fibrina. Os venenos botrópicos
ainda a;vam o fator X, a protrombina e consomem
os fatores V, VII e as plaquetas.

Ocorre a;vação da cascata da coagulação, com


consumo de fibrinogênio levando à incoagulabilidade
sangüínea e um quadro de coagulação intravascular
disseminada.
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PATOGENIA – AÇÃO PROTEOLÍTICA

Também denominada de necrosante. É uma das


principais ações dos venenos botrópicos e laqué;cos.
Decorre da ação citotóxica direta das frações
proteolí;cas sobre os tecidos.

Pode haver liponecrose, mionecrose e lise das


paredes vasculares. As lesões locais, como rubor,
edema, bolhas e necrose estão sempre presentes.
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PATOGENIA – AÇÃO VASCULOTÓXICA

É causada por fatores hemorrágicos denominados


hemorraginas. Estas são encontradas nos venenos
botrópicos, crotálicos e laqué;cos. Agem sobre os
vasos capilares, destruindo e rompendo a membrana
basal.

EPISTAXE
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PATOGENIA – AÇÃO MIOTÓXICA

A a;vidade miotóxica sistêmica do veneno crotálico está


bem estabelecida. O diagnós;co de rabdomiólise é
comprovado pelo aumento de mioglobina sangüínea e
urinária, além do aumento de crea;na-quinase (CK),
desidrogenase lác;ca (DHL) e aspartato aminotransferase
(AST).

Os venenos botrópicos e laqué;cos, especialmente o


de Bothrops jararacussu, têm a;vidade miotóxica. Os
doentes picados por estas serpentes apresentam
discretos aumentos de CK e AST.
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PATOGENIA – AÇÃO NEUROTÓXICA

Apresentam a;vidade neurotóxica os venenos de


Crotalus, Micrurus e Lachesis. Os venenos crotálicos,
principalmente a fração crotoxina, atuam bloqueando
a junção neuromuscular.

Os venenos elapídicos atuam na pré e na pós-sinapse,
havendo portanto, bloqueio da junção neuromuscular.
Admite-se que o veneno laqué;co tenha a;vidade
neurotóxica capaz de produzir síndrome de excitação
vagal causando bradicardia, diarréia, hipotensão arterial
e choque.
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ACIDENTE BOTRÓPICO
•  O acidente botrópico é causado por serpentes do
gênero Bothrops,dentre as quais destacam-se a
jararaca, a urutu;
•  Veneno de ação proteolí+ca,neurotóxica e
an+coagulante.

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ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

•  Acidente botrópico geralmente causa dor, edema


(inchaço) e equimoses (manchas roxas).
•  Tardiamente as bolhas podem surgir e até necrose.
•  Outra complicação acontece quando bactérias que
vivem na boca da serpente causam infecção na pele
do paciente.
•  Além das alterações, o sangue pode se tornar
incoagulável, predispondo a hemorragias que podem
por em risco a vida.

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ACIDENTE CROTÁLICO
•  Esse acidente é causado pelas serpentes do gênero
Crotalus,conhecidas por cascavéis.
•  As manifestações clínicas deste acidente são
precoces(três horas);
•  Veneno de ação hemolí<ca e neurotóxica.

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ACIDENTE CROTÁLICO
•  O acidente crotálico pode provocar fraqueza,
turvação da vista, queda das pálpebras e
paralisia de músculos da face.
•  Pode queixar-se também de dores musculares
e apresentar urina escura.
•  Apenas inchaço e formigamento discretos.
•  Em alguns casos, não é possível iden<ficar o
ferimento das presas.

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ACIDENTE LAQUÉTICO
•  O acidente laquésico é causado pelas serpentes do
gênero Lachesis,conhecidas como surucucu.
•  Inoculam grande quan<dade de veneno.

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ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

•  O acidente causado pela surucucu ou surucucu-


picode-jaca ocorre somente na Amazônia e na Mata
Atlân<ca.
•  Assim como no acidente botrópico, há dor, edema,
equimose e podem surgir bolhas, infecção e necrose.
•  Além das hemorragias, pode haver também
sudorese, náuseas e vômitos, cólicas abdominais,
diarréia,diminuição da freqüência dos ba<mentos
cardíacos e queda da pressão arterial.

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ACIDENTE ELAPÍDICO
•  O acidente elapídico se caracteriza pelo veneno é
tóxico para os nervos,músculos, provoca turvação
visual, queda das pálpebras e paralisia muscular que
pode comprometer a respiração do paciente.
•  Não há manifestações locais importantes.

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ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

•  As serpentes do gênero Micrurus, que são as corais,


causam este <po de acidente.
•  A ação neurotóxica deste veneno manifesta-se
precocemente e determina casos graves
•  A diferença da coral falsa é que nesta,os anéis não
contornam todo corpo da cobra.

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SINAIS E SINTOMAS GERAIS DOS
ACIDENTES
•  Dor local intensa
•  Marcas de picada(A cobra peçonhenta deixa
duas marcas de presas, a não peçonhenta
deixa várias marcas em forma de elipse);
•  Edema, vermelhidão e bolhas;
•  Dificuldades respiratórias;
•  Queda da pálpebra e distúrbios visuais;

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SINAIS E SINTOMAS GERAIS DOS
ACIDENTES
•  Alteração no nível de consciência
•  Reação anafilá<ca
•  Náuseas e vômitos
•  Convulsões
•  Relato de alteração da cor(escura) e
quan<dade(diminuída) da urina.

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QUADRO CLÍNICO – ACIDENTE BOTRÓPICO

LEVE MODERADO GRAVE


Manifestações locais
(calor, rubor, dor, Discretas Evidentes Intensas
edema)
Manifestações
sistêmicas Ausentes Ausentes ou Evidentes
(hemorragias, choque) presentes
Tempo de coagulação
Normal Alterado Incoagulável
Quantidade de veneno a
ser neutralizado 100 mg 200 mg 300 mg
Uso do garrote
Ausente Ausente ou Presente
presente
Tempo decorrido até o
socorro médico < 6 horas = 6 horas > 6 horas
TRATAMENTO DO ACIDENTE BOTRÓPICO

Tratamento específico com soro an;botrópico


CASOS QUANTIDADE DE SORO
Leves 100 mg (2 ampolas)
Moderados 200 mg (4 ampolas)
Graves 300 mg ou mais (6 ampolas ou +)

Tratamento de suporte

Local da picada, Uso de antibióticos, Tempo de coagulação, Fasciotomia,


Internação do doente
QUADRO CLÍNICO – ACIDENTE CROTÁLICO

MODERADO GRAVE
Fácies miastênico Discreta ou ausente Evidente

Mialgia Discreta ou ausente Presente

Visão turva Discreta ou ausente Presente

Mioglobinúria Ausente ou presente Presente

Oligúria e/ou anúria Ausente Presente ou ausente

Tempo de coagulação Normal Alterado

Quantidade de veneno a 150 mg 300 mg ou mais


ser neutralizado
TRATAMENTO DO ACIDENTE CROTÁLICO

Tratamento específico com soro anticrotálico

CASOS QUANTIDADE DE SORO


Moderados 150 mg (10 ampolas)
Graves 300 mg ou mais (20 ampolas ou +)

Tratamento de suporte

Hidratação adequada, Induzir diurese osmótica, Alcalinizar urina, Reavaliar o


tempo de coagulação, Insuficiência renal aguda, Internação do doente
TRATAMENTO DO ACIDENTE ELAPÍDICO

Tratamento específico com soro antielapídico


Aplicar 150 mg de soro pela via intravenosa

Tratamento de suporte

Neostigmina
Atropina
Cloridrato de Edrofônio
Vigilância permanente – insuficiência respiratória
Internar o doente
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ARANHAS
•  Conhecidas por aranhas
armadeiras;
•  O acidente causa dor local
intensa, geralmente
irradiando para a raiz do
membro.
•  Em crianças é possível
ocorrer choque
neurogênico após a picada.

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ARANHAS
•  Conhecidas como aranhas
de jardim, de grama ou
tarântula.
•  Apresentam como
caracterís<ca um desenho
negro em forma de ponta
de flecha no dorso do
abdome.
•  São aranhas que não são
agressivas.
•  Não há necessidade de
soroterapia específica.

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ARANHAS
•  Conhecidas por aranha-
marrom.
•  São aranhas pequenas,de
hábitos noturnos, podendo
viver no interior das
residências.
•  Não são agressivas, picando
quando comprimidas contra
a roupa.
•  O veneno manifesta
tardiamente,após o
acidente.

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ARANHAS
•  As aranhas caranguejeiras;
•  Sua importância médica
está no fato delas poderem
lançar pêlos ur<cantes,
situados no dorso do
abdome;
•  Podem causar reações de
hipersensibilidade, com
prurido cutâneo, mal-estar,
tosse, dispnéia.

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ARANHAS
•  Este acidente é causado
pelas aranhas
conhecidas
popularmente por
viúva-negra.
•  Dor intensa no local da
picada,mialgia intensa,
contraturas musculares
generalizadas podendo
levar a convulsões
tetânicas.

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ESCORPIÕES
•  Os escorpiões do gênero
Ty+us são os causadores
deste <po de acidente.
•  As principais espécies são o
Ty+us bahiensis e
Ty+us serrulatus.
•  Este úl<mo é o causador do
maior número de mortes,
principalmente crianças
abaixo de 7 anos de idade.

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TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR
•  Devemos manter a ví<ma em repouso absoluto e
não deixá-la locomover-se
•  Remover anéis, pulseiras, braceletes, e outros
adornos;
•  O local da picada deve ser lavado com água e sabão,
protegendo o local da lesão com cura<vo de gaze
seca;
•  Transportar ao hospital indicado e se possível e
seguro, capture o animal, levando-o ao hospital de
des<no da ví<ma, em recipiente adequado;

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TRATAMENTO
PRÉ-HOSPITALAR
•  Somente soro específico cura o envenenamento
provocado por picadas quando aplicado
adequadamente;
•  Não devemos fazer qualquer tratamento caseiro
como torniquete;sucção, perfuração, pó de
café ,fumo e outros;
•  Nos casos de acidentes com escorpiões, o risco de
vida aumenta quando a ví<ma <ver idade abaixo de
07 anos e acima de 50 anos ou ainda ví<ma que
apresente distúrbios orgânicos graves.

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ANIMAIS PEÇONHENTOS

Cuidados Imediatos nos Acidentes Ofídicos:

1) Sempre que houver certeza de picada de serpentes


venenosas há necessidade de hospitalização e soroterapia.
2) Toda vez que houver evolução clínica sugestiva,
identificado o agressor, a VÍTIMA deve ser hospitalizada e
receber soroterapia.
3) Na dúvida se houve ou não a picada, a VÍTIMA deve
permanecer em observação, pelo menos 24 horas.
4) Paciente deve ser mantido em repouso.
5) Não usar garrote, nem torniquete.
ANIMAIS PEÇONHENTOS

Cuidados Imediatos nos Acidentes Ofídicos:

6) Não cortar, não furar, não queimar.


7) Membro afetado posicionado para cima.
8) Analgésicos, limpar cuidadosamente o local da picada.
9) Controlar sinais vitais e volume urinário.
ANIMAIS PEÇONHENTOS

COMO PREVINIR ACIDENTES COM OFÍDIOS

• Nunca andar descalço, principalmente em mata.


(Dependendo da altura do calçado, os acidentes podem
ser evitados na ordem de 50 a 72 %);
• Usar luvas de couro em atividades rurais e de
jardinagem;
• Nunca colocar as mãos em tocas (para pegar pelo rabo
do tatu que é visto ao entrar) ou buracos na terra, ocos
de árvores, cupinzeiros, montes de pedras ou sob
pedras grandes;
ANIMAIS PEÇONHENTOS

COMO PREVINIR ACIDENTES COM OFÍDIOS

• Não utilizar diretamente as mãos ao tocar em sapé,


capim, mato baixo, montes de folhas secas. Usar
sempre um pedaço de pau, enxada ou foice, se for o
caso;
• Vedar frestas e buracos em paredes e assoalhos;
• Se, por qualquer razão, tiver que se abaixar, além de
olhar bem o local, procurar bater a vegetação ou as
folhas;
• Não depositar ou acumular material inútil junto à
habitação rural, como lixo, entulhos e materiais de
construção.

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