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NAT com firewall - simples, rápido e funcional

Todo administrador de redes aprende logo que uma das coisas mais importantes para qualquer
rede é um bom firewall. Embora existam muitos mitos em torno disto, os firewalls não fazem
milagres, apenas adicionam uma camada extra de proteção, escondendo as vulnerabilidades
das máquinas. Você pode ter um servidor IIS ativo com todas as vulnerabilidades possíveis
dentro da sua rede, mas ninguém poderá fazer nada se não conseguir se conectar à ele. Este é
o papel do firewall, limitar e filtrar os acessos aos servidores e estações de trabalho da sua
rede.

Existem vários tipos de firewall, de todos os preços. O tipo mais simples e ao mesmo tempo um
dos mais eficazes para PCs domésticos são os firewalls de bloqueio, onde você simplesmente
fecha todas as portas do micro (ou deixa abertas apenas as portas de que você realmente
precisa). Se ninguém consegue se conectar a seu PC, 90% das brechas de segurança são
anuladas.

Outro ponto comum é a necessidade de compartilhar a conexão com a Web. Isto permite que
você use o seu próprio PC, sem precisar montar e manter outro micro só para isso, além de
resolver as limitações do Coyote com modens PCI e placas de rede Wireless.

Isso pode ser feito facilmente através do iptables. A receita funciona em qualquer distribuição
que utilize o Kernel 2.4.x, basicamente qualquer coisa que você ainda possa querer usar hoje
em dia.

Existem vários programas gráficos para configuração de firewalls, como por exemplo o
GuardDog e o Shorewall (usado no Red Hat e Mandrake). Estes programas também trabalham
com o iptables, eles servem apenas para facilitar a configuração, criando as regras a partir das
escolhas feitas pelo usuário.

GuardDog - www.simonzone.com/software/guarddog/

Shorewall - shorewall.sourceforge.net/

A configuração do iptables é feita diretamente via terminal, basta você ir inserindo as regras
uma a uma. As regras se perdem ao reiniciar o micro, por isso depois de testar tudo vamos
criar um script para que elas sejam recriadas automaticamente a cada reboot.

O iptables é tão versátil que pode ser usado para praticamente tudo relacionado à inspeção,
encaminhamento e até mesmo alteração de pacotes. Se ele não fizer algo é possível criar um
módulo que o faça. Já que as possibilidades são infinitas mais seu tempo não, vou ficar em
algumas regras simples que resolvem a maior parte dos problemas do dia a dia. A partir daí
você pode ir se aperfeiçoando e desenvolvendo soluções mais sofisticadas.

Antes de mais nada você precisa verificar se o pacote do iptables está instalado. Se você estiver
no Mandrake digitar o comando:

# urpmi iptables

Se você estiver no Debian, Kurumin ou Conectiva, digite:

# apt-get install iptables

Para garantir que o iptables está mesmo carregado, execute também um:
# modprobe iptables

Vamos então à criação das regras que determinam o que entra e o que não entra na máquina.
Se o seu micro está ligado apenas à internet, sem uma rede local, então são necessárias
apenas duas regras para resolver o problema. Abra um terminal, logue-se como root e digite os
comandos:

# iptables -A INPUT -p tcp --syn -j DROP


# iptables -A INPUT -i ppp0 -p udp --dport 0:30000 -j DROP

Isso fará com que o micro passe a ignorar conexões vindas em qualquer porta TCP, sem enviar
sequer uma confirmação de que o pacote foi recebido. Você continuará conseguindo acessar a
internet normalmente, mas ninguém conseguirá se conectar diretamente ao seu PC; um
servidor Web ou SSH que você esquecesse de desativar passariam despercebidos.

Apenas as conexões iniciadas por você são aceitas, o que permite que alguns programas de
compartilhamento como o gtkgnutella e o Kazaa continuem funcionando normalmente. A
segunda regra é opcional (dica do Fabrício Carvalho), ela bloqueia também parte das portas
UDP, adicionando uma camada extra se segurança.

O efeito colateral é que alguns programas que abrem servidores podem deixar de funcionar.
Você não conseguirá mais receber arquivos pelo ICQ por exemplo, como se estivesse
acessando através de uma conexão compartilhada via NAT.

O interessante é que você pode desativar o firewall a qualquer momento, para isso basta um
único comando:

# iptables -F

Isso elimina todas as regras do iptables, fazendo com que seu micro volte a aceitar todas as
conexões. Você pode usá-la para permitir que alguém se conecte rapidamente via ssh na sua
maquina por exemplo e depois fechar tudo novamente reinserindo as regras anteriores.

Se você tiver uma rede local e quiser que os micros da rede interna sejam capazes de se
conectar normalmente, mas mantendo o bloqueio a tudo que vem da internet, basta dar um
"iptables -F" e começar de novo, desta vez adicionando primeiro a regra que permite os
pacotes vindos da rede local:

# iptables -A INPUT -p tcp --syn -s 192.168.0.0/255.255.255.0 -j ACCEPT

Em seguida vem os comandos anteriores:

# iptables -A INPUT -p tcp --syn -j DROP

Altere o "192.168.0.0/255.255.255.0" para a faixa de endereços e máscara de sub-rede que


estiver utilizando na sua rede. Este exemplo serve para redes que utilizam a faixa de
192.168.0.1 até 192.168.0.254.

O iptables processa os comandos em seqüência. Então todos os pacotes passam pela primeira
instrução antes de ir para a segunda. Quando um pacote vem de um dos endereços da rede
local é imediatamente aceito, os demais vão para as duas últimas linhas e acabam recusados. É
uma simples questão de sim ou não. A primeira linha diz "sim" para os pacotes da rede local
enquanto as duas últimas dizem "não" para todos os demais.

Liberando acesso a partir de determinadas portas

Imagine agora que você queira permitir ao mesmo tempo pacotes vindos da rede local e de
uma certa porta vinda da internet, como por exemplo, a porta 22 do SSH. Neste caso você
adicionaria mais uma regra, mantendo as regras anteriores:

# iptables -A INPUT -p tcp --destination-port 22 -j ACCEPT


# iptables -A INPUT -p tcp --syn -s 192.168.0.0/255.255.255.0 -j ACCEPT
# iptables -A INPUT -p tcp --syn -j DROP
# iptables -A INPUT -p udp -j DROP

Agora tudo o que vem na porta 22 (tanto da internet quanto da rede local) é aceito, tudo o que
vem da rede local é aceito e todo o resto é rejeitado. Você pode adicionar mais linhas para abrir
outras portas. Se você quisesse abrir também as portas 1021 e 1080, a lista ficaria assim:

# iptables -A INPUT -p tcp --destination-port 22 -j ACCEPT


# iptables -A INPUT -p tcp --destination-port 1021 -j ACCEPT
# iptables -A INPUT -p tcp --destination-port 1080 -j ACCEPT
iptables -A INPUT -p tcp --syn -s 192.168.0.0/255.255.255.0 -j ACCEPT
iptables -A INPUT -p tcp --syn -j DROP

Isso permite que você mantenha disponíveis apenas os servidores que você realmente quer
disponibilizar e nos momentos que quiser. A qualquer tempo você pode dar um "iptables -F" e
readicionar apenas as regras para fechar tudo.

Compartilhando a conexão com a internet

Vamos então à segunda receita, para compartilhar a conexão. Ela é ainda mais simples e
também permite ativar ou desativar o compartilhamento a qualquer momento.

Em primeiro lugar você deve configurar as suas placas de rede e modem e verificar se tanto a
conexão com a internet quanto a conexão com os micros da rede local estão funcionando
normalmente. O compartilhamento da conexão em si pode ser feito com apenas três comandos.

Para compartilhar a conexão do modem com a rede local:

# modprobe iptable_nat
# iptables -t nat -A POSTROUTING -o ppp0 -j MASQUERADE
# echo 1 > /proc/sys/net/ipv4/ip_forward

Para compartilhar uma conexão via ADSL ou cabo instalada na eth0:

# modprobe iptable_nat
# iptables -t nat -A POSTROUTING -o eth0 -j MASQUERADE
# echo 1 > /proc/sys/net/ipv4/ip_forward

Para desativar o compartilhamento, vale o de sempre:

# iptables - F

Isso mesmo, é só isso... :-) O compartilhamento é ativado ou desativado imediatamente, sem


que seja necessário reiniciar a conexão. Rápido, prático e confiável.

As três linhas, respectivamente:

1. ativam o módulo nat do iptables, responsável pela


tradução de endereços;
2. avisam para o iptables que ele deve direcionar todas as
conexões recebidas para a interface ppp0 (o modem) ou
eth0 (a primeira placa de rede) e devolver as respostas
para os clientes;
3. confirmam a ativação no arquivo de configuração do
TCP/IP.

Não faz mal se você acessa via modem e não fica permanentemente conectado. A regra
mantém o compartilhamento ativo mesmo que você desconecte e reconecte várias vezes.

Se os clientes da rede já estiverem configurados para acessar a web através do endereço IP


usado pelo servidor (192.168.0.1 se você quiser substituir uma máquina Windows
compartilhando através do ICS) você já deve ser capaz de acessar a web automaticamente nos
demais PCs da rede.

Uma observação é que estas regras não incluem um servidor DHCP, você deve configurar os
clientes com endereço IP fixo ou então ativar o serviço DHCPD na sua distribuição. No
Mandrake ou Red Hat basta ativar o serviço no painel de controle e o DHCP já irá funcionar
automaticamente.

A configuração nos clientes fica:

Endereço IP: qualquer endereço dentro da faixa de


endereços usados pelo servidor. Ex: 192.168.0.3.
Servidor DNS: os endereços dos servidores DNS do seu
provedor. Ex: 200.177.250.10
Gateway Padrão: o endereço do servidor. Ex:
192.168.0.1.
Domínio: O domínio do seu provedor. Ex: terra.com.br

As linhas de compartilhamento da conexão não conflitam com as regras de firewall que vimos
anteriormente, você deve apenas ter o cuidado de colocá-las no inicio da seqüência. Neste caso
nosso script completo ficaria assim:

# Carrega os módulos
modprobe iptables
modprobe iptable_nat

# Compartilha a conexão
modprobe iptable_nat
iptables -t nat -A POSTROUTING -o eth0 -j MASQUERADE
echo 1 > /proc/sys/net/ipv4/ip_forward

# Abre algumas portas (opcional)

iptables -A INPUT -p tcp --destination-port 22 -j ACCEPT


iptables -A INPUT -p tcp --destination-port 1021 -j ACCEPT
iptables -A INPUT -p tcp --destination-port 1080 -j ACCEPT

# Abre para a rede local

iptables -A INPUT -p tcp --syn -s 192.168.0.0/255.255.255.0 -j ACCEPT

# Fecha o resto
iptables -A INPUT -p tcp --syn -j DROP

Se você quiser que o PC também não responda a pings, adicione a linha:

echo "1" > /proc/sys/net/ipv4/icmp_echo_ignore_all

Mais uma linha interessante de se adicionar, que protege contra pacotes danificados (usados
em ataques DoS por exemplo) é:

iptables -A FORWARD -m unclean -j DROP


(esta linha deve ser adicionada antes das demais)

Automatizando a definição de regras

Agora já temos 10 comandos, fora os para abrir portas específicas. Não seria muito prático ficar
digitando tudo isso cada vez que precisar reiniciar o micro. Para automatizar isso, basta colar
todos os comandos dentro de um arquivo de texto. Você pode salvá-lo como por exemplo:
/usr/local/bin/meu_firewall.

Em seguida, dê permissão de execução para o arquivo com o comando:

# chmod +x /usr/local/bin/meu_firewall

Agora você terá um shell script que pode ser chamado a qualquer momento, bastando digitar:

# meu_firewall

Para tornar a inicialização realmente automática, você precisa apenas colocar o comando num
dos arquivos de inicialização do sistema. Abra o arquivo /etc/rc.d/rc.local e adicione a linha:

/usr/local/bin/meu_firewall

No Debian e Kurumin você pode usar o arquivo /etc/init.d/bootmisc.sh.

As regras que vimos acima funcionam como um firewall de bloqueio, ou seja, o servidor não
deixa que ninguém acesse os compartilhamentos de arquivos ou conectem o back orifice
instalado na máquina com o Windows 98, mas não impedem que os usuários baixem e-mails
com vírus ou que acessem uma página web que explore alguma das vulnerabilidades do IE por
exemplo. Ao usar clientes Windows, o ideal é complementar o firewall com um bom antivírus
Redirecionamento de portas

Vamos agora a um último passo que é fowardar certas portas para os hosts da rede interna.
Isso permite que você rode um servidor de FTP ou crie um servidor de Counter Strike, por
exemplo, em qualquer um dos micros da rede e não apenas no servidor que está diretamente
conectado à internet. O servidor simplesmente direciona todas as requisições recebidas na
porta para o micro especificado, de forma transparente.

O forward de portas também usa o Nat, por isso você também deve carregar o módulo caso
não tenha feito anteriormente:

# modprobe iptable_nat

Em seguida vem as regras para fazer o forward da porta. Neste caso estou direcionando a
porta 22 (do SSH) na conexão com a internet (eth0) para o micro 192.168.0.2 da rede local:

# iptables -t nat -A PREROUTING -i eth0 -p tcp --dport 22 -j DNAT --to-dest


192.168.0.2
# iptables -A FORWARD -p tcp -i eth0 --dport 22 -d 192.168.0.2 -j ACCEPT

Basta alterar a regra, adicionando a porta e a máquina da rede interna para onde ele deve ser
redirecionada. Se você acessa via modem, basta substituir o "eth0" em ambas as linhas por
"ppp0". Esta regra pode ser usada em conjunto com as anteriores, mas deve ir sempre logo no
início do arquivo, antes das regras para compartilhar a conexão e, claro, antes das regras para
fechar tudo :-)

Você pode repetir o comando várias vezes para direcionar varias portas diferentes para várias
máquinas. Naturalmente uma mesma porta não pode ser fowardada duas vezes.

Também é possível forwardar ranges de portas. No Unreal Tournament por exemplo, você
precisa abrir as portas UDP 7777, 7778 e 7779. Neste caso as regras seriam:

# iptables -t nat -A PREROUTING -i eth0 -p udp --dport 7777:7779 -j DNAT --to-dest


192.168.0.2
# iptables -A FORWARD -p udp -i eth0 --dport 7777:7779 -d 192.168.0.2 -j ACCEPT

Autor: Lacier Dias

Fonte:http://www.vivaolinux.com.br

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