Determinacao Do Teor de Cloreto
Determinacao Do Teor de Cloreto
Determinacao Do Teor de Cloreto
ISSN 0103-9830
BT/PCC/294
Conselho Editorial
Prof. Dr. Alex Abiko
Prof. Dr. Francisco Cardoso
Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr.
Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves
Prof. Dr. Antônio Domingues de Figueiredo
Prof. Dr. Cheng Liang Yee
Coordenador Técnico
Prof. Dr. Alex Abiko
Este texto faz parte da dissertação de mestrado de mesmo título, que se encontra à disposição com
os autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.
FICHA CATALOGRÁFICA
Pereira, Lúcia de Fátima Lacerda da Costa
Determinação de cloretos em concreto de cimentos Portland
: influência do tipo de cimento / L.F.L.C. Pereira, M.A. Cincotto.
– São Paulo : EPUSP, 2001.
19 p. – (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, De-
partamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/294)
RESUMO / ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
1.1. IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO ...............................4
1.2. OBJETIVOS......................................................................................................4
2. FONTES DE CLORETO NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO .............................5
2.1. MATERIAIS ......................................................................................................5
2.2 CLORETOS INTRÍNSECOS AO CONCRETO................................................5
2.2.1 Cloretos do meio externo .............................................................................7
3. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE CLORETOS EM CONCRETOS ................9
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL ...............................................................................11
4.1 MATERIAIS EMPREGADOS .........................................................................11
4.2 PRODUÇÃO DOS CONCRETOS, MOLDAGEM E CURA DOS CORPOS-
DE-PROVA.............................................................................................................12
4.3 OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS DE ANÁLISE .............................................13
4.3.1 Cloreto solúvel em água – Método ASTM C 1218 modificado
(ASTM,1992) ......................................................................................................13
4.3.2 Cloreto total solúvel em ácido- Norma ASTM- C114 (ASTM,1994) .......14
4.3.3 Determinação do teor de cimento no concreto ...........................................14
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................. 14
5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................19
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................19
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................20
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RESUMO
Este estudo aborda a aplicação dos métodos ASTM C1152 e C114 à determinação de
cloretos em concreto, total e solúvel. Os ensaios foram realizados em dois laboratórios,
o da Escola Politécnica da USP, em São Paulo e o da Universidade de Pernambuco, em
Recife. Foram preparados concretos com 5 tipos de cimento Portland: CPI- S, CPII F,
CP III, CP IV e CP V ARI , com adição de 0,30% de cloreto de sódio na água de
amassamento. Os objetivos foram o de obter resultados comparativos entre os diferentes
tipos de cimento, de determinar como se distribui o íon cloreto, solúvel e combinado, ao
longo da altura de corpos-de-prova de 10x20 cm de diâmetro, e de apresentar sugestões
aos métodos aplicados visando a sua normalização.
Os cálculos estatísticos mostram que esses métodos apresentam boa
reprodutibilidade, mas observada a correção indicada pelo IPT, de expressão do teor de
cloreto em relação ao consumo de cimento original. Para esta correção, na mesma
amostra em que são dosados os cloretos, é determinado o teor de cimento e a perda ao
fogo.
Não foram observadas diferenças significativas entre os cimentos, para o teor de
cloreto combinado. Dados publicados sobre a solubilidade do cloroaluminato em água
indicam que o tempo de 10 minutos, de solubilização da amostra, é excessivo. O
método de determinação de cloreto solúvel precisa pois ser ainda revisto.
ABSTRACT
This study is an application of ASTM methods C1152 and C114 to the total and
soluble determination of chlorid es in concrete. The tests were done by two laboratories,
that of EPUSP of the State University of São Paulo and that of POLI of the State
University of Pernambuco, on concretes prepared with five types of Portland cement:
CP I S, CPII F, CP III, CP IV e CP V ARI, with the addition of 0.30 % of sodium
chloride to the mixing water. The purpose of this study was to obtain comparative
results among different cements in order to determine the distribution of free and
combined chlorides through the height of th e specimens 10x20cm diameter and to
present suggestions for the standardization of these methods.
The statistical results showed the methods applied presented good
reproducibility between the two laboratories, provided that the correction indicated by
IPT is performed, that is, the expression of the percentage of chlorides in relation to the
original cement consumption. For this correction, the cement content and the loss on
ignition are determined, in the same sample in which the chloride was determined . The
difference between the results of the combined chlorides was not significant.
No significant differences between the cements were observed for the combined
chloride content. Published data on the solubility of chloroaluminate in water shows that
allowing 10 minutes for the solubilization of the sample is excessive. The tests for the
determination of soluble chloride must therefore be reviewed.
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1. INTRODUÇÃO
1.2. OBJETIVOS
2.1. MATERIAIS
Resumindo o que foi citado no item 2. 1, cada constituinte pode contribuir com
um dado teor de cloreto, e então o teor global depende da dosagem do concreto, isto é,
volume de agregado, consumo de cimento por m3 de concreto e porcentagem de aditivo
acelerador, ou outro que contenha cloreto na sua formulação, em relação à massa de
cimento.
Existem normas ou recomendações de alguns países sobre valores orientativos
quanto à concentração limite, acima da qual o cloreto passa a originar a corrosão.
O BRE (1982) considera um baixo risco de corrosão quando associado a um
valor limite de cloreto total por massa de cimento igual a 0,4 %, um risco intermediário
entre 0,4 % e 1,0 % e um alto risco quando o limite supera 1 %.
O ACI-COMMITTEE 222 (1984, apud FIGUEIREDO, 1994) permite uma
concentração máxima de cloreto total em relação à massa de cimento, de 0,15 %, e a BS
8110: Part 1 (BSI, 1985) estabelece 0,4 % para limite máximo para estruturas de
concreto armado e 0,1% para concreto protendido.
A NBR 6118 (ABNT, 2000) na última versão do projeto de revisão, não fixa
limite, citando apenas no capítulo 9.3.2 – “Mecanismos preponderantes de deterioração
relativos à armadura”, no item b: “despassivação por elevado teor de íon cloro (cloreto),
ou seja, por penetração do cloreto através de processos de difusão, de impregnação ou
de absorção capilar de águas contendo teores de cloreto, que ao superarem, na solução
dos poros do concreto, um certo limite em relação à concentração de hidroxilas
despassivam a superfície do aço e instalam a corrosão”.
O cimento Portland apresenta valores baixos de cloreto, não mais do que 0,01%,
em massa. Não há limite especificado na norma nacional. A norma BS 12 (BSI, 1991)
limita o teor de cloretos a no máximo 0,1%.
Além do teor de cloreto é importante a relação Cl-/OH- . Esta relação influencia a
corrosão porque, quanto maior a concentração de hidroxila (OH) -, mais íon cloreto livre
estará presente. DIAMOND (1986, apud KAYYALI; HAQUE, 1988) ressaltam a
importância da relação Cl-/OH- como um dado indicativo da despassivação do aço.
HAUSMANN (1990, apud TRITTHART, 1990) indica que o valor crítico para
a relação Cl-/OH- é 0,6. No entanto, TRITTHART (1990) só observou que esse valor é
excedido apenas para concretos com relação a/c acima de 0,6 e com teor de cloreto total
entre 1,0% e 1,5%, em relação à massa de cimento. Do seu estudo concluiu que o teor
de cloreto total é ainda o parâmetro mais importante.
Essa relação pode ser maior para concretos com pozolanas, uma vez que a cal é
consumida ao longo do tempo, por reação pozolânic a, com possibilidade de diminuir a
alcalinidade. No entanto, ISAIA (1995), estudando concretos com adição de até 50% de
pozolanas observou que o pH da água do poro manteve -se entre 11,9 e 12,3, e para o
concreto de referência, de cimento Portland CP V ARI, entre 12,0 e 12,3.
7
é mais rápido e a secagem é mais lenta; o interior do concreto nunca seca totalmente
(NEVILLE, 1997).
Portanto, é importante frisar que o ingresso progressivo de sais em direção à
armadura com ciclos de umedecimento e secagem estabelece um perfi l de concentração,
onde o teor de cloretos diminui com a distância à superfície. Experimentalmente, essas
concentrações são determinadas por análise química de amostras de pó retiradas com
profundidades crescentes a partir da superfície do concreto.
Diversas partes de uma estrutura podem sofrer ciclos diferentes de
umedecimento e secagem; isto porque a duração desses ciclos pode variar de um local
para outro, dependendo do movimento do mar e do vento, da exposição ao sol e do uso
da estrutura.
Os concretos na região de respingos, onde o molhamento pode ocorrer apenas
com a maré alta ou com o vento forte é mais vulnerável à corrosão.
A absorção capilar depende do diâmetro dos capilares do concreto que, por sua
vez, são variáveis no tempo, em função do grau de hidratação do cimento, da
composição química desse cimento, de eventuais adições e da relação água/cimento.
De fato, a estrutura da pasta de cimento é de natureza capilar, formada por poros
e produtos de hidratação sintetizados nas Tabela 1.
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL
1:2:3
CPI-S 364 35 2367 2,7
a/c = 0,50
1:2:3
CPII 364 40 2392 2,2
a/c = 0,50
1:2:3
CPIII 364 40 2372 2,1
a/c = 0,50
1:2:3
CPIV 364 27 2372 1,6
a/c = 0,50
1:2:3
CPV ARI 364 36 2367 2,0
a/c = 0,50
* Consistência medida pelo abatimento do tronco de cone (NBR 7223).
Os corpos-de-prova preparados foram mantidos em câmara úmida por 28 dias.
13
A amostragem é uma etapa fundamental por ser a base de avaliação de uma parte
muito grande de material do qual foi extraída a amostra, por conseguinte, é essencial
que a amostra utilizada para análise seja representativa de um todo.
Apenas um corpo-de-prova cilíndrico foi cortado em quatro seções transversais,
com 5cm de altura, com a finalidade de se verificar a variação dos resultados ao longo
do corpo-de-prova. Cada seção foi dividida em quatro partes, sendo cada quarto
destinado a diferentes laboratórios, tendo-se o cuidado de enviar para cada um as
amostras de uma mesma seqüência em altura, de acordo com a Figura 1.
Dois dos laboratórios determinaram o teor de cloreto nas quatro seções
transversais, chamados de lab. 1 e lab. 2, e um outro laboratório analisou apenas uma
das seções, sendo este designado lab. 3.
4.3.1 Cloreto solúvel em água – Método ASTM C 1218 modificado (ASTM, 1992)
adição de solução padrão de cloreto de sódio para evitar erros analíticos durante a
titulação.
4.3.2 Cloreto total solúvel em ácido- Norma ASTM C114 (ASTM, 1994)
*Laboratório 1
*Laboratório 2
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6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os primeiros resultados obtidos motivam a continuação do estudo deste tema,
dada a sua importância, na análise de estruturas de concreto, apresentando sinais de
corrosão.
Os dados obtidos pelos laboratórios são muito semelhantes conforme a análise
estatística, porém seria necessário a comparação com mais dois laboratórios, para
propor um método que seja normalizado;
O método descrito é perfeitamente aplicável ao concreto, observada a correção
indicada pelo IPT, isto é, de expressão do teor de cloreto em relação ao consumo de
cimento original, sendo necessário para isso a determinação do teor de cimento e o da
perda ao fogo da mesma amostra de concreto em que se determinam os cloretos.
Ressalta-se também que a preparação das amostras é uma etapa importante para obter
bons resultados na aplicação desses métodos.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. 1999, Standard test
method for water soluble chloride in mortar and concrete. C 1218M. In: Annual Books
of ASTM , v. 04.02, 1992.
2. -Standard Test Method for Acid -Soluble Chloride in Mortar and Concrete. ASTM
C 1152. In: Annual Book of Standards . Philadelphia, 1994.
4. -Standard test method for portland cement content of hardened hydraulic cement
concrete. C 1084. Annual Books of ASTM. v. 04. 02. c. 1084, 1997.
14. BS 6349: Part 1, Code of Practice for Maritme Structures. Amendment No. 4, AMP
6159, BSI, London, 1989.
16. BS 812: part 117. Method for determination of water soluble chloride salts, BSI,
1992.
17. BS 882: Specification for aggregates from natural sources for concrete, BSI, 1992
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21. HELENE, P.R.L. Corrosão de armaduras para concreto arma do. São Paulo,
Pini, 1986.
24. KAYYALI, O.A; HAQUE, M.N. Chloride penetration and the ratio of Cl/OH in the
pores of cement paste. Cement and Concrete Research,. v. 18, p. 895-00,
1988.
28. TRITTHART, J. Corrosion of reinforcement in concrete. (Publ ished for the society
of chemical industry by Elsevier applied, Science, 1990).
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