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CADERNO DO Professor
E N S I N O M é dio
Nos Cadernos do Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho/CEEJA são
indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos
apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram
verificados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria
de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação não garante que os sites indicados
permaneçam acessíveis ou inalterados após a data de consulta impressa neste material.
* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas neste material que
não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.
1. Arte – Estudo e ensino. 2. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Médio. 3. Modalidade
Semipresencial. I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. II.
Secretaria da Educação. III. Título.
CDD: 372.5
FICHA CATALOGRÁFICA
Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
Geraldo Alckmin
Governador
Cláudio Valverde
Secretário-Adjunto
Maurício Juvenal
Chefe de Gabinete
Secretaria da Educação
Herman Voorwald
Secretário
Vídeos: Cristiane Ballerini Roberto Giansanti e Silas Martins Junqueira; História: Denise
Mendes e Márcia Juliana Santos; Inglês: Eduardo Portela;
Equipe Técnica e Pedagógica Língua Portuguesa: Claudio Bazzoni, Giulia Murakami
Ana Paula Alves de Lavos, Carlos Ricardo Bifi, Elen Cristina Mendonça e Kátia Lomba Brakling; Matemática: Antonio José
S. K. Vaz Döppenschmitt, Emily Hozokawa Dias, Fabiana Lopes; Química: Olímpio Salgado; Sociologia: Dilma Fabri Marão
de Cássia Rodrigues, Fernando Manzieri Heder, Herbert Pichoneri e Selma Borghi Venco
Mauro de Mesquita Spínola Leitão, Cláudia Letícia Vendrame Santos, David dos Santos
Presidente da Diretoria Executiva Silva, Eloiza Mendes Lopes, Érika Domingues do Nascimento,
Fernanda Brito Bincoletto, Flávia Beraldo Ferrare, Jean Kleber
José Joaquim do Amaral Ferreira
Silva, Leonardo Gonçalves, Lorena Vita Ferreira, Lucas Puntel
Vice-Presidente da Diretoria Executiva
Carrasco, Luiza Thebas, Mainã Greeb Vicente, Marcus Ecclissi,
Gestão de Tecnologias em Educação Maria Inez de Souza, Mariana Padoan, Natália Kessuani Bego
Maurício, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Pedro
Direção da Área
Carvalho, Polyanna Costa, Priscila Risso, Raquel Benchimol
Guilherme Ary Plonski
Rosenthal, Tatiana F. Souza, Tatiana Pavanelli Valsi, Thaís Nori
Coordenação Executiva do Projeto Cornetta, Thamires Carolline Balog de Mattos e Vanessa Bianco
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Felix de Oliveira
Gestão Editorial Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito, Natália
Secretaria da Educação
Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
sumário
Apresentação 9
A escolarização de jovens e adultos no Brasil e no Estado de São Paulo 11
Princípios e concepções do Programa 14
O mundo do trabalho como eixo integrador
Levantamento de conhecimentos prévios
Problematização e contextualização
Orientação de estudos na Educação de Jovens e Adultos
Por que aprender a ler textos longos e difíceis?
Arte 31
Orientações gerais 33
Volume 1 38
Volume 2 58
Volume 3 79
Roteiros para exploração dos vídeos do Programa 96
7
Apresentação
Este Caderno do Professor compõe os materiais didáticos do Programa Educação de Jovens e Adul-
tos (EJA) – Mundo do Trabalho, produzidos especialmente para os Centros Estaduais de Educação de
Jovens e Adultos (CEEJAs). Além dele, você está recebendo os materiais destinados aos estudantes: os
três Volumes do Caderno do Estudante, os vídeos que complementam e problematizam os conteúdos
abordados nos Cadernos e, também, os dois vídeos de Orientação de estudo.
Esses materiais foram elaborados para atender a uma justa e antiga reivindicação de profes-
sores, estudantes e sociedade em geral: poder contar com materiais de apoio específicos para os
estudos desse segmento.
Afinal, você que atua nessa modalidade de ensino sabe que estudar na idade adulta demanda
maior esforço, dado o acúmulo de responsabilidades (trabalho, família, atividades domésticas etc.),
e que o ato de estar diariamente em uma escola é, muitas vezes, um obstáculo para a retomada dos
estudos, sobretudo devido à dificuldade de se conciliar estudo e trabalho. Nesse contexto, os CEEJAs
têm se constituído em uma alternativa para garantir o direito à educação aos que não conseguem
frequentar regularmente a escola, tendo, assim, a opção de realizar um curso com presença flexível.
No entanto, propor um material didático para esse contexto é um desafio. Por isso, buscou-se
estabelecer uma maior interlocução com os estudantes, favorecendo um diálogo mais claro e aces-
sível, a fim de provocá-los e, ao mesmo tempo, estimulá-los a estudar, sem banalizar os conteú-
dos desenvolvidos. Além disso, procurou-se favorecer um ensino emancipador, um dos principais
objetivos do Programa. Para tanto, considerou-se necessário ampliar significativamente o grau de
autonomia dos estudantes, de modo a contribuir com a formação de sujeitos críticos que leiam o
mundo e nele ajam, transformando-o, como apontava Paulo Freire em Pedagogia do oprimido (1970).
Assim, para facilitar os momentos de estudo, os Cadernos são consumíveis, o que permitirá aos
estudantes ter espaço para realização da maior parte das atividades – e também possibilitará a você um
maior acompanhamento do percurso de aprendizagem de cada estudante.
Os Cadernos foram organizados em Unidades, cada uma delas dividida em diferentes Temas.
Foram também criadas seções para favorecer o autoestudo e, ao mesmo tempo, possibilitar a
concretização dos princípios metodológicos do Programa, como levantamento de conhecimen-
tos prévios, contextualização, problematização e desenvolvimento de procedimentos de estudo,
entre outros.
Além disso, para ajudar os estudantes a compreender melhor alguns dos assuntos tratados nos
Cadernos das diferentes disciplinas, todos os Volumes contam com vídeos produzidos especial-
mente para o Programa, que explicam, exemplificam e ampliam os conteúdos tratados no material
impresso, sendo um importante recurso didático.
Este Caderno do Professor, por sua vez, foi planejado com o intuito de apoiar a organização
do seu trabalho pedagógico no CEEJA. As orientações propostas visam contemplar os momen-
tos em que os estudantes procuram o CEEJA para esclarecer dúvidas ou participar de atividades
programadas. Aqui, você encontrará orientações e sugestões específicas para cada um dos Volumes
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do Caderno do Estudante, organizadas nas seguintes seções: Oficinas, Atividades complementares,
Recursos para ampliar a compreensão dos temas e Roteiros para exploração dos vídeos do Programa.
Além disso, é importante que você conheça os objetivos e os conteúdos desenvolvidos nos
Cadernos do Estudante, bem como o teor dos vídeos que os acompanham, de modo a melhor pla-
nejar sua atuação.
O Programa EJA – Mundo do Trabalho conta ainda com um site exclusivo, que você poderá visitar
sempre que desejar: <http://www.ejamundodotrabalho.sp.gov.br>. Nele, além de informações sobre
o Programa, você acessa os Cadernos do Estudante, os Cadernos do Professor e os vídeos de todas as
disciplinas do Ensino Fundamental – Anos Finais, ao clicar na aba Conteúdo CEEJA. Lá também estão
disponíveis os vídeos de Trabalho, que abordam temas bastante significativos para jovens e adultos;
para encontrá-los, basta clicar na aba Conteúdo EJA. No site, você tem acesso ainda à Sala dos Pro-
fessores, um espaço virtual no qual pode postar comentários e dúvidas, além de compartilhar suas
experiências com outros docentes desse segmento.
Bom trabalho!
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A escolarização de jovens e adultos no Brasil
e no Estado de São Paulo
Os dados relativos à escolarização no Brasil e no Estado de São Paulo mostram que ainda
há muito por avançar no tocante à Educação de Jovens e Adultos (EJA). As Pesquisas nacionais
por amostra de domicílio (PNAD, 1997, 2011, 2012) apontam que a taxa de analfabetismo entre
pessoas de 15 anos ou mais no Brasil diminuiu entre 1997 e 2011 (de 14,7% para 8,4%, respecti-
vamente). No entanto, em 2012, essa taxa subiu para 8,5%, indicando um aumento de 300 mil
novos analfabetos em relação à pesquisa de 2011.
No que diz respeito ao Estado de São Paulo, dados da PNAD 2012 – compilados pela Secreta-
ria de Planejamento e Desenvolvimento Regional e veiculados pela Fundação Sistema Estadual
de Análise de Dados (Seade) – indicam que 3,81% da população com 15 anos ou mais ainda
está em condições de analfabetismo, embora esse porcentual tenha sido reduzido em relação
a 2007, quando a taxa encontrava-se em 4,61%. Em relação aos anos de escolaridade, 34,83%
da população com 25 anos ou mais tem no máximo oito anos de estudo, e apenas 69,50% da
população de 18 a 24 anos concluiu o Ensino Médio.
Por que isso acontece? Antes de se abordar diretamente a questão da Educação, é impor-
tante falar da formação social do Brasil e de seus desdobramentos na construção de uma
desigualdade social profunda. A síntese descrita por Gilberto Freyre em Casa-grande e senzala
(1933) ilustra parcialmente a relação de subordinação que esteve presente em nossa história
– posto que o autor acreditava haver uma relação afetiva entre senhor e escravo. A dimensão
da escravidão é um elemento diferencial entre os povos e carrega, ao longo de sua história,
desdobramentos que provocam diferenciações entre os iguais. Os dados do Censo nacional de
1890, por exemplo, apontavam que 82,63% da população com mais de 5 anos era analfabeta e,
em 1950, essa taxa ainda era de 57,2% (Paiva, 1990).
Partindo dessa compreensão, é possível apoiar-se em Álvaro Vieira Pinto (1983), que afirma ser
equivocado considerar os estudantes jovens e adultos como pessoas sem capacidade, desinteres-
sados, maldotados ou preguiçosos, marginalizando-os cada vez mais. Ao contrário, é preciso reco-
nhecer esses estudantes como seres produtores e portadores de ideias e conhecimentos valiosos.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, asse-
gurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria.
11
No entanto, ainda antes da consolidação da Constituição Federal de 1988, nos anos 1970,
com a Lei federal no 5.692/71, que instituiu o Ensino Supletivo no País, a possibilidade de um
trabalho mais específico passou a ser desenhada para o público da EJA. Foi naquele momento
histórico que se consolidou a criação dos Centros de Estudos Supletivos, ou Centros de Educa-
ção Supletiva, também denominados Núcleos Avançados de Estudos Supletivos. O Estado de
São Paulo optou pela denominação Centro Estadual de Educação Supletiva (CEES).
Contudo, segundo Rita de Cássia Morete (2010), naquele período, pela demanda da mesma
lei, enquanto o número de salas do Ensino Fundamental era ampliado, contraditoriamente,
o ensino de adultos era reduzido drasticamente no que dizia respeito ao atendimento à
demanda, uma vez que o ensino para o público da EJA poderia ser organizado de diversas for-
mas e em diferentes modalidades. Assim, na tentativa de atender as necessidades e expectati-
vas de um público que, por vezes, tem pressa – porque não obter a certificação de escolaridade
em um curto período pode significar, para um trabalhador, a demissão ou, se desempregado,
a dificuldade de concorrer a um posto de trabalho –, entre 1971 e 1976 ofereceram-se diversas
modalidades a esse público, criando-se, inclusive, o Serviço de Ensino Supletivo em 1976.
No que diz respeito ao Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA), o projeto
de implementação aconteceu também em 1976, sendo que as atividades iniciaram-se apenas
em 1981, nas dependências do Centro Estadual de Educação Supletiva Dona Clara Mantelli, no
município de São Paulo (Morete, 2010).
A LDB garante, portanto, uma modalidade de estudo organizada de forma modular, semi-
presencial e individualizada, tal como a proposta dos CEEJAs, uma vez que, em sua maioria,
os estudantes que frequentam essa modalidade de ensino são de uma realidade diferenciada
da vivida por aqueles que se mantiveram no ensino regular. Um dos elementos mais fortes de
diferenciação é o fato de estarem inseridos, de alguma maneira, no mundo do trabalho – e, para
grande parte deles, essa é a questão central que os pressiona e os desafia por diversas razões,
das quais a mais objetiva é a sobrevivência, ainda que não seja a única: persistência por uma
vida melhor e valorização da vida também perpassam a trajetória de cada estudante.
12
Em outras palavras, concebe-se neste Programa uma modalidade de ensino pautada no diá-
logo reflexivo e crítico, pelo respeito e pela valorização da cultura dos estudantes, assim como
pelo reconhecimento deles como pessoas com capacidade intelectual e direito à educação for-
mal. Compreende-se, portanto, que cada estudante é sujeito de seu processo de aprendizagem.
Nos momentos presenciais, será necessário dialogar com os estudantes e favorecer as condições
necessárias para que eles possam construir o conhecimento de forma analítica e sistematizada.
Com a Resolução SE no 3/2010, foram estabelecidas normas para a organização dos cursos de
EJA, confirmadas, posteriormente, pela nova LDB (2013). Os CEEJAs deveriam, a partir de então,
adotar materiais didáticos que atendessem às Propostas Curriculares dos cursos de Ensino
Fundamental e Médio da rede pública regular do Estado de São Paulo, garantindo o desenvol-
vimento efetivo do currículo oficial.
Assim como para outros segmentos da Educação, é essencial saber quem são esses estu-
dantes, como vivem e quais seus conhecimentos, para que o planejamento possa considerar
interesses e vivências, e para que eles próprios se conheçam e se reconheçam, construindo sua
identidade individual e de grupo. No caso do CEEJA, esse mapeamento é necessário para que
os estudantes possam identificar as próprias experiências e conhecimentos prévios, uma vez
que o estudo deverá ser autoinstrutivo, estabelecendo estratégias de confronto entre os conhe-
cimentos já construídos e os novos, que farão mais sentido quando articulados ao cotidiano
dos jovens e adultos.
Acredita-se, portanto, que este Programa possa contribuir para que os estudantes jovens e
adultos valorizem e reexaminem sua vivência e seu olhar sobre a realidade, e também com-
partilhem sua cultura e origem, com abertura para romper preconceitos.
13
Princípios e concepções do Programa
É por esses motivos que, sem negar a dinâmica das diversas áreas de conhecimento,
mas procurando não encerrá-las em compartimentos separados, este Programa propõe o
“mundo do trabalho” como eixo integrador dos conteúdos, a fim de facilitar a compreensão
dos temas desenvolvidos e favorecer uma visão não estanque entre os conteúdos e a vida de
cada estudante, como possibilidade de motivação e articulação que provoca novas relações
entre diferentes dimensões e conhecimentos.
Nessa direção, o currículo do Programa, proposto originalmente para utilização na EJA pre-
sencial, conta inclusive com a disciplina Trabalho. Essa opção foi feita com o intuito de estreitar
o diálogo entre Educação e trabalho, não em uma perspectiva pragmática e utilitarista, mas
reflexiva e crítica. O objetivo central dessa escolha foi o de considerar as expectativas e os inte-
resses de jovens em busca do primeiro emprego ou de adultos que desejam encontrar um novo
emprego, manter seu posto de trabalho ou mesmo procurar uma recolocação profissional. Para
tanto, os materiais abordam temas como direitos relacionados ao trabalho, previdência social,
tecnologia e trabalho, inserção da mulher no mercado de trabalho, trabalho por conta própria,
saúde e trabalho, assédio moral, sindicalismos e estratégias relativas à busca de um emprego,
entre outras temáticas de extrema significância para se entender as transformações no mundo
do trabalho e que permeiam o cotidiano dos estudantes da EJA.
Assim, embora a grade curricular para os CEEJAs não contemple tal disciplina, o conteúdo foi
desenvolvido de forma interdisciplinar, considerando-se os vínculos e as convergências com os
demais campos do conhecimento. Alguns temas, bem como a indicação de vídeos sobre trabalho,
foram incluídos nas disciplinas que compõem o currículo dos CEEJAs. Além disso, os Cadernos e
vídeos produzidos para a EJA presencial podem ser acessados na íntegra pelo site do Programa.
A sugestão é que essas temáticas possam ser desenvolvidas, por exemplo, em oficinas
ministradas por professores de diferentes disciplinas, o que pode motivar os estudantes a fre-
quentarem o CEEJA mais assiduamente.
14
Para você, professor, o acesso a esse conhecimento permite orientar e ajustar adequa-
damente sua intervenção pedagógica, tanto no que diz respeito à seleção de conteúdos e
atividades como à proposição de grupos de trabalho em que os estudantes possam também
aprender uns com os outros – quando se realiza uma oficina no CEEJA ou mesmo nos momen-
tos em que os estudantes o procuram para sanar dúvidas. Conhecer o que já sabem antes de
se propor uma atividade complementar propiciará boas situações de aprendizagem para que
eles avancem.
Os estudantes da EJA, de modo geral, desconhecem o quanto já sabem, em razão dos inúme-
ros percalços vividos nas trajetórias escolar e pessoal; por isso, é fundamental legitimar as expe-
riências e os conhecimentos construídos pelos estudantes jovens e adultos ao longo da vida. A
legitimação dos conhecimentos ocorre na medida em que esses são considerados, respeitados e
valorizados em sala de aula, de forma intencional e sistemática. Por isso a importância da seção
O que você já sabe?, que inicia cada um dos Temas do Caderno do Estudante.
Problematização e contextualização
A problematização e a contextualização são princípios essenciais de todo e qualquer pro-
cesso de ensino e aprendizagem. Pelo fato de os estudantes dos CEEJAs não poderem contar
com seu apoio direto, professor, faz-se ainda mais necessário que o próprio material procure
favorecer a construção de novos sentidos e motivar esses estudantes. Por essa razão, o mate-
rial produzido busca dialogar com a realidade e as necessidades desses jovens e adultos, para
que eles se percebam como sujeitos autônomos nesse processo, estabelecendo relações entre
a vida cotidiana e o que estão estudando.
A problematização dos conteúdos tem papel fundamental na relação entre teoria e prática, bem
como no diálogo com a visão de mundo e com os interesses dos estudantes. O cotidiano, muitas
vezes percebido apenas como recurso para ilustrar uma informação, é objeto de estudo fundamen-
tal, porque somente com base em uma reflexão sobre a realidade é possível transformá-la.
A contextualização, por sua vez, tem relação direta com a problematização, visto não ser
possível problematizar nenhum conteúdo sem que ele seja contextualizado. O tratamento con-
textualizado do conhecimento é uma opção metodológica importante para que os estudantes
possam ter um papel verdadeiramente ativo em seu processo de aprendizagem.
Professor, sempre que possível, tanto nas oficinas como nos encontros presenciais, procure
propiciar momentos específicos nos quais os estudantes possam expressar conhecimentos, opi-
niões, dúvidas e experiências, de modo que a problematização e a contextualização realizadas
por você possam fomentar o interesse dos estudantes. Nessa perspectiva, é importante que eles
se sintam acolhidos e à vontade nos momentos em que forem ao CEEJA, para que percebam que,
no espaço escolar, eles têm vez e voz, e que são reconhecidos como cidadãos plenos.
15
e adultos dos CEEJAs se apropriem de instrumentos essenciais para a construção de conhe-
cimentos que ampliem seu grau de autonomia. Essas aprendizagens que envolvem o ato de
estudar são importantes nessa direção.
Para tanto, é fundamental ao processo educativo levar em conta as especificidades dos estudan-
tes dessa modalidade de ensino, conhecendo e considerando a trajetória de vida desses jovens e
adultos – e compreendendo-as no contexto de desigualdades que marca a formação social do Brasil.
Para auxiliá-lo nessa tarefa, o material produzido para os estudantes dos CEEJAs optou por
garantir momentos específicos em todas as disciplinas para a realização de ações que envolvam
o ato de estudar, que contribuirão também para a vida profissional desses jovens e adultos.
Nos Cadernos do Estudante, a seção Orientação de estudo busca ajudar os estudantes a se apro-
priarem do ato de estudar, por meio da exploração de diferentes procedimentos: identificar a ideia
central de um texto; grifar aspectos mais relevantes em função dos objetivos de leitura; produzir
anotações com base nas leituras; organizar esquemas, resumos, fichamentos; realizar pesquisas
na biblioteca e na internet etc.
Vale salientar, ainda, que se incentiva neste material a prática de registros (Mills, 2009) que aju-
dem na organização e seleção de informações, tais como a produção de relatórios, comentários e
fichamentos, para que os estudantes historiem e compartilhem suas novas aprendizagens.
Foram também produzidos dois vídeos específicos sobre a importância do ato de estudar.
Esses vídeos enfocam a relevância de se desenvolver o hábito de estudo, mostrando aos estu-
dantes que estudar também se aprende, e contemplam alguns procedimentos de estudo pro-
postos no Caderno do Estudante, como grifo, anotação, resumo, esquema e listas, entre outros.
Sugere-se que esses vídeos sejam utilizados até mesmo em oficinas interdisciplinares, com
foco, por exemplo, no desenvolvimento de pesquisas.
Dessa forma, ao mesmo tempo em que os estudantes se apropriam dos conteúdos de diferentes
campos do conhecimento, eles poderão desenvolver maior grau de autonomia em relação ao estudo.
16
Evitar ou sonegar a leitura de textos mais longos e elaborados (como textos literários, expo-
sitivos de diferentes campos do conhecimento e/ou artigos científicos, entre outros) pode
tornar-se um impedimento ao próprio avanço dos estudantes na construção de novos conhe-
cimentos, bem como na ampliação de sua autonomia leitora e escritora.
Sobre textos curtos, é ainda importante destacar outro aspecto: ao simplificar e sintetizar
demasiadamente os textos, intencionando facilitar a “compreensão” dos estudantes, acaba-
-se, muitas vezes, provocando efeito contrário. Isso porque um texto muito simplificado pode
dificultar o entendimento e causar distorções no conhecimento – visto que, para reduzi-lo,
muitas informações, exemplos, descrições e explicações essenciais à compreensão são excluí-
dos, inclusive com risco de banalização dos conteúdos abordados. Além disso, nem sempre um
texto curto é, necessariamente, mais fácil de compreender.
Aprender a ler criticamente exige contato com textos diversos, de boa qualidade, de dife-
rentes gêneros textuais, que possibilitem ampliar o universo textual dos estudantes, insti-
gando sua criticidade. O material didático do Programa EJA – Mundo do Trabalho porta essa
dimensão, qual seja: a de favorecer um diálogo com textos mais elaborados, essencial a todo
processo de aprendizagem. E isso não se dá apenas por meio dos textos apresentados, mas por
questões em que os estudantes são convidados a recuperar ideias que favoreçam a criação de
hipóteses interpretativas, acionar conhecimentos prévios, estabelecer comparações e relações
com textos de outras disciplinas, bem como organizar registros das observações pessoais que
propiciam novos aprofundamentos.
Ao ler textos mais complexos, os estudantes se deparam com novas indagações e lacunas a
serem preenchidas, que estimulam sua curiosidade crítica e sua capacidade leitora. Tais desa-
fios precisam ser propostos. Contudo, antes de mais nada, os jovens e adultos da EJA precisam
se sentir legitimados e valorizados por seus professores como sujeitos capazes de aprender.
Assim, os textos apresentados nas diferentes disciplinas, apesar de contarem com uma
linguagem mais acessível, visam não banalizar os conteúdos e temas que tratam, podendo
se tornar objetos privilegiados para desenvolver a leitura de textos mais complexos. Com a
sua mediação, podem possibilitar aos estudantes o acionamento de conhecimentos prévios,
a recuperação do contexto de produção do texto estudado, a criação de inferências, hipóteses
17
e interpretações sobre o tema, como também o compartilhamento de impressões que podem
contribuir sobremaneira para a superação de possíveis dificuldades encontradas por eles ao se
confrontarem com os textos.
Desta forma, sempre que possível, é interessante compartilhar com os estudantes o objetivo da
leitura proposta, como também contextualizar e problematizar o tema a ser abordado, de modo
que eles criem expectativas acerca do que encontrarão no texto. Essas estratégias pedagógicas
favorecem aos estudantes acionar os conhecimentos e as experiências já construídos, facilitando
o estabelecimento de relações que ajudam a tornar mais significativas as leituras propostas. Ao
trabalhar com textos que considere mais “difíceis”, é importante você planejar as intervenções
pedagógicas das quais lançará mão, a fim de que os estudantes possam avançar em sua capaci-
dade leitora e também escritora – visto que ler e compreender textos mais complexos também
desenvolve a escrita e refina o senso crítico.
No caso de uma leitura colaborativa ou compartilhada para estudo do texto, você pode tam-
bém oferecer informações adicionais, a fim de apresentar o autor e o contexto de produção do
texto, e tecer outros comentários que possam provocar uma inquietação crítica, tão necessária
a todo processo de aprendizagem.
A leitura praticada na escola, sobretudo na EJA, precisa ocupar um espaço privilegiado que
legitime seu papel no processo de aprendizagem. Afinal, para muitos jovens e adultos, a escola
pode ser o único espaço em que eles têm maior contato com a leitura. Então, mais do que res-
postas prontas, sempre valem novos questionamentos: Como os estudantes da EJA poderão
aprender a ler textos difíceis se tiverem contato apenas com produções fáceis? Como poderão
ampliar seu grau de autonomia sem se aventurarem pelos caminhos da leitura? Como se tor-
narão cidadãos de direito se não forem reconhecidos como tal?
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18
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. Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional; Fundação SEADE. Perfil do
Estado de São Paulo. Educação. Disponível em: <http://produtos.seade.gov.br/produtos/perfil_
estado/>. Acesso em: 19 ago. 2014.
19
Conhecendo o Caderno do Professor
OFICINAS
Essa seção é destinada à sugestão de atividades a
serem realizadas em datas previamente agendadas com
os estudantes, estimulando-os a frequentar o CEEJA não
somente para esclarecer dúvidas ou realizar avaliações.
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Essa seção sugere atividades que podem
ser oferecidas aos estudantes nos momentos
presenciais com você, professor, quando eles
precisarem esclarecer dúvidas ou mostrarem
não ter compreendido adequadamente deter-
minado conteúdo. Você pode fazer os ajustes
necessários, tendo em vista as especificidades
de cada estudante.
O Caderno do Estudante do Programa EJA – Mundo do Trabalho/CEEJA foi planejado para faci-
litar os momentos de estudo e aprendizagem, tanto fora da escola como quando os estudantes
forem participar das atividades ou se encontrar com você, professor do CEEJA, ao mesmo tempo
em que busca concretizar os princípios já explicitados, como levantamento de conhecimentos
prévios, contextualização e problematização. O material é consumível, para que os estudantes
possam registrar todo o processo de estudo e identificar as dúvidas que tiverem.
Os Cadernos têm a seguinte organização: Língua Portuguesa e Matemática contam com 5
Unidades em cada Volume, e Arte, Biologia, Filosofia, Física, Geografia, História, Inglês, Química
e Sociologia têm 4 Unidades por Volume.
O SUMÁRIO
O Sumário apresenta a lista das Unidades e seus res-
pectivos Temas – cuja quantidade pode variar.
AS UNIDADES
Para orientar os estudantes, o início
de cada Unidade apresenta uma breve
introdução, destacando os objetivos e
os conteúdos gerais trabalhados, além
de uma lista com os Temas propostos.
22
OS TEMAS
As seções e os boxes
Os Temas estão organizados em diversas seções que visam facilitar a aprendizagem. Cada
uma delas tem um objetivo, e é importante conhecê-lo, para que possa orientar melhor os
estudantes.
23
Textos
Os textos apresentam os conteúdos e
conceitos a serem estudados em cada Tema.
Eles foram produzidos, em geral, procurando
dialogar com os estudantes, a partir de uma
linguagem clara e acessível.
Imagens também foram utilizadas para
ilustrar, explicar ou ampliar a compreensão
do conteúdo abordado.
Sempre que necessário, boxes diversos
ainda podem aparecer articulados a esses
textos, visando repertoriar os estudantes
para que eles possam dar prosseguimento
ao estudo.
Atividade
24
Hora da checagem
25
Algumas seções não estão presentes em todas as Unidades,
mas complementam os assuntos abordados!
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
Para que os estudantes se tornem cada
vez mais autônomos para estudar, essa
seção enfoca, de modo mais sistematizado,
diferentes procedimentos de estudo, im-
portantes para a leitura e a compreensão
dos textos e a realização das atividades,
como grifar, anotar, listar, fichar, esquema-
tizar e resumir, entre outros. Esses proce-
dimentos também são abordados nos dois
vídeos de Orientação de estudo.
PENSE SOBRE...
Essa seção é proposta sempre que houver
a oportunidade de problematizar algum con-
teúdo desenvolvido, por meio de questões
que fomentem a reflexão dos estudantes a
respeito dos aspectos abordados no Tema.
DESAFIO
Essa seção apresenta questões
de concursos públicos ou de provas
oficiais (como Saresp, Enem, entre
outras) que são relacionadas ao con-
teúdo abordado no Tema. Assim,
os estudantes terão a oportunidade
de conhecer como são construí-
das as provas em diferentes locais
e a importância do que vem sendo
aprendido no material. As respostas
também estão disponíveis na seção
Hora da checagem.
26
MOMENTO CIDADANIA
Essa seção aborda assuntos que têm
relação com o conteúdo abordado e que
também dialogam com interesses da so-
ciedade em geral. Ela informa sobre leis,
direitos humanos, fatos históricos etc.,
que ajudarão os estudantes a aprofunda-
rem seus conhecimentos sobre a noção
de cidadania.
GLOSSÁRIO
Esse boxe apresenta verbetes com
explicações sobre o significado de palavras
e/ou expressões que aparecem nos textos,
com o objetivo de facilitar a compreensão
dos estudantes.
27
BIOGRAFIA
Esse boxe aborda aspectos
da vida e da obra de autores ou
artistas trabalhados no material,
para ampliar a compreensão dos
estudantes a respeito do texto ou
da imagem que estão estudando.
ASSISTA!
Esse boxe indica os vídeos do Programa, que
os estudantes podem assistir para complemen-
tar os conteúdos apresentados no Caderno.
São indicados tanto os vídeos que compõem
os DVDs entregues com os Cadernos quanto
outros, disponíveis no site do Programa. Para
facilitar a identificação, há dois ícones usados
nessa seção.
FICA A DICA!
Nesse boxe, os estudantes encontrarão
sugestões diversas para saber mais sobre o
conteúdo estudado no Tema: assistir a um
filme ou documentário, ouvir uma música,
ler um livro, apreciar uma obra de arte etc.
Esses outros materiais os ajudarão a ampliar
seus conhecimentos.
VOCÊ SABIA?
Esse boxe apresenta curiosidades relacio-
nadas ao assunto abordado, de modo a com-
plementar o conhecimento dos estudantes.
28
ARTE
Os vídeos do Programa
VOLUME 1
Linguagens da arte
A construção da sonoridade
VOLUME 2
Semana de Arte Moderna GEOGRAFIA
Dança: corpo e movimento
VOLUME 1
VOLUME 3 O mundo da cartografia
Arte contemporânea 1 Primavera Árabe
Arte contemporânea 2 Desmatamento e preservação
VOLUME 2
BIOLOGIA Agricultura familiar
Caminhos da mobilidade
VOLUME 1 A água que nos resta
Efeito estufa
A bioquímica dos alimentos VOLUME 3
América Latina
VOLUME 2 A África do Sul de Mandela
Especiação
Evidências da evolução
VOLUME 3 HISTÓRIA
DNA, molécula da vida
Aconselhamento genético VOLUME 1
Escravidão na Antiguidade
O Renascimento
FILOSOFIA
VOLUME 2
VOLUME 1 Os bandeirantes
O que é Filosofia? Legados da Revolução Francesa
A caverna de Platão
VOLUME 2 VOLUME 3
Público e privado O trabalho em tempos de ditadura
Hobbes e Rousseau: a sociedade em debate O Brasil e a nova ordem econômica
VOLUME 3
Banalidade do mal
Bioética
inglês
VOLUME 1
Física English: a global language?
A little bit of England in Brazil
VOLUME 1
Por dentro dos movimentos VOLUME 2
Dinâmica dos movimentos The history of cinema
Cinema and work
VOLUME 2 Stereotypes in movies
Energia: movimento e transformação
Princípios da luz VOLUME 3
VOLUME 3 Volunteers
Eletrização: que raio é isso? First job
Eletricidade: por dentro do gerador Jobs of the future
29
LÍNGUA PORTUGUESA Química
VOLUME 1 VOLUME 1
Linguagens e contextos Controle da qualidade dos combustíveis
O mundo da leitura Fermentação
Literatura em prosa e verso
VOLUME 2
Mil e uma histórias
Ligações químicas
Uma língua, muitas línguas Por dentro da pilha
VOLUME 2 VOLUME 3
Crônica, um gênero brasileiro Reações químicas
Escrever é preciso A importância do pH
Pontuação, coerência e coesão
Canções de Noel Rosa SOCIOLOGIA
Poder de síntese
VOLUME 1
VOLUME 3 Surgimento da Sociologia
Os textos conversam? Autores clássicos da Sociologia
Machado de Assis, um clássico
VOLUME 2
Relatar, uma arte
Desigualdade social
Redação: provas e concursos Faces da violência
Contos fantásticos
VOLUME 3
Trabalho precário e terceirização
MATEMÁTICA Organização do trabalho
Força feminina
VOLUME 1 Sindicalismo: uma história
Conjuntos numéricos no dia a dia
Relações entre grandezas
Funções de 1o grau ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
Equações e funções quadráticas
Relações geométricas Por dentro do EJA – Mundo do Trabalho
Estudar também se aprende
VOLUME 2
Sequências numéricas
Logaritmo tem história
Para que serve o logaritmo?
Matrizes no cotidiano ENSINO FUNDAMENTAL
A N O S F I N A I S
Objetos tridimensionais
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
VOLUME 3
Áreas e volumes Estudar também se aprende
30
arte
Caro(a) professor(a),
A Arte, por muito tempo, ocupou um espaço menor nas escolas em relação
às demais disciplinas, levando, muitas vezes, à construção de uma percepção
equivocada sobre sua importância e diminuindo o valor desse campo do conhe-
cimento tão essencial à formação humana. É possível reverter esse processo
legitimando tal área do conhecimento.
Outro aspecto que vale a pena ser reforçado nas oficinas refere-se ao eixo
de produção. Nesse momento, as intervenções pedagógicas são importantes,
levando em conta que, na maior parte das outras situações de aprendizagem, os
estudantes não terão esse apoio direto, pois estudarão sozinhos.
Você pode propor aos estudantes que escrevam comentários pessoais sobre
o que viram ou que façam uso de roteiro para acompanhamento da exibição
dos vídeos. Essas alternativas de registro são bem valiosas e favorecem muito a
aprendizagem.
Vale salientar, ainda, que para garantir a compreensão das temáticas é fun-
damental compartilhar o contexto de produção de uma obra de arte, seja ela
teatral, musical, visual ou coreográfica. Por exemplo: informar quem é o autor da
obra, sua origem, data da produção, em qual linguagem atua, intencionalidade,
se possível, e, especialmente, em qual contexto social, político, histórico, cultural
foi produzida, onde ela já foi e está exposta etc. Isso amplia consideravelmente a
capacidade de apreciação e interpretação dos estudantes.
Bom trabalho!
Orientações gerais
A proposta de Arte para o Programa EJA – Mundo do Trabalho encaminha uma compo-
sição que possibilita, durante o curso, um encontro das diferentes linguagens artísticas –
teatro, música, artes visuais e dança –, proporcionando aos estudantes maior intercâmbio
entre elas.
Atualmente, novos modos de ensinar orientam o diálogo entre as áreas do currículo, mar-
cado por um movimento contínuo, criando ou recriando pontos para discussão, interligando
em uma rede várias disciplinas.
É essa a ação pretendida neste trabalho; as disciplinas precisam interagir, produzindo sig-
nificados mais relevantes, pois nenhuma delas produz isoladamente uma visão coerente da
realidade.
Além disso, a arte nem sempre se apresenta no cotidiano como obra de arte. Mas pode ser
observada na forma dos objetos, no arranjo de vitrines, na música dos puxadores de rede,
nas ladainhas entoadas por tapeceiras tradicionais, na dança de rua executada por meninos
e meninas, nos pregões de vendedores, nos jardins, na vestimenta etc. O incentivo à curiosi-
dade pela manifestação artística de diferentes culturas, por suas crenças, usos e costumes,
pode despertar no aluno o interesse por valores diferentes dos seus, promovendo o respeito
e o reconhecimento dessas distinções; ressalta-se assim a pertinência intrínseca de cada
grupo e de seu conjunto de valores, possibilitando ao aluno reconhecer em si e valorizar no
outro a capacidade artística de manifestar-se na diversidade.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte. Brasília: MEC/SEF, 1997, p. 37. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>. Acesso em: 29 set. 2014.
Problematização
A problematização é a ação-chave do processo de ensino e aprendizagem, pois permite
provocar nos estudantes a necessidade de acionar suas experiências e seus conhecimentos
prévios para analisar determinada situação, a fim de resolver desafios e conflitos, encontrar
respostas, buscar explicações, entre outras possibilidades de investigação e solução de proble-
mas, incentivando uma curiosidade crítica. Tal procedimento é fundamental para a constru-
ção de novos conhecimentos e de novos modos de atuar diante das situações cotidianas, não
somente das escolares.
33
As ações de aprendizagem
Metodologicamente, de acordo com os PCNs, o ensino de Arte, visto como área de conhe-
cimento e linguagem, designa como componentes curriculares três eixos que possibilitam a
exploração, a interpretação e a operacionalização dos conteúdos. São eles:
Partindo do conceito de que arte é linguagem e suas produções também podem ser consi-
deradas textos, é possível tratar de signos e códigos verbais e não verbais que envolvem sujei-
tos, tempos e lugares diversos. Ampliando esse conceito para todas as linguagens artísticas,
pode-se considerar esses “textos” como visuais, sonoros, gestuais, corporais, audiovisuais
etc. Assim, ler obras de arte e produções artísticas, no sentido mais amplo, é atribuir sentidos
e significados a textos expressos em suas diferentes modalidades: escultura, pintura, vídeo,
fotografia, música, dança, teatro, cinema e outras mais.
O contato com a arte e com a cultura sensibiliza e educa os sentidos. Por isso, ler e apre-
ciar arte em suas diferentes linguagens é uma importante atividade também estendida ao
âmbito escolar.
34
Na leitura de imagens, sons, gestos, movimentos, é importante que você, professor, instigue
esse processo, chamando a atenção dos estudantes para aspectos formais e interpretativos da
obra em questão. Não se trata de explicar a obra apresentada, com interpretações definitivas,
e sim de estimular a observação, o levantamento de hipóteses.
Para isso, você pode introduzir questões do campo da arte, como observar os elementos
expressivos e valores simbólicos que fazem parte de cada linguagem, além de oferecer infor-
mações sobre materiais, técnica, movimento, estilo, época e incentivar a busca de significados.
Nesse último aspecto, é preciso ter cuidado para ouvir outras possibilidades de entendimento,
outros sentidos que podem ser agregados aos já “conhecidos” sentidos dados pelos artistas e
pelos historiadores e críticos de arte.
• O fazer artístico
O “fazer” foi pouco contemplado no Caderno do Estudante, porque exige materiais, pes-
quisa, debate, orientação durante o processo artístico, consultas ao professor, explicações
sobre os procedimentos, entre outros fatores. Portanto, é de suma importância que você
garanta esse eixo nas oficinas sob sua orientação.
Para isso, neste Caderno, são sugeridas algumas práticas artísticas para instigar os estudan-
tes a executar diferentes procedimentos, expressões, processos de criação. Nessas atividades
de produção, espera-se que seu papel, professor, seja o de desafiar, incentivar, problematizar,
procurar ampliar as experiências e os conhecimentos de cada um.
35
• A contextualização/reflexão
Toda obra de arte é fruto de um momento social, político, histórico, filosófico e cultural.
Nesse sentido, é fundamental contextualizá-la historicamente, discorrendo sobre o autor e sua
obra, as questões artísticas e estéticas, analisando essa rede de fatos, de informações, relacio-
nando-a, associando-a, comparando-a não apenas a uma disciplina, mas a um vasto conjunto
de conhecimentos que a envolve. Espera-se, portanto, que os estudantes desenvolvam ideias e
reflexões por meio da interação com informações sobre arte e cultura em geral.
Além disso, aprender conteúdos novos é um desafio, motiva os estudantes a buscar e des-
cobrir outras maneiras de expressar seus sentimentos e pensamentos por meio das especifici-
dades de cada linguagem artística.
No entanto, os demais eixos não deixaram de ser abordados, ainda que de maneira menos
frequente. Como dito antes, o fazer requer certas condições, como acompanhamento mais pró-
ximo do professor, seleção de materiais, orientações quanto à criação/produção e à apreciação
estética, relações entre ideia e signo, esclarecimento de dúvidas.
Além disso, vale lembrar que muitas das propostas relativas ao fazer, especialmente em
teatro e dança, exigem trabalho em grupo, o que será contemplado aqui, no Caderno do Pro-
fessor, por meio de oficinas e atividades complementares.
36
Há, ainda, os temas transversais, que acompanham o estudo das linguagens artísticas. Ao
trabalhar, por exemplo, a preservação do patrimônio cultural artístico, são discutidos temas
transversais como ética, trabalho, pluralidade cultural, entre outros.
Nas propostas de exposição de trabalhos dos estudantes, sugere-se motivá-los também para
a curadoria, despertando, assim, o interesse e o respeito pela própria produção, pela dos cole-
gas e de outras pessoas, possibilitando a socialização das produções realizadas e a discussão
de fechamento.
Sistematização
A sistematização em Arte propicia que os estudantes se situem como aprendizes, retomem
os conteúdos estudados, além de servir de apoio para você avaliar sua atuação didática.
37
VOLUME 1
38 VOLUME 1
Objetivos
Os temas das Unidades do Volume 1 têm como objetivo uma breve introdução sobre as lin-
guagens da arte. Para tanto, as produções propostas nas oficinas e atividades complementares
visam apresentar ou retomar os conhecimentos contidos no Caderno do Estudante. Dessa
forma, os três eixos que norteiam a disciplina serão abordados ao longo deste Caderno.
amplamente pelas linguagens da arte: linhas, •• Recipientes para mistura de tintas opcional
É importante que cada situação exposta seja classificada quanto à utilização de código verbal ou
não verbal para a comunicação. Caso perceba que os estudantes estão com dificuldade em encon-
trar exemplos, você pode citá-los e solicitar que eles os classifiquem. Algumas sugestões: balançar
a cabeça negativamente, cartão vermelho no futebol, polegar erguido, entre outros.
VOLUME 1 39
Outra opção é questioná-los também sobre a música que associam a essa obra e sobre o
significado que cada um atribui a seus elementos.
A técnica de pintura, assim como o uso de material, é livre, mas é importante orientá-los
com relação ao uso do material selecionado para a produção: lápis de cor, giz de cera, caneta
hidrocor, tinta guache.
Também é fundamental que, antes de começarem a produção, eles planejem como ela será.
Para isso, você pode sugerir que cada um responda a algumas questões, tais como:
Depois de pronto, cada estudante pode apresentar seu trabalho para que os colegas o interpre-
tem. Durante as apresentações, é interessante reforçar a ideia de que os códigos não verbais podem
expressar ideias, sentimentos e pensamentos, assim como os verbais.
A proposta é que, ao final da oficina, todas as produções sejam expostas em algum espaço
do CEEJA para serem apreciadas.
Para isso, sugere-se o planejamento de uma peça, a fim de promover uma aproximação
com as diversas etapas envolvidas nessa atividade. Se for possível, eles podem encenar a
peça planejada.
É interessante começar com uma roda de conversa, para verificar entre os estudantes quem
já foi ao teatro assistir a uma peça ou mesmo se alguém tem alguma experiência na área, seja
em atuação, seja nos bastidores, como maquiador, iluminador, sonoplasta etc.
Vale lembrar que filmes, novelas, seriados e programas de TV de forma geral também fazem
uso da encenação. Isso pode ajudar a aproximá-los desse universo. Entretanto, é importante
estimulá-los a frequentar o teatro para vivenciar uma experiência diferente da televisão, que,
apesar de muitas vezes utilizar recursos semelhantes, é diferente da encenação teatral.
40 VOLUME 1
Outra sugestão é apresentar uma seleção de vídeos com trechos de peças de teatro, para
que eles possam ter maior aproximação com a linguagem, sabendo que é bem diferente de
assistir a uma peça ao vivo.
Em seguida, você pode dividir a turma em grupos e propor uma discussão sobre o que é
necessário para a criação e a montagem de uma peça teatral.
•• Quais os personagens?
É essencial que os grupos tenham um tempo para conversar e chegar a um consenso acerca
da encenação.
Com o planejamento finalizado, falta colocá-lo em prática. Ainda em grupos, você pode per-
guntar aos estudantes quem tem interesse em atuar, em criar cenários, figurinos, maquiagem,
sonoplastia, iluminação, em dirigir a peça.
Sugere-se que cada grupo se organize de acordo com o interesse nas diferentes ações envol-
vidas e que depois compartilhe os resultados, de modo a realizar uma atividade coletiva, com
construção de valores solidários, evitando o espírito de competição. Nesse momento, é impor-
tante garantir que os estudantes exponham dúvidas, dificuldades e facilidades encontradas em
cada função do fazer teatral trabalhada durante a oficina.
Por fim, cada grupo pode apresentar a peça para o restante da turma ou até mesmo para
outras turmas do CEEJA, caso seja possível.
VOLUME 1 41
Cores, linhas, formas, sons, silêncios,
gestos podem expressar ideias e sentimentos TEMA 1
O objetivo desta atividade é refletir sobre a arte como linguagem. A sugestão é que seja
oferecido ao estudante um texto (linguagem verbal) e uma orientação para transformá-lo em
linguagem não verbal.
Por exemplo, você pode propor a leitura de um pequeno texto ou de uma frase e pedir que
o estudante faça sua interpretação elaborando um desenho, uma pintura ou uma colagem ou
produzindo um som. O importante é que ele escolha a linguagem com a qual se sente mais
confortável para trabalhar.
O estudante pode, então, apresentar o trabalho realizado, a fim de refletir sobre o tema tra-
tado, assim como as dificuldades ou dúvidas surgidas durante o desenvolvimento da proposta.
correspondente ao trecho escolhido. •• Texto Boca de Ouro (Nelson Rodrigues, 1959) opcional
Também pode ser usado um dos textos •• Filme Boca de Ouro (direção de Nelson Pereira dos
e filmes sugeridos na seção. Santos, Brasil, 1963. 103 min) opcional
42 VOLUME 1
Para professores e professoras
Textos
BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo:
Cortez, 2005.
COURTNEY, Richard. Jogo, teatro & pensamento: as bases intelectuais do teatro na educação.
2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003. (Coleção Estudos).
GAGE, John. A cor na arte. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. (Coleção Mundo da arte).
PILLAR, Analice Dutra. Desenho e escrita como sistemas de representação. 2. ed. Porto Alegre:
Penso, 2012.
Os estudantes podem comentar sobre músicas que escutam no dia a dia e até mesmo
cantar, caso se sintam à vontade.
Você pode explicar a diferença entre ouvir e escutar, consultando, se necessário, o Caderno
do Estudante.
VOLUME 1 43
Talvez, por apenas ouvirem, os estudantes tenham dificuldade em lembrar-se de alguns
sons cotidianos. Assim, é interessante dar exemplos de como ocorrem esses sons, como no
rádio do carro, na estação do metrô, em carros de propaganda, na abertura de algum pro-
grama, no MP3 player, no celular etc.
Nesta oficina, são trabalhados dois parâmetros: altura e intensidade. Altura é a propriedade
sonora identificada mais facilmente, pois refere-se ao grave e ao agudo, e não ao mais alto e ao
mais baixo, como usualmente se confunde. Intensidade é o que determina se o som é forte (como a
turbina de um avião) ou fraco (como uma chuva fraca).
Em continuidade, você pode pedir aos estudantes que formem grupos, dependendo do
número de presentes.
Para trabalhar a altura, uma alternativa é propor que busquem na memória sonora: os sons
mais graves e mais agudos que já ouviram; o instrumento de som mais grave e mais agudo
que conhecem e como esse som é produzido (por exemplo: manipulando cordas, assoprando
ou agitando).
Professor, para apresentar mais informações sobre as famílias dos instrumentos e sobre a
formação de uma orquestra, sugere-se a exibição do vídeo O encanto da música erudita.
Em seguida, para trabalhar a intensidade, a proposta é que alguns grupos tenham como
tarefa a produção de sons fortes; e os demais, a produção de sons fracos. Para emitir os sons,
eles podem usar materiais escolares, objetos da sala, a voz ou o corpo.
Para o encerramento, uma possibilidade é que a apresentação seja feita sob sua regência,
com as sequências dos sons dos grupos. São inúmeras as variações. Ao final, é interessante
analisar e discutir as produções e pedir que os estudantes descrevam os materiais que utilizaram,
44 VOLUME 1
a fim de reforçar os parâmetros musicais dessa oficina e a produção com objetos não conven-
cionais. Em uma próxima oficina, você pode repetir os exercícios trabalhando os demais parâ-
metros do som (timbre e duração) e também incentivar os grupos a criarem apresentações que
combinem os quatro parâmetros.
Depois dessa conversa, você pode propiciar a ampliação do conhecimento dos estudantes
sobre a modinha, explicando que ela tem origem controversa: alguns teóricos afirmam ser bra-
sileira; outros, portuguesa. O gênero surgiu, provavelmente, dentre as elites que governavam
o Brasil Colonial, porém sua popularização deu-se com mais força na década de 1770, com as
composições do padre, poeta e músico brasileiro Domingos Caldas Barbosa.
Escolhidas as músicas, propõe-se que ocorram duas audições de cada uma delas:
VOLUME 1 45
Ao final das audições, você pode fazer perguntas como:
O certo ou o errado não estão em jogo, mas a criação, com a motivação do que ouviram.
Para incentivar a apresentação dos grupos, eles têm a opção de fazer o acompanhamento
com palmas, sons de objetos, sons vocais etc.
46 VOLUME 1
local onde se encontra, tanto os internos como os externos ao CEEJA. A proposta é que ele anote
esses sons e os classifique como naturais ou culturais, de acordo com o Caderno do Estudante.
Respondidas as questões, você pode apresentar uma música que contemple esses sons
como forma de sistematizar o conteúdo. Algumas sugestões que apresentam sons culturais e
naturais são: Good morning, good morning (The Beatles); Blackbird (The Beatles); Melodia das flo-
restas (Corciolli); Música da lagoa (Hermeto Pascoal).
•• Você percebe pelo timbre quais são os instrumentos que acompanham a música?
•• Se fosse convidado para compor a letra para um lundu marajoara, sobre o que falaria?
Respondidas as questões, você pode solicitar ao estudante que escreva uma estrofe para a
melodia do lundu marajoara, para ser entregue em outro encontro no CEEJA. Nesse encontro, é
interessante, se possível, conversar com ele sobre as respostas dadas, a produção, o que dese-
jou expressar com a composição e se o objetivo foi atingido.
VOLUME 1 47
Para professores e professoras
Textos
ALMEIDA, M. Berenice de; PUCCI, Magda Dourado. Outras terras, outros sons: livro de orientação
do professor. 2. ed. São Paulo: Callis, 2011.
BENNETT, Roy. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar, 1986. (Cadernos de música
da Universidade de Cambridge).
CAZNOK, Yara Borges. Música: entre o audível e o visível. 2. ed. Rio de Janeiro; São Paulo:
Fundação Nacional de Arte; Universidade Estadual Paulista, 2008. (Coleção Arte e Educação).
GUSMÃO, Cynthia. Pequena viagem pelo mundo da música. São Paulo: Moderna, 2008.
SCHAFER, Raymond Murray. Educação sonora: 100 exercícios de escuta e criação de sons. São
Paulo: Melhoramentos, 2011.
Em seguida, você pode apresentar a seleção de pinturas, desenhos e fotografias que conte-
nham recortes da realidade: cenas do cotidiano, paisagens, retratos etc.
48 VOLUME 1
A seguir, a cada imagem exibida, eles podem imaginar como seria essa cena ampliada
em todos os ângulos – à direita, à esquerda, acima, abaixo, à frente, atrás –, para que cons-
truam hipóteses sobre possíveis recortes feitos pelo olhar do artista. É importante informar
o nome do artista, o título da obra, seu tamanho, data de produção, técnica e local onde
está exposta.
Para que os estudantes percebam que imagens pictóricas ou fotográficas são recortes que o
artista faz e respondam à reflexão proposta, você pode fazer perguntas como:
•• O que haveria nessa imagem se fosse ampliada em vários ângulos? Talvez apresentassem
pessoas, animais, árvores, automóveis, um rio, casas, ruas, postes, um trem?
—— Como estariam as mãos? Teriam anéis, alianças, pulseiras, esmalte nas unhas?
—— E os pés? A pessoa usaria sapatos de salto alto, botas, meias ou estaria descalça?
A resposta à última questão, como todas as anteriores, é apenas uma hipótese. Não há
resposta errada, pois só o autor conhece sua intenção; além disso, interpretações são sem-
pre individuais.
•• Com a “janela” já recortada ao centro, posicione em frente aos olhos, olhando apenas
pela abertura.
A proposta é que os estudantes saiam da sala de aula para realizar a atividade. Você
pode, então, pedir que posicionem a “janela” em frente aos olhos, olhando apenas pela
abertura, e que registrem as cenas mentalmente. A experiência fica mais interessante se
eles olharem de diferentes alturas, girando o corpo e buscando soluções criativas para o
enquadramento.
Depois do prazo estipulado, ao voltarem com o registro mental de algo que, naquele
momento, foi significativo, cada um pode escolher seu recorte e desenhar a cena escolhida,
usando lápis de cor, giz de cera ou caneta hidrocor.
VOLUME 1 49
Outra sugestão é fotografar, o que, no entanto, exige mais tempo e material apropriado,
especialmente para imprimir e expor as fotos. A proposta é, então, desenhar a cena que mais
impressionou o estudante.
Em uma roda de conversa, vocês podem discutir sobre a atividade, as dificuldades, as esco-
lhas de cada um, as possíveis dúvidas. É possível também reforçar os conceitos de bidimen-
sionalidade, suporte e como as cores, formas, luzes, sombras, texturas se transformam em
recursos expressivos.
Terminada a apresentação, a proposta é que cada estudante crie uma modelagem com
argila. É possível escolher um tema comum a todos ou deixar a escolha livre. A produção
pode ser figurativa ou abstrata.
Sugere-se que os estudantes forrem a carteira com jornal para que cada um receba a
argila, um recipiente com água, palitos de sorvete e uma espátula (se estiver disponível) para
realizar seu trabalho tridimensional.
É importante que você circule entre os estudantes, oferecendo apoio, material, ajuda
e esclarecimento para as possíveis dúvidas. Caso alguns “desenhem” com a argila,
ou seja, utilizem-na como algo bidimensional, é interessante estimular a composição
com volumes.
Você pode lembrar aos estudantes que, como estão trabalhando tridimensionalmente,
todos os lados de sua produção devem receber a mesma atenção, pois sua apreciação
envolve a visão de todos os pontos de vista, inclusive a vista superior.
50 VOLUME 1
Você pode incentivá-los a fazer texturas ou mesmo inserir algum objeto como lápis, arame,
pedaços de plástico ou qualquer outro detalhe em seu trabalho.
Terminadas as produções, cada um deixa sua obra sobre uma carteira isolada das demais,
para que seja mais fácil circular a seu redor e visualizar todos os lados. Eles podem ficar à von-
tade para observar os trabalhos dos colegas.
A seguir, você pode organizar todas as peças sobre uma mesa grande, para que os estudan-
tes observem o conjunto das produções. Sugere-se fazer perguntas como:
Para finalizar a oficina, você pode retomar a conversa inicial sobre tridimensionalidade,
volumes, texturas, formas.
Também é interessante dizer aos estudantes que, ao trabalharem com argila, se quiserem
continuar o trabalho depois, é preciso colocar um pano molhado sobre o barro e envolvê-lo
em plástico, para que não seque. Ao contrário, se a intenção é finalizar, é importante deixar
a peça em um local arejado para que seque.
Muitos escultores, quando trabalham com argila, depois de seca a peça, colocam-na em
um forno de cerâmica, com altas temperaturas, para que fique mais resistente e durável.
Caso conheça um local que o possua, você pode indicá-lo aos estudantes.
Por fim, uma boa ideia é, se possível, fotografar ou filmar os trabalhos desenvolvidos
para registro.
VOLUME 1 51
Para iniciar o trabalho, é importante conversar com os estudantes para verificar o quanto
se apropriaram desses conceitos. Então, eles podem fazer um desenho abstrato, para, em
seguida, transformá-lo em um objeto tridimensional, com massa de modelar. Você pode
orientar sobre o uso da massa, explicando que os palitos de dente e de sorvete ajudam a dar
acabamentos à produção.
52 VOLUME 1
•• O que está sendo retratado nessas fotografias?
•• O que elas têm em comum?
•• Há animais nelas? Qual a dimensão que eles têm em relação ao espaço? São pequenos,
grandes?
•• Em qual fotografia há ideia de movimento? Por quê?
•• O que estas fotos comunicam?
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. 8. ed. Campinas: Papirus, 2004. (Coleção Ofício de Arte e Forma).
KOSSOY, Boris. Fotografia e História. 5. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2014.
______. Realidades e ficções na trama fotográfica. 2. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2000.
KUBRUSLY, Cláudio Araújo. O que é fotografia. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. (Coleção
Primeiros Passos).
MACHADO, Arlindo. A ilusão especular: introdução à fotografia. Rio de Janeiro; São Paulo:
Fundação Nacional de Arte; Brasiliense, 1984.
TUCKER, William. A linguagem da escultura. São Paulo: Cosac Naify, 1999.
WITTKOWER, Rudolf. Escultura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. (Coleção A).
VOLUME 1 53
unidade 4 Dança e cultura
A oficina sugerida para o Tema As linguagens da arte: a dança tem como objetivo propiciar a
produção de novas formas de expressão por meio de experimentações artísticas, além de mos-
trar aos estudantes o prazer da dança e estimulá-los a apreciar espetáculos.
Para iniciar, você pode realizar uma roda de conversa sobre os significados das variadas
formas de movimentos que o corpo dos dançarinos transmite quando eles apresentam
uma dança.
Assim, é possível propor questões que se reportam a esse tema para um levantamento de
conhecimentos prévios, registrando algumas das respostas na lousa:
•• O que é dança?
Se considerar oportuno, também pode pedir que mostrem algum passo da dança que
conhecem, levando em consideração o repertório de cada um.
Em seguida, você pode solicitar que formem grupos e conversem sobre a presença e a fun-
ção da dança em diferentes épocas, países e culturas. A proposta é que realizem uma pesquisa
na biblioteca da escola e na internet, procurando também imagens dessas danças. Sugere-se
que a socialização das conclusões seja feita oralmente, de modo breve, e que cada grupo com-
plete o que não foi contemplado durante as apresentações já realizadas.
54 VOLUME 1
A fim de vivenciar, ampliar e criar outras possibilidades de movimento, com base na obser-
vação e na análise de um objeto de estudo, cada grupo escolhe uma das imagens pesquisadas.
A ideia é que os estudantes observem a(s) figura(s) estática(s) e imaginem como seria o movi-
mento que antecede e o que sucede a posição do(s) dançarino(s), organizando uma sequência
de três movimentos.
Após a escolha e o estudo dos movimentos, você pode pedir que os grupos ensaiem e façam
a representação dessa imagem, mudando a posição nos três tempos. É importante que cada
grupo, após a apresentação, exponha o porquê da escolha e como se deram o estudo e a cria-
ção dos movimentos.
•• Quais imagens foram pesquisadas? Vocês pesquisaram outras imagens além dessas?
•• Buscaram significados dos movimentos registrados nas imagens?
•• Experimentaram diferentes formas de compor a sequência?
Para concluir a oficina, você pode solicitar aos estudantes o registro por escrito dos conheci-
mentos construídos durante a proposta ou realizar uma roda de conversa sobre o que aprenderam
nesse encontro, retomando, se considerar necessário, questões que ficaram em aberto.
Outra possibilidade é a exibição do vídeo Danças brasileiras. Nele são apresentadas algumas
danças típicas, como elas são inseridas na dança contemporânea e sua relação com a cultura
brasileira. Após a exibição, cada grupo pode escolher uma dança apresentada no vídeo para
realização da pesquisa.
Propõe-se, então, que cada grupo elabore um texto descritivo, relatando todas as caracterís-
ticas da dança escolhida e qual a importância de preservar a cultura e a tradição de um povo.
VOLUME 1 55
Sugestão de roteiro para elaboração do texto
A tradição cultural é um assunto que, ao ser abordado, deve levar em conta as homenagens
e comemorações de dança e música que resgatam e preservam a memória artístico-cultural e
a identidade de uma região, estado ou país. Movimentos, gestos, passos, coreografias e ritmos
fazem parte de danças que passam de geração a geração.
56 VOLUME 1
Esta atividade inicia-se no CEEJA e tem continuidade no dia a dia do estudante. A proposta é
que ele apresente o resultado em um próximo encontro com você, professor. Ele pode realizar
uma pesquisa entre amigos e familiares sobre as manifestações de dança relacionadas a fatos
históricos, lendas, religiões, brincadeiras, crenças, costumes e comemorações. Em seguida, o
estudante pode montar um quadro como o apresentado aqui.
Nome da
Participantes/ Época da
manifestação Origem Figurino Música/ritmo
personagens comemoração
cultural
É interessante que o quadro do estudante fique com você para ser apresentado aos demais
estudantes que fizerem a mesma atividade, proporcionando a apreciação e a leitura dos tra-
balhos.
Textos
FARO, Antonio José. Pequena história da dança. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
MARQUES, Isabel Azevedo. Linguagem da dança: arte e ensino. São Paulo: Digitexto, 2010.
PRO-POSIÇÕES, Campinas, v. 21, n. 02, maio/ago. 2010. Dossiê: Entrelugares do corpo e da arte.
Revista quadrimestral da Faculdade de Educação – Unicamp.
RENGEL, Lenira; LANGENDONCK, Rosana van. Pequena viagem pelo mundo da dança. São Paulo:
Moderna, 2006.
VOLUME 1 57
VOLUME 2
58 VOLUME 2
Objetivos
Os estudos apresentados neste Volume têm como objetivo favorecer o exercício do fazer
artístico e da apreciação estética nas quatro linguagens da arte. É proposta a criação em tea-
tro, música, artes visuais e dança, seguida de orientações para a análise e fruição das produ-
ções. As atividades complementares visam reforçar conteúdos já contemplados no Caderno
do Estudante, esclarecer dúvidas e ampliar repertórios.
•• Criar
uma cena curta e bem simples. (O tema pode ser escolhido com a participação de
todos: uma cena do cotidiano, um acontecimento importante, um aniversário etc.).
•• Escolher “quem” – os personagens.
•• Pensar “o quê” – o enredo, a trama, o que vai acontecer.
•• Definir “quando” – época, período do dia.
•• Determinar “onde” – o local onde acontece a cena.
VOLUME 2 59
Nesta etapa, pode-se combinar com a turma um tempo para a execução da atividade. Você
pode circular entre os grupos oferecendo ajuda, especialmente na organização, na execução
das funções escolhidas e no uso do material oferecido para figurino, cenário, iluminação e
sonoplastia. Se houver salas vazias na escola, é interessante deixar os grupos separados para
que possam criar e montar suas cenas sem interferências uns dos outros.
Ao final da oficina, é interessante propor uma conversa com os grupos e discutir pontos positivos
e negativos que tenham identificado durante as montagens. Podem relatar e discutir as dificulda-
des encontradas, as surpresas, as saídas criativas, se o tempo foi suficiente, se gostariam de ter
executado uma função diferente daquela em que atuaram, se foi tranquilo trabalhar em equipe etc.
É importante comentar, especificamente, se ficaram claros o “quem”, o “o quê”, o “quando” e o
“onde”, sugeridos como norteadores das cenas construídas. Vale lembrar que nem sempre é fácil em
uma cena curta identificar todas essas características contidas na história contada.
Você pode conversar com eles também sobre o papel do diretor em tudo isso. É importante
ressaltar que a direção exige dos atores um trabalho de dramaticidade que talvez eles não
conseguissem alcançar sozinhos. Algumas perguntas que podem orientar esta conversa são:
•• Como seria se não houvesse diretor? Como se daria a coordenação dos meios técnicos
como a iluminação, a sonoplastia, a cenografia?
•• E em relação aos atores? Eles estariam posicionados adequadamente no palco?
•• E quanto à encenação na peça e à construção dos personagens, à interpretação do texto?
Uma opção para concluir a oficina é enfatizar a importância do teatro como linguagem e de
cada profissional para que a peça aconteça.
O ator nem sempre precisa falar, seu corpo mostra suas intenções, seus medos. No entanto,
quando fala, precisa saber utilizar a voz como recurso expressivo. Por exemplo, a voz de quem
está muito bravo é igual à voz de alguém que pede um favor? Como seria a entonação de um
jovem apaixonado falando com sua namorada? E a de alguém assustado? E a de um bêbado?
Enfim, são inúmeras as possibilidades do uso da voz na construção dos personagens.
60 VOLUME 2
Ao final da leitura, é hora de comentar e discutir o texto, de modo que todos os estudantes
sintam-se incentivados a falar e a dar exemplos.
A seguir, ainda na roda de conversa, você pode falar um pouco sobre o trabalho do ator
e salientar que, para ser um bom profissional, são necessários muitos anos de estudo, prá-
tica, pesquisa e exercícios. É importante explicar também que muitos atores, para viver seus
papéis no teatro, cinema ou televisão, fazem uma preparação chamada “laboratório”.
Esse é um bom momento para você propor que os estudantes vivenciem um pouco desse
laboratório, por meio de jogos teatrais, exercícios com o corpo, voz, improvisações. A sugestão
é trabalhar com o trecho do texto O rei da vela, de Oswald de Andrade, apresentado no Caderno
do Estudante.
Você pode organizar os estudantes em dois grupos: um deles fará a leitura das falas de
Abelardo I; o outro, as do Cliente; e você, as de Abelardo II. A ideia é que os integrantes de cada
grupo leiam o texto em voz alta e, ao mesmo tempo, com as entonações vocais necessárias
para trazer veracidade ao diálogo, inclusive você, professor. A um sinal seu, o primeiro grupo
inicia a leitura dramática.
Terminada a leitura, é importante discutir sobre o uso da voz como recurso expressivo, se
os grupos conseguiram, por meio dela, convencer que aquela era uma cena em que alguém
suplicava algo e outro negava. É importante incentivar todos a falar, a comentar acertos, difi-
culdades etc. A solução dada por cada uma das pessoas pode ser diferente, mas o essencial é
verificar se funcionou.
A seguir, você pode chamar dois voluntários de cada vez ao centro da roda para que impro-
visem uma cena, na qual a voz tenha papel fundamental. Um dos estudantes ouve o que o
colega diz e, então, responde de acordo com a situação, concordando ou negando.
Assim que uma dupla entrar no círculo, é interessante que você proponha uma cena como
as que seguem, podendo ainda solicitar aos demais estudantes sugestões de temas aos ato-
res da vez.
•• Filha(o) que não tem idade para dirigir pede ao pai (à mãe) a chave do carro.
•• Namorado(a) diz à (ao) namorada(o) que vai viajar com uma turma de amigos.
VOLUME 2 61
•• Jovem diz ao (à) amigo(a) que viu sua (seu) namorada(o) com outro(a).
•• Filho(a)
comunica ao pai (à mãe) que passou no vestibular, mas se arrependeu, pois não
quer cursar aquela faculdade.
•• Esposa (marido) diz ao marido (à esposa) que ganhou na loteria e vai doar metade do
prêmio à caridade.
•• Médico diz à paciente que ela está esperando gêmeos, mas precisa de repouso absoluto
e, portanto, deve deixar o emprego.
•• Rapaz (moça) diz a uma moça (um rapaz) que está apaixonado(a) por ela(e).
•• Alguém pede a um(a) amigo(a) dinheiro emprestado, sem data para pagamento.
•• Jovem finge que está doente para não ir à escola e tenta convencer sua mãe (pai), que
insiste para que ele(a) vá.
Assim que todos tiverem participado, os estudantes podem comentar a atuação dos cole-
gas, tendo como foco a utilização da voz. Uma possibilidade de conduzir a conversa é fazer
perguntas como:
•• Teria sido mais fácil fazer outro papel? Qual? Por quê?
•• Sentiram necessidade de também usar o corpo como recurso expressivo? Por quê?
•• Diferentes usos da voz podem alterar a compreensão de uma cena teatral? Por quê?
62 VOLUME 2
Para isso, sugere-se a exibição do vídeo Teatro: a palavra em cena. Entretanto, antes da exibição,
você pode apresentar ao estudante algumas questões que servirão como roteiro para acompa-
nhamento do vídeo. Dessa maneira, ele apreciará o vídeo atento às perguntas propostas.
Após a exibição do vídeo, a proposta é retomar com o estudante o roteiro a fim de que ele
responda às perguntas no caderno. Você pode analisar as respostas dadas pelo estudante e veri-
ficar se existe ainda alguma dúvida com relação aos elementos que compõem uma peça teatral.
Você pode apresentar para ele o exemplo a seguir, que traz apenas o início da cena:
Sala do café em uma fábrica de camisas; são, aproximadamente, três horas da tarde. Pelas janelas
abertas, nota-se que o céu escurece e que uma tempestade se aproxima. Ouvem-se conversas de
funcionários pelos corredores e sons de buzinas de automóveis vindos da rua. Na sala está o chefe
do departamento e um funcionário entra.
CHEFE (trabalha atento à tela do computador) – Boa tarde. Tudo bem com você?
FUNCIONÁRIO (com uma xícara vazia na mão) – Hoje não estou muito bem, não.
VOLUME 2 63
Caso julgue necessário mostrar ao estudante um exemplo mais completo de texto dramá-
tico, uma opção é retomar o trecho do primeiro ato de O rei da vela apresentado no Caderno do
Estudante.
Textos
BOAL, Augusto. 200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de dizer algo através do
teatro. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. (Coleção Teatro Hoje).
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998. (Coleção Estudos.
Teatro).
64 VOLUME 2
•• Lembram-se
de algum filme, desenho animado ou propaganda cuja trilha sonora ou
acompanhamento musical apresenta uma música erudita?
Após uma conversa sobre as respostas dos estudantes, você pode encaminhar o trabalho
para a experiência de escuta, explicando que é fundamental haver silêncio durante a audição.
Ainda antes de iniciar, é importante explicar que a música de Tchaikovsky é descritiva. Para
compor esse tipo de música, o autor inspira-se em diferentes sons, sejam eles naturais ou cul-
turais, e os descreve por meio dos sons de instrumentos musicais, que, ao serem escutados,
sugerem imagens, cenas diversas.
Abertura 1812, por exemplo, foi composta por Tchaikovsky 70 anos depois de Napoleão ter
invadido a Rússia, que, embora derrotada, causou tantas baixas no exército napoleônico que
ele foi obrigado a retirar-se.
O exército do czar russo contava com mais de 100 mil homens e 600 canhões. A abertura da
composição apresenta uma melodia que tem leveza, sutileza, talvez com a intenção de repre-
sentar a vida tranquila, sem ameaças, da população russa. Em determinado momento, o som
se transforma, tornando-se denso e atormentado, demonstrando o perigo que está por vir. O
avanço das tropas francesas é representado pelo som do hino nacional da França. No entanto,
também se ouve uma melodia característica do povo russo. Ao final, o repicar de sinos e os
tiros dos canhões comemoram a vitória.
Quanto à 5a sinfonia, de Beethoven, composta entre 1804 e 1808, é uma das mais conhecidas
e ouvidas entre as músicas eruditas. O primeiro momento dessa composição provoca grande
tensão e é muito famoso, pois é bastante reproduzido: músicos e estudantes de música o
interpretam constantemente; faz parte da trilha sonora de filmes; está em propagandas e em
desenhos animados.
Os estudantes podem, primeiro, apenas escutar as músicas. Antes de iniciar a segunda escuta,
sugere-se orientá-los a prestar atenção à harmonia, que é a organização ou ordenação de vários
sons de alturas diferentes (graves e agudos) que fazem parte das composições e são emitidos
simultaneamente. Da mesma forma, é interessante instruir os estudantes a ficar atentos aos tim-
bres, pois a ideia é que tentem identificar se os instrumentos são do naipe das madeiras, metais,
percussão ou cordas. As conclusões podem ser registradas em um caderno ou bloco de anotações.
Para facilitar as respostas, é importante que eles prestem atenção às seguintes questões:
VOLUME 2 65
•• Existem sons vocais ou apenas instrumentais?
•• Em relação aos ritmos, qual a diferença entre a primeira e a segunda composição?
•• Foi possível perceber se os sons fortes se transformaram em fracos e vice-versa em
algum momento? Conseguem se lembrar em qual?
•• É
possível perceber, por meio do timbre, os instrumentos musicais do baião e do samba?
Quais?
66 VOLUME 2
•• Qual o tema de cada composição?
•• Alguns sons podem ser reproduzidos com instrumentos não convencionais?
Após a escuta, recomenda-se que os estudantes exponham suas observações enquanto você
as anota na lousa, destacando as diferenças e semelhanças entre as duas músicas populares.
Essa escuta orientada vai prepará-los para a continuidade da oficina.
A ideia, agora, é solicitar que se organizem em grupos e pensem em sons que podem ser
produzidos com os materiais disponíveis na sala. Sugere-se, entretanto, que, antes de partirem
para a construção dos instrumentos, eles escolham qual das músicas pretendem acompanhar.
Depois de construídos, cada grupo pode experimentar sua sonoridade.
Se necessário, você pode reproduzir novamente as duas músicas, convidando-os a cantar
juntos, como um ensaio inicial. Finalmente, é hora de cada grupo apresentar a música esco-
lhida, cantando e tocando seus instrumentos não convencionais.
Se houver possibilidade, é interessante gravar a apresentação, para que os estudantes escu-
tem suas produções.
Vista do golfo
de Marseille
Os comedores
de batatas
VOLUME 2 67
Ao final, você pode acompanhar com o estudante as respostas encontradas a fim de verifi-
car se o objetivo da atividade foi atingido.
••Crie um verso para um samba ou baião que fará parte de uma composição sobre o tema esco-
lhido. Para isso, pesquise a letra de um samba ou baião que estabeleça relação com esse tema.
•• Quais instrumentos você gostaria de utilizar para musicar essa composição?
•• A qual naipe esses instrumentos pertencem? Cordas, madeiras, metais ou percussão?
•• Escolha
a letra de uma música conhecida e faça a paródia de um verso em ritmo de
samba ou baião, mantendo o tema escolhido.
É importante explicar que a paródia é uma imitação, uma adaptação de uma composição
musical que geralmente tem a intenção de ser engraçada e/ou irônica.
68 VOLUME 2
Inicialmente, o estudante pode fazer a leitura da letra da composição de Donga e responder:
COSTTA, Silvio. Como contar histórias usando sons: uma introdução à percepção e educação
sonora. São Paulo: Ave-Maria, 2008.
GUSMÃO, Cynthia. Pequena viagem pelo mundo da música. São Paulo: Moderna, 2008.
JENKINS, Lucien (Org.). Manual ilustrado dos instrumentos musicais. São Paulo: Irmãos Vitale, 2010.
MOREIRA, Frederico. Educar musicalmente: conceitos, ideias e propostas para o ensino da música
nas escolas. Rio de Janeiro: Mar de Ideias, 2011.
SCHAFER, Raymond Murray. Educação sonora: 100 exercícios de escuta e criação de sons. São
Paulo: Melhoramentos, 2011.
STURROCK, Susan. Dicionário visual de música. 2. ed. São Paulo: Global, 2006.
Recursos necessários
•• Pincéis opcional
VOLUME 2 69
O objetivo desta oficina é exercitar a apreciação estética e o fazer artístico dos estudantes,
com foco na arte moderna.
Professor, se for possível, sugere-se projetar as imagens de obras dos diferentes movimentos do
modernismo para apreciação dos estudantes, comentando as características de cada movimento:
nome do autor, título da obra, data de produção, técnica, dimensão e local onde se encontra.
Uma roda de conversa ao final da apresentação pode ajudar a verificar o quanto os estudantes já
sabem sobre os movimentos abordados. A seguir, a ideia é propor para a turma o desafio de repre-
sentar algo, de maneira semelhante aos modernistas. O primeiro passo é distribuir os materiais
para desenho e pintura e deixar cada um escolher o movimento com o qual mais se identifica.
Supondo, por exemplo, que alguns estudantes escolham pintar como os expressionistas,
você pode dizer que o mais importante não é representar coisas, pessoas, paisagens, ani-
mais tais como são na realidade, mas expressar seu sentimento em relação a isso. Portanto,
linhas, formas, cores, luzes, sombras não precisam ter correspondência com o mundo real,
mas expressar o que o autor sente. Qual a cor da saudade? A forma do medo? A linha da dor?
Terminadas as produções, você pode expô-las na sala de aula para a apreciação de todos os
estudantes presentes.
Caso os estudantes não conheçam alguns dos conceitos que aparecem nas questões, você
pode explicar o que significam.
•• Aparece contorno?
•• Com qual movimento moderno essa produção mais se parece? Por quê? Quais suas
características?
•• Na exposição geral dos trabalhos, qual movimento do modernismo se faz mais presente?
70 VOLUME 2
Sugestões para leitura interpretativa
Você pode fazer várias perguntas que levem os estudantes a atribuir sentidos às linhas,
cores, formas, sombras, texturas, lembrando-se de tratar produções artísticas como linguagem,
como algo que comunica e tem significado.
tas brasileiros, comentando as características •• Lápis de cor, giz de cera, caneta hidrocor
•• Tinta guache opcional
de cada uma: nome do autor, título da obra,
•• Pincéis opcional
data de produção, técnica, dimensão e local
•• Recipientes para mistura de tintas opcional
onde se encontra.
Você pode começar com as obras de arte acadêmicas, lembrando os estudantes de que esses
artistas eram rigorosos em suas produções, tinham conhecimentos de anatomia, dominavam
diferentes técnicas de pintura e representavam a realidade tal como a viam ou idealizando-a,
buscando sempre a beleza. Geralmente estudavam muito, faziam vários exercícios com mode-
los vivos ou naturezas-mortas.
Depois, é o momento de mostrar para a turma as imagens de obras de arte executadas por
artistas brasileiros integrantes do modernismo. É importante que, durante a exibição, algumas
características do modernismo no Brasil sejam citadas: a liberdade de criação, a expressão de
ideias e sentimentos por meio de cores e formas e a não necessidade de correspondência com
a realidade, a brasilidade dos personagens, entre outras.
Na sequência, você pode explicar para a turma qual o desafio dessa oficina: expressarem-se
como modernistas.
VOLUME 2 71
Para facilitar a realização da atividade, é interessante propor um tema comum a todos os
estudantes, para que cada um desenvolva um trabalho com base em uma única temática. Uma
sugestão é colocar em sua mesa um arranjo de natureza-morta simples, com frutas, flores, gar-
rafas etc., para que a partir daí eles iniciem sua produção em moldes modernistas. Você pode,
então, distribuir os materiais para desenho e pintura.
Ao final, eles podem expor os trabalhos em uma das paredes da sala e observar os resul-
tados, comentando as diferenças entre as produções “acadêmicas” que viram nas projeções e
suas composições “modernas”.
Outra possibilidade é fazer com eles as leituras formal e interpretativa de alguns dos traba-
lhos, incentivando-os a manifestar suas opiniões, a falar sobre essa experiência.
Para iniciar, você pode pedir ao estudante que observe no Caderno do Estudante as carac-
terísticas dos movimentos modernistas e os artistas mais representativos de cada um. A pro-
posta é que ele escolha dois movimentos modernos e siga o roteiro sugerido.
Professor, é fundamental fazer com o estudante uma observação atenta da obra. Dessa
forma, espera-se que ele possa responder às perguntas propostas a seguir.
72 VOLUME 2
•• Um acadêmico pintaria como Anita fez em A estudante? Por quê?
•• Existe contorno?
•• Como é o fundo?
•• Se não conhecesse o título da obra, acharia que se trata de uma estudante? Por quê?
•• Como você vê a pessoa representada? Estaria, nesse momento, alegre, triste, preocu-
pada, melancólica, apaixonada, enfim, como você descreveria essa pessoa? Por quê? Quais
cores, formas, posições, pinceladas o levam a pensar assim?
Textos
AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22. 5. ed. São Paulo: Editora 34, 1998.
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. 5. ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 1992.
BARDI, Pietro Maria. O modernismo no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris, 1982. (Coleção Arte e
Cultura, 1).
BOAVENTURA, Maria Eugênia (Org.). 22 por 22: a Semana de Arte Moderna vista pelos seus
contemporâneos. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
CANTON, Kátia. Retrato da arte moderna: uma história no Brasil e no mundo ocidental (1860-
-1960). São Paulo: Martins Fontes, 2002.
CHIPP, Herschel B. et al. Teorias da arte moderna. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. (Coleção A).
LEITE, José Roberto Teixeira. Pintura moderna brasileira. Rio de Janeiro: Record, 1978.
VOLUME 2 73
LITTLE, Stephen. ...ismos: para entender a arte. São Paulo: Globo, 2011.
MILLIET, Maria Alice (Coord.). Mestres do modernismo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de
São Paulo, 2005.
READ, Herbert. A arte de agora, agora: uma introdução à teoria da pintura e escultura modernas.
2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991. (Coleção Debates).
Caderno do Estudante.
Sugere-se iniciar com uma breve conversa sobre a importância da participação de todos da
turma. É importante lembrá-los de que ideias e pensamentos também podem ser expressos por
meio de gestos e movimentos, que, por sua vez, podem se transformar em pequenas coreografias.
Nesse sentido, esta oficina pretende propiciar aos estudantes, além do conhecimento e da apre-
ciação em dança, a experiência de criar movimentos que podem se organizar em forma de dança.
A partir daí, você pode propor que se organizem em grupos para a criação de movimentos
expressivos que contemplem a ocupação do espaço, os níveis e as possibilidades de movi-
mento do corpo.
74 VOLUME 2
A proposta é escolher o trecho de uma música instrumental, com gênero a critério do grupo,
para acompanhar a realização de uma sequência de quatro ou cinco movimentos, utilizando
as funções e os níveis descritos por Laban. Os movimentos podem fazer parte de seu repertório
ou ser criados por eles. Se considerar pertinente, uma ideia é realizar uma audição coletiva de
alguns trechos, para que cada grupo escolha o que será utilizado em sua criação. Pode ser, por
exemplo, uma música do compositor Claude Debussy. Dentre suas músicas mais conhecidas
estão: Ballade, Clair de lune, La plus que lente, Nocturne, Petite pièce, Prélude a l’après-midi d’un faune,
Rêverie, La fille aux cheveux de lin, Valse romantique, Veils etc.
Como início e preparação para a criação, você pode propor um exercício que envolva todos
os estudantes juntos e que, ao mesmo tempo, seja um estímulo para que realizem a tarefa.
Uma possibilidade é solicitar que, em pé, ao som da música escolhida por você, experimentem
esticar, dobrar e torcer o corpo em diferentes direções e níveis, sem se preocuparem com a
sequência ou com o que o colega está fazendo.
É um momento coletivo, porém as ações são individuais e livres. Você pode pedir que sintam
e depois relatem como os movimentos ocorrem ao utilizarem os braços, as pernas, o tronco.
•• Você havia percebido que em uma dança o corpo executa tais movimentos?
•• Como foram usadas as funções e os níveis?
VOLUME 2 75
(na ponta dos pés, de joelhos ou sentados e no chão) e também o ritmo do movimento, que pode
ser mais devagar ou mais rápido. Esta experimentação pode ser feita ao som de uma música.
Você pode avisá-los que em determinado momento você vai parar a música e, neste momento,
eles devem “congelar” o movimento que estavam realizando. A proposta é que eles se observem
mutuamente e conversem sobre os movimentos.
Para complementar essa experiência, você pode propor a apreciação de algumas partes do
vídeo Samwaad: Rua do encontro, que registra o espetáculo de dança dirigido pelo coreógrafo
Ivaldo Bertazzo. É muito importante orientá-los a observar os movimentos que os dançarinos
realizam e como esses movimentos organizam-se em forma de coreografia.
Após a apreciação, você pode propor que, em grupos, os estudantes criem uma célula coreo-
gráfica (sequência de movimentos) e encontrem uma forma de registrar os movimentos em
uma notação coreográfica.
Ao final, você pode solicitar que analisem as apresentações coreográficas e seu registro veri-
ficando a relação entre ambos.
Breakdance TEMA 2
76 VOLUME 2
Para iniciá-la, você pode perguntar se algum estudante sabe fazer um passo de break ou
consegue reproduzir um passo já visto, por mais simples que seja. Se isso for possível, é inte-
ressante que esse estudante, caso se sinta à vontade, seja o mestre dos demais em uma breve
aula de experimentação, ao som de uma música previamente escolhida por você.
Caso os estudantes não conheçam o break e o hip-hop, você pode pesquisar com eles sites
que tenham algumas apresentações.
A ideia é que eles se apropriem do que foi escolhido para criar uma nova dança com
as características da dança de rua, selecionando também uma música para acompanhar
a coreografia.
textos A dança moderna e Laban, um estudioso da dança •• Vídeo Dança: corpo e movimento
(Volume 2)
moderna e assista ao vídeo Dança: corpo e movimento, para
depois responder às seguintes questões:
VOLUME 2 77
•• Quais foram as rupturas realizadas pela dança moderna em relação ao balé clássico?
•• O que é labanotação?
•• Quais são as três funções básicas que o corpo executa, segundo Laban?
•• Ainda segundo Laban, o movimento conta com quatro fatores. Quais são eles?
No Brasil, o hip-hop surgiu na passagem dos anos 1970 para os 1980 com temas sobre ques-
tões raciais, desigualdade social, criminalidade, violência, entre outros.
Sugere-se que você peça ao estudante que faça uma pesquisa na internet sobre manifesta-
ções artísticas do hip-hop no Brasil e que escolha uma delas – por exemplo, uma letra de rap,
uma coreografia de break ou um grafite. Em seguida, com base na manifestação escolhida, o
estudante pode responder às seguintes questões:
Textos
GEHRES, Adriana de Faria. Corpo – dança – educação. Lisboa: Instituto Piaget, 2008.
MARQUES, Isabel Azevedo. Ensino de dança hoje: textos e contextos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
OSSONA, Paulina. Educação pela dança. 4. ed. São Paulo: Summus, 1988.
RENGEL, Lenira. Dicionário Laban. São Paulo: Annablume, 2003.
78 VOLUME 2
VOLUME 3
VOLUME 3 79
Objetivos
Como nos outros Volumes, o objetivo das oficinas e atividades aqui propostas é o de apro-
fundar o conhecimento dos estudantes e ampliar seu repertório artístico e estético, com base
nas produções contemporâneas presentes no Caderno do Estudante, contemplando o teatro, a
música, as artes visuais e a dança.
Para isso, são oferecidos diferentes desafios, tanto para produção como para apreciação,
nas diferentes linguagens da arte. Produzindo, o estudante terá a oportunidade de representar
pensamentos, sentimentos, ideias; apreciando, atribuirá sentidos às obras de arte e às produ-
ções de seus colegas, interpretando elementos formais e recursos expressivos.
Inicialmente, você pode organizar uma roda de conversa a fim de investigar quais conheci-
mentos a respeito das mudanças teatrais que começaram a ocorrer após a 1a Guerra Mundial
foram assimilados pelos estudantes.
É importante retomar o teatro épico, do absurdo, da crueldade e pobre, com base na releitura
do texto Tempo de mudanças, que trata desse conteúdo. A seguir, pode-se sistematizar a discussão
esclarecendo dúvidas e lembrando algumas das características mais marcantes de cada um.
Após essa discussão, sugere-se organizar os estudantes em grupos e propor o desafio de apre-
sentar uma história com as características de uma das formas teatrais citadas anteriormente.
Embora fosse desejável que os estudantes experimentassem fazer teatro, atuar, isso exigiria
semanas de jogos teatrais, dramáticos, de concentração, improvisações, preparo do corpo, da
voz etc. Dessa forma, a oficina tem como foco apenas a criação de uma cena. Se algum grupo
manifestar o desejo de atuar, basta organizar a oficina de modo a incorporar as atuações com
as apresentações das cenas.
80 VOLUME 3
Você pode combinar um tema – uma proposta é que seja relacionado ao mundo do traba-
lho – e um tempo para que os grupos se preparem. Qual seria o enfoque a ser dado ao tema
proposto, aos personagens, à trama, aos cenários, à iluminação, à sonoplastia, aos figurinos
e, especialmente, como seria a encenação? Trabalhar o tema escolhido nas quatro formas
teatrais já discutidas (teatro épico, do absurdo, da crueldade e pobre) permitirá compará-las e
perceber quanto os estudantes aprenderam sobre cada uma.
Sugere-se que cada grupo escolha um colega para fazer anotações e outro para expor o tra-
balho. Pode ainda haver um sorteio para definir a ordem das apresentações. É importante que
você circule entre os estudantes, oferecendo ajuda e esclarecendo dúvidas.
Terminadas as tarefas, cada grupo apresenta ou encena sua criação sem revelar o tipo de
teatro escolhido. O desafio nesse momento é que os estudantes/espectadores façam essa iden-
tificação justificando suas hipóteses. Você pode incentivar o diálogo entre o grupo que expõe
o trabalho e os colegas que assistem, fazendo perguntas como:
•• A cena mexe mais com os sentimentos do que com a razão? De que forma? Por quê?
Para finalizar, é importante ainda que os estudantes exponham as dificuldades que encon-
traram, as soluções que buscaram, as aprendizagens adquiridas, enquanto você procura escla-
recer as dúvidas que ainda restam.
Sugere-se organizar uma roda de conversa para debater em quais situações, fora do tea-
tro, os estudantes observam pessoas atuando, representando papéis. Algumas possibilidades
são: crianças brincando de casinha, mocinho e bandido, interpretando personagens; atores
de novelas, de cinema, de comerciais; e até manifestações nas quais pessoas comuns usam
máscaras, adereços, pintam o rosto para, por meio da criação de cenas, sensibilizar, denunciar,
compartilhar fatos, situações.
VOLUME 3 81
Terminada a leitura, você pode propor a discussão sobre a validade ou não desses meios
para chamar a atenção, sensibilizar, denunciar, compartilhar fatos com outras pessoas. Eles já
presenciaram ou participaram de algumas dessas manifestações?
Se algum grupo manifestar interesse, é boa ideia realizar a cena planejada, caso seja pos-
sível. Uma sugestão é que ocorra no próprio espaço do CEEJA: no pátio, na cantina, no corre-
dor, na escadaria. Nesse caso, após a apresentação, é interessante debater sobre a reação do
público, como o grupo de estudantes/atores se sentiu, se o objetivo foi cumprido etc. O impor-
tante é que haja atuação, representação de personagens. Caso não seja possível a representa-
ção em um espaço livre da escola, você pode sugerir que a atuação seja feita na própria sala
de aula.
Assim que cada grupo socializar sua proposta, vocês podem ainda discutir as ideias, perso-
nagens, intenções, recursos utilizados, local escolhido, objetivos etc.
Esta atividade tem como objetivo propor uma proximi- Recurso necessário
dade maior com o texto dramático, com foco no teatro
•• Texto Quase ministro (Machado
realista, apresentando um de seus maiores representan- de Assis, 1864)*
tes no Brasil, Machado de Assis, e sua obra Quase ministro.
O texto completo, já em domínio público, está disponível
gratuitamente na internet.
O primeiro passo é conversar com o estudante sobre o tema para verificar seus conheci-
mentos e contextualizar brevemente o texto escolhido, chamando a atenção para o vocabulá-
rio da época e a importância do dicionário no acompanhamento da leitura.
Você pode propor algumas perguntas para serem respondidas após a leitura:
82 VOLUME 3
•• Por que a peça é considerada realista?
•• O texto é bastante irônico, ou seja, diz algumas coisas querendo dizer outras. Busque
identificar os trechos em que é possível observar ironias.
Para iniciar, a proposta é que ele leia ou releia o texto Mudanças no teatro brasileiro, concen-
trando-se no trecho sobre a peça Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues.
Nessa peça, apresentada pela primeira vez em 1943, o cenário é dividido em três planos –
da realidade, da alucinação e da memória –, nos quais acontecem as cenas que contemplam
tais questões. Para a época, isso foi uma grande novidade no universo teatral. No Caderno do
Estudante, afirma-se que o enredo tem forte apelo psicológico, mostra a hipocrisia, o medo, a
angústia, as alucinações, a crueldade, sentimentos presentes, segundo o autor, na sociedade
carioca da época.
Em seguida, a sugestão é que o estudante faça uma pesquisa sobre a peça na internet, lendo
comentários e críticas que o ajudem a produzir um pequeno texto sobre a função do teatro de
tornar visíveis dramas sociais e humanos.
Após a pesquisa, ele pode escolher um tema para transformarem em peça de teatro. O
desafio é que esse tema seja desenvolvido em três planos, como fez Nelson Rodrigues. Por
exemplo: os planos do sonho, da dor e da realização; do trabalho, das férias e da política; da
luta, do ideal e do possível etc.
Uma pergunta que pode orientar o estudante nesta atividade é o que aconteceria em cada
plano. Após a produção, vocês podem discutir sobre o que foi feito, comentando também sobre
as dificuldades e facilidades, mesmo que seja em outro encontro no CEEJA.
BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004.
COSTA, José da. Teatro contemporâneo no Brasil: criações partilhadas e presença diferida. Rio de
Janeiro: 7 Letras, 2009.
VOLUME 3 83
KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.
MAGALDI, Sábato. Panorama do teatro brasileiro. 6. ed. São Paulo: Global, 2004.
RYNGAERT, Jean-Pierre. Ler o teatro contemporâneo. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
Depois de conversar com os estudantes sobre as composições e sua história (caso desejem,
eles podem conhecer a história completa pesquisando na internet), o ideal é proporcionar a
audição das duas músicas. É interessante que a escuta atenta de trechos das composições
pelos estudantes seja subsidiada por algumas diretrizes:
84 VOLUME 3
Encerrada a apreciação, é importante socializar as conclusões. Para aumentar as chances
de diálogo, uma alternativa é explicar que pensar a criação musical, o respeito e a valorização
do que, às vezes, é considerado diferente, como a música de Igor Stravinsky, representa uma
oportunidade de conhecer novas formas de expressão.
Para iniciar, sugere-se pedir que formem grupos e ouçam os jingles selecionados. Você pode
conversar com os estudantes sobre as melodias, as letras e os produtos divulgados por esses
jingles e orientar que cada grupo escolha um como base para sua criação.
Em seguida, a proposta é que eles elaborem uma nova letra para a melodia já conhecida,
criando um jingle para divulgar um espaço cultural recém-inaugurado na cidade. Um deles será
escolhido pelos participantes da oficina para a proposta de divulgação.
Após a apresentação da criação de cada grupo, você pode estimular um debate com base
nas seguintes questões:
Para finalizar, os autores do jingle escolhido podem ensaiá-lo com algum acompanhamento
sonoro e cantá-lo para os colegas. Se for possível, vale uma última conversa sobre as letras
originais e as adaptações, o ritmo da melodia e as ideias encontradas para realizar a proposta.
Recursos necessários
VOLUME 3 85
O objetivo desta atividade é reconhecer a importância dos sons e músicas que fazem parte
de filmes, novelas, seriados etc. e expressar as sensações que o efeito sonoro provoca ao acom-
panhar determinada cena. Exemplos ajudam o estudante a compreender melhor a função da
trilha sonora nas produções cinematográficas ou televisivas.
Professor, sugere-se que você solicite ao estudante que releia o texto Do tema à trilha sonora:
emoção e sentimento e que, em seguida, faça uma pesquisa na internet de alguns trechos de filmes
como: A doce vida; Cinema Paradiso; Superman; E.T., o extraterrestre; Missão impossível; Top Gun,
ases indomáveis; Casablanca etc.
Caso você não possa acompanhar a pesquisa com o estudante, é importante lembrá-lo de
que ele pode procurá-lo quando terminar a atividade ou em outra visita ao CEEJA para conver-
sar sobre as respostas e esclarecer dúvidas.
86 VOLUME 3
GUSMÃO, Cynthia. Pequena viagem pelo mundo da música. São Paulo: Moderna, 2008.
JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. 13. ed. Campinas: Papirus, 2009. (Coleção Ofício
de Arte e Forma).
MENUHIN, Yehudy; DAVIS, Curtis W. A música do homem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. São Paulo: Atlas, 2009.
SCHAFER, Raymond Murray. Educação sonora: 100 exercícios de escuta e criação de sons. São
Paulo: Melhoramentos, 2011.
STURROCK, Susan. Dicionário visual de música. 2. ed. São Paulo: Global, 2006.
tudo a arte pop, foco da oficina, com base na leitura •• Materiais diversificados para criação
artística: sucata, cabos de vassoura, bal-
do texto Arte pop. des, guarda-chuvas, garrafas, embala-
gens etc.
Em seguida, sugere-se apresentar as imagens sele-
cionadas, instigando-os a comentar suas hipóteses
de leitura. Você pode contextualizar cada uma das obras, dizendo o nome do artista, a data de
produção, o local em que está exposta, entre outras informações que contribuam para a leitura
visual dos estudantes.
VOLUME 3 87
Essa proposta vale uma boa discussão: O que seria motivo de alerta hoje? O uso compulsivo
de celulares, de redes sociais?
Finalizados os trabalhos, você pode solicitar aos estudantes apreciadores que façam sua
leitura e comentários sobre o que estão vendo; somente após a interpretação deles é que os
autores devem se manifestar, falando sobre sua produção, intenções, dificuldades, acertos,
valores simbólicos etc.
Nesse caso, é importante lembrá-los de que não se trata de enfeitar ou decorar o espaço,
mas chamar a atenção para algo, alguém, um fato, reforçando que arte é linguagem e suas
produções sempre têm uma intenção: denunciar, compartilhar, sensibilizar, declarar, chamar
a atenção, fazer pensar – enfim, expressar ideias, pensamentos e sentimentos.
88 VOLUME 3
Voltando à sala de aula, você pode reler com eles o que o Caderno do Estudante traz sobre
site specific. Em seguida, é hora de cada grupo de estudantes conversar, debater ideias, discu-
tir possibilidades, intenções e decidir o que realizar, para, munido dos materiais escolhidos,
dirigir-se ao local selecionado e concretizar sua ideia. Você, professor, pode acompanhar os
grupos e ajudá-los na tarefa.
Terminadas as produções, é interessante observar a reação das pessoas que passarem pelo
local e, também, entrevistá-las. Vale a pena fotografar os trabalhos, se possível.
Para finalizar, você pode retomar a roda de conversa, encaminhando uma autoavaliação
com base em perguntas como:
Após a pesquisa, sugere-se que você convide o estudante a pensar em uma produção que
faria utilizando algo totalmente fora do comum no mundo das artes. Ele pode fazer um esboço
de sua ideia em forma de desenho ou então descrevê-la em palavras.
VOLUME 3 89
Caso seja possível, é interessante que ele tente concretizar o que idealizou. Os materiais que
ele escolheu são de fácil acesso? Se sim, é possível propor que o estudante produza aquilo que
planejou. Você pode ajudá-lo nesse trabalho, oferecendo caminhos, sugestões, e discutindo
como foi o processo de produção.
•• Agora que você observou as imagens, o desafio é planejar uma produção em uma
dessas modalidades. Em qual delas será sua produção, site specific ou instalação?
•• Onde ela será exposta? Por que você escolheu esse lugar?
•• Qual a proposta para essa arte? O que ela significa para você ou o que você deseja
comunicar?
ARCHER, Michael. Arte contemporânea: uma história concisa. 2. ed. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2012.
BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo:
Cortez, 2005.
BARROS, Anna; SANTAELLA, Lucia (Org.). Mídias e artes: os desafios da arte no início do século
XXI. São Paulo: Unimarco, 2002.
BATCHELOR, David. Minimalismo. São Paulo: Cosac Naify, 1999. (Coleção Movimentos da Arte Moderna).
90 VOLUME 3
CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
DOMINGUES, Diana (Org.). A arte no século XXI: a humanização das tecnologias. São Paulo: Edi-
tora Unesp, 1997. (Coleção Primas).
MCCARTHY, David. Arte pop. São Paulo: Cosac Naify, 2001. (Coleção Movimentos da Arte
Moderna).
AGUILAR, Nelson (Org.); SASSOUN, Suzanna (Coord.). Arte contemporânea. São Paulo: Fundação
Bienal de São Paulo – Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000. (Mostra do Redescobri-
mento, 2000).
Após a apreciação dos vídeos, uma roda de conversa com os estudantes pode ajudar a
levantar as características da dança, do que eles gostaram e do que não gostaram. A ideia é
que eles falem sobre o que mais lhes chamou a atenção com relação à ação dos corpos, expres-
sões faciais, figurinos e cenários.
Depois que os estudantes manifestarem suas ideias e conclusões, você pode complementar
com informações que não foram citadas e que julga importantes para ampliar o repertório e o
interesse deles sobre a linguagem a ser trabalhada na oficina.
VOLUME 3 91
Após essa primeira abordagem, sugere-se apresentar à turma alguns objetos. A proposta
é que os estudantes criem uma coreografia tendo um material como estímulo, de forma que
estabeleçam um diálogo corporal com esse material, consolidando, assim, uma relação entre
objeto e movimento. Eles também vão escolher uma música para acompanhar os movimentos
que serão improvisados.
É importante lembrá-los de que improvisar não é fazer “qualquer coisa” e que, embora na
dança contemporânea o dançarino tenha autonomia para criar a coreografia, traçar e desen-
volver o próprio vocabulário, sem determinadas técnicas ou narrativas, a composição dos
movimentos necessita de um sentido, uma intenção.
Também é preciso explicar para eles que não haverá ensaio, apenas alguns minutos para
reflexão e combinações que propiciem tomadas de decisões sobre espaço, funções que o corpo
executa, níveis, material e som.
Você pode sugerir como tema para inspiração algo da atualidade. A proposta é fazer impro-
visação de uma sequência de três ou quatro movimentos e que o objeto e a música façam
parte da apresentação.
Para tanto, sugere-se dividir os estudantes em três ou quatro grupos e disponibilizar os objetos
e as músicas para que cada um, após alguns minutos de conversa, escolha o que pretende utilizar.
•• Osmovimentos podem ser realizados em diferentes níveis, ser rápidos, lentos, contínuos
ou, ainda, ser executados com o corpo se deslocando pelo espaço ou no mesmo local.
•• A dança contemporânea rompe com o conceito de narrativa e estruturas formais do balé
clássico, algumas delas ainda presentes na dança moderna.
•• Os
movimentos foram realizados em diferentes níveis, foram rápidos, lentos, contínuos,
foram executados com o corpo se deslocando pelo espaço ou no mesmo local?
•• Como o objeto escolhido foi inserido na comunicação da improvisação?
•• Como o som foi utilizado na improvisação? Tinha relação com o movimento ou não?
92 VOLUME 3
O frevo como patrimônio TEMA 2
•• Correr,
sentar no chão, levantar, dar um salto, balançar o corpo, pular corda imaginária,
empurrar uma caixa pesada, girar, torcer, dobrar etc.
••Correr e parar; saltar e abaixar; enrolar e desenrolar; esticar o corpo e encolher etc. Esta série,
como é possível observar, está relacionada a pares de ações, ou seja, movimentos combinados.
Os estudantes podem formar grupos de quatro ou cinco integrantes e criar uma sequência
com quatro ou cinco movimentos inspirados na dança do frevo que apreciaram, nas possibili-
dades que o corpo oferece com relação às diferentes funções e níveis e também nos movimen-
tos de danças que conhecem. Algumas sombrinhas podem compor o figurino da dança.
É importante ajudá-los caso tenham dificuldades e, se for necessário, explicar que podem regis-
trar em seu caderno a sequência de ações que planejaram ensaiar. Após as apresentações, sugere-
-se uma roda de conversa para reflexão sobre a oficina com base nas seguintes questões:
VOLUME 3 93
O que nos dizem as imagens TEMA 1
Você pode propor que o estudante assista a trechos dos espetáculos sugeridos e, em
seguida, responda às seguintes questões:
•• O que chama a atenção na posição dos corpos dos dançarinos? Em quais imagens os
movimentos oferecem sensação de força e de leveza?
•• Como esses fatores podem ser observados?
•• Ao observar a dançarina Gícia Amorim, qual movimento você imagina que ela vai reali-
zar? Como você chegou a essa conclusão?
Professor, sugere-se que o estudante trabalhe com uma versão do mapa original com as cai-
xas de texto vazias e ampliadas para que ele produza os desenhos de seu patrimônio.
Por exemplo, na caixa de texto em que está escrito móvel, que diz respeito aos patrimônios
culturais materiais móveis, o estudante pode desenhar algum item de uma coleção arqueoló-
gica ou de um acervo de museu da cidade ou da região. Na caixa em que está escrito imóvel, o
estudante pode desenhar uma praça, uma igreja, um prédio tombado que se tornou museu da
cidade ou região, para representar um bem material imóvel.
94 VOLUME 3
Material
É composto por um conjunto
de bens culturais classificados
segundo sua natureza e divididos
em bens móveis e imóveis.
Imaterial
Dentre os bens culturais imateriais
estão os saberes, as habilidades, as
crenças, as práticas, o modo de ser
das pessoas.
Textos
BRAYNER, Natália Guerra. Patrimônio cultural imaterial: para saber mais. Brasília: Iphan, 2007.
FARO, Antonio José. Pequena história da dança. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
MARQUES, Isabel Azevedo. Linguagem da dança: arte e ensino. São Paulo: Digitexto, 2010.
OSSONA, Paulina. A educação pela dança. 4. ed. São Paulo: Summus, 1988. (Coleção Novas
Buscas em Educação).
VOLUME 3 95
Roteiros para exploração dos vídeos do Programa
Volume 1
O vídeo apresenta, inicialmente, como o cotidiano é permeado por cores, formas, luzes,
sombras, sons, silêncios, movimentos corporais, gestos. A partir desta constatação, mostra
como esses elementos, dependendo de sua composição e da intenção do artista, podem se
transformar nas diferentes linguagens da arte.
Apresenta também entrevistas com o artista plástico Paulo Pasta, com a fotógrafa e profes-
sora de Poéticas Visuais Inaê Coutinho e o curador e professor da FAU/USP Agnaldo Farias. Os
três trazem contribuições para uma boa conversa com o estudante sobre o fazer artístico e a
apreciação estética de obras de arte.
Assim como mostrado no Caderno do Estudante, o vídeo afirma que cores, linhas, formas,
sons, silêncios, gestos, movimentos corporais, quando poética e intencionalmente compostos
e organizados pelo artista – seja como pintura, desenho, escultura, fotografia, cinema, gravura,
teatro, dança, música etc. – expressam ideias, sentimentos, pensamentos. A partir da aprecia-
ção do vídeo e dessa constatação, vale perguntar ao estudante:
•• Vocêacha, então, que cores, sons, gestos podem significar algo? Por quê? Saberia dar
alguns exemplos desses significados que ocorrem no cotidiano?
•• Oartista plástico Paulo Pasta diz que o seu trabalho se constitui, especialmente, em
estabelecer relações, que é em seu fazer artístico que ele vai criando sentidos em sua
produção.
•• Oque você entende por estabelecer relações e criar sentidos no fazer artístico? Poderia
dizer que, na leitura da obra de arte, os espectadores também estabelecem relações e
criam sentidos? Como? Por quê?
96
•• A fotógrafa Inaê Coutinho fala um pouco sobre seu processo de criação e como se dá a sua
busca por cores, formas e o melhor enquadramento. Pensando sobre o depoimento da fotógrafa,
você acha que todo artista já tem em mente aquilo que gostaria de expressar? Por quê?
•• Ela
afirma que a máquina fotográfica é um elemento técnico na mão de um ser humano
e que o próprio ato de enquadrar é uma escolha. Fale um pouco sobre técnicas, escolhas,
materiais e intenções do artista nas diferentes linguagens da arte.
•• O curador Agnaldo Farias afirma que não existe obra sem espectador. Por quê? Ele fala ainda
que a obra de arte mostra a visão de mundo do artista e que “destrava em nós relações que
não são comuns, triviais, ordinárias, habituais”. Você concorda com essa afirmação? Por quê?
•• Agnaldo Farias também diz que uma boa obra é sempre inesgotável e que interpretações
são provisórias. Por quê? Justifique.
Outra sugestão é realizar uma conversa centrada na entrevista com Agnaldo Farias, sobre a
comparação que ele faz entre a apreciação de obras de arte e o ato de ver um jogo de futebol.
Você pode levantar questões como conhecimento, repertório, frequência a museus, exposi-
ções, galerias, salas de concerto, teatro, apresentações de dança etc.
O vídeo é sugerido por oferecer a possibilidade de audição da música erudita, além de apresen-
tar os instrumentos e seus naipes, tema estudado no Caderno do Estudante. Esta apresentação é
conduzida pelo maestro da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, de São Paulo.
Você pode sugerir o seguinte roteiro para orientar a apreciação do estudante:
•• Qual
é o instrumento que Sara aprendeu a tocar? Com que idade iniciou seus estudos
em música?
•• Para Sara, o que é indispensável para aqueles que querem aprender a tocar um
instrumento? Qual é a sua opinião sobre isso? Você concorda com a opinião da musicista?
•• O
maestro apresenta os naipes da orquestra. Quais são eles? Quais os parâmetros do
som relacionados a cada um dos naipes?
•• Quais os instrumentos apresentados pelo maestro? De qual você mais gostou?
•• Qual
é, segundo o vídeo, o mais famoso compositor de música erudita do Brasil? Você
reconheceu algumas de suas músicas que aparecem no vídeo?
•• Quais outras informações do vídeo você considera importantes?
97
A construção da sonoridade TEMA 1
Fernando Sardo é músico, luthier e arte-educador; no vídeo sobre seu trabalho, ele mostra o
domínio da arte de fabricar instrumentos tradicionais com materiais não convencionais, utili-
zando materiais orgânicos (madeira, bambu, cabaça, argila, pedra), sintéticos (plásticos, tubos
de PVC, metal, borracha, papel, vidro) e sucatas. Seu principal objetivo com essa proposta é
pesquisar sons que, além de únicos, são curiosos e inesperados.
Além disso, ele poderá identificar conteúdos que fazem parte do tema estudado, como analisar
variações sonoras, identificando as características de cada fonte sonora apresentada e conhecer os
diferentes materiais com os quais é possível construir um instrumento sonoro não convencional.
Portanto, sugere-se que, antes de apresentar o vídeo, você solicite ao estudante que, além
de escutar atentamente os exemplos sonoros apresentados por Fernando Sardo, observe tam-
bém os materiais utilizados pelo músico na construção da fonte sonora. Depois pode conversar
sobre o que ele pensa dos instrumentos musicais não convencionais, estimulando o diálogo
com algumas perguntas:
98
Volume 2
O vídeo apresenta, por meio da linguagem cênica, o poeta e escritor Oswald de Andrade e seu
ponto de vista sobre o que foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que aconteceu no Theatro
Municipal de São Paulo. Fala também sobre seus principais participantes, especialmente nas artes
visuais, na música e na literatura, e rememora os antecedentes do modernismo e suas influências
décadas depois. Há também entrevistas com a historiadora Márcia Camargos e com a pro-
fessora de História da Arte Brasileira, Graziela Forte, que discorrem sobre a importância da
Semana de 22 e a produção artística brasileira da época. Professor, sugere-se que você assista
ao vídeo antes de apresentá-lo ao estudante.
Você pode introduzir o tema falando um pouco sobre o contexto cultural da época, sobre
o que foi o parnasianismo e quem foi Oswald de Andrade, deixando clara sua postura irreve-
rente, irônica e revolucionária.
Outras explicações são necessárias para que o estudante compreenda melhor o que eram
as vanguardas europeias – vale propor a consulta ao Caderno do Estudante – e os artistas mais
importantes desses movimentos, especialmente do futurismo e do expressionismo, mostrados
várias vezes no vídeo.
A seguir, algumas sugestões para uma conversa com o estudante, após a apreciação do vídeo.
Você pode debater um pouco sobre as respostas apresentadas e propor mais algumas questões.
•• Há um momento em que o ator que representa Oswald de Andrade, diz: “[...] romper com
a tradição, ser modernos, não europeus, mas brasileiros”. O que significa essa afirmação?
•• A historiadora Márcia Camargos afirma que a Semana foi o ato inicial do que seria o
modernismo no Brasil e que seus representantes, na época, nem eram chamados de moder-
nistas, mas, de “os novos” ou “futuristas”. Você saberia explicar por quê?
99
•• A professora de História da Arte Brasileira Graziela Forte faz distinções entre a arte aca-
dêmica e o modernismo. Você saberia dizer quais são?
A sugestão para uma última conversa é incentivar o debate a partir das questões:
•• Houve algumas influências dos modernistas, nas diferentes linguagens, que se fizeram
notar mesmo décadas depois?
J. C. Violla explica o desenvolvimento dos movimentos que fazem parte das coreografias
modernas em contraposição às coreografias do balé clássico, com foco na valorização da
expressão de sentimentos, sonhos e emoção, em detrimento da técnica e da habilidade. Violla
apresenta a origem dos movimentos que fazem parte da dança moderna e demonstra os movi-
mentos que fazem parte da teoria formulada por Rudolf von Laban.
100
O conteúdo do vídeo possibilita recortes com focos distintos, porém todos voltados para o
assunto principal, que é o estudo sobre dança clássica e moderna.
Sugere-se uma breve apresentação sobre o tema do vídeo antes de propor a apreciação ao
estudante. A primeira apreciação pode ser realizada sem interrupções. O estudante, enquanto
assiste ao vídeo, relaciona alguns trechos com o conteúdo do Caderno, registrando o que ainda
não entendeu. Em seguida, você pode reapresentar o vídeo fazendo interrupções nos trechos
destacados pelo estudante para esclarecer suas dúvidas.
Outra sugestão é propor algumas questões antes da exibição, que podem ajudá-lo a iniciar
uma conversa objetivando a análise do que foi visto.
•• O corpo da dançarina se movimenta como um todo? Há partes que são mais usadas?
•• As ações realizadas pela dançarina são mais próximas do chão ou estão mais nos níveis
médio e alto?
•• Quais funções básicas executadas pela dançarina – dobrar, torcer e esticar – fazem parte
dos movimentos apresentados?
As mesmas questões podem ser propostas para os pequenos trechos de dança narrativa e
para os trechos de dança moderna, com as devidas adaptações.
101
Volume 3
O vídeo Arte contemporânea 2 faz uma breve retomada de alguns elementos da arte con-
temporânea e dá continuidade à visita, apresentando algumas galerias permanentes do insti-
tuto. Uma delas é a Galeria Miguel Rio Branco, construída colaborativamente entre Inhotim e
o artista para abrigar algumas de suas produções, entre elas a obra Diálogos com Amaú (1983),
analisada pelo estudante Gustavo da Cruz Moura, que, instigado por Evandro Nicolau, traz
alguns elementos para reflexão sobre a arte e como ela pode modificar a maneira de olhar
para a própria realidade. Outra galeria exibida é a do artista pernambucano Tunga, chamada
Galeria Psicoativa, que, como o nome pode indicar, provoca uma manifestação dos sentidos,
como o olfato, a audição, a visão.
Por fim, outras importantes obras de arte são apresentadas, tais como: De lama lâmina, de
Matthew Barney; The murder of crows, de Janet Cardiff e George Miller; e, fechando o vídeo,
102
Bean drop Inhotim, de Chris Burden. Essas produções são analisadas pelos especialistas Maria
Eugenia e Evandro, e pelos visitantes, que contribuem dessa maneira com uma possível cons-
trução de novos conhecimentos acerca da arte contemporânea e novas possibilidades de olhar
o cotidiano.
Professor, antes de exibir o vídeo Arte contemporânea 1, sugere-se que você converse com o
estudante sobre arte contemporânea, a fim de fazer um levantamento de conhecimentos pré-
vios sobre o tema. Você pode perguntar ainda se ele conhece algum artista ou se viu alguma
obra de arte pelas ruas, se é possível categorizá-la como arte contemporânea e por quê.
Após a conversa, é hora de promover uma primeira apreciação do vídeo sem interrup-
ções, de modo que o estudante possa relacionar os assuntos discutidos com os conteúdos
exibidos. Em seguida, você pode propor que ele escolha uma obra apresentada no vídeo e
responda às seguintes questões:
•• Quais das características da arte contemporânea ditas no vídeo essa obra possui?
•• E em relação às cores empregadas, elas são importantes para a obra? Por quê?
•• Há alguma relação entre o espaço no qual a obra está inserida e a própria obra? Qual? Se
ela estivesse situada em outro local, as interpretações sobre ela seriam diferentes?
•• Em relação ao artista, com quais temas ele costuma trabalhar? Qual sua relevância para
a arte contemporânea? Quais suas obras de destaque?
Professor, como atividade sobre o vídeo Arte contemporânea 2, sugere-se que o estudante
faça uma análise sobre as obras que são apresentadas no vídeo antes de assisti-lo. Para
isso, é necessário que ele veja as imagens dessas obras previamente selecionadas por
você. São elas: Invenção da cor (Hélio Oiticica, 1977), Desvio para o vermelho (Cildo Meireles,
1984), Através (Cildo Meireles, 1983-1989), Viewing machine (Olafur Eliasson, 2001-2008) e
Ahora juguemos a desaparecer (Carlos Garaicoa, 2002).
Após a apreciação das imagens, sugere-se estimular o estudante a tecer suas interpre-
tações sobre cada obra e só então apresentar o vídeo para ele. Para finalizar, você pode
conversar sobre o que é falado no vídeo e o que ele interpretou sobre determinada obra,
ou sobre como a arte possibilita que se conheçam novas realidades e como estas podem
modificar sua visão de mundo.
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