Aula - Princípio Fundamental Da Contagem PDF
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nete, o cliente deve escolher exatamente um tipo pão, um ações como o n−ésimo passo.
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Fundamental da Contagem, igual a m1 m2 m3 = 2·3·3 = 18, Como devemos montar um número de 200 a 999, seu al-
conforme havı́amos calculado anteriormente. garismo das centenas não poderá ser igual a 1; e, como
Uma dica importante: para realizar uma contagem qual- todos os algarismos devem pertencer ao conjunto A, te-
quer, uma estratégia interessante é nos colocarmos na mos apenas três possı́veis valores (4, 7 ou 9) para o dı́gito
posição da pessoa que está realizando as ações ou esco- da centenas. Assim, m1 = 3. Por outro lado, os dı́gitos
lhas envolvidas. E, no caso em que queremos contar o das dezenas e das unidades podem ser quaisquer elementos
número de objetos de um certo conjunto, devemos sempre de A, de forma que m2 = m3 = 4. Logo, pelo Princı́pio
nos perguntar qual a sequência de ações que devemos rea- Fundamental da Contagem, a quantidade de maneiras de
lizar para construir ou selecionar, de maneira única, cada formar um número com as propriedades indicadas é igual
um dos possı́veis objetos do conjunto. Por exemplo, para a m1 m2 m3 = 3 · 4 · 4 = 48.
montar o sanduı́che do exemplo anterior, as ações eram: (b) Vejamos, agora, como responder à segunda pergunta.
escolher o pão, escolher a carne e escolher o queijo. Temos que tomar as mesmas decisões (i), (ii) e (iii) do item
No exemplo a seguir, já temos uma situação onde é im- anterior, com a restrição adicional de que não podemos es-
praticável listar todas as soluções, ou mesmo desenhar toda colher um mesmo algarismo duas vezes. A árvore de de-
a árvore de decisão (mas ainda é possı́vel imaginá-la). cisão da Figura 2 indica todas as possı́veis escolhas para
cada algarismo; a partir dela, podemos facilmente obser-
Exemplo 2. De quantas formas podemos escolher os var que existem 18 possı́veis valores para o número pedido
sı́mbolos de uma placa de carro, sabendo que ela deve ser (um valor correspondendo a cada caminho, da raiz ao nı́vel
composta por 3 letras (escolhidas de um alfabeto com um final). Mas, gostarı́amos de resolver esse problema dire-
total de 26 letras) e 4 dı́gitos (cada um no intervalo de 0 tamente, usando o Princı́pio Fundamental da Contagem.
a 9)? Para tanto, veja que, como antes, temos m1 = 3 possı́veis
escolhas para o algarismo das centenas. Entretanto, ao
Solução. Vamos nos colocar na posição de alguém que
escolhermos o algarismos das dezenas, temos que tomar
está montando a placa. Para montá-la é preciso fazer sete
o cuidado para que esse algarismo seja diferente do alga-
ações independentes. As ações consistem em escolher qual
rismo das centenas, agora já escolhido. Sendo assim, dos 4
será: (1) a primeira letra, (2) a segunda letra, (3) a ter-
possı́veis elementos de A, apenas 3 deles podem ser usados
ceira letra, (4) o primeiro dı́gito, (5) o segundo dı́gito, (6)
(temos que descontar aquele elemento que já foi escolhido
o terceiro dı́gito, (7) o quarto dı́gito. Se m1 , m2 , . . . , m7
como algarismo das centenas!). Portanto, m2 = 3. Prosse-
denotam as quantidades de sı́mbolos disponı́veis para rea-
guindo com esse raciocı́nio, vemos que existem 2 possibi-
lizarmos as ações 1, 2, . . . , 7, respectivamente, então temos
lidades para o algarismo das unidades, pois este deve per-
que m1 = m2 = m3 = 26 e m4 = m5 = m6 = m7 = 10.
tencer a A e deve ser diferente dos outros dois algarismos já
Dessa forma, pelo Princı́pio Fundamental da Contagem, o
escolhidos. Logo, m3 = 2. Concluı́mos, então, que a quan-
número total de maneiras de executar todas essas escolhas
tidade de números que podemos formar é 3 · 3 · 2 = 18.
é igual a m1 m2 . . . m7 = 263 · 104 = 175.760.000.
Observe que, para usar o Princı́pio Fundamental da Con- Observe na Figura 2 que, após escolhermos o algarismo
tagem, precisamos organizar as ações ou escolhas que de- das centenas (4, 7 ou 9), os 3 possı́veis algarismos que ainda
vemos tomar ou fazer de modo que seja possı́vel calcular podem ser usados na casa das dezenas mudam, de acordo
facilmente o número de maneiras de executar a i-ésima com o algarismo escolhido para as centenas (e cuja escolha
ação (nas notações do exemplo acima, o valor de mi ), sem não pode ser repetida). Não há qualquer problema com
que esse número dependa das escolhas executadas anteri- isso, mas é muito importante que, em cada caso, a quan-
ormente. Fizemos isso já no Exemplo 2, quando o número tidade de escolhas permanece a mesma. Ou seja, o valor
de possı́veis escolhas para a segunda letra não dependeu da de m2 é igual a 3, independentemente de qual número seja
primeira letra escolhida, e assim sucessivamente. Vejamos escolhido para as centenas. Do mesmo modo, o número
outras situações, cada vez mais elaboradas. de possı́veis escolhas para o algarismo das unidades é sem-
pre 2. Por isso, m3 = 2. É essa constância do número de
Exemplo 3. Quantos são os números naturais de 200 a possibilidades que nos permite utilizar o Princı́pio Multi-
999, tais que todos os seus algarismos: plicativo.
(a) pertencem ao conjunto A = {1, 4, 7, 9}?
(b) pertencem ao conjunto A = {1, 4, 7, 9} e são distintos? 2 Tente não adiar dificuldades!
Solução. (a) Para formar o número de 3 algarismos preci- O tı́tulo dessa seção é talvez o melhor conselho que você
samos tomar apenas 3 decisões: (i) qual será seu algarismo pode receber ao tentar resolver um problema de contagem.
da casa das centenas, (ii) qual será seu algarismo da casa Mas o que queremos dizer com isso, exatamente? Como
das dezenas, (iii) qual será seu algarismo das unidades. vimos na seção anterior, ao realizar uma contagem nós
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4 ele deve pertencer ao conjunto A = {1, 4, 7, 9}. Logo, há
9
1 quatro possı́veis escolhas para ele, ou seja, m1 = 4. Feito
isso, há três possibilidades para o algarismo das dezenas
7 (pois ele deve pertencer a A e deve ser diferente do alga-
9 4
1 rismo das unidades). Logo, m2 = 3. Mas quantas possı́veis
7 escolhas temos, agora, para o algarismo das centenas? A
1 resposta é: depende! Tal algarismo deve ser diferente de 1
4
e diferente dos dois algarismos já escolhidos. Sendo assim,
4 caso o algarismo 1 já tenha sido usado, temos dois possı́veis
9
1 valores sobrando para o algarismo das centenas; por outro
lado, caso o 1 não tenha sido escolhido, temos apenas um
9
7 4 possı́vel valor (pois o algarismo das centenas deve ser dife-
1 rente de 1, diferente do algarismo escolhido para as unida-
9 des e diferente do escolhido para as dezenas). Dessa forma,
1 não é possı́vel definir um valor para m3 e, portanto, não
4
podemos usar o Princı́pio Multiplicativo. Ainda assim, po-
7 demos terminar de resolver o problema analisando o que
9
1 acontece caso a caso com uma árvore de decisão, como
9 na Figura 3. Pela árvore, vemos que existem 18 possı́veis
4 7
1 7 4
9
1
7 9 4 7
9
1
devemos listar uma sequência de ações ou escolhas que de- 4
terminam os objetos a serem contados. Nosso conselho é:
9 7
sempre que possı́vel, realize primeiro as ações mais difı́ceis,
ou seja, aquelas que estão sujeitas a um maior número de
restrições. Ao realizar uma contagem, pequenas dificulda- 4 7 9
des podem rapidamente se tornar grandes problemas.
9
Isso é exatamente o que vı́nhamos fazendo ao longo da 1
última seção, mas não havı́amos ainda chamado explicita- 7
mente a atenção do leitor. Considere, por exemplo, no- 7
9
vamente o problema do Exemplo 3, item (b). Em nossa 4
solução, decidimos escolher primeiro o algarismo das cen- 9
tenas, em seguida o das dezenas e por fim o das unidades. 1 7
4
O motivo pelo qual fizemos isso não foi simplesmente pelo
9
fato desta ser a ordem natural de se escrever um número. 4
O motivo foi porque, em nosso problema, a escolha do al- 7
garismo das centenas era a mais restrita: lembre-se de que,
além de ser diferente dos demais, ele não podia ser igual a Figura 3: Outra árvore de decisão que resolve a pergunta do
1. Exemplo 3, item (b). Agora, escolhemos primeiro o dı́gito das
unidades, seguido do dı́gito das dezenas e, por fim, do das cente-
Como um rápido exercı́cio, vejamos o que teria acon-
nas. Dessa forma, o caminho marcado corresponde ao número
tecido se tivéssemos tentado construir nosso número esco- 491. Veja que essa escolha torna a árvore menos regular.
lhendo primeiro o dı́gito das unidades, seguido pelo das de-
zenas e, depois, o das centenas. Executando as ações nessa
ordem, a única restrição sobre o dı́gito das unidades é que números, mas essa solução é bem mais difı́cil que a ori-
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ginal. Em situações mais complicadas, talvez sequer seja já foram utilizados por alguma das variáveis a1 , . . . , ai−1 .
possı́vel terminar de realizar a contagem se escolhermos de A conclusão é: tentado resolver os casos mais simples pri-
maneira errada por onde começar. meiro, acabamos criando um problema bem mais difı́cil
Vejamos um exemplo bastante interessante do tipo de que o original. (Nesse caso, praticamente intransponı́vel!)
situação descrita acima.
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Ao dividir um problema de contagem em Solução. Se tentarmos contar diretamente quantas pala-
casos, onde dentro de cada caso contamos vras desse tipo existem, não é difı́cil perceber que o pro-
o número de soluções que nele se enqua- blema precisará ser dividido em muitos casos. Por exem-
dram e todas as soluções se enquadram em plo, podemos considerar primeiro as palavras em que todas
exatamente um dos casos, o número total as letras são iguais, em seguida aquelas em que exatamente
de soluções é igual à soma dos números de quatro letras consecutivas são iguais mas a quinta letra é
soluções de cada caso. diferente, e assim por diante. Essa análise seria extensa e
tediosa.
Veja que há dois pontos bastante importantes ao parti-
Como podemos, então, realizar a contagem? Ora, é bem
cionar um problema em casos:
mais simples contar o número de palavras com cinco le-
1. Toda solução possı́vel deve ser coberta por (i.e., deve tras que não possuem a propriedade desejada, ou seja, o
enquadrar-se em) algum dos casos. (Ou seja, você número de palavras de cinco letras nas quais quaisquer
deve certificar-se de que, com a divisão em casos que duas letras consecutivas são distintas. De fato, escolhendo
escolheu, você contou todas as possı́veis soluções.) as letras uma a uma, temos que: há 26 possibilidades para
a primeira letra e 25 possibilidades para cada uma das de-
2. Não pode haver nenhuma solução que seja coberta por
(i.e., se enquadre em) mais de um dos casos. (Ou mais quatro letras (uma vez que cada uma precisa ser dife-
seja, a divisão em casos que você escolheu não pode rente apenas da letra anterior a ela). Sendo assim, há um
total de 26 · 254 palavras de cinco letras que são ruins (por
contabilizar uma solução mais de uma vez.)
não satisfazerem a propriedade originalmente pedida). Por
Em termos de conjuntos, o Princı́pio Aditivo pode ser outro lado, o total de palavras com cinco letras (onde não
enunciado como segue, onde escrevemos |X| para denotar impomos qualquer tipo de restrição) é, pelo Princı́pio Fun-
o número de elementos do conjunto (finito) X. damental da Contagem, igual a 265 (pois há 26 possı́veis
Proposição 6. Se A e B são conjuntos finitos, sem ele- escolhas para cada uma das cinco letras). Para terminar,
mentos comuns, então |A ∪ B| = |A| + |B|. basta ver que, se retirarmos do total de palavras com cinco
letras as palavras que são ruins, o que sobrará serão as pa-
Uma habilidade importante para resolver problemas de
lavras que queremos contar. Assim, o número de palavras
contagem é perceber quando devemos usar o Princı́pio Adi-
que possuem a propriedade pedida no enunciado é igual a
tivo, quando usar o Princı́pio Multiplicativo e, em especial,
265 − 26 · 254 = 1.725.126.
como e quando podemos combinar ambos em uma solução
(como fizemos no exemplo acima). Para isso, sugiro que o
leitor resolva alguns dos exercı́cios constantes do material
“Exercı́cios de Princı́pios Básicos de Contagem”. Dicas para o Professor
O material aqui apresentado merece pelo menos três
4 Contando pelo complementar sessões de 50min para ser discutido adequadamente. O
texto começa com alguns exemplos bastante simples onde
Nesta seção exploramos brevemente o seguinte fato curioso seria possı́vel realizar a contagem listando todos os obje-
e bastante útil: muitas vezes, é mais fácil contar o número tos que satisfazem as condições do problema. Contudo, é
de maneiras que certa situação tem de não acontecer do importante que esses exemplos sejam apresentados e resol-
que o número de maneiras que ela tem de acontecer. Ou, vidos tanto através da formulação dessa lista quanto com
de forma semelhante, no lugar de contar diretamente o o princı́pio fundamental da contagem, já que é nesse mo-
número de objetos de um certo tipo, podemos tentar contar mento em que o aluno tem a chance de fazer uma ponte en-
primeiro o número de objetos que não são desse tipo e, tre a aplicação abstrata do princı́pio fundamental da conta-
em seguida, subtrair este valor do total de objetos (que gem e a situação concreta exposta no problema. Também
muitas vezes é fácil de calcular); ao proceder assim, ainda neste momento, a árvore se decisão surge como uma impor-
obteremos como resultado o número de objetos do tipo que tante ferramenta para fortalecer a construção dessa ponte.
querı́amos contar. Vejamos um exemplo dessa situação. Com ela podemos organizar sistematicamente os objetos
Exemplo 7. No que segue, chamamos de palavra qualquer que haviam sido listados. Mesmo em situações em que
sequência finita de letras, formadas usando nosso alfabeto não é possı́vel listar todos os objetos ou desenhar a árvore
de 26 letras. Assim, para ser considerada uma palavra, a inteira, é possı́vel imaginar a construção da árvore.
sequência finita de letras não precisa fazer sentido, ou seja, Outro ponto muito importante é distinguir situações
não precisa ser encontrada num dicionário de Português. onde podemos usar diretamente o princı́pio fundamen-
Por exemplo, “CASA”, “PERIPONGUE”, “TITANTNN” tal da contagem daquelas em que é necessário aplicar o
são palavras. Calcule o número de palavras com cinco le- princı́pio aditivo, ou seja, dividir o problema em casos. É
tras, que possuem (pelo menos) duas letras consecutivas comum que os alunos tenham dificuldade, especialmente
iguais. ao estudar problemas de contagem pela primeira vez, em
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distinguir quando as quantidades que surgem no decorrer
da solução devem ser multiplicadas e quando elas devem
ser somadas. O professor deve estimular os alunos a pensa-
rem qual operação deve ser usada antes de dar a resposta
para o problema. Assim, é importante também realizar
exemplos que envolvam ambas as operações. Além disso,
pode ser observado que, em situações futuras, as outras
operações aritméticas (incluindo subtração e divisão) serão
necessárias.
Por fim, a Seção 4 apresenta uma ideia que apesar de
simples pode causar surpresa para muitos. Essa forma de
contagem muitas vezes acaba sendo esquecida durante a re-
solução de problemas. Por isso, o professor deve ressaltar
a sua importância, no sentido de que ela facilita enorme-
mente a resolução de alguns tipos de problemas.
Observe que a referência [1] também contém vários
exemplos, tanto de dificuldade igual quanto maior do que
os apresentados aqui, os quais você pode explorar de
acordo com a maturidade dos alunos da turma.
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