A Vocação Sacerdotal - Pe Croix
A Vocação Sacerdotal - Pe Croix
A Vocação Sacerdotal - Pe Croix
De La CROIX
da Associação Sacerdotal
A Vocação
Sacerdotal
CONSIDERACOES PRÁTICAS
Destinadas a todos os fieis:
sacerdotes e seminaristas,
famílias cristãs e almas piedosas.
Setembro 1942
A VOCACAO SACERDOTAL
NIHIL OBSTAT
S. Pauli, 14 - Augusti - 1942
Canonicus A. J. Goncalves *
Censor
IMPRIMATUR
S, Pauli, 14 - Augusti - 1942
Josephus Monteiro
Vic. Gen,
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A VOCACAO SACERDOTAL
Prefácio
da edição brasileira
TASSO DA SILVEIRA.
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A VOCACAO SACERDOTAL
Prefácio
Estas páginas foram escritas a convite pessoal de Sua Santidade Pio
XI, que se dignou precisar-nos o seu pensamento a respeito de certos
pontos, e a quem fizemos presente o manuscrito, antes da impressão, para
dele receber uma bênção especial.
Consoante o desejo do Sumo Pontífice, tratamos a questão da
vocação sacerdotal sob os seus diversos aspectos e, tanto quanto possível,
de maneira simples e prática, a fim de pô-la ao alcance de todos.
Por isso, ao mesmo tempo que estabelecendo as relações estreitas
que unem o Sacerdote a Jesus, o Sumo Sacerdote, e relembrando
frequentemente esta grande verdade, para dar do Sacerdócio uma justa e
santa noção, encaramos a vocação sacerdotal em suas relações múltiplas
com o eleito, com a família e com a sociedade.
Se a graça do Sacerdócio é a maior que possa ser feita a uma alma,
também não há maior honra para uma família, nem mais preciosa bênção
para a sociedade, do que possuir mais um Sacerdote em seu seio. Donde a
importância da escolha judiciosa das vocações sacerdotais e da sua
formação, e o dever que as famílias como às almas cristãs incumbe de
favorecê-las.
Exigindo a santidade no Sacerdote, não fazemos mais do que tirar
uma conclusão lógica do caráter e da missão deste. Se é urgente ver
multiplicar-se o número dos Sacerdotes, mais urgente ainda é ter santos
Sacerdotes que honrem o seu Sacerdócio e operem frutos de salvação.
Existem, contudo, outras condições necessárias para tornar frutuoso
o ministério sacerdotal, e que cumpre ter em conta no curso da formação
clerical. Indicamo-las, e não cremos que se possa descurar impunemente
qualquer delas.
A questão das vocações sacerdotais é uma das mais graves dos
tempos atuais. Compreendem-se as solicitudes do Nosso Santo Padre o
Papa a esse respeito. Quem, pois, entre, seus filhos não teria a peito
compartilhar-lhe os sentimentos e secundar-lhe os esforços?
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A VOCACAO SACERDOTAL
M. E. DE LA CROIX.
Paris, 1° de Maio de 1926.
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A VOCACAO SACERDOTAL
PRIMEIRA PARTE
O CHAMADO AO SACERDÓCIO
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A VOCACAO SACERDOTAL
Chama Jesus todos os homens a salvação eterna; foi por eles que
nasceu, padeceu e morreu.
Não obstante, variados são os caminhos pelos quais os conduz ao
céu. Cada alma recebe dons, aptidões em relação com o seu estado e com a
missão que deve cumprir.
Essas missões são diversas como os estados de vida. Algumas,
mais sagradas, assumem o caráter de uma vocação. Todas as vocações são
ordenadas em mira a salvação, e a elas deve cada um mostrar-se
generosamente fiel. Umas há, porém, mais elevadas que outras, e entre
estas ocupa a primeira linha a vocação sacerdotal.
Admite-se que nem todos são indistintamente chamados ao
Sacerdócio.
O oficio do Sacerdote corresponde a uma missão por demais
elevada, requer qualidades demasiado especiais, comporta responsa-
bilidades sobejamente grandes e confere poderes demasiadamente extensos,
para que tão alta vocação não seja efeito de um chamado particular e de
uma escolha individual.
Essa condição é essencial tanto para lhe receber a honra quanto
para lhe desempenhar as funções.
O Sacerdote é um “chamado”, um “escolhido”, um “privilegiado”
de Deus.
É o que faz sua grandeza. É o que lhe assegura as graças da sua
sublime e delicada missão.
Daí a importância capital de conhecer-se a escolha de Deus sobre
as almas sacerdotais. Só estas podem aspirar à honra do Sacerdócio.
“Ninguém se arrogue essa honra, senão o que é chamado por Deus”, diz-
nos S. Paulo. “Nec quisquam sumit sibi honorem, sed qui vocatur a
Deo”(1).
Essa escolha divina comporta uma dignidade sem igual, que não
honra só ao Sacerdote, mas que ressalta sobre a família e a sociedade. É por
isso que todos são interessados nas vocações sacerdotais.
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Hb 5, 4
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A VOCACAO SACERDOTAL
CAPÍTULO PRIMEIRO
1. – Uma escolha.
Evidentemente, de forma alguma pode o Sacerdócio ser conside-
rado como coisa ordinária, comum, fortuita: por exemplo, como efeito do
acaso, consequência de certos acontecimentos, resultantes de circunstâncias
diversas, desfecho de situações particulares, etc. Se assim fora, o Sacer-
dócio seria algo de facultativo e de sem valor, que, por conseguinte, poderia
ser aceito ou rejeitado impunemente à vontade; o que absolutamente não
corresponde à justa concepção que os cristãos habitualmente fazem do
Sacerdócio.
Sem dúvida alguma, há uma vontade que preside à escolha de um
Sacerdote. Essa escolha deve ser inteligente, sábia, judiciosa, feita em vista
de um fim determinado, em harmonia com o papel que o Sacerdote é desti-
nado a desempenhar.
Só se dirigem para o Sacerdócio aqueles que a ele se creem
chamados. Só são ordenados pelo Bispo aqueles que este acredita serem os
eleitos do Senhor.
A origem da vocação sacerdotal, como ao seu coroamento pela
Ordenação, preside e domina um pensamento mestre: há chamamento; a
pessoa é verdadeiramente escolhida por Deus.
2 — Escolha divina.
Se o Sacerdócio é a consequência de uma escolha real, daí não se
segue que possa qualquer um dar-se a si mesmo essa vocação pelo simples
fato de se determinar a abraçá-la.
O eleito não faz o chamado, recebe-o e responde-lhe. A vocação
sacerdotal não depende nem da vontade humana, nem da intensidade dos
desejos, como tão pouco do capricho ou da imaginação.
Os mais belos planos do futuro não têm valor algum se não
repousarem em base real e séria. A base da vocação sacerdotal é o chama-
mento do alto; o resto é mera consequência e expansão disso.
Não somos donos da graça, dá-a Deus a quem quer e na medida
que lhe apraz. Quem, pois, ousaria criar para si, por si mesmo, uma missão
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A VOCACAO SACERDOTAL
1
Jo 15, 16
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A VOCACAO SACERDOTAL
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A VOCACAO SACERDOTAL
CAPITULO SEGUNDO
1. — Graça privilegiada.
Encarado sob o aspecto humano, o Sacerdote ocupa uma posição
honrosa na sociedade; mas, acima dessa dignidade terrena, há uma conside-
ração da qual tira o Sacerdote a sua grandeza toda: é que o Sacerdócio é
uma graça particular que recebe gratuitamente da bondade de Jesus.
Sendo, como é, de ordem exclusivamente sobrenatural no fim e nos
meios, essa escolha que Jesus faz do seu Sacerdote, é um dom espiritual,
um favor especial, um efeito do seu amor, uma graça privilegiada, de que
nos devemos julgar indignos, mas que devemos considerar com grande
espírito de fé, com viva gratidão e com desejo ardente de a ela correspon-
dermos por um amor generoso e por uma fidelidade constante.
Se a menor graça tem o seu valor, visto ser o fruto dos mereci-
mentos e sofrimentos de Jesus, que dizer da graça sacerdotal que eleva a
alma a uma dignidade tão sublime e lhe confere poderes tão extensos e
divinos!
O simples fato de ser escolhido no meio de uma multidão de outros
para cumprir na Igreja tão alta missão, é privilégio incomparável, que ficará
sendo sempre o segredo da sabedoria e da misericórdia divinas.
O eleito do santuário nunca lhe meditará demais a sublimidade, e
nessa graça suprema deverá achar a razão de todas as outras graças de sua
vida.
Quando Jesus para si escolhe um Sacerdote, compromete-se por
isso mesmo a mostrar-se pródigo de graças para com ele. O Sacerdócio é,
com efeito, a graça das graças; e é de joelhos na adoração e no amor, que
uma alma deve recebê-la e conservá-la intacta.
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A VOCACAO SACERDOTAL
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1
Jo 10, 9
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Jo 11, 25
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1
Jo 15, 50-52
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CAPÍTULO TERCEIRO
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1
Trecho da Pastoral “Vocações Sacerdotais” do Exmo. e Revmo. D. Maurício José da
Rocha, bispo de Bragança.
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A VOCACAO SACERDOTAL
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Palavra original “condú-las”, não mais usada na língua portuguesa, substituída
por “conduze-as”. Nota do Editor.
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A VOCACAO SACERDOTAL
Quanto mais importante é essa sociedade no fim e nos meios, tanto mais
tudo nela deve ser perfeitamente regulado e harmonizado.
A Igreja é o reino de Deus na terra, Fundou-a o próprio Jesus, e
estabeleceu nela chefes e pastores para dirigi-la e governá-la. Depois do
Papa e dos Bispos, os Sacerdotes, colocados sob as ordens deles, exercem
funções tão importantes que o seu ministério é indispensável. É a eles que
cabe administrar os Sacramentos e dispensar os tesouros da graça e é para
eles que acorre a multidão das almas para receber luz, conforto e vida.
O Sacerdote é a luz do mundo. Não é justo que seus raios iluminem
primeiramente a família de cujo seio ele saiu? Nos seus raios luminosos, o
Sacerdote projeta algo da sua eminente dignidade, e forçosamente sua
família é enobrecida com isso.
Quando alguém penetra com toda liberdade no palácio real e ali
exerce uma função íntima junto à pessoa do rei, qual a família que se não
sente honrada com isso? E, ademais, se ele se torna o embaixador do rei e
recebe por toda parte as provas de deferência devidas as suas altas funções,
a honra da família cresce outro tanto com isso.
É o que acontece com o Sacerdote. Embora não procure as honras
humanas, ele e necessariamente honrado por causa de suas funções. Pelo
seu Sacerdócio, ocupa na sociedade um lugar a parte, que nenhum outro
pode ocupar.
Honrando o Sacerdócio do Padre, honramos sua família; honrando
o filho, honramos os pais. Dessa honra, as famílias cristãs devem ufanar-se.
Possam elas compreendê-la e ambicioná-la!
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CAPITULO QUARTO
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SEGUNDA PARTE
CONDIÇÕES E QUALIDADES DO
SACERDOTE
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CAPÍTULO PRIMEIRO
A VIRTUDE
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espírito e atrair a ele as almas, é preciso algo mais do que belas palavras, é
preciso pregar pelo exemplo.
Os frutos das virtudes só amadurecem ao sol da caridade. Só esses
se conservarão para sempre. Se faltar a caridade, que serão os mais
eloquentes pregadores senão “címbalos Ressonantes”? Se o apostolado for
viciado na sua fonte, nada produzira de eficaz e de duradouro nas almas.
Não se deixem os aspirantes ao Sacerdócio enganar pelas ilusões da
juventude. Para um Sacerdote, não se trata de fazer muito barulho, mas de
ser santo.
Um Sacerdote não é virtuoso por falar da virtude, tal como um belo
discursador não é sábio por falar da ciência.
Não se dedicam frutuosamente a salvação das almas senão aqueles
que trabalham ativamente na sua própria santificação, para apoiarem em
seguida as suas palavras e atos nos seus exemplos de virtude.
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CAPITULO SEGUNDO
ACIENCIA
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