Técnicas de Investigação Policial
Técnicas de Investigação Policial
Técnicas de Investigação Policial
Módulo Operacional
TÉCNICAS DE
INVESTIGAÇÃO POLICIAL
Instrutores:
2013
PCERJ - ACADEPOL
SUMÁRIO
CRÉDITOS
Adrialvaro Nascimento
Jorge Cypriano
Marcelo Loureiro
Márcio Garcia
Miguel Ticom
Pérsio Rovero
Raphael Ferrari
Sérgio Barata
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CONTEXTUALIZAÇÃO
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Criar condições para que o profissional da área de segurança pública possa ampliar
conhecimentos para compreender e diferenciar os procedimentos de JECRIM e Inquéritos,
reconhecendo a necessidade de planejar a investigação e/ou reunir os elementos de
comprovação de autoria e materialidade.
Desenvolver e exercitar habilidades para capacidade de observação das partes e
capacidade de reunir cada um dos elementos investigados, a fim de criar uma totalidade lógica
para a comprovação da hipótese vislumbrada.
Fortalecer atitudes para desenvolver o raciocínio lógico, a perspicácia na
observação e a capacidade de síntese.
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Conceitos
É o trabalho executado pelo profissional de Polícia, que visa provar a existência ou
esclarecer um fato delituoso e suas circunstâncias, além de identificar o autor ou os autores da
infração penal.
“É o conjunto de indagações ou pesquisas, pessoal ou material, que os Policiais
empreendem em busca da elucidação de fato de intervenção policial, cujos elementos sejam
desconhecidos ou necessitam de completo ou um melhor esclarecimento”. (Detetive Inspetor
Paulo Marano)
É o conjunto de diligências empreendidas no sentido de esclarecer um fato
criminoso ou abrangido por Lei, indicando, ao final, sua autoria e suas circunstâncias.
Investigação Policial é um conjunto de procedimentos interdisciplinares, de
natureza inquisitiva, que busca, de forma sistematizada, a produção da prova de um delito
penal.
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Investigação Preliminar – É aquela que se inicia logo após a notícia do crime e continua
até a liberação do local pela polícia. Este é o primeiro momento, que acontece quando a
Autoridade Policial se desloca para o cenário do crime, buscando seu isolamento e a
preservação para a busca da prova.
Investigação de Seguimento – Ocorre após a polícia deixar o local e é feita tendo como
ponto de partida os indícios ou as provas obtidas na Investigação Preliminar. O
segundo momento acontece quando, esgotadas todas as possibilidades de busca de
informações na cena, a investigação se desloca para o cartório da unidade encarregada
do procedimento e para os laboratórios periciais.
Obs.: Essas duas modalidades são gerais e abrangem a investigação cartorária e a técnico-
científica. Especialistas no assunto divergem a respeito do tempo em que as provas começam
a desaparecer, variando entre 24 e 72 horas. Esse tempo depende de fatores como o nível de
proteção (isolamento) do ambiente e as condições climáticas.
O modelo jurídico dos atos está expresso tanto na Constituição Federal como no
Código de Processo Penal e em outras leis especiais que regulamentam atividades,
específicas de investigação Policial, como a “infiltração” de policiais em grupos organizados,
destacando-se a Doutrina de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
(Decreto nº 37272 de 01/04/2005).
O ato de investigar, por sua natureza, é invasivo; por isso, precisa de controle
absoluto para evitar que o dano causado seja sempre o extremamente necessário para a
coleta da prova.
CRIME
AUTOR PROVA
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Outras Considerações:
Diligência é toda e qualquer saída da sede policial para realizar as investigações, sejam
elas preliminares ou de seguimento, e, também, qualquer ação em que se obtenha um
dado novo para a investigação, mesmo que seja uma consulta na internet ou um
telefonema.
A intuição, como poder de imaginação criadora, muito embora não seja recomendada
tem sua razão de ser. Sempre controlada pelo intelecto, pode e deve ser utilizada
quando não há mais fatos a observar ou conclusões a tirar. A presença deste fenômeno
sempre faz parte do contexto policial. Siga a sua intuição.
Conceitos
A Inteligência é uma atividade de staff com doutrina e metodologia próprias, que
tem por objetivo produzir conhecimento nas organizações, com foco na estratégia, na tomada
de decisões e na defesa das instalações das organizações e de dados e conhecimentos. Neste
contexto, estão inseridas as instituições policiais, pois o crime organizado e a violência urbana
são reflexos de mudança do comportamento social.
“A atividade de Inteligência de Segurança Pública é o exercício permanente e
sistemático de ações especializadas para identificação, acompanhamento e avaliação de
ameaças reais ou potenciais na esfera de segurança pública, orientadas, basicamente, para a
produção e para a salvaguarda de conhecimentos necessários à decisão, ao planejamento e à
execução de uma política de segurança pública e das ações para neutralizar, coibir e reprimir
atos criminosos de qualquer natureza” (Decreto Estadual nº 37.272 de 01/04/2005).
Em suma, a Inteligência de Segurança Pública trabalha para a produção e
salvaguarda dos conhecimentos. Conhecimentos estes que podem subsidiar ou gerar uma
Investigação Policial ou ainda, auxiliar o “tomador de decisão” nas suas atribuições.
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Ramos da Inteligência
Fontes:
Produção de Conhecimento:
Cultura de Inteligência
A preparação de profissionais é um passo importante. A formação e qualificação de
profissionais para exercer esta atividade criam no ambiente interno a convicção de que a
Inteligência e as técnicas operacionais somam e ampliam a capacidade investigativa para
enfrentar o crime do mundo atual, bem como a tecnologia de ponta como suporte nas
operações técnicas de interceptações telefônicas e ambientais.
É importante ressaltar que a atividade de inteligência não substitui a investigação
policial. Deve ser uma área de apoio, com atuação sistêmica, disseminando conceitos e
técnicas de produzir conhecimentos, com o objetivo de subsidiar decisões e proporcionar
efetividade nas ações repressivas e preventivas.
Não custa lembrar que o Decreto Estadual nº 37.272 de 01/04/2005 (DISPERJ), em
seu Capítulo II, nº 13, letra E; não permite que documentos de inteligência sejam inseridos em
processos e procedimentos apuratórios, ressaltando que o conhecimento pode e deve ser
usado, de acordo com as normas internas de cada instituição.
Essa última parte nos remete ao Artigo 8º da Lei Estadual nº 2.331 de 05/10/1994, que
prevê que o usuário é o responsável pelo uso e divulgação das informações contidas em
documentos públicos, resguardando-se o direito de indenização pelo dano material ou moral
decorrente da violação do sigilo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa.
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Para isso terá que recorrer a algumas técnicas preliminares que estão em um
contexto chamado de estudo exploratório.
Estudo Exploratório
É um estudo de diagnóstico desenvolvido para a análise de “onde se está” e “como
se está”. Visa um maior conhecimento do fenômeno apresentado e não necessita de uma
hipótese. Envolve levantamento de dados das circunstâncias e do ambiente onde ocorreu o
evento.
São estudos preliminares para demonstrar a realidade existente, a partir de uma
observação sistêmica para configuração do diagnóstico do fato que é colocado para
investigação.
“Normalmente é o passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e um
auxílio que traz a formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas”. Cervo e
Bervian (2002, p. 69).
Elementos Básicos
As Técnicas Preliminares de Investigação têm a Observação, a Memorização e a
Descrição como os seus três elementos básicos:
1 – Observação
Os instrumentos primários da investigação são os sentidos do investigador. A
intensidade sensorial tem relação direta com o resultado da investigação. Quanto maior sua
capacidade de percepção global do ambiente, maior será a probabilidade de compreender e
encontrar a explicação correta para o delito.
Investigar é observar a realidade. Grande parte das informações que o investigador
procura poderá ser obtida pela observação direta dos fatos. Muitas dessas informações estão
codificadas e precisam de uma leitura cuidadosa. Exemplo: anúncios em jornais poderão
conter códigos de comunicação entre membros de uma quadrilha que pratica tráfico de seres
humanos.
A cena do evento é sempre rica de informações que dependem de criteriosa
observação para serem reconhecidas.
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2 – Memorização
A memorização é o primeiro processo adotado para o registro das informações
colhidas ou dos dados observados, durante a investigação policial. O desempenho da
memória é a chave para o sucesso da observação, bem como para a qualidade da atividade
profissional do investigador.
A memória é que nos define como indivíduos. Ela permite que você administre sua
vida pessoal e profissional. Ela não é um simples banco de dados; influencia seu modo de
ver a vida, de reagir diante dos fatos.
Uma memória ativa e poderosa é à base da nossa qualidade mental global.
Entretanto, a memória poderá falhar, temporariamente, devido ao estresse, cansaço ou
trauma, afetando as atividades da pessoa.
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Exemplo: ao conhecer uma pessoa, se você usa apenas a visão, terá menor
possibilidade de relembrar seu nome. Entretanto, se você, ao conhecer uma pessoa, usar
todos os sentidos ao tentar lembrar seu nome, irá ter mais informações associativas, tais
como calvície, a aspereza da pele da mão, forte cheiro de cigarro, voz macia, etc.
O processo associativo é fortalecido pela capacidade de utilização de todos os
nossos sentidos na coleta de dados e de informações, facilitando sua consolidação.
Pesquisas científicas demonstram que a utilização dos sentidos é um processo
que precisa ser estimulado, diariamente, sob pena de que seja reduzido, gradativamente.
3 – Descrição
Depois de observar os dados e informações, vem a necessidade de registrá-los
para que possam ser analisados e validados como confirmação da hipótese levantada.
Descrever é expor, narrar de forma circunstanciada pela palavra escrita ou falada
tudo o que foi observado pelo investigador.
No sistema jurídico brasileiro, em que o Inquérito Policial é uma peça escrita, a
investigação resulta em relatos escritos, que tanto poderão ser uma informação do
investigador cartorário, como um laudo do perito ou do legista, ou termos e autos.
O investigador irá descrever em sua informação, ambientes, circunstâncias,
objetos, pessoas e suas próprias conclusões a respeito da hipótese levantada.
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Compleição física (gordo, magro, esguio, forte, encurvado, ombros caídos, obeso,
estômago proeminente, etc.);
Marcas e cicatrizes (naturais, produzidas ou tatuagens);
Modo de falar (forte, suave, rouco, grosso, fino, lento, rápido, gagueira, sotaques,
gírias);
Modo de andar (coxeando, etc.);
Defeitos físicos;
Tipos de cabeça, sobrancelhas, nariz, boca, dentes, bigode, orelhas, barba, pescoço,
ombros, tórax, braços e mãos.
Obs.: Em uma descrição de pessoas devem ser registrados os dados imutáveis. A descrição
deve ser honesta, realista, sem influências pessoais ou preconceituosas. Devem ser
particularizadas, pois as descrições genéricas pouco servem para a investigação. Observe no
indivíduo, não o que de comum possa existir, mas o que de particular apresenta, isso permitirá
uma identificação mais segura.
Dados – São informações que, fora de um contexto, não possuem valor suficiente para
compreensão de um fenômeno, ou seja, o meio pelo qual a informação e o
conhecimento são transferidos.
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3.1 – Vigilância
É a observação de forma contínua e discreta de pessoas, ambientes, objetos ou
circunstâncias, com o objetivo de obter dados que formulem informações relacionadas com a
prova do delito.
Sigilosa – Quando o alvo não tem conhecimento que está sendo observado
Ostensiva – Propositalmente realizada para que o alvo tenha ciência que está sendo
observado.
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4.1 – A Infiltração
O planejamento operacional para a execução da infiltração, além de cuidar das
necessidades comuns, como definir os tipos de dados que deverão ser buscados, os recursos,
os procedimentos a serem adotados, requer outros cuidados específicos.
O planejamento obedecerá às normas impostas nas Leis nº 9.034/95 (Repressão
ao Crime Organizado), nº 11.343/2006 (Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas) e Decreto
Estadual nº 37272 de 01/04/2005 (Doutrina de Inteligência de Segurança Pública do Estado do
Rio de Janeiro.
Métodos de entrevista
A entrevista pode ser aplicada de duas maneiras: quanto ao modo de formulação
dos quesitos e quanto às circunstâncias em que ocorre.
Fases da entrevista
A Preparação, a Execução e a Análise são as três fases distintas da Entrevista,
como veremos a seguir:
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O tempo de duração de uma entrevista poderá ser bastante curto, mas com
resultado duradouro e de efeito extraordinário na investigação. O investigador poderá sair de
uma entrevista com todas as informações que esperava ou sem qualquer informação relevante.
Tudo depende de como planejou e executou o processo.
A entrevista busca conhecimentos, dos quais, o entrevistado terá que ser um
potencial depositário. No contexto da investigação, o entrevistador precisa identificar as
pessoas com potencialidade de informações que interessem para a resolução do crime.
1.1 – O Inventário
O estudo exploratório deverá municiar o investigador com todo o fundamento
teórico necessário para a execução da entrevista.
O entrevistador fará um inventário com todos os dados conhecidos sobre o caso e
sobre o alvo da entrevista (perfil), para a elaboração do plano da entrevista.
As informações colhidas, especialmente, na cena do crime, servirão de referencial para as
questões a serem feitas.
Ele fará um esquema das perguntas-chave que servirá de roteiro para a entrevista.
Técnicas de Entrevista
Parte da doutrina prefere usar o termo Tipos de Entrevista quando se refere à
Entrevista Cognitiva e à Entrevista Estruturada.
1 – Entrevista Cognitiva
Uma das técnicas pesquisadas e aplicadas pela psicologia é a entrevista cognitiva
que busca dar confiabilidade e validade aos depoimentos.
A entrevista cognitiva “é um processo de entrevista que faz uso de um conjunto de
técnicas para maximizar a quantidade e a qualidade de informações obtidas de uma
testemunha”, segundo Pergher e Stein (Entrevista Cognitiva).
Segundo Heráldez (ibidem), a entrevista cognitiva recebe a tal denominação pelas
seguintes razões:
2 – Entrevista Estruturada
Essa técnica é organizada com o objetivo de colher o máximo de informações com
o mínimo de contaminação com falsas memórias. A entrevista estruturada se desenvolve,
basicamente, em três passos. Veja-os a seguir:
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Segundo Passo – Nessa etapa serão introduzidas perguntas com o final aberto. A
pergunta com final aberto tem a mesma estrutura da pergunta aberta, entretanto, se
refere a um personagem específico do evento. Exemplo: por favor, procure narrar, com
o maior número de detalhes possíveis, tudo o que se recorda sobre a pessoa que viu
atirando na vítima.
Nesse momento, o entrevistador terá que estar preparado para não introduzir no
depoimento, informações e detalhes que não sejam oferecidos pelo entrevistado. O
entrevistador passará a formular perguntas específicas sobre os detalhes para que,
exaustivamente, os deixe bem claros. Não poderá haver dúvidas sobre as informações,
pois delas poderão decorrer procedimentos injustos, como prisão e condenações de
inocentes.
Falsa Memória
No estudo do tema que trata das técnicas de entrevista, é importante o
conhecimento de um fenômeno que é fator de grande importância no resultado do processo, o
qual os psicólogos denominam de Falsa Memória.
Para Heráldez (ibidem), Falsa Memória ou Falsa Recordação, é toda informação
memorística em que há total ou parcial diferença com os fatos de interesse.
Esse fenômeno alerta para o cuidado e preparo que o investigador deve ter com a
prova testemunhal. A falsa memória poderá se transformar em causa de injustiça na aplicação
de uma pena, caso não seja, devidamente, detectada pelo entrevistador que tanto poderá ser o
próprio investigador, como o promotor de justiça, o advogado, o juiz ou, ainda, os psicólogos e
assistentes sociais forenses.
As Falsas Memórias deverão ser detectadas para evitar erros na aplicação da
pena. O investigador deve ter sumo cuidado na análise das informações memorísticas, a partir
do processo de coleta das informações.
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Observação da linguagem
O investigador deverá observar a linguagem simbólica do suspeito que lhe dirá
muito mais que a linguagem falada. Observar e anotar seu estado emocional, a linguagem
corporal, os vestígios que possam impregnar suas vestes e corpo, como pequenas lesões e
fraturas (arranhões, hematomas, fraturas de unhas, etc.), marcas de violência em sua roupa
(rasgos, falta de botões, marcas de objetos, etc.) e dores.
A entrevista deverá ser com perguntas estruturadas. Qualquer álibi que o suspeito
apresente deverá ser, imediatamente, verificado.
Uma regra básica para uma entrevista com um suspeito é nunca entrevistá-lo sem
ter em mãos informações suficiente para isso, além de manter o suspeito separado das
testemunhas e de outros suspeitos.
Diário da investigação
O investigador não pode confiar, demasiadamente, em sua memória. Deve manter
registro detalhado e sistematizado das informações coletadas. Essa necessidade se torna
evidente na medida em que a investigação avança, aumenta seu grau de complexidade e
maior é o volume de informações que precisam ser, devidamente, preservadas.
Convém fazer um registro diário de tudo que é coletado. Esse processo possibilita
que o investigador tenha o controle das informações colhidas e, ao final, sistematize todas elas
facilitando a análise e validação.
As anotações das informações colhidas na cena do crime permitirão, aos que irão
conduzir a investigação de seguimento, ter acesso a referências sobre tudo o que foi e não foi
investigado.
Os equipamentos eletrônicos existentes permitem maior rapidez e segurança nas
anotações, muito embora, ainda, seja válida a velha caderneta de papel. Ande sempre com
ferramentas que possibilitem rápidas anotações.
Técnicas de Interrogatório
O Delegado de Polícia e autor de livros do gênero, Luiz Julião Ribeiro, descreveu
essas técnicas, antes do ano 2003, para uma apostila que foi utilizada na Academia de Polícia
Civil do Distrito Federal.
Devido ao tempo decorrido e também, para adequar ao perfil peculiar de alguns
criminosos que atuam em nosso Estado, fizemos a atualização da parte jurídica e algumas
alterações no texto original.
1 – Espontaneidade
De todas as técnicas que veremos a seguir, esta é a mais simples, a mais utilizada,
a mais genuína e a mais recomendada em razão das vantagens que oferece na coleta da
verdade. Sua principal vantagem é o grau de liberdade e isenção que o entrevistado ou o
interrogado desfruta no decorrer do trabalho.
Devido a esta característica, dificilmente, o suspeito se nega a falar quando o
policial lança mão dessa técnica, o que leva o suspeito, geralmente, a dizer alguma coisa, às
vezes, até por educação.
O policial deve começar o trabalho de entrevista ou interrogatório sempre pela
Técnica da Espontaneidade, oportunidade em que poderá estudar a postura psicológica do
investigado e aferir se ele prima ou não pela verdade.
A técnica consiste no interrogado, sem qualquer interferência do interrogador,
narrar, livremente, o fato criminoso. Por esta técnica, o declarante faz uma narrativa da sua
versão dos fatos da forma mais livre possível.
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Ainda que a narrativa não corresponda àquilo que já foi apurado nos autos, o
interrogador não deverá interferir, tudo registrando, fielmente, inclusive não deixando
transparecer que não está acreditando na versão apresentada.
Se a versão for mentirosa, certamente, não resistirá ao crivo da investigação séria,
profissional e criteriosa. Naturalmente, a verdade acabará vindo à tona.
Todavia, nem todo autor do crime confessa o fato, espontaneamente, e aí se faz
necessário o emprego de outras técnicas para se chegar à verdade.
2 – Indução
A Técnica da Indução também é das mais importantes e permite ao investigador
direcionar a entrevista ou o interrogatório. Através dessa técnica, penetra nas circunstâncias do
delito e elucida pontos relevantes omitidos durante a narrativa espontânea.
Esta técnica é caracterizada pela confecção de perguntas bem elaboradas que
induzam o investigado a dar uma resposta certa, precisa, sobre este ou aquele momento do
delito, sobre esta ou aquela circunstância não esclarecida.
As perguntas devem ser claras, diretas e de preferência curtas para que não paire
dúvidas ao investigado sobre a resposta que deverá dar. Além disso, elas devem ser sutis, de
maneira que o investigado se sinta à vontade, não interferindo no seu sistema emocional, o
que lhe poderia prejudicar a memória (Falsa Memória).
O investigador, além de ter os devidos conhecimentos do fato e de estar preparado
para realizar o interrogatório, jamais deve contar ao interrogado detalhes do que está sendo
investigado, pois se não for assim, poderá correr o risco de prejudicar a coleta da verdade,
objetivo único da polícia.
É muito comum o investigado, espontaneamente, apresentar um álibi ou negar a
autoria, narrando uma história mentirosa. De um modo geral, ainda que o investigado resolva
narrar os fatos, de forma espontânea, dificilmente, o fará de forma completa. Isso acontece
tanto, intencionalmente, ou por qualquer outro motivo, como esquecimento e até mesmo por
desconhecer alguns detalhes.
Podemos citar como exemplos o fato de o investigado ter disparado cinco tiros, sem
saber quantificá-los ou sem noção do órgão da vítima que foi atingido. Ou ainda, ter perdido
qualquer pertence próprio no local do crime, sem ter percebido ou sem saber se tinha,
realmente, perdido o objeto na cena do crime.
Assim, pela Técnica da Indução, formulando perguntas bem elaboradas, o
investigador levará o investigado a elucidar, completamente, o delito ou a detalhar de tal
maneira o álibi, a mentira, que ficará impossível de sustentá-la após uma investigação séria e
competente.
3 – Persuasão
E quando o interrogador pergunta e o interrogado não responde? Há pessoas que
se limitam a dizer “não fui eu” ou “sou inocente”. Existem aquelas que, simplesmente, abaixam
a cabeça e nada respondem. Agem como se as perguntas não fossem dirigidas a ela. Outras
ainda, simplesmente, choram, são acometidas de crises nervosas. Sem falar naquelas pessoas
que se tornam agressivas ou violentas.
Como é possível observar, as reações das pessoas são as mais diversas e
imprevisíveis. Em casos como tais, o investigador deverá agir com a máxima habilidade. Deve
puxar outros assuntos, mostrar-se interessado pela situação do interrogado, dar-lhe razão por
ter agido desta ou daquela maneira, enfim, conquistar a confiança dele, e em seguida, procurar
mostrar as vantagens de confessar a verdade, em benefício próprio.
Consta no Artigo 186 do CPP, após a redação dada pela Lei nº 10.792/03, que o
silêncio do investigado não o condena. Contudo, não se pode negar que o silêncio do
investigado, muito embora não condene ninguém por si só, poderá formar por várias razões a
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convicção do juiz num contexto probatório. Além disso, é uma atitude que propiciará o
evidenciamento de suspeitas por parte da polícia, motivando a intensificação das
investigações.
Como o próprio nome está a indicar, esta técnica tem por objetivo persuadir,
convencer o investigado a primar pela verdade dos fatos. Assim, o policial deverá argumentar
com os benefícios da própria lei, fazendo ver ao entrevistado que ele só tem a ganhar se disser
a verdade.
O policial não deve inventar benefícios inexistentes; deve se verdadeiro, a fim de
que seus argumentos evidenciem créditos. Esses benefícios vão depender de cada caso
concreto e da habilidade do policial.
Mas quais seriam os benefícios que poderiam levar alguém a confessar um crime?
O primeiro argumento é que, uma vez esclarecido o fato criminoso cessa a perseguição da
polícia, perseguição essa que poderá durar até vinte anos.
Todos sabem dos transtornos que causam na vida de uma pessoa, principalmente,
as de classes mais altas, a atuação policial no decorrer de uma investigação. Além disso, a
investigação produz evidentes reflexos junto às pessoas do relacionamento do investigado.
Portanto, a cessação da pressão social e da imprensa pode, ainda, constituir um
forte argumento a convencer uma pessoa a esclarecer o delito. Lembrar que o investigador vai
poupar os familiares das consequências reflexas da investigação, também funciona como meio
de persuasão.
O segundo argumento, que poderia ser usado em casos específicos, era o texto
original das Leis 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos) e 9.269/96. A primeira lei criou o § 4º no
Artigo 159 do CP e a segunda modificou o texto do mesmo, mas manteve a redução de pena
de um a dois terços nos casos em que o autor delatasse seus comparsas, facilitando a
libertação de uma pessoa sequestrada.
Com a inversão do posicionamento da nossa Corte Suprema sobre a possibilidade
de progressão de regime prisional, mesmo em se tratando de crimes hediondos e
assemelhados e por consequência, com as mudanças advindas com a Lei 11.464/07 no texto
original da Lei nº 8072/90, a presente técnica perdeu muito a sua eficiência.
Restou a Lei 9.807/99, que no seu Artigo 13 diz que o juiz poderá conceder o
perdão judicial, com a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo ele
primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação ou o processo
criminal. Mas, sabemos que este tipo benefício não foi bem aceito pelos praticantes de crime e
vem sendo adotado de forma incipiente.
Temos ainda, a confissão espontânea, prevista no artigo 65, inciso III, letra d, do
CP, constituindo, assim, um fomento à confissão e que poderá servir de argumento pelo policial
junto ao investigado.
Outros argumentos ainda podem ser utilizados pelo investigador como a
possibilidade de responder o crime em liberdade, em face da primariedade, dos bons
antecedentes, de ter residência fixa, emprego e profissão certa, etc.
4 – Desmentido
Como já foi dito, anteriormente, caso o investigado tenha optado por mentir e, tendo
o investigador por meio da Técnica da Indução, colhido as mentiras da forma mais completa e
minuciosa possível, bem como arrecadado provas contundentes que o desminta, poderá então,
aplicar a presente técnica.
Esta técnica consiste em relacionar e mostrar ao interrogado que ele está faltando
com a verdade, mostrando ponto por ponto todas as mentiras apresentadas e ao mesmo
tempo desmentidas com provas irrefutáveis.
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Na aplicação desta técnica não se deve entrar no mérito das mentiras. Nesse
momento, não se deve ainda questionar as mentiras, pois temos o objetivo de mostrar ao
investigado que suas mentiras foram desmascaradas.
Depois de cada técnica, sempre se deve oferecer ao investigado a oportunidade de
dizer a verdade. Com paciência, o investigador deverá aguardar a reação do investigado
agindo sempre com calma e segurança.
Chegando a esse ponto, deve-se voltar a usar a Técnica da Espontaneidade e pode
fazer isso com frases curtas do tipo:
5 – Questionamento
Com a falta de sucesso na aplicação da Técnica do Desmentido, isto é, a
permanência do interrogado na versão falsa, o interrogador deve partir para um
questionamento de tudo que for contrário e falso, em face das provas escolhidas.
Esta técnica consiste em o policial questionar tudo o que tiver dito o investigado e
que não estiver de acordo com o que já se apurou:
Em suma, nessa técnica questionamos tudo que o investigado alegou em seu favor
ou tudo que fez e que esteja mal esclarecido ou desmentido.
6 – Vulneração
Seja qual for o posicionamento do interrogado, mentindo ou silenciando sobre a
prática criminosa, ou seja, resistindo a qualquer das técnicas, anteriormente aplicadas, dever-
se-á aplicar a Técnica da Vulneração.
Esta técnica tem por objetivo minar as resistências do investigado. Consiste no
policial fazer um minucioso levantamento de tudo que souber do suspeito, deixando evidente
que ele nada mais tem a esconder da polícia, principalmente, os aspectos negativos de sua
vida, como por exemplo:
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PCERJ - ACADEPOL
7 – Alternância
No caso das seis técnicas, anteriormente, descritas não surtirem qualquer resultado
positivo na busca da verdade, podemos aplicar a Técnica da Alternância. Ela consiste na
aplicação das técnicas precedentes, recomeçando pela Técnica da Espontaneidade. A
diferença é que cada técnica deverá ser aplicada por um policial diferente, desse modo,
alternando as técnicas e seus respectivos aplicadores.
Cada policial deverá estar, plenamente, certo da técnica que irá aplicar, além de
conhecer com profundidade o fato delituoso sob investigação e a pessoa que vai interrogar. Se
o policial estiver despreparado, poderá colocar a perder todo o trabalho realizado, até então.
Esta técnica tem proporcionado bons resultados práticos, pois é muito comum o
investigado, no decorrer da aplicação das técnicas, escolher um dos policiais para revelar a
verdade. O que se percebe é que as pessoas se sentem mais à vontade com um policial, do
que com outro, muito provavelmente, por sentir mais confiança, mais simpatia, maior afinidade;
fenômeno comum nas relações pessoais e interpessoais.
8 – Informação Cruzada
Esta técnica é aplicada somente nos casos em que estamos investigando dois ou
mais participantes do delito. Em regra, deve ser aplicada por um único policial, de maneira que
se mantenha um perfeito domínio dos pontos abordados e que esses pontos sejam explorados
junto a todos os investigados.
Consiste em inquirir os investigados em salas separadas, de forma que um não
tome conhecimento do teor das declarações feitas pelo outro. Quando o investigador verificar
que existem divergências, questionar o investigado que, de acordo com o conjunto probatório,
estiver faltando com a verdade.
Havendo oportunidade, colocar um frente ao outro e fazer uma breve acareação, de
maneira a desmentir aquele que estiver mentindo, tomando o devido cuidado para que um não
saiba, exatamente, até que ponto o outro revelou os fatos.
Portanto, a acareação deve ser breve e restringir-se, somente, ao ponto em que
houve a divergência, de tal forma que fique a impressão, tanto para um como para o outro
investigado, que outros pontos também foram revelados.
9 – Suspense
Esta técnica deve ser usada, apenas, quando o interrogador não dispõe de muitos
indícios ou provas contra o interrogado. Consiste em fazer com que ele creia que a polícia já
sabe muito sobre a sua participação no crime, mas sem se arriscar, sem se expor.
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Depois de usar essa técnica e se tiver dado certo, aplicar as outras técnicas já
estudadas, começando, preferencialmente, pela Técnica da Espontaneidade.
10 – Blefe
Parte da doutrina não gosta ou não recomenda a aplicação dessa técnica, porém
sem expor os motivos. Todavia, a experiência em investigação vem indicando que a Técnica
do Blefe pode funcionar com sucesso. Tem aplicação quando o investigador dispõe de poucos
elementos probatórios e precisa colher algum dado do investigado.
Neste caso, o interrogador faz o interrogado crer que já tem provas contra ele, que
testemunhas já depuseram e apontaram-no como autor. Ou ainda, passar a falsa idéia de que
seu comparsa já está preso e que a sua prisão poderá sair a qualquer hora. Se for, realmente,
o autor, talvez se sinta “desarmado” e acabe por falar a verdade.
É uma técnica que, somente, deverá ser aplicada em último caso. Não é demais
reafirmar que nunca se deve dizer nada ao suspeito sobre as circunstâncias do delito.
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Jamais fornecer dados e circunstâncias do delito, tanto para testemunhas como para os
possíveis autores, visando evitar um possível falso testemunho ou uma falsa confissão.
Não se deixar influenciar por qualquer preconceito e não deixar sua atuação descambar
para o lado pessoal. Se virar uma questão pessoal, providenciar outro policial para
conduzir o interrogatório. Deixar claro que está apenas realizando o seu trabalho.
Identificar o padrão do inquirido. Conversar por alguns minutos sobre assuntos diversos
(futebol, política, etc.). Além de “desarmar” uma possível versão preparada, talvez seja
possível verificar se a pessoa gagueja, apresenta sudorese, se desvia das perguntas,
se responde olhando para os olhos do interlocutor.
Atenção para condutas que tentam passar uma imagem de honestidade ou tráfico de
influência ou bajulação, tais como: “vou à igreja todos os dias”; “nunca entrei numa
Delegacia de Polícia”; “sou amigo do policial tal”; “fulano de tal te mandou um abraço”;
“parece que te conheço de algum lugar”; “não foi você que prendeu fulano?”; “mandei
consertar a viatura da delegacia tal”.
Conceitos
Local de Crime é a área ou o recinto externo ou interno, onde houve uma infração
penal e ali se encontram os vestígios do crime (cadáver, instrumentos utilizados, detritos
diversos e etc.).
“É o local onde a ciência, a lei e a lógica irão se encontrar com a finalidade do
entendimento da ocorrência da infração penal”.
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Considerações gerais:
O local de crime tem que ser interditado por força de Lei (Artigos 6º e 169 do CPP) e
essa interdição é regulamentada pela Resolução Conjunta nº 052 de 20 de Setembro de
1991.
Para isolar e preservar a cena do delito é preciso definir o espaço a ser considerado
como tal. Assim, o conceito espacial do local de crime deve ser compreendido numa
leitura que vá além das fronteiras do espaço físico onde estejam as evidências ou o
próprio corpo do delito (cadáver, vítima de lesões, documentos, armas, etc.).
O local interditado é dito “isolado” e isto significa que ninguém poderá tocar em nada
antes da polícia.
Após os exames periciais, o local é liberado pela perícia para a Autoridade Policial, que
a seu critério, mantém a interdição para a comunidade.
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Fica evidente que no local do crime, minutos após a sua prática, várias pessoas que
presenciaram, ou souberam de detalhes do crime, devido à curiosidade lá estão e,
abertamente, contam detalhes e circunstâncias a respeito do ocorrido, que no dia
seguinte ou se esquecem, ou por medo são forçados a se esquecer.
Igualmente, não raro o (s) autor (es) do crime retorna (m) ao local do crime para
observar o seu feito, acompanhando o trabalho policial com vista a interesses próprios.
Quando o local do crime for de homicídio e o cadáver estiver em via pública, vale à
pena tentar fazer a “infiltração”, que é a técnica de um policial chegar ao local do crime
antes e separado dos demais, misturando-se aos populares para ouvir os comentários
sobre o caso.
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Idôneo – Aquele que se encontra intacto, tal como foi deixado pelo autor do delito. Sem
alterações do seu estado.
Inidôneo – Aquele cujas características originais foram alteradas. Não se encontra mais
como fora deixado pelo infrator. É um local violado. A violação tanto pode ser feita pelo
autor, para dificultar sua identificação, como por outras pessoas que, inadvertidamente,
ali ingressam para socorrer a vítima ou por simples curiosidade. Ou, ainda, pelo agente
que tomou as primeiras providências para delimitação e preservação do local.
Obs.: A diferença entre o local mediato e o local relacionado, é que o local mediato está,
fisicamente, ligado ou nas proximidades do local imediato, enquanto o relacionado não.
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Fotografias;
Filmagens;
Desenhos;
Técnicas de Remoção.
ANÁLISE/INTERPRETAÇÃO E GESTÃO
DOS DADOS DA INVESTIGAÇÃO
Metodologia de análise
Nenhum dado da investigação poderá ser interpretado, isoladamente. O
conhecimento apurado na investigação, para ser validado como prova, deve ser considerado
no seu contexto.
Esse contexto envolve todas as informações colhidas pela investigação, tanto a
cartorária como a técnico-científica – depoimentos, relatórios do agente investigador cartorário,
laudos periciais, reconhecimentos, relatórios de atividades financeiras, relatórios sobre
atividades fiscais, etc.
Para reforçar esse conhecimento e demonstrar alguma praticidade, veja alguns
métodos postos para análise de dados que poderão ser adequados à investigação policial.
Segundo Davenport & Prusak, citados por Santiago Jr. (2004, p. 29), a transformação da
informação em conhecimento é possível a partir da:
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Vale lembrar a afirmação de René Magritte: “Tudo quanto vemos, esconde alguma
coisa”. A prática e a pesquisa científica têm confirmado essa assertiva. Na investigação de um
delito, o investigador deve ter a habilidade de sempre esgotar todas as possibilidades de
manipulação e observação dos dados colhidos, para poder inseri-los ou infiltrá-los no contexto
da prática delituosa objeto da apuração.
Não há dúvida de que a investigação policial é um sistema complexo de coisas,
fatos ou circunstâncias que formam uma rede de dados, exigindo cuidados especiais na gestão
e na análise, para que dela sejam extraídas as informações que serão validadas como prova.
Tecnologia da Informação - TI
A TI é uma ferramenta estratégica e facilitadora da análise e gestão do
conhecimento na investigação. Ela permite a transmissão e o acesso rápido a um enorme
volume de informações, tornando ágil seu processo de tratamento, manipulação e
interpretação.
O uso da tecnologia permite ao investigador ter acesso a interpretações de dados e
informações sobre ligações telefônicas, registros, sinais, cadastros e conversas, de forma ágil e
sistemática.
Com aplicação da TI é possível descobrir e interpretar vínculos que, a olho nu, são
imperceptíveis ao investigador que se acha diante de um grande volume de dados.
Pela clareza do ensinamento, vale a leitura do texto de Ferro e Alves:
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Análise de Vínculos
Um dos métodos aplicados na investigação policial para análise de dados é a
análise de vínculos - AV. A AV é uma técnica de busca de dados, com a possibilidade de
estabelecer conexões entre eles, desenvolvendo modelos baseados em padrões dessas
relações, ou seja, por meio de um programa de computador, o investigador visualiza e conhece
todos os vínculos estabelecidos entre os dados colhidos, desenhado, graficamente, essa rede
de conexões que irá formatar, exatamente, todas as condutas que deram causa à prática
delituosa.
Permite a visualização gráfica de relações entre pessoas, objetos, dados, etc., as
quais, por um processo normal de análise, passariam despercebidas do investigador. São
utilizados como ferramentas da AV, aplicativos de informática como o IBM-I2, da IBM e o
Nexus, da Digitro.
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Previsão legal
A Lei n 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta os procedimentos de
Investigação Policial na aplicação de técnicas de interceptação de comunicações telefônicas,
de qualquer natureza, bem como do fluxo de comunicações em sistemas de informática e
telemática, ou seja, regulamenta o Inciso XII, parte final, do Art. 5° da Constituição Federal.
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INTRAPOL
SEI (Sistema Estadual de Identificação) / Portal da Segurança
INFOSEG
- Pessoas
- Veículos
- Armas
- Condutores
- Receita
- SISME
- INTERPOL
QWS (PRODERJ)
- Base Estadual
- Base Nacional
- Outras consultas
REDE MEDUSA
- Base Servidores
- Controle de Viaturas
- Base de Órgãos
SICWEB
- Desaparecidos
- SARQ POLINTER
- CDL Localizador
- Laudos
- Armas
ROWEB
SIPEN
SINIVEM
SIAD (Sistema de Identificação Adolescente)
SIAB (Sistema de Identificação Abrigados)
INFOPEN
Gerencial Web
SCO
SIP
SAT
SCAF
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INTERNET
- Receita Federal
- Sites de Informações Comerciais (SERASA, Natt, Decidir)
- Tele Listas (Fornece números de telefones a partir do nome do proprietário da
linha ou do endereço de instalação. Sua desvantagem em relação ao Natt está
no fato de não gerar resultado a partir da inserção de um número de telefone,
todavia o serviço que presta é gratuito).
- TJ / TRF / TRE
- JUCERJA
- Sites de buscas
- Facebook, Twitter, Orkut e demais sites de relacionamentos
- Site da ECT
- Google Earth / Google Maps
Linhas Investigativas:
Individual – Como o próprio nome já indica, analisará apenas os dados daquele fato
investigado. Deve-se investigar a vítima, traçando-se sua personalidade e sua vida
pregressa, com o objetivo de sustentar ou não a narrativa do fato apurado. O autor deve
ser investigado de forma semelhante à vítima, acrescentando-se a confirmação ou não
de anotações criminais e de histórico criminal na mesma modalidade. Estes dados
permitem traçar um perfil psicológico do autor.
Dados qualificativos.
Características físicas e observações.
Descrição das vestes e acessórios.
Vida pregressa e parentesco.
Histórico de anotações policiais e relacionamentos procedimentais.
2 – Dados do Fato
3 – Marcas Características
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5 – Confronta informações
Gerada as informações por meio do tratamento dos dados, o resultado é
classificado em blocos de características comuns, norteados pelo perfil dos principais
envolvidos, pelo tempo e lugar da ação ou omissão e modus operandi do ilícito.
Perfil do autor.
Perfil da vítima.
Tempo.
Lugar.
Meios.
Instrumentos.
Bens.
Quantidade dos autores.
Sexo dos autores.
Autorias.
Vítimas.
Modus Operandi.
Tempo
Lugar.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de investigação policial. 3a ed. São Paulo: Escola
de Polícia de São Paulo.
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theoretical approach to cognitive interviews
DOREA, Luiz Eduardo. Local de crime. 2a ed. Porto Alegre: Sagra-Luzzato, 1995.
MALATESTA, Nicola Framarino dei. A lógica das provas em matéria criminal. Tradução
de J. Alves de Sá. 2ª ed. São Paulo: Livraria Teixeira.
MARKUN, Leo. Como relacionar com lógica. Tradução de David Jardim Júnior. São
Paulo: Ediouro.
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MARIA RICO, José (Comp.) Policía y sociedad democrática. Madrid: Alianza Editorial,
1983.
MELO, Walmick. Curso Básico de Investigação Policial: manual do detetive. São Paulo:
Saraiva, 1985.
RIBEIRO, Luiz Julião. Investigação Policial: homicídio. Brasília: Fábrica do Livro, 2006.
ROBLES, Paulo Roberto. Das impressões digitais nos locais de crime. São Paulo:
Paulistanajus, 2004.
ROCHA, Luiz Carlos. Investigação Policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998.
SANTIAGO JR., José Renato Satiro. Gestão do conhecimento: a chave para o sucesso
empresarial. São Paulo: Novatec, 2004.
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SILVA, João Batista Pereira da, FERRO JUNIOR, Celso Moreira e SILVA, Ronaldo Almeida
da. Apostila de planejamento estratégico, tático e operacional. Academia de Polícia
Civil do Distrito Federal.
STEIN, Lílian Milnitsky e MEMON, Amina. Testing the efficacy of the cognitive interview
in a developing country.
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