A Historia Do Fonograma - Brasil
A Historia Do Fonograma - Brasil
A Historia Do Fonograma - Brasil
São Paulo
2009
JOÃO MARCONDES DA SILVA NETO
São Paulo
2009
S586f Marcondes, J. Silva Neto
Fonograma: Transformações histórico-culturais e tendências
tecnológicas no mercado da música popular brasileira (1902-2007)
João Marcondes da Silva Neto - 2009
239 f. : il. ; 30 cm.
CDD 781.640981
JOÃO MARCONDES DA SILVA NETO
Aprovado em
BANCA EXAMINADORA
Aos Professores;
Aos colegas, cito Daniella Basso, que me auxiliou na revisão textual. Ao José Luís, que
dividiu comigo experiências sobre Cinema e Psicologia;
A minha família, tios, tias; ao meu avô Antônio que me inspira com força e fé; a minha
avó Helena que nos deixou inesperadamente e não pode acompanhar outro passo em
minha carreira; aos meus avós João e Tereza (in memorian) - queridos padrinhos -
saudade;
Ao meu irmão Luís Henrique, que muito amo, companheiro de guerra e paz;
The study notes that line the main Brazilian phonographic market changes, between
1902 and 2007. Classifying primary sources, phonograms, the structuring of knowledge.
Includes in its history, the principle of the Brazilian phonographic market. The changes
between the XIX and XX century for musicians in general. Illustrates a second time, the
profiles of musicians, instruments and their role in the phonogram, the formation of
Brazilian popular music. Presents the main changes to the product phonographic. It
proposes a way to work artistically with the technologies available in the phonographic
market.
INTRODUÇÃO.......................................................................................... 10
A) JUSTIFICATIVA........................................................................................ 10
B) OBJETIVOS.............................................................................................. 12
1) OBJETIVO CENTRAL.............................................................................. 12
2) OBJETIVOS SECUNDÁRIOS................................................................... 12
C) CRITÉRIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS............................................ 13
E) CORPUS..................................................................................................... 16
5 FONOGRAMAS.......................................................................................... 26
5.1.1 CILINDROS................................................................................................. 27
5.1.3 EP (COMPACTO)....................................................................................... 31
ANEXO...................................................................................................... 228
INTRODUÇÃO
A) JUSTIFICATIVA
Estes autores intuitivos do final do século XIX, início do século XX podem ser
conhecidos hoje pela presença do mercado fonográfico.
Os mecanismos de registrar e reproduzir sons, cujo mercado fonográfico usufrui,
continuam em um processo acelerado de evolução, de aperfeiçoamento. Não foram
poucos os sistemas do final do século XIX ao dias de hoje, haja vista os reprodutores:
fonógrafos, gramofones, grafanolas, rádio, vitrolas toca discos, toca fitas, e o atual toca
CDs e mp3. Os registradores: fonógrafo, gramofone, rolo, fita ADAT, fita DAT, fita k-7 e
o atual meio digital.
O fonograma, termo originado como objeto do registro sonoro do aparelho fonógrafo, foi
revestido década a década com embalagens atrativas, coloridas e diferenciadas. A
cada período a embalagem, do agora produto fonográfico, encontrou formas únicas e
de importância comercial cada vez maior.
1) OBJETIVO CENTRAL
2) OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
C) CRITÉRIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Em seu histórico o livro A Casa Edison e seu tempo retrata a cultura brasileira do
início do século XX. Oferece dados contrastantes sobre o principal personagem do
advento do mercado fonográfico brasileiro: Frederico Figner. Da primeira gravadora A
Casa Edison e do avanço das multinacionais na década de 1930: Columbia, Odeon, e
Universal.
Estes fonogramas classificados servem de base para formular uma proposta artística
para a confecção de um fonograma. Como eixo a música popular.
Essas pesquisas pinçam aspectos como gênero, artista e movimento musical. Isolados,
de maneira aleatória, não esclarecem a realidade e as transformações que os músicos
e o mercado encontraram no passar de um século. Ainda não observam as variantes
tecnológicas e estruturais no campo da música popular, da profissionalização.
As pesquisas perceptivelmente se estabelecem por juízo de gosto, sem passar por uma
perspectiva musical, circunstância artística valorativa.
A classificação oferece parâmetro para estabelecer uma proposta artística para o uso
da tecnologia e recursos musicais inexplorados no campo da música popular.
E) CORPUS
CAPÍTULO I – O SURGIMENTO DOS MEIOS DE REGISTRO E
REPRODUÇÃO SONORA. OS PRINCIPAIS INVENTORES. E OS
FONOGRAMAS
O inventor Thomas Alvo Edison, nascido em Milan, Ohio nos Estados Unidos, no dia 11
de fevereiro de 1847, não imaginava que seu invento o fonógrafo iria transformar as
relações comerciais no campo da música na cultura Ocidental.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Edison
Seu invento, um de seus mais importantes, foi patenteado nos Estados Unidos, em 19
de fevereiro de 1878, sob o n. º 200251.
[...] os incrédulos não se deram por vencidos. Eles mesmos quiseram fazer a
experiência. Só assim aceitariam em definitivo o fato de a palavra (registrada)
poder ser reproduzida... (FRANCESCHI, Cartas anexadas).
Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Edison
O fonógrafo, em pouco tempo, se tornou, pelo exotismo, uma forma rentável. Os
proprietários de tais máquinas, que num espaço de dois anos, eram comercializadas
nas principais lojas, cobravam por audições públicas.
Edison não tinha pretensão de gravar música com seu invento, pensava em uma
função científica, segundo Franceschi também “na gravação de discursos políticos”, na
comunicação.
Mas foi no campo da música popular que as gravações estavam destinadas a fazer as
maiores revoluções. E não demorou, para que a visão comercial de um indivíduo
fizesse do experimento laboratorial de Edison uma forma lucrativa.
O fonógrafo era constituído por um cilindro de couro recoberto por uma folha de
estanho, montado sobre um eixo horizontal provido de manivela em uma das
extremidades, ao acionada permitia à agulha ligada a um diafragma riscar a superfície
do estanho conforme a vibração provocada pelas ondas sonoras.
[...] depois de gravado, era imerso em ácido. O ácido reagia sobre os traços
feitos pela agulha de gravação deixando no zinco um sulco, fino e raso com
profundidade homogênea (FRANCESCHI, 2004 p. 47).
No seu recente invento o gramofone, aparelho que agora reproduzia discos de áudio
registrado, Berliner se concentrou na principal questão da difusão comercial. A
preocupação referente à duplicação era determinante para que o invento obtivesse
êxito comercial.
Baseou-se no princípio do negativo e construiu matrizes em cobre a partir do disco
original gravado em zinco e homogeneizado com ácido.
Fonte:
www.img.lx.it.pt/.../images/gramofone_1888.jpg
A confecção da matriz foi ponto chave para o sucesso da técnica de Berliner. Segundo
Humberto Franceschi, “Berliner guardou a todo custo as técnicas que desenvolvera”.
Logo entusiastas com visão comercial fundariam o que conhecemos hoje como
gravadoras empresas, que inicialmente comercializavam aparelhos, máquinas falantes.
Comercializariam subseqüentemente fonogramas.
Levou dois anos para completar sua experiência que obteve amplo sucesso. Johnson
conseguiu melhorar a qualidade do áudio registrado em disco.
Todos os países agora tinham acesso ao que fora registrado em outras nações, outras
circunstâncias culturais.
5 FONOGRAMAS
José Ramos Tinhorão cita anúncio do mesmo Figner que afirmara possuir “o único
laboratório de fonogramas nacionais dos populares cançonetistas Cadete e Baiano”, em
1901.
Década a década o termo fonograma passa a coexistir com o termo faixa, empregados
como sinônimos.
O fonograma apresenta duração estável oscilando entre dois minutos, e quatro minutos
e dez segundos, nas seis primeiras décadas (1897 – 1902; 1902 – 1950) do século XIX
e XX no Brasil. A partir de 1950, no advento dos discos LP “long play”, os fonogramas
apresentam duração livre, um minuto, seis minutos, tal qual for à necessidade da
arregimentação.
5.1 OS PRINCIPAIS PRODUTOS DO MERCADO FONOGRÁFICO
5.1.1 CILINDROS
Neste período inicial a matriz era o objeto comercializado. A partir de 1901, segundo
Franceshi, ao surgirem no mercado os cilindros moldados, a produção de cilindros
atingiu escala comercial, com matrizes e réplicas. Existiam na época cinco espécies de
cilindro, todos importados.
São eles segundo Franceshi: 1) Standard - utilizado a partir de 1889 com gravação de
dois minutos máximos. 2) Concerto – utilizado a partir de 1889 para gravações
exclusivamente. 3) ICS – utilizado a partir de 1901 para cursos de línguas, inovadores
para o período. 4) Amberol – utilizado a partir de 1908 – possibilita gravação em
duzentos sulcos por polegada com quatro minutos de duração. 5) Ambero Azul – a
partir de 1912 com gravação de até quatro minutos.
Segundo José Ramos Tinhorão a comercialização dos cilindros no Brasil, objeto do
mercado fonográfico, durou apenas sete anos, entre 1897 a 1904, sem nunca atingir
êxito comercial. O advento do disco extinguiria o cilindro e o fonógrafo, e o dataria como
artefato de curiosidade:
Este catálogo registrou duzentos e vinte e oito gravações, fonogramas produzidos entre
cilindros dos fonógrafos, e chapas, discos executados pelo Gramofone. Nessas
gravações constam cançonetas e discursos. Gêneros musicais como dobrado, lundu,
modinha e polca.
O gramofone surge no Brasil em 1900. Figner percebera em uma de suas viagens a
América do Norte que o gramofone “tocava mais alto” tinha mais amplitude. Tratou
assim de importá-lo e iniciar pioneiramente sua comercialização.
Esse repertório era de música popular urbana brasileira, oriunda da cidade capital Rio
de Janeiro. Principal centro urbano do início do século XX no Brasil.
Os primeiros discos comercializados no Brasil eram de face simples, não foi duradoura
sua comercialização, ocorreu por apenas dois anos.
Nesta mesma década o advento da gravação elétrica traria avanços de qualidade, que
são classificados a seguir com os fonogramas apresentados. O disco ainda era objeto
dos novos aparelhos, e adquiriria os formatos EP e LP.
5.1.3 EP (COMPACTO)
Evolui dos compacto simples disco de dois fonogramas e do compacto duplo de quatro
fonogramas dois em cada face do disco.
LP, iniciais para Long Play. Disco de longa duração. Trouxe ao mercado fonográfico
brasileiro o conceito de álbum. Fonogramas reunidos, oscilando entre nove e quatorze,
comportando aproximadamente de trinta a quarenta minutos de música.
A fita K-7 surge desenvolvida inicialmente pela marca PHILIPS. É, de certa maneira, a
evolução das fitas de rolo eletromagnéticas, típicas das gravações de estúdio,
registradores.
Possibilitava, pela primeira vez na história do mercado fonográfico, que um indivíduo
qualquer criasse compilações caseiras e de fácil manipulação.
A fita K-7 começou a ser comercializada em série pelo mercado fonográfico do Brasil no
final da década de 1980, com fonogramas pré-determinados como um álbum.
Trouxe consigo o conceito de música portátil, através do uso do toca fitas modelo walk-
man.
O fenômeno da livre difusão ainda está em curso. Iniciou em 1998 com o lançamento
de um software denominado Napster. Que transformava o fonograma extraído de um
Cd compact disc em um arquivo digital, em bits, séries numéricas comuns aos
computadores.
A primeira aparição do fonógrafo no Brasil data de 1879, em Porto Alegre, apenas dois
anos após o invento ser anunciado, patenteado. Trazido e exibido por Eduardo Perris
segundo consta no livro “Palco, salão e Picadeiro” de Atos Damasceno, citado por José
Ramos Tinhorão no livro Música Popular – do Gramofone ao Rádio e TV.
Num segundo momento foi trazido pelo Comendador Carlos Monteiro de Souza. Sendo
utilizado para exibições na corte brasileira. Foi da família real o primeiro registro sonoro
de que se tem notícia de um brasileiro cantando:
Essas gravações não tinham apreso técnico, nem intuito comercial. Vozes aleatórias,
principalmente com o cunho da curiosidade e demonstração foi o motivo dos primeiros
registros.
A machina falante como era nomeada no Brasil teve suas primeiras aspirações
comerciais pelo viés da demonstração. Cobrava-se por pequenas audições que
ocorriam em casas de música, espaços públicos em calçadas e coretos.
Foi Frederico Figner, pioneiro, que surge a seguir, que experimentou as grandes
possibilidades comerciais do fonógrafo no Brasil. Inspirado no que ocorria na última
década do século XIX na Europa e nos Estados Unidos.
Passou por várias regiões do país. Fixou-se no principal centro urbana da época, o Rio
de Janeiro, capital da primeira república.
Figner abriu sua loja na Rua do Ouvidor nº. 105, em 1897, no Rio de Janeiro, a partir do
momento que sua percepção comercial aguçada compreendeu a transformação e o
advento do mercado fonográfico brasileiro. Agora a exibição do fonógrafo daria vez à
comercialização dos mesmos e de seus cilindros, fonogramas. Estes cilindros, como
visto anteriormente, eram gravados amadorísticamente pelo próprio Figner, em salas
sem preocupação acústica.
Encaminhado por Prescot, Hagen, alemão de origem, chegou ao Brasil entre 1901 e
1902, após Figner firmar contrato com a Zonophone.
Não havia um preparo na sala por elementos acústicos, por exemplo. Nem existia no
Brasil um estudo específico nas primeiras décadas do século XX.
Talvez pela distância da Europa, pelas condições diferentes e pelo clima, ele
(Hagen) não faça todas as gravações tão boas quanto a 1527. (gravação
realizada em território americano e estabelecida como padrão de qualidade)
Mesmo assim, estou certo que o Sr. ainda temtará vender as gravações. Eu
calcularia que mão mais de 5 a 10% das gravações seriam invendáveis (A Casa
Edison e seu Tempo, pg. 39).
Hagen nas primeiras gravações elaborava formas intuitivas para resolver questões do
processo de gravação. O aparelho registrador ficava no centro, ou postado em uma
pequena sala ao lado. O orifício captador direcionado registrava os sons.
Todas as gravações iniciais de Figner, que seriam lançadas em pouco tempo pela Casa
Edison, foram feitas em uma edícula construída nos fundos da loja do nº 105 na Rua
Ouvidor, e não no nº 107, que era a sede Original da Casa Edson.
Não havia ainda microfone, aparelho transdutor que transforma sinal mecânico em
elétrico, artefato que surgiria na década de 1920. Os primeiros discos não obtiveram a
qualidade esperada, não pelo processo de gravação tão pouco pelo clima do país como
sugeria Prescot. O principal problema em busca de resolução estava na duplicação do
disco.
Não havia, nesse período, uma preocupação com o que seria gravado. Registrava-se
aquilo que era tocado cotidianamente. “Isto é Bom” cançoneta de Xisto Bahia, cantada
por Baiano, em um cilindro é tida como a primeira gravação comercial brasileira.
Esta gravação está entre outras tantas realizadas por Figner. É possível que seja a
primeira gravação selada, e estabelecida no primeiro catálogo de 1902 do que é
considerada a primeira gravadora brasileira: a Casa Edison.
Ainda não havia parâmetros para a questão dos direitos autorais. As gravações
rodavam o mundo, nos países ocidentalizados, sem leis, diretrizes e bases valorativas.
O autor, compositor de uma canção registrada não gozava de direitos, nem controle
das replicações do fonograma. Existia uma troca entre os registros sonoros dos países,
a principal fábrica de discos estava localizada na Alemanha e alimentava toda a Europa
e América.
O executante, em fase de profissionalização, recebia pelo trabalho momentâneo. Em
1897 Figner, chamava cantores de serenata para gravações pagando mil-réis por
canção registrada, e vendia os cilindros únicos por cinco mil-réis, segundo Humberto
Franceschi.
Humberto Franceschi reporta em seu livro A casa Edison e seu tempo, que o primeiro
disco fabricado no Brasil foi desenvolvido no dia 21 de dezembro de 1912. A fábrica
Odeon como nomeada teve sua fundação segundo Franceschi no mesmo ano,
contrastando por meses com a datação imposta pelo outro autor.
Esse fenômeno transcorreu pelo avanço das multinacionais do disco Victor e Columbia.
Com o avanço das multinacionais Figner, segundo Franceschi, foi obrigado a entregar
seu estúdio de gravação, as ceras registradas, tal qual a fábrica de discos. Na década
de 1930 após perder a Odeon para a matriz fundou uma nova gravadora a Parlophon,
lançou artistas e alimentou o mercado fonográfico carioca por cerca de uma década.
Perdeu pelo direito de patente a Parlophon para as multinacionais, enfim Figner teve
seu poderio restrito a comerciante de disco.
O fonógrafo chegou ao Brasil em 1879, apenas um ano após sua apresentação pública
e o registro de sua patente.
Nas gravações iniciais registradas no Brasil entre 1879 e 1891 destacam-se poemas e
textos. A música ainda não surgira como “filão”.
Conforme notícia do Jornal Pátria Mineira sob o título O fonógrafo, do dia 26 de maio de
1892 noticiava as maravilhas no recém invento:
As gravações iniciais eram feitas sem o menor cuidado, em casas, em salas, praças
públicas e pequenos teatros. E bastava posicionar o diafragma do fonógrafo e sair
cantando ou falando.
Os principais artistas deste primeiro catálogo são Cadete (1874 – 1960), Baiano (1870
– 1944), e a Banda do Corpo de Bombeiros. Bastava atingir sucesso nas ruas, praças,
coretos, e salões, que as composições eram registradas em fonogramas
comercializados em cilindros, e a partir de 1904, como visto anteriormente, em matrizes
que geravam discos dupla face.
A seguir são classificados fonogramas que ilustram a segunda fase das gravações
mecânicas.
PRIMEIRO FONOGRAMA
A) Nome da composição e autor: Isto é bom de Xisto Bahia
B) Nome do intérprete: Baiano
C) Nome da gravadora ou selo: Casa Edison, Odeon.
D) Ano do registro: 1902
E) Época da gravação: Fase mecânica.
F) Caráter: Vocal
G) Gênero: Lundu
H) Instrumentação: Violão e voz
I) Forma: A B (refrão) A B (refrão) A B (refrão)
J) Tempo de duração: 2:53.
K) Intensidade: Não apresenta variações de dinâmica.
L) Caráter da música: Tonal.
M) Métrica: Binária
N) Descrição:
Xisto de Paula Bahia (1841 – 1894), nascido em Salvador BA. Compositor, cantor,
violonista, teatrólogo. De formação intuitiva. Autor de Isto é bom, primeira música
gravada e catalogada no histórico primeiro catálogo brasileiro, da Casa Edison de 1902.
Iniciou sua atuação como violonista e cantor de um teatro em Salvador.
Baiano, Manuel Pedro dos Santos (1870 – 1944), nascido em Santo Amaro da
Purificação BA. De formação intuitiva. Intérprete do fonograma Isto é bom, um dos
cantores mais populares do início do século XX, gravou este que é considerado o
primeiro disco brasileiro do catálogo de 1902 da Casa Edison. Sua voz também é
reconhecida na apresentação dos fonogramas algo de praxe entre 1902 até a década
de 1920. Não utiliza voz empostada, tem interpretação mais despojada.
Casa Edison - fundada por Frederico Figner em 1900 foi à primeira gravadora
brasileira, atuou primordialmente nas três primeiras do século XX. Seu primeiro
catálogo foi impresso em 1902 comercializando reprodutores fonógrafos e gramofones,
cilindros e discos. Representou o selo Odeon, parceria européia, até 1927, quando foi
excluído da companhia. Fundou a seguir o selo Parlaphon que durou apenas cinco
anos. Em 1932 a Casa Edison afasta-se definitivamente dos negócios de discos.
Lundu - dança e canto de origem africana, introduzido no Brasil por escravos vindos de
Angola. Resultado do batuque africano, do qual proveio. O lundu pode ser
caracterizado em três fases: como dança africana de sensualidade no século XVII,
como dança de salão estilizado do século XVIII e XIX, e letrado, no século XIX, como
lundu-canção com conteúdo contestador e humorado.
Música com forma “AB”. Apresenta característica intuitiva. Varia apresentando um texto
na seção A e um refrão na seção B.
Sem arranjo específico o violão cadencia livremente até o momento que o cantor sente-
se pronto para começar. Não há preocupação com a quadratura musical, elemento que
dita pergunta e resposta estruturando a composição de dois em dois pares de
compasso, ou proporcionais quatro e quatro.
A gravação é mono, um canal central sem efeito panorâmico. Ouve-se todo emissor
sonoro centralizado, no caso a voz e violão. A sala tem sonoridade aberta, brilhante, é
possível ouvir pequenos retornos acústicos na voz, sinal de ambiência, elemento
refletor de uma inflexão sonora.
SEGUNDO FONOGRAMA
Patápio Silva (1880 – 1907), natural de Itaocara RJ. Flautista e compositor. Filho de
um barbeiro radicado em Cataguases MG, desde pequeno se interessou por música.
Por volta do quatorze anos, estudou solfejo e teoria musical e começou a tocar em
bandas de música. Transferiu-se para o Rio de Janeiro por volta de 1900, indo trabalhar
como tipógrafo. Na capital impressionou, por seu virtuosismo e capacidade
interpretativa, o flautista Duque Estrada Meyer, professor do Instituto Nacional de
Música, que aceitou preparar Patápio para prova de admissão. Aprovado, concluiu em
dois anos um curso de seis. Foi contratado pela Casa Edison de Frederico Figner onde
realizou gravações entre 1904 e 1907. Seu primeiro disco registra o Noturno nº 1 do
compositor europeu Frederic Chopin (1810 – 1849). Compôs a primeira geração de
chorões a registrar músicas no mercado fonográfico.
Odeon inicialmente um selo, uma marca, licenciada pela Casa Edison, que produzia
com apoio tecnológico europeu discos executáveis em gramofones.
Forma rondó tanto na música quanto na poesia a forma rondó baseia-se na repetição.
Na música uma seção, geralmente a primeira, se repete por três ou quatro vezes,
intercalando uma nova seção. Por exemplo:
Gravação mono. O piano tem um timbre um pouco indefinido nos primeiros compassos
da gravação, pela falta de sustentação, parece soar até como um violão. Percebe-se
pela ambiência que o piano está postado a certa distância, um pouco à direita.
TERCEIRO FONOGRAMA
A) Nome da composição e autor: Atraente de Chiquinha Gonzaga
B) Nome do intérprete: Grupo de Chiquinha Gonzaga
C) Nome da gravadora ou selo: Casa Edison, Odeon
D) Ano do registro: 1911
E) Época da gravação: Fase mecânica
F) Caráter: Instrumental
G) Gênero: Polca
H) Instrumentação: Flauta, violão e piano.
I) Forma: Intro A A A A B B A A C C A A B B A A C C (forma rondó)
J) Tempo de duração: 3:30
K) Intensidade: Não apresenta dinâmica.
L) Caráter da música: Tonal.
M) Métrica: Binária.
N) Descrição:
QUARTO FONOGRAMA
A) Nome da composição e autor: Pelo Telefone de Donga e Mauro de Almeida
B) Nome do intérprete: Baiano e o Corpo de Choros.
C) Nome da gravadora ou selo: Casa Edison, Odeon.
D) Ano do registro: 1917
E) Época da gravação: Fase mecânica
F) Caráter: Vocal
G) Gênero: Maxixe
H) Instrumentação: Clarinete, Violão, Cavaquinho, e vozes.
I) Forma: Introdução A B B A C Introdução A C (2x inteiro) Introdução
J) Tempo de duração: 4:07
K) Intensidade: Apresenta dinâmica por textura.
L) Caráter da música: Tonal.
M) Métrica: Binária.
N) Descrição:
Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos, 1890 – 1974) natural do Rio de Janeiro RJ.
Compositor e violonista. Seu pai músico amador executava o instrumento de sopro
bombardino em bandas de coreto. Sua mãe fora a famosa Tia Amélia, que promovia
festas e memoráveis encontros de música, onde se tocava choro e samba. Donga teve
como primeiro instrumento o cavaquinho, pouco tempo depois passou ao violão, que o
consagrou como instrumentista do grupo Oito Batutas. Compositor de mais de cem
obras, é cultuado como um dos pais do gênero samba. Pelo Telefone é considerado por
muitos um marco para o samba, embora ritmicamente se assemelhe ainda ao maxixe.
Mauro de Almeida (1882 – 1956), natural do Rio de Janeiro RJ. Teatrólogo, jornalista e
letrista. Entrou para a história da música popular brasileira pela autoria de Pelo
Telefone, umas das composições mais polêmicas pelo reclame de co-autores, entre os
quais João da Bahiana (1887 – 1974) e Sinhô (1888 – 1930). Dentre sua pequena obra
musical têm-se conhecimento de poucas canções, como por exemplo, O malhador com
Donga e Pixinguinha.
Samba como termo, tem origem africana de Angola, corruptela de semba, dito
umbigada. O samba, tal conhecemos hoje, surgiu no Rio de Janeiro através da
miscigenação cultural, onde os negros segregados constituíam batuques festivos,
cantando e tocando. O samba foi lançado como gênero em 1917, nomenclaturado
comercialmente como algo novo, produto urbano. É possível afirmar que o samba se
fixa como gênero a partir da gravação da composição Jura de Sinhô (1888 – 1930).
Maxixe dança urbana, surgida no Rio de Janeiro por volta da década de 1870, foi
constituída no momento em que a polca dança européia de salão, passou a ser
executada pelos primeiros conjuntos de choro de Antonio Callado (1848 – 1880).
Ritmicamente fundiu-se ao lundu, dança africana, e será a seguir matriz primordial do
gênero samba.
Este fonograma apresentado por um locutor como: “Pelo telefone, samba carnavalesco,
gravado por Baiano e Corpo de Choros, para Casa Edison, Rio de Janeiro”.
QUINTO FONOGRAMA
A) Nome da composição e autor: Urubu Malandro Motivo Popular, domínio
público
B) Nome do intérprete: Oito Batutas.
C) Nome da gravadora ou selo: Casa Edison, Victor.
D) Ano do registro: 1923
E) Época da gravação: Fase mecânica
F) Caráter: Instrumental
G) Gênero: Samba
H) Instrumentação: Flauta, cavaquinho, violões, banjo, e reco-reco.
I) Forma: Intro A B B A C Intro A C (2x inteiro) Intro
J) Tempo de duração: 3:08
K) Intensidade: Usa dinâmica, crescendo e decrescendo.
L) Caráter da música: Tonal.
M) Métrica: Binária.
N) Descrição:
Oito Batutas, grupo instrumental, criado em 1919 por Donga (1890 – 1974) e
Pixinguinha (1897 – 1973). Sua formação inicial tinha na flauta Pixinguinha, China
(1888 – 1927) no violão e piano, Donga e Raul Palmieri (1887 – 1968) nos violões,
Nelson Alves (1895 – 1960) no cavaquinho, José Alves (1899 - ?) no bandolim, Jacó
Palmieri (?) no pandeiro e João Tomás (?) e ou Luis de Oliveira (?) no reco-reco.
Posteriormente a formação adquiriu novos membros alternantes entre os quais o
violonista João Pernambuco (1883 – 1947). Registrou fonogramas no Brasil e na
Argentina para o selo Odeon. Apresentaram-se no Brasil, América Latina e Europa. A
seguir a partir da década de 1930, influenciados pelas jazz-bands americanas, formata-
se como orquestra.
A música urbana brasileira continua sua transformação nos anos vinte, e início da
década de trinta, do século XX. Encadeando o período denominado pelos historiadores
como Época de Ouro, entre 1929 e 1945.
Uma imensa quantidade de novos talentos surgira. Havia agora um novo mercado. As
Rádios necessitavam de novos artistas, programas de auditório, gravações e
apresentações.
Na década de 30, Mário Reis surge cantando com uma rítmica diferente, num fio de
voz. A potência dá lugar à expressão. Sua voz pequena marcou época, influenciou uma
geração que viria a seguir. A gravação elétrica ampliou a definição dos harmônicos
característicos de cada instrumento. Os matizes começaram a ser perceptíveis.
Os discos comercializados ainda eram duplos, dupla face, e continham no máximo dois
fonogramas, na terceira e quarta década do século XX. Capas apenas para proteção, e
o disco etiquetado com o nome e o selo dos fonogramas.
O MP3 faz do fonograma um ser sem corpo físico, sem capa, sem visualização. É
possível ter acesso aleatório e randômico ao material musical, cada indivíduo constrói
seu próprio repertório de fonogramas para apreciação.
SEXTO FONOGRAMA
A) Nome da composição e autor: Brincando de Ratinho
B) Nome do intérprete: Ratinho
C) Nome da gravadora ou selo: Victor.
D) Ano do registro: 1930
E) Época da gravação: Fase elétrica
F) Caráter: Instrumental
G) Gênero: Samba
H) Instrumentação: Cavaquinho, violão, clarinete, violão tenor.
I) Forma: A A B B A C C A A B B A C C A A (forma rondó)
J) Tempo de duração: 3:00
K) Intensidade: Sem dinâmica.
L) Caráter da música: Tonal.
M) Métrica: Binária.
N) Descrição:
É possível afirmar que este fonograma foi gerado através do processo de gravação
elétrica. A definição melhora na região aguda. Capta-se uma sobra de agudo, uma
região maior de capitação, como numa sala de característica aberta.
Esta fase introduz o microfone, aparelho transdutor que transforma sinais mecânicos
em elétricos. O aparelho reprodutor ainda é o gramofone. O pulso oscila de acordo com
a interpretação do solista. A gravação permanece mono.
SÉTIMO FONOGRAMA
A) Nome da composição e autor: Filosofia de Noel Rosa e André Filho
B) Nome do intérprete: Mário Reis
C) Nome da gravadora ou selo: Casa Edison, Parlaphon.
D) Ano do registro: 1933
E) Época da gravação: Fase elétrica
F) Caráter: Vocal
G) Gênero: Samba
H) Instrumentação: Voz, coro, violão, piano, surdo, reco-reco, trompetes,
trombone e clarinetes.
I) Forma: Introdução A B C D | Interlúdio | A | Coda
J) Tempo de duração: 3:00
K) Intensidade: Dinâmica por textura.
L) Caráter da música: Tonal.
M) Métrica: Binária.
N) Descrição:
Noel Rosa (Noel de Medeiros Rosa, 1910 -1937) natural do Rio de Janeiro RJ.
Compositor, cantor e violonista. Nascido na Vila Isabel, conhecido como o “Poeta da
Vila”. Noel Rosa em sua breve carreira compôs cerca de quatrocentas canções, entre
sambas, marchas e valsas. Em seu nascimento sofreu um processo de parto via
fórceps que lhe resultou um afundamento no maxilar. Não teve formação musical
tradicional. Prestou faculdade de medicina, abandonando três anos após seu início.
Estudioso, e de classe média, gostava mesmo é de conviver com boêmios, sambistas e
marginalizados. Com fama de bom violonista foi convidado a ingressar no Bando dos
Tangarás, famoso grupo de serenatas carioca da década de 1920 e 1930. Em 1929
escreveu as primeiras composições, em 1930, conheceu o primeiro sucesso o samba
Com que roupa?. Foi personagem da maior polêmica musical brasileira que se tem
notícia, com o também compositor Wilson Batista (1913 – 1968). Suas canções foram
interpretadas por contemporâneos e subjacentes como: Araci de Almeida (1914 –
1968), Mario Reis (1907 – 1981), Chico Buarque (1944), Francisco Alves (1898 – 1952),
Ivan Lins (1945), Paulinho da Viola (1942) entre outros. Faleceu prematuramente aos
26 anos por complicações da sua saúde debilitada pela tuberculose.
André Filho (Antônio André de Sá Filho, 1906 – 1974) natural do Rio de Janeiro RJ.
Compositor, cantor e instrumentista. Órfão, foi criado pela avó materna, que incentivou
o estudo da música. Aos oito anos começou a estudar música pela tradição escrita com
um professor particular, aprendendo ritmo e harmonia. Participou ativamente do
mercado fonográfico como arranjador e autor de jingles para as gravadoras Philips e
Pharlapon. Têm mais de cento e cinqüenta composições, a mais famosa delas a
marcha Cidade Maravilhosa sucesso de 1934, gravada na Odeon por Aurora Miranda
(1915 – 1989). Esteve internado por problemas psíquicos na década de 1940, se
afastando das atividades musicais.
Parlaphon selo de gravação da Casa Edison criado por Frederico Figner (1866 – 1947)
pós-intervenção da Odeon.
Trompete – Instrumento musical de sopro da família dos metais, sua estrutura atual
remete ao século XVIII. Melódico. Concebido de metal torneado, em pouco mais da
metade de seu comprimento, com restante cônico terminando em campânula.
Apresenta três pistões. Sua tessitura tende para a região médio aguda, com três
oitavas de tessitura aproximadamente.
Maria Reis conseguiu status no mercado fonográfico brasileiro não pela potência vocal,
mas pela interpretação marcante, sincopada, bem ritmada. Nos períodos anteriores,
utilizar o Bell canto, técnica de voz empostada e potente, era necessário pela pequena
sensibilidade do sistema mecânico.
A voz de Mário Reis, embora pequena, tem timbre qualificado. É possível compreender
sua pronúncia claramente, assim como os sons que emite. É considerado um precursor
na forma de cantar, tendo influenciado João Gilberto (1931), que surgiria a seguir como
precursor da bossa nova e do jeito “cool” de se cantar.
OITAVO FONOGRAMA
Carmem Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha, 1909 – 1955) natural de Marco
de Canavezes - Portugal. Cantora, atriz e dançarina. Naturalizou-se brasileira. Marcou
época como estereotipo brasileiro no exterior. Iniciou sua carreira incentivada por Josué
de Barros (1888 – 1959), de quem interpretou Chora Violão em um festival com fins
filantrópicos. Em seguida começou a se apresentar em programas de rádio, que em
grande quantidade surgiram no período do final da década de 1920 e início da década
de 1930. Em 1929, Carmem, foi contratada pela gravadora RCA Victor. Emplacou
sucessos no Brasil. Em 1939, Carmen Miranda foi contratada para realizar shows na
Brodway, e posteriormente filmes em Hollywood. Tornou-se a única sul-americana a ter
as mãos e pés marcados na calçada da fama em Los Angeles, EUA. Ao retornar foi
acusada de americanizada pelo público brasileiro. Sua voz brilhante e afinação precisa
encantaram o mundo, e fez dessa artista uma das principais que o Brasil já produziu.
Ary Barroso (Ary de Resende Barroso, 1903 – 1964) natural de Ubá MG. Compositor,
pianista, locutor e apresentador. De sólida formação musical, iniciou sua carreira
artística no Rio de Janeiro no cinema Íris, tocando nos saguões de espera e em filmes
mudos. Integrou orquestras e jazz bands na década de 1920. A partir de 1928 teve
suas primeiras composições gravadas, cantou a Bahia e exaltou o Brasil, são mais de
duzentas e cinqüenta composições. Fundamentou o estilo do samba exaltação. Sua
obra fora registrada por três gerações Francisco Alves (1898 – 1952), Silvio Caldas
(1908 – 1998), Aracy de Almeida (1914 – 1988), Carmen Miranda (1909 – 1955),
Elizeth Cardoso (1920 – 1990), Elis Regina (1945 – 1982) entre outros.. Nos Estados
Unidos compôs trilhas para filmes e peças musicais.
Marcha - também chamada marchinha pelo tom alegre, gênero quaternário. Ritmo com
origem militar marchante, a marcha se consolidou viva no Brasil como música dos
cordões e blocos de ruas, dos foliões de maneira geral. Um primeiro e famoso exemplo
de marcha urbana Ó abre alas de Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935), do ano de 1889.
A marcha no século XX foi matriz de outros gêneros de música como o frevo e o
samba-enredo.
O arranjo tem vozes abertas nos metais e madeiras. A presença maciça da percussão
demonstra a melhora nos recursos de captação.
A voz solista está centralizada, assim como os demais instrumentos. Com destaque, no
entanto pela proximidade do diafragma do aparelho transdutor. A gravação ainda é
mono. A influência da sala é pequena se comparada aos fonogramas anteriores.
Araci de Almeida (Araci Teles de Almeida, 1914 – 1988) natural do Rio de Janeiro RJ.
Cantora. Iniciou a carreira aos dezenove anos em uma rádio educadora. Sua carreira
fonográfica começou em 1934 na gravação de Em plena folia de Julieta de Oliveira
(1909? – 1983?). Foi imortalizada como principal intérprete da obra de Noel Rosa (1910
– 1937) em vida e postumamente. A primeira canção de Noel que registrou em disco foi
o samba Riso de Criança, em 1935. Destacou-se com uma das principais cantoras da
Era do Rádio, período entre 1930 e 1950. Canta sob influência do Bell canto, voz
empostada.
Radamés Gnatalli (1906 – 1988) natural de Porto Alegre RS. Compositor, arranjador,
regente e pianista. De formação musical sólida, Radamés iniciou seus estudos musicais
ainda menino, com a mãe a pianista gaúcha Adélia Fossati Gnatalli. O pai também,
musicista, imigrante italiano foi clarinetista e regente. Estudou no Conservatório de
Porto Alegre, aprimorando-se em teoria musical, harmonia e solfejo, piano e violino. Por
volta de 1929 radicou-se no Rio de Janeiro onde passou a dialogar com a música
brasileira urbana carioca, como o samba e o choro. Viu na música popular perspectiva
para teu trabalho, atuou intensamente como arranjador para a rádio, e como arranjador
e diretor musical de fonogramas, discos. Foi responsável pela modernização da
orquestração brasileira. Com seu Trio Carioca e o Sexteto Radamés revisionou a
estética do choro, trazendo seu conhecimento erudito para a prática do estilo popular.
Trio Carioca formado inicialmente por Radamés Gnatalli no piano, e pelos violonistas
Iberê Gomes e Romeu Ghispsman. No fonograma classificado a formação é de trio,
porém com bateria, piano e clarinete. Nesta que é considerada a segunda formação do
Trio Carioca, apresentam-se Radamés Gnatalli (1906 – 1988) no piano, Luciano
Perrone (1908) na bateria e Luiz Americano (1900 – 1960) no clarinete.
Postados lado a lado na sala os instrumentos, deste fonograma mono, têm timbres
claros. É possível identificar facilmente os instrumentos, o que não ocorre em parte dos
fonogramas anteriores. A mesma questão de sobra de graves ocorre, provavelmente
pelo ataque, execução próxima ao diafragma, gerando efeito de proximidade.
Odete Amaral (1917 – 1984) natural de Niterói RJ. Cantora. De formação musical
intuitiva, iniciou sua carreira artística atuando na Rádio Guanabara. Em 1936 gravou o
primeiro disco para Odeon. Em seguida levada por Ary Barroso (1903 – 1964), diretor
artístico da RCA-Victor, assina seu primeiro contrato. Em 1938 casa-se com o cantor
Ciro Monteiro (1913 – 1973). Registrou ao longo de sua carreira cerca de cento e
cinqüenta fonogramas, distribuídos em discos compactos e LP. Cantou basicamente
sambas, marchas e derivados com voz empostada, influência do Bell canto.
Melodia – Trecho da Seção A
Trio de Ouro formado em 1937 o trio vocal composto por Herivelto Martins (1912 –
1992), Dalva de Oliveira (1917 – 1972) e Nilo Chagas (1917 – 1973) gravou cerca de
quarenta discos compactos. O primeiro deles data de 1938 cantando o samba Na Bahia
de Herivelto Martins com participação especial de Carmen Miranda (1909 – 1955). O
trio diluiu-se em 1964, tendo se apresentado por todo Brasil e em turnês internacionais.
Ambos os cantores impostam a voz no ato de cantar.
Pedro de Almeida não constam dados bibliográficos sobre o autor, que é compositor e
criador de importantes versões e adaptações de músicas do idioma espanhol.
Cascatinha (Francisco dos Santos, 1919 – 1996) natural de Araraquara SP. Cantor. De
formação musical intuitiva, iniciou sua atuação profissional no interior de São Paulo,
cantando em duplas sertanejas modinhas, valsas e canções românticas. Ana e
Francisco se conheceram em 1941 casaram e iniciaram a dupla que os consagrou. O
maior sucesso da dupla a música Índia rendeu ao mercado fonográfico que os
promoveu uma vendagem de três milhões de discos até a década de 1990.
Inhana (Ana Eufrosina da Silva Santos, 1923 - 1981) natural de São José do Rio Preto
SP. Cantora. De formação também intuitiva, Ana iniciou sua carreira musical cantando
em um conjunto formado por seus irmãos.
Todaamerica gravadora iniciou sua atuação no mercado fonográfico brasileiro no final
da década de 1940. Seus registros concentram-se no campo da música caipira, embora
tenha lançado discos de outros gêneros, estilos, entre outros da cantora Elizeth
Cardoso (1920 – 1990).
Dorival Caymmi (1914 – 2008) natural de Salvador BA. Compositor, cantor e violonista.
Seu pai, funcionário público, músico amador, ensinou a Caymmi as primeiras lições de
música. Na década de 1930 começou a compor, sua primeira música que se tem notícia
é No sertão, de 1933. Ao longo de sua carreira expôs um repertório enxuto de apenas
oitenta composições, todas registradas em fonogramas pelo autor. Visitaram sua obra
Carmen Miranda (1909 – 1955), para quem em 1938 compôs O que é que a baiana
tem? - trilha do filme Banana da Terra do diretor Wallace Downey (? - 1967) -, Nelson
Gonçalves (1919 – 1998), Dick Farney (1921 – 1987) e Francisco Alves (1898 – 1952).
Seus filhos Nãna (1941), Danilo (1948) e Dory Caymmi (1943) são também, importantes
intérpretes de sua obra. Gravou um disco ao lado de Antônio Carlos Jobim, que lhe
conservava admiração.
Odeon gravadora européia representada no Brasil pela Casa Edison como selo, nas
três primeiras décadas do século XX. A partir de 1930 instalou-se atuando no Brasil por
cinqüenta anos, em todos os gêneros musicais. A partir de 1980 aglutinou-se como
subsidiária da gigantesca multinacional EMI.
Jackson do Pandeiro (José Gomes Filho, 1919 – 1982) natural de Alagoa Grande PB.
Com base na oralidade aprendeu música, iniciou tocando zabumba e pandeiro. Em
1932 mudou para com a família para Campina Grande, assumiu o nome artístico de
Jack do Pandeiro. Em 1953 muda-se para o Rio de Janeiro, e logo no primeiro ano alça
sucesso com a música Sebastiana. Jackson registrou em fonogramas mais de
quatrocentas composições, distribuídas em dezenas de discos.
Luiz Gonzaga (Luiz Gonzaga do Nascimento, 1912 - 1989) natural de Exu PE. Cantor,
compositor e sanfoneiro. Nomeado Reio do Baião, Luiz Gonzaga iniciou seu
aprendizado musical a partir de 1930, no batalhão militar de Minas Geraes. Já conhecia
música intuitivamente, no entanto no ambiente teve as primeiras noções de teoria e
solfejo. No início da década de 1940 comprou uma sanfona, e estudou com Xavier
Pinheiro (?) e Antógenes Filho (?). A partir daí iniciou a carreira com o instrumento que
o imortalizaria. Participou de programas de calouro como o de Ary Barroso (1903 –
1964), e a seguir foi contratado pela gravadora Victor onde registraria grande parte de
seus fonogramas. Em 1945 provocou uma transformação na música popular brasileira
ao lançar o gênero Baião, espécie de coco urbanizado, com instrumentação de
triângulo, zabumba e sanfona. Em seu repertório gêneros como o maxixe, o coco, o
xaxado, a polca, o xote, e o próprio baião.
Humberto Teixeira (1915 – 1979) natural de Iguatu CE. Compositor. Iniciou sua
carreira estudando flauta em uma orquestra. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1931,
como compositor obteve êxito vencendo o concurso de músicas carnavalescas do
periódico o Malho. Em 1945, Orlando Silva (1915 – 1978) registrou em disco duas de
suas composições. Conheceu neste mesmo ano seu parceiro de inúmeros sucessos, o
sanfoneiro Luiz Gonzaga (1912 – 1989). Em 1956 fundou junto com João de Barro, o
Braguinha (1907 - 2006) a Academia Brasileira de Música Popular. Intérpretes como
Carmélia Alves (1923), Elba Ramalho (1951), Maria Bethânia (1946) registraram suas
canções no mercado fonográfico brasileiro.
João Donato (João Donato de Oliveira Neto, 1934) natural de Rio Branco AC. Pianista,
acordeonista, arranjador, cantor e compositor. Jovem foi presenteado com um
acordeom iniciando com este instrumento seus estudos musicais, a seguir consolidou
seus estudos ao piano. Em 1945 mudou com a família para o Rio de Janeiro. Iniciou a
carreira musical aos quinze como instrumentista do conjunto do flautista Altamiro
Carrilho (1924). Em 1956 lançou seu primeiro LP Chá Dançante produzido por Tom
Jobim (1927 – 1994). Como compositor auxiliou, minimizou e sintetizou a estética da
bossa-nova. Flerta com o jazz nas improvisações e composições.
Baião gênero musical urbano, embora concentre raízes nordestina, similar ao coco e ao
xaxado. Foi nomenclaturado a partir da composição homônima de Humberto Teixeira e
Luiz Gonzaga, datada de 1946. Os principais expoentes do gênero são Carmélia Alves
(1923), Luiz Gonzaga (1912 – 1989), Claudete Soares (1937), Luiz Vieira (1928),
Dominguinhos (1941) entre outros.
O fonograma foi gravado simultaneamente, embora não conste o dado técnico no agora
LP. Os instrumentos parecem captados no mesmo ambiente por quatro microfones, em
quatro canais, um específico para o acordeom, um específico para o piano, e dois sobre
a percussão, em forma de “over”, captando a ambiência, que atua de forma menos
acentuada sobre o piano e o acordeom.
Tom Jobim (Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, 1927 – 1994) natural do Rio
de Janeiro. Cantor, compositor, arranjador, instrumentista e maestro. De formação
musical calcada na tradição escrita, Jobim consolidou-se internacionalmente como o
modernizador da música popular brasileira. Iniciou sua carreira artística atuando em
bares e casas noturnas no Rio de Janeiro como pianista. Em 1953 atuou transcrevendo
música para editoras de partitura, a seguir foi convidado para atuar como arranjador e
diretor artístico da gravadora Continental. Em 1954 compôs o primeiro sucesso lançado
em disco no mercado fonográfico, o samba canção Teresa da Praia entoado por Lúcio
Alves (1927 – 1993) e Dick Farney (1921 – 1987). Em 1956, por intermédio do jornalista
Lúcio Rangel (1914 – 1979), conheceu Vinícius de Moraes (1913 – 1980) com quem
compôs grandes sucessos. A carreira internacional de Tom Jobim foi consolidada com
a gravação de dois LPs dedicados a sua obra, pelo cantor singular norte-americano
Frank Sinatra (1915 – 1998).
Vinícius de Moraes (Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes, 1913 – 1980) natural do
Rio de Janeiro RJ. Poeta, letrista e cantor. De formação musical intuitiva. Sua primeira
composição registrada no mercado fonográfico foi em 1932, o foxtrote, gênero
quaternário norte-americano, Loura ou Morena em parceria com os irmãos Haroldo
(1915 – 1994) e Paulo Tapajós (1913 – 1990). Dedicou-se a carreira de diplomata
radicando-se nos Estados Unidos e França. Em 1956 retornou ao Brasil, ano da
montagem da sua peça Orfeu da Conceição com cenário de Oscar Niemayer (1908) e
música de Tom Jobim (1927 – 1994) com quem idealizaria o movimento da Bossa
Nova. Compôs alguns de seus principais sucessos ao lado de Edu Lobo (1943), Baden
Powell (1937 - 2000) e Toquinho (1946).
Elizeth Cardoso (Elizeth Cardoso Valdez, 1920 – 1990) natural do Rio de Janeiro RJ.
Cantora. De formação musical intuitiva, Elizeth foi descoberta pelo bandolinista Jacob
do Bandolim (1918 – 1969) exercendo atividades cotidianas. Passou por programas da
Rádio Nacional e Rádio Tupi. Gravou seu primeiro disco compacto em 1950 por
intermédio de Ataulfo Alves (1909 – 1969). Nessa década conheceu seus primeiros
sucessos, e foi convidada para interpretar as canções da dupla: Vinícius de Moraes
(1913 – 1980) e Tom Jobim (1927 – 1994).
Bossa Nova estilo musical deflagrado no final da década de 1950, inicialmente remetia
a uma forma de cantar e tocar. Contextualizado na classe média carioca, a bossa nova
apresentou para a música brasileira nomes como Nara Leão (1942 – 1989), Carlos Lyra
(1939), João Gilberto (1931), Tom Jobim (1927 – 1994) e Vinícius de Moraes (1913 –
1980). Flertava com o cool jazz norte americano, a música francesa e o samba, gênero
tipicamente brasileiro.
Harpa instrumento de cordas, um dos mais antigos que sobrevivem na música ocidental
nos dias de hoje. É composta por uma série de cordas de espessuras e comprimentos
diferentes esticadas num triângulo. Melódico e harmônico. Cada corda representa uma
nota. Sua tessitura é de aproximadamente cinco oitavas e meia.
Evaldo Gouveia (Evaldo Gouveia de Oliveira, 1930) natural de Iguatu CE. Cantor e
compositor. Não tem formação musical tradicional. Iniciou sua carreira artística em 1949
em Fortaleza CE, acompanhando conjuntos ao violão. Em 1950 teve suas primeiras
composições registradas no mercado fonográfico. Seu primeiro sucesso Eu e Deus foi
registrado na voz de Nora Ney (1922 - 2003) em 1957 pela gravadora Continental.
Compôs sambas, boleros e sambas-canção, sempre de caráter romântico e
melancólico. Foi interpretado por Ângela Maria (1928), Dalva de Oliveira (1917 – 1972),
Agnaldo Rayol (1938), Cauby Peixoto (1931) entre outros.
Jair Amorim (Jair Pedrinha de Carvalho Amorim, 1915 – 1993) natural de Leopoldina
ES. Compositor, jornalista e locutor. Sem formação musical tradicional, Jair destacava-
se nas composições. Chegou ao Rio de Janeiro em 1941, culto, foi contratado para
compor letras para versão de música estrangeira. Seus principais parceiros foram
Evaldo Gouveia e José Maria de Abreu (1911 – 1966), este último seu parceiro mais
prolifero. Foi interpretado no mercado fonográfico por Dick Farney (1921 - 1987),
Agostinho dos Santos (1932 – 1973), Dircinha Batista (1922 – 1999) entre outros.
Anísio Silva (1920 – 1989) natural de Cartité BA. Cantor e compositor. Sem formação
musical tradicional, Anísio chegou ao Rio de Janeiro aos vinte cinco anos. Com
repertório calcado em sambas-canção, boleros e samba-fox conquistou um grande
público com sua voz impostada potente e expressiva. Foi o primeiro artista brasileiro a
atingir menção fonográfica do chamado disco de ouro, pelo sucesso do compacto duplo
contendo Sempre Contigo e Sonhando Comigo, respectivamente dos compositores
Willian Duba (?) e Fausto Guimarães (?). Anísio colecionou sucessos ao longo de sua
carreira por seu repertório e estética romântica.
Bolero gênero latino que em meados da década de 1940 foi assimilado pelo repertório
fonográfico brasileiro. Tem influência espanhola, mas se desenvolveu realmente na
confluência e dialogismos das danças africanas em território latino. O primeiro grande
sucesso internacional do gênero foi à canção Bessame Mucho, em 1941. Muitos
compositores utilizam o gênero para delinear seu repertório entre eles Tom Jobim (1927
– 1994) e Chico Buarque (1944) com Anos Dourados, Chico Buarque (1944) com As
Vitrines, Cristovão Bastos (1946) e Aldir Blanc (1946) com Resposta ao tempo.
Surdina – acessório utilizado nos instrumentos da família dos metais como trombone e
trompete, ao encaixado na campânula do instrumento modifica seu timbre, alterando a
sonoridade original. Existem mais de cinco tipos de surdina.
Melodia – Trecho da Seção A
Surge a direção artística, referenciada nos discos LP. Aliada a direção musical ou de
estúdio, e arranjos. Funções responsáveis pela constituição estética do produto
fonográfico.
Luis Eça (Luiz Manizi da Cunha, 1936 – 1992) natural do Rio de Janeiro. Pianista,
arranjador e compositor. Conhecedor da tradição escrita iniciou seus estudos musicais
aos cinco anos de idade utilizando o piano como meio. Aperfeiçoou-se com bolsa do
governo brasileiro no exterior no final da década de 1950. Estreou profissionalmente em
casas noturnas cariocas tocando repertório de jazz e música brasileira. Fez parte da
primeira geração da bossa nova, entre 1958 e 1962. Fundou o Tamba Trio que
acompanhou cantoras e registrou discos na mistura de música brasileira e americana, o
samba-jazz instrumental. O trio teve em sua formação original Luiz Eça piano e
arranjos, Bebeto Castilho (1933?) flauta e contrabaixo acústico e Hélcio Milito (1931) na
bateria. Produziu discos de intérpretes como Silvia Telles (1934 – 1966) e Milton
Nascimento (1942).
Astor (Astor Silva, 1922 – 1968) natural do Rio de Janeiro RJ. Instrumentista,
arranjador, regente e compositor. Iniciou seus estudos musicais ainda criança, sua
carreira profissional foi inicada na década de 1940, trabalhando em cassinos e dances.
Foi convidado a seguir para participar da Orquestra de Severino Araújo (1917).
Escreveu arranjos e dirigiu musicalmente discos de nomes da música brasileira como
Elza Soares (1937). Registrou seus próprios discos com seu grupo instrumental e em
parceria com Luiz Eça.
Os timbres são perfeitos. Alguns dos instrumentos foram captados com microfone
individual com a técnica de sobreposição de camadas.
Luiz Bonfá (Luiz Floriano Bonfá, 1922 – 2001) natural do Rio de Janeiro RJ. Violonista,
compositor e cantor. Instrumentista de virtuosismo técnico, Luiz Bonfá iniciou sua
carreira musical em 1945, como violonista e vocalista do grupo Trio Campesino.
Integrou formações instrumentais diversas, participando inclusive da primeira
montagem em 1956 do Orfeu da Conceição de Vinícius de Moraes (1913 – 1980).
Participou como violonista do memorado show de lançamento internacional da Bossa
Nova, em 1962, no Carnegie Hall em Nova York. Radicou-se nos Estados Unidos entre
1964 e 1966. Compôs mais de cem canções, interpretadas no Brasil por Dick Farney
(1921 – 1987), Djavan (1949) e Ângela Maria (1928), no exterior por George Benson
(1943) e Sarah Vaughan (1924 – 1990). Entre os parceiros ilustres está Tom Jobim
(1927 – 1994) com quem assina a toada Correnteza.
Melodia – Trecho da Seção A
Paulo Sérgio Valle (Paulo Sérgio Kostenbader Valle,1940) natural do Rio de Janeiro
RJ. Compositor. Sem formação musical tradicional, Paulo Sérgio formado em direito,
começou a escrever letras para seu irmão Marcos Valle (1943) em 1961. Em 1963 sua
canção Sonho de Maria foi registrada pelo Tamba Trio, a seguir compôs Samba de
Verão, ainda com Marcos Valle, que atingiu mais de oitenta gravações por todo o
mundo. Tem como outros sucessos à canção Preciso Aprender a ser só e Terra de
Ninguém, ambas com Marcos Valle. Recebeu em 2001 o prêmio Multishow de música
pela canção Se eu não te amasse tanto assim em parceria com Herbet Vianna (1961),
registrada no mercado fonográfico em 1999 por Ivete Sangalo (1972).
Tamba Trio grupo instrumental formado em 1962 tinha como participantes Luiz Eça
(1936 – 1992) no piano, Bebeto Castilho (1933?) ao baixo e Hélcio Milito (1931) na
bateria. Sua formação é inspirada nos trios norte-americanos de composição
instrumental idêntica. O Tamba Trio diferenciava-se pela identidade, muito conhecida
pelos arranjos requintados de Luiz Eça. Sua performance mesclava temas tradicionais
ornamentados e novas composições. O grupo se apresentava de forma solo e como
acompanhante de intérpretes como Maysa (1936 – 1977) e Leni de Andrade (1943).
J. T. Meirelles (João Theodoro Meirelles, 1940 – 2007) natural do Rio de Janeiro RJ.
Saxofonista, flautista, maestro, compositor, arranjador e educador. Iniciou os estudos
musicais aos oito anos de idade. Profissionalmente começou tocando saxofone no
grupo de João Donato. Ao escrever o arranjo da canção Mais que nada, sucesso de
Jorge Benjor (1942) de 1963, a Companhia Brasileira de Discos (hoje Universal Music)
convidou J. T. Meirelles para participar de seu quadro de artistas. Em 1963 formou os
Copa 5, que registrou em 1964 o LP O som com composições e arranjos de Meirelles.
Atuou como arranjador e produtor de artistas como Clara Nunes (1942 – 1983), Luiz
Gonzaga Junior (1945 – 1991), Edu Lobo (1943), Miúcha (1937) e Roberto Carlos
(1941) entre outros. Viveu no exterior grande parte de sua carreira, registrando discos e
lecionando improvisação brasileira.
Meirelles e os Copa 5 formado em 1963 para registrar o primeiro disco de J. T.
Meirelles. O grupo é considerado um marco do samba-jazz no Brasil, lançado em dois
LPs pela Universal em 1964 e 1965, intitulados respectivamente como O som e O novo
som. Sua formação original inclui JT. Meirelles (1940 – 2007) no saxofone, Manoel
Gusmão (1934) no baixo-acústico, Pedro Paulo (1938) no trompete, Luiz Carlos Vinhas
(1940 – 2001) no piano e Dom Um Romão (1925 – 2005) na bateria. Participaram
ocasionalmente e em formações posteriores Eumir Deodato (1943), Edison Machado
(1934 – 1990), Roberto Menescal (1937) e Waltel Blanco (1935).
João do Vale (João Batista do Vale, 1934 – 1996) natural de Pedreiras MA. Compositor
e cantor de formação musical intuitiva, sem estudo formal. João do Vale, de família
humilde, trabalhou como ajudante de pedreiro para ganhar sustento. Chegou ao Rio de
Janeiro em dezembro de 1950 viajando na boléia de caminhões, em pouco tempo
começou a conviver com artistas da rádio para apresentar suas composições. Foi
registrado no mercado fonográfico brasileiro primeiramente por Zezé Gonzaga (1926 -
2008) em 1952, e por Marlene (1924) no ano seguinte. Em 1964 estreou como cantor
do Zicartola, famoso bar do compositor Cartola (1908 – 1980) e sua esposa Dona Zica
(1913 – 2003), onde nasceu à idéia do show Opinião que contou com a participação do
próprio João do Valle, Zé Kéti (1921 – 1999) e Nara Leão (1942 – 1989). Neste
espetáculo João do Valle atingiu êxito absoluto com a canção Carcará na voz da
iniciante intérprete Maria Bethânia (1946). Compôs mais de cem canções registradas no
mercado fonográfico, predominantemente no gênero baião.
Maria Bethânia (Maria Vianna Telles Veloso, 1946) natural de Santo Amaro da
Purificação BA. Cantora. Iniciou a carreira artística em 1963 atuando na peça Boca de
Ouro de Nelson Rodrigues. Aos 18 anos estreou no Rio de Janeiro com o show Mora
na Filosofia, conheceu Nara Leão, e a substituiu no espetáculo Opinião, obtendo
consagração pela forma expressiva de cantar. Ainda em 1964 gravou o primeiro
compacto simples com as músicas Carcará e É de manhã. A seguir viriam os LPs Maria
Bethânia, Maria Bethânia canta Noel, Edu Lobo e Maria Bethânia. Destacou-se em
festivais, e é reconhecida como uma das maiores intérpretes da música brasileira, de
voz firme e afinação próxima da perfeição.
BMG gravadora multinacional sigla para Bertelsmann Music Group. Iniciou sua atuação
no Brasil na década de 1960, na década de 1990 foi incorporada a gravadora Sony.
No arranjo, a flauta faz frases livres, improvisadas. O violão, baixo acústico e bateria
fazem acompanhamento. Na estrutura o interlúdio, onde Maria Bethânia recita um verso
de caráter social, apresenta caráter modulatório. Subindo paralelamente de meio em
meio tom, recurso explorado para dinâmica crescente. Ainda há atuação de câmara de
eco, suscitando uma ambiência inexistente na sala de gravação.
VIGÉSSIMO QUINTO FONOGRAMA
Baden Powell (Baden Powell de Aquino, 1937 – 2000) natural do Rio de Janeiro RJ.
Violonista, arranjador e compositor. Iniciou ainda criança o aprendizado musical, filho
de músico amador, Baden teve sólida formação violonística, foi aluno de Meira (1909 –
1982) e teve influência de Dilermando Reis (1916 – 1977) e Aníbal Sardinha (1915 –
1955), o Garoto. Estudou na Academia Brasileira de Música no Rio de Janeiro, além de
composição com o maestro Moacir Santos. Aos 15 anos iniciou sua carreira de
instrumentista profissional em boates cariocas, a seguir compôs orquestras e grupos
instrumentais. Em 1959 gravou seu primeiro LP, intitulado Apresentando Baden Powell
e seu Violão. No mesmo ano conheceu Vinícius de Moraes (1913 – 1980) com quem
comporia a obra Os Afro-sambas. Outro habitual parceiro de Baden Powell foi o singular
letrista Paulo César Pinheiro (1949). Baden Powell ainda atuou como arranjador como
no LP de 1960 de Alaíde Costa (1935) Alaíde Jóia Moderna.
Edu Lobo (Eduardo de Góes Lobo, 1943) natural do Rio de Janeiro RJ. Compositor,
instrumentista, arranjador e cantor. Iniciou aos oito anos os estudos musicais,
primeiramente no acordeom. Veio a seguir a se interessar pelo violão, instrumento que
definiu como principal. Em 1961 estreou profissionalmente em trio ao lado de Marcos
Valle (1943) e Dori Caymmi (1943). No ano seguinte gravou compacto duplo com as
canções de sua autoria Balancinho, Sofri, amor e Amor de Ilusão. Iniciou a parceria com
Vinícius de Moraes (1913- 1980) com quem fez Arrastão vencedora do I Festival
Nacional de Música Popular Brasileira. Arrastão interpretada pela estreante Elis Regina
(1945 – 1982) projetou Edu Lobo nacionalmente. Engajado, compôs com Ruy Guerra
(1931) e Capinam (1941). Nos tempos de exílio, motivado pela ditadura militar presente
no Brasil pós 1964, escolheu os Estados Unidos como morada onde se aperfeiçoou em
arranjo. Tem Chico Buarque (1944) como principal parceiro.
Capinam (José Carlos Capinam, 1941) natural de Esplanada BA. Letrista, poeta,
escritor, publicitário e jornalista. Sem formação musical tradicional, em 1960 mudou-se
para Salvador BA, dando início à faculdade de Direito e ao curso de Teatro. Em 1963
escreveu e estreou em peça musicada por Tom Zé (1936), intitulada Bumba-meu-boi.
Após o golpe militar precisou se retirar da faculdade de Direito mudando-se para São
Paulo, onde conheceu o letrista Gianfranesco Guarnieri (1934 - 2006), e os
compositores Geraldo Vandré (1935) e Edu Lobo (1943). Envolveu-se ativamente nos
movimentos musicais da década de 1960.
Marília Medalha (1944) natural de Niterói RJ. Atriz, cantora e compositora. Estreou
profissionalmente em 1965 na montagem paulistana da peça Arena Canta Zumbi de
Augusto Boal (1931 - 2009) e Gianfrancesco Guarnieri (1934 - 2006). Em 1967 foi
vencedora do III Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) interpretando o
baião Ponteio. No mesmo ano registrou para o mercado fonográfico seu primeiro LP,
homônimo. Como compositora tem parcerias com Vinícius de Moraes (1913 – 1980)
com quem dividiu o show e LP Como dizia o poeta – Vinícius, Toquinho e Marília
Medalha de 1970.
Quarteto Novo primeiramente Trio Novo foi constituído para acompanhar o cantor
Geraldo Vandré (1935) em turnê nacional. Composto por Heraldo do Monte (1935),
Théo de Barros (1943) e Airto Moreira (1941). Num segundo momento o grupo
convidou Hermeto Paschoal (1936) para formar enfim o Quarteto Novo, que registrou o
LP homônimo em 1967. Único do grupo, este disco é um marco fonográfico da música
brasileira instrumental mesclando elementos da música nordestina, métricas ímpares a
linguagem improvisada.
Continental - gravadora brasileira que atuou no cenário nacional nas décadas de 1950
e 1960. Foi adquirida pela Warner Music Group.
Viola brasileira (viola caipira, viola sertaneja) – instrumento da família das cordas,
dedilhadas, pinçadas. Melódico ou harmônico. Composto por uma caixa de ressonância
acinturada em oito nos mais variados tipos de madeira. Com tampo e fundo chato,
braço com trastes, mãos com tarraxas que prendem dez cordas que perpassam todo o
corpo do instrumento até o cavalete. Apresenta tessitura de duas oitavas e meia.
Sino - instrumento de percussão, com altura definida. Melódico, efeito. Composto por
uma madeira que suspende uma barra de ferro ou alumínio com variações de altura
selecionadas de acordo com o tamanho do objeto. Executado por uma baqueta de
mesmo material.
Tom Zé (Antônio José Santana Martins, 1936) natural de Irará BA. Compositor, cantor,
ator e arranjador. De formação musical tradicional, Tom Zé foi violoncelista de
orquestra, e membro fundador do Grupo de Compositores da Bahia. Em 1964
participou na capital baiana do espetáculo Nós, por exemplo e Nova bossa velha, velha
bossa nova ao lado de Gilbeto Gil (1942), Caetano Veloso (1942), Gal Costa (1945) e
Maria Bethânia (1946). Em 1965 foi com o grupo para São Paulo, em 1968 participou
do IV Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. No mesmo ano registrou o
disco Tropicália ao lado dos mesmos que o acompanharam no show de 1964,
agraciado pelos arranjos de Rogério Duprat (1932 -2006). Foi considerado inovador
demais, e não atingiu o mesmo êxito na época de seus contemporâneos e
conterrâneos. A partir da década de 1990 atingiu êxito internacional, se tornando
unanimidade na Europa e Estados Unidos.
Rogério Duprat (1932 - 2006) natural do Rio de Janeiro RJ. De sólida formação
musical, estudou violoncelo como instrumento, contraponto e harmonia para o
desenvolvimento da composição e da orquestração. Responsável pela remodelação
estética do arranjo brasileiro no final da década de 1960 e início da década de 1970, em
LPs como Tropicália, LP coletivo, e Construção de Chico Buarque. Flertava em seus
arranjos com a música erudita, com dinâmicas acentuadas e contrastantes. Criou mais
de 40 trilhas para filmes, atuou ainda como diretor artístico e produtor musical de
gravadoras como a Odeon.
Funk gênero de origem norte americana, similar ao soul. Quaternário. Cujo reflexo
dançante apela por acentuação no segundo e quarto tempos.
Melodia – Trecho da Seção A
Essas intervenções foram desenvolvidas por Rogério Duprat (1932 – 2006), dialogando
com a música erudita. O enredo traz cenas cotidianas, ruídos explorados na
constituição do arranjo. Embora não abandone a estrutura mais comum do arranjo da
música popular urbana brasileira, traz uma constituição estética diferenciada.
Caetano Veloso (Caetano Emanuel Viana Teles, 1942) natural de Santo Amaro da
Purificação BA. Cantor, compositor e escritor. Músico de formação intuitiva. Interessou-
se por artes desde a infância flertando com as Artes Plásticas, a Música e o Cinema.
Em 1959, um amigo do ginásio apresentou-lhe um disco de João Gilberto (1931)
cantando no fonograma histórico o samba, de estilo bossa nova Chega de Saudade,
quis então aprender violão. Iniciou profissionalmente cantando em bares com a irmã
Maria Bethania (1946). Sua primeira atividade musical memorada foi à composição da
trilha da peça O boca de ouro de Nelson Rodrigues (1912 – 1980). Foi idealizador do
show Nós, por exemplo ao lado de Gal Costa (1945), Tom Zé (1936), Gilberto Gil (1942)
e Maria Bethânia (1946). Mudou-se para São Paulo, em 1965 conheceu João Gilberto
(1931) partiu para o Rio de Janeiro para acompanhar sua irmã. Teve sua primeira
composição registrada no mercado fonográfico por Bethânia, É de manhã lançada pela
RCA/Victor. Gravou seu primeiro compacto simples em 1966. A partir daí destacou-se
como líder do tropicalismo, construiu uma carreira artística sólida, reconstruindo sua
linguagem álbum a álbum, buscando “algo que parece nunca chegar”.
Este registro fonográfico fora registrado em duas etapas. A primeira com a captação do
grupo instrumental base. Numa segunda etapa, através de sobreposição de camadas, a
guitarra solista foi registrada, assim como as vozes extras de Caetano, e as
intervenções sonoras ruidosas.
A voz de Caetano Veloso após o interlúdio cresce artificialmente. Surge num crescendo
típico de um movimento de canais de uma mesa de som, acompanhado de ruídos
elétricos.
VIGÉSSIMO NONO FONOGRAMA
Vadico (Osvaldo Gogliano, 1910 – 1962) natural de São Paulo SP. Compositor,
pianista e arranjador. De sólida formação musical, iniciou sua carreira como pianista.
Aos 18 anos venceu em São Paulo um concurso com a marcha Isso mesmo é que eu
quero. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1930, onde atuou como pianista, compositor
e arranjador. Conheceu Noel Rosa em 1932 (1910 – 1937) com quem desenvolveu
parceria prolífera. Em turnê nos Estados Unidos, acompanhando o lendário Bando da
Lua e Carmem Miranda (1909 – 1955), foi convidado para atuar como orquestrador em
filmes de Hollywood e musicais da Broadway. Ao retornar, atuou basicamente como
orquestrador e arranjador para o mercado fonográfico brasileiro e para as rádios de
então.
Moreira da Silva (Antônio Moreira da Silva, 1902 – 2000) natural do Rio de Janeiro, RJ.
De formação intuitiva, iniciou sua carreira musical em 1920 atuando em bares e casas
noturnas. Apenas em 1931 gravou seu primeiro compacto simples pela Odeon.
Notabilizou-se por fazer intervenções faladas em meio a breques improvisados nos
sambas que interpretava. A primeira aparição deste estilo interpretativo no mercado
fonográfico brasileiro surgiu em 1937 no samba, interpretado por Moreira, Jogo
Proibido. Este estilo de samba ficou marcado em sua carreira como elemento
primordial, comentários sarcásticos e bem humorados são recitados em quase todo
breque.
Chico Buarque (Francisco Buarque de Hollanda, 1944) natural do Rio de Janeiro, RJ.
Compositor, cantor, e escritor. De formação intuitiva, aprendeu tirando músicas de
ouvido algo na rádio entre os sambas de Noel Rosa (1910 – 1927) e Ismael Silva (1905
– 1978). Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda (1902 – 1982), Chico conviveu
ativamente com a cultura brasileira, erudita e popular. Embora nascido no Rio de
Janeiro, foi em São Paulo que cresceu e se interessou por música. Passou uma
temporada na Itália ainda adolescente. Aos 18 anos compunha seus primeiros sambas,
em 1964 foi convidado a musicar a peça Morte e Vida Severina de João Cabral de
Mello Neto (1920 – 1999). Participou de festivais da canção da TV Record, tendo
vencido com a marcha A Banda, de sua autoria, a 2ª edição. Desenvolveu ao longo de
sua carreira, uma forma sólida que mescla textos crônicos, com música bem elaborada.
Interagiu e desenvolveu parcerias com Edu Lobo (1943), Tom Jobim (1927 – 1994) e
Vinícius de Moraes (1913 – 1980), Francis Hime (1939) e Toquinho (1946). Tem mais
de quatrocentas canções registradas no mercado fonográfico brasileiro.
Este fonograma foi registrado em três etapas. A base, com os instrumentos do corpo
instrumental violão, bateria, baixo e percussão, foram gravados primeiramente. A seguir
a voz e coro. Na terceira etapa gravou-se o corpo instrumental orquestral regido por
Rogério Duprat (1932 – 2006).
Este fonograma constrói passo a passo uma saga, sua estrutura permeia toda a
construção estética da música de Chico Buarque. Utiliza as inovações tecnológicas
para gerar sensações. O arranjador Rogério Duprat constituiu as intervenções
orquestrais posteriormente, sob o arranjo de base. Usufruiu a tradição escrita.
Paulinho da Viola (Paulo Cesar Batista de Faria, 1942) natural do Rio de Janeiro, RJ.
Compositor, cantor e instrumentista. De formação intuitiva, e de família de músicos,
Paulinho da Viola, filho do violonista César Faria (1919 – 2007), construiu sua carreira
sem se ludibriar por tendências mercadológicas comuns no Brasil a partir da década de
1970, sua estética está atrelada ao samba tradicional e ao choro. Foi vencedor do
Festival da Record em 1969 com a canção Sinal Fechado. Fez parte dos conjuntos A
Voz do Morro e Os Cinco Crioulos, com sambistas de renome como Zé Keti (1921 –
1999), Nelson Sargento (1924) e Elton Medeiros (1930) entre outros. Foi convidado em
1963 a participar da ala de compositores da Escola de Samba Portela, no Rio de
Janeiro. Tem mais de trezentas canções registradas no mercado fonográfico por sua
voz e na de intérpretes variados.
Melodia – Trecho da Seção A
Ismael Silva (Milton de Oliveira Ismael Silva, 1905 – 1978) natural de Niterói, RJ.
Cantor e compositor. Sem formação musical tradicional, Ismael Silva tem a carreira
relacionada ao samba do bairro Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Foi fundador da
primeira escola de samba no ano de 1928 a Deixa Falar. Sua primeira composição data
de 1920 o samba Já desisti. Conheceu os primeiros sucessos na voz de Francisco
Alves (1898 – 1952), que comprava seus sambas, e posteriormente até comprava a
parceria, algo comum para época. Compôs ao lado de Noel Rosa (1910 – 1937) e
Nilton Bastos (1899 – 1931) seus maiores sucessos.
Francisco Alves (Francisco de Morais Alves, 1898 – 1952) natural do Rio de Janeiro.
Cantor e compositor. De formação intuitiva, de voz empostada, Francisco, conhecido
também como Chico Viola, iniciou a carreira artística em 1918, em 1919 lançou seu
primeiro disco pelo selo Popular interpretando a marcha O pé de anjo e o samba Fala
com meu louro. Foi o cantor que mais registrou discos na história fonográfica brasileira
até a década de 1950. Ainda foi o primeiro cantor a registrar um fonograma no sistema
elétrico pela Odeon no Brasil no ano de 1927. Faleceu precocemente vítima de um
acidente fatal na Rodovia Presidente Dutra no trecho paulista.
João Bosco (João Bosco de Freitas Mucci, 1946) natural de Ponte Nova MG. Cantor,
compositor e violonista. Iniciou seu aprendizado ao violão no ano de 1958. De formação
intuitiva, João Bosco se interessava por jazz, bossa nova e tropicalismo. Teve como
primeiro parceiro o poeta Vinícius de Moraes (1913 – 1980) com quem compôs O
Mergulhador, Rosa dos Ventos entre outras. Tem como marca o violão intenso,
marcado ritmicamente por dedilhados e conduções diferenciadas. Atingiu sucesso na
voz de Elis Regina (1945 – 1982) com a canção Bala com Bala em parceria com Aldir
Blanc (1946). Em 1973 gravou seu primeiro disco homônimo, consolidando a parceria
com Aldir.
Aldir Blanc (Aldir Blanc Mendes, 1946) natural do Rio de Janeiro RJ. Compositor e
escritor. Começou a compor aos dezesseis anos, cursou medicina, mas enveredou para
a música ainda jovem, obteve êxito como letrista. Em 1970 conheceu o primeiro
sucesso na voz do MPB4, o samba Amigo é pra essas coisas parceria com Sílvio da
Silva Junior (1947). Conheceu João Bosco (1946) ainda em 1970, com quem dividiu
seus maiores sucessos. Em 1982 a parceria foi diluída, e Aldir começou a compor com
outros parceiros como Djavan (1949), Moacir Luz (1958), Maurício Tapajós (1943 –
1995) e principalmente Guinga (1950). Suas composições foram registradas por alguns
dos maiores intérpretes da música brasileira.
Sexteto Radamés Gnatalli grupo instrumental, tem sua origem no quarteto Continetal
(1949), criado por Radamés Gnatalli (1906 – 1988), no grupo destaca-se ao piano,
Luciano Perrone (1908) na bateria, José Meneses(1921) no violão e Vidal (?)
contrabaixo. Em 1950 Chiquinho do Acordeom (1928 – 1993) entrou para o grupo para
acompanhar a cantora Elizeth Cardoso (1920 – 1990). Em meados da década de 1960
a pianista Aída Gnatalli (?) completou o sexteto. Em 1975 lançaram o LP Radamés
Gnatalli Sexteto.
A. Nome da composição e autor: Canto das três raças de Paulo César Pinheiro e
Mauro Duarte
B. Nome do intérprete: Clara Nunes, LP Canto das três raças.
C. Nome da gravadora ou selo: Odeon/EMI
D. Ano do registro: 1976
E. Época da gravação: Fase elétrica
F. Caráter: Vocal
G. Gênero: Samba.
H. Instrumentação: Voz, coro, violão, cavaquinho, surdo, bateria, atabaque,
ganzá, reco-reco de madeira, cuíca, pandeiro, tamborim e agogô.
I. Forma: Introdução (tacet) A B C D C A B C D C
J. Tempo de duração: 4:23
K. Intensidade: Dinâmica por textura.
L. Caráter da música: Tonal.
M. Métrica: Binária
N. Descrição
Clara Nunes (Clara Francisca Nunes, 1942 – 1983) Natural de Caetanópolis MG.
Cantora. Filha de pai cantador e violeiro de folia de reis em Minas Geraes, Clara, órfã
desde muito cedo, foi criada pela irmã Dindinha. Cresceu ouvindo cantoras brasileiras
como Elizeth Cardoso (1920 – 1990) e Dalva de Oliveira (1917 – 1972). Aos dezesseis
anos iniciou sua carreira profissional em Belo Horizonte MG, cantando em programas
de TV. Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro, e após alguns testes foi contratada
pela Odeon para registrar seu primeiro disco. É considerada a maior intérprete do
samba, tendo cantado Mauro Duarte (1930 – 1989), Paulinho da Viola (1942), Candeia
(1935 – 1978) e Chico Buarque (1944), embora seu primeiro LP de 1966 esteja repleto
de boleros e sambas-canção.
Mauro Duarte (Mauro Duarte de Oliveira, 1930 – 1989) natural de Matias Barbosa MG.
Cantor, compositor e ator. De formação musical intuitiva, desde que se radicou em
Botafogo no Rio de Janeiro envolveu-se com Blocos Carnavalescos. O samba constitui
seu trabalho. Teve sua primeira composição gravada em 1960 por Miltinho (1928).
Integrou os grupos Os cinco Crioulos e Rosa de Ouro. Em 1970 conheceu Clara Nunes
(1942 – 1983) que viria a ser sua maior intérprete. Entre seus parceiros estão Paulinho
da Viola (1942), Dona Ivone Lara (1921) e Noca da Portela (1932).
Lindolfo Gaya (Lindolpho Gomes Gaya, 1921 – 1987) natural de Itararé SP.
Arranjador, compositor, instrumentista e diretor musical. De formação sólida, calcada na
tradição erudita. Atuou como arranjador e diretor musical em mais de duzentos e
cinqüenta fonogramas da música popular brasileira para a gravadora RCA/Victor e
Odeon.
Sobre a voz da intérprete está inserida uma reverberação artificial que surge e
progressivamente vai aumentando do início do canto, aos onze segundos, até o ápice
do uso da técnica em um minuto e seis segundos. A partir desse ponto o uso da
reverberação artificial na voz é contínua, mantendo-se estável.
TRIGÉSSIMO SEXTO FONOGRAMA
A. Nome da composição e autor: Somos todos iguais esta noite de Ivan Lins e
Vitor Martins
B. Nome do intérprete: Ivan Lins, LP Somos todos iguais esta noite
C. Nome da gravadora ou selo: Odeon/EMI
D. Ano do registro: 1977
E. Época da gravação: Fase elétrica
F. Caráter: Vocal
G. Gênero: Bolero.
H. Instrumentação: Voz, coro, piano, acordeom, contrabaixo elétrico, bateria,
cordas (violino, viola e violoncello), bongô, clarinete e saxofones.
I. Forma: Introdução A A B B A A B B B B
J. Tempo de duração: 3:07
K. Intensidade: Dinâmica por textura e intensidade.
L. Caráter da música: Tonal.
M. Métrica: Quaternária.
N. Descrição
Ivan Lins (Ivan Guimarães Lins, 1945) natural do Rio de Janeiro RJ. Pianista, cantor e
compositor. De formação musical intuitiva, aos 18 anos começou a tocar bossa nova e
jazz ao piano. Em 1968 começou sua carreira artística no Festival Universitário da TV
Tupi. Seu primeiro sucesso foi Madalena em parceria com Ronaldo Monteiro de Souza
(1945) na voz de Elis Regina (1945 – 1982). Em 1970 lançou pela Philips seu primeiro
LP Agora. Tem parcerias com Celso Viáfora (1959) e Chico Buarque (1944). É um
compositor de grande sucesso nos Estados Unidos e Europa.
Vitor Martins (1949?) natural do Rio de Janeiro RJ. Letrista. Em 1973 começou a atuar
com Ivan Lins, compôs em parceria sucessos como Somos todos iguais esta noite e
Começar de Novo. Em 1991, com o intuito de incentivar a nova safra de compositores
da Música Brasileira, fundou a gravadora Velas ainda com o parceiro Ivan Lins. Foi
gravado por Elis Regina (1945 – 1982), Simone (1949) entre outros.
Este fonograma incide para a direita, ou seja, o grosso do seu instrumental pende para
um lado. Existe construção de dinâmica pela textura, do entrar e sair de instrumentos,
no entanto os instrumentos trabalham com a dinâmica expressiva pelo uso da
intensidade. O arranjo construído foi estruturado formalmente, pautado. O fonograma
termina em fade out.
TRIGÉSSIMO SÉTIMO FONOGRAMA
Elis Regina (Elis Regina Carvalho Costa, 1945 – 1982) natural de Porto Alegre RS.
Cantora. Gravou seu primeiro disco compacto simples aos quinze anos de idade com
as músicas Dá Sorte e Sonhando. Ficou conhecida nacionalmente após vencer o
Festival Nacional de Música Popular Brasileira interpretando Arrastão de Edu Lobo
(1943) e Vinícius de Moraes (1913 – 1980). Começou parceria de shows com Jair
Rodrigues (1939), e o Jongo Trio que rendeu três LPs intitulados Dois na bossa.
Revelou-se ótima intérprete com um repertório contrastante, inédito e atual. Lançou em
seus discos compositores como Renato Teixeira (1945), Ivan Lins (1945) e João Bosco
(1946). É cultuada como a maior cantora brasileira de todos os tempos.
César Camargo Mariano (Antônio Cesar Camargo Mariano, 1943) natural de São
Paulo SP. Compositor, instrumentista, arranjador e produtor. Iniciou seu aprendizado de
forma intuitiva. Sua atuação profissional começou em conjuntos de baile típicos da
época. Em 1962 estreou no mercado fonográfico criando os arranjos do disco Claudette
é dona da bossa da cantora Claudete Soares (1937). Atuou em conjuntos instrumentais
como Sabá Quarteto e Octeto César Camargo Mariano, que renderam discos históricos.
Em 1971 foi convidado para produzir o novo show de Elis Regina (1945 – 1982), com
quem se casou e atuou até o fim precoce da carreira da intérprete. Desenvolveu uma
linguagem moderna de arranjo e acompanhamento.
O arranjo, constituído formalmente por César Camargo Mariano (1943), trabalha por
textura com muitas nuances, oscilando dinâmicas entre pianíssimo e fortíssimo. A partir
da parte C, onde o refrão está instituído, o arranjo eleva-se por modulação de semitom
em 2:10 e 2:20. Depois da segunda modulação a tonalidade mantém estável.
TRIGÉSSIMO OITAVO FONOGRAMA
Braguinha (Carlos Alberto Ferreira Braga, 1907 – 2006) natural do Rio de Janeiro RJ.
Compositor, cantor e produtor. De formação musical intuitiva, Braguinha filho de classe
média alta carioca, adotou ao longo da carreira o codinome João de Barro, buscando
preservar sua família. Fez parte do histórico Bando dos Tangarás, grupo atuante na
década de 1930, que teve como integrantes entre outros: Almirante (1908 – 1980) e
Noel Rosa (1910 – 1937). Foi com o grupo que Braguinha estreou no mercado
fonográfico em 1929, com fonogramas pelos selos Odeon e Parlaphon.
Fernando Brant (Fernando Rocha Brant, 1946) natural de Poços de Caldas MG.
Letrista. De formação intuitiva, compositor letrista, Fernando começou sua carreira
compondo em parceria com Milton Nascimento (1942) que conheceu em 1960. Foi com
a composição Travessia, em parceria com Milton Nascimento, que obteve seu primeiro
sucesso nacional, registrado a seguir por Elis Regina (1945 – 1982) e pelo próprio
Milton. Têm composições de sucesso registradas no mercado fonográfico tais quais
Maria, Maria, Sentinela, Canção da América, Nos Bailes da Vida, todas com Milton
Nascimento, e Para Lennon e McCartney com Lô Borges (1952) e Macio Borges (1946).
Nana Caymmi (Dinahir Tostes Caymmi, 1941) natural do Rio de Janeiro RJ. Cantora.
De formação intuitiva e de família musical, iniciou no mercado fonográfico no disco do
pai, Dorival Caymmi (1914 – 2008), cantando a cantiga Acalanto em 1960. Gravou seu
primeiro LP em 1963, intitulado Nana com arranjos de Oscar Castro Neves.
Questionada pela afinação, Nana é muito elogiada por suas interpretações, cantando
com emoção e sensibilidade o repertório brasileiro. Nana registrou discos de bolero,
samba-canção, além do repertório praiano quase que completo de seu pai, Dorival
Caymmi.
Wagner Tiso (Wagner Tiso Veiga, 1945) natural de Três Pontas MG. Compositor,
pianista, maestro, arranjador e diretor musical. De formação musical sólida calcada na
tradição escrita, Wagner começou sua carreira atuando como pianista em conjuntos de
baile. Atuou como arranjador e diretor musical de discos de Milton Nascimento (1942),
Maysa (1936 – 1977) e Ney Matogrosso (1941). Como instrumentista trabalhou com
Paulo Moura (1933) e Edison Machado (? – 1990). Fez parte do movimento Clube da
Esquina. Atua neste fonograma como arranjador e diretor musical.
Melodia – Trecho da Seção A
Este fonograma constituído numa duração ampla para o padrão comercial estabelecido,
traz em sua estrutura nuances no campo da instrumentação, dinâmicas, e forma.
Inicia com uma introdução vocal de monges beneditinos, que transita sutilmente nos
pólos perceptíveis. A seguir surge uma reza entoada por Nana Caymmi (1941). O
arranjo propõe um ostinato rítmico na bateria que se manterá por todo fonograma, a
perspectiva é estéreo.
A bateria está distribuída, algumas peças estão à direita como o prato chimball. Os
tambores que compõe a bateria perpassam direita e esquerda na perspectiva. A
guitarra está à direita. O órgão está centralizado, assim como o violão e a voz solista. O
piano está sutilmente a esquerda.
Almir Sater (Almir Eduardo Melke Sater, 1956) Campo Grande MS. Cantor, compositor,
ator e violeiro. De família de músicos intuitivos, Almir iniciou seu aprendizado na
sanfona, apenas aos vinte anos definiu como instrumento artístico a viola caipira, que
aprendeu intuitivamente ouvindo discos de Tião Carreiro (1934 – 1993). Com breve
carreira de músico acompanhante, em 1980 teve sua composição Sonhos Guaranis
registrada em fonograma por Sérgio Reis (1940). Ficou conhecido nacionalmente
quando sua composição Luzero foi escolhida como tema do programa televisivo Globo
Rural. Gravou seu primeiro disco em 1981, obtendo êxito comercial. Atuou como ator
em novelas, como o sucesso Pantanal da extinta TV Manchete.
Renato Teixeira (Renato Teixeira de Oliveira, 1945) natural de Santos SP. Cantor e
compositor. De formação intuitiva, Renato iniciou sua carreira artística atuando como
radialista no Vale do Paraíba, na cidade de Taubaté. No final da década de 1960 abriu
um estúdio de jingle publicitário. Participou do III Festival da Música Popular Brasileira
de 1967, com a música Dadá Maria, de sua autoria, interpretada por Gal Costa. Em
1977 alcançou aclamação popular com a gravação de Elis Regina (1945 – 1982) de sua
composição Romaria. Compôs alguns de seus maiores sucessos com Almir Sater
(1956).
Sivuca (Severino Dias de Oliveira, 1930 – 2006) natural de Itabaiana PB. Sanfoneiro,
arranjador e compositor. Iniciou seu aprendizado musical intuitivamente, ao mudar-se
para Recife foi empregado na Rádio Clube de Pernambuco. Atuando em orquestra teve
suas primeiras lições de teoria musical. Estudou harmonia durante três anos com o
maestro Guerra Peixe (1914 – 1993). Mudou-se para São Paulo em 1949. Em 1951
gravou seu primeiro disco no formato compacto simples interpretando Tico Tico no
Fubá de Zequinha de Abreu (1880 – 1935) e Carioquinha no Flamengo de Waldir de
Azevedo (1923 – 1980) e Bonfiglio de Oliveira (1891 – 1940). Atuou como
instrumentista e arranjador. Como compositor seu maior êxito comercial é a valsa João
e Maria em parceria com Chico Buarque (1944). Seu trabalho reclina para a música
nordestina, em gêneros como baião, forró e xote.
Glorinha Gadelha (Glória Gadelha, 1947) natural de Sousa PB. Cantora e compositora.
De formação intuitiva, começou sua carreira em 1968, apresentando-se no programa A
Grande Chance da extinta TV Tupi. Sua primeira aspiração fonográfica ocorreu no
disco de Dom Um Romão (1925 – 2005) cantando a música Amor em Jacumã. Em
1981 lançou seu LP de maior destaque Bendito Fruto com a participação de Elba
Ramalho (1951) e Hermeto Paschoal (1936).
Este fonograma trabalha com a perspectiva panorâmica, estéreo. O violão de aço está
postado a esquerda na percepção humana, os demais instrumentos estão agrupados
no centro. O violão de aço arpejando a esquerda parece uma intervenção livre,
deslocada do corpo sonoro principal. O motivo é a disposição na percepção e seu
volume. A idéia de separar um instrumento do bloco principal intenciona dar movimento
à composição do fonograma.
A gravação foi constituída por sobreposição de camadas. O fonograma é finalizado com
queda progressiva e artificial do volume, fade out.
QUADRAGÉSSIMO TERCEIRO FONOGRAMA
Titãs formado no ano de 1982 em São Paulo é um dos grupos mais representativos do
Brock, movimento que na década de 1980 deflagrou um novo estilo de música
composta no Brasil. Esta formação registrou o primeiro disco da banda, homônimo, em
1984: Arnaldo Antunes (1960), Branco Mello (1962), Charles Gavin (1960), Marcelo
Fromer (1961 – 2001), Nando Reis (1963), Paulo Miklos (1959), Sérgio Britto (1959) e
Tony Belloto (1960). O grupo transitou ao longo da carreira por influências que vão da
jovem guarda ao ska, do rock progressivo ao tropicalismo. Perdeu alguns integrantes
Arnaldo Antunes e Nando Reis hoje administram carreiras individuais, e Marcelo Fromer
faleceu num acidente de trânsito fatal.
Pop Rock estilo musical deflagrado na década de 1980, onde bandas jovens surgiram
em um movimento não organizado absorvido como novo produto comercial do mercado
fonográfico. Tipicamente a métrica deste estilo é quaternária em andamentos variados.
A temática varia entre questões sociais e canções de cunho amoroso. Destacam-se
grupos como Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Barão
Vermelho, Engenheiros do Hawaí entre outros. Artistas como Lulu Santos, Lobão e
Cazuza.
Este fonograma apresenta perspectiva panorâmica, estéreo, com uma distribuição onde
estão centralizadas a voz solista, o baixo e a bateria, a esquerda está à guitarra base e
o piano elétrico. A guitarra solista está à direita. O coro dobrado surge postado
horizontalmente captado por dois canais, a direita e esquerda distribuídos.
Liminha (Arnolpho Lima Filho, 1951) natural de São Paulo SP. Instrumentista,
compositor e produtor musical. De formação musical intuitiva, iniciou sua atuação
artística nos Festivais da TV Record e Excelsior, acompanhando o conjunto Os
mutantes. Integrou o grupo de 1971 a 1975. A partir da década de 1980, atuou como
produtor musical nos trabalhos de Gilberto Gil (1942) e de grupos de rock como os
Titãs, entre outros.
Som Livre - gravadora surgida na década de 1980 compõe o grupo Roberto Marinho,
que gere a TV e Rádio Globo, sua especialidade é música para massa, divulgou em
seus primeiros catálogos música sertaneja e pagode.
Djavan (Djavan Caetano Viana, 1949) natural de Maceió AL. Cantor, compositor e
arranjador. De formação musical intuitiva Djavan, construiu uma linguagem própria em
suas canções. Mesclando rítmica atrativa com textos livres, elementos naturais e de
subjetividade. De voz firme e afinada, surgiu no cenário musical brasileiro em 1975, no
Festival Abertura da TV Globo com a música de sua autoria Fato Consumado. Em
seguida, Djavan lançou seu primeiro trabalho um compacto duplo que reunia suas
canções de então. Em 1976 gravou seu primeiro LP Djavan A voz e o violão, contendo
sucessos como Flor de Lis. Suas canções foram temas de novela, construindo uma
carreira prolífera com discos e shows nacionais e internacionais.
Um instrumento de efeito, possivelmente o piano elétrico atua nos dois pólos com o
princípio de gravação estéreo. Na entrada do gongue, instrumento de percussão,
percebe-se um movimento na sua execução, caminha pelo panorama da direita para a
esquerda a partir de 2:30.
Fonograma considerado longo pelo padrão comercial rádio. Este fonograma trabalha
com a perspectiva panorâmica, estéreo, o baixo está centralizado assim como a voz.
Guitarras distribuem-se entre direita e esquerda na percepção humana. À esquerda há
uma guitarra com efeito, no lado direito há uma guitarra solista com efeito. O ganzá e o
tamborim estão para a esquerda, enquanto as congas estão para a direita.
Não existe neste arranjo qualquer construção formal, baseada na tradição escrita. O
que se percebe é uma construção intuitiva fruto do trabalho de estúdio ainda aliado a
ensaios coletivos. O fonograma é finalizado com fade out, diminuição progressiva e
artificial nos volumes.
QUADRAGÉSSIMO SÉTIMO FONOGRAMA
Arnaldo Antunes (Arnaldo Antunes Filho, 1960) natural de São Paulo SP. Cantor,
compositor e poeta. De formação musical intuitiva, iniciou sua atuação artística no
mercado fonográfico com o grupo Aguilar e Banda Performática na década de 1980,
com quem gravou, no mesmo ano, um LP homônimo. Em 1982 ingressou no grupo
Titãs com quem seguiu carreira até 1992. Em 1993 lançou seu primeiro disco solo
Nome, e passou a dedicar-se assiduamente a poesia. Interage sobre a influência do
concretismo e da arte multimídia.
Marcelo Fromer (1961 – 2001) natural de São Paulo SP. Guitarrista, compositor. De
formação intuitiva, iniciou sua carreira musical em 1982 no grupo de rock Titãs atuando
como guitarrista e compositor. Faleceu tragicamente, postumamente foi homenageado
com um disco repleto de suas composições, no ano de 2002, pelo grupo Titãs.
Sérgio Britto (Sérgio de Britto Álvares Affonso, 1959) natural do Rio de Janeiro.
Tecladista, compositor e cantor. Iniciou sua carreira musical em 1982 no grupo de rock
Titãs atuando como tecladista, cantor e compositor. Foi um dos integrantes
responsáveis pela modificação estética do grupo, passando ao longo dos anos por
diversas vertentes do rock. Sua música Epitáfio do disco de 2001 dos Titãs, intitulado A
melhor banda de todos os tempos da última semana, levou o grupo a vender
novamente cem mil cópias com um trabalho inédito. Essa mesma canção mereceu
regravação da cantora tropicalista Gal Costa (1945).
Marisa Monte (Marisa de Azevedo Monte, 1967) natural do Rio de Janeiro RJ.
Cantora, compositora e produtora. Iniciou seus estudos musicais na infância ao piano,
aprendendo noções de partitura e teoria musical. Na adolescência estudou canto lírico,
a seguir na Itália aperfeiçoou-se sobre mesmo foco. No país europeu iniciou
apresentações em bares e casas noturnas apenas com repertório popular brasileiro,
onde mais se identificou. Em 1989 lançou seu primeiro disco, homônimo, auxiliado pelo
produtor e compositor Nelson Motta (1944). Suas primeiras composições foram ouvidas
no disco seguinte Mais, de 1991, parcerias com Carlinhos Brown (1962), Arnaldo
Antunes (1960), ambos que com quem formaria nos anos 2000 o grupo Tribalistas, e
Nando Reis (1963). Marisa Monte é atuante no resgate e divulgação de compositores
do samba tendo produzido discos de Jair do Cavaquinho (1922 – 2006) e Velha Guarda
da Portela.
Legião Urbana iniciou sua trajetória em 1983 em solo brasiliense. Sua primeira
formação, a registrar um LP, disco homônimo Legião Urbana de 1984, tinha como
integrantes: Renato Russo (1960 – 1996) nos vocais e violões, Dado Villa-Lobos (1965)
na guitarra, Marcelo Bonfá (1965) na bateria e Renato Rocha (1961) no contrabaixo
elétrico. Renato Rocha participou apenas dos dois primeiros LPs se afastando a seguir.
O agora trio, comandado por Renato Russo, se destacara no cenário musical nacional
por suas letras com teor politizado, canções de amor e crônicas intensas. Em 1996
Dado e Bonfá, anunciaram a dissolução do grupo, pós-morte de Renato Russo vítima
de complicações do vírus HIV, que tratava desde 1990.
Alceu Valença (Alceu Paiva Valença, 1946) natural de São Bento do Una PE. Cantor e
compositor. De formação musical intuitiva Alceu Valença, justifica suas raízes
nordestinas, seu regionalismo, em seu trabalho autoral fortemente influenciado por
Jackson do Pandeiro (1919 – 1982). Suas primeiras referências musicais foram Orlando
Silva (1915 – 1978), Sílvio Caldas (1908 – 1988) e Dalva de Oliveira (1917 – 1972). Em
1969, estudante de direito, foi contemplado com bolsa de estudos na Universidade
Americana Harvard, onde permaneceu por quase um ano. Nos Estados Unidos realizou
shows universitários tocando música regional brasileira. Em seu retorno ao Brasil
concluiu a faculdade de direito, e a partir daí dedicou-se exclusivamente a música.
Participou de festivais, e estreou no mercado fonográfico com um LP em parceria com
Geraldo Azevedo (1945) em 1972 que apresentaram sucessos como Táxi Lunar,
Caravana e Talismã.
QUINQUAGÉSSIMO FONOGRAMA
A. Nome da composição e autor: Violeiros de Djavan
B. Nome do intérprete: Djavan, LP Coisa de Acender
C. Nome da gravadora ou selo: Epic
D. Ano do registro: 1991
E. Época da gravação: Fase elétrica
F. Caráter: Vocal
G. Gênero: Baião
H. Instrumentação: Voz, violões, baixo, bateria, triângulo, reco-reco, gunga,
congas, ganzá, efeitos, teclado e flauta.
I. Forma: Intro A B A B C C (refrão) A B C C interlúdio C C’ C’
J. Tempo de duração: 4:49
K. Intensidade: Dinâmica por textura
L. Caráter da música: Tonal.
M. Métrica: Quaternária.
N. Descrição
Efeitos – instrumento de percussão, sem altura definida. Não tem função rítmica,
apenas de preenchimento, buscando sensações estéticas. São instrumentos como
unha de gato, pau-de-chuva e guaiá, alguns exemplares.
O arranjo tem construção intuitiva, sem bases na pré-elaboração pautada. O arranjo foi
construído em estúdio, parte a parte, através da sobreposição de camadas. Embora a
preocupação estética remeta a uma pré-elaboração, a construção é eminentemente
intuitiva. O fonograma finaliza com uma parada brusca.
Daniella Mercury (Daniela Mercuri de Almeida Póvoas, 1965) natural de Salvador BA.
Cantora e compositora. De formação musical intuitiva, Daniella Mercury iniciou sua
atuação artística no estudo da dança, balé clássico e jazz. Atuou aos treze anos em
bares de Salvador, foi vocalista da banda Cheiro de Amor e Companhia Clic, com quem
gravou dois LPs em 1988 e 1990. Em 1991, partiu para carreira solo obtendo sucesso
já em seu primeiro LP. O fonograma Swing da cor elevou seu trabalho nacionalmente.
Daniella é um marco para o advento do gênero axé, embora em seus recentes
trabalhos aproximara-se da música brasileira, da canção mais intimista.
Axé termo provindo do idioma ioruba que designa energia positiva e força. Como
gênero musical urbano tem origem afro-brasileira. Sua estrutura é ritmicamente similar
ao ijexá. Desenvolveu-se na Bahia, despontando na década de 1990, conquistando a
seguir todo Brasil no canto de Daniella Mercury (1965). Adquiriu contexto popular, com
letras de sensualidade e composições relativamente simples. Prima pela visualidade,
com musas incentivando danças. Têm como ícones o grupo É o tcham, Ivete Sangalo
(1972), Banda Eva e Cheiro de Amor.
Lô Borges (Salomão Borges Filho, 1952) natural de Belo Horizonte MG. Cantor e
compositor. De formação musical intuitiva, Lô Borges iniciou sua carreira artística na
banda Beavers, formado com seus irmãos e o amigo Beto Guedes (1951), tocavam
composições influenciadas pelos The Beatles. A seguir Lô Borges foi um dos
fundadores do Clube da Esquina, movimento realizado em Belo Horizonte, com quem
estreou em LP homônimo em 1972. Gravou em 1973 seu primeiro LP solo, que não
obteve êxito para os padrões comerciais. Desenvolveu intenso trabalho composicional
ao lado de Milton Nascimento (1942), Samuel Rosa (1966), Fernando Brant (1946),
Ronaldo Bastos (1948) e Beto Guedes.
Marcio Borges (Marcio Hilton Fragoso Borges, 1946) natural de Belo Horizonte MG.
Letrista. De formação musical intuitiva, é considerado ao lado de Fernando Brant (1946)
o letrista mais importante do movimento Clube da Esquina. Em 1964, estreou no
mercado fonográfico como letrista das canções Paz do amor que vem, Gira-girou, e
Crença, todas com Milton Nascimento. Não têm discos individuais lançados pelo
mercado fonográfico, embora suas canções possam ser ouvidas no trabalho individual
de Milton Nascimento (1942), Beto Guedes (1951) e Lô Borges (1952).
Não houve uma pré-elaboração pautada, e sim uma pré-elaboração estética, onde o
artista define de forma instrutiva o objetivo a ser atingido.
Zezé di Camargo (Mirosmar José di Camargo, 1963) natural de Pirenópolis GO. Cantor
e compositor. De formação intuitiva, iniciou-se na música aprendendo oralmente
acordeom. Dedicou-se ao canto, e formando dupla com seu irmão Emival, apresentou-
se por todo estado de Goias, compondo a dupla Camargo e Camarguinho, desfeita
após acidente fatal que tirou a vida de Emival. A seguir formou a dupla Zezé e Zazá
com quem registrou discos compactos. Lançou a seguir dois LPs solo, no entanto só
obteve sucesso nacional ao fazer dupla com Luciano, e lançar a canção É o amor, de
sua autoria. Compôs canções de amor de sucesso a partir de 1990 nas vozes de
Leandro e Leonardo, e Maria Bethânia (1946).
Zezé di Camargo e Luciano dupla sertaneja, formada em 1991 pelos irmãos Mirosmar
e Wendel, respectivamente. Em cerca de quinze anos de carreira, venderam mais de
vinte milhões de discos nos formatos LP e CD. Basicamente interpretam em seu
repertório canções de amor, embora tenham flertado com o protesto em tema como a
violência. Dividiram palco com grandes artistas da música brasileira tais quais Maria
Bethânia (1946), Chico Buarque (1944), e as dulpas Chitãozinho e Xororó, Leandro e
Leonardo.
São dois trompetes um em cada lado. A guitarra base está levemente deslocada para a
esquerda. A guitarra distorcida quando surge está centralizada.
A arregimentação tem perfil informal, não recorrendo assim à tradição escrita. Tudo
executado foi previamente construído em ensaios coletivos, sem uma organização
formal.
QUINQUAGÉSSIMO QUINTO FONOGRAMA
Zeca Pagodinho (Jessé Gomes da Silva Filho, 1959) natural do Rio de Janeiro RJ.
Cantor e compositor. De formação musical intuitiva, Zeca destacou-se no meio do
samba por sua capacidade de improvisar versos de acordo com a temática do partido
alto, estilo de samba improvisado que possui um refrão com um tema central onde os
partideiros improvisam versos espontâneos. Foi assíduo freqüentador do bloco do
Cacique de Ramos, movimento de sambistas da década 1980 ocorrido no Rio de
Janeiro. Sua primeira participação no mercado fonográfico foi no LP, de 1983, Suor no
Rosto de Beth Carvalho (1946). Em 1986 registrou seu primeiro disco, homônimo, com
sambas de sua autoria e interpretações. Na década de 1990 consolidou-se como o
principal cantor de sambas no Brasil, emplacando sucessos sucessivos.
Jorge Aragão (Jorge Aragão da Cruz, 1949) natural do Rio de Janeiro. Cantor,
cavaquinista e compositor. De formação musical intuitiva, ainda na juventude tocou em
conjuntos de baile. Participou ativamente do bloco Cacique de Ramos. Na década de
1970 teve composições registradas em fonograma por Elza Soares (1937) e Beth
Carvalho (1946), conheceu seu primeiro sucesso com o samba Malandro. Integrou o
conjunto Fundo de Quintal, com quem registrou apenas o primeiro LP de 1980. A seguir
partiu para carreira solo onde se consolidou como um dos principais cantores do
gênero.
Góia (Gerson Coutinho da Silva, 1935 – 1980) natural de Coromandel MG. Compositor,
cantor e radialista. De formação musical intuitiva, Góia iniciou sua carreira em 1953
quando se radicou em Goiânia dando início ao Trio da Amizade, primeiro grupo de
Goiânia a registrar músicas para o mercado fonográfico brasileiro. Compôs sucessos
como Saudade de Goiás, Baile do Adeus e Saudade da Minha Terra.
Belmonte (Pascoal Zanetti Todorelli, 1937 – 1972) natural de Barra Bonita SP. Cantor e
compositor. De formação musical intuitiva, Belmonte atuava artisticamente formando
dulpa com Amaraí (1940). Formada na segunda metade da década de 1960, a dupla,
gravou cerca de sete LPs. Belmonte compôs ao lado de Góia (1935 – 1980) o sucesso
do cancioneiro sertanejo Saudade da Minha Terra, registrada entre outros por
Chitãozinho e Xororó e Maria Bethânia (1946).
Ivan Vilela (Ivan Pinto Vilela, 1962) natural de Itajubá MG. Violeiro, cantor, compositor e
arranjador. De sólida formação musical, Ivan é graduado, pós-graduado, em
composição musical pela Universidade de Campinas. Iniciou a carreira artística aos 18
anos com o Grupo Pedra e depois com o grupo Água Doce que faziam pesquisa sobre
a música mineira. Seu trabalho instrumental mescla a música caipira num dialogismo
incessante com a música erudita. Seu disco Paisagens venceu o prêmio APCA (sigla
para Associação Paulista dos Críticos de Arte) na categoria instrumental, melhor
conjunto de câmara.
Carlos Lyra (Carlos Eduardo Lyra, 1939) natural do Rio de Janeiro. Cantor, compositor
e violonista. De formação musical seccionada, intuitiva, porém fundamentada em
parâmetros da tradição escrita. Começou a compor em 1954, iniciando sua trajetória
artística. Em 1955 Silvinha Telles (1934 – 1966) registrou uma de suas composições
Menina, de sua primeira safra. Foi um dos precursores do movimento da bossa nova.
Compôs em parceria com Vinícius de Moraes (1913 – 1980) e Ronaldo Bôscoli (1929 –
1994), por exemplo. Em Tom Jobim (1927 – 1994) despertara grande admiração. Tem
mais de cento e cinqüenta músicas registradas no mercado fonográfico.
Emílio Santiago (Emílio Vitalino Santiago, 1946) natural do Rio de Janeiro. Cantor. De
formação musical intuitiva, iniciou sua atuação artística cantando em festivais na
década de 1970. Em 1973 gravou seu primeiro disco um compacto simples. Seu
primeiro LP foi gravado apenas em 1975, registrando interpretações de canções de
gêneros brasileiros com teor romântico. Venceu uma série de prêmios, e festivais, em
destaque o festival MPB Shell da TV Globo. Canta com voz possante um repertório
bastante diversificado.
REC BEAT – gravadora independente, selo brasileiro, nordestino, que iniciou atuação
no final da década de 1990. Registra em seu catálogo música regional com misturas de
rock.
Fernando Porto (Maria Fernanda Dutra Clemente Porto, 1965) natural de Serra Negra
SP. Cantora e compositora. De formação musical calcada na tradição escrita, Fernanda
estudou canto lírico, e iniciou sua carreira musical em 1990 nos palcos das principais
capitais brasileiras. Nesta década começou a se interessar por música eletrônica, e na
fusão com a música brasileira. Em 2002 lançou seu primeiro CD com composições
próprias e interpretações de clássicos do cancioneiro brasileiro, mesclando suas
diversas influências. Remasterizado pelo DJ Patife e programado e executado pela
própria artista, seu primeiro disco alcançou sucesso na Europa, vendendo cerca de
vinte mil cópias. Seu segundo disco contou com a participação de Chico Buarque
(1944), entoando de sua autoria a canção: Cotidiano (de 1971).
Drum’n’ bass é um estilo de música eletrônica que surgiu em meados da década de
1990 na Inglaterra, com andamento acelerado que funde elementos acústicos a
eletrônicos. Em português traduze bateria e baixo. Tem perfil dançante.
Xerém (1911 – 1979) natural de Recife CE. Cantor e compositor. De formação musical
intuitiva, iniciou carreira artística cedo em uma trupe artística familiar. Apresentou-se na
rádio, em programas de TV e registrou cerca de quarenta e cinco discos. O auge de
sua produção foi entre as décadas 1930 e 1950.
Cris Aflalo (1976) natural de São Paulo. De formação musical intuitiva, iniciou sua
carreira atuando em bares e casas noturnas. No ano de 2003 estreou com um álbum
em formato CD, intitulado Só Xerem que se destaca pelo regionalismo com gêneros
como xote, baião e coco.
Todas essas variações criam uma sensação de movimento, no entanto nunca se perde
o balanceamento entre os lados. O arranjo estrutural, no que se refere a forma, foi
previamente concebido, determinado em linguagem pautada.
SEXAGÉSSIMO TERCEIRO FONOGRAMA
Wilson das Neves (1936) natural do Rio de Janeiro. Cantor, compositor e baterista. De
formação musical intuitiva, estruturou seu conhecimento com a atuação musical
profissional em orquestras e grupos de baile. Aos 21 anos estreou como baterista da
Orquestra de Permínio Gonçalves. Seu primeiro LP foi lançado, em 1968, intitulado Elza
Soares e o baterista Wilson das Neves. Como instrumentista gravou e tocou com os
principais nomes da música brasileira, entre os quais Chico Buarque (1944), com quem
ainda atua. Lançou dois discos como compositor e cantor, basicamente com sambas
que homenageiam e demonstram sua grande ligação com a Escola de Samba Império
Serrano.
Quelé – selo da gravadora Biscoito Fino. Especializado em samba, seus discos são
fruto de financiamento cultural, via lei Rouanet
Melodia – Trecho da Seção A
Zé de Riba (José Ribamar de Araújo, 1960) natural de Dom Pedro MA. Cantor e
compositor. De formação musical intuitiva, Zé de Riba iniciou sua atuação artística
como pandeirista de embolada. Atuou em peças teatrais. Teve como maior incentivador
Jackson do Pandeiro (1919 – 1982), que guarda como referência estética. Duas de
suas canções foram gravadas no CD Seda Pura de 2001, pela cantora Simone (1949).
Registrou seu primeiro disco em 2005, misturando regionalismo com música eletrônica.
Este fonograma não recorre à tradição escrita, não há registro pautado ou pré-
elaboração. O intérprete cantou ao pandeiro gerando gravação definitiva, as demais
ocorrências foram sobrepostas, inseridas posteriormente.
SEXAGÉSSIMO QUINTO FONOGRAMA
Joca Freire (João Carlos Cardoso Freire, 1964) natural de São José dos Campos SP.
Cantor, compositor e violonista. De formação musical intuitiva, iniciou sua carreira
atuando em bares e casas noturnas do Vale do Paraíba. Registrou três CDs
independentes entre 2000 e 2005, sendo que um contém apenas poesias musicadas de
Cassiano Ricardo (1895 – 1974), poeta modernista.
João Marcondes (João Marcondes da Silva Neto, 1984) natural de São Paulo SP.
Compositor, arranjador, produtor e diretor musical, instrumentista e letrista. De sólida
formação musical, iniciou seus estudos musicais ao piano aos cinco anos de idade.
Tem três discos lançados como compositor, trabalhando com estéticas alternativas.
O fonograma foi constituído com pré-elaboração estética, com gravação de arranjo pré-
determinado constituído formalmente calcado nas tradições escritas.
SEXAGÉSSIMO SEXTO FONOGRAMA
Chico Saraiva (Francisco Saraiva da Silva, 1973) natural do Rio de Janeiro RJ.
Compositor, violonista, arranjador e produtor musical. De formação musical sólida,
Chico Saraiva iniciou seus estudos musicais ao violão, tendo a prática do violão erudito
como ferramenta. Em 1992 ingressou na Faculdade de Música da Universidade de
Campinas, onde concluiu bacharelado. Chico atuou como instrumentista de projetos
como A Barca, grupo de pesquisa da música tradicional brasileira, acompanhando
cantoras e em projetos instrumentais como o trio Água. Atuou intensamente no cenário
da música instrumental. Em 2003 venceu o VI Prêmio Visa - Edição Compositores, com
canções de caráter experimental letradas por Paulo César Pinheiro (1949), Luiz Tatit
(1951) e Mauro Aguiar (1968). Gravou como resultado deste trabalho o disco Trégua.
Mauro Aguiar (Mauro Martins Aguiar, 1968) natural do Rio de Janeiro RJ. Cantor,
compositor e letrista. De formação musical intuitiva, iniciou sua atuação artística em
grupos vocais. Sua atuação de maior destaque refere-se às letras para canções de
Guinga (1950), Rodrigo Lessa (1962), José Miguel Wisnik (1948) e Chico Saraiva
(1972). Suas composições já foram interpretadas por Leila Pinheiro (1960) e Simone
Guimarães (1966).
Os fonogramas apresentam padrão comercial 0db (zero decibel), conceito técnico que
nivela o fonograma para veiculação em meios de comunicação, rádio e tele-difusão.
Como sugestão artística, por exemplo, cada instrumento possui uma região de
dinâmica, medida em decibel. Em parâmetros subjetivos, é possível executar um
instrumento como o violão acusticamente em cinco ou seis graus de dinâmica.
Essa ótica é conflituosa com o padrão rádio. Se tocar um violão, por exemplo, em
pianíssimo, o padrão 0db não será atingido. Na realidade nem um décimo desse padrão
será obtido. Em alguns momentos o contraste, traz a expressão artística que se busca.
Para o padrão comercial, no entanto, a expressividade do fonograma é supérflua.
Um fonograma produzido hoje oscila apenas via dinâmicas por textura, de maneira
subjetiva oscilando entre uma mezzo forte e forte. Em parâmetros físicos, uma variação
máxima de dois decibéis.
2 O USO DO PANORAMA
O fonograma comercial, por norma técnica, não pode em nenhuma hipótese surgir
desbalanceado, ou seja, ambos os lados precisam dividir precisamente a massa sonora
que o compõe. Assim, no padrão comercial, ao colocar um instrumento no extremo
esquerdo, é preciso refletir, compensar no extremo oposto.
Trabalhar com o tempo sem um padrão constante traz ao objeto musical, ao fonograma,
uma variedade primordial para um pensamento artístico.
4 ARRANJO E INSTRUMENTAÇÃO
A introdução, caso haja, por exemplo, não pode ser maior que trinta segundos. Nos
fonogramas onde a introdução extrapola este tempo, cortes ocorrem nos meios de
comunicação, como interferência comercial.
O interlúdio não pode ser longo, para que a idéia da música, do texto permaneça, para
que haja assim interesse do ouvinte, para que o ouvinte não disperse. Questiona-se no
interlúdio a capacidade de comunicação da música ou seção instrumental, ou a falta de
capacidade de apreciação da música ou seção instrumental.
Observa-se dentro de uma estrutura padrão, clichê, que os fonogramas ocorrem dentro
apenas de duas formas estruturais:
Primeira forma:
Introdução | Apresentação da música | Interlúdio | Reapresentação da música |
Coda
Segunda Forma:
Introdução | Apresentação da música | Reapresentação da música | Coda
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20. 1961 – Luis Eça e Astor – Cada qual melhor – Gravadora Odeon
Músicas: Nem é bom falar (Ismael Silva – Francisco Alves e Noel Rosa)
Adeus (Ismael Silva – Noel Rosa)
35. 1976 – Clara Nunes – Canto das três raças – Gravadora EMI
Música: Canto das três raças (Paulo César Pinheiros – Mauro Duarte)
Gênero: Samba
36. 1977 – Ivan Lins – Somos todos iguais esta noite – Gravadora
Música: Somos todos iguais esta noite (Ivan Lins – Vitor Martins)
Gênero: Marcha
37. 1978 – Elis Regina – Transversal do tempo – Gravadora Universal
44. 1985 – Gilberto Gil – Dia dorin noite neon – Gravadora Som Livre