Tratamento de Vinhaca
Tratamento de Vinhaca
Tratamento de Vinhaca
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Vinhaça
Definição
• Vinhaça: líquido derivado da destilação do vinho, que é resultante da
fermentação do caldo da cana de açúcar ou melaço. (NT.Cetesb P4.231/2006):
• Vinhaça: efluente líquido da destilação de uma solução alcoólica denominada
vinho, obtida no processo de fermentação do caldo de cana-de-açúcar, do
melaço ou da mistura dos dois. (NT.COPAM 164/2011)
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Vinhaça: Potencial Poluidor
Resíduo com alto potencial poluidor
• Alto teor de matéria orgânica, impossibilitando o tratamento e
lançamento em corpos de água
• Altas concentrações de sais (potássio, nitrogênio e outros) que
podem ser lixiviados e contaminar as águas subterrâneas
• Cheiro objetável no armazenamento e disposição no solo (matéria
orgânica e enxofre, formando mercaptanas)
• O potencial poluidor da vinhaça der uma Usina média (500 m3
álcool/dia) equivale a poluição de uma cidade com 1.700.000
habitantes.
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Vinhaça: Origem Orgânica
Tratamento fermento: Matéria-prima: Produtos auxiliares:
ácido sulfúrico caldo, méis, melaço, desinfectantes,
xarop, água nutrientes, anti-
espumantes
Vinho:
p/ destilação
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Vinhaça: Origem
ciclo-hexano
A B
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Vinhaça: Caracterização Físico-Química
Tabela 39 –Caracterização da vinhaça
Parâmetros CTC CETESB, 1982 Composição Final
1995 2008 Caldo Mista Média Faixa
pH 4,15 4,8 3,7 - 4,6 4,4 - 4,6 4,3 3,5 - 4,9
Temperatura (°C) 89 80 - 100 80 - 100 90 65 - 110,5
DBO5 (mg/L O2) 16.950 11.331 6.000 - 16.500 19.800 14.833 5.879 - 75.330
DQO (mg/L O2) 28.450 31.505 15.000 - 33.000 45.000 23.801 9.200 - 97.400
DQO/DBO5 1,7 2,8 2,5 - 2,0 2,1 1,6 1,6 - 2,8
ST (mg/L) 22.386,9 29.596 23.700 52.700 32.132 10.780 - 56.780
SVT (mg/L) 15.504,5 21.905,4 20.000 40.000 24.352 628 – 45.225
SFT (mg/L) 6.873,9 7.845,5 3.700 12.700 7.780 1.509 - 45.630
Nitrogênio (mg/L N) 357 353 150 - 700 480 - 710 433 81 - 1.215
Fósforo (mg/L P) 60,41 32,0 2,1 - 44,1 1,89 - 42 34 2,1 - 188
Potássio (mg/L K) 2.035 2.667 991 - 1.735 2.759 2.206 814 - 7.612
Cálcio (mg/L Ca) 286,2 479,5 72,2 - 854,7 738,2 - 2.536,4 832 39,4 - 1.451,2
Magnési0(mg/L Mg) 135,4 321 120 - 294 348 - 420 262 97 - 1.112,9
Sulfato (mg/L S) 1.538 861 300 - 380 1.850 - 1.865 1.149 92 - 3.364
Fontes: Elia Neto & Nakahodo, 1995; Elia Neto e Zotelli, 2008 e Cetesb, 1982, in: Elia Neto et
7 all “Manual da Conservação e Reúso de Água na Agroindústria Sucroenergética, 2009.
Vinhaça: Caracterização média
Fontes: Elia Neto et all “Manual da Conservação e Reúso de Água na Agroindústria Sucroenergética, 2009.
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Vinhaça: Histórico da Fertirrigação
Evolução do manuseio da vinhaça:
Solução: Uso racional para a fertirrigação da lavoura de cana
Lançamento em Rios
Áreas de Sacrifício
Fertirrigação
Transporte
Resfriamento e
impermeabilização de tqs
Hydro-roll -Aspersão
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Vinhaça: Distância Econômica
Vinhaça: Custos da Aplicação
Estudo da Distância Econômica da Fertirrigação
com Vinhaça Natural
Vinhaça in natura
(CTC - Abril/2008)
Adubo mineral
900
800
700
600
R$/ha.anoo
500
400
300
0
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 64 68 72
Fonte: Elia Neto et all. Estudo da Distância Econômica da Aplicação Agrícola da Vinhaça Natural e Concentrada por
11 Evaporação. CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, Piracicaba, 2008
Vinhaça: Normas Técnicas de Aplicação
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Vinhaça: Normas técnicas - Impermeabilização -
Canais
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Deliberação Normativa COPAM n° 164 de 03/2011
observando-se:
- solos de CTCpotencial >15 cmolc/dm³, D máx = 700 kg/ha de K2O.
- A concentração máxima de potássio no solo não poderá exceder a 6% da
CTCpotencial; atingindo-se este limite, a aplicação ficará restrita à reposição de 185 kg
K2O/ha;
- Fica restrita a reposição de 185 kg K2O/ha via aplicação de vinhaça em solos que
apresentarem teores de potássio (K) trocável superiores a 150 e 200 mg/dm 3,
respectivamente, para cana soca e cana planta.
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Vinhaça: NT CETESB P4.231-Dosagem de K2O
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Vinhaça: Balanço de Potássio
Balanço de Potássio na Cana
Independentemente do tipo de mosto (caldo, melaço ou misto),
destilaria autônoma ou anexa (desde que seja processado todo o
mel e melaço), espera-se:
─ de 1 a 1,6 kg K2O/t.cana (média de 1,32 kg K2O/t.cana)
Assim pode-se estimar as possibilidades de fertirrigação com os dado
de moagem total de cana.
Exemplo (no caso de reposição média do potássio)
1 ha 85 t 112,2 kg
de cana de cana Taxa de K2O
1,32 kg
K2O/t
60 % sem considerar 0,606 ha
perdas ou saturação da
CTC ou áreas coberturas Fertirrigado Extração: 185
kg.K2O/ha
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Vinhaça: Impactos da Fertirrigação
Impactos negativos:
• Poluição das águas superficiais por acidentes (acidentes com barragens e
transporte)
• Risco de contaminação das águas subterrâneas (armazenamento)
• Odores objetáveis
• Proliferação de insetos
• Saturação do solo (desperdício de potássio)
Impactos positivos:
• Controle imediato da poluição hídrica
• Redução de uso de fertilizantes químicos
• Melhoria da estruturação do solo (incorporação de matéria orgânica – micro
fauna e flora – maior retenção de água)
• Aumento da produtividade agrícola (fertirrigação e irrigação de salvamento
das soqueiras com água residuárias)
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Modelo Tecnológico para o Maior Aproveitamento da Vinhaça
Sem prejuizo da fertirrigaçâo - Biodigestão e Concentração
(Produção de: Adubo Concentrado, Energia Renovável e Água Limpa)
Geração de
E.E. (moto
Biodigestão
geradores a Energia
V Anaeróbia
biogás) Elétrica
Vinhaça Biogá
Vinhaça 1ªG (processo
Bruta
mesofílico) s
Purificação e
compressão. Biometano
Pr-tratamento
Vinhaça 1ªG +
(resfriamento Vinhaça
Lodo
Vinhaça 2ªG correção de Bruta/
Biodigerida (levedura)
pH, ...)
Vinhaça
Outras Pré Concentração
Concentrada
“vinhaças” Tratamento
Vinhaça (Evaporação/
Bruta
(decantação e Vinhaça
Filtração) Osmose
Água
Reversa)
Limpa
Reprodução Proibida
Tecnologias: Concentração de vinhaça
Objetivo:
Promover a vinhaça como fonte de adubo e água, visando a
segurança ambiental do uso na fertirrigação e maior
sustentabilidade ambiental do setor.
Benefícios econômicos:
Otimização da aplicação (transporte e distribuição) na lavoura.
Benefícios ambientais: eliminação /diminuição dos impactos
ambientais referentes a:
Potencial de contaminação do lençol freático,
Proliferação de vetores;
Odores objetáveis;
Reúso da água da cana;
Maior reciclagem de nutrientes (K); e
Maior segurança na aplicação (menores volumes aplicados)
Novas tecnologias, vinhaça concentrada
Tecnologias de concentração de vinhaça por
vaporação (múltiplo efeito)
“Falling film” (Dedini-Volgelbush),
Nevoa turbulenta descendente (Citrotec, TASTE, ...).
Concentrações até 10 vezes (Brix de 20% ou mais)
Concentrador de vinhaça na
U. Cerradinho - Potirendaba
Concentrador de vinhaça na
U. Santa Elisa (desativado)
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Usina: Simbhaoli Sugars Ltd.
Ghaziabad, Uttar Pradesh
Tecnologias
• Biodigestão de vinhaça vinhaça
biogás p/
• Concentração de vinhaça por membranas de OR
caldeira
• Concentração de 2 a 3 vezes
• Capacidade de 720 m3 de vinhaça por dia. (30
m3/h)
• Consumo de energia de 4,5 kW por m3 de vinhaça.
• CIP: 15 minutos por dia (circulando permeado) e 5
a 6 horas por semana.
• Compostagem (parte ensacada p/ varejo) biodigerida
concentrada
adubo
Bioeletricidade
828 MJ (230 kWh)
Energia
Elétrica
12 m³ vinhaça/ m³ etanol Auto-consumo (10%) 745 MJ
285 kg DQO/m³ etanol 83 MJ (207 kWh)
178 kg DBO5/m³ etanol (23 kWh) Equivalente
1,4*
Vinhaça biodigerida/m3 etanol residência/mês
57 kg DQO/m3 etanol
36 kg DBO5/m3 etanol
*Consumo residencial brasileiro em 2012 de 9629 x 103 tep; 62 milhões de residências (tipo particulares permanentes
com energia elétrica). Fonte: EPE, 2012b.
Rotas Potenciais de Produção de Bioeletricidade e
Biometano da Biodigestão da Vinhaça
Produção de Etanol
Rota 1 – Produção de bioeletricidade (motogerador)
(m3/safra 2013/14):
Brasil 27.531.000
Biogás/ m³ etanol
Produção de Bioeletricidade
114 Nm³ (60% CH4) Energia do
40% eficiência 5,7 TWh/ano (Brasil)
biogás da
10% autoconsumo vinhaça:
EE liq. =745 MJ (207 kWh) 1,1% do
Consumo Elétrico (2013): consumo
516,3 TWh/ano (Brasil)1 Nacional
1Consumo de gás natural no Brasil de 77 m3/dia x 103 tep (BEN – Balanço Energético Nacional, 2014)
Potencial Energético dos RS Canavieiros
(base 2013)
Biodigestor (UASB –
termofìlico) instalado em
1995 na Usina São
Martinho. (operando)
Biodigestão da Vinhaça
Elia Neto et al. (2008)
Biodigestores de RS
em Tamboara, PR.
(Geo Energética)
Biodigestão de Vinhaça - CETREL
Avanços tecnológicos:
Motores mais eficientes a biogás (>40% de rendimento) e
Tecnologias mais baratas como biodigestores em lagos cobertas com lona (?), podem viabilizar a tecnologia.
Inovações tecnológicas com o uso de membranas e evaporação da vinhaça . Compondo-se com os RS (Geo
Energética)
Impactos Ambientais:
Maior sustentabilidade para o setor devido a produção de energia renovável (inclusive créditos de carbono pela
substituição de energia fóssil de termoelétricas a gás ou mesmo de motores de combustão)
Uso do biometano no setor pode praticamente zerar o uso de energia fóssil melhorando mais ainda o balanço
de carbono
Biodigestão é um passo em direção ao tratamento da vinhaça (remoção de 80% da matéria orgânica , pH
neutro, N disponivel )
A Biodigestão não soluciona os aspecto da vinhaça quanto ao odor, volume de distribuição e risco água
subterrânea (porém casada com a concentração estes aspectos são mitigados)
Questão 1: Quais são as quantidades e tipos de vinhaça
gerada?
Os tipos de vinhaça tradicionais de melaço, caldo e mista
A taxa de produção da vinhaça está em torno de 12 L/L de etanol, mas
deve-se perseguir a produção de vinhaça pura com alto teor alcóolico
na fermentação, diminuindo-se o seu volume no processo para
patamares próximos a 8 L/L de etano.
Novas vinhaças que veem surgindo: vinhaça do etanol de 2G, vinhaça
de produção de novos produtos canavieiros em desenvolvimento como
por exemplo o farnaseno, “vinhaça” do etanol de milho.
No mínimo devem-se verificar os impactos destas novas “vinhaças” sob
o ponto de vista de benefícios agronômicos, aspectos ambientais e
aspectos econômicos, pois se estará produzindo mais “vinhaça” por
área.
Questão 2: Qual é o seu destino presente e os produtos gerados?
Substancialmente o destino final da vinhaça a fertilização dos
canaviais, as tecnologias empregadas visam substancialmente
incrementar está função.
Oproduto gerado é o fertilizante orgânico com alto teor de potássio,
substituindo em parte o adubo mineral, tendo em vista tratar de um
produto importado.
Outros produtos advindos do emprego de tecnologias na vinhaça são a
bioeletricidade e o biometano, tanto para uso interno na usina como
externo disponibilizado em rede elétrica pública ou injetado na rede de
gás natural respectivamente.
O uso como ração é um pouco incipiente não tendo ainda mostrado
uma tendência que justifique o emprego de novas tecnologias para este
fim.
Questão 3: Quais são os principais inconvenientes do
atual destino e as limitações tecnológicas?
Os principais inconvenientes do atual destino da vinhaça na
fertirrigação é o seu alto custo de aplicação, que limita o uso da vinhaça
“in natura” a um raio econômico da usina.
Também a sistematização da área de aplicação de vinhaça por
adutoras e canais há um custo elevado, sendo economicamente
inviável atingir-se todo o canavial para distribuição deste adubo.
Após a distância econômica opta-se pela adubação mineral, fazendo
com que a vinhaça seja aplicada em áreas mais próximas da usina.
Assim se desencadeiam alguns aspectos ambientais como: saturação
do solo com potenciais problemas de contaminação da água
subterrânea, odores objetáveis pela decomposição da vinhaça, e
atração de vetores, como a mosca do estábulo.
As tecnologias desenvolvidas e em desenvolvimento tem como fator
limitante o alto custo de implantação e circunstancialmente a
necessidade de vapor excedente.
Questão 4: Existem oportunidades para soluções que permitam atingir os
três objetivos estratégicos (novos produtos, mais empregos, reduzir as
emissões de gases de efeito estufa)?
Um novo conceito na usina e órgãos públicos na produção de novos
produtos a partir dos resíduos industriais e agronômicos.
Anexo à usina deve-se implementar uma planta de transformação dos
resíduos orgânicos visando ter-se uma fábrica de adubo, energia e
água, principais produtos do emprego da tecnologia de biodigestão e
concentração da vinhaça.
Desta forma aumenta-se a sustentabilidade da produção canavieira do
Brasil, uma vez que estas tecnologias diminuirão as emissões de
GEEs, com menor consumo de diesel no transporte da vinhaça
concentrada e pela disponibilidade de energia elétrica verde e
biometano , substituído a equivalente geração energética fóssil.
Em relação a novos empregos tende a diminuir o numero de viagens de
caminhão, mas certamente a produção e instalação dos equipamentos
necessários para atingir o parque sucroenergético do Brasil,
desencadearão empregos substanciais no setor eletro mecânico e de
engenharia.
Questão 5: Existe uma tabela de tempo para mudanças? O que é cenário para
os próximos 10 ou 20 anos?