BRANDÃO, Carlos R. Repensando A Pesquisa Participante.
BRANDÃO, Carlos R. Repensando A Pesquisa Participante.
BRANDÃO, Carlos R. Repensando A Pesquisa Participante.
ii
Repensando a
t-
' .',:
p€S'quisa participante
\\\\
h§TE
P hRTlClP
A PESq\]I§h
REPE§$HNDO
- EhDco§
289[
- T0 ARhGuú]lh
Carlos Rodrigues Brandão (org.)
Repensando a
pesqtllsa
participante
editora brasiliense
Copyrigfu e dos aurore\
J{enhuma parte desta publicação potle ser g.ravada,
armazenada em sistemas eletrônico.s. .loÍrtcopiada,
reproduzida por meios mecanicos ou outt'os cluoisquer
sern autori:ação previct da editoru.
3" edição, I 98 7
3" reimpressão, 2008
Vários autores
da 3. ed. de 1987.
ISBN 85-11-0t0tt-7
99-5210 cDD-300-72081
Índices para catálogo sistemático:
I. Brasil: Pesquisa participante: Pesquisa
social: Ciências ocultas 30A.12081
participante pedro
Demo
104
Causa popular, ciência popular: Uma metodologia
do conheci-
mento científico através da ação Victor D. Bonilla.
- e Augus to Libreros.
Gonzalo Castillo. Orlando Fals B orda
I3 1
r
8 cARLos R'DRIG,ES BRANDÃo ro.g'.) . ,
Introdução
d e,,,T:.i:,,.",:;í.Hff:,:Í**..
compreen dia a investigação :T,Tx# : f;, Í;;,,,T,ã
em suas fases de
codificação
TlH.Tfi
e decodi-
-'mf;"?":'f[Íl *ffi','f;; ;;,,0,, de prosraÍn aÇ ão e d esen -
As etapas de obrse^aç:ào
construçâo dos codigt-'s e ctrditrcar--àr-r se rrrieniar-rm
,.lue poss:::ir:ar.:: pf,r, a
situaçôes sociais o pt-rSte;-ior ana]rse ,cas
rormas peras quais':trit;r;;. cr)trrrtr char es para a compreensào
os camponeses das
cepção e comporramenro construíam arearidade;
É diante dela. A decodificaçào sua per_
análise conjunta enfaúzava a
de,tais situaçôes.
1;,1,
rlil
.ffi.
cessos e relações A hipótese subjacente
zariut
nelas ton'iãlr. com fur? , nãoapenas
a este pro-
código de perce;;;", se obteria o
:eu
e apoiados provocados p.tu'iragem
pela intervençãô uürizada
Neste sentiào' a de um coordenador
decodi Íicaçao resurtariá extr
para decompor e
analisar as'iaug.r,
em um ;H:r;".:iJrff;
cessos e relações e, conseqüentemente,
nelas contidàr. Co, os pro_
discurso popu lar'
forrna coÍno grupos
a
trq não apenas se obteria
o
interpretavam as e organ izações descreviam
mensagens, como também e
começ avama se produ-
;:#j::rffi;nffr.iã ae p.r..uer as esrrururas exisrenres, modi_
{ ssim, arravés de,;
apontar-se-ia para
::#:ff:'T:#,Í}: i:'r,:t; IfH,*:::,
uma
problemas' possibilitango compreensão cad,a vez;;,, grobar
u p.àg.rmação dos
adequadas aos níveis de atividades pedagógicas
de t*"}ência ' ut"unçados
erigências de sua própri pero grupo e às
a prática sociar e produtiva.
A experiência a que
Recurso' unidade aludimos rearizou-se
*ittlo no asentamientoEr
mero de famílias nada;;. base ;"; seguinres
estaberttiau., antecedentes critérios: nú_
dade' facilidade históricos da rocari-
at- utt"o e inexistência
à. investigações prévias
,;"1";';:1ff;ux#{.111*t}t}.. u,n i ãrd. o.-,,u u i_
estrutura gerar do
p.ljero, proãoeu_se
de visitas ao local
;fãram ã*
à;rrl,1ffi"T:rr;?
Jr:i:
eropósito: desvendar argurnas entrevistas
antecedentes soble com dupro
a propriedad. .tr"#
informar aos camponeses fi*
.::ilr: os objetivos e amerodorogia do
i
CARLOS RODRIGUES BMNDÃO 1org.;
Re/açôes
e situações ou Contradições
referentes ReferenÍes
camponeses
1. Processoser",rnõ".
de produção n,
ÀãIj I _- ::Trynê. x terra
I - lll?, ,
sítuação de trabalho
lade " no ;;;;_''='- situação oe conriito
tamiento I :rmp.oneses trabalhista
traba lho individual
x trabalho coletivo trabalho individual
trabalho x Oiversat da terra x trabalho
coletivo
situação de jogo
esportivo
gestação e estru_ diretiva x
asenÍados assembléia de
turação do poder
CORA x asenÍados asenÍados
3. Processos de
socialização pais x filhos
educação formal
x
educação informal-'
4. Processos de religio_
sidade camponesa Deus x crentes
sacerdotes x fiéis
Fonte:
#xffi,#"T,J:3,
terra' vantagens
e desvantagens,
para assegurar necessidades de
a comer ciaúzação uma
contradições referidas e o .or.u*o, entre";::#í:T:
aos processos de sociari zação tinham
referente em situações
familiares, na partici seu
da mulher nas paçãoescassa
atividades ao.rtJerecimento, ou nura
as artas taxas de
:5;k.Xi,:3j:Hr:1, Iu: uiío.o*o á1ã,u üva d,amigração, nata-
a
ün ic a,
M qu. ;?Til::àr#:,;:;.::;:TaiÍ*í
: r;
";;
:.;;ü'JT.Í:.:ii'?oro d;;ii*.,,;, ",, siruaçõ;-;. if,,,$i{
rereri am,
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i,".T
o enri dade
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*Í
I-*1",';J1"'J;,'.T, Íi{}l{} }::. : ;, :
r:T :
j: #Jil,H]
. =-s referidas
' -': j:de'
"*[,:iil:;,;rJil:l
à religioriauj.;;ü f],.lT#i
à, úiu^à*çao
de uma igleja que à presença. na
aparecia.oÀã^p.orongaràrto
da casa
patronal, a interferência do patrão na atividade religiosa e o papel
do sacerdote como sancionador dos atos dos camponeses , pattt-
cularmente diante das atividades que afetavam os interesses do
proprietário das terras. Junta-se a isso a importância atribuída pelos
camponeses à "ação divina" e seu conseqüente fatalismo.
Durante os meses de outubro e novembro de 1968, procedeu-
se à real rzaçào das decodi ficações nos círculos de investi gaçáo .
A investigação-ação
e a década de setenta:
mesmo conceito duas vertentes para
um
Embora
se reivindiqu
introdu zido um enfoque e para
paulo Freire
a pri maziade haver
política na educação ;.r;;;;"';";: *rrcada conotação socio_
p..qriru educativa. dos
canos' o conceito "
de in".rtigu
países latino_ameri_
setenta para caracte ção-ação, util izad,o a partir
rizar dos anos
provém de uma vertente os estitor'pa.ticipacionistu, de pesquisa,
mais sociológica do
cacional' Por trás que propriamente
desse ct ncei to, jaz edu-
método prevalecente umaforte .riti ,u aunidade
nas ciência, ,o.irii de
visão parcel ada e à preeminência de uma
unidimensionar da
radical entre ciência ,"uíi,daáe ,o.iur, à
e polít ica, à desvincuração separação
prática nos procedimentos totar entre teoria e
científicos
ar aparticipação .or.riru e à manipuração dainforma-
:::::;i:r', por parte das no, processos de gesrão
sociar
carnadas de dlstituídos
latino- ui'"?' das sociedades
ü: :':fi . jl:*;:,, #.r,?l;,ir"J;
denr e,,
da sociologia' como
reação aos paradigmas
ciais sociais' propondo
* :T::lfi: {
predominantes nas
caminhJs arternativos ciên-
;;
o trabalho mais tigniÍi.utiro
de ação.
nas experiências encabeçãaur dentro dessa proposta
acha-se
colombiano' ensaiaol' oo, orrando Fars bo.ãu, sociórogo
em funçao de estu
social dos setores
mais pobr., . urru.udos
dar asituação histórica
e
efetivar a vinculação
e de dasociedade corombiana
da pesquisa com as
desenvolvidas pelos
g'upo, . orgu nizaçõ., ações sociais e poríticas
"ir^ Àui, conscientes do país
::ff .*prriencias se susrentavam
il'j,:'^^::')-' em um con_
. :;il:?' i:'-
idade que privilegi; ff:[:'f. ;l*: ltllífu.J,;i.,i:
r o p u I ar
'' á'
a manutenção do sistema
'i e dependente, e a primeira
sta vigente , capita-
''r empírico, prático, de definida como o ,,conhecimen_
t::il t ,rnro-ro*r* que tem sido um bem
ideológic.o ancestral cur_
'-c) permttiu ctiar' ftabalhardas camadas da base ro.iut, o quar
e interpr etar- a rearidade
recur.o, q, e a naturezaorerece predomi_
=-J,:;Til;,,,";fi:rle ao homem,,
24 C.{RLOS RODRIGUES BRANDÃO (ore.)
A investigação-ação na
vertente educativa
Paralelamente ao desenvolvimento
lógico' a decada de setenta assiste conceitual no campo socio-
estratégia ao desenvorvimento
Tetodológicl no-.u-fo das pratica educativas. de uma
tegia é também de'ãminada
nos seus traços gerais
.oiro processo cle investigaç Tal estra-
ão-açã,o e,
recolhe os momentos
dos por Paulo Freire ' , fases e etápas derinea-
para a inves tigação
proposta por João temátiça. A metodorogia,
Bosco Pinto, encontra
Paulo Freire os elementos na expe .iência
iniciar de
partir do qual constrói de um marco teórico-metodorógico
diversas a
com maior ou menor técnicas que vêm sendo
êxito em microprocessos apricadas
ridos gerarmente eÍn de planejamento inse-
programas de desenvotrirr.nto
Teoricamente' Baúo rurar.
conceito de educação Pinto sustenta sua propos
libertad;;;, entendendo-a ta apartir do
que tendem a recolocar .ô*o
h";;;;primido,tradicionarmenre os processos
L'ido como objeto "
da edutuçaol conce-
Dando prioridade à ,o centro do processo educativo.
ação junto a camponeses
bàneficiários de pro-
l- CARLOS RODRIGUES B}+NDÃo (ore .)
,'t
recolher infor-
mação básica documentação
contatos pes_ compilação de
sobre a área de dados (trabalhos
traba lho soais e insti-
a nteriores,
tucionais
monografias,
estatísticas,
metas etc. )
entrevistas
o estruturais
r{ trabalho em
o,' grupo interdisci-
Í
o observarG plinar
r( guias de per_
(-)" lizar investíga- elaboração de
guntas
ções individuais uma lista de
o diário de campo
perguntas. guia
F- ficha de desco-
U) de entrevistãs
TU brimento
com os campo_
z NESES
uso do diário de
campo, um
caderno de
informações das
entrevistas na
participação no
trabalho dos
camponeses
(fundamental)
execução de
fichas, formali_
zação e seleção
da informaçáo
compilada (par_
ticularmenté a
partir do diário
de campo); ati-
vídade a se rea_
lizarem grupo
contin ua
28 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org')
codigo, se
procura:
o
r(
o a verificação
e/ ou aumento
o^ de informação
í . detectar as
o
r( percepções
o^ que têm os
produtores da
(, realidade
F- representada
a
TU no cod igo
recompilar todas
z as informações
em forma de
notas, grava_
ções e sistema_
tizar com fichas
e estruturas
compatibilizar
marco teo_
os elementos de trabalho de
rico de refe-
informação com equipe para
rência
o marco com parara
teorico teoria com a
(teorização) percepção dos
g ru pos. para
d*
tectar os vazios
distorçÕes no
con hecimento
de sua realidade
buscar uma
ampla expli-
cação e uma
compreensão
dos p rocessos
reais de funcio_
namento da
sociedade (ana-
lisar os elemen_
tos, identificar
suas inter-
relações e a
dinâmica histo_
rica)
redução
t";;i;; temassera_
:_ identificar con_
juntos de ele_
mentos que con-
Íormam os te_
mas significa_
tivos na percep_
contin ua
30 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org.)
Atividade e pratica
Momentc Fase e seu objeto L lnstrumental
a problematica
e os projetos de
ação
: nos mo"'i::t:j
de diversos cursos de ação.A
d:.devoruÇão sisremátic parti_
;'áti" iterativr' a d,arearidade estu_
traburhf J.'J,.::l;'" .;;;;;;;;r.
esras merodorogias
de
f,:::l t'?ffi: ;ü*Íl;1*
:ffil,H:j,# Í$
ill {.::ff ;fi
açõe s
;ffi ": iffi? T:, ;,: 3{k :* í*}lIIí,.
qu e co n tr i
para
3 ,,, toenas ir,i"fr;;;;;osro acima,aprese nta.
seqüên.fJ #i":ftHr
empre gada ff Jf ffi:l:1*l
em projetos de T:J,lnflllil
outro, invesrigaçâo clentifi.o-u.àdêmica
a
mp,
e, de
a iua upiH ;x": ,l,L iJ H::. i:: :ri};ltÍÉ:;
#":.1i:ti,T,'j:âs
etapas ár
o- sramação,execução effi:T ?r,,r;
avatiaçãode
Tec
cipariv",l.';;#.'#?.iHi;ff
ciais' pattit'lu'mtnit :fài:.i jff ,Í:ffi fi
:,.:i:T:,íJ:::
fase
a obrenção e/ou 'u de de pesquisa desses processos. De fàto.
proárção
e a ação não é, .orÀ..fu;;medianre
em nenhuma d a
_Tt'iante rnte^ ençào
a
modo de se obter
inrormações
para o estudo
,alillJ"ffi'T;::::l;1_:"{:{ii
de um probrema
üi::;íl' j';, particurar ,usrrarn
"
r en re
",,
volvimento
s,
;; ::;: ã T j1l"J. :,r, ; *.; t f il l* :: :..;.:
de urna at]u''
rindo-se ao tipo Assin ala opesquisador
a. irrt.urnento empregados, em questão, retb-
Que:
também necessitei
de técnicas normais
;J:.1J::fl t:'ji
da ciência sociar
comunidade). ri, uma vez
.,q,i,., sobre a siruação
ardeia (...rlur,. da
mais
r,r';f:ffi::r: #:l,I;:i;,,.rd
idosa) (".) po. meio desre
enfo^oue
1
a.lu.ricipação, Hffi Í,
o"rítico-eeonâmi.u ro.ur fui defron_
ó#L:T;;::'lx:?
atdeã se 0.,..u,
da .o.i.auo. campo-
;;.:ilj;::.fj' :.TT,X1[:tHr,,"rrr,ÍrÍ,
+T;
"u ,,llo,de'a
;ffi:il"J,L"::'L:j"'quanto ttu
;;.r. de baixo,,
com meus
poder, cofiio parte
da
j
lottivei r a .strutura rocar de
Minha
contradições do
rn
avida,,i'ii*j:-t,i]:#'::',tH
poder.',
jt[t*{:fii*;;;i*
assuntos básicos
rrrrir..l"irrr,rrrs . ,,
34 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org')
QUADRO.RE.SUMO N.O 3
Comparação de seqüências metodologicas
em dois estilos'de investigação social
de setores Populares
Passo 2'. autocapacitação e inte- I
gração de d iversas I
PercePções e exPeriências
assim como distintas
orientaçÕes a resPeito de
teorias sobre o modo como
se organiza a sociedade e o
PaPel da investigação social
co ntin ua
REPE\SANDO A PESQUISA
PARTICIPANTE
'l
n ve st i g a ç ã o c ie ntífi co-acadê m i ca
lnvestigação-ação
4. fuletodologia (ou marcos
metodo_
log icos ) Momento 3: programaçã olação
4.1 .
Formulação de hipoteses Fase 1: realizaçãó Oe cíiculos
de
4 .2. Seteção e operàüonati estu do
zação Fase irradiação da ação edu_
de variáveis
4.3. Es_boço de instrumentos ca t iva
4.3.1. Seleção da amostra Fase ela bo ração d e p rojeto s
4,3.2. lnstrumentos propria_ e determinação de neces_
mente ditos (en_ sidades ediJCe: ,,as
Fase 4 exe:-;ã_ a
4 4 Ap =,= =-Z.:-
r ica ç?§l:,';,: T'"",::I:jl ='a.e::s:zz:.à:
mentos e controle Ce varta_
veis
4.5. Coleta de dados
4.6. Processamento e análises
de
dados
codificação
análise estatística
construção de tabelas
etc.
?^ lnterpretação dos dados
1
4 .8 . Relatorio fJnat
consti-
b,aiho de pesquisa. euestionar essa relação e seu equilíbrio
ruem aspectos para reflexão, tendo em vista o desenvolvimento
de
Da investigaç ão-ação
à investigação m,itante
As alternativas
r Bosco pinro ;.;;f;flTil,lffJ#,J
político-partidáttio:
:scritos (Fals Borda'
isso, pelos menos,
;,.ill;
é o que aparece
i fÀ,"Tll;
em um de seus
lg77)' outras es trategi,urs
:eríodo colocam talcompromisso surgidas neste mesmo
:eórico-metodológica como eixo centrar de
no campo da investiguiuo sua proposta
S uas origens sociar
provêm tanto do campo -.ién.iu, e educativa.
s d u cação das sociais
' recebendo ate agora como da
-inrestigação
àuu, a.roÀinaçõer,
:i I T:: H' t',ffi T.Tl,Jilt*11fl;})rop o ra roi i*pír.,
s
ã-
';rda em t-'foqut sócio-eau.utiuo,
: roS Miguel'Te Rosista Darcy foi ;H',r.u;rT:l#i;l?-
: :er-relacionar os J. óri, e'ira. x.rtu úrtima, procura-se
princípios' au-.àu ruçao iiuà.tudora
proposta por
38 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org.)
continua
REPE\SANDO A PESQUISA
PARTICIPANTE
Passos da investigação
Fonte:
QUADRO.RESUMO N9 5
seqüência metodorógica
da pesquisa participante
a) montasem institucionat e
;:#:i;ZntZt"' metodotosica dapesqulsa
Nesta primeira fase' a equipe promotora da pesquisa participante
nizaçõe'' Àp,"" entativas da poputação con-
'::f ::::;,;?3,::"?:* reari-
informação e discussão
do projeto ce pesquisa participante
poprlação e seus representantes com a
formulação do qrrdro teorico -Ja
pesquisa participante (objetivos,
conceitos, hipoteses, métodos) r
delimitação da zona a estudar
orga nização do processo
de pesquisa participante (instituições
grupos envolvidos, distribuiçào e
são... )
i* tarefas, estruturas de deci-
seleção e capacitação dos pesquisadores
elaboração do pr"jrrposto
elaboração do catenàãiio
pante
or. principais etapas da pesquisa
partici-
b)Segundafase.,estudopreliminareprovisorioo,
em estudo
o trabalho de conhecimento da rearidade
longo de todo o processo,da deve ser permanente ao
pesquisa- participante.
ài',"J,acionai ãs i,es tipos
|ffiiffi?,::::.:?;;;ü;J, de inrorma.
a estrutura social da população
o ponto de vista dos habitantes-em estudo
sociais em estudo, e os principais
ár, ar"as geográficas e estruturas
uma informa ção sÓcio-economicaeventos de sua historia
sócio-económicos e tecnologicos e técnica, ut:ilizando indicadores
A retroalimentação da primeira
fase
os objetivos oeóta entrãga
e discussão dos resurtados
promover nos envorvidos são os seguintes:
e o"rri,
mais objetivo da sua situação -. -"'ur habitant"r- u, conhecimento
identificar, com os pesquisados,
prioritários e que qr"i", os probremas gue consideram
estudar para sorucioná_ros
conhecer a reação da população
diante dos resultados do
orientar as rasel ,úrintes diagnós-
Hi,:,Jfl,j" do óro."rro de pesquisa
As atividades de retroa,,r:!!roão
supõem não apenas a eraboração
de
i:::"J�Jfi.ff;."x:i:::::
tar os resurtadosoe uma r;:ü; il-:r:s,
ffi;:l:"r'JJ:iff,"r',l,,i;l ,;:X?ilffi-
cartazes etc ) para apresen-
,
Considerações finais
movimentos e de suas
import.r;lf,H?r:1"í1ff:,,::il;rrT*;
organizações. se se observar
riências desenvolvidas o tipo de expe-
e sua base organi zativa,é
em alguns casos elas cabíver pensar que
aparecem onde existe
tanto' e se reconstituíram espaço porítico para
a partir da ."p.riêncla
dos movimentos sociais, de participação
perfii*oo-r. ,o*o uma atividade
segue a criação de que per-
novos espaços onde possam
se desenvorver core-
arrernatiros de trabarho
Irff:::r}:deros sociar, porírico, econô-
Nesse sentido' seria
sente nesses estilos
possív el dizer que. a heterogeneidade
de trabalho pre-
Iidades de açã'ojunto reflete*, u.i,,u de tuão,
a setores populares as possibi_
politicamente restritos, dentro de rimites sociar
com vistas
a erevar os níveis de e
apoiar o fortalecimento consciência e
organi zativo. os moderos
indagação e criação arternativos de
cult uruí
paradigma" de produção ia não aparecem então como um ,,novo
como
e comunicação de conhecimentos,
um conjunto de ações mas
que contêm em germe
se propõem como os erementos que
alternativa ,uiio" pu;;'
educativa quanto para u educação e pesquisa
a sociedade em seu
Gómez de §ouza,,aol'uções conjunto . Nas paravras
urr.ripado.as, 1*r.riências de
do futuro' que podem portadoras
chegar a ser laboratórios
sociais e lugares de
48 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org.)
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-í9
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"Investigación
v rnetodorogia
crisÍianismo, srr,ri)i, !e Ia investigación j;r
ãln,.ruución der tem.a
te; generador, ,,,
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Hulzer, G...1,,
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"trr..tigación
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Pesquisa participante :
Propostas e reflexões
metodológicas*
9,y Le Botef *
Estes três tipos de info rmaçáo não são independentes entre si.
E necessário estudar as suas relações: as necessidades experimen-
tadas e exprimidas, por exemplo, não são independentes da posição
ocupada no processo de produção por aqueles que as experimentam.
Trata-se? na verdade, de três momentos complementares na unidade
do diagnóstico.
,l-.rv,!§§üffir:
60CARLOSRODRIGUESBRANDAO(org.)
inicial-
inevitável. Isso, ao menos, pelas duas razóes que seguem:
não
mente, não vemos por que a subj etividade dos pesquisados
poderia ser um dado objetivo a ser estudado. 'Além disso, essa
I
est,ategias possíveis de
'4s ação.' a formulação das
e a at'aliação dos seus hipóteses de açào
resultados; ;if;;;nciação
de tipo imediato e as que " ,rtr. as soluções
rt; cogitadas a prazo mais longo, bem
como entre as que estão
ao alcance dos participantes
e as que exigem
-do,
:,TJ,:'J:.::rX#"::jervenção; a análise das ações corerivas .
Se damos por verdadeiro
que a maior parte dos problemas
pode ser resolvida num não
nível individual e local, e
tanto' delimitar com precisão import ante,por-
os níveis possíveis de açã,o.
coletivas necessárias a longo As ações
pÍazo não devem, entretanto,
possibilidade de tentar exclu ir a
melhorar a situação rocarmente
prazo' os limites dessas e a curto
ações a curto prazo devem
neados para que estejamos ser bem deri-
conscientes àu, condições necessárias e
das ações a serem empreendidas
numa escala mais import ante,onde
influir sobre os fatores estrururais
::ffi["j;X.o"' que dererminam
No decorrer deste terceiro
momento, é necessário que
:icipantes compreendam os par-
que o processo de análise
:ttin a aí' Ttata-se tão-somente crítica não ter-
de estimurar e desenvor'er
:rica e uma capacldade de uma dinâ-
análise crítica p...anente.
r'lrlpreendimento de ações o próprio
destinadas a
::solver os problemas deve -.thorar a situaçào ou a
também
l:trblemas, de novas informaçoer, resul tar nacolocação de no\.os
.'\ p I icações,
de novos obstáculos, de novas
de novos conceitos etc.
Este plano de ação bem como a sua rcahzação devem por sua
vez dar lugar a um processo defeedback, isto é, a uma discussão e
avaliação permanente de sua orientação, de seu conteúdo e de sua
reahzação.
O objetivo visado nesse momento é o da participação da popu-
lação na esfera das decisões, do mesmo modo que ela esteve presente
nas etapas anteriores do diagnostico e da análise dos problemas.
A "retroalimentação" ou feedback
"A linguagem é uma legislaçáo, a língua seu código. Nós não vemos o
poder que reside na língua porque nos esquecemos de que
toda língua
é uma classificação e toda classificação e opressiva (
) Falar, e com
maior razáo discorrer, não é comunicar, como se repete com
dema-
siada freqüência, é sujeitar. Toda língua é uma reição general
izada
("')' A língua, como desempenho de toda linguagem;não é nem
[: um sistema de representações
:'b
sociais Y"\'
que Lsr
caraclsrzam
st tsI I Ldrn Ufne COnCep-
r çãOde mgndOtt.
I
Í
o que está em
.questão aqui não é a utilização da pesquisa
pata fins de exploração,
dominaçao ou manipulaçáo,
mas a pro-
.,;;;nto instrumento, o que eraeimpõe,
flT,1X',T1.,íX,r,Xl?::H1
Diante de tais análises, é necessário
Nos não pensamos assim.
rejeitar esse instrumento?
ou, então, seria ,r...r, ário açabarcom
logica e refut ar tod'a a linguaâ.rr, a
toda comun icaçãobaseada
codigo' se a pesquisa socio-lógi".u, num
do mes*o àodo que a pedagogia,
é uma "violência simbólica"Jo
então ela emerge, como toda
cia, da "dialéti ca d,a coerção violên-
e do consentimerit á,, . ri- Ér.rr.
que o sentido da pesquisa ponto
participante deve ser reencontrado
tudado' A participação dôs e rees-
p.rq'uisados ou propria
eraboração do
Na PP a preocupação participativa
'
:tilo pesquisador est á mais concentrada
no
do que no pólo pesquisado.
::ata de "ação" na medida Arém disso, não se
em que os grupos investigados
:obilizados em torno de não são
objetivos específicos e
'iâS atívidades comuns' o sim são deixados às
fato de à, pesquisadores
:-.s situações observadas participarem
não é uma condiçãà suficiente
;n PA' Pois, além d,a participação parase farar
-Ea participação dos interessados dos investigadores, ÍI pA supõe
na própria pesquisa organi
.l:,j:rTl.o' uma determ inad,a r?l?. zad,a
du.iipo de ação? Em gerar,
,
ro o u,lffç;:',",i*i,?;ff
:.: r
o's
"
i:?ç
(4)ü'
;;"!ii:ü:!. I;,?',::r;.,:: lsl: o " o s a ", i n : v ár o s a u t o re s,
r i
i
Aspectos valorativos
Contra o "ideologismo"
A questão do "misticismo"
Filosofia da Ciência
De acordo com as nossas avaliações precedentes,
que o desenvolvimento da PA não pensamos
deva recair necessariamente nas
posturas espontaneístas e ideológicas
e que é possível manter a idéia
de PA dentro de uma concepção da
investi gação socioló gtça, da
pesquisa edu cacional e da pesquisa
em comunicação embasadas em
elementos teórico-cientificos .
Sociologia da ação
Aspectos metodológicos
Conclusão
:1
(*) Cap. Ill de: Pesquisa Participante: mito e realidade, Brasília, U nB/
|NEP, 1982. _
(**i'O autor é sociologo; foi secretário-geral do MEC na gestão do
Ministro Eduardo Portella. E prôtessor do Departamento de Ciências Sociais da
UnB e sociologo do lnstituto Nacional de Estudos Pedagogicos - INEP.
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANI"E
Teoria e pr ática
1llqmll"
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE
Postura dialética
1977; F. Chatelet, Logos e Práxis, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1972; K. Kosik,
Dialetica do Concreto, Rio de Janeiro, Paz e Terra , 1976.
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE 113
"Assim como não jul*ea um indir'íduo pela idéia que ele faz de sl
se
proprio, não se poderájulgar uma tal época de transformação pela
sua consciência de si; é preciso, pelo contrário, explicar esta cons-
ciência pelas contradições da vida material, pelo conflito que existe
entre as forças produtivas sociais e as relações de produção. Uma
organizaçáo social nunca desaparece antes que se desenvolvam todas
as forças produtivas que ela é capaz de conter; nunca relações de
produção novas e superiores se the substituem antes que as condições
materiais de existência destas relações se produzam no próprio seio
da velha sociedade. E por isso que a humanidade só levanta os
problemas que é capaz de resolver e assim, numa observação atenta,
descobrir-se-á que o próprio problema só surgiu quando as condições
materiais para o resolver jâ existiam ou estavam, pelo menos, em via
de aparecer" .lo
Como se entende a pp
%,
t22 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org.)
(13) Budd, Hall, " Participatory Research, Popular Knowledge and po-
wer: a personal reflectio n" ,
convergence, 14 (3):7-g, 1gg1 .
(15) R. Tandon , op. cit., p.21 . " Knowledge has been and will continue
to be a source of power. Participatory research has been an attempt to shift
this balance of power in favour of the have-nots."
(16) B. Halt, op. cit., p. 13.
(17) lbid., p. 14; O. Fals Borda, " Science of the Common people".
lnternational Forum of participatory Research, lugoslávia, 1gg0.
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE
g) aprender a escutar".l8
(íB) B
Lrtl , op. cit. , p. 14.
u"rnrnlJ,'à,?, !,,i'1'r-t'iiitip'torv Research: an approach ror chanse,,,
con_
t24 CARLOS RODRIGUES BRANDAO (org.)
h *r: r {
'i-u: : Jenominado
freqüentemente de retroalime ntação. De
õoterr vrsuali za a PP lig ada a ôerto
"processo experimental,,, que é
assim montado: formul ação da problemá
tica provis oria(conceitos,
objetivos, hipóteses); escoiha das variáveis
a observar e dos instru-
mentos de pesquisa; observ ação das
variáveis; análise e síntese dos
dados; elaboraçã,o (afinação, transformação)
de uma pe\ â prob,le-
mâtica' A PP utiliza-se destes passos e é con.truíd:
.:r ::.s i:>es
1) la -fase ; "r.rploruç.rir) !t:t.tii cirt. 1,,irlj,r i..../.j.i,c
a) fixação dos objerir os
b) seleção de variár eis e dos instrumenros de pesquisa
c) realização da pesquisa
d) síntese;
2) 2" fase: identfficação das necessidades basicas 2a
a) elaboração da problemá ticada pesquisa
b) nova seleção das variáveis e dos lnstrumentos
c) realização
d) análise e síntese;
3) 3" faset elaboração de uma esÍrategia educativa
a) elabor ação de estratégias hipotéticas
b) elabor açã,o de dispositivo de comprovação
c) discussão com a população
d) comunidade assume estra tegia
e) execução.
Neste processo de três fases há também
momentos de retro-
alimentação: ao terminar a primeira fase;
ao terminar a segunda
fase; e na altura da discussão da 3a
fase com a população. com este
processo consegue-se: identificar
as necessidadàs;
gia de ataque; levantar os recursos estraté- fo.*ular
2s
disponíveis; partir para solu-
ções' Le Boterf é um dos autores que *uis carac teiizamo aspecto de
"Em seus traços gerais, tal estrategia se desenvolve com base na reali-
dade. Vivências, experiências e interesses dos membros de um grupo,
se sustenta sobre uma horizontalidade e diálogo entre os que parti-
cipam do ato de aprender , Se operaci onaliza através de métodos de
trabalho grupal e aprendi zagem coletiva e se orienta para o forta-
(28) lbidem, p. 60; Heinz Moser, " La tnvestigacion -Accion como nuevo
paradigma en las ciencias sociales", in: Crítica y Potitica en Ciencias Sociales.
Simposio Mundial de Cartagena, vol. l. Bogotá, Ed. Punta de Lanza. 1g7B
p.117 et passim.
(29) U. Himmelstrand, "lnvestigacion-Accion y Ciencia Social aplicaca:
valor cientifico, beneficios practicos y abusos". ln: Ciitica y Política en Ciencias
Sociales, op. cit. , p. 174-175.
CARLOS RODRIGUES BRANDÃO
(org')
128
recimento orga nizacional dos grupos menos
privilegiados. Portanto,
com u, uço.s que têm por objetivo estabele-
se vincula estreitamente
em benefício
cer linhas de trabalho e arganização que redundem
30
coletivo."
alter-
(30) Marcela Gajardo e Jorge Wertheim, Educação Participativa:
nativas, (a sair pela Editora Paz e Terra)'
(31) lbidem, P- 20 eÍ Passim'
i'participatory Research by lndian women in Ner-
(32) Graee Hudson,
of Participatory Research,
thern ontario Remote communities ", in' Forumunsatisfaetory
zs, "Th" key to changíng this situation is for
lugoslávia,"ióao,-p have the capa-
government to recognize that indian peõptã and. communíties
and to make available the
city and the desire tô provide for theii own needs, people are free to deve-
necessary responsabirity and resourees so that rndian
lop and provid'e the services that thei themselves choose"'
(33) M. Gajardo eJorge Wertheim'' op ' cit''p'20'
,,põpular Education: concept and implications", in:
(34) F. F. Grossi ,
rnternationar cauncít for Adutt Education, Trinidad, maio 1981 , p'71 '
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE Dg
quisa-ação",i5 ou da insistência sobre
o aspecto do envolvimento
político.
A tônica bás ica, todavia, do ponto de r ista metodologico
união entre conhecimento e ação. é a
(3)oexemplomaisconhecidonaAméricaLatinaéochamadoProjeto
,,pran simpático", referente à colÔmbia '
camerot e seu afirhado, o famoso
para medir e prever as causas das
Tratava-se basicamente de um projeto do mundo' Procurava-se
revoluçÕes e insurreições nas áreas subdesenvolvidas
para eriminar essas causas ou para enfrentar revo-
tambem encontrar os meios pelo exercito nort e-ameri-
ruções e insurreições . o camerot era fatrocinado
milhões de dolares com o soRo'
cano mediante um contrato de quatro ã sers
de washington, D. c. As investigações
uma agência da American university de áieas estrangeiras; preservação
do soRO incluem: levantamLntos aáalíticos politicas e sociais da-
de informações atuar ízadas sob re ,orpr"*o: -militares, rápida para o exército
queras áreas; preservação de uma rista de informação
importante do ponto de vista
com respeito a quarqu er situação considerada
militar.
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE
135
Em busca de um método
Inserção desfocada
A investigação militante
Pressupostos teóricos
Coordenadas metodológicas
l) IVÍodo de aproximação
A)
Analisar a estrutura de classes ,Ja regiãrr
tru zona para
determinar os setores e que desempenham
-qrupos ari um paper_
chave.
B) Tomar desses setores ou grupos-chave os
temas e entoques
que devem ser estudados com prioridà0.,
de acordo com o nír.el de
consciência ou de ação dos próprios grupos.
C) Buscar as taízes históricas das contradições
que dinami-
zam a luta de classes na região .
D) Devolver a esses setores ou grupos-chave os resultados
investi gação da
com vistas a atingirem maior c lareza e eficácia em sua
ação.
A incentivação
(1 0) lbidem, p. 1Bg .
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE 15I
Resumindo
a revolução de 1852''
a frente; os artesãos duranteos
os com uneroscom Garán oo-lrt à, nntiãquiu; .lideres
operários e
os camponeses antitaiiiunáirt* ;;;, tradição guerrilheira do
u p"riii de 1g1g;
camponeses da costa Ailântica índios levantiscos etc'
negros cimarron", á dos
país; a tradição-rebelde dos do conflito sociar encontram-se
em
(15) os fundamentos da escola *"no, sistemalizada' No caso do
maneira mais ou
todos os continentes de lbn Khaldun' Hob-
ocidente, como se sabe,
sobresrr"* Heráclitoã Éoríbio, Lumumba' Nkrumah'
,lorrecgT tr',tao' Giap'
bes, Hegel e Marx. ultimamen," e Mariátesui'
Nyerere 'ã' irnãn . ua'Ãmerica çi'il'r'^yfl,I'-i";t'Éonifácio
sociais é útil paru ilustrar o quadro
;políticos -
A leitura desses autoi"='- nã'cotoÃbia, não prrrl*plica-la' Entre os autores
generic; ã rrtã o" ctaêes vt'nuel Ancízar e Eugenio
do ,áóuro xrx,
corombianos mais p"rtin"ntes Emiro Kastos, "tião
que colocou em 1851 a ameaça
Diaz,sobre o probrernã iriãr; óár seu estuqo sobre
Miguel samper,
a miseria
imperiarista norte-am"ri"un"; em diversas
ü"àrroó"n,rás e'Died-o Mendoza Pérez'
urbana; Aníbar carinão,
ateri-oos ja mgncionados no texto:
passagens de seus
Neste'rà*ro, Hernández Rodriguez'
"r.ritôr. i.-ôoràr, cuiitermo
Arejandro Lopez .r. õ., Êugenio úrtimos piimeiras fases); Antonio
g.:j^ rrà-r
rndatecio L. Aguirre (estesprimeiã;';b*ri, "* rtnáiôArrubla' Francisco Friede
Posada'
Garcia (especiarmente suas
e
õ*rr ar, r=üniriro zurera' Juan
ru.gntgr" representa a culmi-
Rafaer Baquero, Diego Torres Restrepo,' àúrà obra
outros, assim .oro-"õr*ito e polfticas '
nação'0"úr tendêÁcús intelectuais
REPENSANDO A PESQUISA
PARTICIPANTE 155
deixar de ser doutrin ária,, ,portanto,
não se faz aqui nenhum
decalque de teorias tal como
foram formuladas em outras latitudes
epaíses' nem se incorre no colonialismo
intelecir;i-de
esquerda que
castrou tantos grupos revolucionários
método de estudo-ação procura
e universitários, porque o
afiançur-o^n;;;;iidades colom-
bianas' nutrir-se delas uo mesmo
tempo que exige uma resposta
autêntica a estas realidades em
termos de atos e evidências, e
apenas de paravras ou debates não
meramente ideorogicos.
Tudo isso leva a recolocar a sociolo-eia
termos de especificidades historicas
mar\ista do contlito enr
e.oldicionamenrosregronais e
locais' Esta recolocaçãojá se acha
implícita nas reses aruajmenre ern
voga sobre "dtpendência" e "subversào"
que analisam ao macro-
nível "latino-americano" as formas
concretas de e\proração externa
e interna que se verificam no
continente, bem como as formas
pressão popular e suas expressões de
organizativas em termos da luta
antiimperialista e antioligârquica.
Entretanto, essas teorias necessi-
tam ainda ser enriquecidas
nadores econômicos, históricos
, matizad,as e coloridas pelos
condicio-
e culturais de cadaregião e locali-
dade colombianas, o que viria
a ser uma manei ra propria de
entender' em seu conjunto, nossos ver e
atuais conflitos e a naturezade
nossa sociedade dependente
e expl orada. É
Torres Giraldo ao falar em ;;;i; ; ;r. se referia
"nacio naltzar o marxismo,, segundo
situações concretas do país.17 as
Em nossa própria experiência de
campo este esforço significou
' primordialmente um a grande flexibi-
lidade e abertura, no aspecto
metodológico, e uma sensibilidade
especial aos modos e maneiras
historicaÃente assumidos pela luta
de classes em cad'aregião,
tendo em vis ta não somente as
econômicas e reivindicativas expressões
como também as culturais e sociais.
Pôde-se assim identifi car zonas sócio-econômicas
etnica indígena ou negra onde de predomin ància
a consciênc ia etnrca tende a
com a consciência de classe e coincidir
onde a histó ria daluta de classes
intimamente ligada à afirm ação esteve
da etnia e de seu patrimônio
rico '18 Nessa mesma linha ganharam histo-
importância diferencial diver-
sos fatores que poucas vezes são valoriiados do ponto
de vista da
Introdução
a mudafiça so-
distribuição mais eqüitativa do poder. promovendo
organizando-
cial em favor das populações opii*idas e exploradas,
poiiti.a e econômica. Essas ações devem conduzir"'à
as como força
a
pobreza' dependên-
mudança das condições últimas que geram a
cia e a exPloração
Educação PoPular
es sa i i:r:
ào atra\.es de
rau-
discursos teóricos que caem num
teoricismo ron;,r::.,,-,. no sentido
de que explicam somente ao
nír'el teórico que i ec;;f,;i.. pu-Fular
deve ser entendida como educaçâo
poritica orrer:ici ri:3 i cisei:_
volvimento da consciência de classe
das rnessàs p" r:.":es. rr,> dir-
tintos níveis e campos em que
se da a lura i; .r;*.:.-;*ii:caric
a educ ação popular constitui ; -.
um grande proJero ilrsrorcü aire*.ri.
ao sistema dominante, a fim o
de se atingiia
e-- no'a hegemonia
política das massas v culttrral
e populares.
conseqüências da abismal distância
entre
teoricamente e o que se faz na práticaeducativa o que se susrenra
paternalismo ou, ainda, um romantismo podem ser um no\ o
extremado.
os dois perigos, o paternalismo e o
romantismo, provêm da
interpretação e da análise feitas
do conceito de ,,saber popular,,.
Por um lado, os que sustentam
que aeducação popular deve
proporcionar a passagem de
uma forma "oprim id,a,, de consciência
a um reconhecimento da verdadeira
.orr.iência de classe podem
ser' na ptática, tã,o paternalistas
quanto os tradicionais assisten-
cialistas dos anos 50 e 60. uma
descrição rápida de ambas as
prâticas mostra-o claramente :
o o assistencialista (rural)
tradicional: "os camponeses são conser-
vadores, fatalistas e tradicionalistas;
eu sei o que é bom para
eles' como podem e como devem
partici par do processo de desen-
volvimento-moderni zaçã,o; vou
motivá-los a participar,,.
' educador popular: "os camponeses têm uma consciência
o
e imediata' um saber popular falsa
demasiadamente influenciado pela
ideologia dominantel .y sei o gu-e
é bom pata eres, como podem
e devem participar d,a luta de
classes; portanto, vou motivá-los
a participar"
(4) Carlos Brandão, êIÍl palestra não publicada (Punta de Tralca, Chile,
março-abril 1982), fala em conv erter a educação de classe tradicional em
educação de classe orgân ica. Preferimos empregar o termo " espontâneo,, em
lugar de " tradicional", tanto pelas conotaçóes -negativas que aãquiriu o con-
ceito " tradicional" como porque o conceito " espontâneo", no sentido grams-
ciano, é uma categoria anatítica q ue nos ajuda a visualizar melhor a relação
entre educação popular e pesqu isa participante, assim com o entender com
maior clareza a relação entre senso comum e bom senso, ou seja, entre saber
popu lar espontân eo e saber popu lar orgânico
(org';
166 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO
(5) Deve ficar claro também que a educação oficial e as outras moda-
lidades de educação não-formal influem na educação popular espontânea; da
mesma maneira, a ideologia dominante influencia o saber popular espontâneo
mas não com o objetivo de transformá -lo em educação popular orgânica ou
saber popular orgânico.
168 CARLOS RODRIGUES BRANDAO (org.)
Pesquisa Participante
Investigação-ação
Intelectual orgânico
1) capacitaçáoleducação popular;
2) investigação social e tecnologica;
3) assessoria a projetos comunitánios e intercomunitários;
4) organi zação comunitária e intercomunitária.
trabalho.
E fundamental compreender a base econômica da organizaçáo
comun rtârra porque é ela que determina, em ultima instância, as
possibilidades e limitações da economia familiar camponesa
As comunidades na zona de trabalho sào muito bem organi-
zadas e ainda pouco diferenciadas. O isolamento geográfico e os
conflitos entre as comunidades parecem influir na coesão da organi-
zaçáo comun ttarta.
As comunidades são extremamente pobres e a região é das
mais oprimidas do país: não existem serviços de saúde, água potâ-
vel, assistência técnica, infra-estrutura de irrigaçáo, estradas; a pro-
dução agrope çlarta é muito baixa e, juntamente com a produção
artesanal doméstica, continua sendo destinada principalmente ao
uso da unidade doméstica.
O conjunto de fatores faz com que o nível de vida da popu-
lação seja muito baixo.
Em Víctor Fajardo, província onde está situada a maior parte
das comunidades com as quais trabalha o Centro, a esperança de
vida é de 40 anos e a taxa de mortalidade infantil,24,3o/o (Amat &
Leon, 1981:42).
Encontramos o fenômeno da migração em todas as comuni-
dades, apesar de se encontrarem geograficamente isoladas. A mi-
gração sazoflal não é tão recente, como muitas vezes se afirma, pois
há muitas décadas a migr açáo é uma atividade elementar na região
para completar a renda familiar. No princípio deste século, os
camponeses caminhavam para a Costa, numa viagem de até 8 dias,
puri trabalhar nas grandes fazendas. Eram fazendas de monocul-
tura (principalmente algodão) destinada à exportaçáo que, effi época
de colh etta, requeriam muita mão-de-obra (Zervalos, 1982). Na dé-
cada de 60, diminui a demanda de mão-de-obra nas fazendas cos-
teiras e cresce a necessidade de mão-de-obra b arata para a indus-
tÍra, motivo pelo qual aumenta a migração temporária.
Na dec ada de 70, retoma importância a migração sazonal,
desta vez paÍa a Selva, onde o auge da produção de café e cacau
requer mão-de-obra barata para a colheita.
E o desenvolvimento do mercado interno que, juntamente com
os termos desiguais de troca, aumenta a necessidade de dinheiro,
obtido principalmente por meio da migraçáo sazonal, iâ que não há
maiores excedentes agropecuárias ou artesanais que possam ser
oferecidos no mercado.
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE
18r
Bibliografia
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Lima, universidad del pací-
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Em busca de uma
metodologia de ação
institucional
uma experiência de pesquisa
e planeiamento participatiyo nos sertões
do Canindé*
Manuel Albe rÍo Argumedo**
A região experimental
2) A pesquisa participante
*"r:
=als lmportantes, explicitação das relações entre problemas
r:r.stemente "isolados'r . Ja definidos por ela mesma seus "nú-
'r'
O trabalho em Bonitinho
o ponto de
poneses no momento de iniciar um processo de reflexão,
partida do trabalho. I
I
sobre os I
comunidade;
4) falta uma capelinha, por falta de condições da comunidade
e incentivo;
5) falta energia elétrica, por falta de assistência das autori-
dade s:
" Porque nunca pensaram nrsso. Sc per>3:::-. : _:a j :i:: j:-1:. :a-
solver o problema. EF
Ter mais cuidado, tornar á*eua pelo menos flltrada e zelar por
ela. eg
Nossa âgua não tá com nada! eg
A gente bebe mais porcaria do que água. eg
A água não é boa. EF
Devemos procurar as autoridades no sentido de que
construam
um poço profundo. EF
A solução e cayar um poço. eg
Cercar o cacimbão. eg
Só se tampasse o cacimbão! eg
E limpar o cacimbão e só quem tira água dele e gente grande,
pegar os meninos e amarrá -los. eg
Um chafariz resolvia o problema. EF
Para melhorar nossa água, antes fazer limpeza para
termos
uma água bem tratada. EF
Falta de uma pessoa quejunte homem pra limpar o
cacimbão e
também de uma autoridade que faça alguma coisa.
EF
Se tivesse um local que a âgua pudesse ser
evitada a sujeira. EF
Construir um poço e conservar. EF
Um poço profundo. EF
E termos mais cuidado na higiene com a água. EF
Não temos âgua tratada por farta de condiçao. EF
Juntar a comunidade e pedir ajuda a algumas entidades.
í
E muito difícil, porque paÍa nós porruirmos
EF
átgua mais ou
menos é preciso cavar cacimba todo dia. EF
Não tem higiene. EF
se todos os cacimbões fossem limpos, era mais
boa. EF
Maior interesse da comunidade junto das autoridades que
nos
pudessem ajudar. EF
Como falamos nos itens anteriores, a falta de professores, a
falta de energia elétrica e a pouca formação dos moradores,
fica
2r2 cARLos RoDRIGUEs BRANDÃo'(ors')
saneamento. EF
o sis-
Anda em péssimas condições, visto que ainda é adotado
de cada ingeridor. EF".
tema cacimba, que é prejudiciar à saude
Características Soluçõ es
com u n idade.
Á guisa de conclusão
O trabalho em Bonitinho, tanto ao nível d,a comunidade
mesma quanto da equipe técnica de acompanhamento, chegou em
certa medida a convalidar a experiência. Os resultados confirmaram
que era possível atingir os objetivos propostos:
o
d,
F
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Ar-
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REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE Ng
uma metodologia de acompanhamento
ao trabalho de pesquisa e
planejamente que a própriâ comunidade
desenvolvera;
o no" mesmo pfocesso
de treinamento, os técnicos foram aperfei-
çoando e adequando a metodologia proposta à realidade
populações rurais do Estado; das
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Rural/ Instituto
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19gl , pp.
42-62
Freire, Paulo, Áção cultural para a liberdade, Rio de Janeiro, paz
e Terra, lg:.g.
130 páginas .
Particip ação?
Já q.re, nos dias de hoje, na boca de quem manda o trabalho
de quem faz pode ser sempre participante, e importante rever o que
significaparticipar, na hora de fazer. Tal como tem sido escrita e
ptaticada, a ideia de pesquisa participante e recente, embora aqui e
ali algumas formas pioneiras tenham sido reahzadas. Um exemplo:
o questionário da enquete de Marx entre operários que, mais do que
coletar dados sobre a sua condição, era um exercício de fazê-los
pensar, enquanto respondiam. Outro exemplo: o levantamento do
universo vocabular no método de alfabet izaçáo de Paulo Freire que,
já nos princípios da década de 60, convocayaa comunidade pesqui-
sada a participar tanto da pesquisa quanto dos trabalhos de edu-
caçáo popular a que os seus dados serviam.
Quando hoje se fala sobre o assunto três princípios parecem
estar em jogo. Eles estão na base da crítica do que apressadamente
se convencionou chamar, por oposição, de pesquisa tradicional,
assim como servem para justificar a proposta alternativa de uma
pesquisa participante. Primeiro: a possibilidade lógica e política de
"De 1955 pessoas com quem procuramos falar, l2l0 disseram que
estão desempregadas e enfrentam o trabalho que aparece
na hora, flo
tempo em que é maior a precisão.
Quer dizer que se a gente pega três
ffil:T#,i,T [[,:[T:ffi i#;'fit?iT âi
não, um mês sim, outro não. .. todo mundo sabe como
* :,*:""'J[?
é. E todos
disseram que têm profissão. Quer dizer, o que falta
mesmo é o
emprego" (apud pSERDGoiós, p. 6).6
(6) Outras pesqu isas têm sido feitas em outras regiões do pals. Há nelas
o objetivo de produzir dados e materialde conhecimànto
da realidade local e de
reunir informa.gões que possam fundamentar denúncias
feitas por
setores da
lgreja, de sindicatos, de movimentos populares. Um exemplo pode
ser a oe-
r30 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org.)
tos que a lgreja apoia. Para simplificar, estas unidades operativas da prática de
organização popular são chamadas de: movimentos de lgreja, movimentos
populares, movimenÍos de c/asse. Em termos gerais, chamo-os de movimenfos
populares.
(9) Docu mentos que circulam entre os lavradores e que, em u m pri-
meiro momento, a lgreja e outras instituições eruditas comprometidas com a
causa popular faziam para os lavradores e outrqs grupos populares. Hoje em
dia, com o fortalecimento e a apropriação popular dos meios eruditos de comu-
nicação, os proprios movimentos populares e movimentos de classe produzem
os seus boletins, volantes etc. Há uma grande circulação deles por todo o
interior do pais. A Diocese de Goiás faz, para seus agentes e para as comu-
nidades, uffi Boletim. Assim também, mas agora a nível nacional, o faz a
Comissão Pastoral da Terra. Grupos comprometidos não vinculados com a
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE
233
: I : i s agrárias: povoados
de fazendas ou po\ oados de camponeses.
\'' sntanto, sobretudo após o ano de l9-tr. rrr-orreu na região
- -'l em tantas outras de todo o territorio nacrt-ri.r.ri um acele-
-::3nto do êxodo rural. Famílias de lavradores -
em l:.-lorcries geo-
- eram forçadas a abandonaren'r as suas reríó> ,ie prtrprie-
'::icas
::Je e cultivo, como no caso da pequenos proprietBntrS ,ie
Fr-..,Juçàt-r
-::lponesa que, poÍ pressão, Pâuperizaçào ou endir rdemenro. erarn
lrr gados a vender suas terras.
Em número ainda maior, inúmeras famílias de lar-radores
larceiros, agregados, eram forçadas a deixar terras de fazendas.
lorque os "donos" as expulsavam para substituir campos de lavoura
lor pastos de gado, ou para substituir lavouras de cereais cultivadas
Jom força de trabalho humano por lavouras mec antzadas. A ,,expul-
'ào do campo" deslocou em pouco tempo uma proporção muito
grande de famílias das áreas rurais paÍa a periferia das pequenas
cidades da região, as maiores delas com não mais do que 10
000
habitantes. No entanto , a maior parte dos trabalhadores rurais
mi-
srados para a cidade permanecia ocupada com o trabalho agrário,
como trabalhadores volantes ("bóias-frias") ou como,,meeiros,,
(lavradores parceiros). Também de 1972 em diante começou
a au-
mentar geometricamente o número de trabalhadores desemprega-
dos no campo e na cidade.
Esta eÍa urna nova situação para os planos e trabalhos reali-
zados pelas equipes de agentes. Muitos dos próprios militantes
"de
base" haviam migrado também paÍa as "pontas de rua" da cidade.
Tornou-se urgente uma reorientação da prátrca polític a da educ
ação
popular .
FIGURA 1
sde como
conhecimento da
realidade social
da região
A
I
I
como
I avaliação de
nossos traba- . trabalhos de . nossa partici- nossa prática
lhos de apoio apoio às lutas pação nas- pastoral
à luta pela populares por lutas e movi-
terra melhores mentos de
condições de sa úde
tra ba lh o
240 CARLOS RODRIGUES BRANDÃO (org.)
de um
Assim, sugiro pensarmos na possibilidade de partirmos
,áreas quentes' de relações sociais e de mobiliza-
levantamento das
o nosso compromisso e o nosso
ção popular que envolvem diretamente
prática. podemos com eçar por sep araÍ regiões geográficas significa-
tivas (uru Fartura, vale do são
patrício. Serra Dourada, Rio verme-
lho) e fazer o levantamento dos setores de ação social (produção
de
"Roteiro
alternativas
As relações pesquisa/ação: problemas e
a pesquisa parti-
Tal como foi pensada em primeira instância,
cipante cuja proposta foi redigida por mim
em l9i9 e reproduzrda
entre 1978 e 1979,
actma não foi reartzada em Goiás. Justamente
anual, através
quando era foi primeiro decidida em uma assembleia
e dos de agentes de trabalho
do voto de agentes popurares da região
u
de Educação Popular da Igrej ", depois , pré-elaborada em duas
reuniões de uma comissão de coordenação
de pesquisa, alguns
na região da Diocese
acontecimentos muito importantes ocorreram
de Goiás.
e de classe des-
1) os movimentos popurares de comunidade
da lgreja' Este
vincularam-se de uma tutela relativa dos agentes
sempre foi um momento esperado e um
horizonte diretor de todo o
que o desejado eta
trabalho de Educação popular. Todos sabiam
de criação e
que, após um período de trabalho político-pedagogico
Igreja (de que os Gru-
fortalecimento de movimentos pop;lares da
surgissem e se for-
pos de Evangerho foram o melhor instrumento),
talecessem em todas as comunidades
rurais e perifertcas movimentos
submetidos ao con-
efetivamente populares, ou seja, movimentos
fia sua maioria, repre-
trole exclusivo de agentes locais, lavradores
das associações de mora-
sentantes da comunidade (como no caso
(como as oposições sin-
dores), ou do campesinato enquanto crasse
o trabalho de educação
dicais). Este seria o momento em que todo
. Ele passaria a agrr
popular atingiria um momento de maturidade
como espaço de assessoria de militantes
eruditos (educadores, cien-
e enfermeiras) aos próprios
tistas sociais, agentes religiosos, médicos
movimentos popurares, cuja prática serta então o elemento determi-
nante de todo o nosso trabalho de mediação '
Ilusão
z) Houve alguma divisão entre os próprios lavradores.
operári os, la-
imaginá-los como uma classe perfeita e indivisível.
aprendem com a práfirca
vradores e outras categorias de subalternos
política de sua organi zaçã,o. o caminho é difícil e as oposições
delas manipuladas
internas nos movimentos popurares - algumas
incentivadas também de
de fora peros grupos dominantes, outras
uma exceção. ora, agindo
fora por grupos mediadores - não são popu-
com projetos
como p.úrrionais e militantes comprometidos
possuírem um projeto alter-
lares e) portanto, sem aparentemente o que
pastoral dividiram-se também,
nativo próprio, os agentàs de equipes
das proprias
provocou momento, d. tensão ã conflito dentro
de unidade necessárias a um trabalho
de pastoral. As condições
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE
247
(13) O Meio Grito, effi sua versão para os agentes de pastoral, foi
publicado inicialmente em Cadernos do Centro Ecumênico de Documentação e
lnformação ne 3 e, depois, em Pesquisa Participante, São Paulo, Brasiliense.
1981.
(14) Escolarização Popular é o nome da Educação Popular quand o
realizada através de atividades propr iam ente escolares: curso s de alfabetiza-
ção, p os-a lfa betiza ção etc.
REPENSANDO A PESQUISA PARTICIPANTE
249
Particlpqr-pesqulsar
(os Rodr]-wtes Brant
Pesq partbiBante: ostas e 1'etos
Matueda Gajai
Pes utsa p icipantàQropostà reflex
ngtodolo§íqas
GàDr.-Le Bote}Á
otas pa}a-g debatàsgbre pe tsa-aça
\ )}{rchel 7-hbflent
tos meto{ológicci a pesq
participante
e_dro Dànqr
Susa po r, clen popylah{ ma meto{ologia
conhe ento c lntífico atr ásdaa
Victõ . Bonillà onzal stilho, ndo Fa
Borda e
Pesquis rticipa m\ontexto
eilmomia ca'
Vera Giahotten e de Wit\
Em busca de umàmetodol bia de a
instituclonal
Manuel Alberto Ai,
A participação da pesquisa no lho po
Carlos Rodrigues Brand
:
ISBN