Artigo Funcionamento de Sensores Opticos
Artigo Funcionamento de Sensores Opticos
Artigo Funcionamento de Sensores Opticos
1
UFPA – Universidade Federal do Pará
FEE – Faculdade de Engenharia Elétrica
Cx. Postal 8619- CEP 66.075-900 Belém (PA) - Brasil
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].
Resumo: Esse artigo apresenta a base teórica para o funcionamento de sensores ópticos e alguns usos do
LDR e do fotodiodo. Os sensores ópticos são componentes que convertem luz ou mudança de
intensidade de luz em um sinal elétrico. Por conta de sua ampla aplicação, esses sensores estão presentes
em diversos tipos de dispositivos eletrônicos e tecnologias. Sistemas de automação que se baseiam na
luminosidade ambiente e o LiDAR são exemplos do uso de sensores ópticos a partir de sensores como o
LDR (Resistor Dependente de Luz) e o fotodiodo. Entretanto, para compreender seu funcionamento é
necessário entender a o efeito fotoelétrico, bandas de energia e semicondutores.
Abstract: This paper show the theorical basis to operation of optic sensors e some application of LDR
and photodiode. These sensors are components that convert light or light intensity change to a eletric
signal. Due to their wide application, these sensor are in several kind of eletronic devices and technology
Automation system based in ambient light and LiDAR technology are examples of use of optical sensors
from sensor like LDR (Light Dependent Resistor) and photodiode. However, to understand how it works
is necessery know the photoeletric effect, eletronic band structure and semiconductors
𝐸 = ℎ𝑓 (1)
Introdução
No ano de 1905, Albert Einstein propôs que a Onde ℎ é a constante de Planck (6,62 ×
radiação eletromagnética era quantizada; a quantidade
10−34 𝑗𝑜𝑢𝑙𝑒 − 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜).
elementar da luz é chamada de fóton (HALLIDAY &
Sempre que uma onda eletromagnética de
RESNICK, 2012). Segundo Einstein uma onda
frequência 𝑓 é absorvida por um corpo, a energia ℎ𝑓 do
eletromagnética de frequência 𝑓 tem energia dada por:
fóton é transmitida para um átomo, esse evento de
absorção envolve a aniquilação de um elétron. Quando
2
uma onda eletromagnética de frequência 𝑓 é emitida por minimiza a energia de interação dos átomos. Como
um átomo, a energia ℎ𝑓 é transmitida de um átomo para existe um conjunto finito de orbitais normalmente
a luz, esse evento de emissão envolve a criação de um preenchidos, há também um número finito de
fóton. Assim os átomos de um corpo podem emitir ou configurações que essas estruturas podem assumir
absorver fótons (HALLIDAY & RESNICK, 2012). (EISBERG & RESNICK, 1979).
A partir disso, iniciaram-se estudos mais O elemento básico de uma rede cristalina é chamado
profundos da relação entre luz e átomos, como por de célula unitária, a célula unitária é a menor porção da
exemplo, o efeito fotoelétrico e as bandas de energia, estrutura que, por repetição periódica ao longo dos eixos
que levou compreensão do funcionamento de de coordenada, permite construir completamente a
semicondutores que possibilitou a criação de sensores distribuição dos átomos no cristal (EISBERG &
ópticos que está presente em praticamente qualquer RESNICK, 1979).
dispositivo eletrônico.
3 Bandas de Energia
Para átomos idênticos muito próximos uns dos
Métodos outros, a interação entre eles e o princípio de exclusão
O método utilizado para elaboração desse artigo foi a faz com que as funções de onda comessem a se
revisão bibliográfica de livros e artigos já publicados modificar e se sobrepor, como consequência os níveis de
energia atômicos, inicialmente idênticos, dão origem a
1 Efeito Fotoelétrico um conjunto de níveis deslocados um do outro. Onde
O efeito fotoelétrico consiste na emissão de elétrons para um número muito grande de átomos, como em um
quando a luz incide sobre uma superfície. Os elétrons sólido cristalino, esses níveis estão compactados e
absorvem a energia da radiação incidente e, portanto, distribuídos em uma faixa contínua, como mostra a
podem ir para um estado de maior energia sendo figura 1 (YOUNG & FRERDMAN, 2009). A essa faixa
liberados da superfície de acordo com a equação abaixo é dado o nome de banda de energia.
(YOUNG & FRERDMAN, 2009).
ℎ𝑓 = 𝑘𝑚á𝑥 + 𝛷 (2)
Da mesma maneira que ocorre num átomo com Em um material condutor, como um metal, a
vários elétrons, os elétrons são distribuídos nos orbitais banda de condução está parcialmente preenchida até
disponíveis partindo do orbital de menor energia mesmo no zero absoluto (YOUNG & FRERDMAN,
seguindo o princípio de exclusão de Pauli (EISBERG & 2009). Quando aplicamos uma diferença de potencial
RESNICK, 1979). Em seu estado de menor energia a em material condutor, produzimos uma corrente elétrica,
última banda preenchida pelos elétrons no sólido é já que existem estados com uma energia ligeiramente
chamada de banda de valência, e a primeira banda maior para quais os elétrons podem ser transferidos
desocupada dos estados de maior energia é chamada de (HALLIDAY & RESNICK, 2012).
banda de condução (YOUNG & FRERDMAN, 2009).
Observe a figura 2 com a representação das bandas de 5 Semicondutores
condução e valência para um isolante, um semicondutor O comportamento dos semicondutores é à base de
e um condutor. vários dispositivos eletrônicos práticos, sua importância
decorre do fato de suas propriedades elétricas serem
sensíveis a variação de impurezas. A estrutura de bandas
de um semicondutor é parecida com a de um material
isolante, possui sua banda de valência totalmente
preenchida e sua banda de condução totalmente vazia,
no zero absoluto. A única diferença é que o tamanho da
banda proibida é menor, menor que 2 eV (EISBERG &
RESNICK, 1979). Isso faz com que seja mais fácil
excitar um elétron para a banda de condução. Como
Figura 2: estrutura de bandas para isolante, resultado disso, há uma probabilidade bem maior de
semicondutor e condutor. encontrar elétrons na banda de condução num
Fonte: YOUNG & FRERDMAN, 2009. semicondutor do que num isolante, sendo assim, a
resistividade elétrica de um semicondutor é menor que a
de um isolante e maior que a de um condutor.
4 Isolantes e condutores
De maneira prática um material isolante não 5.1 Buracos
produz uma corrente elétrica quando submetido a uma Quando um elétron é removido de uma ligação
diferença de potencial. Para que exista uma corrente covalente deixa uma vacância em seu lugar, denominada
elétrica é necessário que a energia cinética média dos de buraco. Em um semicondutor puro, chamado
elétrons aumente. Para isso alguns elétrons devem intrínseco, o número de elétrons na banda de condução é
passar para um nível mais alto de energia (HALLIDAY igual ao número de buracos na banda de valência. Desse
& RESNICK, 2012). Nos isolantes, no zero absoluto, a modo, quando se aplica uma diferença de potencial no
banda de valência está totalmente ocupada e a banda de sólido, esses portadores de carga se movem sentidos
condução está totalmente desocupada. Assim os elétrons contrários. Esse tipo de condutividade é denominado
da banda de valência não têm para onde ir (YOUNG & condutividade intrínseca (YOUNG & FRERDMAN,
FRERDMAN, 2009). 2009).
Para que um elétron seja transferido para a
banda de condução onde existem níveis desocupados de 5.2 Dopagem de semicondutores
maneira que ele possa se movimentar é preciso que esse Adicionado uma pequena quantidade de impurezas
elétron adquira energia suficiente para superar a banda com determinadas propriedades adequadas ao cristal
proibida. Em um isolante a banda pode atingir até 5 eV intrínseco de um semicondutor, pode-se modificar o
ou mais, Assim pouca ou nenhuma corrente elétrica fluí comportamento elétrico de maneira desejada. Esse
em reação a uma diferença de potencial aplicada ao processo é denominado de dopagem. Pode-se fazer
material, e a condutividade elétrica é baixa (YOUNG & dopagem por doadores e receptores, que produzem
FRERDMAN, 2009). respectivamente os semicondutores do tipo n e tipo p.
4
comprimento de onda diminui não há mais a ejeção de condutores, uma corrente surge, e dependendo da
elétrons que possam ser usados como portadores dentro intensidade de luz sobre o semicondutor, o valor da
do material (TURNER, 1982). Dessa maneira a curva de corrente varia de forma proporcional e linear (YOUNG
resposta espectral de um determinado material pode ser & FRERDMAN, 2009).
representada como a mostra à figura 6.
8.2 Fotodiodo
O fotodiodo é um dispositivo do tipo fotodetector,
sendo um semicondutor detentor de uma junção pn, ou
seja, construído com semicondutores do tipo p e n.
Fotodiodos possuem uma "janela" ou uma conexão de
fibra ótica , responsável por deixar a luz passar e incidir
Figura 10: Corrente devido à incidência de Fótons
na parte sensível do dispositivo de modo a possibilitar a
utilização da luz como fator determinante no controle da
Como fica evidente na imagem acima, a corrente
corrente elétrica, pois esta é gerada na medida que o
liberada pelo fotodiodo é proporcional à quantidade de
dispositivo absorve fótons de luz (Eletrônica, Volume 1
luz que chega no fotodiodo, ou seja, à quantidade de
- Albert Paul Malvino). Um símbolo de referência para
elétrons que foram excitados com os fótons.
fotodiodo pode ser visto na figura 9 abaixo:
Com sua versatilidade, o fotodiodo pode ser aplicado
no controle de iluminação de celulares e na rede de
iluminação pública. Nesses sistemas é importante saber
em que altura é que está suficientemente escuro, para
ativar as luzes. (Eletrônica, Volume 1 - Albert Paul
Malvino). Abaixo pode-se ver a foto de um fotodiodo.
9 Sensor de Luz Ambiente alvos e pode ser utilizado em variados tipos de alvos
O sensor de luz ambiente é a combinação de dois como, por exemplo, rochas, compostos químicos,
principais componentes, um fotodiodo e um elemento de aerossol e objetos não-metais (ADITYA KUMAR,
controle. A quantidade elétrons excitados pela luz é 2017).
proporcional a corrente elétrica gerada pelo fotodiodo, Além da vantagem de ter uma ampla aplicação, o
ou seja, a corrente gerada varia de acordo com a LiDAR realiza um mapeamento em alta resolução e
luminosidade ambiente. Essa corrente passa por um levantamento de dados para elaboração de Modelos
conversor analógico-digital para ser processado pelo Digitais de Elevação (MDE) em áreas de difícil acesso
elemento de controle. Esse elemento de controle pode (MARCOS GIONGO, 2010).
ser um microcontrolador. Esse microcontrolador vai
10.1 Principio de Funcionamento
regular o brilho da tela do dispositivo eletrônico de
acordo com a luminosidade que o fotodiodo receber. O princípio de funcionamento do LiDAR consiste na
Esse controle automático de brilho é interessante para emissão de pulsos laser a partir de uma plataforma com
poupar bateria desses aparelhos. (ALVEZ MENDES, uma alta frequência. O tempo de retorno dos pulsos laser
2013) entre a plataforma e os alvos é medido pelo sensor,
Na figura 12 a seguir é mostrado o esquemático do permitindo a estimativa das distâncias (Baltsavias, 1999:
modelo AMIS-749803 da empresa Amis Wagner et al,. 2004). Uma das características positivas
Semiconductors. do LiDAR em relação aos sensores passivos (fotografias
aéreas e imagem de satélite) é que os sensores não
depende da luz solar como fonte de iluminação, uma vez
que o sistema apresenta a própria fonte de energia, que
neste caso, é o laser. Desta forma, os dados coletados
não sofre perturbações a partir de sombras (Baltsavias,
1999: Wagner et al,. 2004).
O LiDAR possui quatro principais componentes: o
scanner a laser, o sistema de posicionamento global
(GPS), a Sistema de Navegação Inercial INS) e um
Figura 12: Esquemático do modelo AMIS AMIS- computador para armazenar e tratar os dados. O
749803 resultado desse conjunto é o processamento e
Fonte: AMIS SEMICODUCTORS (1979) armazenamento de pontos com muita precisão (x, y e z),
que corresponde a cada pulso nas superfícies e objetos
10 LiDAR
presentes no terreno (MEGGY KELLY, 2015).
LiDAR, sigla utilizada para Light Detection and
Ranging, é uma tecnologia óptica baseada nos mesmos 10.1.1 Scanner a laser
princípios utilizados no sistema de RADAR, a principal O scanner a laser consiste em um laser díodo, um
diferença entre as duas técnicas está no fato que o fotodiodo e um espelho de varredura. Os pulsos são
RADAR usa ondas de rádio como base de seu sistema gerados no laser. Em seguida, os pulsos são dirigidos
enquanto o LiDAR usa pulsos de laser. Essa técnica é para o espelho de varredura. Esse espelho de varredura
utilizada em mapeamento para varredura de uma área. se refere ao conjunto óptico de lentes e espelhos que
Além de medir a distância do alvo, dado seu modo de orienta os pulsos laser gerado, lançando-os para os alvos
efetuar esta operação, o LiDAR possibilita a prospecção no terreno e, em seguida, recebendo os sinais refletidos
de outras características do terreno. Uma aplicação pelos alvos e encaminhando-os para o fotodiodo
notável se dá na varredura florestal que pode estimar (MARCOS GIONGO, 2010).
variáveis como: biomassa, carbono e quantidade de Cada pulso que chega no fotodiodo são fótons que
material combustível [Lidar: princípios e aplicações excitam os elétrons gerando corrente elétrica, essa
florestais]. corrente que é gerada são os sinais elétricos que são
Esse sistema opera com luz ultravioleta, visível ou usados para realizar o calculo da distância do alvo.
próximo do infravermelho para medir a distância dos
9
O tempo de retorno dos pulsos entre sua emissão do 10.2 Aplicações do LiDAR
laser díodo e o fotodiodo é registrado e é feito o Cada pulso laser fornece a distância de um alvo, o
calculado a distância dos alvos já que a velocidade dos resultado disso é um mapeamento de uma área a partir
pulsos é a velocidade da luz. Em seguida o sinal do de pontos em que cada ponto é pulso laser (MEGGY
fotodiodo é convertido para sinal digital (binário) por KELLY, 2015).
um conversor analógico-digital (ADITYA KUMAR,
2017).