04 - Rochas Ígneas
04 - Rochas Ígneas
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4. ROCHAS ÍGNEAS
O MAGMA
Cristalização do magma
O magma ao se resfriar, possibilita a cristalização de diferentes minerais,
cujo conjunto constitui a rocha ígnea. Inicialmente cristalizam-se grande parte dos
silicatos, obedecendo a uma seqüência determinada pela temperatura e composição
do magma, conhecida como Série de Bowen (Figura 4.1). Bowen mostrou que os
silicatos comuns das rochas ígneas se cristalizam segundo uma ordem, em duas
séries distintas: uma série de reação contínua e uma série de reação descontínua.
Na primeira, os minerais mudam ininterruptamente de composição, reagindo
continuamente com a fusão, e na segunda, um mineral pré-formado reage com a
28 Geologia e Pedologia
Piroxênios
(Mg,Fe)2Si2O6 e CaSi2O6
Anfibólios
Ca2Na(Mg,Fe)(Si,Al)4O11(OH)2 Plagioclásios sódicos
NaAlSi3O8
Biotita
K(Mg,Fe)3(AlSi3O10)(OH)2
Feldspato potássico
KAlSi3O8
Muscovita
KAl2(AlSi3O10)(OH)2
Quartzo
SiO2
Figura 4.1. Ordem de cristalização dos minerais silicatados no magma (Série de Bowen).
PLUTONISMO
Figura 4.2. Principais tipos de corpos plutônicos e vulcânicos (Briggs, D. et alii, 1997.
Fundamentals of the Physical Environment, 2nd ed., pág. 94).
comprimento muito variável ocorrendo desde “microdiques” até diques com vários
metros de largura e quilômetros de extensão. Os diques podem formar conjuntos
(sistemas) nos quais se dispõem em direções paralelas ou cruzadas, ou podem ser
radiais, orientando-se radialmente a partir de uma região central. Os diques podem
também se formar em conseqüência de esforços de tensão provocados pela
ascensão de um corpo magmático, chamados então de anelares, ou ainda de
fendas produzidas ao redor de um foco vulcânico, quando do abatimento (colapso)
do edifício vulcânico.
Os diques são muito comuns no Brasil, ocorrendo em vários tipos de rochas
e com composição variável. Nas bacias sedimentares Paleozóicas são comuns
diques de diabásio, e em regiões de Minas Gerais e no nordeste do Brasil, ocorrem
diques de pegmatitos mineralizados em pedras semi-preciosas e outros minerais de
interesse econômico (wolframita, tantalita etc). Também em Viçosa ocorrem diques
de diabásio, que serão vistos na aula prática próxima à ponte do bairro Silvestre.
Batólitos são corpos magmáticos de grandes dimensões (área de
afloramento superior a 100 km2) que não têm, aparentemente, delimitação em
profundidade (Figura 4.2).
VULCANISMO
Atividades vulcânicas
Segundo a sua natureza e modo de ocorrência, as atividades vulcânicas
podem ser explosivas (extravasamento violento do magma, comum em magmas
viscosos, ácidos) ou efusivas (extravasamento calmo, sem explosões). A seqüência
das atividades vulcânicas pode ser assim descrita:
- Instalação de um foco vulcânico: tremores de terra, formação de fendas,
exalação de gases e vapores, seguindo-se a abertura e limpeza da chaminé
vulcânica;
- Ejeção e derramamento de lava: derramamento de lava propriamente dito,
podendo ser explosivo durante todo o período vulcânico ou apenas no início;
- Exalações gasosas: fumarolas, solfataras e mofetas, recebendo tais
denominações em função da temperatura em que ocorrem.
Vulcanismo no Brasil
Atualmente não existem vulcões ativos no Brasil; contudo isto já ocorreu
intensamente em épocas geológicas passadas. Restaram, porém, poucos
testemunhos dessas atividades vulcânicas, já que os produtos vulcânicos são
facilmente erodidos.
Há cerca de 130 milhões de anos o Brasil foi palco de uma das maiores
atividades vulcânicas que se conhece. Foram atingidos todo o Sul do Brasil e parte
dos estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além do Maranhão e
Amazonas. O magmatismo mais intenso foi no Sul do Brasil, Argentina e Uruguai,
na área da Bacia do Paraná, onde o vulcanismo do tipo fissura, de caráter básico
cobriu cerca de 1.200.000 km2. Este vulcanismo constituiu-se de sucessivos
derrames de lava basáltica e intrusões de diabásio em forma de diques e soleiras.
Em alguns locais estes derrames ultrapassam a espessura de 1000 m, tendo sido
observadas seqüências de até 32 derrames individuais.
Os solos desenvolvidos sobre estas rochas, são em grande parte Latossolos
Roxos, que apresentam boas qualidades físicas e químicas. São solos porosos, de
boa drenagem, que permitem bom desenvolvimento radicular. Possuem entretanto
pouca coerência entre as partículas, tornando-os muito suscetíveis a erosão quando
mal manejados.
32 Geologia e Pedologia
Granulometria
Em função do tamanho dos grãos minerais nelas presentes, as rochas ígneas
podem ser divididas em:
- Faneríticas ou grosseiras cujos minerais são facilmente perceptíveis a olho nu.
Ex: granito, gabro.
- Médias, cujos minerais são moderadamente visíveis a olho nu. Ex: microgranito,
diabásio.
- Afaníticas, ou finas nas quais é impossível a distinção dos minerais, a olho nu.
Ex: basalto, riolito.
Geologia e Pedologia 33
Teor de SiO2
É um critério químico relacionado com a quantidade de sílica total na rocha. Por
este critério as rochas ígneas são classificadas em:
- Ácidas: SiO2 > 65%. Tais rochas sempre contêm uma proporção expressiva do
mineral quartzo, de forma que ele pode ser facilmente identificado na rocha. Ex:
granito.
- Intermediárias: 54% < SiO2 < 65%. São rochas ricas em silicatos, havendo
porém pouco ou nenhum quartzo. Ex: sienito.
- Básicas: 45% < SiO2 < 54%; e Ultrabásicas: SiO2 < 45%. São rochas que não
contém quartzo. Ex: basalto (básica); peridotito (ultrabásica).
Composição Mineralógica
É o critério fundamental para a denominação da rocha. Os minerais mais
importantes para a classificação são: feldspatos potássicos, plagioclásios
(feldspatos cálcico-sódicos), quartzo, biotita, anfibólios (hornblenda, por exemplo),
piroxênios, olivinas e os feldspatóides. Feldspatóides são minerais, semelhantes aos
feldspatos, mas com menos sílica em sua composição, pois os mesmos se formam
quando não há, no magma, sílica suficiente para formar feldspatos (Ex. nefelina).
A identificação e denominação da rocha são feitas através da avaliação das
proporções médias dos minerais petrográficos contidos na rocha. Isto é
normalmente feito com o auxílio de esquemas (quadros, tabelas) de composição
mineralógica das principais rochas ígneas (Figura 4.3). Tais esquemas têm a
34 Geologia e Pedologia
“Há entre as pedras e as almas afinidades tão raras. Como vou dizer?
Elas tem cheiro de gente. Queira ou não queira se sente.
Tem esse poder.
Pedra e homem comovem. Sobem e descem. E somem. Ninguém sabe bem.”
Afaníticas
vulcânicas Olivina
Traquito Riolito Dacito Andesito Basalto basalto
Faneríticas
plutônicas Sienito Granito Granodiorito Diorito Gabro Peridotito Dunito
100
(ricos em Ca)
quartzo
80
feldspatos plagioclásios
minerais por volume
Percentagem dos
60
feldspatos alcalinos (K)
(ricos em Na)
40
olivina
piroxênios
20 anfibólios
biotita
muscovita
0
Aumenta o teor de Fe e a cor escurece
Aumenta o teor
Figura 4.3. Composição mineralógica aproximada das principais rochas ígneas.