Um executivo começa a sofrer de forte taquicardia e estresse devido ao seu trabalho excessivo. Ele é acompanhado por um pedinte que constantemente o importuna pedindo dinheiro, piorando ainda mais seu estado de saúde. Após quase ter um ataque cardíaco, o executivo para de trabalhar por dois meses para se recuperar, porém o pedinte continua o perseguindo, até que em um dia o executivo atira e mata o pedinte.
Um executivo começa a sofrer de forte taquicardia e estresse devido ao seu trabalho excessivo. Ele é acompanhado por um pedinte que constantemente o importuna pedindo dinheiro, piorando ainda mais seu estado de saúde. Após quase ter um ataque cardíaco, o executivo para de trabalhar por dois meses para se recuperar, porém o pedinte continua o perseguindo, até que em um dia o executivo atira e mata o pedinte.
Um executivo começa a sofrer de forte taquicardia e estresse devido ao seu trabalho excessivo. Ele é acompanhado por um pedinte que constantemente o importuna pedindo dinheiro, piorando ainda mais seu estado de saúde. Após quase ter um ataque cardíaco, o executivo para de trabalhar por dois meses para se recuperar, porém o pedinte continua o perseguindo, até que em um dia o executivo atira e mata o pedinte.
Um executivo começa a sofrer de forte taquicardia e estresse devido ao seu trabalho excessivo. Ele é acompanhado por um pedinte que constantemente o importuna pedindo dinheiro, piorando ainda mais seu estado de saúde. Após quase ter um ataque cardíaco, o executivo para de trabalhar por dois meses para se recuperar, porém o pedinte continua o perseguindo, até que em um dia o executivo atira e mata o pedinte.
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O Outro Durante alguns minutos ele bateu num
ritmo fortíssimo, me deixando
Rubem Fonseca extenuado. Tive que deitar no sofá, até passar. Eu estava tonto, suava muito, quase desmaiei. Eu chegava todo dia no meu escritório às oito e trinta da manhã. O Nessa mesma tarde fui ao carro parava na porta do prédio e eu cardiologista. Ele me fez um exame saltava, andava dez ou quinze passos, e minucioso, inclusive um entrava. eletrocardiograma de esforço, e, no final, disse que eu precisava diminuir de peso Como todo executivo, eu passava e mudar de vida. Achei graça. Então, ele as manhãs dando telefonemas, lendo recomendou que eu parasse de trabalhar memorandos, ditando cartas à minha por algum tempo, mas eu disse que isso, secretária e me exasperando com também, era impossível. Afinal, me problemas. Quando chegava a hora do prescreveu um regime alimentar e almoço, eu havia trabalhado duramente. mandou que eu caminhasse pelo menos Mas sempre tinha a impressão de que duas vezes por dia. não havia feito nada de útil. No dia seguinte, na hora do Almoçava em uma hora, às vezes almoço, quando fui dar a caminhada uma hora e meia, num dos restaurantes receitada pelo médico, o mesmo sujeito das proximidades, e voltava para o da véspera me fez parar pedindo escritório. Havia dias em que eu falava dinheiro. Era um homem branco, forte, mais de cinqüenta vezes ao telefone. As de cabelos castanhos compridos. Dei a cartas eram tantas que a minha ele algum dinheiro e prossegui. secretária, ou um dos assistentes, assinava por mim. E, sempre, no fim do O médico havia dito, com dia, eu tinha a impressão de que não franqueza, que se eu não tomasse havia feito tudo o que precisava ser feito. cuidado poderia a qualquer momento ter Corria contra o tempo. Quando havia um um enfarte. Tomei dois tranqüilizantes, feriado, no meio da semana, eu me naquele dia, mas isso não foi suficiente irritava, pois era menos tempo que eu para me deixar totalmente livre da tinha. Levava diariamente trabalho para tensão. À noite não levei trabalho para casa, em casa podia produzir melhor, o casa. Mas o tempo não passava. Tentei telefone não me chamava tanto. ler um livro, mas a minha atenção estava em outra parte, no escritório. Liguei a Um dia comecei a sentir uma televisão mas não consegui agüentar forte taquicardia. Aliás, nesse mesmo mais de dez minutos. Voltei da minha dia, ao chegar pela manhã ao escritório caminhada, depois do jantar, e fiquei surgiu ao meu lado, na calçada, um impaciente sentado numa poltrona, lendo sujeito que me acompanhou até a porta os jornais, irritado.} dizendo "doutor, doutor, será que o senhor podia me ajudar?". Dei uns Na hora do almoço o mesmo trocados a ele e entrei. Pouco depois, sujeito emparelhou comigo, pedindo quando estava falando ao telefone para dinheiro. "Mas todo dia?", perguntei. São Paulo, o meu coração disparou. "Doutor", ele respondeu, "minha mãe está morrendo, precisando de remédio, barulho de saltos de sapatos batendo na não conheço ninguém bom no mundo, só calçada como se alguém estivesse o senhor." Dei a ele cem cruzeiros. correndo atrás de mim. Apressei o passo, sentindo um aperto no coração, era como Durante alguns dias o sujeito se eu estivesse sendo perseguido por sumiu. Um dia, na hora do almoço, eu alguém, um sentimento infantil de medo estava caminhando quando ele apareceu contra o qual tentei lutar, mas neste subitamente ao meu lado. "Doutor, instante ele chegou ao meu lado, minha mãe morreu”. Sem parar, e dizendo, "doutor, doutor". Sem parar, eu apressando o passo, respondi, "sinto perguntei, "agora o quê?". Mantendo-se muito". Ele alargou as suas passadas, ao meu lado, ele disse, "doutor, o senhor mantendo-se ao meu lado, e disse tem que me ajudar, não tenho ninguém "morreu". Tentei me desvencilhar dele e no mundo". Respondi com toda comecei a andar rapidamente, quase autoridade que pude colocar na voz, correndo. Mas ele correu atrás de mim, "arranje um emprego". Ele disse, "eu não dizendo "morreu, morreu, morreu", sei fazer nada, o senhor tem que me estendendo os dois braços contraídos ajudar". Corríamos pela rua. Eu tinha a numa expectativa de esforço, como se impressão de que as pessoas nos fossem colocar o caixão da mãe sobre as observavam com estranheza. "Não tenho palmas de suas mãos. Afinal, parei que ajudá-lo coisa alguma", respondi. ofegante e perguntei, "quanto é?". Por "Tem sim, senão o senhor não sabe o que cinco mil cruzeiros ele enterrava a mãe. pode acontecer", e ele me segurou pelo Não sei por que, tirei um talão de braço e me olhou, e pela primeira vez vi cheques do bolso e fiz ali, em pé na rua, bem como era o seu rosto, cínico e um cheque naquela quantia. Minhas vingativo. Meu coração batia, de nervoso mãos tremiam. "Agora chega!”, eu disse. e cansaço. "É a última vez", eu disse, parando e dando dinheiro para ele, não No dia seguinte eu não saí para sei quanto. dar a minha volta. Almocei no escritório. Foi um dia terrível, em que tudo dava Mas não foi a última vez. Todos errado: papéis não foram encontrados os dias ele surgia, repentinamente, nos arquivos, uma importante súplice e ameaçador, caminhando ao concorrência foi perdida por diferença meu lado, arruinando a minha saúde, mínima; um erro no planejamento dizendo é a última vez doutor, mas nunca financeiro exigiu que novos e complexos era. Minha pressão subiu ainda mais, cálculos orçamentários tivessem que ser meu coração explodia só de pensar nele. elaborados em regime de urgência. À Eu não queria mais ver aquele sujeito, noite, mesmo com os tranqüilizantes, que culpa eu tinha de ele ser pobre? mal consegui dormir. Resolvi parar de trabalhar uns De manhã fui para o escritório e, tempos. Falei com os meus colegas de de certa forma, as coisas melhoraram um diretoria, que concordaram com a minha pouco. Ao meio-dia saí para dar a minha ausência por dois meses. volta. A primeira semana foi difícil. Vi que o sujeito que me pedia Não é simples parar de repente de dinheiro estava em pé, meio escondido trabalhar. Eu me senti perdido, sem saber na esquina, me espreitando, esperando o que fazer. Mas aos poucos fui me eu passar. Dei a volta e caminhei em acostumando. Meu apetite aumentou. sentido contrario. Pouco depois ouvi o Passei a dormir melhor e a fumar menos. Via televisão, lia, dormia depois do almoço e andava o dobro do que andava antes, sentindo-me ótimo. Eu estava me tornando um homem tranqüilo e pensando seriamente em mudar de vida, parar de trabalhar tanto.
Um dia saí para o meu passeio
habitual quando ele, o pedinte, surgiu inesperadamente. Inferno, como foi que ele descobriu o meu endereço? "Doutor, não me abandone!" Sua voz era de mágoa e ressentimento. "Só tenho o senhor no mundo, não faça isso de novo comigo, estou precisando de um dinheiro, esta é a última vez, eu juro!" — e ele encostou o seu corpo bem junto ao meu, enquanto caminhávamos, e eu podia sentir o seu hálito azedo e podre de faminto. Ele era mais alto do que eu, forte e ameaçador.
Fui na direção da minha casa, ele
me acompanhando, o rosto fixo virado para o meu, me vigiando curioso, desconfiado, implacável, até que chegamos na minha casa. Eu disse, "espere aqui".
Fechei a porta, fui ao meu quarto.
Voltei, abri a porta e ele ao me ver disse "não faça isso, doutor, só tenho o senhor no mundo". Não acabou de falar ou se falou eu não ouvi, com o barulho do tiro. Ele caiu no chão, então vi que era um menino franzino, de espinhas no rosto e de uma palidez tão grande que nem mesmo o sangue, que foi cobrindo a sua face, conseguia esconder.
Referência: FONSECA, R. Feliz ano novo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.