Sala de Leitura Ou Sala de Multimeios
Sala de Leitura Ou Sala de Multimeios
Sala de Leitura Ou Sala de Multimeios
1. Introdução
Este trabalho tem por objetivo fazer um histórico documental da Sala de Leitura
da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro – SME/RJ, para perceber os espaços que seus
professores conquistaram ao longo de sua história. Volto-me então, diferentemente para
o professor regente de Sala de Leitura, afinal, quem é este professor? Venho aqui pensar
sobre a política que constitui determinadas posições da/na Sala de Leitura e para falar de
multidentidades de um espaço e de seus profissionais. Tenho profundo interesse nas
transformações curriculares, políticas e sociais que este espaço vem sofrendo ao longo
dos anos, visto que se trata de um espaço que inicialmente privilegiava a leitura de
textos literários e hoje se tornou um espaço de leitura ampla, com diferentes suportes
textuais, se configurando como um espaço de multimeios. Esta leitura ampla de falo e
que por muitas vezes irei me referir será abordada no texto seguinte.
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XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
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Você acaba tendo que ser uma pessoa com mil braços, é uma função
que se desdobra muito, porque você tem independentemente do
tamanho da escola, você tem um só professor para fazer todo o
desdobramento em várias outras funções: você passa a ser o cara da
mídia, o cara da informática e o cara da leitura, entendeu?
(Depoimento de uma professora de Sala de Leitura concedido em
entrevista).
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Aqui tem mídia sim, mas não uso muito não. A mídia sempre quando
eu uso, eu penso assim: vou usar um DVD relacionado à questão da
leitura. Porque senão você acaba perdendo o foco, eu não sei se o que
eu vou falar é muito grosso ou muito forte, mas o aluno não pode
perder que o foco é o livro, entendeu? Nós professores somos os
responsáveis por isso e somos nós mesmos! Então a gente tem que ter
o pé muito no chão para saber. Para eu formar leitores, eu não posso
perder o foco dos livros e eu acho que isso é importante. (Depoimento
de uma professora de Sala de Leitura concedido em entrevista).
Em 2010 chega às Salas de Leitura uma nova resolução (SME Nº 1072), e diz
que a Sala de Leitura Pólo deve funcionar com somente um professor (interessante
mencionar que este espaço funcionou com cinco professores a partir de 1996 e em 2009
houve uma redução para três professores). É então conferido a este o professor, além de
todas as funções já apresentadas aqui, fazer o reforço escolar com os alunos que por
algum motivo, não conseguem acompanhar suas turmas. Assim, mais um documento
chega e mais uma atribuição é dada ao professor da Sala de Leitura.
Atualmente, a Sala de Leitura se mostra mais centrada em aumentar os índices
de alfabetização, e para isso mudam-se as práticas, as posturas e o trabalho da própria
Sala - que é possível ver refletido no reforço, na mudança de estrutura da sala e também
na intenção de um espaço aberto sem necessariamente com um professor atuando no
mesmo. A mim, estas mudanças refletem diretamente no que se espera de tais
professores.
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Ou seja, ao falar de uma Leitura ora ampla ora centrada, as Salas de Leitura
abrangem múltiplas demandas, discursos e textos, o que faz com que a mesma dialogue
com diferentes significados, produzindo aquilo que poderíamos entender como uma
multiplicidade de sentidos para um mesmo espaço, logo, um multiprofessor para este
espaço é de fato o mais apropriado. Na tentativa de articular diferentes demandas e
discursos dentro de um mesmo espaço, as Salas de Leitura acabaram tendo um
esvaziamento em sua função de incentivo à leitura em si, e a meu ver, perdem o foco de
seus professores, que ora se preocupam com as salas, e ora se preocupam com espaços
ou funções que não são de sua responsabilidade.
4. Considerações Provisórias
Pensando então sobre esta crise de identidade, penso que um multiprofessor com
multifunções facilita, por exemplo, a sua retirada de sala, visto que a meu ver, tal saída
que acaba por ser justificada pela amplitude de ações entendidas enquanto funções da
Sala de Leitura. Neste sentido, acredito que o multifoco da Sala de Leitura prejudica seu
funcionamento, assim como também, seus professores, que acabam por não serem
reconhecidos ou valorizados, pois estes acabam sendo vistos com um “faz tudo” dentro
da escola.
(...) Esse é o grande nó das salas de leitura hoje. Né!? Não é o trabalho
e cultura, não é você ter um elemento só. Na verdade não é esse o
problema. O grande problema é você hoje, é que o elemento de sala de
leitura é tapa buraco. Essa é a grande questão... porque você está
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Com a entrada de novas tecnologias na escola, a Sala de Leitura busca fazer uma
discussão a respeito da mudança nos protocolos de leitura do o mundo atual, o que não
significa necessariamente a substituição de um modo de ler por outro, mas sim a
articulação e negociação entre textos e hipertextos, devidos às novas configurações
proporcionadas pelas tecnologias digitais. É deste modo que a Sala de Leitura, a meu
ver, volta a ser um espaço de multimeios.
Ao abarcar tantas leituras, será que a sala de leitura ainda é um lugar para se
encontrar um bom motivo para ler? A necessidade de articular diferentes demandas
(mídias em geral) não fez com a leitura em si se perdesse? O que podemos perceber
muito claramente nas Salas de Leitura hoje é um reflexo do que está em pauta nas
propostas educativas, o mundo da informação e da tecnologia dentro da escola, e da sala
de aula. Assim o objetivo central da Sala de Leitura se expande de tal forma, que penso
que, nem o mundo da leitura e nem o mundo da tecnologia cabem mais dentro do
mesmo espaço e que um único professor para ambas as funções não se faz ideal.
Referências Bibliográficas
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Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/sme/
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