Ifa

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Muito se fala de Ifá e poucos sabem o que de fato é Ifá.

Somente os devotos de Orunmilá,

que é genericamente conhecido por Orixá do destino, e, que, ao se tornarem Oluwos ou

Babalawos, depois de um longo aprendizado, alguns afirmam levar 21 anos, e provas

perante a sua confraria, é que podem fazer divinações, leituras e suas histórias,

exemplificando, sempre com clareza aquilo que se quer saber e sendo recompensado por

isso.

Ifá era um Sistema de Divinação, originário da cultura africana Yorubá.

Embora a Divinação Sagrada de Ifá não fosse o único sistema divinatório praticado em

África, ela era de longe a mais completa e confiável, tendo sido fonte e modelo para vários

outros “jogos de adivinhação” que dela foram derivados por simplificação, simbiose e ou,

interpretação.

Em contraste com todos os outros tipos de Adivinhação, onde ninguém ousa ou tem meios

de contradizer aquilo que o Adivinho assegura “ver”, a Divinação Sagrada de Ifá que

denominamos como “Sistema Ifá”, seguia um conjunto regular de normas que enquadrava o

Adivinho praticante e, além disso, os seus consulentes conheciam técnicas que pderiam

impedir que ele se utilizasse de conhecimentos pessoais sobre eles ou sobre assuntos de

suas intimidades, não precisando os consulentes sequer revelar-lhe a natureza do problema

ou anseio que os levava a buscar aconselhamento.

O Adivinho que manipulava Ifá era denominado por Babaláwo de Baba ( o pai) + Li (que

tem) + Áwo ( o segredo) era a Autoridade Máxima no Central do sistema religioso Yorubá.

Entende-se assim a importância do Ifá para massa de fiéis Yorubá e porque qualquer desvio

de seu sistema regular de normas, intentado por qualquer Babaláwo, era criticado por seus

consulentes e condenado por seus colegas de confraria.

Técnicamente, o Sistema Ifá baseava-se na manipulação dos Ikins/Coquinhos de Dendê,

para a obtenção, ao acaso, de um número Par ou Ímpar de Dendês que, na dita

manipulação, restassem na mão esquerda do babaláwo.Os Ikins quando batidos pelo

Babalawo é marcado de forma alternada.

Um batida marca na direita, outra batida marca na esquerda. Assim sucessivamente até

termos as oito marcas formando o omó Odu ou Olodu. O termo Ikin era designação especial

para o EKURO/Caroço do EYIN/fruto da AWPE/palmeira Oleaginosa, conhecida no Brasil

como Dendezeiro ou Dendê.

Esta qualidade par ou ímpar era traduzida por sinais gráficos diferentes no Ìyérosún/Pó

Branco Consagrado, que era especialmente espargido sobre o Opón Ifá/Tabuleiro de Ifá.

Estes sinais eram conhecidos, genericamente, por Ojú Opón/Olhos do tabuleiro e,

individualmente, por Ofú e Òsa.


Os resultados de uma sequência inicial de quatro manipulações eram marcados sobre o

Ìyerosún, no lado direito do Tabuleiro, verticalmente, a segunda marca sob a primeira e,

sucessivamente, a terceira sob a segunda, a quarta sob a terceira, sempre cada uma delas

ao acaso de sua manipulação. Obtinha-se assim a Onã Ifá/caminho de Ifá de um dos

dezesseis Odú/Fundamentos de Tradição que, associados aos Esé Itan/ Versos dos contos de

Ifá, se constituíam nos Signos-Respostas Básicas do Sistema Ifá.

Estes dezesseis Odù Babá ou Básicos possuíam, cada um deles, denominações, a saber.

“Odús”

1-Ogbé Méjì

2-Òyèkú Méjì

3-Ìwòri Méjì

4-Òdi Méjì

5-Ìròsùn Méjì

6-Òwónrín Méjì

7-Òbàrà Méjì

8-Òkàràn Méjì

9-Ògundá Méjì

10-Òsá Méjì

11-Ìká Méjì

12-Òtùrùkpòn Méjì

13-Òtúrá Méjì

14-Ìretè Méjì

15-Òsé Méjì

16-Òfún MéjÌ

Essas denominações e ordenação correspondiam às mais usadas ancestralmente em Ilè Ifé,

ou seja, na Cidade Sagrada dos Yorubás.

A repetição de uma outra sequência manipular igual, sendo as suas marcas Ofú ou Òsa

registrados no Pó Consagrado do Tabuleiro, mas à esquerda das marcas do primeiro Odù

Básico já lá registrado, possibilita a obtenção de um dos outros duzentos e cinquenta e seis

(256) Odùs combinados, passíveis de existir e denominados por Omo Odù (filho de Odù),

significando que a nova Oní Ifá é composta pela combinação de dois Odù Baba ou Básico.

Existem 240 Omo Odù também possuíam nomes específicos, formados pelos nomes dos dois

Odù Babá ou Básicos de que se compôe, prevalecendo a designação do Odù Babá da Direita

como se fora o seu Nome e a designação do Odù Babá da esquerda como se fosse seu

sobrenome.
Aiyé atí Okán náa ni -“Vida e morte: Ambas são identicas”

(Máxima da Sabedoria Ancestral dos Yorubás)

Pesquisas dos autores: Willian Bascon e Ivan H. Costa

Babá Fernando D’Osogiyan

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