História Da Agroecologia PDF
História Da Agroecologia PDF
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Resumo: Com o passar dos tempos e as evoluções que o homem foi conseguindo, começou a produzir ins-
trumentos de trabalho com maior eficiência, que contribuíram para o aumento da produção e, conseqüente-
mente, a diminuição da dependência da agricultura em relação à natureza. Com o uso das inovações surgidas
nos séculos XVIII e XIX, na Europa principalmente, o homem tornou-se mais dependente em relação ao
setor industrial. Isso corresponde à tecnificação e à mecanização da produção agropecuária. A modernização
da agricultura segue os moldes capitalistas e tende a beneficiar apenas determinados produtos e produtores,
fortalecendo a monocultura. Como resistência ao processo de modernização da agricultura, temos o surgi-
mento, no início do século XX, na Europa, de uma forma alternativa de produção, a agroecologia. Como
exemplo, utilizaremos o município de Verê (Sudoeste do Paraná), que tem uma produção agroecológica sig-
nificativa. Assim, nosso objetivo principal é relacionar o processo de produção convencional, trazida pela
modernização agrícola e a produção alternativa, a agroecologia, procurando observar as características parti-
culares de cada sistema de produção, convencional e agroecológico, e seus benefícios aos consumidores, ao
meio ambiente e ao produtor.
Palavras-chave: Modernização, Produção Convencional, Agricultura Familiar, Agroecologia.
Resume: By the evolutions that human kind has passed through during the centuries, we have started to
produce tools with more efficiency, which have been contributing to the increase of the production and
therefore to the decrease of the agriculture´s dependence on environment. Using the innovations which came
up during the XVIII and XIX centuries, mainly in Europe, we became more and more dependent on the
industrial sector. That is, technification and mechanization of agricultural production. The agriculture’s
modernization follows the capitalist models and usually benefits just some products and producers,
empowering mono-culture. As a resistance to the agriculture´s modernization process, at the beginning of the
XX century in Europe, we can observe the appearance of an alternative way of production, the Agroecology.
As an example, we will use the municipality of Verê (Southwest of Paraná), which presents an interesting
agroecological production. So, we can observe the typical features of each system of production,
conventional and agroecological, and their benefits to the consumers, the environment and the producer.
Key Words: Modernization, Convencional Production, Family Agricolture, Agroecology
INTRODUÇÃO
zar alguns problemas criados pela modernização da agricultura através de políticas públicas, incen-
tivos financeiros e novas formas de integrar o pequeno produtor agrícola na esfera econômica.
Dentre estas alternativas destacamos a agroecologia, uma ciência que busca aliar a produção agríco-
la de forma a não agredir o ambiente e proporcionar um desenvolvimento qualitativo ao produtor.
Para que isso seja possível, o Estado deve fazer a sua parte, a de promover e manter essas alternati-
vas a pequenos produtores familiares, dando-lhes suporte para a efetivação da produção orgânica,
baseada na agroecologia.
Assim, o nosso objetivo principal é relacionar o processo de produção agropecuária, chamado de
convencional, através da modernização da agricultura com uma forma alternativa de produção, a
Agroecologia, no município de Verê. Dividimos o texto em dois capítulos: o primeiro trata do pro-
cesso histórico de modernização da agricultura no mundo e no Brasil, dos impactos provocados por
ela, juntamente com os mediadores como o Estado através dos financiamentos e os complexos agro-
industriais com cooperativas de produção, de crédito e as agroindústrias como a Sadia e a Perdigão;
o segundo relata o processo histórico de surgimento da agroecologia no mundo e no Brasil, além de
interpretações da agroecologia vista por alguns autores e perspectivas de desenvolvimento, eviden-
ciando a agroecologia no município de Verê, sudoeste do Paraná, que tem uma significativa produ-
ção agroecológica.
Com o passar dos tempos o ser humano foi aperfeiçoando suas técnicas e instrumentos de trabalho,
resultando em uma maior eficiência, como são os casos, da construção dos canais de irrigação, a
adubação orgânica dos solos, as curvas de níveis e a invenção de equipamentos, como arados e mo-
inhos, que constituem exemplos do desenvolvimento das técnicas de produção que contribuíram
para o aumento da produção e conseqüentemente a diminuição da dependência da agricultura em
relação à natureza.
Segundo Hespanhol (2008), foi somente com a agricultura moderna surgida nos século XVIII e
XIX, em diferentes regiões da Europa, que houve a adoção de sistemas de cultivo que resultaram
em significativos aumentos da produtividade.
Assim, buscam-se novas formas de se produzir, no intuito de aumentar a produtividade. Então, sur-
ge à rotação de culturas, que segundo a EMBRAPA (2009), a rotação de culturas consiste em alter-
nar, anualmente, espécies vegetais, numa mesma área agrícola. Conforme Hespanhol (2008), a rota-
ção de culturas associada à atividade de criação tornou-se prática comum, sendo que o esterco ani-
mal passou a ser amplamente utilizado na adubação orgânica do solo.
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Já no século XIX e início do século XX, com a II Revolução Industrial, criam-se as condições para
as descobertas que estavam no ramo industrial, descobertas estas que viriam a modificar a forma de
produção da agricultura. Entre essas inovações, destaca-se o melhoramento genético, o uso de ferti-
lizantes químicos e a mecanização das atividades agrícolas.
A introdução e a expansão dessas inovações levaram ao abandono da rotação de culturas, aumento
da produção de matérias-primas e, um avanço expressivo no uso de motores a combustão, como
tratores, arados, colheitadeiras e plantadeiras. Com isso, o ser humano passou a ser menos depen-
dente da natureza, pois com as técnicas de preparo do solo com fertilizantes químicos, a instalação
de sistemas de irrigação, o uso de dessecantes e as colheitadeiras facilitaram o agendamento da pro-
dução.
Todavia, com o uso dessas inovações, o homem passou a ser mais dependente em relação ao setor
industrial, já que, segundo Hespanhol (2008), ela passou a demandar crescentemente máquinas,
implementos e insumos químicos.
O conceito de modernização da agricultura varia entre os diversos autores que discutem o tema,
pois alguns avaliam as modificações nas bases técnicas ocorridas no processo de produção e outros
levam em conta o processo de produção como um todo.
No primeiro podemos considerar, modernizada toda produção que usa intensivamente técnicas e
equipamentos, tais como máquinas, insumos químicos, considerados modernos, que venham inter-
ferir na diretamente nos ganhos no processo produtivo. Deste modo, a modernização seria a tecnifi-
cação e mecanização total da produção agrícola.
No segundo, podemos destacar que não se pode restringir apenas aos equipamentos usados, mas
sim, aos processos de modificação ocorridos nas relações sociais de produção. A verdade é que a
modernização da agricultura segue os moldes capitalistas e tende a beneficiar apenas determinados
produtos e produtores, tendendo a fortalecer a monocultura. Com isso, ocorre o que vários autores
denominam de “industrialização da agricultura”, tornando-a uma atividade nitidamente empresarial,
abrindo um mercado de consumo para as indústrias de máquinas e insumos modernos.
Assim, a indústria baseada em um discurso de progresso e aumento da produção, inova as técnicas
agrícolas incentivando o mercado a promover um maior consumo, utilizando-se por vezes da pro-
paganda de seus produtos e prometendo mais produtividade em menos tempo. Tornando os produ-
tores cada vez mais dependentes da indústria, com um pensamento alicerçado num desprendimento
da natureza, ou seja, as técnicas e máquinas modernas podem adaptar-se a qualquer fenômeno natu-
ral, não comprometendo a produtividade.
Esta modernização atrelada a um discurso capitalista promove uma desigualdade cada vez mais
acentuada entre os produtores agropecuários. Se com as técnicas rudimentares já havia certa dife-
renciação, com a modernização isso só intensificou as diferenças.
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A modernização da agricultura ocorreu em todos os países do mundo, uns com maior intensidade,
outros nem tanto. No caso do Brasil isso não foi diferente, a modernização da agricultura intensifi-
cou a produção agrícola, aumentou os latifúndios e segregou uma grande parcela da população.
Graziano Netto observa que “a chamada modernização da agricultura, não é outra coisa, para ser
mais completo, que o processo de transformação capitalista da agricultura, que ocorre vinculado às
transformações gerais ocorridas na economia brasileira”. (1985, p.27)
Conforme Hespanhol (2008), o processo de incorporação tecnológica, que inicialmente esteve con-
centrado nos países desenvolvidos, passa a se alastrar também pelos países subdesenvolvidos, de-
nominado como Revolução Verde, um padrão agrícola químico, motomecânico e genético, gestado
nos EUA e na Europa, que transformado em pacote, vai gradativamente se espalhando e se insta-
lando em todo o mundo, criando uma nova racionalidade produtiva, segundo Arl (2008) “o chavão
deste modelo era: “acabar com a fome no mundo”, e preconizava-se que, com a modernização tec-
nológica e com o conseqüente aumento da renda familiar e, portanto, desenvolvimento rural”.
(ARL, 2008, p. 157)
No Brasil, Hespanhol (2008), diz que, a incorporação do pacote tecnológico, denominado de mo-
dernização da agricultura, se intensificou a partir de meados dos anos 1960, em pleno período da
ditadura militar. Nesse contexto, os interesses da tríplice aliança formada pelo Estado, grandes em-
presas de capital nacional e internacional foram fundamentais para a consolidação desse processo.
(...) a modernização da agricultura brasileira teve seu inicio fortemente direcionado e
estimulado pelo Estado, através de medidas de políticas econômicas. As idéias ori-
undas da Revolução Verde criaram a expectativa de superação do subdesenvolvi-
mento através de transformações no setor agropecuário. Com isso o setor agrícola se
dinamizaria e geraria um aumento de produção através do qual acabaria com a fome
da população e, com excedente, poderia incrementar suas exportações e gerar divi-
sas promovendo um progresso generalizado e autosuficiente. (FLEISCHFRESSER,
p. 12, 1998)
Desta forma, o Estado brasileiro criou um aparato institucional altamente favorável à modernização
da agricultura, destacando a sua atuação em várias esferas, que implicaram na criação do Estatuto
dos trabalhadores Rurais (1963) e do Estatuto da Terra (1964), sendo que este último estabeleceu
como rearranjo espacial, a gradual extinção do latifúndio e minifúndio, surgindo à denominação de
empresa rural.
Segundo Moreira (1990), a concessão de crédito subsidiado por meio do Sistema Nacional de Cré-
dito Rural (1965); no investimento em pesquisa agronômica e extensão rural, favorecendo a disse-
minação do modelo produtivista e na política fundiária, valorizou a propriedade privada atrelada ao
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mercado de terras. Desta maneira o Estado era capaz de controlar a produção agrícola e os movi-
mentos sociais.
A Revolução Verde foi o último grande projeto para o desenvolvimento rural no país, foram mais de
20 anos de investimentos públicos e privados envolvendo volumosas somas de créditos subsidiados
e vinculados à compra de insumos, pesquisa e extensão rural, além de milionária campanha de pro-
paganda e convencimento dos agricultores. Não deve se esquecido outro forte componente indutor
do uso das inovações químicas – a propaganda utilizada pelas empresas. Constituem-se, desse modo
em um elemento de pressão ideológica sobre os produtores. (FLEISCHFRESSER, 1998)
Assim, com o rápido processo de adoção de inovações tecnológicas na agricultura, a intensificação
da concentração fundiária e o uso dos meios de comunicação, às terras passaram a ficar nas mãos de
poucos, inúmeros famílias de agricultores saem das suas propriedades e partem para outras regiões
agricultáveis do Centro-Oeste ou Norte brasileiro, ou para os centros urbanos como São Paulo e Rio
de Janeiro, promovendo um intenso êxodo rural. As cidades não se tornam pólo de atração para os
agricultores expulsos de suas terras, mas o resultado da falta de políticas públicas e privadas dire-
cionadas também para o pequeno produtor.
Nesta perspectiva, o uso de tanta mecanização agrícola resultará como conseqüência, em um grande
contingente de trabalhadores assalariados temporários, principalmente na colheita, quando se há
maior necessidade de mão-de-obra, além dos trabalhadores que não são absorvidos pelas indústrias
nos centros urbanos. Muitos desses trabalhadores vão se organizar nos grupos de movimento soci-
ais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que reivindicam o acesso a
terra por meio da realização da reforma agrária.
[...] é inegável a importância dos movimentos sociais nos contextos social e político
do Brasil e do mundo, em nosso país representando a última esperança para os des-
possuídos, miseráveis ou excluídos, dada à falência e falta de compromisso social
das instituições oficiais e políticas no que tange ao atendimento das necessidades bá-
sicas da população, como moradia, seguridade social, educação, vestuário, trabalho
e subsistência, ou mesmo alimentação. (TUPINAMBÁ NETO, 2001, apud ATAÍDE
JUNIOR, 2006, P. 150)
Num país como o Brasil, que possui um das maiores concentração de terras do mundo, onde as
grandes propriedades pertencem a poucos produtores, não é de se admirar o grande número de ex-
cluído do processo de modernização. Esse modelo de mecanização da agricultura trouxe aumento
da produção, facilitou e reduziu o trabalho do agricultor, mas ao mesmo tempo, ocasionou inúmeras
conseqüências, além das implicações sociais negativas como já foi citado, o agravamento dos pro-
blemas ambientais derivados da compactação do solo em razão da intensa mecanização das ativida-
des agropecuárias e da utilização indiscriminada de agrotóxicos, a contaminação de trabalhadores
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rurais, de recursos hídricos, dos solos e das cadeias alimentares, incluindo os animais, os alimentos
e assim, o próprio ser humano.
Desse modo, as famílias tinham uma produção diversificada e praticavam uma agricultura de sub-
sistência, não necessitavam de insumos de terceiros, pouca coisa se buscava no mercado. No entan-
to, com a Revolução Verde há uma tendência de enfraquecer a agricultura familiar. Assim, percebe-
se cada vez mais o uso de produtos modificados geneticamente, de adubos e insumos químicos,
agrotóxicos e fertilizantes, sobretudo na produção em grande escala. Há uma maior dependência de
um sistema voltado ao modo de produção capitalista.
Entretanto, a partir dos anos 1980, segundo Hespanhol (2008), houve o esgotamento do padrão de
modernização da agricultura brasileira. O Estado passou a enfrentar uma grave crise fiscal, tornan-
do-se incapaz de enfrentar e continuar subsidiando todo esse movimento.
Além desses problemas financeiros os governos mundiais, inclusive o brasileiro, se vêem pressio-
nados pela população e por diversas organizações a adotarem medidas de controle ambientais, já
que com a modernização da agricultura a natureza sofreu graves danos.
Desta forma, tornam-se significativas as mudanças que principiam a ocorrer na produção agrícola,
pois assim como os agricultores, a população começa a se preocupar em consumir produtos saudá-
veis; a problemática ambiental aparece com grande importância nos debates e as leis ambientais
começam a serem empregadas. Surgem algumas alternativas de produção agrícola, estas preocupa-
das com a preservação do ambiente e com a saúde humana, uma dessas alternativas é a agroecolo-
gia.
Segundo Miklós (1998) a produção agroecológica e suas diversas modalidades ou escolas teve seu
início na Europa, na década de 1920, com a experiência de pequenos grupos de agricultores e o a-
companhamento de especialistas, pesquisadores e filósofos, que na época não encontraram recepção
fácil às suas idéias.
Em novembro de 1972, na França, cria-se a IFOAM - Federação Internacional dos Movimentos de
Agricultura Orgânica - hoje com sede na Alemanha. A IFOAM passou a reunir centenas de entida-
des e pessoas físicas ligadas à agricultura ecológica no mundo todo e a agroecologia começou a se
fortalecer. Assim, com a necessidade de produção rápida em grande escala de alimentos, criou-se há
muitas décadas um sistema de produção agrícola baseado na aplicação de agroquímicos, chamado
de agricultura convencional.
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Esses movimentos tinham princípios semelhantes e passaram a ser conhecidos como agricultura
orgânica. Que, segundo a Associação da agricultura Orgânica (2008), o conceito de agricultura or-
gânica surge com o inglês Sir Albert Howard entre os anos de 1925 e 1930 em que trabalhou e pes-
quisou o tipo de agricultura praticada pelos camponeses na Índia. Howard ressaltava a importância
da utilização da matéria orgânica e da manutenção da vida biológica do solo. Já nos anos de 1990,
este conceito ampliou-se e trouxe uma visão mais integrada e sustentável entre as áreas de produção
e preservação, procurando resgatar o valor social da agricultura e passando a ser conhecido como
Agroecologia. A Agroecologia torna-se, dessa forma, uma alternativa em potencial o sistema tradi-
cional de produção agrícola (SAQUET, p.152, 2008). Desta forma Altieri (2004, p. 204) conceitua a
Agroecologia:
Então, segundo Saquet et al (2005), a agricultura ecológica tem como principal objetivo a produção
de alimentos saudáveis, com um mínimo possível de resíduos agrotóxicos, com boa qualidade, com
bom sabor, aroma e valor nutricional. Ao mesmo tempo, devem ser preservados os recursos e as
paisagens naturais, assegurar o trabalho e servir como fonte de renda para a subsistência das famí-
lias agricultoras.
A história da formação de movimentos ecológicos no Brasil, que culminam no que hoje conhece-
mos como agroecologia, conflui com o fortalecimento em nível mundial da luta das organizações
não-governamentais (ONGs) materializadas em suas participações nos fóruns internacionais de dis-
cussão sobre o meio ambiente e desenvolvimento desde a década de 70. (BENTHIEN, 2007),
Conforme Saquet et al (2005), a entidade mais antiga nos movimentos de desenvolvimento da agri-
cultura ecológica, ou agroecologia, no Brasil, é a Estância Deméter, em Botucatu, São Paulo, insta-
lada em 1934 e que deu origem ao Instituto Biodinâmico (IBD), fundado em 1981. A primeira Or-
ganização Não governamental (ONG) de agricultura ecológica no Brasil foi a Mokiti Okada, a qual
segue os fundamentos da agricultura natural.
A agroecologia no país, mesmo restrita a espaços específicos e insipientes em várias regiões, repre-
senta a formação de uma base concreta de contestação à lógica da racionalidade econômica empre-
gada pelo modo de produção capitalista, além de concretizar a manutenção do modo de vida de a-
gricultores familiares brasileiros, sugerindo perspectivas alternativas de reprodução social. As
ONGs brasileiras têm um papel importante no estabelecimento de práticas agroecológicas, princi-
palmente pela formação de grupos de assessoramento e acompanhamento rural que levam aos agri-
cultores informações sobre a melhor forma de trato com a terra, além de auxílio no escoamento da
produção evitando perdas.
A insurgência da preocupação ambiental nasce de forma tardia no mundo em relação à degradação
do meio ambiente. “em datas anteriores às primeiras décadas do século XX, poucos foram os acon-
tecimentos cujos efeitos pudessem despertar a atenção do homem para a necessidade de preservar o
meio ambiente a fim de garantir sua própria existência” (BAPTISTA E OLIVEIRA, 2002, P. 07).
A Conferência de Estocolmo, ocorrida no início da década de 1970, trouxe grandes avanços de or-
dem jurídica e social, relatando ao mundo a constante ocorrência de catástrofes ambientais tais co-
mo: o surgimento de nuvens tóxicas devido a vazamentos químicos, chuvas ácidas e derramamento
de petróleo no mar. A contribuição principal de tal conferência foi de fazer com que as preocupa-
ções ambientais internacionais ocupassem um lugar de destaque na agenda de negociações dos paí-
ses no intuito de cooperação internacional.
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O fato é de que o meio ambiente, compreendido em sua concepção mais ampla, que
envolve as relações políticas, econômicas e sócio-culturais, passou a ocupar um lu-
gar central nas relações e políticas internacionais e se por um lado os problemas am-
bientais podem levar a conflitos e enfrentamentos entre os Estados-Nação podem
também, ou pelo menos têm potencial para isto, forçar uma cooperação entre os Es-
tados. (SILVA-SÁNCHEZ, 2003, p.16)
Assim, vinte anos após a Conferência de Estocolmo, realiza-se no Rio de Janeiro a Eco-92 (também
conhecida como Rio-92) que, mesmo frisando a necessidade de cooperação internacional em prol
de um desenvolvimento sustentável1, não trouxe significativos resultados para os problemas encon-
trados em sua agenda (Leis 1996). A discussão e internalização político-legislativa da preocupação
ambiental no Brasil são percebidas neste período, mesmo existindo no país desde meados da década
de 1980 as raízes do movimento ambientalista.
Na década de 1980, o ambientalismo no país ainda era insipiente; as ONGs existentes até então ti-
nham poucos militantes, baixo orçamento e atuação apenas local: “Era um conjunto de organizações
desarticuladas, amadoras, que viviam do heroísmo de seus militantes e de campanhas pontuais. Fa-
ziam muito barulho, causavam comoção, mas ainda tinham muito pouca efetividade na formulação
de políticas públicas, situação que mudou radicalmente após a Rio-92”. (CRESPO, 2003, p.62)
Nestas últimas quatro décadas de conferências internacionais sobre o meio ambiente e através dos
preceitos de contracultura presentes em muitas ONGs no Brasil, a agricultura ecológica praticada
geralmente por pequenos produtores, muitos deles agricultores familiares de origens camponesas,
toma corpo como uma forma de recusa à lógica de mercado, incorporando preceitos de sustentabili-
dade2 ambiental em suas práticas, além de uma alternativa de sobrevivência aos mesmos. Sua insur-
gência no Brasil apresenta raízes na década de 1970, entretanto, após a Rio 92, “(...) a agricultura
alternativa irá ser fomentada por associações, organizações não-governamentais e entidades públi-
cas de assistência Técnica como a Emater, sob a rubrica de agricultura sustentável” (BRANDEN-
BURG, 2002).
A agricultura ecológica no Brasil foi construída através do auxílio de instituições da sociedade civil
organizada, da Igreja (como a Pastoral da Terra) e por entidades estatais. Por ser uma prática alter-
nativa, sua participação no mercado também atende a um viés alternativo na medida em que há, por
parte de grupos de agricultores ecológicos, a intenção de formação de organizações sociais autoges-
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Segundo Almeida (1997, p. 20-21), a noção de desenvolvimento sustentável vem sendo utilizada como portadora de
um novo projeto para a sociedade, capaz de garantir, no presente e no futuro, a sobrevivência dos grupos sociais e da
natureza. Ideia que teve origem a partir do Relatório de Brundtland (1987), conhecido no Brasil pelo “Nosso Futuro
Comum”, a ideia de desenvolvimento sustentável aparece nos seguintes termos: e aquele “capaz de garantir as necessi-
dades das gerações futuras”.
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Sustentabilidade significa que a atividade econômica deve supri as necessidades presentes, sem restringir as opções
futuras. (ALTIERI, p. 76, 2004)
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Vários autores estabelecem conceitos sobre a agroecologia, mas nota-se uma diferença na corrente
teórico-metodológica que cada um segue. Além disso, a agroecologia envolve várias correntes da
produção agrícola como alternativa aos métodos técnico-econômicos de produção ou agricultura
convencional.
Para Saquet et al (2005, p.13), “o objetivo principal da agricultura alternativa é a formação e manu-
tenção de um equilíbrio ecológico nas áreas agrícolas produtivas e gerar uma independência dos
recursos externos de produção”.
Quando o autor se refere à independência aos recursos externos, é porque as formas de produção
modernas utilizam muita tecnologia, máquinas modernas e toneladas de insumos químicos, que
desta forma passa a depender de áreas externas, como a indústria, por exemplo. Então, a agroecolo-
gia vem como uma forma de substituir a produção agrícola moderna, além de que produzir alimen-
tos mais saudáveis, proteger e conservar os recursos naturais e socializar a mão-de-obra do agricul-
tor.
Em Altieri (2000), a agroecologia é definida como ciência ou disciplina científica que apresenta
uma série de princípios, conceitos e metodologias para estudar, analisar, dirigir e avaliar agroecos-
sistemas, com o objetivo de favorecer a implantação e o desenvolvimento de sistemas de produção
com maiores níveis de sustentabilidade, ou seja, para este autor, a agroecologia não é a forma agrí-
cola de produzir, mas sim, a ciência que procura compreender os processos produtivos de uma ma-
neira mais ampla, onde através disso, definiria outras formas de agricultura, como a orgânica, a eco-
lógica e outras.
Para Caporal e Costabeber (2002, p.16), a Agroecologia é um conjunto de conhecimentos, “que
vem orientar o correto redesenho e o adequado manejo de agroecossistemas, na perspectiva da sus-
tentabilidade”. Seguindo a mesma linha, Gliessman (2001), diz que a agroecologia é uma fusão da
agronomia com a ecologia, e se constitui em uma ciência. “A agroecologia proporciona o conheci-
mento e a metodologia necessários para desenvolver uma agricultura que é ambientalmente consis-
tente, altamente produtiva e economicamente viável” (p.54).
Observando os vários conceitos citados acima, chegamos à conclusão de que como diz Gliessman
(2001), a agroecologia é uma ciência, que deve ser ambientalmente sustentável e economicamente
produtiva, consiste em utilizar tecnologias ecologicamente viáveis, incorporando-as a um novo pa-
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drão produtivo que garanta produção satisfatória sem pôr em risco todo o meio ambiente e a própria
saúde humana.
Candiotto (2008) acorda que “cabe à agroecologia pensar na produtividade agrícola a partir da di-
nâmica de cada ecossistema, e de sua transformação em agroecossistemas sustentáveis, buscando
compatibilizar benefícios ambientais, econômicos e sociais, sobretudo para os agricultores familia-
res envolvidos”. A agricultura orgânica pretende e pode gerar estratégias de desenvolvimento so-
cioeconômico e contribuir para a agricultura familiar. A partir de seus princípios elementares é pos-
sível, uma menor agressão ao meio ambiente, à produção de alimentos mais saudáveis e recursos
para a auto-sustentação dos produtores. (SAQUET, p. 152. 2008)
vimento não pode ser pensado a partir da ótica desenvolvimentista, centrada apenas no progresso e
na racionalidade econômica.
Pensar em um desenvolvimento aliando economia e sociedade é pensar em desenvolvimento susten-
tável. É consolidar preservação ambiental, desenvolvimento do ser humano como integrante da
grande teia da vida e, não apenas um mero ator das mudanças históricas, efetivadas apenas por al-
guns atores sociais.
A agricultura familiar baseada no conceito de agroecologia pode ser um viés apoiado nas noções de
sustentabilidade, para a busca de um desenvolvimento pensado para o local, que pode ter como con-
seqüência a extensão para o desenvolvimento global. O acesso à agricultura sustentável exige trans-
formações nas esferas políticas, sociais e econômicas, ou seja, o Estado enquanto provedor de polí-
ticas públicas deve aliar-se as instituições privadas e criar mecanismos que promovam aos pequenos
agricultores possibilidades de se integrar na produção agrícola sustentável.
A agricultura sustentável usada na promoção da agricultura familiar tem capacidade de assegurar
uma produção voltada à subsistência, podendo também ser comercializada, gerando outras fontes de
economia para o produtor. Altieri (2004) acorda que, “novos agroecossistemas sustentáveis não
podem ser implementados sem uma mudança dos determinantes socioeconômicos”.
Nessa configuração, o desenvolvimento da agricultura familiar carece ser estruturado através da
elaboração de políticas adequadas a sua produção, as quais atendam ao desenvolvimento socioeco-
nômico através de uma perspectiva cultural e política, surgindo como uma proposta para a diminui-
ção da pobreza e da exclusão social. Segundo Saquet (2008) a agricultura familiar promove a inclu-
são social das pessoas no campo e melhora a saúde do produtor.
A agricultura familiar baseada na produção de produtos orgânicos, que é a referência da agroecolo-
gia, pode dar certo desde que haja pré-disposição de todos os interessados na melhoria da condição
humana e ambiental como ocorre em algumas propriedades do município de Verê – sudoeste do
Paraná, que possuem várias culturas agrícolas voltadas para a produção de produtos orgânicos. Sa-
be-se que em pequenas propriedades torna-se difícil a manutenção econômica baseada apenas na
agricultura convencional. Assim, pequenas famílias que vivem da produção de alimentos, encontra-
ram na agricultura orgânica uma alternativa para a subsistência da família e geração de renda.
As perspectivas baseadas na ciência agroecológica, permitem alternativas pensadas em prol do pe-
queno produtor, em que este através da agricultura familiar obtenha condições necessárias de se
manter no campo colaborando com a manutenção e preservação do ambiente.
No município de Verê – sudoeste do Paraná existem várias entidades parceiras à agricultura familiar
e, principalmente, incentivando a produção agroecológica de alimentos. Dentre essas entidades,
podemos citar duas, como as mais importantes e ativas no desenvolvimento das atividades agroeco-
lógicas, sendo o CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor) e a APAVE (Associação de Pro-
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dutores Agroecológicos de Verê). Essas entidades além de incentivar a produção agroecológica vêm
também buscar alternativas de comercialização que atendam à realidade do produtor e às exigências
do consumidor.
O CAPA é uma organização não-governamental ligada a Igreja Evangélica de Confissão Luterana,
fazendo parte do seu compromisso de Igreja, que não se conforma com as injustiças sociais e à a-
gressão ao meio ambiente. A proposta do CAPA é apoiar o fortalecimento das famílias de agriculto-
res para que eles, junto com outros segmentos da sociedade, participem no desenvolvimento basea-
do nos princípios de agroecologia e de cooperação através de experiências com produção, benefici-
amento, industrialização e comercialização, que sirvam de sinais de que o meio rural pode ser um
espaço de vida saudável, de realizações e de viabilidade econômica para todos.
Segundo Luchman (2008, p. 233) o CAPA foi “criado em 1978, surgiu no momento em que os a-
gricultores familiares eram expulsos do campo por um novo modelo econômico, concentrador de
renda e de terra que passou a destruir a saúde das pessoas e o meio ambiente”. Hoje, como sabemos,
a agricultura familiar continua a enfrentar desafios, viabilizar a pequena propriedade exige organi-
zação e preparo. Desde o início, o CAPA buscou contribuir para a prática social e de serviço junto
às famílias de agricultores, como uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Atende os estados
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, são beneficiadas em torno de 5.400 famílias, inclu-
indo agricultores familiares, indígenas, quilombolas e pescadores profissionais artesanais. Hoje,
segundo Luchman (2008), os trabalhos estão mais concentrados em alguns municípios com ativida-
des de assessoria direta aos produtores, enquanto que, nos demais, o apoio dá-se de forma indireta,
através de associações e de cooperativas, principalmente nas atividades de construção da rede soli-
dária de comercialização e de certificação participativa (Rede Eco Vida).
O CAPA trabalha, no âmbito da assessoria emergencial na área de produção de hortaliças e frutífe-
ras, com isso, vem acumulando experiências vivenciadas ao lado das famílias acompanhadas. Além
de que, auxilia na formação dos produtores com cursos e estes passam a receber assessoria perma-
nente; na produção e incremento tecnológico com sistemas de irrigação, estufas e telas; na constru-
ção do viveiro comunitário, para produção das mudas; no planejamento, para a produção e comerci-
alização; na organização de grupos e formação de associações; e, na comercialização, a ligação en-
tre produtores-produto-consumidor.
A APAVE foi fundada com o apoio do CAPA em agosto de 2001, que surgiu justamente da neces-
sidade de um espaço de comercialização para oferecer os seus produtos sem agrotóxicos, diretamen-
te ao consumidor. A APAVE atualmente mantém uma loja em Verê, que atende diretamente um
grande número de consumidores conscientes que participam no processo de melhoria no relaciona-
mento com os produtores, pondo em prática a essência da agroecologia que envolve a sociedade
preocupada com segurança alimentar e sustentabilidade ambiental e que começa a entender a irre-
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Em Verê, Décio Cagnini, além de produtor agroecológico, é técnico agrícola especializado nesta
produção e trabalha no CAPA. Assim, sua unidade produtiva e de vida está muito bem organizada e
serve de referência naquele município. A família Cagnini também é originária do Rio Grande do
Sul e moram no município desde 1951. Como ele ocupa-se das atividades do CAPA, contrataram
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um casal para auxiliar nas tarefas de sua propriedade, como empregados temporários diaristas. A
gestão da propriedade é familiar. A área total é de 13,6 ha: 3 ha de culturas convencionais, onde
trabalham outras pessoas (arrendamento); 1 ha de pastagens permanentes; 20% da área total é de
mata nativa; o restante é dedicado à fruticultura [uvas (niágra, bordô e francesa), pêra, pêssego e
laranja], erva-mate (5.000 pés) e hortaliças em estufas (alface, tomate, vagem, pepino, cenoura,
beterraba, brócolis...). Sua produção é certificada pela Rede Ecovida.
Décio trabalha com agroecologia há 10 anos. Fez essa escolha para cuidar das crianças, pois sua
filha havia se intoxicado com “o veneno dos tomates”. Foram os primeiros em Verê a optar pela
agroecologia, graças ao trabalho no Capa. “Foi um desafio naquela época”, comenta Décio. “Como
funcionário do Capa, tive que dar o bom exemplo e o experimento deu certo”. Para comercializar a
produção, vende uma parcela in loco, participa de feiras a cada 15 dias (Foz do Iguaçu e Curitiba),
entrega as hortaliças no APAVE e a uva na Aprovive (unidade de transformação da uva em suco,
localizada também em Verê).
Ao falar sobre as vantagens da produção agroecológica, destaca: a) os preços obtidos pela produ-
ção; b) mercado garantido; c) saúde familiar e dos consumidores através da produção de alimentos
saudáveis. “A comercialização sempre dá certo e há a garantia que tudo é vendido. Além disso, é o
produtor que estabelece o preço. Eu faço o preço, sem ter que contratar grandes empresas”, afirma.
Como desvantagem, nosso entrevistado menciona a falta de força de trabalho, ou seja, de pessoas
disponíveis para fazer o trabalho braça que a prática agroecológica exige: “Os jovens saem do cam-
po para a cidade e deixam o trabalho rural. O mercado também é frágil, é difícil é criar um mercado
regular e ainda falta organização dos produtores em um sistema coeso”. Além disso, também afirma
que faltam técnicos especializados em agroecologia.
Apesar de destacar a fragilidade do mercado, Décio afirma que há consumidores para a produção,
normalmente, vendem tudo que cultivam e faltam produtos, especialmente frutas e verduras. Assim,
é necessário ampliar a produção e a comercialização envolvendo esse território e outros vizinhos,
como Francisco Beltrão. Isto pode ocorrer, por exemplo, na opinião do Décio, através da criação de
uma central de produtos agroecológicos, que articule produtores de diferentes municípios.
A família Tomé também é proveniente do Rio Grande do Sul e reside em Verê há 45 anos. A gestão
da propriedade é familiar. Nela, trabalham duas pessoas da família. A família também possui em-
pregados temporários, 5 ou 6, no período da colheita da uva. A área total da propriedade é de 14,7
ha: 7 ha para culturas temporárias (milho, soja, feijão); 1 ha para culturas permanentes (uva); 3 ha
de pastagem permanente; 3 ha de mata nativa e 500 pés de silvicultura e reflorestamento.
A família Thomé trabalha com a agroecologia há 5 anos, graças às atividades desenvolvidas pelo
Capa, aprendendo através de cursos, reuniões e intercâmbios com produtores do Rio Grande do Sul.
A uva é agroecológica e comercializada para a produção de vinho. Inicialmente essa uva era trans-
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formada em suco pela empresa catarinense Sucoeste; quando essa empresa deixou de comprar a uva
em Verê, os produtores tiveram que construir uma alternativa. Juntos com a prefeitura de Verê e o
Capa, escreveram um projeto solicitando financiamento para fazer uma construção/edificação e para
comprar equipamentos de uma fábrica de sucos. A família optou pela agroecologia com a intenção
de produzir uva saudável para eles e para os filhos, num contexto dominado por os agrotóxicos. As
mudas são compradas em Santa Catarina. Como a uva é um produto de pouca durabilidade, a co-
mercialização precisa de um cuidado particular. A família comercializa uma parte in loco, um pou-
co em feiras e outra parte é transformada em suco através da Associação Aprovive, também certifi-
ca a produção. Parte da uva (Concórdia e Bordô) é transformada em vinho, cerca de 12.000 kg na
última safra. A família tem uma produção considerável para a subsistência com a venda dos exce-
dentes: feijão (2 ou 3 sacas por ano, para o consumo próprio), leite, suínos, mandioca, hortaliças e
frutas, as três últimas comercializadas na APAVE.
As principais vantagens destacadas são as seguintes: valor pelo produto, superior ao convencional;
baixo custo de produção; venda fácil e garantida. Como desvantagem, Tomé evidenciou a falta de
assistência técnica contínua no município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TO, Luciano Zanetti Pessoa (Org). Desenvolvimento territorial e agroecologia. 1. ed.- São Paulo:
Expressão Popular, 2008.
ATAÍDE JUNIOR, Wilson Rodrigues. Os direitos humanos e a questão agrária no Brasil: a si-
tuação do sudeste do Pará. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2006. 308 p.
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MIKLÓS, A. Attila de W. Agroecologia: base para o desenvolvimento da biotecnologia agrícola
e da agricultura. Anais da 3ª Conferência Brasileira de Agricultura Biodinâmica. Governo do Esta-
do de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente, CETESB, Documentos Ambientais. 1998.