Francislaine Campos Garcia

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ISBN 978-85-8084-603-4

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO DA ARTE

Francislaine Campos Garcia1; Priscilla Campiolo Manesco Paixão2

RESUMO: O presente estudo busca refletir sobre o processo avaliativo no ensino da Arte da Educação
Básica, aprofundando a relação ensino-aprendizagem e ressaltando a importância da avaliação não apenas
como resultado final, mas como parte do processo educacional, com base na abordagem Triangular,
desenvolvida por Ana Mae Barbosa, apontando os meios e critérios avaliativos desenvolvidos no ensino de
Arte e as relações socioculturais que se ocultam por trás deste processo ensino-aprendizagem
influenciando os resultados escolares.

PALAVRAS CHAVES: Avaliação; Contextualização Histórica; Valorização Cultural.

ABSTRACT: The present study aims to reflect on the evaluation process in the teaching of Basic Education
Art, deepening the teaching-learning relationship, and highlighting the importance of evaluating not only the
final result but as part of the educational process, based on the Triangular approach, developed by Ana Mae
Barbosa, pointing means and evaluative criteria developed in the teaching of art and socio-cultural relations
that hide behind this teaching-learning process influencing educational outcomes.

KEYWORDS: Evaluation, Historical Context, Cultural Appreciation.

1. INTRODUÇÃO

A Arte é produzida pelo ser humano desde sua existência, através dela este
mesmo ser humano expressa sua compreensão de mundo. Uma obra de arte retrata o
espírito da época em que foi realizada, o contexto, os valores sociais, econômicos e
culturais. A história do mundo é revelada através das manifestações artísticas, sendo uma
linguagem capaz de ser entendida mundialmente. Desta forma, a Arte deve ser tratada
nas escolas da Educação Básica como uma disciplina de suma importância para o
desenvolvimento sociocultural do educando.
Do planejamento à avaliação, a proximidade entre a teoria e a prática dos
conteúdos, as metodologias, o uso de recursos didáticos e a avaliação reflexiva, fazem
parte de um processo educacional e devem ser analisadas de forma flexível as
circunstâncias do ambiente. Sendo assim, a avaliação deve ser compreendida como um
processo em construção contínuo estando coerente com as características da sociedade
vigente.
Neste sentido, a pesquisa de cunho bibliográfico, tem a intenção de esclarecer os
meios e as relações sociais de que a avaliação precisa seguir, partindo de um processo
histórico e dialético da compreensão da realidade em que vivemos para estabelecer

1
Pedagoga, pós-graduada em Educação Especial, Acadêmica do curso de Artes Visuais e Pós Graduação em Arte na
Contemporaneidade, pelo Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR. Maringá – Paraná. [email protected]
. Professora Mestre do curso de Artes Visuais pelo Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR. Maringá – Paraná.
[email protected]

Anais Eletrônico
VIII EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar
UNICESUMAR – Centro Universitário Cesumar
Editora CESUMAR
Maringá – Paraná – Brasil
ISBN 978-85-8084-603-4

critérios avaliativos coerentes e eficazes. Reconhecendo que não existam autores que se
dirigem especificamente a avaliação do ensino da Arte, far-se-á necessário à reflexão
contínua relacionando considerações das avaliações de outras áreas do conhecimento a
fim de construir, através das reflexões, novos caminhos para avaliar o ensino da Arte na
contemporaneidade.

2. A HISTÓRIA DO ENSINO DA ARTE NO BRASIL E AS IMPLICAÇÕES NA


CONTEMPORANEIDADE

Em geral, a História do Ensino no Brasil foi marcada por várias transformações:


pelos avanços industriais e tecnológicos, pela extração dos recursos naturais do nosso
país, pelas relações sociais e políticas, e principalmente pela construção de nossa cultura
heterogenia formada por grupos tão distintos que fizeram parte da colonização. Todos
estes fatos influenciaram de forma significativa o desenvolvimento e o processo
educacional. Segundo Martins e Picosque (1998, p.10):

Uma referência importante para compreender o ensino da arte no Brasil é a


celebre Missão Artística Francesa trazida em 1816, por Dom João VI. Foi criada,
então, a Academia Imperial de Belas-Artes, que após a proclamação da República
passou a ser chamada de Escola Nacional de Belas-Artes.

A Escola Nacional de Belas-Artes tinha como principal objetivo ensinar o desenho


valorizando a cópia fiel sem considerar a cultura local, utilizava-se dos modelos europeus,
a criança não tinha espaço para expressar seus sentimentos e consequentemente inibia a
imaginação, a criatividade e o desenvolvimento cognitivo.
Nesta época, o ensino pautava-se em uma concepção autoritária, onde o valor
estava no objeto, ou seja, no produto final. O professor estabelecia as regras e os alunos
as cumpriam sem contestar. O mestre era autoridade máxima na relação aluno/professor.
Ferraz e Fusari (2010, p. 25) comentam que:

Na pedagogia tradicional o processo de aquisição dos conhecimentos é proposto


através de elaborações intelectuais e com base nos modelos de pensamento
desenvolvidos pelos adultos, tais como análise lógica, abstrata. Na prática, a
aplicação de tais ideias reduz-se a um ensino mecanizado, desvinculados dos
aspectos do cotidiano, e com ênfase exclusivamente no professor que passa para
os alunos “informações” consideradas verdades absolutas.

A tendência tradicional, ainda se manifesta nas escolas brasileiras, por estabelecer


uma teoria mimética, onde os alunos são levados a fazer cópias de modelos escolhidos
pelos professores, que organiza sua aula desvinculada do contexto sociocultural,
apresenta conhecimentos através de aulas expositivas e comparações de conceitos
prontos, inflexíveis.
Entre as décadas de 50 e 60 do século passado, decorrentes do movimento
denominado Escola Nova, houve algumas mudanças na Educação influenciadas pelo
desenvolvimento súbito da indústria e relações políticas. Esta pedagogia, nas aulas da
Arte, direcionava o ensino para a livre expressão. O aluno tinha liberdade para realizar
seus trabalhos, não se restringindo aos modelos determinados. O processo criativo era
totalmente valorizado com a intenção de desenvolver a criatividade sem preocupações
com o resultado final.
A função do professor era oportunizar situações onde o aluno revelasse seus
sentimentos, desenhando, pintando, “fazendo”. A individualidade do aluno era valorizada.

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Na concepção espontânea, onde o processo artístico deveria nascer do aluno, perdeu-se


o direcionamento do conteúdo e simultaneamente a qualidade de aprendizagem. A
avaliação consequentemente não apresentava coerência, pois não estava pautada em
objetivos ou critérios.
Na tendência tecnicista, a escola se dedica em produzir indivíduos competentes
para o mercado de trabalho, o aluno grava os conhecimentos na mente. O professor tem
papel de especialista para transmitir esses conhecimentos, sua prática é extremamente
controlada. Contudo, o professor torna-se neutro aos seus conteúdos. A educação se dá
pela estrutura das salas de aula que devem estar bem equipadas, sendo assim, o
aprendizado consequentemente acontece. A escola está ligada diretamente com o
sistema produtivo, com o objetivo de aperfeiçoar a ordem social daquele momento que é
o capitalismo, formando mão de obra especializada para o mercado de trabalho.
Com a Lei nº 5.692 de 1971, foi elaborado um componente curricular que incluía a
disciplina de Educação Artística no contexto escolar como uma atividade artística,
tornando-se obrigatório o ensino da Arte na Educação Básica. Porém, seu
reconhecimento só veio a fortalecer-se com a Lei nº 9394/96, onde o Ensino da Arte
passou a ter maior importância e o professor passou a articular três campos conceituais: a
criação/produção, a criação/análise e a compreensão do conhecimento artístico num
contexto histórico e cultural. Exigindo uma nova postura do educador, o conhecimento e a
apreciação artística. Barbosa (1984, p.145 – 148) afirma que:

A falta de reflexão histórica sobre a significação do seu próprio trabalho tem


levado o criador a atitudes onipotentes, julgando-se capaz de criar do nada e se
isolando pela impossibilidade de encontrar parâmetros históricos de avaliação e
confrontação com trabalho dos outros [...] Na educação do arte-educador, é
importante não só desenvolver o fazer artístico, mas também dar informações
para torna-lo apto a uma leitura individual e cultural deste fazer.

Para oficializar os documentos que representam a ação do educador em sala de


aula, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, os Parâmetros
Curriculares Nacionais de 1997 e as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná de 2008
inserem a Arte no currículo escolar com conteúdos próprios organizados em etapas
distintas, sendo sugerida a fundamentação teórica, um currículo configurador da prática
totalmente vinculado às teorias críticas, contextualização histórica, fundamentos teórico-
metodológico, conteúdos estruturantes, encaminhamentos metodológicos e avaliação.
Todos estes temas devem ser coerentes à realidade do aluno, contextualizando o
conhecimento e aproximando a teoria da prática, pois se articulam entre si. A cultura e a
história que o aluno traz é ponto de partida para a construção de conhecimentos e as
novas informações colaboram para o desenvolvimento do sujeito. Nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p.14) encontramos:

Os conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo


contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares e
colocando sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam
quanto ao estatuto de verdade atemporal dado a eles. Desta perspectiva, propõe-
se que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais,
politicas e econômicos presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e
propiciem compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação
artística, nos contextos em que ela se constituem.

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Estes elementos devem ser considerados de extrema importância e desenvolvidos


pelos educadores de Arte de acordo com as possibilidades de cada ambiente escolar,
porém a avaliação sempre foi motivo de reflexão entre estudiosos e educadores: Como
avaliar considerando todos os aspectos relevantes em uma “prova de conhecimentos”?
Como estabelecer critérios para o processo criador de um sujeito que é resultado de
influências socioculturais diferentes e totalmente particulares? Como ser coerente ao
mensurar notas de 0 a 10,0? Quais critérios devem ser estabelecidos pelo professor?
Em meio a fragilidade de valores, de conhecimentos fragmentados e falta de
identidade que vivemos no contexto atual, o professor deve se colocar como mediador de
conhecimentos, proporcionando a articulação entre a prática e a teoria, compreendendo a
Arte em seu tempo e refletindo sobre as questões da contemporaneidade. As Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p. 31) sugere que:

No cotidiano escolar, a avalição é parte do trabalho dos professores. Tem por


objetivo proporcionar-lhes subsídios para as decisões a serem tomadas a respeito
do processo educativo que envolve professor e aluno no acesso ao conhecimento.

Sendo assim, avaliar se torna um processo contínuo que acontece desde o


envolvimento que o aluno estabelece com a nova informação até a compreensão e
aplicação do conhecimento no dia a dia, considerando os direcionamentos sugeridos pela
Pedagogia Histórico-Crítica. E, assim como todas as outras disciplinas é importante
estabelecermos critérios fundamentando e esclarecendo os objetivos a serem alcançados
a cada ciclo educativo, propondo formar sujeitos que possam construir conceitos, dar
sentido a vida, desenvolvendo o senso critico e contextualizando historicamente os
conhecimentos.

3. VALORIZAÇÃO DAS DIVERSIDADES CULTURAIS

A criança em seu ambiente natural e cultural desde cedo percebe as diferenças e


as semelhanças entre o mundo que a cerca, o que gosta de fazer e as coisas que lhe são
impostas. É da própria natureza infantil, expressar estas escolhas e a facilidade de
interação com as novidades da contemporaneidade.
Na experiência cotidiana, a criança elabora seus conceitos sociais e culturais, o
que é certo e o que errado, o que é bonito e o que é feio, o gostar e o não gostar vão se
construindo através das situações oportunizadas pela mediação de seus conhecimentos
adquiridos às novas informações que vão surgindo.
Esta complexidade sociocultural das manifestações de uma sociedade é vivida pela
criança direta e indiretamente, através de uma infinidade de experiências visuais e
sonoras. Segundo Ferraz e Fuzari (2009, p. 67).

O universo dos sons, das cores e do movimento marca sua presença entre as
crianças com encantos e inquietações. Oras nos detemos para contemplá-los, ora
nos atingem provocantemente. São imagens e sons que se justapõem
ininterruptamente, constituindo a dimensão da nossa ambiência natural e cultural.

Encontrar maneiras atualizadas de intermediar todas estas informações presentes


no cotidiano é um desafio e uma das maiores preocupações da escola e do arte-
educador. Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p. 14),
consta que:
Os conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo
contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares e
colocando sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam
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quanto o estatuto de verdade atemporal dado a eles. Desta perspectiva, propõe-se


que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas
e econômicas presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem
compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos
contextos em que elas se constituem.

Nesta vertente, fica claro que a escola deve estimular a prática pedagógica
proporcionando diversidade nas metodologias de ensino-aprendizagem e uma avaliação
significativa aos estudantes permitindo ao professor reavaliar seus propósitos educativos
e métodos de ensino. Nesta direção, o projeto educativo deve, segundo as Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p. 15):
(...) atender igualmente aos sujeitos, seja qual for sua condição social e
econômica, seu pertencimento ético e cultural e às possíveis necessidades
especiais para aprendizagem. Essas características devem ser tomadas como
potencialidades para promover a aprendizagem dos conhecimentos que cabe à
escola ensinar, para todos.

Por tratar-se de um sistema de representação, a arte é uma linguagem que se


utiliza de signos não verbais (as cores, as formas, o gesto, o som) dos quais o
artista/alunos se utiliza para interpretar e expressar sentimentos atribuindo símbolos dos
quais tem significados próprios de acordo com o repertório de imagens e conhecimento
do sujeito. Martins e Picosque (1998, p. 36), descreve que:
Somos seres simbólicos, e isso faz com que sejamos capazes de inventar e criar
símbolos, ordenando e interpretando o mundo por meio de sistemas de
representação. Cada indivíduo, como um ser simbólico que é, realiza o ato de
simbolizar utilizando sistemas de representação para elaborar e objetivar seus
pensamentos como intuito de compreender o que se passa no mundo. Como
seres simbólicos, nossa autocriação e transformação cultural nos desenvolveram
como a linguagem.

A criança vivencia a arte produzida pelas gerações passadas, experimentam no


seu mundo todas as relações prontas e feitas pelos adultos que a cerca. Mas como
proporcionar a elas um desenvolvimento que estimule a capacidade criativa, pensante e
reflexiva? É exatamente neste ponto que o trabalho de mediação com o Ensino da Arte
entra em ação. Ferraz e Fusari (2010, p. 102) comentam sobre o fazer artístico e o
conhecimento histórico do sujeito:
As definições mais conhecidas da arte, recorrentes da história do pensamento,
podem ser reduzidas a três: ora a arte é concebida como um fazer, ora como um
conhecer, ora como um exprimir. Estas diversas concepções ora se contrapõem e
se excluem umas as outras, ora, pelo contrário, aliam-se e se combinam de varias
maneiras. Mas permanecem em definitivo, as três principais definições da arte.

Os meios de comunicação e as inovações tecnológicas auxiliam no trabalho do


arte-educador, porém não podemos descartar nestes aspectos que a mídia pode
influenciar negativamente através da comunicação visual uma leitura e interpretação
equivocada e consumista. Cabe ao educador estar atento as novidades, procurando
direcionar uma apreciação e análise crítica dos componentes visuais bombardeadas pela
mídia, pois a imagem é de suma importância no ensino do arte. Martins e Picosque (1998,
p. 136) dizem que:
A linguagem visual também pode ser revelada à criança através de um sensível
olhar pensante. O olhar já vem carregado de referencias pessoais e culturais;
contudo é preciso instigar o aprendiz também para um olhar cada vez mais
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curioso e mais sensível às sutilezas. (...) Nutrir esteticamente o olhar é alimentá-lo


com muitas e diferentes imagens, provocando uma percepção mais ampla da
linguagem visual; olhar diferentes modos de resolver as questões estéticas,
entrando em contato com os conceitos e a história da produção nessa linguagem.

Desenvolver conhecimentos através das imagens em meio a uma sociedade


fragmentada, provisória e consumista, viciada em automatizar os meios facilitando o
acesso a qualquer informação, o profissional arte-educador, deve incentivar o
desenvolvimento dos sentidos, proporcionando experiências significativas, encurtando o
espaço que existe entre a teoria e a prática. Ver de forma sensível não significa apenas
apreciar, e sim ter condições de visualizar criticamente a realidade do contexto, seja ele
em uma cultura de elite, popular ou de massa, se recusando a uma percepção
entorpecida pelas influências distorcidas que insistem em estabelecer padrões
condenados a uma subjetividade restrita.

4. EXPRESSÃO ARTÍSTICA: AVALIAR PARA ENSINAR MELHOR

A proposta do ensino de artes nas escolas buscam articular a teoria e a prática


entre si e parte do que o aluno traz de história e cultura para desenvolver o ensino-
aprendizagem em experiências significativas vivenciadas em sala de aula. Para que a
avaliação sirva à aprendizagem, como um processo de educação, é preciso conhecer o
aluno, seu meio cultural, seus hábitos e escolhas. A experiência humana é profundamente
afetada pelas imagens, que interferem na vida e na cultura do sujeito pré-determinando a
construção de conceitos e conhecimentos.
Considerando que o processo de aprendizagem está intimamente ligado ao
desenvolvimento global do indivíduo, apontando a realidade social como um alicerce para
o desenvolvimento cognitivo a avaliação é um recurso para mensurar notas sendo um
tema de muita discussão e divergências entre os educadores. Tratando-se do Ensino de
Arte, redobra a preocupação e os cuidados que o educador de arte deve ter ao avaliar um
trabalho artístico em processo de aprendizagem.
Para avaliar um trabalho artístico é necessário definir critérios. Para definir critérios
é preciso compreender os conceitos de forma, textura, linha, composição, ponto, ou seja,
elementos plásticos que caracterizavam uma obra de Arte até pouco tempo atrás, sendo
esta a maior dúvida do educador na atualidade. Os conceitos expressivos e plásticos da
arte foram se transformando perante as mudanças socioculturais. As relações entre o
artista, à obra e o observador geram formas diferentes de interfaces na
contemporaneidade. Todas estas condições ampliaram os cuidados dos professores em
relação ao avaliar o processo artístico do aluno.
Atualmente, as propostas curriculares dão ênfase no aprender, o que dá à
avaliação um novo significado onde o professor deixa de ser um mero transmissor de
informações para fazer uma parceria com o aluno, os preparando na elaboração de novos
conceitos e futuros conhecimentos.
O currículo escolar propõe aos educadores o desafio de formar indivíduos que
tenham condições de construir e dar um sentido para o mundo e suas vidas, que
interpretem o contexto social e histórico através do conhecimento e possam interferir
como cidadão na transformação da sociedade. As Diretrizes Curriculares da Educação
Básica (PARANÁ, 2008, p. 31) apontam:
Não há sentido em processos avaliativos que apenas constatam o que o aluno
aprendeu e o fazem refém dessas constatações, tomadas como sentenças
definitivas. Se a proposição curricular visa à formação de sujeitos que se
apropriam do conhecimento para compreender as relações humanas em suas

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contradições e conflitos, então a ação pedagógica que se realiza em sala de aula


precisa contribuir para essa formação.

Se há a necessidade de planejar para educar avaliando esta educação com


responsabilidade e ética é importante que exista clareza nos objetivos a serem
alcançados e que estejam coerentes às relações entre o fazer artístico do aluno e a nota
estabelecida pelo professor. Os critérios para avaliar este processo, devem ser
pertinentes a todos os aspectos discutidos em relação ao social, culturais e cognitivos que
envolvem o desenvolvimento do aluno e as experiências proporcionadas em sala de aula.
Compreendemos que os objetivos básicos das aulas de arte é levar o educador a
fazer uma leitura da produção artística no seu tempo e contexto, nos aspectos visuais,
sonoros e gestuais, assim os objetivos específicos devem partir destes propósitos
buscando caminhos que o educador possa se apropriar destas habilidades sensoriais que
o leve a aprender tais linguagens segundo Martins e Picosque (1998, p. 142):
Os critérios avaliativos não surgem do nada. São frutos de uma sociedade, de
uma ideologia, de determinada visão se mundo, de uma época ou país; cada um
refletindo práticas, pedagógicas diferentes. (...) A avaliação tem de ser
transparente, tanto para o educador quanto para seus aprendizes. Numa
avaliação em arte, todos participam, discutindo regras e critérios, tendo clareza
dos pontos de partida e de chegada. A avaliação acontece durante todo o
desenvolvimento da experiência artística e também no final, mas não unicamente
no final.

Para Luckesi (2011, p. 419) ”o ato de avaliar é um ato de atribuir qualidade tendo
por base uma quantidade, o que implica ser a avaliação constitutivamente qualitativa”. A
escola deve possibilitar todas as expressões de linguagem artísticas possíveis desde que
tenha qualidade de ensino-aprendizagem e que possam ser desenvolvidas em sua
especialidade: na dança, no teatro, na música e nas artes visuais.
O professor interpreta e executa a avaliação de forma intencional e planejada
complementando o conhecimento do aluno, deixando claro, os objetivos que se deseja
alcançar, discutindo os critérios avaliativos, aceitando e negociando sugestões com os
alunos, analisando sua atuação como educador e reorganizando o trabalho docente. As
Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p.33) descreve:

(...) a avaliação do processo ensino/aprendizagem, entendida como questão


metodológica, de responsabilidade do professor, é determinada pela perspectiva
de investigar para intervir. A seleção de conteúdos, os encaminhamentos
metodológicos e a clareza dos critérios de avaliação elucidam a intencionalidade
do ensino, enquanto a diversidade de instrumentos e técnicas de avaliação
possibilita aos estudantes variadas oportunidades e maneiras de expressar seu
conhecimento. Ao professor, cabe acompanhar a aprendizagem dos seus alunos e
o desenvolvimento dos processos cognitivos.

Contudo, a avalição deve envolver escolhas coletivas, entre professor, pais e


alunos, para que todos tenham acesso aos caminhos a percorrer e possam colaborar
assumindo seus papéis a fim de concretizar um trabalho pedagógico proeminente para
formação dos alunos.

5. CONCLUSÃO

Os aspectos fundamentais nesta pesquisa aqui elencados, não esgotam as


possibilidades de investigação das práticas avaliativas para o Ensino de Arte no Brasil.

Anais Eletrônico
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Contudo acreditamos que possa contribuir para educação e para aqueles que buscam
recursos diferenciados nas práticas pedagógicas.
Partimos do princípio histórico escolar apresentando as diversas mudanças que
ocorreram em cada época no Ensino da Arte no Brasil, a fim de comparar os trabalhos
pedagógicos anteriores com os que de fato ocorrem hoje, não menosprezando
conhecimentos e práticas pedagógicas ultrapassadas mais sim, discutindo e agregando-
as aos aspectos positivos a fim de colaborarem com um novo percurso escolar
proeminente a atualidade.
É relevante esclarecer a importância e o respeito pela cultura de uma comunidade,
os valores éticos, políticos e religiosos, que influenciam e caracterizam o sujeito. Partindo
destes pressupostos para elaboração do planejamento escolar e percepção para analisar
o processo e o trabalho individual do aluno - produto desta cultura.
A avaliação da aprendizagem no Ensino da Arte é caracterizada como um
processo contínuo que se inclui no planejamento pedagógico, nas ações e
encaminhamentos metodológicos. É incoerente avaliar apenas no encerramento de um
conteúdo ou sem acompanhar o processo de compreensão e reflexão sobre o ato de
fazer valorizando apenas o último resultado. A avaliação não deve ser classificatória
apenas com a intenção de averiguar os bons, médios e ruins alunos, cumprindo com o
sistema burocrático de registros que mensuram notas de zero a dez a fim de selecionar
aprovados e reprovados como resultante de um período escolar, este perfil não é inerente
ao nosso contexto atual.
Hoje, a avaliação faz parte de um processo ensino-aprendizagem, visto como um
ato reflexivo e coerente às propostas pedagógicas, organizando critérios bem elaborados
e transparentes onde o aluno compreenda os objetivos da disciplina, desenvolvendo a
criatividade, senso crítico, sensibilidade e competência para construir conhecimentos
artísticos formais e da História da Arte.

6. REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação: conflitos e acertos. São Paulo: Max Limonad,
1984.

FUSARI, Maria F. de Rezende e FERRAZ, Maria Heloisa C. de T. Arte na educação


escolar. São Paulo: Cortez, 2010.

FUSARI, Maria F. de Rezende e FERRAZ, Maria Heloisa C. de T. Metodologia do


Ensino de Arte: Fundamentos e proposições. São Paulo: Cortez, 2009.

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem componente do ato pedagógico.


São Paulo: Cortez, 2011.

MARTINS, Miriam Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática


do Ensino de Arte a Língua do Mundo – Poetizar Fruir e conhecer Arte. São Paulo:
FTD, 1998.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do. Diretrizes Curriculares de Arte para a


Educação Básica. Departamento de Educação Básica. Curitiba, 2008.

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