Fisica e Instrumentos Musicais

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Som e Instrumentos Musicais

Introdução

Ao ensinar Física no ensino Fundamental e Médio deve-se cada vez mais


procurar estratégias e tecnologias para desafiar os alunos, fazê-los interagir
com o seu aprendizado e entender que o maior responsável por este aprendi-
zado é ele mesmo. Aqui não estamos tirando a responsabilidade do professor,
mas dando mais ênfase à interação do aluno com seu aprendizado e com a
sua criatividade, claro, utilizando conhecimentos e habilidades que ele deve
desenvolver sozinho, com a ajuda dos colegas e do professor, visando o au-
mento do seu papel de cidadão na sociedade onde vive.
Um dos modos para que se consiga atingir estes objetivos é com a música,
arte milenar apreciada por todos. Independente do ritmo, da batida ou do tipo
de música que os nossos jovens escutam, vale lembrar que quaisquer deles
têm como marcadores instrumentos musicais ou mesmo a própria voz. Sua
interação com a arte de tocar algum instrumento ou até mesmo de ouvir al-
guém tocando é diferente quando o som é feito ou o instrumento é construído
por eles.
Mas para que um aluno possa construir um instrumento musical o profes-
sor deve ser muito bem preparado para tal. Conhecer os princípios básicos das
ondas sonoras, a sua produção e a sua interação com outros materiais é im-
portante, inclusive conhecer a interação do som com o ouvido da pessoa que
escuta a música e a própria musicalidade que cada pessoa, independente de
ser ou não músico, tem quando escuta uma canção que gosta.
Música é a arte de combinar tons de forma inteligível, criativa e expressi-
vamente, de modo a gerar nas pessoas que a escutam certa forma de prazer.
Os tons são gerados pela vibração de materiais diversos como cordas, ar,
membranas, placas metálicas ou de madeira, barras, etc. numa determina-
da freqüência, ou seja, algumas vezes por segundo. A esta vibração chama-
mos de som.
Estes sons organizados de certa forma podem ser transmitidos pelo ar ou
por outros materiais até nossos ouvidos, com um determinado volume. Geral-
mente esta grandeza é interpretada quando o som tem uma energia tal que
pode causar certo desconforto no tímpano das pessoas. Esta grandeza depen-
de da potência do som emitido, que geralmente é amplificado.
Esta amplificação acontece em uma parte do instrumento chamada de cai-
xa de ressonância, quando acústicos, ou amplificada eletricamente, quando
se trata de instrumentos elétricos, como guitarras, teclados e outros materiais
que utilizem captadores de som eletrônicos, como microfones, por exemplo.
A caixa de ressonância vibra juntamente com o dispositivo que vibra (como
cordas em violões e pianos e barras em xilofones), produzindo o som. Esta vi-
bração é passada para o ar através da caixa, por onde as ondas sonoras se
propagam.
O objetivo desta obra é ajudar professores e alunos a conhecerem um
pouco mais sobre o som e instrumentos musicais, incentivando a interação en-
tre alunos, professores, materiais e a Física da música, na intenção que os pro-
tagonistas da relação ensino-aprendizagem (alunos) se familiarizem com os
termos artísticos, matemáticos e científicos dos sons e da música que ouvem e,
na melhor das hipóteses, possam produzir instrumentos musicais eficientes e
simples, geralmente com a utilização de materiais de baixo custo ou reciclados,
cujo custo é zero..

Mãos na Física:
Física: vibração e caixa de ressonância

Você vai precisar de:

• Um mecanismo de caixinha de música


• Um copo vazio de água mineral

Vamos lá!

Dê corda no mecanismo da caixinha de música. Com ela tocando você


consegue sentir sua vibração? Observe com atenção o mecanismo. Qual
parte dele emite o som e como ele é acionado?
Coloque a cerca de 1 metro do seu ouvido. Você consegue ouvir a mú-
sica tocada pela caixinha? Agora encoste o mecanismo no fundo do copo
de plástico à mesma distância. O que aconteceu com o som? Explique.
Ondas sonoras:

Ondas são perturbações que se pro-


Perturbação
pagam por um meio (que pode ser ou não
material), carregando energia. Esta energia
Oscilação pode ser suficiente para movimentar (vibrar)
certos tipos de materiais, como o tímpano,
parte integrante dos nossos ouvidos, res-
ponsável pela captação do som que chega
até eles. Esta vibração (movimento para
cima e para baixo ou de um lado para o ou-
tro) é chamada oscilação, uma das particularidades da onda.

Mãos na Física:
Física: fazendo onda 1 (ondas na água)

Você vai precisar de:

• Uma travessa de vidro retangular com água


• Uma régua
• Um lápis
• Um retroprojetor (opcional)

Vamos lá!

Toque com o lápis ou com o dedo uma única vez no meio da travessa e
observe. O que aconteceu? O que foi feito na cuba é um pulso ou uma on-
da? Explique. Qual é a forma?
Agora toque uma vez com a régua na água num dos lados do recipiente.
O que aconteceu? O que foi formado é um pulso ou uma onda? Explique.
Qual a forma?
Se você quiser, poderá colocar o recipiente em um retroprojetor e proje-
tar a imagem das ondas feitas em uma parede ou em uma tela branca.

Quando a oscilação feita apenas uma vez, chamamos a onda produzida de


pulso. Definido como uma onda com duração muito curta, o pulso pode ter um
pico de energia muito grande, como é o caso de um trovão que é emitido de-
pois de um raio ou de um relâmpago ou de um rojão que estoura perto dos ou-
vidos. Nestes casos a energia emitida por este pulso pode ser tão grande que
pode até danificar os tímpanos de uma pessoa próxima à fonte sonora.
v

Pulso

Chamamos de ondas o que geralmente nos parece um trem de pulsos, um


seguido do outro. Um trem de pulsos é diferente de uma seqüência, pois a se-
qüência não necessariamente deve ter um pulso logo seguido do outro, poden-
do ter pulsos espaçados, o que não ocorre nas ondas propriamente ditas.

v v v

Pulso Pulso Pulso

Sequência de pulsos

Ondas

Mãos na Física:
Física: Fazendo onda 2 (ondas na corda)

Você vai precisar de:

• Uma corda ou uma mola slinky (própria para a demonstração de ondas)

Vamos lá!
Peça para outra pessoa segurar a outra ponta da corda, sem esticá-la e
produza uma oscilação forte. O que você produziu com esta oscilação foi
um pulso ou uma onda? Explique.
Faça agora várias oscilações seguidas com a corda. O resultado foi uma
onda ou um pulso? Explique. Se você tiver em mãos uma mola slinky, esti-
que-a um pouco e faça uma oscilação grande com a mola para cima. Ob-
serve a configuração formada. Descreva o movimento da configuração. O
que acontece quando esta forma bate na mão da outra pessoa que está
segurando a mola? Repita o experimento com a oscilação para baixo. O
que aconteceu com a corda? Como é o nome do fenômeno que você ob-
servou? Estique bem a mola e observe. Quando a velocidade da onda é
maior?
Tipos de onda

Existem dois tipos principais de ondas, as eletromagnéticas que, como o


próprio nome diz são formadas por componentes de oscilação de campos elé-
tricos e magnéticos, simultaneamente, e as ondas mecânicas, geradas por
vibração e oscilação de meios materiais como o ar, a corda de um violão, a
superfície da água, etc.
A diferença básica entre estes dois tipos de ondas é que as eletromagnéti-
cas não precisam necessariamente de um meio material para se propagar, po-
dendo caminhar no vácuo ou pode ainda se propagar por alguns meios materi-
ais, como o vidro, ar, água, etc. O tipo de onda eletromagnética mais conhecido
é a luz e a vibração que gera a onda geralmente é feita em níveis atômicos ou
moleculares.

Sentido da vibração Já a onda mecânica necessita de um meio


material para se propagar e a vibração da fonte
que gera este tipo de onda geralmente é feita
em materiais macroscópicos. Como exemplo
dessa vibração podemos ter uma barra chata e
fina, como uma régua, oscilando de um lado
para o outro. Se a oscilação for muito rápida,
pode-se até escutar o som produzido por ela.
Os melhores representantes das ondas mecâni-
cas são o som e as ondas na água.
Existem também dois tipos de ondas mecânicas. Quando jogamos uma
pedra na superfície da água as ondas geradas são circulares e transversais,
que ocorrem quando a direção de oscilação é perpendicular à direção de pro-

Ondas Transversais

pagação da onda. Além das ondas na superfície da água, ondas feitas numa
corda, como as de violão ou piano também são transversais.
Outro tipo de onda mecânica é a longitudinal, onde a direção de oscilação
das ondas é a mesma direção de propagação. A propagação da energia deste
tipo de onda é feita de acordo com compressões e rarefações das moléculas
que compões o material agente da propagação.
Rarefação Podemos exemplificar o
modelo do mecanismo de pro-
pagação da onda mecânica com
o funcionamento de um cone de
alto-falante. Quando o alto-
λ
falante é projetado para frente,
a perturbação é passada para o
material, empurrando-o e fa-
zendo as moléculas do material
se aglomerarem em uma de-

Compressão terminada região. Quando o


cone volta, é criado um “vácuo”
entre o cone e a região de com-
pressão das moléculas, fazendo com que elas voltem a ocupar o lugar que foi
evacuado, fazendo o espaço evacuado se “projetar” para frente, propagando o
pulso de onda causado pela perturbação momentânea feita pelo cone.

Mãos na Física:
Física: fazendo onda 3 (tipos de onda)

Você vai precisar de:

• Mola maluca

Vamos lá!

Peça para outra pessoa segurar a outra ponta da mola e faça uma onda,
oscilando a mola para a esquerda e para a direita. Qual tipo de onda é es-
sa? Agora faça a oscilação indo com a mão para frente e para trás. Que ti-
po de onda é essa?

Período e Freqüência

A “rapidez” desta oscilação é chamada de freqüência (f), que é o número


de oscilações que o material faz à cada segundo. Podemos representar uma
onda por uma curva chamada senóide (parecido com um gráfico da função
seno), como mostrado na figura acima. Pode-se saber também quanto tempo
demora para que aconteça apenas uma oscilação. Este tempo é chamado de
período (T), e está ligado à freqüência da onda pela equação simples:
O período de oscilação da onda é medido em segundos (s) e a freqüência
em hertz (Hz), que significa oscilações por segundo. A freqüência é impor-
tante para a música porque denota a nota musical tocada pelo instrumento ou
pela voz, quando acontece uma vibração.
Como será visto mais à frente cada nota musical tem uma freqüência de
oscilação diferente, assim como o padrão de oscilações de uma mesma nota
musical muda para diferentes instrumentos.

Velocidade da onda

A velocidade da onda depende do tipo de onda que estamos tratando, que


no caso é mecânica. Em poucas palavras a velocidade da onda denota qual a
distância percorrida pela onda em um determinado intervalo de tempo.
Uma grandeza que está diretamente ligada com a velocidade da onda é o
λ). Podemos dizer que o comprimento da onda é a
comprimento de onda (λ
distância entre dois pontos iguais e consecutivos de uma onda, ou seja,
distância entre duas cristas, dois vales, etc, como mostra a figura 7 abaixo.
Podemos relacionar a velocidade da onda com a sua freqüência e com o com-
primento de onda pela equação:

Ou, em símbolos:
A velocidade da onda é importante na construção de instrumentos musi-
cais, pois a freqüência da nota musical tocada em qualquer instrumento de-
pende diretamente da velocidade do som no material que está vibrando, como
é o caso do ar em instrumentos de sopro, da corda em violões ou pianos e das
barras em xilofones ou carrilhões.

Mãos na Física:
Física: f
fazendo
azendo onda 4 (comprimento de on-
on-
da X freqüência)
freqüência)

Você vai precisar de:

• Mola maluca

Vamos lá!

Peça para outra pessoa segurar a outra ponta da mola e faça uma onda,
oscilando a mola para a esquerda e para a direita. Comece oscilar a mola
mais rapidamente, indo da esquerda para a direita cada vez mais rapidamen-
te. O que acontece com o comprimento da onda? Quantos ventres você con-
segue fazer oscilando mais rápido?

Mãos na Física:
Física Medindo a velocidade do som no ar

Você vai precisar de:

• Um pedaço de cano de PVC ou de papelão de cerca de 3” com 40 cm


• Um balde repleto com água
• Um diapasão ou um cano ressoador (qualquer cano de alumínio com pare-
des grossas)
• Uma régua

Vamos lá!

Encha o balde até a borda com água e mergulhe o cano completamente,


até que ele chegue ao fundo do balde. Outra pessoa do grupo segurará o dia-
pasão ou o cano com apenas dois dedos na posição que dê ¼ do seu com-
primento e baterá nele com uma baqueta para que ele emita a sua freqüência
exatamente sobre a boa do cano mergulhado na água.
A outra pessoa irá segurar a boca do cano na água e tirá-lo da água lenta-
mente, até que se escute o som emitido pelo diapasão ou pelo cano amplifi-
cado. Neste momento ocorreu ressonância da onda sonora, o que significa
que a freqüência natural de oscilação sonora do cano dentro da água é a
mesma do emissor do som. Então, basta saber qual é a freqüência fundamen-
tal e que no caso do cano imerso na água tem-se ¼ do comprimento de onda.
Com isso e utilizando a equação que relaciona a velocidade com o com-
primento de onda e a freqüência, determine a velocidade experimental do
som.
Amplitude da onda (A)

λ
λ

λ
Se olharmos uma representação gráfica de uma onda qualquer (curva se-
nóide, como apresentada acima) podemos perceber que a amplitude de uma
onda é medida pela distância entre a sua crista (ou vale) e o ponto médio da
vibração da fonte que emite a onda. Em um instrumento musical é difícil obser-
var a amplitude de oscilação de suas partes, pois a oscilação tem uma fre-
qüência grande na maioria das vezes. Apenas em alguns instrumentos de cor-
da como violões. pianos, contrabaixos ou outros cujos vibradores tenham uma
freqüência baixa (como cordas mais espessas dos violões ou de pianos, por
exemplo) é possível perceber a amplitude da oscilação.
Propriedades do som

Altura

Embora digamos para uma pessoa que está falando num volume alterado
“abaixar” a voz, altura não tem nenhuma semelhança com volume. A freqüên-
cia do som determina sua altura. Dizemos que um som alto tem uma freqüên-
cia de oscilação maior, significando que sons mais agudos são mais altos e
sons mais graves são mais baixos (ou seja, agudos têm freqüência alta e gra-
ves têm freqüência mais baixa).

Mãos na Física:
Física: identificando altura do som

Você vai precisar de:

• Duas garrafas de vidro


• Linha de nylon
• Dois objetos pesados com massas bem diferentes
• Um copo de água mineral descartável
• Duas garrafas PET de 500 mL

Vamos lá!

1. Pegue as duas garrafas de vidro e bata com um lápis ou com uma cane-
ta (ou uma baqueta qualquer). Ouça o som. Eles são iguais ou diferentes?
Agora coloque em uma delas água até a metade e bata com a baqueta no-
vamente. Qual a diferença entre os sons ouvidos? Qual deles é mais alto e
qual é mais baixo? Qual a relação entre a altura da coluna de água e a al-
tura do som?

2. Faça um pequeno furo no fundo do copo descartável e passe por ele a


linha de nylon, amarrando uma pequena arruela na ponta da linha que está
dentro do copo. Coloque o copo cobrindo sua orelha e peça para alguém
esticar a linha. Toque a linha esticada com o dedo, puxando e soltando a
linha, como se fosse uma corda de violão. O que você ouviu? Peça agora
para que a pessoa estique mais a linha amarrada e toque novamente. Em
qual das duas situações o som é mais alto ou mais baixo? Qual a relação
entre a altura do som e a tensão no fio.

3. Pegue as duas garrafas PET de água e sopre, de forma a emitir um som.


Coloque em uma delas água até a metade e sopre novamente. Em qual
das situações a altura do som é maior? Qual a relação entra a altura da co-
luna de água e a altura do som emitido pela garrafa quando soprada?
Propagação e atenuação do som

O som pode se propagar por qualquer material. No entanto, sua velocidade


muda de um material para outro. Será visto mais à frente que a determinação
da velocidade do som em diversos materiais depende de vários fatores. No ar,
por exemplo, sua velocidade pode aumentar cerca de 0,6 m/s a cada grau cel-
sius.
Outro fator que influencia muito na velocidade do som é a densidade do
material. Materiais com densidades maiores em comparação a gases e líquidos
têm em geral a propriedade de propagar o som mais rápido. Abaixo temos uma
tabela com valores de velocidade do som para alguns materiais:
Materiais VSom (m/s) Densidade (kg/m3)
Pinho 3300 525
Latão 3500 8600
Cobre 3650 8890
Cedro 3850 1200
Ferro 4500 7900
Vidro 5000 2600
Alumínio 5100 2710
Aço 5250 7830

Estes materiais também podem atenuar o som melhor ou não, dependendo


de alguns outros fatores intrínsecos. É comum ver materiais como carpetes,
isopor ou espumas de alta densidade recobrindo salas.

Mãos na Física:
Física Telefone com fio

Você vai precisar de:

• Quatro copos descartáveis de água mineral


• 4 m de cordão e 4 m de linha de Nylon
• Uma furadeira com broca de 2 mm
Vamos lá!

Nesta atividade faremos dois telefones com fio para testar a propaga-
ção do som por diferentes materiais lineares.
Com a furadeira faça um furo no centro do fundo de cada um dos co-
pos. Passe as pontas dos fios e dê nós para fixá-los. Cada pessoa fica
com um copo e responda:
a) Deixe o fio frouxo e, enquanto uma pessoa fala em um dos copos a ou-
tra encosta o copo da outra ponta cobrindo a orelha. Neste caso, existe
a propagação do som pelo fio? Tente com os dois telefones, feito com
cordão e coma a linha de nylon. Existe alguma diferença?
b) Agora estique o fio e repita a operação. Existe propagação do som?
Por que com a linha esticada podemos ouvir o som com um volume
mais alto?
c) Faça um modelo para tentar explicar a “transdução” do som e o seu
transporte pelo fio. Com este modelo feito por você, tente explicar por-
que o som no fio esticado se consegue ouvir melhor do que com o fio
frouxo.
d) Nestes dois casos, existe perda da energia do som entre um copo e ou-
tro? Tente explicar como ela acontece.
e) Com qual dos dois tipos de fio se consegue ouvir melhor? Tente expli-
car por quê.

Mãos na Física:
Física sino de cabide

Você vai precisar de:

• dois copos descartáveis de água mineral


• 1 m de cordão
• Uma furadeira com broca de 2 mm
• Um cabide metálico (ou outro material metálico como pregos gran-
des, garfos, colheres, pedaços de ferro de construção, etc.)

Vamos lá!

Faça um furo no centro de cada um dos fundos dos copos, corte o fio
ao meio e passe a ponta de cada um dos fios por um copo, dando nós para
prendê-los. Amarre bem a outra ponta dos copos nas pontas curvas do ca-
bide. Coloque os dois copos cobrindo as orelhas e peça para alguém bater
no cabide e ouça.
Quem vibra? Faça um modelo para tentar explicar como o som é gera-
do, como ele é transmitido para o fio e como acontece a transdução do
som para o ouvido.
Volume, intensidade sonora e nível de intensidade

O volume está diretamente ligado à


Podemos determinar a intensi-
dade do som dividindo a potência intensidade do som, embora tenham
da fonte pela área da onda esféri- denotações diferentes. A intensidade é
ca, que neste caso terá o mesmo um atributo puramente físico do som, e
raio da distância entre a fonte e
está ligado com a energia que o som
quem ouve o som (observador).
pode liberar a cada segundo. Esta ener-
gia por unidade de tempo é comumente
chamada de potência (P) do som. Co-
mo o som emitido por uma determinada
fonte é uma onda tridimensional, ou seja, o som é emitido das fontes para
todos os lados (para frente, trás, cima, baixo, etc.), ele se espalha, chegando
com menos intensidade a um pessoa que está mais longe da fonte.
Isso faz com que o volume do som, que é uma sensação fisiológica,
ou seja, de quem está escutando o som, seja maior para uma pessoa que está
próximo à fonte do que para uma pessoa que está mais longe da fonte sonora.
O volume do som é diretamente influenciado pela sua freqüência. O ouvido dos
seres humanos é muito mais sensível nas freqüências da faixa dos 3.500 Hz.
Outra grandeza física importante é o nível
O nível de intensidade
sonora (β
β ) pode ser determi- de intensidade sonora, conhecido pela maio-
nado com uma expressão ria da população pela sua unidade de medida,
que multiplica o logaritmo o decibel. Esta grandeza relaciona a intensi-
decimal da razão entre a in- dade do menor ruído que conseguimos ouvir
tensidade sonora que chega
(10–12 W/m2) com a intensidade do som que
ao ouvinte (ΙΙ) e a intensidade
chega ao ouvido da pessoa. Assim, podemos
do mínimo ruído ouvido por
um ouvido humano (ΙΙ0). dizer que o menor ruído que conseguimos ou-
vir tem um nível de intensidade de 0 dB (de-
cibel). Quando o som está em 10 dB, significa
que a intensidade aumentou 10 vezes. Mas
quando o som está num nível de intensidade
de 20 dB, em vez de a intensidade aumentar 20 vezes, seu aumento é de 100
vezes, que seria um aumento de intensidade de 10 2 de W/m 2, assim como um
som com nível de intensidade de 30 dB aumenta 1000 vezes (10 3) a intensida-
de do som ouvida.
Timbre

Quando você ouve uma nota musical talvez seja difícil saber de que fonte
de oscilação ela está vindo, ou seja, distinguir uma nota emitida por um violão,
uma flauta ou um piano, por exemplo, apenas é possível quando o ouvinte já
escutou o som algumas vezes.
No entanto consegue-se distinguir a diferença de uma mesma nota tocada
por instrumentos diferentes. Um exemplo claro de timbre é a diferença da voz
de cada pessoa, o que nos faz distinguir entre a voz do pai e da mãe ou de
uma pessoa conhecida. Todas as pessoas têm um timbre de voz diferente que
hoje pode ser até utilizado como um tipo de assinatura eletrônica da pessoa,
em aparelhos com reconhecimento de voz, como celulares e até computadores
de bordo em carros.
Fisicamente uma mesma nota musical emitida por instrumentos ou por vo-
zes diferentes gera gráficos de ondas sonoras diferentes. Estas ondas são o
resultado da superposição (interferência) de vários sons com freqüências dife-
rentes. A menor freqüência deste conjunto é chamada de freqüência funda-
mental, que é a nota emitida pelo instrumento e as outras freqüências emitidas
pelo material vibrante são múltiplos inteiros da freqüência fundamental, chama-
dos harmônicos. Geralmente o timbre é dado pela superposição das vibrações
da fonte sonora.

Mãos na Física:
Física Que som é esse?

Você vai precisar de:

• Pelo menos oito potinhos de filme fotográfico


• Dois “sininhos” de natal
• Um punhado de areia de construção
• Um punhado de miçangas

Vamos lá!

Coloque nos potinhos dois a dois os materiais acima. Tampe os poti-


nhos e embaralhe-os. O objetivo é desvendar qual é o par, como num jogo
da memória. Pode-se aumentar o número de pares com materiais diferen-
tes para aumentar a dificuldade.
A Física das notas musicais

A freqüência das ondas sonoras é que nos dá a nota musical emitida por
um instrumento qualquer, sendo que cada nota musical tem uma freqüência
diferente. Nosso ouvido tem uma sensibilidade para ouvir freqüências dentro da
faixa que vai de 20 Hz a 20 kHz. Dentro dessa faixa temos, seguindo a escala,
notas que vão desde o chamado Mi0 (E0) até o Ré10 (D10).
Os números que as notas trazem como coeficientes denotam a oitava au-
dível desde a primeira (denotada pelo número 0) até a décima (10). A cada oi-
tava atingida a freqüência da nota é o dobro do valor da oitava anterior, ou se-
ja, E1 = 2.E0, assim como C2 = 2.C1, e assim consecutivamente. Abaixo temos
uma tabela com os valores das freqüências das oitavas na faixa de 20 Hz a 20
kHz.
Nota Frequência (Hz) λ (cm)
C3 130.81 262.59
D3 146.83 233.94
E3 164.81 208.42
F3 174.61 196.72
G3 196.00 175.26
A3 220.00 156.14
B3 246.94 139.1
C4 261.63 131.3
D4 293.66 117.0
E4 329.63 104.2
F4 349.23 98.4
G4 392.00 87.6
A4 440.00 78.1
B4 493.88 69.6
C5 523.25 65.7
D5 587.33 58.5
E5 659.26 52.1
F5 698.46 49.2
G5 783.99 43.8
A5 880.00 39.0
B5 987.77 34.8
C6 1046.5 32.8
D6 1174.7 29.2
E6 1318.5 26.1
F6 1396.9 24.6
G6 1568.0 21.9
A6 1760.0 19.5
B6 1975.5 17.4
C7 2093.0 16.4
D7 2349.3 14.6
E7 2637.0 13.0
F7 2793.8 12.3
G7 3136.0 11.0
A7 3520.0 9.8
B7 3951.1 8.7
C8 4186.0 8.2
D8 4698.6 7.3
E8 5274.0 6.5
F8 5587.7 6.2
G8 6271.9 5.5
A8 7040.0 4.9
B8 7902.1 4.4

Com estes valores podemos calcular as dimensões fundamentais dos res-


sonadores utilizados nos instrumentos musicais, para que cada instrumento
emita todos os sons na faixa de freqüências, cobrindo o máximo número de
oitavas possível.

Mãos na Física:
Física ouvindo oitavas
oitavas

Você vai precisar de:

• Dois pedaços de cano de PVC de ½” um com metade do compri-


mento do outro
• Dois pedaços de cano de alumínio de ¼”, um com metade do com-
primento do outro
• Dois pedaços de rolha
• Um pedaço de madeira de 50 cm de comprimento
• Dois “pitões”
• Um pedaço de linha de nylon
• Uma régua
• Canetinha preta
• Uma caneta comum ou um pedaço de madeira

Vamos lá!

Tape os fundos dos canos com os pedaços de rolhas e reserve. Pegue


o pedaço de madeira e coloque em cada ponta um dos pitões, rosqueando-
os até a metade.Prenda firmemente as pontas da linha de nylon nos pitões
e estique a linha. Meça com a régua a distância entre os pitões, faça uma
marca com a canetinha exatamente no ponto médio da distância entre eles.
Agora sopre nos dois pedaços de cano e ouça com atenção a nota pro-
duzida. Estas notas são oitavas, ou seja, a freqüência de uma é a metade
da outra. Agora toque a corda presa (se ela estiver muito frouxa, aperte-a
girando os pitões). Com a régua pressione a corda na marca que foi feita
com canetinha e ouça com atenção a nota produzida. Elas podem ser con-
sideradas oitavas?
Segure os dois canos de alumínio em 25% do seu comprimento e bata
nos dois para emitir o som. Estas duas notas são oitavas?
O que se pode concluir das observações dos sons dos canos de PVC,
da corda e dos canos de alumínio?
Instrumentos musicais

Todos no mundo conhecem diversos instrumentos musicais. Se pergunta-


dos pelos professores os alunos com certeza dirão o nome de muitos instru-
mentos que conhecem e até mesmo tocam.
Existem vários tipos de instrumentos musicais que geralmente são separa-
dos pelos tipos de vibradores que emitem o som. Temos os instrumentos de
corda, como violão, piano, harpa, violino, etc., instrumentos de sopro, como
flautas, clarinetes, saxofones, trompetes, etc., instrumentos de percussão co-
mo pratos, tambores, tímpanos, xilofones, marimbas, carrilhões, etc. Vejamos
agora a Física envolvida na emissão do som e na construção de cada um de-
les.

Instrumentos de corda

Todos os instrumentos de corda têm vibrações causadas pelas cordas fixas


nas duas extremidades. Alguns deles têm espaços para que o tamanho das
cordas seja diminuído, como os pianos, harpas, cítaras, etc., e outros são cons-
truídos com as cordas de tamanhos fixos, como os vilões, violinos, cavaqui-
nhos, bandolins, etc.
Mas a corda não é a única parte importante de um instrumento desse tipo.
A caixa de ressonância do instrumento é quem faz o som ser amplificado,
pois a caixa inteira vibra junto com a parte do instrumento que oscila para emitir
um som. Instrumentos sem caixa de ressonância geralmente têm amplificação
elétrica ou eletrônica como guitarras e violões elétricos, mas também pode ser
colocada em instrumentos acústicos.

Mãos na Física:
Física tricórdio
tricórdio

Você vai precisar de:

• Dois pedaços de madeira de 50 cm X 15 cm X 6 mm


• Dois pedaços de madeira de 50 cm X 10 cm X 6 mm
• Dois pedaços de madeira de 15 cm X 11,2 cm X 10 mm
• Três pedaços de fio de Nylon de espessuras diferentes
• Dois pedaços de cabo de vassoura
• Seis pitões
Vamos lá!

Faça um furo redondo de 10 cm numa das pontas de um dos pe-


daços de madeira de 15 cm de largura. Neste mesmo pedaço prenda
os dois pedaços de cabo de vassoura nas suas pontas. Nas pontas
posteriores prenda os três pitões e amarre as três cordas de nylon e
aperte as cordas. Toque as cordas com os dedos e vá pressionando,
dividindo-as pela metade, 3ª parte, 4ª parte, etc. Qual a relação entre
as espessuras das cordas e as alturas das notas emitidas?

A física dos instrumentos de cordas

As notas emitidas por estes instrumentos são devidas à freqüência de vi-


bração das cordas. A quantidade de notas pode ser muito grande, dependendo
de alguns parâmetros como a espessura das cordas, o seu tamanho e a tensão
com que a corda é esticada.
Ao tocarmos uma corda de qualquer instrumento desse tipo, causamos

Para saber qual é a fre- uma perturbação que se propaga por ela,
qüência natural de oscilação se refletindo na ponta fixa do outro lado,
de uma corda qualquer, utili- repetindo a reflexão na ponta fixa do lado
zamos a equação:
tocado e assim, por superposição de uma
onda a outra refletida, temos na corda o
que chamamos de onda estacionária.
Este tipo de onda é caracterizada por es-
Onde:
paços nela que chamamos de ventres e
L é o comprimento da corda
T é a tensão na corda nós. Os ventres são as partes da onda que
µ é a densidade linear da vibram ou oscilam e os nós são pontos
corda.
fixos na corda que não se movimentam.
A cada freqüência temos um determinado número de ventres e de nós na
corda, sendo que se a freqüência aumenta o número de ventres e de nós tam-
bém aumenta, para uma corda de mesmo comprimento. Se conhecermos as
propriedades e dimensões da corda podemos saber qual será a freqüência na-
tural (ou fundamental) de oscilação dela, assim como se quisermos determinar
dimensões da corda para construir um instrumento qualquer, é possível desde
que se saiba qual é a freqüência desejada.
Para instrumentos com cordas de mesmo tamanho, a freqüência de oscila-
ção natural é balanceada pela espessura (densidade linear da corda, que é a
razão entre a massa e o comprimento total da corda) e a tensão de aperto de
cada uma. Por isso cada instrumento desse tipo tem tarraxas que são utiliza-
das para aumentar ou diminuir a tensão. Quanto mais se aumenta a tensão,
maior é a freqüência, o que faz o som ficar mais agudo. Assim são os violões,
guitarras, cavaquinhos, banjos, bandolins, contrabaixos, violinos, violas, etc.
Quando os instrumentos têm cordas de tamanhos diferentes, a sua fre-
qüência pode ser mudada pelo aumento ou diminuição da tensão e pelo tama-
nho da corda. Quanto maior o tamanho, menor a freqüência do som, o que
faz com que cordas mais compridas tenham um som mais grave e cordas mais
curtas um som mais agudo. No entanto a espessura da corda pode ser variada,
como é o caso das harpas e pianos, ou não, como é o caso das cítaras e liras.

Mãos na Física:
Física cítara

Você vai precisar de:

• Duas tábuas de 30 cm X 25 cm X 6 mm
• Duas tábuas de 30 cm X 10 cm X 10 mm
• Duas tábuas de 23 cm X 10 cm X 10 mm
• 16 parafusos auto atarraxantes
• 16 pitões
• 2 pedaços de madeira retangulares de 18 cm X 2 cm X 0,5 cm
• 4 cordas de aço de 0,025”
• 5 cordas de aço de 0,032”
• 3 cordas de aço de 0,039”
• 3 cordas de aço de 0,047”

Vamos lá!

Monte uma caixa com as tábuas. Faça um furo de 8cm com seu
centro a 20 cm da tábua de cima e cole um dos pedaços de madeira re-
tangulares em diagonal na mesma madeira, centralizado e com uma
das pontas a 8 cm e a outra a 18 cm da borda, como mostra o dese-
nho.
Faça com uma furadeira 15 buracos menores que a bitola dos para-
fusos, espaçados 2 cm um do outro. Coloque nestes buracos os parafu-
sos e, na outra extremidade da caixa os pitões. Prenda as cordas de
aço da mais fina para a mais grossa, d vão menor para o vão maior.
Aperte os pitões até que as cordas peguem afinação. Para fazer a afi-
nação, utilize um afinador qualquer, que pode ser baixado grátis de
qualquer site de downloads. O programa utilizado para a afinação das
cordas, neste caso, é chamado de “Chromatia Tuner”, baixado na ver-
são Shareware de sites de download.
A Física dos instrumentos de sopro

Soprando dentro de um cano, a coluna de ar dentro dele pode vibrar, pro-


duzindo um som com uma freqüência bem definida. A definição dessa freqüên-
cia depende do tamanho da coluna de ar que o cano pode deter e se o cano
tem uma das pontas fechada ou as duas pontas abertas. Canos com as duas
pontas abertas têm o dobro da freqüência fundamental de um cano com uma
das pontas fechadas.

Para saber qual é a fre- As freqüências de ressonância desses


qüência natural de oscilação instrumentos dependem, além do fato de
de um tubo aberto nas duas serem abertas nas duas pontas ou com
extremidades, utilizamos a e-
uma delas fechada, do comprimento do
quação:
cano e da sua espessura. Isso porque
quando as ondas vibram a coluna de ar
dentro dos canos, existe um efeito de bor-
Para um tubo fechado em
da nas saídas de ar, que causa a depen-
uma das extremidades temos:
dência da espessura interna do cano.
Este Para acabar com o efeito
efeito de de borda deve-se subtrair
borda diminui a freqüência fundamental de 30% do valor do diâmetro do
cano de seu comprimento.
cada cano que forma o instrumento. Assim,
Assim o comprimento efetivo
para acabar com este efeito deve-se subtrair do cano ficará:
30% do valor do diâmetro interno do cano que
)
se está fazendo o instrumento para que a fre-
qüência seja bem aproximada àquela que se Para cada lado aberto do
deseja ter no instrumento. instrumento
Assim, se quisermos determinar o com-
primento de um tubo sonoro, que poderá ser utilizado para a construção de
uma flauta ou um ressonador com um dos lados fechado, deve-se utilizar a se-
guinte equação, agora normatizada:
Para tubos fechados em uma das pontas, assim como a equação:

Para tubos abertos nas duas pontas.

Mãos na Física:
Física flauta de Pã

Você vai precisar de:

• Alguns metros de cano de PVC de 20 mm de espessura


• Um plugue para tapar uma ponta do cano
• Um arco de serra
• Uma trena
• Dois pedacinhos de madeira bem finos mas resistentes ou duas ré-
guas
• Cordão para amarrar os canos

Vamos lá!

Este tipo de flauta é bem simples, daquelas utilizadas pelos índios pe-
ruanos. Ela geralmente é feita de uma planta que nasce no Peru, que é oca
por dentro mas, como não temos nada parecido por aqui (a não ser o bam-
bu, é claro), poderemos utilizar um cano de PVC mais fino possível.
Agora que você sabe como determinar a freqüência pelo comprimento
do tubo com a correção do diâmetro, você pode fazer matematicamente a
conversão para saber o comprimento efetivo do tubo. Faça essa conversão
e construa uma tabela com os valores dos comprimentos do cano para ca-
da freqüência das notas musicais da escala cromática, que será retirada da
tabela de freqüências colocada acima.
Como se pode observar, a freqüência vai aumentando gradativamente
quando a nota também vai subindo a escala. Neste caso, não é necessário
colocar as notas sustenidas, assim a sua flauta terá apenas 8 notas, no
mínimo (de dón até dón+1).
De posse dessa tabela, serre os canos e encaixe o plugue em uma das
pontas de cada um. Pegue o pedaço de cano maior e coloque os pedaços
de madeira de cada um dos lados do cano, começando a amarração com o
cordão cruzado. Vá amarrando assim todos os outros pedaços cortados,
tomando o cuidado para que o espaço entre os canos respeite o espaço
tomado pelo plugue. Corte o pedaço das madeiras ou das réguas que so-
brou.
Se você preferir, pode colocar mais notas e até as sustenidas, tendo
uma flauta de Pã muito mais abrangente.

Este tipo de flauta feito na atividade acima traz um pedaço de cano devida-
mente calculado e cortado para cada nota musical. Mas ao observar os tipos
de flauta ou de instrumentos de sopro que os músicos tocam em orquestras
pelo mundo afora, se encontra tipos diferentes desse. Os instrumentos de so-
pro mais comuns são tocados como a flauta de Pã e são chamados de ”ins-
trumentos de sopro livre”. Nestes tipos de instrumentos, basta soprar nos
orifícios e a própria freqüência fundamental dos tubos de que os instrumentos
são feitos é suficiente para fazê-los ressoar.
Mas, ao contrario da flauta de Pã, os outros instrumentos têm apenas um
tubo com vários orifícios para emitir todas as notas musicais da escala em que
o instrumento foi “afinado” , ou seja, as notas mais próximas da fundamental
mais baixa, que se obtém quando todos os orifícios do instrumento estão fe-
chados.
Neste caso, pode-se construir um instrumento desse tipo utilizando também
um cano, mas deve-se saber como se pode furar o cano nos lugares certos,
para que emitam estas freqüências desejadas. Tomando as notas musicais de
uma oitava mais baixa para outra mais alta, contando todas as notas susteni-
das, tem-se 12 intervalos. Para se ter o espaçamento entre os buracos no ca-
no, deve-se multiplicar o valor do seu comprimento efetivo pela raiz enésima
de 2, dependendo da quantidade de espaçamentos desejados até a oitava a-
cima. No caso dos 12 intervalos, fica:

O resultado fica 1,0595 se a escala for decrescente e 0,9438 se a escala for


crescente. Ou seja, se você tem um cano menor e quer determinar qual o ta-
manho do cano posterior a ser cortado, como no caso da flauta de Pã, multipli-
ca-se o tamanho por 1,0595. Se o cano é maior e quer-se um menor posterior,
com o meio tom acima, multiplica-se por 0,9438. Isso pode ser feito também
para fazer os furos no cano.

Mãos na Física:
Física flauta transvrsal

Você vai precisar de:

• Um pedaço de cano de 25 mm de espessura


• Um arco de serra
• Uma trena
• Uma microrretífica ou uma furadeira para fazer os furos
• Uma bolinha abrasiva do tipo “pirulito”
• Um plugue para tapar o cano
Vamos lá!

Calcule o comprimento de um tubo para a ressonância da freqüência


fundamental da nota Dó5 (detalhe: mesmo esta flauta tendo uma das pontas
tampadas, na se iluda, pois o furo onde se sopra torna o cano aberto dos
dois lados). Serre o tubo neste comprimento e tampe uma das suas pontas.
Monte o pirulito abrasivo na ponta da microrretífica ou da furadeira e fure,
a aproximadamente 6 cm da ponta tampada. Este será a boca da flauta, por
onde se deve soprar. Agora faça uma tabela determinando onde serão os
outros furos. Faremos 7 furos, já que nossa flauta começa em Dó e deverá ir
até o Dó mais alto. Neste caso, deve-se lembrar que entre cada intervalo de
notas temos um tom inteiro, fora do Mi para o Fá e do Si para o Dó, que con-
tam meio tom.
Para cada meio tom mais alto, multiplica-se o valor do tubo por 0,9438.
Meça e pontue cada um dos furos a ser feito. Faça os furos se lembrando
que o ponto marcado deve ser a borda do furo.
Para tocá-la, sopre no furo a 2,5 cm da parte tampada e tampe os furos
com os dedos, com a flauta de lado. Para emitir as notas sustenidas ou be-
móis, tampe apenas metade do furo.

Mãos na Física:
Física Flauta Doce

Você vai precisar de:

• Um pedaço de cano de 25 mm de espessura


• Um arco de serra
• Uma trena
• Uma microrretífica ou uma furadeira para fazer os furos
• Uma bolinha abrasiva do tipo “pirulito”
• Um pedaço de cabo de vassoura de aproximadamente 2,5 cm
• Uma lima retangular larga (aproximadamente 2 cm)

Vamos lá!

Calcule o mesmo comprimento do tubo da flauta transversal, mas agora


corte-o com 2,5 cm a mais. Este espaço a mais do cano servira para fazer-
mos o orifício ressoador. Este orifício se parece com o furo central de um a-
pito, rebaixado e feito em forma de cunha. Meça todos os furos como na
flauta transversal e faça-os da mesma forma.
Para o orifício ressoador, marque a 2,5 cm do outro lado um ponto e co-
mece a lixar o cano neste ponto com a lima, formando um ângulo de 30º
com o cano, até formar um buraco em forma de D, com uma pequena cunha
na parte curva. Corte com uma tesoura grande desde o início do cano até a
parte reta do buraco em D, nas duas pontas da parte reta, formando um sul-
co paralelo e reserve.
Pegue o pedaço de cabo de vassoura e introduza no cano, abrindo-o se
necessário. É preciso que este pedaço de madeira fique justo no cano. Corte
um pedaço do cano com o mesmo tamanho do cabo inserido na flauta, cor-
te-o em um lado, abra-o e tampe o sulco.
Toque sua flauta soprando o furo entre o sulco feito e o pedaço de cano
encaixado sobre ele.
Nas duas atividades descritas acima foram feitas duas flautas que são,
como discutido anteriormente, instrumentos de sopro livre, onde basta soprar
para que saia o som. Mas nem todos os instrumentos de sopro emitem som
dessa forma. Alguns deles devem ter algum mecanismo que vibra, chamados
comumente de instrumentos de palhetas, como é o caso das gaitas, clarinetes
e saxofones, por exemplo.
Ainda existem instrumentos de sopro em que os lábios são postos a vibrar,
emitindo um som característico, chamados de instrumentos de sopro trinado,
como é o caso dos trombones ou trompetes. Tanto estes quanto os instrumen-
tos de palhetas fazem parte dos metais de uma banda ou orquestra. Podem-se
construir facilmente também instrumentos com estas características, o que será
feito nas atividades à frente.

Mãos na Física: Clanonete”


Física “Clanonete”

Você vai precisar de:

• Um pedaço de cano de 25 mm de espessura


• Um arco de serra
• Uma trena
• Uma microrretífica ou uma furadeira para fazer os furos
• Uma bolinha abrasiva do tipo “pirulito”
• Um pedaço de garrafa PET
• Fita isolante ou cola tipo resina epóxi para colar o PET
• Lixa grão 150
• Uma tesoura

Vamos lá!

Meça o cano exatamente como feito com a flauta doce, deixando inclu-
sive o pedaço de 2,5 cm maior, fazendo os furos para a afinação. Neste pe-
daço faça com o arco de serra um corte em cunha, com um ângulo de cerca
de 40º nesta parte e lixe. É onde faremos o bocal com a lâmina vibrante.
Encoste a parte cortada do cano na parte lateral de um pedaço de gar-
rafa PET. A parte curva do lado da garrafa deve estar disposta ao longo da
elipse formada pelo cano cortado. Marque a garrafa com uma caneta hidro-
gráfica e corte com uma tesoura esta elipse formada.
Coloque o pedaço da garrafa cortada na elipse, com a parte curva en-
costando no cano, enrole algumas vezes a fita isolante fixando metade desta
lâmina de garrafa PET à cunha cortada no cano.
Sopre de forma a fazer com que a lâmina de PET cortada vibre. Se vo-
cê quiser, poderá ser feito um furo com uma broca de 6 mm na parte de trás
do primeiro furo depois do bocal com a palheta. Com este furo tampado tem-
se notas mais baixas, com ele destampado, notas mais altas.
Mãos na Física:
Física “Saxocano baixo”

Você vai precisar de:

• Um pedaço de cano de 32 mm de espessura


• Um arco de serra
• Uma bexiga pequena cortada ao meio
• Lixa grão 150
• Dois elásticos de látex

Vamos lá!

Calcule o comprimento do cano com qualquer freqüência que você dese-


jar. Mais uma vez não se esqueça do acerto com relação ao diâmetro, o final
do efeito de borda. Corte a bexiga ao meio e amarre-a com um elástico bem
apertado na borda do cano. Se preferir, pode-se colar com fita adesiva.
Na boca da bexiga deve-se colocar um pequeno bocal, que pode ser fei-
to com um conector de mangueira de 3/8” de plástico, amarrado com um
cordão fino ou com um elástico.
Para tocar, puxe o bocal com os dentes até que a bexiga fique esticada
sobre o cano e sopre. A vibração da membrana da bexiga faz a coluna de ar
do cano vibrar na freqüência fundamental do cano cortado.
A Física dos instrumentos de percussão

Um pouco diferente é a vibração dos instrumentos de percussão. Alguns


como marimbas e xilofones têm suas freqüências determinadas pela velocida-
de do som que percorre o material, e de suas propriedades dimensionais, ou
seja, se é utilizado uma barra chata, um tarugo ou um cano, isso influencia no

A velocidade da onda valor da freqüência fundamental. O material


em um material qualquer também influenci- Raio de giração para
é dada por: a, diferenciando a formas mais utilizadas:
freqüência. Barra chata de espessura
e:
A velocidade
das ondas nos
Onde:
materiais depende
Q - Módulo de Young Barra com secção circu-
ρ - Densidade do material de uma grandeza
lar de raio R:
física de resistên-
cia dos materiais, chamada módulo de Young,
denotada pela letra Q nas equações que a usa.
Cano com raio interno
Além desta grandeza, a densidade também in- Rint e raio externo Rext:
fluencia na propagação da vibração.
Ainda com relação à dimensão, a espessura dos
elementos vibrantes que emitem o som nestes
instrumentos também influencia na emissão da freqüência fundamental. O fato
de se ter uma barra chata com secção retangular ou redonda ou um tubo, a
espessura da barra e das paredes do tubo também deve ser levada em consi-
deração para o projeto de alguns desses instrumentos.

Para a determinação da freqüência fundamental de xilofones e marimbas:

Onde:
V – Velocidade do som no material utilizado.
L – Comprimento da haste que emitirá a nota.
K – Grandeza que relaciona as dimensões da haste, chamado de raio de
giração.
m – Modo de vibração do material. Para o fundamental, m= 3,0112
Para outros instrumentos de percussão,
Para pratos metálicos
como pratos e chapas oscilantes também presos no centro, temos:
devem ter suas dimensões levadas em con-
sideração na hora de projetar estes instru-
mentos. A freqüência fundamental desses
pratos depende da espessura do prato, do Onde:
raio e, além do módulo de Young, outra e – Espessura da chapa
R – Raio da chapa
grandeza que relaciona a deformação do Q – Módulo de Young
material, chamada razão de Poisson que, ρ - Densidade do material
como o módulo de Young, é tabelado para σ - Razão de Poisson
os materiais.

Mãos na Física:
Física carrilhão

Você vai precisar de:

• Cerca de 1,20 m de cano de 3/8” de diâmetro, feito de alumínio ou


de outro metal, com espessura de cerca de 1/8”
• Uma base de madeira de 12 a 15 mm de espessura por 15 cm de
comprimento e 4 cm de largura
• Linha de pesca de 0,5 mm de espessura
• Furadeira com broca de 2 mm
• Uma lima

Vamos lá!

Estes tipos de instrumentos geralmente emitem um som muito agudo,


principalmente quando os canos mais finos. A espessura da parede dos
canos deve ser levada em consideração, pois se as paredes do cano forem
muito finas eles não vibram com muita intensidade, não emitindo som.
Meça os diâmetros internos e externos do cano e determine o raio de
giração. Com posse deste valor, escolha uma freqüência alta para a nota
mais baixa do seu carrilhão. Comece pelo Dó6 ou Dó7, substitua os valores
na equação da freqüência e determine o comprimento do cano.
Para conseguir os comprimentos dos canos seguintes, como as fre-
quências serão mais altas, basta apenas multiplicar o comprimento inicial
do cano por , que neste caso será 0,9715 para cada meio tom. Lem-
bre-se que para um tom inteiro, deve-se multiplicar o comprimento pelo va-
lor duas vezes.
Corte os canos com um arco de serra, mas certifique-se de que ele es-
teja bem fixo em uma morsa ou outro lugar. Depois de cortados lime as
pontas para tirar as rebarbas e fure todos com uma broca de 2 mm a 1 cm
de uma das pontas, tirando as rebarbas também com uma lima.
Pegue a madeira, meça a 1 cm dela 8 buracos espaçados 1 cm um do
outro. Amarre os canos à madeira furada, um em cada furo, de modo que
eles fiquem nivelados e pendendes nela. Passe a mão nos canos para to-
car o carrilhão.
Mão na Física:
Física: xilofone de cano

Você vai precisar de:

• Cerca de 1,20 m de cano de 3/8” de diâmetro, feito de alumínio ou de


outro metal, com espessura de cerca de 1/8”
• Uma base de madeira retangular com lados de 17 cm X 22 cm
• Linha de pesca de 0,5 mm de espessura
• Furadeira com broca de 2 mm
• Uma lima
• Cordão
• Dois pedaços de madeira com dimensões 0,5 X 1,5 X 17 cm

Vamos lá!

Calcule e corte os canos exatamente como no carrilhão. Meça em cada


cano 22% do seu comprimento nas duas pontas, lugar onde ficam os nós da
vibração, marque com um ponto e fure.
Pegue o pedaço de madeira da base e fixe (com cola ou preguinhos) em
cada lado menor as madeirinhas, de forma que o lado de 1,5 cm fique em pé.
Passe o cordão por dentro de cada um dos furos do cano, prendendo-os
com um nó de cada lado. Tome cuidado para que eles fiquem paralelos. Para
finalizar, prenda os fios com os canos amarrados nas duas pontas da base,
esticando bem o fio com os canos, para que eles não toquem na base de ma-
deira. Toque o xilofone batendo em cada cano com uma caneta, lápis ou
mesmo um pedaço de madeira roliça.

Mãos na Física:
Física mensageiro dos ventos

Você vai precisar de:

• Cerca de 1,20 m de cano de 3/8” de diâmetro, feito de alumínio ou de


outro metal, com espessura de cerca de 1/8”
• Uma base de madeira octogonal com cerca de 5 cm de lado
• Linha de pesca de 0,5 mm de espessura
• Furadeira com broca de 2 mm
• Uma lima

Vamos lá!

Faça com os canos da mesma forma que o carrilhão. Então fure o centro e
cada vértice do octágono e prenda os canos com a linha deixando-os pender
em uma distância de 5 cm da base. Para prendê-los passe a ponta da linha de
nylon pelo furo do cano e passe cada uma das pontas por um furo de cada la-
do da base octogonal, amarrando firmemente por cima.
Repita a operação com todos os canos, tomando cuidado para que eles fi-
quem alinhados. Passe um cordão pelo furo central da base, amarrando com
um único nó acima dela. Amarre um pequeno badalo, que pode ser uma ar-
ruela ou um parafuso, ou até mesmo um pedaço circular de madeira pelo cen-
tro, de forma que ele fique livre e possa bater nos canos pendentes.
Para finalizar, amarre na ponta do cordão um pingente que possa balançar
com o vento e fazer o badalo bater nos canos.
Mãos na Física:
Física: tumbacano
tumbacano

Você vai precisar de:

• Alguns metros de cano de PVC de 20 mm de espessura


• Um arco de serra
• Uma trena
• Dois pedacinhos de madeira bem finos mas resistentes ou duas ré-
guas
• Cordão para amarrar os canos
• Bexigas para tampar a parte de cima dos canos

Vamos lá!

Calcule o comprimento dos canos exatamente como feito na flauta de


Pã. Este instrumento de percussão será tocado com os dedos e emitirá as
notas musicais da escala cromática, sem as notas sustenidas.
Para finalizar, prenda pedaços de bexiga esticados na borda de cima,
onde se sopraria a flauta.

Mãos na Física:
Física: chinelofone

Você vai precisar de:

• Alguns metros de cano de PVC branco com 50 mm de espessura


• Um arco de serra
• Uma trena
• Dois pedacinhos de madeira resistentes e finos.
• Cordão para amarrar os canos

Vamos lá!

Calcule o comprimento dos canos exatamente como feito na flauta de


Pã. Dobre os comprimentos calculados para que as notas saiam mais bai-
xas.
Para finalizar, amarre os canos como uma flauta de Pã gigante e deixe
a madeira sobrar dos dois lados, para que seja apoiada em algum lugar pa-
ra tocar.
Este instrumento de percussão é uma variação maior do “tumbacano” e
pode ser tocado com um chinelo e emitirá as notas musicais da escala
cromática, sem as notas sustenidas.
Bibliografia

FLETCHER, NNeville H., ROSSING, Thomas D. The Physics of Musical In-


struments. 2ª Edição. New York: Springer Science + Business Media, 1998.

HEWITT, Paul. Física Conceitual. 9ª edição. Porto Alegre: Bookman, 2002.

HOPKINS, Bart. Musical Instrument Design. 7ª edição. Tucson, AZ: See Sharp
Press, 2007.

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