História Do Teatro
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História Do Teatro
TEATRO MUSICAL
APOSTILA 3 – O TEATRO DO RENASCIMENTO
Apostila elaborada pelo Prof. Jamil Dias
1 O RENASCIMENTO
O pensamento medieval via o homem como uma criatura vil, uma "massa de
podridão, pó e cinza" à qual só cabia implorar pela misericórdia divina.
O Renascimento traz a noção de que o homem é o centro do universo (um ser
mutante, autônomo, livre, criativo e poderoso) – o ideal humanista.
Renascimento –
- revalorização da cultura clássica e sua filosofia, com uma compreensão
fortemente antropocentrista e racionalista do mundo;
- invenção de diversos instrumentos científicos e descobertas diversas leis
naturais ;
- aconteceram os descobrimentos decorrentes das grandes navegações;
- a física, a matemática, a medicina, a astronomia, a filosofia, a engenharia, e
vários outros ramos do saber atingiram um nível de complexidade, eficiência e
exatidão sem precedentes;
- a invenção da imprensa conferiu ao homem o seu primeiro grande meio de
comunicação, proporcionando a preservação e a divulgação em larga escala
do conhecimento humano, até então limitado a um número restrito de
privilegiados .
Emergem as monarquias absolutas – Inglaterra, Espanha, França, Áustria –
cortes que se tornam novos centros de poder político, de arte e de cultura.
A COMÉDIA HUMANISTA
O ponto alto dessa comédia neoclássica foi atingida com o trabalho de três
autores. São eles:
LUDOVICO ARIOSTO (1474-1533) – cujas comédias alcançaram uma certa
qualidade dramatúrgica, mais ainda estavam muito ligadas às fórmulas
clássicas. Escreveu Cassaria, Suppositi, Negromonte, Lena e Scolastica.
Resumo de A Mandrágora
Calímaco apaixona-se por Lucrécia (mulher de princípios e moral
convencional) casada, por interesse materno, com Nícia (um advogado digno e
vaidoso). O casal não consegue ter filhos. Nícia é convencido a recorrer aos
serviços de um médico, que na verdade é Calímaco disfarçado. Este
prescreve a mandrágora como meio de induzir à fertilidade, mas adverte que a
primeira pessoa que mantiver relações sexuais com Lucrécia após o
tratamento, morrerá devido aos efeitos venenosos da droga. Logo é
necessário arranjar essa primeira pessoa. Com a ajuda de Ligúrio (criado de
Calímaco), Nícia convence a mãe de Lucrécia e o seu inescrupuloso confessor
a obterem o seu consentimento. Calímaco, agora disfarçado de mendigo, é
levado ao quarto da senhora para ser “vítima da medicação”. Após uma noite
de amor com Lucrecia, Calímaco reaparece em suas vestes de doutor e Nícia,
muito grato, o convida a se tornar um freqüente visitante da casa.
A PEÇA PASTORAL
Uma fuga para um mundo bucólico, irreal, idealizado, “no coração da natureza”,
onde faunos e ninfas, pastores e pastoras cortejavam-se com graciosos versos
– bucolismo cortesão.
O acompanhamento musical era parte indispensável da peça pastoral – um
pastor que ama sem ser correspondido e uma bela jovem precisavam cantar
para expressar suas emoções.
Exemplos:
Aminta, de Tasso – estreada em 1573, na pequena ilha de Belvedere (rio Pó),
na casa de campo dos Este – elenco formado por aristocratas e alguns atores
profissionais da famosa companhia dos Comici Gelosi – a peça reúne todos os
elementos da fantasia bucólica: o prólogo é apresentado pelo Amor (vestido de
pastor); o pastor Aminta, neto de Pan, corteja a fria ninfa Sílvia, mas somente a
prestativa intervenção de Dafne, de animais, de um sátiro impertinente e de um
arbusto de espinhos, ajudam Aminta a conquistar sua amada.
O cenário foi ficando mais e mais suntuoso. A maior preocupação dos atores
era subordinar seus movimentos e a composição da cena ao cálculo ótico do
cenário. As decorações cada vez mais elaboradas do fim do Renascimento
relegaram a palavra a uma função secundária. Os atores tinham que tomar
cuidado para não entrar em choque com a ilusão da perspectiva.
Giovanni de’ Bardi era um nobre florentino que reunia poetas e músicos para o
estudo dos clássicos (Camerata Fiorentina ou Camerata de' Bardi). No
decorrer desses estudos, os membros desse círculo descobriram o caráter
musical do teatro grego. Na tentativa de refazer a tragédia antiga, criaram
uma nova forma de drama musicado em 1597 – a ópera - que viria a influenciar
enormemente a música barroca.
A arte da Improvisação
O ator devia ser capaz de improvisar sem perder de vista o roteiro, e ser apto a
abrir espaço para o companheiro.
Dramaturgia
Por isso exerceu tão profunda influência sobre autores como Shakespeare,
Molière, Lope de Vega ou Marivaux.
Durante todo o século XVI, o drama religioso continuou a ser cultivado sob a
forma de Autos Sacramentais, mas já contando com notáveis alterações e com
a introdução de elementos completamente alheios à Igreja.
3.2 Os espetáculos
Composição do espetáculo -
1- os músicos tocavam;
2- depois vinha uma loa , uma espécie de prólogo, porém uma composição
dramática curta porém dotada de ação, argumento – que podia ser um
monólogo ou, mais frequentemente, uma sátira a ser declamada ou
cantada por um ou mais atores;
3- depois seguia o primeiro ato (ou era antecedido por uma canção ou uma
dança ou um paso - peça curta, cantada e falada, semelhante às
representadas sobre um estrado à entrada das feiras);
4- entre o primeiro ato e o segundo, ou entre esse e o terceiro, havia um
outro paso ou um entremés . Essas diversões entre os atos podiam ser
complementadas por atores que dançavam e cantavam;
5- com um desses “bailes”, que é como se chamava os números de dança,
terminava a função.
Tradição dos programas longos compostos por vários gêneros.
A Inglaterra dos fins do século XVI era uma sociedade orgulhosa: acabava de
se converter na grande potência marítima da Europa, derrotando a Invencível
Armada espanhola; os marinheiros e os militares britânicos puseram-se a
conquistar e colonizar o mundo conhecido, e o comércio e a indústria
começaram a florescer. A rainha Elizabeth I encarregou-se de promover esse
patriotismo entre seus súditos e o teatro foi um bom instrumento para isso.
4.1 Organização
No século XVI, quando a Londres oficial ainda estava organizada dentro das
antigas muralhas romanas, os dramaturgos e atores do teatro elisabetano se
estabeleceram entre os paupérrimos e outros renegados em áreas marginais
chamadas de Liberties. Nelas ficavam sanatórios, leprosários, prisões e
prostíbulos.
No telhado, uma bandeira tremulava, indicando que nesse dia havia espetáculo
– uma bandeira branca para a comédia, uma preta para a tragédia.
A renda do espetáculo ia para um fundo comum do qual cada ator recebia sua
cota contratual – distribuição nem sempre pacífica.
O poder de atração de uma peça era muito mais importante do que a sua
origem literária. O que importava não era a invenção de uma trama, mas a sua
elaboração criativa. Vários autores poderiam estar trabalhando sobre um
mesmo tema ao mesmo tempo.
O palco descoberto, as galerias apinhadas e a multidão de groundlings exigiam
do ator uma voz forte e gestos amplamente visíveis.
Algumas vezes se duvidou de que um único homem fosse o autor de uma obra
tão colossal.
5 RENASCIMENTO EM PORTUGAL
GIL VICENTE
Nascido por volta de 1465, Gil Vicente desenvolveu uma obra que
supera a de todos os seus antecessores em mestria e em profundidade. Ele é
considerado o mais importante homem de teatro de Portugal. Em 1502,
apresentou sua primeira peça - Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação -
nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de Dom Manuel. Tornou-se,
então, responsável pela organização dos eventos palacianos. Ilustre
representante do período renascentista em Portugal, entre 1502 e 1536, Gil
Vicente escreveu, interpretou e montou cerca de cinqüenta autos – a maior
parte foi reunida numa Compilação editada em 1562, por seus filhos. Eles
dividiram a obra paterna em quatro seções – obras de devoção, comédias,
tragicomédias e farsas. Dentre suas obras destacamos: Autos das Barcas do
Inferno, Purgatório e Paraíso , Farsa de Inês Pereira e Auto da Lusitânia. Gil
Vicente foi, ao mesmo tempo, o último dramaturgo medieval e o primeiro
dramaturgo moderno português.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS