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Como funcionou a KGB

O russo Oleg Danilovich Kalugin foi um dos mais populares playboys em Nova
York nos anos 1960. Ele chegou a Manhattan em 1958, com 24 anos de idade
e com uma bolsa de estudos da Fundação Fulbright para estudar jornalismo na
Universidade de Columbia. Logo se tornou um dos mais populares estudantes
do campus e nos anos seguintes um assíduo frequentador de festas e da vida
noturna novaiorquina. Kalugin fez amizades importantes, principalmente com
gente ligada ao governo norte-americano. O que ninguém sabia era que ele era
um espião da KGB (sigla em russo para Comitê de Segurança do Estado), o

Os espiões da KGB geralmente se disfarçavam de jornalistas, homens de


negócios ou diplomatas

serviço secreto da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Em plena Guerra Fria, Kalugin descobriu importantes segredos dos Estados


Unidos e de seus aliados, antes dele ser descoberto em 1970 e ter de voltar
para Moscou, onde tornou-se o mais jovem general da KGB. O sucesso da
espionagem internacional de Kalugin mostra por que a KGB foi um dos mais
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temidos e eficientes serviços secretos do mundo. Durante décadas muito


pouco se soube sobre essa agência de espionagem soviética e apenas após o
fim da URSS, nos anos 1990, foi possível conhecer mais sobre ela. Enquanto
existiu, de 1954 até 1991, a KGB foi responsável pela espionagem
internacional soviética e também cuidou da proteção aos líderes do país, da
supervisão de tropas nas fronteiras e da vigilância das populações que faziam
parte da União Soviética.

Órgão ligado ao Partido Comunista, a KGB formou uma legião de espiões


famosos, entre eles Vladimir Putin, presidente da Rússia entre 2000 e 2008 e
atual primeiro-ministro do país. Também empreendeu ousadas missões de
espionagem no exterior com a mesma criatividade que eliminou seus ex-
espiões ou os dissidentes dos países comunistas sob influência da União
Soviética, como no caso do escritor búlgaro Georgi Markov que morreu após
ter sua perna ferida pela ponta de um guarda-chuva envenenado enquanto
esperava um ônibus em Londres em 1978.

A KGB foi a agência de segurança soviética que teve a vida mais longa dentre
todas as criadas desde o surgimento da União Soviética com a revolução
bolchevique de 1917. De suas antecessoras ela herdou a experiência e
métodos cruéis de eliminação de adversários, como o usado pela NKVD, que
contratou o espanhol Ramón Mercader para ir ao México e em 20 de agosto de
1940, usando uma picareta, assassinar com um golpe na cabeça Leon Trotsky,
um dos mais importantes líderes da revolução bolchevique e ex-comandante
do Exército Vermelho soviético. Na próxima página, saiba como surgiu a KGB e
como foram seus primeiros anos de atuação antes da Guerra Fria esquentar de
vez.

FSB, a sucessora da KGB

Com o fim da União Soviética em 1991, a KGB na Rússia foi dividida em vários
serviços de segurança. A preocupação com a herança da KGB era tal que o
presidente russo Boris Yeltsin supervisionou diretamente o desmantelamento
da antiga agência de espionagem soviética. Mas os antigos líderes da KGB
não foram julgados pelos crimes que cometeram durante o período soviético.
Os outros países que faziam parte da extinta União Soviética, como Ucrânia e
Bielo-Rússia, também transformaram suas sucursais da KGB em outras
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agências de segurança, algumas delas mantendo ligações com a sucessora


russa da KGB: a FSB (sigla em russo para Serviço Federal de Segurança).
Criada em 1994, a FSB foi presidida até o ano 2000 por Vladimir Putin, um ex-
oficial da KGB que viraria presidente e depois primeiro-ministro da Rússia.
Segundo o historiador russo Yuri Felshtinsky, a FSB tem mais poderes e
autonomia do que a extinta KGB e é um dos órgãos mais temidos na Rússia. A
FSB estaria envolvida na morte de Alexander Litvinenko, ex-agente da KGB
assassinado na Inglaterra por contaminação com plutônio em 2006, na luta
contra os separatistas na Chechênia e na invasão pelas tropas russas da
Geórgia e do território da Ossétia do Sul, em 2008.

FSB, a sucessora da KGB

Com o fim da União Soviética em 1991, a KGB na Rússia foi dividida em vários
serviços de segurança. A preocupação com a herança da KGB era tal que o
presidente russo Boris Yeltsin supervisionou diretamente o desmantelamento
da antiga agência de espionagem soviética. Mas os antigos líderes da KGB
não foram julgados pelos crimes que cometeram durante o período soviético.
Os outros países que faziam parte da extinta União Soviética, como Ucrânia e
Bielo-Rússia, também transformaram suas sucursais da KGB em outras
agências de segurança, algumas delas mantendo ligações com a sucessora
russa da KGB: a FSB (sigla em russo para Serviço Federal de Segurança).
Criada em 1994, a FSB foi presidida até o ano 2000 por Vladimir Putin, um ex-
oficial da KGB que viraria presidente e depois primeiro-ministro da Rússia.
Segundo o historiador russo Yuri Felshtinsky, a FSB tem mais poderes e
autonomia do que a extinta KGB e é um dos órgãos mais temidos na Rússia. A
FSB estaria envolvida na morte de Alexander Litvinenko, ex-agente da KGB
assassinado na Inglaterra por contaminação com plutônio em 2006, na luta
contra os separatistas na Chechênia e na invasão pelas tropas russas da
Geórgia e do território da Ossétia do Sul, em 2008.
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A IMPORTÂNCIA DA KGB DURANTE A GUERRA FRIA

Medalha dada a oficiais da KGB

Um dos principais aspectos da Guerra Fria, que se estendeu desde logo após
a Segunda Guerra Mundial até o fim da União Soviética nos anos 1990, foi a
disputa entre as principais agências de espionagem das duas superpotências
em missões de roubo de segredos militares e ações de contraespionagem.
Nesse cenário, a KGB assumiu gradualmente uma importância e um poder
inigualáveis na União Soviética.

A KGB nasceu em 1954 já com um enorme trunfo. A agência que a antecedeu


tinha conseguido infiltrar agentes no Projeto Manhattan - que levou à
construção das primeiras bombas atômicas pelos Estados Unidos - e apenas
quatro anos após os americanos conseguirem desenvolver a tecnologia das
armas nucleares, os soviéticos também chegaram lá, graças principalmente a
uma rede de espiões na América do Norte e na Inglaterra, que incluía o físico
alemão naturalizado inglês Klaus Fuchs. Laurenti Beria era o principal chefe da
espionagem soviética na época e seu poder era tal que ele tentou assumir o
governo soviético com a morte de Stalin. Conseguiu durante um curto período,
mas o Partido Comunista retomou o controle, colocando Nikita Khrushchev no
poder e executando Beria e todo o alto escalão dos serviços de segurança
ligado a ele. Khrushchev reformulou todo o aparato de segurança e criou a
KGB cuja ênfase passou a ser atuar em missões de espionagem fora da União
Soviética e nos países do bloco socialista na Europa Oriental junto aos serviços
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secretos locais, mas sem abandonar as atividades de contraespionagem e de


vigilância interna dos cidadãos soviéticos.

Principal inimiga da CIA, a KGB treinava seus agentes para atuarem


disfarçados como diplomatas, jornalistas ou homens de negócios,
principalmente. Dessa forma, eles conseguiram se infiltrar nas maiores
operações de espionagem e atuaram nas principais cidades ocidentais. Uma
das prioridades de suas missões era obter informações técnicas e científicas
dos projetos militares ocidentais. Graças ao trabalho eficiente de seus agentes,
a KGB conseguiu manter o desenvolvimento militar soviético parelho com o dos
Estados Unidos, ao levar para Moscou segredos e projetos de aviões,
submarinos e foguetes norte-americanos e de seus aliados. Um dos grandes
sucessos da KGB de espionagem industrial fora da área militar foi o roubo na
década de 1960 do projeto do Concorde, o avião supersônico francês. Para
surpresa do Ocidente, em dezembro de 1968, os soviéticos puseram no ar o
avião supersônico Tupolev TU-144, o primeiro avião comercial a ultrapassar a
barreira do som.

Mas não era só contra os adversários da União Soviética que a KGB agia. Ela
também exercia sua vigilância nos países aliados da União Soviética, como os
pertencentes ao Pacto de Varsóvia (aliança militar dos países do bloco
soviético que se opunha a OTAN). A atuação da KGB nos países do bloco
socialista na Europa Oriental os manteve sob estrito controle soviético e os
serviços de espionagem resultaram na invasão da Hungria e na repressão ao
movimento reformista na Polônia, ambos em 1956, e na ação militar para
sufocar o levante na Tchecoslováquia em 1968, no movimento que ficou
conhecido como "Primavera de Praga". Foi também graças às informações
obtidas pela KGB que a Alemanha Oriental decidiu construir em 1961 o Muro
de Berlim.

É muito provável que a KGB no seu auge tenha se tornado a maior polícia
secreta e serviço de espionagem do mundo. Calcula-se que ela tenha tido 480
mil integrantes, sendo que 200 mil atuavam nas fronteiras do bloco soviético.
Além disso, ela contou com a colaboração de milhões de informantes
recrutados no mundo inteiro e que vendiam informações estratégicas em troca
de pagamentos às vezes regulares. A KGB fez parte da tríade de poder na
União Soviética - junto com o Partido Comunista e o Exército Vermelho -
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durante quase quatro décadas. No final dos anos 1960, a KGB era considerada
o cão de guarda do Partido Comunista e seu poder só crescia, a ponto dela
recomendar, no começo dos anos 70, o envolvimento de militares soviéticos no
Afeganistão e dar as diretrizes para a invasão que o Exército Vermelho
promoveu no país. Na mesma época, Yuri Andropov, chefe da KGB, ascendeu
até a posição de principal líder soviético.

Apesar de ter sido o auge da demonstração do poder da KGB, o envolvimento


no Afeganistão foi um erro fatal para a agência e também para o governo
soviético. A deserção em massa do exército afegão e a resistência de
combatentes rebeldes, armados e financiados pelas potências ocidentais, levou
a aventura no Afeganistão a transformar-se num pesadelo para os soviéticos,
uma espécie de versão do que foi a Guerra do Vietnã para os americanos. O
fiasco no Afeganistão e a pressão para acompanhar a escalada armamentista
norte-americana que levaram a União Soviética a uma situação de colapso
econômico nos anos 80 não poupou a KGB, que ainda teve de enfrentar várias
denúncias de corrupção de seus dirigentes. A ascensão de Mikhail Gorbachev
(1985–91) ao poder na União Soviética, com suas propostas de abertura
política e econômica, levou ao enfraquecimento da KGB que reagiu em 1991
tentando um golpe de estado que foi imediatamente sufocado. Após isso, a
KGB foi desmantelada.

http://pessoas.hsw.uol.com.br/kgb3.htm

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