ARTROPODES
ARTROPODES
ARTROPODES
2 edio
Carlos Renato Rezende Ventura
Ctia A. Mello-Patiu
Gabriel Mejdalani
Diversidade Biolgica
dos Protostomados
Diversidade Biolgica
dos Protostomados
Volume 2 - Mdulo 3 Carlos Renato Rezende Ventura
2a edio Ctia A. Mello-Patiu
Gabriel Mejdalani
Apoio:
Fundao Cecierj / Consrcio Cederj
Rua Visconde de Niteri, 1364 Mangueira Rio de Janeiro, RJ CEP 20943-001
Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725
Presidente
Masako Oya Masuda
Vice-presidente
Mirian Crapez
Material Didtico
Departamento de Produo
ELABORAO DE CONTEDO
Carlos Renato Rezende Ventura EDITORA
Ctia A. Mello-Patiu Tereza Queiroz PROGRAMAO VISUAL
Gabriel Mejdalani Yozo Kono
COORDENAO EDITORIAL
COORDENAO DE DESENVOLVIMENTO Jane Castellani ILUSTRAO
INSTRUCIONAL
REVISO TIPOGRFICA Fabiana Rocha
Cristine Costa Barreto
Jane Castellani Jefferson Caador
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL E Ktia Ferreira dos Santos Morvan de Araujo Neto
REVISO Sandra Valria Oliveira CAPA
Ana Tereza de Andrade
COORDENAO Eduardo Bordoni
Carmen Irene Correia de Oliveira
DE PRODUO
Mrcia Pinheiro PRODUO GRFICA
Jorge Moura
Raquel Queirs Osias Ferraz
COORDENAO DE LINGUAGEM Patricia Seabra
Maria Anglica Alves
REVISO TCNICA
Marta Abdala
V468d
Ventura, Carlos Renato Rezende
Diversidade biolgica dos Protostomados. v.2. / Carlos Renato
Rezende Ventura 2.ed. Rio de Janeiro: Fundao CECIERJ, 2010.
239p.; 19 x 26,5 cm.
ISBN: 85-7648-002-6
Governador
Srgio Cabral Filho
Universidades Consorciadas
UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO RIO DE JANEIRO
Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho Reitor: Alosio Teixeira
Pr-requisitos
Aulas 1 a 13.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas de Citologia e Histologia.
Noes bsicas de diversidade
e filogenia dos animais.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
INTRODUO Na aula anterior, voc estudou a lgica utilizada nas chaves de identificao,
revisou vrios assuntos importantes estudados nas Aulas 1 a 12 e aprendeu
a construir uma chave de identificao. Nesta aula, estudaremos algumas
caractersticas interessantes dos animais que formam o filo Annelida.
Antes de abordarmos as particularidades da arquitetura corporal e fisiologia
do filo Annelida, estudaremos duas interessantes caractersticas desses animais.
Como voc j revisou na Aula 13, todos os animais estudados at agora
no possuem um celoma verdadeiro. Por isso, so chamados acelomados e
pseudocelomados. O filo Annelida ser o primeiro grupo de animais eucelomados
(ou seja, que possuem um celoma verdadeiro) a ser abordado no nosso curso.
Associada presena do celoma, h outra caracterstica do filo Annelida
que traz vantagens para esses animais, a metameria, ou seja, a segmentao
do corpo em compartimentos semelhantes.
8 CEDERJ
MDULO 3
14
Apesar de apresentar uma estrutura corporal vermiforme, como
AULA
outros animais j estudados nas aulas anteriores, a maioria dos aneldeos
possui um corpo formado por uma srie de segmentos repetidos. Em
geral, cada segmento formado por um conjunto de estruturas, pele,
musculatura circular e longitudinal, e sistemas, como o reprodutivo,
o nervoso, o excretor e o circulatrio (Figura 14.1). Essa srie de conjuntos
de rgos e estruturas chamada segmentao metamrica, metameria ou
metamerizao e cada segmento conhecido por metmero. Os segmentos
(metmeros) esto separados uns dos outros por septos, que so finas
camadas de tecido de origem mesodrmica (peritnio) (Figura 14.1). Cada
segmento tem a sua poro de lquido celmico, que no passa livremente
para os outros segmentos, pois contida pelos septos.
Septos
Vaso lateral
Fibras nervosas
segmentares
Figura 14.1: Metameria em um aneldeo tpico, ilustrando a repetio dos sistemas em cada segmento.
CEDERJ 9
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
10 CEDERJ
MDULO 3
14
Tais sistemas tornaram-se necessrios devido ao aumento
AULA
do tamanho do corpo e, conseqentemente, da complexidade dos
aneldeos. O surgimento de um celoma verdadeiro est relacionado a
esses dois fatores. O celoma, como j vimos, um espao entre a parede
corporal e o tubo digestivo. A sua presena permitiu o desenvolvimento
de rgos internos. Dessa forma, o volume corporal dos aneldeos
cresceu mais que a sua superfcie e, portanto, um sistema de transporte
de substncias tornou-se essencial para suprir os tecidos mais internos
com nutrientes (oxignio e alimentos) e retirar as substncias indesejadas,
os restos metablicos (excretas).
Os aneldeos possuem o corpo alongado (vermiforme). Como
vimos nas aulas anteriores, na arquitetura corporal de um verme,
a simetria bilateral estabelecida e o arranjo corporal passa a ser dorsal
e ventral. Tambm, como conseqncia dessa forma do corpo, tal
simetria propiciou a cefalizao, ou seja, o acmulo de clulas nervosas
na extremidade anterior do animal. Essa mais uma caracterstica
presente no filo Annelida.
O celoma dos aneldeos formado a partir Boca
Crescimento
do corpo
Mesoderma
CEDERJ 11
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
Figura 14.3: Proporo estimada sensoriais na regio ceflica. Os poliquetas caracterizam-se tambm por
das classes do filo Annelida.
apresentar uma srie de expanses laterais, chamadas parapdios (Figura
A classe Clitellata est escurecida
e suas duas subclasses esto 14.4.a), que auxiliam na locomoo e esto envolvidos na troca gasosa,
representadas.
pois so bastante vascularizados. A classe est muito bem representada
em diversos ambientes marinhos, em vrias latitudes e profundidades.
ALBARDA A classe Clitellata (do latim, clitellae = sela, ALBARDA+ -ata =
Sela grosseira, portador) formada pelas populares minhocas (subclasse Oligochaeta)
enchumaada de palha,
para bestas de carga. e pelas sanguessugas (subclasse Hirudinea). A classe se caracteriza por
No caso dos aneldeos,
o termo sela refere-
possuir uma pronunciada regio glandular, chamada clitelo (Figura 14.4),
se, por analogia, que exerce importante papel na reproduo.
poro diferenciada do
corpo, onde h a fuso A subclasse Oligochaeta (do grego, oligo = pouco + chaeta =
de segmentos, o clitelo
(Figura 14.4.b e c). cerdas) se caracteriza por possuir poucas cerdas ao longo do corpo (ao
contrrio dos poliquetas). Apenas 6,5% das espcies so marinhas,
estando a maior parte das espcies distribuda em ambientes de gua
doce e terrestre. Ao contrrio dos poliquetas, no ocorre o acmulo
de rgos sensoriais na regio ceflica das minhocas (oligoquetas)
nem projees ao longo do corpo. Assim, a aparncia geral do corpo de
uma minhoca de um cilindro anelado e uniforme, exceto pela regio
do clitelo (Figura 14.4.b).
12 CEDERJ
MDULO 3
14
b
AULA
Prostmio
o
Clitelo
Regio
o
bucal
Pe
eristmio
1o nefridiporo
Cerdas nus
a
c
Ventosa
Parapdios
anterior
Poro genital
masculino
Clitelo
Poro genital
feminino
Tentculos Ventosa
Arcos posterior
Papilas
de cerdas
desenvolvidas
Lbulo e
ceflico rea Canal
glandular ciliado
Seco
anterior
Clios Boca
Probscide
Papilas
Clios pareadas
Papilas
nus
Figura 14.4: Representantes das classes do filo Annelida: (a) classe Polychaeta; (b) classe Clitellata (subclasse
Oligochaeta); (c) classe Clitellata (subclasse Hirudinea); (d) classe Pogonophora; (e) classe Echiura.
CEDERJ 13
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
a c
Figura 14.5: Locomoo nos aneldeos. (a) Ondas laterais em um poliqueta, formadas por contrao e relaxamento
alternado da musculatura longitudinal e circular; (b) ondas peristlticas em um oligoqueta, formadas pela alternncia
da contrao da musculatura longitudinal (regies das barras cinzas) e circular (regies das barras pretas); (c)
deslocamento tpico em um hirudneo, que utiliza a ventosa posterior para o primeiro ancoramento, estica o corpo
e fixa a ventosa anterior no substrato para depois encolher o corpo, locomovendo-se para a frente.
14 CEDERJ
MDULO 3
14
A classe Pogonophora (do grego, pogon(o) = barba + phoros =
AULA
portador) composta por 120 espcies marinhas, que vivem, em sua
maioria, em grandes profundidades (centenas a poucos milhares de metros).
O conhecimento sobre a biologia desse grupo ainda relativamente
pequeno, pois, ao contrrio dos outros aneldeos, as primeiras espcies
de pogonforos s foram descritas recentemente, no incio do sculo
XX. O corpo dos pogonforos possui pequenas semelhanas com os
outros aneldeos, pois apenas em sua poro mais posterior h uma
regio anelada, o opistossoma (Figura 14.4.d). Na extremidade anterior,
encontram-se o lbulo ceflico, a rea glandular e os numerosos tentculos
ciliados, que inspiraram o nome da classe por se assemelharem a uma
barba (Figura 14.4.d). Os pogonforos vivem em tubos quitinosos que so
secretados na rea glandular. Apesar de sedentrios, podem se movimentar
livremente dentro do tubo. O tronco forma a maior parte corporal de um
pogonforo (Figura 14.4.d). Ao contrrio dos outros aneldeos, o tronco
dos pogonforos possui duas cavidades celmicas contnuas e, portanto,
no segmentado.
A classe Echiura (do grego, echis = serpentiforme) composta por
animais em forma de salsicha, que no apresentam segmentao durante
a fase adulta e, por isso, no foram considerados como aneldeos por
muito tempo. A segmentao do corpo evidenciada apenas durante
a fase do desenvolvimento embrionrio. Sua posio dentro do filo
Annelida ainda controvertida.
Os equiros so animais relativamente pequenos (variam entre alguns
milmetros e aproximadamente 8cm) que vivem em sedimentos marinhos
lamosos ou arenosos em pequenas profundidades. Poucas espcies podem
ser encontradas em fundos rochosos. A estrutura corporal mais evidente
dos equiros a probscide (Figura 14.4.e), que consiste em uma poro
muscular ciliada ventralmente e muito extensvel, podendo alcanar at
25 vezes o tamanho do animal. A probscide uma projeo ceflica que
contm o crebro e est envolvida na obteno de alimento. O batimento
dos seus clios cria uma corrente que desloca os sedimentos para a boca, que
est localizada na base da probscide. Acredita-se que esta tenha a mesma
origem evolutiva que o prostmio dos outros aneldeos, o que contribui para
a hiptese de parentesco e incluso do grupo no filo Annelida.
Outras particularidades de cada classe sero abordadas na Aula 16.
CEDERJ 15
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
Sistema circulatrio
16 CEDERJ
MDULO 3
14
Musculatura
longitudinal
AULA
Cavidade celmica
Musculatura circular
Vaso sangneo
dorsal Septo
Tubo
digestivo
Vaso sangneo
ventral
Cordo Nefridiporo
nervoso
Nefrstoma Metanefrdio
CEDERJ 17
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
18 CEDERJ
MDULO 3
14
Olhos
Moela Intestino
Glndulas
AULA
calcferas Papo b
Faringe
Clitelo
Gnglio
cerebral
Nervo
(crebro) Faringe
prostomial
Boca
Prostmio
a
Boca
Faringe
Gnglio
subfarngeo
Gnglio nervoso
Glndula digestiva ventral
Esfago
Figura 14.7: (a) Olhos e sistema digestivo da regio anterior de um poliqueta; (b) sistema digestivo e nervoso da regio
anterior de um oligoqueta.
Sistema digestivo
CEDERJ 19
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
20 CEDERJ
MDULO 3
14
O funcionamento de um metanefrdio consiste na retirada de restos
AULA
metablicos (excretas) e excesso de gua presentes no fluido celmico.
Este coletado pelo nefrstoma e conduzido, por batimentos ciliares,
at a poro mais larga do funil (bexiga), que est envolvida por capilares
sangneos (Figura 14.8). Nesse ponto, h a reabsoro seletiva de vrias
substncias, como sais, aminocidos e gua e a secreo ativa de excretas
para dentro do funil ciliado. Dessa forma, o lquido que entra pelo
nefrstoma (fluido celmico antes da filtragem) difere em composio
daquele que sai do corpo do animal pelo nefridiporo (urina).
"Bexiga"
Capilares
Nefridiporo
Nefrstoma
CEDERJ 21
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
Reproduo
Respirao
22 CEDERJ
MDULO 3
14
Em muitas espcies, especialmente de poliquetas, a troca gasosa
AULA
ocorre em expanses corporais especializadas, que possuem grande
vascularizao de capilares sangneos, como o caso dos parapdios dos
poliquetas. Os parapdios funcionam com brnquias e esto presentes
em grande nmero ao longo do corpo do animal.
Nas espcies de poliquetas que vivem em tubos (poliquetas
sedentrios), h o desenvolvimento de tentculos na regio anterior que
possuem a funo de brnquias, alm de realizar a coleta de alimentos.
Nos pogonforos e equiros, no h nenhum rgo respiratrio
evidente, exceto os tentculos dos pogonforos que devem realizar esta
funo. Os oligoquetas e hirudneos dependem da difuso de gases pela
parede corporal. Por isso, as espcies terrestres esto limitadas aos ambientes
midos e bem oxigenados, pois necessitam manter a parede corporal
umedecida para facilitar a absoro de oxignio. A presena de vasos
sangneos prximos da parede do corpo e de pigmentos respiratrios no
sangue aumentam a eficincia da troca gasosa e do transporte do oxignio
para os tecidos mais internos.
CEDERJ 23
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filo Annelida
RESUMO
24 CEDERJ
MDULO 3
14
EXERCCIOS
AULA
1. Que vantagens funcionais so alcanadas pela presena de um celoma
verdadeiro?
3. O que metameria?
4. Quais as classes que compem o filo Annelida e como podem ser distinguidas?
AUTO-AVALIAO
CEDERJ 25
15
AULA
Aula prtica 1:
disseco de minhoca
objetivo
Pr-requisitos
Aulas 1 a 14, especialmente esta ltima.
Disciplina Introduo Zoologia.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 1: disseco de minhoca
MORFOLOGIA EXTERNA
Material
Lupa
Placa de Petri
Minhoca viva (Pheretima sp., minhoca-louca)
gua
Palito de madeira
28 CEDERJ
MDULO 3
15
Procedimento
AULA
Coloque o animal estendido sobre uma placa de Petri umedecida.
Leve a placa para a lupa e utilize a menor intensidade de luz disponvel
para observar o animal. Fique atento para no permitir o ressecamento
da minhoca. Caso isso ocorra, interrompa a observao e umedea
o corpo do animal.
Observe e identifique:
As extremidades anterior e posterior da minhoca e a sua
superfcie dorsal (Figura 15.1).
O prostmio (ou anel pr-oral) e o primeiro segmento verdadeiro,
o peristmio, onde se localiza a boca (Figura 15.1).
O ltimo segmento (ou pigdio), onde se localiza o nus
(Figura 15.1).
O clitelo (anel mais claro e mais longo), prximo regio
anterior (Figura 15.1).
Algumas estruturas internas que podem ser vistas por
transparncia, como o vaso dorsal, o intestino, as vesculas
seminais, as glndulas prostticas e a regio dos coraes.
Se possvel, observe em um aumento maior as cerdas na super-
fcie ventral do corpo. Elas podem ser melhor observadas nos
segmentos contrados.
Prostmio
Clitelo
Regio
bucal
1o nefridiporo
Cerdas nus
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Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 1: disseco de minhoca
LOCOMOO
Material
Procedimento
30 CEDERJ
MDULO 3
15
MORFOLOGIA INTERNA
AULA
Material
Placa de disseco
Pinas
Alfinetes
Estilete
Bisturi e tesoura
ter, algodo e frasco de vidro
Minhoca viva (Pheretima sp., minhoca-louca)
gua
Procedimento
CEDERJ 31
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 1: disseco de minhoca
b) Metmeros:
MOELA
Espessamento do Observe a regio correspondente a um segmento (metmero)
esfago, que tritura o e tente distinguir os septos que o dividem.
alimento, realizando a
digesto mecnica. c) Sistema circulatrio:
ESFAGO vaso sangneo dorsal (maior em dimetro);
Conduz o alimento coraes laterais;
para o intestino.
vaso sangneo ventral.
INTESTINO
d) Sistema reprodutor:
Realiza a digesto
qumica. Masculino as VESCULAS SEMINAIS e as GLNDULAS PROS-
TTICAS;
Armazenam os
espermatozides
produzidos nos
testculos.
GLNDULAS
PROSTTICAS
Produzem lquidos
nutritivos para os
espermatozides.
E S P E R M AT E C A S
(OU RECEPTCULOS
SEMINAIS)
Bolsas musculosas
que armazenam os
espermatozides
inoculados por outra
minhoca durante o
cruzamento.
32 CEDERJ
MDULO 3
15
Prostmio ou anel pr-oral 1
2
AULA
3
4
Faringe
5
6
Espermateca ou 8
receptculo seminal
(3 pares) 9
Moela 10
Vescula seminal 11
(2 pares)
12
13 "Corao" lateral
14 Esfago
15 Clitelo
16
Glndula prosttica
17
(1 par)
18
Ducto prosttico
19
20
21
22
Vaso dorsal
23
Intestino
24
25
Ceco intestinal
26
27
28
29
30
CEDERJ 33
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 1: disseco de minhoca
RESUMO
34 CEDERJ
16
AULA
Filos Annelida e Sipuncula
objetivos
Pr-requisitos
Aulas 1 a 15, especialmente a 14.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre Citologia e Histologia.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
O FILO ANNELIDA
INTRODUO Nas duas ltimas aulas, voc estudou as caractersticas gerais da arquitetura
corporal do filo Annelida. Nesta aula, voc aprender os aspectos especficos
da morfologia, biologia e fisiologia das quatro classes que formam esse filo
(Polychaeta, Clitellata, Pogonophora e Echiura).
Como voc j sabe, o filo Annelida inclui animais vermiformes, a maioria com
segmentao metamrica, simetria bilateral, desenvolvimento tipicamente
protostomado, cabea com rgos especializados, sistema circulatrio fechado,
sistema nervoso com gnglio cerebral e cordo duplo ventral, sistema excretor
com metanefrdios, sexos unidos ou separados, e desenvolvimento direto ou
indireto com larva trocfora.
36 CEDERJ
MDULO 3
16
Entretanto, essa diviso tem sido mantida por convenincia para o estudo das
AULA
relaes entre forma de vida e tipo de alimentao. Os poliquetas errantes
incluem principalmente as formas pelgicas (veja definio em Introduo
Zoologia), mas tambm as escavadoras, que vivem temporariamente
em galerias, de onde saem para se alimentar e respirar. So geralmente
predadores, usando uma probscide eversvel armada com mandbulas para
capturar as presas. A forma do corpo caracterizada por uma seqncia
de segmentos relativamente homognea. Os poliquetas sedentrios so
principalmente tubcolas e escavadores, e vivem permanentemente em seus
tubos ou galerias. Eles se alimentam de partculas e detritos que se depositam
no seu abrigo ou filtram matria em suspenso. Em geral, mostram certa
heterogeneidade na construo do corpo, com regies diferenciadas,
especializadas para funes particulares.
b Mandbulas
Faringe vertida
Palpo
Tentculos prostomiais
Prostmio Olhos
Tentculos (cirros)
a
Peristmio
Parapdios
Msculo Capilares
Cirro dorsal longitudinal Vaso dorsal respiratrios
d
Notopdio
Parapdio
Accula
Neuropdio
CEDERJ 37
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
a c e
Bolsa de muco
Parapdios
em leque
38 CEDERJ
MDULO 3
16
O trato digestivo dividido em intestino anterior, mdio e posterior,
AULA
como voc j viu na Aula 14. O intestino posterior se abre para o exterior
atravs de um nus localizado no segmento terminal do tronco ou pigdio.
Embora alguns poliquetas possuam brnquias especializadas, as trocas
!
gasosas ocorrem principalmente atravs da superfcie do corpo, Como vimos na Aula 14,
especialmente nos parapdios. Em muitos poliquetas, como por exemplo o sistema circulatrio
composto de um vaso
em Nereis, o sistema circulatrio segue o plano bsico dos aneldeos, longitudinal dorsal que
conduz o sangue para a
como visto na Aula 14 e resumido ao lado. Entretanto, a organizao parte anterior do corpo e
de um vaso longitudinal
desse sistema pode variar muito entre outros membros do grupo. ventral que o conduz para
a parte posterior. A troca
Comparando-se com Nereis, muitos poliquetas podem apresentar vasos
de sangue entre esses dois
adicionais e outros podem mostrar uma reduo expressiva do sistema vasos ocorre atravs das
redes vasculares anterior
circulatrio e sua ligao com o celoma, cujo fluido conseqentemente e posterior, de redes capi-
lares nos parapdios e de
passa a assumir a funo de circulao. vasos segmentares nos
septos e ao redor do
Muitos poliquetas possuem pigmento respiratrio no sangue, no intestino.
fluido celmico ou em ambos, em geral hemoglobina ou hemeritrina.
A maioria dos poliquetas possui um par de metanefrdios por segmento,
porm protonefrdios ou ambos (proto e metanefrdios) podem estar
presentes. O sistema nervoso dos poliquetas segue o plano bsico
dos aneldeos (veja Aula 14); entretanto, os rgos dos sentidos so
mais desenvolvidos nessa classe do que em qualquer outra. Os olhos
podem variar de simples manchas oculares a olhos bem desenvolvidos
possuidores de clulas fotorreceptoras.
Outra estrutura sensorial dos poliquetas o rgo nucal, na forma
de fendas ou orifcios ciliados que parecem ter funo quimiorreceptora,
importante na busca de alimento. Estatocistos podem estar presentes em
alguns poliquetas tubcolas e escavadores como rgos de orientao do
corpo e equilbrio.
CEDERJ 39
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
a Tufo apical b c
Boca
Banda
ciliada
nus
Figura 16.3: Desenvolvimento de Polychaeta. (a) Larva trocfora inicial; (b) larva
trocfora em estgio mais adiantado; (c) jovem poliqueta.
40 CEDERJ
MDULO 3
16
Outros poliquetas interessantes
AULA
Alguns poliquetas tubcolas, como os sabeldeos (Figura 16.2.c),
tm uma coroa de tentculos ciliados ou radolos, derivados dos palpos
prostomiais, que se estendem para fora do tubo para coleta de alimento.
As partculas so atradas para o centro por ao dos clios e, presas pelo
muco, so levadas atravs dos sulcos de alimentao at a boca. As partculas
de alimento so selecionadas por tamanho, e gros de areia so estocados
em um saco, servindo mais tarde para aumentar o tubo. Os Spirobranchus
possuem uma dupla coroa de radolos e vivem em um tubo calcreo.
Chaetopterus (Figura 16.2.d) um verme que vive permanentemente
em um tubo em forma de "U", com as duas aberturas mantidas fora do
lodo ou da areia. Trs pares de parapdios so modificados na forma
de um leque e mantm a circulao de gua dentro do tubo atravs de
movimentos rtmicos. Um outro par de parapdios, alargado e A L I F O R M E , ALIFORME
secreta uma bolsa de muco alongada onde as partculas se juntam ao Com forma de asa.
ABERRANTE
Aquele que se desvia
das caractersticas ou
do padro normal.
CEDERJ 41
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
Classe Clitellata
Subclasse Oligochaeta
42 CEDERJ
MDULO 3
16
a Prostmio
Clitelo
AULA
Peristmio
Pigdio
Cerdas nus
Probscide
Brnquias
Tubo
d c
Figura 16.4: Diversidade dos Oligochaeta. (a) Lumbricus, a minhoca comum; (b) Tubifex, um oligoqueta tubcola de gua
doce; (c) Stylaria, um oligoqueta com probscide prostomial; (d) Branchiura, um oligoqueta aqutico com brnquias.
CEDERJ 43
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
Msculos
circulares
Vaso
dorsal Msculos
longitudinais
Tecido
cloraggeno
Tiflossole
Nefrdio
Intestino
Cordo
Cerdas nervoso
Vaso ventral
Figura 16.5: Corte transversal do corpo de um Oligochaeta, mostrando a parede do corpo e a organizao geral.
44 CEDERJ
MDULO 3
16
que aumenta sua rea. O sistema digestivo secreta vrias enzimas e a
CLULAS
AULA
digesto , principalmente, extracelular. Associadas ao intestino mdio, CLORAGGENAS
existem massas de clulas pigmentadas, chamadas CLULAS CLORAG- So clulas derivadas
do peritnio, com
GENAS. O tecido cloraggeno fica dentro do celoma, mas em contato colorao amarelada ou
com intestino, vaso dorsal e tiflossole. As clulas do tecido cloraggeno, esverdeada, que formam
o tecido cloraggeno e
quando cheias de lipdios, se desprendem no celoma, podendo passar servem como local de
sntese de glicognio e
de um segmento a outro, levando material para vrias partes do corpo, de gordura, similar a
especialmente em reas de ferimento ou regenerao. um fgado.
Vaso
Intestino
dorsal
Glndulas Moela
Papo
calcferas
Esfago
Faringe
Boca
Primeiro Vaso ventral
arco artico
CEDERJ 45
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
46 CEDERJ
MDULO 3
16
Reproduo dos Oligochaeta
AULA
So monicos ou hermafroditas, com rgos reprodutores
masculino e feminino permanentes no mesmo animal. Em Lumbricus,
esses rgos esto localizados nos segmentos 9 a 15 (Figura 16.7).
O sistema masculino consiste em dois pares de pequenos testculos que
liberam o esperma para os espaos celmicos, passando para bolsas
derivadas do peritnio dos septos, chamadas vesculas seminais. Quando
maduro, o esperma deixa a vescula, passa por funis seminais ciliados at
o espermoduto e sai por gonporos pares no segmento15 no momento
da cpula. O sistema feminino consiste em um simples par de ovrios
que descarregam os ovos no fecundados (vulos) no espao celmico
adjacente e esses so armazenados em bolsas denominadas ovisacos,
de onde funis ciliados dos ovidutos os levam at o par de gonporos
femininos no segmento 14. H tambm dois pares de receptculos
seminais ou espermatecas, nos segmentos 9 e 10, onde recebido
e armazenado o esperma do parceiro durante a cpula. A regio
glandular, denominada clitelo, em segmentos posteriores aos gonporos,
secreta muco para manter os dois parceiros unidos durante a cpula,
quando se mantm juntos pela regio ventral, mas em direes opostas.
Os parceiros se posicionam de forma que os gonporos masculinos de
um fiquem alinhados com as aberturas das espermatecas do outro (Figura
16.7.b), onde o esperma descarregado e armazenado.
Aps a cpula, eles se soltam e cada um secreta um tubo mucoso
e protico ao redor do clitelo e dentro dele o casulo se forma a partir
de uma outra secreo (Figura 16.7.c). O casulo recebe no seu interior
a albumina secretada pelo clitelo para nutrir os embries e os vulos
vindos do gonporo feminino (segmento 14). O tubo deslizar para a
frente do corpo do verme e o casulo receber o esperma estocado nas
espermatecas (segmentos 9 e 10). Logo, a fecundao dos ovos externa
e ocorre dentro do casulo. Quando este acaba de deslizar sobre o corpo
do verme, suas extremidades se fecham. O desenvolvimento direto e
o jovem que eclode do ovo similar ao adulto.
CEDERJ 47
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
a
Vescula
Testculo seminal
Espermateca
Funil Espermoduto Funil Oviduto
seminal ovariano Gonporo
Gonporo masculino
ciliado Ovrio ciliado feminino
b
Gonporo masculino descarregando
esperma na espermateca
Clitelo
Figura 16.7: Sistema reprodutor dos Oligochaeta (a), cpula (b) e produo do casulo (c).
48 CEDERJ
MDULO 3
16
Outros Oligochaeta interessantes
AULA
Os oligoquetas aquticos so menores e possuem cerdas mais
desenvolvidas que os terrestres. Eles so geralmente bnticos, tm maior
mobilidade e possuem estruturas sensoriais mais desenvolvidas. So
um importante recurso alimentar para peixes. O Aeolosoma apresenta
tufos de clios e contm pigmentos vermelhos ou verdes no tegumento.
Stylaria possui um longo prostmio estendido e manchas oculares pretas
(Figura16.4.c). Tubifex avermelhado e vive com a cabea dentro do tubo e
o resto do corpo fora dele (Figura16.4.b). J o Dero possui brnquias anais
ciliadas, enquanto o Branchiura possuiu brnquias digitiformes posteriores
(Figura16.4.d). Alguns oligoquetas, como o Aeolosoma, podem produzir
novos indivduos assexuadamente por fisso transversal.
Subclasse Hirudinea
CEDERJ 49
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
!
Outros Clitellata relacionados aos Hirudinea
A famlia Acanthobdellidae (com uma nica espcie) apresenta tanto
caractersticas de Hirudinea como de Oligochaeta. Possui 30 segmentos no
corpo, com pares de cerdas nos segmentos anteriores e apenas com a ventosa
posterior. Foi considerada algumas vezes separada dos Hirudinea, mas hoje
compe uma de suas ordens, a Acanthobdellida.
A famlia Branchiobdellidae rene um grupo de pequenos aneldeos parasitas
ou comensais de lagostins de gua doce, que tambm possuem similaridades
com Oligochaeta e Hirudinea. O corpo tem 15 segmentos, com ventosa anterior
e posterior, e cerdas ausentes. J foi includa em Oligochaeta ou em uma
subclasse separada, mas atualmente considerada uma ordem dos Hirudinea,
os Branchiobdellida.
a b d
Figura 16.8: Diversidade dos Hirudinea. (a) Ozobranchus; (b) Haemadipsa; (c) Stephanodrilus; (d) Pontobdella;
(e) Acanthobdella.
50 CEDERJ
MDULO 3
16
Morfologia e fisiologia dos Hirudinea
AULA
Os hirudneos, como outros aneldeos, possuem um nmero fixo de
somitos ou segmentos, em geral 34 (tradicionalmente indicados por nmeros
romanos). Entretanto, a segmentao original de difcil identificao, devido
presena de anulaes superficiais (nulos, anis) em cada somito, dando
aparncia de uma segmentao mais numerosa (Figura 16.9). O celoma dos
hirudneos, diferentemente dos demais aneldeos, tipicamente reduzido,
preenchido por tecido conectivo e restrito a uma srie de espaos, denominados
lacunas, as quais formam um sistema de canais preenchido pelo fluido celmico
e funcionando em alguns como um sistema circulatrio auxiliar. Em outros,
entretanto, no h um sistema circulatrio vascular e as lacunas formam o
nico sistema de circulao sangnea.
Gonporo masculino
XXV-XXXIV
O corpo achatado dorsoventralmente, com uma cabea pouco Figura 16.9: Hirudo medicinalis,
vista ventral.
distinta, formada por um prostmio bastante reduzido e alguns segmentos
do corpo, nos quais, dorsalmente, encontram-se alguns olhos e,
ventralmente, uma boca rodeada pela ventosa oral ou anterior. Com
base na posio do clitelo, o corpo pode ser dividido em: regio pr-
clitelar, regio clitelar, regio ps-clitelar e regio posterior, incluindo
a ventosa posterior (Figura 16.9)
O trato digestivo segue, de forma geral, o plano bsico dos
aneldeos, com especializaes de regies. O intestino anterior contm
massas de glndulas salivares unicelulares, que, nas sanguessugas com
mandbulas, secretam uma substncia anticoagulante, denominada
hirudina, e, nas parasitas sem mandbulas, produzem enzimas para
auxiliar na penetrao da probscide. O intestino mdio, chamado papo
ou estmago, apresenta numerosos cecos ou divertculos para aumentar
a capacidade de armazenar sangue ou fluidos (Figura 16.10).
CEDERJ 51
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
a
Ventosa anterior
Faringe
Glndulas
salivares
Cecos
Papo ou
estmago
Intestino
Ceco intestinal
Ventosa posterior
nus
Cavidade bucal
Mandbulas
Msculos
da faringe
Faringe
52 CEDERJ
MDULO 3
16
As trocas gasosas nos hirudneos ocorrem principalmente pela
AULA
superfcie do corpo, exceto alguns poucos parasitos de peixes que possuem
brnquias. Existem de 10 a 17 pares de nefrdios, bem como celomcitos
e outras clulas especializadas que podem estar envolvidas com a
excreo. O principal resduo nitrogenado produzido e eliminado pelo
nefrdio a amnia. O sistema nervoso composto de dois crebros:
um anterior, que circunda a faringe, formado pelo fusionamento de seis
pares de gnglios, e um posterior, formado pelo stimo par de gnglios
fusionados. Ao longo do cordo nervoso ventral existem mais 21 pares
de gnglios segmentares. Terminaes nervosas sensoriais e clulas
fotorreceptoras esto presentes na epiderme. H tambm uma srie de
rgos sensoriais, chamados sensilas, no nulo central de cada segmento.
Os hirudneos so extremamente sensveis a estmulos relacionados com
a presena da presa ou do hospedeiro.
Classe Pogonophora
CEDERJ 53
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
54 CEDERJ
MDULO 3
16
Alm das gnadas, o nico rgo grande encontrado nos
AULA
pogonforos o trofossoma, uma estrutura multilobada com muitas
bactrias associadas, o que parece indicar que tem importante papel na
nutrio desses animais. Pequenas estruturas com, presumivelmente,
funo excretora tm sido observadas na extremidade anterior do corpo.
Os pogonforos so diicos e duas gnadas cilndricas encontram-se
lateralmente no tronco. conhecido o desenvolvimento de apenas
pouqussimas espcies, o embrio mostra clivagem espiral e forma uma
larva trocfora.
Atualmente, a classe subdividida nas subclasses Perviata e
Obturata (ou Vestimentifera). Os ltimos foram descritos pela primeira
vez em 1977 e chegam a atingir 2m de comprimento. Diferenciam-se dos
primeiros por possurem uma estrutura na forma de colar, o vestimento, na
regio anterior abaixo dos tentculos, e uma outra estrutura plana e slida
frente dos tentculos, o obturculo (Figura 16.11.b).
Classe Echiura
CEDERJ 55
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
b Obturculo
Tentculos
Tentculos
Papilas
Lobo Clios
ceflico
Lobo Clios
Tronco Vestimento
ceflico
Clios
Tronco
a
Tentculos
Opistossoma
Boca
Crebro Msculos
Canal ciliado Boca Boca Nervos
Tentculos laterais
Esfago
nus
Boca d
Nefrdio
Probscide
Introverte Glndula retal
Tronco Divertculo
retal
c Reto
Tronco Cordo
nervoso Intestino
nus Papilas ventral Celoma
56 CEDERJ
MDULO 3
16
FILOGENIA DOS ANNELIDA
AULA
Aneldeos, moluscos e artrpodes primitivos mostram tantas
similaridades que a relao de parentesco entre eles no vinha sendo
posta em dvida por longo tempo. Os trs filos tm sido considerados
parentes prximos dos platelmintes (Figura 16.12.a). Muitos aneldeos
marinhos e moluscos apresentam uma embriologia tpica de um animal
protostomado, similar quela de platelmintes marinhos. A relao com os
artrpodes sustentada, principalmente, por ambos compartilharem um
corpo metamericamente segmentado. Entretanto, uma anlise molecular
recente, com base na seqncia de um gene ribossomal, levantou a
hiptese de relacionamento na qual os aneldeos e moluscos so reunidos
em um superfilo denominado Lophotrochozoa, enquanto os Arthropoda
e os Nematoda so reunidos em outro superfilo, o Ecdysozoa, isto ,
aqueles que sofrem muda (Figura 16.12.b).
O filo Annelida forma um grupo Sipuncula
a
monofiltico bem estabelecido. A maioria das Mollusca
Annelida
hipteses sobre a origem do grupo assume
Arthropoda
que o metamerismo surgiu juntamente com
Platyhelminthes
o desenvolvimento dos parapdios laterais,
Nemertea
como o dos poliquetas. No entanto, o corpo Nematoda
dos oligoquetas est adaptado a escavar o
substrato com a utilizao de movimentos b
Platyhelminthes
Mollusca
peristlticos, que altamente beneficiado pelo
Annelida
celoma metamrico.
Sipuncula
Os poliquetas, com a ajuda de seus Nemertea
Arthropoda
parapdios, nadam e se arrastam na gua, uma
locomoo que no requer os movimentos Nematoda
peristlticos to efetivamente. Alm disso, Figura 16.12: Hipteses de relacionamento dos Annelida
mostram o mais primitivo sistema reprodutor com outros filos.
CEDERJ 57
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
Hermafroditismo
Clitelo presente
Desenvolvimento direto
58 CEDERJ
MDULO 3
16
O FILO SIPUNCULA
AULA
Sipuncula (do grego, siphunculus = pequeno sifo) rene vermes
escavadores marinhos, de 2mm a 1m, que, como os aneldeos, possuem
uma cutcula externa, uma epiderme, camadas circular e longitudinal de
msculos e um peritnio recobrindo o celoma; realizam clivagem espiral,
celoma esquizoclico e larva trocfora. Entretanto, nunca possuem
cerdas e faltam quaisquer traos de segmentao do corpo durante
seu desenvolvimento. Embora se paream muito com os aneldeos e
compartilhem algumas caractersticas comuns que possam indicar
parentesco evolutivo, anlises moleculares recentes tm sugerido sua
relao mais estreita com os moluscos.
O corpo dos sipnculos formado por uma probscide ou
introverte anterior e um tronco no segmentado posterior. A introverte
recebe tal nome por ser capaz de se verter completamente para dentro
do tronco (Figura 16.11.d); sua superfcie pode possuir espinhos,
tubrculos e outros ornamentos. A boca se localiza no extremo anterior
da introverte, rodeada por tentculos, lbulos e/ou festes mucosos.
O tronco cilndrico e simples.
Diferentemente dos aneldeos, nos sipnculos, o trato digestivo
em forma de "U", com o nus se abrindo no meio do tronco. Da mesma
forma, no h sistema circulatrio, e a hemeritrina o nico pigmento
respiratrio encontrado em clulas no fluido celmico. A superfcie da
introverte possui clulas sensoriais e algumas espcies possuem um rgo
nucal quimiorreceptor semelhante quele encontrado nos poliquetas.
Trocas gasosas se do na superfcie dos tentculos, da introverte ou da
parede do corpo, e o fluido celmico tem funo circulatria. A excreo
por metanefrdios, como em Annelida, porm a maioria dos Sipuncula
apresenta um nico par. A excreo tambm realizada por um sistema
de urnas, que so grupos de clulas que se desprendem do peritnio e
circulam livremente pelo fluido celmico, coletando detritos slidos que
sero descartados atravs dos nefridiporos. So diicos e os gametas se
originam do peritnio, ficando livres no celoma. Quando amadurecem,
vulos e espermatozides so liberados atravs dos nefridiporos e a
fecundao ocorre no mar. Uma larva trocfora, que no se alimenta,
desenvolve-se inicialmente, passando depois a um estgio de larva
pelagosfera, que se alimenta de algas planctnicas.
CEDERJ 59
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
RESUMO
O filo Sipuncula rene vermes marinhos com corpo muito simples, composto de
um tronco simples e uma introverte retrctil anterior com tentculos. Apresentam
uma forma adicional de excreo atravs de corpos multicelulares, denominados
urnas, especializados em recolher resduos slidos do fluido celmico e dois
tipos larvais: a trocfora e a pelagosfera.
60 CEDERJ
MDULO 3
16
AULA
Informaes embriolgicas relacionam os aneldeos com os moluscos e artrpodes
em Protostomia, porm anlises moleculares de DNA ribossomal sugerem que
aneldeos e moluscos so membros do grupo Lophotrochozoa, que no inclui os
artrpodes.
EXERCCIOS
(a) prostmio; (b) peristmio; (c) pigdio; (d) parapdio; (e) neuropdio;
(f) notopdio; (g) glndulas calcferas; (h) tecido cloraggeno; (i) hirudina.
CEDERJ 61
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filos Annelida e Sipuncula
AUTO-AVALIAO
Na Aula 17, voc iniciar o estudo do filo Arthropoda e de dois pequenos filos
a ele relacionados. Os artrpodes so animais protostomados, que tambm
possuem corpo metamericamente segmentado , mas que j apresentam tendncia
a desenvolver regies do corpo mais especializadas, alm de a cutcula constituir
um verdadeiro esqueleto externo, geralmente formando placas segmentares, que
precisa ser mudado para permitir o crescimento do animal. Voc aprender
que, primitivamente, cada segmento portava um par de apndices segmentados
e articulados e ver como esse arranjo se apresenta diferentemente em cada um
dos grupos de artrpodes atuais. Alm disso, estudar o grupo mais diversificado
e mais numeroso de metazorios, aquele que se adaptou aos mais diferentes
ambientes do planeta.
62 CEDERJ
Protostomados:
17
AULA
filos Arthropoda,
Onychophora e Tardigrada
objetivo
Pr-requisitos
Aulas 1 a 16.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre Citologia e Histologia.
Noes bsicas sobre diversidade
e filogenia dos animais.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
INTRODUO A partir desta aula, o nosso curso sobre os animais protostomados entra em
uma nova etapa. Ns iniciaremos o estudo do filo Arthropoda. Esse filo constitui
o grupo mais diversificado do reino Animalia.
Nesta aula, estudaremos as caractersticas morfolgicas, fisiolgicas e biolgicas
gerais dos artrpodes. Dois filos menores, Onychophora e Tardigrada, que so
considerados por muitos zologos como parentes prximos dos artrpodes,
tambm sero aqui abordados. As relaes filogenticas entre esses trs filos
e deles com outros grupos de animais sero brevemente discutidas na parte
final da aula.
Da Aula 18 a 27, voc ser apresentado aos diferentes grupos do filo Arthropoda
(trilobitas, quelicerados, insetos, miripodes e crustceos). A posio filogentica
de cada um desses grupos ser sucintamente discutida.
FILO ARTHROPODA
Figura 17.2: Um escorpio Figura 17.3: Um caro Figura 17.4: Um camaro (subfilo Crustacea), vista
(subfilo Cheliceriformes), (subfilo Cheliceriformes), laterodorsal.
vista dorsal. vista dorsal.
64 CEDERJ
MDULO 3
17
AULA
Figura 17.5: Um milpede ou gongolo (subfilo Uniramia), vista lateral.
Figura 17.7: Um inseto (subfilo Uniramia), vista lateral. O espcime Figura 17.8: Um trilobita
ilustrado um gafanhoto. (subfilo Trilobita), vista
dorsal. Os membros desse
grupo de artrpodes, hoje
extinto, eram comuns nos
mares da Era Paleozica.
CEDERJ 65
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
a b Antena
Antena
c Perna cursorial
Maxila Duto
66 CEDERJ
MDULO 3
17
d Perna nadadora e Perna saltadora
AULA
Fmur
Cerdas alongadas
Quelcera
Pedipalpo
Perna
Primeira
maxila
Maxilpede
Perna
Figura 17.9: Alguns exemplos de apndices dos artrpodes. (a) Cabea de uma borboleta (subfilo Uniramia). As
maxilas das borboletas so apndices adaptados para sugar o nctar das flores. Observe que as maxilas, ao se
acoplarem, formam um duto central. O nctar sugado por esse duto. (a) e (b) as antenas dos insetos so apndices
sensoriais. Elas podem perceber estmulos qumicos e mecnicos, tais como o som. (c), (d) e (e) as pernas dos insetos
podem desempenhar diferentes funes. As ilustraes mostram uma perna para a locomoo em terra (cursorial),
para a natao (com cerdas alongadas) e para o salto (com o fmur muito desenvolvido). (f) parte anterior do
corpo de uma aranha (subfilo Cheliceriformes). As quelceras so apndices utilizados para a inoculao de veneno
nas presas. J os pedipalpos tm funo sensorial e, nos machos, so utilizados para transferir os espermatozides
para as fmeas. (g) Parte anterior do corpo de uma centopia (subfilo Uniramia). Os maxilpedes so apndices
utilizados para a inoculao de veneno nas presas.
CEDERJ 67
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Figura 17.10: Um caro do gnero membros de qualquer outro filo. Eles so encontrados em todos os tipos de
Demodex (subfilo Cheliceriformes).
ambiente, das partes profundas do oceano at grandes altitudes da Terra,
e dos trpicos at as regies polares. Diferentes espcies esto adaptadas
para a vida sobre a terra, no ar, nas guas doces, salgadas e salobras, assim
como dentro e sobre os corpos de animais e plantas. Alguns artrpodes
vivem em locais onde nenhum outro animal poderia sobreviver.
Na prxima parte desta aula, voc ser apresentado s principais
caractersticas dos membros do filo Arthropoda. Essas caractersticas
so muito importantes e voc deve estud-las com ateno, pois elas
esto relacionadas grande diversificao e capacidade de adaptao
dos artrpodes.
68 CEDERJ
MDULO 3
17
CARACTERSTICAS DO FILO ARTHROPODA
AULA
Voc conhece algumas das principais caractersticas do filo
Arthropoda? Escreva-as agora em uma folha de papel e, aps o trmino da
aula, compare as suas anotaes com as informaes aqui apreendidas.
Simetria
Cabea
Tronco
Cabea
Abdome
Trax Cefalotrax
Abdome
CEDERJ 69
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Apndices
Exoesqueleto
70 CEDERJ
MDULO 3
17
Corao
Msculo longitudinal dorsal
AULA
Tergo
Protrator
Msculo trocnter
Retrator
Intes-
tino
Extensor
Apndice Apndice
Pleura Flexor
Cordo nervoso
Esterno ventral
Msculo longitudinal
ventral
Cndilos
Membrana articular
Epicutcula
Epiderme
Pr-cutcula
Msculo
Apdema
Figura 17.13: Caractersticas do exoesqueleto dos artrpodes. (a) Corte transversal do corpo mostrando os escleritos e
apndices, assim como detalhes da anatomia interna; (b) membrana articular localizada entre dois escleritos; (c) articulao
entre dois segmentos (ou artculos) de um apndice; (d) um apdema formado pelo exoesqueleto.
CEDERJ 71
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Epicutcula
Exocutcula
(pr-cutcula)
Endocutcula
(pr-cutcula)
Epiderme
Membrana basal
Figura 17.14: Filo Arthropoda. Camadas da cutcula (exoesqueleto), que secretada pela epiderme.
72 CEDERJ
MDULO 3
17
O exoesqueleto cuticular impe srias restries ao crescimento
AULA
dos artrpodes. Esses animais devem, dentro de determinados intervalos
de tempo, substituir o seu envoltrio externo, o que permite o crescimento
do corpo. Esse complexo processo, regulado por hormnios, a
caracterstica muda ou ecdise dos artrpodes. O principal hormnio
envolvido na ecdise chamado ecdisona. Duas camadas do exoesqueleto,
a epicutcula e a exocutcula, so eliminadas durante a muda, enquanto
a endocutcula absorvida pela epiderme. Aps a muda, o crescimento
se processa rapidamente, at o endurecimento do novo exoesqueleto.
Este, que permanece mole por um certo perodo de tempo, inteiramente
secretado pela epiderme antes da eliminao da epicutcula e da
exocutcula antigas. O perodo entre duas mudas denominado nstar.
O material eliminado durante o processo
de muda (epicutcula e exocutcula) recebe o
nome de exvia. Voc j deve ter observado
aqueles caractersticos restos de cigarras sobre
os troncos das rvores (Figura 17.15). Muitas
pessoas dizem, erroneamente, que a cigarra
cantou at estourar e morrer. Na verdade,
as formas imaturas desses insetos vivem
no solo, alimentando-se da seiva bruta que
circula nas razes das plantas. A ltima fase
imatura sobe para o tronco, onde ocorre a
muda para a fase adulta. Os restos que levam
as pessoas a acreditarem que a cigarra cantou
at morrer so, na verdade, a exvia da ltima
fase imatura. Apenas os machos adultos das
cigarras so cantores. O som uma parte do
processo de reproduo, sendo utilizado para
atrair as fmeas.
CEDERJ 73
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Sistema muscular
Celoma
Antena
Segmento
Crebro Corao stio Intestino mdio Intestino posterior
Pigdio
Olho
Boca nus
Intestino anterior Cordo nervoso Hemocele
Figura 17.16: Corte sagital de um artrpode generalizado mostrando aspectos da morfologia interna.
74 CEDERJ
MDULO 3
17
Sistema digestivo
AULA
Tubo digestivo completo. Peas bucais formadas por apndices
modificados e adaptadas para diferentes tipos de alimentao.
O tubo digestivo dos artrpodes (Figuras 17.16 e 17.18) se caracteriza
pela presena de um estomodeu e de um proctodeu bem desenvolvidos,
ambos de origem ectodrmica. Essas duas regies so revestidas por uma
fina camada de cutcula e constituem, respectivamente, o tubo digestivo
anterior e o tubo digestivo posterior. A regio intermediria, derivada do
endoderma, forma o tubo digestivo mdio.
O tubo digestivo anterior est relacionado, principalmente,
ingesto, triturao e armazenamento dos alimentos. O tubo digestivo
mdio o local da produo de enzimas, digesto e absoro dos
alimentos. Todavia, em muitos artrpodes, as enzimas so enviadas para
frente e a digesto se inicia no tubo digestivo anterior. Freqentemente,
a rea superficial do tubo mdio ampliada devido presena de cecos
gstricos e glndulas digestivas. O tubo digestivo posterior atua na
absoro de gua e na formao das fezes.
Sistema circulatrio
CEDERJ 75
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Sistema respiratrio
Tronco traqueal
Espirculo
Traquia Traquola
Msculo
Lamela do pulmo
trio
76 CEDERJ
MDULO 3
17
Sistema excretor
AULA
Sistema excretor formado por glndulas coxais, antenais ou
maxilares ou por tbulos de Malpighi (Figura 17.18).
Os tbulos de Malpighi se inserem no tubo digestivo posterior
(proctodeu) e possuem a extremidade distal fechada. Eles se localizam
na hemocele, estando em contato direto com o sangue. Os elementos a
serem excretados passam do sangue para os tbulos e destes para o tubo
digestivo, onde so eliminados juntamente com as fezes.
As glndulas coxais, antenais e maxilares so projees saculiformes,
pareadas e cegas, que se localizam na hemocele e se ligam, por meio de dutos,
a poros excretores. As glndulas so nomeadas de acordo com a posio
de seus poros excretores, que podem ser adjacentes aos apndices coxais,
antenais ou maxilares. Essas projees saculiformes so derivadas do celoma.
Assim, os seus dutos podem representar metanefrdios que originalmente
drenavam a cavidade celomtica. Os elementos a serem excretados passam
do sangue para as projees saculiformes, sendo eliminados pelos poros.
Labirinto
Poro excretor
Saco terminal
nus
Figura 17.18: Dois exemplos de estruturas de excreo dos Arthropoda. (a) Glndula antenal (subfilo Crustacea);
(b) tbulos de Malpighi (subfilo Uniramia).
CEDERJ 77
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Sistema nervoso
Corpo peduncular
Gnglio ptico
Deutocrebro
Tritocrebro
Nervo para a
Tritocrebro segunda antena
Figura 17.19: Diferentes tipos de crebro no filo Arthropoda. (a) Crebro com trs regies (protocrebro,
deutocrebro e tritocrebro); (b) crebro com duas regies (protocrebro e tritocrebro), tpico dos representantes
do subfilo Cheliceriformes, os quais no tm antenas.
78 CEDERJ
MDULO 3
17
Uma grande variedade de rgos sensoriais encontrada nos
AULA
artrpodes. Alm das estruturas para a viso, como, por exemplo, os
olhos compostos (olhos em mosaico), existem rgos sensoriais para
perceber o tato, odores, equilbrio etc. (Figura 17.20).
Os artrpodes exibem comportamentos muito mais complexos do
que aqueles da grande maioria dos demais invertebrados. A maior parte
desses comportamentos controlada geneticamente, no resultando de um
processo de aprendizado. Entretanto, o aprendizado tambm possui um papel
importante nos comportamentos exibidos por muitos artrpodes.
Ocelo
Olho composto c
Antena
Pente sensorial
Palpo labial
Palpo maxilar
Olho naupliar
Antena
Pedipalpo
Figura 17.20: Algumas estruturas sensoriais dos artrpodes. (a) Cabea de um inseto (subfilo Uniramia), vista
lateral; (b) um coppodo (subfilo Crustacea), vista dorsal; (c) parte da rea ventral do corpo de um escorpio
(subfilo Cheliceriformes); (d) uma aranha (subfilo Cheliceriformes), vista ventral. As antenas, pentes sensoriais,
palpos e pedipalpos possuem terminaes nervosas que permitem a percepo de estmulos mecnicos e qumicos.
As outras estruturas assinaladas percebem estmulos luminosos.
CEDERJ 79
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Sistema reprodutor
80 CEDERJ
MDULO 3
17
Ncleo
AULA
Vitelo
Citoplasma no-vitelnico
Clulas vitelnicas
Endoderma e mesoderma
Figura 17.21: Ovo e desenvolvimento embrionrio dos artrpodes. (a) Ovo centrolcito; (b) e (c) diviso nuclear no
interior da massa de vitelo; (d) migrao dos ncleos para a periferia do ovo; (e) blstula, membranas celulares passam
a separar os ncleos adjacentes; (f) gstrula de uma aranha, mostrando o desenvolvimento da banda germinativa;
(g) embrio se desenvolvendo em torno da massa de vitelo; (h) clivagem completa inicial de uma aranha.
CEDERJ 81
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
FILO ONYCHOPHORA
82 CEDERJ
MDULO 3
17
O corpo dos Onychophora (Figura
AULA
17.24) no mostra sinais de segmentao
externa, exceto pela presena de apndices
pareados. A pele macia, de aspecto aveludado.
Ela revestida por uma fina cutcula flexvel,
a qual contm protenas e quitina. Em termos
de composio qumica e estrutura, a cutcula
dos onicforos similar quela dos artrpodes.
Entretanto, ela nunca endurece como a cutcula
Figura 17.23: Filo Onychophora. Aysheaia, um onicforo
dos artrpodes e trocada em blocos, em vez fssil proveniente do depsito de Burgess Shale
(Cambriano Mdio, Columbia Britnica, Canad).
de toda de uma vez.
A superfcie corporal dos onicforos
revestida por um grande nmero de pequenos
tubrculos, os quais apresentam cerdas senso-
riais. A cor do corpo pode ser verde, azul,
laranja, cinza escura ou negra. Diminutas
placas escamiformes localizadas sobre os Antena
Papila oral
tubrculos do ao corpo um aspecto brilhante
e aveludado.
Na cabea, localiza-se um par de antenas
bem desenvolvidas (Figura 17.24). Na base de cada Mandbula
Garra
antena, encontra-se uma estrutura ocelar similar
quelas observadas em aneldeos. A boca se situa
ventralmente e apresenta um par de mandbulas
bem desenvolvidas, similares a garras. Ela
flanqueada por um par de papilas orais (Figura
17.24), as quais expelem uma secreo utilizada
para a captura de presas e defesa. As pernas no
so articuladas. Elas so pequenas, robustas e
Figura 17.24: Aspectos da morfologia externa de um
apresentam garras (Figura 17.24). A locomoo membro do filo Onychophora. Poro anterior do corpo.
CEDERJ 83
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
84 CEDERJ
MDULO 3
17
O sistema nervoso (Figura 17.25) se caracteriza pela presena de um
AULA
par de gnglios cerebrais com interconexes. Esses gnglios esto ligados
a um par de cordas nervosas ventrais. Estas so bastante afastadas, mas
possuem interconexes. Do crebro, partem nervos para as antenas e
regio ceflica. As cordas nervosas emitem nervos para as pernas e parede
corporal. Os rgos sensoriais dos onicforos incluem um par de ocelos
nas bases das antenas, cerdas sensoriais em torno da boca e papilas tcteis
no tegumento. Esto ainda presentes receptores higroscpicos, os quais
orientam o onicforo em direo ao vapor dgua.
Os onicforos so diicos e apresentam rgos reprodutores
pareados (Figura 17.25). Os machos produzem espermatforos (cpsulas
nas quais os espermatozides so armazenados). O macho deposita os
espermatforos no dorso da fmea, que pode acumular vrias dessas
cpsulas. O processo que leva fecundao bastante curioso. Clulas
brancas do sangue da fmea dissolvem a pele sob os espermatforos.
Os espermatozides, ento, penetram na hemocele da fmea e migram
pelo sangue at os ovrios, onde ocorre a fertilizao.
Antena
nus
Boca
Gonporo
tero
Intestino
Cordo nervoso ventral Glndula Papila oral
adesiva
CEDERJ 85
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
FILO TARDIGRADA
86 CEDERJ
MDULO 3
17
A boca dos tardgrados se liga a um tubo bucal que, por sua vez,
AULA
termina em uma faringe muscular (Figura 17.27). Esta adaptada para
a suco de lquidos. Esses curiosos animais possuem um par de estiletes,
similares a agulhas, localizados lateralmente ao tubo bucal. Os estiletes
so utilizados para perfurar as paredes celulsicas de clulas vegetais.
A faringe ento empregada para sugar os contedos celulares. Existem
tambm tardgrados que sugam os lquidos corporais de nematdeos,
rotferos e outros animais de pequeno tamanho. Na juno do estmago
com o reto, esto presentes trs glndulas que se abrem no sistema
digestivo. Essas glndulas so freqentemente chamadas tbulos de
Malpighi, pois acredita-se que elas atuem na excreo dos tardgrados.
Assim como nos artrpodes, a cavidade corporal dos membros do
filo Tardigrada uma hemocele (Figura 17.27). O celoma reduzido e est
restrito cavidade das gnadas. No existem sistemas para circulao
e respirao. As trocas gasosas ocorrem atravs da parede corporal.
A reduo dos sistemas circulatrio e respiratrio pode estar associada
ao processo de miniaturizao do corpo, o qual bastante peculiar no
filo Tardigrada.
O sistema muscular dos tardgrados formado por um deter-
minado nmero de longas bandas musculares (Figura 17.27). A maior
parte dessas bandas composta por apenas uma clula muscular ou
por um pequeno nmero de clulas. Msculos locomotores extrnsecos,
que se estendem da parede corporal para os apndices, esto presentes.
No existem msculos circulares associados parede do corpo, mas a
presso do fluido na cavidade hemoclica pode atuar como um esqueleto
hidrosttico. Os tardgrados se movimentam utilizando as garras das
pernas para se prender ao substrato. O movimento consiste em uma
marcha com passos controlados por conjuntos de msculos antagnicos
ou por msculos antagonizados pela presso hemoclica.
O sistema nervoso (Figura 17.27) se caracteriza pela presena de
um crebro bem desenvolvido, o qual cobre a maior parte da superfcie
dorsal da faringe. Um par de conectivos liga o crebro ao gnglio
subfaringeano, o qual, por sua vez, se comunica com uma corda nervosa
ventral dupla. Quatro pares de gnglios, associados s pernas, esto
presentes na corda ventral. Os rgos sensoriais dos tardgrados incluem
cerdas (mais abundantes nas regies anterior e ventral do corpo e nas
pernas), um par de manchas ocelares e cirros. Os ltimos podem atuar
na percepo de estmulos qumicos.
CEDERJ 87
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
Msculo dorsal
Lobo lateral longitudinal Glndulas
Esfago
do crebro Bulbo de Malpighi
farngeo
Msculo retal
Receptculo
Estilete seminal
Ovrio
Reto
Boca Tubo bucal
nus
88 CEDERJ
MDULO 3
17
FILOGENIA
AULA
Estudos filogenticos realizados com base em dados moleculares
(DNA ribossomal) sugerem que os Onychophora, Tardigrada e Arthropoda
so parte de um grupo de filos chamado Ecdysozoa. Esse grupo inclui
tambm os filos Kinorhyncha, Loricifera, Priapulida, Nematoda e
Nematomorpha (voc j estudou esses filos no nosso curso, juntamente com
outros vermes pseudocelomados, Aulas 9 a 12). Um aspecto caracterstico
que se manifesta nos Ecdysozoa a muda da cutcula.
Dentro do clado dos Ecdysozoa, possvel que os Onychophora,
Tardigrada e Arthropoda formem um grupo natural ou monofiltico
(Figura 17.28). Os trs filos compartilham algumas caractersticas
aparentemente apomrficas ou derivadas: (1) reduo do celoma; (2)
hemocele e sistema circulatrio aberto; (3) apndices ventrolaterais; (4)
perda dos clios ectodrmicos.
Dados morfolgicos sugerem uma relao de grupos irmos entre
os Tardigrada e Arthropoda (Figura 17.28). Esse clado sustentado pelas
seguintes caractersticas: (1) perda das camadas musculares circulares e
longitudinais associadas parede do corpo, que so caractersticas dos
Annelida; feixes musculares passam a se inserir na cutcula; (2) perda
dos nefrdios metamricos; (3) aparecimento das cerdas tpicas dos
artrpodes; (4) movimento do corpo produzido por passos efetuados
pelas pernas. Caractersticas que sugerem a condio monofiltica dos filos
Onychophora, Tardigrada e Arthropoda so indicadas na Figura 17.28.
4 5
2 3
1
Figura 17.28: Hiptese filogentica descrevendo as relaes entre os filos Onychophora, Tardigrada e Arthropoda.
As sinapomorfias dos grupos monofilticos so as seguintes. (1) Reduo do celoma; hemocele e sistema circu-
latrio aberto; apndices ventrolaterais; perda dos clios ectodrmicos; (2) papilas orais e glndulas de muco;
sistema hemal; (3) perda das camadas musculares circulares e longitudinais associadas parede do corpo; feixes
musculares passam a se inserir na cutcula; perda dos nefrdios metamricos; aparecimento das cerdas tpicas
dos artrpodes; movimento do corpo produzido por passos efetuados pelas pernas; (4) perda do corao; perda
dos nefrdios; (5) exoesqueleto rgido e articulado revestindo o corpo e apndices, com escleritos caractersticos;
presena da protena resilina na cutcula; perda completa dos clios (mesmo nos metanefrdios).
CEDERJ 89
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
RESUMO
Nesta aula, voc estudou as caractersticas gerais dos Arthropoda e de dois outros
filos menores, Onychophora e Tardigrada, estes provavelmente relacionados
ao primeiro filo. Os Arthropoda so protostomados que se caracterizam por
apresentar um exoesqueleto quitinoso e apndices articulados, os quais atuam
na locomoo, alimentao, reproduo etc. O crescimento dos membros desse
filo envolve a ocorrncia de mudas (ecdises) peridicas. Voc foi apresentado aos
seguintes sistemas dos artrpodes: (1) parede corporal, apndices e musculatura;
(2) aparelho digestivo; (3) aparelho circulatrio e cavidade corporal; (4) aparelho
respiratrio; (5) aparelho excretor; (6) sistema nervoso e rgos sensoriais; (7)
aparelho reprodutor. O filo Arthropoda inclui cerca de 900.000 espcies conhecidas.
o maior filo do reino Animalia.
90 CEDERJ
MDULO 3
17
AULA
Estudos filogenticos realizados com base em dados moleculares (DNA ribossomal)
sugerem que os Onychophora, Tardigrada e Arthropoda so parte de um grupo
de filos chamado Ecdysozoa. Dentro do clado dos Ecdysozoa, possvel que os
Onychophora, Tardigrada e Arthropoda formem um grupo monofiltico. Dados
morfolgicos sugerem uma relao de grupos-irmos entre os Tardigrada e
Arthropoda.
EXERCCIOS
AUTO-AVALIAO
CEDERJ 91
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Protostomados: filos Arthropoda, Onychophora e
Tardigrada
92 CEDERJ
18
AULA
Filo Arthropoda
Chelicerata I
objetivo
Pr-requisitos
Aulas 1 a 17, especialmente a ltima.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre Citologia e Histologia.
Noes bsicas sobre diversidade
e filogenia dos animais.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
INTRODUO Na ltima aula, iniciamos o estudo do filo Arthropoda e de dois filos menores,
considerados prximos aos artrpodes, os Onychophora e os Tardigrada.
Conforme j foi mencionado, o filo Arthropoda constitui o grupo mais
diversificado do reino Animalia.
Nesta aula, estudaremos as caractersticas morfolgicas, fisiolgicas e
biolgicas gerais dos subfilos Trilobita (ou Trilobitomorpha) e Cheliceriformes
(ou Chelicerata). Como os representantes do subfilo Trilobita esto todos
extintos, dispomos de poucas informaes a respeito desse grupo. Assim,
grande parte desta aula abordar o subfilo Cheliceriformes, mas no deixar
de apresentar as principais caractersticas dos trilobitas.
Eras
Permiano
Cenozica (290 a 250)
Carbonfero
Mesozica (355 a 290)
Devoniano
Paleozica
Perodos
(410 a 355)
Siluriano
(440 a 410)
Ordoviciano
(510 a 440)
Proterozica Cambriano
(570 a 510)
0 5 10 15 20 25
Figura 18.1: Variao da diversidade de trilobitas desde o Perodo Cambriano (h 570 milhes de anos) at o Permiano
(h 250 milhes de anos).
94 CEDERJ
MDULO 3
18
No corpo dos trilobitas, podem ser distinguidas trs partes (tagmas):
AULA
a cabea, o trax e o pigdio. Dois sulcos longitudinais dividiam a parte
dorsal do corpo (Figura 18.2), que era muito mais rgida que a ventral
(Figura 18.3), em trs lobos (por causa dessa caracterstica, esses animais
so chamados de trilobitas).
Antena
Antena
Cabea Olho
composto Labro Apndices
birramados
Carapaa
Trax
Lobo lateral
Pigdio
Lobo mdio nus
Figura 18.2: Aspecto do corpo de um trilobita em vista Figura 18.3: Aspecto do corpo de um trilobita em vista
dorsal. Observe a organizao do corpo em trs lobos ventral. Observe os diversos apndices birramados.
longitudinais.
CEDERJ 95
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
SUBFILO CHELICERIFORMES
(OU CHELICERATA)
Figura 18.4: Apndice birramado de um trilobita. O telopodito
era o ramo locomotor e o epipodito, provavelmente, tinha O subfilo Cheliceriformes (do grego
funo branquial.
cheli = garra) possui aproximadamente 70.000
espcies atuais. O registro fssil do grupo extenso e possui um grande
nmero de formas marinhas, sendo algumas muito peculiares, como os
escorpies aquticos, presentes na Era Paleozica (570 a 250 milhes
de anos atrs), que atingiam mais de 2m de comprimento (Figura 18.5).
Provavelmente, os queliceriformes surgiram no Cambriano Inferior
(570 milhes de anos atrs) ou no Pr-cambriano. Atualmente, a maior
parte de seus integrantes vive no meio areo e poucas so as linhagens
que retornaram ao meio aqutico (como alguns caros, por exemplo).
O subfilo Cheliceriformes pode ser dividido em trs classes:
Pycnogonida: espcies marinhas conhecidas como aranhas-do-mar,
por possurem um aspecto bastante similar s aranhas verdadeiras
(Figura 18.6). Estes animais vivem em guas rasas at 7.000m de
profundidade.
Merostomata: inclui grupos fsseis (escorpies aquticos,
subclasse Eurypterida) (Figura 18.5) e curiosas espcies atuais
(caranguejos-ferradura, subclasse Xyphosura) (Figura 18.7).
Arachnida: grupo das aranhas, caros, escorpies, opilies e outros
txons menos conhecidos (Figura 18.8).
96 CEDERJ
MDULO 3
Quelforo
18
Palpo
AULA
Massa de ovos na
perna ovgera
Probscide
Perna
ovgera
a b
Pedipalpo
Pernas
Prossoma
Oprculo
branquial
Opistossoma
Telso
Figura 18.7: Aspectos da morfologia externa de um caranguejo-ferradura (classe Merostomata, subclasse Xyphosura).
Corpo em vistas dorsal (a) e ventral (b).
CEDERJ 97
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
a b
Pedipalpo
Fiandeira
c d
Aguilho
Figura 18.8: Alguns representantes da classe Arachnida: (a) aranha (ordem Araneae),
vista ventral; (b) pseudo-escorpio (ordem Pseudoscorpiones), vista dorsal; (c) caro
(ordem Acari), vista dorsal; (d) escorpio (ordem Scorpiones), vista dorsal. A seda
produzida pelas aranhas liberada pelas fiandeiras. Os pseudo-escorpies liberam
o seu veneno pelos pedipalpos e os escorpies pelo aguilho.
98 CEDERJ
MDULO 3
18
Ao contrrio do que ocorre na maioria dos artrpodes, no possvel
AULA
delimitar uma cabea nos queliceriformes. Alm disso, seus representantes
no possuem antenas desenvolvidas, embora haja apndices em todos os
seis segmentos do prossoma. O primeiro par de apndices chamado
quelceras e o segundo, pedipalpos (Figura 18.7). Nos Pycnogonida,
existe ainda um par adicional, situado entre os pedipalpos e o primeiro
par de pernas, chamado ovgeros (Figura 18.6). Os outros quatro pares
restantes so os apndices locomotores (Figura 18.7). As quelceras e
os pedipalpos so especializados em vrios grupos e exercem diferentes
funes ao longo da vida dos queliceriformes, como alimentao, defesa,
locomoo, cpula etc.
A seguir, abordaremos aspectos gerais da morfologia e fisiologia
dos queliceriformes. Os seguintes tpicos sero considerados: tubo diges-
tivo e alimentao, circulao, respirao, excreo, nervos e rgos sen-
soriais e reproduo. As relaes filogenticas entre as classes do subfilo
Cheliceriformes sero brevemente discutidas na parte final da aula.
CEDERJ 99
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
Bolsa
Glndula estercorria
de veneno
Estmago
100 CEDERJ
MDULO 3
18
Artrias anteriores Corao
AULA
Moela
Intestino
Crebro
Esfago
Abertura do Boca
Cordo
ceco heptico Artria Base do
nervoso
lateral oprculo
ventral
branquial
Sistema circulatrio
CEDERJ 101
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
Sistema respiratrio
Entradas
de sangue
trio
Entradas de ar
Sistema excretor
CEDERJ 103
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
104 CEDERJ
MDULO 3
18
Sistema nervoso e rgos sensoriais
AULA
Como nos outros Arthropoda, o aspecto externo do corpo dos
queliceriformes reflete a estruturao do sistema nervoso central. Vrios
graus de fusionamento do sistema nervoso e, conseqentemente, do corpo
do animal, so observados.
O crebro (ou gnglio cerebral) cons- Protocrebro
titudo pelo protocrebro e pelo tritocrebro;
o deutocrebro no est presente (Figura Nervo ptico
CEDERJ 105
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
a Olho mdio b
Olho secundrio
Pente
Superfcie
ventral do
opistossoma
Quelcera
Receptor tctil
Tricobtrio
Figura 18.16: Alguns exemplos de estruturas sensoriais dos Cheliceriformes: (a) olhos de uma aranha; (b) pentes
de um escorpio; (c) cerdas de uma aranha.
AULA
sentados por cerdas ocas, repletas de dendritos que se estendem at a sua
extremidade, com aberturas em seus pices. Tais cerdas so encontradas
nos pedipalpos, em reas ao redor da boca e nas extremidades dos apndi-
ces, onde so mais abundantes. Os escorpies possuem os pentes (Figura
18.16), estruturas localizadas na poro ventral do corpo e possivelmente
usadas tanto na mecanorrecepo como na quimiorrecepo.
Reproduo
CEDERJ 107
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
Apfise terminal
mbolo
Hematodoco distal
Condutor do mbolo
Hematodoco medial
Hematodoco basal
Apfise mediana
Fundo
Patela
Fmur
Tbia
Cmbio
Figura 18.17: Pedipalpo masculino de uma aranha. Essa estrutura utilizada para
a transferncia de espermatozides para a fmea.
108 CEDERJ
MDULO 3
18
Os ovos, nas fmeas, so produzidos no ovrio (Figura 18.18)
AULA
e conduzidos at a espermateca, atravs do oviduto, s ento havendo,
na maior parte dos casos, a fertilizao. Os ovos fertilizados so liberados
para o meio atravs dos gonporos. Estes podem se abrir em diferentes
regies do corpo nos Arthropoda. Em queliceriformes, abrem-se nos
segmentos medianos do corpo. Nos Xiphosura, o primeiro par de apndices
do opistossoma localiza-se sobre os gonporos, formando o oprculo
genital. Os Pycnogonida apresentam gonporos mltiplos distribudos no
segundo segmento da coxa de algumas ou de todas as pernas.
Receptculo seminal
Ovrio
Oviduto
Poro genital
Filogenia
CEDERJ 109
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
4 5
2 3
1
110 CEDERJ
MDULO 3
18
RESUMO
AULA
Nesta aula, voc estudou as caractersticas gerais dos subfilos Trilobita
e Cheliceriformes. O primeiro um grupo marinho inteiramente fssil que surgiu
no Cambriano, diversificou-se bastante durante a Era Paleozica, at desaparecer
no final do Permiano. Aproximadamente 4.000 espcies so conhecidas.
No corpo dos trilobitas, podem ser distinguidos trs tagmas: cabea, trax e pigdio,
longitudinalmente divididos em trs lobos. Outras caractersticas marcantes do
grupo so a presena de olhos compostos, antenas e um nmero varivel de
apndices birramados na cabea, trax e pigdio.
EXERCCIOS
CEDERJ 111
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata I
AUTO-AVALIAO
112 CEDERJ
19
AULA
Filo Arthropoda
Chelicerata II
objetivos
Pr-requisitos
Aulas 1 a 18, especialmente a ltima.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre Citologia e Histologia.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata II
INTRODUO Na Aula 18, voc estudou as caractersticas gerais dos artrpodes queliceriformes
e aprendeu que esse subfilo inclui trs classes: Pycnogonida, Merostomata e
Arachnida. Voc tambm aprendeu que os queliceriformes apresentam um corpo
tipicamente dividido em dois tagmas: o prossoma ou cefalotrax e o opistossoma
ou abdome (exceto Pycnogonida). Esses artrpodes no apresentam antenas,
mas possuem seis pares de apndices segmentados e unirremes no prossoma:
um par de quelceras;
um par de pedipalpos;
quatro pares de pernas locomotoras.
114 CEDERJ
MDULO 3
19
A segunda regio do corpo um tronco que apresenta dois pares de
AULA
processos laterais dos quais nascem os segundo e terceiro pares de pernas.
O quarto e ltimo par de pernas se localiza na pequena regio posterior
do corpo, na qual existe um pequeno tubrculo dorsal, provavelmente
representando o opistossoma ou abdome vestigial (Figura 19.1).
As caractersticas mais marcantes da morfologia desse grupo com
relao aos demais artrpodes so: (1) a presena de gonporos mltiplos
em algumas ou em todas as pernas e (2 ) a existncia de espcies com mais de
quatro pares de pernas (cinco ou seis), fenmeno nico entre os artrpodes.
Probscide
Palpo
Quelforo
Perna ovgera
Perna
Massa de ovos
Tronco Olhos
CEDERJ 115
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata II
Subclasse Eurypterida
a b
Prossoma
Mesossoma
Metassoma
Subclasse Xiphosura
116 CEDERJ
MDULO 3
19
Os cincos pares restantes so brnquias-em-livro. As quelceras,
AULA
os pedipalpos e as pernas so todos quelados. Na coxa do quarto par de
pernas h delicados processos, denominados flabelos, que servem para
limpar as brnquias. Nesse mesmo par de pernas h tambm um par de
apndices reduzidos, chamados quilrias, de funo desconhecida.
Carapaa
Prossoma
Opistossoma Quelcera
Abdome
Pedipalpo
Gnatobase
Telso
Pernas
CEDERJ 117
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata II
Ordem Scorpiones
Pedipalpo
Quelcera
Prossoma Olhos
Pente
Mesossoma
Opistossoma
Metassoma
Aguilho
Pulmo-em-livro
(abertura)
Figura 19.4: Ordem Scorpiones, vista dorsal (a) e vista ventral (b).
118 CEDERJ
MDULO 3
19
No primeiro segmento do mesossoma se abre o gonporo, coberto por
AULA
um oprculo genital, e no segundo existe um par de apndices com funo
ttil, chamados pentes. Do terceiro at o sexto segmento do mesossoma
h um par de pulmes foliceos em cada um. O metassoma no possui
apndices e o telso possui um aguilho ou acleo na extremidade.
Internamente h uma glndula secretora de veneno que se comunica
com o poro que se abre na ponta do acleo.
Os escorpies se alimentam principalmente de insetos, mas h espcies
que so predadoras de cobras e lagartos. A maioria, portanto, tem veneno
capaz de matar animais de pequeno porte, mas aqueles considerados mais
perigosos podem matar grandes animais, incluindo o homem. As espcies
de escorpies do gnero Tityus so as mais perigosas na Amrica do Sul.
Quando um escorpio localiza sua vtima, ele a ataca e a segura com seus
fortes pedipalpos, dobra o opistossoma sobre o prossoma e ferroa a presa com
o acleo. Contraes de msculos que rodeiam a glndula foram o veneno
a sair pelo poro do acleo, paralisando e matando a presa rapidamente.
O acasalamento dos escorpies precedido por uma dana de cortejo,
e a fmea, em vez de pr ovos, faz a postura de jovens escorpies (ou seja,
vivpara), os quais permanecem sobre o dorso da me por alguns dias.
Ordem Uropygi
CEDERJ 119
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata II
b
Pedipalpos 1o par de pernas
Propeltdeo
(carapaa)
Telso
o
1 par
de pernas
Carapaa do
prossoma
Mesossoma
Telso
c d
1o par de pernas
Pedipalpo
1o par de pernas
Metassoma
Quelcera
Propeltdeo
Carapaa dos
e segmentos
posteriores
Pedipalpo Carapaa
Pedicelo
Opistossoma
Quelcera
Pedicelo
Telso
Olhos
Carapaa
g
Pedipalpo
h
f Quelcera Pedipalpo
Pedipalpo
1a perna
2o par de
pernas Carapaa
Quelcera
Carapaa
Figura 19.5: Diversas ordens de Arachnida: Uropygi (a), Schizomida (b), Amblypygi (c), Palpigradi (d), Pseudoscorpiones (e),
Ricinulei (f), Solpugida (g) e Opiliones (h).
120 CEDERJ
MDULO 3
19
Ordem Schizomida
AULA
Esse um pequeno grupo de aracndeos, com cerca de 80 espcies
conhecidas, todas menores que 1cm (Figura 19.5). Eram includos entre
os Uropygi, mas atualmente os pesquisadores preferem trat-los como uma
ordem parte. Diferem dos uropigos por possurem o prossoma dividido;
os primeiros quatro segmentos formam uma regio nica, coberta por
uma carapaa e chamada propeltdeo, seguida por dois segmentos livres,
chamados mesopeltdeo e metapeltdeo, respectivamente. O opistossoma
segmentado e dividido, porm o mesossoma possui apenas um par de
pulmes-em-livro e o telso curto. Como nos uropigos, apresentam
tambm o primeiro par de pernas sensitivas e glndulas repugnantes.
Ordem Amblypygi
Ordem Palpigradi
CEDERJ 121
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata II
Ordem Araneae
a b c
Quelcera
Pedipalpo Maxila
Olhos
Quelcera Dente (presa)
Pedipalpo
Prossoma
Esterno
4 pares de pernas
Olhos
Pedicelo Pulmo-
em-livro
(abertura)
Pedicelo
Opistossoma
Espirculo
Fiandeiras
d e f
Figura 19.6: Ordem Araneae. Vistas dorsal (a), lateral (b) e ventral (c); quelceras ortognata (d) e labidognata (e); detalhe
do pedipalpo copulador dos machos (f).
122 CEDERJ
MDULO 3
19
A segunda subordem compreende dois grandes grupos, Mygalomorphae
AULA
(tarntulas, caranguejeiras) e Araneomorphae (aranhas tpicas). A maioria
das espcies de ambos os grupos possui abdome sem segmentao com
as fiandeiras na parte posterior, mas podem ser diferenciadas pelo tipo de
articulao das quelceras. As quelceras das migalomorfas so estruturas
que se movimentam paralelamente ao eixo do corpo e so ditas quelceras
ortognatas, enquanto as araneomorfas tm quelceras que se movimentam
transversalmente ao eixo do corpo, chamadas labidognatas (Figura 19.6).
A seda produzida pelas aranhas uma protena fibrosa complexa
secretada por vrios grupos de glndulas especiais, localizadas no opistossoma,
que sai atravs de pequenssimos dutos das fiandeiras e que se solidifica em um
fio ao entrar em contato com o ar. Existem seis diferentes tipos de glndulas, cada
um produzindo um tipo diferente de seda. A seda serve para muitas finalidades,
e tipos diferentes de fios e de teias so produzidos pelas aranhas. Armadilhas,
esconderijos, ninho para acasalamento, casulo para os ovos etc. so exemplos
dos variados fins que as teias podem ter. A maioria das aranhas tem trs pares
de fiandeiras, mas algumas apresentam apenas uma ou duas (Figura 19.6).
A fecundao das aranhas interna e direta, mas bastante curiosa.
O macho das aranhas tece uma pequena teia, na qual deposita uma gota
de esperma e a transfere para o interior de seus pedipalpos. Ele, ento,
procura uma fmea, realizando ou no um ritual nupcial, dependendo
da espcie, e insere seus pedipalpos na abertura genital feminina para
transferir os espermatozides. Logo, nos machos no h um pnis, o
pedipalpo que funciona como rgo de cpula e inseminao da fmea.
Aps a cpula, a fmea come ou no o macho, e tece um casulo para
depositar os ovos, chamado ovisaco. Em algumas espcies, as fmeas
prendem o ovisaco na teia ou prximo a ela e outras o carregam.
Ordem Ricinulei
Ordem Pseudoscorpiones
Ordem Solpugida
Ordem Opiliones
124 CEDERJ
MDULO 3
19
Ordem Acari
AULA
Nesse grupo esto reunidos os caros e os carrapatos e constitui a
ordem mais numerosa de aracndeos (Figura 19.7). A maioria dos caros
terrestre, muitos so parasitas e alguns invadiram o ambiente aqutico.
Esses animais apresentam o corpo reduzido, em geral globoso, com o
prossoma e o opistossoma no-divididos, no-segmentados, cobertos
por carapaa e largamente unidos um ao outro. Em geral, a fuso do
prossoma com o opistossoma pouco distinta, formando um corpo
compacto. As quelceras e pedipalpos so variveis e os olhos podem
estar presentes ou no. As trocas gasosas so realizadas por traquias
ou pela superfcie do corpo.
a
Pedipalpo
Captulo
Carapaa
Figura 19.7: Ordem Acari: (a) carrapato (Parasitiformes) e (b) o caro da pele,
Demodex (Acariformes).
CEDERJ 125
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata II
126 CEDERJ
MDULO 3
19
RESUMO
AULA
Nesta aula, ns estudamos a diversidade dos Cheliceriformes e aprendemos as
caractersticas morfolgicas que distinguem os Pycnogonida, os Merostomata e
os Arachnida.
EXERCCIOS
3. Como voc distinguiria uma aranha caranguejeira de uma aranha comum com
base nas quelceras?
CEDERJ 127
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Chelicerata II
AUTO-AVALIAO
Voc estar pronto para a prxima aula se tiver compreendido os seguintes aspectos
abordados aqui: (1) caractersticas bsicas do subfilo Cheliceriformes, bem como
dos grupos nele includos, os Pycnogonida, os Merostomata e os Arachnida;
(2) caractersticas bsicas da arquitetura corporal e de alguns aspectos fisiolgicos
dos subgrupos de Merostomata e Arachnida; (3) diferenas bsicas entre algumas das
principais ordens de Arachnida, especialmente Acari, Scorpiones e Araneae. Se voc
compreendeu bem esses tpicos e respondeu corretamente s questes propostas
nos exerccios, voc certamente est preparado para avanar para a Aula 21.
128 CEDERJ
20
AULA
Filo Arthropoda Uniramia
objetivos
Pr-requisitos
Aulas 1 a 19.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre Citologia e Histologia.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Uniramia
O SUBFILO UNIRAMIA
INTRODUO Na Aula 17, voc estudou as caractersticas gerais do filo Arthropoda e aprendeu
que um dos subfilos nele includo o subfilo Uniramia ou Atelocerata. Nesta aula,
iniciaremos o estudo deste grupamento, o mais numeroso e mais diversificado
grupo dentre os artrpodes, que representa mais de de todos os animais
conhecidos no planeta. Esse subfilo rene os Myriapoda e os Hexapoda, que
poderiam ser tratados como grupamentos taxonmicos acima do nvel de classe
(superclasses). Assim, a superclasse Myriapoda inclui quatro classes: Chilopoda
(centopias, lacraias), Diplopoda (embus, gongolos, piolhos-de-cobra) e os
pequenos Symphyla e Pauropoda.
A maioria dos Uniramia ou Atelocerata terrestre, porm algumas linhagens
retornaram ao meio aqutico, onde passam parte ou todo o seu ciclo de vida.
Como diz o prprio nome, Uniramia (do latim, uni = um + rami = ramo)
APNDICES o grupo que rene os artrpodes mandibulados que possuem APNDICES
UNIRREMES
UNIRREMES, diferentemente dos Crustacea que tm APNDICES BIRREMES.
E BIRREMES
Entretanto, alguns especialistas no adotam esse nome porque, originalmente,
Unirreme refere-se aos
apndices que possuem foi proposto para incluir tambm os Onycophora, grupo que voc j estudou
um nico ramo, forma
presente na maioria na Aula 17 e que hoje considerado um grupo distinto dos artrpodes. Esses
dos artrpodes.
Diferentemente dos autores preferem o termo Atelocerata (do grego, ateles = imperfeito, incompleto
apndices birremes, + kerato = chifre, antena), que se refere perda do segundo par de antenas,
caractersticos dos
crustceos, que presente nos Crustacea.
terminam em dois
ramos. Os insetos e miripodes tm sido considerados grupos que apresentam uma
estreita relao de parentesco por compartilharem os caracteres a seguir:
Entretanto, muita discusso tem surgido a esse respeito nas ltimas dcadas.
Alguns pesquisadores acreditam que Myriapoda um grupo parafiltico e
que apenas o grupo formado por Diplopoda + Pauropoda seja grupo-irmo
dos insetos. Dados moleculares recentes tm sugerido que os insetos so mais
relacionados aos crustceos do que aos miripodes, e que esses ltimos surgiram
do mesmo ancestral dos quelicerados.
130 CEDERJ
20 MDULO 3
O corpo dos Uniramia composto de uma cabea e um tronco ou abdome com
AULA
muitos segmentos. A cabea constituda pela fuso de segmentos, formando
uma estrutura nica como uma caixa fechada, portadora de quatro pares de
apndices ceflicos. Esses apndices so:
as antenas;
as mandbulas (na forma de um nico artculo com uma superfcie cortante
na extremidade);
as primeiras maxilas (= maxlulas);
as segundas maxilas (essas podem ser livres, fusionadas formando um lbio
ou ausentes).
CEDERJ 131
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Uniramia
CLASSE MYRIAPODA
Forcpula
Colo
Cerco
Colo
Figura 20.1: As classes de Myriapoda. (a) Chilopoda (lacraia), (b) Diplopoda (gongolo), (c) Symphyla, (d) Pauropoda.
132 CEDERJ
20 MDULO 3
Classe Chilopoda
AULA
Os Chilopoda (do grego, cheilos = lbio + poda= ps) so
miripodes com cerca de 2cm de comprimento em mdia, embora
algumas espcies tropicais possam ter at 25cm. So conhecidas,
aproximadamente, 3.000 espcies de quilpodes, vulgarmente chamadas
lacraias ou centopias, que vivem no solo, em hmus, debaixo de
pedras e madeira, e junto s habitaes humanas. Quatro ordens tm
sido reconhecidas dentre elas: Geophilomorpha, Scolopendromorpha,
Lithobiomorpha e Scutigeromorpha. Apresentam um par de apndices
locomotores ou pernas por segmento do tronco, exceto no primeiro, cujos
apndices so modificados em garras de veneno (tambm denominadas
forcpulas), e nos dois ltimos, que no possuem apndices.
Os quilpodes possuem um tronco achatado dorsoventralmente,
que pode ser formado por at 170 somitos. Os apndices ceflicos so um
par de antenas multissegmentadas, um par de mandbulas e um ou dois
pares de maxilas (Figura 20.2). H uma certa tendncia coalescncia
mediana das maxilas. Na face dorsal da cabea h um par de olhos, cada
um constitudo de um grupo de ocelos.
Antena Olho
2a Maxila
1a Maxila
Perna 1
Forcpula
(garra de veneno)
CEDERJ 133
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Uniramia
134 CEDERJ
20 MDULO 3
Classe Diplopoda
AULA
Os Diplopoda (do grego, diplo = duplo, dois + poda = ps) so
os miripodes com corpo variando de 2mm a 28cm, que vivem debaixo
de pedras, madeiras, cascalhos e no solo; alguns vivem em abrigos
abandonados de outros invertebrados do solo e poucos so comensais em
ninhos de formigas. Cerca de 10.000 espcies de diplpodes so conhecidas,
vulgarmente denominados gongolos, piolhos-de-cobra ou embus.
A cabea dos diplpodes simples e dorsalmente convexa, com
os lados cobertos pelas bases das mandbulas. H um par de antenas e
apenas um par de maxilas que, fusionadas, formam uma espcie de piso
da cavidade pr-bucal, denominado gnatoquilrio (Figura 20.3).
Colo Diplossegmento
Olho
Antena
Mandbula
Gnatoquilrio
(maxila)
CEDERJ 135
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Uniramia
136 CEDERJ
20 MDULO 3
Classe Pauropoda
AULA
Os Pauropoda (do grego, pauro = pequeno + poda = ps) so
miripodes pequenos, com 2mm ou menos, de corpo simples e mole.
So conhecidas cerca de 500 espcies, que vivem em solo mido, hmus
ou vegetao em decomposio. A cabea pequena, com um par de
antenas ramificadas, mas sem olhos, embora haja um par de rgos
sensoriais que parecem com olhos.
Assim como nos Diplopoda, o segundo par de maxilas est ausente
e o primeiro par modificado em um gnatoquilrio. O primeiro segmento
do tronco no possui pernas e tambm forma um colo (Figura 20.1).
O tronco possui doze segmentos e, em geral, apenas nove deles apre-
sentam pares de apndices locomotores e alguns so parcialmente
fusionados como diplossegmentos.
Cada dois segmentos do tronco coberto por uma nica placa tergal.
Os sistemas traqueal e circulatrio so ausentes. Os gonporos se abrem
no terceiro segmento do tronco. O macho deposita um espermatforo que
a fmea recolhe e transfere para seu gonporo. Os ovos geralmente so
colocados em madeira, em decomposio, e os jovens eclodem semelhantes
aos adultos, mas com apenas trs pares de pernas.
Classe Symphyla
CEDERJ 137
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Uniramia
Figura 20.4: Hiptese de relacionamento entre as classes de Myriapoda (de acordo com Brusca & Brusca, 1990).
138 CEDERJ
20 MDULO 3
RESUMO
AULA
Nesta aula, ns iniciamos o estudo dos Uniramia, grupo que rene os Myriapoda e
os Hexapoda (=Insecta), artrpodes mandibulados terrestres. As caractersticas mais
marcantes do grupo esto relacionadas com a presena de apndices unirremes
e de um nico par de antenas, em contraste com os apndices birremes e os dois
pares de antenas dos crustceos. Os tagmas do corpo so cabea e tronco nos
miripodes e cabea, trax e abdome nos insetos.
EXERCCIOS
CEDERJ 139
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Uniramia
AUTO-AVALIAO
140 CEDERJ
21
AULA
Filo Arthropoda
Hexapoda I
objetivos
Pr-requisitos
Aulas 1 a 20, especialmente as Aulas 17 e 20.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre Citologia e Histologia.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda I
OS HEXAPODA
INTRODUO Na aula anterior, voc aprendeu que os Hexapoda (do grego, hexa = seis +
podos = ps) so artrpodes mandibulados com apndices unirremes e que
constituem um dos grupos que compem o subfilo Uniramia. Nas prximas trs
aulas, voc aprender as caractersticas morfolgicas bsicas dos representantes
desse grupo, aspectos funcionais, comportamentais e fisiolgicos relacionados
a eles e a sua diversidade.
Hexapoda um grupamento que rene animais com corpo dividido em trs
tagmas ou regies distintas: cabea, trax e abdome. A cabea apresenta,
como os principais rgos sensoriais, um par de antenas e um par de olhos
compostos (raramente ausentes), um par de mandbulas, um par de maxilas
e lbio, como as principais peas do aparelho bucal. O trax possui trs pares
de pernas (da o nome Hexapoda), um em cada segmento torcico, e o
abdome no possui apndices locomotores. O desenvolvimento pode ser
direto, envolvendo poucas mudanas na forma do corpo dos jovens hexpodes
(ametbolos) ou pode ser indireto, com mudanas graduais (hemimetbolos)
ou marcantes (holometbolos).
ENTOMOLOGIA Nesta aula, portanto, iniciaremos o estudo dos insetos ou da E N T O M O L O G I A ,
Palavra derivada abordando, primeiramente, a morfologia geral desse grupo, que apresenta
do grego, entomo
= inseto, dividido, a radiao evolutiva mais espetacular dentro do reino animal, representando
segmentado + logos,
cerca de de todos os animais conhecidos no planeta. Logo, se voc
logia = estudo, cincia,
representa a cincia se deparar com um animal metazorio e invertebrado que voc desconhea,
que estuda a
morfologia, biologia, diga que um inseto, pois ter mais de 80% de chance de ter acertado
fisiologia, evoluo
e qualquer outro na sua identificao!
aspecto relacionado
ao estudo dos insetos,
incluindo a parte CLASSIFICAO GERAL DOS HEXAPODA
aplicada desses estudos
em reas de interesse
econmico, como por O tema da diversidade, quase inevitavelmente, domina qualquer
exemplo, o controle
discusso sobre insetos, no apenas por existir um extraordinrio
de insetos-praga,
a resistncia a nmero de diferentes formas, mas tambm por sua alta capacidade
inseticidas ou a maior
produo de seda de adaptao aos mais diferentes ambientes e ao vasto nmero de hbitos
ou mel.
de vida, sejam alimentares, reprodutivos etc. Todos esses aspectos
so considerados quando se tenta traar uma classificao que reflita a
evoluo do grupo.
142 CEDERJ
21 MDULO 3
Os insetos surgiram no Devoniano, h mais de 400 milhes
AULA
de anos, conforme se supe com base em registros fsseis, e os primeiros
hexpodes no possuam asas, ou seja, eram pteros. Posteriormente,
surgiram os primeiros organismos alados que, entretanto, no possuam
a capacidade de dobrar as asas para trs do corpo por causa do tipo
de articulao das asas com o trax (palepteros). Tal evento ocorreu,
conforme registros fossilferos, no Carbonfero, e a aquisio de asas
tornou estes insetos dominantes na poca, sofrendo uma radiao
explosiva. Nesse mesmo perodo geolgico, mais exatamente no
Carbonfero Superior, existiram outras formas de insetos alados, j com
a possibilidade de dobrar as asas para trs do corpo (nepteros) e,
conseqentemente, explorar determinados hbitats no-disponveis
para os palepteros.
As primeiras classificaes de insetos dividiam a classe Insecta
em duas subclasses: Pterygota e Apterygota, insetos com e sem asas,
respectivamente. O termo Apterygota foi introduzido por Aristteles para
caracterizar a ausncia de asas, e mais tarde o nome foi utilizado para reunir
Collembola, Protura, Diplura e Thysanura. Na dcada de 1970, a partir de
estudos mais detalhados, a pesquisadora Sidnie Manton considerou que a
classe Insecta, da forma como era tratada, no correspondia a um grupo
monofiltico, sugerindo o termo Hexapoda para incluir cinco subclasses
e reservando o nome Insecta para os insetos alados ou pterigotos.
Durante as ltimas dcadas do sculo XX, tambm foi adotada
a viso de que os Collembola, Protura e Diplura juntos constituam
um grupo monofiltico, reconhecido pelo tipo de formao das peas
bucais e denominado classe Entognatha, grupo-irmo dos demais
hexpodes ou classe Insecta.
Os insetos entognatos apresentam um crescimento das peas
bucais por dobras orais da parede cranial lateral e as mandbulas e
maxilas crescem, ento, em bolsas internas. Alm disso, apresentam
os tbulos de Malpighi reduzidos, os olhos compostos so degenerados
em Collembola e totalmente ausentes nos Protura e Diplura atuais.
Vrias outras caractersticas morfolgicas tm mostrado diferenas de
interpretao e, por isso, os pesquisadores tm preferido manter esses
insetos em grupos distintos. Alguns caracteres, no entanto, tm levado os
pesquisadores a acreditar em uma relao filogentica mais estreita entre
Collembola e Protura e, atualmente, essas duas ordens so reunidas na
classe Ellipura ou Parainsecta.
CEDERJ 143
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda I
144 CEDERJ
21 MDULO 3
AULA
Figura 21.1: Classificao geral dos Hexapoda e relaes entre seus grupos.
TEGUMENTO
CEDERJ 145
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda I
Epicutcula
Exocutcula
Endocutcula
Epiderme
Membrana basal
CABEA
146 CEDERJ
21 MDULO 3
Cabea Trax Abdome
AULA
Tergitos Epiprocto
Olho Cerco
Paraprocto
Antena Pro Meso Meta Ovipositor
Esternitos
Bases das pernas Espirculos
Peas bucais
b Garras
Fmur
Coxa Tbia Olho
Trocnter
Tarso
b
Occiputo
Vrtice
Sutura
coronal Olho
Ps-occiputo
Ocelo Flagelo
Sutura
antenal Sutura occiptal
Pedicelo
Sutura Sutura
frontal Sutura ps-occiptal
subocular Escapo Gena
Fronte
Sutura Ps-gena
Sutura
subgenal
epistomal
Clpeo Mandbula
Sutura
labral Labro Maxila
Lbio
Mandbula
Figura 21. 4: Cabea de um inseto generalizado: (a) vista frontal; (b) vista lateral.
CEDERJ 147
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda I
148 CEDERJ
21 MDULO 3
b c
AULA
Figura 21.5: Diferentes posies da cabea e das peas bucais dos insetos: (a) hipognato; (b) prognato;
(c) opistognato.
TRAX
CEDERJ 149
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda I
c d e
Figura 21.6: Tipos de pernas dos insetos: (a) pernas cursoriais ou ambulatoriais, as mais tpicas, adaptadas para
andar ou correr; (b) pernas saltatoriais, como as pernas posteriores dos gafanhotos, com fmur alargado e grande
para conter msculos poderosos para o salto; (c) pernas raptoriais, modificadas para segurar a presa, como as
dos louva-a-deus; (d) pernas fossoriais, altamente modificadas, formando garras escavadoras muito esclerosadas,
como as paquinhas ou cachorrinhos-do-mato; (e) pernas natatoriais dos insetos aquticos, como alguns besouros
e percevejos, com segmentos achatados como remos e cerdas marginais para facilitar o nado.
150 CEDERJ
21 MDULO 3
As asas so apndices torcicos muito mveis, articuladas com
AULA
as regies notal e pleural do meso e metatrax. Quando presentes,
o nmero pode variar de um a dois pares, sendo dois o mais comum.
As asas podem estar reduzidas (condio braquptera) ou ausentes
(condio ptera); a reduo das asas posteriores comum em algumas
ordens, levando a uma maior eficincia aerodinmica das asas anteriores.
A condio ptera pode ter origem primitiva, como nos Collembola,
Diplura, Protura, Archaeognatha e Thysanura s. str., descendentes
de organismos pteros, ou origem secundria, como algumas ordens
ou famlias que perderam as asas durante seu processo evolutivo,
mas descenderam de espcies aladas, por exemplo, as pulgas (ordem
Siphonaptera) e os piolhos (ordem Phthiraptera).
As asas so compostas de duas camadas de cutcula fina e
membranosa, que so sustentadas por uma srie de canais esclerosados
e pigmentados, as veias ou nervuras, que podem conter nervos, traquias
e/ou hemolinfa. A membrana da asa pode ser clara ou marcada por
padres de pigmentao total ou parcial. Podem tambm apresentar
pequenas cerdas, denominadas microtrquias ou macrotrquias, de
acordo com o desenvolvimento. As macrotrquias podem se apresentar
modificadas em forma de escamas, muitas vezes coloridas, como ocorre
nas borboletas e mariposas (ordem Lepidoptera).
O tipo mais generalizado de asa o membranoso, mas modificaes
podem ser vistas nas asas de muitos insetos, como as descritas abaixo:
litros asas anteriores bem endurecidas formando um estojo
protetor para as asas posteriores, que so funcionais e membranosas
(em besouros, ordem Coleoptera);
hemilitros asas anteriores endurecidas apenas parcialmente,
com a poro distal membranosa e com veias aparentes (em percevejos,
ordem Hemiptera);
tgminas asas anteriores mais ou menos coriceas, fornecendo
proteo ao par posterior (em gafanhotos, ordem Orthoptera, em baratas,
ordem Blattaria etc.);
halter ou balancim reduo e modificao das asas posteriores
formando uma estrutura que atua na estabilidade durante o vo (em moscas
e mosquitos, ordem Diptera).
CEDERJ 151
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda I
152 CEDERJ
21 MDULO 3
ABDOME
AULA
O abdome a sede da respirao, digesto e reproduo, e seus
segmentos ou urmeros permaneceram relativamente sem modificao,
exceto pela atrofia dos apndices pares na maioria deles, embora estruturas
que so consideradas remanescentes desses apndices possam ser observadas
em apterigotos, em embries e imaturos de alguns pterigotos.
O abdome consiste de um nmero varivel de segmentos, sendo
considerado o nmero primitivo como onze urmeros mais o segmento
terminal, o periprocto ou telso, onde se localiza o nus. H uma tendncia
de reduo no nmero de segmentos a partir da extremidade posterior,
mas em muitos insetos h tambm uma tendncia de eliminao do
primeiro segmento, que pode ser reduzido, ausente ou incorporado ao
trax. A reduo do dcimo primeiro produziu um segmento dividido
em escleritos que circundam o nus, geralmente em nmero de trs, um
epiprocto dorsal e dois paraproctos, um de cada lado do nus; pode
tambm portar um par de apndices sensoriais, os cercos, homlogos
s pernas e peas bucais (Figura 21.3). Os demais urmeros apresentam
tipicamente dois escleritos, o tergito ou urotergito dorsal e o esternito ou
urosternito ventral; os pleuritos laterais so diminutos ou ausentes.
O abdome serve como um armazenador das principais vsceras
dos insetos e a parte principal do corpo que produz os movimentos
da respirao. As aberturas externas do sistema respiratrio traqueal,
os espirculos, so tipicamente encontrados um de cada lado na pleura
dos primeiros oito segmentos do abdome (Figura 21.3).
A genitlia externa localiza-se geralmente nos segmentos oito e nove.
Esses segmentos apresentam vrias especializaes associadas cpula e
oviposio e podemos dizer que os gonporos dos hexpodes so terminais
ou subterminais. O termo terminlia, muito utilizado atualmente, refere-
se ao complexo formado pelos segmentos genitais (genitlia externa),
segmentos anais e todos aqueles segmentos adjacentes que tambm se
apresentam modificados para auxiliar na cpula e na oviposio.
CEDERJ 153
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda I
RESUMO
Nesta aula, iniciamos o estudo dos Hexapoda, que podem ser caracterizados
como artrpodes que apresentam o corpo diferenciado em trs tagmas (cabea,
trax e abdome). A cabea possui, como principais rgos sensoriais, um par de
antenas multissegmentadas e um par de olhos compostos, embora olhos simples
ou ocelos tambm possam estar presentes; como peas bucais, possuem um par
de mandbulas, um par de maxilas (primeiras maxilas) e um lbio, resultante da
fuso do segundo par de maxilas; maxilas e lbio geralmente com palpos. O trax
formado por trs segmentos, cada um deles portador de um par de pernas;
as asas, quando existem, esto presentes no segundo e terceiro segmentos
torcicos. O abdome possui onze ou menos segmentos, sem apndices locomotores.
Os gonporos so terminais ou subterminais. O desenvolvimento pode ser
direto, envolvendo poucas mudanas na forma do corpo dos jovens hexpodes
(ametbolos) ou pode ser indireto, com mudanas graduais (hemimetbolos)
ou marcantes (holometbolos).
154 CEDERJ
21 MDULO 3
EXERCCIOS
AULA
1. Quais caracteres morfolgicos dos insetos os distinguem de todos os outros
artrpodes?
AUTO-AVALIAO
Na Aula 22, voc continuar o estudo dos Hexapoda, aprendendo sobre vrios
aspectos funcionais, comportamentais e fisiolgicos relacionados aos insetos,
como os mecanismos de vo, a nutrio, a viso e outros sentidos, a reproduo, o
desenvolvimento e o comportamento social.
CEDERJ 155
22
AULA
Filo Arthropoda
Hexapoda II
objetivos
Pr-requisitos
Aulas 1 a 21, especialmente 17 e 21.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre Citologia e Histologia.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
INTRODUO Na Aula 21, voc estudou a morfologia geral dos hexpodes, abordando as
principais estruturas presentes nos seus trs tagmas: cabea, trax e abdome.
Com base no tipo e na funo dessas estruturas, podemos dizer que a cabea
o tagma dos sentidos, o trax, o tagma da locomoo e o abdome, da
digesto, respirao e reproduo. Nesta aula, passaremos a estudar vrios
aspectos funcionais e comportamentais dos insetos, abordando os mecanismos
fisiolgicos envolvidos.
O VO
158 CEDERJ
22 MDULO 3
As asas anteriores e posteriores de certos grupos de insetos alados,
AULA
como gafanhotos (Orthoptera), cupins (Isoptera) e outros, operam
independentemente e no so bons voadores. As asas das liblulas
(Odonata), embora operem separadamente, so mais eficientes porque a
seqncia de batimentos invertida, as asas posteriores se movimentam
antes das anteriores.
a
A maioria dos insetos alados apresenta Hmulo
c
Jugo
CEDERJ 159
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
a b
Msculo direto
c d
Msculo indireto
Figura 22.2: Movimento das asas e msculos do vo. (a) Msculo direto distendido; (b) msculo direto contrado;
(c) msculo indireto contrado; (d) msculo indireto distendido.
160 CEDERJ
22 MDULO 3
Existem dois tipos de controle nervoso para promover a contrao
AULA
dos msculos do vo: sincrnico e assincrnico. No controle sincrnico,
um simples impulso nervoso estimula a contrao do msculo e a asa se
move. No controle assincrnico, o mecanismo de ao mais complexo
e requer grande quantidade de energia, quando um grupo de msculos se
contrai, causa a distenso do grupo antagnico, que por sua vez inverter
a ao do primeiro grupo, e assim sucessivamente. Nesse caso, apenas
impulsos nervosos ocasionais so necessrios para manter os msculos
responsveis por alternar contrao e relaxamento.
O controle assincrnico encontrado em insetos mais especializados
e permite batimentos extremamente rpidos, em comparao com o sincr-
nico. Podemos exemplificar citando as borboletas, que com msculos
sincrnicos podem bater as asas cerca de quatro vezes por segundo,
enquanto as asas de moscas e abelhas, com musculatura assincrnica,
podem vibrar at mais de cem vezes por segundo, em alguns casos at
cerca de mil vezes.
Obviamente, o vo envolve muito mais que um batimento de asas
para baixo e para cima. A musculatura tambm promove a alternncia
do ngulo da asa, como um aeroflio, controlando o subir e descer do
inseto e a direo do vo. Dessa forma, o movimento das asas forma a
figura de um 8, controlando a passagem da corrente de ar por suas
margens. Alm destes, outros fatores tero influncia no movimento e
na velocidade do vo. Insetos com asas mais estreitas e que so capazes
de fortes movimentos em forma de 8 atingem velocidades maiores,
alguns chegando a atingir quase 50km/h.
A NUTRIO
CEDERJ 161
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
162 CEDERJ
22 MDULO 3
As moscas apresentam um aparelho bucal do tipo lambedor, no
AULA
qual o lbio forma um estojo que abriga as demais peas, e seu pice
apresenta um par de lbulos, denominado labelo, que possui numerosos
canalculos que funcionam como canais alimentares, assemelhando-se a
uma esponja (Figura 22.3). So capazes apenas de absorver lquidos
ou liqefazem o alimento slido com a secreo salivar, para depois
o absorverem. Algumas moscas hematfagas, como as mutucas,
apresentam a probscide adaptada para perfurar a pele de mamferos e
depois absorver o sangue com seu labelo modificado.
a b
Labro Maxila
Lbio Mandbula
Mandbula
Palpo maxilar
Labro
Maxila
Lbio
c d
Palpo
maxilar
Labro
Palpo labial
Lbio
Labelo
Maxila
Figura 22.3: Tipos de aparelho bucal dos insetos. (a) Mastigador; (b) sugador; (c) lambedor; (d) espirotromba.
CEDERJ 163
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
AS TROCAS GASOSAS
a b
Traquias
Brnquias-traqueais
Brnquias
traqueais
Cutcula
164 CEDERJ
22 MDULO 3
Alguns insetos aquticos apresentam espirculos funcionais
AULA
e respiram da mesma forma que os terrestres, porm, precisam
resolver o problema de evitar a entrada de gua nos espirculos e de
transpor a tenso superficial da gua para obter O2 do ar atmosfrico.
Alguns solucionaram estes problemas atravs da presena de um grupo
de plos ao redor dos espirculos, que se espalham quando o inseto
est submerso e se recolhem quando est na superfcie, ou atravs da
presena de reas chamadas HIDRFUGAS ou plastro, nas quais h HIDRFUGO
uma cutcula com maior afinidade com o ar que com a gua. Algumas (do grego, hydro = gua
+ do latim, fugus = que
larvas de mosquitos e moscas (ordem Diptera) apresentam os espirculos foge. Diz-se do material
que no se deixa
funcionais na extremidade de um sifo respiratrio, que pode ser evertido impregnar por gua.
e retrado por ao de msculos circulares.
Alguns insetos podem sobreviver em ambientes com baixa
concentrao de O2, retirando este gs dos espaos intercelulares de
plantas submersas, atravs tambm de um sifo respiratrio, forte e
pontiagudo. Em alguns outros casos de insetos aquticos com espirculos
funcionais, eles carregam uma bolha de ar chamada brnquia fsica ou
gasosa, sendo o O2 da gua repassado para dentro da bolha por diferena
de presso.
A VISO
Na Aula 21, voc estudou que os olhos dos insetos so de dois tipos:
simples (ocelos) e compostos. Os olhos simples podem ser encontrados
em ninfas, larvas e em adultos. Muitos insetos adultos apresentam trs
ocelos na parte dorsal da cabea, mas esse nmero pode ser reduzido.
Um ocelo um fotorreceptor simples, com forma de uma taa, com um
pigmento sensvel luz e a superfcie coberta por uma lente. O pigmento
fotossensvel, como em todo sistema visual conhecido, uma vitamina A
derivada da combinao com uma protena. O estmulo luminoso provoca
uma mudana qumica no pigmento que permite a percepo da luz, mas
no forma imagem.
CEDERJ 165
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
Facetas dos
omatdios
Cone
cristalino
Clula
de pigmento
Clula
retinular
Rabdoma
Fibras nervosas
e nervo tico
166 CEDERJ
22 MDULO 3
OUTROS SENTIDOS
AULA
Os insetos possuem apurado sentido para temperatura, umidade,
gravidade, recepo mecnica, qumica, auditiva etc. Vejamos como so
percebidos alguns desses sentidos.
As cerdas e outros processos tegumentares so responsveis pela
recepo mecnica e esto presentes no tegumento como estruturas
externas, ligadas internamente a uma clula sensorial, que por sua vez
est conectada a uma clula nervosa (veja na aula anterior a Figura 21.2).
Logo, essas estruturas so sensveis a toque, presso e a vibraes, e
amplamente distribudas ao longo do corpo, nas antenas e nas pernas.
Os quimiorreceptores, como para o paladar e o olfato, so
geralmente grupos de clulas sensoriais localizadas em pequenas fossas,
concentradas especialmente nas peas bucais, antenas ou tambm nas
pernas. A quimiorrecepo dos insetos to aguada que eles podem
perceber certos odores a quilmetros de distncia ou muito antes de
ns, humanos. Muitos padres de comportamento esto relacionados
quimiorrecepo, como a alimentao, a cpula, a seleo do hospedeiro
ou do local de oviposio etc.
A audio desenvolvida em muitos insetos. Sua percepo
pode ser feita por cerdas muito sensveis ou por verdadeiros rgos
timpnicos capazes de detectar o som. Alguns insetos podem perceber os
sons transportados pelo ar, ou detectar vibraes no substrato que eles
captam atravs de cerdas sensoriais nas pernas. Os rgos timpnicos,
como os que ocorrem em alguns Orthoptera, possuem uma membrana
fina e delicada que fecha um espao cheio de ar, cuja vibrao detectada
por um conjunto de clulas sensoriais. Nos gafanhotos, localizam-se nas
laterais do primeiro segmento do abdome, nas esperanas e nos grilos,
na base da tbia da perna anterior.
CEDERJ 167
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
168 CEDERJ
22 MDULO 3
Durante o processo de desenvolvimento ps-embrionrio, o inseto
AULA
passa por diferentes estgios: ovo, imaturo (ninfa ou larva), pupa (apenas
nos holometablicos) e adulto ou imago, passando por uma srie de
mudas (veja a Aula 17). Cada fase entre uma muda e outra se chama
nstar. Logo, um inseto no estgio imaturo pode passar por vrios nstares,
por exemplo, ninfas 1, 2 3, antes de se tornar adulto. O estgio de pupa
geralmente tem um nico nstar (alguns tm dois, pr-pupa e pupa),
assim como o estgio adulto.
Alguns insetos eclodem do ovo numa forma que difere dos adultos
apenas pelo tamanho e maturao sexual. Estes insetos apresentam
desenvolvimento direto, sem metamorfose, e so denominados ametbolos
(Figura 22.6a), como os Thysanura s. str., os Archaeognatha, os Collembola,
os Protura e os Diplura (reveja a Aula 21). Em geral, seus imaturos so
tambm chamados ninfas.
No entanto, a grande maioria dos insetos tem desenvolvimento
indireto, passando por transformaes mais profundas, e so chamados
hemimetbolos ou holometbolos, dependendo do grau de metamorfose.
Nos insetos hemimetbolos, os imaturos se assemelham aos adultos
em muitos aspectos, incluindo a presena de olhos compostos, mas
lhes faltam as asas e a genitlia externa desenvolvida. Durante o seu
desenvolvimento as asas se formam externamente, iniciando como
pequenas projees, chamadas tecas alares, que crescem progressivamente
a cada nstar (Figura 22.6.b, c). As ordens que apresentam este tipo de
metamorfose foram classificadas em passado recente como Exopterygota
(aqueles cujas asas se desenvolvem externamente), porm o termo foi
abolido por no representar um grupamento monofiltico.
O desenvolvimento hemimetablico referido tambm como
metamorfose simples, gradual ou incompleta, e os nstares imaturos
so chamados niades, quando so aquticos (liblulas, efemridas e
plecpteros), diferentemente dos adultos terrestres, e ninfas, quando so
terrestres como na forma adulta (gafanhotos, cigarras, percevejos, baratas,
cupins, louva-a-deus, piolhos etc.). Alguns entomlogos preferem distinguir a
metamorfose daqueles insetos em que imaturos e adultos vivem em ambiente
diferente (hemimetabolia) daquela em que ambos, imaturos e adultos, vivem
no mesmo ambiente (paurometabolia). Entretanto, atualmente, o uso de
termos distintos tem sido abolido, porque poderia dar a entender que a
hemimetabolia e a paurometabolia teriam origens diferentes.
CEDERJ 169
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
a Adulto b
Ninfas Ninfas Adulto
Tecas alares
c d
Niades Adulto
Tecas alares
Larvas Pupa Adulto
Figura 22.6: Tipos de metamorfose dos insetos. (a) Ametbolos (traa-de-livro, Thysanura); (b) hemimetbolo
(cigarrinha, Hemiptera); (c) hemimetbolo (liblula, Odonata); (d) holometbolo (mosca, Diptera).
170 CEDERJ
22 MDULO 3
COMPORTAMENTO SOCIAL
AULA
A maioria dos insetos solitria, vive isoladamente; no entanto,
muitos se renem formando agrupamentos temporrios ou permanentes.
Muitos agrupamentos no correspondem a comportamento social ou
subsocial, apenas ocorrem como resultado de estmulos atrativos que
levam os indivduos a se agregarem, mas conservando sua independncia
de ao. Normalmente, esses estmulos so temperatura, luz, alimento,
umidade etc. Algumas espcies desfazem a agregao to logo o fator
de atrao seja contornado, outras se renem apenas para hibernar e
outras ainda se tornam gregrias apenas por uma determinada fase,
alternada por fases solitrias, podendo durar por vrias geraes e
formando bandos migratrios. Podemos exemplificar com o gregarismo
de gafanhotos, baratas, alguns besouros e percevejos.
O comportamento subsocial se baseia no cuidado com a prole, sem
que haja necessidade de uma interdependncia rgida, isto , so capazes de
sobreviver isoladamente. o caso dos embipteros (ordem Embioptera),
de algumas baratas e de alguns besouros da famlia Scarabaeidae.
O verdadeiro comportamento social aquele encontrado apenas em
duas ordens de insetos, Isoptera (cupins) e Hymenoptera (formigas, abelhas
e algumas vespas). As sociedades destes insetos so caracterizadas por:
1. grupamentos permanentes (com raras excees);
2. cooperao mtua, as atividades de cada indivduo atendem
s necessidades de toda a colnia;
3. a prole resultante de uma nica fmea (rainha) ou de algumas
poucas fmeas;
4. a rainha sobrevive por um perodo de vrias geraes de
descendentes;
5. os indivduos so inteiramente dependentes da colnia durante sua
existncia e possuem uma atrao definitiva uns pelos outros.
CEDERJ 171
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
172 CEDERJ
22 MDULO 3
O controle da diferenciao das castas em cupins tem sido alvo
AULA
de muita investigao e est longe de ser totalmente elucidado, mas
h fortes evidncias de que interaes complexas de feromnios esto
envolvidas, embora fatores nutricionais e sensoriais tambm possam
ser relevantes.
Abelhas
CEDERJ 173
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
Formigas
174 CEDERJ
22 MDULO 3
O comportamento social nas formigas alcana o mais alto grau de
AULA
especializao nas savas (Atta sp., subfamlia Myrmicinae). As savas
vivem em formigueiros subterrneos, cortam plantas e transportam os
pedaos para o interior do sauveiro, onde cultivam um jardim de fungos
que lhes serve de alimento. O hbito de cortar plantas faz delas uma
praga agrcola das mais importantes. Quanto s suas castas, apresentam
como formas permanentes a rainha frtil e trs tipos de operrias estreis
(pequenas = jardineiras, mdias = cortadoras, grandes = soldados), e como
formas temporrias, apresentam centenas de fmeas e machos alados, que
surgem em revoada, em determinadas pocas do ano; quando machos e
fmeas realizam o vo nupcial e copulam, os machos morrem e as fmeas
formam novos sauveiros.
RESUMO
CEDERJ 175
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda - Hexapoda II
EXERCCIOS
1. Explique por que o controle assincrnico dos msculos do vo pode fazer as asas dos
insetos baterem mais rpido que o controle sincrnico.
2. Descreva trs diferentes tipos de aparelho bucal encontrados nos insetos e como
esto adaptados a diferentes formas de nutrio.
176 CEDERJ
22 MDULO 3
AUTO-AVALIAO
AULA
Voc estar pronto para a prxima aula se tiver compreendido os seguintes aspectos
abordados nesta aula: (1) as caractersticas bsicas sobre o funcionamento das asas
dos insetos; (2) as formas de nutrio e os tipos de aparelho bucal adaptados a cada
uma delas; (3) as adaptaes respiratrias apresentadas pelos insetos que vivem
em ambiente aqutico; (4) os mecanismos de viso, audio, quimiorrecepo e
tato; (5) os tipos de desenvolvimento ps-embrionrio dos insetos relacionados a
diferentes graus de metamorfose; (6) o comportamento social de cupins, abelhas,
vespas e formigas, e os mecanismos de determinao de castas e de sexo. Se voc
compreendeu bem esses tpicos e respondeu corretamente s questes propostas
nos exerccios, voc certamente est preparado para iniciar a Aula 23.
CEDERJ 177
23
AULA
Filo Arthropoda
Hexapoda III
objetivos
Pr-requisitos
Aulas 1 a 22, especialmente 21.
Disciplina Introduo Zoologia.
Noes bsicas sobre diversidade
e filogenia dos animais.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
INTRODUO Na Aula 21, voc estudou a classificao geral dos Hexapoda e aprendeu que
o grupo dividido, atualmente, nas classes Ellipura ou Parainsecta, Diplura
e Insecta. A classe Ellipura rene as ordens Collembola e Protura, a classe
Diplura possui uma nica ordem de mesmo nome e a classe Insecta apresenta
numerosas ordens, caracterizadas, principalmente, com base na estrutura da
asa, das peas bucais e no tipo de metamorfose.
Nesta aula, estudaremos a diversidade dos hexpodes, observando as principais
caractersticas de cada ordem, e discutiremos brevemente as hipteses sobre
o relacionamento filogentico entre elas.
Ordem Protura
(do grego, protos = primeiro + oura = cauda), proturos (Figura 23.1.a).
Ordem Collembola
(do grego, kolla = cola, goma + embola = mbolo, alavanca), colmbolos
(Figura 23.1.c).
Ordem Diplura
(do grego, diplos = dois + oura = cauda), dipluros (Figura 23.1.b).
180 CEDERJ
23 MDULO 3
Quadro 23.1: Caractersticas das ordens pertencentes s classes Ellipura e Diplura.
AULA
Protura Collembola Diplura
Olhos
Ausentes Ausentes Ausentes
Compostos
Presentes, grupos de ocelos
Ocelos Ausentes laterais formando olhos Ausentes
rudimentares
Presentes, em forma de
Cercos Ausentes Ausentes
pina ou de filamento
Tipo de
Ametbolos Ametbolos Ametbolos
metamorfose
Presena de
pseudculos (estrutura Muitas espcies apresentam
Outras sensorial que pode ser um rgo ps-antenal, talvez
caractersticas homloga ao rgo homlogo ao rgo de
de Tmsvary dos Tmsvary dos miripodes
miripodes)
CEDERJ 181
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
a b
Antena
Pseudculos
Cerco
Telso
Frcula
c
Retinculo
Colforo
Figura 23.1: Hexpodes entognatos: ordem Protura (a), ordem Diplura (b) e ordem
Collembola (c).
Ordem Archaeognatha
(do grego, archaios = antigo + gnatha = mandbula), arqueognatos
(Figura 23.2.a).
182 CEDERJ
23 MDULO 3
Quadro 23.2: Caractersticas das ordens Archaeognatha e Thysanura s. str.
AULA
Archaeognatha Thysanura s. str.
Olhos
Presentes Presentes
Compostos
b Palpo
maxilar
Palpo
maxilar
Cerco Estilos
Cerco
Filamento
caudal Figura 23.2: Ordem Archaeognatha (a) e ordem
mediano Thysanura s. str. (ou Zygentoma) (b).
Filamento
caudal
mediano
CEDERJ 183
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Ordem Ephemeroptera
(do grego, ephemeros = de vida curta + ptera = asa, referindo-se vida
curta dos adultos), efemridas, efemerpteros (Figura 23.3.a).
Ordem Odonata
(do grego, odon = dente + gnatha = mandbula), liblulas, lavadeiras
(Figura 23.3.b).
Ephemeroptera Odonata
184 CEDERJ
23 MDULO 3
Quanto s liblulas, podemos ainda ressaltar que so insetos
AULA
predadores que voam muito bem e no vo que capturam outros insetos
com suas pernas dispostas na forma de uma cesta. Exibem complexos
padres de comportamento territorial, sexual, corte etc. Nas espcies
com postura endoftica, os ovos so inseridos em tecidos vegetais de
plantas aquticas submersas ou plantas terrestres prximas gua.
Nas exofticas, sem ovipositor desenvolvido, os ovos so expulsos
individualmente ou em massas de ovos atravs do gonporo, quando
a fmea toca a gua com o abdome. Os odonatos, especialmente seus
imaturos, so considerados importantes componentes no controle
biolgico de insetos, principalmente mosquitos e algumas pragas de
lavouras. So tambm considerados pragas em tanques de psicultura,
porque suas niades se alimentam de alevinos ou peixes jovens.
Figura 23.3: Insetos Palaeoptera: ordem Ephemeroptera (a) e ordem Odonata (b).
CEDERJ 185
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Quadro 23.4: Caractersticas de dez ordens de insetos nepteros, considerados como ortopterides.
Presentes nas
Olhos formas aladas e Pequenos ou
Presentes Presentes Presentes
compostos presentes ou no ausentes
nas pteras
Quando
presentes,
h dois pares Asas anteriores
Dois pares de asas Asas anteriores
de asas so tgminas,
membranosas, asas pergaminosas
membranosas que em repouso
Asas posteriores alarga- (tgminas), Ausentes
idnticas e cobrem as asas
das e dobradas em asas posteriores
alongadas e posteriores
leque membranosas
capazes de se membranosas.
quebrar na linha
de fratura basal
Mastigador ou
Aparelho
vestigial em Mastigador Mastigador Mastigador Mastigador
bucal
alguns adultos
Pernas anteriores
raptoriais com
Pernas Cursoriais Cursoriais Cursoriais Cursoriais
fmures robustos
e espinhosos
Longos,
Multisseg- Com um ou
Cercos Curtos Curtos segmentados
mentados muitos segmentos
e flexveis
Tipo de
Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos
metamorfose
Imaturos
aquticos com
brnquias- Corpo achatado Genitlia externa Fmeas com asas
Outras
traqueais, dorsoven- rudimentar ou reduzidas ou
caractersticas
geralmente, na tralmente ausente ausentes
parte ventral do
trax
Predadores que
se alimentam de
insetos e aranhas;
e que esperam
a presa com as
Insetos sociais.
Ninfas e adultos pernas anteriores So insetos
Adultos vivem Ninfas e adultos
exploram os levantadas terrestres, que
prximos gua exploram os
mesmos nichos em postura de vivem confinados
doce e so bons mesmos nichos
e vivem sob splica, por isso a ambientes frios
Hbitos caadores; as e vivem sob
as mesmas so chamados e midos, sendo
niades podem as mesmas
condies; veja louva-a-deus; conhecidas
ser herbvoras ou condies; veja
comentrios a a cpula apenas doze
carnvoras comentrios a
seguir precedida por espcies
seguir
corte e, em alguns
casos, a fmea
devora o macho
durante a corte
ou aps a cpula
186 CEDERJ
23 MDULO 3
AULA
Dermaptera Orthoptera Phasmatodea Embioptera Zoraptera
Olhos Presentes ou
Presentes Presentes Presentes Presentes
compostos vestigiais
Maioria ptera em
Alguns pteros ambos os sexos;
e alados com nos alados, as asas
asas anteriores so funcionais Geralmente
reduzidas nos machos e pteros, mas
Asas pergaminosas
a pequenas reduzidas nas Machos alados quando alados,
(tgminas), mas h
Asas tgminas e fmeas; a asa ou pteros e as asas so
espcies braqupteras
posteriores anterior uma fmeas pteras membranosas
e pteras
membranosas, tgmina curta e e com nervao
dobradas em cobrindo apenas reduzida
leque sob as a base da asa
primeiras posterior, reduzida
ou ausente
Pernas posteriores
em geral saltatoriais;
Pernas Cursoriais curtas pernas anteriores Cursoriais Cursoriais Cursoriais
fossoriais nas
paquinhas
Modificados em
Cercos No-segmentados Curtos Curtos Curtos
fortes pinas
Tipo de
Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos
metamorfose
Vrias adaptaes
vida dentro de
Corpo galerias (cabea
semelhante a prognata, corpo
Outras galhos, gravetos longo, asas
caractersticas ou folhas, por ausentes ou
isso chamados rudimentares,
bichos-pau locomoo
reversa eficiente,
cercos tteis etc.)
So noturnos, Terrestres e
vivem em locais gregrios;
midos e se formam
alimentam de Vivem nas Vivem em verdadeiras
matria animal e folhagens galerias de seda colnias sob
Ninfas e adultos
vegetal, viva ou e caules de construdas por cascas de
exploram os mesmos
morta; os cercos rvores, estrato eles; a seda rvores, folhas
nichos e vivem sob as
Hbitos so utilizados herbceo ou secretada secas, paus
mesmas condies;
para captura serrapilheira; por glndulas podres, ninhos
veja comentrios a
da presa, algumas localizadas no de cupins etc.
seguir
para ataque, espcies atacam tarso da perna Os alados se
defesa e para eucaliptos anterior assemelham a
arrumar as asas pequenos cupins
membranosas alados e tambm
sob as tgminas so fungvoros
CEDERJ 187
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Ordem Plecoptera
(do grego, pleco = entrelaado, pregueado + ptera = asa), plecpteros
(Figura 23.4.a).
Ordem Mantodea
(do grego, mantis = profeta + oides = com forma de, semelhante a),
mantdeos, louva-a-deus (Figura 23.4.d).
Ordem Grylloblattodea
(nome alusivo combinao de caracteres de ortopterides e blatides),
griloblatdeos (Figura 23.4.e).
Ordem Dermaptera
(do grego, derma = pele + ptera = asa), dermpteros, lacrainhas
(Figura 23.5.a).
Ordem Phasmatodea
(do grego, phasma = aparncia, imitao + oides = semelhante),
fasmatdeos, fasmdeos, bichos-pau (Figura 23.5.c).
Ordem Embioptera
(do grego, embio = vivaz + ptera = asa), embipteros (Figura 23.5.d).
Ordem Zoraptera
(do grego, zor = puro + ptera = asa), zorpteros (Figura 23.5.e).
Ordem Blattaria
(do latim, blatta = barata + aria = conjunto), baratas (Figura 23.4.b).
OOTECA
As baratas so insetos hemimetbolos com ninfas terrestres, e seus
Espcie de estojo
secretado por certos ovos so depositados dentro de uma O O T E C A secretada pela fmea.
insetos, como blatrios
A maioria das baratas noturna, escondendo-se durante o
e mantdeos, e que
abriga um agregado dia em fendas, madeira, sob folhas, troncos, pedras etc. As baratas
de ovos. Quando
exposta ao ar, por possuem glndulas cutneas que produzem cheiro forte, repugnante e
ocasio da oviposio,
tal secreo torna-se
caracterstico.
escura e endurece.
188 CEDERJ
23 MDULO 3
No se conhece o hbito alimentar de muitas espcies silvestres,
AULA
porm as domsticas se alimentam de toda a sorte de matria orgnica. As
espcies domsticas foram introduzidas em vrias partes do mundo e so
pragas em habitaes, mercados, armazns etc. Nenhuma dessas espcies
conhecida como vetor de alguma doena especfica, mas como vivem em
ambientes sujos e contaminados, como os esgotos, podem ser portadoras de
organismos patognicos e contaminar o alimento humano, nas residncias e
em hospitais. As espcies que vivem em madeira se alimentam exclusivamente
de celulose, apresentam um esboo de vida social e o alimento digerido
custa de protozorios simbiontes, talvez as mesmas espcies que vivem em
cupins. Com base neste fato, alguns pesquisadores levantam a hiptese de
um relacionamento prximo entre Blattaria e Isoptera.
a c
Operrio e
Cerco
Rainha
Soldado
Figura 23.4: Ordens Plecoptera (a); Blattaria (b); Isoptera (c); Mantodea (d) e Grylloblattodea (e).
CEDERJ 189
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Ordem Isoptera
(do grego, isos = igual + ptera = asa), cupins, trmites (Figura 23.4.c).
190 CEDERJ
23 MDULO 3
So insetos solitrios ou GREGRIOS. Existem algumas espcies
GREGRIO
AULA
que se alimentam de razes, lodo ou lama, outras so onvoras e outras
Que vive em bando.
poucas so predadoras de outros insetos, porm a maioria fitfaga
ou herbvora, comendo folhagens e plantas superiores, e tm grande
importncia econmica por causa, principalmente, do grande nmero
de gafanhotos, que so pragas agrcolas.
Ordem Mantophasmatodea
(nome alusivo semelhana superficial com ambos, mantdeos e fasmdeos).
a c
d e
Figura 23.5: Ordens Dermaptera (a); Orthoptera (b); Phasmatodea (c); Embioptera (d) e Zoraptera (e).
CEDERJ 191
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Quadro 23.5: Caractersticas de quatro ordens de insetos nepteros, considerados como hemipterides.
Membranosas que se
Ausentes ou dois Dois pares
ajustam em telhado
pares de asas de asas, as
quando em repouso,
Secundariamente curtas, estreitas, anteriores como
Asas asas anteriores maiores
ausentes com nervao hemilitros
e de nervao simples,
reduzida e com ou ambas so
freqentemente
franjas marginais membranosas
braqupteros ou pteros
Sugador;
mandbulas e
Sugador-raspador maxilas como
Sugador ou
Aparelho (mandbula estiletes que
Mastigador mastigador, mas
bucal direita ausente ou ficam abrigados
perfurante
reduzida) em um lbio na
forma de um
estojo ou rostro
Cursoriais com
Pernas Cursoriais tarsos adaptados Cursoriais Cursoriais
para agarrar
Tipo de
Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos Hemimetbolos
metamorfose
Corpo
Outras Glndulas de seda
dorsalmente
caractersticas labiais presentes
achatado
Fitfagos;
alimentam-se das
Vivem em folhagens,
partes macias da
cascas de rvores,
planta, brotos jovens,
serrapilheira, sob
Ectoparasitos botes florais, Ninfas e adultos
pedras, paredes,
de aves e frutos maduros etc., exploram os
em habitaes,
mamferos, que produzindo necroses mesmos nichos
em produtos
permanecem nos tecidos; quando e vivem sob
Hbitos estocados etc.
a vida toda no atacam folhas novas, as mesmas
Grandes populaes
hospedeiro; veja estas se enrolam, condies; veja
podem causar
comentrios a interferindo no comentrios a
danos a produtos
seguir crescimento da seguir
armazenados, a
planta, e quando a
colees de insetos e a
infestao intensa,
livros mal conservados
as partes atacadas
secam e caem
192 CEDERJ
23 MDULO 3
Ordem Psocoptera
AULA
(= Corrodentia ou Psocidae) (do grego, psoco = triturar + ptera = asa,
referindo-se ao hbito de roer), psocpteros, corrodentes (Figura 23.6.a).
Ordem Thysanoptera
(do grego, thysano = franja + ptera = asa), tisanpteros, trips (Figura 23.6.e).
Ordem Phthiraptera
(do grego, phthiro = piolho + aptera = sem asa), piolhos (Figuras 23.6.b, c, d).
Ordem Hemiptera
(do grego, hemi = meio, metade + ptera = asa), percevejos, cigarras,
cigarrinhas, cochonilhas, pulges etc. (Figuras 23.6.f, g, h, i, j, l)
CEDERJ 193
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
194 CEDERJ
23 MDULO 3
Muitos Sternorrhyncha so protegidos por secrees de cera,
AULA
formando uma camada de p, filamentos ou lminas, ou ainda por uma
capa na forma de escama que protege todo o corpo. As cochonilhas
eliminam um lquido aucarado pelo nus, composto principalmente
do excesso de seiva sugada, e vivem associadas s formigas que se
alimentam desse lquido e, em troca, as protegem.
a b d e
g
f
i j l
h
Cornculas
Figura 23.6: Ordens de insetos Paraneoptera: Psocoptera (a); Phthiraptera, Mallophaga (b); ovos de Anoplura ou lndeas
(c); Phthiraptera, Anoplura (d); Thysanoptera (e); Hemiptera, Heteroptera (f) (g) (h); Hemiptera, Auchenorrhyncha (i) (j);
Hemiptera, Sternorrhyncha (l).
CEDERJ 195
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Presentes, com
Presentes nos
Antenas formas bastante Longas Longas Longas
machos
variveis
Ausentes
nas fmeas;
machos com Asas anteriores
Dois pares de Dois pares de Dois pares de
asas anteriores modificadas
asas similares asas similares asas similares
Asas muito reduzidas em litros, asas
com muitas com muitas com muitas
e coriceas; e posteriores
nervuras nervuras nervuras
as posteriores membranosas
membranosas e
funcionais
Aparelho Mastigador
Mastigador Mastigador Mastigador Mastigador
bucal reduzido
Tipo de
Holometbolos Holometbolos Holometbolos Holometbolos Holometbolos
metamorfose
Larvas
aquticas com
mandbulas Larvas
desenvolvidas, apresentam
Outras Fmeas so
pernas Protrax alongado peas bucais
caractersticas larviformes
funcionais preensoras-
e brnquias sugadoras
abdominais
laterais
Vivem em
variados
hbitats,
Os adultos
dependendo
so terrestres
Endoparasitos Os adultos so das larvas;
e vivem na
de Hemiptera e predadores, mas muitas larvas
vegetao
Hymenoptera; s conseguem so aquticas
Bastante marginal de
machos so capturar presas ou semi-
variados; veja riachos; as
Hbitos de vida livre pequenas; aquticas,
comentrios a larvas so
quando adultos as larvas se outras ocorrem
seguir predadoras de
e as fmeas so alimentam de na serrapilheira
outros animais
parasitas durante pequenos insetos ou em casca
de rios, como
toda sua vida do solo de rvores, se
insetos, peixes
camuflando
e crustceos
com
fragmentos
diversos
196 CEDERJ
23 MDULO 3
AULA
Mecoptera Siphonaptera Diptera Trichoptera Lepidoptera Hymenoptera
Presentes e
Antenas Longas Curtas Presentes Presentes Longas
variveis
Vestigiais ou
ausentes ou, Anteriores Dois pares Dois pares Dois pares
se presentes, presentes, de asas de asas de asas
Secundariamente
Asas so dois pares posteriores membranosas, membranosas membranosas,
ausentes
similares e modificadas a anterior cobertas com com nervao
com muitas em halteres maior escamas reduzida
nervuras
Sugador ou
lambedor, Mastigador Sugador
Aparelho algumas vezes modificado modificado Mastigador
Mastigador Sugador-picador
bucal adaptado para absorver em ou sugador
tambm para fluidos espirotromba
perfurar
Longas e
Pernas Cursoriais modificadas Cursoriais Cursoriais Cursoriais Cursoriais
para o salto
Tipo de
Holometbolos Holometbolos Holometbolos Holometbolos Holometbolos Holometbolos
metamorfose
1o segmento
Corpo do abdome
Corpo Corpo coberto
lateralmente Larvas sem estreitamente
delicado, de escamas
comprimido; pernas associado
coberto por que apresen-
larva poda e verdadeiras, ao trax e,
Cabea plos ou tam grande
vermiforme, com pupa livre geralmente,
Outras projetada escamas; diversidade
aparelho bucal ou encerrada com uma
caractersticas formando um larvas de cores e
mastigador, dentro de constrio bem
rostro aquticas com padres;
geralmente um puprio demarcada
um par de larvas com
vivendo nos (cutcula da entre os
falsas pernas falsas pernas
ninhos ou abrigos ltima larva) segmentos
terminais abdominais
dos hospedeiros abdominais
1e2
Adultos voam
Vivem em prximo
vegetao a cursos
densa; as dgua; larvas
larvas so aquticas,
saprfagas que preferem
e os adultos guas rpidas
ocorrem e bem
em regies Ectoparasitas oxigenadas
Bastante Bastante
midas, de mamferos e constrem Fitfagos; veja
variados; veja variados; veja
Hbitos pendurados e aves; veja casas comentrios a
comentrios a comentrios a
na vegetao comentrios a portteis, seguir
seguir seguir
prxima a seguir usando fios de
cursos dgua; seda secretada
os machos so pela glndula
predadores de labial e
outros insetos materiais
e as fmeas diversos (gros
no capturam de areia,
presas vivas gravetos,
folhas etc.).
CEDERJ 197
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Ordem Strepsiptera
(do grego, strepsis = torcida, virada + ptera = asa), estrepspteros
(Figura 23.7.a, b).
Ordem Megaloptera
(do grego, megalo = grande + ptera = asa), megalpteros (Figura 23.8.a).
Ordem Raphidioptera
(do grego, raphis = agulha + ptera = asa), rafidipteros (Figura 23.8.b).
Ordem Neuroptera
(do grego, neuron = nervo, fibra, nervura + ptera = asa), neurpteros
(Figura 23.8.c).
Ordem Mecoptera
(do grego, mekos = tamanho, extenso + ptera = asa), mecpteros,
panorpdeos (Figura 23.9.a).
Ordem Trichoptera
(do grego, trichos = plos + ptera = asa), tricpteros (Figura 23.10.a).
a b
Boca
Cefalotrax
Abdome
c e
litro
198 CEDERJ
23 MDULO 3
Ordem Coleoptera
AULA
(do grego, koleos = estojo + ptera = asa), besouros, joaninhas, vaga-lumes
etc. (Figuras 23.7.c, d, e, f).
CEDERJ 199
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Ordem Siphonaptera
(do grego, siphon = tubo + aptera = sem asa), pulgas, bichos-de-p
(Figura 23.9.b).
200 CEDERJ
23 MDULO 3
Pulgas podem tornar-se pragas domsticas srias, uma vez que
AULA
algumas pessoas se tornam sensveis s suas picadas, mas elas possuem
importncia maior para a sade pblica j que so importantes
transmissores de doenas, como por exemplo, a transmisso da peste
bubnica de ratos para o homem ou o tifo murino de roedores para o
homem. Podem ser hospedeiras intermedirias de vermes cestdeos do co
e de roedores, ou ainda de filrias, ocasionalmente infectando crianas.
O bicho-de-p Tunga penetrans, comum em zonas rurais, mais
ou menos permanente na fase adulta. Machos e fmeas se alimentam
normalmente no corpo de mamferos. Aps a fecundao, a fmea penetra
na pele do homem ou de outros animais, geralmente nos ps, nutrindo-se
dos tecidos circundantes e crescendo devido ao desenvolvimento dos
ovos, que so descarregados para o exterior. Geralmente, o corpo da
fmea expelido pelos tecidos do hospedeiro, mas se o abcesso no for
tratado, pode evoluir para ttano ou gangrena.
c d
e f
CEDERJ 201
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
Ordem Diptera
(do grego, di = dois + ptera = asa), moscas, mosquitos (Figuras 23.9.c, d, f, g).
202 CEDERJ
23 MDULO 3
Muitas espcies de dpteros so pragas de plantas cultivadas,
AULA
atacando os frutos, as folhas, os troncos ou os galhos. Porm, a maioria das
espcies de moscas e mosquitos benfica, quanto ao seu papel de agente
polinizador ou como predadores ou parasitos de outros insetos-praga.
Ordem Lepidoptera
(do grego, lepidos = escama + ptera = asa), borboletas, mariposas
(Figuras 23.10.b, c).
Ordem Hymenoptera
(do grego, hymen = membrana + ptera= asa), abelhas, vespas, formigas
etc. (Figuras 23.10.d, e, f, g).
CEDERJ 203
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
204 CEDERJ
23 MDULO 3
a b
AULA
c
f g
CEDERJ 205
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
206 CEDERJ
23 MDULO 3
Os hemipterides ou Paraneoptera (Psocoptera, Phthiraptera,
AULA
Thysanoptera e Hemiptera) tm sido considerados como formadores de
um grupo monofiltico pela maioria dos pesquisadores. So insetos com
peas bucais especializadas, em geral sugadoras, e as formas aladas tm
as asas anteriores ou parte delas esclerosada, formando uma tgmina
ou hemilitro.
Um passo seguinte na evoluo dos Neoptera foi o surgimento de
uma fase de repouso prolongado, a pupa, distinguindo as ordens que tm
sido reunidas no txon denominado Endopterygota ou Holometabola.
Esse grupo rene insetos com larvas de formas e hbitos diferentes dos
adultos, a maior parte da metamorfose ocorre durante o nstar pupal,
no qual os rudimentos de asas, primitivamente internas, se evertem para
a superfcie do corpo. A evoluo de um estgio pupal permitiu que
larvas e adultos se diversificassem independentemente, e isso parece ter
promovido o sucesso do grupo, tanto que mais de 80% dos Hexapoda
so endopterigotos.
Segundo Mackerras (1970), os Endopterygota devem ser divididos
em trs linhagens: neuropteride, panorpide e himenopteride. Porm,
na classificao proposta por Kristensen (1991), que basicamente a
de Hennig, os Endopterygota viventes foram classificados em um
grupo neurptero-coleopteride, com Coleoptera como grupo-irmo
de Neuropterida (Rhaphidioptera + Megaloptera + Neuroptera) e em
outro himenptero-mecopteride com Hymenoptera grupo-irmo de
Mecopterida (Mecoptera + Siphonaptera + Diptera + Trichoptera +
Lepidoptera). As hipteses de Hennig e Kristensen tm sido as mais
aceitas pelos pesquisadores modernos, embora muitos ressaltem que
ambos os grupos ainda mantero monofiletismo duvidoso, enquanto as
afinidades dos Strepsiptera permaneam enigmticas.
CEDERJ 207
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Filo Arthropoda Hexapoda III
RESUMO
Nesta aula, continuamos o estudo dos Hexapoda, apresentando uma sinopse das
ordens de insetos com as principais caractersticas morfolgicas, reprodutivas e/ou
comportamentais de cada uma delas. Alm disso, tambm discutimos brevemente
as relaes filogenticas entre as ordens de insetos nepteros. Vimos que dentre
os insetos alados podemos reconhecer dois grupos, os Palaeoptera e os Neoptera.
Nesse ltimo, so reconhecidas 26 ordens e, dentre elas, aquelas que apresentam
desenvolvimento holometablico, isto , os Endopterygota formam o grupo
monofiltico mais bem estabelecido e mais numeroso dentre os insetos.
EXERCCIOS
AUTO-AVALIAO
Voc estar pronto para a prxima aula se tiver compreendido os seguintes aspectos
abordados aqui: (1) as caractersticas bsicas que distinguem as principais ordens
de insetos e (2) as relaes de parentesco entre os principais grupos de insetos.
Se voc compreendeu bem esses tpicos e respondeu corretamente s questes
propostas nos exerccios, voc certamente est preparado para iniciar a Aula 24.
208 CEDERJ
Aula prtica 2:
24
AULA
morfologia externa
dos insetos
objetivos
Pr-requisitos
Aulas 17 a 23, especialmente as quatro ltimas.
Disciplina Introduo Zoologia.
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 2: morfologia externa dos insetos
INTRODUO Nas aulas anteriores (Aulas 20 a 23), voc estudou vrios aspectos da arquitetura
corporal e fisiologia dos insetos. Nesta aula, voc conhecer dois representantes
comuns da classe Insecta: um gafanhoto (ordem Orthoptera) e uma mosca
domstica (ordem Diptera).
Certamente, voc se surpreender com tantos detalhes morfolgicos que
nunca chamaram a sua ateno, apesar de serem insetos muito familiares.
Alm disso, voc perceber que esses dois animais possuem muitas diferenas
morfolgicas.
Inicialmente, voc observar o aspecto externo do corpo de um gafanhoto e
de uma mosca. Depois, analisar, em cada um deles, a anatomia da cabea,
far relaes entre as estruturas bucais e os hbitos alimentares e, por fim,
identificar algumas caractersticas e diferenas entre suas pernas e asas.
Voc necessitar das informaes apresentadas nas Aulas 20, 21, 22 e 23, pois
elas sero teis para identificar as estruturas e interpretar as suas funes.
!
Observaes e recomendaes
1. Voc ser assistido por um tutor, que conduzir a aula e orientar as
observaes e procedimentos.
2. Procure seguir exatamente as etapas propostas pelo tutor. No se adiante,
nem se atrase.
3. Tome cuidado com os instrumentos cortantes e perfurantes.
4. Comunique, imediatamente, qualquer imprevisto que ocorra.
MATERIAL
Lupa
Placa de Petri
Pinas de pontas finas
Um exemplar de gafanhoto (morto)
Um exemplar de mosca domstica (morta)
Agulhas
Pincel
Bloco de papel
210 CEDERJ
24 MDULO 3
MORFOLOGIA EXTERNA GERAL DE UM GAFANHOTO
AULA
Procedimento
Antenas
Asa anterior
Mesotrax Asa posterior
Metatrax
Protrax
Olho
Ocelos 3
2 Cerco
1
11
Gena
Fronte 10
Ovipositor
Palpos
Clpeo 4 5 6 7 8
Labro
Tbia
Coxa Tmpano
Mandbula Lbio Fmur Espirculos
Trocnter
Maxla Fmur
Tbia
Tarso Tarso
CEDERJ 211
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 2: morfologia externa dos insetos
Metatrax
a
oc ocp t
sp
ov
sp
(a) = antena; (cx) = coxa;
sp
cx (f1) = fmur do primeiro
f1 par de pernas; (f2) = fmur
tr f2 do segundo par de pernas;
f3 (f3) = fmur do terceiro par
de pernas; (g) = garra; (oc) =
ocelo; (ocp) = olho composto;
tb (ov) = ovipositor; (sp) =
espirculo; (t) = tmpano;
g ts
(tb) = tbia; (tr) = trocnter;
(ts) = artculos do tarso.
212 CEDERJ
24 MDULO 3
MORFOLOGIA EXTERNA DA CABEA DE UM GAFANHOTO
AULA
Procedimento
Antena
a
Fronte
Clpeo
Labro
Palpo labial
Palpo maxilar
Palpo labial
Maxila
Labro
Palpo maxilar
Mandbula
Figura 24.3: Morfologia da cabea de um gafanhoto: (a) em vista frontal; (b) em vista lateral; (c) detalhes
ampliados das partes do aparelho bucal.
CEDERJ 213
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 2: morfologia externa dos insetos
Procedimento
214 CEDERJ
24 MDULO 3
6) Classifique os pares de pernas como marchadores ou saltadores.
AULA
Justifique sua resposta com base na morfologia das pernas.
Procedimento
Coloque uma mosca sobre uma placa de Petri e observe-a sob a lupa.
Note que o corpo da mosca tambm pode ser divido em cabea, trax e
abdome, como o do gafanhoto (Figura 24.4). Entretanto, o aspecto geral
do corpo da mosca diferente daquele observado no gafanhoto.
Tbia
Pulvilos
CEDERJ 215
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 2: morfologia externa dos insetos
Procedimento
Olho composto
Antena
Clpeo
Figura 24.5: Morfologia da cabea Palpo maxilar
da mosca domstica, mostrando
detalhes do aparelho bucal Hipofaringe Probscide
sugador-labial, em vista frontal. Labro-epifaringe
Labelo
216 CEDERJ
24 MDULO 3
7) Que caractersticas morfolgicas indicam que este aparelho
AULA
bucal , essencialmente, sugador-labial? Justifique.
Procedimento
CEDERJ 217
Diversidade Biolgica dos Protostomados | Aula prtica 2: morfologia externa dos insetos
RESUMO
AUTO-AVALIAO
Se voc foi capaz de identificar as principais caractersticas dos insetos vistas nos
espcimes examinados nesta aula, correlacion-las com as informaes fornecidas
nas aulas anteriores, reconhecer as diferenas morfolgicas entre o gafanhoto e
a mosca domstica e relacionar a morfologia de cada um deles com seus hbitos
de vida, voc est apto para seguir para a prxima aula.
218 CEDERJ
Diversidade Biolgica dos Protostomados
Gabarito
Aula 14
220 CEDERJ
5. O lquido celmico que entra no metanefrdio ainda no foi filtrado, portanto,
ainda possui sais, aminocidos e gua, que sero seletivamente absorvidos medida
que passarem pelo funil ciliado (bexiga). Nesse ponto, tambm ocorre a secreo
ativa de restos metablicos (excretas) para dentro do metanefrdio. Dessa forma,
o lquido que sai do metanefrdio (a urina) pelo nefridiporo bastante diferente
daquele que entrou, pois formado essencialmente por excretas.
Aula 15
4. Seu corpo adere em determinados pontos do papel mido, onde ocorre o apoio
(ancoramento) do animal, necessrio para que ocorra o seu deslocamento.
CEDERJ 221
Aula 16
3. O clitelo uma regio secretora que produz muco para manter os dois parceiros
unidos durante a cpula, produz um tubo mucoso e protico que formar o casulo e
albumina para nutrir os embries dentro do casulo, que recebe os vulos e o esperma,
sendo o local onde ocorre a fecundao e onde os embries se desenvolvero.
222 CEDERJ
6.
Extremidade
Prostmio Prostmio Lobo ceflico Probscide Introverte
anterior
Pigmento Hemoglobina e
Hemoglobina Hemoglobina Hemoglobina Hemeretrina
respiratrio hemeretrina
Presente em Presente em
Apenas em
todo o corpo e todo o corpo e Presente no
Metamerismo uma fase do Nenhum
durante toda a durante toda opistossoma
desenvolvimento
vida a vida
Formao do Enterocelia/
Esquizocelia Esquizocelia Esquizocelia Esquizocelia
celoma Esquizocelia
Trocfora e
Forma larvar Trocfora Trocfora Trocfora Trocfora
pelagosfera
CEDERJ 223
Aula 17
224 CEDERJ
4. Uma das caractersticas mais curiosas dos tardgrados terrestres a sua capacidade
de entrar em um estado de animao suspensa, chamado criptobiose, durante o qual
o metabolismo praticamente imperceptvel. A quantidade de gua do corpo do
animal diminui fortemente durante a criptobiose, caindo de 85% para apenas 3%.
Nessa situao, os tardgrados podem resistir dessecao do ambiente, a extremos de
temperatura, radiao ionizante e deficincia de oxignio, alm de outras situaes
adversas. Os tardgrados podem permanecer por vrios anos em criptobiose.
Aula 18
1. No corpo dos trilobitas, podem ser distinguidas trs partes (tagmas): a cabea,
o trax e o pigdio. Dois sulcos longitudinais dividiam a parte dorsal do corpo, que
era muito mais rgida que a ventral, em trs lobos. A cabea, apesar de ser uma pea
nica, possua sinais de segmentao (cinco ou seis somitos fusionados recobertos
por uma slida carapaa dorsal) e continha um par de antenas e olhos compostos,
a boca, o labro e quatro ou cinco pares de apndices birramados. O trax possua
um nmero varivel de somitos ou segmentos. Na parte mais posterior (o pigdio),
os somitos estavam fundidos em uma pea nica e um telso ps-segmentar estava
presente. Cada somito do trax possua um par de apndices birramados. O pigdio
tambm apresentava um nmero varivel de apndices birramados.
CEDERJ 225
2. Os queliceriformes podem ser distinguidos de outros grupos de Arthropoda por
apresentarem o corpo dividido em duas regies (tagmas), o prossoma e o opistossoma
(que pode possuir ainda um telso terminal). O opistossoma, em alguns grupos, pode
ser divido em duas regies: o mesossoma e o metassoma. Ao contrrio do que ocorre
na maioria dos artrpodes, no possvel delimitar uma cabea nos queliceriformes.
Alm disso, seus representantes no possuem antenas desenvolvidas, embora haja
apndices em todos os seis segmentos do prossoma. O primeiro par de apndices
chamado quelceras e o segundo pedipalpos. Os outros quatro pares restantes so
os apndices locomotores. As quelceras e os pedipalpos so especializados em vrios
grupos e exercem diferentes funes ao longo da vida dos queliceriformes, como
alimentao, defesa, locomoo, cpula etc.
Aula 19
226 CEDERJ
A segunda regio do corpo um tronco que apresenta dois pares de processos laterais
dos quais nascem os segundo e terceiro pares de pernas. O quarto e ltimo par de
pernas se localiza na pequena regio posterior do corpo, na qual existe um pequeno
tubrculo dorsal, provavelmente representando o opistossoma ou abdome vestigial,
porm pode haver mais de quatro pares de pernas. Os gonporos so mltiplos e se
localizam em algumas ou em todas as pernas.
CEDERJ 227
Aula 20
1.
b) Afirmao falsa. O termo forcpula est associado aos Chilopoda para denominar
sua garra de veneno, uma modificao dos apndices do primeiro segmento
do tronco, enquanto gnatoquilrio o termo referente estrutura formada
pela fuso das maxilas nos Diplopoda.
228 CEDERJ
5. A hiptese que tem sido mais aceita at o momento sugere que Diplopoda
e Pauropoda formam o grupo-irmo dos Chilopoda e Symphyla. O grupo Diplopoda +
Pauropoda se forma com base nas seguintes sinapomorfias: presena de gnatoquilrio,
tendncia a diplossegmentos, segunda maxila perdida e primeiro segmento do tronco
formando um colo. O segundo grupo (Chilopoda + Symphyla) baseia-se na presena
de garra de veneno e tendncia coalescncia (fuso) mediana das maxilas.
Aula 21
2. litros asas anteriores bem endurecidas formando um estojo protetor para parte
do corpo e para as asas posteriores, que so funcionais e membranosas (em besouros,
ordem Coleoptera); hemilitros asas anteriores endurecidas apenas parcialmente, com
a poro distal membranosa e com veias aparentes (em percevejos, ordem Hemiptera);
tgminas asas anteriores mais ou menos coriceas, fornecendo proteo ao par
posterior (em gafanhotos, ordem Orthoptera, em baratas, ordem Blattaria etc.).
CEDERJ 229
Aula 22
1. O controle assincrnico faz as asas baterem mais rapidamente por ser um sistema
mais eficiente que o sincrnico, pois nele no necessrio que haja um impulso nervoso
para estimular cada contrao muscular, sendo necessrios apenas impulsos ocasionais
para manuteno do mecanismo. Nesse controle, a contrao de um grupo de msculos
causa a distenso do grupo antagnico, que por sua vez inverter a ao do primeiro
grupo, e assim sucessivamente.
230 CEDERJ
O controle da diferenciao dessas castas tem sido alvo de muita investigao e est
longe de ser totalmente elucidado, mas h fortes evidncias de que existam interaes
complexas de feromnios envolvidas, mas que tambm controles nutricional e
sensorial devam atuar nessa diferenciao.
Aula 23
CEDERJ 231
2. Os Palaeoptera so os insetos alados mais primitivos, apresentando ninfas aquticas
(niades) e adultos com asas articuladas com o trax de tal forma que so incapazes de se
dobrar sobre o corpo, ou seja, as asas se movimentam apenas para cima e para baixo.
As efemridas (Ephemeroptera) so insetos que apresentam peas bucais mastigadoras
nas niades e vestigiais nos adultos, dois pares de asas membranosas com muitas
nervuras, asa anterior bem maior que a posterior e abdome terminando em dois
ou trs apndices caudais, enquanto as liblulas (Odonata) apresentam peas bucais
mastigadoras nos adultos, e niades com lbio prensil (mscara) para agarrar a presa,
dois pares de asas membranosas semelhantes com muitas nervuras, abdome com cercos
pequenos e macho com uma complexa genitlia acessria no esternito abdominal 2.
Aula 24
1. Observando atentamente a Figura 24.2, fcil notar que cada parte do trax
possui um par de pernas. Assim, os limites de cada parte do trax correspondem
queles do segmento que contm o seu par de pernas.
232 CEDERJ
4. O aparelho bucal do gafanhoto tipicamente mastigador, pois possui mandbulas
muito desenvolvidas, com dentes em suas bordas (Figura 24.3). As mandbulas so
movidas por poderosos msculos, que realizam sua movimentao lateral, o que
permite a triturao de alimentos slidos.
CEDERJ 233
Diversidade Biolgica dos Protostomados
Referncias
Aula 14
HOUSEMANN, J. Digital zoology. CD-ROM and Student Book version 1.0. Boston:
McGraw-Hill, 2002. 162 p.
Aula 15
Aula 16
236 CEDERJ
Aula 17
Aula 18
Aula 19
CEDERJ 237
Aula 20
Aula 21
Aula 22
238 CEDERJ
PECHENICK, J. A. Biology of the invertebrates. 4.ed. Boston: McGraw-Hill,
2000. 578 p.
Aula 23
Aula 24
CEDERJ 239
I SBN 85 - 7648 - 002 - 6
9 788576 480020