Manual de Práticas para Pecuária Sustentável Completo
Manual de Práticas para Pecuária Sustentável Completo
Manual de Práticas para Pecuária Sustentável Completo
10.1. Os Bebedouros............................................................................. 36
10.2. Cocho Para Suplementao..................................................... 36
10.3. Conforto Trmico......................................................................... 38
11. Concluso............................................................................................. 39
1. Introduo...................................................................................... 18
2. Boas Prticas De Manejo Nos Processos Da Fazenda......... 20 1. Introduo.................................................................................................41
3. Evite construir estruturas com curvas ou cantos com ngulos fechados, sempre que possvel use
5. Descrio das etapas: descrever detalhadamente (pode ser em tpicos) o passo a passo do
formas arredondadas, que suavizam as curvas e os cantos.
procedimento, como tambm qual o colaborador responsvel por cada passo, e/ou o responsvel
geral; 4. Construa o curral em local de fcil acesso, sobre terreno com boa drenagem e com declividade que
facilite o escoamento de gua, sem risco de causar eroso. Evite terrenos com afloramentos rochosos.
6. Gestor do POP: Ao final do POP colocar o nome de quem o definiu, assim caso haja sugestes, os
colaboradores sabem com quem discutir;
5. Dimensione o curral de acordo com as necessidades de manejos, no utilize as estruturas do curral
para manter os bovinos presos.
7. Responsvel: deve haver em todos os POP o nome do colaborador da fazenda que ser o responsvel 6. Construa piquetes no entorno do curral, que devem ter boa disponibilidade de forragem, gua de boa
pelo mesmo. relevante que haja responsveis pelos procedimentos dentro de uma fazenda para que qualidade, cochos para fornecimento de suplementos e sombra.
o colaborador saiba claramente quais suas responsabilidades, como tambm para que seja elogiado
caso um procedimento esteja sendo realizado com sucesso, ou para que seja melhor capacitado caso 7. Faa uso alternado dos piquetes, evitando a degradao das pastagens.
o procedimento esteja com falhas. 8. As dimenses das estruturas do curral devem ser feitas considerando os animais de maior tamanho
presentes na fazenda.
O POP deve ser elaborado pelos prprios colaboradores da fazenda, a fim de ser um protocolo revisado
e aceito por todos, sendo a opinio dos vaqueiros muito importante nesta construo. A ideia que os
9. Defina os materiais que sero utilizados na construo do curral tendo em conta a suas disponibilidades,
custos e resistncias. Priorize o uso de materiais de boa qualidade para reduzir os custos com
procedimentos sejam descritos na poca que esto acontecendo, ou seja, fazer um POP para vacinao na
manuteno e reformas.
poca da mesma e que eles possam ser revisados e reescritos, conforme experincia da equipe.
O POP pode ser aplicado, por exemplo, em vrias fazendas diferentes (com funcionrios diferentes)
10. Evite a ocorrncia de quinas salientes e a exposio de pontas de parafusos, pregos, fios e de outros
objetos pontiagudos.
cujos colaboradores no se conheam e mesmo assim consigam executar a mesma tarefa de modo
semelhante, apenas seguindo as mesmas orientaes, no entanto, recomenda-se ateno para as 11. Os currais devem ter as seguintes estruturas: remangas, mangas, corredores, embutes, seringa,
particularidades de cada fazenda. tronco coletivo, tronco de conteno, apartadouros e embarcadouro.
A seguir iremos abordar, de maneira objetiva, alguns processos que acontecem dentro da fazenda, 12. As remangas servem para facilitar a conduo dos animais dentro do curral e para acomod-los
destacando a importncia e o passo a passo de cada um deles. enquanto esperam pelo final do manejo quando no houver piquetes em seu entorno.
14. As porteiras das remangas devem ser posicionadas nos cantos e devem abrir preferencialmente 26. O embarcadouro um corredor com uma rampa no final, que permite aos animais alcanarem o
para os dois lados. piso do compartimento de carga. Ele deve ter entre 80 e 90 cm de largura, dependendo do tamanho
mdio dos animais.
15. Com exceo das cercas das remangas, todas as cercas do curral devem ter, no mnimo, 1,8m de altura.
27. Quanto menor, a declividade da rampa de embarque, melhor; sendo recomendado no passar de 25.
16. As mangas servem para acomodar pequenos grupos de animais, seu nmero, formas e dimenses
devem ser definidos com base nos manejos a serem realizados. 28. Os projetos de curral devem contemplar a construo de banheiros e salas para o armazenamento
de materiais e de equipamentos.
17. Os corredores devem ter pelo menos 3,2 m de largura, evitando curvas fechadas e cantos vivos e
devem ser posicionados de forma a facilitar o manejo. 29. Instale calhas para captar a gua da chuva que cai sobre o telhado do curral, para minimizar a
formao de lama.
18. A parte final do corredor que faz a transio entre as mangas e a seringa pode ser usada como
embute. Para tanto posicione uma porteira a 6,0 m de distncia do incio da seringa, feche as laterais 30. Faa manutenes peridicas no piso do curral. Quando necessrio faa a reposio da terra nas
do corredor e instale uma passarela externa para que a conduo dos animais seja feita pelo lado de reas com buracos ou depresses.
fora. Estas devem ter pelo menos 80 cm de largura e devem ter guarda corpo (com 1,0 m de altura)
31. Considere a possibilidade de pavimentar o piso do curral. Evite usar pedras e paraleleppedos, que
em toda sua extenso.
aumentam os riscos de escorreges, quedas e de machucar os cascos dos animais.
19. O embute geralmente posicionado na entrada da seringa (ou em qualquer outro ponto estratgico
32. Antes de iniciar a reforma de um curral, identifique os pontos crticos e oriente a reforma com base
do curral) com a finalidade de realizar apartaes. Dimensione o embute com rea duas vezes maior
nesse levantamento de uma ou duas porteiras giratrias, facilitando a conduo dos bovinos.
que a da seringa.
20. A seringa serve para facilitar a entrada dos animais no tronco coletivo, podendo ter formatos
Figura 1. Exemplo de um curral com piquetes no entorno.
triangulares ou circulares. Prefira seringas circulares, elas evitam a formao de cantos e dispe de
uma ou duas porteiras giratrias, facilitando a conduo dos bovinos.
Para ter maior sucesso na construo
21. O tronco coletivo deve manter os animais enfileirados, evitando que se virem durante o manejo. A ou reforma de um curral, o mesmo
sua largura deve ser definida com base na maior categoria animal criada na fazenda, em rebanhos deve ser desenhado, exclusivamente
comerciais, geralmente usado 80 cm de largura. para aquela fazenda, atendendo as
necessidades e especificaes do
22. As paredes do tronco coletivo podem ser construdas a prumo (quando a base e topo tm a mesma
trabalho.
largura) ou inclinadas (quando a base mais estreita que o topo, dando a forma de V).
23. Troncos coletivos podem ser curtos, sendo projetados para caber apenas um (com 3,0 m de
comprimento) ou dois animais ao mesmo tempo (com 6,0 m de comprimento).
24. O tronco de conteno um equipamento usado para restringir os movimentos dos bovinos,
dispondo de estruturas que servem para imobilizar a cabea e o corpo do animal.
Fonte: Boas Prticas de Manejo Curral
Os cuidados no nascimento de um bezerro so cruciais dentro da fazenda, no somente em funo dos 11 - Pesar o bezerro quando este procedimento for empregado na fazenda.
investimentos realizados at aquele momento, mas tambm porque os recm-nascidos devem ter cuidados
especiais para se desenvolverem bem e alcanar timos resultados na produo. Nesta fase da vida o incio
12 - Observar se o bezerro ingeriu o colostro, para isso, observe se o vazio do bezerro no est
profundo, assim como se o bere da vaca est vazio. Em caso da no ingesto, auxilie-o a
da interao homem-animal, assim inicia-se o processo de aprendizagem dos bovinos, portanto um manejo
mamar. Anotar na caderneta as provveis causas, como: tetos e bere grandes, bezerro fraco,
ruim pode afetar o comportamento dos animais pelo resto de suas vidas. Assim, so necessrios seguir os
rejeio materna, entre outras causas. Estes animais devem receber auxlio at que consigam
seguintes passos:
mamar por conta prpria.
1 - Vistoriar o local da maternidade antes do incio das paries, tapar buracos e assegurar-se de que 13 - Manter a rotina de visitas dirias, ou com a maior frequncia possvel, para diagnosticar qualquer
cercas, cochos e bebedouros estejam em ordem. problema como bezerros fracos, abandonados, com diarreia, etc.
3 - Separar as vacas em final de gestao, levando-as aos pastos maternidade um ms antes da data
provvel do parto. O ideal que as novilhas sejam mantidas em um pasto separadas das demais
matrizes.
Fernanda Macitelli - Maneira adequada de segurar o umbigo e cur-lo
4 - Definir quem ser o responsvel pelo acompanhamento dos partos, o materneiro, como tambm
assegurar que a pessoa capacitada para desempenhar tal funo.
6. A IDENTIFICAO PASSO A PASSO
5 - Levar sempre uma caderneta para anotaes de campo, assim como lpis ou caneta. Alm de registrar
os nascimentos, anotar na caderneta qualquer evento ocorrido como frio, chuva, ataque de urubus,
troca de piquetes, etc. A identificao dos animais dentro da fazenda uma importante ferramenta de gesto, para controlar o
desenvolvimento de cada indivduo. O ideal que esse manejo seja realizado nos primeiros dias de vida do
6 - Visitar o pasto maternidade pelo menos duas vezes ao dia (pela manh e pela tarde), a fim de bezerro, mas sabe-se que muitas vezes os animais so adquiridos sem identificao, como tambm podem
vistoriar alm dos nascimentos normais, a possibilidade de ocorrncia de partos distcicos, rejeio ser inseridos no programa de rastreabilidade em idade mais avanada.
da cria e bezerro fraco, assim como acidentes tanto com as vacas como com os bezerros. Registrar e
comunicar todas as ocorrncias para que sejam tomadas as providncias necessrias. Ressalta-se que a identificao, principalmente a fogo, causa dor e desencadeia processos inflamatrios que
atrapalham temporariamente o desempenho dos animais, no entanto, seu uso necessrio, e at mesmo
7 - No manejar bezerros recm-nascidos, faz-lo de preferncia aps no mnimo 6 horas do nascimento, obrigatrio, como no caso da identificao da vacina de brucelose nas fmeas e o reconhecimento de
no entanto, quando for detectado algum problema, agir imediatamente. registro pelas associaes de criadores. Diante disso, recomenda-se que esse manejo seja realizado de forma
a minimizar o sofrimento dos animais e que sejam seguidos os seguintes passos:
8 - Conter o bezerro segurando-o pela virilha e pescoo. No o jogue no cho! Levante-o um pouco e
apoie-o na perna, fazendo-o escorregar at o solo.
1 - Defina previamente o tipo de identificao a ser utilizado, onde o trabalho ser realizado, quais
9 - No puxe o cordo e nem desperdice medicamento ao longo do mesmo, o correto segurar a pele animais sero identificados e quem ser o responsvel pelo trabalho. Defina tambm as funes de
em volta do cordo e despejar o medicamento na insero do cordo com a pele. cada integrante da equipe.
4 - Evite realizar esse manejo em dias de chuva. 2 - Em perodos de chuva e calor, recomenda-se furar a orelha do bezerro antes da aplicao do brinco,
o furo deve ser de 6 mm. Coloque o brinco apenas aps a cicatrizao do furo.
5 - Defina um ritmo de trabalho para assegurar que a identificao seja bem feita. No tenha pressa,
realize o trabalho com muita calma e ateno. 3 - O alicate aplicador deve ficar na posio vertical (em p), evite a posio horizontal (deitado).
6 - Com exceo dos bezerros recm-nascidos, todos os animais devem ser conduzidos ao curral para 4 - Antes da aplicao, recomenda-se aplicar sobre o pino que fixar o brinco na orelha, uma pasta
realizar a identificao; de preferncia, utilizando um tronco de conteno. S realize a identificao cicatrizante e repelente.
com o animal bem contido! 5 - Aplique o brinco na parte central da orelha e entre as duas nervuras principais.
7 - Conduza os animais para o curral com cuidado, sem correr nem gritar.
8 - Organize os nmeros (ou cdigos) e/ou marcas de identificao para facilitar sua utilizao. Evite 6.3. A MARCAO A FOGO
erros! Esteja certo de que o cdigo de identificao o correto antes de aplic-lo no animal.
Em locais de muita chuva, como o caso da Fazenda Retiro, em Paragominas/PA, o furo na orelha dos
6.1. A TATUAGEM bezerros feito ao nascimento, porm o brinco colocado aos 30 ou 60 dias, aproveitando algum manejo
das vacas no curral. Esse protocolo evita problemas de umidade excessiva no local de aplicao do brinco,
possveis miases e outros.
1 - Limpe bem o local da orelha onde ser aplicada a tatuagem.
2 - No tatue em cima das nervuras nem em reas com veias grossas e com muitos pelos.
3 - Passe a tinta no local que ser tatuado. A rea coberta pela tinta deve ser maior que a tatuagem.
4 - Use tinta preta para animais com a pele clara e verde para os de pele escura.
5 - Posicione o alicate tatuador no local correto. Pressione at furar a cartilagem da orelha.
Jaime Souza Projeto Pecurio Verde
6 - Retire o alicate tatuador com cuidado. Passe mais tinta sobre a tatuagem, esfregando suavemente.
13 - Quando a carga da seringa acabar, retire a agulha, coloque-a na vasilha com gua. Pegue uma agulha
A vacinao, alm de ser obrigatria por lei, tem a funo de prevenir ou erradicar doenas, garantir a sade
limpa (j seca e fria) e coloque-a na seringa. Abastea-a, e coloque-a na caixa trmica em posio
dos animais e diminuir prejuzos. Todos os animais devem ser vacinados no tronco de conteno, usando os
horizontal, sem que a agulha encoste no gelo. Pegue a seringa carregada que ficou em descanso na
equipamentos adequados, evitando assim acidentes, abscessos, contuses diminuindo o estresse.
caixa. Feche bem a tampa da caixa trmica. Esteja certo de que h gelo dentro dela, garantindo a
1 - Antes de comear a vacinao, deixe tudo preparado. Leve as vacinas para o curral dentro da caixa temperatura correta (at 8 C).
trmica, leve tambm os equipamentos necessrios para a vacinao e esterilizao das agulhas.
14 - Preste ateno na gua de esterilizao. Se estiver suja, troque-a e mantenha sempre o nvel correto
Ponha tudo sobre uma mesa em local seguro e protegido do sol (caso a vacinao dure o dia todo,
(no deixe ficar baixo, de tempo em tempo preciso colocar mais gua).
talvez seja preciso mudar o local da caixa no perodo da tarde). Prepare as seringas e agulhas e ponha
gua para ferver. Carregue duas seringas e coloque-as dentro da caixa trmica em posio horizontal, 15 - Ao final de um perodo de trabalho, ponha as agulhas em gua fervente por 15 minutos. Retire as
at que a vacinao tenha incio. agulhas esterilizadas da vasilha com gua fervente, colocando-as sobre papel absorvente limpo e
seco. Cubra com outra folha de papel.
2 - Rena os animais, levando-os ao brete ao passo, sem gritos e sem choques (repetir este procedimento
quando faltarem dois animais para entrar no tronco de conteno). 16 - Ao final do trabalho, faa o possvel para passar os animais novamente pela seringa, brete e tronco
de conteno.
3 - No encha o brete a ponto de apertar os animais, tampouco as mangas (os animais devem ocupar no
mximo metade do espao da manga). Fazenda Santa Maria Paragominas/PA: Vacinao de 3.200 animais em 9 dias, todos com conteno
individual. Diminuio de 80% de abcessos vacinais e reduo de perda de vacina, sendo que a ltima
4 - Quando estiver tudo pronto, conduza o primeiro animal ao tronco de conteno. Conduza um de campanha de vacinao terminou com 0% de acidentes.
cada vez e sempre ao passo.
5 - Antes de conter o animal com a pescoceira, feche a porteira da frente do tronco de conteno. Caso
for utilizar a vazieira no a aperte, apenas imobilize o animal.
8. O EMBARQUE PASSO A PASSO
6 - Feche as porteiras sem pancadas.
7 - Contenha o animal com a pescoceira, sem golpes e preferencialmente quando ele estiver parado. O embarque o ultimo manejo realizado dentro da fazenda, por isso deve ser tratado com cuidado e muita
responsabilidade pelo produtor. Quando no realizado de maneira correta pode levar a perdas significativas,
8 - Abra a porta (ou janela) imediatamente atrs da pescoceira (use o lado que for mais conveniente e como hematomas, machucados e at morte.
confortvel) para aplicar a vacina. Nunca enfie o brao por entre as travessas do tronco de conteno.
1 - Faa um bom planejamento de todas as atividades necessrias para o embarque.
9 - Aplique a vacina na tbua do pescoo do animal. Para aplicao subcutnea, posicione a seringa
na posio paralela ao pescoo, puxe o couro, introduza a agulha e aplique a vacina. Para vacina 2 - Certifique-se de que os documentos necessrios para o transporte esto em ordem.
intramuscular, mantenha a seringa na posio perpendicular ao pescoo, introduza a agulha e injete 3 - Planeje a chegada dos caminhes na propriedade de forma a evitar longas esperas pelos motoristas
a vacina. e pelos animais no curral.
10 - Aps a aplicao, feche a porta (ou janela), solte a pescoceira e, s ento, abra a porteira de sada. 4 - Assegure-se de que as estradas de acesso ao curral estejam em boas condies para o trnsito dos
11 - Solte o animal j vacinado e contenha o animal prximo. caminhes, caso contrrio providencie os reparos necessrios ou organize-se para dar apoio aos
motoristas nos trechos com problema.
19 - No deixe para identificar os animais (colocao de brincos) destinados ao abate, minutos antes de
realizar o embarque, evitando assim contuses e estresse desnecessrios. 9. TRANSPORTE PASSO A PASSO
20 - No misture animais de diferentes lotes ou categorias, evitando assim disputas, acidentes e estresse.
O transporte uma ao delicada, pois envolve responsabilidade da fazenda, dos motoristas e da recepo
21 - Verifique as condies dos caminhes (manuteno e limpeza). S proceda o embarque quando
de gado no frigorfico, ou em outra fazenda; assim todos os envolvidos devem ser capacitados e realiz-lo
tudo estiver em ordem.
de forma cuidadosa.
22 - Os vaqueiros so responsveis pela conduo e embarque dos animais.
1 - Tenha mo os planos de viagem e para situaes de emergncia.
18 - Evite paradas longas, principalmente nas horas mais quentes do dia e procure sempre estacionar
o veculo na sombra.
2 - localizao: analisar o local antes da instalao, principalmente quanto formao de lama, pensando
na poca de chuvas. Prefira o local do pasto que no tem acmulo de gua e que o acesso seja fcil.
3 - limpeza e manuteno: realizar limpeza e manuteno peridicas, para que a gua esteja sempre em
tima qualidade.
Alm de o suplemento ser importante para a produo, ele um aliado na interao homem-animal, ponto
destacado como crucial para o sucesso do manejo. Na hora da suplementao no cocho indicada para
que os bovinos se aproximem das pessoas, basta que os vaqueiros, no momento de colocar o suplemento
no cocho, chamem os animais, com o aboio de costume, deixando que eles presenciem o momento de
Adriano Gomes Pscoa
O estresse trmico prejudica o desempenho dos animais, pois os mesmos tm que gastar energia para
manter a temperatura corporal. Os animais podem no estar apresentando sinais de estresse calrico
como aumento da frequncia respiratria, mas fisiologicamente esto trabalhando, e muito, para manter
a temperatura do corpo estvel, por isso, ao compararmos animais sem e com estresse trmico, os ltimos
11. CONCLUSO
apresentaro reduo do desempenho produtivo.
Os animais submetidos a sistemas de criao intensivos podem sofrer mais com o estresse trmico, O cuidado dirio dos animais essencial para assegurar o bem-estar dos mesmos por razes ticas e tambm
pois consomem dietas de alto valor energtico, o que aumenta a taxa metablica e consumo de gua. produtivas, assim, todos os manejos realizados dentro de um sistema de produo devem ser planejados e
Normalmente, nesses sistemas, observa-se que a presena de recursos que auxiliam a perda de calor, como realizados com cautela.
sombra, escassa.
No entanto, as atitudes do homem frente aos animais um fator de extrema relevncia, sendo os
Ressalta-se que, independente da fonte de sombra, a mesma deve ser dimensionada de modo que colaboradores das fazendas os responsveis pelo sucesso de um bom manejo, e claro, de uma boa produo.
abrigue, de forma confortvel, todos os animais ao mesmo tempo, permitindo que os mesmos deitem e se
O sucesso da pecuria sustentvel o RESPEITO, seja ele com o ambiente, pessoas ou animais.
movimentem, respeitando o espao individual de cada um.
Os animais sinalizam quando esto saindo da zona de conforto trmico e entrando em estresse. Os seguintes
sinais visveis de estresse por calor, em ordem de gravidade, podem ser destacados:
1 - O animal recusa a deitar-se, a no ser que o piso tenha gua ou seja mais frio que o ar.
2 - Faz movimentos com a cabea na tentativa de molh-la no cocho de gua;
GESTO
Fabiana Cunha Viana Leonelli, Maurcio Palma Nogueira e A gesto se envolve desde o planejamento da infraestrutura, at a aplicao dos medicamentos
Samer Ramos Rodrigues 3 no curral. Portanto, funo da gesto:
A partir dos grandes grupos tecnolgicos, que sero discutidos em outros captulos do Guia, os gestores
devero detalhar os processos e subprocessos aplicando o conhecimento e as tecnologias disponveis.
O primeiro passo para se avaliar o nvel de gesto de uma empresa, inclusive as propriedades No caso, a atividade rural sempre esteve vinculada ao direito civil e ao direito agrrio (Estatuto da Terra
agropecurias, a elaborao de um diagnstico. Lei 4.504/64).
O diagnstico objetiva apresentar um quadro confivel da real situao geral da empresa. A partir do Com a vigncia do novo cdigo legal, ficou permitido que este tipo de atividade funcione sob a forma de
diagnstico, ser possvel planejar as decises e aes que permitem melhorar o desempenho da empresa. sociedade empresria, podendo ser constituda de conformidade com um dos cinco tipos societrios.
O conhecimento a respeito do ambiente de uma empresa a base para a elaborao de estratgias e Assim, pelo artigo 984, a sociedade que tenha por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio
planejamento de intervenes do ambiente. rural e seja constituda, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresria, pode,
com as formalidades do art. 968, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da sua
Nesse caso, ainda no se trata do diagnstico tcnico, mas sim das condies e dos protocolos
sede, caso em que, depois de inscrita, ficar equiparada, para todos os efeitos, sociedade empresria.
administrativos do negcio.
No entanto, a maior parte das empresas rurais so constitudas como pessoa fsica, no nome de seu
proprietrio ou de um esplio.
2.1. ASPECTOS LEGAIS Mesmo assim, o produtor precisa permanecer atento, pois a exigncia contbil se altera de acordo com o
formato da empresa e com o faturamento anual.
Em geral, os aspectos legais da empresa envolvem o enquadramento da atividade dentro das leis.
Algumas exigncias legais tambm se alteram ano a ano, e seguem particularidades regionais, o que exige
Inicialmente, fundamental adaptar as exigncias legais de acordo com a forma como a empresa est constante atualizao por parte dos empresrios.
cadastrada; se jurdica ou pessoa fsica.
A partir de uma assessoria contbil ou jurdica, o produtor deve ter conhecimento e certificar-se de que
Segundo a Academia Brasileira de Direito, as modalidades de constituio de sociedades empresrias sua empresa est legalmente atendendo s questes contbeis e em dia com os impostos e exigncias que
so juridicamente estabelecidas pelo cdigo civil, devendo na sua constituio, atender ao disposto nos incidem sobre a atividade.
artigos 1.039 a 1.092, que tratam dos seguintes tipos societrios:
A exigncia legal com relao s leis ambientais e trabalhistas sero tratadas em outro tpico.
- Sociedade em Nome Coletivo (arts.1.039 a 1.044);
- Sociedade Annima (arts. 1.088 e 1.089); O ambiente em questo referente ao ambiente de trabalho, tanto fsico quando psicolgico. Em termos de
produtividade e eficincia no trabalho, fundamental que a qualidade do ambiente fsico v alm do que
- Sociedade em Comandita por Aes (arts. 1.090 a 1.092). exigido pela Norma Regulamentadora (NR-31), cujas definies bsicas sero comentadas em outro item.
Utilizando quaisquer destas modalidades pode o empreendedor constituir uma pessoa jurdica, o que Alm de atender s exigncias legais, preciso avaliar a operacionalidade do ambiente. A disposio das
se d aps o registro ou arquivamento dos atos constitutivos no rgo competente - junta comercial. ferramentas de trabalho, a organizao do ambiente, a presena ou no de placas indicativas e o nvel de
Os tipos societrios citados so efetivamente aqueles de que dispem os empreendedores para asseio e limpeza mesmo em ambientes mais complicados, como o caso de currais, oficinas ou borracharias.
constituir suas sociedades empresrias, no estando inserida neste conjunto a sociedade cooperativa, A cordialidade no trato com os funcionrios tambm deve ser considerada pelos scios e cobrada dos
por no se tratar de um tipo societrio convencional que possa ser escolhido para a explorao de funcionrios em cargos de liderana. Um ambiente marcado pela falta de respeito, desconfiana e
O nvel operacional o que se pode chamar de cho de fbrica. Consiste em executar as operaes,
aplicar as tecnologias. Quanto maior for a qualidade de execuo do nvel operacional, maior ser o
2.5. FINANCEIRO E PRODUO
alvio na responsabilidade no nvel gerencial e, por consequncia, no nvel estratgico. Portanto, a
eficincia decisria da empresa ser melhor. O diagnstico consiste em verificar a sistemtica adotada para o controle dos resultados tcnicos
relacionados produo, como volume, ndices, produtividade, etc. e para o controle financeiro.
por essa razo que geralmente se representam os trs nveis administrativos no formato de pirmide.
O operacional, o cho de fbrica, representa a base e, quanto mais slida, mais sustentvel a pirmide. No diagnstico, alm de avaliar a qualidade e o nvel dos controles, preciso considerar se h
O estratgico est no topo, representando a cabea ou o direcionamento do empreendimento. possibilidade de integrar a anlise da produo com a anlise financeira. a partir da integrao entre
ambas que o produtor ser capaz de conhecer os custos de produo por setor da atividade e empregar
No caso do pequeno produtor, cuja equipe, em muitos casos, so apenas ele e mais algum, geralmente decises focadas no aumento de resultados.
da famlia, o raciocnio ser o mesmo.
No entanto, ao invs de pessoas direcionadas a cada nvel administrativo, preciso identificar quantas
horas semanais ou dirias o produtor destina a cada um dos nveis. Essa organizao do tempo de
leiteira) OU INTEGRAO (link com os outros temas) No caso de propriedades familiares as mais comuns no meio rural o critrio o mesmo, sendo que
cada um dos herdeiros deve ser considerado como scio, o que realmente .
Conhecer o modelo de produo adotado na empresa possibilita a comparao de indicadores de Outro tema delicado, e frequentemente fonte de problemas, a questo da remunerao pelo trabalho
produtividade e resultados. O comportamento e a dinmica de uma atividade so diferentes de outra. de um dos scios ou um dos familiares.
Basicamente a pecuria se divide em quatro setores produtivos: cria, recria, engorda e produo de leite. Essa remunerao precisa ser estabelecida de comum acordo, com base em preos circulantes no
Existe a possibilidade de integrao de mais de um setor, em que os mais comuns so o ciclo completo, a mercado. No se recomenda decidir arbitrariamente um salrio, pois corre-se o risco de subestim-lo
recria e a engorda. Recentemente vem aumentando a quantidade de produtores atuando na cria e recria. ou superestim-lo; desinteressante em ambos os casos.
Identificar essas particularidades de cada empresa ajuda a compar-las, tcnica e financeiramente, com A melhor maneira se definir o salrio de um familiar a partir de um levantamento no mercado, de
outras propriedades similares. Ser a base do benchmarking, cujos conceitos sero discutidos em outra seo. acordo com cada funo e competncia do envolvido. Caso a propriedade no possa pagar o salrio
adequado em um determinado momento, essencial que todos estejam conscientes de que a situao
Grande parte das anlises das propriedades, hoje em dia, peca em desconsiderar o setor de produo
precisar ser compensada l na frente. Discutir o critrio de compensao salutar para o grupo.
em que a empresa atua. A definio dos resultados e a separao entre custos e investimentos so
caractersticas de cada uma das atividades. Como envolve scios, essa deciso de reduzir ou subvalorizar o salrio por uma compensao futura,
no envolve riscos trabalhistas.
No caso de uma fazenda de ciclo completo que compra parte dos bezerros para transformar nos bois que
termina, por exemplo, importante considerar essa particularidade tanto no momento do diagnstico Outra questo fundamental a ser considerada em relao ao trabalho dos scios evitar o risco de que
como na elaborao de uma estratgia. a empresa acabe se tornando apoio para familiares que no se posicionaram no mercado de trabalho.
muito comum encontrar familiares ocupando espaos e salrios que no ocupariam em condies de
Outro exemplo a mesma atividade de ciclo completo que acaba vendendo parte dos animais em
igualdade no mercado.
categorias mais jovens, como desmama, bezerros, garrotes ou bois magros. Note que, na prtica, trata-
se de um ponto que pode mudar ano a ano, dependendo do clima, das oportunidades de mercado ou Embora seja mais comum nas grandes empresas, com oramentos mais robustos, tambm ocorre nas
de outras variveis que possam interferir na deciso do pecuarista. menores. E em nenhum caso, seja grande ou, principalmente, as menores, empresas tm condies de
manter salrios desnecessrios para cargos criados, ou profissionais que no produzem adequadamente
A maior dificuldade, no entanto, o caso das propriedades leiteiras. Toda empresa leiteira tambm produtora
em determinados cargos.
de animais. E a receita obtida com animais precisa ser contabilizada no rateio dos custos de produo.
O importante no que a pessoa no trabalhe no negcio da famlia; mas sim, que no ocupe cargos
Por isso, conhecer bem tais pontos de elevada importncia no diagnstico.
ou salrios que outras empresas similares no comportam. Por exemplo, salvo algumas excees, nas
propriedades pequenas e mdias no h espao para mais de um gerente ou diretor.
2.7. QUESTO SOCIETRIA Alm da inadequao financeira, essa prtica pode levar a problemas futuros envolvendo outros scios
ou parentes. Reforando, tratam-se dos problemas mais comuns no que tange conflitos familiares ou
Legalmente a questo societria diagnosticada de acordo com o item 2.1. No entanto, gerencialmente entre scios.
preciso considerar a participao de cada um na sociedade e a poltica de aporte de capital, caso se
O diagnstico situacional tambm permite que se elabore estratgias para sanar uma prtica que
faa necessrio.
poder se tornar um problema l na frente.
O critrio de distribuio de dividendos tambm precisa ser estabelecido, de acordo com todos os
scios. Recomenda-se que seja elaborado um plano de metas que envolva o nvel tecnolgico e a
3.1. TENDNCIAS DE MERCADO O mesmo raciocnio vale para a alterao do pacote tecnolgico, especialmente no caso dos projetos de
integrao com lavoura e florestas. A insero de um novo produto no negcio deve ser precedida de
uma anlise mais detalhada das perspectivas de mercado e capacidade administrativa.
Qualquer empresa precisa de informaes de mercado para sobreviver. At alguns anos atrs, apenas as
grandes empresas podiam contratar bons estudos e boletins especializados de mercado. A anlise da logstica e das distncias das fontes de insumos e dos compradores tambm fator
preponderante para que o produtor trace uma estratgia adequada.
Essa realidade comeou a mudar no incio da dcada de 2000, com o aumento da circulao e
informaes on line. Alm do surgimento de diversas fontes de informaes novas e independentes, as Conhecer bem as caractersticas da propriedade e da regio fundamental para garantir uma boa
empresas de consultoria especializadas no mercado de informao precisaram se adaptar, melhorando estratgia, com base no mercado e no estabelecimento de premissas previsveis.
a competitividade e tornando as anlises de mercado de boa qualidade cada vez mais acessveis.
Os passivos exigveis ou as obrigaes para com terceiros so classificados de acordo com a urgncia
em seus prazos para serem cumpridos.
- Passivos de longo prazo possuem prazos superiores a cinco anos para serem cumpridos. As exigncias so determinadas pela Norma Regulamentadora 31 (NR-31). A mesma tem por objetivo
estabelecer os preceitos a serem observados na organizao e no ambiente de trabalho de forma a
torn-lo compatvel o mnimo desejvel para segurana e sade no ambiente do trabalho.
4.1. FINANCEIRO Para levantar os passivos h necessidade de diagnosticar o ambiente de trabalho e levantar o oramento
item a item para adaptar o ambiente de trabalho de acordo com a lei. Dada a realidade das propriedades
Para determinar o passivo financeiro, preciso levantar os prazos de pagamentos ou de vencimentos brasileiras, de se esperar que os investimentos sejam relativamente altos para adaptar todo o ambiente
de emprstimos no curto e no longo prazo. O total ser composto pelo montante de dvidas a serem de acordo com a lei.
quitadas, considerando principal e juros, pelos cheques emitidos ainda no compensados, pela soma
Mesmo assim, diante da dificuldade financeira no momento, fundamental que o produtor estabelea
do total de duplicatas a serem quitadas e parcelas de pagamentos ainda por quitar, seja via cartes ou
um plano de prioridades e elabore um cronograma de execuo ao longo do tempo. Quanto mais
outras formas de pagamentos.
aqum das exigncias estiverem as estruturas, maiores sero os investimentos demandados e,
Os passivos precisam ser classificados e organizados em categorias e em prazos de vencimentos, o que consequentemente, o tempo para implement-lo.
permitir melhor organizao do fluxo de caixa.
Ao passivo calculado anteriormente, somar-se- o montante financeiro necessrio para adaptar toda
Embora os itens a seguir tratem dos passivos trabalhistas e ambientais, importante ressaltar que, a estrutura, perfazendo assim o total dos passivos trabalhistas. Vale ressaltar que no se trata de uma
caso alguma inconformidade acabe por gerar uma multa, essa multa passa a ser contabilizada como um obrigao assumida como dvida, mas sim como montante para regularizar de acordo com a lei.
passivo financeiro, da forma como previsto na contabilidade.
A apresentao de um plano de melhoria o suficiente para legalizar o produtor, diante de uma eventual
Mesmo que ainda sejam considerados como passivos trabalhistas ou ambientais, a sua exigncia de fiscalizao. No entanto, o plano precisa ser coerente com as exigncias e com as prioridades dentro de
pagamento obrigatria e com prazo definido, mesmo que esse prazo possa ser acordado. um cronograma aceitvel.
A primeira, referente diretamente aos funcionrios, precisa ser levantada de acordo com o perfil do 4.3. AMBIENTAL
quadro da empresa.
preciso analisar caso a caso, considerando salrio mdio, tempo de trabalho na empresa, funo O passivo ambiental segue o mesmo raciocnio do trabalhista. Munido da lei o Cdigo Florestal - o
contratada, adicionais por insalubridade, horas extras, encargos, etc. produtor precisa avaliar os itens em que a propriedade ainda est em dbito com as exigncias legais.
Para cada funcionrio, preciso avaliar se a sua situao est correta, dentro da lei trabalhista federal e Os passivos mais comuns so referentes s reas de preservao permanente, reserva legal, captao
atendendo as exigncias trabalhistas regionais, que podem ser mais exigentes que as nacionais. de gua, georreferenciamento, outorga e averbaes.
Levantadas as informaes, o produtor pode quantificar o valor que custaria regularizar toda a situao, Para quantificar os passivos ser necessrio levantar o oramento item a item de modo a regularizar a
Com estas medidas o governo espera diminuir a problemtica da legalizao e uso de terras no pas.
5.1. IMPORTNCIA E PROBLEMTICA
A questo da terra no Brasil possui origens histricas e, desde sua colonizao, ela tem se estruturado 5.2.3. CCIR
de modo complexo, que segundo autores, como Martins (1984), o problema da terra no Brasil, na
realidade, no passa simplesmente pela sua distribuio. A falta de documentos de propriedade dos O Certificado de Cadastro de Imvel Rural (CCIR) o documento emitido pelo INCRA que constitui
imveis hoje um problema em todos os municpios brasileiros. prova do cadastro do imvel rural, sendo indispensvel para desmembrar, arrendar, hipotecar, vender
ou prometer em venda o imvel rural e para homologao de partilha amigvel ou judicial (sucesso
A regularizao fundiria um instrumento de cunho poltico-jurdico, que tem como foco principal a
causa mortis) de acordo com os pargrafos 1. e 2. do artigo 22 da Lei n. 4.947, de 6 de abril de 1966,
legalizao das ocupaes em reas rurais. O governo federal, atravs do Ministrio de Desenvolvimento
modificado pelo artigo 1. da Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001.
Agrrio, criou o Programa de Cadastro de Terras e Regularizao Fundiria com o objetivo de regularizar
a questo da terra no Brasil. Sem a apresentao do CCIR, no podero os proprietrios, sob pena de nulidade, desmembrar,
arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda imveis rurais.
Em caso de sucesso causa mortis nenhuma partilha, amigvel ou judicial, poder ser homologada pela
5.2. O QUE O PROGRAMA DE REGULARIZAO FUNDIRIA? autoridade competente, sem a apresentao do Certificado de Cadastro.
O Programa de Cadastro de Terras e Regularizao Fundiria no Brasil atende as reas rurais devolutas Os dados constantes do CCIR so exclusivamente cadastrais, no legitimando direito de domnio ou
de domnio Estadual e consiste numa ao social de regularizao fundiria, garantindo segurana posse, conforme preceitua o pargrafo nico do artigo 3. da Lei n. 5.868, de 12 de dezembro de 1972.
jurdica aos agricultores familiares e o acesso s demais polticas pblicas do governo, entre elas o
crdito rural e a assistncia tcnica. O processo de regularizao fundiria e composto por diversas
etapas, sendo elas:
A posse, a partir da Constituio de 1988, passou a ter um papel extremamente relevante para a - Reconhecimento dos limites, demarcao e codificao dos marcos de acordo com Norma Tcnica
efetivao do direito moradia, que um direito fundamental, posto que o pilar do nosso ordenamento para Georreferenciamento de Imveis Rurais;
jurdico o princpio da dignidade da pessoa humana e no h vida digna para uma pessoa que no
- Formalizao e assinatura de reconhecimento dos limites por cada confrontante;
tenha um lugar para construir a sua morada.
- Medio de acordo com as coordenadas dos marcos do IBGE at cada vrtice, pelos mtodos e
O sentido que a posse ganhou, desde a Carta Magna de 1988, foi um grande passo na longa caminhada
precises estabelecidos pela mesma Norma;
em busca da garantia do direito moradia a todos. A posse autnoma e independente da propriedade,
esta que era considerada um direito absoluto, qualidade adquirida graas ao liberalismo. Hoje a - Relatrio, contendo planta, memorial descritivo e arquivos de controle e requerimento de certificao;
propriedade precisa exercer uma funo social para obter proteo jurdica.
- Certificao, com o devido acompanhamento junto ao INCRA e atendimento de eventuais
A propriedade no deixou de ser o cerne do nosso ordenamento jurdico, mas a posse vem ganhando diligncias, at a entrega da planta e do memorial descritivo certificados para encaminhamento
cada vez mais proteo, no porque representa a exteriorizao da propriedade, e sim, porque proteger ao Registro de Imveis
a posse seria indiretamente proteger a propriedade, mas porque a posse cumpre a funo social de
garantir moradia a quem necessita.
A Constituio Federal de 1988 determina que a propriedade cumpra uma funo social. Assim,
6.2. TERRA INDGENA E DESMATAMENTOS ILEGAIS
questiona-se se essa exigncia recai tambm sobre as terras devolutas e como pode ser aplicado o
princpio da funo social da propriedade sobre estes bens pblicos. O empresrio precisa ficar atento presena de terras indgenas, ou de terras que estejam na iminncia
de serem transformadas em reservas, prximas sua propriedade. A distncia em linha reta e a distncia
As questes pertinentes a estes casos sempre so resolvidas no mbito judicirio e tm evoludo nos por estrada precisam ser monitoradas pelo produtor.
ltimos anos.
Qualquer irregularidade envolvendo estas terras podem impactar diretamente as operaes da
propriedade, mesmo que ela no se envolva na irregularidade. Isso decorre da presso que entidades
financeiras e, principalmente, frigorficos vem sofrendo para combater irregularidades que possam ser
associadas s propriedades rurais.
6. GEOTECNOLOGIA, GESTO E ADEQUAO AMBIENTAL
distncia, as organizaes monitoram possveis problemas por imagens de satlite. E para evit-los,
acabam evitando as compras de fazendas em determinados raios dessas no conformidades.
6.1. GEORREFERENCIAMENTO O mesmo ocorre com o desmatamento ilegal. Qualquer problema prximo fazenda, mesmo que fora
de seu limite, pode afetar diretamente o empresrio.
O georreferenciamento obrigatrio, por lei, para que todo imvel rural seja medido de acordo com
coordenadas geodsicas obtidas a partir de levantamento topogrfico feito por GPS (Global Positioning Da mesma forma que os compradores e instituies financeiras, diante de algum problema envolvendo
System sistema de posicionamento global). reas indgenas ou desmatamentos ilegais, rgos pblicos podem acabar embargando reas no
envolvidas, simplesmente pela proximidade.
A lei tem o objetivo de regularizar a escriturao de todos os imveis rurais do pas, acabando com matrculas
emitidas em duplicidade e com descries de divisas pouco confiveis. Diante do risco, os produtores podem se antecipar atualizando as suas fronteiras por coordenadas
geodsicas, o que aumenta a importncia de se antecipar o georreferenciamento da empresa.
O processo de georreferenciamento envolve basicamente as seguintes etapas:
Em reas de fronteira seca, os riscos maiores so de ordem sanitria, relacionado febre aftosa. Produtores As instrues e o programa de auxlio para realizar o CAR pode ser obtido no link
nos estados que possuem fronteiras com regies problemticas, como Rondnia, Mato Grosso e Mato
http://www.car.gov.br/
Grosso do Sul, j so atentos a esse risco. H, inclusive, iniciativas de apoio na vacinao do gado em
fazendas dos pases vizinhos, evitando inclusive, o risco de focos de aftosa prximo fronteira. O Programa de Regularizao Ambiental (PRA) o detalhamento do plano de adequao ambiental,
comentado no item de passivos ambientais.
Mesmo assim, propriedades com divisa seca com outros pases, ou prximas dessas propriedades,
precisam manter-se atentas s exigncias legais e sanitrias, mais rigorosas do que ocorre nas demais. Aps o cadastramento no CAR, os proprietrios que tiverem passivos ambientais relativos APP, rea
de uso restrito e RL podero aderir ao PRA para regularizarem seus imveis.
A entrada ilegal de gado de pases vizinhos representa um alto risco para toda a pecuria regional e do
estado em questo. Ao aderir ao PRA, os proprietrios ou possuidores devero apresentar propostas de recuperao do passivo
ambiental de seus imveis para a aprovao dos rgos responsveis e assinatura de termo de compromisso.
A adeso ao PRA deve ser requerida no prazo de um ano a partir da implantao do PRA nos Estados e no
6.4. REA ENDMICA DE DOENAS Distrito Federal, prorrogvel por uma nica vez, por igual perodo, por ato do Chefe do Poder Executivo.
O mapa mais conhecido de reas endmicas o da febre aftosa, que recentemente foi ampliado pela Para a regularizao ambiental dos passivos ambientais dos imveis rurais, os proprietrios ou
OIE (Organizao Internacional das Epizootias). possuidores devero:
No entanto, existem outras instrues regionais que se alteram de acordo com o surgimento ou controle I - suspender, imediatamente, as atividades em rea de Reserva Legal desmatada irregularmente
e erradicao de doenas. Outro exemplo conhecido de regionalizao por reas a raiva bovina. Em aps 22 de julho de 2008 e iniciar o processo de recomposio da Reserva Legal;
reas endmicas, h obrigatoriedade de vacinao.
II - recuperar as APPs, na forma estabelecida na Lei n 12.651/2012;
Secretarias municipais e sindicatos costumam atualizar os produtores com relao aos protocolos
III - optar pelas formas isoladas ou conjuntas, de regenerar, recompor ou compensar as reas de
exigidos e/ou recomendveis.
Reserva Legal.
Segundo o Ministrio do Meio Ambiente, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) um instrumento - Arrendamento de rea sob regime de servido ambiental ou Reserva Legal;
fundamental para auxiliar no processo de regularizao ambiental de propriedades e posses rurais. - Doao ao poder pblico de rea localizada no interior de Unidade de Conservao de domnio pblico
Consiste no levantamento de informaes georreferenciadas do imvel, com delimitao das reas pendente de regularizao fundiria;
de Proteo Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetao nativa, rea rural - Cadastramento de outra rea equivalente e excedente reserva legal, em imvel de mesma titularidade
consolidada, reas de interesse social e de utilidade pblica, com o objetivo de traar um mapa digital ou adquirida em imvel de terceiro, com vegetao nativa estabelecida, em regenerao ou
a partir do qual so calculados os valores das reas para diagnstico ambiental. recomposio, desde que localizada no mesmo bioma.
Ferramenta importante para auxiliar no planejamento do imvel rural e na recuperao de reas Cartilha: http://www.mma.gov.br/images/arquivos/desenvolvimento_rural/car/Cartilha_CAR.pdf
degradadas, o CAR fomenta a formao de corredores ecolgicos e a conservao dos demais recursos
7. PLANEJAMENTO ESTRATGICO
7.1. MISSO, VALORES, OBJETIVOS E METAS
Na agropecuria, assim como em qualquer atividade de cunho empresarial, os planejamentos O direcionamento da empresa basicamente composto pela enumerao dos valores, a elaborao da
estratgico, organizacional e oramentrio so de fundamental importncia. misso e o estabelecimento dos objetivos, genricos (toda a empresa) e especficos (para cada rea da
A grande diferena entre as atividades agropecurias e a maioria das outras atividades que no campo, empresa, como um produto, por exemplo).
Investimentos so sempre motivo de inquietao do empresrio, hora por excesso de motivao para
investir por investir, hora por excesso de cautela e/ou descrdito da atividade no se permitem fazer
nenhum tipo de investimento, porm, deve ser feita uma anlise se o empresrio est com foco, ou seja,
definido um objetivo, uma meta, ter constncia de propsitos.
E mesmo nos casos em que se planeja com base nas perspectivas de campo, acontecem diferenas.
Essas diferenas, no entanto, ocorrem por falta de controle dos ndices tcnicos.
8. PLANEJAMENTO ORAMENTRIO Quando isso ocorre porque o plano foi pautado na experincia de terceiros que podem ser de outras
empresas, de centros de estudos e do conhecimento acumulado por consultores.
8.1. IMPORTNCIA Embora sejam conhecimentos verdadeiros, no se pode negligenciar, pois cada empresa tem uma
realidade diferente, por mais parecidas que sejam. Com isso, o desempenho operacional de uma pode
O planejamento oramentrio essencial para que o produtor seja capaz de decidir antecipadamente ser diferente de outra.
no sentido de melhorar os resultados. Sem o planejamento oramentrio, o resultado ao final do
Um dos maiores desafios da gesto exatamente acompanhar e conhecer os nmeros prprios da empresa.
exerccio ser uma surpresa.
Com base nas informaes tcnicas internas, elabora-se um plano de trabalho e estimam-se as
Mesmo nas propriedades que mantm planos oramentrios, normalmente relatam ser comum o
demandas de insumos, servios e tempo. A partir da, monta-se o custeio, considerando os valores de
oramento furar. O que foi planejado para o custeio no bate com o que se gastou.
mercado dessas demandas.
Quando isso ocorre, normalmente culpa-se o planejamento dos gastos como sendo ineficaz.
Como o nome diz, planejamento um plano de trabalho, portanto deve ser monitorado no campo. S
Frequentemente, o custeio planejado com base na contabilidade. Nas despesas registradas no assim poder haver proximidade entre o planejado e o realizado.
perodo anterior.
E mesmo que o custeio seja criteriosamente elaborado, rotineiramente deve ser revisto e atualizado,
Analisa-se, por exemplo, quanto se gastou com leo diesel, com funcionrios, insumos, manutenes e em funo de mudanas mercadolgicas, tcnicas, climticas e outras.
outros itens, para prever os gastos do prximo perodo.
Consideram-se os esperados aumentos ou redues nos preos pagos deflao ou inflao assim 8.2. LONGO PRAZO
como as perspectivas de ampliao ou retrao na produo que influi nos custos variveis.
O oramento planejado, portanto, com base no passado. Com isso, os gestores elaboram uma Um bom planejamento financeiro a forma de garantir que os objetivos e planos traados em relao
perspectiva de gastos, conferem os resultados esperados e fecham o oramento do perodo por vir. s reas particulares de operao da empresa sejam viveis e internamente coerentes.
Pode ser anual, semestral, trimestral, etc.
O planejamento financeiro ajuda a estipular metas, deixando os gestores motivados, oferecendo os
Depois de finalizado o oramento, volta-se rotina operacional. Mantm-se a rotina com base no mecanismos para avaliao dos resultados.
sistema tecnolgico anteriormente adotado na produo.
Planejamento e controle esto diretamente ligados. Com base nesses dados traada uma estratgia
Muitas vezes, no h comunicao entre o plano do oramento, com base na contabilidade, e o de mercado, que leva aos planos de curto prazo, os quais se operacionalizam com base na participao
planejamento tcnico. Mesmo que o pessoal de campo participe do plano oramentrio, no h uma do mercado e pela receptividade dos produtos. Desta forma, o planejamento financeiro realizado e
integrao de fato entre ambas as cincias da administrao: operaes e contabilidade. desenvolvido em duas etapas, a curto e a longo prazo, acompanhando a execuo do planejamento
financeiro global, mediante as investigaes das variaes oramentrias, onde as principais
correspondem previso de vendas e ao oramento de caixa.
A poltica de Assistncia Tcnica e Extenso Rural deveria ser uma das prioridades estratgicas da
poltica agrcola brasileira, pois ela que tem a capacidade real de garantir o melhor emprego do
crdito do Pronaf para que a inadimplncia seja reduzida, a produo agrcola seja otimizada e, dessa
9. PROFISSIONAL DE ASSISTNCIA TCNICA forma, programas como do biodiesel e da merenda escolar tenham sucesso e a segurana alimentar
seja garantida. Porm, ao longo dos anos, houve um sucateamento das instituies pblicas que no
conseguem atingir os objetivos propostos nem sequer atender a gama de produtores espalhados por
9.1. IMPORTNCIA todo o territrio nacional nas mais diversas reas de produo.
O conceito de extenso rural, de forma organizada, surgiu nos Estados Unidos, na dcada de 80 do
sculo XIX. Nesta poca, os resultados das pesquisas realizadas nos Centros de Experimentao e nos
Frgil pelo risco da descontinuidade devido ao fato de estar vinculada aquisio de determinado Na rea jurdica e contbil, so consultorias especficas para determinados temas relativos ao negcio.
insumo. Outra desvantagem a tnue linha entre os interesses comerciais e a real necessidade de
utilizao do determinado insumo.
Porm a escassez de assistncia tamanha que, em muitos locais, a nica fonte de informao que o
pecuarista tem atravs dos tcnicos destas empresas. 10. ADEQUAO TRABALHISTA
fundamental ressaltar que essa consultoria no ruim tecnicamente. No entanto, pela natureza da
relao comercial, exige que o produtor decida estrategicamente sem o auxlio do consultor. Enquanto
as consultorias independentes apoiam na administrao e na formulao estratgica, nesse caso ser o
10.1. IMPORTNCIA DO TEMA
produtor quem precisar ditar as diretrizes, o oramento e as metas tcnicas das propriedades. Agindo
assim, tais parcerias tm se mostrado um sucesso quando bem executadas. A atividade agropecuria como um todo no pas tem uma grande informalidade nas relaes de
trabalho. Isso remonta s dcadas de 50-60 onde as leis trabalhistas voltadas ao campo no eram
rgidas e as relaes trabalhistas da poca ainda carregavam resqucios das pocas feudais e coloniais.
Hoje a legislao no s existe, como fiscaliza e aplica sanses legais nos casos omissos ou infratores.
Portanto, adequar-se legislao em vigor uma obrigao de todos os empregadores no meio rural.
Deste modo, a gesto social refere-se a um processo contnuo e dinmico que envolve aes de planejamento,
execuo e avaliao de servios sociais e um compromisso de construir respostas s necessidades sociais
10.4. FUNCIONRIOS REGISTRADOS / TEMPORRIOS
da populao. Deve ser desenhada e realizada, com fundamentao, para no comprometer a ao social
demandada, visto que o indicador social permite o desenho de uma gesto social. Os indicadores sociais Funcionrio registrado ou temporrio, qual a melhor opo?
possibilitam informaes importantes, que nos permitem avaliar aonde vamos, onde estamos e de que A anlise remete s condies legais e tambm s necessidades de cada produtor. Legalmente, funcionrio
forma seguir, em relao aos valores e alcance dos objetivos previamente identificados. temporrio o empregado contratado atravs do contrato de trabalho temporrio.
A educao influencia de vrias formas a qualidade de vida das pessoas. Ela no s afeta positivamente 10.5. ATENDIMENTO NR 31
o nvel de produtividade e renda do trabalho, como tambm uma populao mais educada torna-se
capaz de participar de forma mais ativa na vida social e poltica do Pas. Do ponto de vista demogrfico, Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na
uma maior escolaridade est associada a menores nveis de fecundidade e de mortalidade, visto que organizao e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatvel o planejamento e o desenvolvimento
permite uma melhor compreenso sobre as prticas de planejamento familiar e sade preventiva. das atividades da agricultura, pecuria, silvicultura, explorao florestal e aquicultura com a segurana
Nos censos sobre o tema, os dados de escolaridade no meio rural brasileiro so pfios: somados aqueles e sade e meio ambiente do trabalho.
que tm menos de um ano de estudo e os que cursaram at trs anos de escola, o percentual chega As responsabilidades do empregador rural para a adequao a esta norma, a seguinte:
b) realizar avaliaes dos riscos para a segurana e sade dos trabalhadores e, com base nos l) adotar medidas de avaliao e gesto dos riscos com a seguinte ordem de prioridade:
resultados, adotar medidas de preveno e proteo para garantir que todas as atividades,
lugares de trabalho, mquinas, equipamentos, ferramentas e processos produtivos sejam
1) eliminao dos riscos;
seguros e em conformidade com as normas de segurana e sade; 2) controle de riscos na fonte;
c) promover melhorias nos ambientes e nas condies de trabalho, de forma a preservar o nvel de 3) reduo do risco ao mnimo atravs da introduo de medidas tcnicas ou organizacionais e de
segurana e sade dos trabalhadores; prticas seguras inclusive atravs de capacitao;
d) cumprir e fazer cumprir as disposies legais e regulamentares sobre segurana e sade no trabalho; 4) adoo de medidas de proteo pessoal, sem nus para o trabalhador, de forma a complementar
e) analisar, com a participao da Comisso Interna de Preveno de Acidentes no Trabalho prevenir ou caso ainda persistam temporariamente fatores de risco.
e eliminar as possibilidades de novas ocorrncias; Ao Trabalhador cabe:
Nota sobre CIPATR: O empregador rural ou equiparado que mantenha vinte ou mais a) cumprir as determinaes sobre as formas seguras de desenvolver suas atividades, especialmente
empregados contratados por prazo indeterminado, fica obrigado a manter em funcionamento, quanto s Ordens de Servio para esse fim;
por estabelecimento, uma CIPATR. Nos estabelecimentos com nmero de onze a dezenove
empregados, nos perodos de safra ou de elevada concentrao de empregados por prazo b) adotar as medidas de proteo determinadas pelo empregador, em conformidade com esta Norma
determinado, a assistncia em matria de segurana e sade no trabalho ser garantida pelo Regulamentadora, sob pena de constituir ato faltoso a recusa injustificada;
empregador diretamente ou atravs de preposto ou de profissional por ele contratado.
c) submeter-se aos exames mdicos previstos nesta Norma Regulamentadora;
f) assegurar a divulgao de direitos, deveres e obrigaes que os trabalhadores devam conhecer
d) colaborar com a empresa na aplicao desta Norma Regulamentadora.
em matria de segurana e sade no trabalho;
Os detalhes da norma podem ser visualizados atravs do endereo:
g) adotar os procedimentos necessrios quando da ocorrncia de acidentes e doenas do trabalho;
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr31.htm#SUMRIO
h) assegurar que se fornea aos trabalhadores instrues compreensveis em matria de segurana
e sade, bem como toda orientao e superviso necessrias ao trabalho seguro;
i) garantir que os trabalhadores, atravs da CIPATR, participem das discusses sobre o controle dos
riscos presentes nos ambientes de trabalho; 11. GESTO DE PESSOAS
j) informar aos trabalhadores:
1) os riscos decorrentes do trabalho e as medidas de proteo implantadas, inclusive em relao A valorizao dos trabalhadores traz para o produtor uma srie de efeitos positivos, inclusive do ponto
a novas tecnologias adotadas pelo empregador; de vista econmico. Alm de melhorar a convivncia no ambiente de trabalho, trabalhadores bem
capacitados e motivados podem desempenhar melhor suas funes dentro da fazenda, colaborando
2) os resultados dos exames mdicos e complementares a que foram submetidos, quando
para identificar problemas e encontrar solues que melhorem a produtividade do negcio. Outro
realizados por servio mdico contratado pelo empregador;
benefcio para o produtor que, quando satisfeitos, os trabalhadores permanecem por mais tempo em
3) os resultados das avaliaes ambientais realizadas nos locais de trabalho; seus empregos, reduzindo custos com demisses e contrataes.
Mas treinamento no apenas mostrar ao indivduo o que dever executar na posio em que se 11.3. DESCRIO ATIVIDADE DE CARGOS
encontra e sim gerar mudanas em seu comportamento, torn-lo mais qualificado, competente,
inovador, criativo e, consequentemente, mais produtivo no desempenho de suas atividades dirias.
No contexto do Plano de Carreira, a definio de cargos e funes so questes prioritrias, devendo
O treinamento deve ser considerado como investimento empresarial destinado a capacitar uma equipe ser determinadas de acordo com:
de trabalho e reduzir ou eliminar a diferena entre o atual desempenho e os objetivos e realizaes
propostos. Neste sentido, o treinamento um esforo dirigido no sentido de equipe, com a finalidade
a) Os cargos e as funes que compem a carreira da empresa;
de fazer a mesma atingir, de forma mais econmica possvel, os objetivos da empresa. Este deve b) O perfil dos cargos analisados (de profisses especficas / multidisciplinares ou de atribuio
desenvolver pessoas, no somente para atingir economicamente os objetivos, mas tambm para especfica/ atribuio genrica ou multifuncional);
crescimento pessoal e profissional.
c) Descrever as atribuies de cada cargo e funo;
O treinamento torna-se algo maior que apenas cursos, seminrios e outras atividades desenvolvidas
externas ao negcio. um projeto de renovao permanente da empresa, pois nenhuma organizao d) Montar as tabelas de lotao, ou seja, o n de cargos disponveis para cada carreira;
consegue manter um excelente nvel de produo e interao com o cliente, sem que haja em seu
e) Desenvolver os mecanismos de transio de uma atribuio para outra, dentro do mesmo cargo;
quadro, profissionais preparados e qualificados.
E a evoluo funcional destes cargos segue da seguinte forma:
1) Horizontal (GRAUS)
11.2. PLANO DE CARREIRA
1.1) Merecimento
O plano de carreira tem por objetivo colocar a pessoa nos trilhos do sucesso pessoal, profissional,
1.2) Antiguidade, ou
familiar e comunitrio, programando, assim, o crescimento nas quatro reas de maneira eficaz. Ele
possibilita programar o tempo necessrio para alcanar os objetivos e avaliar se os conhecimentos so 2) Vertical (CATEGORIA)
suficientes ou no para realizar os projetos.
2.1) Tempo
Os principais objetivos do plano de carreira, so:
Preveno de acidentes
Promoo da sade
Preveno de incndios
No Brasil, a segurana e sade ocupacionais so regulamentadas na forma do Servio Especializado em
Fonte: Autores
Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho (SESMT). Este servio est previsto na legislao
trabalhista brasileira e regulamentado pela portaria n 3.214 de 08 de junho de 1978, considerando o
disposto no art. 200, da consolidao das Leis do Trabalho, com redao dada pela Lei n. 6.514, de 22
de dezembro de 1977 do Ministrio do Trabalho e Emprego. 12. ANLISE SWOT
O termo SWOT uma sigla oriunda do idioma ingls, que representa Foras (Strengths), Fraquezas A vantagem a possibilidade de avaliar resumidamente os pontos fortes e fracos da empresa e traar
(Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaas (Threats). planos de maximizao dos ganhos ou reduo de perdas.
A elaborao da anlise SWOT, portanto, depende do conhecimento do cenrio como um todo (mercado)
13. INVENTRIO DA PEGADA AMBIENTAL
e das especificidades da empresa a ser analisada.
Embora existam presses para que as empresas calculem e apresentem relatrios de pegada ambiental,
ainda no existe consenso entre os critrios e metodologias para se chegar aos clculos, principalmente,
12.2. MONTAGEM DO QUADRO no que se diz respeito s fixaes dos processos de produo agropecuria.
E mesmo nos casos em que existem metodologias, tratam-se de estudos que somam elevados custos,
O resultado da anlise SWOT representado pela figura 4. exemplificado a seguir. Para exemplificar a
difceis de serem incorporados nos fluxos de caixa de empresas rurais.
dinmica da anlise, optou-se por utilizar o exemplo da pecuria como um todo.
Portanto, a pesquisa ainda precisa avanar muito para gerar metodologias e ferramentas simples para
Figura 4. Quadro de anlise SWOT que produtores sejam aptos a inventariar a pegada ambiental de cada propriedade.
Mesmo as emisses por parte dos bovinos, que renem diversos dados j publicados, ainda carecem
de estudos. preciso compreender a dinmica das emisses para as diversas categorias animal, raas,
condio corporal, sistemas de produo, tipo de pastagens, estratgia de suplementao, etc. No so
questes simples para a pesquisa responder.
Tambm no consenso como o sequestro de carbono, por parte das pastagens, entrar nos clculos
das emisses lquidas de gases do efeito estufa. No existe a bovinocultura sem a produo de alimentos
para os bovinos. Enquanto o primeiro emite, o segundo sequestra.
Essa relao menos estudada ainda. E, mais do que as emisses, demandam anlise de uma variedade
muito superior de possibilidades das pastagens. preciso pesquisar.
Para cada etapa de cada sistema de produo, a pesquisa ainda precisar responder, no mnimo, as
Fonte: Autores
seguintes questes:
Para tanto, o produtor precisar acompanhar todos os ndices zootcnicos e o inventrio das pastagens,
itens que sero detalhados em outros captulos.
O inventrio das pastagens poder ser feiro in loco, pela dupla amostragem, ou por imagens de satlite.
14. MANUAL DE OPERAES
13.2. GUA A elaborao de um manual de operaes cada vez mais importante para a boa conduo da empresa rural.
O nmero de informaes gerenciadas cada vez maior nas empresas, o que inviabiliza que produtores e
O to debatido uso da gua pela pecuria caracterizado por especulaes e pela desinformao.
funcionrios dependam apenas da memria para executar rotinas.
O bovino vai consumir a gua necessria para cada etapa de sua vida, com variaes de acordo com as
Sendo assim, organizar os processos de maneira formalizada pode ajudar no dia a dia, reduzindo as
estratgias nutricionais e ritmo de ganho de peso.
quantidades de erros e os desperdcios de tempo.
O volume de gua consumido por bovino no o motivo do debate e dos dados geralmente apontados
como elevados. O grande volume demandado pela pecuria se deve ao fluxo de evapotranspirao das
pastagens. 14.1. DESENHO DOS PROCESSOS
Portanto, a questo da gua relacionada eficincia de uso pastagens, seguindo raciocnio parecido
com o do carbono, comentado no item anterior. Na pecuria, o volume processos envolvido na produo ainda maior do que em outras atividades. Alm
de controlar a produo dos volumosos, o empresrio tem que controlar o consumo dos lotes. Tem que
Quando o assunto for tratado apenas com base em informaes tcnicas e cientficas, a sociedade separ-los de acordo com as idades, raas e categorias.
envolvida no debate chegar concluso de que a evapotranspirao consiste em um ativo ambiental e
no em um passivo, como hoje se apresenta. necessrio manter o controle sobre tudo que foi consumido e os ndices de produtividade: fertilidade,
natalidade, peso ao nascimento, ganho de peso, etc.
Para identificar o que envolve a produo de determinada atividade, recomenda-se o uso do diagrama Os detalhamentos, item a item, podem seguir o mesmo critrio, usando o diagrama de causa-efeito de forma
de causa-efeito, ou diagrama de Ishikawa, onde se traa uma linha e vai se adicionando a ela os diversos cada vez mais detalhada.
componentes que afetam determinada linha de produo.
Nesse caso, os processos da cria, por exemplo, sero igualmente detalhados. Mais uma vez, dentro da cria,
Observe, na figura 5, os grandes processos que compem a produo pecuria. detalha-se o processo de reproduo, por exemplo. E vai procedendo dessa maneira at que se chegue ao
nvel de manualizao.
Figura 5. Processos envolvidos na produo pecuria
5. Recria: Produo de bois magros a partir dos bezerros desmamados. Apesar do exemplo parecer at infantil, fazia-se necessrio pela diferena de conduta dos funcionrios e
constantes inconformidades na sade da tropa e na qualidade do arreamento. Mantivemos o exemplo
6. Agricultura anual: pode ou no estar presente. Se estiver, serve apenas para fornecer gros para rigorosamente da forma com que foi elaborado pela equipe da propriedade, sem correes e nem edies.
a engorda em confinamento ou a pasto, no caso do semi-confinamento.
Arreamento de animais de trabalho:
7. Engorda a pasto: que pode ser com fornecimento apenas de sal, sal proteinado ou mesmo de
concentrados, que j configura o semi-confinamento. a) O animal piqueteiro (mais fraco) fica na porta
8. Engorda em confinamento: situao em que toda a dieta do animal proveniente do cocho e foi, b) O ajudante do capataz sela o piqueteiro e busca a tropa num pasto prximo do curral. As tropas
previamente, manipulada pelo homem. so divididas: uma semana de descanso e uma de trabalho.
e) Escolhe o animal por habilidade. So seis animais por pessoa. Nunca selam animais machucados 15.1. INFRAESTRUTURA MNIMA LEGAL
ou pisados.
Legalmente, a infraestrutura mnima segue as normas vigentes e previstas em lei. O ambiente de
f) Encabresta, encaminha at a baia de selaria. Passa a raspadeira, limpa o lombo. Depois coloca
trabalho deve seguir os preceitos listados na Norma Regulamentadora 31, vista anteriormente.
o cabealho. Usa-se o freio. O brido apenas na doma. Coloca-se os baixeiros, de dois a trs,
dependendo do arreio. Coloca o arreio (pantaneiro ou charuto), coloca o travesso, que a H outras exigncias legais que delimitam os critrios de investimentos na infraestrutura, como projetos
barrigueira de trs, e depois aperta. O aperto no deve ser muito firme e nem frouxo. Depois de confinamentos, cercas internas e externas, sistemas de captao e distribuio de gua, estradas, etc.
coloca o chinchador e aperta menos que o travesso.
recomendvel verificar a legislao e as particularidades regionais antes de se iniciar um projeto que
g) Para montas: espora e cala de couro. Usa um lao sempre na garupa. Usa-se a capanga, onde envolve alterao ou aumento da infraestrutura.
se carrega o medicamento.
h) Na poca de pario, usa-se o Alforje. No alforje vai medicamento especfico, seringa descartvel
15.2. INFRAESTRUTURA MNIMA PARA GESTO DA PROPRIEDADE
de 5 ml, agulhas, picotador, aplicador de brincos, brincos completos e a caderneta de pario e
caneta. Vai tambm remdio contra diarreia, fernegan (1 ampola + 5 ml de terramicina ou 5 ml
de mercepton para bezerro) humano contra fotossenbilizao, pomada unguento. O nvel tecnolgico define a estrutura mnima para a gesto da propriedade. comum produtores iniciarem
um projeto mais intensivo, esquecendo-se da necessidade de adaptar a infraestrutura disponvel.
i) Necessidade: canivete, caneta, caderneta de campo.
A inadequao da infraestrutura sempre acarreta prejuzos ou frustraes. Seja pela impossibilidade de
j) Os animais trabalham meio perodo. garantir os ndices tcnicos esperados, seja pelo aumento expressivo dos custos fixos com uma estrutura
superdimensionada.
k) No final, retira toda a tralha, banha o animal por completo e passa novamente o raspador.
Observe que incluram no manual at os materiais que precisam ser levados a campo, tendo em vista o
risco de se esquecerem e perderem tempo de trabalho; o que acontecia constantemente.
16. BENCHMARKING
16.1. IMPORTNCIA
15. ADEQUAO DA INFRAESTRUTURA
O benchmarking consiste numa ferramenta administrativa cujo conceito um dos menos compreendidos
entre os empresrios rurais.
A adequao da infraestrutura fundamental para a garantia dos processos de produo. Recomenda-
se que qualquer projeto que se proponha a organizar a gesto de uma propriedade rural, comece pelo A prtica do benchmarking apareceu como ferramenta de qualidade total no final dos anos 70, e incio
inventrio da infraestrutura e planejamento de sua adequao, conforme descrito no incio do captulo. dos anos 80, a partir da necessidade de grandes empresas em recuperar espaos perdidos para os
concorrentes no mercado.
a mesma coisa que um produtor esperar que seu pasto produza mais pintando a cerca ou colocando 16.3. COMO PROCEDER
uma placa igual da fazenda do vizinho, cujo pasto mais bem cuidado.
O benchmarking , na verdade, uma adaptao criativa da forma com que outra empresa encara seus Para estabelecer uma anlise correta, preciso certificar-se de que algumas variveis no contaminem as
desafios. Sendo assim, no so as decises ou as tcnicas que devem ser copiadas pelas empresas, mas concluses.
sim o mtodo usado para que a outra chegasse quela deciso.
preciso comparar tcnicas ou processos similares.
Voltando ao exemplo do pasto, um pecuarista, ao constatar que o pasto da fazenda ao lado melhor
que o seu, deve procurar seguir os passos dados pelo vizinho. No caso da comparao entre fazendas, os preos pagos em cada regio, por exemplo, podem comprometer
a anlise final. Nesse caso, uma propriedade tecnicamente pior pode operar com um resultado de uma
No entanto, de nada adiantar imitar simplesmente a deciso final, como qual fora a dose e frmula de empresa melhor tecnicamente, mas que opera numa regio desvantajosa.
uma adubao por exemplo.
Uma forma de evitar os erros comparar as atividades no mesmo ambiente de mercado, considerando o
As informaes que sero teis ao produtor so como a outra empresa chegou quela deciso, quais benchmarking apenas nos indicadores tcnicos e nos resultados que proporcionariam nas mesmas condies.
dados foram levantados, quais critrios usados para chegar ao diagnstico, onde o produtor foi procurar
orientao e assim por diante. Outro cuidado que a ferramenta demanda neste tipo de comparao com relao separao entre
custos e investimentos. comum que os indicadores tcnicos sejam subestimados nas empresas que vm
Desta forma consegue-se adaptar as solues para a condio prtica de cada empresa, tentando aumentando o rebanho ano a ano.
aproveitar as experincias e sucessos de outros produtores.
Certificando-se dos devidos cuidados, o benchmarking uma ferramenta muito til e permite ganhos
Este tipo de prtica deve ser mais difundido entre os empresrios rurais. Algumas empresas desenvolvem
considerveis nos processos tecnolgicos.
naturalmente melhores mtodos operacionais em relao s outras. Enquanto umas so eficientes em
determinados processos, outras so melhores noutros. A maior troca de informaes favoreceria todos
os produtores.
c) Aspectos Importantes quanto aos Recursos Materiais: no tocante ao rebanho, a avaliao da situao
atual da identificao e inventrio dos animais primordial e deve ser realizada antes de qualquer
passo na implantao do sistema. Os animais devem possuir pelo menos um cdigo de identificao
nico na propriedade, facilmente identificvel. As formas de identificao mais comuns encontradas
so: brinco, marca a ferro, tatuagem, chip (presente no bottom do brinco), dentre outros. Alm disso,
a avaliao das instalaes como bretes, currais de manejo e balanas imprescindvel para o sucesso
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA, D. P. R. de (1992)
Vale lembrar que toda e qualquer coleta de dados deve espelhar o objetivo do sistema de gerenciamento.
1. Gerar arquivos de informaes zootcnicas da criao: cujo objetivo criar uma base de dados com
identificao dos animais, da genealogia, dos registros de nascimentos, desmama e mortes dos
Em outras palavras, preciso definir quais ndices tcnicos, financeiros e veterinrios sero utilizados
animais, alm de registros de produo e reproduo dos animais; com a finalidade de ajustar as
como medidas de avaliao e desempenho do sistema de produo empregado. A partir desses ndices,
caractersticas genticas dos animais (melhoramento) com os objetivos do projeto
so estipulados quais dados devero ser coletados e monitorados. A relao entre os indicadores e
financeiros estreita. Qualquer alterao na conduo tcnica acaba por impactar as finanas. 2. Controlar o manejo na propriedade: facilitando o trabalho nos piquetes quanto identificao das
Tambm importante estabelecer essa relao pela natureza decisria das empresas rurais. Qualquer diferentes categorias de animais, das fmeas a inseminar e/ou acasalar, no descarte de fmeas
melhoria que se deseja implementar ser aplicada nos indicadores tcnicos; com consequncia direta vazias, no controle da reproduo e no diagnstico de gestao;
nas finanas. 3. Manter registros de produtividade: auxiliando no controle da reproduo, peso vivo, idade de abate
De forma geral, algumas questes norteadoras para definir quais dados devem compor o sistema de e do peso da carcaa;
coleta de dados baseiam-se em:
4. Controlar a sanidade do rebanho: possibilitando melhor controle das vacinaes, tratamentos em
Quais dados tcnicos se deseja controlar atualmente e por qual motivo? geral; controle de ecto e endoparasitas, verminoses, avaliaes de tuberculose e brucelose e em
cirurgias eventuais;
Quais resultados espera-se obter?
5. Adequar e reduzir custos com alimentao: ao separar os animais por categorias de produo,
Quais outros dados tcnicos desejam ser controlados no futuro e por qual motivo? identificao de raas, linhagens ou animais mais suscetveis s enfermidades, alm de observar o
histrico reprodutivo individualmente dos animais;
Ressalta-se que qualquer implantao de sistemas de gerenciamento na produo pecuria deve-
se primar pela obteno de dados tcnicos confiveis, passveis de serem utilizados para tomada de 6. Agregar valor aos animais no momento da venda: uma vez que possibilita rastrear o histrico e o
deciso na gesto do sistema de produo. Alm disso, o sistema de coleta de dados tcnicos deve desempenho dos animais, tornando o produto mais competitivo.
refletir a situao atual da propriedade e ser implantado de forma planejada, condizente realidade
dos recursos humanos, tecnolgicos e materiais disponveis na fazenda. Outro fator de sucesso o
grau de sensibilizao do proprietrio e/ou gestor quanto necessidade de implantar um sistema de 17.4. CONTROLE ZOOTCNICO E VETERINRIO
coleta dos dados e capacitar sua equipe para tal. Uma equipe sensibilizada tende a incorporar novas
rotinas de forma mais natural; portanto, fundamental que o gestor tambm incorpore novas prticas
Em relao ao desempenho produtivo, os ndices zootcnicos so a principal ferramenta de avaliao da
na gesto de recursos humanos, estimulando treinamentos, educao continuada e at mecanismos de
atividade e refletem de forma numrica, o desempenho dos diversos parmetros da explorao pecuria.
remunerao diferenciada por desempenho dos empregados envolvidos na atividade.
O controle zootcnico ou escriturao zootcnica consiste no registro de todos os eventos que
17.5. CONTROLE DOS FATORES DE PRODUO Inventrio de Terras: Neste levantamento, deve constar se a rea prpria, ou arrendada e se
est ocupada com lavouras permanentes, lavouras temporrias, pastagens naturais, pastagens
Todo tipo de empresa rural, independente se familiar ou patronal, integrada por um conjunto de cultivadas, matas nativas, matas ciliares, reserva legal, florestas plantadas, terras inaproveitveis,
recursos, denominados fatores de produo. So trs os fatores de produo, expressos por terra, estradas, audes, residncias. Aconselha-se fazer um croqui de ocupao desta rea, assim como
capital e trabalho. a precificao do fator terra (R$/ha);
18.1. IMPORTNCIA Portanto, ao contrrio do que geralmente se cr, contabilidade no se presta apenas para o clculo de custos
de produo, uma vez que envolve um conceito mais detalhado de controle e sistemas de informaes.
Normalmente, confunde-se administrao financeira e acompanhamento de custos de produo com Segundo algumas correntes de pensamento, a contabilidade, quando implantada apenas para o relato
a contabilidade. Acredita-se tambm que administrao de empresas agrcolas se resume apenas ao histrico, passa a ser dispensvel. Caso no se tome nenhuma deciso com base nas informaes
acompanhamento da aplicao da tecnologia no campo e ao controle contbil. contbeis geradas, no h motivo para realiz-la.
Como j comentado anteriormente, comum empresas com um sistema contbil extremamente Na prtica, ocorre exatamente da forma como descrito por essa linha de pensadores.
detalhado, preciso, mas que no fornece subsdios para decises e nem para a apurao dos custos
Justamente, pela incapacidade de decidir com o auxlio das informaes originadas pela contabilidade,
reais de produo.
geralmente, os produtores simplesmente passam notas fiscais e canhotos de cheques para que escritrios
Contabilidade, por definio, uma cincia com metodologia prpria que tem a finalidade de: de contabilidade desempenhem a funo obrigatria de prestar contas ao fisco. Ou seja, nesses casos, a
contabilidade no agrega valor gesto da propriedade. Se no agrega valor, no h motivo para que se
controlar o patrimnio das empresas; perca tempo com ela. Em termos gerenciais, trata-se de desperdcio de recursos e de tempo.
A falta de utilizao adequada da contabilidade, fato observado na prtica e relatado por todos os A maior parte do sucesso de um programa informatizado depende da pr definio, por parte do
autores e pesquisadores de administrao financeira, deve-se dificuldade de produtores e tcnicos produtor, de quais informaes sero geridas e quais relatrios so importantes para sua deciso.
contabilistas em usar uma linguagem especfica para a empresa rural.
Se, por um lado, falta aos produtores pacincia, treinamento e, especialmente, tempo para dominar os
conceitos mais simples de contabilidade, falta tambm contabilidade uma metodologia especfica e 18.2. PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE RELATRIO
moldada para a empresa rural. E INFORMAES
Os modelos de contabilidade disponveis no mercado so eficazes, mesmo em empresas rurais, para
avaliar o patrimnio. No entanto, para apurar resultados econmicos, o modelo contbil disponvel s O detalhamento do relatrio de informaes financeiras vai depender das atividades existentes na
permite a avaliao geral dos resultados. propriedade rural, bem como o objetivo e nvel de complexidade demandado por cada atividade.
A maior expectativa de qualquer produtor quanto s informaes contbeis a resposta para a pergunta: No entanto, de forma geral, manter o controle e registro de despesas e receitas da propriedade rural,
- Qual o custo de produo? possibilita ao gestor levantar os seguintes pontos, conforme ilustrado na Figura 8.
Na indstria ou nas empresas urbanas, setor no qual a cincia da contabilidade se desenvolveu, as Figura 8. Informaes geradas pelo relatrio de informaes financeiras
variveis tcnicas e os locais de produo so controlados. No caso da agricultura, a dificuldade no
contabilizar, mas sim conseguir apontar para onde foram direcionados os recursos. Empresas rurais so
constitudas por piquetes, lotes de animais, talhes, reas de servios, etc., quando no exploram mais
de uma linha de produo.
Ento, para responder a pergunta sobre o custo de produo, os empresrios rurais acabam levantando
as informaes tcnicas e, separadamente, calculam o custo de produo de um mdulo de pastagens,
por exemplo. Geralmente os preos dos produtos acabam vindo da contabilidade, consistindo numa das
poucas utilizaes prticas das anotaes contbeis.
Note-se que, nesse caso, apesar da informao vir da contabilidade, a sua funo foi apenas como
de caderneta de anotao. Em uma empresa de mdio porte, esse procedimento pode at ser Fonte: Leonelli (2015)
a) os fatores de produo, como mo-de-obra, a terra, mquinas e equipamentos; O inventrio permite avaliar se recursos como mo-de-obra, equipamentos, animais, estoques e
recursos financeiros esto sendo bem administrados e se esto gerando lucro ou no. Ao final deste
b) os recursos financeiros;
diagnstico possvel comparar a realidade atual a uma situao desejada e traar metas para atingir
c) ajustar as tecnologias aos objetivos do produtor e ao grau de intensificao da atividade; o objetivo desejado. O processo de avaliao deve ser constante desde a primeira etapa. Caso as aes
no estejam surtindo efeito como o planejado, faz-se necessrio identificar as falhas, colocar o novo
d) proporcionar aumento de renda; plano em prtica e avaliar a efetividade das novas aes propostas.
e) minimizar os riscos da atividade; Embora muitos softwares de gesto auxiliem o empresrio rural no acompanhamento e identificao de
desvios e falhas de planejamento, possvel realizar este mesmo controle utilizando-se da metodologia
f) zelar pela manuteno e crescimento do patrimnio e;
conhecida como Ciclo PDCA, ferramenta de gesto muito utilizada em diferentes setores produtivos.
g) transformar a propriedade em uma empresa rural. O Ciclo PDCA nada mais que uma metodologia que acompanha e avalia, de forma sistemtica, o
planejamento elaborado, as aes executadas advindas deste planejamento, o controle de indicadores
Para imprimir maior controle administrativo da propriedade rural, alm dos dados da escriturao
de desempenho das atividades propostas, culminando em uma avaliao geral que pode tanto corrigir
zootcnica citados anteriormente, outros dados devem constar no relatrio de informaes gerenciais
falhas como apontar melhorias contnuas no prximo ciclo de planejamento. Com base na filosofia do
da fazenda, tais como:
Ciclo PDCA possvel implantar uma srie de rotinas de gesto na propriedade rural, mesmo sem contar
Controle de estoques; com o uso de softwares especficos para isso. Basicamente, o Ciclo PDCA consiste em:
Monitoramento de processos de compra e venda; PLAN (Planejar): Refere-se ao planejamento do projeto de melhoria, ou seja, quais so os
objetivos e o detalhamento das aes, procurando identificar o que, quem, quando, onde e como
Atualizao de cadastros de clientes e fornecedores; ser executado;
Acompanhamento do fluxo de caixa; DO (Executar): Conduzir o plano, ou seja, implementar de acordo com o que foi planejado na
etapa anterior;
No entanto, a identificao animal e a rastreabilidade podem gerar uma srie de aspectos favorveis
para a cadeia de carne bovina. Dentre estes fatores destacam-se:
Controle de estoque;
Encarar a rastreabilidade bovina como um instrumento de gesto poderia servir de estmulo sua Como mencionado anteriormente, a escolha do software de gesto deve atender s necessidades e
adoo por parte dos produtores, com o objetivo de obter ganhos e facilidades no gerenciamento da particularidades de cada fazenda, devendo ser condizente com os objetivos do sistema de produo e
atividade pecuria. com os recursos disponveis na propriedade.
H, atualmente, uma srie de empresas e solues disponveis no mercado, portanto, a escolha deve
ser norteada no apenas pelo custo de implantao, mas tambm pela facilidade de utilizao pelo
usurio, pela linguagem e interface com outros programas, quando for o caso, e, sobretudo, suporte na
21. INFORMATIZAO DE PROCESSOS instalao e treinamento dos usurios.
Em recente levantamento realizado com empresas que atuam no setor, os softwares de gesto
21.1. SOFTWARES DE GESTO agropecuria oferecem os seguintes benefcios:
Controle geral das entradas, sadas e transferncias de animais (com registro dos tipos de
O aumento da oferta de softwares destinados gesto da propriedade rural cresceu muito nos ltimos movimentaes, morte ou venda);
anos, reflexo da acessibilidade informtica em toda a sociedade e demandas por informatizao em
diferentes setores da economia. Atualmente, o produtor rural encontra diversos programas disponveis Controle individual com genealogia, premiaes, histrico reprodutivo e ponderal;
no mercado, inclusive, especializados por tipo de atividade produtiva. Controle reprodutivo: cobertura, inseminao, diagnstico de prenhez, partos e abortos.
Contudo, cabe ressaltar que a gesto das atividades produtivas e dos recursos da fazenda no ocorre
Controle de atividades sanitrias: vacinas e medicamentos, e suas carncias.
simplesmente pela utilizao isolada de um software. preciso ter em mente que um software apenas uma
ferramenta que ir organizar e armazenar o trabalho de coleta de dados, cabendo aos gestores alimentado Filtro rpido para localizao dos animais e para ingresso de dados em lote.
com dados precisos e transformar tais dados em informaes que sero utilizadas para os mais diversos fins.
Relatrios com filtros e pr-visualizao: inventrio, pesagens, produo de leite, reprodutivos,
Neste sentido, a adoo de prticas cuidadosas quanto aos controles realizados na propriedade, seja movimentos e outros;
em planilhas de papel ou eletrnicas, precede a utilizao de softwares de gesto, visto que as rotinas
de coleta e sistematizao de dados subsidia o incio do processo de informatizao, caso ele no exista.
Imprime relatrios e formulrios especficos para a rastreabilidade;
Os softwares de gesto destinam-se a acompanhar e monitorar o mximo de atividades possveis, Gera arquivos XML para upload de dados nos sistemas de rastreabilidade compartilhados com
facilitando as tomadas de decises de forma rpida e objetiva. Porm, vale ressaltar que o processo frigorficos;
de informatizao comea muito antes de se ligar o computador; deve-se ter em mente o objetivo da Controle de pesagens,
implantao deste, pois, muitas vezes, o processo de seleo de um software baseado nas indicaes
de terceiros, sem a preocupao de avaliar e comparar os programas existentes no mercado e qual se Adaptvel para o gerenciamento de qualquer porte de rebanho;
adqua realidade da fazenda.
Administrao de estoque de smen e de embries;
Independentemente do software escolhido, algumas diretrizes devem ser adotadas. Uma delas refere-
Gerenciador de tarefas para uma melhor orientao;
se capacitao de mo-de-obra, como: situar o papel desempenhado pelo funcionrio no processo de
informatizao; divulgar os relatrios obtidos a partir das informaes anotadas; conferir a compreenso Recursos para simulao de vrios dados;
detalhada de todo o contedo do relatrio de coleta de dados, dentre outros.
Conexo com outras tecnologias como balana digital;
Completo controle de receitas e despesas com balancetes diversos; O tempo de produo corresponde ao ciclo da mesma, perodo durante o qual sero envidados insumos e
servios que, atravs dos bens de produo disponveis, sero transformados em determinado produto.
Controle das contas bancrias e fluxo de caixa
Na agropecuria, convencionou-se utilizar o perodo de um ano para o clculo dos custos de produo.
Por fim reitera-se que o uso de softwares facilita a automao de processos e, sobretudo, a coleta de
Portanto, mesmo que o ciclo de um bezerro demore mais de 12 meses at virar boi gordo, recomenda-
dados e a gerao de relatrios por funcionalidades. No entanto, so ferramentas gerenciais, ou seja, se padronizar a anlise em doze meses, que podem ser o ano fiscal, o ano agrcola ou perodos de cada
a adoo de softwares deve ser uma ao complementar ao principal: incorporar a filosofia de 12 meses fechados.
gesto empresarial, transformar a fazenda em uma empresa rural e tomar decises pautadas em dados
tcnicos e viso estratgica. Por definio, custos de produo so todos os recursos que so consumidos por completo durante o
ciclo de produo.
Calcula-se a depreciao pelo mtodo linear ou mtodo da linha reta. assim denominado pelo fato
de que o valor da depreciao anual sempre constante em relao ao valor de compra ou valor de
mercado do bem de produo.
Fonte: Nogueira (2007)
Os bens de produo, ou de capital, so constitudos basicamente pela infraestrutura que possibilita a O clculo feito dividindo-se o valor do bem pelo nmero de anos de utilizao:
conduo de determinada linha de produo. O valor inicial o preo de aquisio do bem deprecivel.
No caso da pecuria, para se produzir um boi ou leite so necessrios alimentos, produtos veterinrios, ( Valor Inicial - Valor Final )
mo-de-obra, energia, etc. Porm impossvel produzir sem a disponibilidade da terra, dos pastos Depreciao =
Vida til
Alguns livros de contabilidade trazem essa frmula, desconsiderando o valor de sucata, ou seja, Vem aumentando tambm o nmero de especialistas adotando a terminologia proposta por GOMES
considerando o valor de sucata igual a zero. (1999). O autor separa os custos em custos operacionais efetivos e custos operacionais totais.
Na agropecuria, pode-se considerar alguns itens de benfeitoria e edificaes como valor de sucata Ao tcnico e produtor que implementarem os conceitos em suas rotinas, fundamental que tenham
igual a zero. Depende do critrio adotado e da particularidade do bem de produo. conscincia do conceito que esto adotando. Independentemente da terminologia que se adote, o
importante que a metodologia seja suficientemente adequada para no subestimar e nem superestimar
Uma cerca ou a formao de uma pastagem podem ser consideradas como valor final zero.
os custos de produo.
A vida til dos bens de produo depende da manuteno, da categoria do bem (edificaes,
maquinrios, forragens, etc.) e da taxa de utilizao. Existem recomendaes sobre nmero de anos a
serem depreciados, como por exemplo, a de NEVES & VICECONTI (1997): 22.2. FLUXO DE CAIXA
Edificaes: 25 anos
Fluxo de caixa consiste na relao entre as sadas e entradas de recursos financeiros na empresa.
Mquinas e equipamentos: 10 anos
Instalaes: 10 anos
Fluxo de caixa = (operacionais
Receitas
operacionais ) - (
+ Receitas no Custos operac.
desembolsveis
+ Despesas no
operacionais
+ Despesas
operacionais )
Mveis e utenslios: 10 anos Nos levantamentos de custos de produo, comum encontrar itens de investimento como custos
Veculos: 10 anos variveis. o caso da compra de reprodutores, ferramentas, benfeitorias e mesmo maquinrios.
Os custos variveis so consumidos durante o ciclo de produo. preciso ter cuidado no momento da classificao dos gastos, pois os custos variveis no so iguais,
em termos numricos, a todos os gastos com a atividade ao longo do ano.
Os custos se incorporam totalmente ao produto no curto prazo. Como o nome diz, so custos que oscilam
de acordo com a variao da produo. Incluem, portanto, qualquer item cuja incidncia acompanhe Fluxo de caixa, muitas vezes confundido com custos variveis, pela prpria definio a relao entre
proporcionalmente a reduo ou aumento da escala de produo. as entradas e sadas de capital da empresa. Custos variveis so os recursos que se incorporaram aos
produtos ao longo do ciclo.
Os custos variveis ainda podem ser classificados em diretos ou indiretos. Os diretos so aqueles que
compem, entram na composio do produto final, como os alimentos, por exemplo. Os indiretos No havendo fluxo de caixa positivo, ou seja, as entradas sendo menores que as sadas de recursos financeiros,
so aqueles que variam de acordo com a escala, mas no entram na composio do produto, como o e se essas condies permanecerem assim por perodos prolongados, a empresa entra em colapso.
exemplo do diesel. Os passos at o colapso passam pelo consumo das reservas, do endividamento, do consumo dos bens de
A soma dos custos fixos, incluindo as depreciaes, com os custos variveis e despesas compem o produo e, por fim, o encerramento da atividade. Em grande parte dos casos, em empresas agrcolas
custo operacional. que fracassam, acaba no havendo a necessidade de se desfazer de toda a terra para saldar as dvidas.
No entanto, o produtor no ser capaz de se restabelecer.
Para simplificar, alguns especialistas sugerem que os produtores classifiquem como variveis todos
aqueles custos e despesas que so desembolsveis. Nesse caso, os custos fixos seriam representados As possveis situaes do fluxo de caixa podem ser diagnosticadas conforme ilustrado a seguir:
apenas pelas depreciaes.
Fluxo de caixa permite saldar despesas, custos e investimentos: Empresa financeiramente saudvel.
Outros adotam a mesma simplificao, com a diferena de adotarem a terminologia custos
Fluxo de caixa salda apenas as despesas, os custos e parte dos investimentos: A empresa est
desembolsveis, ao invs de custos variveis. Trata-se de uma opo interessante e, medida que o
consumindo seus recursos, tende a se endividar e parar a atividade.
O diagnstico pelo fluxo de caixa permite apenas identificar as condies. Est indo bem ou mal. No Quando as receitas cobrem todos os custos desembolsveis, mas so insuficientes para cobrir a soma
possibilita um diagnstico completo. No se chega a uma deciso estratgica a partir da anlise apenas dos mesmos com as depreciaes, conclui-se que a empresa esteja operando com resultado bruto
do fluxo de caixa. positivo, mas est em um processo de sucateamento dos bens de produo.
Para classificar e identificar as diversas situaes de deficincia de caixa h necessidade de se utilizar A soluo recomendada para esse caso, geralmente, o aumento da escala de produo. Esse
outros critrios que relacionam entradas e sadas na atividade. A volta a importncia de se avaliar o diagnstico, no entanto, pode estar errado ou no ser suficiente, pois o foco do problema pode estar
fluxo de caixa juntamente com os custos de produo sendo ocasionado por outros fatores, de ordem tcnica.
22.3. FLUXO DE CAIXA E CUSTOS DE PRODUO Optou-se por adotar a terminologia de resultado de caixa para identificar a diferena entre a receita e
os custos variveis.
Quando as receitas no so suficientes para saldar os custos variveis diretos, a atividade j entrou em
Quando as receitas cobrem os custos operacionais, ou o custo operacional total, a empresa j opera
colapso.
com o resultado lquido positivo.
Nesse caso, continuar produzindo s aumentar o prejuzo. Em grande parte dos casos, ajustes tcnicos
Quando a empresa opera com lucro operacional, a tendncia permanecer na atividade.
no sero suficientes para cobrir os custos variveis indiretos (administrao, consultoria, energia
eltrica, impostos, etc.). H ainda outro custo a ser vencido. O custo de oportunidade, ou custo da remunerao do capital, apesar
de polmico, deve ser usado ao menos uma vez ao ano para alinhar as estratgias de longo prazo.
A recomendao de aumentar a escala de produo numa empresa nessas condies no altera
positivamente o resultado, pelo contrrio, s piora. preciso ateno. Ser que cabe falar aqui que O raciocnio mais simples para se chegar a esse clculo a partir do inventrio e da soma total dos ativos de
financiamento para empresas nessa situao pode acelerar ainda mais o colapso, pois o sistema de uma taxa de remunerao do capital, escolhida de modo a representar uma oportunidade plausvel. Assim
produo no capaz de cobrir os custos, com o financiamento injetamos recursos para aumentar um como nos custos de produo, interessante que a taxa considere uma oportunidade real, no utpica.
sistema de produo deficitrio, o que aumenta ainda mais a dvida. Acho que essa informao alerta
Essa taxa ser multiplicada pelo valor do capital mdio total da empresa, incluindo a terra.
para a necessidade de conhecer o projeto e ter planejamento e no ficar chorando por crdito.
Mesmo com taxas da economia bem acima, geralmente adota-se uma taxa de remunerao de 6% ao
O produtor, nessas condies, certamente ir parar a atividade, o que inclusive recomendvel.
ano para calcular o custo de oportunidade. Geralmente os arrendamentos de terra so negociados por
Quando as receitas superam os custos variveis diretos, mas no cobrem toda a soma dos custos e volta de 5% a 6% do valor da terra, ao ano. A opo por aplicar a taxa de 6% no clculo dos custos de
despesa, a situao tambm de colapso, haja vista que a receita acaba no sendo suficiente para oportunidade se deve considerao de que a opo mais real para o produtor o arrendamento e no
cobrir as despesas para manter a atividade funcionando. a venda da terra para aplicar o dinheiro em bancos.
Nessas condies, para que a atividade se mantenha, necessrio que haja subsdio. Esse subsdio A soma do custo operacional, custo operacional total, com a remunerao de capital ou custo de
poder vir de outras atividades em produo dentro da prpria empresa ou de recursos externos. oportunidade o que pode ser chamado de custo econmico, ou seja, ponto a partir do qual a empresa
passaria a ganhar mais do que as melhores opes disponveis no mercado.
Os recursos externos geralmente so do prprio empresrio, por meio de aporte de capital, ou
simplesmente, pela administrao sem remunerao. Se o administrador vive de outras fontes de renda Voltando ao raciocnio, quando as receitas passam a cobrir os custos econmicos, chega-se situao
que no seja da empresa, a administrao subsidiada. denominada lucro supernormal ou lucro econmico, dependendo dos autores.
Em grande parte dos casos, propriedades nessas condies podem reverter o quadro desfavorvel com Os rendimentos superam as melhores opes de investimentos disponveis aos produtores.
Os resultados possveis das relaes entre as receitas e os custos podem ser resumidos na tabela 1 - O lucro ou prejuzo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
Tabela 1. Ilustrao das relaes entre receitas e custos, e a tendncia caso a - O resultado do exerccio antes do Imposto de Renda e a proviso para tal imposto;
empresa permanea na situao por longos perodos.
Desde que nenhuma informao seja suprimida e nem superestimada, o DRE acaba seguindo as
particularidades e preferncias de cada empresa. Evidentemente que alguns indicadores ou a frmula
de calcul-los so exigidos por lei, como o caso das depreciaes, lucro lquido, investimentos, etc.
Em termos gerenciais, base de decises para o produtor, em um DRE nunca poder faltar:
22.4. DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS DO EXERCCIO - DRE O componente operacional envolve os recursos e receitas oriundas da atividade produtiva. Entra a a
importncia da conceituao entre investimentos e custos de produo.
O Demonstrativo do Resultado do Exerccio (DRE) um formato de apresentao com objetivo de resumir
os resultados lquidos em um exerccio. Trata-se de um relatrio de resultados, elaborado a partir do
confronto entre as receitas operacionais e no operacionais, com as sadas operacionais e no operacionais. 22.4.2. COMPONENTES DE CUSTOS E RECEITAS AGREGADOS
O total da diferena o fluxo de caixa, embora o DRE deva incluir os resumos dos custos, resultados,
O DRE precisa ser simples, de fcil compreenso. Portanto fundamental que os custos sejam
lucros, anlises especficas, investimentos, depreciaes (que no compem o caixa), etc.
organizados de acordo com a sua natureza, de preferncia resumidos em subtotais.
A demonstrao do resultado do exerccio oferece uma sntese financeira dos resultados operacionais e no
Por exemplo, no subtotal funcionrios ou despesas com pessoal, entrariam salrios, encargos, horas
operacionais de uma empresa em certo perodo. Embora sejam elaboradas anualmente para fins legais de
extra, cantinas, etc.
divulgao, em geral so feitas mensalmente para fins administrativos e, trimestralmente para fins fiscais.
No subtotal nutrio e alimentao, entrariam os suplementos minerais, ncleo, raes e outros
So comuns nos DREs das empresas:
produtos componentes de dietas (milho, farelos, polpa ctrica, etc.). Os alimentos podem ainda ser
- Receita bruta das vendas e servios, as dedues das vendas, os abatimentos e os impostos; resumidas fontes de energia e fontes de protena.
- Receita lquida das vendas e servios, custo dos produtos e o lucro bruto;
Ebitda = Totais ) - (
( Receitas Custos e
despesas totais - (Juros + Depreciaes + Amortizaes + Impostos))
22.4.3. DEPRECIAES
Ebitda
Margem Ebitda % = x 100
Receita total
Tomando o cuidado de lembrar que as depreciaes no compem o fluxo de caixa, importante inclu-las
no demonstrativo por serem itens relevantes nos custos fixos. Podem ser resumidas em apenas uma linha,
ou detalhadas em categorias assim como os demais custos.
22.4.6. INDICADORES RESUMIDOS
Tanto para os resultados, como Ebitda, custos fixos, variveis, operacionais, etc. interessante que o
22.4.4. RESULTADOS
DRE contenha um resumo relacionando o resultado com um parmetro.
Os resultados podem ser classificados em operacionais e lquidos, j incluindo as dedues. O parmetro pode ser a rea (hectare) ou a quantidade de arrobas ou litros de leite produzidos. O ideal,
na verdade, usar os dois.
So obtidos pelo clculo direto da subtrao entre a receita operacional e os custos, operacionais
ou lquidos. preciso cuidado para no incluir receitas no operacionais, o que superestimaria os Hectare: a simples diviso do parmetro geral pela rea til do projeto. rea til usada para
resultados, e nem os investimentos, o que subestimaria os resultados. operaes, inclui pastagens, produo de forragens, rea das benfeitorias e edificaes. Se o produtor
possui uma rea para produo de milho gro, a ser usado no rebanho, essa rea no deve ser inclusa
As operaes matemticas so simples, desde que os conceitos sejam compreendidos e devidamente
no clculo da pecuria. Deve-se analis-la separadamente como atividade agrcola.
aplicados.
Caso seja um projeto de integrao entre lavoura, florestas e pecuria, a rea considerada para todas
as atividades relacionadas. Um dos ganhos da integrao a possibilidade de uso duplo ou triplo da
DEPRECIATION AND AMORTIZATION) Esse indicador permitir uma anlise comparativa com outras atividades agropecurias, fora da pecuria.
A unidade R$/ha/ano.
Ebitda a sigla em ingls para lucro antes dos juros, impostos, depreciaes e amortizaes. A receita Custo operacional
considerada a bruta, gerada pelas operaes. Custo operacional/ha =
Total hectares para a pecuria
O Ebitda usado para avaliar o lucro referente apenas ao negcio, descontando qualquer ganho Lucro operacional
financeiro (derivativos, alugueis ou outras rendas que a empresa possa ter gerado no perodo). Lucro operacional/ha =
Total hectares para a pecuria
Trata-se de um indicador comparativo, capaz de possibilitar anlises com menor quantidades de
Arrobas: Trata-se do indicador mais conhecido e nem sempre calculado da forma correta. Uma das
distores como, por exemplo, maior ou menor incidncia de impostos, taxas de juros da economia,
maiores dificuldades considerar quantas arrobas foram obtidas na propriedade. Sendo assim,
maturidade do projeto, etc.
preciso estabelecer o inventrio permanente, com acompanhamento mensal do peso dos animais (por
Para facilitar, a quantidade de arrobas produzidas o resultado da soma das vendas com a variao dos Existem dois critrios mais usados para descontar o valor do animal do custo de produo de leite.
estoques.
O primeiro deles somar o valor dos animais produzidos e transform-los em equivalentes litros de leite.
A venda simples. a variao do estoque que exige cautela, pois inclui a mortalidade, a compra, o aumento Se uma vaca produz trs mil litros de leite e um bezerro por ano, pega-se o valor do bezerro e calcula-se
ou a reduo do rebanho e eventuais transferncias, caso a anlise seja setorizada ou por fazendas. quantos litros de leite ele vale, dividimos o valor do bezerro pelo valor do litro de leite e temos quantos
litros de leite ele vale. Esse volume considerado no clculo dos indicadores por litro de leite.
Compras e transferncias so simples de detectar, assim como as vendas. Mas na falta do inventrio,
e da considerao do crescimento, ou reduo do rebanho que os produtores sempre acabam errando. Apesar da praticidade, esse mtodo pode levar a uma confuso caso algum se descuide e considere a
produo estimada como sendo a produo total de leite.
Se a quantidade de arrobas no inventrio aumentou, esse aumento precisa ser considerado como
investimento. Se a quantidade de arrobas reduziu, essa reduo precisa ser proporcionalmente Outra maneira ratear os custos a partir do faturamento. Por exemplo, se as vendas de vacas de descarte
considerada como receita no operacional. Evidente que esse clculo j precisa desconsiderar as e animais jovens totalizarem 20% do faturamento, a mesma proporo descontada nos custos de
transferncias e as compras. produo de leite.
Sendo assim, a melhor maneira de calcular a produo na empresa pecuria a partir da seguinte expresso: Sendo assim, para se chegar ao custo ou lucro por litro de leite, ao invs de se alterar o volume de
produo, considera-se apenas a porcentagem referente atividade. No exemplo, 80%.
Produo do perodo = (Vendas + Transferncias para outras fazendas) (Compra + Variao do Estoque +
Transferncias de outras fazendas) Os indicadores so apresentados em R$/litro de leite.
Para que o clculo seja correto, fundamental considerar o mesmo perodo para todas as referncias. Tanto na pecuria de leite, como na pecuria de corte, imprescindvel levar em considerao o
Teoricamente, transferncias e vendas deveriam ser consideradas da mesma forma. movimento do estoque do rebanho. Se estiver aumentando, h investimentos. Se estiver reduzindo,
parte da receita no operacional.
Determinada a produo da fazenda, outro indicador pode ser estabelecido, que a produtividade,
calculada pela produo dividida pela rea til. Custo operacional Receita com venda de leite
Custo operacional/litro = x
Total litros produzidos Total receitas operacionais
A partir da basta calcular os custos e resultados a partir da quantidade de arrobas produzidas para se
determinar os indicadores em R$/@. Lucro operacional Receita com venda de leite
Lucro operacional/litro = x
preciso um cuidado no caso da recria e engorda ou apenas da engorda. O custo por arroba, ao final, Total litros produzidos Total receitas operacionais
precisa ser determinado pelo clculo anterior, caso se desconsidere o valor da compra dos bezerros ou
bois magros, no clculo. Caso a reposio entre no clculo, o indicador final de custos por arroba precisa
ser determinado, incluindo as arrobas compradas. Basta ateno a esses detalhes para no se chegar a
um custo de produo exageradamente elevado nos clculos.
23. FERRAMENTAS E PROGRAMAS DE COMERCIALIZAO
Custo operacional
Custo operacional/@ =
Total arrobas produzidas
O resultado do produtor depende da diferena entre as receitas e os custos de produo. Ambos so
Lucro operacional impactados pela estratgia e pela execuo tecnolgica e pela eficincia comercial, tanto nas vendas,
Lucro operacional/@ = como nas compras.
Total arrobas produzidas
Portanto, uma boa estratgia de comercializao fundamental ao sucesso do empreendimento.
Como visto no incio do captulo, o acompanhamento das informaes de mercado essencial para a Recomenda-se os seguintes passos:
garantia dos resultados. recomendvel contratar servios de informaes de mercados e compar-los
Passo 1: Inventariar o estoque de animais e checar a possibilidade de venda ao longo do ano;
com as publicaes dos indicadores, como os divulgados pelo Cepea Centro de Estudos e Pesquisa em
Economia Aplicada, da ESALQ/USP. Passo 2: Verificar os melhores momentos e elaborar estratgias nutricionais que permitam terminar os
animais no momento desejado, com o objetivo de cumprir a meta;
Munido destas fontes de informao, o produtor poder comparar o nvel de preos que esto sendo
praticados na sua regio, o que permitir a avaliar a sua eficincia comercial. Passo 3: Estabelecer pontos de controle de modo a antecipar o risco de descumprimento do plano;
Passo 4: Considerar os impactos nos custos e a viabilidade tecnolgica de executar o plano de venda.
23.2. MTODOS DE COMERCIALIZAO
H diferentes formas de transaes comerciais nas compras e vendas. As relaes podem ser
23.4. PLANEJAMENTO DAS COMPRAS
estabelecidas por contrato ou no mercado spot, com negociaes e vendas vista. Os preos podem
ser negociados vista ou a prazo. Para um bom planejamento de compras, possvel adotar estratgias que tm sido implementadas com
sucesso em algumas empresas.
A pecuria leiteira, no entanto, vive uma particularidade. Mesmo com preos preestabelecidos, na
grande maioria os valores so pagos apenas em meados do ms seguinte, depois do produtor enviar Antes de planejar as compras, importante estabelecer um critrio de controle de estoques, de acordo
toda a produo do ms. Com isso, ao receber o pagamento, normal que o pecuarista j tenha com os passos a seguir:
comprometido 45 dias de sua produo; 30 dias do ms de referncia e outros 15 dias do ms corrente.
Passo 1:
Embora estejam aumentando o volume de contratos entre pecuaristas e indstrias, ainda representam
a maioria das negociaes. - Listar os produtos necessrios e mais usados na empresa;
Mesmo assim, comum que o produtor fornea para o mesmo laticnio durante anos. - Classificar de acordo com os processos em que entram: manutenes, cria, recria, engorda, leite,
pastagens, etc.
Na pecuria de corte, os contratos de fornecimento so mais raros ainda, salvo os casos de contrato a
termo, que ser explicado a seguir. Nos ltimos anos, programas de bonificao por qualidade em linhas - Organiz-los, verticalmente (na coluna) em uma planilha.
especficas de carne tem possibilitado uma certa fidelidade entre produtor e fornecedor.
Passo 2: Horizontalmente (nas linhas), na mesma planilha, sero reunidas, uma a cada linha, as
seguintes informaes:
23.3. PLANEJAMENTOS DE VENDAS - Quantidade inicial em estoques, seguindo o padro da planilha de custos, preferencialmente;
A desvantagem, no entanto, antecipar a negociao com o seu comprador. Quanto maior o nmero DUARTE, L Administrar bem, lucrar sempre. Planejamento: a primeira funo da administrao,
de produtores vendendo bois a termo, maiores sero as condies dos frigorficos pressionarem as site Ideagri - http://ideagri.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=367
cotaes no fsico. Isso ocorre pela garantia prvia da escala de abate.
FRANCISCO, V.L.F.S.; PINO, F.A. Fatores que afetam o uso da Internet no meio rural paulista.
Agricultura So Paulo, So Paulo, v. 51, n. 2, p. 27-36, jul./dez. 2004. Disponvel em: http://
www.iea.sp.gov.br/out/publicacoes/pdf/asp-2-04-3.pdf. Acesso em 21 jul. 2014.
24. ADESO VOLUNTRIA A PROTOCOLOS DE BOAS GESTOR - Gesto Organizacional, site http://www.gestorconsultoria.com.br/diagnostico/
PRTICAS GOMES, S.T.; Diagnstico da Pecuria Leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005,
coordenao de LINS, P.M.G. & VIELA, P.S., Faemg/Sebrae-MG/Oceng/Senar-AR, Belo
Horizonte MG, 2006, 156 p.
Alm de aplicar corretamente os conhecimentos tcnicos e administrativos enumerados neste
Guia de pecuria, recomendvel que o produtor fique atento e faa adeso a protocolos de GOMES, S.T. O clculo correto dos custos de produo de leite. Revista Balde Branco, So
sustentabilidades, desde que os mesmos estejam alinhados tecnicamente com os preceitos Paulo, p. 42-48, mar. 1999
discutidos ao longo dos captulos deste guia.
LIMA, V. M. B. et al. SISBOV: entendendo o passado, planejando o futuro. In: XLV Congresso
Um bom exemplo a adeso s Boas Prticas Agropecurias, programa fomentado pela da Sociedade Brasileira de Economia, Administrao e Sociologia Rural, 2007. Londrina,
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MACHADO, J. G. de C. F.; Nantes, J. F. D. Identificao Eletrnica de Animais por Radio- OLSEN, P.; BORIT, M. How do define traceability. Trends in Food & Technology, v.29, p.142-
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PINEDA, N. Rastreabilidade: uma necessidade do mundo globalizado. In: 5 Congresso
MACHADO, J. G. de C. F.; NANTES, J. F. D.; ROCHA, C. E. O processo de informatizao Brasileiro de Raas Zebunas, 2003. Uberaba: Anais...Uberaba, 2003.
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A busca pela sustentabilidade na produo de bovinos de corte passa, obrigatoriamente, por um bom
manejo nutricional, pois animais que consomem dietas desequilibradas (quantidade e qualidade), geram
prejuzos econmicos para o projeto, ao exigirem mais rea de pastagem e tempo para alcanar as metas
de desempenho. Isto aumenta a emisso de gases por unidade produzida, pode comprometer a gerao de
empregos na cadeia produtiva e reduzir os benefcios para as comunidades onde esto inseridos os projetos.
No Brasil, os bovinos de corte so alimentados quase que exclusivamente a pasto, porm o fornecimento de
suplementos e raes adequadas aos animais possibilita um melhor uso da forragem, podendo possibilitar
maiores consumo de matria seca (% do peso vivo), lotao (UA/ha) e ritmo de crescimento (kg por cabea
ao dia). A melhoria dessas caractersticas proporciona reduo na idade do incio da reproduo nas fmeas
e idade de abate nos machos, permitindo trabalharmos com valores inferiores a 2 anos, alm de melhorar a
qualidade da carcaa produzida (peso e cobertura de gordura). Esses fatores aumentam a eficincia financeira
A NUTRIO DO REBANHO PARA de todo o sistema de produo e contribuem para o aumento da produo de carne de qualidade.
PRODUO DA PECURIA SUSTENTVEL4 Todo programa nutricional de animais em pastagens deve levar em considerao a estacionalidade de
produo de forragens, com uma fase ou perodo de oferta elevada das mesmas de boa qualidade e outra
com menor disponibilidade de forragem e estas, quando presentes, apresentam valor nutritivo inferior s
exigncias para desempenhos satisfatrios de uma pecuria sustentvel.
Joo Menezes de Souza Neto e Lus Gustavo Trevisan 5
O acmulo de massa de forragem (kg/ha) mais elevado quando as condies climticas so favorveis.
Nestas condies, as forragens so pastejadas com elevado valor nutritivo (% de digestibilidade e
Esta publicao parte do Manual de Prticas para Pecuria Sustentvel. O material
protena) e o desempenho elevado (kg/cabea/dia). Quando as condies de crescimento do capim
um conjunto de informaes sobre tecnologias sustentveis condensadas em uma nica
so desfavorveis, os animais no tm atendidas suas exigncias, o que reduz o desempenho, aumenta a
publicao, destinado ao setor produtivo, pecuaristas de corte do pas, estudantes de
idade de abate e da primeira cria, alm de piorar os ndices reprodutivos (kg de bezerro por vaca e rea).
cincias agrrias, consultores, tcnicos agropecurios e extensores rurais interessados
em como produzir e manejar animais para corte e leite de forma sustentvel financeira- Os animais apresentam exigncias nutricionais que variam com o sexo, peso, estado fisiolgico, tamanho
econmica, social e ambiental para esta e futura geraes. da carcaa, condio corporal e metas de desempenho esperado. O potencial gentico de cada categoria
s ser expresso quando a dieta, que composta por pastagens e suplementos, atenderem todas as
necessidades dos animais.
4. Este documento faz parte do Guia do produtor para produo pecuria sustentvel do GTPS
5. Joo Menezes de Souza Neto Doutor em Cincia Animal e Pastagens pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz USP e Lus Gustavo Trevisan Definitivamente, animais bem nutridos so a base de uma pecuria sustentvel.
Zootecnista, consultor e diretor da SSAP.
A boa nutrio dos animais fundamental para que eles manifestem seu potencial gentico de
produo de carne. Em sistemas baseados em pastagens, como os predominantes no Brasil, tm-se
como principal fonte de alimento as forragens. Os pastos possuem plantas de crescimento estacional,
ou seja, em pocas em que fatores como a disponibilidade de gua, temperatura e luminosidade so
favorveis, h elevado acmulo de forragem de boa qualidade.
Figura 1. Estacionalidade da produo de forragem em funo da temperatura (oC) Fonte: National Research Council (1996) citado por Valle et al., 2000
O produtor tem que equacionar a oferta de forragem com os momentos de maior exigncia nutricional do
animal e fornecer os nutrientes que esto faltando atravs de suplementos volumosos e/ou concentrados
para maximizar a produo destes animais.
Para cada desempenho desejado, desde o mnimo para sobrevivncia (exigncia de mantena) como
para produo, reproduo, gestao, produo de leite, crescimento e engorda (exigncia de ganho) so
necessrios nutrientes em quantidade e qualidade. A estratgia tem que ser planejada em funo das
diferentes categorias existentes na propriedade e o desempenho esperado em cada fase ou estado fisiolgico.
A melhor forma e a mais econmica de alimentar bovinos ter pastagens com boa oferta de forragens de
qualidade, porm no conseguimos isso o ano todo, devido aos problemas de estacionalidade, como foi
demonstrado na figura 1.
A matemtica da boa nutrio uma conta muito simples, porm a operacionalizao envolve questes
nutricionais, organizacionais e de custos, o que demanda gerenciamento eficiente de todos os fatores que
Fonte: Mendona e Rassini, 2006 implicam no arraoamento adequado de bovinos. A quantia e a forma de suplementao dependero da
exigncia do animal e da oferta e qualidade do volumoso oferecido (figura 2). Quanto maior a quantidade e
Maiores informaes sobre as caractersticas de produo e qualidade dos pastos podem ser encontradas melhor a qualidade da forragem da pastagem e/ou volumoso ofertado, menos suplementos teremos que usar.
no captulo de pastagens.
Figura 2. Necessidade de suplementao de bovinos.
O bovino, no entanto, necessita de nutriente todos os dias do ano. Por exemplo, a necessidade diria
de energia, protena, clcio e fsforo de uma vaca, em gestao ou lactao, de 9-10 Mcal/dia de
energia lquida, 470-550 g/dia de protena metabolizvel, 22 g/dia de clcio e 14-16 g/dia de fsforo,
independentemente das condies de solo, clima e oferta de forragem (Tabela 1). Fonte: Autor
Segundo Valadares Filho et al., 2010 diversos pases j estabeleceram as normas nutricionais de seus
rebanhos de corte, levando em considerao as peculiaridades de suas realidades: Frana em 1978 (INRA,
1978 e INRA, 2007), Inglaterra em 1965 (ARC, 1965), Reino Unido em 1980 (ARC, 1980) e 1993 (AFRC,
1993), Estados Unidos (NRC, 1917 a NRC, 2000) e Austrlia em 1990 (CSIRO, 1990 e CSIRO, 2007). No Brasil,
a primeira verso do BR CORTE (Valadares Filho et al., 2006), apresentou os requerimentos de animais
Nelore criados em condies brasileiras. No entanto, o reduzido nmero de observaes (principalmente
para machos castrados e fmeas) e a falta de animais cruzados no banco de dados sugerem que sejam
realizadas mais pesquisas dos requerimentos nutricionais para bovinos de corte aqui.
Energia definida como a capacidade de realizar trabalho, e obtida dos alimentos pelos animais atravs
de processos digestivos e metablicos. A necessidade energia varia em funo do sexo, peso e ganho
desejado em cada categoria, sendo maior para fmeas e menor para machos no castrados, enquanto
que animais castrados apresentam valores intermedirios. Quanto maior o peso corporal do animal ou
ganho desejado, maior a necessidade de energia na dieta, Na tabela 2, se observa a exigncia de energia
digestvel (nutrientes digestveis totais = NDT) de animais em diversas fases do crescimento.
Um programa de nutrio adequado pode ser simples, baseando-se em determinar as exigncias das
2.2. EXIGNCIAS EM PROTENA
diferentes categorias da propriedade, levantamento da oferta e qualidade das pastagens e necessidade
suplementao para que cada categoria atinja as metas de desempenho desejado. A protena um dos nutrientes mais nobres para os seres vivos, estando envolvida em funes vitais
diversas no organismo tais como: crescimento e reparo dos tecidos, catlise enzimtica, transporte
Um exemplo seria a necessidade de nutrientes de um lote de fmeas primparas para um ganho de um nvel de e armazenamento, movimento coordenado, sustentao mecnica, proteo imunitria, gerao e
escore corporal. Entre as pastagens disponveis, escolher aquela mais prxima da necessidade desta categoria transmisso de impulsos nervosos, controle do metabolismo, do crescimento e da diferenciao celular.
e caso haja necessidade, montar uma estratgia de suplementao que atenda este dficit de nutrientes. Os ruminantes apresentam peculiaridades em sua nutrio proteica, porm, suas demandas em protena
importante lembrar que a cada ano temos uma adequao a ser feita, pois as condies climticas no so so atendidas atravs de aminocidos absorvidos no intestino delgado, como em qualquer outro
uniformes e, em anos de maior pluviosidade, diminuem as necessidades de suplementao enquanto o inverso animal, apesar de grande parte da protena absorvvel (50 a 80%) ser advinda da protena microbiana
verdadeiro para anos mais secos. sintetizada no rmen (Bach et al., 2005, citado em Valadares Filho, 2010).
Desta forma, h uma presso da sociedade como um todo sobre os sistemas de produo animal,
principalmente os mais intensificados, para que adotem medidas que visem reduzir o seu impacto
ambiental. E a correta formulao das dietas, atendendo exatamente s exigncias proteicas dos animais,
uma das formas de se garantir que excessos de ureia no sero excretados para o ambiente. Evidentemente
que tal medida s pode ser tomada quando se conhecem as exigncias em protena dos animais, que, para
bovinos de corte, podem ser subdivididas em exigncias para mantena, crescimento, gestao ou lactao.
Os animais de maior desempenho tm uma maior necessidade de protena, e esta deve ser fornecida
em quantidade e qualidade para atender as exigncias e atingir os objetivos de produo desejados.
Machos no castrados so mais exigentes que os castrados e as fmeas por terem melhor desempenho
e maior acmulo de tecidos musculares (tabela 3).
Grande parte da protena utilizada pelo ruminante so aminocidos absorvidos no intestino, provindos O fornecimento de protena aos animais durante o perodo de crescimento forrageiro (vero), quando
da fermentao realizada no rmen por microrganismos. Este processo facilita a utilizao de fontes de os teores de protena so elevados, normalmente no recomendado. Porm, quando este realizado,
nitrognio no proteico como a ureia, a fim de reduzir os custos da suplementao proteica. Algumas deve-se dar ateno ao tipo de protena fornecido. A preferncia por uso de protena verdadeira
nos suplementos e uma menor quantidade de NNP nesta poca do ano, melhora os resultados de
bactrias existentes no rmen tm a capacidade de utilizar fontes de nitrognio no proteico (NNP), como
desempenho e evita riscos desnecessrios.
a amnia da ureia, transformando-a em protena microbiana durante seu crescimento. Esta protena
ser ento aproveitada pelo bovino quando, devido ao trnsito do alimento, estes microrganismos Balsalobre et al. (2003) estudaram os teores das fraes proteicas das pastagens de acordo com o programa
chegam ao intestino e so ento digeridos. de Cornell e consideraram que se deve ter cuidado na avaliao do teor proteico de plantas tropicais, pois,
em reas bem manejadas e adubadas, esse poder atingir teores elevados e, na maioria das vezes, maiores
que a exigncia de animais em crescimento e terminao. Isso poder levar a concluses equivocadas,
sendo uma delas a de que existe protena em excesso com relao necessidade nutricional dos animais
em plantas tropicais. No entanto, boa parte dessa protena no degradvel (frao C).
J durante a seca, normalmente a forragem disponvel de pequeno valor nutritivo e teores de protena Os minerais desempenham trs tipos de funes essenciais para o organismo dos animais. A primeira
inferiores s necessidades de mantena de bovinos. A suplementao com protena para animais delas diz respeito sua participao como componentes estruturais dos tecidos corporais (por exemplo Ca
pastejando forrageiras que perderam valor nutritivo durante o inverno tem dois efeitos: fornecimento e P). Tambm atuam nos tecidos e fluidos corporais como eletrlitos para manuteno do equilbrio cido
de nutrientes pelo suplemento, mas tambm melhoria do funcionamento ruminal. Isto quando a bsico, da presso osmtica e da permeabilidade das membranas celulares (Ca, P, Na, Cl). Por ltimo,
qualidade de forragem inferior s necessidades do animal, principalmente com relao protena, funcionam como ativadores de processos enzimticos (Cu, Mn) ou como integrantes da estrutura de
ocorre a diminuio do consumo de massa seca de forragem.
metaloenzimas (Zn, Mn) ou vitaminas (Co) (Tokarnia et al., 2000).
A adio de protena dieta, atravs de suplementos, pois melhora o consumo de forragem e,
Quando elevados desempenhos reprodutivos, crescimento e engorda so desejados, importante a boa
consequentemente, o desempenho animal. Estas estratgias de suplementao proteica na seca
apresentam custos relativamente menores que o fornecimento de concentrados energticos, porque mineralizao, tanto do ponto de vista da formulao, como de fornecimento. Boas formulaes fornecidas
so fornecidos em pequenas quantidades, tm manejo semelhante ao uso de suplementos minerais e de maneira errtica podem no atender s demandas de minerais de bovinos de maneira satisfatria. Por
ainda permitem o uso de aditivos melhoradores do desempenho animal, elevando os resultados numa exemplo, podemos citar cochos mal distribudos, longe de aguadas, em pastagens de elevado tamanho e
poca de escassez de forragens de qualidade, devido a condies climticas adversas. com fornecimentos sem controle de consumo.
Animais cruzados, fmeas e machos castrados tm uma maior exigncia em protena para um mesmo Fmeas em reproduo so animais de elevada exigncia em minerais (tabela 1), utilizando normalmente
ganho de peso que animais Nelore da mesma categoria, enquanto machos no castrados Nelore so formulaes com maiores teores de fsforo e demais nutrientes. Os animais em crescimento e de maior
mais exigentes que os cruzados (figura 3). desempenho, para os quais se espera elevada produtividade, necessitam de maiores quantidades de
minerais para atender suas exigncias (tabela 4) em relao aos de pequeno crescimento e tardios.
Figura 3. Necessidade diria de protena (g) de bovinos nelore e cruzados com ganho
Portanto, em sistemas em que se procura maior precocidade, eficincia e sustentabilidade, a mineralizao
de 0,5 kg/dia, (MNC = machos no castrados, MC = machos castrados e F = fmeas)
deve ocorrer de forma sistemtica e operacionalmente correta, pois o contrrio pode afetar grandemente
o desempenho de animais melhores e mais exigentes como Nelores selecionados e cruzamentos com
finalidade de obter primeira prenhes e abate at os 24 meses.
Mesmo que estes bezerros tenham menor peso e consumo neste perodo, o acmulo de massa
e nutrientes das forrageiras podem no atender as necessidades do animal, que aumenta com seu
Fonte: Marcondes et al., 2009
desenvolvimento (figura 5). A exigncia de energia, protena e minerais aumenta com o crescimento
do animal e s ser bem atendido na estao de crescimento, pois no inverno e/ou seca s haver
forragem se for acumulada em outros perodos e reservada para esta poca de menor oferta. Esta
estratgia implica em elevada perda de qualidade da forrageira.
2.4. AS EXIGNCIAS DOS BOVINOS E O ATENDIMENTO DESTAS
PELAS PASTAGENS
Figura 5. Acmulo de NDT de Massai e exigncia diria de energia (NDT) por bezerros
As forrageiras apresentam estacionalidade de produo, mas esta pode ser administrada com as pocas de peso inicial = 210 kg e GPD = 0,5 kg/dia
de estao de monta e crescimento dos bovinos (figura 4), favorecendo melhor acesso destes forragem
de qualidade. No momento da desmama, temos o perodo de menor oferta de forragem, mas esse
o momento que os bezerros tm menor peso e consumo, facilitando a suplementao, caso esta seja
necessria para melhorar o desempenho destes animais.
Todo bom planejamento comea com um diagnstico da situao dos recursos disponveis no sistema
de produo. No Brasil, a pecuria baseada em pastagens e este recurso tem elevada importncia nos Figura 7. Valor nutritivo de forragens de B. decumbens ao longo do ano
resultados e metas a serem alcanadas, portanto deve-se elaborar um levantamento tanto da condio
das pastagens, como da oferta de forragem e o valor nutritivo das mesmas.
Alguns dados importantes que devem ser levantados so o tamanho das pastagens, espcie forrageira,
taxa de lotao, massa de forragem, altura do capim, disponibilidade de aguadas e saleiros, presena
de invasoras, alm de amostragens da qualidade da forrageira (figura 6). A partir deste diagnstico,
usaremos as pastagens de melhor qualidade (A) para as categorias mais exigentes, como as primparas,
as pastagens inferiores (C) para categorias de menor exigncia, como as vacas sem bezerros e as
pastagens intermedirias (B) para categorias de exigncia intermediria, como as vacas multparas com
bezerros. A adequao das pastagens exigncia das diferentes categorias presentes na propriedade
uma forma econmica de melhorar o desempenho dos animais e reduzir custos de suplementao.
Fonte: SSAP
Euclides et al., 1992 realizaram trabalho de avaliao de diferentes mtodos de amostragem para se Animais mais exigentes ficaro nos melhores pastos e tero suplementao de melhor qualidade,
estimar o valor nutritivo de forragens sob pastejo, A - Extrusa de animais fistulados no esfago; B - enquanto os menos exigentes ficaro nos pastos piores e com estratgias de suplementao mais
Forragem cortada ao nvel do solo; C - Corte do topo da forragem; D - Cortes efetuados em camadas econmicas ou inclusive ausncia de suplementao (Tabela 6). Quando os animais so classificados
verticais de 10 cm e; E - Amostras simulando o pastejo animal. Foi observado em todos os piquetes em grupos semelhantes quanto sua exigncia nutricional, h maior facilidade de operacionalizao da
amostrados, durante o perodo das guas, que a quantidade de forragem disponvel era suficiente para suplementao adequada de diferentes categorias.
garantir um pastejo seletivo. No houve diferena (P>0,01) nos contedos de folha, PB e DIVMO entre
as amostras obtidas pelos mtodos A e E, mas estes contedos foram inferiores (P<0,01) nas amostras
Tabela 6. Grupos de pastejo baseados nas necessidades nutricionais
obtidas pelos mtodos B, C e D. Desta forma, uma estimativa satisfatria da dieta selecionada por
animais em pastejo, pode ser obtida pelo pastejo simulado. As amostras obtidas atravs de cortes no
so representativas do material ingerido pelos animais.
Toda propriedade possui diferentes categorias animais, com vrias exigncias nutricionais e o
conhecimento das necessidades destes bovinos se faz necessrio para planejarmos as estratgias
de suplementao adequadas aos objetivos de desempenho desejados. O potencial gentico s se
manifesta quando um arraoamento adequado disponibilizado aos animais, e este o fator que mais
influncia a diferena entre animais de mesma gentica terem eficincia reprodutiva e desempenho
precoce ou tardio em rebanhos brasileiros. Fonte: Noller et al., 1997.
O levantamento do rebanho atual da propriedade permite a montagem de estratgia de arraoamento A suplementao de novilhas zebunas no traz grandes retornos quando a propriedade tem uma
dos diferentes grupos de animais, sendo o ponto de partida para o planejamento da oferta de estao de monta definida, pois difcil obter uma elevada proporo de novilhas Nelore prenhes
forragem e do programa nutricional a ser implantado (Tabela 7). Estabelecem-se ento, os objetivos com 15 meses. Outro problema que deve ser avaliado a baixa taxa de ganho de peso das novilhas
de desempenho para cada categoria, vacas, animais em crescimento e engorda para estabelecer qual quando retornam ao pasto exclusivo, aps perodo de suplementao. Produtores com novilhas F1
a meta desempenho zootcnico a ser alcanado por grupo, analisa-se a viabilidade econmica de zebu x europeu, tem a oportunidade de alterar o ambiente, intensificando o sistema, e garantindo
cada estratgia, bem como logstica e operacionalizao do fornecimento, capacidade de estocagem, nveis nutricionais para que novilhas cruzadas alcancem maturidade sexual aos 15 meses e que
viabilidade de mistura na propriedade ou compra de produtos prontos, sistema de controle do consumo elevada proporo destas estejam prenhes na primeira metade da estao de monta. Para o Nelore,
e ajustes a serem feitos. estes objetivos tero que ser alcanados com uma seleo intensiva para precocidade (Lanna e
Packer, 2015).
Tabela 7. Exemplo de levantamento inicial do rebanho
A produtividade de vacas pode ser estimada pelas taxas de prenhes (TP); intervalo entre partos
(IP); taxa de natalidade e desmama (TN e TD respectivamente); peso desmama dos bezerros (PD);
ordem de parto (OP); produo de quilos de bezerros por vaca (P); eficincia de produo de bezerro
por vaca e por rea (E e EA respectivamente), bem como o peso e a condio corporal (CC) das vacas
antes da estao de pario (PAP e CCP), durante o acasalamento (PMA e CCM) e desmama (PVD
e CCD).
Vieira et al., 2005 trabalhando com vacas Nelore durante quatro anos em pastagem de Brachiaria
decumbens Stapf, com correo inicial da acidez e da fertilidade do solo e livre acesso a uma mistura
mineral, observaram bons indicadores produtivos (Tabela 8), considerando a gentica dos animais,
demonstrando a eficincia produtiva dos mesmos a pasto. A ordem de parto (OP) influenciou o peso
dos bezerros desmama. Bezerros mais pesados foram produzidos pelas vacas entre a terceira e
nona pario. Vacas em ordens de parto intermedirias foram mais produtivas que as vacas no incio
e no final da vida reprodutiva.
GEC1 = grau de estrutura corporal (tamanho de carcaa), CC2= condio corporal (acabamento de gordura).
Fonte: SSAP
Fonte: SSAP
Outros ndices reprodutivos tambm so importantes e necessrios para um bom controle zootcnico
Fonte: SSAP
e econmico como taxa de mortalidade de bezerros, idade e peso primeira cria, relao vacas:touros,
idade da vaca e ordem de gestao, doses de smen por prenhes, nmero de protocolos por prenhes, Outro grupo de bovinos tambm importante dentro da propriedade so os animais em crescimento. Esta
% de animais nascidos de inseminao e eficincia de cada inseminador. categoria tem os animais mais eficientes e ao mesmo tempo o grande gargalo das propriedades em termos
de produtividade. A presso de seleo o melhor e mais sustentvel meio para a busca da precocidade,
mas a ausncia de uma nutrio adequada atrasa o desenvolvimento do bovino, elevando a idade de abate
e primeira prenhez, afetando o desfrute das propriedades e da pecuria brasileira (Tabela 10).
Portanto, alm de avaliarmos os pesos dos animais e respectivos ganhos de peso, tambm importante
avaliarmos o consumo e custos de suplemento e a taxa de lotao e ganho por rea (Correia, 2006
citado por Reis,2009). Garcia et al., 2004, avaliou efeito de suplementao em novilhos durante a seca e
1 Suplementos: SMDPS: milho desintegrado com palha e sabugo + farelo de
tambm avaliou o custo por kg de ganho, a receita por kg de ganho e a relao entre a receita e o custo
algodo; SFMV: farinha de mandioca de varredura + farelo de algodo; SCGS:
do ganho, ndices econmicos adequados para medir a viabilidade econmica da estratgia nutricional
casca do gro de soja + farelo de algodo.
alcanada (Figura 10).
2 Receita = GMD x R$ 1,86 (preo pago pelo kg de novilho no perodo).
Figura 10. Taxa de lotao, desempenho animal e produtividade de pastagem de
capim Marandu, em funo do nvel de suplementao da dieta dos animais 3 R:C = receita/custo.
Fonte: Garcia et al., 2004.
Uma categoria que tem sido muito suplementada a de animais em terminao. Desde o uso de
misturas mltiplas at o confinamento, passando pelo semi confinamento e outras estratgias de uso
de concentrado, em diferentes quantias e vrias matrias primas na formulao. Durante a engorda
torna-se fcil dimensionar a viabilidade, pois os animais sero abatidos imediatamente aps os perodos
de suplementao. Resende et al., 2014 encontraram melhores resultados na suplementao quando
trabalharam com maior uso de concentrado (Tabela 12).
Tabela 12. Valores utilizados no clculo do lucro alimentar obtido em funo dos
diferentes nveis de suplementao na terminao
Alm disso, a necessidade de volumoso suplementar demanda aes de agricultura, ou seja, produo,
estocagem e fornecimento de forragem em quantidade e qualidade para atender as diferentes
Fonte: Resende et al., 2014 categorias animais a serem tratadas. A operacionalizao da agricultura de forragens uma atividade
como qualquer outra no agronegcio, exige investimentos em tecnologia, maquinrios e mo-de-obra
qualificada, alm claro de aptido de clima e solos. Nussio e Daniel, 2012 consideram que a deciso
Figura 12. Ganho em carcaa, rendimento de carcaa e rendimento do ganho de qual volumoso mais adequado a cada sistema, deve ser tomada em funo da logstica, custo,
em funo do sistema de terminao (convencional vs pasto) produo e balanceamento da dieta. Estes autores pontuam que plantas como milho, sorgo, girassol,
alfafa e aveia proporcionam volumosos de melhor qualidade enquanto que cana, silagem de capim e
feno de gramnea so priorizados pela produtividade.
As opes so muitas e entre as mais importantes, Nussio e Daniel, 2012 apresentaram os parmetros dos
principais volumosos que se tm como opo de fornecimento durante a seca (Tabela 13). A produo
de silagens de milho e sorgo envolvem maiores riscos e custos, porm consegue-se alimentos de melhor
valor nutritivo que demandaro um menor uso de concentrados na dieta. Silagem de cana ou capim e a
cana fresca so culturas de menor risco climtico e maior produtividade, apesar de menor valor nutritivo.
Vrias matrias primas de concentrados elaborados em propriedades rurais precisam ser produzidos
ou comprados de outras propriedades ou empresas de commodities. Grande parte da energia de
suplemento de bovinos pode ser obtida da utilizao de gros, portanto, quando montamos uma
estratgia de suplementao concentrada importante termos conhecimento da aptido agrcola da
propriedade e proprietrio, localizao da propriedade em relao aos centros produtores de alimentos
(Tabela 15), logstica at a propriedade e dentro dela e estrutura de armazenamento da mesma.
Por resultar em maior produtividade (kg de carne/ha), a suplementao pode reduzir a necessidade de
rea para a mesma produo, auxiliando na reduo do impacto ambiental da atividade e no aumento da
competitividade. No entanto, para a garantia da produo de um alimento de boa qualidade, os insumos
Fonte: Nussio e Daniel, 2012.
no podem conter componentes ou resduos que possam acarretar problemas sade animal e humana.
Conhecendo-se o rebanho (Tabela 7), diagnosticando a situao das pastagens (Figura 6) e sabendo das
metas de desempenho desejadas, pode-se estabelecer um programa nutricional para todo o rebanho
(Tabela 16). No exemplo usado estabeleceu-se que as vacas em reproduo, por exemplo, tero sua
disposio durante o vero 100 g por dia de um suplemento mineral adequado para elas
No inverno, sero suplementadas com 400 g de uma mistura mltipla visando melhor recuperao *Valores em branco so categorias inexistentes no rebanho
do escore corporal em pastagens com boa oferta de forragem de valor nutritivo inferior s suas Fonte: SSAP
Onde:
Observamos, nesse exemplo, que de abril at agosto as pastagens no so suficientes para atender Ex.: NV = ((0,465+0,333) - (0,65+0,074+1,224)) * 830 = 954,50 t MS.
as necessidades dos animais tanto em quantidade (Figura 13), como em qualidade (Figura 7). A partir
deste diagnstico, se faz o planejamento da necessidade de volumoso suplementar e a quantidade de
matria prima para raes a se adquirir.
A partir destas medidas definiram-se critrios e respectivas classes de avaliao (ideal, moderada e
ruim) com base na literatura e opinio de especialistas. Foram considerados quatros critrios: 1.
Acesso/distncia (ideal- at 2 km; moderado- 2 a 4 km e ruim - acima de 4 km); 2. Anlise da limpeza e
turbidez da gua por meio da anlise visual da presena de fezes, lodo, algas, entre outras sujeiras (ideal
- sem sinais de sujeira; moderado - alguns sinais de sujeira, mas em nveis moderados e ruim muita
sujeira); 3. Espao disponvel por animal que corresponde metros linear/cabea (ideal - acima de10cm/
animal; moderado - 4 a 10 cm/animal e ruim - abaixo de 4cm/animal); 4. Disponibilidade e Vazo (ideal-
acima de 50 litros de gua/animal com boa vazo; moderado - entre 30 e 50 litros de gua com vazo
Fonte: SSAP moderada; ruim - abaixo de 30 litros de gua/animal com vazo ruim).
Neste trabalho, o acesso (distncia mnima) foi quantificado a partir de imagens de satlite. No caso da
vazo, est s pode ser estimada em tanques artificiais no qual possvel medir o tempo necessrio
10. QUAL A NECESSIDADE DE GUA? para completar um volume conhecido. A partir destas informaes gerou-se o ndice de adequao do
requerimento de gua (IARA), classificados em trs nveis de escore:
A gua compreende cerca de 70% da carcaa desengordurada dos animais adultos. Ela necessria para
regulao da temperatura corporal, bem como para o crescimento, reproduo e lactao, digesto,
metabolismo, excreo, hidrlise da protena, gordura e carboidratos, regulao da homeostase, Adequado - IARA = 3. Este escore obtido quando o acesso aos corpos dgua e bebedouros
lubrificao de articulaes, protetor do sistema nervoso, transporte do som e viso. A gua um garantido, com espao ideal por animal. A quantidade e qualidade da gua dos bebedouros disponveis
solvente da glicose, aminocidos, ons minerais, vitaminas hidrossolveis e meio de transporte de atendem adequadamente s necessidades dos animais em pastejo;
metablitos no corpo (NRC, 2000).
Moderado IARA = 2. O escore 2 obtido quando os animais tm acesso gua, mas a distncia e
O consumo vontade de animais com acesso livre gua de boa qualidade normalmente suficiente espao moderado e a quantidade e/ou qualidade esto aqum do nvel desejado;
para atender a necessidade de ingesto de bovinos. A exigncia de gua afetada por vrios fatores que
No adequado IARA = 1. Quando os critrios descritos acima esto no nvel ruim.
incluem taxa e composio do ganho, gestao, lactao, atividade, tipo de dieta, ingesto de matria
seca e temperatura ambiental (NRC, 2000). Restries na ingesto dela reduzem o consumo da dieta,
Uma avaliao da percepo de produtores rurais sobre o fornecimento de gua para os bovinos foi
Tabela 17. Necessidade de consumo gua para humanos, bovinos, aves
realizada com oito entrevistados, ouvidos quanto ao reconhecimento da importncia e disposio e sunos por dia
em melhorar o suprimento de gua aos animais. Uma vez incorporada a experincia de beber em
bebedouro, os bovinos desenvolveram uma preferncia por essa alternativa de suprimento de gua,
bem como ganharam mais peso do que aqueles que somente podiam beber em aude, apresentando
um ganho mdio dirio 29% superior durante o perodo experimental. possvel inferir que alm de
vantagens na criao animal em si, o uso de bebedouros concorre para a preservao de taludes e da
qualidade dos cursos dgua.
Coimbra, 2007 encontrou para novilhas de corte resposta ao tipo de bebedouro, apresentando maior
ingesto de gua, eventos de bebida e tempo bebendo no bebedouro de sua preferncia. Com isso
podemos aperfeioar a administrao de gua nas criaes, melhorando o bem-estar e o desempenho
animal. Ainda, foi evidenciado que o local do bebedouro (piquete ou corredor), no sistema de produo
de bovinos em pastejo rotacionado, modifica o comportamento e a ingesto de gua destes. O
bebedouro localizado dentro do piquete de pastoreio possibilitou aos animais maior ingesto de gua,
eventos de bebida e tempo bebendo.
Tavarez e Benedetti, 2011 afirmam que a altura dos bebedouros deve ficar entre 65 a 85 cm para animais
adultos, com profundidade mnima variando de 15 a 30 cm. Em relao rea de bebedouro deve-se
provisionar 60 cm linear para que, 15% dos animais bebam simultaneamente. Quando o nmero de
animais for superior a 200, adotar a rea de 60 cm linear para 20% dos animais, o que representa de 9
a 12 cm lineares de bebedouro /animal adulto. Fonte: Palhares, 2005.
OFERTA, ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIO DE % gua da Amostra = 100 x Peso Inicial da Amostra - Peso Final da Amostra
Quando trabalhamos com alimentos que passaram por processos fermentativos ou com problemas de
2) Procedimento: a) Pese a bandeja e anote o peso, b) Coloque uma amostra representativa do material secagem, podemos ter a presena de toxinas contaminantes como a aflatoxina e ento devemos fazer anlises
a ser analisado sobre a bandeja. Anote o peso da bandeja + amostra, c) necessrio colocar um copo especficas para determinao destas substncias, que somente so realizadas por laboratrios especializados.
com gua no microondas, que ajuda evitar que a amostra carbonize, d) Coloque a bandeja + amostra
no micro-ondas, e) Ajuste o temporizador do microondas para 3 minutos, na potncia mxima e A anlise da oferta e demanda de gros ao longo do ano determinante para estimarmos custos
ligue-o, f) Retire a bandeja + amostra do microondas. Pese e anote, g) Repita os itens e e f at que de dietas, necessidade de estocagem e poca de compra dos produtos. Apesar da grande variao,
as leituras das pesagens repitam o mesmo valor por duas vezes (ou mais) ou que o valor no afete o a BM&FBOVESPA pode ser um indicativo poca da oportunidade de compra a preos melhores
clculo em mais de 1% do valor da umidade, e a viabilidade de estocagem. Quando a diferena de preos safra e entressafra pequeno, no h
necessidade de grandes estoques, mas quando esta grande pode-se elevar os estoques dos principais
produtos. O milho um balizador do preo da energia, enquanto que a soja indicativo dos preos das
fontes de protena (Figura 15). Caso os preos sejam interessantes pode-se tambm utilizar a bolsa para
fazer hedge e travar os preos para as pocas de compra mais favorveis.
Mantovani, 2015 recomenda que alguns cuidados devem ser tornados quando da armazenagem em
sacos: limpeza e inspeo peridica nos armazns, preveno contra incndios, tcnica de empilhamento
dos sacos, proteo contra ataques de insetos e roedores, padronizao da sacaria. A armazenagem
a granel, tecnicamente conduzida, a que mais se aconselha, sendo a forma de armazenagem que
apresenta a maior economicidade em funo do maior volume de gros por volume de capacidade
esttica da unidade armazenadora. um processo que apresenta grande facilidade para manejo do
Fonte: BMF&BOVESPA.
produto, e para controle de umidade e ataque de insetos. O teor de umidade timo para a armazenagem
importante tambm o acompanhamento das previses de safra e estoques nacionais e internacionais
pode variar de 12,5% a 13,5%, dependendo da temperatura, condies do gro e perodo previsto
de milho e soja, pois estes impactam nos preos dos produtos e matria primas utilizadas pelo produtor.
para a armazenagem. Sempre que a temperatura dos gros estiver 50 C acima da temperatura mdia
Felizmente hoje grande o nmero de informaes disponveis sobre o mercado tanto de rgos
externa, deve-se promover a aerao ou ento transportar os gros de um silo para outro (transilagem).
governamentais, entidades de classe (16) e empresas privadas de consultoria.
Quando os estoques esto elevados, h uma expectativa de preos menores, facilitando a aquisio de Os produtos sero ento modos; dosados; misturados; processados e o produto acabado ser ento
insumos para suplementao de bovinos, sendo o inverso verdadeiro para estoques baixos. armazenado ou ser distribudo aos animais. A qualidade da mistura muito importante, Lage, 2011
aponta que a tima qualidade da mistura obtida quando as propriedades dos componentes so
similares; o sistema de dosagem e pesagem tem preciso necessria; se temos modelo adequado do
misturador e se respeita o tempo necessrio da mistura.
Figura 16. Oferta e demanda de milho para 2015, relatrio
USDA de fevereiro de 2015 A rao deve ser ento distribuda de forma controlada e adequada a cada categoria. Um sistema de
controle do fornecimento para abastecer de dados software de controle ou mesmo planilhas deve ser
implantado. Inicia-se com o treinamento dos pees ou tratadores que devem anotar todas as informaes
em cadernetas, fichas (Figura 17a) para registrar todo o fornecimento dos suplementos e raes. Estes
dados so ento lanados em planilhas ou programas, elaborados relatrios (Figura 17b) e a partir da anlise
(Figura 17c) se fazem os ajustes. Quanto mais cedo estes ajustes ocorrerem, melhor ser o resultado.
Fonte: USDA/Elaborao:DTE/FAEP
12. QUAIS ESTRATGIAS DE SUPLEMENTAO USAR? Tabela 19. Desempenho de bezerros Canchim lactentes e caractersticas corporais
das matrizes, mantidos em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
nos diferentes tratamentos
Cada categoria tem suas exigncias e peculiaridades. A nutrio da vaca de corte a grande responsvel
pela resposta adequada em kg de bezerro desmamado/ano. A melhor estratgia para se ter elevados
ndices reprodutivos ter pastagens de qualidade. Nicodemo et al, 2004 no obtiveram respostas
suplementao proteico energtica quando esta foi fornecida em pastagens com boa oferta de forragem.
A suplementao de vacas visa elevar a condio corporal delas, melhorando a reproduo e o peso
desmama de bezerros. Vieira et al, 2005 obtiveram elevados ndices reprodutivos quando a condio
corporal de vacas era entre 3,0 (multparas) e 3,5 (primparas), considerando-se 1 como magras e 5
como gordas. A suplementao de fmeas torna-se interessante quando no h pastagens de qualidade
e para animais jovens e primparas. Vaz et al, 2012 encontraram taxas mais elevadas de prenhez em
novilhas suplementadas com 7,0 g/kg em relao aos animais no suplementados (Tabela 18).
O uso da suplementao de bezerros lactantes no pode ser uma prtica isolada, pois animais que
recebem creep feeding e depois so submetidos a dietas comuns, tm desempenho inferior aos animais
que no receberam este arraoamento, elevando-se os custos sem aproveitar deste melhor crescimento
at a desmama (Tabela 20).
Tabela 20. Ganho de peso de bezerros canchim com e sem creep feeding durante
o aleitamento, ps desmama e no confinamento.
Estes suplementos fornecem pequenas quantidades do principal nutriente que falta nas pastagens no
perodo seco do ano, a protena, alm de minerais e aditivos. O fornecimento tem operacionalizao
semelhante ao uso de suplementos minerais, mesmo com consumo mais elevado e necessidade
de espao de cochos maior, facilitando a adoo desta tecnologia sem grandes alteraes na rotina
operacional da propriedade. Alguns cuidados so necessrios, como no fornecimento em dias de
Fonte: Cunha et al., 1984 citados por Medeiros e Lanna, 2015.
chuvas, uso de cochos cobertos e/ou furados e adaptao nova dieta, devido ao uso de ureia nas
formulaes que uma fonte econmica de fornecimento de protena a ruminantes.
Aps a desmama, o animal que recebeu creep feeding durante o aleitamento deve ser suplementado,
Quando desejam-se elevados desempenhos tanto na seca como no vero, faz-se necessrio o uso
pois esta coincide com o perodo de menor oferta de forragem, bem como forragem de qualidade inferior
de quantidades maiores de suplemento. Silva et al., 2009 revisaram os resultados de experimentos
(Figura 7). Para que bezerros (as) desmamados (as) tenham bom desenvolvimento nesta fase, deve-se usar
de suplementao a pasto e as possveis interferncias da disponibilidade e qualidade da forragem e
estratgia de suplementao que melhore o desempenho animal. O uso de mistura mltipla (proteinado)
os nveis de suplementao nos desempenhos e concluram que, a suplementao pode ser feita em
nesta fase promove um maior consumo de forragem, melhora a ingesto de nutrientes, aumenta taxa de
qualquer poca do ano, mas os autores se concentraram no perodo seco, por acreditarem que as
degradao ruminal, melhorando o desempenho animal, mesmo em forragens de menor valor nutritivo melhores respostas produtivas e econmicas ocorram neste perodo. Eles notaram que a reduo sobre
(Tabela 21). Esta estratgia apresenta elevada relao benefcio: custo, pois se aumenta a resposta das o consumo em pastejo, mnima at o nvel de suplementao de 0,3% do peso corporal (PC) podia
diferentes categorias suplementadas com o aporte de pequenas quantidades de concentrado. e quando a ingesto de suplemento aumenta para nveis acima de 0,3% do PC, o consumo de pasto
reduzido e que esse decrscimo pode ser ainda maior quando a oferta de suplemento de 0,8% do
PC. A suplementao propiciou aos bovinos maiores ganhos do que os recebendo apenas sal mineral
Figura 18. Ganho mdio dirio (g) de bovinos em pastejo de Brachiaria decumbens
ou B. brizantha, durante o perodo seco do ano, em funo do nvel de ingesto do
suplemento, expresso em % do peso corporal.
O sal comum (NaCl), por ser palatvel e bem aceito, um importante veculo para ingesto de outros
minerais, sendo ento incorporado na proporo de 30% a 50% da mistura total. No entanto, deve-
se atentar para o fato de que o cloreto de sdio tambm limita o consumo do suplemento mineral:
considera-se que, em mdia, o animal lambe o sal at satisfazer as necessidades de sdio, quando
ento perde o apetite pela mistura oferecida no cocho. Embora o consumo da mistura mineral varie
com a fertilidade do solo, qualidade e manejo das pastagens, o pecuarista deve sempre ter o cuidado de
controlar o fornecimento da mistura mineral, assegurando a qualidade da suplementao s exigncias
das categorias a serem suplementadas (Moraes, 2001).
A quantidade de mistura mineral ingerida diariamente o fator mais importante a ser considerado na
suplementao de bovinos mantidos em pasto. As fazendas devem estabelecer um controle para estimativa
de consumo mdio dirio, pois s assim ser possvel avaliar a suplementao. As recomendaes dos
1 Consumo de matria seca predito ~ 9,0 kg MS/d, 2 Inclui apenas o custo da rao; Preo fabricantes de suplementos minerais devem ser sempre seguidas, mas torna-se tambm necessrio o
da arroba = R$ 100,00. estabelecimento do controle da quantidade dos diferentes elementos minerais fornecidos pela mistura,
Fonte: Daniel et al., 2011.
para caracterizar o potencial de atendimento das exigncias nutricionais dos bovinos. Os suplementos
minerais comerciais, j prontos para um tipo especfico de categoria, nunca devem ser diludos. Eles tm
13.2. SUPLEMENTO MINERAL na embalagem o rtulo de garantia com a concentrao dos elementos minerais (grama ou miligrama
por quilo da mistura) e os ingredientes que compem a mistura (Moraes, 2001).
Deficincias de minerais so comuns em bovinos em pastejo. Os elementos minerais mais comumente
Algumas caractersticas so recomendadas para uma mistura mineral completa e de boa qualidade
deficientes nas pastagens tropicais so fsforo, sdio, cobre, cobalto, zinco, iodo e, em reas especficas,
(McDowell & Conrad, 1977 citados por Moraes, 2011):
selnio, mangans. Existe uma condio tima de concentrao e forma funcional para cada elemento
no organismo, a fim de manter sua integridade estrutural e funcional, de maneira que a sade, Conter, no mnimo, de 6% a 8% de fsforo total, o que significa uma ingesto mdia diria de 3
crescimento e reproduo mantenham-se inalterados. O requerimento mineral depende muito do g a 4 g de fsforo para o consumo de 50 g da mistura. Em pastagens com teores muito baixos de
nvel de produtividade. O aumento da taxa de crescimento, reproduo e produo leiteira aumenta os fsforo, a mistura mineral deve ter pelo menos cerca de 8% a 10% de P. Esse teor pode ainda ser
requisitos minerais (Moraes, 2001). insuficiente para vacas de cria, que devem necessitar da suplementao de 7 a 9 g P/dia. O restante
para complementar as exigncias fornecido pela pastagem.
Assim, o fornecimento de minerais deve levar em considerao a faixa de ganho esperada. importante
levar em conta que o animal no possui reservas prontamente disponveis de alguns elementos minerais, A relao Ca:P na mistura no deve se distanciar muito de 2:1. Os teores de Ca nas forrageiras do tipo
que devem ser fornecidos diariamente, como o caso do sdio e do zinco. Suplementar com minerais Brachiaria sp. variam entre 0,22% e 30% nas guas e de 0,26% a 0,40% na seca; Panicum sp. de 0,26%
a forma de suprir aos animais com os nutrientes minerais necessrios para corrigir as deficincias ou a 0,30% nas guas e de 0,40% a 0,46% na seca.
desequilbrios de sua dieta, na quantidade necessria e na poca certa, visando sade do animal. Para
uma mistura mineral ser adequada, importante que contenha os elementos deficientes ou marginais
A mistura mineral deve fornecer 100% das exigncias para cobalto, cobre, iodo e zinco e, dependendo
da regio, o mangans.
na regio, considerando-se a dieta do rebanho (Moraes, 2001).
Os ingredientes devem possuir tamanho de partculas e caractersticas fsicas que permitam uma Esse problema ocorre basicamente nas seguintes situaes: impedimento do acesso ao cocho por
mistura uniforme e sem separao de ingredientes. questes de hierarquia, falta de espao no cocho que permita a ingesto (Preconiza-se pelo menos
4-8cm lineares de espao no cocho a cada animal), disponibilizao insuficiente ou ocasional da mistura
As formulaes devem ser feitas considerando a regio envolvida, o nvel de produo animal mineral, localizao dos cochos (os cochos devem ser, de preferncia, localizados perto das aguadas e
(animais que exigem alta eficincia na fase de crescimento, os requisitos de zinco, para touros e vacas em rea sombreada onde normalmente os animais tero conforto trmico para que possam ingerir o
em produo na regio dos Cerrados, podem ser dobrados) e as condies climticas, combinando suplemento a qualquer hora do dia, cobertura do cocho (o sal (NaCl), pela sua elevada higroscopicidade,
qualidade e economia. empedra, pelo efeito do sereno, o que acarreta reduo da ingesto do suplemento, a diluio do
ncleo mineral ou da mistura mineral com o cloreto de sdio pode ser maior que a recomendao dos
Providenciar espao de fcil acesso (inclusive a animais de menor porte) e nmero de cochos suficientes.
fabricantes, a altura do cocho em relao ao solo (a altura do cocho deve ser de 50-60cm, 70-80cme
De modo geral, estima-se que 5 centmetros/cabea, de cada lado do cocho, sejam adequados (100
100cm para vacas com cria ao p, animais de recria e engorda, respectivamente).
animais = cocho de 2,5 metros de comprimento, acesso dos dois lados), exigindo-se pelo menos um
cocho para cada 50 hectares de pastagem. Fornecer as misturas regularmente. Evitar que elas se
d) Diluio das fontes de alguns elementos.
molhem com as chuvas, posicionando os cochos de maneira que as cabeceiras fiquem voltadas para os
ventos dominantes (Embrapa, 2001) .Peixoto, et al, 2005, aponta como principais problemas relativos Merece meno a prtica de batizar fontes de alguns elementos, como tem sido feito com o
suplementao mineral no pas: sulfato de cobalto. Tal procedimento implica em no poder resolver o problema da deficincia desse
elemento, onde ela porventura ocorrer. Em muitos locais, o sulfato de cobalto comercializado
a) Quantidades insuficientes.
com um teor de 20% ou menos.
preciso ter em mente que algumas misturas minerais comerciais (MMC) no contm quantidades
suficientes de um ou mais minerais para suprir as exigncias dos animais criados em algumas regies e) Como suplementar minerais em locais onde os animais no ingerem sal (cloreto de
do Brasil. Podemos exemplificar com o que vem acontecendo em algumas reas do Estado do Par, sdio) voluntariamente.
onde h verdadeiras mortandades por deficincia de fsforo e/ou de cobalto, apesar da utilizao
de misturas minerais comerciais ser a prtica comum na regio. Nos ltimos anos, j verificamos a Nessas condies devem-se utilizar outras alternativas, para que os animais recebam o(s)
elevao dos teores dos elementos, especialmente do fsforo, em algumas misturas comercializadas mineral(is) de que precisam. Ingredientes de boa aceitao como farelo de trigo, de milho ou de
nesta e em outras regies do pas. soja podem ser utilizados como forma de induzir a ingesto (do)s mineral(is) deficiente(s); nesse
caso, o cloreto de sdio (NaCl) deve ser adicionado para funcionar como um freio, que vai evitar
b) Baixa concentrao de cloreto de sdio na MMC. a ingesto de quantidades excessivas do alimento ou do(s) outro(s) mineral(is) que dever(o)ser
Outro fenmeno que vem se difundindo a reduo das concentraes de cloreto de sdio (NaCl) em veiculado(s) atravs do alimento.
algumas misturas minerais comerciais. Considerando-se que os bovinos adultos ingerem, depois de
adaptados, no mximo 30-35g/dia de cloreto de sdio, misturas minerais elaboradas com baixos teores
McCOLLUM III e HORN (l989) citados por Zanetti et al., 2000 afirmaram que os suplementos proteicos
geralmente aumentam o desempenho animal em pastagens, devido a vrios fatores, sendo o aumento na
ingesto de forragem o principal. No caso de pastagem com menos de 7% de protena, o nitrognio suplementar
fornecido aos microrganismos aumenta a sntese proteica e a taxa de digesto; tambm importante
a protena que passa pelo rmen, sem ser degradada. O maior fluxo de protena melhora a eficincia da
Fonte: Zanetti et al., 2000.
utilizao da energia, em nvel de tecido, pelo fornecimento de aminocidos deficientes, provendo substratos
glicognicos e tambm melhorando o N ruminal por intermdio da reciclagem do nitrognio.
Zanetti et al., 2000 testaram quatro suplementos no arraoamento de bovinos e encontraram pior 13.4. MISTURA MLTIPLA SUPLEMENTO MINERAL PROTEICO
desempenho pelos animais que receberam apenas a mistura mineral (perda diria de 96 g). Os animais (INVERNO)
que receberam proteinado sem ureia (20% de PB) ganharam 86 g/d e apesar de menores, estes valores
estatisticamente no diferiram dos animais suplementados com ureia que ganharam 207 g/d. O ganho
Quando o objetivo da suplementao ganho de peso superior 250 gramas dia, h necessidade de
mais elevado do sal mineral com ureia em relao ao proteinado sem ureia seria porque a maior
se incluir energia e protena no sal mineral. Nesse caso, a mistura tem sido, comumente, denominada
ingesto de nitrognio por este grupo, que era o nutriente limitante. O proteinado propiciou ingesto
de Mistura Mineral Mltipla. Essa mistura deve complementar os macros e os microelementos
de 64 g PB, enquanto o sal com ureia, 123 g. O melhor desempenho no presente experimento (ganho
das forrageiras e suplementar protena e energia. Geralmente, so constitudas de cloreto de sdio
de 357 g/dia) foi apresentado pelo grupo que recebeu o proteinado com ureia, que tambm apresentou
(controlador da ingesto), mistura mineral, ureia, uma fonte de protena verdadeira e uma fonte de
o maior consumo tanto de suplemento (650 g/dia), quanto de PB (341 g), indicando que naquele
carboidrato solvel. Recomenda-se essa suplementao, durante todo o perodo seco, e o consumo
experimento foi mais importante o nvel de nitrognio, e no a degradabilidade da protena (Figura
dirio deve ser de 1 a 2 g/ kg peso vivo (Euclides, 2001).
19). Neste trabalho, a adio de 21% de ureia ao suplemento mineral aumentou a ingesto de protena
devido ao maior consumo da mistura em relao ao suplemento mineral exclusivo. Lopes et al., 2001testaram trs tipos de misturas mltiplas em relao a animais que receberam mistura
mineral exclusiva e verificaram que os animais arraoados com suplementos proteicos proporcionaram
melhor ganho de peso e retorno econmico (Tabela 24). Os autores trabalharam com boa oferta de
forragem, maior que 4.000 kg MS/ha.
Thiago e Silva, 2001 recomendam que medida que a seca for avanando e a forragem vai sendo consumida,
a necessidade de suplementao de bovinos em pastejo aumenta e pode-se gradativamente, elevar os Fonte: Resende et al., 2014.
nveis de oferta do suplemento, at alcanar o limite mximo de 12 g/kg de PV, em funo da necessidade
de atender a meta de abate ao final do perodo de suplementao. Nveis de suplementao acima de 12
g/kg de peso vivo podem ser usados em casos extremos ou em situaes temporrias de oportunidades de 13.7. CONFINAMENTO
mercado, tais como reduo no custo do suplemento e/ou aumento no preo do boi gordo. Para prevenir
riscos de distrbios metablicos (acidose), adaptar os animais ao concentrado (ofertas intercaladas de trs O confinamento surgiu como uma alternativa de oferta de animais para abate nos meses de escassez
dias para cada nvel de 25%, 50% e 75% do total do concentrado a ser oferecido), bem como oferecer o mais acentuada e, tambm, como uma opo de investimento ao pecuarista, pela melhor possibilidade
suplemento duas vezes ao dia, quando a oferta diria do concentrado alcanar os 3 kg/animal. de capitalizao ditada pelos preos mais atrativos da entressafra. O confinamento no Pas foi favorecido
pela interao agroindstria pecuria, sendo desenvolvido por pecuaristas de mdio e grande portes,
Resende et al., 2014 recomendam maiores quantidades de concentrado para a terminao de bovinos em principalmente em Minas Gerais, Gois, Mato Grosso do Sul e So Paulo. De modo geral, o processo
pastagens, 15 - 20 g/kg de peso vivo. Neste sistema, chamado pelos autores de confinamento no pasto, requer tecnologia mais avanada e adequada, que envolve a seleo dos animais (pela grande
so fornecidas grandes quantidades de suplemento no prprio piquete. O pasto no mais o componente variabilidade, principalmente em termos de potencial gentico), a escolha de arraoamento ao menor
principal da dieta dos animais nesta modalidade de arraoamento, sua funo agora de permitir uma custo possvel (concentrados e volumosos), a infraestrutura necessria na propriedade e a deciso
quantidade mnima de fibra na dieta, visando um ambiente rumina saudvel durante a terminao. sobre o momento adequado para comercializao dos animais. As principais vantagens ao se conduzir a
engorda de bovinos em confinamento, so: reduo da idade de abate, maior rendimento e qualidade
A principal vantagem a no necessidade de produo de um volumoso suplementar e a operacionalidade das carcaas, obteno de carne de tima qualidade em perodos de maior escassez, mortalidade quase
ser mais simples que o confinamento convencional. Estes autores recomendam trabalhar com lotaes nula, possibilidade de explorao intensiva em pequenas propriedades, retorno mais rpido do capital
mais moderadas, que permitam uma oferta de forragem razovel e resultem em melhor eficincia na de giro investido na engorda, entre outras (Wedekin et al., 1994).
utilizao de suplemento pelo animal.
Dias, 2007 afirmou que grandes aumentos na oferta de gros e seus subprodutos nas reas contguas
pecuria consolidaro o crescimento dos confinamentos com dietas com alta proporo de gros no
Brasil. Os principais pontos com que o confinador teria que se preocupar seriam: facilidade de logstica,
Algumas instalaes acessrias so importantes como centro de manejo dos animais (brete, apartador,
balana etc.), rea para produo de alimentos (plantio de milho, sorgo, capineiras, etc.);silos e ou
salas de feno; rea para preparo dos alimentos (galpo com triturador, misturador, balana, picadeiras,
etc.);galpo para mquinas e implementos (trator, carreta, vago forrageiro, etc.);estrutura para coleta
de esterco; estruturas de conservao do solo e da gua (curvas de nvel, terraos, etc.),visando a
conservao da rea e o controle da poluio, etc.
Quadros, 2015 recomenda que a localizao do confinamento deve considerar o arraoamento como
responsvel por grande parte dos custos operacionais, portanto imprescindvel que o confinamento
esteja localizado em uma rea ou regio onde a disponibilidade de matrias primas para rao esteja
disponvel em abundncia, principalmente quando o proprietrio no produz e depende da compra dos
alimentos a serem utilizados.
A locao do confinamento na propriedade dever ser em funo de alguns pontos: evitar reas prximas a
rodovias ou grande movimentao (evita contaminaes, furtos e estresse nos animais);proximidade de
Fonte: Vargas et al., 2015.
Tabela 25. Efeito do uso de aditivos antibiticos exclusivos ou combinados. 14. INFRAESTRUTURA
A infraestrutura que deve ter uma propriedade de pecuria sustentvel varia em funo da fase da
atividade, pois propriedades com confinamento exigem maior nmero de instalaes e maquinrios,
bem como o grau de intensificao, j que rebanhos com idade de abate e primeira cria aos 24 meses
(Figura 24) tm maior necessidade de investimentos que aquelas que trabalham com 36-42 meses.
Fonte: Sitta, 2011. Figura 24. Novilhas suplementadas abatidas com 18 a 22 meses.
A propriedade que usar a estratgia de suplementao deve montar estrutura de armazenamento tanto
de matrias primas para raes (barraces) como volumosos (silos), dimensionados para estocagem
de quantia suficiente para permitir compras estratgicas a melhores preos na safra, bem como
armazenamento de volumosos na melhor poca de colheita. A quantia de volumosos e suplementos
armazenados deve ser suficiente para todo o perodo de fornecimento, principalmente no caso de
volumosos e produtos de poca, que s so encontrados com facilidade durante a safra.
A disponibilidade de cochos deve ser adequada em tamanho e funcionalidade para a quantia de animais
e categorias a serem tratados, equipamentos disponveis e disponibilidade e qualificao da mo-de-
obra (Figura 25).
Fonte: SSAP
Figura 25. Disponibilidade de espao em cocho de confinamento visto As pastagens escolhidas para suplementao devem ser manejadas para melhorar a oferta de forragem,
de dentro do piquete. pois nestas condies a resposta suplementao maior, viabilizando esta estratgia. A localizao
das pastagens onde se oferecero maiores quantidades de suplementos deve ser prxima aos locais de
armazenamento tanto para suplementos concentrados como para suplementos volumosos.
Fonte: SSAP
A logstica at a propriedade com estradas de bom acesso em qualquer poca do ano (Figura 26) e a
existncia de corredores e estradas dentro da propriedade que facilitam o trafego de veculos e tratores
para o fornecimento das raes e suplementos, agilizando o processo mesmo em perodos com chuvas.
Os reservatrios de gua devem estar preferencialmente, localizados nos pontos altos, de forma a
permitir a distribuio de gua por gravidade, em reas planas ou com pequena declividade, recomenda-
se elevar o local de instalao dos reservatrios, por meio de aterro nivelado e compactado. Calcular a
capacidade do reservatrio, em funo do nmero de bebedouros que sero abastecidos, prevendo-se,
inclusive, uma margem de segurana para casos de reparos no sistema de captao e elevao de gua.
Dar preferncia a bebedouros artificiais (Figura 28) que possam ser higienizados e constantemente
vistoriados para oferecer gua de boa qualidade e localizados estrategicamente e dimensionados em
funo do nmero de animais asserem atendidos, considerando o consumo de 50 a 60 litros por animal
adulto por dia; evitando-se o uso de audes, pois a gua parada pode ser fonte de contaminao pelo
agente da leptospirose e toxina botulnica.
Fonte: SSAP
As instalaes para confinamento devem estar de acordo com a legislao ambiental, estar localizado
em rea elevada da propriedade, levemente inclinada, prxima do centro de manejo e das reas de
produo (milho, cana, capineira e outros), de preparo (misturador, moedor, picador e balana) e de
armazenamento e conservao dos alimentos (sacaria, silos e outros), os cochos de arraoamento
devem ficar na parte frontal do piquete, para facilitar o fornecimento, o fundo do cocho deve ser pelo
menos 15 cm mais alto que o piso, isso evita que os animais caiam no cocho e o piso prximo aos
cochos deve ter boa drenagem (quando os animais so confinados durante todo o ano recomenda-se
Fonte: SSAP que os cochos sejam cobertos - Figura 30), disponibilizar sombreamento, sempre que possvel, para
proporcionar conforto trmico e reduo de estresse aos animais, estimulando maior rendimento e
Os cochos para minerais devem ser cobertos e posicionados na pastagem (Figura 29), de forma a ganho de peso dos mesmos.
permitir a visita diria dos animais, pelo menos uma vez ao dia, construdos de forma a disponibilizar
espao suficiente para que todos os animais tenham acesso livre e sem competio, os cochos para
suplementao de volumosos e concentrados devem ser mais largos que os de minerais.
Siqueira, 2009 adota para sua propriedade um organograma, onde todas os cargos esto descritos e todos
conheam suas funes e responsabilidades, com a adoo de tcnicas de gesto para gerenciamento da
rotina (POPs Procedimentos Operacionais Padres, PDCA Plan - planejar, Do - executar, Check - verificar,
Act corrigir; Informatizao operacional e Plano de ao), indicadores de desempenho (Metas e Reunies
mensais de avaliao) e remunerao varivel (toda a equipe, at 30% do salrio e pagamento mensal).
Fonte: SSAP
Os armazenamentos de insumos devem ficar distantes de residncias, fontes de gua e abrigos para 16. BIBLIOGRAFIA:
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O objetivo desta publicao explicar o que so boas prticas no uso de pastagens na produo
pecuria sustentvel. Dentre as atividades econmicas desenvolvidas pelo Brasil, a pecuria
de corte apresenta grande expresso financeira. O Brasil um pas essencialmente pecurio.
A atividade est presente em todos os municpios brasileiros e tem avantajada fora dentro da
balana comercial nacional e internacional, sendo responsvel por grande participao no PIB do
setor agropecurio. O rebanho bovino do Brasil est estimado em 200 milhes de cabeas.
Porm, apesar dessa pujana na produo de riquezas para o pas, na mdia, a atividade muito
ineficiente na produo e tem como caracterstica geral a baixa eficincia no uso de recursos
naturais, sociais e ambientais. Dentro deste contexto, temos a sustentabilidade da cadeia como
fato ainda a ser melhorado, o que este guia pretende elaborar.
A pecuria de corte brasileira tem, na degradao das pastagens, o seu maior gargalo produtivo. A
atividade sofre com a perda de potencial econmico, social, ambiental e de produo decorrente
USO DA PASTAGEM PARA da m utilizao de recursos naturais e da ausncia de conhecimento das tecnologias disponveis
para evit-la. As pastagens, nativas ou cultivadas, onde mais de 95% do rebanho nacional se
A mdia da capacidade de suporte de animais das pastagens brasileiras de 0,70 unidades animal
Rodrigo Paniago da Silva3 por hectare. Uma unidade animal corresponde a 450 quilos de peso vivo.
6. Este documento faz parte do Guia do produtor para produo pecuria sustentvel do GTPS 7. Rodrigo Paniago da Silva Especialista em Produo de
Ruminantes e Engenheiro Agrnomo pela ESALQ/USP e consultor em produo animal pela Boviplan Consultoria Agropecuria
Devido s variaes climticas em nosso pas, ocorre o que denominado de estacionalidade de produo das
forragens, que provocada pela grande diferena na ocorrncia de chuvas e temperatura durante o ano. A
produo da pastagem sempre ser maior no perodo das chuvas, onde as temperaturas so maiores. A falta de
chuva e temperaturas baixas (15 oC) reduzem drasticamente a produo das gramneas tropicais. Desta forma, o
produtor deve lanar mo de outras tecnologias para equilibrar a lotao das pastagens de acordo com a produo
da mesma, dentre elas esto: o confinamento, pastos vedados, aluguel de pastos, venda de bovinos ao final das
guas, reas de pastejo de inverno oriundas de integrao lavoura e pecuria.
Esta estacionalidade de produo das pastagens ocorre todo ano, independente da regio do pas, o
que altera regionalmente a poca em que os eventos ocorrem, da a importncia de se realizar uma
avaliao dos dados climatolgicos.
O fato de conhecer estes dados, aliado s informaes sobre as exigncias de cada capim, ajuda no s na escolha
do capim adequado para cada regio como tambm no tipo de manejo que poder ser empreendido. Os dados
normalmente coletados so: chuvas; temperaturas mxima, mnima e mdia do dia; velocidade e direo do
vento; evaporao; insolao; nebulosidade, dentre outros. Quando no prtica comum este tipo de registro na
fazenda, pode se obter o histrico destes dados, adquirindo-os gratuitamente na internet, como exemplo no site
da Agncia Nacional de guas - ANA, ou junto aos rgos estaduais de cada regio.
O equipamento necessrio para coletar a gua da chuva conhecido como pluvimetro e pode ser Este levantamento no s ajuda na atualizao de dados sobre a quantidade de rea de pastagem como
encontrado em lojas agropecurias e cooperativas de produtores. Dica importante sobre o pluvimetro, tambm informa a posio das cercas atuais, o que permite um planejamento futuro para a introduo
o ideal instal-lo em uma lasca (mouro) de cerca isolada, prpria para este fim, prendendo o coletor de novas divises de pastagens e definio de posicionamento de bebedouros, por exemplo. Vale lembrar
prximo cabea da lasca, instalada em altura normal da cerca de conteno de bovinos, aproximadamente que tambm so poucos os mapas que indicam o posicionamento de redes de distribuio de gua que
1,5 metro, ou na altura confortvel para a leitura do mesmo. Esta lasca deve estar isolada e a uma distncia atravessam os pastos, essa informao importante para que os encanamentos no sejam acidentalmente
igual ao dobro da altura do obstculo mais prximo, a fim de evitar a interferncia de construes e rvores danificados quando da ocorrncia futura de operaes de preparo de solo, tais como gradagens e arao,
sobre a queda da chuva sobre o pluvimetro. Para facilitar a coleta diria dos dados, o pluvimetro deve alm de facilitar a manuteno ou ampliao da rede de distribuio de gua.
ficar em local de frequente passagem e no muito longe das moradias. A limpeza diria do pluvimetro
fundamental para que o equipamento tenha o resultado esperado.
http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/informacoeshidrologicas/redehidro.aspx
4.3. OFERTA QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA FORRAGEM
http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/pastagens/estacionalidade-e-magnitude-de-producao- Para medir a quantidade preciso coletar as plantas de uma rea conhecida e depois extrapolar para o tamanho
na-orcamentacao-forrageira-67391/
do pasto e ento se obtm o total de capim disponvel. A forma mais comum utilizar um quadrado de estrutura
http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/pastagens/pecuaria-intensiva-em-areas-de-pastagens- resistente, por exemplo, ferro de construo com 1 metro de cada lado. Este equipamento lanado diversas
importancia-do-planejamento-forrageiro-64518/ vezes e de forma aleatria sobre a rea til do pasto, a cada lanamento as plantas so cortadas rentes ao solo
e depois pesadas, posteriormente, so levadas para secagem, a fim de se obter o total de matria seca (MS)
produzida. importante destacar que a quantidade de vezes em que o quadrado lanado visa estabelecer uma
4.2. TAMANHOS DOS PASTOS, PIQUETES OU INVERNADAS coleta que represente a mdia da oferta de capim presente em cada pasto. Portanto, necessrio o bom senso
para definir a quantidade de lanamentos e verificar se o mesmo caiu em um local que seja representativo do que
Um dos primeiros levantamentos para se montar um inventrio forrageiro medir as reas de pastagem ocorre naquele momento em relao quantidade de capim presente no pasto.
da propriedade. Este normalmente um ponto frgil do banco de informaes dos produtores rurais,
Outro detalhe importante, como os animais no consomem 100% da massa de capim disponvel, variando
pois muito comum o pecuarista no possuir um mapa com as medidas de cada pasto, ou quando o tem,
de 40 a 60% a eficincia de pastejo, ou seja, do que produzido o que realmente o ruminante aproveita
este no est atualizado, devido s ltimas mudanas de posio das cercas, novas divises ou mesmo do
crescimento de vegetao invasora, reduzindo a rea de capim do pasto. para pastejo, se faz necessrio aplicar o desconto de 40 a 60% no peso das amostras para se obter o valor
real de matria seca disponvel para os animais.
Com o mapa atualizado, possvel conhecer verdadeiramente qual o nvel atual de eficincia no uso das pastagens
da propriedade, isto , a qualidade com que o produtor maneja sua pastagem. Contudo, vale destacar que para Para medir a oferta qualitativa de forragem possvel realizar uma coleta simulando o pastejo dos animais.
se comparar com ndices de lotao com o de outras propriedades no basta o tamanho da rea til ser igual, Portanto, ao invs de cortar as plantas rente ao solo dentro do quadrado, faz-se a coleta seletiva das plantas
necessrio que a fertilidade das propriedades ou do pasto em questo estejam tambm nos mesmos patamares, dentro do mesmo quadrado. Para realizar o pastejo simulado importante observar o comportamento de
pois este um dos fatores primordiais para que o capim expresse o seu potencial de produo. coleta por parte dos animais e tentar repeti-lo arrancando partes do capim com as mos. Contudo, o ideal
A lotao da pastagem ideal varia de acordo com as condies climticas, ou seja, no perodo
seco do ano a produo do capim diminui e a lotao deve ser ajustada para uma condio de
menor oferta de pastagem. Vale lembrar que o rebanho tambm vai mudando de peso, conforme
ganha ou perde peso ao longo do ano. Portanto, a lotao deve ser monitorada de forma contnua,
Observao: Os nmeros anotados foram utilizados apenas para esta simulao atravs de pesagens do rebanho, que podem ser realizadas por amostragens e pela quantificao
Fonte: Autor da oferta de forragem.
A oferta de forragem um dos parmetros utilizados para se avaliar o manejo das pastagens e
5. OPES DE MANEJO DE PASTAGENS calculada da seguinte forma: (kg) de matria seca (MS) de capim disponvel para cada 100 kg de
PV do animal por dia. A MS determinada pela pr-secagem do capim temperatura de 55-65 C
Tabela 5. Classificaes para o item manejo de pastagens por 72 horas.
Links relacionados:
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAF-RO-2010/14520/1/folder-pastagem.pdf
http://javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/departamentos/zootecnia/ANACLAUDIARUGGIERI/
manejopastagens_gomide_.pdf
5.1. OFERTA DE FORRAGEM http://www.simcorte.com/index/Palestras/p_simcorte/09_gomide.PDF
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-35982001000500009
Ajustar a lotao de acordo com a capacidade de suporte da pastagem promover o uso mais racional
da mesma. Erros na lotao da pastagem induzem ao surgimento de reas de superpastejo e de reas http://www.ufrgs.br/gpep/documents/capitulos/Manejo%20de%20animais%20em%20pastejo%20
de subpastejo, dentro de um mesmo pasto, ambos promovem a degradao das pastagens. Nas reas em%20sistemas%20de%20integra%C3%A7%C3%A3o%20lavoura-pecu%C3%A1ria.pdf
pastejadas em excesso, as plantas forrageiras tornam-se enfraquecidas, com baixo vigor de rebrota e
pouca produo e, vo com o tempo, raleando e abrindo espao para a entrada de plantas invasoras, http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/GadoLeiteiroZonaBragantina/
Links relacionados:
http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/folderusodaregua.pdf
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/92016/1/COT125.pdf
caracterizado por manter um lote de gado em um mesmo pasto durante um longo perodo de tempo (muitos http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/GadoLeiteiroZonaBragantina/
meses). A lotao pode variar durante o ano em funo da oferta da forragem disponvel (massa), neste caso paginas/manejop.htm
denominado de pastejo contnuo com carga varivel, ajustando a oferta de forragem (item 2.1).O pastejo contnuo
http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/cot/COT125.pdf
muito utilizado em sistemas extensivos de produo pecuria. Mas pode ser intensificado at certo ponto, com o
uso de adubaes e vedas. O retorno econmico das adubaes de pastagens sob manejo contnuo , na maioria
das vezes, mais baixo do que o de pastagens sob manejo rotacionado. Na tabela 6, so informadas alturas mximas 5.3. PASTEJO EM FAIXA
e mnimas para se realizar o manejo do pastejo contnuo com carga varivel.
Figura 2. Representao do pastejo em faixa.
Tabela 6. Altura de pastejo para lotao contnua conforme o capim em uso.
Este mtodo de pastejo muito utilizado em propriedades que exploram o sistema de produo ILP
(Integrao Lavoura e Pecuria), onde forragens de inverno so pastejadas, em reas de produo
de gros (soja, milho, sorgo, etc.), como o milheto, aveia e braquirias. Propriedades de explorao
leiteira tambm utilizam deste mtodo para pastejo de vacas de produo elevada, utilizando
forragens de alto valor nutritivo, tais como aveia, azevm, trevo, etc.
Vale destacar que para a melhor mobilizao das cercas eletrificadas devem-se utilizar lascas ou
hastes de menor peso e maior facilidade para fixao, facilitando o manuseio por parte da mode-
obra. No caso da ILP, a vistoria da rea para checar se todas as hastes ou lascas foram removidas Existem na prtica dois mtodos para se manejar uma pastagem em rotacionado, o primeiro
muito importante, qualquer esquecimento pode danificar maquinrio no momento das atividades orientado por dias fixos para troca de pasto e, no segundo, esta ao se d por orientao da altura
de lavoura. do pasto (dias variveis).
Link relacionado:
5.4.1. MANEJO COM DIAS FIXOS
http://www.ceplac.gov.br/radar/semfaz/pastagem.htm
No mtodo por dias fixos para troca de pasto baseada na programao de um perodo de descanso
(perodo de veda) e de um perodo de pastejo, que so, respectivamente, o nmero de dias que
um pasto fica sem gado e o nmero de dias que um pasto fica submetido ao pastejo. A definio
da durao do perodo de veda e do perodo de pastejo depende da espcie forrageira, da poca
do ano, das condies edafoclimticas regionais, dos nveis de adubao e da lotao almejada.
Para calcular o perodo de pastejo utiliza-se a seguinte frmula: PP = PD / (no de piquetes - 1).
Perodos de descanso sero maiores quanto piores forem as condies para o rebrote e crescimento
das plantas do capim aps o pastejo, situao muito comum em solos no corrigidos, isto , de (Humidcola, Andropogon e Dictyoneura).
menor fertilidade.
No recomendvel o uso de piquetes com capins diferentes dentro do mesmo mdulo, isto , misto, pois
Vale destacar, que quanto menor o perodo de ocupao ou pastejo melhor ser o resultado do esta situao pode complicar o manejo do rotacionado de pastagens com dias fixos. Contudo, em algumas
manejo, pois de fundamental importncia para a sustentabilidade da pastagem, impedir que os situaes isto pode ocorrer sem grandes problemas, como o caso do exemplo da Figura 4, que pode ser
animais consigam colher a rebrotadas plantas forrageiras, que so estimuladas pelo pastejo, assim utilizado para o manejo de vacas de cria.
Observao: na primeira linha so indicados os nomes dos pastos, nomes com letra b indicam pastos de
Braquiaro e coma letra h os pastos plantados com Humidcola. PP o perodo de pastejo para cada
pasto, assim como PD o perodo de descanso. As letras na cor vermelha indicam a sequncia com a
qual os pastos devem ser pastejados, a fim de respeitar o perodo de descanso para cada tipo de capim.
Fonte: AutoR
De um modo geral, pastagens antes manejadas de modo contnuo, quando transformadas em mdulos de
pastejo rotacionado semi-intensivo, podem ter sua lotao mdia anual aumentada de 1,5 at 2,0 vezes
a sua lotao, por exemplo: de 0,6 UA/ha para 1,2 UA/ha, ou de 1,0 UA/ha para 1,8 UA/ha, entre outras,
variando de acordo com o a fertilidade do solo.
possvel aumentar ainda mais a lotao no manejo rotacionado, mas para isso necessrio aumentar a
fertilidade do solo e realizar adubaes anuais de produo, que podem ocorrer diretamente na superfcie
do solo do pasto, como o caso das lavouras de gros, por exemplo. Neste caso o manejo chamado de Em sistema intensivo, como descrito acima, possvel trabalhar com lotaes de at 10 UA/ha em
intensivo. O manejo rotacionado intensivo visa aproveitar o potencial de produo do capim durante o pastagens de sequeiro, durante o perodo das guas, dependendo da planta forrageira, dos nveis de
perodo mais favorvel ao seu desenvolvimento, em que os fatores de produo so abundantes (gua, adubao nitrogenada e da ausncia de fatores limitantes. mais fcil atingir altas lotaes (acima
calor, luminosidade). Para adotar este modelo as premissas so as seguintes: de 8 UA/ha) com algumas variedades do gnero Panicum do que com o capim Braquiaro, pois a
resposta deste adubao nitrogenada limitada. Contudo, normalmente as lotaes alcanadas so
em torno de 5 a 6 UA/ha.
Detectar a necessidade de aumento na produo das plantas forrageiras (inventrio forrageiro);
dimensionar os pastos com o objetivo de melhorar uniformidade e a capacidade dos animais
colherem o capim (eficincia de pastejo); O manejo rotacionado intensivo acentua a diferena da capacidade de suporte da fazenda entre
os perodos das guas e o da seca (estacionalidade de produo das pastagens). Deste modo,
importante que o pecuarista tenha uma estratgia j definida, para o perodo seco (confinamento,
Realizao de adubaes corretivas, para correo de acidez, fsforo e potssio;programao de
pastos vedados, aluguel de pastos, venda de bovinos ao final das guas, reas de pastejo de inverno
um perodo de descanso (PD) peridico para cada pasto, visando permitir a recomposio da parte
oriundas de ILP, etc.), quando for adotar o manejo intensivo.
http://www.abz.org.br/publicacoes-tecnicas/anais-zootec/palestras/79347-MANEJO-INTENSIVO-
Com o uso deste mtodo de orientao pela altura do capim, tanto para definir o melhor momento para a entrada
PASTAGENS.html
como para a sada dos animais, os perodos de pastejo e descanso sero variveis, assim a rotao no se dar
http://www.cooperideal.com.br/arquivos/mip.pdf de forma sequencial como no caso do mtodo com dias fixos, isto significa que em muitos casos alguns piquetes
podero ser pulados para que o capim seja coletado de maneira eficiente nos demais piquetes do mdulo
de rotacionado. Para que o uso de toda rea do mdulo seja utilizada de forma eficiente o produtor ter que
5.4.2. MANEJO COM DIAS VARIVEIS - ALTURA DO CAPIM lanar mo de algumas tecnologias, como por exemplo, utilizar um lote externo para pastejar o piquete que foi
pulado, ou alterar o tamanho do lote conforme a velocidade com que a rotao deva acontecer, reduzindo ou
Este mtodo uma evoluo em relao ao modelo onde se utilizam dias fixos para pastejo (PP) ou de descanso
aumentando o nmero de cabeas ou, ainda, utilizar o pastejo de ponta e repasse (item 2.4.2) com alterao no
(PD), pois visa tornar o consumo do pasto mais eficiente, tanto para a nutrio dos bovinos como na capacidade
tamanho do lote de repasse.
de rebrote das plantas do capim. Quando a planta de capim atinge certa altura, como solo totalmente coberto,
e as folhas de cima comeam a sombrear as folhas da parte inferior ocorre uma reduo no seu crescimento, no
mesmo tempo em que as folhas mais velhas (inferiores) comeam a morrer (senescncia). O ideal que a planta Para realizar a medio da altura do capim, recomenda-se a utilizao de rgua prpria para este fim (item 5.2.1).
seja consumida antes que o descrito anteriormente ocorra, possibilitando um uso mais eficiente da pastagem
produzida. O momento anterior ao sombreamento que promover a morte das folhas inferiores se d, quando a
Links relacionados:
interceptao luminosa pelas folhas superiores das plantas de 95%.
http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/folderusodaregua.pdf
A condio de interceptao descrita anteriormente varia, principalmente, de acordo com as condies climticas
e fertilizao, por isso no possvel utilizar dias fixos para determinar a entrada dos bovinos no piquete. Como http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/92016/1/COT125.pdf
existe ainda uma forma prtica de se monitorar a campo a interceptao luminosa, tem-se utilizado o parmetro
h t t p : / / w w w. i n f o t e c a . c n p t i a . e m b r a p a . b r / i n f o t e c a / b i t s t r e a m / d o c / 4 7 2 4 6 / 1 /
de altura das plantas como um referencial da interceptao luminosa de 95%. Neste caso, para cada capim existe
PROCIDoc43PMS2005.00188.pdf
uma altura de referncia, para se definir o momento ideal de entrada no piquete do rotacionado. Na tabela 10,
so apresentados alguns resultados de pesquisa que podem auxiliar o manejo de acordo com a altura do capim. http://www.fazu.br/ojs/index.php/posfazu/article/viewFile/430/322
http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/pastagens/capins-do-genero-cynodon-e-seu-manejo-
Tabela 10. Exemplos de altura para definio do momento ideal de entrada do gado no 85445n.aspx
piquete de rotacionado.
http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/pastagens/pastejo-rotativo-dias-fixos-vs-altura-como-
ferramenta-de-manejo-76885n.aspx
http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/cot/COT54.html
Como exemplo, supe-se que o objetivo seja realizar a recria e engorda de bois em um mdulo
de pastejo rotacionado intensivo, constitudo de 18 pastos de 5 ha, totalizando 90 hectares e que
a lotao do mdulo poderia ser de 5 UA/ha. Para a situao descrita acima, se o rebanho fosse
manejado em lote nico, os animais ficariam 2 dias em cada pasto e poderiam apresentar um
ganho de 0,5 kg/cabea.dia, por exemplo, considerando que medida que o lote se aproxima
da fase final da engorda, o desempenho reduz, pois as exigncias de energia se tornam cada vez
maiores. Para contornar esse fato, podemos manejar os animais em dois lotes (pastejo em ponta
e pastejo de repasse), o agrupamento poderia ser o seguinte: lote de pastejo em ponta de 130
bezerros desmamados (recria), lote de pastejo em repasse de 255bois em fase de terminao.
O lote de pastejo em ponta, devido ao pastejo seletivo, poderia ter um desempenho de terminao
satisfatrio, de at 0,8 a 1,0 kg/cabea.dia, por exemplo. O lote de pastejo em repasse seria
prejudicado com uma forragem de menor qualidade. Neste caso, os animais do lote de repasse
poderiam receber um aporte de suplementos farelados, para equilibrar a sua dieta e atingir o Consiste na vedao, impedimento de entrada dos animais de um pasto com a finalidade de revigorar a
ganho de peso necessrio para completar a terminao. pastagem diferida e permitir o acmulo de forragem, para ser utilizado no perodo de seca. Esta prtica
deve ser aplicada de forma alternada entre os pastos ao longo dos anos.
Para que este tipo de tecnologia seja efetiva necessrio que existam duas reas de lazer (local com
bebedouro e cochos de suplementao), a fim de que os lotes no se misturem. Uma alternativa, Somente as espcies que permitem uma oferta de massa de qualidade na seca que devem ser vedadas,
quando a rea de lazer central, ou seja, quando atende todos os piquetes do mdulo, dividir a como por exemplo, o Braquiaro, Piat, Tifton, Coastcross e Decumbens, devendo-se evitar espcies do
rea de lazer com uma cerca mvel. gnero Panicum (Mombaa, Tanznia, Colonio, Tobiat, etc.) e Andropogon, pois o sucesso deste mtodo
est estritamente ligado qualidade da planta forrageira na rea diferida.
Links relacionados:
A vedao do pasto pode ocorrer de forma nica ou escalonada, no primeiro, isto deve ocorrer entre
janeiro em fevereiro (primeiro tero do perodo chuvoso), permite grande acmulo de massa por pasto,
http://www2.cppse.embrapa.br/080servicos/070publicacaogratuita/comunicadotecnico/
mas com qualidade bem baixa, devido ao longo acmulo de massa e estgio de maturao. No modelo de
Comunicado%20Tecnico%2065.pdf
vedao escalonada, o volume guardado menor, mas a qualidade melhor para a nutrio do gado. Neste
https://www.scotconsultoria.com.br/imprimir/noticias/21617 caso veda-se 40% da rea de pastagem a ser diferida no incio de fevereiro e 60% no incio de maro, para
serem consumidas em meados de maio a fim de julho e agosto e meados de outubro, respectivamente.
O ideal que os pastos a serem diferidos estejam em reas frteis da propriedade ou que tiveram a
fertilidade do solo recentemente corrigida. Neste caso, possvel realizar a adubao da rea para
Exemplo de clculo para dimensionamento de rea para pastejo diferido: Dados de experimento mostram que mesmo com o uso de pasto diferido e suplemento, s se observam
desempenhos animais satisfatrios na primeira metade do perodo seco (final de julho incio de agosto), aps
A = rea de pastagens no adubada e B= rea de pastagens para diferimento. A soma das reas deve ser esse perodo, mesmo com diferimento escalonado, a qualidade das plantas forrageiras cai muito (150 a 210
igual rea total de pastagem da propriedade (1000 ha): A(ha) + B(ha) = 1000 ha. dias de crescimento de acordo com o recomendado acima, veda em maro para usar de agosto a outubro).
Demanda para alimentao: 1,25 UA/ha em 1000 hectares durante o perodo de inverno. Lotao mdia Links relacionados:
da rea no adubada no inverno igual a 1,0 UA/ha; lotao mdia da rea para uso diferido igual a 2,5
UA/ha: (1,0 UA/ha * A ha) + (2,5 UA/ha * B ha) = 1,25 UA/ha x 1000 ha, ou seja: 1,0A + 2,5B = 1.250.
http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/diferimento-estrategico-da-pastagem/
http://www.cnpgc.embrapa.br/eventos/2000/12encontro/apostila.html
Resolvendo o sistema com as duas equaes: A + B = 1.000 A = 1.000 -B e 1,0A + 2,5B =
1.250. Substituindo A na segunda equao, tem-se:
6. FORMAO DE LOTES
1,0 * (1.000 -B) + 2,5B = 1.250
Tabela 11. Classificaes para o item formao de lotes.
1,5 B = 250
A + 166,7 = 1.000
Os bovinos vivem em grupos, isto , so gregrios, por isso se sentem mais confortveis ou seguros quando
esto juntos de seus pares, faz parte do instinto de sobrevivncia destes animais. Contudo, existem outras
A = 833,3 ha (rea de pasto para uso no vero).
vantagens da formao de lotes e elas esto diretamente ligadas ao manejo. Desta forma, comumente os
No existem dados de pesquisa contundentes com relao ao tamanho mximo dos lotes em sistemas
A formao de lotes contemporneos tambm importante, pois facilita as comparaes de desempenho intensivos, um dos motivos que o custo muito elevado para se conduzir, com repeties, experimentos
entre animais nascidos no mesmo ano e poca. com lotes muito grandes. Contudo, h relatos de formao de lotes nicos com 4.000 a 5.000 cabeas que
proporcionaram resultados econmicos positivos. No entanto, a formao de lotes homogneos desta
magnitude muito difcil, sem contar os ajustes necessrios com relao ao acesso agua e suplementao
Esta tecnologia tambm traz vantagens para o manejo das pastagens, pois a apartao dos animais em lotes
que devem ser aumentados de forma significativa. Para manejar animais de forma rpida, um lote to
de acordo com a capacidade suporte de cada pasto ou conjunto de pastos onde sero alojados, colaborando
grande demanda uma estrutura compatvel, a fim de evitar que os animais fiquem muito tempo fechados
para a produo sustentvel a pasto.
sem acesso alimentao. Desta forma, uma recomendao prtica evitar que os lotes sejam maiores que
o rendimento operacional mximo do curral em um dia de servio, isto , o tamanho mximo deve ser igual
A fim de facilitar o manejo, importante uniformizar o peso dos lotes, ou seja, agrupar os animais com ao mximo de animais que podem ser manejados no curral da propriedade em um dia normal de manejo
peso prximo do peso mdio do lote, assim possvel reduzir a estratificao de animais entre dominados sanitrio.
e dominantes.
Para realizar eficientemente a formao de lotes imprescindvel a identificao dos animais, a fim de que
Outro fator importante, alm do peso vivo o estado corporal, tanto para vacas que entraro em estao de a administrao da separao em lotes possa ser monitorada e mantida pelo tempo desejado, j que a
monta como para animais de engorda, sejam machos ou at mesmo fmeas de descarte. Neste caso, segue- ocorrncia de entreveros (mistura) entre lotes nem sempre impedida a contento. Nos animais jovens, a
se o mesmo princpio adotado para formao de lotes em confinamento, ou seja, agregar animais com peso identificao pode ser iniciada ainda no nascimento ou ao desmame.
e escore corporal semelhantes, a fim de facilitar a apartao dos lotes para comercializao, alm de evitar o
uso da baia/piquete/pasto com lotao baixa, ou seja, uso ineficiente da estrutura disponvel.
A forma de identificao dos animais pode ocorrer atravs de brincos, marca a ferro quente, tatuagens,
dispositivos eletrnicos (na orelha, no estmago ou na prega umbilical). No caso da marcao a ferro, os
No caso de vacas importante a formao do lote de acordo com seu estgio fisiolgico, por exemplo, com animais s podem ser marcados na cara, no pescoo, e nas regies abaixo da linha imaginria, ligando as
fmeas com intervalos de data de pario o mais prximo possvel. Esta ao facilita o manejo do lote pelos articulaes fmuro-rtulo-tibial e mero-rdio-cubital. Importante destacar que proibido o uso de marcas
vaqueiros (vistoria e cuidados com o bezerro recm nascido), evita que as oscilaes de lotao perdurem por que no possam caber num crculo de 11 centmetros de dimetro.
muito tempo entre o pasto ou mdulo de pastejo rotacionado original e o pasto maternidade, dificultando
o manejo racional da pastagem.
Links relacionados:
Nos sistemas de produo leiteira, os lotes podem at ter subgrupos de acordo com o nmero de lactaes
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCorteRegiaoSudeste/
ou separados de acordo com o nvel de produo, facilitando a definio de diferentes tipos de manejo
instalacoes.htm
alimentar, de acordo com a capacidade de resposta do animal.
http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/sistemas-de-producao/formacao-de-lotes-vacas-primiparas-e-
multiparas-podem-ficar-juntas-qual-o-tamanho-ideal-do-lote-47110n.aspx
Em sistemas mais intensivos no uso das pastagens, normalmente observamos duas caractersticas que
afetam o tamanho do lote, a primeira a reduo do espao por conta da diviso de pastagens em sistema http://www.ufrgs.br/nespro/arquivos/apostila_curso_capatazes_modulo_2.pdf
rotacionado, o que aumenta as ocorrncias de agresses, a segunda a necessidade de lotes maiores, devido
- Em reas declivosas, quando possvel, montar as cercas em nvel, com o objetivo de evitar eroso
7. DIVISO DE PASTAGENS do solo e reduzir o esforo dos animais durante os perodos de pastejo e deslocamentos. Relevos
com declividades maiores do que 7 a 10% so normalmente evitados pelos bovinos e locais com
Tabela 12. Classificaes para o item diviso de pastagens. declividades maiores do que 20% so severamente evitados pelos mesmos;
- Usar cercas de arame liso, pois as de arame farpado podem causar injrias desnecessrias aos
animais;
- Com relao orientao das cercas, estas devem evitar que o trnsito dos animais seja excessivo,
quando da sua conduo para currais de manejo. A alternativa adequada o uso de corredores
centrais, que podem unificar diversos pastos, facilitando a conduo dos animais pelos vaqueiros;
- A largura dos corredores deve ser orientada pelo tamanho dos lotes. A menor deve ser igual
largura dos conjuntos tratores e implementos comumente utilizados na propriedade, a fim de no
interferir negativamente tambm no trnsito de mquinas dentro da propriedade;
- Quando possvel utilize cercas eletrificadas para proceder as divises internas dos mdulos de
A diviso de pastagens importante para que sejam formados lotes mais homogneos e permitir que o rotacionado, a fim de reduzir o custo com as instalaes. Nas divises de mdulos de rotacionados utilizar,
consumo das pastagens seja manejado de forma eficiente. Apesar da diviso de pastagens ser uma tecnologia preferencialmente, cercas convencionais a fim de que a separao entre os lotes seja garantida;
h muito conhecida pelo produtor rural, algumas premissas importantes nem sempre so atendidas na hora
- Na construo de cercas, especialmente nas eletrificadas, utilize material de qualidade e mo- de-
de se fazer novas divises. Abaixo esto listadas algumas delas:
obra especializada, a fim de que as cercas sejam construdas de forma segura e durvel;
Tabela 13. rea por cabea para dimensionamento da rea de lazer de mdulos rotacionados.
Para promover uma produo verdadeiramente sustentvel preciso adequar o sistema de produo com
a preservao do meio ambiente, uma das formas mais seguras de se enquadrar nesta premissa seguir
risca o novo cdigo florestal. Dentre as premissas no novo cdigo florestal est a vedao do uso de reas de
preservao permanente (APP) e reserva legal (RL).
A APP computada considerando-se o leito normal dos rios e cursos dgua e s exigida s margens de
rios e cursos dgua naturais, excluindo os efmeros. APP no exigida para reservatrios artificiais que no
decorrem de barramentos de cursos d`gua.
A distncia da cerca para possibilitar o repovoamento da mata nativa em relao gua varia de acordo com o
tamanho da propriedade (mdulo fiscal) e largura dos rios e crregos. Desta forma, em propriedades de at um
mdulo fiscal, a distncia da cerca de 5 metros; para propriedades de at dois mdulos fiscais, a distncia de
Links relacionados:
8 metros, isto se a rea preservada no ocupar mais de 10% da propriedade; para propriedades com rea entre
http://www.cnpgl.embrapa.br/sistemaproducao/41153-divis%C3%A3o-das-pastagens 2 e 4 mdulos fiscais a distncia de 15 metros, caso a rea preservada no ultrapassar 20% da propriedade;
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/65421/1/COT-48-Cerca-eletrica-alternativa.pdf para propriedades entre quatro e dez mdulos fiscais a distncia de 20 metros; para propriedades acima de dez
mdulos a distncia da metade da largura do rio, com mnimo de 30 metros e mximo de 100 metros.
http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/47246/1/PROCIDoc43PMS2005.00188.pdf
http://www.abz.org.br/files.php?file=R1416_1_517333937.pdf Reserva legal deve representar 80% da rea na regio da Amaznia Legal, 35% na regio do Cerrado da regio
da Amaznia Legal e 20% nas demais regies. Independente do tamanho do imvel, o proprietrio pode
http://www.fazu.br/ojs/index.php/posfazu/article/viewFile/455/347 somar a rea de APP para compor a RL, desde que no permita novos desmatamentos.
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11139/tde-09102006-095507/publico/RicardoGoulart.pdf
O isolamento das reas de proteo ambiental, alm de colaborar com a recomposio da mata tambm
http://cloud.cnpgc.embrapa.br/bpa/files/2013/02/MANUAL_de-BPA_NACIONAL.pdf colabora no manejo dos animais, pois evita que estes utilizem este tipo de local com rea de fuga durante
http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/498489/1/7296.pdf o manejo dos vaqueiros, facilitando o deslocamento dos lotes, durante mudanas de pasto, caminhamento
para currais e etc.
Outra dica sobre o sombreamento evitar que o mesmo ocorra muito prximo aos bebedouros e cochos
de suplementao, de tal maneira que venha a dificultar o acesso dos animais.
9. AMBINCIA Com relao ao acesso gua, alm de possibilitar o consumo de gua em quantidade e qualidade,
importante que o produtor rural siga algumas premissas, tais como:
Tabela 15. Classificaes para o item ambincia. - no caso de aguadas naturais, quando permitido o seu uso, que o acesso no seja ngreme, capaz
de formar barro e, principalmente, atoleiros, alm de eroses e assoreamento dos cursos dgua. A
rea em seu entorno deve permitir o amplo acesso ao maior nmero de animais possvel, evitando
que os dominados do lote no possam ter acesso gua;
Quanto aos cochos para suplementao a pasto, importante respeitar certas premissas, a fim de garantir
que o consumo possa ser o mais homogneo possvel dentro do lote:
- quanto maior o pasto maior deve ser o nmero de cochos, por conta da provvel menor visitao
no local pelo rebanho, assim como se o relevo for muito acidentado (item 4);
Com relao ambincia em pastagens, o produtor deve se atentar basicamente a trs itens: sombreamento, - espaamento de 4 centmetros por cabea para uso de suplemento com consumo esperado de 50
acesso gua e acesso suplementao. a 150 gramas por cabea (sal mineral - linha branca);
Os efeitos positivos do sombreamento so notrios em relao s vacas leiteiras, especialmente nos - espaamento de 12 centmetros por cabea para uso de suplemento com consumo esperado de
rebanhos com sangue taurino (europeu). Para possibilitar um bom sombreamento, a fim de garantir 0,7 a 1,5 g/kg de peso vivo (sal proteinado);
conforto trmico aos animais, o ideal permitir o acesso dos animais a bosques de rvores ao invs de
- espaamento de 20 centmetros por cabea para uso de concentrados para creep feeding (bezerros);
sombra de rvores isoladas. Na ausncia de sombreamento natural, o uso de sombreamento artificial
pode ser utilizado e, neste caso,pode ser construdo com tela plstica com capacidade de 80% de - espaamento de 30 centmetros por cabea para uso de suplementos com consumo esperado de
sombreamento, instaladas no sentido Leste-Oeste. As telas devem ter largura mnima de 4 metros e 3,5 3 g/kg de peso vivo;
metros em seu ponto mais baixo. A rea ideal de 3 a 10 m2/cabea, esta variao se d de acordo com
- espaamento de 35 a 40 centmetros por cabea para uso de suplementos com consumo esperado
a idade dos animais e propenso a agresses entre os animais de cada lote.
superior a 3 g/kg de peso vivo;
- quando os cochos no so mveis, providenciar um calamento em seu entorno de at 2 metros Tabela 16. Classificaes para o item distribuio de gua.
de largura, a fim de evitar a formao de barro;
- sempre distribuir da melhor maneira possvel os cochos de suplementao no local escolhido, isto
, mantendo os afastados uns dos outros, evitando que fiquem muito prximos, a fim de evitar que
os animais dominados do lote no possam ter acesso aos mesmos.
Links relacionados:
http://www.abz.org.br/publicacoes-tecnicas/anais-zootec/artigos-cientificos/bioclimatologia-
ambiencia/3029-Conforto-trmico-bovinos-submetidos-diferentes-condies-sombreamento-regio- A preservao de nascentes e cursos dgua de fundamental importncia para garantir o fornecimento
oeste-Paran.html de gua na propriedade. Para tanto, importante que o produtor respeite algumas regras bsicas:
http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/bemestar-e-comportamento-animal/ambiencia-nao-e- - Providenciar a construo de terraos (camalho) em nvel na rea de pastagens para conteno
bemestar-animal-83143n.aspx da gua de chuva, especialmente quando ocorre a reforma de pastagens. Em pastagens j
http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sistemas-de-producao/importancia-da-ambiencia-na- instaladas, providenciar o repovoamento do capim sobre o camalho recm construdo. O servio
producao-de-bovinos-de-corte-frente-as-mudancas-climaticas-54543/ de demarcao deve ser realizado por profissional especializado;
Para analisar a qualidade da gua preciso coletar uma amostra com 2 litros acondicionada em garrafas
sem resduos, ou seja, totalmente limpas e esterilizadas. Aps a coleta as amostras devem ser identificadas
e acondicionadas em ambiente refrigerado, com temperatura em torno de 8oC e encaminhadas o mais
rpido possvel (menos de 2 dias) para um laboratrio, em caixas de isopor com gelo.
Vistorias para determinar o momento da limpeza do reservatrio devem ser constantes, bem como a
qualidade da gua, especialmente, quando a fonte oriunda de fora da propriedade.
- Para reduzir a poeira das estradas revista o leito da estrada com cascalho fino com argila, 12. ESTRATGIAS PARA MELHORIA DA PASTAGEM
distribuindo o cascalho com boa compactao;
- Quando do uso de caixas de reteno, importante plante grama ou coloque pedras nas beiradas Tabela 18. Classificaes para o item estratgias para melhoria de pastagens.
onde a gua poder escoar, a fim de evitar processos erosivos;
11.5. INSUMOS
Quando ocorre a intensificao da produo a pasto, na maioria dos casos ocorre um aumento no consumo
de insumos, tais como: corretivos de solo e fertilizantes.Por este motivo o produtor deve estar atento para
se organizar para receb-los, seja na melhoria das estradas, seja na adequao dos galpes e/ou barraces.
As condies de armazenagem influem na qualidade dos fertilizantes. Assim, deve-se evitar Para melhorar a produo de uma pastagem inmeras aes (Tabela 19) podem ser realizadas, desde
exposio ao sol para fertilizantes nitrogenados. Fertilizantes nitrogenados, potssicos e os as mais baratas, como a manuteno, at a recuperao e a reforma, tambm chamada de renovao.
fosfatados no devem absorver umidade. Abaixo seguem algumas dicas para a boa armazenagem Para definir a estratgia de interveno alguns parmetros devem ser avaliados. O primeiro dele o
de fertilizantes: diagnstico e este deve ser feito com viso sistmica, ou seja, preciso detectar todos os gargalos da
atividade, tais como desempenho reprodutivo, taxas de mortalidade, idade de abate, desfrute (nmero
- Armazenar sobre estrados de madeira. Caso no seja possvel forre o cho com sacos plsticos
de cabeas vendidas sobre o nmero total), entre outros, para ento conhecer o ritmo potencial com
usados ou lona plstica, evitando-se dessa maneira o contato direto do adubo com o piso;
que o rebanho poder crescer, quando sanados os demais gargalos. Assim, deve-se tambm avaliar que
- A altura das pilhas no deve ultrapassar a 20 sacos; outras tecnologias sero introduzidas e que iro causar repercusso nos ndices citados, a fim de tornar o
processo mais eficiente.
- O espaamento entre pilhas deve ser de 60 cm e o espaamento entre paredes de 50 cm, para
facilitar a ventilao do produto; Portanto, preciso saber o onde se pode e quer chegar e o como chegar l, para ento diagnosticar
a condio atual das pastagens frente aos objetivos gerais de produo do rebanho. Dentro disso, o fluxo
- Evite o armazenamento a cu aberto.
de caixa outro fator que ajuda a determinar o flego com que se pode contar na hora de montar o
Os corretivos e fertilizantes tem o seu momento certo para serem utilizados e este est ligado ao perodo cronograma de longo, mdio e curto prazo no processo de melhoria das pastagens.
chuvoso, por isso na maioria dos casos no h espao para atrasos na entrega. Desta forma, o produtor
Como estratgia, para crescimento vegetativo de rebanho, deve-se realizar o processo de melhoria das
deve programar a chegada dos fertilizantes dentro dos prazos limites, comprando com antecedncia,
pastagens por etapas, a fim de evitar maior impacto da necessidade de retirada de animais para a realizao
promovendo a correta manuteno das estradas internas e planejando a mo de obra necessria para o
das operaes ou da sbita aquisio para compatibilizar com o crescimento acelerado da capacidade de
descarregamento e armazenamento.
suporte, oriundo destas melhorias.
O conceito de degradao de pastagens relativa produtividade, no existe uma metodologia uniforme para
caracterizar os indicadores de degradao de pastagens, pois uma pode ser considerada degradada num local
e produtiva em outra. O parmetro universal para avaliao de produtividade das pastagens a capacidade
de suporte. Na Tabela 20 so apresentados parmetros para se medir o nvel de degradao das pastagens.
Independente da escolha do mtodo para a melhoria da pastagem, o produtor tem que se conscientizar de Em geral, quando os pastos encontram-se entre o estgio 1 e 2 indicados na Tabela 20 possvel se realizar a
que preciso dominar as tecnologias que sero utilizadas antes de introduzi-las na propriedade, evitando recuperao das pastagens, ou seja, possvel realizar algumas aes de reposio de nutrientes e controle
assim o desperdcio de recursos. Capacitao tcnica tambm vale para o manejo da pastagem, pois de de plantas invasoras sem a necessidade do preparo de solo e semeadura (reforma de pastagem).
nada adiantar promover uma melhora da pastagem na propriedade e depois retornar para o ciclo vicioso
da degradao delas. Uma alternativa importante buscar ajuda junto extenso rural pblica da regio ou
mesmo na assistncia tcnica privada, para que o processo de introduo de novas tecnologias ocorra de
12.1.1. STAND DE PLANTAS
forma eficiente, promovendo a sustentabilidade da produo a pasto.
Assim que diagnosticada a perda na capacidade de suporte da pastagem, originado da comparao entre a
Link relacionado: lotao atual da pastagem e o histrico da rea, tm-se duas alternativas bsicas para promover a melhoria
desta, a recuperao ou a reforma da rea. Como alternativa prtica,uma das avaliaes de diagnstico
http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/ct/ct_pdf/ct30.pdf
que podem ser realizadas a contabilizao do stand de plantasforrageiras (populao de plantas), que a
Tabela 21. Critrios para se definir a recuperao ou reforma da pastagem. Aps a definio e identificao das reas homogneas, percorra as mesmas andando em ziguezague e
colete de 12 a 20 amostras por rea. Em cada local faa duas coletas, uma na profundidade de 0 a 20 e outra
de 20 a 40 centmetros, guardando as amostras em recipientes separados, identificados de forma legvel. Os
recipientes de coleta ou de envio das amostras deve ser incuo, ou seja, sem uso anterior. Depois de findada
a coleta de solo, envie as amostras para laboratrio especializado.
importante que o indivduo que realizar as coletas das amostras seja devidamente treinado com
antecedncia. Evite a coleta de solo em pontos prximos s seguintes reas:
A amostragem pode ocorrer a qualquer momento, porm importante antecipar o quanto antes para que - Linhas de semeadura de culturas (soja, eucalipto, milho, caf, etc.).
os produtos que, por ventura, sero aplicados possam ser comprados e entregues com antecedncia. Caso
a rea tenha recebido adubao recentemente, aguarde ao menos 2 meses para realizar a coleta. A amostragem de solo para anlise de fertilidade premissa tanto para aqueles que iro realizar aes de
manuteno, recuperao e formao de pastagens. Com base nas informaes de fertilidade do solo possvel
verificar se as condies ambientais so compatveis com a exigncia do capim plantado ou que se pretende
Como os solos so normalmente heterogneos, deve-se dividir a rea (pasto) a ser amostrada de acordo
plantar. Na Tabela 22 apresentada uma lista de gramneas utilizadas para pastejo e sua exigncia em fertilidade.
com os seguintes parmetros: cor do solo, relevo, textura, histrico da rea (lavouras, calagens e adubaes),
Dentre as tecnologias que podem ser aplicadas para a recuperao das pastagens as primeiras que devem ser
utilizadas pelo produtor so aquelas ligadas ao manejo, ou seja, racionalizar o uso das pastagens, isto , promover o
ajuste na lotao conforme a oferta de forragem. Uma das tecnologias que visa racionalizar o uso dela e que possui
grande impacto positivo o manejo rotacionado das pastagens (item 2.4). Contudo, nem sempre basta apenas
promover o pastejo adequado, preciso dar sustentabilidade sua produo, para tanto devem ser utilizadas
tecnologias como aplicao de corretivos de solo, fertilizantes para recuperao da fertilidade e, na maioria dos
casos, tambm o controle de plantas a invasoras e, em alguns casos, o controle de pragas.
No raro tambm preciso providenciar aes para o controle de eroses, oriundas de partes do pasto
descoberta ou de estradas de acesso (item 8.4). Mesmo em pastagens j implantadas possvel construir
Para a calagem corretiva em cobertura, calcula-se a quantidade de calcrio necessria para corrigir o Em reas j formadas, onde os nveis de Fsforo no solo ainda so limitantes produo forrageira, pode-
solo apenas at 5 ou 10 cm de profundidade, uma vez que o Clcio e Magnsio do calcrio, aplicado em se realizar a fosfatagem corretiva em cobertura. Basicamente, deve-se calcular a aplicao de 6-8 kg P2O5/
cobertura, sero lentamente distribudos no perfil do solo. hectare cada unidade de mg/dm3 (ppm) de Fsforo no solo que se deseja elevar, para anlises com o extrator
resina. Esta recomendao vlida somente para solos sem acidez, pois solos com pH abaixo de 6,0 tm
Calcrios com maior PRNT (>90%) tendem a ser mais efetivos, por isso a dosagem com os mesmos menor, menor eficincia no aproveitamento do Fsforo. A aplicao de Fsforo em cobertura nas pastagens melhor
reduzindo o custo com a aquisio do produto e, principalmente, como frete. e mais rapidamente aproveitada caso existam radcolas (pequenas razes) da planta forrageira explorando a
palha (folhas velhas) em decomposio na superfcie do solo.Lembrar de no proceder a aplicao de P antes
da correo da acidez do solo, como alertado anteriormente (baixa eficincia)
Independente do valor do PRNT, o calcrio s reage com o solo na presena de umidade e mesmo
assim o processo lento. Portanto, importante que a calagem seja feita com a mxima antecedncia,
possibilitando que as reaes qumicas desejveis no solo aconteam de forma efetiva. Em pastagens Entretanto, outro fator de importncia relacionado adubao fosfatada o teor de argila no solo.
formadas, geralmente se recomenda a aplicao no final do perodo chuvoso. sabido que quanto maior seu teor maior a probabilidade da reteno do Fsforo, indisponibilizando o
Conforme o tipo de aplicao e o manejo da pastagem pode ser necessria a correo anual dos nveis de
(c)considerar o efeito da disponibilizao gradativa de Fsforo, que alguns fertilizantes proporcionam, no Potssio. Porm, se a aplicao do fertilizante potssico for realizada em quantidade e poca certas, com
decorrer de alguns anos aps a fosfatagem. critrio tcnico adequado, as adubaes de reposio, mesmo em pastagens sob manejo intensivo, muitas
vezes podem ser realizadas apenas a cada 02 ou 03 anos.
Quase sempre o critrio (a) o decisivo para a escolha do fertilizante fosfatado a ser utilizado. Porm, existem
sempre consideraes tcnicas e econmicas especficas para cada caso que devem ser avaliadas no momento da A concentrao ideal de Potssio no solo para sistemas semi-intensivos ao redor de 3% da CTC, j para sistemas
escolha. Como exemplos de consideraes tcnicas, podem ser citados problemas de dosagem x equipamentos. intensivos devemos buscar valores prximos a 5% da CTC.
Muitas vezes o produtor no dispe de equipamento com regulagem adequada para a dosagem mais econmica,
necessitando, em alguns casos, optar por outra fonte de fsforo, mais ou menos concentrada para conseguir Links relacionados:
realizar a fosfatagem sem investir em novos maquinrios.
http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/44465/1/PROCICPPSE2007.00428.pdf
A aplicao do fosfato de rocha pode contribuir com outro nutrientes e ter um efeito de liberao gradativa
de Fsforo nos anos seguintes. Entretanto, a aplicao de fosfatos naturais em solos de pH acima de 5,5 ou http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/42610/1/Circular38.pdf
- respeitar sempre o perodo de carncia indicado nos inseticidas utilizados no controle das pragas;
As principais pragas de pastagens no Brasil so: cigarrinhas das pastagens, lagartas desfolhadoras, cupins,
savas, gafanhotos e percevejo castanho. - sementes tratadas e livres de ovos uma ao importante no controle de pragas de pastagens;
No controle de pragas a soluo mais utilizada o uso de defensivos, sejam eles qumicos ou biolgicos. - para o manuseio de defensivos qumicos imprescindvel o treinamento da mo-de-obra, obrigatrio
A recomendao de inseticidas deve sempre ser realizada por um engenheiro agrnomo especializado uso de equipamentos de proteo individual (EPI) e o descarte adequado dos frascos e recipientes
em pastagens. Contudo, algumas dicas podem ser utilizadas pelo produtor para aumentar a eficincia no utilizados na estocagem dos produtos;
controle de pragas.
- os defensivos devem ter seu estoque registrado, o local de armazenamento dos defensivos e das
- no monitoramento de lagartas desfolhadoras (principalmente em reas de Tanznia), deve-se atentar embalagens vazias (tampas e rtulos inclusive) deve ser coberto, ventilado e de acesso restrito;
com maior cuidado em formaes novas e em reas de rebrota (folhas jovens). O monitoramento deve
- efetuar a trplice lavagem das embalagens rgidas e perfurar o fundo para evitar a sua reutilizao, sem
ser realizado durante o perodo das guas, especialmente no tero inicial. O ataque normalmente ocorre
danificar o rtulo. As embalagens flexveis devem ser guardadas dentro de embalagens de resgate fornecidas
em reboleiras, por isso a vistoria sempre deve ser realizada na rea toda da pastagem. O controle se d por
pelo revendedor, devidamente fechadas e isoladas. As embalagens vazias devem ser entregues em pontos
aplicao de inseticidas qumicos e biolgicos.
de coletas especficos indicados no corpo da nota fiscal ou consultar o Instituto de Processamento de
- realizar vistoria das pastagens quando da ocorrncia de entressafra chuvosa, para avaliar a infestao de Embalagens Vazias (INPEV - http://www.inpev.org.br/)
lagartas desfolhadoras;
- aes para controle integrado de cigarrinhas das pastagens: deve-se utilizar capins resistentes (Braquiaro,
Na Tabela 24 so apresentados dados sobre resistncia cigarrinha de alguns capins
Piat, Andropogon, Tanznia, Mombaa e Massai, por exemplo), diversificar as pastagens, manejar o pasto
utilizados no Brasil.
evitando sobra excessiva de forragem, aumentar a carga animal em reas com histrico de alta infestao,
nos meses de maro a maio (reduzir palhada no solo) objetivando reduzir a viabilidade dos ovos da
praga. O primeiro ciclo de infestao ocorre no incio das chuvas, momento para se fazer o combate com
defensivos. O ideal promover o controle qumico no primeiro surto e o biolgico no segundo e terceiro;
- quando optarmos pela aplicao de fungos no controle de pragas em pastagens (aplicao em cobertura),
o ideal manter o capim com 25 a 40 cm de altura, para evitar a ao indesejvel da radiao solar sobre
o fungo. Aplicar sempre no perodo final da tarde, para obter maior eficincia com este tipo de produto;
Links relacionados:
https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.catwork.pasto
http://celepar07web.pr.gov.br/agrotoxicos/pesquisar.asp
http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons
www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/853370/1/DOC179.pdf
http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/982662/1/comtec17.pdf
www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/321470/1/Proposicaoparaomanejointegrado.pdf
http://www.inpev.org.br/index
http://cloud.cnpgc.embrapa.br/bpa/files/2013/02/MANUAL_de-BPA_NACIONAL.p
- Ajustar a carga animal de acordo com a disponibilidade de pastagem; - Os defensivos devem ter seu estoque registrado, o local de armazenamento dos defensivos e das
embalagens vazias (tampas e rtulos inclusive) deve ser coberto, ventilado e de acesso restrito;
- Diviso de pastagens para adequar melhor a capacidade de suporte das pastagens;
- Efetuar a trplice lavagem das embalagens rgidas e perfurar o fundo para evitar a sua reutilizao,
- Promover o rebaixamento do pasto antes da aplicao de defensivos qumicos. Para facilitar que as
sem danificar o rtulo. As embalagens flexveis devem ser guardadas dentro de embalagens de
gotas recaiam sobre as plantas invasoras. Aplicar doses de 30 a 50 kg de nitrognio aps a aplicao
resgate fornecidas pelo revendedor, devidamente fechadas e isoladas. As embalagens vazias devem
do defensivo, a fim de acelerar o rebrote das plantas, fechando a entrada de luminosidade no solo;
ser entregues em pontos de coletas especficos indicados no corpo da nota fiscal ou consultar o
- No uso de defensivos qumicos, sempre utilizar adjuvantes para aumentar o espalhamento das gotas Instituto de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV - http://www.inpev.org.br/).
e a aderncia sobre a planta invasora;
- Utilizar aplicao foliar localizada para reas pequenas e/ou que apresentem infestaes inferiores
a 40% da rea, com plantas distribudas isoladamente ao longo da pastagem ou em reboleiras. Neste
caso, a aplicao dever ser realizada utilizando um pulverizador costal ou do tipo adaptvel ao lombo
de animais, ou mesmo com equipamentos tratorizados. Recomenda-se molhar a planta daninha
prximo ao ponto de escorrimento.
Dentre as estratgias de melhoria da pastagem, a reforma a mais cara de todas, pois exige um nmero
- Utilizar aplicaes foliares no perodo chuvoso, para obter a sua mxima eficincia. Para que a maior de operaes, insumos e tempo sem uso da pastagem, por estes motivos o primeiro passo planejar
absoro do herbicida seja satisfatria, recomenda-se que as aplicaes sejam realizadas com bem como sero feitas as operaes, levando em considerao o tamanho da rea, o tipo de operaes
temperaturas inferiores a 32C e a umidade relativa do ar superior a 60%. A ocorrncia de chuvas at necessrias, rendimento operacional dos equipamentos, condies climticas (dias teis em cada perodo),
4 horas aps a aplicao tambm pode influir na quantidade de herbicida absorvido, dependendo do disponibilidade de mo-de-obra (calendrio de frias de funcionrios e de domingos e feriados).
produto utilizado;
Caso existam mais de uma rea que se enquadra na estratgia de reforma de pastagem, dar preferncia para
- Nas aplicaes no toco (pincelamento), utilizar duplas de trabalhadores, pois desta forma, um aquela de maior fertilidade, pois demandar menor despesa com compra de insumos e, potencialmente, a
trabalhador trabalha cortando a planta e o outro fazendo a aplicao do herbicida. Quando o que mais rapidamente dar retorno ao produtor. Quando no existem grandes diferenas entre as reas, opte
2) amostragem de solo; So apresentadas, a seguir, as justificativas para a introduo da sequncia operacional de preparo de solo
citada anteriormente:
3) catao de resduos vegetais;
a) primeira gradagem aradora: tem como funo cortar touceiras e razes, entre outros obstculos para
4) preparo de solo e conservao do solo;
o trabalho com o arado. Tambm serve para cortar a camada superficial (7 a 15 cm) do solo que pode
5) correo da fertilidade do solo; estar dura o suficiente para reduzir a eficincia do arado. Com o corte desta camada os torres formados
posteriormente pelo arado se tornam menores e mais fceis de serem destrudos pela operao seguinte.
6) semeadura e adubao de plantio;
A antecipao da gradeao muito importante, pois caso esta seja realizada muito prxima semeadura
7) controle de pragas; ou aps o perodo chuvoso, pode causar decrscimos na produo, sendo maior tanto quanto for a massa
orgnica original da rea e fermentao dos resduos incorporados no solo pela gradeao. Esta operao
8) adubao de cobertura;
permite uma melhor distribuio do calcrio no perfil superficial inicial do solo (0-20 cm), que ser levado
9) controle de plantas invasoras pos-emergncia do capim. para uma profundidade maior aps o trabalho do arado. Neste caso, deve-se aplicar 50% da dose de
calcrio recomendada antes desta gradeao;
Na sequncia de operaes citadas acima, em alguns casos, podem ocorrer alteraes na sequncia entre os
itens 7 a 9, dependendo de cada. b) arao: permite-se trabalhar o solo numa profundidade que varia de 30 a 40 centmetros. Esta operao
faz com que a leiva seja invertida totalmente, isto , a parte que era superficial vai para o fundo e vice-
versa. Com esta inverso as plantas e sementes de plantas daninhas que estavam na superfcie (0-15 cm)
so enterradas em maior profundidade, fazendo com que reinfestao de plantas daninhas seja muito
14.1. PREPARO DE SOLO reduzida ou quase zero. A arao tambm fundamental para reduzir os possveis efeitos negativos da
fermentao da massa orgnica incorporada ao solo pelo preparo do mesmo. Para esta operao o uso
Esta a etapa na formao ou reforma de pastos em que existe o maior ndice de insucessos. Estes insucessos de arados de aivecas produz melhor efeito do que o arado de discos, que muitas vezes promove resultado
ocorrem tanto pelo erro na determinao da melhor sequncia de operaes, como por erros de operacionalizao, heterogneo. O arado de aiveca, devido sua conformao, penetra no solo independentemente do peso
principalmente devido a problemas de regulagem, promovendo o super ou subpreparo do solo. Entende-se por do implemento e da resistncia mecnica do solo. Entretanto, em reas com presena de pedras e muitas
superpreparo de solo o excesso de mecanizao, provocando efeitos como o p de grade e a pulverizao do solo. razes em subsuperfcie, seu uso limitado, sendo a melhor opo nestes casos o arado de discos;
O p de grade a compactao de subsuperfcie formada pelo excesso de gradagens, que impede o crescimento
de razes em profundidades, geralmente, superiores a 20-25 cm, diminuindo a rea de coleta de nutrientes c) segunda gradagem aradora: esta gradeao feita para que se destruam os torres deixados pelo
disponvel para a planta e reduzindo a sua resistncia a perodos de deficincia hdrica. A pulverizao do solo arado. Ela tambm serve para combater algumas plantas daninhas que por ventura rebrotem aps
Apesar de degradada, algumas reas de pastagens apresentam grande massa vegetal sobre o solo, seja ela Para determinao do poder de germinao (G) pode ser realizado o seguinte teste: separam-se 100
proveniente unicamente do pasto ou tambm das plantas invasoras. Com o preparo de solo ocorre a decomposio sementes puras, plantam-se as sementes num pequeno vaso (ou toalha de papel umedecida) que dever
do material incorporado ao solo. A fermentao dos resduos demanda muito nitrognio do solo para as reaes sempre estar umedecido e, depois de algum tempo, avaliam-se quantas destas sementes germinaram. Das
qumicas de decomposio, o que pode comprometer a semeadura, quando o intervalo entre estas etapas no for 100 sementes plantadas, por exemplo, pode ter germinado somente 63; assim, tem-se 63% de germinao.
adequado. Um perodo de 30 dias entre a incorporao da massa vegetal e a semeadura costuma ser suficiente,para
Com a pureza e a germinao conhecidas, ser determinado o valor cultural (VC) da semente. O valor cultural
diminuir os efeitos negativos da decomposio dos resduos, recomenda-se promover um pastejo pesado (alta
determinar a quantidade de sementes puras e viveis (SPV) existentes na semente comercial. O clculo
presso de pastejo) antes do preparo de solo, para que a massa restante possa ser o mnimo possvel.
realizado da seguinte forma:
O uso exclusivo de gradagens aradoras na formao de pastagens muito alto, quando comparado ao
uso conjunto com o arado. A motivao para que o pecuarista lance mo desta alternativa est no timo
rendimento operacional que a grade produz. Desta forma, geralmente, no s proporciona menores custos %P x %G
operacionais, como permite a realizao do preparo de solo em menor tempo. Contudo, a qualidade do
VC% = -----------------
resultado inferior quando no se utiliza o arado em conjunto. Alguns arados maiores promovem o mesmo
rendimento operacional das grades aradoras, mas tambm demandam tratores de grande porte, ambos so 100
mais comuns em propriedades que desenvolvem agricultura em escala.
Baseando-se no exemplo anterior:
As gramneas podem ser plantadas via sementes, e, neste caso, a operao chamada de semeadura, ou por VC% = ---------------------- = 50 %
mudas, esta ltima denominada de plantio, onde so utilizadas partes da planta, denominadas de estolhos 100
e colmos (ex: Tifton, Grama Estrela, Capim Elefante, etc.).
O tipo de semeadura que vem sendo mais utilizado de a lano em rea total. Aps esta semeadura
As perdas aps a emergncia de plntulas no campo, geralmente, so ocasionadas por: falta de aerao do
preciso realizar a operao de compactao, com o intuito de se aumentar a adeso da semente
solo, condies desfavorveis de umidade e temperatura, formao de uma pequena crosta e endurecimento
ao solo. A compactao realizada com a utilizao de rolo compactador prprio para este fim,
da superfcie do solo, semente colocada profunda demais, doenas, insetos, competio com plantas
que pode ser de pneus ou de ferro e ao. A escolha pela semeadura a lano ocorre pela reduo do
invasoras, acidez e falta de nutrientes no solo.
tempo de plantio, versatilidade em se conduzir o equipamento por reas de relevo acidentado e pela
dupla aptido que este tipo de equipamento pode fornecer para operaes futuras. Desta forma, Uma das recomendaes para sistemas sustentveis de produo a pasto diversificar as pastagens na
o distribuidor de adubo em cobertura pode ser o mesmo para a semeadura a lano, diminuindo propriedade. No entanto, esta diversificao deve ser realizada de forma individualizada por pasto, isto ,
o investimento em equipamentos especficos para semeadura. Convm salientar, no entanto, que cada pasto deve ter apenas um tipo de capim, no devemos misturar variedades diferentes em um mesmo
nem sempre a melhor semente para ser semeada a de melhor valor cultural. Isto ocorre quando pasto, pois existem diferenas qualitativas (fisiolgicas e morfolgicas) entre eles, estas diferenas causaram
a quantidade de sementes a ser plantada for muito pequena. Exemplo: sementes com VC = 75%. velocidade de crescimento diferenciada o que, por consequncia, acabar por estimular o pastejo seletivo
Neste caso, a quantidade a ser distribuda por hectare ser em torno de 3,33 a 4,66 kg, o que pelos animais, acabando por dar incio no processo de degradao das pastagens.
dificulta a distribuio uniforme delas na rea, principalmente quando no se tem equipamentos
A exceo, ao citado acima, ocorre quando o pasto a ser formado possui reas de alagamento, isto ocorre
com regulagens e manuteno adequadas para este fim.
porque as opes para reas alagadias so poucas e a maioria possui sementes com dormncia, o que leva
Normalmente, as recomendaes para a semeadura das principais gramneas utilizadas para pastejo perene mais tempo para se povoar a rea com o capim. A alternativa realizar a mistura com outra gramnea de rpido
no Brasil so de 3 a 5 kg de sementes puras e viveis por hectare, o valor maior ser conforme o risco crescimento para ocupar rapidamente a rea, quando ocorrer o alagamento a gramnea no adaptada ceder
agrcola da semeadura.Seguindo o exemplo anterior sobre clculo do VC, neste caso significaria que seriam espao para a gramnea das sementes com dormncia, que nesse momento j estar estabelecida na rea.
semeadas entre 6 e 10 kg de semente, caso o VC fosse de 50%.
As adubaes devem ser realizadas de acordo com a anlise de solo e quantidade de forragem que se deseja
As taxas de semeadura para pastagens tambm podem ser recomendadas por pontos de VC, isto , caso produzir, sendo que normalmente as adubaes de plantio so realizadas com fontes fosfatadas e as adubaes
a recomendao seja de 410 pontos de VC por hectare, basta dividir este valor pelo VC% da semente de cobertura com fontes nitrogenadas, em geral, aplicando-se de 30 a 40 kg de nitrognio por hectare.
para encontrar quantidade de sementes para serem semeadas por hectare. Exemplo para VC% 50, no
Com relao ao planejamento, muito comum serem deixados em segundo plano a programao da
caso divida o valor de 410 recomendado por 50, o resultado 8,2 kg/ha. Na Tabela 26 so apresentadas
introduo das novas cercas e bebedouros, quando necessrios. Esta falha atrasa a entrada dos animais no
algumas recomendaes de taxas de semeadura conforme as condies de semeadura.
pasto, causando reduo no perfilhamento do perfilho gerado a partir da semente e perdas por excesso
A sobressemeadura de pastagens realizada comumente em duas situaes, a primeira sobre lavouras de Tabela 27. Taxa de semeadura das gramneas de clima temperado para sobressemeadura
gros, mais especificamente sobre a soja, em sistemas de integrao lavoura e pecuria,geralmente feita em capins tropicais (kg/ha).
por avio e mais recentemente com semeadoras eltricas acopladas em pulverizadores autopropelidos, em
ambos os casos aplicando ao redor de 5 a 7 kg de sementes puras e viveis por hectare para as braquirias.
A segunda situao utilizada na sobressemeadura de sementes de gramneas de clima temperado sobre
pastagens de clima tropical, com o objetivo de melhorar a quantidade e qualidade da forragem no perodo
de inverno, mais comum em propriedades de explorao leiteira.
As gramneas de clima temperado mais utilizadas so: aveia (preta e branca), azevm e centeio. O azevm
mais exigente em fertilidade (V% 80 e fsforo 12 mg/dm3), o centeio adapta-se bem em regies mais secas.
O primeiro pastejo, no caso da aveia preta, deve ocorrer quando as plantas estiverem com 30 a 40 centmetros
Esta alternativa de estabelecimento de pastagens tem por objetivo a explorao de forragens no perodo frio do
de altura. Para o azevm o primeiro pastejo deve ocorrer quando as plantas atingirem 20 a 25 centmetros de
ano, onde as gramneas de clima tropical cessam ou diminuem drasticamente o seu crescimento, com consequente
altura. Como altura de sada, recomenda-se 10 centmetros para a aveia, enquanto que a altura ideal para o
queda de desempenho dos ruminantes. E, diferentemente do mtodo de plantio direto de pastagens, no visa a
azevm de 6 centmetros.
troca da pastagem original. Trata-se, portanto, de um enriquecimento momentneo da pastagem.
A sobressemeadura de gramneas de clima temperado sobre gramneas de clima tropical mais bem Pontos crticos que devem ser observados no uso da sobressemeadura:
explorada nas regies Sul, Sudeste e parte da Centro Oeste, ou seja, em regies onde h limitaes de - Utilizao de cultivares adaptados regio;
crescimento das gramneas pela ocorrncia de frio em determinada poca do ano.
- Utilizao de sementes de boa qualidade;
A irrigao quase que obrigatria em regies onde o perodo seco bem marcante, por exemplo, a regio
- Udequao da fertilidade do solo;
sul de Gois, onde esta tecnologia j est em uso em propriedades leiteiras.
- Semeadura na poca e com quantidade de sementes corretas;
No Brasil Central a poca de plantio recomendada no final do perodo das chuvas, mais especificamente no
ms de abril. Semeaduras mais precoces, quando as plantas tropicais ainda esto em crescimento elevado - Garantir que a semente entre em contato com o solo;
resulta em maiores chances de insucesso. A aplicao de adubao nitrogenada aps a sobressemeadura - Rebaixamento do capim original antes da semeadura;
ajuda no estabelecimento das gramneas de clima temperado.
- Manejo adequado aps a implantao;
A sobressemeadura se d sobre diversas gramneas tropicais, tais como: Braquiaro, Tanznia e Mombaa.
Entretanto, os melhores resultados encontrados a campo referem-se sobressemeadura em pastagens de - Uso de irrigao quando necessrio.
gramneas do Gnero Cynodon, tais como a Grama Estrela, o Coast Cross, o Tifton e etc.
O uso de gramneas de clima temperado sobressemeadas em pastagens de Cynodon muito utilizado para
Links relacionados:
projetos de bovinocultura de leite a pasto, pois ambas as opes forrageiras so de alto valor nutricional. http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/915675/1/CO79.pdf
Alm disso, existe resposta irrigao, o que pode aumentar ainda mais a lotao destas gramneas em http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/47253/4/PROCIComT61AAR2005.00184.pdf
conjunto durante a estao fria do ano. Projetos de pecuria leiteira, no interior de So Paulo, possibilitam
lotaes de inverno de at 5 UA/ha com o uso de irrigao. http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/42295/3/Comunicado88.pdf
Para se dar incio ao processo de sobressemeadura, o primeiro passo rebaixar a pastagem de http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2006/2006-janeiro-
capim tropical, depois a semeadura a lano. Quando possvel faz-se um rega para deixar o solo em junho/186-melhoramento-de-pastagens-atraves-da-tecnica-da-sobressemeadura-de-forrageiras-de-inverno/file.
capacidade de campo, ou seja, cheio dgua. Aps a semeadura faz-se um novo pastejo para que os html
animais rebaixem ainda mais a pastagem, o mximo possvel, e que tambm pisoteiem as sementes http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/dicas-de-sucesso/sobressemeadura-de-pastagens-de-
das gramneas de clima temperado. clima-frio-30545/
Para definir que tipo de produtos e em que quantidade estes devem aplicados, para repor os nutrientes,
necessrio uma rotina anual de monitoramento da fertilidade do solo atravs de amostragem e anlise
(item 9.1.2). Normalmente as reposies exigidas so para os seguintes nutrientes: fsforo, potssio, clcio,
magnsio, enxofre e micronutrientes (Boro, Cobre, Zinco, Mn, etc.). Na tabela 29 apresentada uma simulao
Todas as aes ligadas manuteno da pastagem, como o prprio nome j informa, visam dar sustentabilidade
para adubao de reposio de uma pastagem em sistema de manejo rotacionado intensivo (adubado).
na produo do pasto. Por isso no envolvem grandes investimentos como ocorrem na recuperao ou na
reforma das pastagens. Basicamente as atividades para a manuteno esto ligadas ao ajuste na capacidade
Tabela 29. Simulao para reposio anual de nutrientes em pastagem com a seguinte
de suporte e na reposio de nutrientes e, quando necessrio o controle de pragas e plantas invasoras, porm
lotao: 5 bezerros por 5 meses (1,5 UA/ha na seca) ganhando 250g/cab.dia e 7 bezerros
mais como ao preventiva do que corretiva, como ocorre frequentemente na recuperao das pastagens.
por 7 meses ganhando 600 g/cab.dia (3 a 5 UA/h nas guas). Produo de 1.070 kg de
peso vivo por hectare ao ano.
15.1. REPOSIO DE NUTRIENTES
A reposio de nutrientes nada mais do retornar pastagem os nutrientes do solo que so extrados e
exportados do sistema solo-planta pelos bovinos em pastejo quando os mesmos so comercializados e pelas
perdas decorrentes de lavagem em profundidade (lixiviao), fixao de nutrientes, eroso, etc.
Apenas uma pequena parte dos nutrientes minerais, contidos na pastagem, consumida pelos animais vem
a fazer parte efetiva do ganho de peso. A maior parte (70 a 95%) dos nutrientes minerais retorna ao solo
atravs da urina e do esterco dos bovinos.Apesar da exportao de nutrientes minerais, atravs do ganho de
peso dos bovinos em pastejo, ser muito pequena, a ingesto destes minerais atravs da forragem consumida
pode representar uma retirada considervel de nutrientes do sistema solo-planta. importante ressaltar que
apesar desses nutrientes retornarem em grande parte ao pasto, atravs do esterco e urina, eles retornam
de modo concentrado em determinadas partes da pastagem, notadamente no malhador, nas proximidades As quantidades de fertilizantes sugeridas para a reposio anual na Tabela 29 representam nmeros
da aguada, rvores (sombra) e do cocho de sal. Alm disso, quando comercializamos os animais ou seus mdios que tm sido utilizados em projetos na regio do Cerrado. So quantidades muito superiores
produtos (leite) estamos exportando para fora do sistema de produo os nutrientes retirados do solo e quelas necessrias para repor apenas os nutrientes exportados do sistema solo-planta pelo ganho de
retidos nos produtos animais. peso dos bovinos, pois consideram tambm as perdas devido concentrao desuniforme de nutrientes
atravs dos excrementos, alm de perdas por eroso/percolao.
As reas onde o gado pasteja, ocorre uma menor distribuio de excrementos, assim vo ficando com menor
reserva de nutrientes, resultando em reduo da fertilidade do solo e reduo da produo forrageira. Por Na prtica estas adubaes no so realizadas anualmente, mas entre 3 a 5 anos. O intervalo entre aplicaes
outro lado, nas reas de grande concentrao de esterco, os nveis de nutrientes minerais tornam-se to definido pela fertilidade inicial do solo, resultados da anlise de solo, qualidade das reposies anteriores, do nvel
- Para o controle de lagartas desfolhadoras, pode se fazer um super pastejo no local atacado (controle
por restrio alimentar), desde que haja alternativa para equalizar a capacidade de suporte da fazenda;
- Para reduzir a populao de lagartas pode-se realizar o controle na fase de mariposa. Para tanto,
pode-se aplicar melao na bordadura da rea de pastagem(5 kg/100 litros de gua + inseticida). A
bordadura, neste caso, deve estar fora do alcance dos animais;
- Reposio de nutrientes ao solo. Plantas bem nutridas so mais tolerantes ao ataque de pragas;
- O uso de Boro aumenta o nmero de radicelas das Braquirias, por conseguinte, aumenta a tolerncia
ao ataque do percevejo;
- Manter vegetao nativa favorece a preservao de inimigos naturais (predadores) das pragas de
pastagens.
- quando do uso de adubao orgnica, dar preferncia por adubos orgnicos oriundos de esterco
de aves (menor incidncia de sementes de invasoras).
- Para solos, em que a camada subsuperficial extremamente cida, recomendvel que a ltima O mercado j oferece dois modelos de mquinas semeadoras prprias para o cultivo consorciado da ILP,
nestas existe o que chamada de 3 caixa, destinada exclusivamente para a semeadura do capim, onde
calagem antes do sistema de plantio direto seja realizada com uma dosagem que atinja uma saturao
possvel distribuir as sementes no momento da adubao de cobertura ou durante a semeadura do milho.
por bases (V%) > 60%, baseada na anlise de solo, com incorporao do calcrio o mais profundo
possvel. Isto importante porque os efeitos do aumento progressivo da matria orgnica so muito Para tcnica de sobressemeadura ou incorporao da semente com adubadora, denominado de Sistema
lentos no que diz respeito reduo da toxidez de alumnio. Barreiro, a melhor poca de realizar a semeadura de 10 a 20 dias aps a emergncia do milho e os
melhores resultados de cobertura do solo foram obtidos com 300 pontos de VC/ha, quando incorporada
No plantio consorciado com a soja, a semeadura do capim pode ser realizada de vrias formas, abaixo so
e 600 pontos de VC/ha, quando semeada a lano.
listadas algumas:
Tabela 32. Principais recomendaes para o consrcio entre culturas anuais e forrageiras.
16.1.1. COMPACTAO DE SOLO EM SISTEMA DE INTEGRAO
LAVOURA E PECURIA.
Para surpresa de muitos agricultores, desconfiados com o p do boi, vrios estudos no encontraram
efeitos deletrios do pisoteio do gado sobre a produo da lavoura subsequente.
Um fator diretamente ligado ao manejo das pastagens, que de desconhecimento da maioria dos
agricultores, que em sistema de pastejo rotacionado, onde h perodos especficos de pastejo e descanso
da pastagem, a cada ciclo de pastejo durante o perodo de crescimento as plantas desenvolvem razes para
absoro de gua e nutrientes e aps o pastejo absorvem parte dessas razes para gerar os nutrientes
necessrios rebrota. Esse ciclo das razes das gramneas tropicais, principalmente em pastejo rotacionado,
promovem uma ao mecnica positiva sobre o solo, formando vrios canalculos aps a decomposio
do sistema radicular, esse fato permite maior infiltrao de gua, ar e at o deslocamento de nutrientes.
Isto foi concludo por da Silva e colaboradores em 2002, aps avaliarem os efeitos do pisoteio dos animais
em uma pastagem rotacionada e irrigada com alta lotao em solo Podzlico Vermelho-Escuro com 44%
de argila, no municpio de Piracicaba/SP.
Links relacionados:
http://www.ufrgs.br/gpep/documents/capitulos/Integra%C3%A7%C3%A3o%20Lavoura%20e%20
Pecu%C3%A1ria%20como%20aumentar%20a%20rentabilidade,%20Otimizar%20o%20uso%20da%20 Figura 8. Cronograma de entrada e sada do gado, conforme o ano de uso do sistema de
terra%20e%20minimizar%20os%20riscos.pdf
ILP proposto na Figura 7.
http://www.jcmaschietto.com.br/index.php?link=artigos&sublink=artigo_46
Desta forma, quando da liberao da pastagem de inverno (30 a 50 dias aps a colheita da soja), os
animais desmamados, prprios ou de compra, so postos para pastejar na rea em que foi produzida
a soja durante o perodo das guas, isto ocorre at o momento antes de se preparar a massa do capim
para o novo plantio direto da soja (incio do perodo de guas seguinte), a partir de ento os animais
so levados para a rea de pastagem intensiva (rotacionado adubado), onde j se encontram os outros
animais de desmama, de compra ou prprios, que entraram na rea de produo intensiva (rotacionado
adubado) tambm no perodo seco do mesmo ano, mas no momento posterior sada da gerao (safra)
anterior, que agora j garrotes/bois magros foram levados para terminao em confinamento.
No exemplo da Figura 10, a produo de soja conduzida por 3 anos na mesma rea, posteriormente rotacionada
com a pastagem, trocando de rea por mais trs anos.
Nos dois exemplos citados, os efeitos negativos da estacionalidade de produo so amenizados, atravs
do uso do pasto de inverno (pasto aps a soja) e/ou uso de confinamento. Com essas estratgias
podemos manter ou at mesmo aumentar a quantidade de animais durante o perodo de inverno (seca),
alm de proporcionar alimento com maior segurana, em quantidade e qualidade, capaz de manter o
ritmo de ganho de peso elevado (acima de 0,6 kg de PC/dia na mdia do ano inteiro). Portanto, so aes
que intensificam a produo por animal e por rea.
Dentro deste conceito, as reas de lavouras do suporte pecuria por meio da produo de alimentos
para o animal, seja na forma de gros, silagem e/ou feno ou na forma de pastejo direto e a floresta
e pecuria atravs da melhoria da fertilidade do solo. A utilizao da lavoura resulta no aumento da
capacidade de suporte da propriedade, permitindo a venda de animais na entressafra e proporcionando
- Aumento e diversificao da oferta de produtos com valor agregado; Para combinao com pastagem e gado na escolha das espcies arbreas alguns aspectos devem ser
considerados:
- Uso eficiente do maquinrio;
- Reforma ou recuperao das pastagens com a implantao de espcies mais produtivas; - As espcies devem ser adequadas s condies edafoclimticas do local;
- Aumento da matria orgnica no solo, devido grande produo de razes e folhas, especialmente - Deve haver compatibilidade entre os componentes do sistema. Devem ser evitadas espcies
pela introduo do componente pastagem; txicas, hospedeiras de pragas e doenas que so prejudiciais aos animais e pastagem, bem
como espcies com efeitos alelopticos sobre a pastagem ou que possuam alta capacidade
- Aumento da eficincia de reciclagem de nutrientes, devido ao melhor aproveitamento, pela
de infestao;
gramnea, dos resduos de fertilizantes deixados pelos cultivos anuais;
- As espcies devem ser preferencialmente pereniflias, isto , que no perdem as folhas;
- Reduo de perdas de nutrientes por lixiviao e/ou eroso;
- O crescimento deve ser rpido e reto em condies de campo e cu aberto;
- Retorno de nutrientes superfcie na forma de serrapilheira, resduos culturais das lavouras e
manejo racional da pastagem, e tambm incorporao na matria orgnica do solo; - Devem ser resistentes a ventos, preferencialmente as opes com razes profundas;
- A maior biodiversidade dos sistemas contribui para o processo de restabelecimento da fauna - Preferencialmente, devem proporcionar alimento aos animais (folha e frutos), mas com frutos
do solo, aumentando condies para sobrevivncia de inimigos naturais de pragas de lavouras, pequenos, para no obstruir-lhes o esfago;
pastagens e floresta;
- Preferencialmente, devem ter a capacidade de fixar nitrognio (ex: leguminosa)
- O sombreamento e a maior presena de cobertura morta sobre o solo, alm do maior teor de
- Devem apresentar capacidade de rebrota;
matria orgnica, exercem influncia sobre a taxa de evaporao da gua e sobre o balano hdrico
do solo e as rvores atenuam a velocidade dos ventos, proporcionando maior conforto trmico - Devem apresentar silvicultura conhecida;
para homens e animais
- Ausncia de razes superficiais expostas, a fim de no impedir a acomodao dos animais sob
Na implantao do sistema de iLPF o momento ideal para a entrada dos animais deve ser aps o estgio
a copa da rvore.
em que as rvores estejam fortes o suficiente para que os animais no as quebrem involuntariamente. Em
Exemplos de rvores utilizadas em sistema de iLPF: geral, isto ocorre quando as plantas, em sua maioria, esto com mais de 6 centmetros de dimetro a uma
altura de 1,3 metros do cho.
- Accia Negra;
importante verificar se o capim a ser utilizada possui capacidade de produzir em sistemas sombreados. Gramneas
- Accia; que apresentaram relativa tolerncia ao sombreamento moderado. As mais utilizadas em sistema de iLPF so:
- Albizia;
- Brachiaria decumbens cv. Basilisk;
- Angico-vermelho;
- Brachiaria. Brizantha cvs. Marandu, Xaras e Piat;
- Angico;
- Brachiaria. ruziziensis;
- Araucria;
- Panicum maximum cvs. Mombaa, Tanznia, Massai e Aruana
- Baru;
- Paspalum saurae cv Pensacola
- Canafistula;
Mesmo gramneas consideradas medianamente tolerantes ao sombreamento tm apresentado reduo
- Cedro Australiano; acentuada da produo de forragem quando submetidas a condies de sombreamento intenso, em geral
com nveis de sombra acima de 50%.
- Eucalipto;
- Gliricdia; Apesar de todas as possveis vantagens do sistema iLPF, existem algumas implicaes que devem ser
levadas em considerao, tais como:
- Grevlea;
- Leucena; - A escolha das espcies arbreas observando sua interao com a pastagem e com a cultura agrcola;
- Paric; - Aquisio de mquinas, implementos agrcolas e investimentos em instalaes, tanto para a lavoura
de gros e como para a floresta;
- Sibipiruna;
- Necessidade da infraestrutura frente durao de cada atividade dentro do sistema;
- Teca.
- Intensificao da administrao das prticas agrcolas e florestais de manejo das culturas e animais;
17. IRRIGAO DE PASTAGENS para de explorao com pecuria de corte sob irrigao de pastagens, a que pode remunerar melhor o
capital investido a recria, pois a categoria que possui a melhor converso alimentar, ou seja, menor
nmero de quilos de matria seca de forragem ingerida por quilo de carne produzida, o que possibilita
Tabela 33. Classificaes para o item irrigao de pastagens.
grandes produes de carne/ha em sistemas intensivos, gerando maior receita por rea e, quando utilizada
de forma eficiente, gerando maiores rentabilidades.
Entretanto, no caso da recria em pastagens irrigadas, quase que imprescindvel dispor de uma
estrutura de confinamento na propriedade, visando-se obter um equilbrio de lotao no perodo
seco de menor temperatura e, evidentemente, a melhorar rentabilidade. J para sistema de
produo de leite a pasto, a categoria escolhida a de vacas em produo, que a categoria capaz
de proporcionar o melhor custo-benefcio. J no perodo seco do ano, quando geralmente ocorre
uma queda de produo, a fim de se ajustar a lotao com a oferta de forragem, o lote que deve
A sequncia de operaes ideias para preparo de solo est descrita no item 11.1. Tambm existem aparelhos de GPS para aplicao com taxa varivel, promovendo a distribuio de forma
especfica dentro do mesmo pasto ou piquete, eliminando manchas de baixa fertilidade, tornando a
10. http://www.universidadedoleite.com.br/artigo-conceitos-geneticos-basicos-em-bovinos-leiteiros
Isto interessa a todos os pecuaristas tanto de corte quanto de leite, estudantes de cincias agrrias,
consultores, tcnicos agropecurios e extensores rurais, que iro participar da produo de alimentos
seguros e saudveis para a atual e futuras geraes.
Foram criados critrios de classificao para cada processo tecnolgico que pode ser implantado rumo
ao aumento de produtividade na pecuria de forma sustentvel.
TEMPO DE IMPLANTAO curto = menor do que um ano; mdio = de um a dois anos; longo =
acima de dois anos
Foram criados diagramas para esses cinco critrios de classificao para facilitar o entendimento e rapidamente
classificar cada processo tecnolgico. Os diagramas aparecero sempre frente de cada processo.
Fonte: Autor
O custo de investimento na escolha dos critrios de seleo e descarte baixo. O tempo de repagamento
mediano podendo levar de 1 a 5 anos mas o tempo de implantao pode ocorrer num ano. A
complexidade tecnolgica mdia pois envolve planejamento, foco e diversas avaliaes (sanitria,
reprodutiva, zootcnica) que dependem de profissionais experientes. O impacto em produtividade
alto. O descarte de animais que no se encaixam no perfil do sistema de produo escolhido, concentra
esforos nos animais e sistema eleito para se trabalhar, buscando-se maior produtividade.
A avaliao sanitria o primeiro ponto de corte nos critrios de seleo e descarte. Animais doentes e
com desempenho produtivo e reprodutivo abaixo da mdia que refletem problemas sanitrios (abortos,
repetio de cios, ecto e endoparasitoses) devem ser considerados para descarte. Muitas vezes
necessrio um levantamento por diagnstico clnico ou laboratorial feito por tcnicos especializados,
como o caso de doenas como a brucelose, tuberculose, verminoses, entre outras. O captulo sobre
sanidade descreve os principais problemas sanitrios e os critrios de seleo baseados neles.
A avaliao zootcnica que leva em considerao aspectos morfolgicos (raa, conformao, problemas
congnitos ou adquiridos por traumatismos e leses), fsicos (idade, peso, tamanho, crescimento,
ganho de peso, produo de leite) e comportamentais (temperamento, habilidade materna, libido,
Fonte: Autor dominncia), fundamental na formulao de critrios de seleo dos animais que faro parte do
Por outro lado, animais mais velhos tendem a produzir menos carne e leite, podem apresentar mais Tabela 4. Classificaes para o item escriturao zootcnica
problemas reprodutivos. A longevidade de matrizes interferem nas taxas e custos de reposio por
novilhas, no peso mdio do rebanho, nos ndices reprodutivos (vacas multparas que sofreram seleo por
reproduo so, normalmente, muito adaptadas ao ambiente e apresentam altos ndices reprodutivos). Por
outro lado, o aumento da permanncia de matrizes no rebanho implica na diminuio de ganho gentico.11
A avaliao reprodutiva por meio de seus ndices importante no diagnstico da situao atual e do
ambiente fornecido. Os critrios de seleo e descarte esto ligados aos parmetros e indicadores
reprodutivos do sistema de produo escolhido.
Fonte: Autor
Muitas tecnologias auxiliam no diagnstico e verificao de problemas como o uso de aparelhos de
ultrassom nos diagnsticos reprodutivos e marcadores moleculares nos programas de seleo gentica.
A escriturao zootcnica corresponde ao registro de todos os acontecimentos produtivos, reprodutivos
A utilizao do ultrassom tem possibilitado um melhor controle do manejo reprodutivo do rebanho e sanitrios relacionados ao rebanho. Junto com a escriturao financeira compem as fontes de
atravs de exames clnicos como diagnstico precoce e acompanhamento da gestao; avaliao do informao para se analisar o passado e projetar o futuro.
desenvolvimento folicular e corpo lteo e patologias do trato reprodutivo feminino (infeces vaginais
e uterinas) e masculino (orquites, inflamao de glndulas).12 A escriturao zootcnica tem custo de investimento e complexidade tecnolgica medianos por causa
da necessidade de treinamento da equipe. O tempo de implantao pode ser menor do que um ano,
Marcadores moleculares so qualquer caracterstica herdvel presente no DNA e que diferencia dois
mas o tempo de repagamento pode levar de um a cinco anos, pois necessrio se acumular dados para
ou mais indivduos. So utilizados para estudos de gentica populacional, mapeamento e anlises
formao de informaes temporais. O impacto na produtividade alto porque redireciona estratgias.
de similaridade, distncia gentica, sinalizao de genes de resistncia a doenas, reconstituio de
pedigrees, desenvolvimento de mapas genticos.13 Os programas de melhoramento gentico de raas
No se gerencia o que no se mede,
bovinas podem se beneficiar do uso de marcadores moleculares na sexagem de embries, em testes de
no se mede o que no se define,
paternidade e, principalmente, na seleo de animais.
no se define o que no se entende,
Esta seleo consiste em transferir genes ou conjunto de genes desejveis de maneira mais rpida e e no h sucesso no que no se gerencia
eficiente, utilizando menor nmero de animais e geraes, bem como a deteco de doenas genticas,
podendo aumentar o ganho gentico anual e tornar mais eficiente a produo de bovinos. Uma das William Edwards Deming
limitaes ao uso dessa nova tecnologia est relacionada com a falta de um mapa gentico especfico
de zebunos e que contenha a localizao de regies especficas ao longo dos cromossomos.14 Para se poder definir os parmetros e indicadores importantes preciso entend-los antes, isso inclui
todos os envolvidos. No existem resultados bons ou ruins, mas acima ou abaixo daqueles que foram
traados como meta para determinado objetivo. Por exemplo, um resultado anual de prenhes numa
fazenda de gado de corte de 70%, pode ser considerado ruim para muitos, mas pode ser o resultado
11. http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/ADM101.pdf
planejado para se ter um percentual maior de venda de vacas adultas num sistema onde h grande
12. http://www.bovinos.ufc.br/ultrasom.doc
13. http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcador_molecular quantidade de novilhas de reposio.
14. http://www.cpafro.embrapa.br/media/arquivos/publicacoes/doc103_marcadoresmoleculares_.pdf
A escriturao permite analisar a situao passada e presente dos sistemas de produo. A relao
da quantidade de matrizes por touro obtida pela diviso da quantidade de matrizes pelo nmero de
touros na fazenda, no retiro ou no pasto. Quanto menor o perodo de monta maior deve ser o nmero
de touros. A taxa de reforma de touros importante para se evitar que touros acasalem com filhas. Uma
taxa de reforma de 25% significa que a cada 4 anos todos os touros so substitudos. Se a aptido para
reproduo das novilhas ocorrer em mdia aos 26 meses, os touros mais velhos podero cobrir filhas,
por isso, lotes de novilhas devem, de preferncia, serem colocados com touros mais novos. Fonte: Autor
A taxa de reteno de vacas (prenhes e vazias) est ligada disponibilidade de pastagem e necessidade A adaptabilidade ao meio se refere a caractersticas de espcies e raas que, ao longo do perodo
de matrizes para a prxima estao de monta. Essa necessidade pode aumentar em rebanhos em evolutivo, com ou sem a interferncia do homem, se adaptaram s condies climticas (quente ou frio,
crescimento e diminuir em rebanhos estabilizados e onde os cruzamentos antecipam a aptido de insolao), topogrficas, de altitude. A busca por melhores desempenhos em produo (carne e leite)
novilhas (mestias da raa Angus so sexualmente mais precoces e podem eliminar as categorias de fez com que o homem interferisse significativamente na seleo para adaptabilidade que a natureza
fmeas em recria de 1-2 anos e de 2-3 anos). levou tanto tempo para fazer. Animais mais produtivos num determinado ambiente nem sempre
se comportam da mesma forma em outro ambiente. Muitas raas, para que pudessem sobreviver
Os dados de peso so balizadores nos clculos da carga animal e capacidade suporte para os perodos num ambiente hostil (secas severas, calor ou frio intenso, altitudes) comprometeram caractersticas
das guas e da seca e interferem diretamente nas taxas de reteno, descarte e suporte animal. produtivas em prol de caractersticas reprodutivas (seno no existiriam mais). o caso das raas
No caso dos rebanhos leiteiros, dados zootcnicos de produo de leite, durao da lactao (persistncia zebunas indianas ou da frica oriental que tiveram desafios diferentes (calor, seca, gramneas tropicais,
da lactao) e reprodutivos (concepo, natalidade) so fundamentais no planejamento dos sistemas de ectoparasitas) em relao s raas europeias (frio, gramneas temperadas, endoparasitas).
produo. O intervalo entre partos (IEP) calculado dividindo-se 12 pela taxa de concepo das vacas. Se
A seleo por adaptabilidade ao meio um processo tecnolgico de baixo custo, tempos de retorno do
um rebanho leiteiro tem uma taxa de concepo de 90% num perodo de um ano, ento o IEP mdio ser de
investimento e implantao menores do que um ano, baixa complexidade tecnolgica e alto impacto
13,33 meses. O nmero mdio de vacas em lactao calculado multiplicando-se o total de matrizes (vacas
em produtividade. Existem animais da mesma raa, mais ou menos adaptados ao ambiente em que so
e novilhas em reproduo) pela taxa de natalidade, dividido por 12 meses e multiplicado pela durao da
expostos. Cabe s pessoas selecion-los de forma inteligente e coerente.
lactao em meses. Num rebanho de 100 matrizes (vacas e novilhas) com taxa de concepo de 90%, taxa de
natalidade de 85,5% e durao de lactao de 10 meses, em mdia haver 71 vacas em lactao. O tema bem estar animal est em voga muito mais voltado na fabricao e artificializao do ambiente
(sombras artificiais, pisos, sistemas de arrefecimento e ventilao) do que na seleo de animais e
A escriturao zootcnica a base para anlise dos dados coletados e gerao de informaes
orientao de acasalamentos para adaptabilidade. A busca do aumento da produo a qualquer custo
importantes para tomadas de deciso e planejamento. O treinamento e seleo de pessoal para exercer
vai de encontro ao bem estar. Isso j existe nas criaes intensivas de sunos e aves.
Fonte: http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sistemas-de-producao/importancia-da-ambiencia-na-producao-de-bovinos-de-corte-frente-
as-mudancas-climaticas-54543/
A figura 3 ilustra sistema de produo de leite onde no se atentou para a adaptabilidade dos animais s
condies climticas. Caractersticas de radiao solar, temperatura, umidade, ventos e a intensidade e
durao desses fatores devem ser levados em considerao no planejamento do sistema de produo.
Caso isso no seja considerado na escolha e seleo dos animais, poder haver riscos de estresse
climtico levando diminuio do crescimento e produo de carne, impacto negativo na reproduo
e produo de leite, aumentar o risco sanitrio pela depresso da capacidade de defesa imunolgica e
alterao do comportamento.
Fonte: http://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/fazenda-colorado-investe-r-42-milhoes-e-fecha-rebanho-72827n.aspx 15. HAHN, G.L. Dynamic Responses of Cattle to Thermal Heat Loads. J. Animal Science v.77 supl.2 / J. Dairy Science vol.82 supl.2, 1999
Tabela 6. Classificaes para o item diagnstico A figura 4 ilustra a avaliao de escore de condio corporal (ECC) das raas holandesas e de corte.
Fonte: Autor
Esse diagnstico tem baixo custo de investimento, tempos de repagamento e implantao curtos (menos
de um ano), alto impacto em produtividade, pois identifica pontos importantes de estrangulamento da
atividade. No entanto, o nvel de complexidade tecnolgica mediano por necessitar de avaliadores
experientes. Um diagnstico sem referncias slidas e que no seja constantemente atualizado pode
omitir dados importantes nutricionais, de infraestrutura e, principalmente, da capacitao e treinamento
das pessoas envolvidas.
8. ESTAO DE REPRODUO
Fonte: Autor
Fonte: Garcia Tobar, 1976
Estao de reproduo um investimento de baixo custo e baixa complexidade tecnolgica. Tem alto A menor necessidade energtica de uma vaca de corte de 450 kg corresponde ao tero mdio de
impacto na produtividade por permitir a seleo de animais mais adaptados ao ambiente e possibilitar gestao (4 ao 6 ms de gestao) aps a desmama do bezerro. Nesse perodo o crescimento do
que as categorias de maior exigncia nutricional tenham pastagens em quantidade e qualidade para feto tem baixa exigncia energtica da vaca. A partir do 7 ms de gestao (tero final) a exigncia
atenderem suas demandas. No entanto, o tempo de repagamento vai de 1 a 5 anos e o tempo de energtica do feto passa a ser crescente. Isso no significa que vacas no tero mdio de gestao no
implantao de 1 a 2 anos. devam ser bem manejadas e nutridas para manterem a condio corporal adequada, pois sua nutrio
nesse perodo interfere no desenvolvimento do bezerro aps o nascimento at a idade adulta.17
A estao de reproduo envolve tanto o perodo de monta ou inseminao artificial at o momento das
paries. As estaes variam de acordo com cada regio em funo das caractersticas climticas. Copiando Com relao ao bezerro ou bezerra nascidos, o leite materno s capaz de atender 100% das necessidades
o que a natureza fez com algumas espcies, o objetivo principal fornecer alimento (principalmente energticas no primeiro ms. No sexto ms de vida, o leite s satisfaz 27% do requerimento energtico
pastagens) em quantidade e qualidade para as categorias de maior necessidade nutricional. do bezerro. nesse momento que h a maior necessidade energtica da vaca com seu bezerro
lactante. A partir do 6 ms, se recomenda a desmama dos bezerros e suplementao de acordo com
Na tabela 8, foi estudado a necessidade energtica, em mega-calorias de energia digestvel por dia, de
o planejamento de cada fazenda. A suplementao do bezerro ou bezerra muito mais vivel do que a
uma vaca de 450 kg de peso vivo que concebeu no dia 1 de janeiro e pariu no dia 13 de outubro (285
dias de gestao). Vacas multparas tem pequena variao no peso quando em condies adequadas de suplementao da vaca em funo da resposta em relao ao suplemento e a sua quantidade.
manejo. Dessa forma, a exigncia energtica para manter o peso corporal de 450 kg praticamente no
17. http://www.abspecplan.com.br/upload/library/Pfizer_XII_Novos_Enfoques_Corte.pdf
Fonte: Autor
importante que a estao de reproduo no se estenda por mais de trs meses, devido disperso dos
nascimentos e fazendo com que haja nascimentos fora do perodo de boa produo de capim. Exemplo:
uma estao de monta que se inicia em 01/jan e termina em 01/maio (120 dias) ir dar maiores chances
para as vacas que pariram por ltimo na estao anterior, no entanto, as vacas que emprenharem no final
da estao de monta (20/04 a 01/05) iro parir de 05/02 a 15/02 (290 dias de gestao), 45 dias do incio
da estao seguinte. Elas necessitaro de 30 a 60 dias para restabeleceram o trato reprodutivo (tero e
ovrios) para emprenharem novamente e que tambm corresponde ao perodo de maior exigncia devido
lactao. Comparando-se a vaca que pare nesse poca com outra que pariu no final de outubro e incio
de novembro, admite-se que as chances e o desempenho das primeiras so menores.
Diante desses fatos, uma estao de reproduo deve ser focada mais no perodo de pario, quando a
exigncia das vacas est mais alta, do que no perodo de monta em si. A figura 6 mostra a distribuio
das categorias animais durante o ano de uma fazenda com monta durante todo o ano e de outra com Fonte: adaptado de Exagro Flvio Arajo (Frum de Clientes 2013)
O importante que os touros sejam acompanhados tanto no histrico de anos anteriores quanto
no perodo pr-estao de reproduo. Numa janela de 90 dias, erros na seleo de touros e no
acompanhamentos deles durante a estao de monta podem ser desastrosos e trazer prejuzos para a
fazenda. Exame da condio sanitria tambm importante porque touros podem transmitir algumas
doenas por via genital e a presena de ecto e endoparasitas podem prejudicar o desempenho dos
touros (moscas do chifre podem incomodar os touros e inibir a monta).
Outros pontos importantes com relao estao de reproduo se referem tecnologia reprodutiva Deve-se atentar para as condies mnimas das infraestruturas para utilizao dos processos
(monta, monta controlada, inseminao artificial (IA), inseminao artificial em tempo fixo (IATF), tecnolgicos. No caso da monta natural, deve-se dar ateno s cercas, porteiras, tronqueiras que
transferncia de embries (TE), fertilizao in vitro (FIV), clonagem), preparao dos touros, a relao separam diferentes lotes de vacas. Touros de lotes diferentes, tendem a se enfrentar, principalmente,
touro/vaca, condies e adequaes da infraestrutura e manejo nutricional. quando os pastos dividem a mesma aguada ou saleiro. As brigas podem danificar as cercas e instalaes
e causar leses e traumatismos nos touros alm de misturar os lotes de vacas, o que pode interferir no
resultado reprodutivo. Recomenda-se o uso de cerca eletrificada para evitar essas brigas entre touros
8.4. MONTA E MONTA CONTROLADA de lotes vizinhos (figura 9).
A monta se refere a colocao de touros com as vacas e novilhas no perodo da estao reprodutiva. Por
mais bsico que parea, importante que os touros sejam preparados para a estao. Touros tem hbitos
hierrquicos muito fortes e, em funo de seu peso e agressividade, se machucam muito facilmente.
Primeiro, deve-se fazer a inspeo dos touros quanto a leses, traumatismos, integridade de seus 18. https://beta.openaire.eu/search/publication?articleId=doajarticles::ee8ffb4ff1d1d89057a24eb2d376a3ed
Fonte: Autor
A inseminao tambm proporciona um maior controle zootcnico desde que a escriturao seja bem
feita, permitindo anlises de ndices reprodutivos (perodo de servio, taxa de prenhes, previso de
partos, intervalo entre partos) e auxiliando na tomada de deciso.
Um programa de inseminao artificial eficiente consiste na deteco das fmeas em cio (figura 10), Fonte: http://www.agripoint.com.br/imagens/banco/8674.png
manejo e conduo s instalaes onde ser feita a inseminao, conteno e limpeza da matriz,
Por causa das dificuldades e falhas na deteco de cios, o item a seguir da inseminao artificial em
manipulao correta e aplicao do smen no momento da ovulao (ver manual da ASBIA que descreve
tempo fixo tem crescido muito para minimizar essas perdas.
com detalhes todo o processo: http://pt.slideshare.net/ruralbr/manual-inseminao-artificial ). Para isso,
preciso que as pessoas envolvidas estejam bem treinadas. A deteco de cio um dos pontos mais
importantes do programa. Caso essa seja ineficiente podem ocorrer baixas taxas de prenhes, aumento
do IEP, prejuzos na produo e reproduo.
Fonte: Autor
25. http://www.absnet.com.br/download/HV167_bovinos_semem.pdf
Esse processo tecnolgico pode ser rapidamente implantado, mas tem custo mediano em funo dos
medicamentos, manejo concentrado do rebanho e ndices de prenhes abaixo da IA tradicional e da
monta natural. A complexidade mediana est no treinamento das pessoas envolvidas, dos cuidados
com a aplicao dos medicamentos, escriturao zootcnica e ateno com o cronograma que essa
tecnologia exige. O tempo de repagamento pode ser de 1 a 5 anos e o impacto em produtividade
tambm mediano em funo das caractersticas do meio, do manejo e da forma de conduo.
Fonte: Autor
Diferente do que dizem os vendedores da tecnologia, a IATF no melhora resultados de problemas
reprodutivos e pode sim agrav-los. uma ferramenta, que se bem usada, pode trazer alguns benefcios, mas Transferncia de embries (TE) uma tcnica de multiplicao da prognie de fmeas consideradas
com certeza no soluo para problemas. Erros de manejo nutricional esto entre as principais causas de superiores dentro de um rebanho.35 Por meio de medicamentos e hormnios, estimula-se a matriz doadora
baixo desempenho reprodutivo e muitas vezes essa tecnologia queimada na tentativa de solucion-los. a produzir vrios vulos simultaneamente (superovulao) que sero fecundados por meio de inseminao
artificial (naturalmente). Os embries so coletados, selecionados (micromanipulao sexagem ou
Um dos pontos importantes no uso da IATF selecionar as matrizes que sero utilizadas. Uma avaliao
genotipagem), congelados ou no e transplantados em receptoras preparadas para receb-los.36
criteriosa do histrico reprodutivo, do escore corporal e dos rgos genitais (escore de ovrios
ciclando28), ajudam selecionar matrizes com maiores chances de emprenharem com a IATF.29 A anlise A fertilizao in vitro (FIV) consiste numa biotecnologia de coleta de ocitos (vulos) de doadoras,
e utilizao de smen e de partidas com motilidade e quantidade de espermatozoides acima da mdia maturao, fertilizao desses ocitos e cultivo in vitro (em laboratrio) dos embries produzidos.37
tambm podem contribuir para o sucesso da tcnica. 8 dias aps a coleta dos ocitos, maturao e fertilizao, os embries viveis estaro prontos para
serem transferidos para as vacas receptoras (barrigas de aluguel).
Procurar orientao do protocolo com o fornecedor ou com o tcnico que ir acompanhar a IATF e
utilizar material estril, descartando insumos utilizados. A diferena entre TE e FIV que a TE uma tcnica de multiplicao onde quase todas as fases do
processo so feitas dentro da prpria doadora sem a necessidade de se levar para um laboratrio. A FIV
Existem vrios protocolos no mercado com indicaes especficas para sistemas de criao, raas,
depende de laboratrio especfico e tcnicos especializados.38
idade30, 31, 32, 33. Quando possvel, consultar um profissional para indicao que atenda especificamente a
demanda da fazenda. H tambm empresas e profissionais especializados em realizar a IATF34, podendo TE e FIV so tecnologias de alto custo, que requerem equipamentos caros e sofisticados e possuem
combinar por vaca prenhe que pode ser uma boa alternativa para fazendas que intendem realizar a alta complexidade tecnolgica, necessitando de profissionais especializados e apoio de laboratrios
tcnica em grande quantidade. especficos. O tempo de implantao pode ser feito at em um ano e o tempo de repagamento mediano
podendo levar de 1 a 5 anos, quando os produtos de transferncia estaro produzindo ou prontos para
26. http://produtores.tecnopec.com.br/iatf-bovinos.html
o mercado. O impacto em produtividade mediano, pois o volume de uso dessas tecnologias limitado
27. http://www.qualittas.com.br/uploads/documentos/Inseminacao%20Artificial%20em%20Tempo%20Fixo%20em%20Bovinos%20de%20Corte%20-%20Thiago%20
Santin.pdf e podem no interferir no todo da produo da atividade.
28. http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/reproducao/anestro-em-vacas-leiteiras-holandesas-77678n.aspx
29. http://www.rbmv.com.br/pdf_artigos/27-08-2012_12-56RBMV%20015.pdf
30. http://www.tecnopec.com.br/index.php?iatf
31. http://www.abspecplan.com.br/upload/library/Manual_IATF_Gado_Leiteiro.pdf 35. http://www.sheepembryo.com.br/files/artigos/396.pdf
32. http://www.ourofinosaudeanimal.com/blog/tag/protocolos-de-iatf/ 36. http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/embrioes/index.htm
33. https://www.zoetis.com.br/node/20252 37. http://www.bioembryo.com.br/noticias.php?cat=3&subcat=7&id=251
34. http://www.agbrasil.com.br/servicos 38. http://www.zebuparaomundo.com/zebu/index.php?option=com_content&task=view&id=452&Itemid=38
Desempenho de seus produtos provas de ganho de peso ou produo de leite de seus filhos e
12. TOURO MELHORADOR filhas acima da mdia dos contemporneos;
Tabela 13. Classificaes para o item touro melhorador Avaliao gentica provas genticas, diferenas esperadas na prognie (DEP) para produo e
caractersticas de interesse (aprumos, comportamento);
Para quem tem interesse em iniciar um programa de uso de touros melhoradores pode comear
selecionando os touros existentes, classificando-os e ranqueando-os em categorias simples e objetivas.
Para que no seja simplesmente uma apartao no olho, pode-se utilizar o peso e ganho de peso como
base. Existe uma correlao entre peso corporal e nvel de testosterona (hormnio sexual masculino
Fonte: Autor
responsvel pelo aumento da massa muscular) em touros jovens.
39. http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2009/2009-julho-dezembro/705-dez-questoes-sobre-transferencia-de-embrioes-
em-bovinos-o-papel-das-receptoras/file.html 40. http://www.simcorte.com/index/Palestras/7_simcorte/simcorte18.pdf
A circunferncia escrotal (CE) a medida do maior dimetro da bolsa escrotal feita por uma fita mtrica
(figura 11).
Outro teste que pode ser realizado na fazenda o de libido ou da capacidade de servio. Os touros devem
ser avaliados em curral, por cinco minutos, por trs a quatro observadores, em pontos equidistantes
Fonte: http://www.agrojacarezinho.com.br/images/mouseover/thumb/genetica06.jpg (nos quatro cantos do curral), devendo as anotaes serem feitas separadamente, por observador e
somente no final, confrontadas com as dos outros observadores. Utilizam-se 20 fmeas, sendo 3 em cio
Essa medida tem relao direta com os nveis de testosterona no sangue, ou seja, quanto maior a CE maior sincronizado. As atitudes consideradas so:
a quantidade de testosterona. Existe ainda uma relao direta entre a concentrao de testosterona no
sangue e a quantidade de espermatozoides por ml de smen.42 Dessa forma, um primeiro passo na Cheirar a vulva (e lamber)
seleo dos touros existentes pes-los e medir a circunferncia escrotal de cada um.
Flehmen (1 vez)
A coleta e anlise seminal de amostra representativa de smen coletado por eletroejaculao ou vagina
artificial o passo seguinte para avaliao androlgica dos touros. Faz-se uma avaliao fsica do smen Perseguio da fmea
(volume, cor, forma, turbilhonamento ou motilidade em massa, vigor, concentrao) e uma avaliao
microscpica de concentrao espermtica, caractersticas morfolgicas e patolgicas (defeitos Montar (sobre o dorso)
maiores, menores e totais) dos espermatozoides, que permitir ao tcnico fazer um laudo e anlise
seminal. A partir desse laudo pode-se fazer uma classificao androlgica por pontos (CAP) que leva em
Galeio (ejaculao completa)
considerao a motilidade (20 pontos) e morfologia (40 pontos) espermticas e a CE (40 pontos) (tabela
14). Touros com CAP abaixo de 60 pontos devem ser descartados. Touros com CAP acima de 60 tm
maior massa testicular e maior produo espermtica diria e maior chance de fecundao.43
41. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/reproducao/a-importancia-do-exame-andrologico-e-avaliacao-da-libido-53126/
42. http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/view/5073/16222
43. http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/view/3950/5923
Os reflexos positivos da seleo gentica so bem visualizados na raa Gir leiteiro. Em relativamente
poucos anos, a raa foi trabalhada na seleo gentica e os resultados apareceram rapidamente.
Libido alta: monta com/sem galeio (figura 12, direita); 12.1.1. DEP/PTA (DIFERENA ESPERADA NA PROGNIE /
Libido boa: Flehmen (2 x), com perseguio ou no; PREDICTED TRANSMITING ABILITY)
Libido baixa: somente cheirar, lamber ou Flehmen (figura 12, esquerda) (1 x).44
A DEP mais utilizada em sumrios de gado de corte e a habilidade de transmisso prevista (PTA) em
Com relao s avaliaes genticas, no existe um exame especfico que possa garantir qual a sumrios de gado de leite e correspondem metade do valor gentico porque um touro transmite
combinao de genes de um espermatozoide especfico que ir fecundar um vulo. A nica maneira metade de seus genes para a prognie e a outra metade vem da me.47
conhecer o valor mdio de um espermatozoide de um touro pela estimao das DEP, que indicam
quanto se espera que os filhos de um touro sejam mais ou menos produtivos que os filhos de outro A DEP prediz a habilidade de transmisso gentica de um animal avaliado como progenitor. expressa
touro, quando os dois so comparados.45 na unidade da caracterstica (exemplo: kg para peso, cm para permetro escrotal e meses para idade ao
primeiro parto), com sinal positivo ou negativo. Existem DEPs para efeito direto que a habilidade de
Um exemplo de uma conta para se comparar touros com DEP diferentes : um touro A com DEP para um animal em transmitir genes sua prognie, que influenciam a caracterstica avaliada (peso aos 450
ganho de peso ps-desmama de +10 kg (um touro que se enquadra nos top 10% de uma avaliao dias de idade, permetro escrotal aos 365 dias de idade).
gentica), comparado com outro touro B com DEP para a mesma caracterstica de -5 kg. A diferena
entre eles de 15 kg. Se esses touros forem colocados na fazenda com 40 vacas cada, por ano, eles iro Existem DEPs para efeito materno que se refere a caractersticas que so influenciadas por fatores presentes
produzir 35 bezerros por ano. Se a vida til desses touros for de 5 anos (20% de reposio por ano) eles na me do indivduo (produo de leite) e que predizem a diferena esperada em peso da prognie das filhas
produziro 175 bezerros cada um em sua vida til. do reprodutor avaliado. Tem ainda DEP de pedigree (informaes de genealogia), DEP interina (genealogia
+ desempenho), DEP de prognie (genealogia + desempenho do animal + desempenho da prognie) e DEP
Multiplicando-se 175 bezerros e bezerras pelo ganho de peso adicional que os filhos(as) do touro A
genmica (pedigree + desempenho prpria e da prognie + valores moleculares preditos).48
tero em relao aos filhos do touro B, devido aos genes transmitidos pelos touros em condies ideais
de manejo e nutrio, tm-se 175 bezerros x 15 kg = 2.625 kg de ganho de peso a mais dos filhos
do touro A em relao ao touro B. Teoricamente o touro A valeria 87,5@ a mais do que o touro B.
46. http://pt.slideshare.net/boicombula/quanto-vale-um-touro-melhorador
47. http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2012/janeiro-junho-2/1084-selecao-de-bovinos-e-interpretacao-de-dep-
44. http://www.simcorte.com/index/Palestras/7_simcorte/simcorte18.pdf diferenca-esperada-na-progenie/file.html
45. http://pt.slideshare.net/boicombula/quanto-vale-um-touro-melhorador 48. http://www.ancp.org.br/sumario#.VO2tOPnF-VM
Por isso to difcil comparar sumrios. O sumrio da raa Nelore da ABCZ/Embrapa tem como base
dados de prognies nascidas entre 1971 e 2011 com mais de 3,6 milhes de registros.49 A ANCP trabalha
com um banco de dados da raa Nelore de 2,3 milhes de animais cadastrados e mais de 7,4 milhes de
pesagens cadastradas.50 A raa holandesa tem base de 950 mil registros zootcnicos de 1981 a 2011.51
Fonte: PMGZ, ABCZ (https://www.abczstat.com.br/comunicacoes/sumario/apresentacao/Sumarioapresentacao.htm)
Outro termo muito utilizado herdabilidade (h2) que a mensurao da parte herdvel de uma
caracterstica52, ou seja, mede a correspondncia entre o fentipo (aquilo que o animal e produz) e
o valor gentico (o que influencia a prxima gerao) e o grau de confiana nessa correspondncia.53 Um balanceamento adequado para a escolha de um reprodutor :
As caractersticas reprodutivas, fertilidade, precocidade, habilidade materna, facilidade de partos, so
de baixa herdabilidade (h2 = 0,05), ou seja, tem grande influncia do ambiente (nutrio, manejo). As Peso ao nascer DEPs negativas ou baixas;
caractersticas produtivas como: produo de leite, quantidade de gordura, teores de protenas, tm
Peso desmama DEPs de moderadas a elevadas;
alta herdabilidade (h2 = 0,25), enquanto que as caractersticas funcionais, conformao e insero de
bere, aprumos, tm herdabilidade intermediria (h2 = 0,05 a 0,10). Materno total DEPs moderadas;
Nem sempre o mximo o melhor. Por exemplo, aumentar a produo leiteira ou o tamanho adulto Ganho de peso ao sobreano DEPs elevadas
das vacas levar a uma maior necessidade de alimentos no futuro, para que os ndices reprodutivos
sejam mantidos. Outro exemplo a DEP para peso desmama. Um criador de bezerros pode aumentar Permetro escrotal DEPs elevadas
bastante o peso de seus bezerros desmama, pois ele os vender muito bem. No entanto, o comprador
Conformao, precocidade, musculosidade e outros escores de avaliao visual (tipo, etc.) DEPs
pode no ficar satisfeito se esses bezerros tiverem um ganho de peso reduzido aps a desmama. 44
de moderadas a elevadas (figura 13).54
importante que o desempenho reprodutivo seja sempre considerado por meio de informaes sobre
precocidade sexual, idade ao primeiro parto, dias para o parto e perodo de gestao. Machos com
grande permetro escrotal, em geral, tm filhas sexualmente precoces. As DEPs para permetro escrotal,
Para gado de leite, as PTAs para produo (leite, gordura e protena) devem ser ponderadas com as PTAs
precocidade, conformao e musculosidade adicionam valor s anlises das DEPs para peso.
para aprumos (pernas e ps), sistema mamrio (bere e tetos) e fora leiteira (estatura, profundidade,
angulosidade) (figura 14).
49. http://www.cnpgc.embrapa.br/~luizotavio.silva/sumario/sumzebu/nel_index.php?tp=nel_dados
50. http://www.ancp.org.br/pagina/28/nelore#.VO2wMPnF-VM
51. http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/90335/1/DOC-158-Completo-Touros-Holand-2012.pdf
52. http://iquiri.cpafac.embrapa.br/upload_files/melhoramento_genetico_de_gado_de_leite.pdf
53. http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc75/04herdabilidade.html 54. http://www.beefpoint.com.br/radarestecnicos/melhoramentogenetico/comoutilizarumsumariodetouros4735/
Infelizmente, como no Brasil os pecuaristas no so remunerados pelo couro dos animais abatidos, ainda
se utiliza muito marcaes a ferro quente para identificao dos animais. Essa normalmente feita nos
membros dos animais (pernas, paletas e garupa), mas tambm podem ser feitas no costado. As faces
so reservadas s marcaes sanitrias (face direita vacinao contra brucelose V ltimo algarismo
do ano, face esquerda animais positivos para brucelose e/ou tubrculos P). A utilizao de brincos
plsticos (figura 15) nas orelhas tem crescido muito e uma boa forma de identificao. Locais e regies
sujeitas a infestaes de ectoparasitas e de alta umidade e precipitao, tm mais problemas de perda
desses brincos. A tatuagem de algarismos e nmeros na parte interna das orelhas ainda utilizada por
associaes de raas alm de marcaes a ferro e brincos, para garantir a identificao de animais.
Fonte: Canadian Holstein, adaptado por Valloto,A.A.e Ribas Neto,P.G. http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/90335/1/DOC-158-
Completo-Touros-Holand-2012.pdf Figura 15. Colocao de brinco plstico na orelha de um bovino
13. IDENTIFICAO
Tabela 15. Classificaes para o item identificao
Fonte: Autor
Existem outras formas de identificao como chips eletrnicos nos brincos ou em bolos ruminais,
porm ainda de pouco uso, pelo custo da tecnologia. O servio brasileiro de rastreabilidade (SBRCPBB)
visa rastrear a cadeia produtiva bovina conferindo uma certificao que agrega valor para venda de
Fonte: Autor
animais para exportao. No entanto, existe uma flutuao nesse mercado e os produtores devem
O uso da inseminao artificial requer treinamento e qualificao do pessoal. Animais mais produtivos
so tambm mais exigentes. Deve-se atender o aumento de exigncia nutricional (quantidade e
qualidade da dieta), manejo sanitrio e racional dos animais, instalaes e treinamento de pessoas
para que os efeitos positivos dos cruzamentos possam ser alcanados.57
Fonte: Autor
55. http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc63/
56. http://wp.ufpel.edu.br/zootecnia/files/2011/03/AULA-CRUZAMENTOS.pdf
57. https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/entrevistas/28288/jose-bento-sterman-ferraz-comenta-sobre-genetica-bovina-e-melhoramento-animal.htm
Fonte: http://www.cnpgl.embrapa.br/sistemaproducao/sites/default/files/cap11-fig1.jpg
O cruzamento contnuo de animais 5/8, fixa em 5/8 e cria-se uma nova raa. No entanto, pode haver
variaes fenotpicas (pelagem, chifres, produo) entre animais 5/8 e existe uma perda do vigor hbrido
em relao aos animais meio sangue ou compostos.
Fonte: Autor
A capacitao dos funcionrios, apesar de ter sido colocada no final do tpico, fundamental para o
sucesso da reproduo e melhoramento gentico em direo pecuria sustentvel. A complexidade
tecnolgica destes processos faz com que a capacitao das pessoas seja ainda mais imprescindvel para
se alcanar os resultados pretendidos.
Esta capacitao de baixo custo de investimento, tem tempo de repagamento e implantao menores Fonte: arquivo pessoal
do que um ano, baixa complexidade tecnolgica e alto impacto na produtividade. A falta de capacitao
coloca os processos sob grande risco de insucesso, comprometendo todo o sistema planejado. Funcionrios A capacitao um processo contnuo frente s constantes mudanas e melhorias nas tcnicas e processos
incapacitados de exercerem adequadamente as atividades comprometem a linha do tempo de execuo reprodutivos e de melhoramento animal. importante criar uma cultura de educao e capacitao
das tarefas que possuem, s vezes, pequenas janelas de tempo como, por exemplo, as estaes de monta. constantes e no momentos isolados. S assim ser possvel o crescimento e constante afinamento da
orquestra que toca a fazenda por momentos de bonana e de crises.
A capacitao valoriza os funcionrios, compartilha os objetivos e metas, promove a discusso quanto
possibilidade de implantao de uma nova tecnologia, os limitantes e dificuldades do dia-a-dia que s os
executores tm real conhecimento. Alinha expectativas e permite corrigir cargos e funes para determinadas
tarefas. Esclarece o planejamento do que ser feito, por quem, como, onde, porque, quando e quanto custar.
O objetivo desta publicao explicar o que so boas prticas sanitrias na produo pecuria
sustentvel. A adoo de medidas que previnam doenas, controlem a infestao de ectoparasitas
(carrapatos, bernes e moscas) e endoparasitas (vermes), identifiquem e tratem problemas de sade,
por meio do treinamento e capacitao das pessoas envolvidas, alm do registro de todos os processos
utilizados, faz parte da base da produo pecuria de forma sustentvel.
A sanidade do rebanho o ponto inicial de partida de uma criao de bovinos de sucesso e com
excelente desempenho. Os mercados buscam cada vez mais qualidade da carne e do couro e segurana
alimentar nos produtos e subprodutos consumidos. Boas prticas sanitrias so fundamentais para se
obter esses resultados, garantir segurana sade pblica, controlando riscos em toda cadeia alimentar,
assegurando a oferta de alimentos seguros e bem estar animal.
A SANIDADE DO REBANHO PARA Os rgos reguladores como o Ministrio da Agricultura (MA) brasileiro e a Organizao Mundial de
PRODUO DA PECURIA SUSTENTVEL58 Sade Animal (OIE) so responsveis pela coordenao, investigao e elaborao de normas sanitrias
para o controle das epizootias (epidemias que atacam animais). Atualmente o Brasil considerado de
risco insignificante para BSE (doena da vaca louca) pela OIE, possui a Aftosa controlada em todo
territrio e exporta carne para vrios pases do mundo. Cabe aos produtores se manterem vigilantes,
Rodrigo Martins Alves de Mendona e Mrio Alves Garcia 59
realizarem as vacinaes e medidas sanitrias recomendadas pelas boas prticas para evitarem as
barreiras sanitrias e embargos internacionais.
Esta publicao parte do Manual de Prticas para Pecuria Sustentvel. O material
um conjunto de informaes sobre tecnologias sustentveis condensadas em uma nica Isto interessa a todos os pecuaristas tanto de corte quanto de leite, estudantes de cincias agrrias,
publicao, destinado ao setor produtivo, pecuaristas de corte do pas, estudantes de consultores, tcnicos agropecurios e extensores rurais, que iro participar da produo de alimentos
cincias agrrias, consultores, tcnicos agropecurios e extensores rurais interessados seguros e saudveis para a atual e futuras geraes.
em como produzir e manejar animais para corte e leite de forma sustentvel financeira-
econmica, social e ambiental para esta e futura geraes.
58. Este documento faz parte do Guia do produtor para produo pecuria sustentvel do GTPS
59. Rodrigo Martins Alves de Mendona PhD em Produo Animal pela Escola de Veterinria da UFMG e consultor em produo animal pela Exagro
Excelncia em Agronegcio. Mrio Alves Garcia consultor e diretor da Exagro.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
A capacitao de funcionrios foi ordenada em primeiro lugar dentre os processos tecnolgicos a serem
adotados no manejo sanitrio, visando uma pecuria sustentvel por poder ser implantada no curto
prazo, em menos de um ano, ter baixo custo de investimento, prover retorno rpido ao investimento, ter
baixa complexidade tecnolgica e alto impacto na produtividade. Alm disso, a implantao, conduo,
manuteno e sucesso dos processos tecnolgicos dependem diretamente das pessoas envolvidas.
Explicar os objetivos, a importncia e todos os passos do plano de ao: o que, porque, quem, quando,
como, onde e quanto ir custar, so fundamentais para a sustentabilidade do processo tecnolgico.
A capacitao do pessoal envolvido, direta e indiretamente na produo pecuria, tem por objetivo
transmitir conhecimento e discutir sobre as principais doenas que acometem os bovinos. Orientar
quanto aplicao de vacinas, medicamentos e antiparasitrios. Mostrar a importncia dos cuidados
com o armazenamento dos medicamentos e produtos relacionados sanidade. Discutir sobre sade e
bem-estar animal e a importncia da escriturao sanitria.
5. PRINCIPAIS DOENAS
A tabela 4 um resumo das principais doenas que acometem os bovinos, a forma de controle e combate,
a idade que a doena mais acomete os animais, as caractersticas e sintomas da doena e observaes.
Fonte: Autor
Algumas dessas doenas sero abordadas mais detalhadamente nos prximos tpicos.
6. APLICAO DE MEDICAMENTOS
Nestes perodo, importante que as pessoas tenham calma, pacincia e estejam preparadas para a
concentrao de atividades. Os animais, por sua vez, devem estar calmos, hidratados e em bom estado
de sade para poderem responder aos tratamentos. Evitar longas caminhadas, prender animais por
perodos prolongados, estresse excessivo, animais debilitados e doentes.
prefervel que os animais se recuperem de viagens (gua e comida a vontade) antes de fazer qualquer
aplicao de vacinas e medicamentos. Todos eles devem ser contidos para garantir a correta aplicao
e se evitar perdas, refluxos, quebras de agulhas e acidentes. Uma boa resposta vacinal depende da
qualidade da vacina, da resposta imune do animal, do processo de vacinao e das condies de manejo
aps os tratamentos. A resposta imunolgica dos animais aplicao de vacinas no imediata e
seus efeitos somente aparecem depois de alguns dias. Assim, todos os vacinados recentemente ainda
podem apresentar doena, pois j poderiam estar infectados quando vacinados. Para os vacinados pela
primeira vez, a dose reforo muito importante para a obteno de nveis timos de proteo.
Todos os equipamentos como: seringas, agulhas, caixas de isopor, caixas de transporte, utenslios para
desinfeco e limpeza, geladeiras de conservao de vacinas, marcas e marcadores, currais, bretes e
balanas, cordas para conteno; devem ser verificados, limpos, substitudos e feitas as manutenes,
quando necessrio.
Fonte: Divulgao
Alguns cuidados devem ser tomados na injeo subcutnea. Sempre que possvel, puxar a pele entre
os dedos e aplicar na camada gordurosa abaixo da pele, de preferncia na tbua do pescoo ou atrs
da paleta. Devem-se escolher locais limpos ou fazer a limpeza e assepsia antes da aplicao. A injeo
subcutnea tem por objetivo liberar o princpio ativo da vacina ou medicamento mais lentamente do
que uma injeo intramuscular.
Os aplicadores devem tomar todos os cuidados de higiene e sempre procurar proteger mos, olhos, bocas e
narizes e o corpo, utilizando luvas, culos de proteo, mscaras e aventais ou macaces. Produtos biolgicos
e qumicos podem provocar reaes alrgicas e at doenas.
A via ocular de grande absoro e vacinas, medicamentos e produtos qumicos podem ser rapidamente
absorvidos pela mucosa muito irrigada dos olhos e causar srios problemas. Vacinas vivas como a de
Brucelose s devem ser aplicadas por pessoal treinado com a utilizao de luvas e mscaras para evitar
contaminao com a doena. Todas as vacinas e medicamentos devem ser agitados antes de serem utilizados.
Evitar guardar frascos abertos, utilizando-se todo o contedo. Sobras de vacinas devem ser destrudas.
Todas as vacinas para bovinos no Brasil so para aplicao subcutnea, ou seja, debaixo da pele, de preferncia
na tbua do pescoo para evitar leses, quebra no rendimento de carcaa e depreciao do valor comercial. Fonte: Divulgao
A aplicao subcutnea mais fcil e rpida do que a intramuscular. No entanto, pode haver refluxo do que
foi aplicado. Locais onde existe maior presso do corpo contra a pele, agulhas muito grossas para peles muito
finas, agulhas rombudas e tortas, locais inapropriados de aplicao e grandes dosagens (o ideal que seja
Manter sempre as seringas e agulhas limpas tomando-se o cuidado de enxaguar muito bem quando lavadas
com detergente, pois os resduos deste podem inativar as vacinas, medicamentos e outros produtos.
Esterilizar seringas e agulhas em gua fervente e evitar o uso de desinfetantes que podem interferir ou
inativar as vacinas e medicamentos.
60. http://www.hoppner.com.br/images/tabela_agulhas.gif A soluo penetra na pele e se espalha por todo o animal. No item controle de ectoparasitas sero
apresentadas formas de controle e combate de ectoparasitas.
As vacinas devem ser arrumadas de forma a manter uma distncia entre elas de um a dois dedos
e tambm do fundo do refrigerador para que haja circulao do ar frio;
As vacinas com vencimento mais prximo devem ser colocadas na frente para que sejam
utilizadas primeiro;
8. ESCRITURAO SANITRIA
A gaveta inferior deve ser retirada, e em seu lugar, colocar garrafas dgua, sal e corantes (para
no confundir com gua de beber), que contribuem para estabilizar a temperatura; A escriturao sanitria to fundamental quanto todas as aes sanitrias realizadas. A data dos
procedimentos, os funcionrios que participaram, a origem dos animais, o registro dos indivduos ou lotes
No congelador deve-se colocar gelo reciclvel que tambm ajuda a manter a temperatura. Quando
manejados e tratados, as vacinas, medicamentos e antiparasitrios utilizados com as respectivas doses e
houver um aumento da temperatura deve-se colocar gelo reciclvel na porta do refrigerador;
partidas e o peso dos animais ou do lote, as apartaes e o destino, permitem que haja uma conferncia
61. http://www.vacinas.org.br/vacinas44.htm
nos estoques tanto de animais quanto de insumos o que reflete em transparncia, profissionalismo no
9. CALENDRIO SANITRIO O detalhamento das vacinaes e controle de ecto e endoparasitas ser abordado a seguir.
Fonte: Autor
O calendrio sanitrio ou calendrio de atividades (quando esto includas outras atividades como
controle reprodutivo estao de monta e produtivos - pesagens) guia para todos os envolvidos, direo
e execuo. Ele norteia aes concentradas na fazenda, algumas regidas por legislao governamental
(Aftosa, Brucelose), que implicam em cronogramas de folgas e frias do pessoal, controle de estoque
de insumos, agendamento de reparos e manuteno das estruturas, arrendamento de caminhes e
logstica de transporte de insumos, refeies, equipamentos.
A tabela 7 um exemplo de uma fazenda de corte de cria, recria e engorda no Brasil central com estao
seca bem definida. O regime de chuvas determinante para controle estratgico de ecto e endoparasitas e
estao de monta, o que por sua vez direciona a poca da pario/nascimentos, desmama, compras e vendas.
Animais tossindo, magros, com problemas reprodutivos e mamites que no respondem ao tratamento
podem ser indicativos de tuberculose. Ganho de peso medocre, pelos eriados, tosse, diarreia, pneumonias,
podem indicar verminoses. Doenas como brucelose, tuberculose e leptospirose podem provocar abortos e
interferir no desempenho reprodutivo do rebanho alm de representarem risco s pessoas envolvidas.
Fonte: Autor Essas doenas so diagnosticadas em exames locais (tuberculinizao) e laboratoriais (brucelose e
leptospirose). Procure sempre um Mdico Veterinrio para maiores esclarecimentos.
Fonte: Autor
A vacinao contra febre aftosa obrigatria em quase todos os estados do pas. Confira o calendrio
nacional de vacinao de bovinos e bubalinos contra febre aftosa de acordo com o ministrio da
agricultura (tabela 11).
Fonte: Autor
A febre aftosa uma infeco viral, muito contagiosa (se espalha rapidamente), que acomete animais
de casco fendido como bovinos, bubalinos, sunos, caprinos e ovinos, animais silvestres e tambm o
homem (zoonose rara). Causa febre, leses ulcerativas nos membros (principalmente cascos), boca
(aftas) e tetas, fazendo com que os animais babem, manquem, parem de comer e beber, emagream
rapidamente, podendo lev-los morte (principalmente animais jovens). O vrus est presente na
saliva, no lquido das aftas, no leite e nas fezes dos animais doentes. Qualquer objeto ou pessoa que
tenha contato com essas fontes de infeco se torna um meio de transmisso para outros rebanhos.62
Pode tambm ser transmitida nas carcaas de animais abatidos em regies contaminadas e por isso pases
livres de aftosa no importam carcaas resfriadas de pases infectados. O principal efeito da doena
comercial. Devido ao seu alto poder de difuso, os pases estabelecem barreiras sanitrias/comerciais e
embargos internacionais, imediatamente, aps seu diagnstico nas regies onde ocorreu aftosa, causando
srios prejuzos econmicos.
De acordo com a Instruo Normativa no 50 de 24/09/2013, a aftosa faz parte da lista de doenas de
notificao obrigatria ao servio veterinrio oficial (MAPA e rgos estaduais). Essa notificao de suspeita
ou ocorrncia da doena obrigatria para qualquer cidado e deve ser feita no prazo mximo de 24 horas
de seu conhecimento.63
62. http://www.agricultura.gov.br/animal/sanidade-animal/programas/febreaftosa
63. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Manual%20SIZ/IN_50_24_set_13_Lista_doencas_notifica%C3%A7%C3%A3o.pdf Fonte: MAPA
Tabela 12. Classificaes para o item vacinao contra brucelose Por isso, a vacina s vendida com receiturio de veterinrio credenciado e aplicada por pessoal treinado,
utilizando equipamento apropriado e medidas de segurana ( de luvas, culos de proteo, descarte
de agulhas, uso de desinfetantes), sob a responsabilidade de veterinrio credenciado. Procure, junto
aos rgos de vigilncia sanitria de seu municpio, as equipes treinadas para vacinao. O diagnstico
da doena feito por exame sorolgico e exige tcnico treinado, devidamente protegido e laboratrio
credenciado para sua realizao. Os testes tm validade de 60 dias. Para a participao em feiras, leiles
de elite e trnsito interestadual necessrio o teste negativo em fmeas acima de 24 meses
Fmeas vacinadas abaixo de 24 meses (deve constar a vacinao na GTA) e animais procedentes de
Fonte: Autor
estabelecimentos certificados livres ou monitorados para brucelose no precisam ser testados. Animais
positivos devem ser isolados e identificados com ferro quente P na face direita. No prazo mximo de
A brucelose uma doena reprodutiva causada pela bactria Brucella abortus que provoca aborto e
30 dias os animais positivos devero ser encaminhados para abate em estabelecimento com inspeo
infertilidade em fmeas e machos bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos. Matrizes prenhes infectadas
sanitria oficial ou destru-los na propriedade, desde que acompanhados de funcionrios do servio
podem abortar no tero final de gestao e transmitir a doena quando animais no vacinados ingerem
oficial de defesa sanitria animal.68
seus restos placentrios e fetos.
As crias recm nascidas de matrizes positivas podero ser aproveitadas desde que sejam separadas
Pode ser transmitida ao homem quando este entre em contato com restos placentrios ou mesmo com
imediatamente da me positiva e alimentada com colostro e leite de fmeas negativas. Essas crias devem
a vacina (organismos vivos atenuados) provocando doena de difcil tratamento.
ser examinadas para brucelose posteriormente. O leite de vacas positivas no pode ser aproveitado nem
A transmisso ao homem e animais tambm pode ocorrer pela ingesto de leite cru e derivados (queijo para consumo animal. A carne pode ter aproveitamento condicional, segundo critrios estabelecidos pelo
e manteiga no pasteurizados), devendo-se ferver o leite em propriedades suspeitas e positivas antes de Servio de Inspeo de Produtos de Origem Animal. Se o animal for destrudo no estabelecimento de criao,
sua ingesto. Ces, gatos e animais silvestres tambm podem se contaminar ingerindo restos placentrios a carne no deve ser aproveitada para consumo humano, nem como alimento para qualquer espcie animal.
e fetos, adquirir e manter a doena na propriedade. Machos bovinos no transmitem a doena (terminais,
A vacinao contra brucelose (vacina oficial - cepa B19) deve ser feita em fmeas antes do perodo de
mas no podem ser doadores de smen), porm podem se infectar e apresentar problemas reprodutivos
puberdade, entre 3 e 8 meses de idade, para evitar que os organismos vivos vacinais se instalem no
e se tornarem infrteis (orquite).65 Da mesma forma que a aftosa, a brucelose faz parte da lista de doenas
trato reprodutivo. As fmeas so identificadas com a marcao com ferro quente com V seguido do
listadas de notificao obrigatria ao servio veterinrio oficial (Instruo Normativa no 50).66
ltimo digito do ano da vacinao no lado esquerdo da face. Fmeas vacinadas aps os 8 meses de idade
podem ser sorologicamente positivas (reaes vacinais nos testes de diagnstico), ou seja, apresentar
64. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/folder%20aftosa%20web.pdf
65. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20sanidade%20brucelose/Manual%20do%20PNCEBT%20-%20Original.pdf 67. http://www.agricultura.gov.br/animal/sanidade-animal/programas/prog-nacional-controle-erradicacao-brucelose-tube
66. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/Manual%20de%20Legisla%C3%A7%C3%A3o%20-%20Sa%C3%BAde%20Animal%20-%20low.pdf 68. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20sanidade%20brucelose/Manual%20do%20PNCEBT%20-%20Original.pdf
Fonte: Autor
70. http://www.agricultura.gov.br/animal/sanidade-animal/programas/prog-nacional-controle-erradicacao-brucelose-tube
71. http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/medicina-da-producao/clostridioses-um-problema-recorrente-nos-rebanhos-leiteiros-88142n.aspx Fonte: Autor
Surtos de botulismo foram descritos no Brasil, tendo como fonte de infeco a cama de frango, usada na
A neurotoxina paralisa msculos progressivamente, numa paralisia flcida (diferente da raiva que tem
suplementao alimentar de bovinos, devido presena comum do agente no trato digestivo de aves.
paralisia espstica), podendo paralisar o diafragma provocando morte por asfixia. O curso da doena
Mesmo com a proibio do uso da cama de frango na alimentao de bovinos pela Instruo Normativa
varivel, estando relacionado quantidade de toxina ingerida pelo animal, podendo ser de horas at
no 15 de 2001 pelo MAPA, como uma medida preventiva para se evitar a encefalite espongiforme bovina
duas a trs semanas. Inicialmente, o animal com botulismo tem dificuldade para se locomover devido
(BSE) (pode-se utilizar farinha de carne, ossos e sangue de bovinos na rao de frangos), a utilizao de
paralisia dos membros posteriores, que pode evoluir para os membros anteriores, permanecendo a
cama de frango como suplemento alimentar ainda realizada por pecuaristas que desconhecem os riscos
maior parte do tempo deitado.
para o rebanho com relao ao botulismo e aos riscos da vaca louca para todo o rebanho nacional.
Com a evoluo da doena, o animal no consegue mais levantar-se e tem paresia dos msculos da
Considerando que o tratamento dos animais enfermos geralmente ineficaz e economicamente invivel,
mastigao, indicada pela incapacidade de apreender, mastigar e deglutir os alimentos. Nas fases mais
o controle do botulismo bovino consiste na adoo de medidas preventivas:
adiantadas da doena, o animal apresenta dificuldade para respirar, em consequncia da paralisia flcida
progressiva dos msculos esquelticos pela ao da toxina, embora apresente estados mental e sensorial
Eliminao de fontes de contaminao nas pastagens atravs da remoo e incinerao de carcaas.
normais. A morte do animal precedida por coma seguido de insuficincia e parada respiratria.72
Enterrar carcaas pode contaminar o solo e gua, alm de animais silvestres poderem desenterrar
as carcaas;
O diagnstico baseado no sinais clnicos, dados epidemiolgicos e pela identificao de toxinas e/ou esporos
de Clostridium botulinum em amostras de contedo ruminal, contedo intestinal, fragmento de fgado e
Manejo nutricional adequado, como a correo da deficincia de fsforo nas pastagens e
soro sanguneo, que devem ser colhidos logo aps a morte ou mediante sacrifcio do animal que se encontre
suplementao mineral permanente dos animais para reduzir a osteofagia (ingesto de ossos) e,
em estado agnico. O material deve ser acondicionado em frascos estreis e enviados ao laboratrio, sob
consequentemente, a ingesto de esporos causadores do botulismo;
refrigerao, o mais rpido possvel. Fontes suspeitas de intoxicao como cama de frango, silagem, feno,
gua, tambm devem ser encaminhadas ao laboratrio para que seja realizada a pesquisa da toxina. Vacinao de todo o rebanho, a partir dos quatro meses de vida, com toxoides botulnicos bivalentes
tipo C e D, presentes em diferentes vacinas comerciais. A vacinao deve ser feita anualmente, antes
A frequncia de botulismo no rebanho bovino, especialmente em sistemas de criao extensiva
do perodo das chuvas, sendo que a primeira imunizao deve ser seguida de reforo quatro a seis
est associada intensificao de contaminao ambiental por Clostridium botulinum, decorrente
semanas aps a primeira dose. A vacina apresenta um perodo negativo de aproximadamente 18
da presena de cadveres contendo toxinas botulnicas na pastagem. Bovinos criados em pastagens
dias, no qual os animais podem estar susceptveis doena. Durante esse perodo os animais no
deficientes em fsforo e/ou que recebam suplementao mineral inadequada desenvolvem osteofagia
devem ser colocados em pastagens contaminadas.
(hbito de roer ou chupar ossos), podendo ingerir as toxinas botulnicas presentes nestas carcaas. Esse
comportamento um dos principais fatores predisponentes da doena. Animais alimentados com silagem, rao ou feno, devem-se tomar cuidados adicionais em relao
produo e armazenamento desses alimentos.
72. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/botulismo-bovino-uma-doenca-que-pode-ser-evitada-40142/
Ao se necropsiar animais mortos, a leso caracterstica uma miosite hemorrgica com formao de gs: Animais infectados apresentam hiperexcitabilidade acompanhada de movimentos tnicos e espsticos
a musculatura dessas regies apresenta-se inchada, com odor ranoso, enegrecida, sem brilho e com da musculatura; andar rgido; prolapso da terceira plpebra; pescoo estendido; narinas dilatadas;
bolhas de gs. O diagnstico laboratorial confirmatrio feito com material coletado por puno local cauda em extenso; membros esticados e abertos de modo a aumentar a base de sustentao (posio
e por amostra de sangue do corao, resfriadas e enviadas para o laboratrio o mais rpido possvel.73 de cavalete); tremores musculares; convulses tnicas; timpanismo e constipao, febre, incontinncia
urinria, regurgitao. O perodo de incubao varia de 2 a 20 dias. A morte ocorre geralmente 3 a 10
Figura 7. Manifestao clnica da manqueira: aumento do volume da musculatura, dias aps o incio dos sintomas por parada respiratria. No h leses caractersticas. O diagnstico
crepitante (presena de gases) ao toque. baseia-se na anamnese e sinais clnicos.
Deve-se vacinar contra carbnculo sintomtico (manqueira, mancha), com vacina especfica (Manguinhos O edema maligno provocado pelo Clostridium septicum, C. chauvoei, C. perfringens tipo A, C. sordellii
mais eficaz se houver restrio de refrigerao) ou polivalente para clostridioses, todos os bezerros de e C. novyi encontrados no solo e intestino de animais. A infeco ocorre atravs da contaminao de
quatro a seis meses de idade, repetindo a dose aps um ms e anualmente. Para concentrar e racionalizar feridas com terra ou fezes, uso de seringas e agulhas no esterilizadas e m assepsia durante injees.
as atividades no calendrio sanitrio, pode-se associar as vacinas contra aftosa, brucelose, clostridioses e uma infeco necrosante de tecidos moles que acomete principalmente bovinos, caprinos e ovinos.
raiva nos lotes de bezerros entre 3 e 5 meses de idade e fazer o reforo desmama com 7 meses. Acomete animais jovens entre 6 meses e 2 anos de vida sendo que a mortalidade de quase 100%. Os
animais acometidos apresentam edema com crepitao subcutnea, sinais de toxemia e, muitos deles
podem morrer subitamente.75
74. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/tetano-mal-dos-sete-dias-26141/
73. http://www.cnpgl.embrapa.br/sistemaproducao/410221-carb%C3%BAnculo-sintom%C3%A1tico 75. http://www.unicruz.edu.br/seminario/downloads/anais/ccs/gangrena%20gasosa%20a%20revisao%20bibliografica.pdf
O principal transmissor da raiva dos herbvoros o morcego hematfago da espcie Desmodus rotundus
(figura 8). Outras espcies de morcegos hematfagos (Diphylla ecaudata e Diaemus youngi) alm de
ces, gatos e outros animais silvestres raivosos (situaes raras) podem transmitir a raiva aos herbvoros.
Como a espcie Desmodus rotundus abundante em regies de explorao pecuria (desde o norte do
Mxico at o norte da Argentina), vrios pases latino-americanos desenvolveram programas para seu
controle, uma vez que a vacinao de animais domsticos no impede a ocorrncia e propagao da
Fonte: Autor
virose entre as populaes silvestres. Os morcegos podem albergar o vrus da raiva na glndula salivar
A raiva uma doena viral aguda que acomete o sistema nervoso central com 100% de mortalidade antes da manifestao clnica da doena, por perodos maiores que os observados em outras espcies.
para os animais. considerada uma das zoonoses (transmitida ao homem) de maior importncia para No entanto, desenvolvem tambm a doena paraltica ou furiosa tpica e morte. O voo de morcegos
sade pblica pela evoluo drstica e letal e pelo elevado custo social e econmico. hematfagos durante o dia pode ser um indicativo de raiva.
O vrus da raiva transmitido pelo contato direto (mordedura), sendo pouco resistente aos agentes O morcego vampiro Desmodus rotundus adulto possui envergadura de 37 cm, as orelhas so curtas
qumicos (ter, clorofrmio, sais minerais), fsicos (calor e luz ultravioleta) e s condies ambientais e pontiagudas, o lbio inferior possui um sulco mediano em forma de V, a membrana interfemural
(dessecao, luminosidade e temperatura). O perodo de incubao (do momento da inoculao pouco desenvolvida, possui pelos curtos e de colorao dourada ou acinzentada. Podem, alm de
do vrus at a manifestao da doena) varivel (em funo da carga viral, ponto de inoculao, ficar pendurados nos tetos de abrigos, se agarrar na parede destes. As poas de sangue defecado e o
imunocompetncia animal) mas pode ir de 20 at 165 dias. odor Os herbvoros so hospedeiros acidentais do vrus da raiva, pois, apesar de participar da cadeia
Os sinais clnicos da doena so: isolamento (o animal se afasta do rebanho), apatia, cabea baixa,
perda de apetite, prurido na regio da mordedura, mugido constante, tenesmo, hiperexcitabilidade,
aumento da libido, salivao abundante e viscosa, dificuldade para engolir, tremores musculares, ranger
de dentes, midrase sem reflexo pupilar, incoordenao motora, andar cambaleante e contraes
musculares involuntrias. Aps deitar, no consegue mais levantar e ocorrem movimentos de
pedalagem, dificuldade respiratria, opisttono (cabea virada para trs), asfixia e morte, que ocorre 76. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20dos%20herbivoros/manual%20tecnico%20para%20controle%20da%20raiva.pdf
Fonte: Divulgao
Fonte: ICA / MAPA
epidemiolgica, sua participao restringe-se ao bito do animal, no participando do processo de forma de combate aos morcegos hematfagos a aplicao direta da pasta em morcegos capturados
transmisso para outras espcies, salvo quando de forma acidental. A raiva dos herbvoros (variante por redes instaladas prximas a currais ou dentro de abrigos naturais, por equipes dos servios estaduais
antignica 3) tem caracterstica paraltica, diferente da sintomatologia furiosa observada nos casos de de defesa sanitria animal treinadas e devidamente equipadas.
raiva em carnvoros (variantes antignicas 1 e 2).
O MAPA possui o Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbvoros (PNCRH) que legisla e controla
A vacinao contra raiva tem baixo custo de investimento, os tempos de repagamento e implantao os mecanismos de vigilncia sanitria para a doena. A raiva tambm faz parte da lista de doenas de
so menores do que um ano, tem baixa complexidade tecnolgica e grande impacto na produtividade. notificao obrigatria (Instruo Normativa no 50).
Rebanhos no vacinados correm risco de morte de animais de todas as idades, podendo tambm atingir
outras espcies animais como equdeos, caninos e felinos. A vacinao contra raiva compulsria
(no obrigatria) quando da ocorrncia de focos da doena e deve ser feita em bovinos, bubalinos e
equdeos com idade superior a 3 meses. Animais vacinados pela primeira vez devem ser revacinados 30 21. CONTROLE DE ENDOPARASITAS
dias aps a primeira vacinao. A vacina contm vrus inativado (no contamina quem aplica), deve ser Tabela 17. Classificaes para o item controle de endoparasitas
refrigerada entre 2 e 8C e aplicada 2 ml por via subcutnea ou intramuscular. O prazo de validade da
vacina, impresso no frasco, dever ser rigorosamente respeitado.
O controle dos transmissores pode ser feito nas fazendas com o uso de pastas vampiricidas
(anticoagulantes a base de warfarina) aplicadas prximas aos locais de mordeduras de morcegos
hematfagos. De forma indireta, os morcegos ao retornarem no animal picado anteriormente, mas
que foi aplicado a pasta, entram em contato com a pasta vampiricida. Os morcegos tem hbito de se
lamberem entre si e um coberto de pasta vampiricida pode eliminar grande nmero de morcegos da
Fonte: Autor
colnia (20 a 200 indivduos). O princpio ativo das pastas provoca hemorragia interna e morte. Outra
77. http://www.ica.gov.co/Areas/Pecuaria/Servicios/Enfermedades-Animales/Rabia-Silvestre-(1)/PREVECNION-Y-CONTROL-RABIA/Prevencion-Rabia-4.aspx
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20dos%20herbivoros/manual%20tecnico%20para%20controle%20da%20raiva.pdf
O controle das verminoses muito importante na pecuria. O custo baixo, o retorno do investimento
e o tempo de implantao so menores do que um ano. O impacto em produtividade alto, pois as
endoparasitoses atrasam o desenvolvimento dos animais.
Existe uma complexidade tecnolgica mdia porque a maior parte dos vermes tem fase de vida livre,
grande capacidade de se adaptar ao ambiente (plasticidade), alta capacidade de multiplicao e
desenvolver resistncia s drogas existentes. Muitas vezes, somente quando o animal j se apresenta
muito debilitado que a verminose percebida e ento tratada.
Nestes casos, os prejuzos j ocorreram e os produtos utilizados, ainda que salvem os animais,
constituem-se em custos adicionais. No controle estratgico as aes so preventivas, antecipando-
se s perdas produtivas e aos tratamentos curativos, que so caros e muitas vezes no do resultados
Fonte: Divulgao
satisfatrios. Por isso necessrio que se utilize do conhecimento para controle estratgico para se
evitar o desenvolvimento de resistncia a drogas e avaliar a relao custo/benefcio dos tratamentos. O controle estratgico das verminoses visa diminuir a carga parasitria dos animais durante o perodo do ano
de ambiente desfavorvel para as fases de vida livre. A quantidade de vermes no ambiente das pastagens no
O ciclo biolgico bsico das verminoses composto por uma fase parasitria interna no animal e uma perodo das chuvas infinitamente maior do que a quantidade dentro dos animais. No entanto, no perodo
fase de vida livre. Os vermes adultos colocam seus ovos no trato gastro intestinal dos bovinos que os da seca, o ambiente fica desfavorvel aos vermes e a sobrevivncia deles se d dentro dos animais.
eliminam nas fezes contaminando o ambiente. Sob condies de temperatura e umidade ideais (20-
30C e umidade 80%), os ovos eclodem e do origem s formas larvrias de vida livre que podem levar A aplicao de anti-helmnticos (vermfugos), estrategicamente nos meses de maio, julho e setembro
de 5 a 10 dias em condies ideais para se tornarem larvas infectantes (L3) que so ingeridas junto com (esquema 5-7-9) no Brasil central (60% do rebanho nacional), reduz a carga parasitria tanto dentro
as gramneas ou permanecem ativas nas pastagens por meses. As larvas ingeridas se transformam em dos animais quanto nas pastagens. De acordo com Melo e Bianchin, o controle estratgico obteve o
indivduos adultos ao migrar pelos rgos internos e se alimentarem de tecidos ou sangue. mesmo resultado de aplicaes mensais de vermfugos e representou um ganho de 15 kg em bezerros
O ciclo se fecha quando as fmeas dos helmintos comeam a eliminar ovos nas fezes dos animais. desmamados, no perodo de um ano.
Durante o perodo das guas, quando as condies ambientais esto favorveis s fases de vida livre
dos vermes, o perodo pr-patente (do fechamento do ciclo completo) pode durar de 20 a 30 dias. A
reinfeco dos animais jovens, ao ingerirem as larvas no pasto, podem refletir em baixo ganho de peso,
diarreias, pneumonias e at morte.78
78. http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/capadr/audiencias-publicas/audiencias-2011/audiencia-publica-8-de-
novembro-romario-publicacao-2
Fonte: Autor
O objetivo a ser alcanado reduzir ao mximo as infestaes de todo o rebanho durante a fase
estratgica para permitir intervalos mximos entre os tratamentos tticos no restante do ano. Para atingir
este objetivo, os produtores necessitam adequar as estruturas de controle na propriedade, construindo
seringas de contenso apropriadas assim como equipamentos de aplicao de carrapaticidas eficientes,
fornecendo treinamento especfico das pessoas que iro fazer as aplicaes, seja por pulverizao, por
banhos, pour on ou injetvel. A dosagem, quantidade de calda a ser aplicada por animal, forma de
aplicao, momento da aplicao (carrapatos fmeas de 3mm), intervalo entre aplicaes, categorias,
equipamentos a serem utilizados tanto para aplicaes quanto para segurana dos aplicadores so
igualmente importantes. Os produtos devero ser testados para eficincia. Empresas de sanidade
animal, Embrapa Gado de Leite (CNPGL) em Juiz de Fora, MG, e o laboratrio de sade animal da
Embrapa Rondnia em Porto Velho, realizam o teste de sensibilidade de carrapatos a carrapaticidas
Fonte: Circular tcnica da Cmara dos Deputados (carrapatograma)81. Dessa forma possvel utilizar bases mais efetivas no combate aos carrapatos.
80. http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/capadr/audiencias-publicas/audiencias-2011/audiencia-publica-8-de-
novembro-romario-publicacao-2 81. https://www.embrapa.br/gado-de-leite/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/1291/teste-de-sensibilidade-de-carrapatos-a-carrapaticidas
22.2. MOSCA-DOS-CHIFRES
A mosca-dos-chifres, Haematobia irritans, uma pequena mosca sugadora de sangue que se encontra
dispersa por todo territrio nacional. Ocorre durante todo o ano, com picos de infestao no incio e no
final do perodo das chuvas. Acarreta prejuzos econmicos, nem tanto pela atividade hematfaga, mas 82. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/mosca-dos-chifres-saiba-mais-sobre-seus-danos-como-controlar-e-controlar-a-resistencia-por-inseticidas/
83. http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/capadr/audiencias-publicas/audiencias-2011/audiencia-publica-8-de-
pelas picadas dolorosas e incessantes durante todo dia nos bovinos parasitados. Provocam agitao, novembro-romario-publicacao-2
Atitudes como a introduo do besouro africano Onthophagus gazella no Brasil, contribui para o controle
das verminoses e da mosca do chifre, destruindo e expondo rapidamente o bolo fecal a raios solares e
eliminando ovos e larvas de parasitos.86 No entanto, o uso indiscriminados de antiparasitrios que so
eliminados pelas fezes dos bovinos, tem diminudo as populaes desses importantes aliados.
Outra forma de se fazer um controle por meio da estratgia denominada tratamento parcial seletiva do
rebanho. Como as moscas no so seletivas (no ficam s em um animal) e a distribuio heterognea
84. http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/capadr/audiencias-publicas/audiencias-2011/audiencia-publica-8-de-
novembro-romario-publicacao-2
85. http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/564845 87. http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/107629/1/BP125.pdf
86. http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/cot/COT55.html 88. http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/107629/1/BP125.pdf
Os bezerros, geralmente, tm imunidade colostral, ou seja, esto protegidos pelo colostro da vaca,
durante os primeiros meses de idade, em regies onde existe o carrapato. Aos 3 ou 4 meses de idade os
23. TRATAMENTO DE TRISTEZA PARASITRIA bezerros adquirem a infeco ao entrar em contato com os carrapatos e podem ou no ficar doentes.
Tabela 20. Classificaes para o item tratamento de tristeza parasitria Porm animais mais jovens podem adoecer por falhas na colostragem ou devido queda dos nveis
sanguneos de anticorpos provenientes do leite da me.
Animais jovens e adultos que ficam sem entrar em contato com carrapatos por um perodo prolongado
(condies climticas, combate intensivo dos carrapatos, reas novas e descanso de pastagens), podem
manifestar a doena aps uma infestao repentina de carrapatos. O mesmo acontece quando h aquisio
e introduo de bovinos advindos de reas ou rebanhos livres de carrapatos (animais importados), ou
pela introduo de animais parasitados por eles em reas e rebanhos livres. Em alguns casos, pode haver
um surto de TPB provocando a morte, inclusive de animais adultos. Nesses casos recomenda-se fazer
Fonte: pessoal, de acordo com o Prof. Romrio Cerqueira Leite - UFMG premunio do rebanho que consiste em fortalecer o sistema de defesa do animal contra um mal que
possa acontecer (vacinao um ato de premunio). A tcnica de premunio consiste em induzir a
A tristeza parasitria bovina (TPB) composta por duas enfermidades: babesiose (causada pelos
imunidade pela inoculao de sangue parasitado com os agentes da TPB ou vacinas atenuadas e fazer
protozorios Babesia bovis e Babesia bigemina e a anaplasmose pela rickttsia Anaplasma marginale.
tratamento quimioterpico quando aparecem os sinais da doena na fase aguda.
Ambas possuem sinais clnicos e epidemiologia semelhantes. So parasitas que vivem e se reproduzem
dentro das clulas vermelhas do sangue (hemcias) e que as destroem a cada ciclo de multiplicao e, por O tratamento para babesiose a base de quimioterpicos derivados de diamidinas (3,5 mg/kg de peso
isso, causam anemia intensa nos animais afetados. Os agentes da TPB so transmitidos principalmente vivo, via intramuscular em dose nica) e imidocarb, como Ganaseg e Beronal. Para anaplasmose, usa-
pelo carrapato do bovino (Ripicephalus microplus). O Anaplasma marginale pode, ainda, ser transmitido se a tetraciclina - 10 mg/kg de peso vivo, (Terramicina LA, Terramicina, Talcin, Oxivet LA, Oxitac,
mecanicamente por insetos hematfagos, como mutucas, moscas e mosquitos, ou por instrumentos Oxiritard). via intramuscular, durante 3 dias ou at o desaparecimento dos sintomas O imidocarb (1,2
(faca, agulha) durante a castrao ou vacinao.89 mg/kg de peso vivo, via subcutnea) (Imizol) um quimioterpico que atua em ambas enfermidades.
Geralmente, os animais tratados passam a ser portadores crnicos, resistentes a episdios posteriores.
O combate e tratamento da tristeza parasitria de custo baixo, o retorno do investimento e o tempo
de implantao so menores do que um ano. O impacto em produtividade alto porque a doena Assim, tratamentos que objetivem a completa eliminao dos hemoparasitas, descartam o estado
provoca anemia pela destruio de hemcias, enfraquecimento, baixa de imunidade, aparecimento de portador crnico, mas deixam o animal sensvel a uma reinfeco. Alguns casos podem requerer
de outras enfermidades e morte. Existe uma complexidade tecnolgica mdia porque importante se a utilizao de anti-trmicos (Novalgina, D500)91, fluidoterapia e transfuso de sangue (ver
fazer o diagnstico correto o mais rpido possvel para iniciar os tratamentos e evitar agravamento da
90. http://www.adivaldofonseca.vet.br/Artigos%20publicados/Tristeza%20parasitaria%20bovina%201-16.pdf
89. http://www.vallee.com.br/novidades/tristeza-parasitaria-bovina-tpb88. http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/107629/1/BP125.pdf 91. http://www.mgar.com.br/clinicabuiatrica/aspListagem.asp?ID=60&op=d
Em criaes intensivas, os problemas respiratrios tomam outra dimenso, pois fatores como estresse,
desequilbrios nutricionais, densidade demogrfica, poeira, categorias afetadas (bezerras leiteiras,
superprecoces) aumentam as probabilidades da ocorrncia do problema.
O tratamento dos problemas respiratrios em criaes intensivas tem custo de investimento mediano,
pois envolve tratamentos de alto custo e por perodos variveis. Os tempos de repagamento e implantao
Fonte: Autor
so curtos e tem baixa complexidade tecnolgica quando diagnosticados rapidamente. O impacto
em produtividade alto. A doena respiratria bovina (DRB) considerada a principal enfermidade
Problemas respiratrios em criaes extensivas e intensivas so complexos de doenas provocadas
presente nos sistemas intensivos de criao e produo de bovinos (confinamentos de corte e leite)
por vrios agentes patognicos, virais (Vrus Respiratrio Sincicial Bovino, Parainfluenza-3, BVDV, BHV-
em todo o mundo. Dependendo da severidade da doena, os animais acometidos podem receber de
1, entre outros), bacterianos (Pasteurella multocida, Mannheimia haemolytica, Histophilus somnus,
um at trs tratamentos, o que ir influenciar diretamente no retorno econmico.92 As despesas com
Mycoplasma bovis), parasitrios (nemtodos pulmonares), fngicos (Aspergillus), inflamatrios ou
medicamentos representam apenas 21% na reduo da receita dos confinadores norte-americanos,
alrgicos, que interagem entre si, provocando a doena. Os agentes bacterianos, muitas vezes, provocam
uma sndrome aguda, depois de invadirem o trato respiratrio previamente colonizado por vrus. O enquanto que 79% so atribudos a reduo no peso de carcaa, e ao baixo grau de marmoreio.
stress do desmame antecede e contribui muitas vezes para o problema. A mudana de alimentao A DRB envolve a complexa interao entre agentes infecciosos, o ambiente, e o estresse. Estresse devido
e as variaes da temperatura ambiente e da umidade so fatores que tendem a reduzir as reservas ao desmame, a compra e venda, transporte, diferentes planos nutricionais, diferentes ambientes com
energticas e a resistncia dos animais.
novos indivduos, histrico sanitrio, entre outros.
O tratamento e a conduo quando h problemas respiratrios em criaes extensivas, normalmente
de baixo custo, tempo de repagamento e implantao curtos, mas com baixo impacto na produtividade
por acometerem um percentual pequeno do rebanho (bezerros mal colostrados) a no ser quando h
um surto de doena como no caso da tuberculose. A complexidade tecnolgica mediana, pois envolve
a presena de um veterinrio para o diagnstico e tratamento. O tratamento pode ter alto custo e se
prolongar por algum tempo. 92. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/doenca-respiratoria-bovina-uma-preocupacao-mundial-74467/
Para tratar os bovinos acometidos com DRB a grande maioria dos confinadores norte-americanos utiliza
antibiticos, sendo que 40.5% dos animais doentes so tratados com anti-inflamatrios no esterides
(AINE) em adio aos antibiticos. Meloxicam um AINE, com propriedades antiinflamatrias, anti-
exsudativa, anti-sptico, anti-pirtico e analgsico. Vrios estudos j indicaram que meloxicam em
combinao com antibiticos pode ser um componente til no tratamento de DRB, gerando uma
normalizao significativamente mais rpida do estado clnico e ainda uma diminuio das leses
pulmonares em comparao aos antibiticos sozinhos.95 O fornecimento de gordura protegida durante
o pr-condicionamento de bezerros que iro ser confinados, parece ser uma estratgia nutricional
eficiente para beneficiar a sade e ainda promover incrementos em produtividade.
Com o crescente incentivo aplicao de tecnologia, o confinamento tende a manter-se como parte
Fonte: adaptado de Duff e Galyean 2007 93
integrante de nosso sistema de produo, devendo aumentar o nmero de animais, especialmente
A doena comumente iniciada por uma infeco viral primria e muitas vezes seguida por infeco jovens, confinados nos prximos anos. A crescente demanda por carne de maior qualidade, bem como
pulmonar com organismos presentes no trato respiratrio superior, resultando em pneumonia. Os a busca por maior produtividade devem sustentar este crescimento. A DRB j uma preocupao dos
agentes virais associados a doenas do trato respiratrio em confinamentos incluem rinotraquete nossos produtores, uma vez que tambm acomete (em menores propores) animais adultos.
infecciosa bovina (IBR), parainfluenza-3 (PI3), vrus da diarreia viral bovina (BVD), vrus respiratrio
sincicial bovino (VRSB), e corona vrus entrico de bovinos. Dentre as espcies de bactrias comumente
citadas, Pasteurella (Mannheimia) haemolytica, Pasteurella multocida, e Histophilus somni (antigamente
Haemophilus sommus), so as mais preocupantes, sendo a Mannheimia haemolytica sorotipo 1 o
organismo mais frequentemente associado a DRB. 14 Alm destes, o Mycoplasma bovis (tuberculose),
parasitrios (vermes pulmonares), fngicos (Aspergillus alimentos mofados), inflamatrios ou alrgicos
e a interao entre eles tambm podem provocar a doena.94
Os sintomas podem variar desde leves sinais clnicos at a morte. Entretanto, DRB frequentemente
identificada por meio de depresso, perda de apetite, salivao, corrimento nasal (seroso, purulento ou
93. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/doenca-respiratoria-bovina-uma-preocupacao-mundial-74467/
94. http://www.zoetis.com.pt/node/3743 95. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/doenca-respiratoria-bovina-uma-preocupacao-mundial-74467/
A cura do umbigo deve ser feita com soluo alcolica de iodo, com concentrao entre 7% e 10%
(iodo metlico 5g + iodeto de potssio 5g + 1 litro de lcool absoluto), que ir desinfetar e desidratar o
umbigo.97 A soluo deve ser aplicada dentro do cordo umbilical com auxlio de uma seringa estril.
Logo aps, deve-se banhar completamente o cordo em sua parte externa, com a mesma soluo,
mantendo aberto o canal para perfeita drenagem de qualquer lquido retido. Lembrando que a soluo
deve ser armazenada em frasco escuro e protegida da luz solar.
Fonte: Autor O tratamento de problemas neonatais considerado de baixo custo, rpido retorno sobre o investimento
e rpida implantao. Tem baixa complexidade tecnolgica, mas de alto impacto na rentabilidade
Os problemas neonatais esto relacionados queles que acometem bezerros recm nascidos. Nas porque os cuidados simples no pr e ps parto so a pedra fundamental da sade dos bezerros e
primeiras semanas de vida, os bezerros necessitam de maiores cuidados e proteo, devido a sua bezerras e futuros bois e vacas.
elevada susceptibilidade s infeces. Esto principalmente relacionados ao fornecimento do colostro
As diarreias neonatais so as principais doenas que acometem os bezerros. Tm alta incidncia nas
no momento certo (at duas horas ps-parto), na quantidade adequada (mnimo de 2 litros por vez) e
primeiras semanas de vida, fezes com consistncia lquida e frequncia aumentada. Provocadas por
qualidade compatveis com os desafios.
protozorios, bactrias (Escheria coli, e vrus).
A qualidade est relacionada condio de sade da vaca no pr-parto, as vacinaes feitas neste
Nos animais que apresentarem diarreia a primeira providncia repor os eletrlitos perdidos. A
perodo, visando proteger o bezerro ao ambiente oferecido. A vacinao no oitavo ms de gestao
administrao de soro previne a sequela mais grave que a desidratao e que leva invariavelmente
feita com o objetivo de aumentar os nveis de anticorpos no colostro, que a primeira secreo lctea
morte do bezerro, se no for corrigida rapidamente. Durante um processo de diarreia profusa, a
aps o parto. Essas vacinas devem ser aplicadas seguindo-se a indicao especfica para o rebanho das
taxa de eliminao de lquidos varia entre quatro e sete litros dirios. Os animais devem receber esse
principais doenas prevalentes na regio (colibacilose, salmonelose, pausterelose, rotavirose, etc.)
volume de soro hidratante, alm do volume dirio de leite. O leite no deve ser eliminado da dieta dos
Outro ponto importante a cura do umbigo logo aps o parto. Mesmo esta cura sendo feita corretamente, bezerros, porque uma simples soluo de eletrlitos no contm todas as substncias necessrias ao
a higiene do local onde ocorre o parto fundamental, pois o desafio de doenas num local contaminado seu desenvolvimento normal.
pode ser maior do que o suportado pela proteo colostral da me. Por isso, a ambincia dos locais de
As observaes de pesquisadores tm mostrado que o leite no tem efeitos negativos no grau e nem na
parto fundamental para se evitar problemas aos recm nascidos.
progresso da diarreia, quando administrado na quantidade correspondente a 10% do peso do animal.
Em sistemas de criao de bezerras de leite, deve-se ter como preocupao fundamental a higiene. A Vrias frmulas de soro oral esto disponveis e devem ser oferecidas em baldes ou mamadeiras,
limpeza diria e a manuteno do ambiente seco e bem ventilado so imprescindveis. Os utenslios, tomando-se todas as precaues para evitar aspirao. A reposio de lquidos e eletrlitos deve
como mamadeiras e baldes para aleitamento, necessitam ser cuidadosamente lavados, porque o leite ser feita o mais rpido possvel, aps a observao dos sintomas de diarreia. Algumas das seguintes
um timo meio de cultura e, assim, esses objetos estaro sempre sujeitos a carrear grande nmero frmulas de soro oral podem ser usadas:
de microrganismos. Os cochos devero ser limpos diariamente, o que prevenir a deteriorao e
fermentao da rao. Os animais precisam ser protegidos de todas as condies estressantes, como
o frio e o calor excessivos e das correntes de ar (vento). A utilizao de abrigos que protejam contra as
chuvas e o sol forte da tarde reduzem os problemas respiratrios, principalmente quando a temperatura 96. https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CCAQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.revistas.ufg.
br%2Findex.php%2Fvet%2Farticle%2Fdownload%2F7709%2F5473&ei=LgfRVNq2Ksm6ggSuioP4Bg&usg=AFQjCNHsgpPCWPLRidcDuTiMqn0IsXNEYw
tende a cair muito no perodo noturno. 97. http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/57830/1/Circular68.pdf
Doenas virais como IBR e BVD esto disseminadas por todo Brasil99 e so de difcil diagnstico. O simples
Frmula 2 fato dos animais apresentarem reao imunolgica contra esses vrus no significa que manifestaro os
Cloreto de sdio 117,0 g + Cloreto de potssio 150,0 g + Bicarbonato de sdio 108,9 g + Fosfato de sinais das doenas. Um estudo epidemiolgico com os resultados reprodutivos e a escriturao sanitria
potssio 135,0 g (j abordada no treinamento de pessoas) de um perodo completo, fundamental para se identificar a
origem do problema.
Misturar bem e para cada 1.000 ml de gua adicionar 5,7 g da mistura e 50 g de glicose.
26.1. DOENAS
Em casos graves, em que h o risco de generalizao da doena ou produo de enterotoxinas por agentes
bacterianos, devem ser utilizados antibiticos de largo espectro, por via parenteral (intramuscular).98
Doenas infecciosas so responsveis por cerca de 40 a 50% das causas de perdas de gestao.100 A
brucelose, abordada anteriormente, pode provocar problemas reprodutivos tanto em rebanhos leiteiros
quanto de corte, manifestada principalmente pelos abortos de novilhas e primparas no tero final da
gestao. A vacinao das bezerras e identificao e eliminao das fmeas positivas, tm resposta
26. TRATAMENTO DE PROBLEMAS REPRODUTIVOS rpida nos ndices reprodutivos.
A IBR ou rinotraquete infecciosa bovina uma doena causada pelo herpesvirus bovino tipo 1 (BHV-
1). Esse vrus provoca morte embrionria e aborto alm de poder provocar rinotraquete, vaginite e
balanopostite em machos. O animal que se infecta passa a ter o vrus pelo resto da vida, portador de
Fonte: Autor uma infeco crnica em estado de latncia, mantendo a doena endmica no rebanho ou regio. Todo
animal portador latente potencial fonte de infeco, pois, quando este tem uma baixa de resistncia, o
Os principais problemas reprodutivos esto relacionados s causas de aborto e de baixos ndices
vrus comea a multiplicar-se e ser eliminado pelas secrees, favorecendo a disseminao da doena.
reprodutivos provocados por doenas como brucelose, leptospirose, IBR (BHV), BVD, neosporose,
infeces uterinas e estresse nutricional e de ambincia.
99. http://www.redalyc.org/pdf/331/33113560025.pdf
100. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/reproducao/a-vacinacao-contra-ibr-bvd-e-leptospirose-em-programas-de-iatf-pode-aumentar-a-taxa-de-
98. http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/57830/1/Circular68.pdf prenhez-de-vacas-70881/
O diagnstico de IBR clnico e laboratorial (soro sanguneo de vacas abortadas com mais de 15 feito com fetos abortados, placenta e soro sanguneo da matriz abortada. No existem nem tratamento
dias). Devem ser adotadas medidas de mitigao de risco, tais como: isolamento dos animais de duas e nem vacinas contra neosporose em bovinos.102
a trs semanas antes de introduzi-los no rebanho, isolamento dos bovinos doentes (encontrar uma
maneira de evitar o contgio), utilizao de smen e embries livres do vrus. Vacinas atenuadas e
inativadas previnem o desenvolvimento de sinais clnicos e reduzem a liberao do vrus, mas no 26.2. ESTRESSE
previnem a infeco. No Brasil, esto autorizadas e so comercializadas as vacinas com vrus inativado
ou termossensvel (atenuada), bi (IBR/IPV e BVDV) e polivalentes (IBR/IPV, BVDV, PI3 e Leptospiras).101 Outra causa importante de baixos ndices reprodutivos e que no est relacionada problemas sanitrios
o estresse. Nveis excessivos de estresse podem levar a sub-fertilidade. Estes podem ser agudos
A diarreia viral bovina (BVD) est amplamente difundida no rebanho bovino brasileiro. Estudos mostram
(transporte, manejo, mudana de hierarquia e de pastos) ou crnicos (sanidade, ambientais). O estresse
que cerca de 70% dos rebanhos j tiveram contato com o vrus. A doena est associada a diversas
se manifesta pela incapacidade do animal de lidar com seu ambiente, um fenmeno que se reflete em
manifestaes, que variam da ausncia de sinais clnicos aparentes at a altamente fatal Doena das
incapacidade de expresso de seu potencial gentico.103 Vacas de leite submetidas a procedimentos
Mucosas. Alm disso, podem ocorrer tambm sndromes respiratrias ou hemorrgicas, mortalidade
embrionria, abortos ou mumificao fetal, malformaes fetais e nascimento de bezerros inviveis. dirios como conteno em tronco podem resultar em elevaes significativas de cortisol plasmtico,
indicando que so susceptveis aos fatores de estresse. A inseminao de vacas durante os meses mais
quentes do ano, com alta temperatura e umidade, que implica em reduo do apetite e consumo de
Tabela 25. Vacinas contra doenas reprodutivas em bovinos matria seca, menor intensidade de manifestao de cio, resulta em queda de fertilidade.
Fonte: Autor
102. http://www.merckmanuals.com/vet/generalized_conditions/neosporosis/overview_of_neosporosis.html
101. http://www.biologico.sp.gov.br/artigos_ok.php?id_artigo=97 103. http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/reproducao/problemas-reprodutivos-em-vacas-leiteiras-ciclicidade-e-estro-72419n.aspx
A maior parte das infeces do bere so provocadas por bactrias contagiosas e ambientais. Os
microrganismos contagiosos so aqueles cujas principais fontes de infeco para o rebanho so o bere ou
canal da teta infectados, ou leses nas tetas infectadas. A disseminao desses agentes se d de um quarto
infectado a outro ou de uma vaca para outra durante o processo de ordenha. Os microrganismos ambientais
(Streptococcus uberis, Escheria coli) esto normalmente disseminados no solo, utenslios, dejetos, gua ou
Fonte: Autor outros locais e podem atingir a extremidade da teta a partir da.104
As mamites e seus tratamentos em gado de corte tm pouco expresso em produtividade (baixa). O As mamites ambientais so de difcil tratamento, podem provocar perda de tetos e at a morte de animais.
custo de tratamento baixo e os tempos de repagamento e implantao acontecem em menos de um Medidas preventivas como: boa sade dos animais, baixo estresse (manejo, ambiental), limpeza de currais,
ano. A complexidade tecnolgica considerada mediana pela necessidade de diagnstico. Vacas de salas de ordenha e outras instalaes, evitando o acmulo de fezes e proliferao de moscas, podem diminuir
corte, mestias (F1) e puras de raas europeias podem apresentar problemas de mamite e perda de a incidncia desse tipo de mamite.
tetos em funo da produo maior de leite e quando so mantidas em locais contaminados (berrios).
Mamites contagiosas podem ser prevenidas fazendo-se boas prticas de ordenha. Essas esto ligadas
Isso ocorre, principalmente, no incio da lactao pela maior produo e dificuldade do bezerro em
diretamente ao ordenhador, ao ambiente (antes, durante e aps a ordenha) e a rotina de ordenha.105
mamar todo o leite. Manejo de mamadas em rebanhos de corte pode provocar maior reteno de leite
em vacas de maior produo, leso de bere e tetos inflamados (cercas, currais, etc) predispondo a
problemas com mamite ambiental (bacteriana, fngica, leveduras e algas). A tuberculose pode provocar
mamite em rebanhos de corte, principalmente em vacas mais velhas. 27.2.1. ORDENHADORES
Pessoas chaves na rotina da ordenha, treinados em princpios de higiene, funcionamento do equipamento
27.2. GADO DE LEITE de ordenha, reao dos animais aos estmulos recebidos antes, durante e aps a ordenha. O manejo e
conduo dos animais com calma e pacincia depende deles e de seus ajudantes.
Tabela 27. Classificaes para o item tratamento de mamites em gado de leite
27.2.2. AMBIENTE
As instalaes utilizadas no manejo e ordenha das vacas devem ser limpas, arejadas e confortveis, bem
dimensionada e funcional s pessoas e aos animais. A sala de espera deve ser sombreada e com bom
104. http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_202_21720039247.html
Fonte: Autor 105. http://www.agrozootec.com.br/download/Boas%20pr%C3%A1ticas%20na%20ordenha.pdf
As linhas de ordenha, ou seja, ordenhar primeiro vacas primparas e sadias e depois as mais velhas e por
ltimo, as com problemas, uma prtica que evita a disseminao das doenas. O leite de vacas tratadas
para mamite deve ser descartado e no utilizado para bezerros porque pode desenvolver resistncia a
esses medicamentos nas geraes futuras. Limpar os tetos sujos de esterco, terra ou lama com gua sem
lavar todo o bere. Enxugar os tetos. Fazer o teste de caneca telada ou de fundo escuro para identificao Fonte: Autor
de grumos e tratamento posterior de mastites clnicas. Fazer o teste CMT individualmente uma vez por
Problemas de casco em criaes extensivas e o controle e tratamento destes tm custo de investimento
ms para diagnstico de mamites sub-clnicas que trazem prejuzo produo. Desinfeco dos tetos
e tempo de repagamento medianos, isso por causa da dificuldade dos tratamentos e manejo dos animais
antes da ordenha com soluo clorada (15ml de hipoclorito de sdio em 10 litros dgua). Isso evita que
por perodos s vezes longos. O impacto na produtividade baixo por acometer poucos animais. As
bactrias que estejam presentes no lado de fora do teto, no passem para o de dentro no momento da
medidas de controle e tratamento de problemas que acometem os cascos tem tempo de implantao
ordenha e no haja contaminao do leite que est sendo tirado. Secagem dos tetos com papel toalha.
curto e complexidade tecnolgica baixa.
Colocao das teteiras deve ser feito imediatamente aps a limpeza, desinfeco e secagem dos tetos
Acometimentos de problemas de casco com manqueira, feridas persistentes e de difcil tratamento que
(no mximo at 8 minutos) para no se perder o estmulo para produo de ocitocina pelo animal.
levam a baixos ganhos de peso, aumento do tempo de permanncia e perda de valor comercial dos animais,
Retirada das teteiras aps o trmino da sada do leite (no se deve ficar forando as teteiras para retirada
principalmente, em fazendas de corte com recria de bois inteiros, tem sido relatados em vrias regies do
do leite). Higienizao dos tetos aps a ordenha com anti-spticos eficazes (solues de iodo (1%),
Brasil.107 A mistura de lotes, acidental ou proposital, de bois adultos (acima de 1,5 ano) inteiros, que tem
clorexidine, cido ltico, fenis). Aps a soltura das vacas, deve-se evitar que deitem nos currais aps
hbitos de monta, pode machucar o casco de bois eleitos e abrir portas de contgio para microrganismos
a ordenha, podendo solt-las imediatamente para os pastos ou fornecer rao para que permaneam
que iro provocar infeces no casco. Regies que apresentam solos mal drenados (amolecimento dos
em p e contaminem os orifcios dos tetos logo aps a ordenha. Limpeza e higiene das instalaes,
cascos), que tem perodos de chuvas prolongados, presena de grande quantidade de pedras, cascalho e
utenslios e equipamentos o passo final de fundamental importncia.
buracos nas pastagens, aguadas, cochos, malhadores, podem predispor aos problemas.
A construo das instalaes de forma que o sol incida dentro da sala de ordenha faz uma secagem e
A entrada (compra) de animais infectados tambm pode contribuir para disseminao de problemas em
desinfeco natural, desde que no incomode pessoas e animais durante as ordenhas. A retirada de
rebanhos sadios. A separao e isolamento de lotes recm comprados, o tratamento ou eliminao de
leite e resduos dos utenslios e equipamentos fundamental porque o leite um excelente meio para
animais doentes podem contribuir para minimizar o problema.
desenvolvimento de microrganismos. A qualidade e temperatura da gua nas solues de lavagem so
pontos importantes para garantir a higienizao dos equipamentos. Deve-se obedecer s dosagens dos Problemas nutricionais tambm tendem a aparecer. A deficincia de zinco, cobre e selnio podem levar
produtos de acordo com o fabricante.106 ao enfraquecimento do casco, abertura de portas de entrada a microrganismos, crescimento irregular
do casco provocando leses.108 Em regies de terras frteis a ingesto de misturas minerais geralmente
baixa, comprometendo os nveis mnimos desses minerais importantes na sade do casco.
28.2. CRIAES INTENSIVAS peso, diminuio da produo de leite e ainda ao comprometimento da capacidade reprodutiva. Problemas
de casco podem comprometer a produo de leite e a reproduo das matrizes, inviabilizando o sistema
de produo. Medidas preventivas esto relacionadas ao animal, nutrio e ao ambiente.
Tabela 29. Classificaes para o item tratamento de problemas de casco
em criaes intensivas.
28.2.1. ANIMAL
fundamental, num sistema de pecuria leiteira que os animais possuam bons aprumos de pernas
e ps que refletem diretamente na sade dos cascos. Animais com caractersticas de aprumos ruins,
por melhor ambiente e nutrio que se possa oferecer, tero problemas de casco e sero portadores
de males ligados a eles. Os critrios de seleo de animais sejam para compra, cruzamentos, seleo
Fonte: Autor
gentica, devem sempre priorizar aprumos de pernas e ps e ter peso semelhante a outras caractersticas
Em criaes intensivas os problemas com a sade do casco tem grande impacto em produtividade, pois podem de produo, na escolha de touros.
acometer vrios animais e comprometer o desempenho produtivo e reprodutivo. O custo de investimento
Animais de alta produo, mas com problemas de casco que fazem com que tenham dificuldades reprodutivas
mediano pelo valor dos tratamentos individuais e necessidade de repeties dos tratamentos. O tempo de
(perodo de servio e intervalo entre partos longos) alm de requererem ateno especial (casqueamento
repagamento do investimento mediano e pode ir de um a cinco anos. Os procedimentos e tratamentos dos
constante, tratamentos), devem ser considerados nos critrios de descarte. O casqueamento preventivo
problemas de casco podem ser implantados em menos de um ano e tem baixa complexidade tecnolgica.
antes do parto ajuda a corrigir pequenos problemas de aprumo e substitui, em parte, o desgaste natural
Nos confinamentos de gado de corte, algumas caractersticas predispem a problemas de casco como: quando em situaes extensivas.
leses e traumatismos no transporte e manejo, entrada de animais de diferentes origens, contaminao de
reas comuns como currais, bretes, balanas, corredores e currais de confinamento, estresse de manejo,
nutricional, metablico e ambiental, mudanas bruscas na dieta, sodomia e disputa social, superpopulao,
excesso de lama e umidade que fragilizam o casco, presena de pedras, cascalho e pisos com defeito.
109. http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/doencas-digitais-em-gado-de-corte-5105/
28.2.3. AMBIENTE
O ambiente se refere ao todo, regio (caractersticas da fazenda de clima, topografia, altitude, tipo de solo),
s instalaes (currais, sala de ordenha, esperas, bretes, cochos, corredores, estradas) e ao manejo sanitrio
(higiene, limpeza e distribuio de esterco, barro, escoamentos) e ao manejo dos animais (treinamento de
pessoas para manejo racional de baixo estresse, deslocamentos, arraoamento). A construo e uso rotineiro
de pedilvios ajuda na preveno e enrijecimento do casco (formol) na poca das chuvas quando h mais
umidade e barro. A manuteno e elevao de corredores de acesso aos currais e aos pastos minimiza os
problemas de barro e traumatismo dirios. A remoo de esterco nos currais, cochos e malhadores diminui
a umidade, barro e riscos de acidentes que possam abrir portas para infeces dos cascos.
Nos casos de doenas do casco como lcera de sola ou pododermatite circunscrita, doena da linha branca,
podrido de casco, dermatite interdigital, dermatite digital, deve-se combater as causas como falta de higiene,
pontos de traumatismo, remoo de esterco e lama. Existem vrios agentes bacterianos que precisam ser
combatidos com antibiticos especficos e anti-inflamatrios (s vezes h uma inflao grande na pata do
animal que impede a circulao e chegada do antibitico). Muitas vezes necessrio a remoo dos tecidos
mortos, cauterizao das feridas abertas, casqueamento e curativos com ataduras prova dgua, trocados
rotineiramente, at cicatrizao das feridas.