Fisica Basica
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FÍSICA BÁSICA
SISTEMAS DE UNIDADES
E
ANÁLISE DIMENSIONAL
APONTAMENTOS
E PROBLEMAS
ISEP
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FÍSICA BÁSICA
Estes apontamentos constituem um texto de apoio básico aos alunos que frequentam as
cadeiras de física I do 1º ano dos cursos de Engenharia.
A sua elaboração prende-se com o facto de o aluno ao longo da sua vida estudantil e
profissional necessitar de estar bastante familiarizado com os temas que aqui são tratados.
A abordagem destes apontamentos não é exaustiva, (tem apenas como objectivo auxiliar o
aluno nas cadeiras de física e respectivos laboratórios) pelo que não dispensa um estudo
teórico mais aprofundado utilizando a bibliografia recomendada.
O texto encontra-se dividido em dois capítulos de acordo com os temas a ser leccionados –
Sistemas de Unidades e Análise Dimensional. Em cada capítulo está incluída uma breve
explicação teórica que servirá de apoio à compreensão da matéria, problemas resolvidos para
facilitar o estudo individual e uma compilação de exercícios propostos que servirão de base
para as aulas teórico-práticas.
-i-
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- ii -
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ÍNDICE
1. SISTEMAS DE UNIDADES
2. ANÁLISE DIMENSIONAL
ANEXO 1 –Lista de conversões entre algumas unidades S.I. e outros sistemas ------- A.1
ANEXO 2 – Solução dos problemas propostos --------------------------------------------- A.2
1 SISTEMAS DE UNIDADES
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1 - SISTEMAS DE UNIDADES
A medida directa de uma grandeza consiste na comparação desta com outra da mesma
espécie que convencionalmente é tomada como padrão. Como por exemplo a medida de
um comprimento com uma fita métrica.
Na medida indirecta a grandeza a determinar é calculada a partir de outras de fácil
medição que com esta se relacionem, por meio de relações conhecidas – Equações de
Definição das Grandezas. Por exemplo a pressão exercida por um corpo.
Nos primeiros sistemas de unidades que apareceram, as unidades para cada grandeza
eram definidas de uma forma arbitrária não existindo qualquer relação entre elas. Estes
sistemas apresentavam o grave inconveniente de sobrecarregar as fórmulas físicas com
incómodas constantes de proporcionalidade.
Estes sistemas assim formados e chamados de INCOERENTES estão hoje
completamente fora de uso.
Mais tarde veio a verificar-se que as unidades de um sistema podiam ser definidas como
funções de um pequeno número de unidades – UNIDADES FUNDAMENTAIS OU
PRIMÁRIAS, e as restantes definidas em função destas – UNIDADES DERIVADAS
OU SECUNDÁRIAS. Nestes sistemas, através de equações de definição simples, não
aparecem coeficientes numéricos diferentes da unidade. Estamos assim perante um
SISTEMA COERENTE DE UNIDADES que são os únicos hoje em dia utilizados.
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SISTEMAS DE UNIDADES
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sistemas, faz sentido num curso superior uma breve referência e saber efectuar as
respectivas conversões.
• C.G.S. – Que deriva o seu nome às inicias das três grandezas mecânicas de
base, centímetro, grama, segundo e é, tal como o S.I., um sistema absoluto.
O Sistema Internacional de unidades, após várias alterações, é composto por três classes
de unidades:
• Unidades de base
• Unidades derivadas
• Unidades suplementares
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SISTEMAS DE UNIDADES
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Comprimento metro m L
Massa quilograma kg M
Tempo segundo s T
Intensidade de Corrente Eléctrica ampere A I
Temperatura Termodinâmica kelvin K θ
Quantidade de Matéria mole mol N
Intensidade Luminosa candela Cd J
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GRANDEZA UNIDADES
NOME SÍMBOLO
Temperatura celsius grau Celsius ºC
É importante referir que o nome “grau centígrado” para exprimir a temperatura, foi
rejeitado pela C.G.P.M. em 1948 e o seu uso é inadmissível.
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- Um prefixo não pode ser empregue sem uma unidade a que se refira.
Exemplo: 106/m3 e não M/m3
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Problema 1
Resolução:
e 1m
v= = =1 m/s
t 1s
Notar que os coeficientes numéricos são unitários porque estamos perante um sistema
coerente de unidades.
1 × 10 −3
v= = 3600 × 1 × 10 −3 = 3.6 km / h
1
3600
Problema 2
Resolução:
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F
p=
s
mas por sua vez a força tem a equação de definição que é F = m a e a secção s = l ⋅ l
e a aceleração a = l ⋅ t −2 .
Como CGS são as iniciais de centímetro, grama e segundo a bária em função das
unidades de base vem:
1 g ⋅ 1 cm ⋅ 1 s −2
1bária = 2
= 1 g ⋅ 1 cm −1 ⋅ 1 s −2
1 cm
1 × 10 −3 kg
1bária = −2 2
= 1 × 10 −1 kg ⋅ m −1 ⋅ 1 s −2 = 1 × 10 −1 pascal
1 × 10 m ⋅1s
Problema 3
Um cubo de 20 cm de aresta é feito de uma substância cujo peso volúmico tem o valor
de 3.92×103 kgf.m-3. Calcule a massa do corpo em unidades do Sistema Internacional.
Resolução:
Peso m⋅g
π= =
volume V
e tendo em conta que o peso volúmico está em unidades do sistema MKPS que tem as
unidades básicas mecânicas o metro, o quilograma força e o segundo e que a aresta do
cubo está em unidades do sistema CGS temos que efectuar as respectivas conversões.
a = 20 cm = 0.2 m
π = 3.92 × 10 3 kgf ⋅ m −3 = 3.92 × 10 3 × 9.8 N ⋅ m −3
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Problema 4
Resolução
V = 20 × 30 × 40cm 3 = 24000 cm 3
Fg = mg = 12u.m.m. × 9.8ms −2 = 117.6 Kgf
Fg
P=
S
logo será máxima quanto menor for a área da face do cubo que lhe serve de apoio...
Fg 117.6
P= = = 1960 Kgfm − 2
S 0.06
m
d=
m H 2O
Sabemos que:
10 3
u.m.m
ρ H O = 10 3 Kgm −3 = 9.8 = 102.04 u.m.m −3
2
m3 m
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12
d= = 4.9
2.449
Problema 5
Resolução
P = 6.272 N
V = 0.04 × 0.04 × h = 16 × 10 −4 h m 3
a) A pressão é uma força por unidade de superfície, sendo assim podemos escrever que
para a posição A:
6.272
PA =
16 × 10 − 4
6.272
PB =
0.04 × h
6.272 6.272
PA = 2.5 PB ⇒ = 2 .5
16 × 10 −4
0.04 × h
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∴ h = 0.1m = 10cm
ρ H O = 10 3 Kgm −3
2
6.272
m 9 .8
ρ= ⇒ ρ= −4
= 4 × 10 3 Kgm −3
V 16 × 10 × 0.1
ρ 4 × 10 3
d= = =4
ρH O
2
10 3
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P1 – Um cubo feito de uma substância X pesa 100 unidades SI e outro feito de uma substância
Y tem uma massa igual a 1 u.m.m.. Sabe-se que ambos os cubos têm 1 dm de aresta:
a) Diga, apresentando os cálculos necessários, qual daquelas substâncias tem maior densidade.
b) Determine o peso volúmico das duas substâncias em kgf.dm-3.
P3 – Duas substâncias A e B têm pesos volúmicos iguais a 1960 dine.cm-3 e 7.8 kgf.dm-3
respectivamente.
a) Qual das duas substâncias tem maior densidade?
b) Um cubo feito da substância B exerce uma pressão de 76.44 mbar quando apoiado
por uma das faces sobre uma superfície horizontal. Calcule o valor da aresta do
cubo.
P4 – Determine a pressão exercida por uma semi-esfera de uma substância de densidade 1.7 e
de diâmetro 4 cm, sobre uma superfície horizontal em unidades de um sistema cujas unidades
base são: dm, dg, min.
P5 – Dois paralelepípedos sobrepostos pelas bases pesam conjuntamente 47 kgf. Sabendo que o
inferior é de cobre (dcu= 8.8) e o superior é de vidro (dvidro=2.5), que a altura do de cobre é ¼ da
altura do de vidro, calcule:
a) A altura de cada paralelepípedo supondo que a superfície de contacto é de 500 cm2.
b) A pressão exercida pelo paralelepípedo de vidro sobre o de cobre, exprimindo o
resultado em milibares.
P6 – Um cubo de 10 cm de aresta é feito de uma substância cuja densidade é 7.8. Sabendo que a
sua massa é de 0.25π u.m.m.:
a) Verifique que o cubo não é compacto e determine o volume da cavidade.
b) Se o cubo fosse compacto, qual a pressão que ele exerceria sobre uma superfície
horizontal, num sistema absoluto de unidades de base: decâmetro, hectograma e
minuto.
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posição representada exercem uma pressão de 16.66x103 Pa sobre o plano horizontal em que se
apoiam.
P9 – Doze cubos de idênticas dimensões com 1 dm de aresta, estão empilhados uns em cima
dos outros, sendo alguns constituídos por uma substância A e outros por uma B. Sabe-se que
o trabalho realizado, pela força da gravidade, quando se deixa cair um cubo da substância A
de uma altura de 20 m é de 7.84x109 erg e que a substância B tem de massa volúmica
0.6122249x10-6 u.m.m..mm-3.
Determine o número de cubos das duas substâncias, sabendo que a pressão exercida pelos
doze cubos sobre uma superfície horizontal é de 56.84x103 Pa.
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2 ANÁLISE DIMENSIONAL
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2 – ANÁLISE DIMENSIONAL
2.1 - GENERALIDADES
F m ⋅ a m ⋅ v ⋅ t −1 m ⋅ l ⋅ t −2
p= = = =
s l ⋅l l ⋅l l2
é pois possível exprimir qualquer grandeza G como função das grandezas de base que
com ela se relacionam.
Uma equação de dimensão é pois o produto ou quociente das dimensões das grandezas
fundamentais. Temos deste modo:
[G] = Aα⋅Bβ⋅Cγ⋅Dδ...
Em que:
[comprimento] = L
[massa] = M
[tempo] = T
[temperatura termodinâmica] = θ
[intensidade de corrente eléctrica] = I
[intensidade luminosa] = J
[quantidade de matéria] = N
Para melhor percebermos este conceito, vamos ilustrar com um pequeno exemplo.
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Exemplo 1
Determine as dimensões da grandeza trabalho.
Resolução:
W = F ⋅l
[W ] = [F ] ⋅ [l ]
[m] ⋅ [a]
[v] ⋅ [t ]−1
[l ] ⋅ [t ]−1
[W ] = L T −1T −1M L = L2 M T −2
Se a força e o deslocamento não tiverem a mesma direcção, a expressão do trabalho é
dada pelo produto anterior vezes o coseno do angulo.
W = F ⋅ l ⋅ cos α
a
cos α = logo [cos α ] = L = 1
b L
o coseno é assim uma grandeza adimensional, não possuí dimensões e como tal não
interfere nas dimensões do trabalho.
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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Uma equação física para estar correcta, terá de ser dimensionalmente homogénea, isto é,
deverá apresentar nos seus dois membros a mesma dimensão.
Esta condição é necessária mas não suficiente, porque a homogeneidade não verifica os
coeficientes numéricos adimensionias. É pois necessário que a equação esteja
matematicamente certa.
Exemplo 2
Num exame de física em que era pedida a frequência de oscilação de um pêndulo
gravítico que depende da aceleração da gravidade g e do seu comprimento l o aluno
estava em dúvida sobre qual das seguintes expressões será a correcta:
1 l 1 g
f = ⋅ ou f = ⋅
2π g 2π l
Resolução:
Como o aluno dominava análise dimensional, sabia que para a fórmula estar correcta, (a
menos da constante numérica) a dimensão do primeiro membro devia ser igual ao do
segundo:
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1
[1º membro] = [ f ] = = T −1
[t ]
• Para a 1ª expressão, o segundo membro apresenta a dimensão:
[l ] = [l ]2
1
(T )
1
−2 − 2
1 − 12
[2º membro] = =L L
2 =T
[g ] [g ]12
Como podemos constatar, esta expressão está errada, pois a dimensão dos
dois membros não é igual.
[g ] = [g ] 2
1
(T −2 )+
1 1
− 12
[2º membro] = = L2 L 2
= T −1
[l ] [l ]12
Onde podemos verificar que esta seria a expressão a utilizar.
Através das equações de dimensão das grandezas é muito mais cómodo e evita erros, a
passagem de um sistema de unidades para outro.
O problema consiste em determinar, para uma dada grandeza, a razão entre as suas
unidades em dois sistemas diferentes.
Exemplo 3
Determinar as relações entre as seguintes unidades:
a) newton e dine.
b) newton e quilograma força.
Resolução:
Alínea a)
Neste caso, como a dimensão da grandeza é independente do sistema utilizado a
equação de dimensão é dada por (ver tabela):
[F ] = LMT −2
Para os dois sistemas em causa, temos:
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uL → m uL → cm
SI uM → kg CGS uM → g
uT → s uT → s
−2
U SI N m ⋅ kg ⋅ s −2 m kg s
= = = ⋅ ⋅ = 10 2 ⋅ 10 3 ⋅ 1 = 10 5
U CGS dine cm ⋅ g ⋅ s −2 cm g s
Alínea b)
Neste caso, a dimensão da grandeza já não é independente do sistema utilizado pois
como vimos no capítulo 1 o sistema MKPS é um sistema gravitacional em que a força é
uma unidade de base.
[F ] = LMT −2
mas para o MKPS,
[F ] = F
utiliza-se assim uma das duas hipóteses:
−2
U SI N m ⋅ kg ⋅ s −2 m kg s 1 1
= = −2
= ⋅ ⋅ = 1⋅ ⋅1 =
U MK P S kgf u.m.m. ⋅ m ⋅ s m u.m.m. s 9.8 9.8
ou
U SI N N 1
= = =
U MK P S kgf kgf 9.8
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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A previsão de fórmulas físicas constitui uma das mais importantes aplicações da análise
dimensional. O procedimento consiste na observação de um determinado fenómeno,
identificar as grandezas intervenientes e através da análise dimensional determinar a
equação que as relaciona.
Exemplo 4
Da análise experimental, sabemos que a força centrípeta é função da massa m do móvel,
da sua velocidade instantânea v, e do raio da trajectória r. Determine a dependência
funcional destas grandezas.
Resolução:
FC = f (m, v, r ) ou Fc = K .mα ⋅ v β ⋅ r γ
[FC ] = LMT −2
[m] = M
[v] = LT −1
[r ] = L
Como a equação tem de ser homogénea, as dimensões do 1º membro têm de ser iguais
ás dimensões do 2º membro. Assim:
(
LMT −2 = (M )α ⋅ LT −1 )β ⋅ (L)γ = M α ⋅ Lβ +γ ⋅ T −β
Resolvendo o sistema e substituindo,
1 = β + γ α = 1
1 = α β = 2
− 2 = − β γ = −1
1 2 −1 m ⋅ v2
FC = K ⋅ m ⋅ v ⋅ r =K
r
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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Problema 1
Resolução:
v = f ( R, T , M ) ou v = k ⋅ Rα ⋅ T β ⋅ M γ
[v] = LT −1
L2 MT −2
[R] = W = = L2 MT −2θ −1
T θ
[T ] = θ
[M ] = M
substituindo na equação do nosso problema:
(
LT −1 = L2 MT −2θ −1 )α ⋅ (θ )β ⋅ (M )γ = L2α M α +γ T −2αθ β −α
Igualando os expoentes dos dois membros e resolvendo o sistema:
1
2 α = 1 α =
2
α + γ = 0
1
⇔ β =
− 2 α = −1 2
β − α = 0 1
γ = − 2
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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RT
v=k
M
De notar que para obter o valor de k, (que é a raiz quadrada do índice adiabático) é
necessário efectuar as mudanças de unidades para o sistema internacional.
Problema 2
Resolução:
R = f ( L, C ) ou R = K ⋅ Lα ⋅ C β
[L] = L2 MT −2 I −2
[C ] = L−2 M −1T 4 I −2
Por sua vez R, atendendo à lei de Ohm:
[V ] L2 MT −3 I −1
[R] = = = L2 MT −3 I −2
[I ] I
com:
[V ] = [W ] L2 MT −2
= = L2 MT −3 I −1
[Q] IT
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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(
L2 MT −3 I −2 = L2 MT −2 I −2 )α (L−2 MT 4 I 2 )β
Resolvendo o sistema obtemos:
2 α − 2 β = 2 1
α + β = 1
α = 2
⇒
− 2 α + 4 β = −3 β = − 1
− 2 α + 2 β = −2 2
E por fim a equação que me relaciona estas grandezas a menos de uma constante
adimensional k.
L
R=k
C
Problema 3
g A 2π T
v= +
2π ρB
Resolução:
Assim:
[
[T ] = =F ] LMT −2
= MT −2
[l ] L
[g ] = LT −2
[ρ ] = ML−3
[v] = LT −1
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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1
[T ] 2
[v] = ([g ][A]) 1
2 =
[ρ ][B ]
Ou de outra forma:
[B] = [T ] 2 =
MT −2
=L
[ρ ][v] ML−3 L2T −2
É importante referir que as constantes numéricas, neste caso, 2π não entram nas
equações dimensionais pois a sua dimensão é zero. Isto é: [2π] = 1
Problema 4
Sendo e a base dos logaritmos neperianos, a seguinte equação dá-nos o valor da abcissa
x no instante de tempo t, de um corpo de massa m a efectuar um movimento oscilatório
amortecido. Determine as dimensões das grandezas a, b, c e d e as respectivas unidades
no Sistema Internacional. (Teste de Fevereiro de 2000)
bt
−
2m
x = ae × cos(c t + d )
Resolução:
[x ] = L
[t ] = T
[m] = M
facilmente se determinam as dimensões pedidas e as respectivas unidades SI.
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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[a ] = [x] = L uSI →m
Problema 5
Resolução:
[α ] = [e]2
[ε 0 ][h][c]
já que o 2 sendo uma constante tem dimensão 1, ou seja [2] = 1
Para isso teremos que encontrar as dimensões de cada um dos elementos que constituem
a equação anterior. Assim teremos:
[F ] = 1 [e]2 ⇒
[e]2 = [F ][r ]2 ⇒
[e]2 = ML3T −2
[ε 0 ] [r ]2 [ε 0 ] [ε 0 ]
Pois F é uma força logo [F ] = MLT −2 e r é uma distância logo [r ] = L .
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[α ] = [e]2 ⇒ [α ] = ML3T −2
=1
[ε 0 ][h][c] ML2T −1 LT −1
Problema 6
Resolução:
P = f (ρ,ω, r)
P = K ρ αω β r γ
[P] = [E ] = ML T
2 −2
= ML2 T −3
[T ] T
[ρ ] = [m] = ML−3
[V ]
[ω ] = T −1
FÍSICA BÁSICA 30
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[r ] = L
e finalmente substituindo obtemos:
[P] =[ρ ]α [ω ]β [r ]γ ⇒ [
ML2 T −3 = ML−3 ] [T ] [L]
α −1 β γ
1 = α α = 1
2 = −3α + γ ⇒ γ = 5
− 3 = − β β = 3
P = K ρ ω 3r 5
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π R 4 ( p1 − p 2 )
Q=
8η L
que dá o volume de fluido vertido por um tubo por unidade de tempo, isto é, o caudal, sendo R o
seu raio, L o seu comprimento, η a viscosidade e (p1-p2) a diferença de pressão entre os
extremos do tubo. η exprime-se em dine.s.cm-2.
2 v 2 + 2 gh
=
m X
e sabendo que v é uma velocidade, g a aceleração da gravidade, h uma altura e m uma massa:
a) Caracterize a grandeza X.
b) Escreva a equação da dimensão de X num sistema coerente de unidades mecânicas
em que as grandezas fundamentais são: a superfície (s), a potência (P) e o peso
volúmico (π).
P4 – A velocidade de propagação de uma onda num liquido depende de τ (força por unidade de
comprimento), de ρ (massa volúmica do liquido) e de λ (comprimento de onda). Escreva a
equação que relaciona essas grandezas.
P5 – A lei de Stokes, dá-nos a força que é necessário aplicar a uma esfera para que esta se
desloque através de um liquido com velocidade constante. Esta força, depende do raio e da
velocidade da esfera e do coeficiente de viscosidade η, do liquido.
a) Determine a partir da análise dimensional a lei de Stokes, sabendo que o coeficiente
de viscosidade se mede em poise (dine.s.cm-2).
b) Determine o coeficiente de proporcionalidade, sabendo que a uma esfera de raio 10
cm, que se desloca à velocidade de 0.2 m.s-1 num liquido de coeficiente de
viscosidade 14.99 poise, está aplicada uma força de 0.565 N.
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ANÁLISE DIMENSIONAL
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P7 – A força de atrito de escorregamento Fa, entre dois materiais pode, dentro de certa
aproximação ser expressa como:
Fa = K 1 v + K 2 v 2
em que v representa a velocidade relativa dos dois materiais, K1 e K2 são coeficientes de atrito
que valem em unidades do sistema cgs, K1 = 0.1 e K2 = 0.2x10-2. Determine:
a) A dimensão dos coeficientes K1 e K2.
b) Os respectivos valores em unidades SI.
P9 – A velocidade escalar mínima necessária para que um corpo lançado da terra não volte a
cair é de 11.2 Km.s-1 (desprezando a resistência do ar e o movimento de rotação da Terra). Esta
velocidade, denominada de “velocidade de escape da terra” é, tal como para qualquer outro
planeta, dependente apenas da constante universal de gravitação G, da massa m e do raio r do
planeta a que se refere.
Calcule a velocidade de escape de um dado planeta P, sabendo que a sua massa é metade da
massa da Terra e o seu raio é 8 vezes menor do que o raio da Terra.
P11 - Sendo e a base dos logaritmos neperianos, a seguinte equação dá-nos a pressão p na
atmosfera terrestre a uma altitude h acima do nível do mar; se g for a aceleração da gravidade
suposta constante, determine as dimensões das grandezas a e b e as respectivas unidades no
Sistema Internacional. (Teste de Janeiro de 2000).
agh
−
p = be b
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ANÁLISE DIMENSIONAL
ISEP
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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ANEXOS
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Trabalho
1 wh = (J / s) × 3600 s =3600J
1 kwh = 103 wh = 3,6 ×106 J
1 cvh = 735 (J / s) × 3600 s =735×3600J
Potência
1 cv = 75 Kgm /s = 75×9,8 J / s = 735 W
1 hp = 76 kgm/s
Pressão
1 bar = 106 bárias
1 mbar = 103 bárias
1 atmosfera = 76 cmHg = 1013 mbar
FÍSICA BÁSICA 37
TABELA DE CONVERSÕES
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ANEXO 2
CAPITULO 1
CAPITULO 2
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SOLUÇÕES DOS PROBLEMAS