TCNICA CINTOS DE SEGURANA E PR-TENSORES

Nils Bohlin
INVENTOR DO CINTO
DE SEGURANA
DE TRS PONTOS EM 1959

CINTOS DE
SEGURANA
E PR-TENSORES
PARCERIA CEPRA / PS-VENDA
WWW.CEPRA.PT

58 | PS-VENDA
A
ideia de base de um cinto de segurana
muito simples: impedir que os ocu-
pantes de um veculo sejam projetados Em qualquer tipo de cinto descrito, necessria
contra o para-brisas, ou tablier, quando a existncia de um sistema de reteno que per-
acontece uma alterao de velocidade abrupta. mita colocar e retirar o cinto de forma simples
A questo que se coloca : quando e porque e rpida. Atualmente, o sistema mais comum
que isto pode acontecer? Basicamente, devido a utilizao de uma caixa de trancamento onde
existncia da inrcia. a fivela do cinto ser encaixada.
A inrcia a tendncia de um corpo para man-
ter o seu movimento. Ou seja, um corpo tem
uma tendncia para manter o seu movimento,
resistindo alterao de velocidade e direo
de movimento. SUBABDOMINAL
Se um veculo se desloca a 50 km/h, a inrcia A cinta tem dois pontos de fixao e passa na
tende a manter o veculo mesma velocidade e frente do corpo do ocupante altura da bacia.
direo. Tal s no acontece porque a resistn-
cia do ar e a frico dos pneus com a estrada re-
duzem a velocidade do veculo, assumindo que
no h qualquer interveno do motor do veculo. A soluo mais comum nos veculos modernos
Qualquer objeto que esteja no interior do ve- o cinto de trs pontos de fixao, em que uma
culo, incluindo o condutor e passageiros, tem a cinta passa pela cintura e outra pelo ombro do
sua prpria inrcia, que independente da inr- ocupante, prolongando-se pela caixa torcica. As
cia do veculo. duas seces da cinta so fixadas na carroaria.
Imaginando que os ocupantes se encontram den- Quando o cinto de segurana utilizado de for-
tro de um veculo que circula a 50 km/h, pode- ma correta vai aplicar grande parte da fora
-se considerar que estes e o veculo se deslocam na caixa torcica e na cintura, que so zonas
como um s corpo, os dois mesma velocidade DIAGONAL de elevada resistncia do corpo. Para alm da
(50 km/h). No entanto, caso o veculo colida com A cinta cruza diagonalmente o trax, desde o fora ser aplicada numa zona resistente e ex-
um obstculo, a fora do embate no obstculo vai banco at ao ombro do lado oposto. Tem dois tensa, tambm a malha com que fabricada a
provocar uma reduo abrupta da velocidade do pontos de fixao. cinta flexvel permitindo uma ligeira disten-
veculo, mas a velocidade e direo dos ocupan- so, provocando uma paragem menos abrup-
tes ir manter-se inalterada, pelo que os ocupan- ta. Ateno: a cinta no deve distender mais do
tes e todos os objetos no interior do veculo sero que alguns centmetros, de forma a evitar que
projetados a 50 km/h na mesma direo em que o ocupante embata em algum elemento rgido
o veculo seguia antes do embate. Sem a utili- do interior do veculo.
zao de um cinto de segurana, os ocupantes Outra das caractersticas dos cintos de seguran-
iriam ser projetados contra o volante, o tablier a a sua capacidade de, atravs de um enrolador,
ou mesmo atravs do para-brisas, at que o seu recolher a cinta. Assim, possvel o ocupante ter
movimento seja travado por algum obstculo liberdade de movimento com o cinto colocado e,
Independentemente do que acontecer durante no caso de uma coliso, o cinto ir rapidamente
um acidente, algo tem que exercer fora nos ocu- bloquear e reter o ocupante.
pantes para reduzir a sua velocidade. Dependendo TRS PONTOS DE FIXAO
de onde e como essa fora aplicada, os danos f- A cinta est fixa em trs pontos de fixao, for-
sicos podem ser fatais, ou mnimos! Quando um mando uma combinao do cinto subabdominal
ocupante embate com a cabea no para-brisas, e diagonal. Oferece uma boa proteo, sem limitar
a fora concentrada num dos pontos mais vul- a liberdade de movimentos.
nerveis do corpo humano, e a reduo de velo-
cidade muito rpida pela elevada resistncia do
vidro, aumentando o risco de leses muito graves.
Um cinto de segurana aplica a fora que ir pro-
vocar a reduo da velocidade do ocupante em
partes mais resistentes do corpo humano, ao Normalmente, o componente fundamental de
longo de um perodo de tempo mais longo. Desta um enrolador de cinto de segurana um car-
forma, um componente de segurana desenha- retel (elemento em torno do qual a cinta en-
do para reter o ocupante de um veculo contra rolada) ao qual uma das extremidades da cinta
movimentos indesejados que possam ocorrer est ligada. A existncia de uma mola de espi-
durante uma coliso ou paragem abrupta. Ao ral garante a aplicao de um binrio de rotao
limitar a movimentao dos ocupantes, ir au- ARNS ao carretel, provocando o enrolamento da cinta,
xiliar no seu correto posicionamento para a m- a combinao do cinto subabdominal e dois enquanto houver folga.
xima eficcia de funcionamento do airbag (caso tirantes. Tem quatro pontos de apoio. Os dois Quanto se puxa o cinto, o carretel roda no sentido
o veculo seja equipado com o mesmo). pontos superiores podem estar fixos ao banco, contrrio aos ponteiros do relgio, o que provo-
Fundamentalmente, existem quatro tipos de que deve ser homologado e suficientemente re- ca a rotao da mola espiral na mesma direo.
cintos de segurana: subabdominal, diagonal, sistente para o efeito. Na verdade, esta rotao do carretel provoca
trs pontos de fixao e arns. o desenrolar da mola espiral. A mola querer

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 TCNICA CINTOS DE SEGURANA E PR-TENSORES

sempre voltar ao seu estado inicial, portanto rolador uma alavanca centrfuga montada no cado. Alguns utilizam a caixa de trancamento
resiste a este movimento de rotao. E, assim carretel. Enquanto este rodar devagar a alavanca para puxar todo o cinto, outros provocam a ro-
que a cinta for libertada, rodar o carretel at no se move. Quando existe um puxo no cinto, tao do carretel no sentido de enrolar o cinto.
que no exista folga. o carretel roda mais depressa e a fora centrfu- Geralmente, os elementos pr-tensores so-
Quando existe uma coliso necessrio garantir ga provoca a movimentao da alavanca, fican- controlados pela unidade de comando do sis-
que este movimento de libertao do cinto no do a sua extremidade voltada para o exterior. tema de airbag.
ocorre, existindo para tal um mecanismo de Quando a alavanca centrfuga est atuada, aca- Atualmente, a maior parte dos pr-tensores
bloqueio do enrolador, caso contrrio a funo ba por pressionar uma came, montada no alo- do mercado recorrem a elementos pirotcni-
de reteno do ocupante seria perdida. Existem jamento do enrolador. A came, por sua vez, est cos como mtodo de atuao. Nestes casos, o
dois tipos de mecanismo de bloqueio: sistema ligada, atravs de um pino, a um linguete com elemento central uma cmara com material
acionado pelo movimento do veculo e sistema um furo rasgado. medida que a came vai sendo combustvel onde existem dois eltrodos liga-
acionado pelo movimento do cinto. Em alguns deslocada, relativamente ao linguete, atravs do dos unidade eletrnica de comando do sistema.
casos o fabricante pode optar por conjugar os furo rasgado, empurra o linguete contra a roda Quando o sistema deteta uma coliso, que jus-
dois sistemas. dentada solidria com o carretel, provocando o tifique a utilizao dos pr-tensores, imedia-
bloqueio do mesmo. Fica assim impedido o cinto tamente aplica uma corrente eltrica atravs
SISTEMA ACIONADO PELO de continuar a desenrolar. dos eltrodos provocando uma fasca entre
MOVIMENTO DO VECULO ALAVANCA eles. Esta fasca inflama o material combust-
CENTRFUGA
vel, que queima rapidamente provocando um
CONDIES NORMAIS aumento significativo de presso na cmara.
RODA
CAME DENTADA Como na extremidade da cmara existe um
CINTO DE BLOQUEIO mbolo, este move-se rapidamente pelo efeito
LINGUETE DE BLOQUEIO
da elevada presso.
Quando o pr-tensor est aplicado na caixa de
LINGUETE
PINO trancamento, o mbolo e a caixa de trancamen-
to esto conectados atravs de um cabo met-
lico inextensvel. Assim, quando o pr-tensor
MASSA PENDULAR
ativado, o aumento de presso desloca o mbolo
que obriga a caixa de trancamento a deslocar-
EMERGNCIA
-se, eliminando qualquer folga existente entre
CINTO
o ocupante e o cinto de segurana.
LINGUETE DE BLOQUEIO
Caso o pr-tensor seja aplicado ao enrolador,
uma das solues construtivas o pr-tensor
acionado por esferas.
No carretel existe uma roldana com o formato
apropriado ao perfeito encaixe das esferas, o
MASSA PENDULAR que permite que quando estas so impulsiona-
das pela carga pirotcnica o enrolador recolha o
cinto, posicionando corretamente os ocupantes.
Este tipo de enrolador bloqueia o carretel quando Aps atuado o pr-tensor, as esferas ficam ar-
a velocidade do veculo diminui rapidamente, mazenadas num pequeno compartimento do
por exemplo, durante uma coliso. pr-tensor.
O elemento principal neste mecanismo uma PR-TENSORES Os sistemas de segurana passiva, de onde fazem
massa pendular. Quando o veculo desacelera, O cinto de segurana tornou-se rapidamente parte os cintos de segurana e seus pr-tensores,
a inrcia provoca a movimentao do pndulo um elemento fundamental para a segurana constituem-se como elementos imprescindveis
que est ligado ao linguete de bloqueio que ir dos ocupantes dos veculos em caso de aciden- e determinantes para a segurana rodoviria.
bloquear o carretel, atravs de uma roda dentada te. No entanto, acontecia com alguma frequn-
solidria com este. Aps o embate, o pndulo e o cia que o cinto, ao ser colocado, no era devida-
linguete de bloqueio regressam sua mente ajustado e, aquando do embate, quando
posio original, desbloqueando o movimen- o mecanismo de bloqueio do enrolador atuava,
to do carretel. o corpo do ocupante j estava demasiado pr-
Uma alternativa ao sistema com pndulo, ba- ximo do tablier ou do volante ou tinha mesmo
seado no mesmo princpio de funcionamento, sofrido o embate.
a utilizao de uma esfera, movida em fun- Assim, surgiu o pr-tensor cuja funo retirar
o da desacelerao do veculo, para acionar qualquer folga existente entre o ocupante e o
o linguete de bloqueio do carretel do enrolador. banco do veculo durante uma coliso. Enquanto
o mecanismo de bloqueio num enrolador tradi-
SISTEMA ACIONADO PELO cional apenas impede o cinto de desenrolar, o
MOVIMENTO DO CINTO pr-tensor recolhe o cinto, ajustando-o ao cor-
O segundo tipo de sistema bloqueia o carretel po do ocupante e limitando o seu movimento.
quando existe um puxo no cinto de seguran- Normalmente os pr-tensores trabalham em
a. Basicamente, o sistema sensvel fora de conjunto com os mecanismos tradicionais de
rotao aplicada sobre o carretel. bloqueio, no os substituindo.
O elemento central de atuao deste tipo de en- Existem diversos tipos de pr-tensores no mer-

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