Omar Sat

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RESPOSTA DA CIRCULAO NO OCEANO ATLNTICO

TROPICAL OESTE AO MODO MERIDIONAL DO ATLNTICO

BITTENCOURT, L. P.; TEIXEIRA, C. E. P.


1Instituto de Cincias do Mar da Universidade Federal do Cear LABOMAR.
Avenida da Abolio, 3207, Meireles, FortalezaCE, CEP 60165-081.
[email protected], [email protected]

INTRODUO RESULTADOS E DISCUSSES


A variabilidade ocenica no AT dominada por um ciclo anual forado pela tenso A maior parte do AT Norte apresenta anomalias positivas de temperatura nos anos
de cisalhamento do vento. Sobreposto a esse ciclo esto flutuaes em escalas de MMA positivo, que se intensificam no decorrer dos meses, atingindo seu
temporais que apresentam variaes sistemticas de grande importncia para o mximo em extenso nos meses MA. O contrrio acontece nos anos de MMA
aparecimento de anomalias climticas regionais (MOURA; SHUKLA, 1981). negativo.
As circulaes atmosfricas e ocenicas no AT tm forte impacto sobre a A regio da NAE a que apresenta maior intensificao das anomalias positivas
variabilidade do tempo e do clima no continente sul-americano, modulando o de temperatura no decorrer dos meses nos anos extremos de seca (MMA positivo)
comportamento anmalo de precipitao responsvel pela ocorrncia de eventos e, como a correlao da precipitao em Fortaleza com as temperaturas dessa
extremos de chuva e de seca. regio negativa, isso refora a ocorrncia de acumulado de precipitao abaixo
O que torna o estudo da hidrodinmica ocenica importante que, quando se da mdia em Fortaleza. O contrrio ocorre nos anos extremos de chuva (MMA
estuda a correlao do sinal de TSM interanual com o fluxo de calor interanual e negativo).
com a circulao ocenica, ocorre pequena correlao com o fluxo de calor na O sistema SCNB/CNB foi o que apresentou maiores diferenas nas velocidades e
parte central dos trpicos, sugerindo que, em algumas regies, a adveco nos transportes (Figura 2) nas diferentes fases do MMA, mostrando a sua provvel
ocenica importante em criar sinais de TSM que so amortecidos pela atmosfera importncia na ocorrncia de eventos extremos de seca e de chuva em Fortaleza.
(JOYCE et al., 2004). Na costa NE no Brasil, foi possvel observar que, nos anos extremos de seca, os
Dada a importncia da circulao ocenica nos processos de interao oceano- processos de subsidncia so mais intensos (Figura 3). Isso ocorre devido a maior
atmosfera e a lacuna de estudos sobre o efeito do MMA na hidrodinmica do AT, influncia dos alsios de sudeste na regio, que atuam paralelo costa e geram
este trabalho visa avanar no entendimento das mudanas na circulao maior transporte de Ekman em direo regio costeira. O contrrio ocorre nos
causadas pela variao da intensidade dos alsios nas diferentes fases do MMA. anos extremos de chuva.

METODOLOGIA
Figura 1. Seo meridional da climatologia e das anomalias extremas de seca e de
Os dados superficiais e subsuperficiais da circulao do AT foram obtidos da chuva da velocidade U (em m/s), com as reas de atuao do sistema SCNB/CNB
verso 2.1.6 do Simple Ocean Data Assimilation (SODA) entre 1980 e 2008. Este (quadrado preto) e seus respectivos transportes, em SV (quadrados vermelhos
perodo foi escolhido porque coincide com os anos estudados por Hounsou-Gbo nos cantos inferiores).
(2015) e com os ndices disponveis de MMA (SERVAIN, 1991). A precipitao na
cidade de Fortaleza foi escolhida por representar o NNEB, regio fortemente
influenciada pela modulao da precipitao nas diferentes fases do MMA.
Foram realizadas climatologias mensais a partir dos dados do SODA
(climatologias mensais). A partir dos ndices de dipolo do Atlntico e das
anomalias normalizadas de precipitao em Fortaleza calculadas por Hounsou- Figura 2. Seo meridional da climatologia e das anomalias extremas de seca e de
Gbo (2015), foram selecionados o composto positivo, representado por: anos chuva da velocidade W (em m/dia), com as regies de subsidncia circuladas.
nos quais os ndices positivos prevaleceram e nos quais a anomalia de
precipitao normalizada era negativa (1983, 1992, 2004, 2007); e o
composto negativo, representado por: anos nos quais os ndices negativos
prevaleceram e nos quais a anomalia de precipitao era positiva (1984, 1985,
1986, 1988, 1989, 1994, 1995, 1996). CONCLUSES
Posteriormente, foram calculadas a anomalia mensal seca e a anomalia mensal
chuva ao se subtrair os compostos positivos/negativos menos a climatologia Com a intensificao dos alsios de SE, ocorre intensificao do sistema
mensal. Foram realizadas mdias bimensais (de todos os novembro-dezembro SCNB/CNB nos anos de MMA positivo. Juntamente com as anomalias positivas de
(ND), todos os janeiro-fevereiro (JF) e todos os maro-abril (MA)) da anomalia temperatura nas costas E e NE do Brasil encontradas nessa fase, ocorre maior
mensal seca e da anomalia mensal chuva, aqui denominadas de anomalias transporte de calor do HS para o HN pela CNB e maior distribuio para oeste
seca e anomalias chuva. pela CCNE, o que pode levar a um aumento das temperaturas na regio norte.
Para analisar o transporte integrado na coluna dgua do AT, foram realizadas Esse aumento de temperatura acompanhado por um deslocamento da ZCIT
mdias bimensais at 200 m de profundidade (representa a camada de mistura, as sobre as temperaturas mais altas, ocasionando chuvas acima da mdia
variaes na termoclina e o que esta ocorrendo logo abaixo desta) das na regio e seca em Fortaleza. O contrrio acontece nos anos de MMA negativo.
climatologias e das anomalias dos compostos extremos de precipitao para todas De forma geral, o MMA afeta a circulao ocenica desde a superfcie at
as variveis: temperatura, correntes horizontais (U e V) e correntes verticais (W) profundidades de 200 metros. Como a circulao equatorial responsvel pelas
para os meses de novembro a abril. trocas inter-hemisfricas no Atlntico, os eventos extremos de MMA podem estar
Foram escolhidas duas sees meridionais ao longo do AT oeste para o estudo da alterando a quantidade de calor transferida entre os hemisfrios, o que vai afetar
hidrodinmica superficial e subsuperficial: a Seo 1 (35oW; 15oN-15oS) processos de acoplamento oceano-atmosfera, tais como a precipitao, levando
representa a regio NAE (0o-10oN e 25o-40oW), potencial indicador de previso ocorrncia de eventos extremos de seca e de chuva nas regies em que o padro
de chuvas em Fortaleza devido a fortes correlaes de TSM e de ventos de chuvas depende dessa transferncia de calor.
superficiais com a precipitao (HOUNSOU-GBO, 2015); a Seo 2 (43oW; 15oN-
15oS) representa o maior desenvolvimento do sistema SCNB/CNB. O clculo do
transporte das correntes foi realizado para o sistema SCNB/CNB, a CCNE e a REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
SCE na Seo 2. HOUNSOU-GBO, G. A. Dinmica do Atlntico Tropical e seus impactos sobre o
clima ao longo da costa do Nordeste do Brasil. 2015. 144 f. Tese (Doutorado)-
Curso de Programa de Ps-graduao em Oceanografia, Oceanografia,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.
JOYCE, T. M. et al. Ocean response and feedback to the SST dipole in the tropical
Atlantic. American Meteorological Society, [s. L], v. 34, p.2525-2540, 2004.
MOURA, A. D.; SHUKLA, J.. On the dynamics of droughts in northeast Brazil:
Observations, theory and numerical experiments with a general circulation model.
Journal Of Atmospheric Sciences, [s. L], v. 38, p.2653-2675, 1981.
Figura 5. Sees meridionais (linhas pretas) e NAE (caixa vermelha). Fonte: o autor (2016).
SERVAIN, J. Simple Climatic Indices for the Tropical Atlantic Ocean and Some
Applications. Journal of Geophysical Research, [s. L], v. 96, n. C8, p. 137-146,
august, 1991.

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