Adpf 442 - Aborto (Agu)
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Adpf 442 - Aborto (Agu)
(...)
1
Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania.
Art. 6 So direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na
forma desta Constituio.
Art. 196. A sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e econmicas que
visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso universal e igualitrio s aes e servios
para sua promoo, proteo e recuperao.
2
Art. 2 A personalidade civil da pessoa comea do nascimento com vida; mas a lei pe a salvo, desde a
concepo, os direitos do nascituro.
3
Excerto do voto condutor proferido pelo Ministro Relator Marco Aurlio nos autos da ADPF n 54, rgo
Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 12/04/2012, Publicao em 30/04/2013.
4
Dirio da Assembleia Nacional Constituinte, Ano II, n 175, 02 de fev. 1988, p. 6772. Disponvel em
<http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/175anc02fev1988.pdf#page=>. Acesso em 13 de abril de 2017;
grifou-se.
5
Mulheres Constituintes de 1988. Braslia: Cmara dos Deputados, 2011, p. 16. Disponvel em
<http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/25-anos-da-constituicao-
de-1988/mulher-constituinte/mulheres-constituintes-de-1988>. Acesso em 17 de abril de 2017; grifou-se.
6
Dirio da Assembleia Nacional Constituinte, Ano II, n 175, 02 de fev. 1988, p. 6772. Disponvel em
<http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/175anc02fev1988.pdf#page=>. Acesso em 13 de abril de 2017.
7
No que se refere ao seu atual estgio de tramitao, referida proposio foi apensada ao Projeto de Lei n 313,
de 06 de maro de 2007, que versa sobre o planejamento familiar.
8
DWORKIN, Ronald. Domnio da vida: Aborto, Eutansia e Liberdades Individuais. 2. ed. So Paulo:
Martins Fontes, 2009, p. 06; grifou-se.
9
Nesse sentido, confira-se: (...) a tipicidade penal no pode ser percebida como o trivial exerccio de
adequao do fato concreto norma abstrata. Alm da correspondncia formal, para a configurao da
tipicidade, necessria uma anlise materialmente valorativa das circunstncias do caso concreto, no sentido
de se verificar a ocorrncia de alguma leso grave, contundente e penalmente relevante do bem jurdico
tutelado (...). (HC n 97.772, Relatora: Ministra Crmen Lcia, rgo Julgador: Primeira Turma, Julgamento
em 03/11/2009, Publicao em 20/11/2009).
10
A esse respeito, confira-se o entendimento de Luiz Flvio Gomes, citado no voto proferido pela Ministra
Crmen Lcia por ocasio do julgamento da Arguio de Descumprimento n 54: (...) pode-se afirmar tudo em
relao ao aborto anenceflico, menos que seja um caso de morte arbitrria. Ao contrrio, antecipa-se a morte
do feto (cuja vida, alis, est cientificamente inviabilizada), mas isso feito para a tutela de outros interesses
sumamente relevantes (sade da me, sobretudo psicolgica, dignidade, liberdade, etc.). No se trata, portanto,
de uma morte arbitrria. O fato atpico justamente porque o risco criado no desarrazoado. Basta
compreender que o 'provocar o aborto' do art. 124 significa 'provocar arbitrariamente o aborto' para se
concluir pela atipicidade (material) da conduta. Esse, em suma, o fundamento da atipicidade do aborto
anenceflico (...). (ADPF n 54, Relator: Ministro Marco Aurlio, rgo Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento
em 12/04/2012, Publicao em 30/04/2013).
11
ROXIN, Claus. A proteo da vida humana atravs do Direito Penal. Conferncia realizada no dia 07 de
maro de 2002, no encerramento do Congresso de Direito Penal em Homenagem a Claus Roxin, Rio de Janeiro,
p. 04. Disponvel em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/25456-25458-1-PB.pdf>.
Acesso em 10 de abril 2017.
12
Art. 5 permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilizao de clulas-tronco embrionrias obtidas de
embries humanos produzidos por fertilizao in vitro e no utilizados no respectivo procedimento, atendidas as
seguintes condies:
I - sejam embries inviveis; ou
II sejam embries congelados h 3 (trs) anos ou mais, na data da publicao desta Lei, ou que, j congelados
na data da publicao desta Lei, depois de completarem 3 (trs) anos, contados a partir da data de
congelamento. 1 Em qualquer caso, necessrio o consentimento dos genitores.
2 Instituies de pesquisa e servios de sade que realizem pesquisa ou terapia com clulas-tronco
embrionrias humanas devero submeter seus projetos apreciao e aprovao dos respectivos comits de
tica em pesquisa.
3 vedada a comercializao do material biolgico a que se refere este artigo e sua prtica implica o crime
tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
(...) Por este visual das coisas, no se nega que o incio da vida
humana s pode coincidir com o preciso instante da fecundao de um
vulo feminino por um espermatozide masculino. Um gameta
masculino (com seus 23 cromossomos) a se fundir com um gameta
feminino (tambm portador de igual nmero de cromossomos) para a
formao da unitria clula em que o zigoto consiste.13
13
Excerto do voto condutor proferido pelo Ministro Relator Ayres Britto na ADI n 3510, rgo Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento em 29/05/2008, Publicao em 28/05/2010.
14
Excerto do voto condutor proferido pelo Ministro Relator Ayres Britto na ADI n 3510, rgo Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento em 29/05/2008, Publicao em 28/05/2010.
15
Excerto do voto proferido pela Ministra Ellen Gracie na ADI n 3510, Relator: Ministro Ayres Britto, rgo
Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 29/05/2008, Publicao em 28/05/2010.
16
No mesmo sentido, confira-se o seguinte trecho do voto proferido pela Ministra Carmem Lcia: De pronto se
registre que o presente caso nada tem a ver com o aborto, que interrupo da gravidez. Na hiptese prevista
na lei em foco, no h gravidez, logo no se h cogitar, sequer longiquamente, da questo do aborto.. De modo
semelhante, o Ministro Ricardo Lewandowski aduziu que, seja para que se impea a manipulao gentica,
seja para que no se abra um precedente, na deciso que aqui vier a ser tomada, para o aborto. H ntida
distino entre a destruio da vida [no aborto] e o que pode vir a ser a construo da vida [na pesquisa em
torno das clulas tronco]. Essa construo h de ser empreendida com enorme cautela, alm do que esse artigo
5 deixa em aberto questes cuja soluo, margem dele, poder resultar incompatvel com a ordem jurdica
concreta instalada pela nossa Constituio. (ADI n 3510, Relator: Ministro Ayres Britto, rgo Julgador:
Tribunal Pleno, Julgamento em 29/05/2008, Publicao em 28/05/2010).
17
ADPF n 54, Relator: Ministro Marco Aurlio, rgo Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 12/04/2012,
Publicao em 30/04/2013.
18
ADPF n 54, Relator: Ministro Marco Aurlio, rgo Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 12/04/2012,
Publicao em 30/04/2013.
19
Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei;
III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
(...)
X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;
Art. 6 So direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na
forma desta Constituio.
20
ADPF n 54, Relator: Ministro Marco Aurlio, rgo Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 12/04/2012,
Publicao em 30/04/2013.
21
ADPF n 54, Relator: Ministro Marco Aurlio, rgo Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 12/04/2012,
Publicao em 30/04/2013.
22
HC n 124.306, Relator: Ministro Marco Aurlio, Relator para o Acrdo: Ministro Roberto Barroso, rgo
Julgador: Primeira Turma, Julgamento em 09/08/2016, Publicao em 17/03/2017.
23
No sentido de que o direito ao aborto no seria um direito de fundamento constitucional: Em termos de
princpios, no h como derivar um direito ao aborto da Constituio ou dos princpios gerais de direito. Afora
a ideia de uma deciso judicial ativista, que cada vez mais improvvel em uma poca de restrio judicial,
nenhuma nova proteo constitucional pode ser estendida para se reconhecer o direito ao aborto aps a
revogao da deciso no caso Roe. Traduo livre do trecho: There is no principled way to derive a right to
abortion from either the Constitution or the general principles of law. Apart from judicial fiat, which is
increasingly unlikely in an epoch of judicial restraint, no new constitutional protection can be extended to the
abortion choice in the aftermath of Roes desmise (BOPP Jr., James. Will there be a constitutional right to
abortion after reconsideration of Roe vs Wade? In: Journal of Contemporary Law, n. 15, 1989. Disponvel em
<http://heinonline.org/HOL/LandingPage?handle=hein.journals/jcontemlaw15&div=14&id=&page=>. Acesso
em 12 de abril de 2017).
24
Nesse sentido: It is bad because it is bad constitutional law, or rather because it is not constitutional law and
gives almost no sense of an obligation to try to be. ELY, John Hart. The Wages of Crying Wolf: A Comment on
Roe v. Wade. In: Yale Law School Legal Scholarship Repository. Paper 4112. 1973. Disponvel em
<http://digitalcommons.law.yale.edu/fss_papers/4112>. Acesso em 10 de abril de 2017.
25
Nesse sentido: 2. As restries nos 188.210 e 188.215 da norma do Estado de Missouri sobre o uso de
funcionrios e instalaes pblicos para o desempenho ou assistncia a abortos no teraputicos, no
contradizem as decises sobre aborto deste Tribunal. Traduo livre do trecho: 2. The restrictions in
188.210 and 188.215 of the Missouri statute on the use of public employees and facilities for the performance or
assistance of nontherapeutic abortions do not contravene this Court's abortion decisions. Corte Suprema dos
Estados Unidos da Amrica. Webster v. Reproductive Health Services, 1989. Disponvel em:
<https://supreme.justia.com/cases/federal/us/492/490/>. Acesso em 17 de abril de 2017.
26
Corte Europeia de Direitos Humanos. A, B, e C v. Irlanda, dez. 2010, par. 13/21. Disponvel em:
<http://hudoc.echr.coe.int/app/conversion/pdf/?library=ECHR&id=001-102332&filename=001-102332.pdf>.
Acesso em 12 de abril de 2017.
27
ARTIGO 3 Proibio da tortura
Ningum pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos desumanos ou degradantes.
213. The Court has also previously found, citing with approval the
case-law of the former Commission, that legislation regulating the
interruption of pregnancy touches upon the sphere of the private life
of the woman, the Court emphasising that Article 8 cannot be
interpreted as meaning that pregnancy and its termination pertain
uniquely to the womans private life as, whenever a woman is
pregnant, her private life becomes closely connected with the
developing foetus. The womans right to respect for her private life
must be weighed against other competing rights and freedoms invoked
including those of the unborn child (see the judgment in Tysic, cited
above, 106, and Vo, cited above, 76, 80 and 82).30
30
Corte Europeia de Direitos Humanos. A, B, e C v. Irlanda, dez. 2010. Disponvel em:
<http://hudoc.echr.coe.int/app/conversion/pdf/?library=ECHR&id=001-102332&filename=001-102332.pdf>.
Acesso em 12 de abril de 2017.
Em traduo livre: 213. O Tribunal j declarou, anteriormente, com base na jurisprudncia da antiga Comisso,
que a legislao que regulamenta a interrupo da gravidez afeta o mbito da vida privada da mulher,
salientando que o Artigo 8 no pode ser interpretado como se a gravidez e sua interrupo pertencessem
exclusivamente vida privada da mulher, uma vez que, sempre que uma mulher est grvida, sua vida privada
torna-se estreitamente ligada do feto em desenvolvimento. O direito da mulher vida privada deve ser
ponderado com outros direitos e liberdades conflitantes invocados, incluindo os do nascituro (ver o julgamento
em Tysic, j referido, 106, e Vo, j referido, 76, 82).
31
Traduo livre do trecho: Article 8 cannot, accordingly, be interpreted as conferring a right to abortion.
Corte Europeia de Direitos Humanos. A, B, e C v. Irlanda, dez. 2010, par. 214. Disponvel em:
<http://hudoc.echr.coe.int/app/conversion/pdf/?library=ECHR&id=001-102332&filename=001-102332.pdf>.
Acesso em 12 de abril de 2017.
32
Quanto ao ponto, trago as consideraes feitas pelo Professor de Direito Constitucional Daniel Sarmento,
na anlise do caso envolvendo a Irlanda, que traduz o argumento posto: Sem examinar a questo relacionada
existncia seja de um direito ao aborto, seja de um direito vida do nascituro, a Corte pronunciou-se pela
invalidade das restries, em razo de ofensa ao princpio da proporcionalidade, afirmando que a medida
adotada pelo Estado irlands teria sido excessiva. Note-se que, muito embora a Corte no tenha examinado a
questo do direito ao aborto, infere-se da sua deciso que a vida intrauterina no pode ser protegida com a
mesma intensidade que a vida de pessoa nascida. Com efeito, ningum questionaria o poder de um Estado de
proibir o fornecimento de informaes contendo endereos, telefones e contatos de assassinos, visando a
encomenda de homicdios. O tratamento diferente dado ao caso revela, portanto, uma posio que, nas suas
entrelinhas, recusa qualquer equiparao entre a proteo da vida do nascituro e a do indivduo aps o
nascimento. E esta postura se evidencia tambm na parte da deciso em que a Corte, rebatendo a argumentao
do governo irlands, afirmou que o aumento da procura de abortos no exterior por mulheres irlandesas devia-se
no ao trabalho das clnicas de aconselhamento, mas ao excessivo rigor da legislao daquele pas. (Excerto
do voto proferido pela Ministra Rosa Weber nos autos do HC n 124.306, Relator: Ministro Marco Aurlio,
Relator para o Acrdo: Ministro Roberto Barroso, rgo Julgador: Primeira Turma, Julgamento em
09/08/2016, Publicao em 17/03/2017).
33
Nesse sentido: SIGH, Mallika. A, B, C v. Ireland and the Doctrine of Margin of Appreciation. Dezembro
2011. Disponvel em <http://papers.ssrn.com/sol3/cf_dev/AbsByAuth.cfm?per_id=1732835>. Acesso em 13 de
abril de 2017. No mesmo sentido: TIMMER, Alexandra. 2010: year of profound moral views?; In:
Strasbourg Observers. Jan. 2011. Disponvel em <https://strasbourgobservers.com/2011/01/20/2010-the-year-
of-profound-moral-views>. Acesso em 13 de abril de 2017.
34
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Artavia Murillo et al. v. Costa Rica, nov. 2012, par. 74.
Disponvel em <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_257_ing.pdf >. Acesso em 17 de abril de
2017.
35
Art. 226. (...)
7 Fundado nos princpios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsvel, o planejamento
familiar livre deciso do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e cientficos para o
exerccio desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituies oficiais ou privadas.
36
ROXIN, Claus. A proteo da vida humana atravs do Direito Penal. Conferncia realizada no dia 07 de
maro de 2002, no encerramento do Congresso de Direito Penal em Homenagem a Claus Roxin, Rio de Janeiro,
p. 05. Disponvel em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/25456-25458-1-PB.pdf>.
Acesso em 10 de abril de 2017.
IV CONCLUSO