Pintura em Quadros
Pintura em Quadros
Pintura em Quadros
com
ndice
Contedo
ndice ............................................................................................................................................. 2
A potica da intuio..................................................................................................................... 3
Introduo ao leo ........................................................................................................................ 5
Material necessrio ....................................................................................................................... 7
As cores bsicas da paleta ........................................................................................................... 11
Preparando a Paleta .................................................................................................................... 17
leo: pincis e pinceladas ........................................................................................................... 19
Solventes e preparados ............................................................................................................... 20
Mistura de cinzas e neutros ........................................................................................................ 22
Mistura de verdes ....................................................................................................................... 23
Mistura de cores na tela.............................................................................................................. 26
O contedo da cor:...................................................................................................................... 28
Contrastes tonais ........................................................................................................................ 30
Percepo de tons ....................................................................................................................... 32
Cor e forma ................................................................................................................................. 34
Esfumado e pincel seco ............................................................................................................... 36
Claros e escuros........................................................................................................................... 37
Misturas de escuros .................................................................................................................... 39
Segredos do retrato a leo.......................................................................................................... 40
Matizando as cores ..................................................................................................................... 42
Pintura com esptula .................................................................................................................. 43
Como usar a esptula .................................................................................................................. 45
Controle da cor............................................................................................................................ 46
Uso de cores complementares.................................................................................................... 47
Cores adjacentes ......................................................................................................................... 49
Pintura de paisagem ao ar livre................................................................................................... 50
Dvidas Frequentes..................................................................................................................... 52
A potica da intuio
No entanto, uma pintura pode encontrar significado maior na prpria forma. Pintar tambm
um processo de descobertas e, nessas condies, o quadro no obedeceria a uma estruturao
prvia, vindo a constituir o registro de sua procura, ao longo da execuo.
At mesmo o assunto de definiria no ato de pintar, como se fosse uma soma de hesitaes e
certezas, remetendo a um clima de sonho - que dispensa referncias ao mundo real.
Nesse processo, a intuio exerce papel central. Formas e cores nascem da memria, do
iderio pessoal do artista, como exemplifica a obra do brasileiro Srgio Fingermann.
Neste trabalho ele no especifica a idia sugerida pela imagem. Ao contrrio, liberto da
preocupao com um significado anterior feira do quadro, o autor se permite certo grau de
indeterminao e ambigidade, buscando definir nada mais que uma atmosfera potica.
As cores esto distribudas sobre fundo escuro (preto e azul-marinho), sem traduzir algo real,
mas sim uma relao de formas. Para tanto, cada rea e cada cor vo se sobrepondo em
camadas, umas finas e transparentes, outras bem espessas. O efeito cromtico a soma
dessas camadas de cor, cada qual preparada na prpria tela, e no na paleta do artista.
Srgio Fingermann deixa aparecer a pincelada, entendendo que ela transmite toda a emoo
do ato de pintar, e que o quadro acabado - meio e fim - constitui um organismo vivo e
autnomo, em vez de um veculo para conceituaes.
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leo sobre tela (sem ttulo), de Srgio Fingermann, 1893, 145 x 95 cm.
Introduo ao leo
Durante muitos anos o leo foi a tcnica mais utilizada em pintura. A tinta a leo uma
mistura de pigmento pulverizado e leo de linhaa ou papoula. uma massa espessa, da
consistncia da manteiga, e j vem pronta para o uso, embalada em tubos ou pequenas latas.
Mas voc pode adicionar leo de linhaa ou terebintina e torn-la mais diluda e fcil de
espalhar. O leo acrescenta brilho tinta; o solvente, ao contrrio, tende a torn-la opaca.
Com a prtica, voc saber exatamente quanto de cada material deve adicionar para obter o
efeito desejado.
A grande vantagem da pintura a leo a flexibilidade, pois com a secagem lenta da tinta o
pintor tem maior possibilidade de alterar e corrigir seu trabalho.
A preferncia de muitos artistas pelo leo talvez se d em virtude de sua textura, que
transmite um prazer todo especial. O ritmo das pinceladas, o contato do pincel com a tela e a
formao das camadas de tinta proporcionam sensaes muitos agradveis durante o
trabalho. O leo permite captar expresses e pequenos detalhes facilmente.
O maior prazer proporcionado pelo leo o modo como ele reage ao pincel e esptula. Para
cobrir a tela com pinceladas rpidas e ousadas, de textura rica, s usar a tinta sem mistura.
Para os detalhes que exigem preciso, acrescente leo de linhaa ou terebintina a fim de obter
uma tinta mais cremosa e fluida.
Efeitos e textura:
A secagem lenta da tinta a leo pode ser explorada de forma positiva. Embora algumas cores
sequem mais rpido do que outros, h tempo suficiente para criar efeitos especiais.
Voc pode pintar espontaneamente, de maneira livre e direta, acrescentando mais tinta
pintura ainda molhada. Pode tambm trabalhar com a tinta pura, praticamente esculpindo-a
com a esptula, para obter uma textura vigorosa, chamada "impasto". Ou ento pintar camada
por camada, deixando-a secar uma a uma, sempre com a textura rica que s o leo permite.
Se voc no gosta de alguma parte da pintura, retire-a com a esptula. Em seguida, limpe a
superfcie com um pano embebido em um solvente como a terebintina. Mesmo que a pintura
esteja completamente seca, possvel mud-la, acrescentando algo, melhorando o que est
feito, ou ainda pintando alguma coisa completamente diferente por cima.
A prtica:
A prtica amiga da perfeio. Procure pintar com a maior freqncia possvel. O ideal
trabalhar quando houver calma e ambiente adequado concentrao. Se voc s puder pintar
nos fins de semana, no se aflija. Desde que haja regularidade, ser possvel desenvolver um
bom aprendizado.
Foi esse o caso do famoso pintor Paul Gauguin. Ele s pintava no fim de semana, mas, aos
poucos, entusiasmou-se tanto que largou tudo para pintar.
Material necessrio
Existem muitas marcas de tinta, cada uma com caractersticas prprias. Com relao
qualidade, h dois tipos: profissional e amador. A tinta usada pelos profissionais tem cor
mais intensa e viva, pois a densidade do pigmento maior do que na tinta para
amadores. A tinta destinada aos principiantes em geral vem com excesso de leo ou
misturada com outros materiais, como o giz, e seus pigmentos so de qualidade inferior.
Por isso, ele custa menos.
Mas a tinta para amadores perfeitamente satisfatria. Talvez seja melhor investir numa
maior variedade de cores do que em tintas de qualidade superior. importante lembrar
que os materiais no passam de simples instrumentos para que as pessoas possam
expressar sua criatividade. Grandes artistas produziram quadros famosos usando apenas
algumas cores combinaes.
Pincis:
Para comear, suficiente trs ou quatro pincis de boa qualidade, chatos, redondos e
ovais (ou filbert, pincis chatos com as pontas ovaladas).
Os pincis de cerdas, feitos com plo de porco, so bem mais duros do que os de marta
e absorvem maior quantidade de tinta. Por isso so melhores para espalhar a tinta em
grandes reas de tela. Para trabalhar os detalhes, o mais indicado usar um pinel tipo
marta, redondo.
Qualquer superfcie pode servir como paleta, desde que seja impermevel e uniforme.
bom que a paleta e o fundo de sua pintura sejam da mesma cor, pois isso facilitar a
escolha e a mistura de cores. Se voc estiver usando uma superfcie de plstico, tome
cuidado: este material pode reagir com o solvente.
A tinta a leo aplicada pura ou diluda em solventes. O tipo mais comum de solvente
consiste numa mistura de leo de linhaa e terebintina, em partes iguais. Desaconselha-
se o uso de aguarrs, pois pode reagir com as tintas.
Outros materiais:
Voc vai precisar ainda de duas vasilhas pequenas para colocar os solventes enquanto
estiver pintando. Compre os copinhos de metal apropriados, que se encaixam na paleta.
Ou use, por exemplo, xcaras velhas. Para misturar a tinta na paleta, remov-la ou
aplic-la tela, ser necessrio uma esptula.
Alguns artistas utilizam carvo para um esboo preliminar. Se voc resolver us-lo,
procure no carregar no trao e retire o excesso batendo um pano limpo na tela antes de
comear a pintura. Para evitar que a tela se suje voc deve borrif-la com um fixador
especial, no plastificante, em aerossol, antes de dar incio ao trabalho.
A luz do sol branca e dela derivam todas as cores. Quando atravessa um prisma de
cristal, essa luz se divide nas sete cores do arco-ris: vermelho, laranja, amarelo, verde,
azul, ndigo e violeta. Trs destas - vermelho, amarelo e azul - so chamadas primrias,
porque possvel mistur-las para obter as outras, em vrios graus de intensidade. Por
isso tambm as outras cores so chamadas de secundrias.
Branco de Titnio:
O branco-titnio no txico, sendo, por isso, prefervel a outros tipos de branco que contm
chumbo.
Amarelo-ocre:
Das corres terrosas, esta das mais versteis. Quando voc quiser um amarelo discreto e ao
mesmo tempo quente, o amarelo-ocre excelente. Pode ser misturado com
diferentes tipos de azul, produzindo verdes bem suaves. O preto acrescentado ao ocre
produzir um verde-oliva.
Vermelho Cdmio:
Este um timo vermelho, quente e que merece lugar em sua paleta. No tem o alto poder do
carmim-alizarin, mas bastante intenso. Muitos artistas acham esta cor a mais verstil de
todos os vermelhos. Alm disso, uma boa alternativa de preo ao igualmente brilhante
vermelho.
Amarelo limo:
Profundo e brilhante este vermelho tem uma nuana malva fria, uma tinta que leva mais
tempo para secar e um poderoso corante. Ao mistur-lo com outras preciso cuidado
especial. Mistura bem com violeta, lilres e rosas e serve para escurecer outros tons de
vermelho.
Azul-ultramar:
Puro, o azul-ultramar uma cor muito escura. Tem bom poder tonal e mistura-se
perfeitamente com outras cores.
Verde-esmeralda:
o verde mais verstil. Se voc for comear comprando apenas um verde, opte por este.
Quando puro, no parece um verde muito natural, mas timo para misturas.
Cobalto:
um azul mais suave e sutil que o ultramar, mas com poder de escurecimento mais limitado.
Bom para pintar cus e para toques frios em tons de carne.
Negro-de-marfim:
um preto forte e profundo, que pode ser usado para escurecer ouras cores - se bem que no
necessariamente a melhor forma de escurecimento. s vezes obtm-se melhores resultados
com misturas de outros matizes escuros. Ainda assim, bom para escurecer marrons como o
siena e o terra-se-sombra. Pode ser acionado ao amarelo para produzir verdes interessantes.
Terra-se-sombra natural:
Excelente para esboos na pintura a leo, produz tambm variaes de tom. mais frio que o
terra-de-sombra queimado. Misturado ao branco, produz um verde acinzentado.
Terra-de-siena queimado:
uma cor necessria, mas no para ser usada sozinha, pois crua e berrante. Nas misturas,
porm, pode ser utilizada vontade. Substituindo o vermelho, ou com ultramar e verde-
esmeralda, forma cores ricas, profundas e escuras.
Cores de terra:
Este um grupo de pigmentos obtidos de substncias naturais. A maior parte das cores
neutra e inclui os terras-de-siena, os ocres, o vermelho-indiano e o terra verde. Podem ser
conseguidas pela mistura das cores primrias ou de duas cores complementares, mas a
maioria dos artistas prefere us-las prontas. So baratas, permanentes e de bom rendimento.
Preparando a Paleta
No incio, pode parecer difcil arrumar as cores na paleta, mas com algumas instrues voc
ver que no h segredos. Esprema um pouco de cada cor - equivalente superfcie de uma
moeda - em volta da paleta e formando pequenos montinhos.
Comece com o branco, em quantidade equivalente ao dobro das outras tintas, pois esta a cor
mais utilizada. Em seguida, v dispondo as cores quentes ao longo de um lado, e as frias do
outro. Voc acabar desenvolvendo a sua prpria forma de arrumar as tintas, dependendo da
sua sensibilidade quanto s cores e do seu estilo de pintura.
O centro da paleta deve ficar reservado s misturas, feitas com o pincel e esptula. Pegue um
pouco de cada tinta que deseje combinar e v fazendo adies at obter, no final do processo,
a cor pretendida.
Os copinhos de metal, presos paleta, so bastante teis, embora voc possa optar pelos
recipientes de vidro. A grande vantagem dos copinhos de metal que eles permitem lidar com
os solventes (leo de linhaa e terebintina) sem dificuldades. bom, para um trabalho
eficiente, ter tudo organizado e mo.
Misture a tinta com partes iguais de leo de linhaa e terebintina. Pegue um pouco de cada
material com o pincel e faa a mistura no centro da paleta. Com prtica, ser possvel calcular
as quantidades intuitivamente. No entanto, para comear, o ideal que se processe a mistura
aos poucos. Neste caso, melhor ter a menos, pois pode-se acrescentar mais solvente se
necessrio. Lembre-se de ter sempre mo um vidro grande com terebintina e um pano de
algodo para limpeza dos pincis. Nem pense em limp-los na terebintina usada para as
misturas! Caso contrrio, os montinhos de tinta iro perdendo aos poucos a sua cor original.
Os vapores dos solventes podem ser prejudiciais sade. Por isso, trabalhe sempre que
possvel em ambiente ventilado. Evite tambm esses solventes em sua pele, por serem txicos.
Apie a paleta de modo que ela fique numa posio equilibrada e confortvel. Ela deve tocar o
seu brao logo abaixo do cotovelo. Um pintor experiente pode segurar tambm os pincis,
mas os principiantes devem se limitar a porta apenas a paleta, at ganharem mais confiana.
Use a esptula para misturar as tintas na paleta, para aplic-las tela e para limpar a paleta.
Segure o cabo logo acima da juno com a lmina, com os dedos polegar e indicador. O cabo
se apia na palma da mo e os outros dedos seguram apenas frouxamente o cabo
leo: pincis e pinceladas
Um dos maiores prazeres da pintura a leo a forma como a tinta reage ao pincel. Cada
tipo deixa uma diferente marca na tela. Para pegar o jeito de cada pincel, s mesmo
manuseando-o. Assim, voc descobrir qual o melhor deles para cada caso em
particular.
Mantenha o pincel sempre bem abastecido de tinta. Quando seta acaba, o pincel deixa
uma marca fina e descontnua sobre a tela.
Pincis de cerda:
Chatos de cerdas curtas ou longas: possuem pontas retas, produzindo faixas bem
definidas. Alm disso, possibilitam a pintura de linhas e detalhes com a borda da
ponta. Os de cerdas mais curtas produzem pinceladas mais texturizadas, onde se
revelam nitidamente as formas das cerdas do pincel - ou seja, com ranhuras mais
acentuadas.
Pincis macios:
So feitos de plo de marta e de mistura de marta com nilon e plos de boi. Existem
tambm em trs formatos: chatos, redondos e ovais. So utilizados para trabalhar os
detalhes de maior preciso. O pequeno e chato permite pinceladas bastante uniformes.
Para detalhes, os melhores so os redondos de ponta fina.
Segure o pincel de modo a formar um ngulo reto a superfcie da tela. Assim, voc
conseguir pincelada bem uniforme.
Solventes e preparados
leos e solventes:
Terebintina: para tornar a tinta ainda mais fluida, adicione algumas gotas de terebintina
mistura de tinta e leo de linhaa. Quando mais terebintina, mais lquida a tinta de
tornar - e tambm mais fraca sua pelcula.
Preparado para pintura: alguns artistas preferem compor um preparado especial para
pintura, misturando partes iguais de leo de linhaa e terebintina, guardando esse
preparado num recipiente. Neste caso, ao pintar coloca-se essa mistura num copinho e
mais terebintina num outro, para tornar ainda mais lquida e fosca. Muitos artistas
preferem trabalhar apenas com essa mistura meio a meio.
Uma boa idia combinar a tinta espessa (tambm chamada de "gorda") e a tinta
diluda ("magra"). Um recurso em geral usado trabalhar com tinta espessa para as
cores mais claras, reservando o emprego de tinta rala para os tons escuros.
O detalhe da pintura que representa um bosque (acima) mostra os efeitos obtidos com o
uso de pincis macios e de tinta bom diluda. Pinceladas fluidas mesclam-se uma s
outras, com pouqussima textura. Observe como os reflexos das rvores fundem-se na
gua escura.
Impasto:
As cores que vemos a nossa volta no so, em sua maioria, to bvias como as
primrias (amarelo, vermelho e azul). Uma das dificuldades da pintura a obteno
dessas outras cores, freqentemente neutras. (Para o artista, neutras so as cores
acinzentadas, obtidas pela mistura de duas cores complementares.)
Como definir determinada cor neutra, para caracteriz-la, por exemplo, como fria ou
quente?
O esboo:
Um dos passos iniciais pintar objetos domsticos com os quais estamos acostumados,
Rena alguns deles sobre uma mesa, organizando-os numa composio de seu agrado.
Acrescente as cores:
Depois que a tinta do esboo estiver seca, comece a preencher com cores algumas das
formas. Neste e no prximo estgio, use apenas pincis maiores, de cerdas de porco.
Mistura de verdes
Muitos pensam que as cores da pele so as mais difceis de reproduzir - at que tentam
copiar os verdes da natureza. O verde a cor predominante nas paisagens; portanto,
dominar e entender seu uso so especialmente importantes.
A maioria das folhagens no exclusivamente verde. Se voc olhar para uma folha de
um arbusto, a cor inicial que voc v o verde, mas, se quiser incluir o arbusto num
quadro, pint-lo inteiramente de verde no ser a soluo. Um exame mau acurado
revelar outras cores - cinzas e amarelos frios no arbusto e cinzas arroxeados nas
rvores ao fundo - que voc gostar de incluir.
importante saber que os verdes podem ser quentes ou frios. Como saber qual deles
usar? A resposta est no tipo de fonte de luz. Num dia ensolarado, por exemplo, uma
rvore fica banhada de luz com tonalidade ocre. O lado iluminado da rvore ser de um
verde quente, como algumas das misturas reproduzidas abaixo. De fato, os verdes da
natureza so geralmente quentes, embora os verdes na sombra ou em paisagens de
tempo nublado faam parte do grupo de misturas mais frias.
Tenha sempre o cuidado de notar a intensidade dos verdes que usar. Quando um verde
entra na sombra, fica mais frio e tambm sofre uma perda correspondente, em termos de
intensidade. Amarelo-limo e amarelo-cdmio misturados com o azul podem produzir
verdes excessivamente brilhantes. Neste caso, tente usar preto em vez de azul - produz
verdes excelentes.
Usando amarelos:
Para clarear um verde no basta simplesmente acrescentar-lhe branco, pois esse ltimo,
assim como o preto, atua como cor fria numa mistura. Para diminuir essa frieza,
acrescente amarelos ao branco.
Ao fazer amostras experimentais, tente substituir os amarelos aqui sugeridos por outros,
quentes ou frios. Lembre-se de que algumas cores dominam numa mistura, e outras so
fracas. O azul-cerlio, por exemplo, uma cor relativamente fraca; assim, bastar
apenas um pouco de amarelo-cdmio para fazer um verde.
Como preparar seus prprios verdes:
Estas amostras representam as misturas que produzem alguns dos muitos verdes que
podem ser encontrados na natureza. Nao as considere como "regras para pintar verdes",
e sim como instrumentos para ajud-alo a fazer experincias. Elas vo desde as misturas
mais bvias de verde-amarelo, passando por azul-amarelo, chegando s combinaes
mais complicadas; estas so resultantes do acrscimo de uma cor complementar e de
branco.
Amostras de A a D:
Trata-se de uma srie de combinaes feitas de verdes quentes e frios com amarelos.
Amostras de E a H:
So combinaes de azuis quentes e frios com amarelos (todo os azuis so frios, mas
alguns so relativamente masi quentes que outros). O branco corta a intensidade da cor,
e por isso foi omitido nestas misturas. sempre bom ver como fica a mistura com a cor
pura, antes de clare-la.
Amostras de K a O:
As tcnicas de fuso de cores podem ser desenvolvidas entre dois extremos. Por um
lado, voc pode mistur-las com pincel com tanta suavidade que as pinceladas mal
podem ser vistas - mesmo de muito perto. No outro extremo, possvel aplicar
grosseiramente pontos e pinceladas (e aparentemente de maneira nada realista), mas de
modo que, quando observador se afasta da tela, as cores se fundem em seus olhos.
Tente executar as trs principais tcnicas de fuso aqui descritas e veja qual voc
prefere.
"Molhado no molhado":
Este mtodo (tambm conhecido pela expresso inglesa "wet-into-wet"), muito usado
pelos pintores, o modo mais simples de misturar cores sobre a tela (A). Ele d ao
trabalho uma aparncia suave e fluida, e permite que se pinte um quadro inteiro "alla
prima", isto , de uma s vez.
Passe uma camada de tinta sobre a outra, ainda molhada, mantendo-a sempre bem fluida
(com algumas gotas de terebintina e bastante leo), para retardar a secagem. Use pincis
de marta para dar um efeito mais suave. As cores fundem-se mais facilmente se houver
maior quantidade de leo no preparado, mas deixe a tinta mais espessa para os toques
finais; do contrrio, a superfcie oleosa dissipar suas pinceladas.
Os grandes mestres sabiam que o uso excessivo do pincel poderia acabar estragando
suas cores, e preferiam obter esse efeitos empregando-o ao mnimo possvel.
Tente uma gradao suave (B), misturando um tom com outro, enquanto as tintas no
secaram, com a tcnica "molhado no molhado". Geralmente, mais fcil aplicar o claro
sobre o escuro, por meio de pequenas pinceladas em ziguezague. Cada vez que o pincel
volta, traz um pouco da tinta sobre a qual passou, deixando-a sobre o outro tom e
produzindo assim uma gradao natural.
Deixe as reas coloridas adjacentes bem chapadas e faa a fuso bem onde elas se
encontram. Limite ao mnimo o trabalho com o pincel.
Misturas pticas:
Uma mistura cuidadosa de cores na paleta ou na tela produz um resultado real, fsico.
No entanto, costuma ser mais interessante combinar duas ou mais cores, de forma que
se mesclem aos olhos do observador. Essas misturas "pticas" podem produzir cores
mais vivas. Uma das tcnicas para obteno desse efeito a das pinceladas justapostas
(C). Trata-se de uma forma da chamada "cor quebrada", mtodo muito usado pelos
impressionistas. As pinceladas so delicadas intactas e no se fundem. Elas se
combinam a distancia, formando uma cor diferente, mas quando olhamos de perto
podemos distinguir cada uma das cores. Essa tcnica pode representar um estilo em si
mesmo, com a mistura ptica produzindo o efeito de um rico mosaico, ou pode ser
utilizada especificadamente para dar textura obra.
Joshua Reynolds, famoso pintor ingls do sculo XVIII, menciona em suas anotaes
que as cores devem ser misturadas sobre a tela. O que ele quis dizer, de fato, que,
embora preparemos as cores na paleta, nada se iguala vitalidade e
espontaneidade da mistura cromtica realizada na superfcie da prpria pintura.
O contedo da cor:
A semelhana com o modelo real - seja uma pessoa, seja uma cena da natureza - tem
sido um desafio para o pintor. Muitas vezes, porm, o padro realista cede inteno de
captar uma atmosfera peculiar, um dado subjetivo que, do mesmo modo, exprime toda a
arte do autor.
Este trabalho de Jason Schoener, por exemplo, pretendeu sugerir o intenso calor de
vero numa costa rochosa. O artista conseguiu transmitir uma sensao de temperatura
sufocante simplesmente por meio das cores quentes s quais se limitou.
Alm de usar toda a gama de tons alaranjados, o autor acrescentou outras cores quente
anlogas: o rosa, o vermelho-escuro, o amarelo-ouro, o amarelo-claro e toques de
branco quase puro. H alguns toques de rosa-forte, que proporcionam ao conjunto um
relativo frescor.
Vero na ilha Salter, Jason Schoener, leo sobre tela, 112 x 152 cm.
Agora, imagine o mesmo cenrio, mas pintado de forma a transmitir uma sensao de
pleno inverno, com predominncia de tons acinzentados. Ou, ento, com as cores
brilhantes da primavera: azul-cerleo e turquesa. Concluso: pode-se exprimir todo um
estado de esprito e um "clima" especial na pintura pelo simples uso das cores
apropriadas.
Contrastes tonais
O que TOM?
Cuidado!
Fique atento a essas iluses pticas quando estiver dando valor tonal s cores de sua
paleta.
Para comear a distinguir bem os tons das cores, faa uma escala em preto e branco,
como a que aparece no alto: d ento, a cada uma das cores de sua paleta, um "valor
tonal", dentro dessa escala. Se voc pegar as tintas direto do tubo, todas elas estaro
com sua intensidade mxima e, assim, a diferena ficar evidente.
Infelizmente, muito difcil fazer diferenciao no dia-a-dia, pois os tons locais ficam
alterados, pelos efeitos de luz e sombra. Por isso as pessoas acabam fazendo confuso
entre cor e tom e criando pinturas sem contrastes e tom ou de cor.
Percepo de tons
Para ver as cores em termos de tonalidade, comece fazendo um guia de tons e cores
igual ao falado em Contrastes Tonais. importante, para uma pintura a leo, analisar os
tons de todas as cores de sua paleta.
2- Pinte uma escala de tons em preto e branco no alto da tela, incluindo o branco puro e
mais cinco tons de cinza. Procure graduar os tons de forma que escuream em
propores mais ou menos iguais.
3- Coloque as cores que voc usa (no necessariamente as que aparecem no exemplo do
capitulo Contrastes Tonais) em torno das bordas da paleta. Em seguida, associe cada
uma das cores a um tom da escala, como mostrado.
No misture as cores entre si ou com preto e branco: use-as puras, diretamente do tubo.
No comeo, talvez voc ache difcil julgar os tons e faa vrias tentativas erradas, mas
vale a pena perseverar.
Note que algumas cores do guia recaem entre duas tonalidades na escala. Amarelo-
cdmio, por exemplo, parece estar entre 1 e 2 na escala; amarelo-ocre, entre 2 e 3;
verde-esmeralda, entre 4 e 5. Isso no importa muito; simplesmente coloque as cores
onde achar que elas devem ficar.
O uso das cores puras, sem mistura, que permite a visualizao das tonalidades. Com
esse procedimento, voc cria um forte contraste tonal, sem se preocupar com os efeitos
de luz e sombra.
As crianas costumam pintar assim, pois tendem a ver as cores na sua forma mais pura.
O resultado que seus trabalhos tm um frescor e uma vitalidade invejveis, embora
no sejam tridimensionais.
A pintura e o esboo deste post ilustram bem esse ponto. Se voc olhar primeiro a
pintura, ver uma variedade de cores puras, no misturadas. Mas olhando o esboo,
porm, vemos com que cuidado essas cores foram selecionadas para dar obra uma
gama de tons. Um exerccio semelhante, pintado com vermelho permanente, azul-
cerleo e verde-claro permanente teria variedade de matizes, mas no de tons (as trs
cores mencionadas correspondem ao 3 da nossa escala.
Tente fazer este exerccio, usando uma coleo de objetos domsticos de cores igualmente
vivas. No se esquea de limitar-se s cores puras dos tubos e avaliar bem as diferenas de
tom entre elas.
Cor e forma
As cores puras podem ser organizadas de maneira a destacar e definir as formas dentro
da estrutura do quadro. A pintura acima, elaborada por Hans Moller, constitui um bom
exemplo desse recurso. Ao trabalhar os efeitos de luz e sombra, Moller no se preocupa
com o tom; simplesmente aproveita as propriedades naturais das cores.
Note o acentuado contraste entre o primeiro plano e o fundo, onde o esquema geral das
cores mais frio, menos variado e mais suave. As figuras tambm so menos ntidas, o
que d a impresso de que se situam a certa distncia.
Pinheiros contra mar, de Hans Moller, N. A., leo sobre tela, 122 x 152 cm
O resultado uma pintura que sugere profundidade, forma e espao, mesmo sem apoiar-
se no desenho, perspectiva ou modelagem tonal. Em vez disso, a composio definida
simplesmente pela maneira como as diferentes cores e reas coloridas reagem entre si.
Esse enfoque constitui um bom estmulo para soltar a imaginao e produzir pinturas
mais vivas e mais coloridas.
Esfumado e pincel seco
Esfumado:
Para obter o esfumado, aplica-se a tinta levemente, de maneira que fique semi-opaca,
sobre outra cor. Essa tcnica particularmente til na combinao de dois tons para
produzir um resultado sutil: a diferente espessura das pinceladas sobrepostas faz com
que a cor de baixo aparea e desaparea alternadamente, criando um efeito suave,
esfumaado.
O esfumado feito geralmente com um movimento de "esfregar" para frente e para trs
- o movimento natural de desenhar do brao -, embora em determinados trabalhos um
trao mais circular d melhores resultados.
Pincel seco:
A tcnica do pincel seco consiste em aplicar tinta bem densa - com pouco ou nenhum
medium (mistura de leo e solvente) -, o que faz com que o pincel seja praticamente
"arrastado" pela tela. Assim como no esfumado, trabalha-se geralmente com a tinta
clara sobre escura. Coloca-se um pouco de tinta num pincel de cerdas duras (tirando o
excesso de tinta na paleta, se necessrio). O pincel ento levemente arrastado sobre a
tela nua, e produz uma marca interrompida, falha, que deixa entrever aqui e ali um
pouco das ranhuras da pincelada e da cor da primeira camada. As cerdas do pincel
abrem-se medida que voc faz o trao e a tinta agarra na trama da tela - ou nos sulcos
da tinta seca, deixando aparecer o tom que est por baixo.
A vantagem do pincel seco sua economia. Ele pode sugerir detalhes e texturas com um
mnimo de trabalho com o pincel. Voc pode empreg-lo para produzir o efeito de raios
de sol penetrando num bosque ou num interior, ou para fazer capim, galhos, cabelos,
enfim, qualquer coisa leve, delicada ou de textura mais especfica.
Claros e escuros
Os tons claros e escuros possuem uma "identidade de cor" to significativa quanto a das
misturas mais ricas do centro do espectro tonal. Podem ser quentes e dar a impresso de
projetar-se ou, ai contrrio, ser frios e recuar em relao ao plano. Aproveite essas
caractersticas para dar a seus quadros uma sensao de espao e profundidade.
Conhea as misturas:
Preparar tons claros e escuros no s uma questo de adicionar branco ou preto - que
tm grande poder de esfriar quaisquer misturas. Considere, quando processar as suas,
outros fatores, como a transparncia, o brilho e o poder de colocao de cada um dos
tubos de cor usados.
Quando voc olha para uma cena, as reas escuras revelam-se as mais fceis de
identificar inicialmente, mas as cores escuras so, na verdade, as mais difceis de
analisar. Isso ocorre porque os cones do olho (minsculos botes embaixo da retina,
com os quais percebemos as cores) funcionam pior quando as cores esto na sombra.
Portanto, voc precisa fazer um esforo extra para perceb-las.
Ao pintar, tente captar toda a luz contida nas reas escuras. Procure deixar as sombras
profundas bem transparentes (verde-esmeralda, azul-ftalo e carmim-alizarin tm
transparncia naturalmente alta), para que a luz seja refletida pela tela. Essa a maneira
clssica de tornar as sombras mais luminosas.
Observe como os tons escuros profundos tendem a ser quentes. Isso acontece porque o
escuro mais profundo - a mistura mais prxima do preto que voc conseguir preparar -
composto pelas trs cores primrias (uma fria e duas quentes).
o negro-marfim usado para escurecer alguns tons escuros; mas em misturas ele
funciona como um azul de baixo tom, esfriando a cor. Se voc acrescentar preto ou azul,
a mistura escurecer e continuar fria. Por outro lado, juntando-o ao amarelo, voc
obter um verde frio. Lembre-se tambm de que a mistura de preto e branco no resulta
num cinza, e sim num azul-acizentado.
Como clarear os escuros:
Tenha cuidado quando a simplesmente acrescentar branco para clarear as cores escuras,
pois ele pode torn-las frias e sem vida. Ao invs de branco, experimente uma cor da
mesma famlia, que ter o efeito de clarear sem esfriar.
Misturas de escuros
Quase todas as misturas de duas cores escuras - uma fria e outra quente - produzem um
interessante toque escuro. Abaixo alguns exemplos de misturas que voc pode fazer:
Para o artista, poucos motivos so mais estimulantes que o rosto humano, com suas
variaoes sutis de cor, tom e forma. Pintar um retrato algo que atrai tambm pela
dificuldade, pois para chegar a um bom resultado preciso no apenas captar a
aparncia fsica do modelo, mas conseguir transmitir fielmente traos de sua
personalidade. Como introduo pintura de retratos, vou mostrar a maneira de
trabalhar com um modelo de cabelo louro e pele clara. Tons mais escuros de pele sero
tratados mais para frente.
Cores de pele:
Uma abordagem que se poderia tentar a mostrada na figura abaixo. As cores vibrantes
do vermelho-cdmio do a nota quente, mas devem ser manipuladas com cuidado para
que no dominem suas misturas.
Se voc passar algum tempo estudando as variaes da cor da pele, ver que elas podem
ser quentes e frias. Tambm perceber que a temperatura da cor de qualquer modelo
muda conforme a rea - por exemplo, a parte posterior do pescoo tende a ser diferente
da parte da frente.
Os pontos mais quentes tendem a ser o nariz, o lbulo das orelhas e as faces.
O cabelo:
As cores adequadas:
Aqui est uma forma de voc tratar um modelo de pele clara. A testa pintada com uma
cor clara e quente, mas o azul-cerleoacrescentado mistura produz um tom de pele
mais frio para o resto do rosto. Toques com cores quentes acentuam o narizes as faces,
enquanto uma cor mais fria e mais escura indica a rea em torno do pescoo.
Em relao ao cabelo, no o deixe excessivamente claro. Note que aqui ele pintado de
modo semelhante ao rosto, quanto s reas claras e sombreadas. Uma mistura de branco,
amarelo-ocre e verde-esmeralda so escurecidos com um toque de preto, para as
sombras.
Matizando as cores
Caneca azul e flores do campo, de Charles Reid, leo sobre ela, 66 x 66 cm.
Coleo particular.
As pinturas em geral apresentam reas em tons claros, que parecem quase brancas, mas
que, examinadas atentamente, revelam conter propores mnimas de outras cores.
A natureza-morta (na figura acima) est inundada de luz, mas quase no contm branco
puro as flores, o vaso, a moldura da janela, a tigela, os pratos e at a gua a distncia
foram todos pintados com brancos matizados. Mudanas de cor sutis como o desse
exemplo ajuda a relacionar entre si os elementos de uma pintura e impedem que certas
reas tornem-se montonas.
Observe tambm como a temperatura das cores refora o jogo de luz e sombra. Um rosa
quente indica a luz do sol no parapeito, por exemplo. Em contraste, as partes
sombreadas tendem para o azul-malva frio, o inverno trmico do rosa.
Poder de colorao:
Algumas cores so to fortes que basta um toque para afetar a cor da mistura. Outras
as de baixo poder de colorao s aparecem quando voc acrescenta grandes
quantidades.
Quente ou frio:
A temperatura da cor da principal fonte de luz pode ajudar a decidir se devemos pintar
com cores quentes ou frias. A luz do sol e a eltrica tendem para o quente, enquanto a
refletida do cu quase sempre fria.
Pintura com esptula
Esptulas de paleta:
Muito longas e finas e geralmente muito rgidas -, no se recomenda seu uso para
aplicar tinta sobre tela. So empregadas, sobretudo na mistura de tintas na paleta e para
rasp-las da tela quando se quer fazer correes. Mas voc tambm pode usar uma
esptula de paleta para raspar as camadas iniciais de pintura com esptula, misturando
assim ligeiramente as cores e removendo os pontos de relevo muito saliente. Dessa
maneira, voc obter uma base fina, sobre a qual poder aplicar outras marcas.
Uma das grandes vantagens da tinta a leo que, graas sua maciez, voc pode aplic-
la no s com pincel, mas tambm com esptula. A pintura a leo com esptula tem
caractersticas prprias e, quando usada adequadamente, pode dar nova dimenso ao
trabalho.
Alguns especialistas defendem ainda que a sua suavidade e a espessura da tinta passada
com esptula resultam tambm numa cor mais pura e mais intensa. Essa uma questo
em aberto, pois o resultado final depende, em grande parte, de como voc mistura a tinta
e do tipo de aplicao feita com a esptula.
Para uso geral, o melhor dispor de uma esptula de 5 cm, mas h grande variedade de
tamanhos. E, se voc gosta de trabalhar com esptula, vale a pena comprar um conjunto
delas, para poder variar seu repertrio.
A superfcie mais indicada para pintura com esptula a tela esticada, que cede um
pouco, respondendo bem lmina flexvel. J sobre painel, preciso cuidado maior,
pois fica mais difcil controlar a esptula, que pode acabar escorregando pela superfcie
do painel deixando marcas pouco expressivas.
Como usar a esptula
Peque a tinta com o lado de baixo da esptula. Use toda a largura da lmina para as
marcas mais amplas e vigorosas, e a ponta para as marcas menores. Evite mover a
esptula para frente e para trs; coloque-a com firmeza sobre a tela e espalhe a tinta num
nico movimento, levantando cuidadosamente a lmina aps a aplicao. Outra
recomendao importante usar quantidades generosas de tinta, suficiente para cobrir
toda a urdidura da tela.
Trabalhe com gestos curtos, no sentido horizontal do tema que voc est pintando. Se a
figura tiver contorno bem definido do lado esquerdo, coloque a esptula desse lado e
puxe-a para direita, inclinando a lmina um pouco para a esquerda, a fim de que a borda
defina o contorno bem definido do lado direito, inverta a operao.
Uma regra fundamental da pintura com esptula cobrir cada rea com o menor nmero
possvel de marcas, j que isso planejar antes cada marca e ento aplicar a tinta com
deciso exatamente nos lugares desejados.
Onde for possvel, procure usar apenas uma marca para cada pedao de cor diferente.
Por exemplo, ao pintar uma flor, faa cada ptala com uma nica passada de esptula.
Se a ptala tiver uma parte clara e outra escura, use duas marcas, uma para cada tom.
Se voc no ficar satisfeito com uma das marcas, obviamente ter de ajust-la com uma
ou duas marcas adicionais. Mas lembre-se de que essas correes acabam quase sempre
prejudicando a vitalidade da cor. Na maioria dos casos, melhor raspar a tinta com uma
esptula de paleta e recomear numa superfcie perfeitamente limpa, com tinta fresca e
de cor vvida.
Controle da cor
Em sua experincia com a pintura a leo j deve ter percebido como importante ser
capaz se controlar a intensidade da cor; a tinta usada diretamente do tubo s vezes
berrante ou apagada demais para o que se quer fazer.
H duas maneiras de ajustar a vivacidade de uma cor. Uma delas consiste em mistur-la
com uma pequena quantidade de outra cor, que tenha o efeitode aumentar ou diminuir a
intensidade da primeira. E pode-se tambm cercar a cor na tela com outras cores que
faam parecer mais viva ou mais apagada.
Os efeitos da mistura:
A regra para aumentar a intensidade de uma cor por meio da mistura acrescentar
pequena quantidade de uma cor mais viva da mesma "famlia". Pegue os vermelhos se
sua paleta como exemplo. Acrescente um toque de vermelho-cadmio ao carmim-alizarin
e voc ter um carmim muito mais vivo. Da mesma forma, pode usar o prprio carmin-
alizarin para avivar um vermelho menos intenso, como o vermelho-indiano.
Use esse conhecimento nas suas experincias com misturas, lembrando que a cor
utilizada para intensificar outra deve ser sempre a que ocupa o lugar acima dela na
gradao de intensidade da mesma famlia.
Para suavizar a cor, basta acrescentar pequena quantidade de uma cor menos intensa da
mesma famlia. Veja como isso funciona na prtica misturando amarelo-cdmio com
um toque de amarelo-ocre.
Uso de cores complementares
Voc tambm pode suavizar uma cor acrescentando-lhe um toque de sua complementar.
Tome cuidado ao fazer isso, pois, se o acrscimo for excessivo, a cor original ser
dominada e neutralizada (ver G , H e I acima). Alm disso, a cor complementar ter
efeito de mudar a temperatura da original.
Quando for preciso preservar o tom da cor original, acrescente uma complementar do
mesmo tom. Por exemplo, verde-esmeralda a escolha ideal para suavizar carmim-
alizarin - os dois possuem o mesmo tom. Para ver o que acontece quando os tons no
so misturados com preciso, tente suavizar carmim-alizarin com verde-esmeralda mais
claro; voc ver como isso clareia a mistura. E, nos dois casos, note como o verde esfria
o vermelho.
Entre as amostras acima, s na H os tons das cores esto misturados com preciso.
Compare as mudanas de tom e temperatura com as que ocorrem em G e I.
O branco aviva as cores que possuem alto poder de tingimento, como o verde-
esmeralda, carmim-alizarin, azul-ultramar e azul-da-prssia. A medida que se
acrescenta mais branco, a intensidade dessas cores aumenta, at atingir um ponto de
brilho ideal, alm do qual o branco tem efeito inverso.
Cores transparentes ficam mais frias com acrscimo de branco. Para compensar isso,
junte um toque de amarelo-cdmio mistura.
As cores que perdem intensidade quando misturadas com branco so, principalmente, os
vermelhos e amarelos. O amarelo-ocre perde imediatamente seu brilho, mas retm sua
cor, ao passo que os tons de siena e os de sombra, ao invs de serem suavizados,
transformam-se em cinzas e marrons neutros.
H casos em que o acrscimo de branco produz resultados completamente inesperados.
Veja a amostra C acima: o vermelho fica mais claro, mas no sofre nenhuma mudana
na intensidade da cor.
Cores adjacentes
Alm de misturar, voc pode fazer qualquer cor parecer mais viva ou mais apagada
selecionando com ateno as cores que iro cerc-la na tela. Para fazer uma cor paracer
mais viva, coloque em torno dela ores complementares ou neutras; para suaviz-las, use
cores com as quais esteja intimamente relacionada.
Esse conhecimento til em todas as situaes. Voc pode, por exemplo, descobrir que
pintou seu motivo com uma cor muito berrante e que precisa de uma cor de fundo que
tenha o efeito de suaviz-la. Ou, ento, talvez constate, depois de pintar o fundo, que o
motivo ficou apagado demais: nesse caso, poder cerc-lo com alguns toques discretos
da cor complementar, estrategicamente dispostos, a fim de realar o motivo.
As pinturas acima mostram como aplicar essas regras a uma paisagem. Em cada um dos
exemplos, a rvore foi pintada com uma mistura de amarelo-cdmio claro, vermelho-
cdmio claro e terra-de-siena queimado.
C. Fundo neutro: Aqui, tambm, a rvore parece mais viva, pois os cinzas e marrons
que rodeiam para o fundo.
Pintura de paisagem ao ar livre
Pintar paisagens a leo implica passar muito tempo trabalhando ao ar livre. Isso envolve
alguns problemas: as condies do tempo nem sempre so perfeitas e preciso saber
lidar com o vento, as variaes de luz e uma srie de efeitos pticos. Alm disso, como
voc pode focalizar seu assunto a partir de diversos ngulos, necessrio planejar a
composio com cuidado, para extrair o mximo da cena.
Primeiro, verifique se voc est bem equipado. O fundamental uma boa caixa de
pintura para carregar todos os pincis e tintas, e a parte interna ca caixa pode servir para
apoiar a tela. Se preferir, pode levar um cavalete dobrvel leve; mas lembre-se de que
em dias de vento forte voce precisar firm-lo bem para que no caia.
Fique sempre na sombra para que a luz no incida sobre a tela. A luz solar direta
desbota as cores; e assim, ao trazer o quadro para casa, voc pode ter uma surpresa
desagradvel ao descobrir que as cores em seu trabalho tornaram-se mais claras do que
realmente deviam ser.
O cenrio que voc vai pintar e os pontos de vista escolhidos so questo de gosto
pessoal. Mas existem algumas regras gerais bastante teis.
1. Pricure trabalhar com contrastes tonais e organize sua composio para que contenha
uma massa de tom escuro em algum lugar. Uma forma clssica dispor uma massa
escura no primeiro plano e a meia distncia, cobrindo at um tero da pintura.
5. Evite pintar fileiras de rvores de igual altura ou separadas pela mesma distncia.
melhor variar o espaamento e a altura, mesmo que isso no corresponda realidade.
6. No deixe o primeiro plano vazio. Uma grande extenso de gramado; por exemplo,
fica mais interessante voc incluir outros elementos, como flores, moitas ou um tronco.
Dvidas Frequentes
Caixas de Pintura:
Seja uma elaborada caixa de jacarand, seja um velho estojo de ferramentas, essencial
que tenha um recipiente exclusivo para guardar seu material de pintura e desenho. Algo
slido, suficientemente grande para conter todos os instrumentos necessrios, mas
pequeno o bastante para ser trnasportado facilmente a qualquer lugar.
Procure uma caixa que, alm de resistente e fcil de transportar, tenha compartimento
separado para pincis, tubos, vidros, latas e material de desenho, de omod que no
fiquem enrrolando e correndo o risco de estragar-se. O tamanho padro encontrado nas
lojas especializadas de 30 x 40 cm.
No, apenas no se esquea de limpar seu interior aps cada sesso de pintura. A tinta
fresca e o leo podem estragar os pincis e manchar as pranchas de tela. Lembre-se de
que muito mais difcil remover estes produtos depois que secam.
Telas
A compra de uma tela - h sculos uma das mais populares superfcies para pintura a
leo - pode ser uma tarefa bastante complicada. Muitas lojas de material artstico
vendem telas de vrios modos: coladas em paineis de duratex, montado em chassi de
madeira ou ento em rolo, vendidas a metro. Alm disso, elas podem ser de linho ou
algodo, com diversas texturas e tamanhos, e variam enormemente de preo. Por isso
importante conhecer-lhes bem as caractersticas, para poder escolher a que melhor se
adapta a suas necessidades.
Quais os principais tipos de tela?
A tela de linho considerada a melhor, porque apresenta uma textura uniforme, livre
ns, e que proporciona maior prazer a quem pinta. tambm mais duravl que a de
algodo e, uma vez esticada no chassi, conserva muito bem a tenso. Seu nico
inconveniente o custo, relativamente elevado.
E a tela de algodo?
A tela de alodo custa cerca de metade do preo e sua superfcie tambm se presta
muito bem para pintura - a menos que voc esteja pintanto uma obra prima para o
posterioridade! Assim como a de linho, encontrado em diferentes pesos e texturas (as
de textura mais fechadas esticam muito bem e oferecem superficie mais uniforme).
As telas colocadas em duratex (painis) so, sem dvida, o tipo mais econmico, e
portanto, a melhor opo para trabalhos experimentais.
So tambm os painis. Note, a propsito, que a caixa de madeira prpria para material
de pintura a leo j projetada para carregar vrios desses paineis (de 30 x 40 cm). Por
serem levem, e compactos, so especialmente adequados para o transporte quando se
quer pintar fora do estdio.
Essas telas so esticadas sobre uma armao feita de montantes de madeira permutveis
(tensores) que se encaixam facilmente. Eles criam uma superfcie tensa porm flexvel
que apresentam uma receptividade inigualvel para a tintae para o toque do pincel.
Em princpio sim, pois uma tela pronta, esticada, custa o dobro do que voc gastaria se a
esticasse em casa. Mas emquanto voc nao tiver certeza de que tem condies de
montar muitas telas, no vale a pena investir na de rolo.
Tenho um chassi velho que no uso mais. Posso esticar nele uma tela?
claro, desde que o chassi no esteja empenado e que os cantos formem angulos retos
perfeitos. , inclusive, uma boa maneira de economizar.
A escolha de uma tela de txtura fina, mdia ou spera depende sobre tudo do seu estilo
de pintar e do tema. Se voc usar pinceladas pesadas, evidentes - mais prprias para
paisagens -, ento uma tela de textura spera ser a melhor escolha. Se voc prefere
pinceladas delicadas - mais usadas em retratos e algumas naturezas-mortas -, uma
textura fina e lisa ser provavelmente mais adequado. E se voc ainda no decidiu o que
vai pintar, melhor adiquirir uma tela de textura mdia.
Qual o melhor tamanho de tela para se comear a pintar?
Os tamanhos mais populares so: 40x50, 50x60 e 60x70cm. Essas dimenses, prximas
do quadrado, so as mais versteis.
De maneira geral sim, pois elas j vem preparadas com uma base de leo ou tinta
sinttica, chamada imprimao.
Quer dizer que no conveniente pintar a leo diretamente sobre a tela crua?
No. Toda tela tem de ser tratada para ficar isolada da tinta a leo, pois o leo ataca as
fibras do tecido. Com a imprimao, de base oleosa ou acrlica, a tinta fica isolada do
pano da tela.
O avesso sempre cru; portanto, se quiser aproveit-lo para pintura, ter de aplicar uma
base.
melhor, como regra, usar uma tela preparada a base de leo para pintar com tinta a
leo, e ddeixar as telas preparadas com acrlico, para pintura com acrlico. Mas isso no
significa que voc no possa pintar com tinta a leo sobre telas preparadas com base
acrlica.
Vernizes:
O pintor ingls Turner (1775 - 1851) constumava dar acabamento a seus quadros, na
Real Academia de Londres, depois que eles j estavam dependurados. Era os "dias de
envernizar" (varnishing em ingls e vernissage em francs). Da o termo vernissage para
designar a abertura de uma exposio.
Nos tempos Turne, o verniz era natural, escurecia e trincava. Hoje, de preferncia
sinttido, permanece incolor e resistente. Alm disso, no indispensvel. Se voc
limpa seus quadros de vez em quando, ou os deixa protegido atrs de um vidro, eles
podem perfeitamente passar sem a pelcula protetora de verniz.
Depois de secar, a tinta a leo tende a ficar opaca. O verniz restaura o brilho original
das cores e, alm disso, reaviva as partes que ficaram esmaecidas ou (rebaixadas), o que
acontece quando a tinta contm pouco leo. Em suma, uma boa idia envernizar
quadros a leo.
Mas o maior problema que o verniz permanente no pode ser removido sem colocar
em risco a pintura. Por isso, d-se preferncia ao removvel.
Como o nome diz, timo para reavivar partes do quadro que ficaram escuras e
apagadas. Ele protege a superfcie pintada at que esteja secao sufuciente para receber
envernizamento final. O verniz de retoque pode ser usado assim que a tinta se mostrar
seca ao simples tato, e no precisa ser removida mais tarde.
Este verniz, mais espesso e resistente que o de retoque s aplicado quando a pintura
est bem seca. Como no item anterior, voc pode escolher entre produtos naturais e
sintticos.
O verniz damar natual reala as cores e tem pouco brilho; no trinca nem fica opaco, e
a melhor escolha entre os vernizes naturais.
O verniz de cera de abelha, ao contrrio dos outros que so liquidos, uma pasta
transparente, que d brilho fosco e suave. Aplica-se derretido (por aquecimento) e
protege menos do que os outros vernizes, mas til como segunda camada protetora ou
misturado a qualquer outro verniz para produzir o efeito semifosco.
O verniz fosco sinttico quase idntico oa brilhante sinttico, mas j vem misturado
com cera para produzir acabamento sem brilho.
Alguns vernizes sintticos tambm contm leo de linhaa polimerizado, o que os tarna
mais flexveis, com menos possibilidade de trincar.
O verniz de retoque pode ser aplicado em camadas finas assim que a tinta estiver seca
ao tato - normalmente em poucos dias.
O verniz final s deve ser usado quando a pintura estiver completamente seca, e quanto
mais espessa a tinta, maior o tempo de secagem. Para segurana aguarde de seis meses a
um ano.
Os que contm leo demoram mais que os outros, mas o tempo de secagem tambm
depende das condies atmosfricas (ar mais seco ou mais mido). Como regra,
considere um prazo de 48 horas.
vlido mistura dois vernizes naturais ou dois sintticos. Por exemplo, misturando-se
um sinttico brilhante com um sinttico fosco, obtem-se um acabamento semifosco.
Eu nunca envernizei um quadro antes. Seria mais fcil comear com aerosol?
Na realidade, o uso de verniz em aerosol requer muita prtica. Para conseguir uma
pelcula uniforme, voc deve manter o bico a uma distncia constante do quadro e
passar o spray em linhas horizontais, trabalhando de cima para baixo. Para
principiantes, o melhor usar verniz liquido, aplicando-o em camadas bem finas.
Pinceis:
Eles so excelentes para uma pintura mais delicada e precisa. Os plos macios juntam-
se naturalmente formando uma ponta fina, ideal para traar linhas e fazer o acabamento
de passagens delicadas.