Relatorio IS2015
Relatorio IS2015
Relatorio IS2015
NDICE
Introduo :. 3
Aores + :. 48
CRESAOR - Cooperativa Regional de Economia Solidria
Estado Puro :. 79
Cruz Vermelha Portuguesa
Glossrio :. 336
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O CAMINHO DESDE 2013
O Programa Impacto Social capacita entidades da economia social para demonstrar e desenvolver o seu
impacto. Percorre trs etapas: aps um perodo de candidaturas, inicia-se a capacitao das equipas
nomeadas por cada entidade, para completarem anlises-prottipo dos seus projetos. Estas anlises so
enfim partilhadas num evento internacional, perante um painel de investidores. Percorrido este ciclo, as
equipas contam com uma Comunidade IS online para que as suas entidades incorporem uma cultura de
demonstrao de impacto.
Esta segunda edio reflete as recomendaes das sete entidades que participaram em 2013, introduzindo
vrias melhorias, destacando-se: mais tempo de mentoria, mais workshops e suporte aps a conferncia
final.
A aposta nas organizaes da economia social decisiva, no momento em que financiadores pblicos e
privados lhes colocam exigncias acrescidas: maior capacidade de gerir os projetos e de demonstrar o seu
impacto. Ou seja, capacidade de demonstrar o retorno do investimento efetuado.
Por essa razo o Programa utiliza, como moldura metodolgica de capacitao, a anlise custo-benefcio SROI
Social Return on Investment. um processo de compreender, medir e reportar o valor social gerado pela
interveno de uma organizao, comparando o valor gerado pela (benefcios) com a despesa necessria
(investimento) para obt-lo.
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OBJETIVO: TRANSFORMAO
O Programa Impacto Social est desenhado para que as organizaes envolvidas percorram um caminho de
mudana e de transformao. Essa meta alcanada atravs da sua capacitao, pelo que as 10 anlises SROI
aqui apresentadas valem sobretudo como demonstraes de aprendizagem. So prottipos prospetivos,
que medem o potencial de impacto futuro dos projetos analisados, na tica do retorno que podem oferecer
ao investidor.
BENEFCIOS
SROI =
INVESTIMENTO
Todas os relatrios desta publicao seguem a mesma estrutura, que iremos percorrer em seguida para
facilitar a sua leitura: 1. mbito e Stakeholders; 2. Recursos e Atividades; 3. Teoria da Mudana; 4. Provas e Valor;
5. Impacto e Retorno Social e 6. Concluso e Recomendaes.
Portanto aqui so tambm contabilizados os recursos ou investimento necessrios execuo das atividades.
So includos custos diretos e indiretos, assim como investimentos em dinheiro, tempo e gneros. Recorde-se
que, tratando-se de uma anlise de impacto na tica custo-benefcio, to importante captar a globalidade
dos benefcios quanto a dos investimentos.
As atividades formam a base de qualquer projeto. No entanto, podem causar uma miopia da
implementaoresultadosdas atividades. Ou seja, barram, tratadas por si s, a viso das mudanas e
impactos que devem operar, a prazo, nos stakeholders, bem como a diversidade destesmuitas vezes s
considerados se forem o alvo das atividades ou o seu financiador.
Numa anlise de impacto queremos ir alm das atividades e chegar s mudanas que os stakeholders
efetivamente necessitam nas suas vidas.
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DAS MUDANAS AO IMPACTO
Utiliza-se, para tal, a teoria da mudana (TM). Trata-se de uma ferramenta de planeamento e avaliao que
explica os caminhos das mudanas que, no decorrer de uma interveno, levam concretizao de um
propsito de longo prazo. Revela tambm como atividades, resultados e mudanas se sucedem e relacionam
ao longo desse caminho.
Estabelecer a materialidade, quer dos stakeholders, quer das mudanas que experienciam, a etapa central
da anlise de impacto. So esses stakeholders e mudanas que passam etapa seguinte, que nos dar o valor
dessas mudanas.
O valor de um bem obtido pela multiplicao da sua quantidade pelo preo (V=QxP). No captulo 4. Provas
e Valor identificam-se indicadores ou provas da mudana. Com estas unidades de medida, possvel
auscultar os stakeholders para perceber a quantidade de mudana que sentem (a distncia percorrida no
caminho das mudanas que trilham durante a vigncia do projeto). Aps a quantificao das mudanase
porque nesta anlise se pretende comparar os benefcios ou mudanas com os custos ou investimentoh
que encontrar o preo daquelas mudanas. Tratando-se, na sua maioria, de mudanas intangveis e/ou sem
preo de mercado, recorre-se a aproximaes financeiras (perguntando aos stakeholders para atribuir valor e
pesquisando no mercado por produtos ou servios que proporcionam essa mudana).
Os nmeros so sujeitos a um ltimo teste: uma anlise de sensibilidade para testar a elasticidade e robustez
do modelo. Esta anlise, tal como as anteriores operaes de descontos, so contributos crticos para a
credibilidade dos dados obtidos e para inspirar aprendizagens e recomendaes sobre a interveno
analisada.
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DO IMPACTO TRANSFORMAO
precisamente sobre recomendaes e aprendizagens que discorre o captulo final, Concluso e
Recomendaes. a partir deste ponto que a organizao mostra capacidade para ler o projeto e percorrer
um caminho de melhoria, no s do projeto, mas tambm dos procedimentos organizacionais que o
sustentam e ultrapassam.
Ao inspirar transformaes na organizao promotora, a anlise est a contribuir para o objetivo ltimo do
Programa Impacto Social. Acreditamos que organizaes orientadas para o impacto so as que melhor
conseguiro trilhar o caminho da sustentabilidade.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
GABINETE CUIDAR
MELHOR PORTO
SUMRIO EXECUTIVO
O projeto Gabinete Cuidar Melhor Porto (GCMP) foi desenvolvido pela Alzheimer Portugal, com o objetivo de
replicar neste concelho uma resposta local e pluridisciplinar de apoio s pessoas com demncia (PD) e seus
cuidadores, quer familiares, quer profissionais.
Neste mbito, realizou-se uma anlise prospetiva, por forma a calcular o retorno social por cada euro a
investir pelos financiadores e outras partes interessadas (stakeholders) na concretizao deste projeto. A
importncia da avaliao prende-se com a necessidade de verificar o real impacto do GCMP na vida das
pessoas e ainda credibilizar o modelo, por forma a permitir a replicao do conceito e o seu alastramento
geogrfico, com o apoio de novos parceiros que reconheam a sua utilidade social e lhe dem
sustentabilidade.
Com o envolvimento de diversos stakeholders, foram encontradas seis linhas de mudana, que espelham as
transformaes esperadas com a interveno:
O clculo do Retorno Social do Investimento (SROI) apresentou um resultado positivo de 4.47 por cada euro
investido (apenas com a quantificao, neste prottipo, das trs primeiras mudanas elencadas).
Esta avaliao permitiu concluir que o projeto ter, de facto, impacto na vida dos seus beneficirios, e
contribuir para uma sociedade inclusiva que conhea, respeite, d voz s pessoas com demncia,
garantindo uma prestao de cuidados de excelncia e a melhoria da sua qualidade de vida e a dos familiares
e profissionais que lhes prestam cuidados.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
Estima-se que em Portugal haja 182 mil pessoas com demncia (PD)1, sendo a Doena de Alzheimer a forma
mais prevalente. No havendo cura, os objetivos da interveno no farmacolgica consistem em potenciar
as capacidades cognitivas, funcionais e sociais das PD garantindo, assim, uma maior autonomia e melhor
qualidade de vida2. Por outro lado, importa criar respostas de apoio aos cuidadores familiares (CF) e
profissionais (CP), j que o ato de cuidar fsica, emocional e financeiramente exigente e o seu papel se altera
ao longo da doena, sendo necessrio apoio contnuo3.
Alzheimer Portugal (AP) tem como misso e objetivo melhorar a qualidade de vida das PD e dos seus
cuidadores, no respeito pelos direitos fundamentais liberdade e auto determinao, promovendo a sua
autonomia e envolvimento social. A AP tem vindo, desde 1988, a especializar-se na prestao de servios
especficos e conta com cerca de 10.000 associados. Sendo de mbito nacional, desenvolve a sua atividade
em 3 grandes reas: ajuda direta, formao e comunicao.
O projeto Cuidar Melhor (CM) visa incluir e promover os direitos das PD e apoiar e valorizar os cuidadores.
Oferece respostas personalizadas e de proximidade, sendo uma iniciativa da AP, Fundaes Montepio (FM) e
Calouste Gulbenkian (FCG), e ICS da Univ. Catlica Portuguesa, qual se associaram a Sonae Sierra, a Lusitnia
Seguros e os Municpios de Cascais, Oeiras e Sintra, onde funcionam os trs primeiros gabinetes CM. Um dos
objetivos alargar o mbito geogrfico, com a abertura de um quarto gabinete no Porto.
No municpio do Porto residem 55 mil pessoas com mais de 65 anos4 e estima-se existirem 4062 PD (1.71% da
populao)5. Considerando, pelo menos, um cuidador principal por doente, o universo potencial de 8124
pessoas, s quais se acrescentam os CF dos cuidados de sade primrios e hospitalares e dos equipamentos
sociais (lares, centros de dia e servio de apoio domicilirio) sediados no concelho.
No primeiro ano de atividade, prev-se que o Gabinete CM Porto (GCMP) impacte 110 CF e 80 CP. Prev-se
ainda intervir junto de 110 PD, diretamente ou indiretamente atravs dos seus cuidadores familiares. Para
alm dos beneficirios diretos do GCM, estima-se chegar a cerca de 1000 indivduos da comunidade, atravs
de aes de informao e sensibilizao.6
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
1. Informar, sensibilizar e aumentar os conhecimentos sobre a Linha telefnica de apoio e atendimentos presenciais
doena, contribuindo para um diagnstico precoce e subsequente Aes de Informao e Sensibilizao
interveno
2. Informar sobre os direitos das PD e procedimentos legais a adotar Consultas de apoio jurdico
aps o diagnstico e no decurso da doena
3. Criar uma rede de contactos para interveno integrada e Linha telefnica de apoio e atendimentos presenciais
encaminhar os cuidadores e as PD para as respostas sociais e outras Mapeamento institucional (Contactos e visitas a
existentes na comunidade instituies para identificao e articulao)
5. Formar cuidadores, por forma a contribuir para uma melhor Atividades formativas destinadas a cuidadores familiares
prestao de cuidados e profissionais
O espao temporal da presente anlise so as atividades previstas para o ano de 2016, com impacto
projetados em 2017 e 2018. Trata-se portanto de uma anlise SROI prospetiva, partindo de uma componente
avaliativa (com base na experincia j adquirida com os trs gabinetes CM em funcionamento). Espera-se
deste modo demonstar o retorno Social das atividades financiadas pela Fundao Montepio (FM) e Fundao
Calouste Gulbenkian (FCG).
1.2. STAKEHOLDERS
Em reunio de equipa, identificmos os stakeholders relevantes para o projeto, assim como as principais
mudanas que a abertura do GCM Porto poderia determinar para cada um.
De seguida, pondermos quais os stakeholders que deveriam ser includos na anlise SROI, em funo da
materialidade das mudanas (M), da sua relevncia para o stakeholder (R) e da sua significncia para a anlise.
Verificmos que, das diversas partes interessadas, algumas no poderiam ser includas na anlise, apesar da
materialidade, relevncia e significncia das mudanas, porquanto estamos perante uma avaliao
prototpica, com as condicionantes e limitaes inerentes, tais como falta de tempo e de recursos humanos e
materiais: SCMP7, Projeto Cuidar de Quem Cuida8, Instituies Carta Social do concelho Porto, DRSSN9 e DGS.
7 Santa Casa da Misericrdia do Porto - Instituio de referncia local na rea da interveno social e gerontolgica.
8 Projeto de interveno na rea das demncias de apoio a cuidadores implementado em 5 concelhos de Entre e Douro e Vouga e mais recentemente tambm na rea
metropolitana do Porto, com o objetivo atual de capacitar ONGs na interveno junto de cuidadores familiares http://www.cuidardequemcuida.com/
9 Direo Regional da Segurana Social do Norte
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Por outro lado, tambm no inclumos alguns stakeholders que, apesar da sua colaborao ser importante
para a anlise, no experienciam mudanas significativas: Dr. Celso Pontes (Neurologista e lder da Comisso
Cientfica da AP); Professor Doutor Antnio Leuschner (Psiquiatra, presidente do Hospital de Magalhes
Lemos e trabalha com a DGS10 para futuro Plano Nacional para as Demncias); Professor Doutor Alexandre
Castro Caldas (Neurologista e diretor ICS - UCP11, parceiro do projeto CM); e personalidades da sociedade
portuguesa que vivenciam esta problemtica.
Pessoas com Demncia S Beneficirios M:Capacitao, auto-estima, incluso social, melhoria dos cuidados
R:Melhoria da qualidade de vida. S:Imprescindveis para adequar respostas s
necessidades.
Voluntrios (Respostas S Prestam respostas de Alvio ao Cuidador .M:Cidadania Ativa R:Mais realizao
de Alvio) pessoal S:Iro prestar um dos servios do GCM Porto.
Fundao Montepio (FM) S Promotora e financiadora M:Maior reputao e visibilidade R:Retorno social dos
recursos investidos S:Investimento justifica a incluso.
10 DGS: Direo Geral de Sade. O Dr. Antnio Leuschner est mandatado pela DGS para preparar os trabalhos com vista implementao de um Plano Nacional para as
Demncias em Portugal.
11 ICS-UCP: Instituto de Cincias da Sade da Universidade Catlica Portuguesa.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Fundao Calouste S Promotora e financiadora M:Maior reputao e visibilidade R:Retorno social dos
Gulbenkian (FCG) recursos investidos S:Investimento justifica a incluso.
Direo Alzheimer S Promotora M:Nova resposta local R:Cumprimento da misso S:Ser a promotora
Portugal (AP) do projeto justifica a incluso.
Delegao Norte AP S Co-promotora do GCM M:Nova resposta local R:Cumprimento da misso S:Ser
co-promotora justifica a incluso.
Ao Social - Cmara S Representante do poder local na rea da Ao Social. Coordena a Rede Social
Municipal do Porto M:Possibilidade de encaminhamento para nova resposta local especfica
R:Alargamento da capacidade de resposta S:Essenciais para encaminharem PD e
cuidadores para GCM.
Os elementos da equipa que participaram neste processo foram: Catarina Alvarez, coordenadora do projeto
Cuidar Melhor, Marta Melo e Patrcia Moutinho da Delegao Norte da Alzheimer Portugal.
Para alm daqueles mtodos, conseguimos ainda auscultar e envolver interlocutores chave e especialistas
nesta rea, atravs da sua participao no Workshop Cuidar Melhor Diagnstico Social, que teve lugar a 4
de maio, na Fundao Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Alexandre Castro Caldas No Conversas informais e participao no Workshop Cuidar Melhor Diagnstico
Social
Pessoas com Demncia Sim Grupos Focais e Questionrios , atravs dos Cuidadores Familiares: (amostra de
convenincia)
Cuidadores profissionais Sim Entrevistas a chefias representativas dos cuidadores profissionais das reas da
sade (ACES Porto e Hospital de Magalhes Lemos) e social (Ao Social da
Cmara Municipal do Porto)
Juristas Voluntrios Sim Entrevista a uma jurista voluntria do Projeto Cuidar Melhor, Dra. Maria do
Rosrio Zincke dos Reis
Voluntrios (Respostas Sim Entrevista a uma voluntria do Projeto Cuidar Melhor, Ana Pimentel.
de Alvio)
Cuidados Hospitalares Sim Entrevista a Dr. Antnio Leuschner e Dra. Rosa Encarnao, Hospital Magalhes
Lemos
Mdicos Especialistas Sim Prof. Dr. Alexandre Castro Caldas, Dr. Celso Pontes, Prof. Dr. Antnio Leuschner
(Neurologistas e e Dra. Rosa Encarnao
Psiquiatras)
Entrevistas, conversas informais e participao no Workshop Cuidar Melhor
Diagnstico Social
FM Sim Entrevista a Representante sda Instituio (Dra. Paula Guimares e Dra. Vera
Sampaio) e participao no Workshop Cuidar Melhor Diagnstico Social
Direo AP Sim Entrevista ao Presidente e outros elementos da Direo (Eng. Carneiro da Silva,
Dr. Mrio Lopes, Dra. Manuela Morais, Dra. Leonor Guimares) e participao
no Workshop Cuidar Melhor Diagnstico Social
Ao Social CMP Sim Entrevista Presidente da Comisso Liquidatria (Eng Raquel Castello-Branco)
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
A tabela seguinte apresenta o tipo de recursos que cada stakeholder deve investir para tornar possvel a
abertura e funcionamento do GCMP, assim como o respetivo valor. Para os beneficirios deste projeto, PD, CP
e CF, os recursos investidos prendem-se essencialmente com o valor a pagar pelas atividades de que iro
beneficiar. Precisamente por este motivo, o tempo que despendem para frequentar estas atividades no tem
um valor monetrio atribudo.
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2.2. RESULTADOS
Aes
Consultas
Sesses
Consultas
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3. TEORIA DA MUDANA
A construo da teoria da mudana que vai sustentar a interveno do GCMP teve incio com a definio do
objetivo geral de longo prazo, isto , da resposta ao problema social que a demncia constitui em Portugal e,
em particular, no concelho do Porto e que se concretiza na viso do projeto: Uma sociedade inclusiva que
conhea, respeite, d voz s Pessoas com Demncia, garantindo uma prestao de cuidados de excelncia e
a melhoria da sua qualidade de vida e a dos familiares e profissionais que lhes prestam cuidados.
Partindo desta viso, o passo seguinte foi mapear as mudanas de curto, mdio e longo prazo que tm de se
verificar para a tornar numa realidade. Este processo foi feito pela equipa de trabalho de dois modos distintos:
atravs do mapeamento cronologicamente invertido das mudanas, ou seja, da viso para as atividades; e,
num segundo momento, inversamente, das atividades para a viso, passando pelas referidas mudanas. Esta
metodologia permitiu manter o foco no objetivo geral de longo prazo, sem esquecer as transformaes que
tero de ocorrer no terreno atravs da interveno do GCMP, tanto aquelas pelas quais o projeto diretamente
responsvel, como aquelas para as quais contribui.
A tabela seguinte sistematiza as mudanas de curto, mdio e longo prazo identificadas pela equipa de
trabalho, para cada uma das atividades acima mencionadas.
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Informao e Mais conhecimento sobre a Reconhecimento dos sinais de alerta Mais diagnsticos
Sensibilizao importncia do diagnstico Capacitao da PD e do cuidador atempados
Comunidade precoce para desencadear o processo Incluso das PD e
Compreenso das diferenas Valorizao das queixas junto do dos Cuidadores
entre envelhecimento e mdico de famlia
demncia
Mais encaminhamentos e
Mais conhecimento sobre os acompanhamento pelos mdicos
comportamentos das PD especialistas
Mais consciencializao sobre os Mais capacitao para compreender
preconceitos em torno do tema e lidar com PD
da demncia
Menor sentimento de medo e
Mais conhecimento sobre os repulsa relativamente s Demncias
direitos das PD e s pD
Reconhecimento e respeito pelos
direitos das PD
Aumento da rede de suporte
Reduo do abuso de poder
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Apoio Jurdico Mais conhecimentos sobre os Reconhecimento e respeito pelos Incluso das PD e
(Consultas) direitos das PD direitos das PD e limites de atuao dos Cuidadores
Mais conhecimentos sobre as dos cuidadores Mais autonomia
consequncias jurdicas e Reduo do abuso de poder das PD
procedimentos legais aps o Mais capacitao das PD e
diagnstico cuidadores para reivindicar direitos e
tomar decises sobre o futuro
Apoio Psicolgico Maior aceitao das limitaes Maior sentimento de apoio e Incluso das PD e
(Consultas) das PD e da realidade valorizao dos Cuidadores
Maior compreenso dos Menor sentimento de raiva, tristeza, Melhoria da
comportamentos das PD medo e frustrao prestao de
Mais consciencializao em Mais autoconfiana cuidados s PD
relao ao papel dos cuidadores Diminuio da vergonha social
e dificuldades do ato de cuidar
Menor sentimento de isolamento
Melhoria do equilbrio
Melhor relao cuidador/PD
emocional dos cuidadores
Bem-estar emocional
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Em resumo, a equipa chegou definio de 4 linhas de mudana: Melhores cuidados s PD; Mais diagnsticos
atempados; Incluso das PD e cuidadores; Mais autonomia das PD.
Eliminou-se uma quinta linha de mudana que havia sido identificada, de cariz poltico e designada por
Plano nacional para as Demncias, por considerarmos que a mesma no era quantificvel dados os escassos
meios e tempo de que dispunhamos para a realizao do trabalho.
A esta fase de reflexo, seguiu-se a ida ao terreno com o objetivo de validar a teoria da mudana de partida.
Para o efeito, vismos definir o perfil, as necessidades e as expectativas dos cuidadores e das PD, com vista a
fazer um primeiro retrato da situao atual em que se encontram e identificar as mudanas que estes
beneficirios diretos da nossa interveno consideram relevantes. Como muito difcil obter dados credveis
das prprias PD, optmos por chegar a esses resultados de forma indireta, auscultando os seus cuidadores
durante a realizao dos grupos focais e aplicao de questionrios.
Compreenso, sensibilidade, carinho, amor, tolerncia, Sentimento de culpa e de obrigao, frustrao/rejeio, peso da
estratgia, persuaso responsabilidade
Coragem, pacincia, calma, persistncia, bom humor, Solido, dificuldades de comunicao, depresso, deixar de ter
assertividade, maturidade, resistncia ao stress vida prpria
Capacidade de escuta, ateno, perspiccia, saber lidar com a Muito cansao, negligncia em relao ao autocuidado,
liberdade de escolha da PD, supervisionar os comportamentos sentimento de incompreenso e de desvalorizao
da PD
Certos comentrios ilustram bem algumas caractersticas elencadas, principalmente no que se refere
aceitao da situao, ao carinho e disponibilidade para o outro: Temos de estar sempre com mil olhos;
No devemos ter vergonha nem esconder a doena do nosso familiar porque os outros podem ajudar-nos;
A pessoa que era deixou de ser. Acabou. Fechou o ciclo!; H situaes bem mais complicadas.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Em paralelo, ressaltam a dificuldade e o peso da tarefa de cuidar e, por vezes, as questes subjacentes a uma
vida em comum, que tornam ainda mais difceis as situaes de crise: No h frias; Se vamos para algum
lado, a cabea nunca vai inteira; Ns no temos vida. Esquecemo-nos do marido, dos filhos, de ns;
Tomar decises no fcil. O peso emocional cai em cima de mim (sentimento de misso) ; Acabo por estar
s temos de ter pacincia; Amor incondicional com pai ou me, ok. Mas na relao entre cnjuges h
corte na relao, por isso difcil a aceitao com exigncia de tarefas, de fazer tudo; Eu no sinto amor,
afeto, porque ele rejeita.
Melhor conciliao entre o trabalho profissional e a obrigao de cuidar, mais compreenso das entidades patronais
Carinho, ateno, apoio emocional de familiares e amigos com capacidade para ouvir e ajudar a tomar decises,
Informao e formao dos cuidadores, familiares e profissionais, sobre a doena, sua evoluo, de como lidar com os
comportamentos das PD e o que existe como respostas da comunidade
Apoio na mediao de atos necessrios junto das instituies competentes (Ex. Segurana social)
Espao/tempo para si prprio, tempo para lazer, respostas de alvio para manuteno da sade mental
Uma das necessidades verbalizadas pelos CF foi a de partilhar experincias e ter uma rede de interajuda. No
entanto, no considermos esta necessidade como relevante para a anlise, uma vez que existem j respostas
neste sentido, como o Caf Memria e os Grupos de Suporte, a funcionar no Porto e que no cabem no
mbito do GCMP.
Apoio psicolgico (ajuda na aceitao e na gesto das emoes), menos stress para o cuidador, melhor/maior sade mental e
bem-estar, melhor qualidade de vida do cuidador
Mais informao e formao para o cuidador (ncora para dvidas), maior preparao para os desafios que vo surgindo, melhor
capacidade para lidar com a situao, orientao sobre estratgias de atuao (encontrar o caminho)
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Nos grupos focais tambm se afloraram as expectativas dos CF face criao de um GCM: Uma conversa
telefnica pode fazer toda a diferena; S o estar a desabafar j bom!; O projeto tem de ir mais para a
frente, fazer a certificao de instituies com especializao no trabalho com pessoas com demncia; O
Jlio de Matos tem equipa multidisciplinar para estimulao cognitiva x vezes por semana. O gabinete
poderia criar estes espaos.
De acordo com a viso transmitida pelos cuidadores por referncia s PD de quem cuidam, as suas
caractersticas variam de pessoa para pessoa e com o estdio da doena, assim como as suas necessidades.
Autoritarismo, desejo de autonomia, liberdade, independncia (no quer perder a capacidade de tomar decises);incompreenso
face s atitudes protetoras do cuidador
Perde coisas, esquecimentos, sem noo do valor do dinheiro, do tempo e espao, desorientao, repetitiva, dificuldades ao nvel do
raciocnio/lgica e em comunicar
Conscincia e vergonha das mudanas e dificuldades, negao do seu prprio estado, utilizao de estratgias para encobrir
limitaes e dificuldade em aceitar ajuda, isolamento, solido, sentimento de abandono, frustrao, vitimizao, tristeza e ausncia
de auto-estima
Muito emocional, desconfiada, agressiva, possessiva, ciumenta, egosta (virada para dentro), exigente com o cuidador, sente-se
gozada, perseguida e controlada pelos outros, tem medos e assusta-se com facilidade
Mudana radical de personalidade, de humor, de comportamentos em relao ao padro anterior, instabilidade, alheamento (vivem
num mundo que no o deles) mudam consoante as fases da doena
Perda de controlo, da noo do que conveniente do ponto de vista social (respostas mais sexualizadas)
Amor, afeto, carinho, toque, proximidade fsica Mais ocupao, maior interao social, mais convvio
Autonomia, independncia mas com controlo Mais aceitao de ajuda, melhor noo da sua situao
Reconhecimento pelos outros (identidade), Mais apoio, mais segurana e melhor qualidade de vida
compreenso, pacincia e ateno; Mais equilbrio emocional, menos agressividade, mais auto/
Sentimento de utilidade (terapia ocupacional) estima
Respostas para as suas dvidas Adiamento da progresso da doena, menor perda de
Orientao e referncias (casa, vida passada, famlia, autonomia
amigos, animais), rotinas, ambiente tranquilo Mais bem/estar
Convvio e atividades ldicas Melhor informao da sociedade para possibilitar alteraes
Apoio nas tarefas dirias nas pessoas,
Adaptao dos espaos por razes de segurana nas infra estruturas de apoio e nas leis
Cuidados adequados (bsicos e de sade), Estimulao
cognitiva
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
As principais concluses retiradas desta teoria da mudana inicial do GCMP foram a s seguintes:
A teoria da mudana final contempla todas as mudanas identificadas partida, modificadas nalguns
aspectos, e novas mudanas referidas pelos stakeholders envolvidos. Foram definidas seis grandes linhas de
mudana de longo prazo: (1) Capacitao dos cuidadores para prestar melhores cuidados s PD; (2) Bem-
Estar emocional do cuidador; (3) Qualidade de vida da PD; (4) Diagnsticos mais atempados; (5) Valorizao
da resposta e financiamento pelo Estado e (6) Plano Nacional para as Demncias.
As trs primeiras linhas iro diretamente afetar a vida dos beneficirios deste projeto: PD, CF e CP. As restantes,
que resultaram das posies dos stakeholders financiadores, promotores e profissionais das reas da sade e
social, assumem papel de relevo, mas no so passveis de concretizao num ano ou mesmo em trs. Alm
disso, constituem mudanas que tm de envolver outros agentes, como a classe mdica e os decisores
polticos, pelo que no podero ser quantificadas e includas nesta anlise.
Aquelas linhas de mudanas descritas vo, em conjunto, permitir encontrar o caminho para chegar
visodeste projeto.
Apresentamos de seguida os diagramas que demonstram o caminho de cada uma das mudanas de longo
prazo includas na anlise de impacto (v. mapa de impacto), partindo das atividades do projeto.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
BEMESTAR EMOCIONAL
DO CUIDADOR
VISO
QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA
COM DEMNCIA
Uma sociedade inclusiva
que conhea, respeite, d voz
Encontrar o caminho... s Pessoas com Demncia,
garantindo uma prestao
de cuidados de excelncia
e a melhoria da sua qualidade
DIAGNSTICOS
MAIS ATEMPADOS
de vida e a dos familiares
e profissionais que lhes
prestam cuidados
VALORIZAO DA RESPOSTA E
FINANCIAMENTO PELO ESTADO
PLANO NACIONAL
PARA AS DEMNCIAS
Das atividades formativas e do atendimento a realizar pelo GCMP resultaro mudanas que afetam
positivamente os cuidadores, familares e profissionais das PD e, mesmo, o ACES Porto. O maior conhecimento
e consciencializao sobre a doena e sobre o papel dos cuidadores, bem como dos seus limites, permitir
levar a uma maior qualificao das instituies e ao aumento da utilizao de estratgias para lidar com as
PD, determinando a capacitao dos cuidadores para prestar melhores cuidados.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
ATENDIMENTO
Linha telefnica de
apoio e presencial
Maior consciencializao da BEMESTAR
necessidade de ajuda EMOCIONAL DO
CUIDADOR
Novo interlocutor especfico e
prximo adequado para informar Maior consciencializao da Mais acompanhamento
e apoiar necessidade de informao personalizado
Encaminhamento para as
APOIO ATIVIDADES respostas sociais
PSICOLGICO FORMATIVAS Menor sentimentos de
Consultas raiva, tristeza, medo e
frustrao dos cuidadores
Diminuio da
Maior suporte Mais autoconfiana
vergonha social dos
emocional e autoestima
Reconhecimento cuidadores
da realidade e Maior aceitao das Melhoria da relao
das necessidades e limitaes das PD e do cuidador/PD
dificuldades dos papel dos cuidadores Melhoria da
cuidadores Aumento da utilizao satisfao no
Diminuio da
de estratgias para desempenho da
sobrecarga
Menor sentimento de lidar com a sobrecarga tarefa de cuidar de
INFORMAO E excluso, inutilidade e uma PD
SENSIBILIZAO isolamento
COMUNIDADE
Mais capacitao
Mais para compreender
Mais Compreenso e lidar com PD
consciencializao
conhecimento das diferenas Aumento da rede
sobre os Integrao social
sobre os entre de suporte familiar
preconceitos em dos cuidadores
comportamentos envelhecimento Menor sentimento e comunitria
torno do tema da
das PD e demncia de medo e repulsa
demncia
relativamente s
demncias e s PD
Mais tempo livre
A segunda mudana de longo prazo, o bem-estar emocional do cuidador, contm trs caminhos paralelos,
consoante se analisem os efeitos das atividades do GCMP dirigidas diretamente aos cuidadores (atendimento,
apoio psicolgico e atividades formativas) ou se parta das aes dirigidas comunidade para sua informao
e sensibilizao ou, ainda, se olhe para as respostas de alvio ao cuidador familiar (CF).
No primeiro caso, todas as mudanas perspetivadas vo convergir para a desejada melhoria da relao do
cuidador com a PD, enquanto que a segunda linha de mudana conduzir integrao social dos cuidadores
e, da, tambm melhoria da relao com o cuidador. O mesmo resulta das respostas de alvio, que deixando
mais tempo livre para os cuidadores, levam sua maior integrao social.
24
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APOIO JURDICO Mais capacitao das PD para Tomada de deciso sobre o Mudana negativa:
Consultas reivindicar direitos e tomar planeamento do futuro das PD potencial conflitos entre
decises sobre o seu futuro (testamento vital) cuidadores e PD
Mais conhecimento
ATENDIMENTO sobre os direitos,
Linha telefnica consequncias Reconhecimento e respeito
de apoio e jurdicas e pelos direitos das PD
presencial procedimentos legais
aps o diagnstico
Potenciao do
ESTIMULAO Adiamento da evoluo dos Mais autonomia das
desempenho
COGNITIVA sintomas pessoas com demncia
cognitivo e funcional
Consultas
das PD
Maior ocupao
Mudana negativa:
angstia derivada do
confronto com as
limitaes atuais e com Maior interao social Menor isolamento Maior bem-estar emocional
o futuro
INFORMAO E
SENSIBILIZAO
COMUNIDADE
A terceira mudana material para a presente anlise, a qualidade de vida da PD, contempla trs caminhos
paralelos, quantificados de forma distinta no mapa de impacto: dimenso jurdica, desempenho cognitivo e
funcional e bem-estar emocional. As atividades apoio jurdico, atendimento e atividades formativas
contribuem, em conjunto, para a maior autonomia da PD numa vertente jurdica. A estimulao cognitiva
leva tambm a uma maior autonomia, desta vez relacionada com o seu desempenho cognitivo e funcional.
Por ltimo, a informao e sensibilizao contribui para uma melhoria do bem-estar emocional das PD.
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4. PROVAS E VALOR
As mudanas que constam do mapa de impacto respeitam aos beneficirios diretos deste projeto e, para
cada uma, definimos os indicadores que permitem medir a quantidade de mudana. De seguida, formulmos
uma questo por indicador e construmos os questionrios para aplicar numa segunda ida ao terreno.
Todas as questes foram concebidas tendo em conta dois momentos para avaliar a distncia percorrida:
momento atual (T0) e previso de mudana aps um ano de interveno do GCMP (T1).
Objetivo: N horas formao certificada, que inclua o tema das DGERT / Workshops e Formao
CAPACITAO PARA A estratgias para lidar com PD Alzheimer Portugal
PRESTAO DE
MELHORES CUIDADOS Subjetivo: Auto-percepao da capacidade para prestar
Auto-elaborada
melhores cuidados
Para a mudana Aumento do bem-estar emocional, o indicador objetivo foi selecionado tendo em conta
estudos que referem a existncia de nveis elevados de depresso e ansiedade nos cuidadores de PD12, sendo
que a toma de medicao para aliviar estes sintomas poder comprovar a necessidade de mudana. O
indicador subjetivo foi definido tendo em conta um construto largamente utilizado para auto-avaliao do
bem-estar emocional dos cuidadores, corroborado pelos prprios nos grupos focais, na medida em que
identificaram nveis elevados de sobrecarga.13
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Para a Capacitao para a prestao de melhores cuidados, o indicador objetivo resulta do facto de ser
aquele que, segundo a AP entidade formadora acreditada pela DGERT , melhor traduz a aquisio e
aplicao de conhecimentos. Para o efeito, foi elaborada uma escala que teve em conta o nmero de horas
de cada tipo de atividade formativa da AP, de acordo com o nvel de aprofundamento do tema14. O indicador
subjetivo baseia-se na auto perceo dos cuidadores sobre a sua competncia para exercer o papel de
cuidador, ou seja, na sua auto-eficcia15.
Tal como para os CF, a literatura tambm aponta para elevados nveis de ansiedade, depresso e sobrecarga
nos CP 16, justificando-se, assim, a utilizao do mesmo indicador para medir o Aumento do bem-estar
emocional. Por sua vez, o indicador subjetivo pretende avaliar o nvel de satisfao de cada um com o
desempenho das suas funes de cuidador, sendo que a literatura reconhece a relao entre a satisfao no
trabalho e o bem-estar emocional17.
14 As aes de informao tm durao at 2 horas, os workshops tm durao de 3 a 6 horas, as aes de formao bsica duram entre 7 e 12 horas, e as formaes com
contedos mais aprofundados tm mais de 12 horas.
15 Mullan, M. A. & Sullivan, K. A. (2015)
16 Alzheimers Disease International (2013)
17 Gurkov E.,C P J., iakov K. & D Uriskov M. (2012)
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QUALIDADE DE VIDA
Objetivo: N de atividades do dia-a-dia em que necessria a
(desempenho cognitivo e Auto-Elaborada
interveno do cuidador
funcional das PD)
QOLADVerso Portuguesa
Subjetivo: Percepo dos cuidadores sobre a deteriorao das com novas questes sobre
capacidades cognitivas e funcionais da PD direitos das PD e nova questo
sobre bem-estar
QUALIDADE DE VIDA
Objetivo: Frequncia de contactos sociais semanais das PD
(bem-estar emocional) Auto-Elaborada
Subjetivo: Nvel de bem-estar emocional das PD
No que se refere s PD, a mudana Qualidade de Vida apresenta diferentes indicadores consoante a rea
da vida a que se refere:
Para a dimenso jurdica, o indicador objetivo foca-se na deciso de realizar um Testamento Vital, uma
vez que este um instrumento jurdico que perspetiva decises para o futuro, sendo este um forte
indicador de que este stakeholder ter os seus direitos salvaguardados e reconhecidos.
semelhana do que praticado em contexto clnico de avaliao para o desempenho cognitivo e
funcional, o indicador objetivo pretende avaliar o nmero de atividades do dia-a-dia nas quais
necessria a interveno do cuidador, dado a PD no as conseguir desempenhar autonomamente. O
indicador subjetivo pretende, por sua vez, classificar a percepo geral pelos cuidadores da
deteriorao cognitiva e funcional das capacidades das PD para desempenhar autonomamente as
suas tarefas.
Para o bem-estar emocional, o indicador objetivo assenta na vertente da incluso social, na medida
em que a interao com os outros se tem revelado de grande importncia para as PD18. O indicador
subjetivo, por sua vez, assenta na perceo do CF sobre o nvel de bem-estar da PD.
18 Interactions with others, especially family members and friends who can offer emotional and practical support, are very important for people with dementia. It can be
helpful for people other than the main carer to spend time with the person to do something they both enjoy. There are benefits to engaging other people, such as giving
the main carer a break and allowing them to recharge their batteries. It gives the person with dementia more varied interaction and more social opportunities, which can
lead to improved wellbeing. (Alzheimers Society, 2013)
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Aps a aplicao e anlise dos questionrios, foi possvel chegar quantificao das mudanas atravs da
comparao entre o tempo inicial (T0), ou seja, situao em que se encontram os stakeholders neste momento
relativamente s mudanas identificadas e o tempo futuro (T1), ou seja, onde esperam estar depois de um
ano interveno do GCMP.
As tabelas abaixo expressam os resultados obtidos para cada uma das mudanas e para cada um dos
stakeholders.
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* Optmos por no considerar na nossa anlise o indicador objetivo desta mudana, uma vez que no T0 apenas 2.34% dos CP assumem tomar medicao para a depresso e/
ou ansiedade. Este valor reduzido pode estar relacionado com o facto dos inquiridos no assumirem em contexto profissional que tomam medicao ou no associarem a
toma exclusivamente ao seu papel de cuidador, apesar de a literatura e as entrevistas a chefias destes cuidadores nos indicarem o oposto.
* Este indicador no foi includo na anlise, uma vez que, ao contrrio do que seria expectvel, demonstra uma reduo de 5% na frequncia dos contactos sociais no T1. Tal,
dever-se-, segundo a nossa opinio, ao facto de o indicador ter sido interpretado pelos CF, no como quantificando uma deteriorao do bem-estar da PD, mas como um
afastamento progressivo do ncleo familiar e social, ainda no capacitado para lidar com a problemtica e a evoluo negativa da doena.
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4.2. DURAO
A durao das mudanas tempo at onde se estendem os efeitos de uma atividade aps a interrupo do
projeto foi definida atravs da aplicao de questionrios aos beneficirios diretos (foi colocada uma
pergunta por cada mudana, sendo que para todas a escala de resposta expressava 5 opes temporais).
Para no induzir os inquiridos a responder que sentiriam mudana, foi inserida uma opo de resposta para a
no existncia de mudana.
De modo a quantificar a durao da mudana de uma forma anualizada, a escala foi convertida, assumindo
os valores expressos na tabela abaixo.
Menos de um ms 1.25
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Para cada uma das mudanas a ser includa no mapa de impacto desta avaliao SROI, foi necessrio definir
as respetivas fontes de valorao ou monetizao das mudanas e as fontes de informao onde encontrmos
as aproximaes financeiras. A tabela infra apresenta cada uma das aproximaes financeiras, num valor
correspondente a uma pessoa por ano, que traduz uma alternativa para alcanar a mesma mudana sem a
interveno do GCMP.
CUIDADORES BEM-ESTAR EMOCIONAL Consulta de apoio psicolgico 1.370,42 Mental health service
FAMILIARES para depresso e ansiedade costs per individual
(anxiety and
depression) 1
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PESSOAS COM QUALIDADE DE VIDA Honorrios e Despesas de 2.315,00 Dra. Maria do Rosrio
DEMENCIA (dimenso jurdica) Tribunal inerentes ao processo Zincke dos Reis -
de interdio Advogada 4
No que se refere aos CF, as aproximaes financeiras foram escolhidas tendo por base o seguinte:
Mudana bem-estar emocional: valor apresentado no estudo Mental health service costs per
individual (anxiety and depression) pela The SROI Network, retirado do Global Value Exchanche para
consultas de apoio psicolgico. Este tipo de resposta o mais adequado para alcanar a mesma
mudana.
Mudana capacitao para a Prestao de Melhores Cuidados: valor de uma consulta mdica de
especialidade por ms, por ser um meio habitual para os cuidadores retirarem dvidas sobre como
lidarem com as PD. O valor de 915 euros foi alcanado atravs de um clculo de 12 consultas por ano,
tendo por base uma mdia de valores de consultas de psiquiatria e neurologia (76.25 euros).
No que concerne os CP, as aproximaes financeiras basearam-se em:
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Para as PD, as aproximaes financeiras tiveram por base, no que se refere a cada uma das dimenses da
mudana qualidade de vida, as seguintes:
Dimenso jurdica: custos inerentes a um processo de interdio, como forma de garantir o respeito
pelos direitos das PD. Foram tidos em conta os custos do processo judicial e dos honorrios do
advogado, sendo o valor apresentado o mais elevado de todas as aproximaes financeiras. No
entanto, consideramos que tal no sobrevaloriza a nossa anlise, na medida em que se tivssemos
tido a oportunidade de pedir s pessoas que atribussem um valor salvaguarda dos seus direitos
mais elementares, este seria decerto considervel.
Desempenho cognitivo e funcional das PD: custo mdio de mercado de cada sesso de estimulao
cognitiva (incluindo a avaliao inicial), como forma clinicamente comprovada de contribuir para
adiar a deteriorao do desempenho das PD, num total de 47 sesses num ano;
Bem-estar emocional: custo de realizao de uma atividade semanal na comunidade, com o
acompanhamento de uma auxiliar de ao direta, durante 47 semanas. Esta escolha constitui uma
alternativa realista que proporciona o envolvimento social e sentimento de incluso das PD e que,
consequentemente, aumenta o seu bem-estar emocional.
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5.1. ATRIBUIO I
Realizou-se um grupo focal para discutir e quantificar a percentagem de mudana que poderia ocorrer sem a
interveno do GCMP. Os valores da tabela espelham a mdia ponderada atribuda pela coordenao do
projeto, tcnicas envolvidas na anlise SROI e direo da AP, sendo que o questionrio para quantificao
das mudanas contemplou o cenrio sem GCMP, mas considerando apoios j existentes (ex:famlia), razo
pela qual os valores so residuais..
35
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5.2 ATRIBUIO II
Os valores da atribuio do tipo II, isto , a percentagem de mudana que poder ser atribuda a outras
entidades para alm do GCMP (atribuio do tipo I), foram definidos atravs da metodologia referida no
ponto anterior. A tabela abaixo espelha a mdia dos descontos atribudos pelos vrios elementos do grupo
focal.
CUIDADORES AUMENTO NO BEM-ESTAR 10,5% Uma pequena percentagem dos CF poderia recorrer a
FAMILIARES EMOCIONAL consultas de apoio psicolgico, ainda que este no seja
um recurso frequentemente utilizado neste contexto.
CUIDADORES AUMENTO NO BEM-ESTAR 15% Uma pequena percentagem dos CP poderia recorrer a
PROFISSIONAIS EMOCIONAL consultas de apoio psicolgico, ainda que este no seja
um recurso frequentemente utilizado neste contexto.
PESSOAS COM AUMENTO NA QUALIDADE 4,25% Uma pequena percentagem das PD, desde que se
DEMENCIA DE VIDA (dimenso jurdica) encontrem numa fase inicial da doena, podero
recorrer ao apoio de juristas para efetuar o seu
testamento vital e alguns dos CF podero iniciar um
processo de interdio, sem interveno do GCMP.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Debatemos tambm no referido grupo focal a reduo do valor de cada mudana, no ano seguinte ao da
interveno do GCMP. As mudanas com reduo menor esto relacionadas com a dimenso jurdica da
qualidade de vida (PD) e a capacitao (CF e CP); em oposio, o desempenho cognitivo e funcional ter uma
taxa elevada de reduo, dadas as consequncias imediatas da interrupo da interveno com as PD.
CUIDADORES BEM-ESTAR 50% Interrompendo o apoio e suporte aos CF, o seu nvel de
FAMILIARES EMOCIONAL sobrecarga tender a aumentar, afetando o seu bem-estar
emocional, j que deixaro de ter um apoio contnuo e
adequado a enfrentar cada estadio da doena.
CUIDADORES BEM-ESTAR 50% Interrompendo o apoio e suporte aos CP, o seu nvel de
PROFISSIONAIS EMOCIONAL sobrecarga tender a aumentar e o seu grau de satisfao
no trabalho tender a diminuir, afetando o seu bem-estar
emocional., j que deixaro de ter um apoio adequado
para lidar com as PD de quem cuidam e com os novos
desafios que lhes so diariamente colocados.
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PESSOAS COM QUALIDADE DE VIDA 10% Caso seja elaborado um testamento vital ou concludo um
DEMNCIA (dimenso jurdica) processo de interdio, o valor da mudana permanece
inalterado, na medida em que os direitos das PD j esto
salvaguardados perante a lei. Nos casos em que no forem
levados a cabo os referidos procedimentos, a informao
sobre estes temas perdurar no tempo na grande maioria
dos casos.
5.4. DESLOCAO
O referido grupo focal concluiu que o valor da deslocao para todas as mudanas e para todos os stakeholders
de 0%. Este valor deve-se ao facto de considerarmos no existir qualquer consequncia negativa decorrente
da atuao do GCMP para qualquer entidade externa ou para o prprio meio envolvente.
O mapa de impacto comea por apresentar, em relao a cada um dos stakeholders includos na anlise, o
valor que investe para o primeiro ano de funcionamento do GCMP.
Encontram-se, ainda, referidas as mudanas correspondentes aos restantes stakeholders identificados mas
que, pelos motivos j referidos na teoria da mudana, no foram quantificadas.
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A avaliao do impacto social do GCMP demonstrou-nos que o valor atual lquido total para os trs anos em
anlise de 202 557.65 e o valor de investimento de 157 290.20, sendo o retorno social (SROI) por cada 1
investido de 4.47 .
Atravs da anlise de sensibilidade, testmos a robustez do valor do SROI do nosso projeto, com o objetivo
de procurar perceber as suas eventuais fragilidades e traar diferentes cenrios para situaes em que os
resultados efetivamente alcanados no coincidam com o inicialmente previsto.
A tabela abaixo demonstra um primeiro cenrio pessimista, em que diversos parmetros do mapa de impacto
pudessem sofrer alteraes. Com a consolidao de todos os prametros escolhidos, a anlise demonstraria,
ainda assim, um retorno positivo de 2,61 por cada 1 a investir no futuro GCMP.
CENRIO PESSIMISTA
Aumento da Atribuiao II em Aumento de 3,97 Podero surgir no local mais respostas de apoio s PD e seus
todas as mudanas 10 pontos cuidadores, que prestem servios idnticos aos do GCM Porto.
percentuais
Reduo do valor de Reduo de 3,80 Tendo em conta, por um lado, que esta a nossa aproximao
aproximao financeira 30% financeira mais elevada e que, por outro, poder no estar ao
mudana AUMENTO NA alcance de toda a populao, consideramos a hiptese de
QUALIDADE DE VIDA (dimenso reduzir de forma significativa este valor (embora acreditemos
jurdica) das PD que o valor ser sempre elevado para qualquer pessoa, uma vez
tratar-se da sua autonomia e defesa dos seus direitos).
Reduo do nmero total de Reduo de 3,55 Consideramos a hiptese de, por vrios constrangimentos que
beneficirios e dos recursos 10% possam surgir, no conseguirmos atingir a populao prevista.
investidos por estes beneficirios Por isso, reduzimos o nmero de beneficirios, assim como o
(PD, CF e CP) valor por estes investido para a realizao das atividades pagas.
Aumento da Atribuiao I em Aumento de 3,19 * O formato dos questionrios aos CF e CP obrigou a uma anlise
todas as mudanas 10 pontos pelos prprios da atribuio I, na medida em que tiveram de
percentuais avaliar o T0 e o T1 depois de um ano de funcionamento do GCM
Porto, razo pela qual os descontos da nossa anlise traduzem
valores muito pequenos. No entanto, por forma a criar um
cenrio pessimista e testar a sensibilidade do SROI, consideramos
a hiptese de aumentar o valor dos descontos.
Reduo da DP da mudana Reduo de 3,19 1 Tendo em conta que esta uma das mudanas com maior
Capacitao para a prestao 30% impacto, consideramos o cenrio negativo de reduzir
de melhores cuidados dos CP fortemente a sua quantidade.
Reduo da DP da mudana Reduo de 2,91 Tendo em conta que esta uma das mudanas com maior
Capacitao para a prestao 30% impacto, consideramos o cenrio negativo de reduzir
de melhores cuidados dos CF fortemente a sua quantidade.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
CENRIO PESSIMISTA
Aumento do investimento dos Aumento de 2,73 Considermos a hiptese de ser necessrio aumentar os preos
beneficirios diretos (PD, CF, CP) 20% dos servios prestados pelo GCM Porto, o que se traduziria num
aumento do investimento por parte das CP, CF e CP.
Aumento do investimento dos Aumento de 2,61 Considermos a hiptese de ser necessrio um aumento do
financiadores 10% financiamento do projeto, por eventuais custos acrescidos no
contemplados na anlise
* A reduo em 30% da distncia percorrida da mudana relacionada com a capacitao dos CP no causa praticamente alterao no SROI, passando de 3,192, para 3,188 o
que, arredondado, se mantm nos 3,19. Este facto poder dever-se ao valor reduzido da aproximao financeira desta mudana, escolhida precisamente com o objetivo
de no a inflacionar e, consequentemente, no sobrevalorizar o impacto do projeto.
Verificmos, com este primeiro teste de sensibilidade que, de facto, a anlise SROI do GCM Porto robusta,
mantendo um valor positivo, mesmo num cenrio pessimista. Procurmos, face a este resultado, ir ainda mais
longe, traando um cenrio ultra-pessimista, na tentativa de perceber o que que, no global, teria de
acontecer para que o SROI chegasse a um valor limite de 1 de retorno por cada 1 investido.
A tabela abaixo apresenta este cenrio. Da sua anlise podemos concluir que, mesmo com todos os
parmetros identificados com hipteses negativas bastante acentuadas, o SROI do GCMP no chega a atingir
o limite, apresentando neste cenrio um valor de 1,49 por cada 1 investido.
Aumento da Atribuiao II em todas as Aumento de 20 3,46 Podero surgir no local mais respostas de apoio
mudanas pontos s PD e seus cuidadores, que prestem servios
percentuais idnticos aos do GCM Porto.
Reduo do valor de aproximao financeira Reduo de 3,22 Tendo em conta, por um lado, que esta a nossa
mudana AUMENTO NA QUALIDADE DE 50% aproximao financeira mais elevada e que, por
VIDA (dimenso jurdica) das PD outro, poder no estar ao alcance de toda a
populao, consideramos a hiptese de reduzir
de forma significativa este valor (embora
acreditemos que o valor ser sempre elevado
para qualquer pessoa, uma vez tratar-se da sua
autonomia e defesa dos seus direitos).
Reduo do nmero total de beneficirios e Reduo de 2,76 Consideramos a hiptese de, por vrios
dos recursos investidos por estes 20% constrangimentos que possam surgir, no
beneficirios (PD, CF e CP) conseguirmos atingir a populao prevista. Por
isso, reduzimos o nmero de beneficirios, assim
como o valor por estes investido para a realizao
das atividades pagas.
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GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
Aumento da Atribuiao I em todas as Aumento de 20 2,20 O formato dos questionrios aos CF e CP obrigou
mudanas pontos a uma anlise pelos prprios da atribuio I, na
percentuais medida em que tiveram de avaliar o T0 e o T1
depois de um ano de funcionamento do GCM
Porto, razo pela qual os descontos da nossa
anlise traduzem valores muito pequenos. No
entanto, por forma a criar um cenrio pessimista e
testar a sensibilidade do SROI, consideramos a
hiptese de aumentar o valor dos descontos.
Reduo da DP da mudana Capacitao Reduo de 2,16 Tendo em conta que esta uma das mudanas
para a prestao de melhores cuidados dos 50% com maior impacto, consideramos o cenrio
CP negativo de reduzir fortemente a sua quantidade.
Reduo da DP da mudana Capacitao Reduo de 1,82 Tendo em conta que esta uma das mudanas
para a prestao de melhores cuidados dos 50% com maior impacto, consideramos o cenrio
CF negativo de reduzir fortemente a sua quantidade.
Aumento do investimento dos beneficirios Aumento de 1,63 Considermos a hiptese de ser necessrio
diretos (PD, CF, CP) 40% aumentar os preos dos servios prestados pelo
GCM Porto, o que se traduziria num aumento do
investimento por parte das CP, CF e CP.
Aumento do investimento dos financiadores Aumento de 1.49 Considermos a hiptese de ser necessrio um
20% aumento do financiamento do projeto, por
eventuais custos acrescidos no contemplados na
anlise
Retorno aps alterao nos parmetros crticos para gerar rcio de 1: 1,49
Por ltimo, procurmos ainda desenhar um cenrio otimista, em que os resultados seriam mais positivos do
que os esperados e avaliados na anlise SROI.
Alterando o conjunto de parmetros com as hipteses constantes da tabela infra, o GCMP passaria a ter um
valor de retorno social do investimento de 5,28 por cada 1 investido.
41
GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
CENRIO OTIMISTA
Aumento da Q de Aumento de 4,78 Atendendo a que esta mudana foi avaliada de forma indireta pelos
mudana AUMENTO NA 20% cuidadores familiares e considerando a experincia adquirida da
QUALIDADE DE VIDA equipa do Projeto Cuidar Melhor no terreno, consideramos que pode
(bem-estar emocional) das estar sub-avaliada
PD
Aumento da Aproximao Aumento de 5,04 A escolha da aproximao financeira baseou-se nos custos da
Financeira para a mudana 20% formao praticados pela AP, os quais so muito abaixo do preo de
Capacitao para a mercado, por forma a no sobrevalorizar a mudana.
prestao de melhores
cuidados dos CF
Aumento da Q de Aumento de 5,16 Atendendo a que esta mudana foi avaliada de forma indireta
mudana AUMENTO NA 20% peloscuidadores familiares e considerando que a amostra era
QUALIDADE DE VIDA maioritariamente constituda por cuidadores de pessoas com
(dimenso jurdica) das PD demncia em fases mais avanadas da doena, entende-se que,
conseguindo atuar junto de pessoas em fases iniciais, a quantidade
de mudana pode ser maior, na medida em que a pessoa ainda
estar em condies de tomar decises sobre o seu futuro.
Aumento da Aproximao Aumento de 5,28 A escolha da aproximao financeira baseou-se nos custos da
Financeira para a mudana 40% formao praticados pela AP, os quais so muito abaixo do preo de
Capacitao para a mercado, por forma a no sobrevalorizar a mudana. Consideramos
prestao de melhores que, no caso dos CP, uma vez que o valor da Aproximao Financeira
cuidados dos CP para esta mudana era o mais baixo de todo o nosso SROI, a
mudana tem de facto um valor superior para este stakeholder,
representando tambm a sua evoluo profissional.
42
GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
Esta avaliao comprovou a utilidade social, viabilidade e sustentabilidade da criao de um Gabinete Cuidar
Melhor na cidade do Porto (GCMP) e permite concluir que este projeto ir dar resposta a vrias necessidades,
tanto das pessoas com demncia (PD), quanto dos seus cuidadores (CF e CP) e mesmo da comunidade local.
Avaliadas as mudanas para os beneficirios diretos, o retorno social do investimento apresenta um valor de
4.47 por cada 1 investido. Mesmo sujeito a dois testes de sensibilidade com cenrios negativos, o valor
manteve-se positivo, sempre acima do limite mnimo de 1:1, o que corrobora a importncia desta
interveno e valida o seu modelo.
No grfico abaixo, verifica-se que, para as PD, o retorno social do GCMP representa cerca de 50% do retorno
global do projeto, seguindo-se os CF com 41.5% e os CP com 6.8%. Estes valores expressam o cumprimento
do objetivo do GCMP de contribuir para uma melhoria da qualidade de vida das PD e para a capacitao e
bem-estar emocional dos seus cuidadores.
Analisando o grfico seguinte, que apresenta o retorno social por cada uma das mudanas em relao a cada
stakeholder, constata-se que, no obstante o retorno global das mudanas que iro afetar diretamente as PD
ser o mais elevado (51.7%), a mudana capacitao para a prestao de melhores cuidados para os CF , por
si s, a que apresenta uma percentagem maior (29.4%). Em contrapartida, o valor de retorno social das
mudanas para os CP assume valores mais reduzidos, o que se pode atribuir ao facto de as aproximaes
financeiras terem sido escolhidas com a preocupao de no sobrevalorizar o projeto, j que no foi possvel
consultar estes stakeholders sobre o valor que atribuiriam s mesmas.
52+41+7
RETORNO SOCIAL POR STAKEHOLDER
43
GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
No que respeita quantidade de mudana para cada um dos stakeholders, verifica-se que a maior fatia
corresponde aos CP, em oposio ao que acontece no retorno social, tal como referido, devido ao valor
reduzido das aproximaes financeiras escolhidas para estas mudanas. A capacitao para a prestao de
melhores cuidados para estes profissionais representa 27% e o bem-estar emocional 14%, totalizando
41% do conjunto das mudanas obtidas.
Assim sendo, constata-se que este projeto tem uma mais-valia significativa tambm para este stakeholder,
nomeadamente no respeita ao aumento da sua capacitao. Alis, verifica-se que esta mudana tambm a
que, para os cuidadores familiares, maior quantidade apresenta.
12+29+34142018
RETORNO SOCIAL POR MUDANA E POR STAKEHOLDER
Para as PD, a quantidade de mudana totaliza 23%, percentagem inferior s dos cuidadores, mas que deve
ser valorizada no difcil quadro progressivo que a doena lhes inflige no seu dia-a-dia. Por outro lado, uma
vez que se trata da sua qualidade de vida, cujo valor dificilmente estimvel, por mais pequena que uma
mudana possa ser, tem um grande impacto na vida destas pessoas. Compreende-se, portanto, que o retorno
social seja, como referido anteriormente, o mais elevado.
Todos os dados apresentados permitem concluir que o GCMP ter um impacto bastante positivo na vida
tanto das PD, quanto dos seus cuidadores. No entanto, h que referir as diversas limitaes que influenciaram
o desenvolvimento deste trabalho: reduzido tempo concedido para realizao da anlise SROI; disponibilidade
a tempo parcial da equipa; dificuldade em envolver os beneficirios diretos da interveno, tendo em conta
os constrangimentos que vivenciam no dia-a-dia enquanto cuidadores; possvel enviesamento dos dados
relativos s PD, auscultadas atravs dos CF; dificuldade de acesso aos CP em tempo til; amostra dos CF
maioritariamente constituda por pessoas cujos familiares com demncia se encontram em fase avanada da
doena, o que determinou uma menor representatividade em algumas das respostas; por constrangimentos
de tempo, no foi possvel consultar os beneficirios sobre o valor a atribuir s mudanas que vo
experimentar; falta de experincia na construo dos questionrios para a quantificao das mudanas, o
que originou algumas dificuldades de compreenso por parte dos inquiridos e, por fim, nem todas as
mudanas identificadas na teoria da mudana foram quantificadas, pelo que esta anlise representa apenas
uma parte do potencial de todo o projeto. Embora de forma menos direta, o projeto pode vir a ter repercusso
nas linhas de poltica que urge implementar na rea das demncias em Portugal.
44
GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
8+28+14274910
QUANTIDADE DE MUDANA
Contudo, h que salientar a importncia que revestiu este trabalho de anlise e avaliao de uma resposta a
implementar pela Alzheimer Portugal, com o envolvimento e apoio inestimvel de diversos parceiros. Com
efeito, permitiu a obteno de dados concretos que demonstram a validade do trabalho que se tem vindo a
desenvolver, ao mesmo tempo que lana as bases para o futuro alastramento geogrfico dos GCM,
possibilitando a novos investidores reconhecer o valor do projeto.
A capacitao da prpria equipa que levou a cabo a anlise SROI outro elemento de grande relevo, uma vez
que, no s garantiu a aquisio de novos conhecimentos e ferramentas, como tambm poder determinar a
aplicao deste modelo de avaliao a projetos desenvolvidos ou a desenvolver pela AP.
Para o futuro, recomenda-se uma avaliao do impacto global do projeto, com a incluso de todos os
stakeholders e respetivas mudanas, o que possibilitar um resultado ainda mais slido e de retorno superior.
Em suma, apesar da sua natureza prototpica e das suas limitaes, o trabalho desenvolvido constitui para a
equipa uma motivao adicional para continuar a trilhar o caminho em prol de uma sociedade inclusiva que
conhea, respeite, d voz s pessoas com demncia, garantindo uma prestao de cuidados de excelncia e
a melhoria da sua qualidade de vida e a dos familiares e profissionais que lhes prestam cuidados.
45
GABINETE CUIDAR MELHOR PORTO - Associao Alzheimer Portugal
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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[Internet]. Disponvel em: www.alz.org/documents_custom/world_report_2012_final.pdf [consultado a 05
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2 Edio
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Municpios [Internet]. Disponvel em:www.pordata.pt/Municipios/Popula%C3%A7%C3%A3o+residente+se
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Mullan, M. A. & Sullivan, K. A. (2015), Positive attitudes and person-centred care predict of sense of
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Gurkov E.,C P J., iakov K. & D Uriskov M. (2012), Job satisfaction and emotional subjective well-being
among Slovak nurses, International Nursing Review 59, 94100
46
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/ O que vo eles investir? Valor Atividades em nmeros Descrio Indicador Quantidade Durao Comeo* Aproximao Financeira (AF) Valor Atribuio I Deslocao Atribuio II Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
nos afeta? (QT)
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? Que preo atribumos mudana? Ano 0 Ano 1 Ano 2
Cuidadores Tempo e Dinheiro (Apoio 3,669.00 Linha telefnica de apoio e BEM-ESTAR EMOCIONAL Objetivo: N de cuidadores a tomar 8.52 1.53 1 Consulta de apoio psicolgico para 1,370.42 2% 0% 11% 50% 10293.251 10,293.25 10,293.25 5,146.63
Familiares Psicolgico e Formao) Atendimentos Presenciais (156 medicao para a depresso e/ou depressao e ansiedade
atendimentos) / Apoio Jurdico (24 ansiedade, em consequncia do seu
Consultas) / Apoio Psicolgico (113 papel de cuidador
Consultas) / Atividades Formativas Subjetivo: Nvel de sobrecarga
(8 workshops) / Respostas de Alvio emocional
(235) CAPACITAAO PARA A PRESTAAO Objetivo: N horas formaao 29.79 1.63 1 Uma consulta de especialidade por 915.00 3% 0% 15% 25% 22623.120 22,623.12 22,623.12 16,967.34
DE MELHORES CUIDADOS certificada, que inclua o tema das ms (mdia dos valores de consulta)
estratgias para lidar com PD
Subjetivo: Auto-percepao da
capacidade para prestar melhores
cuidados
Cuidadores Tempo e Dinheiro 9,200.00 Linha telefnica de apoio e BEM-ESTAR EMOCIONAL Subjetivo: Nvel de satisfao 14.38 2.26 1 Curso de Motivao no Trabalho 236.25 3% 0% 15% 50% 2,801.05 2,801.05 2,801.05 1,400.53
Profissionais (Formao) Atendimentos Presenciais (40 no desempenho da tarefa de cuidar (mdia dos valores de mercado)
atendimentos) / Apoio Psicolgico de uma PD
(28 Consultas) / Atividades CAPACITAAO PARA A PRESTAAO Objetivo: N horas formaao 28.75 2.55 1 Preo da formao Alzheimer 115.00 3% 0% 18% 25% 2652.646 2,652.65 2,652.65 1,989.48
Formativas (4 cursos) DE MELHORES CUIDADOS certificada, que inclua o tema das Portugal - 1 curso cuidadores
estratgias para lidar com PD profissionais por ano
Subjetivo: Auto-percepao da
capacidade para prestar melhores
cuidados
Pessoas com Tempo e Dinheiro 2,595.00 Avaliaes Neuropsicolgicas (6) / QUALIDADE DE VIDA (dimenso Objetivo: N de PD que tomam/ 4.61 1.38 1 Honorrios e Despesas de Tribunal 2,315.00 0% 0% 4% 10% 10218.584 10,218.58 10,218.58 9,196.73
Demncia (sesses Estimulao Estimulao Cognitiva (141 Sesses) jurdica) tomaram decises com autonomia inerentes ao processo de interdio
Cognitiva e Avaliaes sobre o planeamento do seu futuro
Neuropsicolgicas) (testamento vital)
Subjetivo: Percepo dos
cuidadores sobre os seus limites de
atuao relativamente aos direitos
da PD
QUALIDADE DE VIDA (desempenho Objetivo: N de atividades do 9.81 1.36 1 Sesses de Estmulao Cognitiva (1 2,036.67 0% 0% 11% 69% 17732.013 17,732.01 17,732.01 5,541.25
cognitivo e funcional das PD) dia-a-dia em que necessria a sesso por semana)
interveno do cuidador
Subjetivo: Percepo dos
cuidadores sobre a deteriorao das
capacidades cognitivas e funcionais
da PD
QUALIDADE DE VIDA (bem-estar Subjetivo: Nivel de bem-estar 9.9 1.4 1 Realizao pela PD de atividades no 1,752.32 0% 0% 11% 50% 15,526.43 15,526.43 15,526.43 7,763.22
emocional) emocional das PD exterior com acompanhamento de
uma auxiliar
Fundao Dinheiro 11,000.08 0.00 0.00 0.00 0.00
Montepio
Fundao Calouste Dinheiro 11,000.08 0.00 0.00 0.00 0.00
Gulbenkian
Ao Social - Espao GCM Porto e 2,868.00 0.00 0.00 0.00 0.00
C.M.Porto Espao Formao
Direo Alzheimer RH Administrativo, RH - 841.65 0.00 0.00 0.00 0.00
Portugal Contabilidade, 0.00 0.00 0.00 0.00
Divulgao
Delegao Norte Voluntrios Formao 436.48 0.00 0.00 0.00 0.00
Alzheimer Portugal
Comunidade Local Tempo 0.00 Informao e Sensibilizao (24 0.00 0.00 0.00 0.00
Aes)
Mdicos
Especialistas
Cuidados
Hospitalares
ACES Porto 0.00 0.00 0.00 0.00
0.00 0.00 0.00 0.00
Voluntrios (Servio Tempo 2,697.16 Respostas de Alvio (235) 0.00 0.00 0.00 0.00
Alvio Cuidador)
Juristas Voluntrios Tempo 960.00 Apoio Jurdico (24 Consultas) 0.00 0.00 0.00 0.00
Total 45,267.45 Total 81,847.10 81,847.09 81,847.09 48,005.18
Valor presente de cada ano (aps descontos) 81,847.09 77,580.18 43,130.37
Valor atual lquido total (VAL) 202,557.64
VAL - Investimento 157,290.19
Retorno Social por (VAL / investimento) 4.475
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AORES +
SUMRIO EXECUTIVO
A CRESAOR - Cooperativa Regional de Economia Solidria, CRL, idealizou e concebeu o projeto Aores+
Promoo da Economia Solidria, que foi estruturado em torno de dois vetores estratgicos: personalizar e
credibilizar o Selo CORES e promover a viabilidade das organizaes que constituem a Rede de Economia
Solidria dos Aores.
O propsito desta anlise SROI prospetiva medir o impacto do projeto nas organizaes beneficirias,
tcnicos, pblicos em risco, famlias, freguesias e consumidores.
O rcio SROI estimado de 1:3 o que significa que por cada 1,00 investido h um retorno social de 3,00.
Esta anlise permitiu identificar um conjunto de mudanas que se encontram reflectidas no mapa de
impacto1, sendo possvel destacar as seguintes:
Esta anlise SROI permitiu concluir a importncia de envolver os stakeholders a priori do diagnstico e
desenho de um projeto - e no apenas na sua fase de desenvolvimento.
Recomenda-se a aplicao da metodologia SROI aos projetos desenvolvidos pela CRESAOR, com o intuito
de medir o seu impacto social e valorizao das mudanas geradas no mbito da sua interveno.
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1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
A CRESAOR, constituda sob a forma de Cooperativa de Solidariedade Social, equiparada a IPSS e com
natureza de pessoa coletiva de utilidade pblica, representa a Rede de Economia Solidria dos Aores. Tem
como misso a promoo do Movimento de Economia Solidria nos Aores, aliando as dimenses do
desenvolvimento local e comunitrio, da formao profissional, pessoal e social e da produo e
comercializao.
Os seus objetivos gerais so incrementar o acesso educao, formao e incubao do posto de
trabalho no mbito do acesso ao mercado social de emprego, do empreendedorismo e do microcrdito; e
apoiar a criao e sustentabilidade das micro-empresas de insero social.
Esta anlise SROI focar-se- na rea temtica da economia solidria, designadamente no projeto Aores+
Promoo da Economia Solidria. O Aores+ tem como objetivos principais colmatar a fraca visibilidade dos
produtos de economia solidria e personalizar e credibilizar os produtos e servios abrangidos pelo Selo de
Garantia CORES2, promovendo assim a viabilidade econmica destas organizaes da economia social (OES).
Os objetivos estratgicos do Aores+ consistem nas quatro ticas tradicionais do Balanced Scorecard:
2 Cf. www.cores.pt: O Selo Cores uma marca que garante que os produtos e servios provenientes das diferentes unidades de produo da Rede de Economia Solidria
esto de acordo com os Princpios e Valores da Economia Solidria. Est associado a seis valores primordiais: as pessoas - atravs de uma postura social responsvel e
solidria, contribuindo para o bem comum; o ambiente pela utilizao de prticas na fabricao, na comercializao e no consumo amigas do ambiente; a qualidade
selecionando produtos e servios de qualidade pelas suas caractersticas intrnsecas e extrnsecas; a cultura pela seleo de produtos e servios que promovam a
preservao do patrimnio local, da identidade cultural e tradio; o rigor atravs da implementao de um sistema rigoroso de seleo, e respetiva monitorizao, de
produtos e servios de Economia Solidria promovendo desta formaa sensao junto dos consumidores de que o Selo de facto um certificado de garantia; transparncia
enquanto requisito fundamental para a gerao de confiana entre produtores e consumidores.
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1.2. STAKEHOLDERS
Para a definio dos stakeholders optou-se pelo critrio da materialidade, isto , pela identificao de todos
os agentes que beneficiam direta ou indiretamente do projeto vivenciando mudanas materiais que sejam
simultanemente relevantes para os prprios e significativas para a anlise.
Por questes de limitao de tempo foi necessrio efectuar uma triagem recaindo esta anlise apenas sobre
os stakeholderes mais relevantes; foi neste seguimento que o stakeholder escola foi excludo.
Pblicos em risco Sim Trabalhadores das unidades produtivas das empresas de insero,
Beneficiam com o projeto.
Financiadores (PO Aores N0 Entidade a financiar o projeto, como ainda no abriu o perodo de
2020) candidaturas, -nos impossvel envolver este stakeholder nesta anlise SROI.
Escola No No tem tanta relevncia para esta anlise, em comparao com as famlias e
comunidade, por exemplo.
Governo Regional e SRSS Sim Entidade governamental: responsveis polticos que influenciam a
operacionalizao do projeto.
Empresas com interesse no Sim Apoiam o projeto e contribuem para a sua divulgao externa.
projeto e comunicao social
regional
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O envolvimento dos stakeholders efetuou-se na fase da elaborao da teoria da mudana, atravs de dois
mtodos distintos.
Inicialmente, realizou-se um grupo focal, com a presena de quatro stakeholders: cooperantes (dirigentes),
tcnicos, operacionais e CRESAOR, num total de 17 participantes. Este grupo teve como principal finalidade
a definio das principais mudanas geradas pelo projeto, bem como dos seus indicadores de medio.
Para quantificar a distncia percorrida de cada mudana, aplicamos um inqurito por questionrio a todos
os nove stakeholders. Obtivmos 203 questionrios vlidos.
Cooperantes (15) Dirigentes das instituies cooperantes: Preenchimento de inqurito, participao nos grupos focais
(na realizao do grupo focal de 20/03/2015 estiveram presentes 3 dirigentes), brainstorming,
participao no Roteiro CORES, reunies de trabalho, formao, etc.
Tcnicos (15) Tcnicos das instituies cooperantes: Preenchimento de inqurito, participao nos grupos focais (no
realizado a 20/03/2015 estiveram presentes 8 tcnicos), brainstorming, participao no Roteiro CORES,
reunies de trabalho, formao, etc.
CRESAOR (7) Entrevistas presenciais, aplicao dos questionrios, grupos focais (no realizado a 20/03/2015 esteve
presente uma dirigente e uma tcnica), brainstorming, participao do roteiro CORES, reunies de
trabalho, formao, etc.
Pblicos em risco Colaboradores das unidades produtivas das empresas de insero: Preenchimento de inqurito,
(mnimo de 15 - um por participao, nos grupos focais (no realizado a 20/03/2015 estiveram presentes 4 operacionais), e
cada instituio entrevistas semi-diretivas.
representatividade)
Governo Regional e SRSS Observao direta. Os decisores polticos acompanharam o desenvolvimento do projeto e
(2) participaram no Roteiro CORES, em seminrios e outras sesses pblicas de apresentao do projeto.
Preenchimento de inqurito.
Empresas com interesse Observao participante, divulgao do programa nos meios de comunicao regionais e interesse
no projeto e demonstrado pelas empresas no programa. A comunicao social foi envolvida atravs de convite
comunicao social observao e participao nas sesses pblicas, encontros e seminrios, com o intuito de divulgar o
regional (4) projeto e deste modo aumentar a sua visibilidade. Preenchimento de inqurito.
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2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
Neste ponto sero apresentados os recursos monetrios e no monetrios que cada stakeholder investe para
a realizao das atividades propostas no projeto.
Espaos 4 620,00
Total 40 702,20
Total 21 054,00
Espaos 6 720,00
Total 51 759,11
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AORES + | CRESAOR
Consultadoria 29 850,00
Total 138,72
2.2. RESULTADOS
8 reunies de trabalho;
Formao em sala para 15 dirigentes (126 horas) e para 15 tcnicos (63 horas);
630 horas de consultadoria para 15 tcnicos e 15 operacionais (pblicos em risco);
Preparao e desenvolvimento do projeto ao longo de 2 anos (estimao de 3.072 horas);
2 sesses pblicas de divulgao (conferncia de imprensa e seminrio final);
2 encontros temticos e realizao de um roteiro CORES;
Preparao de uma campanha de marketing, publicitria e de divulgao: Impresso de catlogo;
outdoors e mupis, spot publicitrio, merchadising e campanha publicitria (internet, jornais e revistas);
Elaborao de um relatrio final (compilao de todas as avaliaes, da avaliao da consultadoria
externa, concluses gerais do custo/benefcio e impacto do projeto).
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AORES + | CRESAOR
3. TEORIA DA MUDANA
Tendo a formao e o acesso informao uma relao positiva com o desenvolvimento e a capacitao, o
projeto introduzir, a curto prazo, uma cultura de inovao e criatividade nas organizaes participantes.
Com o desenvolvimento das aes de formao para dirigentes e operacionais das organizaes envolvidas
no Aores+ prev-se gerar mudanas, ao nvel da capacitao destes indivduos e posterior aumento da
diversificao dos produtos e servios prestados, bem como das atividades desenvolvidas por estas
organizaes. A longo prazo prev-se mudanas ao nvel da melhoria dos procedimentos financeiros e
produtivos daquelas organizaes, contribuindo estas mudanas para que se atinja o aumento da visibilidade
dos produtos e servios de origem de economia solidria atravs do Selo CORES e o aumento das vendas
destas organizaes de modo a tornarem-se economicamente sustentveis.
A par da formao, a consultadoria tcnica visa a capacitao das organizaes, nomeadamente ao nvel da
inovao dos produtos, apostando na valorizao e utilizao das matrias-primas locais como forma de
provocar uma mudana que, a mdio/longo prazo, leve ao aumento do grau de competitividade no mercado:
melhor posicionamento e ganho de quota/nichos de mercado.
Prev-se tambm que, atravs do acesso a estas aes de formao e consultadoria, as unidades produtivas
das organizaes que compem a Rede de Economia Solidria dos Aores melhorem a curto/mdio prazo as
atividades econmicas que j desenvolvem, cunhando estes produtos com as caractersticas necessrias para
se tornarem mais atrativos para os consumidores e assim a, longo prazo, aumentarem o nvel de produo e
de vendas.
Ao tirar partido dos recursos locais enquanto suporte criao de inovao e insero de pblicos em risco,
pretende-se estimular a economia local mudana a curto prazo, orientando a produo das organizaes
de Economia Solidria numa tica comercial, procurando no s atingir o mercado local, mas tambm os
turistas e nichos de mercado mais valorizadores (mudana a mdio prazo). Ao criar esta dinmica, espera-se,
a longo prazo, interferir nos tecidos econmico e social, potenciando o papel destas empresas de insero
enquanto instrumento de luta contra a pobreza e desemprego, logo de fator de coeso social e territorial.
Considerando que as atividades produtivas da maioria dos cooperantes da CRESAOR esto ligadas s reas
do artesanato e alimentar (restaurao, pastelaria, compotas e licores), pretende-se que estas instituies
agreguem, a mdio/longo prazo, valor aos seus produtos, conciliando a inovao com a tradio, a adaptao
s novas tendncias de mercado, s exigncias e tendncias dos consumidores, de forma a expandir e
encontrar novos nichos de mercado, nomeadamente tirando partido do crescimento do setor turstico na
Regio Autnoma dos Aores (RAA).
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AORES + | CRESAOR
Paralelamente a daquelas atividades, as previstas no plano de marketing roteiro CORES, catlogo; outdoors
e mupis, spot publicitrio, merchadising e campanha publicitria (internet, jornais e revistas) pretendem ter
impacto direto e imediato ao nvel da promoo dos produtos com Selo de Garantia CORES, tornando estes
produtos conhecidos por um maior nmero de consumidores e futuros clientes.
No seu conjunto, a mdio prazo, a Rede de Economia Solidria dos Aores sair fortalecida pela adoo de
novas prticas e otimizao de recursos, assim como pela atualizao de conhecimentos. O desenvolvimento
de projetos conjuntos, permitir continuar a fomentar uma maior proximidade entre estas, promovendo o
trabalho em parceria e a partilha (e adoo) de boas prticas.
Conjuntamente com estas atividades, as sesses pblicas e de divulgao tero impacto, a curto prazo, ao
nvel da disseminao dos resultados obtidos com este projeto, junto das ONG da RAA e sociedade civil. Tais
sesses levaro, por sua vez, a uma mudana de mdio prazo, ao nvel da implementao de uma cultura de
inovao, cooperao e criatividade nas organizaes participantes. Como mudana de longo prazo
possvel apontar o aumento do conhecimento por parte dos consumidores dos produtos e servios CORES e
consequentemente o aumento das receitas das organizaes envolvidas no projecto Aores+.
No stakeholder Organizaes, prev-se que a formao dos dirigentes traduza uma melhoria dos
procedimentos produtivos e financeiros destas organizaes, o que levar a mdio/longo prazo a que se
tornem organizaes mais eficientes e sustentveis. Prev-se ainda mudanas positivas ao nvel do trabalho
em rede e num aumento do sentimento de unio entre os cooperantes participantes no projeto, gerando,
por sua vez, a longo prazo, um aumento do cooperativismo. No grupo focal todos os dirigentes presentes
corroboraram as mudanas positivas geradas pela formao, identificando como reas principais: gesto,
marketing, lnguas, vendas, HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point), alimentar, produo e pastelaria.
Com a consultadoria prev-se, a curto prazo, a introduo de uma cultura de inovao e criatividade nestas
organizaes, gerando uma melhoria dos seus produtos e servios (com garantia de Selo CORES). De igual
modo espera-se um ingresso em novos nichos de mercado, quer atravs da exportao, quer atravs de um
aumento da procura por parte de turistas gerando a mdio/longo prazo novos canais de distribuio. Estas
mudanas levaro, tambm a longo prazo, a um aumento das suas vendas. No grupo focal um dos dirigentes
reiterou que a exportao de produtos de extrema importncia para o aumento das vendas, sendo crucial
gerar atividades que traduzam esta mudana.
Com o marketing e Roteiro CORES estima-se um aumento da promoo e divulgao dos produtos e servios
com Selo de Garantia CORES destas organizaes da economia social (OES), gerando uma maior visibilidade.
No j referido grupo focal foi sugerido que o Filme CORES e as reportagens do Aores Hoje fossem
tambm transmitidas nas organizaes e feiras, como forma de contribuir igualmente para este aumento da
promoo e notoriedade das OES, bem como dos seus produtos e servios.
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AORES + | CRESAOR
Marketing
e roteiro
Formao Consultoria
CORES
Possibilidade
Melhoria dos Trabalho em Mais inovao Ingresso em Mais turistas Mais de continuar o
procedimentos rede dos produtos novos nichos promoo apoio aos pblicos
produtivos de mercado em risco
Mais Mais
Melhoria dos Mais canais Mais
sustentabilidade cooperativismo
produtos para a oferta visibilidade
e servios
Para os tcnicos destas organizaes foram identificadas as atividades de formao e consultadoria como
contributos para o aumento das competncias ao nvel da gesto e do marketing e, consequentemente, da
motivao e proatividade destes tcnicos. Tal como os dirigentes, um dos tcnicos tambm verbalizou a
necessidade da aposta contnua nas reas de formao j mencionadas para a obteno destas mudanas.
Formao e
consultoria
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AORES + | CRESAOR
No que concerne ao stakeholder CRESAOR, prev-se tambm um aumento do empoderamento dos tcnicos
atravs da formao. Com as reunies, encontros temticos e Roteiro CORES antev-se um aumento da
coeso entre a CRESAOR e seus cooperantes, o reforo da sua identidade corporativa e um aumento da
visibilidade da sua misso e objetivos.
Reunies, encontros
Marketing e sesses
temticos e roteiros
Formao pblicas de divulgao
CORES
No que diz respeito aos pblicos em risco (operacionais das unidades produtivas dos cooperantes), prev-se
que com a formao e consultadoria vejam as suas competncias sociais, profissionais e pessoais melhoradas,
o que traduzir a mdio prazo em que se sintam mais seguros e mais bem preparados para a sua atividade
profissional. De igual modo, aumentar a sua motivao e auto-estima.
A longo prazo acredita-se que se sentiro mais integrados na comunidade onde residem, prevendo-se
tambm um aumento da sua insero socio-laboral e das suas condies para a empregabilidade e
empoderamento.
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AORES + | CRESAOR
Formao
e consultoria
(operacionais)
Melhoria das
competncias
sociais, pessoais
e profissionais
Com a realizao do roteiro CORES, das aes de marketing e sesses de divulgao prev-se um aumento do
desenvolvimento local nas comunidades, aliado a um crescimento do nmero de visitantes, do nmero de
turistas e a uma melhoria da mobilidade de acesso a bens de consumo por parte dos residentes destas
comunidades.
Um dirigente do stakeholder ACEESA refere que as comunidades ficaro mais felizes e realizadas, traduzindo-
se numa diminuio na violncia.
Roteiro CORES,
marketing e
sesses de
divulgao
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AORES + | CRESAOR
Com a campanha de marketing e publicidade tenciona-se gerar mudanas nos consumidores ao nvel do
conhecimento dos produtos e servios CORES alterando, a mdio prazo, os seus padres de comportamento,
nomeadamente levando a aes de compra consciente. Ao adquirirem produtos e servios de origem de
economia solidria, prev-se que os consumidores sintam que contribuem para uma causa social.
Foi proposto pelo stakeholder ACEESA, a realizao de panfletos/brochuras, de carter informativo, por forma
a dotar os consumidores de informao relativamente histria do Selo CORES, evidenciando e potenciando
os seus valores.
De igual modo e com a finalidade, de dotar os clientes dos conhecimentos na rea da Economia Solidria
foi proposto por um dirigente do stakeholder CRESAOR que a associao ACEESA produzisse uma revista
com os contributos de todas as organizaes na rea da economia solidria. Estas sugestes no estavam
previstas na teoria da mudana de partida.
Campanha de marketing
e publicidade
Relativamente s famlias dos pblicos em risco prev-se que, dado o aumento da insero social e laboral,
passem a valorizar mais a escola e aumentem a frequncia escolar, melhorem a sua alimentao e nutrio, o
que consequentemente se reflete na melhoria do nvel da sua qualidade de vida, e, a longo prazo, se traduz
em famlias mais estruturadas e menos problemticas.
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AORES + | CRESAOR
Estabilidade
financeira das
famlias
As sesses pblicas e de divulgao possibilitaro ao Governo Regional dos Aores a disseminao das boas
prticas deste projeto. A mdio/longo prazo levaro a uma implementao de uma cultura de inovao,
cooperao e criatividade nas OES e a uma melhoria e modernizao da Rede Regional de Economia Solidria.
Atravs das aes de marketing e sesses pblicas de divulgao, as empresas com interesse no projeto e os
rgos de comunicao social regional reforaro a sua responsabilidade social, notoriedade e rede de
parceiros.
O dirigente do Centro Social e Cultural da Atalhada de opinio que o filme CORES dever ser transmitido
regularmente, sob a forma de anncio publicitrio, na comunicao social, nomeadamente na RTP Aores.
Os stakeholders envolvidos no projeto Aores+ corroboram como principais mudanas geradas pelo projeto:
melhoria na qualidade de produtos e servios; aumento das vendas e consequentemente do lucro; maior
visibilidade dos produtos e servios CORES; reduo dos custos por parte do Estado e aumento do
cooperativismo (mudanas positivas intra-organizacionais).
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AORES + | CRESAOR
Marketing e sesses
pblicas de divulgao
Conclui-se realando que algumas das mudanas acima mencionadas no se encontravam integradas, numa
primeira fase, na teoria da mudana de partida, pelo que a teoria da mudana registou uma evoluo nos
dois momentos:
relativamente aos consumidores, inicialmente foram identificadas trs mudanas, tendo-se optado
por juntar as mudanas alterao nos padres de comportamento e aumento do conhecimento dos
produtos e servios CORES. Esta opo deveu-se ao facto de serem duas mudanas interligadas e,
deste modo, evitou-se a possibilidade de duplicao;
de igual modo, no stakeholder CRESAOR, constatou-se uma duplicao de mudanas,
designadamente no reforo e melhoria da imagem externa e aumento da visibilidade da misso e
objetivos da cooperativa, tendo sido a primeira retirada;
no stakeholder freguesias tambm se assistiu a uma sobreposio ou duplicao de mudanas,
nomeadamente no que respeita mudana desenvolvimento do mercado local, que no foi
considerada uma vez que a mesma perceptvel atravs da anlise do aumento do nmero de
visitantes s freguesias, do nmero de turistas e dos locais de acesso a bens de consumo;
por ltimo, no stakeholder consumidores, voltou a verificar-se uma duplicao nas mudanas alterao
nos padres de comportamento e aumento do conhecimento dos produtos e servios CORES, tendo-
se unido ambas e mantido os quatro indicadores associados.
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4. PROVAS E VALOR
A identificao dos indicadores foi efetuada atravs da realizao de: (1) grupo focal; (2) listagem das
mudanas e necessidades identificadas pelas organizaes participantes no Projeto Aores+ e (3) fontes
secundrias (escala Whoqol-100 / Avaliao da Qualidade de Vida, da Organizao Mundial de Sade).
Para o clculo da distncia percorrida (DP) das mudanas, utilizou-se um inqurito por questionrio a todos
os stakeholders. Formularam-se as questes sempre com e sem projeto (calculando depois a diferena) ou
em quanto que o projeto alterou/modificou a situao. Posteriormente, calculou-se a mdia dos dois
indicadores (subjetivo e objetivo) e multiplicou-se pela populao de cada stakeholder, determinando-se
deste modo a quantidade de mudana expressa percentualmente como DP.
N de Parcerias 26%
Aumento do cooperativismo
organizacional
Organizaes Nvel de Cooperativismo 71%
Cresaor
N de cooperantes com uma relao de maior proximidade 32%
Aumento da coeso com os seus com a CRESAOR
cooperantes
Sentimento de coeso 79%
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Da anlise da tabela anterior pode observar-se que as mudanas com maior expressividade so as que
correspondem aos beneficirios diretos do projeto, nomeadamente o aumento da visibilidade e do
cooperativismo organizacional. Em relao aos tcnicos destas organizaes, de realar as elevadas DP dos
indicadores correspondentes mudana aumento das sinergias intra e entre organizaes.
No que diz respeito ao stakeholder famlias, regista-se uma DP de 69% no indicador estabilidade financeira,
que contribuiu largamente para uma melhoria da qualidade de vida destes agregados familiares.
No que concerne aos consumidores, apesar de ser notrio um aumento do conhecimento dos servios e
produtos CORES e de uma alterao dos padres de comportamento, salienta-se que o indicador nmero de
produtos CORES adquiridos durante um ms apresenta uma DP manifestamente baixa (3%). Este dado indica
haver a necessidade de uma contnua aposta nas aes de divulgao e marketing.
Nas empresas com interesse no projeto e na comunicao social regional, uma das mudanas identificadas
foi o aumento da rede de parceiros. No entanto e aps a anlise estatstica dos inquritos , constata-se que
a DP foi 0%, o que significa que, contrariamente ao previsto inicialmente, esta mudana no se verifica.
4.2. DURAO
Para identificar a durao das mudanas, optou-se por questionar os stakeholders da seguinte forma: Se o
projeto Aores+ acabasse amanh, deixaria de sentir as seguintes mudanas, apresentando-se como
opes de resposta: Logo/imediatamente; Aps um ano; Aps dois anos; Mais do que dois anos. As respostas
foram convertidas numa escala de 1 a 4 anos, tendo-se calculado a sua mdia para cada mudana.
Duma anlise geral dos resultados obtidos, destaca-se o aumento da coeso com os seus cooperantes como
a mudana identificada com uma maior durao (4 anos). As restantes mudanas apresentam duraes de 2
e 3 anos.
Para cada mudana identificada em cada stakeholder, foi atribuda uma aproximao financeira que resultou
de um processo reflexivo da equipa envolvida nesta anlise SROI. Tendo por base a premissa que as
aproximaes financeiras comparam servios existentes na sociedade que promovam as mesmas mudanas
que o servio em causa, naquela atribuio foram selecionadas as aproximaes financeiras que considermos
melhor se aproximarem das mudanas identificas. O valor atribudo a cada mudana derivou de uma
pesquisa de mercado e est calculado para um ano de atividade, por pessoa ou por entidade.
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Tcnicos Gesto mais eficiciente dos Custo de uma formao em Gesto do 150,00
processos Tempo de 30h (150,00).
Aumento das sinergias intra e 1 Fim de semana de Team Building (14,76 14,76
entre organizaes por participante)
Pblicos em risco Aumento das condies de Formao prtica em Tcnicas de Procura 4 500,00
empregabilidade Ativa de Emprego de 30 h (150,00)
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GR e SRSS Melhoria e modernizao da Atribuio de uma verba anual por parte do 3 000,00
rede Regional de E.S. GR s OES para se modernizarem
Empresas com interesse Aumento da Responsabilidade Ao de voluntariado bianual (30,00 por 60,00
no projeto e Social dia pela mdia de 10 colaboradores)
Comunicao Social
Aumento de notoriedade Campanha de marketing no facebook 3 000,00
Regional
durante um ano
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A atribuio do tipo I representa a quantidade de mudana que teria acontecido mesmo sem a interveno
do projeto.
O valor da Atribuio I 0% em todas as mudanas, j que na formulao das questes houve o cuidado de
excluir as mudanas que no foram geradas pela nossa atuao, ex: em quanto que, no ltimo ano, o
projeto Aores + contribuiu para aumentar a frequncia com que planeia as sua atividades?.
5.2 ATRIBUIO II
A atribuio do tipo II tem como inteno averiguar de que forma os outros elementos existentes na
comunidade (entidades, organizaes e pessoas), contribuem tambm para a mudana identificada e
resultante da interveno do projeto Aores+, assim como apurar o peso que atribudo por cada stakeholder
a cada mudana.
STAKEHOLDERS MUDANAS AT II
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STAKEHOLDERS MUDANAS AT II
Consumidores Aumento do conhecimento dos produtos e servios CORES e alterao nos padres de 20%
comportamento
A taxa de reduo pretende avaliar o grau de desvalorizao que as mudanas esto expostas, j que as
mesmas no tm a mesma durao, sofrendo oscilaes ao longo do tempo.
Assim, estabeleceu-se a reduo entre um valor mnimo de 25% e mximo de 50%, tendo em conta a sua
tipologia.
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Consumidores Aumento do conhecimento dos produtos e servios CORES e alterao nos padres 50%
de comportamento
*Se o projeto acabasse amanh, deixaria de sentir estas mudanas: logo / imediatamente; aps 1 ano; aps 2 anos; mais do que 2 anos.
5.4. DESLOCAO
Na definio de deslocao, solicitou-se aos stakeholders para indicar outras entidades afetadas pelo Aores+,
e o seu impacto. As entidades referidas fazem parte dos stakeholders o que indica que a anlise SROI foi
bastante abrangente. No obstante nenhum inquirido ter respondido que o impacto negativo, optou-se
por atribuir uma deslocao de 10% aos stakeholders freguesias e consumidores.
A leitura do mapa de impacto3 permite revisitar toda a anlise. Os stakeholders foram includos pelo seu grau
de importncia, de envolvncia e enquanto beneficirios diretos ou indiretos do projeto Aores+.
A anlise do retorno social deste projeto encontra-se resumida no mapa de impacto. Obteve-se um valor
total de retorno social de 771.280,15 a 3 anos e um VAL de 512.566,03. O SROI de 3,00 por cada euro
investido.
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Para efetuar as anlises de sensibilidade definimos numa primeira fase os parmetros crticos da anlise. Estes
foram determinados com base numa anlise grfica e reflexiva, originando dois cenrios: o otimista e o
pessimista.
Da anlise grfica que se segue verificamos que os cooperantes so o stakeholder com maior retorno social,
apresentando um valor de 57%. Em termos de mudanas, o aumento das vendas (64%) e organizaes de
economia solidria mais eficientes (17%) so as que mais se destacam.
17+13+646
IMPACTO POR MUDANA
Aumento da visibilidade
57+1+542560
IMPACTO POR STAKEHOLDER
Cooperantes 57%
Tcnicos 1%
Cresaor 5%
Pblicos em risco 4%
Consumidores 6%
Famlias 1%
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Tendo em conta os dados grficos e aps uma anlise reflexiva dos mesmos, conclumos que para o clculo
do valor da mudana aumento das vendas consideraram-se apenas os dados disponibilizados por quatro
organizaes, referentes a 2012. Determina-se, assim, ser um valor crtico, sujeito a potenciais variaes, pelo
que se efetuar uma variao de 30% no clculo dos cenrios.
Por sua vez a aproximao financeira (AF) da mudana organizaes de economia solidria mais eficientes
baseou-se em valores mdios de mercado. Face possibilidade de existir uma oscilao deste valor,
considerou-se para clculo dos cenrios uma variao de 50%.
Aumento do corporativismo Apesar de ser uma das mudanas mais Quantidade 7,3275 5%
organizacional do stakeholder importantes para os beneficirios diretos,
Organizaes consideramos que possa existir uma margem de
erro de aproximadamente 5% nas respostas dos
beneficirios, para um intervalo de confiana de
99%.
Indicador n de momentos Varivel crtica devido subjetividade implcita Indicador -2% 10%
felizes durante a semana do neste indicador. Nas respostas obtidas nos Subjetivo
stakeholder Cresaor questionrios, podemos presumir que os
inquiridos tenham sentido alguma dificuldade
em quantificar esta questo, devendo desde
modo ser considerado um parmetro crtico a ser
testado.
Nas freguesias: definio do n Dada dificuldade em estimar um valor de Populao 1000 50%
de visitantes amostragem para este stakeholder, o valor
utilizado (1.000 visitantes) poder no
corresponder realidade.
Nas freguesias: definio do n Dada dificuldade em estimar um valor de Populao 1000 50%
de turistas amostragem para este stakeholder, o valor
utilizado (1.000 turistas) poder ser varivel.
% dos custos indiretos Tendo em conta a elevada % dos custos indiretos Recursos 41% 20%
que os stakeholders investem considerou-se
pertinente analisar esta varivel.
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Tempo investido Os recursos no monetrios apresentam uma Recursos 106 024,93 Excluso
elevada % no total do investimentos, assim, no
considerou-se pertinente avaliar em quanto varia monetrios
o SROI caso os stakeholders no investissem o
tempo definido.
Identificados os parmetros crticos, passou-se a testar o seu impacto no no rcio SROI do projeto, tendo sido
calculados os dois cenrios acima referidos. Constata-se que seria necessrio acontecerem todas as alteraes
descritas para que o SROI descesse para 1,33. Ou seja, necessrio alterar um nmero considervel de
variveis para se atingir este valor, conclundo-se portanto a robustez desta anlise.
Na anlise de sensibilidade otimista constatou-se uma variao do SROI at 7,43, determinando-se que os
parmetros crticos excluso dos recursos no monetrios (tempo) e aumento da % atribuda ao desconto
da reduo so os que mais contribuem para os resultados obtidos neste cenrio.
ANLISES DE SENSIBILIDADE
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6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
Da anlise SROI prospetiva ao projeto Aores+ resulta um valor de retorno social de 830.098,55 a trs anos e
um VAL de 771.280,15. O SROI de 3,00 por cada euro investido.
Segundo um estudo CNIS4, realizado sobre quatro concelhos do Pas, cada euro nas IPSS vale 2,46. Apesar
desta anlise SROI incidir apenas num projeto da CRESAOR, no sendo portanto comparvel com este,
constatamos estar prximo dos valores obtidos neste estudo. Assim, conclumos ser um SROI satisfatrio e
positivo.
Como principais concluses desta anlise SROI destaca-se a de que, para o projeto alvo de anlise, a
CRESAOR o stakeholder que mais investe, ao nvel de tempo e espaos, para a implementao e
desenvolvimento do projeto, seguindo-se as instituies cooperantes, principais beneficirias do Aores+.
As mudanas com maior impacto constituem o aumento das vendas, a melhoria da mobilidade de acesso
ao consumo das freguesias envolvidas, o aumento da eficincia das organizaes, o aumento do nmero
de visitantes s freguesias e aumento do corporativismo organizacional.
Como mudanas com menor impacto identificam-se o aumento da rede de parceiros e da responsabilidade
social das empresas e comunicao social regional, o aumento das sinergias intra e entre organizaes, a
gesto mais eficiente dos processos por parte do stakeholder tcnicos e o aumento da notoriedade por
parte das empresas com interesse e comunicao social regional. Assim, recomendamos a promoo de
reunies e encontros entre as organizaes parceiras, a contnua aposta nas aes de formao de divulgao
e marketing e em atividades de grupo de modo a aumentar estas mudanas.
Conclui-se assim que o stakeholder empresas com interesse e comunicao social regional o que menor
impacto sofre com a interveno do projeto e o que menos dele beneficia, sugerindo-se um reforo dos
contatos e reunies com este stakeholder de modo a inverter esta situao.
Por sua vez, as organizaes e as freguesias constituem os stakeholders que mais beneficios ganham com o
desenvolvimento do projeto.
Tendo em conta o curto espao de tempo disponvel para o desenvolvimento da anlise SROI deste projeto,
utilizou-se a metodologia de aplicao de inquritos por questionrio como forma de recolha da informao
necessria. Uma vez que foram abrangidas tipologias de pblicos bastante variadas, uma das grandes
dificuldades sentidas prendeu-se com a aplicao dos questionios a pessoas com menos qualificaes. Para
alm disso, de apontar a colaborao e apoio prestado por outras equipas da CRESAOR e dos prprios
cooperantes nesta fase da anlise. Esta situao dever ser considerada um ponto fraco deste projeto pelo
desconhecimento por parte destes colaboradores/parceiros sobre os procedimentos e metodologias
exigidos por este tipo de anlise, surgindo a hiptese de alguma informao ou dado pertinente no ter sido
devidamente acautelado. Em futuras anlises SROI sugerimos que a aplicao dos Inquritos seja efetuada
pela equipa tcnica (que se encontre a desenvolver o projeto) e que sejam efetuadas entrevistas semi-
diretivas aos pblicos com menores habilitaes.
4 Cf. http://www.solidariedade.pt/site/detalhe/12350#
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de salientar como ponto forte desta anlise SROI o envolvimento dos stakeholders desde o incio do projeto,
permitindo-lhes intervir na definio da sua estrutura. Foi essencial perceber as mudanas que o projeto
Aores+ implementou na vida das organizaes da economia social e, em particular, na vida de todas as
pessoas que de alguma forma lhes so intrnsecas. De igual modo, destaca-se a importncia de lhes ter sido
permitido dar o seu contributo na emisso de opinies, na identificao de aspetos positivou ou negativos
que se fizeram sentir no decorrer da primeira fase do Aores+, bem como dificuldades sentidas e aspiraes
futuras.
Conforme proferido no grupo focal por vrias organizaes participantes, as aes de formao e todo o
processo de capacitao dos colaboradores das organizaes devero ser contnuos. Com a aposta nesta
atividade prev-se fomentar a mudana gesto mais eficiente dos processos - que no teve o impacto
esperado - e continuar a garantir o aumento das vendas e da eficincia das organizaes.
No que diz distncia percorrida negativa (quantidade de mudana) no indicador nmero de momentos
felizes do stakeholder CRESAOR, sugerimos a realizao de sesses de coaching motivacional com a equipa,
bem como de team building.
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7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/nos O que vo eles Valor Atividades em Descrio Indicador Quantidade Durao Comeo* Aproximao Financeira (AF) Valor Atribuio I Deslocao Atribuio II Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
afeta? investir? nmeros (QT)
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? Que preo atribumos mudana? Ano 0 Ano 1 Ano 2
Cooperantes Tempo e 40702.2 802 horas Organizaes de Economia Solidria mais Nvel de viso estratgica e gesto do tempo 4.5 2 2 Consultadoria externa durante um ano 12,000.00 0% 0% 14% 25% 46,672.20 0.00 46,672.20 35,004.15
espaos eficientes (1.000,00/ms)
Aumento do Corporativismo Organizacional N de parcerias e nvel de cooperativismo 7.328 3 2 Organizao de um congresso anual 5,642.65 0% 0% 14% 25% 35,558.01 0.00 35,558.01 26,668.50
Aumento das Vendas % de aumento volume mdio de vendas 3.4 2 2 Volume mdio de vendas 59,184.24 0% 0% 14% 25% 174,836.16 0.00 174,836.16 131,127.12
Aumento da Visibilidade Percepo do nvel de visibilidade e n de visitas e de 8.303 2 2 Custo anncio no jornal Aoriano Oriental, 3 2,217.00 0% 0% 14% 25% 15,829.71 0.00 15,829.71 11,872.28
clientes da organizao vezes por ano, 1/2 pgina
Tcnicos Tempo 21054 709 horas Gesto mais eficiente dos processos Nvel de motivao e n de atendimentos e de 2.715 3 1 Custo de uma formao em Gesto do Tempo 150.00 0% 0% 0% 50% 407.25 407.25 407.25 203.63
processos realizados de 30h
Melhoria das relaes de trabalho e parceria Nvel da melhoria das relaes de trabalho e n de 5.768 3 1 Sesses de coaching motivacional de grupo, 4 300.00 0% 0% 0% 50% 1,730.25 1,730.25 1,730.25 865.13
colegas que mantm uma boa relao profissional anuais (75,00)
Aumento das sinergias intra e entre Proximidade das organizaes e n de reunies/ 10.83 3 1 1 Fim de semana de Team Building (14.76 por 14.76 0% 0% 0% 50% 159.85 159.85 159.85 79.93
organizaes. contatos/relaes participante)
Cresaor Tempo e 51759.11 4237 horas Aumento do empoderamento dos tcnicos Nvel de competncias adquiridas e n de momentos 3.007 3 1 Valor de mercado em 2 formaes anuais de 30 600.00 0% 0% 0% 25% 1,803.90 1,803.90 1,803.90 1,352.93
espaos felizes durante a semana h (300,00)
Aumento da coeso com os seuscooperantes N de cooperantes com uma relao de maior 3.882 4 2 Custo de quatro eventos anuais, de lazer, com 400.00 0% 0% 0% 25% 1,552.60 0.00 1,552.60 1,164.45
proximidade com a Cresaor e Sentimento de coeso os cooperantes (100,00)
Reforo da identidade corporativa Sentimento de reforo da identidade corporativa da 4.960 2 2 Verba anual do oramento geral da Cresaor 3,000.00 0% 0% 0% 25% 14,878.50 0.00 14,878.50 11,158.88
Cresaor e n de aes de reforo da identidade para a elaborao de atividades com vista ao
corporativa reforo da identidade corporativa
Aumento da visibilidade da misso e objectivos N de organizaes que tm conhecimento da misso 2.965 2 2 Custo anncio no jornal Aoriano Oriental, 3 2,217.00 0% 0% 0% 25% 6,572.30 0.00 6,572.30 4,929.22
da Cresaor e objetivos da Cresaor e grau de visibilidade vezes por ano, 1/2 pgina
Pblicos em Tempo 3635.1 630 horas Aumento das condies de empregabilidade Satisfao com a capacidade de trabalho e n de 5.52 2 2 Formao prtica em Tcnicas de Procura Ativa 4,500.00 0% 0% 20% 50% 19,872.00 0.00 19,872.00 9,936.00
risco tarefas para as quais se sente mais capacitado de Emprego de 30 h (150,00)
Aumento do sentimento de integrao na N de eventos que participa e sentimento de que 5.048 2 2 Atividades de integrao dos cidados na 362.88 0% 0% 20% 50% 1,465.31 0.00 1,465.31 732.65
comunidade estprximo de outras pessoas sociedade: 4 horas/ms,2 pessoas - salrio
mdio anual
Mais empoderamento Nvel de competncias adquiridas e n de momentos 5.865 2 2 Custo de 3 aes de coaching de 9 h (75,00) e 375.00 0% 0% 20% 50% 1,759.50 0.00 1,759.50 879.75
felizes durante a semana formao de 30 h (150,00)
Freguesias/ No investe 0.00 0 Aumento do nmero de visitantes N de visitantes (aumento de ) 97 2 2 Gasto dirio de um visitante de 43,00. 516.00 0% 10% 20% 50% 36,037.44 0.00 36,037.44 18,018.72
Comunidade Pressupondo um nmero de 9 visitantes por
ms.
Aumento do nmero de turistas N de visitas de turistas (aumento de) 86 2 2 Gasto dirio de um turista de 86,00 (segundo 344.00 0% 10% 20% 50% 21,300.48 0.00 21,300.48 10,650.24
dados do SREA). Pressupondo a estadia de 4
dias dias.
Melhoria da mobilidade de acesso ao consumo Facilidade de acesso a bens de consumo e n de 417 2 2 Custo mdio transporte mensal dos residentes 270.00 0% 10% 20% 50% 81,064.80 0.00 81,064.80 40,532.40
pontos de venda nas freguesias rurais para a cidade para
aquisio de bens de consumo (mdia de 1000
residentes pelo valor mdio mensal de 22,50
- transporte)
Consumidores No investe 0 0 Aumento do conhecimento dos produtos e N de produtos CORES adquiridos durante 1 ms; nvel 1426.625 2 2 Pesquisa individual sobre o consumo e compra 10.00 0% 10% 20% 50% 10,271.70 0.00 10,271.70 5,135.85
servios CORES e alterao nos padres de de alterao nos padres de comportamento; Nvel de consciente (100 horas anuais, pressupondo o
comportamento conhecimentoen de produtos e servios CORES custo da internet e da luz mdio de0,10 hora).
conhecidos.
Sentimento de contribuio para uma causa Sentir-se bem consigo prprio e n de aes 1461.75 2 2 Donativos bianuais para o Banco Alimentar 20.00 0% 10% 20% 50% 21,049.20 0.00 21,049.20 10,524.60
social socialmente responsveis (mdia de 10,00 pela mdia de 5000
consumidores)
Famlias No investe 0 0 Famlias mais estruturadas Nvel de felicidade e nmero de novas redes sociais 2.873 2 1 Custo de consulta de terapia familiar (45,00/ 540.00 0% 0% 13% 50% 1,357.26 1,357.26 1,357.26 678.63
ms).
Estabilidade financeira das famlias Estabilidade financeira e n de compromissos 6.056 3 1 Custo de uma formao em Finanas Pessoais e 150.00 0% 0% 13% 50% 794.88 794.88 794.88 397.44
financeiros por honrar oramento familiar (150,00)
Governo Tempo e 141487.91 2 Melhoria e modernizao da rede Regionalde Sentimento de contribuio para o desenvolvimento 0.6 3 1 Atribuio de uma verba anual por parte do GR 3,000.00 0% 0% 0% 25% 1,875.00 1,875.00 1,875.00 1,406.25
Regionale SRSS recursos Economia Solidria da sociedade e n de organizaes de ES que se s OES para se modernizarem.
modernizaram
Empresas com Tempo 75.8 2 Aumento da responsabilidade social Nvel de responsabilidade social e n de aes 1.66 3 1 Ao de voluntariado bianual (30,00 por dia 60.00 0% 0% 20% 25% 79.68 79.68 79.68 59.76
interesse no socialmente responsveis pela mdia de 10 colaboradores)
projeto e Aumento da notoriedade N de notcias 0.24 2 1 Campanha de marketing no facebook durante 3,000.00 0% 0% 20% 25% 576.00 576.00 576.00 432.00
comunicao um ano
social regional
Aumento da rede de parceiros N de parcerias 0 2 1 Reunies de trabalho e promoo de 75.80 0% 0% 20% 25% 0.00 0.00 0.00 0.00
momentos informais (10H/anuais, pressupondo
o valor/hora mdio de 7,58)
Total 258,714.12
Total 497,503.98 8,784.07 497,503.98 323,810.50
ESTADO PURO
79
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
SUMRIO EXECUTIVO
A Cruz Vermelha Portuguesa uma instituio humanitria no-governamental, a qual visa prestar assistncia
humanitria e social, em especial aos mais vulnerveis, prevenindo e reparando o sofrimento e contribuindo
para a defesa da vida, da sade e da dignidade humana.
O projeto Estado Puro visa a capacitao dos reclusos a nvel social e profissional e a criao da marca Estado
Puro - cujas receitas dos produtos desenvolvidos nas oficinas do projeto revertem para o fundo de reinsero
da populao reclusa e o acompanhamento em meio livre atravs de uma rede de parceiros.
Esta anlise SROI teve como objetivos facilitar a melhoria do desempenho, o controlo dos resultados e o
ajustamento da despesa. Ambicionou ainda quantificar o retorno social e enfatizar as boas prticas da
interveno.
Foram identificadas como principais mudanas geradas: capacitao para a autossustentabilidade; melhoria
da qualidade de vida; responsabilidade Social; aumento do Rendimento e coeso familiar.
A anlise SROI evidenciou sobretudo o impacto do projeto nos reclusos e suas famlias. Foram detetadas
algumas lacunas quanto ao envolvimento dos stakeholders e operacionalizao do projeto, o que permitir
o ajuste e aumento da qualidade da interveno.
Recomenda-se a incluso da metodologia SROI na fase inicial de implementao de novos projetos e a sua
aplicao em diferentes perodos do seu ciclo de vida.
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ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
1. MBITO E STAKEHOLDERS
O trabalho desenvolvido pela Cruz Vermelha Portuguesa, no mbito do Revive+ - Programa Nacional de
Voluntariado em Meio Prisional -, designadamente atravs das aes desenhadas e implementadas em
contexto prisional, permitiram identificar problemas nos indivduos reclusos, no s durante cumprimento
da pena mas tambm por ocasio da sua sada em liberdade e posterior insero na sociedade.
A dificuldade de insero de um ex-recluso no mercado de trabalho, que advm da categorizao deste por
parte da sociedade, compromete a operacionalizao do seu projeto individual de reinsero. No sentido de
dar resposta a esta problemtica surge o Estado Puro, um projeto de empreendedorismo social com o
propsito de promover a Responsabilidade Social atravs da incluso socioprofissional de reclusos.
A sua interveno incide em contexto prisional e em meio livre, visando construir de forma partilhada,
atravs de um consrcio de stakeholders, um plano de interveno que capacite a pessoa reclusa aos nveis
pessoal, profissional e social. No sentido de apoiar a sua (re)insero, promover a melhoria da sua qualidade
de vida e suas famlias e, por sua vez, quebrar o ciclo de reincidncia.
O projeto abrange 60 beneficirios diretos e 240 beneficirios indiretos (agregado familiar). 30 indivduos
foram selecionados numa fase inicial e correspondem a reclusos do EP de Sintra, a dois anos do fim de
cumprimento de pena e com interesse pelas reas de serralharia, estofagem e marcenaria. Na sua maioria
possuem o nvel bsico de literacia e so de nacionalidade portuguesa. Haver, ainda no presente ano, um
acrscimo de 30 beneficirios relativos replicao do projeto Estado Puro no EP de Tires e no EP do Linh.
As atividades Estado Puro em anlise so: seleo dos beneficirios do projeto; plano de tutoria modelar
terico e prtico; produo oficinal; acompanhamento em meio livre e monitorizao.
Esta anlise SROI constitui uma ferramenta de gesto na medida em que, facilita a melhoria do desempenho,
o controlo dos resultados e o ajustamento da despesa (face ao perodo entre a iniciao do projeto, setembro
2013, e dezembro de 2015).
Augura-se ainda que esta avaliao SROI preditiva permita analisar o retorno social da fonte de financiamento
- Fundao Montepio - e dar nfase s boas prticas da interveno.
81
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
1.2. STAKEHOLDERS
Aps um processo de anlise das competncias e responsabilidades de cada stakeholder envolvido no Estado
Puro, identificamos abaixo as principais partes envolvidas e a forma como cada qual afetada pela
interveno do projeto.
Os reclusos representam o principal stakeholder tendo sido envolvido na anlise SROI desde o inicio da
implementao desta metodologia. A operacionalizao do projeto est focada na capacitao de
competncias pessoais, sociais e profissionais destes, sempre no sentido de uma reinsero estruturada e
sustentada.
So assim beneficirios diretos deste projecto 60 indivduos reclusos, tendo sido integrados 30 no projeto
desde 2013 no EP de Sintra e possuem em mdia, 35 anos de idade, escolaridade mnima, nacionalidade
portuguesa e oriundos dos Concelhos da Amadora, Lisboa, Sintra e Almada. Os restantes 30 beneficirios
integraro o projeto ainda no presente ano.
O stakeholder famlias dos beneficirios, surge igualmente no inicio da anlise SROI, no sentido de ressalvar o
apoio em meio livre suportado pelo projeto e o intuito de reunir esforos em prol da melhoria da qualidade
de vida dos reclusos e por sua vez, o restabelecimento de laos afetivos intra familiares. Representam assim
240 beneficirios indiretos, perfazendo uma mdia de 4 familiares por indivduo recluso.
Os mestres representam um stakeholder crucial para a operacionalizao do projeto o que obriga ao seu
envolvimento inicial nesta avaliao de impacto. Sendo os mentores do plano de tutoria modelar prtica/
tcnica, a sua participao constitui um passo relevante na capacitao deste pblico alvo. Este stakeholder,
para alm de influenciar diretamente o projeto, tambm afetado pelo mesmo, no sentido em que
experiencia a responsabilidade de dotar os beneficirios de competncias tcnicas que lhes permitam estar
aptos a desenvolver uma atividade em meio livre nas reas oficinais respetivas.
No que concerne aos stakeholders clientes comerciais e Cruz Vermelha Portuguesa, so cruciais no sentido
em que geram valor para o projeto. O primeiro garante o fluxo de verbas para o Fundo Disponvel e o Fundo
de Reinsero do recluso, sendo envolvido nesta anlise na fase final da mesma visto representar a
consumao da produo e comercializao dos produtos. O segundo destina verbas decorrentes das vendas
dos produtos para esses mesmos fundos, provenientes das oficinas de serralharia, estofaria e marcenaria em
funcionamento no EP de Sintra e cujo envolvimento se revela crucial desde o inicio da anlise SROI por
representar o suporte tcnico, humano e financeiro do Projeto Estado Puro.
Relativamente ao Stakeholder Estabelecimento Prisional, foi envolvido no processo de anlise, tendo sido
enunciados os objetivos da mesmo e preparada, em conjunto, a necessria operacionalizao da avaliao
de impacto.
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ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
Famlias dos Beneficirios Sim Beneficirios indiretos do projeto (que tambm tem como
objectivo a melhoria das relaes com a familia)
Instituies Parceiras Sim Inclui todas as instituies parceiras do projeto que contribuem
para a operacionalizao do mesmo. Colaboram como tutores nas
aes da componente terica, no acompanhamento em meio livre
e no design e comercializao de produtos da marca Estado Puro.
83
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
Nas fases de planeamento e desenvolvimento do processo de anlise foram delineadas as atividades e aes,
consoante os objetivos a atingir.
Foi promovida a aplicao dos inquriitos nas instalaes do Estabelecimento Prisional de Sintra, tendo sido
aplicados, inquritos numa primeira fase exploratoria e posteiromente na fase de anlise de impacto a 20
reclusos. Ao longo deste processo foi ainda explorado o processo de teoria da mudana com os reclusos de
forma a identificar aspetos que pudessem ser incluidos na anlise.
Relativamente ao Stakeholder Familias dos reclusos, foi requisitada autorizao para realizao de contacto
aos reclusos e procedeu-se aplicao dos inquritos de forma presencial e telefonicamente, na fase de
anlise de impacto.
Foram aplicados, presencialmente os inquritos aos mestres do projeto, numa primeira fase exploratria, tal
como aconteceu com o stakeholder reclusos e numa fase posterior para a concretizao da anlise de
impacto.
Quanto aos clientes comerciais, foram realizados contactos telefnicos de forma a poder explicar a
metodologia de anlise e aplicados e recebidos os inquritos preenchidos por correio eletrnico.
Relativamente s entidades parceiras, foi realizada uma breve descrio do processo de anlise tendo sido
aplicados os inquritos via presencial e por correio eletrnico a 8 entidades.
84
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
No que concerne ao stakeholder Reclusos, o tempo representa o nico recurso despendido. Este tempo
distribudo pelas sesses de tutoria profissional e terica.
A Cruz Vermelha Portuguesa despendeu at ao momento o recurso com valor mais alto, comparativamente
aos restantes stakeholders. Os recursos passam por despesas de investimento, cursos correntes, 50% de
afetao da coordenadora do projeto e honorrios dos mestres.
Os voluntrios representam o recurso despendido pelas entidades parceiras ao projeto Estado Puro. Para
calcular o valor final deste recurso foi tido em conta o valor/hora nacional do trabalho de voluntariado. Sendo
assim, tendo em conta as 190horas de formao de tutoria modelar terica dadas pelos parceiros.
Finalmente, sendo monetrio o recurso despendido pelos Clientes, este representa 942.98 em candeeiros,
398 dos Kits de Natal (tbua de madeira + avental) e 99 do manequim.
85
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
2.2. RESULTADOS
Os Reclusos recebem 190h de formao terica, estando previstas mais 72h. So ainda realizadas 696 horas
de formao prtica, continuando esta formao em curso, 15 horas de treino de competncias sociais, 4
horas de balano de competncias e o suporte da rede de apoio em meio livre.
Destacamos ainda que, relativamente s famlias dos reclusos, so realizadas aes de interveno social e
desenvolvido o plano de monitorizao deste caso. Quanto ao stakeholder Mestres, realiza 696 horas de
formao prtica.
As Entidades Parceiras so responsveis por 190 horas de formao e contribuem para a definio dos
produtos Estado Puro desenvolvidos nas oficinas, perfazendo cerca de 10 visitas ao EP. Os Clientes comerciais
adquirem 77 produtos socialmente responsveis elaborados nas oficinas.
STAKEHOLDER RESULTADOS
Cruz Vermelha Portuguesa Colaborao em algumas sesses de tutoria modelar terica, nomeadamente, Apresentao
da Instituio e projeto, Cidadania, Sade, empreendedorismo)
Distribuio de verbas
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ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
3. TEORIA DA MUDANA
Num primeiro momento de contacto com o meio prisional sentiu-se a necessidade de fazer uma anlise
bibliogrfica, para contextualizao. Vrios estudos identificam diferentes abordagens para a definio de
perfis do recluso em Portugal e os papis sociais divergentes deste contexto.
Dos estudos analisados acerca do meio prisional, salienta-se que, em 2001, a maioria dos reclusos do sexo
masculino, jovem, com baixa escolaridade, solteiro ou a viver em unio de facto e empregado em profisses
de baixa qualificao. Evidencia-se que a sua ltima profisso, antes da recluso, envolve o trabalho manual e
comrcio (que passou de 83,1% em 2001 para 85% em 2007) e implica baixos rendimentos (Torres et al, 2008).
A escolaridade mantm-se baixa, embora registando um aumento nos graus de ensino superior de 2001 a
2007. A maioria dos reclusos possui apenas o 1 e 2 ciclos do ensino bsico. O analfabetismo continua a
afetar maioritariamente as mulheres (15,5%), em contraste com os homens (7,7%). Importa salientar a subida
no 3 ciclo do ensino bsico, ensino secundrio e tambm no ensino superior, tanto de homens como de
mulheres (Torres et al, 2008).
A rigidez do sistema e a inflexibilidade das regras e normas vigentes contribuem para a aprendizagem da
diferenciao de papis, que comea com a entrada destes indivduos no processo de recluso e compromete
a operacionalizao do seu trabalho individual de reinsero.
Atravs da consulta de stakeholders prioritrios como a DGRSP e o EP de Sintra foi possvel definir como
objetivos principais: a promoo da aquisio e desenvolvimento de competncias pessoais, profissionais e
sociais da pessoa reclusa, adaptando a formao ao contexto prisional para promover a aquisio de
competncias especficas adequadas ao desempenho de uma atividade profissional; promover o acesso a
um percurso formativo e laboral com recurso a bolsa de formao/insero social; promover uma imagem
positiva de utilidade/contributo social da populao reclusa face sociedade civil geral; estimular e apoiar a
construo de um projeto pessoal/familiar a implementar no regresso vida em sociedade; apoiar a pessoa
reclusa no desenvolvimento dos prprios projetos em meio livre de forma sustentada e, por fim, facilitar a
autonomizao financeira da pessoa reclusa a partir da gerao de rendimento, atravs da remunerao do
trabalho, contribuio para o fundo de apoio sua reinsero e diminuio da reincidncia.
Para a operacionalizao dos objetivos citados anteriormente, definiram-se trs atividades principais: plano
de tutoria modelar terica, produo oficinal e apoio em meio livre. Pretende-se que estas atividades sejam
indutoras de mudanas em todos os stakeholders envolvidos.
O principal stakeholder do projeto representado pelos reclusos. Tendo em conta o perfil deste beneficirio
descrito no captulo refente aos stakeholdersprev-se, numa primeira fase, que o projeto possa promover o
aumento da rede social e restabelecer/fortalecer os laos familiares. Seguidamente, espera-se tambm que o
projeto contribua para a diminuio do isolamento, o aumento da confiana, da motivao e da autoestima,
de onde se ambiciona poder incentivar o aumento da capacidade de resilincia dos beneficirios. Prope-se
colmatar estas mudanas atravs do plano de tutoria modelar terico que integra a fase inicial do projeto.
87
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
Numa perspetiva profissional, pretende-se que o projeto, numa primeira fase, promova a capacitao atravs
da aquisio de competncias tcnicas e que possa contribuir para o Fundo Disponvel e o Fundo de
Reinsero dos reclusos. A partir daqui perspetiva-se que o projeto possa promover a incluso profissional e
a capacidade de empreendedorismo o que, por sua vez, permite aumentar a autossustentabilidade dos
beneficirios.
No que concerne a questes do foro inter-relacional, pretende-se, inicialmente, a adaptao a novas rotinas,
a participao em dinmicas de grupo e o estabelecimento de inter-relaes. Atravs destas mudanas
espera-se incentivar o aumento do sentido de pertena ao projeto e ao grupo de trabalho, o fortalecimento
das relaes de empatia e a capacidade de gerir conflitos e que, em ultima instncia, se desenvolva o aumento
da capacidade de trabalhar em grupo.
Ainda relativamente a este stakeholder, pretende-se inicialmente contribuir para a satisfao das necessidades
bsicas e o aumento da rede de suporte, atravs das atividades de apoio em meio livre. Daqui perspetiva-se
que advenha o aumento do seu sentimento de segurana, da confiana e da proatividade, contribuindo para
a autonomizao da famlia.
Com o stakeholder entidades parceiras pretende-se que o processo de mudanas a curto, mdio e longo
prazo seja muito semelhante ao dos mestres, pois aquelas entidades tm, igualmente, uma responsabilidade
acrescida na promoo das competncias dos beneficirios. Ambiciona-se, ento, sensibilizar estes futuros
tutores para as problemticas do meio, atravs do contacto direto com a realidade do contexto prisional. De
seguida, espera-se contribuir para o interesse pelo projeto e, por fim, para o seu enriquecimento pessoal e
profissional.
Para o stakeholder estabelecimento prisional prev-se promover como mudanas de curto prazo, o aumento
da oferta formativa atravs da implementao de trs oficinas inclusivas e de um sistema de apoio em
contexto prisional, particularizando o acompanhamento do beneficirios por parte da equipa tcnica do
projeto. Seguidamente, ambiciona-se aumentar a ocupao nos tempos de pena e contribuir para a melhoria
do ambiente prisional.
Ainda neste stakeholder, numa perspetiva da abertura ao exterior, projeta-se numa primeira fase favorecer o
desenvolvimento de novas dinmicas intra e inter institucionais que derivem da promoo conseguida,
numa fase inicial, do aumento da rede de contactos e suporte.
Finalmente, no stakeholder clientes comerciais, ambiciona-se que de incio ocorra uma sensibilizao para as
problemticas de contexto prisional, atravs do contacto direto com esta realidade. De seguida, pretende-se
estimular a aquisio dos produtos Estado Puro, no sentido de dinamizar o conceito de responsabilidade
social.
88
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
No momento da chegada ao terreno, a partir das entrevistas e fichas de inscrio a que foram sujeitos os
reclusos nas quais foi possvel validar questes do foro sociodemogrfico e familiar , constam como
pontos-chave da prognose motivacional o facto de lhes ser importante a ocupao do tempo, a aquisio
de competncias tcnicas, a aprendizagem e a possibilidade de abrir o leque de oportunidades1.
Foi iniciada a tutoria modelar terica, no sentido de desenvolver as competncias pessoais e sociais destes
indivduos. De acordo com as grelhas de assiduidade e avaliaes, obtiveram uma taxa de aprovao de
100% e de assiduidade de 90%. Do acompanhamento em meio livre, foi possvel iniciar o processo de
restabelecimento dos laos familiares e aumentar a rede de suporte atravs do envolvimento com a Rede da
CVP e entidades parceiras. Os reclusos evidenciaram a diminuio do isolamento, o aumento da confiana,
da autoestima e da motivao, assumindo sentirem-se capaz[es] de desempenhar muitas funes sozinho
realando a aquisio de eficcia e criatividade. Destas evidncias considera-se ser possvel aumentar o
potencial de reinsero.
Na mudana relativa promoo das competncias tcnicas evidencia-se uma evoluo positiva no grupo,
variando as avaliaes entre o suficiente e o muito boa produtividade. Na contribuio para os fundos de
salientar a bolsa de formao de 100 atribuda a cada beneficirio e a distribuio das receitas dos produtos.
Daqui, advm o apoio na incluso profissional e na capacidade empreendedora, que se concretiza no
encaminhamento s entidades parceiras de incluso profissional. A consumao da autossustentabilidade
destes indivduos implica um perodo de tempo at que possa ser validada.
No que concerne ao foro inter-relacional, a pretenso partida de que estes indivduos se adaptassem a
novas rotinas, participassem em dinmicas de grupo e estabelecessem relaes de empatia foram
evidenciadas nos testemunhos dos guardas e da direo do EP, que assumem estar um grupo muito
diferente () mais responsveis, mais calmos evidenciando ser notrio que este um grupo [de] homens
com muito talento. evidente o aumento do sentido de pertena ao projeto e ao grupo, o fortalecimento
das relaes e a capacitao para a gesto de conflitos. A capacidade de trabalhar em grupo verificada
atravs do esprito de coeso e capacidade de partilha de tarefas nas oficinas.
Relativamente s famlias dos reclusos, foi possvel restabelecer laos afetivos, tendo os reclusos afirmado
que um dos campos em que sentiram mais impacto do projeto ter sido na reaproximao com a famlia.
Esta questo abre caminho coeso familiar sustentada.
Ainda neste contexto, foram doados bens alimentares e de higiene e apoiado o relojamento de uma famlia
em condies precrias de habitabilidade. O aumento da rede de suporte tornou-se uma mudana
imprescindvel para a promoo do sentimento de apoio e proatividade, evidenciado pelo aumento de
pedidos de ajuda. Pretende-se promover a autonomizao da famlia, que s ser validada com a incluso
profissional sustentada de, pelo menos, um dos membros da mesma.
Com o stakeholder mestres houve facilidade em sensibiliz-los para as problemticas do meio. O contacto
direto com o sistema prisional levou ao visvel interesse e dedicao ao projeto, evidenciado no empenho
nas oficinas, assumindo um enriquecimento pessoal e profissional.
As entidades parceiras, por seu turno, demonstraram abertura e dedicao ao projeto, prontido e capacidade
de resposta assertiva, reconhecendo que o mesmdo contribuiu para o seu enriquecimento pessoal e
profissional dos tcnicos envolvidos.
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ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
Para os clientes comerciais, foi evidente o acrcimo de sensibilidade para as problemticas e o contacto
direto com o projeto, tendo j havido encomendas, o que promove o conceito de responsabilidade social.
RECLUSOS
Para a mudana aumento do rendimento, utilizou-se o indicador, de cariz objetivo, da receita originada pelo
projeto at ao momento (por recluso).
A motivao aparece como indicador porque, segundo a literatura (Lieury & Fenouillet, 2000, p. 9), quanto
mais motivado o indivduo estiver, mais persistente se afirma e com mais facilidade tende em conseguir a
mudana. Relativamente ao segundo indicador, pretende evidenciar a aquisio de competncias pessoais,
sociais e profissionais a estes indivduos.
Para a mudana aumento do potencial de reinsero, foram tidos em conta indicadores como o nvel de
expectativas face mudana positiva de vida , no sentido em que estas reforam a a capacidade para a
mudana de vida. Ainda no segmento deste indicador, surge um outro relativo ao nmero de objetivos/
metas para meio livre, a fim de aferir a sustentao para a mudana. O processo de clculo foi idntico ao
descrito anteriormente.
90
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
Aquisio de competncias
incluso profissional autosustentabilidade
e aumento do Fundo Disponvel
e empreendedorismo
e de Reinsero Social
Restabelecimento
Coscincia da necessidade dos laos afetivos, Coeso
do suporte familiar aumento da rede familiar
de suporte
FAMLIAS
Para a mudana aumento da coeso familiar foram tidos em conta indicadores como o nvel de satisfao nas
relaes familiares, a fim de aferir o tipo de relao existente antes da integrao destas famlias no projeto
Estado Puro e com isso avaliar o seu desenvolvimento. O outro indicador passou por aferir o nmero de
contactos feitos entre
Adaptao a famlias
a novas rotinas, e o indivduo recluso,doe sentido
Aumento perceberde se existe alterao a partir da implementao
pertena
participao em dinmicas ao projeto e ao grupo de trabalho,
do projeto. Foram calculadas as DP de ambos indicadores, identificada a mdia das duasCapacidade e multiplicada
de pelo
de grupo, estabelecimento
nmero de beneficirios, para determinar a fortalecimento das relaes de
quantidade total. trabalhar em grupo
de interrelaes empatia, capacidade de gerir conflitos
Satisfao das
necessidades bsicas, Sentimentos de segurana,
confiana, proatividade e Melhoria da
aumento de rede de qualidade de vida
suporte autonomizao
Restabelecimento
Coscincia da necessidade dos laos afetivos, Coeso
do suporte familiar aumento da rede familiar
de suporte
91
Sensibilizao para Interesse e Enriquecimento
as problemticas dedicao pessoal e
em contexto prisional pela rea profissional
Satisfao das
necessidades bsicas, Sentimentos de segurana,
confiana, proatividade e Melhoria da
aumento de rede de qualidade de vida
suporte autonomizao
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
Restabelecimento
ESTABELECIMENTO PRISIONAL (EP)
Coscincia da necessidade dos laos afetivos, Coeso
do suporte
Relativamente mudana aumento
familiar melhoria do ambiente da rede
prisional, familiar
a escolha dos indicadores foi complexa, visto
de suporte
existirem inmeros fatores internos e externos que influenciam este ambiente. No entanto, foram
considerados dois indicadores que se destacam nos testemunhos dos beneficirios: a perceo quanto s
relaes entre a populao prisional (no sentido de se perceber se existem alteraes aps a implementao
do mesmo) e o nmero de novas ofertas formativas, (j que estas so cruciais ocupao dos tempos de
Sensibilizao
pena e por para
isso ao aumento Interesse
dos momentos de reforo e
positivo Enriquecimento
carateristicos das sesses de promoo de
as problemticas dedicao pessoal e
competncias do projeto). O processo de clculo da quantidade de mudana foi idntico ao descrito
em contexto prisional pela rea profissional
anteriormente.
Para a mudana abertura ao exterior e partindo sempre do principio da rigidez do sistema , considerou-se
importante aferir o nmero de entidades externas intervenientes no projeto e envolvidas com o EP. Foram
considerados conco beneficirios:
Sensibilizao para diretora, adjudante de direo,
Interesse e tcnicas de reinsero e chefe dos guardas
Enriquecimento
prisionais.as problemticas dedicao pessoal e
em contexto prisional pela rea profissional
Satisfao das
Sensibilizaobsicas,
necessidades para Sentimentos de segurana,
MESTRES Conhecimento Melhoria da
Responsabilidade
asEproblemticas
ENTIDADES
aumento de rede dePARCEIRAS confiana, proatividade e
do projeto
autonomizao qualidade
Social de vida
em contexto prisional
suporte
Estes dois stakeholders expressaram mudanas idnticas. Logo, os indicadores tidos em conta revelam-se
igualmente semelhantes em ambos os stakeholders. Para a mudana realizao pessoal, nos mestres
destacaram-se indicadores relativos ao nvel de satisfao quanto relao com os beneficirios, com intuito
de se perceber a evoluo destas relaes e do Restabelecimento
nmero de contactos com estes indivduos reclusos (que
tendeCoscincia
e ser cadadavez maior no decurso do projeto).
necessidade dosNa mesmo
laos mudana, para o stakeholderCoeso
afetivos, parceiras, foram
tidos em do
conta nmero
suporte aumento e
de contactos com os beneficirios
familiar daorede
nvel de realizao pessoal. familiar
de suporte
Aumento da oferta
formativo, aumento Maior ocupao Melhoria do ambiente
de apoio em contexto dos 92
tempos de pena prisional
prisional
em contexto prisional pela rea profissional
Sensibilizao para
Conhecimento Responsabilidade
as problemticas
do projeto Social
em contexto prisional
93
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
4. PROVAS E VALOR
94
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
4.2. DURAO
Para estabelecer a durao de cada mudanaa, foi utilizada para todos os beneficirias a questo Se o
projeto terminasse amanh, durante quanto tempo sentiria o impacto na mudana?, tendo a questo sido
aplicada maioria das mudanas.
Considerou-se que o impacto do projeto nas mudanas estipuladas ocorreu durante o ano de implementao,
tendo-se assumido o valor 1 na coluna relativa ao comeo.
Em relao mudana relativa ao aumento do rendimento dos beneficirios, tendo em conta o carcter de
continuidade do projeto e a j existncia de acordos e parcerias comerciais, foi considerado que a mudana
ir continuar para alm dos dois anos, tendo sido considerado o valor 2 para a durao.
95
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
No que toca ao enriquecimento profissional dos mestres e parceiros, considerou-se o custo de mercado de
um curso de certificao profissional.
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ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
RECLUSOS Aumento do Foi considerado o valor das bolsas de formao (3000 euros) 147,70
rendimento e montantes relativos venda de produtos oficinais at ao
momento (1430,98 euros), a dividir pelo n total de
beneficirios abrangidos at ao momento (30)
FAMLIAS DOS RECLUSOS Coeso Familiar Valor mdio que as familias declararam estar dispostos a 352,50
dispender pela mudana, tendo em conta os seus
rendimentos
Melhoria da qualidade Valor mdio que as familias declararam estar dispostos a 353,50
de vida dispender pela mudana, tendo em conta os seus
rendimentos
ESTABELECIMENTO Melhoria do ambiente Foi considerado o valor mdio do mercado relativo a cursos 285,00
PRISIONAL de gesto de conflitos
MESTRES Realizao pessoal Valor mdio que os mestres declararam estar dispostos a dar 302,50
pela mudana
PARCEIROS Realizao pessoal Valor mdio que os parcerios declararam estar dispostos a 100,00
dispender pela mudana
CLIENTES Responsabilidade Foi inquirida qual a percentagem do preo dos artigos 715,49
Social adquiridos que atribuiria responsabilidade social e
multiplicada a percentagem pelo valor total dos produtos
adquiridos.
97
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
5.1. ATRIBUIO I
Capacitao para a 17% Mdia das resposta dos reclusos que responderam sim
autosustentabilidade questo: Se o projeto no existisse acha que teria sentido
o aumento da capacidade de autonomizao?
Autoestima 32% Mdia das resposta dos reclusos que responderam sim
questo: Se o projeto no existisse acha que teria sentido
o aumento da autoestima?
Potencial de reinsero 17% Optou-se por considerar a mesma mdia das resposta
dos reclusos que responderam sim questo: Se o
projeto no existisse acha que teria sentido o aumento
da capacidade de autonomizao?
FAMLIAS DOS RECLUSOS Coeso Familiar 0% Considerou-se a resposta das familias questo: Se o
projeto no existisse acha que teria sentido o mesmo
impacto na coeso familiar?
98
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
MESTRES Realizao pessoal 50% Mdia das resposta dos mestres que responderam sim
questo: Se o projeto no existisse acha que teria sentido
o mesmo impacto na realizao pessoal?
Enriquecimento 50% Mdia das resposta dos mestres que responderam sim
profissional questo: Se o projeto no existisse acha que teria sentido
o mesmo impacto na sua realizao profissional?
PARCEIROS Realizao pessoal 40% Mdia das resposta dos parceiros que responderam sim
questo: Se o projeto no existisse acha que teria sentido
o mesmo impacto na realizao pessoal?
Enriquecimento 100% Mdia das resposta dos parceiros que responderam sim
profissional questo: Se o projeto no existisse acha que teria sentido
o mesmo impacto na sua realizao profissional?
5.2 ATRIBUIO II
Autoestima 44% Mdia das resposta dos reclusos que responderam sim
questo: J participou ou teve acesso a outras aes que
tivessem contribudo para a sua autoestima?
99
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
FAMLIAS DOS RECLUSOS Coeso Familiar 0% Considerou-se a resposta das familias questo: J
participou ou teve acesso a outras aes que tivessem
contribudo de igual forma para a coeso familiar?
MESTRES Realizao pessoal 50% Mdia das resposta dos mestres que responderam sim
questo: J participou ou teve acesso a outras aes que
tivessem contribudo de igual forma para a sua realizao
pessoal?
Enriquecimento 100% Mdia das resposta dos mestres que responderam sim
profissional questo: J participou ou teve acesso a outras aes que
tivessem contribudo de igual forma para a sua realizao
profissional?
PARCEIROS Realizao pessoal 40% Mdia das resposta dos parceiros que responderam sim
questo: J participou ou teve acesso a outras aes que
tivessem contribudo de igual forma para a sua realizao
pessoal?
Enriquecimento 60% Mdia das resposta dos parceiros que responderam sim
profissional questo: J participou ou teve acesso a outras aes que
tivessem contribudo de igual forma para a sua realizao
profissional?
100
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
75% - possivel que perdure algum impacto ainda que pequeno ao longo do tempo.
101
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
5.4. DESLOCAO
Sendo a deslocao definida como as consequncias negativas que a interveno pode ter e tendo sido
percecionado pela equipa e os beneficirios apenas o impacto positivo da mesma, foi considerado que a
anlise da deslocao no se aplica ao projeto.
Dados retirados a partir dos inquritos aplicados, mercado consultado, centro de custo do projeto, apoio do
mecenas e vendas do projeto realizadas.
Como visivel no mapa de impacto, tendo em conta todos os pressupostos, recursos, quantidades, valores,
durao e descontos identificados o valor SROI obtido foi de 1:3,45 euros. Ou seja, ao nvel do impacto do
projeto na populao reclusa, por cada euro investido no projeto Estado Puro, ir conseguir-se um retorno
social de 3,45 euros.
Tendo em conta a fase atual de projeto no que toca a parcerias e acordos comerciais, alm do aumento de
numero de horas de capacitao pessoal e profissional, este valor considerado bastante positivo e com um
claro potencial de aumento de retorno social quando consolidadas as premissas comerciais do projeto.
AT I AT II REDUO RACIONAL
102
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
AT I AT II REDUO RACIONAL
Foram alterados os pressupostos com vista a criar um worst case e um best case scenario, tendo sido
diminuidos/aumentados os diferentes descontos.
Em relao ao worst case scenario, integra aumentos nas atribuies I e II e um agravamento na reduo,
tendo sido obtido o valor de retorno social de 2,63 euros, conforme mapa em anexo. Uma reduo de 24%
do valor de retorno social inicialmente calculado.
No que toca ao best case scenario, para alm da diminuio das atribuies I e II, contempla ainda uma
perspetiva mais otimista de ligeira ou nenhuma diminuio do impacto do projeto findo o mesmo, tendo
sido obtido o valor de retorno social de 4,20 euros, o que representa um aumento de 22% face ao valor de
retorno social inicialmente calculado.
Realar ainda que a vertente comercial do projeto, consequente angariao de receitas para os fundos de
reinsero social dos reclusos e o processo continuo de capacitao pessoal e profissional constituem aspetos
com um claro potencial de aumento do valor de retorno social, pelo que, quando consolidados alguns destes
aspetos expectvel um aumento do valor SROI agora calculado.
103
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
A implementao de uma nova metodologia de avaliao acarreta a necessidade de mudana e adaptao
dos tcnicos e instituies envolvidas. Este desafio ainda maior nas situaes em que o projeto avaliado j
teve incio, no tendo sido prevista a respetiva metodologia no seu plano inicial de monitorizao e avaliao.
Apesar dos valores de investimento elevados, o projeto intervm numa rea onde existe reduzida interveno
estatal e de organizaes da sociedade civil, nomeadamente na rea do empreendedorismo social em
contexto prisional e na rede de apoio em meio livre a ex-reclusos e suas famlias.
Considera-se que todas as atividades previstas no projeto so de carater estrutural, ou seja, fazem parte da
estrutura operacional do projeto, o que pretende garantir a questo da sua sustentabilidade, de forma a
permitir a construo de um processo de (re)insero dos beneficirios diretos do projeto, de forma
estruturada e sustentada no tempo.
Relativamente ao ndice de retorno social atingido, revela que os benefcios da interveno so superiores ao
investimento realizado, tanto pelos financiadores como pelo promotor do projeto. No entanto, considera-se
ser bastante conservador, na medida em que est prevista a replicao do projeto e a maturao do mesmo,
o que possibilitar o fortalecimento das parcerias e redes j estabelecidas. Este fortalecimento permitir uma
maior solidez financeira do projeto, com o reforo das verbas destinadas aos fundos de reinsero dos
reclusos, com influncia direta no ndice de retorno social.
A partir da anlise do impacto do projeto por mudana e respetivo stakeholder verifica-se que o projeto vai
de encontro aos seus objetivos iniciais, ou seja, a promoo da reinsero e melhoria da qualidade de vida
dos reclusos e suas famlias. Este impacto est diretamente relacionado com o investimento do projeto na
capacitao, atravs do plano de tutoria terico e prtico e da rede de acompanhamento local que possibilita
a melhoria da qualidade de vida das famlias, nomeadamente atravs da satisfao das necessidades bsicas
e apoio na procura ativa de emprego. A interveno a nvel familiar encontra-se ainda evidenciada no valor
do impacto relativo mudana coeso familiar.
A mudana referente ao aumento do rendimento dos reclusos demonstra tambm um elevado impacto, o
qual se espera venha a aumentar tendo em conta a consolidao das parcerias e redes comerciais, o que
levar a um aumento das receitas provenientes dos produtos elaborados pelo projeto.
Relativamente s mudanas sentidas pelo stakeholder reclusos, optou-se por convergir o impacto na
mudana potencial de reinsero com o impacto na mudana capacitao para a autosustentabilidade por
contriburem de forma crucial para o processo de reinsero e incluso social do stakeholder. O impacto ao
nvel destas mudanas o de maior peso proporcional, traduzindo-se em 43% do total do impacto verificado
nas mudanas daquele stakeholder.
104
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
20+20+1413910
IMPACTO POR MUDANA
Autoestima 9%
Outras 10%
27+43+1713
IMPACTO POR MUDANA: RECLUSOS
Autoestima 17%
Quanto ao impacto por stakeholder, verifica-se que, de acordo com as pretenses iniciais do projeto so os
reclusos e suas famlias os principais beneficiados com a interveno do projeto. Este facto prende-se com a
abordagem estratgica do projeto, o qual afeta mais recursos nas diferentes atividades que incidem nestes
dois stakeholders.
No que concerne ao stakeholder clientes, o impacto verificado relaciona-se com o plano de negcio do
projeto, o qual associa a elevada qualidade dos produtos Estado Puro ao conceito da responsabilidade social,
tendo sido bsatente valorizado pelo stakeholder, nomeadamente quanto ao seu peso na estrutura de preo
dos produtos.
Foi considerado, para efeitos de variao do impacto nas mudanas, que as mesmas ocorrem durante a
implementao do projeto, ou seja, no existe variao entre o ano zero e ano um, pois o impacto nas
mudanas dos stakeholders permanece pelo menos um ano. Relativamente ao ano dois, foi verificado um
decrscimo total de, aproximadamente 28% relativamente ao ano anterior, de acordo com as respostas
fornecidas pelos stakeholders.
105
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
PONTOS FORTES
A metodologia SROI representa para a instituio a aquisio de uma nova competncia que permite uma
nova perspetiva ao nvel da conceo e avaliao de projeto, nomeadamente quanto ao impacto das
diferentes aes e atividades previstas.
A valorizao do projeto manifestada pelas famlias revela a relevncia e necessidade de intervenes desta
natureza, assumindo-se como ferramentas indutoras de incluso socioprofissional e dissuasoras de
reincidncia criminal.
106
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
A aplicao desta metodologia permitiu ainda identificar algumas lacunas, nomeadamente ao nvel da
monitorizao e acompanhamento dos ex-reclusos e famlias em meio livre. Tal facto permitiu o
aperfeioamento do processo de acompanhamento e suporte previsto.
PONTOS FRACOS
Destacamos a dificuldade de mensurao das aproximaes financeiras declaradas pelos stakeholders, bem
como a volatilidade e inflexibilidade do meio prisional introduo de novos projetos e metodologias.
Por fim, detetou-se a necessidade de abranger um maior nmero de beneficirios na metodologia com vista
obteno de uma maior amostra e consequente fiabilidade dos dados.
RECOMENDAES
R1: Incluso da metodologia SROI na fase inicial de implementao/replicao de novos projetos, com vista a
ser includa no plano de monitorizao e avaliao.
R3: Aplicao da teoria da mudana ao nvel dos objetivos do projeto no intuito de poder identificar e
quantificar as mudanas cruciais expectveis nos beneficirios envolvidos.
107
ESTADO PURO - Cruz Vermelha Portuguesa
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
A Guide to Social Return on Investment, The Cabinet Office, 2009.7
Gonalves, Leonel; Gonalves, Rui. (2012). Agressividade, estilo de vida criminal e adaptao priso.
Lus, Joo. (2012). Perspetivas da populao portuguesa acerca do sucesso da sua futura ressocializao.
Trabalho para obteno de graduao acadmica. Universidade Fernando Pessoa, Faculdade Cincias
Humanas e Sociais. Porto.
Trzesniewski, K., Donnellan, M. & Robins, R. (2003). Stability of self-esteem across the life span. Journal of
Personality and Social Psychology, 84, 205-220. Retirado de Sbicigo; Bandeira; DellAglio. (sd). Rosenberg
Self-Esteem Scale (RSS): factorial validity and internal consistency. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Brasil.
108
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/nos O que vo eles Valor Atividades em nmeros Descrio Indicador Quantidade Durao Comeo* Aproximao Financeira (AF) Valor Atribuio I Deslocao Atribuio II Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
afeta? investir? (QT)
O que muda nas suas Que preo atribumos mudana? Ano 0 Ano 1 Ano 2
vidas?
RECLUSOS Tempo Bolsa de Formao e Aumento do Receita originada a partir do projeto (por recluso) 60 2 1 Foi considerado o valor das bolsas de formao 147.70 0% 0% 50% 8,862.00 8,862.00 8,862.00 4,431.00
receitas provenientes da rendimento (3000 euros) e montantes relativos venda de
venda de produtos produtos oficinais at ao momento (1430,98
euros), a dividir pelo n total de beneficirios
abrangidos at ao momento (30)
886 Horas Aes de Tutoria Capacitao para a Nvel de motivao (subj) / 886 horas aes de tutoria 35.4 2 1 Calculado o valor hora do mercado do 726.52 17% 42% 25% 12,381.03 12,381.03 12,381.03 9,285.78
(Terica/Prtica) autosustentabilidade (terica/prtica) X horas treino de competencias pessoais, formador at nvel 3 (20 euros + iva) x o n
4 horas de balano de competncias horas a dividir pelo n de beneficirios at ao
momento
15 horas treino de Autoestima Nvel de auto-confiana (subj) / Nmero de atividades em 34.80 2 1 Valor mdio que os reclusos declararam estar 409.26 32% 44% 25% 5,423.45 5,423.45 5,423.45 4,067.59
competencias pessoais/4 que participou (obj) dispostos a dar pela mudana, tendo em conta
horas de balano de o salrio mdio nacional
competncias
Atividades de apoio em Potencial de Nvel de expectativa face mudana de vida para melhor 36 2 1 Foi considerado o valor mais baixo consultado 95.00 17% 42% 50% 1,646.39 1,646.39 1,646.39 823.19
meio livre/Treino de reinsero (subj)/ Nmero de objetivos/metas para meio livre (obj) no mercado relativo a cursos de coaching
competencias pessoais
403 sesses realizadas em Capacidade de se Capacidade de trabalhar em grupo (subj)/ N de sesses de 34.2 2 1 Valor mdio que os reclusos declararam estar 379.05 26% 53% 50% 4,508.71 4,508.71 4,508.71 2,254.35
grupo (886 horas) relacionarem trabalho em grupo (obj) dispostos a pagar pela mudana, tendo em
conta o salrio mdio nacional
FAMLIAS DOS Tempo 4 aes realizadas em meio Coeso Familiar Nvel de satisfao nas relaes familiares (sub)/ Nmero de 22.5 2 1 Valor mdio que as familias declararam estar 352.50 0% 0% 25% 7,931.25 7,931.25 7,931.25 5,948.44
RECLUSOS livre/Rede de apoio em contatos com a famlia (obj) dispostos a pagar pela mudana, tendo em
meio livre conta os seus rendimentos
Melhoria da Nmero de necessidades bsicas satisfeitas (obj) 34.8 2 1 Valor mdio que as familias declararam estar 353.50 0% 0% 25% 12,301.80 12,301.80 12,301.80 9,226.35
qualidade de vida dispostos a pagar pela mudana, tendo em
conta os seus rendimentos
ESTABELECIMENTO Espao/Recursos 7,200.00 3 Oficinas criadas, 2 Melhoria do Perceo quanto s relaes entre a populao prisional 3.5 2 1 Foi considerado o valor mdio do mercado 285.00 0% 50% 50% 498.75 498.75 498.75 249.38
PRISIONAL Humanos eventos ambiente (subj)/ Nmero de novas ofertas formativa (obj) relativo a cursos de gesto de conflitos
105 visitas de entidades Abertura ao exterior Nmero de entidades externas intervenientes (obj)/ Relao 0.875 1 1 Foi considerado o custo de organizao de um 553.50 0% 50% 50% 242.16 242.16 242.16 0.00
externas com entidades externas (subj) seminrio relativo a projetos de
responsabilidade social com entidades
externas
MESTRES Tempo 348 sesses de tutoria Realizao pessoal Nvel de satisfao quanto relao com os beneficirios 2.625 2 1 Valor mdio que os reclusos declararam estar 302.50 50% 50% 25% 198.52 198.52 198.52 148.89
prtica (696 horas) (subj)/Nmero de contactos com os beneficirios (obj) dispostos a dar pela mudana, tendo em conta
o salrio mdio nacional
Enriquecimento Capacidade para adequao dos contedos formativos s 0.75 2 1 Foi considerado o valor mdio do mercado 600.00 50% 100% 100% 0.00 0.00 0.00 0.00
profissional necessidades do contexto (subj)/ Nmero de novas/reforo relativo a cursos de certificao profissional
competncias profissionais (obj)
PARCEIROS Tempo 754.30 95 tutoria modelar terica e Realizao pessoal Nmero de contatos com os beneficirios (obj)/Nvel de 12.75 2 1 Valor mdio que os reclusos declararam estar 100.00 40% 40% 25% 459.00 459.00 459.00 344.25
10 visitas parceiros realizao pessoal (subj) dispostos a dar pela mudana, tendo em conta
o salrio mdio nacional
Enriquecimento Nvel de realizao profissional (subj)/ Nmero de novas ofertas 10.875 1 1 Foi considerado o valor mdio do mercado 600.00 100% 40% 100% 0.00 0.00 0.00 0.00
profissional formativa (obj)/ Reforo de competncias profissionais (obj) relativo a cursos de certificao profissional
CLIENTES Recursos 1,430.98 77 produtos adquiridos/3 Responsabilidade Nvel de consciencializao para a responsabilidade social 12 2 1 Foi inquirida qual a percentagem do preo dos 715.49 0% 0% 0% 8,585.88 8,585.88 8,585.88 8,585.88
monetrios Mostras de produtos Social (subj)/ Nmero de produtos socialmente responsveis que artigos adquiridos que atribuiria
adquiriu (obj) responsabilidade social e multiplicada a
percentagem pelo valor total dos produtos
adquiridos.
CRUZ VERMELHA Recursos 18,043.62 0.00 0.00 0.00 0.00
PORTUGUESA monetrios
FUNDAO Apoio monetrio 20,000.00 0.00 0.00 0.00 0.00
MONTEPIO
Total 47,428.90
Total 63,038.93 63,038.93 63,038.93 45,365.09
Valor presente de cada ano (aps descontos) 63,038.93 59,752.54 40,758.37
Valor atual lquido total (VAL) 163,549.85
VAL - Investimento 116,120.95
Retorno Social por (VAL / investimento) 3.45
FAMLIA + FELIZ - Cruz Vermelha Portuguesa | Delegao de Fafe
FAMLIA + FELIZ
SUMRIO EXECUTIVO
A Cruz Vermelha PortuguesaDelegao de Fafe tem vindo a afirmar-se no concelho pela particularidade de
trabalhar numa lgica de proximidade comunidade, com base em metodologias participativas, que
potenciam o envolvimento ativo dos beneficirios na resposta s suas prprias vulnerabilidades.
O projeto Famlia+Feliz assume-se como uma reestruturao da tradicional distribuio gratuita de bens a
famlias em situao de vulnerabilidade social, de forma a envolver ativamente os beneficirios e a
comunidade no reaproveitamento e distribuio sustentvel de vesturio, calado, brinquedos, alimentos e
mobilirio. Os beneficirios foram desafiados a assumir o papel de voluntrios, potenciando o seu
empoderamento enquanto parte ativa do seu processo de insero. A entrega de bens passou a processar-se
no s de forma gratuita, na instituio, mas tambm numa loja social gerida por voluntrios, mediante
atribuio de um donativo em troca das peas escolhidas, o que permite responder a situaes de pobreza
envergonhada, angariar fundos, e incentivar no s a doao como o consumo de bens em segunda mo e a
responsabilidade social e ambiental da comunidade e da prpria instituio.
Com a presente anlise pretende-se quantificar o valor gerado pelo projeto, comunic-lo a todas as partes
interessadas (stakeholders) e produzir informao sustentada que gere maior eficincia e captao de apoios
que o tornem mais abrangente e sustentvel.
O rcio SROI obtido foi de 2,31, o que se considera coerente com a natureza, a fase de desenvolvimento do
projeto e os constrangimentos de tempo da presente anlise. Conclui-se sobretudo a necessidade de
promover novas metodologias de recolha de dados, mais adequadas ao perfil das familias beneficirias e
voluntrios e que permitam chegar a outros stakeholders no considerados na presente anlise.
111
FAMLIA + FELIZ - Cruz Vermelha Portuguesa | Delegao de Fafe
1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
A Cruz Vermelha Portuguesa - Delegao de Fafe (CVP-DF), tem como misso prestar assistncia humanitria
e social no Concelho de Fafe, em especial aos mais vulnerveis, pelo que pretende comunicar a todos os
stakeholders e possveis financiadores o impacto das suas atividades, de modo a promover um maior
envolvimento e melhorar a eficincia e alcance das aes desenvolvidas.
A conjuntura econmica europeia e nacional alterou-se significativamente nos ltimos anos, aumentando a
franja da populao em risco de pobreza e/ou excluso social e de privao material. Esta situao encontra-
se associada s mudanas nas condies de acesso e manuteno de prestaes sociais e nos montantes
adstritos s mesmas, elevada taxa de desemprego - sobretudo quanto afeta ambos os membros do casal - e
ao aumento das situaes de sobre-endividamento. Estes fatores tm particular significncia no concelho de
Fafe, originando novas situaes de pobreza, pelo que se poder inferir um novo perfil de beneficirios de
apoios sociais, que requerem novas metodologias de interveno.
Para a presente anlise SROI foram selecionadas as atividades do projeto Famlia+Feliz angariao, recolha,
triagem e distribuio, gratuita ou mediante donativos simblicos, de bens doados e consideradas as suas
dimenses mais relevantes: acessibilidade de pessoas/famlias em situao de vulnerabilidade
socioeconmica a bens de consumo, envolvimento ativo de beneficirios como voluntrios nas aes do
projeto e participao da comunidade no reaproveitamento e consumo de bens em segunda mo.
Este projeto conta atualmente com os donativos no monetrios da comunidade e de duas empresas.
Envolve beneficirios em todas as fases da ao e novos pblicos no acesso aos seus servios. Pretende-se
com esta anlise, por um lado, quantificar o valor gerado na sequncia desta nova metodologia de
interveno e, por outro, captar outros financiamentos que a tornem mais abrangente e sustentvel. As suas
atividades foram alvo de anlise, de modo a estimar o SROI para os anos de 2016 a 2018, a comunicar a
potenciais financiadores e decisores com interesse no projeto.
1.2. STAKEHOLDERS
Os stakeholders selecionados para anlise foram considerados atravs de uma avaliao preliminar da sua
materialidade, tendo em conta o benefcio ou contribuio relevante e significativa para o projeto.
Nesse sentido, foram includos na anlise famlias beneficirias e voluntrios (e ex-voluntrios) por
beneficiarem (ou terem beneficiado) diretamente do projeto, atravs da doao de bens de consumo ou da
participao enquanto voluntrios. Foi ainda includa a prpria instituio promotora do projeto, uma vez
que o seu envolvimento tem implicado um aumento considervel no nmero de peas de vesturio, calado
e mobilirio recicladas - e consequentemente maior responsabilidade ambiental da mesma.
112
FAMLIA + FELIZ - Cruz Vermelha Portuguesa | Delegao de Fafe
Apesar de ter sido ponderada a incluso de empresas doadoras, patrocinadores e doadores particulares,
optou-se pela sua excluso, tendo em conta a disperso de informao decorrente do facto de implicar um
grande nmero de pessoas, com contactos espordicos e breves com a instituio, e por no se conseguir
aceder a um conjunto de informao contabilstica, no caso das empresas, que permita avaliar em que
medida experienciam mudanas significativas na sequncia da sua participao no projeto. Considerou-se
ainda que, embora as entidades sinalizadoras testemunhem, por vezes, as mudanas verificadas nos
beneficirios do projeto, no experienciam nenhuma mudana direta como resultado do projeto, pelo que
no foram includas na presente anlise.
Finalmente, foram ainda consultados peritos com conhecimento nas reas temticas do projeto, que
pudessem contribuir, atravs da sinalizao de referncias bibliogrficas e da partilha das suas eventuais
experincias de investigao, para a construo da teoria da mudana, mas apenas numa perspetiva de
auscultao, no sendo considerados na anlise.
Famlias beneficirias dos bens doados SIM Beneficiam diretamente dos bens doados. Com a atual
conjuntura socioeconmica torna-se mais difcil o acesso a
apoios sociais, aumentam as situaes de desemprego e
sobreendividamento, entre outras, pelo que se torna mais
relevante este apoio para satisfao de necessidades bsicas/
libertao do oramento familiar para outras despesas
113
FAMLIA + FELIZ - Cruz Vermelha Portuguesa | Delegao de Fafe
Empresas doadoras de bens NO Apesar de contriburem diretamente para projeto, ainda que
na maior parte das vezes o pedido seja endereado pela
CVP-DF ou resulte de interesse fiscal das prprias entidades,
no possvel aceder a informao que permita calcular o
retorno obtido por estas empresas na sequncia do donativo
efetuado.
Os stakeholders selecionados para anlise foram envolvidos em dois momentos distintos, considerando o seu
perfil e disponibilidade.
Numa primeira fase, foi realizado um grupo focal com alguns dos voluntrios participantes no projeto, de
forma a partilhar os objetivos gerais da metodologia SROI e recolher as suas percees sobre a sua
participao, com vista a um desenho preliminar da teoria da mudana.
Com os mesmos objetivos, foi aplicado um questionrio presencial s famlias beneficirias que
compareceram nas sesses de recolha no perodo de anlise inicial.
114
FAMLIA + FELIZ - Cruz Vermelha Portuguesa | Delegao de Fafe
Foram ainda consultados alguns peritos acadmicos nas reas temticas do projeto, mediante o
preenchimento de um inqurito enviado por e-mail, com o intuito de recolher referncias bibliogrficas e
outros dados eventualmente resultantes dos seus trabalhos de investigao, que contribussem para a
identificao de mudanas geradas pelo projeto.
Num segundo momento, procurou-se recolher evidncias que fundamentassem a teoria da mudana
construda inicialmente ou a sua reformulao, de acordo com as percees partilhadas pelos stakeholders.
Considerando os objetivos desta segunda fase, foram aplicados individualmente a todos os stakeholders
questionrios presenciais.
Refira-se que, apesar de ter sido estimada em nmero bastante superior a populao total e voluntrios para
um ano de execuo do projeto, em ambos os momentos o nmero de stakeholders envolvidos foi limitado
pelo nmero de voluntrios e famlias beneficirias que participaram nas sesses de distribuio que
decorreram nesses perodos (mximo de 2 semanas). Tal deve-se, tambm, ao facto de ter sido privilegiada
uma metodologia de envolvimento presencial, tendo em conta o perfil dos envolvidos, que no nos permitiu
alargar a anlise a todos os elementos envolvidos no projeto como seria desejvel.
Famlias beneficirias 1 fase Inqurito Colaboradores afetos ao Amostra no aleatria, por convenincia
dos bens doados presencial projeto;
N = 128 famlias
17 a 27 maro
n = 18 famlias
Voluntrios (e ex- 1 fase Grupo focal Colaboradores afetos ao Amostra no aleatria, por convenincia
voluntrios) projeto.
N = 18 voluntrios
25 de maro
n = 4 voluntrios
115
FAMLIA + FELIZ - Cruz Vermelha Portuguesa | Delegao de Fafe
2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
Para os stakeholders famlias beneficirias e voluntrios, foi identificada a contribuio tempo, que no foi,
contudo, quantificada no caso das famlias. Estimamos que a contribuio dos voluntrios envolvidos no
projeto seja de 8611,2, correspondente ao valor hora de 2.76 (salrio mnimo nacional), considerando a
prestao de 3120 horas de voluntariado no projeto ao longo de um ano.
A contribuio da instituio divide-se em recursos humanos, referentes ao valor hora dos colaboradores
afetos ao projeto, materiais e disponibilizao de espaos. O valor total dos colaboradores afetos ao projeto
de 4765.04, correspondente a 52 horas de trabalho (valor hora 8.8) anuais de um tcnico superior, a 208
horas de trabalho (valor hora 4.38) anuais de 4 ajudantes de ao direta, a 52 horas de trabalho (valor hora
2.76) anuais da funcionria da limpeza, a 104 horas de trabalho (valor hora 4.49) anuais de um tcnico
administrativo e a 6 horas de formao de um formador interno (valor hora 8.8). A instituio contribui,
ainda, com o espao da loja (2160), armazm (2402.40) e respetivas despesas de fornecimentos e servios
externos (gua, luz e comunicaes: 1549.20 no caso do armazm e 480 no caso da loja), com o transporte
para recolha de bens no valor de 216 (0.36/km), o material de registo (impresses no valor de 46.8) e o
material de apoio execuo do projeto (estantes, caixas, fita-cola e sacos no valor de 1224.28). Isto totaliza
uma contribuio de 8078.68, a somar ao valor dos recursos humanos referido anteriormente, num total
global de 12843.72.
Refira-se ainda que os patrocinadores contribuem com materiais diversos, como o lanche para os voluntrios
(223.60), os materiais de proteo individual no valor de 125.70 e a caixa registadora para a loja social
(200), num total de 549.30.
Para efeitos desta anlise, consideramos que as horas de trabalho dos colaboradores, o espao, as despesas
com o transporte e os materiais de apoio e registo so recursos monetizados e que as horas de trabalho dos
voluntrios e os materiais fornecidos pelos patrocinadores so recursos no monetizados.
Tabela 3 - Recursos
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2.2. RESULTADOS
Famlias beneficirias dos Participao nas sesses de distribuio 128 famlias so apoiadas em 52 sesses de
bens doados gratuita/distribuio na loja distribuio gratuita e 255 dias de distribuio na
loja ao longo de um ano
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3. TEORIA DA MUDANA
A teoria da mudana, partida, teve por base a consulta de referncias bibliogrficas, as contribuies de
peritos nas reas temticas do projeto e a reflexo da equipa tcnica que intervm no projeto e/ou se
relaciona com os stakeholders, tendo tambm em considerao informaes que decorrem de um
envolvimento prximo de alguns dos stakeholders no planeamento e execuo do projeto, o que permite,
desde logo, uma viso mais rica de eventuais mudanas geradas pelo mesmo.
No foram efetuadas alteraes significativas na teoria da mudana aps a consulta aos stakeholders, o que
consideramos ser uma mais-valia decorrente da natureza do projeto que prev desde logo um forte
envolvimento dos stakeholders no planeamento e monitorizao das atividades.
Ainda a salientar o facto de a mudana tornam-se doadores ter sido transferida para o stakeholder
voluntrios, apesar de inicialmente ter sido atribuda ao stakeholder famlias beneficirias dos bens doados,
uma vez que, foi verbalizada pelos voluntrios como consequncia do seu envolvimento mais ativo no
projeto.
Relembra-se que na anlise de impacto social foram considerados os stakeholders famlias beneficirias,
voluntrios e instituio.
O stakeholder famlias beneficirias dos bens doados experiencia uma situao de pobreza e/ou excluso
social, em muitos casos de natureza intergeracional, que geralmente decorre de mltiplas problemticas:
baixas qualificaes, problemas de sade, conflitos familiares, desemprego ou precariedade laboral. Existem
tambm situaes em que a famlia apenas vivencia uma situao de pobreza pontual, decorrente de
sobreendividamento ou de situaes de desemprego.
O ponto de partida deste stakeholder , assim, pautado por insuficincia de recursos para suprir necessidades
bsicas e muitas vezes por atitudes de cristalizao e isolamento na sua prpria situao. Parte-se do
pressuposto de que o projeto Famlia+Feliz, potenciar, em ltima instncia, uma melhor qualidade de vida,
favorecendo trs linhas de mudana: melhoria da gesto do oramento domstico, melhoria do bem-estar e
inscrio como voluntrios do projeto.
As famlias beneficirias dos bens doados envolvidas na anlise destacaram, como previsto, a poupana (os
bens que levo j no compro e guardo para outras necessidades), disponibilidade financeira para pagamento
de dvidas (essa ajuda deu para abater algum valor da dvida na mercearia) e para aquisio de outros bens
(tenho mais dinheiro para despesas mensais com a farmcia, por exemplo). Ainda que no se tenham
referido diretamente a um maior bem-estar decorrente dos apoios proporcionados pelo projeto, referiram
que o projeto ajuda a que as pessoas andem mais bem vestidas e ajuda a alimentar-me melhor durante
algum tempo, dimenses utilizadas na medio da referida mudana. Finalmente,a inscrio como
voluntrios tem sido testemunhada pela prpria equipa tcnica, que registou, no ano de anlise, 11 novas
inscries de beneficirios como voluntrios do projeto.
118
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Por sua vez, o stakeholder voluntrios caracteriza-se por incluir um grupo de pessoas simultaneamente
beneficirio dos apoios do projeto, mas que como resultado de um trabalho de sensibilizao da equipa de
acompanhamento para a importncia do voluntariado se ter tambm disponibilizado a participar
ativamente no planeamento e execuo do projeto. Colaboraram na organizao do projeto, so convidados
a participar em reunies de equipa e a envolver-se na melhoria das aes. Globalmente, a teoria da mudana
referente a este stakeholder foi construda tendo como viso a sua autonomizao, decorrente de um
conjunto de mudanas especficas: menor isolamento, maior auto-estima e integrao socioprofissional. De
registar, ainda, o facto de se tornarem doadores de bens para o projeto.
Nas diferentes fases de envolvimento na anlise, os voluntrios evidenciaram a sua satisfao e mesmo
orgulho com a participao no projeto, nomeadamente: sinto-me tima; sinto-me muito feliz em ser
voluntria; tenho vaidade em dizer que vou fazer voluntariado para a Cruz Vermelha; apesar de achar que
no tenho problemas, sinto-me melhor por poder partilhar histrias de voluntariado. Foi ainda referido
como mais-valias que a participao no projeto ajuda-me a espalhar a cabea e deixei de pensar tanto nos
problemas.
Alguns voluntrios evidenciaram ainda mudanas na satisfao com a imagem de si prprios, referindo que
em casa at se anda de pijama, ao ter que sair j nos produzimos mais e que ser voluntria d estatuto e
valor s pessoas e vrios referiram-se ao impacto do projeto na ocupao do tempo livre e diminuio da
sensao de isolamento (libertei-me, estou menos isolada; preenche o meu dia, convivo com mais
pessoas criam-se laos de amizade).
Foram tambm identificadas pelos voluntrios algumas competncias desenvolvidas no mbito do projeto
(tornei-me mais organizado, ajudou-me a melhorar a memria; j consigo identificar melhor os tamanhos
das roupas) e uma maior consciencializao das suas capacidades (achava-me incompetente, no sabia
fazer nada, aqui sinto-me competente, ajudou-me a perceber que sou til e consigo fazer alguma coisa) e
at vontade de integrao noutro tipo de atividades: tenho esperana de ser convidada para participar
como voluntria noutras atividades da CV; ao fazer voluntariado podem-se abrir portas para fazer
voluntariado noutras reas).
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Autonomizao
Integrao profissional
Melhor suporte social Melhor auto-estima
(dentro e fora da instituio)
Menor
isolamento
Envolvem-se Inscrevem-se
Tm mais vontade noutros projetos no IEFP ou em
de conviver da instituio formao
Contactam com
outros coluntrios, Tm mais noo
beneficirios e com do outro
a comunidade
Desenvolvem
Esto menos centrados competncias
nos problemas tcnicas e hbitos
de trabalho
Sentem-se ocupados
e teis
Por fim, os voluntrios referiram-se a uma nova forma de envolvimento no projeto, traduzida nas doaes de
bens efetuadas, referindo trago coisas que j no utilizo em casa e gosto de saber que estou a ajudar os
outros.
Finalmente, o stakeholder instituio promove o projeto e o envolvimento dos seus colaboradores e restantes
partes interessadas, introduzindo novas metodologias de interveno e organizao do trabalho. A principal
mudana que vivencia como consequncia do projeto a demonstrao de maior responsabilidade
ambiental, ao promover novas estratgias, parcerias e sensibilizando colaboradores e a comunidade para a
reciclagem dos bens doados, quer atravs da sua redistribuio aps um processo de triagem, quer atravs
do encaminhamento para a cadeia de reciclagem. O facto de a distribuio na loja social ser efetuada
mediante atribuio de um donativo simblico pelas famlias beneficirias origina uma outra mudana para
a instituio, designadamente a angariao de fundos que contribui para a sustentabilidade do prprio
projeto.
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4. PROVAS E VALOR
4.1. INDICADORES (QUANTIDADE)
A demonstrao das mudanas decorrentes do projeto implica a definio de indicadores que nos permitam
a respetiva quantificao. Nesse sentido, para efeitos da presente anlise, foi construdo pelo menos um
indicador objetivo e outro subjetivo para cada mudana, sempre que possvel com base em escalas
identificadas na reviso de literatura efetuada, mas tambm decorrentes do trabalho reflexivo da equipa de
anlise, com base na sua experincia tcnica e em todo o trabalho prvio de envolvimento dos stakeholders.
Os indicadores foram, posteriormente, transformados em questes, para que fosse possvel medir a distncia
percorrido nas vrias mudanas.
Refira-se que, prevendo-se a dificuldade que alguns stakeholders teriam em projetar o futuro e considerando
o envolvimento de (ex)-voluntrios e famlias beneficirias apoiadas h pelo menos quatro meses pelo
projeto, as questes foram colocadas no formato antes e agora, considerando-se como ponto de partida
(baseline) o perodo prvio ao incio da sua participao no projeto.
No que se refere ao stakeholder famlias beneficirias dos bens doados, demonstram melhor bem-estar a
mudana com maior expresso em termos de quantidade, sendo que a DP apresenta valores muito prximos
para os trs indicadores apresentados. Tal coerente com a natureza do projeto, uma vez que se espera que
a distribuio gratuita de roupa, alimentos e outros bens domsticos origine uma variao positiva no que se
refere ao grau de satisfao com as condies de vida, imagem e apresentao pessoal.
Quanto aos voluntrios, verifica-se uma quantidade superior na mudana demonstram melhor auto-estima,
destacando-se a DP no indicador grau de satisfao consigo prprio. As mudanas esto menos isolados e
integram-se socioprofissionalmente no apresentam valores muito distantes, embora um pouco inferiores,
sendo a distncia percorrida bastante menor no indicador nmero de vezes em que se encontra com outras
pessoas, o que se explica pelo facto de as atividades de voluntariado se realizarem apenas uma vez por
semana para a maioria dos voluntrios.
Saliente-se ainda que, tanto na mudana tornam-se voluntrios como na mudana tornam-se doadores,
relativamente ao stakeholder famlias beneficirias dos bens doados e voluntrios, bastante superior a
distncia percorrida nos indicadores que refletem o nvel de motivao para efetuar doaes e inscrio
como voluntrios, face ao valor efetivamente verificado atravs do indicador definido em termos de doaes
e inscries o que se poder colocar como oportunidade a potenciar pela instituio, no sentido de
materializar a motivao expressa por estes valores.
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4.2. DURAO
De forma a explorar o espao temporal em que se estendem os efeitos de cada mudana, foi colocada aos
stakeholders, para cada uma das mudanas, a questo Se este projeto terminasse amanh, durante quanto
tempo continuaria a sentir esta mudana?. A escala de resposta foi definida tendo em considerao o mnimo
de durao de um ano e o mximo de trs anos, momento a partir do qual se considera ser difcil inferir
mudanas associadas ao projeto. Foi ainda considerada a possibilidade de a mudana cessar de imediato
com o trmino do projeto, atribuindo-se, nesse caso, uma durao de 0 anos.
Com a exceo das mudanas melhoram a gesto do oramento domstico do stakeholder famlias
beneficirias dos bens doados e angaria fundos atravs de donativos simblicos na loja social do stakeholder
instituio que naturalmente se mantm apenas enquanto existir o projeto , foi atribuda uma durao de
1 ano a todas as restantes mudanas.
Por sua vez a mudana demonstram melhor bem-estar foi calculada no pressuposto de que um local
alternativo para aquisio dos mesmos bens que originam a melhoria do bem-estar poderia decorrer numa
superfcie comercial, pelo que foi constitudo pela equipa um cabaz de produtos, nomeadamente alimentos
e roupas, e comparados os preos mdios numa superfcie comercial de vesturio econmico e de um
supermercado onde tinha sido realizada a ltima recolha de alimentos da instituio, sendo tambm
multiplicado por trs.
Para a mudana tornam-se voluntrios no foram identificados outros servios, uma vez que possvel
estimar o valor hora do trabalho voluntrio, tendo como base de clculo o valor hora correspondente ao
salrio mnimo nacional.
Tambm no caso das mudanas relativas ao stakeholder instituio o valor da mudana foi calculado
diretamente, em funo do valor dos donativos angariados na loja social e do valor atribudo pela empresa
de reciclagem aos bens recolhidos. Refira-se que este valor foi atribudo a todos os bens, independentemente
do seu estado de conservao, uma vez que mesmo aqueles que no podero ser reutilizados, podero ser
transformados noutro tipo de recursos com valor, designadamente fibras txteis recicladas e alcatro.
As aproximaes financeiras das mudanas tornam-se doadores e esto menos isolados foram tambm
aferidas junto dos stakeholders. No primeiro caso, questionou-se os voluntrios relativamente ao valor
atribudo s doaes efetuadas, multiplicando-se o resultado por uma mdia de trs doaes anuais. Para
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aferir o valor da mudana esto menos isolados, colocou-se a questo Das seguintes opes, o que
escolheria fazer semanalmente para se sentir menos isolado?, sendo as possibilidades de resposta
previamente definidas pela equipa, tendo em conta o perfil dos voluntrios e a realidade local, tendo recado
a maioria na opo aulas de zumba.
Finalmente, foram identificados, com base na experincia de terreno da equipa, os servios que poderiam
contribuir para as mudanas demonstram melhor auto-estima e integram-se socioprofissionalmente,
respetivamente sesses de psicologia com periodicidade mensal e formao profissional. De forma a aferir o
valor destes servios, foram consultados os preos praticados por um centro de psicologia local relativamente
a cada sesso de atendimento psicolgico e uma escola profissional da regio no que se refere ao valor de
um curso de formao profissional de operador de armazenagem.
Famlias beneficirias Melhoram gesto do Valor do cabaz entregue a cada famlia, 128
dos bens doados oramento domstico considerando-se a distribuio mdia a cada
trs meses
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No obstante a reflexo da equipa, partiu-se da experincia dos stakeholders para a identificao deste
desconto, questionando-se quantas pessoas teriam conseguido cada mudana sem a nossa interveno e
calculando-se a mdia de respostas. A atribuio I relativa ao stakeholder instituio foi calculada pela equipa
de anlise.
Tabela 8Atribuio I
Famlias beneficirias Melhoram a gesto do 20% Em 10 pessoas apoiadas por este projeto,
dos bens doados oramento domstico quantas acha que teriam conseguido esta
mudana sem a nossa interveno?
Integram-se 38%
socioprofissionalmente
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5.2 ATRIBUIO II
A atribuio do tipo II permite-nos aferir a existncia de outros agentes que possam ter contribudo para a
mudana, sem que os tenhamos contabilizado na atribuio I.
Os stakeholders foram envolvidos na resposta a diferentes questes, que visavam identificar a existncia de
outras pessoas ou servios que pudessem ter contribudo para a mesma mudana e a quantidade de crdito
na mudana que atribuem aos mesmos e ao projeto. Considerando o reduzido nmero de respostas, a
equipa efetuou uma estimativa com base nos testemunhos recolhidos.
Tabela 9Atribuio II
Famlias beneficirias Melhoram a gesto 35% Existe outro servio que possa ter contribudo para essa mudana?
dos bens doados do oramento Qual?
domstico De 0 a 100 quanta acha que esse servio contribui para esta
mudana?
De 0 a 100 quanto acha que o nosso projeto contribui para esta
mudana?
Reflexo da equipa de anlise (foi atribuda uma percentagem de
35% aos outros servios de apoio em gneros referidos pelos
stakeholders, que apenas abrangem beneficirios de bairros
especficos da cidade e de 30% ao eventual incentivo de amigos e
familiares ou a outros fatores no identificados, que possam
contribuir para a mudana tornam-se voluntrios.
Tornam-se 30%
voluntrios
Voluntrios Tornam-se doadores 20% Existe outro servio que possa ter contribudo para essa mudana?
Qual?
De 0 a 100 quanta acha que esse servio contribui para esta
mudana?
De 0 a 100 quanto acha que o nosso projeto contribui para esta
mudana?
Reflexo da equipa de anlise (considerando que o tipo de
mudanas originadas pelo projeto so passveis de ser geradas em
simultneo por outras atividades ou pessoas, a equipa optou por
considerar uma atribuio II de 50% em todas as mudanas, apesar
dos 80% atribudos instituio, com exceo da mudana tornam-
se doadores, a que se associou uma atribuio II de 20%, por ser
menos permevel interveno de outros agentes)
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Instituio Demonstra maior 25% Reflexo da equipa de anlise (a mudana demonstra maior
responsabilidade responsabilidade ambiental deve-se tambm colaborao de
ambiental doadores que entregam bens para o projeto)
Angaria fundos 0%
atravs dos donativos
simblicos na loja
social
Considerando a probabilidade de a questo aplicada a este desconto poder no ser compreendida pelos
stakeholders, a reduo foi avaliada pela equipa de anlise.
Famlias beneficirias Melhoram a gesto do 100 Reflexo da equipa de anlise, tendo em considerao
dos bens doados oramento domstico os seguintes patamares de reduo: 1) 0% no h
reduo do impacto da mudana e at pode haver um
aumento; 2) 25% o impacto da mudana pode no ser
to forte como no incio; 3) 50% o impacto da mudana
pode decair bastante; 4) 75% possvel que perdure
algum impacto, ainda que pequeno, ao longo do
tempo; 5) 100% aps o primeiro ano a mudana perde
completamente o seu efeito.
Demonstram melhor 75
bem-estar
Tornam-se voluntrios 75
Demonstram melhor 50
auto-estima
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5.4. DESLOCAO
O mapa de impacto rene os dados recolhidos ao longo das diferentes fases de anlise, permitindo o clculo
do impacto e do retorno social do projeto.
O impacto calculado multiplicando a quantidade de cada mudana pelo valor da respetiva aproximao
financeira, aplicando os devidos descontos. Conclui-se que as mudanas com maior impacto demonstram
melhor bem-estar, tornam-se voluntrios, angaria fundos atravs dos donativos simblicos na loja social)
correspondem precisamente a alguns dos aspetos inovadores do projeto: o envolvimento dos prprios
beneficirios enquanto parte ativa na resposta s suas necessidades e o recurso a uma nova forma de
distribuio de bens, que contribui para a sustentabilidade do prprio projeto.
O clculo do retorno social efetuado para um perodo temporal de trs anos, tendo em conta a durao das
mudanas, pelo que as mudanas que se extinguem com um eventual trmino do projeto no apresentam
retorno social nos anos 2 e 3.
Finalmente, o SROI do projeto obtm-se somando o retorno social de todas as mudanas ao longo dos trs
anos e dividindo pelo valor dos recursos investidos pelos stakeholders, o que resulta, no caso do presente
projeto, num retorno social de 2,31 por cada euro investido.
Tendo em conta as estimativas e variaes realizadas ao longo da presente anlise, importa avaliar o impacto
de alteraes em determinados parmetros, cuja variao, positiva ou negativa, pode influenciar o
desempenho do projeto. Adicionalmente, a anlise de sensibilidade proporciona equipa a oportunidade de
reflexo crtica sobre as decises tomadas ao longo da anlise e sobre eventuais necessidades de melhoria,
sustentando o valor do SROI apresentado.
Com base na anlise grfica do retorno social por stakeholder, conclui-se que as famlias beneficirias dos
bens doados apresentam maior retorno social, o que se deve em parte ao facto de no efetuarem o mesmo
tipo de investimento que os restantes stakeholders. Sujeitando as mudanas ao mesmo tipo de anlise,
conclui-se que tornam-se voluntrios e demonstram melhor bem-estar se destacam pela positiva,
enquanto as mudanas esto menos isolados, tornam-se doadores e demonstra maior responsabilidade
social assumem menor peso no SROI. Nesse sentido, introduziu-se variao em alguns destes parmetros,
nomeadamente aumentando/diminuindo a populao do stakeholder famlias beneficirias, partindo do
pressuposto de que poder efetivamente variar, diminuindo a quantidade da mudana demonstram melhor
bem-estar ou aumentando a durao da mudana esto menos isolados. naturalmente a variao na
populao a mais significativa, sendo que o aumento da durao da mudana esto menos isolados resulta
numa variao inferior a 1% no SROI.
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Um conjunto de outros parmetros crticos foi identificado atravs de uma anlise reflexiva relativamente aos
pontos fortes e aspetos a melhorar da anlise. Foi tambm sujeita ao exerccio de anlise de sensibilidade a
quantidade de alguns indicadores, pelo facto de se supor que as questes colocadas podero no ter sido
bem compreendidas pelos stakeholders. Foi ainda diminuda a atribuio II da mudana demonstram melhor
auto-estima, uma vez que o valor identificado pelos voluntrios era de facto inferior, mas tinha sido revisto
pela instituio, considerando a permeabilidade desta mudana a outro tipo de agentes. Finalmente, foram
considerados os eventuais custos indiretos com a estrutura e imputados ao investimento da instituio em
5%, pelo facto de a Delegao de Fafe depender estruturalmente da Cruz Vermelha Portuguesa. Este exerccio
resultou em alteraes no SROI inferiores a 4%, que no se consideram significativas.
Finalmente, foram considerados eventuais fatores externos que possam vir a influir no impacto do projeto,
tendo-se identificado a possibilidade de as doaes sofrerem oscilaes, o que determinaria tambm uma
alterao no valor do cabaz de bens distribudos s famlias. Uma variao de 20% na referida aproximao
financeira, teve um impacto inferior a 1% no SROI, pelo que no dever constituir motivo de preocupao
para o projeto.
Para alm das variaes de cada um dos parmetros j referenciados, levadas a cabo isoladamente, foram
ainda construdos dois cenrios otimista e pessimista em que todos os parmetros crticos identificados
em cada cenrio e referenciados anteriormente foram alterados em simultneo, de forma a obter um novo
rcio SROI. Conclui-se que o SROI calculado de 2.31 poder variar entre 1,89, num cenrio pessimista, isto ,
caso se aplicassem todos os parmetros que influem negativamente no projeto, e 2,70, num cenrio
otimista.
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Anlise reflexiva Instituio Custos indiretos da Sede Nacional Aumentar valor -2.60%
da CVP nos recursos investidos dos recursos
pelo stakeholder instituio investidos pelo
stakeholder
instituio em
5%
Anlise reflexiva Famlias beneficirias dos Quantidade dos indicadores valor Diminuir 0%
bens doados aplicado no pagamento de quantidade em
dvidas da mudana melhoram a 10%
gesto do oramento domstico
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6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
O SROI do projeto Famlia+Feliz foi calculado com o envolvimento dos stakeholders famlias beneficirias dos
bens doados, voluntrios e instituio, considerando o investimento maioritrio da instituio, a par das
horas de voluntariado do stakeholder voluntrios e o apoio de alguns patrocinadores.
Conclui-se que o projeto tem maior impacto no stakeholder famlias beneficirias, mas constata-se que a
mudana angaria fundos atravs de donativos simblicos na loja social tambm significativa para o
stakeholder instituio, o que se destaca positivamente pelo contributo para a sustentabilidade do prprio
projeto.
30+61+9
IMPACTO POR STAKEHOLDER
Instituio
Voluntrios
tambm coerente com os objetivos do projeto o facto de a mudana tornam-se voluntrios se destacar
positivamente na anlise do impacto, a par da mudana demonstram melhor bem-estar.
Esperar-se-ia que o impacto do projeto nos voluntrios fosse superior, mas o facto de o nmero de voluntrios
ser bastante inferior ao nmero de famlias beneficirias e por se ter atribudo maior percentagem de
desconto tendo em conta a natureza das mudanas que lhes esto associadastornam natural o resultado
encontrado.
Genericamente, considera-se que o SROI de 2.31 consistente com a natureza do projeto, a sua fase de
desenvolvimento, o tipo de mudanas geradas e o perodo disponvel para anlise. O exerccio de anlise de
sensibilidade a que foi sujeito este rcio demonstrou tambm que a eventual variao reduzida, entre 1.89
e 2.70 refletindo o rigor e fiabilidade do trabalho realizado, no obstante os constrangimentos inerentes a
este tipo de anlise.
Como ponto forte da anlise destaca-se a proximidade j existente com os stakeholders, que permitiu
construir partida uma consistente teoria da mudana. A recolha de informao foi condicionada, contudo,
pelos constrangimentos de tempo, uma vez que tendo em conta a metodologia selecionada, apenas foi
possvel envolver os stakeholders que participaram no projeto nesse perodo, limitando o tamanho da
amostra.
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5+32+2315329
IMPACTO POR MUDANA
Integram-se socioprofissionalmente 3%
Refira-se ainda que a literatura recomenda a utilizao de mtodos alternativos aplicao de escalas junto
de pblicos vulnerveis, o que no foi possvel no perodo de tempo disponvel, pelo que ser importante
criar outras metodologias de envolvimento e recolha de informao. Na mesma linha de ideias, sugere-se o
desenvolvimento de estratgias para o envolvimento de outros stakeholders que no foram includos nesta
anlisenomeadamente os doadorese que seja considerada uma eventual distino entre as famlias
beneficirias da loja social e da distribuio gratuita, o que tambm no foi possvel apurar no decurso da
presente anlise.
A participao neste programa gerou ainda um conjunto de mais-valias para a instituio e equipa de anlise,
designadamente a tomada de conscincia das vulnerabilidades e pontos fortes do projeto, a partilha do
projeto com outros stakeholders e entidades, que enriqueceram o trabalho com a sua perspetiva, o
desenvolvimento de novas estratgias de medio do impacto e avaliao de projetos em geral e, ainda,
uma nova postura no que se refere ao planeamento e avaliao de projetos no contexto das atuais exigncias
da rea da economia social.
Finalmente, considera-se que todos os envolvidos esto mais capacitados para comunicar o valor
acrescentado do projeto e, dessa forma, potenciar o impacto do mesmo junto de todas as partes interessadas,
o que corresponde aos objetivos inicialmente estabelecidos para o presente exerccio de anlise.
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7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Canavarro, M. C., Simes, M. R., Vaz Serra, A., Pereira, M., Rijo, D., Quartilho, M. J., Gameiro, T. P., & Carona, C.
[2007] - Instrumento de avaliao da qualidade de vida da Organizao Mundial de Sade: WHOQOL-Bref. In
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para a populao portuguesa. Coimbra: Quarteto Editora, 2007. 3. p. 77-100.
EAPN (2014) - Indicadores sobre a pobreza: dados europeus e nacionais. [consult. 4 mar. 2015] Disponvel na
internet <URL: http://www.eapn.pt
Lown, J.M. (2011) - Development and Validation of a Financial Self-Efficacy Scale. Journal of Financial
Counseling and Planning, 22: 2 (2011) p. 54-63.
Pais-Ribeiro, J.L. (1999) - Escala de Satisfao com o Suporte Social (ESSS). Anlise Psicolgica, 3: 8 (1999)
p.547-558.
Sims, A. (1992) - Ulterior validao de uma escala de satisfao com a vida (SWLS). Revista Portuguesa de
Pedagogia,.26, (1992) p. 503-515.
134
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/ O que vo eles investir? Valor Atividades em nmeros Descrio Indicador Quantidade Durao Aproximao Financeira (AF) Valor AT I D AT II Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
nos afeta? (QT)
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? 1 Que preo atribumos mudana? Ano 0 Ano 1 Ano 2
Famlias Tempo No 128 famlias so Melhoram a gesto do Valor aplicado no pagamento de dvidas 23.65 0 Valor do cabaz entregue a cada famlia, 128.00 20% 0% 35% 100% 1574.144 1,574.14 0.00 0.00
beneficirias dos calculado apoiadas em 52 sesses oramento domstico considerando-se a distribuio mdia a cada
bens doados de distribuio gratuita Valor aplicado na aquisio de outros bens trs meses
e 255 dias de essenciais
distribuio na loja ao
longo de um ano
Nvel de auto-eficcia na gesto do oramento
domstico
Demonstram melhor N. de peas disponiveis que fazem com que se 53.73 1 Vale de compras a gastar num shopping 350.00 19% 0% 35% 75% 9901.096 9,901.10 9,901.10 0.00
bem-estar sinta mais satisfeito com imagem pessoal
Tornam-se voluntrios N. de inscries como voluntrios registadas 30.08 1 Valor hora do trabalho voluntrio no projeto 430.56 16% 0% 30% 75% 7615.332 7,615.33 7,615.33 0.00
pela instituio
Voluntrios Tempo 8,611.20 18 voluntrios Tornam-se doadores N. de vezes em que efetuam doao de bens 3.38 1 Valor do cabaz doado (atribuido pelos 81.00 45% 0% 20% 50% 120.463 120.46 120.46 0.00
participam ao longo de prprios voluntrios), considerando uma
um ano em 3120 horas Nvel de motivao para a doao de bens mdia de doaes
de voluntariado de 3 vezes/ano
Esto menos isolados N. de vezes em que se encontra com outras 7.14 1 Valor de aulas de zumba 120.00 57% 0% 50% 50% 184.212 184.21 184.21 0.00
pessoas
Nvel de isolamento
Demonstram melhor N. de pessoas com quem partilha a experincia 9.12 1 Valor de consultas mensais de psicologia 600.00 45% 0% 50% 50% 1504.8 1,504.80 1,504.80 0.00
auto-estima de voluntariado
Integram-se N. de integraes socioprofissionais reportadas 7.45 1 Valor curso formao de 500h 468.00 38% 0% 50% 50% 1080.846 1,080.85 1,080.85 0.00
socioprofissionalmente pelos tcnicos de acompanhamento
Instituio Espao loja, espao armazm, 12,843.72 52 sesses de 3 horas Demonstra maior Kg de peas enviadas para reciclagem 10000 1 Valor atribudo pela empresa de reciclagem 0.05 25% 0% 25% 50% 281.25 281.25 281.25 0.00
fornecimentos e servios externos de recolha de bens/ responsabilidade ambiental ao kg de peas enviadas para reciclagem
(gua, luz, comunicaes), transporte, triagem de bens/
material de apoio, material de registo, distribuio gratuita e Angaria fundos atravs dos Valor dos donativos angariados na loja social 9000 0 Valor dos donativos angariados na loja social 1.00 0% 0% 0% 100% 9,000.00 9,000.00 0.00 0.00
horas colaboradores na superviso das 255 dias de distribuio donativos simblicos na loja
atividades de voluntariado na loja social
CLICK
ATIVAR COMPETNCIAS DE
EMPREGABILIDADE
SUMRIO EXECUTIVO
A EAPN Portugal uma Associao de Solidariedade Social com estatuto de ONGD, que representa em
Portugal a European Anti Poverty Network (EAPN), desde a sua fundao em 1990. Tem por objetivo defender
os direitos humanos fundamentais e garantir que todos tenham as condies necessrias ao exerccio da
cidadania e a uma vida digna, atravs da promoo da luta contra a pobreza e excluso social, do trabalho
em rede e do envolvimento de toda a sociedade civil.
O presente trabalho pretende determinar o valor social gerado pela interveno do projeto Click - Ativar
competncias para a empregabilidade, junto do grupo de desempregados de longa durao e do tecido
empresarial (empregador) da Figueira da Foz, bem como na equipa de mediadores/as do projeto, atravs da
metodologia SROI Social Return on Investment, que permite comparar os beneficios gerados por uma
interveno com a despesa necessria para os obter.
A anlise apresentada prospetiva e pretende descrever todas as etapas percorridas para calcular o valor do
impacto social do projeto, cujo rcio SROI obtido de 2,18 de benefcios sociais por cada euro de
investimento.
O modelo SROI, segundo a anlise de sensibilidade realizada, slido, visto ter de se alterar diversas vriveis
para que o rcio se altere.
Por fim, as mudanas com maior impacto so as dos stakeholders desempregados de longa durao,
sobretudo ao nvel da mudana maior eficcia e proatividade para a procura de emprego.
137
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1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
A EAPN Portugal uma Associao de Solidariedade Social, com estatuto de ONGD, sediada no Porto e que
estende a sua ao a todo o pas, atravs de 18 Ncleos Distritais.
A sua misso contribuir para a construo de uma sociedade mais justa e solidria, em que todos sejam
corresponsveis na garantia do acesso dos cidados a uma vida digna, baseada no respeito pelos Direitos
Humanos e no exerccio pleno de uma cidadania informada, participada e inclusiva. Sustentada nos valores
de dignidade, justia, solidariedade e igualdade, move a EAPN a viso de um mundo livre de pobreza e de
excluso social.
A nossa interveno visa dinamizar rede entre instituies, grupos e pessoas que trabalham na luta contra a
pobreza e a excluso social, promovendo e aumentando a eficcia e eficincia das suas aes, fazendo com
que tenham expresso e dando voz aos prprios indivduos vulnerveis, capacitando-os para a sua efetiva
participao. A nossa ao enquadra-se na promoo da igualdade de oportunidades para todos, intervindo
atravs de informao, investigao, formao e lbi.
O contexto de desemprego estrutural de mbito mais abrangente e igualmente local revela desde logo o
enquadramento da necessidade social a que vimos dar resposta atravs do projeto Click, integrado num
acordo de cooperao entre a EAPN Portugal e o IEFP, suas entidades promotoras e financiadoras.
Ao longo do ano de 2015, o projeto ser implementado em quatro regies, com a constituio de quatro
grupos, dois com desempregados de longa durao e dois com jovens NEET (no estudam, no trabalham
nem esto em formao), tendo em conta diferentes graus de escolaridade.
O presente relatrio SROI incide numa anlise prospetiva, junto do grupo que ter lugar no concelho da
Figueira da Foz, distrito de Coimbra constitudo por 15 desempregados de longa durao com qualificaes
elevadas. Esta anlise tem como propsito principal retirar aprendizagens sobre como melhorar a
interveno, assim como fundamentar o impacto do projeto junto dos co-financiadores.
138
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1.2. STAKEHOLDERS
Neste ponto sero apresentados todos os stakeholders identificados como partes fulcrais ao desenvolvimento
do projeto e que por esse motivo, tm influncia direta na gerao de mudanas dos beneficirios do
projeto. So eles as partes interessadas na procura, na oferta, na mediao e na promoo (EAPN Portugal) e
financiamento (IEFP).
Importa salientar que, ao longo da anlise SROI, foram identificados outros stakeholders que efetivamente
seriam uma mais valia para o processo de avaliao de impacto, designadamente a comunidade, as famlias
e o Estado, mas devido ao calendrio do Programa Impacto Social, no nos foi possvel incluir.
A) Partes interessadas na procura: Sim Beneficio direto na promoo das suas competncias
transversais e sua aplicao em competncias de
- Beneficirios diretos empregabilidade
- Identificao
- 15 Desempregados de longa
durao (DLD) com elevadas
qualificaes e com idades
compreendidas entre os 35 e 55
anos.
B) Partes interessadas na oferta: Sim Influncia na promoo de mudanas junto dos beneficirios
diretos do projeto
Tecido empregador (empresas,
associaes empresariais e Benefcios diretos no desenvolvimento de lgicas de
comerciais, organizaes da responsabilidade social
economia social)
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C) Partes interessadas na mediao Sim Influncia na promoo de mudanas junto dos beneficirios
(dinamizao sesses de coaching).
Equipa do projeto (tcnico de
acompanhamento direto -EAPN Benefcios diretos no ajustamento/melhoria da metodologia e
sede - e local - EAPN Coimbra); do conjunto do projeto.
dinamizador do grupo da
Figueira da Foz; tcnico de
acompanhamento do Centro de
Emprego)
A anlise SROI construda sobre a perspetiva dos diferentes stakeholders sobre as mudanas que as
intervenes podem provocar nas suas vidas. No entanto, devido ao curto espao de tempo de
desenvolvimento dos prottipos SROI no Programa Impacto Social, optou-se por incluir na nossa anlise os
stakeholders que esto diretamente ligados s atividades, designadamente os desempregados de longa
durao (DLD) com elevadas qualificaes, o tecido empregador e os mediadores/as do projeto.
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O envolvimento dos diferentes stakeholders decorreu em momentos diferentes. Num primeiro momento,
para sensibilizar para a participao dos stakeholders no processo e construir pontos de ligao para a recolha
de informao necessria ao mapeamento da teoria da mudana. Para tal recorremos experincia piloto do
Click, leitura de documentao sobre as competncias transversais e o seu papel na empregabilidade, os
efeitos do desemprego nas pessoas e a responsabilidade social das empresas, bem como observao
participante e aos resultados obtidos com as entrevistas semi-diretivas. A observao participante foi
tambm usada aquando da apresentao e sensibilizao para a participao no projeto.
Num segundo momento, aps alguns ajustes efetuados teoria da mudana e construo dos indicadores
de anlise, foram elaborados e aplicados inquritos aos diferentes stakeholders includos na nossa anlise.
Por fim, importa referir que no segundo momento e no sentido de triangular dados, foram auscultados,
atravs da aplicao de questionrios via e-mail e telefone, quatro pessoas que participaram no projeto
piloto do Click em gueda. A seleo destas quatro pessoas teve por base as habilitaes elevadas,
semelhana do grupo da Figueira da Foz.
Desempregados de 1 fase Entrevistas exploratrias, (2, semi-diretivas), pela tcnica do projeto impacto social
Longa Durao (Maro - Abril) da EAPN Coimbra.
Observao participante nas 3 sesses de sensibilizao para a participao no
Projeto Click.
Questionrios sobre o perfil e motivao dos DLD.
31 stakeholders envolvidos.
Tecido empregador e 1 fase O tcnico de acompanhamento da EAPN contactou o CTE, no sentido de sinalizar
empregarial empresas locais e/ou entidades sociais, no sentido de os auscultar e obter
informao sobre a empregabilidade e a responsabilidade social. Dado no ter sido
possvel contatar presencialmente, este stakeholder,, contactou-se 1 entidade via
telefone.
2 fase Inqurito semi-aberto, via e-mail, ao tcnico do CTE (o qual no foi devolvido).
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b) Dinamizador do 1 fase Entrevista (1) semi-diretiva, via telefone, sobre as expetativas iniciais e quais as
coaching mudanas que acha que vo ocorrer ao longo do projeto.
c) EAPN Sede e EAPN 1 fase Questionrio (1), sobre as expectativas iniciais do processo e quais as mudanas que
Coimbra considera poderem ocorrer. Aplicado via e-mail.
Assim sendo, num segundo momento, foram construdos questionrios para cada um dos grupos de
stakeholders, os quais foram aplicados a todas as pessoas previstas e envolvidas no Projeto. Todos os
questionrios foram devolvidos devidamente preenchidos, com excepo da tcnica de acompanhamento
do Centro de Emprego,
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2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
Neste ponto, pretende-se identificar os recursos (monetrios e no monetrios) que cada stakeholder investe
para a realizao das atividades e consequentemente, atingir os resultados e mudanas pretendidas com o
projeto.
Para os stakeholders DLD, identificou-se o tempo como nico recurso, o qual corresponder ao tempo que
vo estar nas 12 sesses de coaching, 6 horas cada, totalizando 72 horas. Dado ser um grupo que participa
voluntariamente no Click, optou-se por atribuir um custo aproximado de 3/h.
Para o clculo do valor hora dispendido pelos empregadores, considerou-se a remunerao mdia dos
empresrios, dirigentes e profissionais liberais, calculado em 2008, pelo Observa trio das Desigualdades da
Universidade de Lisboa. O espao de realizao das sesses de coaching, os materiais audiovisuais e a limpeza
da sala, foram considerados recursos investidos pelo stakeholder tecido empregador.
A equipa de mediadores, constituda pela tcnica de articulao do CTE, a equipa tcnica do Click (tcnica da
EAPN Portugal, sede e a tcnica do Ncleo de Coimbra) e o/a dinamizador/a das sesses de coaching, investem
essencialmente tempo para a preparao e desenvolvimento das aes, excepo do/a dinamizador/ que
para alm do tempo, investe conhecimentos, os quais foram includos no valor hora da formao.
Quanto ao stakeholder Promotor (EAPN Portugal), o investimento essencial so os recursos humanos, material
de suporte para desenvolver toda a parte logstica e todas as atividades inerentes ao bom desenvolvimento
do projeto, em deslocaes, seguros dos participantes e pagamento de almoos. O nico custo associado
entidade promotora diz respeito tcnica do Ncleo Distrital de Coimbra da EAPN Portugal.
Por fim, o stakeholder Financiador investe dinheiro para o desenvolvimento do projeto Click, atravs do
protocolo cooperao existente com a entidade promotora para a execuo do projeto Click na Figueira da
Foz.
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Tecido empregador e Tempo Estima-se que sero necessrias 3 empregadores que 661,92
empregarial disponibilizam 8 horas nas 2 primeiras sesses (4 em
cada sesso), mais 6 horas para o dia aberto s
empresas e 6 para o speed recruitment, mais 8 horas
para duas reunies de acompanhamento . valor /dirio,
ser de 7,88
Espao para a formao 65 por sesso, incluindo o valor dos equipamentos 780
Equipamentos
x 12 sesses
utilizados (quadro,
computador, vdeo-
projetor)
Mediadores e tcnica do Tempo Estima-se que o tempo que a tcnica de projeto Click 1078,50
projeto Click - EAPN investe no Grupo da Figueira da Foz so 25 horas
Portugal mensais. Sabendo que o valor lquido da tcnica de
1107,97 e valor/ hora, 7,19 o investimento da EAPN
com a tcnica de cerca 179,75 mensalmente durante
6 meses, perfazendo um total de 1078,50
Financiador IEFP Material de apoio e Estima-se que para a preparao de toda a logstica 62
apoio logstico, inclui necessria realizao das sesses, sero necessrias 8
resmas de papel por resmas de papel, com o custo de 4 cada (32), bem
ms e fotocpias como a reproduo de documentos no valor mensal de
5. perfazendo um total de 30.
4.Pagamento de 768,60
almoos aos
desempregados de 4,27x15 pessoas x 12 sesses
longa durao
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Criao de uma sub O valor total da Criao de uma pgina de internet e os 625
pgina internet projeto custos associados ao seu desenvolvimento no global
Click associada ao site do Click de 2500, pelo que este valor dividido pelos
do protocolo EAPN 4 grupos de pessoas que esto a ser acompanhadas
Portugal /IEFP, IP pelo Click, d 625
Financiamento total pelo Dinheiro Valor total financiado para o Click 7754,28
IEFP para o Click da
Figueira da Foz
Promotor e financiador - Dinheiro para despesas Total investido com a tcnica de acompanhamento do 431,40
EAPN Portugal com: Ncleo de Coimbra - 10 horas mensais, perfazendo um
total de 431,40
Recurso Humano afecto
no Ncleo Distrital de 6 deslocaes da tcnica do Ncleo de Coimbra. Valor 60
Coimbra estimado de 10.
Deslocaes 10
Contatos telefnicos e-mail`s, durante o projeto
Funcionamento
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2.2. RESULTADOS
Dado que os investimentos alocados por cada um dos stakeholders tem por objetivo auxiliar a concretizao
das atividades propostas pelo projeto Click, de seguida faremos a apresentao das atividades realizadas e os
resultados que se pretendem atingir.
Mediadores: tcnica de Articulao com o CTE da Figueira da Foz e Sinalizao e seleo de 15 desempregados de
acompanhamento do com a Tcnica do Click, na sinalizao de DLD longa durao;
Ncleo Distrital de e de potenciais empregadores, atravs de Sinalizao de 4 potenciais empregadores;
Coimbra da EAPN com contatos telefnicos, via e-mail e CTT.
o projeto Click do CTE Reunies conjuntas entre os mediadores
Equipa tcnica do Click Aes de sensibilizao e informao junto 4 reunies com entidades empregadoras;
do tecido empregador Formalizao de 3 parcerias com potenciais
empregadores;
Sensibilizao de 3 entidades para a
responsabilidade Social das Empresas
Contatos via telefone e e-mail, com o Centro Formalizar 1 parceria entre o Centro de
de Emprego da Figueira da Foz Emprego da Figueira da Foz e EAPN,
Sinalizao e seleo de 15 desempregados
de longa durao com elevadas qualificaes
Seleco de 3 potenciais empregadores
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Equipa tcnica do Click Preparar e desenvolver toda a logstica Realizao de 3 sesses de apresentao do
necessria realizao das sesses de projeto e sensibilizao para a participao dos
coaching DLD no Click;
Seleco dos 15 DLD;
Contratualizao de 1 dinamizador/a
Reserva de 1 espao para a realizao da ao
EAPN Portugal Criao de uma pgina WEB 1 pgina Web do Click associada ao site do
protocolo EAPN Portugal /IEFP, IP
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3. TEORIA DA MUDANA
A teoria da mudana uma metodologia que possibilita s entidades sociais orientar os seus projetos, mais
concretamente as suas atividades para alcanar as mudanas sociais e comportamentais desejadas.
Sabemos que com o contexto socioeconmico de crise e o aumento estrutural do desemprego no pas, os
requisitos para acesso ao emprego so cada vez mais exigentes. O mercado estipula condies que fogem
rea dos conhecimentos tcnicos, no sendo as elevadas qualificaes o garante de empregabilidade, o que
requer por parte dos indivduos uma grande flexibilidade e facilidade de adaptao a novos contextos, que
exigem a aquisio de competncias e estratgias que lhes permitam lidar com as dificuldades de insero
no mercado de trabalho.
Tendo em conta que o grupo de beneficirios diretos da nossa interveno, os desempregados com elevadas
qualificaes e com idades compreendidas entre os 35 e 55 anos, pretendemos com o Click que no final do
projeto as pessoas adquiram as competncias transversais que o mercado de trabalho solicita, nomeadamente
capacidade para trabalhar em equipa, comunicar e estabelecer relaes interpessoais, autoconfiana,
flexibilidade, motivao e proatividade. Pretende-se, de igual modo, que o tecido empresarial esteja mais
aberto a iniciativas de responsabilidade social e melhore a sua interveno e contributo para o bem estar da
comunidade.
De seguida, realizar-se- a apresentao das mudanas que levam ao cumprimento dos objetivos do projeto.
Sabemos que o desemprego prolongado provoca nas pessoas a descrena, a falta de motivao, o
pessimismo relativamente ao futuro e todos os efeitos psicolgicos a ele associados. Tal como Melo (2005)
comenta, de entre os efeitos psicolgicos identificados como ligados ao desemprego, incluem-se a
resignao, auto-estima negativa, a vergonha, apatia, depresso, desesperana, sensao de futilidade, perda
de objetivo, passividade, letargia e indiferena. Entre os efeitos sociais incluem-se a pobreza, perda de
status, perda da disciplina temporal e rotina diria, desagregao familiar, incluindo o divrcio.
Algo que corrobora com os relatos obtidos atravs da auscultao dos desempregados atravs da auscultao
dos desempregados (observao participante), os quais referiram no ter qualquer tipo de expetativas face
ao mercado de trabalho e de muito pessimismo relativamente ao futuro, chego a duvidar das minhas
prprias capacidades profissionais e curriculares.
As sesses de coaching desenvolvidas no mbito deste projeto iro contribuir para aumentar os nveis de
auto-estima e bem estar psicolgico das pessoas desempregadas, promovendo o autoconhecimento, a
autovalorizao, a autoconfiana, bem como ativando e reforando atitudes positivas relativamente ao
futuro.
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As pessoas olham para mim como se eu no quisesse trabalhar, no fazer nada. Sinto-me
totalmente excluda.
Convm referir, que para algumas pessoas a primeira vez que se encontram desempregadas e que, por esse
motivo, sentem vergonha, acabando por se isolar em casa, quebrando as suas relaes sociais.
Ao aceitarem a prpria situao perante si e os outros, assumem uma atitude mais aberta para estabelecem
mais contactos com outros, aumentando as suas relaes pessoais e sociais, reduzindo os sentimentos de
vergonha, estigma e excluso, o que contribuir significativamente para o aumento do seu bem estar
social e relacional.
No tinha muitas expectativas. Estamos muito sozinhos/as), mas acima de tudo estarmos com um
grupo de pessoas na mesma situao, permite ver que h outras pessoas nas minhas circunstncias,
faz-me sentir que no estou sozinha.
O facto de ao longo das sesses de coaching se irem trabalhando as competncias pessoais, sociais e
comunicacionais, bem como a definio do perfil profissional de cada um dos participantes, permirtir-lhes-
desenvolver ferramentas e instrumentos, tais como CV e cartas de apresentao personalizadas, que
aumentar a sua motivao e, consequentemente, uma maior eficcia e proatividade e na procura de
emprego.
Tendo em conta os resultados do projeto piloto, dois dos beneficirios do projeto Click, em parceria,
constituram um negcio e consideram que se no fosse o projeto, no seriam capazes de avanar, visto ter
sido o Click, o responsvel por impulsionar tal mudana, por lhes ter dado a oportunidade de estabelecer
contactos e relaes pessoais com potenciais interessados e financiadores do projeto,
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Sabemos que o contexto de crise atual influencia negativamente os nveis de empregabilidade por parte
das empresas. No h ofertas de trabalho para a elevada procura, pelo que se pretende com o Click apelar
responsabilidade social das empresas de modo a aumentar as oportunidades de emprego, atravs da
transmisso de conhecimentos sobre as polticas ativas de emprego e os benefcios que podem ter com a
integrao de pessoas em situao de vulnerabilidade social nas suas entidades. As empreas podem deste
modo reduzir os custos com recursos humanos e contribuir para o desenvolvimento e bem estar da
comunidade. O desenvolvimento de parcerias sociais com empresas locais ir contribuir efetivamente
para mudanas efetivas na sociedade, assumindo um papel importante na incluso social (In Barat, 2007).
A auscultao e levantamento das ofertas de emprego junto dos potenciais empregadores e a definio
conjunta de perfis de colaboradores adequados s necessidades das empresas ir permitir melhorar a eficcia
no processo de recrutamento.
O facto de se estabelecer uma maior proximidade entre a procura e a oferta, atravs das sesses de speed
recruitment, reunies e estabelecimento de parcerias entre empresas locais e Centro de Emprego, permitir
criar uma relao de confiana na aplicabilidade de medidas ativas de emprego e consequentemente,
melhorar a eficcia no processo de recrutamento de colaboradores.
A equipa tcnica de acompanhamento e de articulao do Click tem como papel principal impulsionar as
mudanas que se pretendem que ocorram ao longo do projeto, quer com os stakeholders do lado da oferta,
quer com os da procura, atravs do desenvolvimento das atividades inerentes ao bom funcionamento do
Click, designadamente: o desenvolvimento de parcerias com as entidades pblico-privadas, a sinalizao e
seleco de desempregados e entidades empregadoras, reunies de sensibilizao e auscultao das
necessidades e ofertas, bem como a adequao de perfis profissionais.
Com efeito, o facto de, no final do projeto, a) as empresas locais demonstrarem uma maior abertura para a
responsabilidade social, bem como uma maior satisfao com o processo de recrutamento e b) a equipa
demonstrar um grande otimismo no futuro relativamente empregabilidade de pblicos desfavorecidos,
remete essencialmente para uma grande mudana: o aumento da motivao e da satisfao no trabalho,
devido ao cumprimentos dos seus objetivos e sentimento de dever cumprido, aumentando, deste modo, o
seu sucesso no trabalho e o desenvolvimento pessoal e profissional.
Como a equipa tcnica acompanha de perto os stakeholders da oferta e da procura, em especial devido ao
tempo que est com o grupo de DLD nas sesses de coaching, adquire competncias ao nvel do bem estar
pessoal e social, desenvolvendo sentimentos de maior proximidade e relaes interpessoais com o grupo,
pois adquire conhecimento das situaes reais vividas, criando igualmente uma relao de confiana entre as
partes.
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A equipa tcnica acaba por contribuir em certa medida para o aumento da auto-estima e bem estar do grupo
e de si prpria, pelo facto de reconhecer que esto a fazer algo em prol do outro, designadamente a promover
a empregabilidade de pblicos desfavorecidos, o que faz com a equipa aumente os seus nveis de bem estar
pessoal e social.
Transformao pessoal
Participando enquanto dinamizadora das sesses de coaching, desenvolve competncias ao nvel do seu
autoconhecimento e confiana, pois passa a acreditar que o seu trabalho consegue mudar de forma positiva
as pessoas desempregadas, incutindo-lhes atitudes positivas e de esperana relativamente ao futuro.
Os desempregados acabam por desabafar e partilhar experincias com o grupo e com a dinamizadora, o que
acaba por ser uma aprendizagem sobre a real situao dos desempregados, o que acaba por gerar um
ambiente de confiana e de partilha entre o grupo e a equipa, permitindo gerar na dinamizadora um
sentimento de que est a contribuir para mudar algo, na vida daquelas pessoas e assim, sente que sofre
uma transformao, enquanto pessoa e profissional. Passa enfim a sentir mais confiana e otimismo
relativamente empregabilidade destes pblicos.
Assim sendo, as mudanas identificadas para serem alvo da anlise no captulo Mudanas e Provas, so as
seguintes por stakeholder:
STAKEHOLDER MUDANAS
Tecido empregador/empresaria Maior abertura para iniciativas de Responsabilidade Social /Contribuem para o bem
estar da comunidade
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Apoio na identificao
Necessidade de de perfis profissionais, Mais confiantes e motivados
Perfis profissionais adequados Melhoria/eficcia do
desenvolver o tecido mais conhecimentos para recrutar pessoas a abrigo
s necessidades das empresas processo de recrutamento
empresarial sobre medidas ativas de outras medidas
de emprego
Promoo da empregabilidade
de pblicos vulnerveis (DLD)
Conhecimentos de coaching,
Desenvolvimento de parcerias com
competncias e instrumentos
entidades pblicas (CTE e IEFP) e Mais confiana e optimismo nas
personalizados para a procura
privadas (entidades empregadoras) pessoas que acompanha e no futuro
de emprego
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DINAMIZADORA DE COACHING
4. PROVAS E VALOR
Neste sentido, para calcularmos a quantidade de mudana vivida pelos stakeholders, calculou-se a mdia da
distncia percorrida dos vrios indicadores por mudana, multiplicando-se pela populao do projeto (
desempregados de longa durao - 15; tecido empregador - 4; equipa tcnica de acompanhamento e
articulao - 2; dinamizador - 1).
De modo a analisar as mudanas identificadas pelos stakeholders foram definidos diferentes indicadores,
que serviram de base construo dos questionrios a aplicar s diferentes partes interessadas.
Com objetivo de triangular dados, isto comparar e determinar ou no diferenas entre as mudanas
sentidas entre os stakeholders desempregados de longa durao, foram aplicados questionrios ao grupo
atual da Figueira da Foz e a quatro elementos do grupo passado, que participaram no projeto piloto do Click
.
Os indicadores foram identificados atravs da anlise documental efetuada e pela informao obtida na fase
inicial de recolha de informao junto dos stakeholders.
Para a elaborao de algumas questes e para a escolha da escala a utilizar nos questionrios, usou-se como
modelo, o Instrumento de Avaliao da Qualidade de Vida da OMS (WHOQOL-100), que segue uma escala de
Likert, de 1 a 5, utilizando tambm, escalas de concordncia e de frequncia, criadas para efeito.
As tabelas que se seguem apresentam o caminho que percorremos para analisar cada uma das mudanas.
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Desempregados de Longa Melhoria do Bem Estar Social Grau de bem estar social
Durao com elevadas
qualificaes (Figueira da Frequncia participa em atividades sociais
Foz)
Maior Eficcia e Proatividade na Nvel de otimismo relativamente ao futuro
Procura de emprego
N de ideias de negcio
Desempregados de Longa Melhoria do Bem Estar Social Grau de bem estar social
Durao (Piloto)
Maior Eficcia e Proatividade na Nvel de otimismo relativamente ao futuro
Procura de emprego
N de vezes que procura emprego por iniciativa, por semana
N de ideias de negcio
N de mtodos de recrutamento
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Equipa Tcnica de Aumento do Sucesso no trabalho Nvel de otimismo relativamente abertura RS;
acompanhamento e de
articulao com o Click N de parcerias efetivadas
Nvel de resilincia
Tal como se pode observar pela tabela apresentada anteriormente, para a totalidade da mudanas existem
dois ou mais indicadores de anlise, sendo pelo menos um deles objetivo e outro subjetivo.
Contudo, no sentido de triangular os dados das mudanas que ocorreram em ambos os grupos de DLD,
foram elaborados dois questionrios, um para os DLD do projeto piloto, onde foram colocadas questes com
referncia momento temporal 0 (antes do Projeto) e o momento temporal 1 (atual, depois do projeto) e um
para o stakeholder DLD atual, com questes para o momento temporal 1 (o atual ) e o momento temporal 2 (
para o futuro). Neste caso, calculou-se uma mdia ponderada dos indicadores por mudana, onde foi
atribuda uma ponderao de 20% ao grupo piloto e uma ponderao de 80% ao grupo atual. A deciso da
ponderao de 20% ao grupo do passado, surge pelo fato de se ter auscultado apenas 4 DLD do piloto, em
virtude de serem os nicos que detinham o mesmo perfil de DLD do atual grupo.
Apesar de se ter optado por uma ponderao, a quantidade de mudana vivida por ambos os stakeholders da
procura (DLD) so semelhantes, quando efetuamos uma mdia, o que poder significar elevadas expetativas
do grupo atual relativamente participao no projeto. Foram ainda questionados sobre as mudanas que
consideram mais importantes para cada um deles, destacando-se as relacionadas com o aumento da auto-
estima e bem estar social, seguindo-se a criao do prprio emprego e a eficcia e proatividade para a
procura de emprego, o que vem de encontro s maiores distncias percorridas e quantidades de mudana
sentidas pelos DLD.
Contudo, a mudana com menor expresso vivida pelos DLD, quando analisada a quantidade de mudana,
a melhoria do bem estar social, o que significa que os inquiridos responderam s questes relacionadas com
esta mudana, no antes e depois do projeto de forma semelhante, ou seja, posicionaram-se na escala num
ponto de partida e de chegada aproximados.
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No global, as mudanas com menor quantidade de mudana registada remetem para o stakeholder
mediadores, o que est interligado com o papel que tm no desenvolvimento do projeto ( e so quem, no
momento inicial, j dispe de alguma bagagem de mudana).
Por fim, a quantidade de mudana para o tecido empregador de 1, existindo em ambas as mudanas, um
aumento da satisfao. Convm referir, que de entre as quatro entidades empresariais , duas so de economia
social; por esse motivo, j tm alguma experincia, no que respeita a responsabilidade social.
4.2. DURAO
Aps a descrio da quantidade de mudana gerada pela nossa interveno, necessrio saber at onde se
vo sentir os efeitos das mudanas.
A durao foi obtida atravs dos questionrios aplicados, tendo sido considerado o tempo em que as
mudanas se iriam sentir em meses e anos, a partir do momento atual ou passado, calculando-se uma mdia
das respostas dadas.
As questes colocadas aos grupos DLD do passado e do presente so iguais, apenas mudando a o incio da
frase e a escala. A ttulo demonstrativo apresentamos a primeira questo:
Aumento da Auto-estima e Bem estar Aps terminar as sesses de coaching do projeto Click, durante quanto tempo acha que ir
Psicolgico sentir as mudanas relacionadas com o aumento da auto-estima, otimismo, motivao e
confiana para ultrapassar as dificuldades que encontra?
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Relativamente aos restantes stakeholders, para obter informao sobre a durao, aplicou-se a seguinte
questo por mudana (a ttulo exemplificativo):
Se o projeto j estivesse a decorrer em pleno e o mesmo terminasse amanh, durante quanto tempo
considera que iria sentir os efeitos dos conhecimentos adquiridos ao nvel das competncias sociais do bem-
estar?. A escala de respostas usada foi de 1 (0,5 ano) a 5 (4 anos).
Tecido Empresarial/Empregador Maior abertura para iniciativas dea Responsabilidade Social - Bem 2,5
estar na comunidade
A metodologia SROI serve-se de aproximaes financeiras para quantificar o valor de cada mudana
analisada, ou seja, vamos calcular um preo, para que possamos no final da anlise, chegar a um valor total
dos benefcios, compar-lo com o do investimento e, assim, gerar o rcio SROI.
O valor atribudo a cada uma das aproximaes financeiras baseou-se numa pesquisa efetuada atravs da
Internet. As aproximaes financeiras escolhidas tiveram em conta a auscultao de alguns stakeholders,
designadamente a tcnica de articulao do projeto Click, bem como alguns desempregados de longa
durao. As restantes foram decididas atravs da reflexo conjunta efetuada com a equipa de projeto, visto
no ter havido possibilidade de auscultar os restantes stakeholders.
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Desempregados de Melhoria do Custo de 3 programas anuais de sade em bem 825 Pesquisa na net,
Longa Durao Bem Estar estar termal ou SPA, 1 vez na primavera, 1 no de Estncias
Social vero e 1 no Outono ( 3 x ao ano), 4 dias, com Termais e de
um custo mdio de 275 cada. A escolha das Pacotes de Bem
pocas tem por base as alturas do ano em que estar
as pessoas se sentem menos bem
psicologicamente.
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Tecido Empresarial/ Maior abertura Valor mdio disponibilizado mensalmente por 1 900 Contacto direto
Empregador para iniciativas empresa annima Margarida (criana com com a pessoa
de RSE paralesia cerebral) para tratamentos de que usufrui do
(Bem-estar na fisioterapia 75. Donativo. donativo
Comunidade)
Aumento das Custo mdio de 3 fins de semana de Atividades 360 Internet atravs
Competncias de Team Building e Lazer, com alojamento e de hotes e
Sociais de Bem tudo includo, com colegas e/ou familiares. 120 empresas que
estar cada, Tem por objetivo aumentar os laos de disponibilizam
proximidade e de bem estar pessoal estes servios
Dinamizadora das Transformao Custo de 6 sesses de coaching para aumentar 390 Custo mdio de
Sesses de Coaching Pessoal os seus nveis de auto-conhecimento, confiana referncia para
e resilincia 65 o Distrito de
Coimbra
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importante referir que no foram colocadas questes sobre esta atribuio ao stakeholder tecido
empresarial, o que se tornou um pouco mais difcil calcular o valor da atribuio I. No entanto, visto termos
questionado os stakeholders com questes em que perguntamos como esto com e sem projeto, optmos
por atribuir um valor de 15% de bagagem a descontar na mudana responsabilidade social e de 20% na
mudana eficcia no recrutamento e seleo (dado que se verificou a existncia de empregadores com
conhecimentos e prticas, relacionadas com as mudanas referenciadas no momento T1 ou seja, atualmente,
antes de iniciarem o projeto).
Tambm no foram colocadas questes sobre atribuio I aos DLD do grupo atual, tendo sido o seu clculo
feito com base na mdia dos resultados obtidos com o grupo piloto.
Na tabela seguinte sero apresentadas as atribuies I, cujos valores foram obtidos atravs do clculo da
mdia de respostas dadas.
Tabela 11 - Atribuio I
Desempregados de Melhoria do Bem Estar Social 25% Considera que se no tivesse participado no
Longa Durao Click, no teriam existido alteraes ao nvel das
Aumento da Auto-Estima e 50%
suas relaes sociais?
bem estar psicolgico
Tecido Empresarial/ Maior abertura para iniciativas 15% T1 Como classifica atualmente, a participao da
Empregador de Responsabilidade Social - sua empresa em aes de responsabilidade
Bem estar na comunidade social? (Por exemplo, promoo da incluso de
pblicos vulnerveis na sua empresa/entidade,
desenvolver atividades socialmente teis,
angariaes de fundos, etc?)
Melhoria da eficcia no 20% T1.At que ponto, est satisfeito com o processo
processo de recrutamento de seleco e recrutamento da sua entidade/
empresa?
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Equipa Tcnica Aumento do Sucesso no 19% Se o Click no existisse, acha que seria provvel
Trabalho existirem alteraes ao nvel da abertura do
tecido empresarial para a responsabilidade
social?
5.2 ATRIBUIO II
A atribuio do tipo II a proporo de mudana atribuvel a fatores externos nossa interveno, podendo
ser organizaes ou pessoas que possam ter contribudo e que, por esse motivo, no podem ser
contabilizados no resultado final do impacto atribuvel ao projeto em anlise.
Para o clculo das atribuies do tipo II, efetuou-se uma mdia das respostas dadas, segundo as questes
colocadas para efeito e que se apresentam de seguida, juntamente com os resultados obtidos.
Tabela 12 - Atribuio II
Desempregados de Melhoria do Bem Estar 25% Para alm do Click, existe algum ou outros servios que
Longa Durao Social tenham contribudo para o aumentar as suas relaes sociais?
Se Sim em quanto?
Aumento da Auto-Estima 25% Para alm do Click, existe algum ou outros servios que
e bem estar psicolgico tenham contribudo para o aumento da sua motivao e
otimismo, relativamente ao futuro? Se respondeu sim, em
quanto o ajudaram esses servios e/ou pessoas?
Maior Eficcia e 13% Para alm do Click, existe algum ou outros servios que
Proatividade na Procura tenham contribudo para o aumentar a sua eficcia e
de emprego proatividade na procura de emprego , em quanto que
contriburam?
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Desempregados de Criao do Prprio 0% Para alm do Click, existe algum ou outros servios que
Longa Durao Emprego tenham contribudo para o aumento da sua motivao para a
criao do prprio emprego e/ ou enveredar por outro
caminho profissional? Se respondeu sim, em quanto o/a
ajudaram esses servios ou pessoas?
Tecido Empresarial/ Maior abertura para 25% A sua empresa/entidade j usufruiu de servios ou projetos
Empregador iniciativas dea que tenham contribudo para mesmo apoio, ao nvel da
Responsabilidade Social transmisso de conhecimentos sobre a responsabilidade
- Bem estar na social, que o projeto Click vai prestar?
comunidade
Equipa Tcnica Aumento do Sucesso no 35% Para alm do Click, acha que outros servios possam
Trabalho contribuir para o seu otimismo relativamente, abertura das
empresas Responsabilidade social?
Aumento das 40%
Competncias Sociais de
Bem estar
Dinamizadora das Transformao Pessoal 75% Para alm do Click, existe algum ou outros servios que
Sesses de Coaching tenham contribudo para o seu desenvolvimento e
transformao pessoal? Em quanto?
Importa mencionar, que para o clculo da Atribuio II para o grupo de DLD, foram apenas tidos em conta os
dados obtidos pela auscultao dos DLD do grupo piloto, tendo sido apenas colocada uma questo geral aos
DLD do grupo atual, pelo que considermos no ter as questes corretas para compararmos ambos os
grupos.
A maioria das mudanas dos stakeholderes tiveram influncia de fatores externos ao Click, sobretudo a
mudana transformao pessoal (stakeholder dinamizadora), qual foi atribuida uma proporo de mudana
de 75% a terceiros, sendo portanto a mudana gerada pela nossa interveno de 25%.
A nica mudana sem qualquer tipo de influncia externa a criao do prprio emprego (DLD), a qual
imputada na totalidade nossa interveno.
A reduo a desvalorizao a que cada mudana est sujeita ao longo do tempo, ou seja, a deteorizao
dos efeitos de uma atividade ao longo do tempo.
Para determinar a taxa de reduo colocou-se a todos uma questo inicial, no sentido de saber a opinio
sobre o que acontece aos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, colocando-se posteriormente
outras questes de acordo com cada mudana, calculando-se a mdia de respostas dadas.
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Desempregados de Melhoria do Bem Estar Social 32% Para si, daqui a 1 ano, de 0 a 100, diga-nos quanto
Longa Durao acha que vo restar das mudanas que sentiu ao
Aumento da Auto-estima e 32%
nvel do bem-estar social: 20
bem estar Psicolgico
Maior Eficcia e Proatividade 23% Daqui a 1 ano, de 0 a 100, quanto acha que vai restar
na Procura de emprego da sua motivao e proactividade, para uma procura
de emprego mais eficaz e por iniciativa prpria: 50
Criao do Prprio Emprego 25%
Tecido Empresarial/ Maior abertura para Daqui a 1 ano, de 0 a 100, diga-nos quanto acha que
Empregador iniciativas dea vo restar das mudanas que sentiu ao nvel da
Responsabilidade Social - 38% aquisio de conhecimentos e de abertura para as
Bem estar na comunidade aes de responsabilidade social, ou seja, ao nvel da
satisfao com os conhecimentos adquiridos sobre a
responsabilidade social, designadamente ao nvel
das polticas ativas:
Melhoria da eficcia no 40% Daqui a 1 ano, de 0 a 100, quanto acha que vai restar
processo de recrutamento da sua satisfao ao nvel da melhoria e eficcia no
processo de recrutamento
Equipa Tcnica Aumento do Sucesso no 35% Daqui a 1 ano, de 0 a 100, quanto acha que vai restar
Trabalho das mudanas sentidas ao nvel da motivao e
sucesso para o trabalho
Aumento das Competncias 40% Daqui a 1 ano, de 0 a 100, quanto acha que vai restar
Sociais de Bem estar dos conhecimentos adquiridos e /ou efeitos sentidos
ao nvel do bem-estar pessoal e social?
Dinamizadora das Transformao Pessoal 50% Daqui a 1 ano, de 0 a 100, quanto acha que vai restar
Sesses de Coaching dos efeitos/ mudanas sentidas ao nvel da
transformao pessoal
Sabemos que ao longo do tempo os conhecimentos adquiridos vo diminuindo; no entanto, tendo em conta
os dados obtidos, os DLD consideram que os conhecimentos adquiridos se vo mantendo e melhorando,
enquanto que os empregadores consideram que os conhecimentos vo melhorando medida que o tempo
vai passando. Somente a equipa tcnica e a dinamizadora consideraram que diminuem. As taxas de reduo
das mudanas analisadas variam entre 23% e 50%.
5.4. DESLOCAO
Considera que o projeto Click vai influenciar de alguma forma a sua maneira de ser e estar na vida?
( Escala: 1 Discordo Totalmente a 5- Concordo Totalmente)
Pelos dados obtidos, no se registaram consequncias negativas, uma vez que todos os stakeholders
responderam de forma positiva s questes.
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O primeiro valor que surge no mapa de impacto1 social o do impacto da mudana a 1 ano, obtido atravs
da subtrao dos descontos calculados ao valor total da mudana.
Destacam-se de forma bastante positiva o impacto das mudanas no stakeholder DLD, ficando aqui refletido
o investimento que feito. As mudanas com menor impacto so as sentidas pelos mediadores do projeto,
tal como j verificado anteriormente.
Aps a anlise impacto efetuou-se a projeo a 3 anos, obtendo-se: um valor atual lquido (VAL) de benefcios
de 28 372,44 e um rcio SROI de 2,18 por cada euro investido.
Tabela 14: Impacto Social a 3 anos
Toda a anlise efetuada e resultados obtidos tm por base pressupostos e estimativas que podem sofrer
alteraes, mediante a existncia ou no de parmetros crticos, negativos ou positivos, existentes no nosso
SROI.
Assim sendo, com objetivo de testar a sua robustez e permeabilidade, realizou-se uma anlise de sensibilidade,
identificando os parmetros crticos e os efeitos que podem ter neste SROI.
ANLISE GRFICA
A anlise grfica do retorno social, tendo em conta os grficos apresentados em baixo, demonstra que o
stakeholder DLD quem mais beneficia com a interveno do Click, com 55% de valor, seguindo-se o tecido
empregador com 39%, e por fim a equipa tcnica projeto.
Assim sendo, as mudanas que mais peso tm no SROI so as sentidas pelos DLD, designadamente a
mudana eficcia e proatividade na procura de emprego (30%), criao do prprio emprego (25%),
aumento da estima e bem estar psicolgico (24%) e aumento do bem estar Social (13%), Considera-se que
alteraes ao nvel destas mudanas vo alterar o resultado do SROI, designadamente ao nvel do bem estar
social.
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24+13+30254310
RETORNO SOCIAL POR MUDANA
55+39+60
RETORNO SOCIAL POR STAKEHOLDER
Equipa tcnica 6%
Dinamizadora 0%
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A par da anlise grfica, foi igualmente realizada uma uma anlise retrospetiva aos pressupostos externos e
internos que mais influenciam o rcio SROI.
Fontes da triangulao de dados: Apesar de se ter efetuado uma triangulao de dados entre 2
grupos, considera-se que podem haver alteraes sobretudo ao nvel da distncia percorrida (DP)
quantidade (QT) de mudana e atribuies, visto os resultados obtidos, em alguns dos casos, terem
sido calculados apenas com base no grupo piloto.
Desempregados de Longa Expectativas elevadas dos stakeholders: O fato de colocarmos questes sobre as expectativas
Durao com elevadas futuras dos DLD pode enviesar um pouco o modelo, visto as expetativas atuais serem elevadas.
habilitaes Dificuldades de interpretao das questes: algumas questes colocadas atravs dos questionrios,
no foram fceis de perceber pelos destinatrios, criando situaes de dvidas nas respostas a dar,
sobretudo nas que remetem para a durao das mudanas e reduo. No entanto, a maioria dos
stakeholders respondeu que as mudanas teriam uma durao de 1,5 a 2, o que coincide com a
nossa percepo.
Tecido empresarial Expectativas elevadas dos stakeholders: semelhana do grupo anterior, o tecido empregador
tambm foi envolvido nesta anlise sem estar ainda envolvido no Click, pelo que as expetativas finais
aps projeto,podem no corresponder s iniciais que no global so positivas.
Mediadores As atribuies I e II podem sofrer algumas alteraes, bem como a sua quantidade de mudana,
caso haja a desistncia de pessoas do projeto, bem como a no adeso por parte dos empresrios.
Face ao exposto, as principais variveis que podem vir alterar os valores do SROI esto relacionadas com a
distncia percorrida e com os descontos atribudos a cada uma das mudanas.
Os fatores externos que podem influenciar o desenvolvimento projeto esto interligados com a instabilidade
socioeconmica do pas.
Para testar o SROI e verificar at que ponto a alterao dos nossos pontos crticos na anlise poderiam
influenciar o valor de retorno social, fomos atribuir novas variaes de valor nas quantidades, descontos e
aproximaes financeiras j apuradas.
A tabela seguinte apresenta os resultados do SROI obtidos em consequncia das alteraes efetuadas aos
pontos crticos identificados anteriormente. Para o seu clculo, efetumos alteraes independentes em
determinados parmetros, mudana a mudana, de forma a perceber qual o impacto que essas teriam no
nosso SROI.
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Bem Estar Social (DLD) Considera-se que a mudana est subestimada, por isso 2,49
aumentou-se a quantidade de mudana em 50% e a
Aproximao financeira(AF), visto os valores variarem consoante
a poca em 25%
Aumento da Auto-estima (DLD) H uma sobrevalorizao da atribuio I a esta mudana, uma 2,54
vez que aquando a observao participante os destinatrios
demonstraram nveis baixos de auto-estima, pelo que
decidimos descontar 25% atribuio I e aumentou-se em 10%
a AF.
Maior abertura do tecido empresarial para Dado que o nmero de inquiridos reduzido e no houve 2,36
iniciativas de Responsabilidade Social (TE) triangulao de dados com o tecido empresarial do Piloto,
consideramos que a quantidade reduzida e a aproximao
financeira pode ser superior, visto o valor ter sido retirado
apenas de uma empresa, por isso iremos aumentar a
quantidade em 50% e a aproximao financeira em 50%
Aumento das competncias sociais do Bem Estar Consideramos que as atribuies I e II desta mudana, esto 2,22
Social da Equipa Tcnica sobrevalorizadas pelo que iremos reduzir as atribuies em 25%
Maior eficcia e proatividade na Procura de O valor da quantidade de mudana pode estar sobrevalorizado 1,98
emprego (DLD) pelas expectativas elevadas dos DLD, pelo que iremos reduzir
quantidade 30%
Criao do Prprio Emprego (DLD) O valor da Quantidade pode estar sobrevalorizado, devido s 2,02
respostas do piloto, onde efetivamente surgiram situaes de
auto-emprego, por isso, diminuimos 30% quantidade
De acordo com a anlise de sensibilidade efetuada aos parmetros crticos identificados, verifica-se que as
alteraes efetuadas a cada uma das mudanas influenciam o valor global do SROI, surgindo como as que
tm mais impacto as mudanas aumento da auto-estima, aumento do bem estar social e maior abertura do
tecido empresarial para iniciativas de responsabilidade social, aumentando o valor do SROI somente as
mudanas eficcia e proatividade na procura de emprego e a criao do prprio emprego, com alteraes
efetuadas contribuiriam para uma mnima reduo do SROI calculado (2,18).
De forma global, aps as atualizaes de todos os valores dos pontos crticos (nas diferentes mudanas) no
modelo SROI,verifica-se uma variao positiva e superior ao retorno social no mapa de impacto j calculado
anteriormente, de 2,18 aumenta para 2,54 por cada euro investido. Este valor considera-se estar mais
prximo da realidade, pelo facto de considerarmos que o mapa calculado tem alguns aspetos a melhorar..
Para alm das variaes apontadas anteriormente, como as mais adequadas para tornar o modelo SROI mais
fidedigno, efetumos um novo clculo na variao da quantidade de todas as mudanas, no sentido de
perceber se o aumento de 10% nas quantidades e nas aproximaes financeiras se refletem de forma
significativa SROI. Da anlise do mapa de impacto atualizado com um aumento de 10%, verifica-se que existe
um ligeiro aumento do retorno social investido, de 2,18 para 2,72, por cada euro investido.
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ANLISE DE CENRIOS
Para testar o impacto dos parmetros crticos no SROI, traamos dois cenrios, um positivo e um negativo.
Tabela - Cenrio optimista
O projeto vai totalmente de encontro s expetativas das empresas, da equipa Quantidade (+) 50% 4,82
de mediadores e dos desempregados de longa durao. As pessoas melhoram Durao (+) 20%
significativamente as suas competncias pessoais, comunicacionais e sociais,
AF (+) 25%
existindo no final do projeto mudanas significativamente positivas na sua
vida das pessoas. Reduo (-25%)
A durao das mudanas esto subvalorizadas bem como as aproximaes Atribuies (-) 25%
financeiras.
As mudanas ocorridas fazem-se sentir durante mais tempo, havendo uma
menor reduo da mudana ao longo do tempo.
Os descontos atribudos esto sobrevalorizados, pelo que sera imputada mais
mudana devida nossa interveno
Os factores negativos que influenciam o desenvolvimento da anlise remetem Quantidade (-) 50% 1,09
para a no adeso dos empresrios ao projeto e consequentemente, s Durao (-) 30%
parcerias a efetivar, por um lado e por outro, devido conjuntura
socioeconmica e conteno de custos, no esto receptivos a dinamizar
iniciativas de RS, no havendo lugar a abertura de ofertas de emprego. Por este
motivo, as mudanas esto sobrevalorizadas, bem a durao das mudanas.
Os fatores negativos que afectam as mudanas nos DLD prendem-se com a
desistncia das sesses, visto o projeto estar a iniciar e as expectativas elevadas
que tinham no inicio no se concretizam, podendo no final no se verificarem
alteraes significativas na quantidade de mudana. iniciais. Alm disso,
tambm a durao da mudana vai ser inferior.
Por consequncia, a equipa de mediadores tambm sentem alteraes
negativas na quantidade e durao da mudana.
Cenrio pessimista: o rcio SROI baixa 50%, para o 1,09, exatamente para metade do valor do nosso
SROI (2,18).
Cenrio Optimista: o SROI aumenta cerca de 55%, para 4,82.
Com esta anlise verifica-se que se algo inesperado acontecer, o retorno social se reduz significativamente,
apesar do valor do retorno ser positivo. Contudo, devido aos resultados do projeto anterior e ao
acompanhamento efetuado ao atual projeto, acreditamos que haver mais probabilidades em obter
beneficios positivos para todos os stakeholders envolvidos do que negativos, o que aumentar com certeza o
retorno social do valor investido.
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6.CONCLUSO E
RECOMENDAES
O retorno social foi calculado com base na incluso de apenas trs stakeholders, dois dos quais os principais
destinatrios diretos da interveno do projeto Click (desempregados de longa durao e tecido empregador)
e uma equipa de mediadores, onde se inclui as tcnicas de acompanhamento e de articulao, bem como a
dinamizadora de sesses de coaching, que so as principais responsveis por impulsionar as mudanas nos
stakeholders e desenvolver todas as atividades inerentes ao bom desenvolvimento do projeto. A escolha
destes stakeholders teve por base o seu papel e grau de importncia para o projeto, visto ser nosso objetivo
ativar competncias para a empregabilidade de pblicos desfavorecidos, atravs de uma lgica de
proximidade entre a oferta e a procura.
Dos stakeholders envolvidos, os que mais peso tiveram no SROI foram sem dvida os desempregados de
longa durao (DLD), sendo que nestes se verifica o maior impacto da nossa interveno, sobretudo ao nvel
do aumento da motivao e, consequentemente, das mudanas eficcia e proatividade na procura de
emprego (30%), e da possibilidade de criarem ideias de negcio, criao do prprio emprego (25%),
aumento da estima e bem estar psicolgico (24%) e aumento do bem estar social (13%),
Contudo, convm referir que a maioria dos DLD considera como mudanas prioritrias o aumento da auto-
estima e bem estar social e psicolgico, o que no se verificou nos resultados do SROI, surgindo em primeiro
lugar a eficcia e proatividade para a procura de emprego e a possibilidade de criarem o prprio emprego
(algo que provavelmente surgiu, em parte, pela triangulao de dados efetuada com os desempregados que
j tiveram a oportunidade de vivenciar a experincia do Click, a qual lhes permitiu adquirir competncias a
estes nveis e constituirem o seu prprio negcio). importante, referir que as quatro pessoas inquiridas do
Click (piloto), consideraram as sesses de coaching para a empregabilidade que frequentaram no mbito do
Click muito importantes para a sua vida.
Da anlise SROI prospetiva realizada ao projeto Click resultou um retorno social a trs anos no valor de 2,18,
por cada euro investido. No um retorno elevado, mas positivo e realista, com grandes probabilidades de
aumentar a curto prazo, apesar da conjuntura socioeconmica do pas.
Aps a anlise e resultados do impacto social, verificou-se a existncia de stakeholders que poderiam ter sido
uma mais valia para a nossa anlise, caso tivessem sido includos, no entanto, no o foram, devido aos timings
reduzidos do Programa Impacto Social e pelo facto de ser uma metodologia de avaliao recente em
Portugal, sobre a qual no tnhamos conhecimentos e que s medida que o processo se foi desenrolando
que nos fomos apercebendo dos fatores, stakeholders, dimenses de anlise e questes que deveramos ter
envolvido e colocado, na anlise.
a famlia como sendo um stakeholder que de forma direta est em contacto com as pessoas em
situao de desemprego e que por esse motivo, pode sentir os efeitos positivos ou negativos das
mudanas que ocorrem com o seu familiar e, consequentemente, mudanas em si mesmo.
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Alm disso, pela anlise da questo geral efetuada aos DLD sobre qual mudana mais importante para si, o
aumento do bem estar social surge em p de igualdade com o aumento da auto-estima e bem estar
psicolgico. No entanto, o bem estar social no aparece refletido como uma das mudanas com maior
quantidade de mudana, o que pode significar que: (1) as questes feitas aos DLD devem ser aperfeioadas;
(2) esta dimenso deve ser estudada em maior pormenor no futuro e/ou (3) o projeto dever investir em
formas de reforar o impacto no bem-estar social.
Por fim, consideramos que o SROI foi um processo intenso e desafiante para EAPN Portugal, pelos prazos
exigidos e em particular para quem esteve envolvida no desenvolvimento do programa, mas bastante
gratificante e enriquecedor. Foi um processo de aprendizagem que, sem os mentores, seria difcil de
concretizar e que a EAPN Portugal num futuro prximo pretende adaptar.
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ESAP - Employability and Skills Anticipation Policies: a Social ROI Approach (2012-2014)
http://1068899683.n263075.test.prositehosting.co.uk/case-studies/young-enterprise-scotland-sroi-method/
http://www.thesroinetwork.org/images/Workwise_SROI_Case_Study_pdf.pdf
FRC Group runs social businesses that create profits and opportunities to change the lives of people living in
poverty and unemployment (SROI Network http://www.thesroinetwork.org/ )
http://www.thesroinetwork.org/images/FRC_Group_SROI_Case_Study_Nov_2011_pdf2.pdf
172
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/nos afeta? O que vo eles Valor Atividades em Descrio Indicador Quantidade (QT) Durao Comeo* Aproximao Financeira (AF) Valor Atribuio I Deslocao Atribuio Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
investir? nmeros II
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? Que preo atribumos mudana? Ano 0 Ano 1 Ano 2
Beneficirios diretos da tempo 3,240.00 72 horas de Aumenta a Auto-estima e Nvel de auto-estima; n de 8 1.5 1 Custo de de 1 consulta individual de 840.00 50% 0% 25% 32% 2,520.00 2,520.00 2,520.00 1,713.60
Procura Desempregados de coaching para 15 bem estar psicolgico horas gastas por semana a psicologia 60 x 14 sesses
Longa Durao DLD cuidar se si necessrias
Melhoria do bem estar Grau de bem estar social, 3 2 1 Custo de 3 programas anuais de 825.00 25% 0% 25% 32% 1,392.19 1,392.19 1,392.19 946.69
social frequncia de participao em sade em bem estar termal ou SPA, 1
atividades sociais e de vez na primavera, 1 no vero e 1 no
convvio Outuno ( 3 x ao ano), 4 dias, com um
custo mdio de 275 cada
Maior Eficcia e Nvel de otimismo; n de vezes 9 2 1 Custo de 1 Formao em marketing 430.50 6% 0% 13% 23% 3,178.30 3,178.30 3,178.30 2,447.29
Proatividade na Procura deque procura emprego por pessoal e reorientao de carreira no
emprego iniciativa valor de 350 + iva (23%)
Criao do Prrio Emprego Grau de motivao para a 8 2.5 1 Custo de 1 curso de como se tornar 430.50 25% 0% 0% 25% 2,583.00 2,583.00 2,583.00 1,937.25
criao do prprio emprego; empreendedor, 14 horas. 350 + Iva
N de ideias de negcio
Beneficirios diretos da Tempo - 28h; 1,513.92 Formalizao de 3 Maior abertura para Nvel de participao em 1 2.5 1 Valor mdio disponibilizado 900.00 15% 0% 25% 38% 573.75 573.75 573.75 355.73
Oferta Tecido Empregador- Espao para parcerias; responsabilidade social, iniciativas de RS mensalmente por 1 empresa
formao, participao no dia contribuem para o bem Grau de satisfao com nvel annima Margarida (criana com
equipamentos aberto s estar da Comunidade de conhecimentos com P. paralisia cerebral) para tratamentos
informticos e empresas; Ativas de fisioterapia 75
audiovisuais; participao numa Frequncia com que recorre a
Limpeza do sesso de speed P.Ativas; Nvel de motivao
Espao recruitment para estabelecer parcerias
Melhoria da eficcia no Grau de satisfao com o 1 3 1 Custo hora de um consultor para 885.60 20% 0% 25% 40% 531.36 531.36 531.36 318.82
processo de recrutamento processo de recrutamento auxiliar na seleco de pessoal e
Grau de satisfao com os identificao do perfil de
perfis de competncias colaborador - 12 horas
N de mtodos de
recrutamento
Mediadores - Tcnica do Tempo 3 parcerias Aumento do sucesso no Nvel de otimismo 0.56 2 1 Custo de formao em Intelegncia 350.00 19% 0% 13% 35% 138.55 138.55 138.55 90.06
Click e tcnica do Ncleo de efectivadas, trabalho relativamente abertura RS; Emocional para mediar e acreditar no
coimbra selec de 15 DLD N de parcerias efetividadas? potencial do grupo e aumentar o
Nvel de Otimismo quanto otimismo
promoo da 14 horas
empregabilidade; N de vezes
que os DLD procuram
emprego por semana;
Aumento das competncias Grau de competncias sociais 0.6 2 1 Custo mdio de 3 fins de semana de 360.00 50% 0% 63% 40% 40.50 40.50 40.50 24.30
sociais do bem estar de bem estar; frequncia em atividades de team building,com
atividades sociais; Nvel de alojamento e tudo includo, com
proximidade com o grupo colegas. 120 cada um
Dinamizadora das sesses Tempo e 12 sesses de Transformao Pessoal Nvel de auto-conhecimento e 0.25 1 1 Custo de 6 sesses de coaching para 390.00 50% 0% 75% 50% 12.19 12.19 12.19 0.00
de Coaching conhecimentos coaching confiana; horas gastas por aumentar os seus nveis de auto-
semana a cuidar de si; Nvel de conhecimento, confiana e resilincia
otimismo relativamente 65
empregabilidade; Nvel de
resilincia
Promotor EAPN Dinheiro e 504.40 0.00 0.00 0.00 0.00
Recursos
humanos
Financiador Dinheiro e 7,754.28 0.00 0.00 0.00 0.00
Recursos
humanos
Total 13,012.60 0.00 0.00 0.00 0.00
Total 10,969.83 10,969.83 10,969.83 7,833.73
Valor presente de cada ano (aps 10,969.83 10,397.95 7,038.23
descontos)
Valor atual lquido total (VAL) 28,406.01
VAL - Investimento 15,393.41
Retorno Social por (VAL / 2.183
investimento)
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
PALCOS PARA
A INCLUSO
ESPAO T
174
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
SUMRIO EXECUTIVO
O Espao t tem como misso a incluso social de pessoas atravs da arte, promovendo atividades culturais,
artsticas e formativas, contribuindo assim para uma sociedade mais inclusiva. Pretendemos promover a
incluso do indivduo em atividades artstico-culturais e/ou formativas (formais ou no formais), de modo a
estimular as capacidades expressivas e desenvolver o investimento em si prprio; promover a mudana
social, com vista aceitao da diferena pela sociedade, utilizando, para isso, a divulgao da cultura Espao
t.
Desenvolver e melhorar o acesso cultura e ao lazer nos bairros sociais do Porto, aumentando dessa forma a
qualidade de vida de todos os que neles vivem, o grande objetivo do projeto Palcos para a Incluso. Leva a
todos os habitantes dos bairros sociais do Porto a arte feita por pessoas muito especiais. O Palcos pretende
dar-lhes a conhecer o trabalho que desenvolvido pelos alunos do Espao t ao nvel da expresso artstica.
A anlise SROI permitir ao Espao t demostrar que este projeto uma mais valia para a sociedade, dado ser
uma ferramenta que permite valorar as mudanas intangveis deste mesmo projeto, traduzindo
economicamente o retorno social alcanado.
No futuro, atravs da capacitao da equipa envolvida neste estudo, pretendemos aplicar o SROI a outras
atividades e projetos da associao, promovendo a sua aplicao e tornando-a parte integrante dos projetos.
O SROI uma ferramenta que nos permitir:
O rcio SROI obtido foi de 1 : 4,2, ou seja, por 1 investido obteremos um retorno social de 4,2 a 3 anos.
175
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
O projeto Palcos para a Incluso, fruto de uma parceria com a Cmara Municipal do Porto/Domus Social,
pretende levar aos bairros sociais do Porto 40 atividades realizadas pelos utentes do Espao t (1 vez por
semana a cada bairro), durante um ano.
Pretende-se promover a incluso social, pela aceitao da diferena e do outro, demonstrando que pessoas
com problemas bio-psico-sociais tm um papel ativo e produtivo na sociedade; aumentar a auto-estima nos
protagonistas dos espetculos; contribuir para a aproximao da populao residente em bairros sociais a
outras realidades que no as suas; contribuir para o aumento da interao entre geraes e grupos sociais
diferentes e, por fim, promover o acesso cultura.
Tradicionalmente, as novas geraes cuidavam dos seus mais velhos, assumindo este encargo num quadro
de transmisso de valores e experincias, que conferia segurana ao seu prprio futuro. Em resultado das
vrias transformaes sociais, torna-se cada vez mais difcil manter aquelas relaes e tambm a reciprocidade
inter-geracional parece ameaada.
A fragilidade financeira de muitas famlias, a falta de espaos/atividades culturais inclusivas e o baixo nmero
de eventos artsticos dificulta o acesso aos produtos culturais e contribui para uma diminuio do exerccio
de uma cidadania plena. A discriminao e a segregao explicam muitas das fragilidades nos laos sociais.
Analisando os dados estatsticos do INE, 2001 (Pordata, 23.11.2012), verifica-se que num total de 601.583
indivduos com deficincia, apenas 26,2% se encontravam empregados. Esta populao revela dificuldades
de insero profissional, resultando em menores inter-relaes sociais e numa maior excluso social.
A avaliao SROI deste projeto visa dar informao sistematizada e quantificada aos financiadores, tendo
como objetivo assegurar a continuidade deste projeto no futuro. Esta anlise ser tambm comunicada
equipa e aos demais stakeholders, para recolha de sugestes e potenciar a melhoria contnua.
A equipa afeta a este estudo foi composta por dois tcnicos, com competncias na rea de desenvolvimento
e gesto de projetos socioculturais e na gesto da qualidade, disponibilizando 3 manhs por semana cada
tcnico, durante trs meses. Os recursos fsicos passam por espaos com equipamentos e consumveis, acesso
a comunicaes (telefone/internet), facilidade em impresso de documentos, hardware/software; recursos
financeiros para deslocaes; carrinha. A anlise teve um enfoque prospetivo, dado que o projeto se iniciou
em maio de 2015 e termina em abril de 2016. A anlise foi realizada entre os meses de maro e junho de 2015.
176
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
1.2. STAKEHOLDERS
1.2.1. STAKEHOLDERS INCLUDOS/EXCLUDOS
Os stakeholders so pessoas, entidades e organizaes que de uma forma ou de outra, podem afetar e/ou ser
afectados e sofrer mudanas, em consequncia deste projeto.
Os alunos que frequentam os atelis do Espao t, e que vo ser os protagonistas dos espetculos nos bairros.
Sendo eles os atores das atividades, tm uma dupla interveno, funcionando como promotores das
mudanas para os espetadores e auto-beneficiando desse mesmo trabalho. Os nossos alunos so, por isso,
stakeholders centrais neste estudo.
A Domus Social, empresa municipal da cmara do Porto, apoia financeiramente o projeto, e recolhe mais-
valias do mesmo no terreno, pois a entidade camarria que desenvolve atividades de preservao e
requalificao urbana na cidade do Porto (mais especificamente, nos bairros sociais). Integrou-se a CMP/
Domus Social num stakeholder apenas, dado que o papel da Domus Social de carter tcnico e logstico,
sendo uma empresa municipal que depende diretamente da CMP, articulando com esta a sua interveno no
municpio; o papel da CMP o de facilitador e promotor do projeto.
Como espetadores destes espetculos, teremos os moradores dos bairros sociais, cidados que se envolvem
nas iniciativas dos seus bairros. Apesar de apenas assistirem a um espetculo, consideramos que haver
mudanas materiais nos moradores dos bairros, pelo facto de no terem o hbito de assistir a atividades
artstico/culturais, logo ao assistir a estes espetculos podero sentir mudanas importantes, nomeadamente
ao nvel do bem-estar emocional (atravs de momentos de partilha com a famlia) e diminuio do isolamento
(aumento das relaes inter-pessoais).
As associaes dos bairros sociais iro desempenhar um papel crucial na operacionalidade do projeto no
terreno, sendo elas o elo de ligao entre o Espao t e os destinatrios dos espetculos. So as associaes de
moradores que disponibilizam o espao fsico, divulgam a iniciativa, usufruem tambm do servio e
pensamos que so beneficirios das mudanas operadas nos moradores.
Identificou-se o grupo de dinamizadores artsticos do projeto como stakeholder material, pois os seus
elementos so parte integrante e estratgica, dado que desenvolvem a criao das manifestaes artsticas,
formando os alunos, assegurando a sua qualidade, a direco artstica, a interao e dinmicas inovadoras e
adequadas ao pblico-alvo (protagonistas e espetadores).
Foram identificadores outros stakeholders, entretanto excludos da anlise, essencialmente por no serem
considerados materiais, e/ou por falta de recursos fsicos e humanos (tempo e quantidade de elementos
pertencentes equipa de avaliao). No entanto, considera-se que os stakeholders includos na avaliao
SROI so suficientes, pois permitem cabalmente a recolha de dados, assegurando que a avaliao adequada
e fidedigna, representando na ntegra as partes fundamentais do projeto.
177
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Alunos do Espao t Sim o principal interveniente. So um pblico vido de novas experincias, procuram
a aceitao e o relacionamento com novos pblicos. Os nossos alunos so por isso
stakeholders centrais no estudo. So promotores das mudanas e autobeneficirios
das mesmas.
Moradores dos Bairros Sim So beneficirios directos do projeto e muitas vezes tambm alvo de excluso
sociais do porto social. Fechados sobre os limites geogrficos e simblicos do bairro onde
habitam. Vo ter oportunidade de experienciar novas realidades e estar com
outros, muitas vezes considerados como incapazes.
Cmara Municipal do Sim Porque a incluso social uma das premissas do executivo na rea da habitao e
Porto / Domus Social aco social, sendo a CMP/Domus Social o principal financiador deste projeto.
Porto Lazer No Apesar de ser o principal dinamizador das atividades ldicas e culturais,
desenvolvidas pela autarquia, as mudanas expectveis no so relevantes nem
significativas
Associaes dos Sim As associaes/entidades dos diferentes bairros so os mediadores entre o Espao
t e os habitantes de cada um dos bairros; apoiam o Espao t na dinamizao das
bairros diferentes atividades e sero diretamente beneficiadas pelas mudanas sentidas
na populao residentes nos bairros onde se inserem.
Familiares dos utentes No So beneficirios indireto,s que sentiro as mudanas dos alunos durante o
projeto. No entanto so excludos porque a maioria dos nossos utentes no tem
um vnculo de dependncia com os familiares e tal forma que as mudanas nos
alunos possa alterar a vida dos familiares..
Familiares dos moradores No So beneficirios indiretos, que sentiro as mudanas dos familiares durante o
dos bairros sociais projeto, no entanto so excludos pelo facto de as mudanas serem muito
residuais.
Dinamizadores artsticos Sim So beneficirios diretos, pois promovem as suas criaes, atravs dos espetculos,
do projeto desenvolvendo-os nos atelies artsticos que ministram semanalmente..
Estado No O Estado Portugus beneficia com as mudanas promovidas com o projeto, pois
reduz despesas com custos associados a medicao, acompanhamento
psicolgico, bens culturais, entre outros. No entanto, as mudanas no so
relevantes nem significativas no contexto nacional.
Direco Espao t No Beneficirio direto que usufruir da anlise SROI na medida em que poder
melhorar o seu desempenho e eficcia, numa perspetiva de melhoria contnua,
podendo ainda optimizar a obteno de financiamento. Por condicionalismos
temporais, e logsticos no ser includo nesta anlise.
Tabela I
178
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
O envolvimento dos stakeholders materiais identificados no ponto anterior parte fundamental deste estudo,
sem a qual o mesmo teria desvios que o poderiam invalidar. Ou seja, no basta questionar os stakeholders,
igualmente essencial explicar o estudo em questo, o porqu do mesmo e a as mudanas expectveis.
Por isso, desde o incio que primmos por abordar os stakeholders, inform-los dos progressos no projeto e
do presente estudo, de forma a garantir que o que est a ser medido o seu impacto prospetivo, j que o
mesmo acontece antes de as atividades decorrerem ou estarem concludas..
Para o envolvimento dos stakeholders optou-se por mtodos diferentes, tendo em considerao as
caratersticas de cada um deles e do tipo de contribuio que se pretendia obter para o estudo, tendo sido
consultados em dois momentos distintos.
No primeiro momento, o objetivo prendia-se com a recolha de informao de forma a desenhar a teoria da
mudana. Assim, realizaram-se entrevistas semi-diretivas e grupos focais e para ambos elaborou-se um
pequeno guio com algumas questes abertas. Na 2 fase de recolha de informao, para validao,
elabormos um questionrio para cada stakeholder e fomos ao terreno, para obtermos informao dos
moradores, dos alunos, das associaes e dos dinamizadores. No stakeholder Domus Social realizamos um
questionrio telefnico.
Na aplicao dos questionrios ao alunos sentiu-se alguma dificuldade, tendo sido definida uma amostra
com base nas diferentes problemticas biopsicossociais. Responderam ao inqurito apenas alunos dos atelis
do Espao t que participam no projeto. Uma vez que alguns dos elementos dos grupos no tinham
capacidades cognitivas para responder, optou-se por criar dois alter-egos (tcnicos / acompanhantes dirio
do/a aluno/a), que responderam ao questionrio tendo como base a sua experincia e observao diria
desses alunos. No quismos deixar ningum de fora e optmos por esta soluo, porque o Espao t de
todos, para todos, sem exceo.
Considerando, assim, a definio da amostra para cada stakeholder, teve-se em considerao a populao, a
idade, o gnero, a representatividade da amostra e a aleatoriedade. Na tabela seguinte poder ser identificado
o mtodo de envolvimento de cada stakeholder:
179
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Moradores dos Bairros Entrevistas com as associaes dos bairros; entrevistas a moradores e grupos focais a moradores
sociais do porto
1 fase: Recolha de informaes junto de associaes de bairros onde j tinham acontecido
espetculos semelhantes, para percecionar as mudanas.
2 fase: Realizao de questionrios individuais a moradores dos bairros de forma a recolher mais
elementos, que complementem a anlise anterior.
1 fase: Grupo focal com os alunos para introduo temtica e auscultao prvia. Entrevistas a 10
alunos com problemticas distintas. 20 a 30 de Maro.
2 fase: Questionrio telefnico aos interlocutores directos e dirigentes, estes ltimos quando aplicvel,
por telefone. Aplicao de questionrios finais a 6 associaes (final de maio)..As associaes de
moradores inquiridas so representativas das diferentes tipologias de bairro social (grande, mdio,
pequeno, muito problemtico, pouco problemtico).
Tabela II
180
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
Os alunos do Espao t iro investir o seu tempo e os conhecimentos adquiridos nos atelis artsticos, para
apresentarem nos bairros os diferentes espetculos / atividades. Os moradores investiro apenas o seu
tempo ao assistirem s atividades, j que as mesmas so de carter gratuito.
As associaes de moradores / entidades dos bairros iro investir tempo e contribuiro com a cedncia de
espao para as atividades (quando as mesmas se realizarem em espaos fechados, que contamos seja em
60% dos casos). Desta forma, calculmos um investimento no valor de cinco euros por entidade, o que
totaliza 200 euros (40 x 5 euros).
Os dinamizadores iro investir o seu tempo e conhecimento para a preparao, superviso e acompanhamento
dos espetculos.
Por ltimo, a Domus Social / C.M.Porto investir 30 mil euros para financiar todo o projeto.
Tabela III
181
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
2.2. RESULTADOS
Tabela IV
Moradores dos Bairros Participao como espetadores em manifestaes 2000 habitantes dos bairros sociais do
sociais do Porto artsticas (Teatro, Dana, Canto, Pintura e Tai Chi), Porto iro assistir gratuitamente a
durante um ano em 40 bairros sociais da cidade do manifestaes artisticas (media de 50
Porto. 1 espetculo por semana. pessoas por bairro).
Cmara Municipal do Porto Financiamento do projeto. 2000 habitantes dos bairros sociais do
/ Domus Social Porto iro assistir gratuitamente a
manifestaes artsticas / culturais
(mdia de 50 pessoas por espetculo).
Associaes/ entidades dos Recepo dos espetculos / atividades nas suas 2000 habitantes dos bairros sociais do
49 bairros, para 40 instalaes (Teatro, Dana, Canto, Pintura e Tai Chi) Porto iro assistir gratuitamente a
apresentaes (algumas manifestaes artsticas (mdia de 50
apresentaes far-se-o para pessoas por espetculo).
2 bairros em simultneo Aumento do numero de moradores a
frequentar as associaes.
182
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
3. TEORIA DA MUDANA
O projeto Palcos para a Incluso nasce para dar resposta a diversas problemticas que o Espao t tem vindo a
identificar, ao longo da sua existncia, decorrente do trabalho efetuado com a comunidade e com os seus
utentes. Este projeto apresenta uma dinmica singular, pois procura intervir em duas frentes: junto dos seus
utentes e junto da populao dos bairros sociais do Porto. As necessidades diagnosticadas nestes dois
beneficirios so distintas, enquadrando-se todavia na viso do Espao t, que a incluso social.
Para a medio do impacto criado nos stakeholders pelo projeto Palcos para a Incluso estabeleceu-se como
ponto de partida algumas mudanas positivas geradas nos indivduos e na comunidade, assim como tambm
as mudanas geradas nas entidades que apoiam o projeto e intervm elas prprias na comunidade.
Tambm foram considerados os aspetos que podem, de alguma forma, gerar mudanas negativas nos
stakeholders e/ou na sociedade como um todo.
Este processo de consulta conseguiu, ainda, a obteno de informaes cruciais e esclarecedoras do impacto
deste projeto na comunidade. A sistematizao destas informaes permitiu a criao de cadeias de
eventos ou diagramas da teoria da mudana, esquematizando as diversas etapas das mudanas nos
stakeholders, at ocorrncia de mudanas a mais longo prazo.
Os alunos participam, integram e ajudam a construir grupos teraputicos, nos quais se apoiam
psicologicamente, criando laos afectivos por vezes muito fortes. Assim, desenvolvem no coletivo formas de
afirmao pessoal, impossveis de obter individualmente.
Os espetculos nos bairros so o culminar deste processo de afirmao pessoal, pois esta afirmao
transferida para a sociedade, permitindo uma ligao comunidade e um bem-estar emocional pelo
entendimento de serem teis e capazes para a sociedade, pela partilha de momentos de alegria e tambm
por vezes de ansiedade , que culmina numa slida percepo do SER, aumentando a sua auto-estima.
Com as atividades apresentas ao pblico, posso mostrar que sou capaz de fazer muitas coisas e as
pessoas vem-me com outros olhos.
Aluno
183
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Participao em
espectculos,
como protagonistas
Aceitao da
Bem-estar emocional prpria diferena
Mais tolerncia
Durante o grupo focal que foi organizado com os alunos, verificou-se que a a maioria deles no tem laos
afetivos com a famlia, ou tem apenas contactos espordicos, devido ao facto de alguns viverem sozinhos,
outros porque as suas problemticas afastam os familiares.
Comprovou-se, assim, que a frequncia dos atelis fulcral para os alunos manterem laos sociais. Com os
espetculos verifica-se um reforo da partilha de momentos entre o grupo, dado que a quantidade de vezes
que esto reunidos superior. Por tal, o grau de isolamento reduzido e os alunos revelam uma maior
tolerncia perante as diferenas dos elementos do grupo, traduzindo-se numa menor quantidade de
conflitos a longo prazo.
Aluno
184
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Assim, as mudanas atribuveis atividade Palcos para a Incluso so praticamente todas corroboradas aps
a aplicao do questionrio, durante a segunda fase da elaborao teoria da mudana, com excepo do
aumento do grau de ansiedade (que inicialmente foi entendido na cadeia de eventos como um possvel
espoletar do aumento do isolamento, dado que poderia inibir a participao nos espetculos, e logo, a
frequncia dos atelies por parte dos alunos; mas aps o grupo focal, foi desconstruda essa percepo, dado
que todos, sem excepo, manifestaram uma imensa alegria e vontade de participar nos espetculos, muito
embora pudessem de quando em quando sentir alguma ansiedade).
Com as apresentaes pblicas podemos mostrar o que valemos, do que somos capazes,
conhecemos novas pessoas e recebemos muitos elogios
Aluno
Historicamente, a populao residente nos bairros sociais do Porto apresenta caractersticas especficas, que
no seu conjunto enquadram essa populao na definio econmico-social de carenciada. Tais
caractersticas, abordadas em diversos estudos e bem identificadas, podem resumir-se por altos nveis de
desemprego originando dificuldades econmicas graves, baixa escolaridade ou mesmo iliteracia, dificuldade
de acesso cultura, sendo assim alvo muitas vezes de discriminao da sociedade em geral.
Kilpatrick e Holland (2006) referem ainda que esta tipologia de famlias vive voltada para si mesma, com
dificuldades em estabelecer relaes interpessoais a todos os nveis, quer seja dentro da prpria famlia, na
famlia alargada, e na sociedade em geral. Devido a estes fatores, os indivduos na sua generalidade
apresentam baixa auto-estima, frustrao e conformismo com a sua situao, tornando-se extremamente
difcil promover a alterao deste comportamento.
Atualmente a cidade do Porto conta com 49 bairros sociais, sendo que trs deles se referem a ampliaes de
bairros pr-existentes (Falco, Cerco e Lagarteiro), totalizando cerca de 13400 fogos. O nmero de pessoas
autorizadas a residir em habitao social na cidade do Porto de aproximadamente 33000 (fonte: Porto
Solidrio, Diagnstico Social do Porto, UCP/FEP, FPS/CLASP, 2008-09).
Pelas situaes descritas, notria a existncia de uma estigmatizao social que tende a penalizar os
habitantes das zonas mais degradadas sendo, nessa medida, pouco favorvel superao das dificuldades
(fonte: Porto Solidrio, Diagnstico Social do Porto, UCP/FEP, FPS/CLASP, 2008-09). Estas dificuldades socio-
econmicas vo traduzir-se em dificuldades de diversa ordem, nomeadamente em intolerncia e sentimento
de incapacidade para a mudana.
185
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Apesar de apenas assistirem a um espetculo em cada bairro, so expectveis mudanas materiais, pela
alegria sentida e manifestada, pelo convvio entre todos os moradores, com momentos de partilha tambm
com a prpria famlia, que se traduz em bem-estar emocional. Este bem-estar tambm alcanado pela
descoberta de novos interesses pelos espetadores, que podem procurar outras atividades no bairro e na
cidade do Porto, conseguindo desta forma diminuir a (auto) estigmatizao, promover a autoconfiana e a
reduzir do isolamento.
O aumento da tolerncia perante a diferena outra mudana esperada. Ao assistirem a atividades culturais
onde os protagonistas tm problemticas biopsicossociais, os moradores comprovam diretamente as
capacidades que estes indivduos possuem, comparam-se eles prprios com o Outro, autoanalisando-se,
aceitando-os como diferentes mas capazes, corajosos. Riem, aplaudem, sofrem em conjunto, do nimo e,
por ltimo, aceitam-se na diferena.
Naturalmente, a dimenso destas mudanas a longo prazo no comparvel s mudanas sentidas pelos
alunos; no entanto, perante a dimenso do prprio projeto e o nvel de interveno em cada bairro, a
obteno de algumas mudanas dever ser valorizada.
Assistir a uma
actividade artstica
/ cultural
Autoconfiana
Reduo do isolamento
Bem-estar emocional
186
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Os dinamizadores so parte fundamental em todo este processo, dado que estruturam, organizam e colocam
em palco os alunos do Espao t. Inicialmente estabeleram-se trs mudanas a longo prazo: mais tolerncia,
maior realizao pessoal e profissional e mau estar emocional (esta ltima de sinal negativo).
Organizado um grupo focal com os dinamizadores, a teoria da mudana inicial sofreu alteraes profundas,
pois apenas foi validada a mudana realizao profissional. Foi includa a mudana aumento da capacidade
de gesto emocional, que sintetiza as mudanas inicialmente definidas. O mau estar emocional foi eliminado,
dado que os dinamizadores no sentem que essa mudana seja a longo prazo, nem corroboram a cadeia de
eventos pr-definida pela equipa de estudo, usando antes a ansiedade e o stress como espoletadores da
mudana aumento da capacidade de gesto emocional. Na prtica, foi evidenciado o nfase que os
dinamizadores do ao seu papel como profissionais, sendo as mais valias para a carreira e para a aquisio de
competncias destacadas ou valorizadas em detrimento de outras mudanas.
Organizao dos
espectculos
Satisfao Ansiedade
Aumento da
experincia
Stress profissional
Aumento de
Aumento da capacidade
competncias
de gesto de conflitos
Reconhecimento
Aumento de
rendimentos
Realizao
profissional
187
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Promoo/ recepo
de espectculos
Maior oferta de servios culturais Maior dinamizao dos espaos Trabalho em parceria
comunitrios existentes dos bairros
Melhoria da relao
com os moradores
semelhana das associaes, a Domus Social, empresa financiadora, tambm retira mais-valias deste
projeto, decorrentes do mediatismo alcanado, dentro dos bairros e na projeco na cidade, pelos meios de
comunicao social que seguem o projeto. Assim, as mudanas alcanadas passam pelo reconhecimento do
trabalho realizado pela Domus Social nos bairros sociais da cidade do Porto e indiretamente usufruem de
mudanas operadas nos moradores, mais especificamente pelo maior cuidado e interesse demonstrado
pelos moradores pelas infra-estruturas dos bairros, derivado do envolvimentos dos moradores na dinmica
social e comunitria, muito pela projeo das associaes de moradores.
188
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Promoo de
espectculos
Mais reconhecimento
Maior sentido crtico Aumento do
dos moradores dos sentido comunitrio
bairros
Maior cuidado
Aumento do grau de e interesse pelas
satisfao dos moradores infraestruturas
face a algumas condies comunitrias
sociais dos bairros
Reduo de
vandalismo
189
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
4. PROVAS E VALOR
4.1. INDICADORES (QUANTIDADE)
Aps serem definidas as mudanas, houve necessidade de se identificarem indicadores que comprovem
efectivamente que estas mudanas ocorrem e, para alm disso, medir cada benefcio, ou seja, quantificar as
mudanas.
A identificao dos vrios indicadores foi possvel atravs da observao participante dos vrios stakeholders,
atravs da recolha de informao obtida durante a 1 fase de envolvimento dos mesmos e da reviso da
literatura efetuada.
Para cada mudana foram utilizados dois indicadores, tentando garantir sempre que um objetivo e outro
subjetivo. Isto colocou algumas questes de fundo, nomeadamente a opo entre este ou aquele indicador,
qual o que melhor refletia a cadeia de eventos, o que traria dados mais relevantes. Observou-se assim a
necessidade de existir uma escolha muito rigorosa quanto qualidade dos indicadores a utilizar.
Aps a definio dos indicadores, foram construdos questionrios a aplicar a cada um dos stakeholders,
tendo o cuidado de realizar perguntas que resultem em dados quantificveis. Aqui tambm inicialmente
foram elaboradas pelo menos duas questes por indicador, mas pelo mesmo motivo invocado anteriormente,
apenas foi utilizada uma por cada indicador (com dois momentos: antes e depois do projeto).
Na escolha da escala e para a formulao das questes usou-se como modelo o instrumento de Avaliao da
Qualidade de Vida da OMS (WHOQOL-100), que segue uma escala de Likert, de 1 a 5. Utilizou-se igualmente a
escala visual analgica EVA, em percentagem de 0 a 100%.. Os grupos focais e as entrevistas inicias permitiram
elaborar, adaptar e conciliar os questionrios com os instrumentos utilizados.
Pode verificar-se que algumas mudanas so idnticas nos vrios stakeholders; no entanto, o caminho
percorrido para obter essa mudana varia entre os stakeholders, logo foi necessrio utilizar indicadores e/ou
questes diferentes.
Na tabela seguinte esto indicados para cada mudana ocorrida no stakeholder, os indicadores utilizados.
190
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Tabela VI
STAKEHOLDER
Aumento do Grau de percepo de si prprio como sendo til e capaz para a sociedade
Bem-estar
Grau de capacidade de aprender novas coisas
emocional
191
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
A quantificao de uma mudana foi obtida pela percentagem de confirmao dessa mudana, pelo
stakeholder, aps a aplicao do questionrio. Ou seja:
Quantidade da mudana
Tabela VII
Valor Racional
Alunos Alunos tm mais 25,63% 20,50 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
Autoestima Grau de auto-estima e confiana em si prprio e do N
de comentrios positivos recebidos a multiplicar pelo
nmero de alunos participantes (80)
Alunos sentem-se 20,63% 16,5 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
menos ss Frequncia de contatos com os elementos do grupo e
o Grau de satisfao com relaes inter-pessoais a
multiplicar pelo nmero de alunos participantes (80)
Alunos esto mais 15,36% 12,30 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
tolerantes perante a Nvel de capacidade de aceitar a diferena e o Grau de
diferena compreenso do outro a multiplicar pelo nmero de
alunos participantes (80)
Moradores Bairros Moradores sentem- 18,06% 361,2 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
Sociais se melhor com eles Nvel de capacidade de aprender coisas novas e o
prprios Numero de momentos de partilha com a famlia, a
multiplicar pelo nmero expectvel de moradores a
assistir aos espetculos (50 espetadores x 40
apresentaes = 2000)
Moradores sentem- 17,59% 351,8 Media da distncia (DP) percorrida dos indicadores
se menos ss grau de satisfao com relaes interpessoais e o Nvel
de sentimento de pertena comunidade a
multiplicar pelo nmero expectvel de moradores a
assistir aos espetculos (50 espetadores x 40
apresentaes = 2000)
Moradores sentem- 16,57% 331,40 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
se mais tolerantes Nvel de capacidade de aceitar a diferena e o Grau de
com a diferena compreenso do outro a multiplicar pelo nmero
expectvel de moradores a assistir aos espetculos (50
espetadores x 40 apresentaes = 2000)
192
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Valor Racional
Dinamizadores Os dinamizadores 12,5% 0,88 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
conseguem gerir Grau de gesto do stress e Nvel de capacidade de
melhor as prprias gesto emocional a multiplicar pelo nmero de
emoes e a dos dinamizadores participantes (7)
alunos
Associaes de As associaes tm 4,17% 1,67 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
Moradores um melhor Grau de envolvimento dos moradores e do Nmero
relacionamento com de atividades no bairro a multiplicar pelo Nmero de
os moradores associaes de bairros (49)
Domus Social A Domus Social v 25,00% 10 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores do
reduzido o esforo Nvel de sentido comunitrio dos moradores dos
financeiro nos bairros bairros e o Nvel de reduo do vandalismo
pois existe menos
vandalismo, uma vez
que melhora o
sentido comunitrio
dos moradores
A Domus Social 12,50% 1,50 Mdia da distncia (DP) percorrida dos indicadores
mais reconhecida Grau de visibilidade e Nmero de novas noticias na
pelo seu trabalho comunicao social
nos bairros sociais
Pelos resultados obtidos na anlise estatstica aos questionrios realizados aos diferentes stakeholders,
concluiu-se que a maioria das mudanas apresenta uma distncia percorrida muito semelhante. As maiores
DP, com cerca de 25%, acontecem nos alunos, na mudana aumento da autoestima e na Domus Social, na
mudana reduo do vandalismo nos bairros sociais.
A maioria das mudanas apresenta uma DP entre os 15% e os 20%, situando-se 2 mudanas nos 12,5%. A
mdia das DP de 17,27%.
Nas associaes, a DP na mudana melhoria da relao com os moradores menos significativa pelo facto
de se ter demonstrado que as associaes j mantinham partida (momento T0) uma boa relao com os
moradores. Nesta mudana obteve-se uma DP de 4,17%.
Uma vez que a quantidade obtida multiplicando a DP pela populao, verifica-se que o universo dos
moradores, com 2000 pessoas moradores envolvidos diretamente, com uma mdia de 50 por bairro
193
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
determinante para a quantidade de mudana obtida por este stakeholder. No inverso, os dinamizadores,
por serem apenas 8 indivduos, conseguem uma quantidade de mudanas de 0,88 e 1,20 para o aumento da
capacidade de gesto emocional e aumento da realizao profissional, respetivamente. Isto apesar de as
DP de ambas as mudanas se situarem nos 12,5% e 17,21% (ou seja, prximo da mdia de todas as DP).
Como nota adicional anlise da quantidade, refira-se que a definio da populao neste estudo no foi
uniforme, por escassez de tempo, pois entendemos que o mais correto seria definir a populao dos
stakeholders associaes e Domus Social atravs da contabilizao do nmero de pessoas envolvidas no
projeto, em cada associao e na Domus Social, o que nos levaria a uma definio mais adequada da
populao e portanto da quantidade de mudana.
4.2. DURAO
A durao indica o perodo de tempo em que a mudana sentida na vida de cada indivduo ou entidade
aps o trmino do projeto. Para aferir a durao das mudanas foi colocada a pergunta No final do projeto,
quanto tempo que acha que ainda sentir em si as seguintes mudanas?.
No Palcos para a Incluso observamos que os vrios stakeholders tm nveis de envolvimento distintos. Mais
especificamente, os alunos e dinamizadores so os que mais envolvidos esto neste projeto. Para estes dois
stakeholders, dado que a sua interveno no projeto se inicia desde o primeiro dia do mesmo, pensamos que
por essa razo o efeito das mudanas so mais duradouras e consistentes.
Para os moradores e associaes, pelo contrrio, dado as suas curtas participaes porque a atividade
fragmentada por 40 bairros no projeto , o perodo em que as mudanas sero sentidas temporalmente
mais curto.
Por ltimo, a durao das mudanas tambm curta na Domus Social., uma vez que o projeto representa
uma pequena parte do trabalho que esta entidade desenvolve.
Poder concluir-se que, por se tratar aqui de uma anlise prospetiva, as respostas no foram muito objetivas
porque difceis de prever e pensamos ns que as mudanas foram de alguma forma sub-avaliadas na sua
permanncia temporal, por todos os stakeholders.
Na tabela seguinte so explanados os perodos temporais do parmetro durao, obtidos pela anlise dos
questionrios.
194
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Tabela VIII
Moradores dos bairros Aumento do 0,36 A mdia das respostas ao questionrio indicou que a
sociais Bem-estar durao desta mudana seria de 0,36 anos aps o trmino
emocional da mesma.
Domus Social Reduo do 0,25 A mdia das respostas ao questionrio indicou que a
vandalismo durao desta mudana seria de 0,25 anos aps o trmino
da mesma.
195
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
As aproximaes financeiras so uma ferramenta para validar as mudanas materiais e comparam servios
existentes na sociedade que promovam as mesmas mudanas que o projeto Palcos para a Incluso. Para tal,
entendeu-se adoptar para cada uma das mudanas as aproximaes financeiras (AF) que pensamos melhor
se aproximam da mudana que se quer atingir:
CONSULTAS DE PSICOLOGIA
Esta aproximao financeira foi utilizada para a mudana aumento da auto-estima, sendo a forma mais direta
de se obter essa mudana no indivduo. Consideraram-se 24 consultas de psicologia, aps auscultao do
psiclogo do Espao t, realizadas num perodo temporal de 1 ano. O valor de 50 foi conseguido atravs do
servio de consultas externas da Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao da UP e do valor mdio
de mercado.
SESSES DE COACHING
As sesses de coaching foram aplicadas ao aumento do bem-estar emocional nos alunos dado que se
pretende promover a perceo individual do sentimento de utilidade para a sociedade e a promoo da
capacidade de aprender coisas novas. Tambm foi utilizada para o aumento da tolerncia nos moradores,
pelo facto de ser uma forma eficaz de aumentar a capacidade de aceitao da diferena e da compreenso
do Outro. Considerou-se suficiente 6 sesses de 1.30h cada para os alunos e 2 sesses para os moradores.
Cada sesso custa em mdia 75 (fonte: Associao Empresarial do Minho).
Esta AF foi utilizada para quantificar a mudana diminuio do isolamento, dado que se pretende uma
atividade que promova o aumento de contatos com os elementos de um grupo (de teatro, neste caso) assim
como o aumento da satisfao com os elementos desse mesmo grupo e aumento da capacidade de
compreender os outros. Assim, apenas se selecionou uma atividade, regular e continuada. Foram consultadas
trs fontes para obter o custo de um ateli de teatro. O valor mensal mdio da atividade so 40 (em 12
meses).
Para a obteno da mudana diminuio do isolamento pelos moradores, foi necessrio comparar atividades
que promovessem o convvio e obrigassem os indivduos a sair de casa; indagou-se junto dos moradores
quer nos grupos focais, quer nas conversas informais, quanto custaria por pessoa uma atividade desenvolvida
no bairro que promovesse a reduo de isolamento (baile, concerto, romaria). Esta(s) atividade(s) com custos
associados (comida, bebida, outros) perfazem 30.
Muito semelhana das atividades descritas no ponto anterior, estas servem para apuramento do valor de
atividades promovidas pelas associaes dos bairros, de forma a valorar a mudana melhoria da relao com
os moradores, ou seja, definiu-se uma atividade de dana, Tai Chi ou Pintura a promover pelas associaes,
onde cada atividade custa 50 euros por 2 horas.
196
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
A mudana aumento do bem-estar emocional nos moradores recorreu-se AF consultas de terapia familiar,
dado que expectvel os espetculos promoverem a dinmica familiar, com mais momentos de partilha na
mesma. Para tal observaram-se os valores correspondentes a 1 consulta de terapia familiar no perodo de 1
ano, sendo que cada consulta tem o valor de 115 (fonte: Clnica de Sade Mental do Porto).
Tanto as associaes como a Domus Social conseguem obter um aumento do reconhecimento do trabalho
realizado pela divulgao dessas suas atividades, intervenes, etc.. Por tal, optou-se para a Domus Social
atribuir o valor de publicao/publicidade do projeto em jornais dirios de mbito nacional, sendo o valor de
de pgina cujo custo de 4.030 (fonte: jornal de Notcias). Para as associaes assumimos o valor de
mercado da impresso de 1000 flyers e 100 cartazes 300 (fonte: Lidergraf).
Promovidas pela Domus Social, visam obter o valor da mudana diminuio do vandalismo nos bairros (1
sesso gratuita em 40 bairros sobre cidadania ativa e participao comunitria). No clculo incluiu-se o custo
com oradores/dinamizadores, recursos humanos, transportes, materiais, design grfico, som, divulgao e
valor para cativar a participao dos moradores num total de 500 por ao, sendo que os valores foram
obtidos pelas informaes disponibilizadas pelo departamento de comunicao e imagem do Espao t.
197
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Tabela IX
Moradores dos bairros Aumento de bem estar Consultas terapia familiar 115
sociais emocional
Domus Social Reduo do vandalismo nos Aes de sensibilizao para os moradores 500
bairros
198
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Para contabilizar a atribuio I (o que aconteceria sem o projeto) definida uma percentagem que subtrada
ao valor final de cada mudana.
Uma vez que em sede de questionrio foi colocada a pergunta Como est agora/como acha que vai estar
com o projeto a todos os stakeholders, exclumos o que aconteceria de qualquer forma (atribuio I). A
resposta apenas foi atribuda parte da mudana que atribuvel diretamente ao projeto, logo a atribuio I
foi automaticamente excluda.
Uma vez que foi utilizada a tcnica da distancia percorrida nas perguntas formuladas, consideramos dispensar
a necessidade de contabilizar uma percentagem para a atribuioI (0%). Por outro lado, e tratando-se de um
estudo prospetivo, torna-se muito abstrato este parmetro, pois os inquiridos no conseguem colocar-se no
futuro e responder a Se no acontecesse este projeto, sentiriam as mudanas da mesma forma (quantidade)?
5.2 ATRIBUIO II
A atribuio II a parte da mudana imputada a factores externos interveno do Espao t. Assim sendo,
optou-se por questionar os stakeholders em que medida outras pessoas ou entidades contribuiram para estas
mudanas? As respostas foram contabilizadas de Nada (0%), Pouco (25%), Nem muito nem pouco (50%),
Muito (75%) e Muitssimo (100%) e foi encontrada a mdia das mesmas. No entanto, nos stakeholders alunos,
moradores e dinamizadores foram contabilizados no s os servios prestados por outras entidades, como
por pessoas (onde se incluem os familiares e amigos). Esta formulao da pergunta poder ter sobrevalorizado
a atribuio II nos stakehoders referidos.
A formulao mais correta seria se, no passado, j participaram num outro projeto ou servio que lhes tivesse
permitido atingir mudanas idnticas s que atingiram com a participao nos Palcos para a Incluso.
199
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Alunos do Espao t M1Aumento da auto-estima 43,75% Em que medida outras pessoas ou entidades
contriburam para esta mudana?
Moradores dos Bairros M1Aumento do Bem-estar 53,70% Em que medida outras pessoas ou entidades
Sociais emocional contriburam para esta mudana?
Domus Social M1Reduo do vandalismo 75,00% Em que medida outras entidades contriburam
para esta mudana?
Associaes de M1Melhoria da relao com os 58,33% Em que medida outras entidades contriburam
Moradores moradores para esta mudana?
Tabela X
A taxa de reduo a deteriorao dos efeitos das atividades Palcos para a Incluso, ao longo do tempo. Para
este calculo e uma vez que o projeto termina ao fim de uma ano, no se sabendo para j se ter continuidade
nestes moldes ou noutros, noutros locais e com o mesmo pblico ou diferente, optou-se por utilizar uma
escala adaptada e j utilizada noutros contextos SROI. Tomou-se em linha de conta a observao, a anlise e
o conhecimento adquirido neste estudo e pela experincia passada da instituio.
200
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Moradores dos Bairros M1Aumento do Bem-estar 50% Grupos focais, entrevistas preliminares e
Sociais emocional questionrios finais
Tabela XI
201
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
5.4. DESLOCAO
A deslocao ou seja as consequncias ou fatores negativos que a interveno pode ter foi obtida nas
conversas tidas com os stakeholders, em diferentes momentos deste estudo, onde ningum referiu qualquer
impacto negativo desta interveno. Assim, foi atribuda deslocao 0%.
Como referimos anteriormente relativamente Atribuio II, uma parte bastante significativa dos stakeholders
(alunos, moradores e dinamizadores), referiram que a famlia e os amigos so afetados positivamente por
este projeto, porque no s contribuem para as mudanas como tambm so beneficirios das mudanas
que ocorrem.
O mapa de impacto1 reflete todo o processo de anlise e foi feito com base nos clculos de todas as variveis
descritas nos captulos anteriores. Destacamos o impacto de cada mudana a um ano, por ser o mais imediato
e porque as atividades do projeto acontecerem durante este perodo. Verificou-se que este projeto tem
impacto, para alm do ano I somente nos alunos.
O valor do impacto nas mudanas aumento da auto-estima, aumento do bem-estar emocional, diminuio
do isolamento e o aumento da tolerncia nos alunos e nos moradores so os que se destacam
positivamente, facto que reflete os principais beneficirios deste projeto. Destas, o valor do impacto maior
na mudana aumento da tolerncia dos moradores dos bairros, com 34,66%. A mudana com o valor de
impacto menor a melhoria da relao com os moradores, das associaes de moradores, com 0,04%. Este
facto deve-se, como referido anteriormente, boa relao j existente, no tanto pelas atividades que
existem, mas pela facto de se tratar de um ponto de encontro dos moradores. excepo dos alunos, todas
as mudanas ocorridas nos stakeholders extinguem-se com o fim do projeto Palcos para a Incluso e por isso
o retorno social nos anos 2 e 3 zero.
O valor do SROI obtido de 1:4,2. Por cada euro investido no projeto, obter-se- um retorno social de 4,2.
Tabela XII
202
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
A anlise de sensibilidade tem por base a definio dos pressupostos e estimativas que podero ter impacto,
caso haja uma variao destes. Para tal efetuou-se uma analise de sensibilidade, alterando algumas variveis
para testar os efeitos no SROI.
No grfico 1 abaixo apresentado, podemos constatar que os stakeholders alunos, com um valor de 31,84% e
os moradores dos bairros, com 63,60%, so os que mais beneficiam com este projeto. No lado oposto
encontram-se os dinamizadores, j que o alto grau de competncias e habilitaes, juntamente com os perfis
dos mesmos os colocam como intervenientes j bastante dotados das mudanas que sofrem. Constatamos
assim que o retorno social nos dinamizadores reduzido. Relativamente ao retorno social por mudana,
verificamos que o Aumento da Tolerncia e o Aumento do bem-estar emocional, que se faz sentir nos alunos
e nos moradores dos Bairros representam 67% do total das mudanas alcanadas. Conclui-se assim que
alteraes nestas duas mudanas, tero impacto ao nvel do resultado do SROI.
32+61+142
RETORNO SOCIAL POR MUDANA (grfico1)
Alunos 31,84%
Moradores 63,60%
Dinamizadores 0,32%
Dinamizadores 0,94%
16+28+11381230
RETORNO SOCIAL POR MUDANA (grfico2)
203
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
Para testar o impacto no SROI de algumas variaes de parmetros, provocmos algumas alteraes
isoladamente, nomeadamente nas aproximaes financeiras, durao, quantidade, atribuio II e a taxa de
reduo.
Ao variar em 50% e 20%, positiva e negativamente, as aproximaes financeiras, o impacto no SROI varia na
mesma proporo.
Ao variar em 20%, positiva e negativamente, o nmero de moradores atingidos pelo projeto (quantidade dos
moradores), o impacto no SROI varia na mesma proporo. Apenas varimos os stakeholders moradores, j
que estes so os nicos que podem sofrer alteraes quanto ao nmero de pessoas envolvidas (espetadores)
VARIAO NA ATRIBUIO II
Ao variar em 20%, positiva e negativamente, a Atribuio II (deteriorao dos efeitos das atividades do
projeto), o impacto no SROI varia na mesma proporo.
VARIAO DA REDUO
Tendo como ponto de partida o Caso Base, no grfico 3 evidencia-se a relao entre as aproximaes
financeiras e a Atribuio II, variando-se em 20% positiva e negativamente ambos. Mesmo no cenrio mais
negativo o valor do Retorno Social mantm-se positivo nos 3,4.
204
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
(grfico3)
Cenrio ITendo em conta que os parmetros crticos encontram-se associados aos moradores com 63,6% do
total das mudanas, foi colocado um cenrio pessimista de um reduzido numero de espetadores em cada
espetculo/interveno, considerando que estaro presentes apenas 25 espetadores em vez dos 50 previstos.
SROI = 3,3
Cenrio IINuma situao limite, considerando 400 pessoas nos 40 espetculos, o valor do SROI continua
positivo, demonstrando que tambm outros stakeholders tm um papel determinante, nomeadamente os
alunos. SROI = 2,8
Cenrio IIIFoi escolhido o cenrio positivo onde o projeto Palcos para a Incluso contribuiu em maior
percentagem para a quantidade das mudanas nos alunos. Para tal reduzimos em 20% a Atribuio II (Quem
mais contribuiu para a mudana?). Este cenrio colocado face s observaes obtidas durante o grupo focal
com os alunos, onde foi evidenciado que a larga maioria no tinha outra atividade, frequncia noutra
instituio ou apoio familiar que lhes proporcionasse estas mudanas. SROI = 5,0
205
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
BREAK-EVEN
Por ltimo, fundamental validar as tomadas de deciso efetuadas ao longo deste estudo SROI, dado que
com base nas mesmas que encontramos o rcio 1:4,2. Ou seja, imperativo colocarmos a questo de at que
ponto algumas dessas decises poderiam alterar significativamente o rcio apurado. Todos os parmetros
assentam sobre uma base conservadora e por isso pensamos ns subvalorizada, no entanto possvel ainda
criar cenrios alternativos que permitam testar a solidez das escolhas tomadas. Na tabela seguinte foram
definidos pressupostos alternativos que comulativamente nos leva ao rcio 1:1. Como se pode verificar,
seriam necessria sem simultneo vrias alteraes nos parmetros para que tal acontecesse. Esta anlise
vem reforar a solidez do estudo, j que tm de ocorrer alteraes significativas e simultneas em muitos
parmetros.
Tabela XIII
Reduo de 75 para 50 do valor de cada sesso de coaching para alunos e moradores 3,4
Reduo em 10% da distancia percorrida alcanada nas mudanas dos alunos e dos moradores 1,2
206
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
Aps este estudo SROI, podemos retirar diversas concluses, umas que foram surgindo no desenrolar do
processo, outras que pudmos aferir j no final do mesmo. Pelo tempo limitado que dispusmos foi
impossvel realizar algumas alteraes que poderiam enriquecer e aprofundar esta anlise. No entanto, como
memria futura, torna-se imperativo incluir aqui as consideraes mais pertinentes e que podem ajudar-nos
e a outros em prximos estudos SROI.
Assim, como seria de esperar ,o projeto tem mais impacto nos beneficirios diretos: alunos e moradores. Os
primeiros porque so produtores e receptores de mudanas, os segundos pela amplitude do universo
atingido pelo projeto.
A populao inquirida, nomeadamente os alunos e moradores, por diversas razes cognitivas e/ou por
dificuldades em detetar a necessidade de mudana e avaliar as mesmas, manifestaram muita dificuldade em
responder aos questionrios tal como estes foram formulados. Ou seja, dever dar-se mais ateno futura
forma de inquirio e no selecionar partida a opo questionrio. Note-se que numa primeira fase, a
equipa selecionou diversas metodologias para abordar os stakeholders, como exemplo chuva de ideias,
vdeos, recolha in-time de opinies durante os espetculos, roleplay. Teramos certamente recolhido
informao mais dinmica e original, que refletiria melhor a realidade, utilizando tcnicas alternativas, mas
por dificuldades temporais e logsticas, optou-se pela opo do grupo focal e questionrio.
Como recomendao, prope-se que se realize um SROI avaliativo deste mesmo projeto, de forma a aferir as
mudanas aps o mesmo, solicitando uma maior participao dos moradores na anlise. Ser importante
para ao Espao t refletir sobre a necessidade de proporcionar mais momentos culturais e artsticos a este
pblico, reforando e solidificando as mudanas operadas, de forma a que estas perdurem temporalmente.
Acreditmos desde o primeiro momento no Palcos para a Incluso e a Domus Social tambm. Com todos os
momentos de insegurana e incertezas que a equipa que participou neste estudo sentiu, nunca foi posta em
questo a mais valia social, os momentos de alegria, felicidade, tolerncia, bem-estar e, em ltima anlise, a
incluso que este projeto proporciona a todos que nele participam.
O estudo SROI vem assim reforar a nossa vontade de continuar a nossa misso de incluso social, criando
novos projetos, ou levando projetos como este a novos locais e pblicos.
PONTOS FORTES
A anlise agora finalizada permite-nos concluir que o rcio SROI obtido bastante fundamentado, dado que
o seu clculo foi determinado atravs de um leque amplo de parmetros (mudanas, redues, atribuies,
aproximaes financeiras), que permaneceu slido mesmo no cenrio mais pessimista, apresentando ainda
assim valores positivos.
A experincia j adquirida pelos alunos durante os atelis e a sua participao em espetculos permitiu-nos
uma construo da teoria da mudana slida, pois conhecamos profundamente a realidade deste stakeholder,
apesar de as mudanas expectveis serem bastante intangveis.
207
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
PONTOS FRACOS
A definio da populao neste estudo no foi uniforme, por escassez de tempo, pois entendemos que o
mais correto seria definir a populao dos stakeholders associaes e Domus Social atravs da contabilizao
do nmero de pessoas envolvidas no projeto, em cada associao e na Domus Social, o que nos levaria a uma
definio mais adequada da populao e, logo, da quantificao do valor do parmetro quantidade.
Decorrente do tempo limitado, tambm podemos concluir que a quantidade de questionrios conseguidos
dos alunos, moradores e associaes no totalmente representativa do universo. Foram no entanto
salvaguardadas questes como a idade, sexo, tipologia de bairro social e aleatoriedade.
de referir igualmente a enorme dificuldade que tivmos no envolvimento dos moradores neste estudo,
dado que a sua participao pontual (assistem a um espetculo).
A aprendizagem foi exigente, mas os frutos a mdio e logo prazo desta nova ferramenta permitiro ao
Espao t desenvolver mais e melhor o seu trabalho de sempre: usar a arte como processo teraputico e como
forma de incluso de todos para todos.
208
PALCOS PARA A INCLUSO - Espao t
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
4Change (2015a). Impacto social manual SROI. Lisboa: s.e.
Gua para el Retorno Social de la Inversin (SROI), Traduccin y adaptacin al espaol de A Guide to Social
Return on Investment publicado por The Cabinet Office, 2012
Mais Qualidade de Vida para as Pessoas com Deficincias e Incapacidades Uma Estratgia para Portugal,
CRPG Centro de Reabilitao Profissional de Gaia, 2007
Measuring Well-being - A guide for practitioners, Centre for Well-being at nef (the new economics
foundation), July 2012
Porto Solidrio, Guia Social do Porto - Coordenao Global Joaquim Azevedo, Isabel Baptista. Universidade
Catlica Portuguesa
Silva, Ftima Cristina Tavares - Arte e cultura na conquista da cidadania e integrao social, Relatrio de
Estgio de Mestrado em Sociologia apresentado Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para
obteno do grau de Mestre, Coimbra 2013
Surveying Clients about outcomes, Series on outcome management for nonprofit organizations, The Urban
Institute, 2003
FONTES ELETRNICAS
www.ine.pt
www.pordata.pt
209
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/nos afeta? O que vo eles Valor Atividades em nmeros Descrio Indicador Quantidade (QT) Durao Comeo* Aproximao Financeira (AF) Valor Atribuio I Deslocao Atribuio Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
investir? II
O que muda nas suas vidas? Como medimos a Quanta Durante Que preo atribumos mudana? Qual o valor O que teria Que Quem Qual ser a taxa de Ano 0 Ano 1 Ano 2
mudana? Mudana haver quanto da Mudana acontecido se atividade mais reduo nos
tempo esta atividade vai ser contribuiu proximos anos?
ir durar no tivesse deslocada? para a
lugar? mudana?
Alunos do Espao t Tempo 0.00 80 alunos apresentam ao M1 - Aumento da auto-estima I1 - Grau de autoestima e 20.50 1.13 1 Valor de cada consulta de psicologia 50 (Valor mdio de 1,200.00 0.00% 0.00% 43.75% 25.00% 13840.2 13,840.20 13,840.20 10,380.15
pblico manifestaes confiana em si prprio/a mercado de uma consulta de psicologia)1 ano, 24 consultas
artisticas (Teatro, Dana, Canto, I2 - N de comentrios
Pintura e Tai Chi), durante um positivos recebidos
ano em 40 bairros sociais da M2 - Aumento do Bem-estar I3 - Grau de percepo de 18 1.15 1 Valor de uma 1 sesso coaching 75 (Valor mdio de de mercado 450.00 0.00% 0.00% 45.00% 25.00% 4455 4,455.00 4,455.00 3,341.25
cidade do Porto. Um emocional si prprio/a como sendo de uma sesso de coaching)1 ano, 6 sesses
espetculo por semana. til e capaz para a
sociedade
I4 - Nvel de capacidade de
aprender novas coisas
M3 - Diminuio do isolamento I5 - Frequncia de 16.50 1.11 1 Valor de atelis de teatro 40 mes (Valor mdio de de mercado de 480.00 0.00% 0.00% 41.25% 25.00% 4654.128 4,654.13 4,654.13 3,490.60
contactos com os uma mensalidade de ateli de teatro - Chapit ou Ballet Teatro)
elementos do grupo 1 ano
I6 - Grau de satisfao com
relaes interpessoais
M4 - Aumento da Tolerncia I7 - Nvel de capacidade de 12.29 1.19 1 Valor de dinmicas de grupo 40 mes (Valor mdio de mercado 480.00 0.00% 0.00% 37.50% 25.00% 3686.4 3,686.40 3,686.40 2,764.80
aceitar a diferena de uma mensalidade de ateli de teatro - Chapit ou Ballet Teatro)
I8 - Grau de compreenso 1 ano
do outro
Moradores dos Bairros Sociais Tempo 0.00 Participao como M1 - Aumento do Bem-estar I1 - Nvel de capacidade de 361.2 0.36 1 Valor de mercado de uma consulta de terapia familiar (Fonte 115.00 0.00% 0.00% 53.70% 50.00% 19232.094 19,232.09 0.00 0.00
espetadores em manifestaes emocional aprender novas coisas Clinica de Sade Mental do Porto) 115
artisticas (Teatro, Dana, Canto, I2 - N momentos de
Pintura e Tai Chi), durante um partilha com a familia
ano em 40 bairros sociais da M2 - Diminuio do isolamento I3 - Grau de satisfao com 351.8 0.38 1 Valor apurada nos grupos focais para atividades de grupo 30.00 0.00% 0.00% 52.78% 50.00% 4983.599 4,983.60 0.00 0.00
cidade do Porto. Um relaes interpessoais realizadas nos bairros
espetculo por semana.
I4 - Nvel de sentimento de
pertena ( comunidade)
M3 - Aumento da Tolerncia I5 - Nvel de capacidade de 331.4 0.85 1 Valor de uma 1 sesso coaching 75 (Valor mdio de de mercado 150.00 0.00% 0.00% 41.67% 50.00% 28995.843 28,995.84 0.00 0.00
aceitar a diferena de uma sesso de coaching) 1 ano, 2 sesses
I6 - Grau de compreenso
do outro
Dinamizadores Tempo e 0.00 Dinamizao de atelies M1 - Aumento da capacidade de I1 - Grau de gesto do 0.88 0.64 1 Valor de mercado de uma formao em gesto de conflitos e 320.00 0.00% 0.00% 53.57% 25.00% 130.004 130.00 0.00 0.00
conhecimento artisticos 2 vezes por semana gesto emocional stress auto-controlo emocional (fonte Cognos) 1 mdulo 14h=160, 2
(espetculos e/ou aulas) I2 - Nvel de capacidade de cursos
durante 1 ano gesto emocional
M2 - Aumento da realizao I3 - Nvel de competncias 1.21 0.89 1 Curso de arteterapia e curso de desenvolvimento de competncias 270.00 0.00% 0.00% 57.14% 25.00% 139.977 139.98 0.00 0.00
profissional I4 - Grau de (Fontes: Associao Portuguesa de Arte Terapia e Evolui.com) 1
reconhecimento curso: 150 +40 entrevista de admisso = 190; 1 curso em
elearning de 12horas=79,90
Domus Social Investimento nas 30,000.00 Apresentaes publicas de M1 - Reduo do vandalismo I1 - Nvel de sentido 10 0.25 1 1 aco sensibilizao sobre cidadania ativa e participao 500.00 0.00% 0.00% 75.00% 50.00% 1250 1,250.00 0.00 0.00
atividades manifestaes artisticas comunitrio comunitria (oradores/dinamizadores, recursos humanos,
(Teatro, Dana, Canto, Pintura e I2 - Nvel de reduo da transportes, materiais, design grfico, som, divulgao e valor para
Tai Chi), durante um ano em 40 vandalismo cativar a participao dos moradores 500
bairros sociais da cidade do M2 - Aumento do I1 - Grau de visibilidade 1.50 0.25 1 Custo de um anncio num jornal dirio 4.030 (JN 1/4 de pgina) 4,030.00 0.00% 0.00% 75.00% 75.00% 1511.25 1,511.25 0.00 0.00
Porto. Um espetculo por reconhecimento I2 - N de novas notcias na
semana.
comunicao social com
aumento da visibilidade
Associaes de Moradores Tempo e Espao 200.00 Recepo dos espetculos nas M1 - Melhoria da relao com os I1 - Grau de envolvimento 1.67 0.25 1 Custo de mercado de atividade(ex: expresso corporal, plstica, 50.00 0.00% 0.00% 58.33% 75.00% 34.753 34.75 0.00 0.00
suas instalaes moradores dos moradores musical, ed. fsica (valor hora formador=20/hora x 2) + materiais
I2 - N de actividades nos 10
bairros
M2 - Aumento do I1 - Grau de visibilidade 6.67 0.5 1 Custo de mercado de impresso 1000 de flyers e 100 cartazes 300.00 0.00% 0.00% 62.50% 50.00% 750.15 750.15 0.00 0.00
reconhecimento I2 - N de novas visitas de
moradores associao
Total 30,200.00
Total 83,663.40 83,663.40 26,635.73 19,976.80
Valor presente de cada ano (aps 83,663.40 25,247.14 17,948.20
descontos)
Valor atual lquido total (VAL) 126,858.73
VAL - Investimento 96,658.73
Retorno Social por (VAL / investimento) 4.2
MOS OBRA - Fisoot
MOS OBRA
Fisoot
211
MOS OBRA - Fisoot
SUMRIO EXECUTIVO
A FISOOT, CRL - Formao, Integrao Social e Ofertas de Oportunidades de Trabalho, uma Cooperativa de
Solidariedade Social atualmente equiparada a IPSS, que existe desde 2002.
Esta anlise SROI incidiu apenas numa valncia da instituio, o Mos Obra, que um projeto de interveno
comunitria inicialmente financiado pelo Programa Escolhas em 2014 e atualmente a funcionar sob a
responsabilidade financeira da FISOOT. Este projeto visa promover a empregabilidade e o acesso ao emprego
de pessoas provenientes de contextos socioeconmicos mais vulnerveis atravs da prtica de servios
comunidade.
O objetivo desta anlise passa fundamentalmente por compreender o genuno impacto social deste projeto
piloto e inovador, sendo que o resultado obtido foi de 1:3,94. Assim sendo, este valor permitiu-nos ter uma
perspetiva positiva, atual e futura, da consistncia da interveno desenvolvida neste projeto evidenciando
por isso um positivo retorno social.
Para alem do significativo rcio obtido muito importante que se refira que este projeto obteve resultados
muito satisfatorios no que respeita a taxa de empregabilidade dos beneficirios.
212
MOS OBRA - Fisoot
1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
A FISOOT, CRL uma cooperativa de solidariedade social equiparada a IPSS, com 12 anos de existncia. O seu
mbito de atuao est direcionado para o apoio social a pessoas em situao de excluso social e a filosofia
que est subjacente a todas as atividades dirige-se para a expanso social, e para a promoo da participao
ativa da populao na comunidade onde est inserida.
Para a obteno dos seus objetivos, a cooperativa tem fomentado um conjunto integrado de atividades,
nomeadamente, atendimento e encaminhamento, gabinetes de consulta tcnica, atividades recreativas e
culturais e formao.
A cooperativa mais conhecida pelo trabalho que desenvolve no mbito da violncia domstica e ainda
pelas aes que promove com vista empregabilidade. Logo, o projeto que ser analisado neste relatrio o
Mos Obra.
Este projeto pretende combater o desemprego e a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho de pessoas
socialmente vulnerveis, atravs da prtica de servios comunidade (limpezas domsticas/acompanhamento
de idosos e crianas/ costura/carpintaria/ bricolage e pequenas obras). So trabalhadas as competncias
inside-out, permitindo que os beneficirios possam oferecer comunidade servios para os quais esto
habilitados, sendo a lista de servios uma lista flexvel que pode aumentar de acordo com as competncias
que os beneficirios nos apresentam.
Segundo as estatsticas mensais relativas ao desemprego, fornecidas pelo IEFP, a zona norte do pas conta
com 297.798 pessoas desempregadas, sendo que 21.623 delas residem no concelho do Porto. A populao na
freguesia de Paranhos (uma das maiores do norte do pas), apresenta-se quase sempre no Diagnstico Social
do Porto, como lder no desemprego e na dependncia de subsdios sociais do Estado, sendo urgente intervir.
Ambiciona-se assim com o projeto que a comunidade promova a integrao no mercado de trabalho destas
pessoas. Pretendemos: reduzir as assimetrias sociais, as desigualdades face situao de emprego/
desemprego; promover a participao ativa e integrada dos cidados e cidads; formar no domnio das
competncias pessoais, sociais e profissionais; melhorar o perfil de empregabilidade dos beneficirios
contemplados no projeto; e contribuir para a reduo de esteretipos e preconceitos relativos aos cidados
provenientes de contextos socioeconmicos desfavorveis.
Atualmente o Mos Obra no conta com financiamento, pelo que esse considerado outro objetivo a
atingir, pelo menos at que o projeto se auto-sustentee esperamos que esta anlise SROI preditiva em
relao ao ano de 2016, com impactos em 2017 e 2018, possa ser um fator positivo nesse sentido.
213
MOS OBRA - Fisoot
1.2. STAKEHOLDERS
Para o desenvolvimento deste trabalho consideramos, partida, os stakeholders como qualquer ator com
relao/interesse/influncia sobre o projeto, ou fosse por ele influenciado. Assim, os stakeholders auscultados
nesta anlise foram os seguintes: a equipa tcnica da FISOOT, os beneficirios, as suas famlias, os voluntrios
do projeto, o consrcioJunta de Freguesia de Paranhos, o Instituto da Segurana Social e o Programa
Escolhas (promovido pelo ACIDI).
O Programa Escolhas, apesar de representar um stakeholder perito e relevante, no ser includo, uma vez
que no sobre o mesmo que as mudanas do projeto geram o maior impacto. Quanto ao stakeholder
Segurana Social, consideramos que este organismo pblico teria interesse em conhecer os resultados
relativamente empregabilidade destes beneficirios (uma vez que muitos deles dependem de subsdios do
estado, o que poderia vir a representar uma diminuio da despesa estatal, se estes alcanassem um dos
objetivos mximos do MAO, ou seja ficassem empregados e consequentemente deixassem de necessitar
desses apoios financeiros). Apesar da sua influncia, este no ser um stakeholder a ter em considerao nesta
anlise, uma vez que a articulao com o mesmo se revela muito difcil no curto espao de tempo para esta
anlise SROI.
No que diz respeito Junta de Freguesia de Paranhos, pertence ao consrcio do projeto e tem como misso
a interveno permanente e ativa junto das entidades que existem na freguesia, oficiais ou particulares, no
sentido de promover o bem-estar e a qualidade de vida da populao residente. No entanto, este stakeholder
acabou por no ser includo na anlise por no termos obtido resposta aos pedidos de informao.
Os voluntrios representam uma parte ativa no processo de execuo do projeto, influenciando e sendo
influenciados pelo mesmo. Os voluntrios desempenharo um papel importante na dinamizao de
atividades, representando uma componente essencial do projeto e tendo um papel na mudana.
Em relao s famlias dos beneficrios, estas sero influenciadas pelos resultados alcanados. As mudanas
tero repercusses na vida familiar, podendo contribuir para uma melhoria da qualidade de vida de todos os
seus membros.
Por ltimo, consideramos a equipa tcnica da FISOOT, uma vez que sem estes elementos o projeto no seria
exequvel, ou seja, so influenciadores de todas as dinmicas e so tambm influenciados.
214
MOS OBRA - Fisoot
Beneficirios Sim Destinatrios diretos do projeto e aqueles que maiores mudanas devem
sentir
A anlise SROI obriga a um cruzamento de dados recolhidos junto de todos os atores envolvidos, que
influenciam ou so influenciados pelo projeto. Um primeiro envolvimento com os stakeholders decorreu no
sentido de validarmos a teoria da mudana, desenhada tendo por base a experincia do ltimo ano dos
tcnicos com o Mos Obra, e ainda uma reviso da literatura das problemticas identificadas.
Nesse primeiro momento, atravs de um grupo focal, procedeu-se recolha da informao, tendo a discusso
com os beneficirios sido moderada por duas tcnicas do projeto. O mtodo repetiu-se uma segunda vez
com os familiares. Relativamente aos voluntrios, uma entrevista foi realizada presencialmente de forma
individual com duas voluntrias. Por ltimo com equipa tcnica realizou-se um debate em grupo.
Validada a teoria da mudana, passamos ao segundo momento de envolvimento dos stakeholders. Foram
ento construdos questionrios/inquritos tendo em conta os indicadores encontrados para se alcanar as
mudanas sentidas, com duas questes por mudana, envolvendo indicadores objetivos e subjetivos; e ainda
algumas questes recolhidas do instrumento de avaliao da qualidade de vida da OMSWHOQOL .
Tendo em conta o facto de no ano 2014 terem sido envolvidos 90 beneficirios nas atividades do projeto,
foram realizados questionrios via telefone a 45 beneficirios e 38 familiares. As 4 voluntrias (o total de
voluntrios na cooperativa) e os 5 elementos da equipa tcnica, responderam eletronicamente aos inquritos.
Optou-se por este mtodo, visto o tempo disponvel ser curto para se poder agendar entrevistas presenciais
com todos os elementos, e o facto da equipa tcnica ter um nmero reduzido de elementos.
215
MOS OBRA - Fisoot
Equipa tcnica da FISOOT 1 momentofoi realizada uma entrevista presencial, pela psicloga, a dois elementos
de forma individual
216
MOS OBRA - Fisoot
2. RECURSOS E ATIVIDADES
Nesta fase da anlise descrevemos os recursos que cada stakeholder investe em cada atividade. Assim, a
equipa tcnica e os voluntrios iro investir o seu tempo e conhecimento na operacionalizao do projeto.
Relativamente aos beneficirios e suas famlias, estes iro aplicar o seu tempo atravs da sua participao nas
atividades.
Quanto s atividades, esto desenhadas para o projeto as seguintes: formao em competncias pessoais e
sociais, workshops tcnicos, formao em procura ativa de emprego, acompanhamento social,
acompanhamento a servios do Mos Obra, angariao de clientes, e gesto do projeto.
Relativamente aos beneficirios, estima-se, tendo em conta a experincia do ano de 2014, que estes apliquem
2159 horas entre as atividades e os seus familiares 400 horas em atendimento social anual. Estimando valores
atribudos a esse tempo considerando o salrio mnimo, atribui-se o valor de 7788 para os beneficirios, e
de 1443para os familiares.
A equipa tcnica investe o seu conhecimento e tempo na operacionalizao das atividades. Realizadas
estimativas para um ano, conclui-se que para as atividades de formao em competncias pessoais e sociais
so investidas 240 horas, nas de procura ativa de emprego 636 horas, na organizao dos workshops tcnicos
324 horas, no acompanhamento social, 1200 horas, na angariao de clientes 840 horas, e na gesto do
projeto 720 horas. Ao todo, a equipa tcnica investe 3960 horas no trabalho descrito anteriormente. Calculou-
se assim que o investimento salarial na equipa tcnica, seria de 30438 /ano, entre os quais se encontram,
uma psicloga, uma educadora social, ambas dedicadas 35 horas por semana ao Mos Obra, e um comercial
17,5 horas por semana (3600/ano). Indiretamente estaria tambm alocada a tarefas do projeto a
administrativa (20% do seu trabalho na FISOOT), com um valor parcial atribudo de 1680 /ano.
Quanto aos voluntrios, estes investiriam o seu tempo e conhecimento, distribudos pelas atividades de
dinamizao dos workshops tcnicos (72 horas/ano) e participao no acompanhamento a servios do Mos
Obra (240 horas/ano).
No que diz respeito aos beneficrios e s suas famlias, estas aplicaram o seu tempo neste projeto,
beneficiando ambos de um acompanhamento social e os beneficirios de todas as restantes atividades.
217
MOS OBRA - Fisoot
Tendo em conta todos os recursos necessrios para a execuo do projeto, conclui-se ser necessrio para o
mesmo o valor de 43469/ano.
gua 41,5
Comunicaes 135,38
Combustveis 216
Renda 240
218
MOS OBRA - Fisoot
3. TEORIA DA MUDANA
Em seguida pretendemos refletir acerca das modificaes e transformaes sentidas por alguns dos
stakeholders envolvidos e includos no modelo de anlise SROI, nomeadamente a equipa tcnica, os
voluntrios, os beneficirios e as suas famlias.
BENEFICIRIOS
Depois de auscultados os grandes protagonistas deste projeto, os beneficrios, chegou-se concluso que
estes ganham oportunidade de vivenciar mudanas significativas na sua vida. A primeira grande mudana
maior empregabilidade deveu-se sobretudo ao desejo de independncia sentido pelos beneficirios
atravs das inmeras mudanas que vo ao longo do desenvolvimento de diversas atividades do projeto.
Prepar-los para uma insero ocupacional bem-sucedida implica, segundo Fraccaroli e Sarchielli (1993),
citado por Caballo (1996), capacit-los para o desenvolvimento de novas capacidades e conhecimentos, a
modificao de certas representaes sociais e atitudes em relao ao trabalho e a definio de um novo
equilbrio entre metas relativas profisso e s extra-profissionais.
Assim, foi possvel perceber que ao longo de todo o processo, os beneficirios dizem ter sentido mais
esperana, alento e motivao, bem como curiosidade por novos conhecimentos, aliado a um aumento de
competncias pessoais, sociais e competncias de gesto financeira. Estas mudanas, promovidas pela
transversalidade das atividades do Mos Obra, levam estas pessoas a uma maior procura ativa de emprego.
Esta mudana, ainda que secundria, permite que os beneficirios passsem por outras trs, sendo duas delas
determinantes para a primeira mudana final (maior empregabilidade).
Com este projeto tornei-me numa pessoa mais motivada e com muito mais vontade de procurar
maneiras diferentes de arranjar trabalho
Deste modo, a procura ativa de emprego abre a possibilidade de obter mais experincia profissional,
trabalhando assim a sua capacidade de gesto de tempo e promovendo uma valorizao superior do
dinheiro, caminhando no sentido de uma autonomia econmica. Secundariamente, permitiu que estes
beneficirios cultivassem um sentimento de utilidade superior que os levou a um sentimento de realizao
pessoal aliado a um aumento da sua motivao e bem-estar. Todavia, foi possvel verificar que esta terceira
mudana que surge da procura ativa de emprego foi tendencialmente negativa uma vez que passou por
expectativas de emprego no correspondidas, o que conduziu a sentimentos de frustrao e desmotivao
espelhando-se por vezes em sintomatologia depressiva.
O dinheiro passou a ter muito mais valor, comecei a perceber eu que ele custa a ganhar e que por
isso devemos controlar bem o que vamos gastando
A ligao destas duas primeiras mudanas intermdias leva ento os beneficirios ao desejo de independncia
acima referido, conduzindo por seu turno primeira grande mudana auscultada: a empregabilidade, que se
refere () s condies subjetivas da integrao dos sujeitos na realidade atual dos mercados de trabalho e
ao poder que possuem de negociar sua prpria capacidade de trabalho, considerando o que os empregadores
definem por competncia. (Machado, 1998).
219
MOS OBRA - Fisoot
Capacidade de
gesto de tempo
Esperana Autonomia
alento Experincia
profissional econmica
motivao Valorizao do
dinheiro
Curiosidade
por novos Realizao
conhecimentos Procura Sentimento pessoal Desejo de
ativa de de utilidade emancipao
EMPREGABILIDADE
emprego
Motivao
Mais competncias e bem-estar
pessoais e socias
Frustrao
Mais competncias Expetativas
de gesto financeira Sintomatologia
de emprego no
depressiva
correspondidas
Desmotivao
Integrao
social
Aceitao
Capacidade
Aumento da
para resoluo
autoestima
de problemas
Sentimento
de pertena
SEGURANA
Assertividade
Aumento da
Sentimento Maior rede capacidade de
de apoio de suporte sociabilizao
Entreajuda
Aumento da Superao de
rede de problemas Mais predisposio DESPERTAR PARA A
pessoais para ajudar os outros COSCINCIA CVICA
contactos
Proximidade
A segunda mudana material para a nossa anlise passa pelo sentimento de segurana. A integrao num
projeto que promove diversas atividades que valorizam a opinio e a participao induz uma sensao de
aceitao e a uma maior rede de suporte. A aceitao sentida espelha-se num aumento de auto-estima
provocado pelo sentimento de integrao social, pelo aumento da capacidade de resoluo de problemas e
pelo sentido de assertividade despertado. A estruturao de uma maior rede de suporte revela-se num
aumento da capacidade de sociabilizao atravs de um sentimento de pertena, de apoio e de suporte.
Estas duas mudanas intermdias destacadas do ento origem ao sentimento de segurana.
A terceira grande mudana traduz-se num despertar para a conscincia cvica. No fundo, o acesso dos
beneficirios a uma maior rede de contactos permite que ativem o seu sentimento de entreajuda e de
proximidade. Combinados, aqueles sentimentos contribuem para uma maior capacidade de superao de
problemas pessoais, o que lhes permite uma maior predisposio para ajudar os outros.
Eu percebi que se eu estiver bem comigo mesmo e eu se tiver a minha vida organizada e com
menos problemas, consigo mais facilmente ajudar os outros porque tenho mais vontade e mais
tempo.
220
MOS OBRA - Fisoot
Podemos ento concluir, que a integrao no mercado laboral contribui para o estabelecimento de relaes
sociais, dos processos de identificao e do reconhecimento de pertinncia a uma sociedade. Para facilitar
essas metas a interveno psicossocial priorizar o conhecimento de capacidades, desenvolvimento de
habilidades de procura de emprego, considerando de forma crtica o contexto no qual se est inserido
(Bronfenbrenner, 1996 citado por Castel et all, 2000).
FAMLIAS
De acordo com Polasky e Holahan (1998), a literatura mostra a importncia, para a sade e bem-estar do
indivduo, de se desempenhar diversos papis dentro e fora de casa, pois isso aumenta a auto-estima e
oferece maiores oportunidades de apoio social. exatamente assente nesta afirmao que esto espelhadas
as mudanas descritas e sentidas pelas famlias. Uma vez auscultadas, aquelas dizem ter experimentado duas
mudanas significativas na sua vida: (1) Melhor clima relacional e (2) Aumento das expectativas de melhoria e
qualidade de vida.
Com o Mos Obra, as famlias sentiram um aumento da rede de suporte, que transferiu para todo o
agregado familiar mais tranquilidade e mais motivao, resultante de um maior sentimento de apoio. Por
outro lado, tomaram conscincia de que o seu papel como trabalhadores foi reconhecido e valorizados pelos
jovens, provocando assim um aumento do orgulho e por conseguinte uma diminuio de conflitos no seio
familiar.
Desde que ela veio para o projeto as coisas c em casa mudaram imenso, parece que percebeu
que ter um trabalho uma coisa muito sria e que acima de tudo cansa muito
A combinao destas mudanas intermdias, permitiu Famlias terem mais esperana e aumentarem o seu
nvel de bem-estar, culminado num melhor clima relacional, a primeira grande mudana.
Segundo a Organizao Mundial de Sade, a qualidade de vida entende-se como a percepo do indivduo
sobre a sua posio na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais est inserido e
em relao aos seus objectivos, expectativas, padres e preocupaes (WHOQOL Group, 1994, p. 28). Em
consonncia, podemos afirmar que as percees explanadas pelas famlias, a mdio ou a longo-prazo, esto
assentes em expetativas positivas e esperanosas.
221
MOS OBRA - Fisoot
mais reconhecimento
do seu papel como mais orgulho menos conflitos
trabalhadores
entrada de um
novo rendimento
EQUIPA TCNICA
O envolvimento do stakeholder equipa tcnica permitiu-nos confirmar duas grandes mudanas: (1) a
realizao profissional e (2) a potencializao do esprito de equipa.
Constatmos que, ao executarem as atividades do projeto, as tcnicas aumentam a sua rede e o nmero de
contactos com a comunidade e com outras instituies, criando oportunidades de aumentar a sua experincia
e de ter visibilidade. Em consequncia, vem as suas competncias tcnicas desenvolver-se, aprendem a gerir
melhor o tempo e a dar asas imaginao
Desenvolver com cada pessoa um plano de integrao profissional permitiu-nos ser mais criativos!
Cada pessoa possui caractersticas singulares, o que faz com que o nosso trabalho tenha que
respeitar essas caractersticas e competncias
Estas mudanas so tambm fontes de motivao e de eficcia cada vez que as tcnicas vem um dos
utentes do projeto concretizar o seu objetivo mximo obter trabalho. Todo este encadeamento leva a um
aumento do sentimento de solidariedade, ao reconhecimento do trabalho desenvolvido e sensao de
orgulho no papel que cada um desempenha. O sentimento de sucesso na criao de maior empregabilidade
traz a todos os que participam na equipa tcnica o sentimento de realizao profissional.
222
MOS OBRA - Fisoot
Relativamente potencializao do esprito de equipa, projeto Mos Obra aumenta o volume de trabalho
da FISOOT, precipitando uma alterao na dinmica institucional: o repensar de estratgias e melhorias nas
prticas, que propicia mais trabalho em equipa. De acordo com Scholtes (1992), quando o esprito de equipe
invade uma organizao, todos os empregados comeam a trabalhar juntos visando qualidade sem
barreiras, sem faces, todos em uma nica equipe, movendo-se juntos na mesma direo.
Os nveis de stress aumentam com o projeto e, consequentemente, os conflitos entre tcnicos. Contudo, uma
vez que h espao para a troca de ideias, estas dificuldades motivam um aumento das estratgias de coping.
Gera-se, afinal, uma resposta positiva a partir de uma situao negativa e criam-se momentos destinados a
estabelecer planos de ao para lidar com as situaes indutoras de stress, potencializando-se o esprito de
equipa.
maior sentimento
de solidariedade
maior sentimento
de eficcia na
reconhecimento
concretizao de
mais competncias objetivos
ganhar tcnicas
mais interao com
experincia mais sentimento REALIZAO
outras instituies
de orgulho PROFISSIONAL
mais capacidade
de gesto de tempo
mais contacto com a
comunidade fora do mais motivao mais empenho
contexto institucional mais
visibilidade estimulao da
criatividade
prestigiar a
instituio
POTENCIALIZAO
melhoria das prticas
DO ESPRITO
institucionais
DE EQUIPA
aumento do alterao da
volume de dinmica
trabalho institucional
aumento das
mais stress mais conflitos estratgias de
coping
VOLUNTRIOS
Aps brainstorming com os voluntrios, licenciados nas reas sociais, conclui-se que existem duas mudanas
principais: (1) a realizao pessoal e (2) o aumento da probabilidade de obter emprego.
De acordo com a Lei 71/98 de 3 de Novembro, o voluntariado caracteriza-se por conjunto de aes de
interesse social e comunitrio realizadas de forma desinteressada por pessoas, no mbito de projetos,
programas e outras formas de interveno ao servio dos indivduos, das famlias e da comunidade
desenvolvidas sem fins lucrativos por entidades pblicas ou privadas. (Art 21). No estudo nacional do
voluntariado de 2002 (ICS, UNL, 2002), o voluntariado diz respeito a atividade de interesse social e
comunitrio, no remunerado mas que pode ser objecto de alguma recompensa material, exercida no seio
de uma organizao mas no necessariamente abrangida por um programa.
223
MOS OBRA - Fisoot
Os voluntrios neste projeto procuram ocupar o tempo livre e, simultaneamente, ser solidrios. Estas
motivaes iniciais trazem-lhes esperana no futuro e sentimento de utilidade. Por outro lado, sentirem-se
teis gera bem-estar e sentimento de reconhecimento. Estas mudanas refletem-se numa mudana final,
realizao pessoal.
Desde que vim para c que me sinto melhor, o trabalho que fao gratificante, sinto-me
reconhecida pelos utentes pelos tcnicos de outras instituies
Sentimento REALIZAO
Esperana
de utilidade PESSOAL
Sentimento de
Bem-estar
solidariedade
Aumento da rede
de contactos
Oportunidade de
estar integrada Mais experincia MAIS PROBABILIDADE
num contexto real profissional DE EMPREGO
de trabalho
Aquisio de
novos conhecimentos
224
MOS OBRA - Fisoot
4. PROVAS E VALOR
4.1. INDICADORES (QUANTIDADE)
Tal como vimos anteriormente na criao da teoria da mudana, foi identificado um processo de mudana,
com alteraes prprias a cada stakeholder. Assim identificaram-se mudanas intermdias, que levaram s
que consideramos como as mudanas finais para a anlise (relevantes e significativas). Foi atravs dessas
mudanas intermdias que chegamos criao dos indicadores para medirmos as mudanas finais. Os
indicadores foram traduzidos em questes, tendo sido definidos dois indicadores por cada mudana. Esta
etapa do SROI foi muito importante, uma vez que nos permitiu quantificar as mudanas sentidas por cada
stakeholder.
Foram criados questionrios para cada stakeholder que avaliassem as mudanas finais identificadas. Algumas
das questes colocadas foram criadas pela equipa de anlise, tendo em conta a experincia j adquirida ao
longo de um ano com este projeto, enquanto outras foram retiradas de questionrios padronizados e
validados.
Para avaliar estas mudanas sentidas pelo stakeholder beneficirios recolheram-se dados junto de 45
indivduos, sendo 90 o universo de beneficirios que participaram no Mos Obra ao longo de 2014. No caso
das famlias, apenas conseguimos recolher dados de 38 familiares. Relativamente equipa tcnica,
recolheram-se dados junto de todos os 5 elementos da equipa. Com os voluntrios repetiu-se o procedimento,
tendo-se recolhido os dados que dizem respeito a todos os voluntrios envolvidos nas atividades de 2014.
225
MOS OBRA - Fisoot
Para aferirmos a quantidade, foi necessrio calcular a distncia percorrida (DP, expressa em percentagem de
mudana, depois convertida em unidades) de cada mudana para cada stakeholder. Desta forma
conseguirmos informao sobre dois perodos distintos que pudessem comprovar as mudanas: definiu-se
um antes do projeto e um aps o projeto. As variveis integradas para o clculo tiveram em conta a mdia da
DP e o nmero de pessoas abrangidas pelo projeto no espao de um ano.
Tendo em conta a tabela apresentada importante observar que as trs mudanas que apresentam maior
quantidade so a qualidade do clima relacional (famlias), seguida do despertar para a conscincia cvica e do
sentimento de segurana (beneficirios). Refletindo sobre as consequncias destas mudanas, sabemos que
estas espelham factores fundamentais para aumentar a auto-estima, auto-confiana e a capacidade de
integrao social.
4.2. DURAO
Posteriormente descrio da quantidade da mudana que foi gerada, fundamental que se reconhea o
perodo temporal em que essas mudanas foram sentidas.
O clculo da durao das mudanas ocorridas foi feito atravs de uma pergunta, integrada nos questionrios
respondidos por todos os stakeholders: Diga-nos por favor, para cada uma das seguintes mudanas, quanto
tempo acha que cada uma delas duraria se o projeto acabasse hoje. Para esta questo foram propostas
opes de respostas que variaram entre 0 meses e + de 2 anos, s quais foram atribudas valores de 0.5 a 3,
respetivamente Em seguida foi calculada a mdia aritmtica, obtendo-se por conseguinte a durao mdia
de cada mudana em cada stakeholder.
226
MOS OBRA - Fisoot
Considera-se pertinente refletir sobre o facto de o despertar para a conscincia cvica ter sido selecionada
pelos beneficirios como a mudana mais permanente no tempo. Acreditamos que uma atribuio duradoura
a esta mudana se deve ao facto de o trabalho ao nvel das competncias de cidadania proporcionar uma
consciencializao constante, que fica para a vida e que no espelha uma mudana pontual.
As aproximaes financeiras (AF) dizem respeito a respostas existentes na comunidade que promovam a
mesma mudana que o projeto identificou. Assim, definiram-se aproximaes financeiras para cada mudana
em cada stakeholder.
Relativamente aos beneficirios, encontraram-se trs AF para as trs mudanas finais. Para a mudana
empregabilidade definiu-se como AF workshops tcnicos de emprego e formao em construo de
currculos, tendo-se encontrado o valor de 900 /ano. Foi escolhida esta formao uma vez que se assemelha
em grande parte a uma das atividades estruturais do projeto. Estes momentos formativos que propomos,
seriam espaos onde, tal como nas atividades do Mos Obra, se trabalhasse o desenvolvimento de
competncias de empregabilidade, se desse conhecimento das medidas de apoio ao emprego, se
construssem currculos e onde fossem fornecidos contactos teis na procura de emprego.
Para o sentimento de segurana, estabeleceu-se como AF consultas de psicologia, com um valor anual de
1200/ano. Escolhemos as consultas de psicologia, uma vez que se apresentam com a finalidade de ajudar os
jovens a lidar com as suas dificuldades e problemas para os quais sentem no possuir os recursos necessrios.
Por outro lado, as consultas tm tambm como finalidade desenvolver os recursos e competncias que
permitam lidar com problemas de forma mais eficaz.
Relativamente mudana despertar para a conscincia cvica definiu-se uma formao de cidadania ativa,
com o valor de 256/ano.
227
MOS OBRA - Fisoot
Quanto s famlias, para a mudana da qualidade do clima relacional, foi definida como AF sesses de terapia
familiar, com um valor de 600/ano. A terapia familiar tem como objetivo principal auxiliar a famlia na
conquista ou reconquista de relaes harmoniosas, respeitosas e saudveis entre os seus membros. Alm
disso, pode ter como foco o tratamento de um dos membros da famlia. Foi por estas razes que esta se
considerou uma atividade poderia provocar as mesmas mudanas que o projeto.
Para a mudana mais expectativas de melhoria da qualidade de vida, usou-se com AF um curso de gesto da
economia familiar, com um valor anual de 400. Esta atividade capaz de promover uma melhor gesto dos
recursos econmicos dentro da famlia, de desenvolver competncias individuais e familiares, contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida e para o desenvolvimento competncias ao nvel da organizao do
trabalho domstico.
Relativamente equipa tcnica, para a mudana realizao profissional, definiu-se o valor de 7200/ano,
tendo em conta o diferencial entre o salrio mdio nacional e uma mdia do valor atribudo por cada tcnico
questo: Qual o valor mensal que necessitaria para se sentir realizado/a profissionalmente?. Esta AF foi
estabelecida atravs desta pergunta e no de uma atividade em concreto uma vez que, mesmo depois de
algum trabalho de pesquisa, no foi possvel encontrar uma atividade que pudesse oferecer realizao
profissional. Assim, foi dada oportunidade equipa tcnica de imaginar um possvel valor que atribuiria sua
realizao pessoal.
No que diz respeito aos voluntrios, chegamos AF atravs do diferencial entre o valor do salrio mdio
nacional e a mdia das respostas colocadas aos voluntrios questo Qual o valor que estima por ms
para se sentir realizado pessoalmente?, tendo-se chegado ao valor de 1200/ano. Esta AF foi estabelecida,
nos mesmos moldes da AF para a realizao profissional referente equipa tcnica. Assim, foi dada aos
voluntrios a oportunidade de imaginar um possvel valor que atribuiriam sua realizao.
Para a mudana mais probabilidade de obter emprego, considerou-se como AF um curso para aumentar o
nvel de empregabilidade, com o valor de 1080. Nesta formao tem-se a oportunidade de conhecer as
caractersticas que as empresas de recrutamento mais procuram num candidato, de identificar as atitudes
que os levaro a obter os resultados desejados, de aprender a divulgar a marca pessoal, bem como os passos
a dar para aumentar a empregabilidade.
228
MOS OBRA - Fisoot
Famlias Qualidade do Clima Relacional Terapia familiar (uma vez por ms) 600
Equipa tcnica Realizao Profissional Diferencial entre salrio mdio nacional e o 7200
valor mdio atribuido a um salrio que
alcanassem a realizao profissional
229
MOS OBRA - Fisoot
A equipa que realizou esta avaliao definiu desta forma uma atribuio geral para estas mudanas, tendo
em conta o trabalho na rea social que tm vindo a desenvolver. Assim considerou-se que as mudanas
sentidas pelos beneficrios e pelos seus familiares, poderiam vir a existir e acontecer ainda que o projeto no
existisse, criando-se o cenrio de que 25%, ou seja, duas em cada oito pessoas pudessem ser alvos das
mudanas do projeto de qualquer forma. J em relao equipa tcnica e aos voluntrios, a atribuio dada
foi de 50%, considerando que metade da equipa alcanaria as mudanas identificadas.
STAKEHOLDER MUDANA AT I
5.2 ATRIBUIO II
Num segundo momento, considerou-se o valor do contributo de outros atores para as mudanas
identificadas. Assim, na realizao dos questionrios, colocou-se a seguinte questo Em que medida outras
pessoas, entidades ou projetos contriburam para esta mudana?. Esta foi uma forma de conseguir especificar
ainda mais o impacto do projeto, aproximando o mais possvel a sua avaliao da realidade. Conseguimos
desta forma apurar o valor atribudo a alguns fatores externos ao projeto.
230
MOS OBRA - Fisoot
STAKEHOLDER MUDANA AT II
A taxa de reduo pretende expor o grau de desvalorizao das mudanas. Sabe-se que inerente ao ser
humano, que ao longo do tempo haja uma perda de potencial de conhecimentos e competncias e por
conseguinte do impacto de algumas mudanas. No caso desta avaliao, foi utilizada uma escala em
percentagens de 5 nveis em que 0% correspondia a uma no-reduo de mudana num perodo posterior e
onde 100% correspondia a uma perda completa da mudana.
A taxa de reduo mdia dos Beneficiarios e das Familias de 50% uma vez que se considera que o impacto
das mudanas pode decrescer bastante num periodo posterior. J relativamente aos restantes stakeholders, a
mdia da taxa de reduo de 25% uma vez que se prev que o impacto da mudana no seja to intenso
como inicialmente.
Segurana 50%
231
MOS OBRA - Fisoot
5.4. DESLOCAO
Utilizando todos os pressupostos escritos ao longo deste relatorio, chegou-se ao clculo do retorno social do
projeto Mos a Obra. Assim conclumos um valor total de retorno social a trs anos de 171 805,41
O valor SROI obtido foi de 1:3,94. Tendo em conta estes resultados e as caractersticas da interveno,
consideramos a projeo de impacto muito positiva. Todos os atores sociais do projeto retiraram beneficios e
mudanas do mesmo.
Os valores encontrados na anlise anteriormente apresentada foram alcanados tendo por base uma
construo de pressupostos, que sendo alterados podero gerar outro impacto no resultado apresentado.
Assim, considerando que a realidade feita de mudanas, vemos como fundamental apresentar outros
cenrios possveis, tendo em conta a alterao de algumas variveis.
Comeamos esta anlise apresentando os valores encontrados neste relatrio para o retorno social por
stakeholder, e por mudana. Ao observarmos os grficos chegamos concluso que os Beneficirios e as suas
Famlias sos os atores do Mos Obra que mais beneficiam com a existncia do projeto. Quanto ao retorno
por mudana, verificamos que a mudana com maior retorno o Sentimento de Segurana sentido pelos
Beneficirios, seguido da Qualidade do Clima relacional das Famlias. Em terceiro lugar aparece-nos a
Empregabilidade mudana sentida tambm pelos Beneficirios.
232
MOS OBRA - Fisoot
10+2+5236
RETORNO SOCIAL POR STAKEHOLDER
Voluntrios 2,2%
Beneficirios 52,3%
9+0+1133092710
RETORNO SOCIAL POR MUDANA
Empregabilidade 13,1%
Atribuio I Todos Stakeholders Aumentar 20% Admitindo que o cenrio da economia atual melhorava muito.
Valor da mudana Sentimento de Diminuir em 30% Considerando que este valor pode variar se a envolvncia social
Segurana nos Beneficirios se alterar.
Durao das mudanas em Todos Reduzir para 1 Considerando que as mudanas no seriam to perdurveis.
os Satakeholders
Quantidade de mudana Reduzir 50% Considerando que a distancia percorrida foi sobrevalorizada.
Stakeholder Famlias
Atribuio IIem todos os Aumentar em 20% Considerando que poderiam existir mais projetos a trabalhar as
Satakeholders mesmas mudanas
Aproximao financeira Realizao Reduzir para 1200 Considerando que este valor seria mais equilibrado tendo em
Profissional conta os salrios auferidos em Portugal
Aproximao financeira Realizao Reduzir para 600 Considerando que este valor atribuido estaria mais ajustado ao
Pessoal facto de se tratar de uma questo de voluntariado
233
MOS OBRA - Fisoot
Criando um cenrio oposto optimista, como se pode verificar na tabela em baixo, o SROI alcanaria um valor
de 1:9,19.
Valor atribuido Mudana Aumentar em 50% de Considerando duas consultas por ms de Terapia Familiar
Qualidade do Clima Relacional 600 para 1200
Nmero de Beneficirios Aumentar em 25% Considerando que poderamos incluir mais 22 beneficirios no
projeto
Valor do Tempo dos beneficrios Reduzir a 0 Considerando no atribuir valor a esse tempo
e famlias
No que respeita identificao de parmetros crticos (PC) importante que se que reflita tambm um
pouco, sobre os aspetos metodolgicos especficos. Uma questo passa por pensarmos como reagiria o
modelo se no tivessem includo o tempo dos beneficirios, sendo que chegamos a concluso que o valor do
SROI passaria de 3,94 para 4,68. Outra questo importante de ser respondida seria se o pressuposto da taxa
de alocao dos custos indiretos poderia ser diferente. Este cenrio no seria possvel na situao atual da
Fisoot, no entanto, existindo financiadores, estes custos poderiam ser reduzidos.
Pensamos tambm se existia alguma mudana/stakeholder especfica/o que pudssemos ter includo /
excludo. O certo que gostaramos de ter includo o stakeholder Segurana Social, a Junta de Freguesia e o
Programa Escolha contudo, por questes operacionais e de articulao no nos foi possvel faz-lo. Entre os 3
consideramos que a Segurana Social seria o stakeholder mais interessante para esta anlise, pois permitiria
observar o impacto na diminuio da despesa estatal.
Refletimos ainda sobre o facto de existirem algum indicadores subjetivos, e de estes poderem estar a enviesar
os resultados do SROI. Conclumos ento que o indicador da realizao profissional (equipa tcnica) e pessoal
(voluntrios) muito subjetiva. Tratam-se de mudanas muito subjetivas, que podem ter significados muito
distintos para cada indivduo, logo a avaliao destes parmetros torna-se complexa. Apesar de incluirmos
parmetros subjetivos, estes no parecem ter afetado a robustez do SROI, dado que mesmo colocando em
hiptese diminuir apenas o valor atribudo aos mesmos, o valor do SROI no se altera de forma significativa,
passaria a apresentar o valor de 1:3,57.
Por fim, outra questo importante a refletir prende-se com o valor atribudo s mudanas Sentimento de
Segurana e Qualidade do Clima Relacional. O valor foi definido tendo em conta as aproximaes financeiras
de Consultas de Psicologia e Terapia Familiar. Os valores atribudos s mesmas so elevados, no entanto a
realidade do mercado Portugus quanto a este tipo de interveno apresenta ainda valores muito altos. Se
apenas reduzssemos a metade os valores atribuidos, o SROI passaria a ter um valor de 2,85.
234
MOS OBRA - Fisoot
6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
Aps a anlise apresentada ao longo deste relatrio sobre o impacto social do projeto Mos Obra, podemos
tecer algumas concluses.
O principal resultado obtido desta anlise prende-se com o resultado final de SROI de 1: 3,94. Este valor
indica-nos que o investimento neste projeto positivo. Conseguimos verificar que os beneficirios so quem
mais ganhos obtm com esta interveno, com um retorno social de 52,3%, correspondente a 49 225,87 e
as suas famlias com 35,9% correspondente a 33 792,98 no primeiro ano.
Ainda tendo em conta o rcio SROI, ao analisarmos um cenrio optimista na anlise de sensibilidade,
verificamos que o SROI passaria a 1:9,19 e considerando um quadro pessimista, o valor seria ainda assim
positivo, 1:1,07
Com base nos resultados consideramos que a interveno do Mos Obra poderia tentar melhorar no que
diz respeito mudana empregabilidade. Esta apresenta-se como a terceira mudana com maior impacto e
considerando que um dos objetivos principais se relaciona com o combate ao desemprego e a dificuldade
de acesso ao mercado de trabalho, esta questo urge em ser trabalhada.
Embora aquele resultado no represente a principal linha de interveno do projeto, comprovou-nos que
existem outras questes prioritrias a ser trabalhadas anteriormente com os beneficirios, nomeadamente a
segurana. A segurana, tal como identificado na pirmide de Maslow (a seguir s necessidades fisiolgicas)
revela-se fundamental para se poderem trabalhar outras competncias.
Ainda tendo em conta os resultados obtidos, verificamos que existe uma variao anual de mudana:
2016/94189,19; 2017/89278,85; 2018/46751,38, sendo que o retorno apresentado como diminuindo ao
longo dos 3 anos. Contudo importante ressalvar que estes refletem resultados que tomam em conta a
hiptese do projeto terminar ao fim do primeiro ano, o que no se verifica neste projeto.
Quanto s dificuldades, ao longo de todo processo, deparamo-nos com algumas barreiras que nos obrigaram
a contornar os planeamentos iniciais. O facto de este ser um projeto com uma vertente psicossocial muito
intensa, fez com que nos tivssemos debatido com grandes desafios quanto s aproximaes financeiras e
at na avaliao das mudanas propriamente ditas. A quantidade de entrevistas efetuadas foi tambm um
grande desafio, uma vez que se prolongou muito no tempo devido a indisponibilidade dos stakeholders
entrevistados. Para todas essas situaes desafiadoras, foram delineadas estratgias e metodologias
alternativas para que esta anlise fosse o mais participada e completa possvel.
Outra das grandes questes a apontar passa por esta avaliao ter um perodo de tempo muito curto para
ser executada, o que poder ter afetado alguns procedimentos e possivelmente resultados, uma vez que
no houve o tempo ideal e desejado para maturar com todos os stakeholders alguns itens. Consideramos,
ainda, pertinente referir que no futuro e para se melhorar esta anlise, seria fundamental incluir os stakeholders
que no foram includos. Esta seria sem dvida uma forma de enriquecer os resultados.
De salientar ainda que a participao neste programa de aprendizagem e mentoria, dotou a equipa tcnica
de valiosas ferramentas que permitira que outras avaliaes sejam feitas. Foi uma experincia que embora
esgotante e exigente se espelhou como algo muito pertinente e vantajoso.
235
MOS OBRA - Fisoot
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
WHOQOL Group (1994). Development of the WHOQOL: Rationale and current status. International Journal of
Mental Health, 23(3), 24-56.
236
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/nos O que vo eles Valor Atividades em Descrio Indicador Quantidade Durao Comeo* Aproximao Financeira (AF) Valor Atribuio I Deslocao Atribuio Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
afeta? investir? nmeros (QT) II
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? Que preo atribumos mudana? (anual, por Ano 0 Ano 1 Ano 2
pessoa)
EQUIPA TCNICA Conhecimento, 0.00 7 atividades Realizao profissional Interaes com outras instituies / 3 2.5 1 Diferencial entre salrio mdio nacional e 7,200.00 50% 0% 13% 25% 8,775.00 8,775.00 8,775.00 6,581.25
tempo Experincia o valor mdio atribuido a um salrio que
alcanasse a realizao profissional
Potencializao esprito de Estratgias de coping / prticas 4.2 1.75 1 Custo de um pacotes de atividades de 180.00 50% 0% 19% 25% 307.13 307.13 307.13 230.34
equipa instituicionais teambuilding (15 uma vez por ms)
VOLUNTRIOS Conhecimento, 5,714.00 2 atividades Realizao pessoal Nmero de horas de ocupao do 2.56 2.00 1 Diferencial entre salrio mdio nacional e 1,200.00 50% 0% 31% 25% 1,059.84 1,059.84 1,059.84 794.88
tempo tempo livre/Bem-estar o valor atribuido a um salrio que
alcanasse a realizao pessoal
Maior probabilidade de Aumento da rede de contactos/ 2.76 2.00 1 Curso para aumentar o nvel de 1,080.00 50% 0% 31% 25% 1,028.38 1,028.38 1,028.38 771.28
obter emprego experincia profissional empregabilidade (90 por ms)
BENEFICIRIOS Tempo 7,788.00 5 atividades Empregabilidade Procura ativa de emprego / 33.86 1.24 1 Workshop de tcnicas de procura ativa de 900.00 25% 0% 46% 50% 12,296.26 12,296.26 12,296.26 6,148.13
Esperana e alento emprego e formao em construo de
currculo (75 por ms)
Sentimento de Segurana Maior rede de suporte / Aumento 38.88 1.24 1 Consultas de Psicologia (2 vezes por ms 1,200.00 25% 0% 19% 50% 28,336.52 28,336.52 28,336.52 14,168.26
da auto-estima 100 )
Despertar para a Proximidade / Mais predisposio 50.52 2.25 1 Formao para a cidadania ativa (64 4 256.00 25% 0% 11% 25% 8,593.09 8,593.09 8,593.09 6,444.82
conscincia cvica para ajudar os outros vezes por ano)
FAMLIAS - Tempo 1,443.00 1 atividade Qualidade do clima Diminuio de conflitos / Maior 68.85 2.00 1 Terapia familiar uma vezes por ms (50) 600.00 25% 0% 20% 50% 24,826.28 24,826.28 24,826.28 12,413.14
BENEFICIRIOS relacional sentimento de apoio
Mais expectativas de Equilibrio econmico / Poder 36.9 2 1 Curso de gesto de economia familiar (4 400.00 25% 0% 19% 50% 8,966.70 8,966.70 8,966.70 4,483.35
melhorar a qualidade de econmico vezes por ano - 100)
vida
FINANCIADORES 43,469.00 0.00 0.00 0.00 0.00
MES DE
SUCESSO
Associao Rarssimas
238
MES DE SUCESSO - Rarssimas
0. SUMRIO EXECUTIVO
A Rarssimas procura responder s necessidades sentidas por doentes e famlias afetados por doena rara. O
projeto Mes de Sucesso consiste num programa de coaching e mentoring para mes de doentes portadores
de patologia rara, em quadro de vulnerabilidade. A interveno centra-se na promoo da melhoria da
qualidade de vida (integrando as diferentes dimenses das suas vidas), pela promoo de programa
individualizado de interveno (valorizao pessoal, profissional, reduo do isolamento; sade mental), ao
longo de um ano.
A presente anlise SROI pretende avaliar o custo-benefcio (a um ano, com projeo aos dois posteriores) do
projeto Mes de Sucesso. No fazendo sentido intervir margem do contexto de vida das mes, h um
conjunto de outros grupos envolvidos na anlise (doentes, famlias, rede social de suporte, entidades
empregadoras, outras ONGs, mecenas, outras mes de portadores de doena rara,...).
Da aplicao da metodologia SROI resultou um rcio que indica que por cada euro investido no projeto,
haver um retorno avaliado em 4,11 . Os benefcios totais apurados aps um ano de projeto so de cerca de
85.000. Considerando o impacto no perodo total em anlise - e atenta a diluio do efeito ao longo do
tempo - obtem-se um valor de 226.169,7.
Famlias e entidades empregadoras so quem mais beneficia com o projeto, que parece responder mais
eficazmente a stakeholders no prioritrios: as beneficirias centrais no processo dificilmente reconhecem a
ocorrncia de mudanas favorveis.
Na anlise de sensibilidade, esboaram-se cenrios otimista e pessimista, sendo necessria uma aplicao
agressiva de oito parmetros crticos para levar o rcio a um patamar mnimo, o que parece revelar
consistncia e solidez do modelo de interveno.
239
MES DE SUCESSO - Rarssimas
1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
A Rarssimas uma Associao de Doentes, constituda como IPSS e com estatuto de utilidade pblica, que
atua nas reas da sade, ao social, formao, investigao e cooperao. A sua missoapoiar doentes,
famlias e amigos de sempre e de agora que convivem de perto com as doenas rarasconfirma a
centralidade do doente e da famlia enquanto focos primordiais da instituio.
No obstante a heterogeneidade patente no universo das doenas raras, o disease burden inerente , em
regra, de enorme exigncia para as famlias. A maioria das doenas raras tem uma expresso clnica
incapacitante, associando multideficincia (deficincia motora, sensorial ou intelectual), assim como um
prognstico, em geral, desfavorvel. Por conseguinte, estas famlias encontram-se muitas vezes numa
condio de vulnerabilidade acrescida nas dimenses relacional, profissional e financeira.
Deste modo, urge prestar o apoio necessrio a estas famlias, auxiliando-as na (re)construo de um projeto
de vida, com expetativas reais de uma melhoria da sua qualidade de vida. Atendendo ao seu papel central no
sistema familiar, as mes sero o alvo desta interveno, no mbito da qual sero acompanhadas por outras
mes que, pelo seu percurso, se encontrem hoje numa posio percebida como de sucesso.
Este projeto prope-se desenvolver um programa de valorizao pessoal e profissional de 12 mes, ao longo
do perodo de um ano (com projeo a 2 anos aps interveno). Para melhor adequar a interveno a cada
me, o projeto prope-se avaliar a necessidade de implementao de um programa de acompanhamento
psicolgico e de reintegrao/ ajustamento profissional.
A promoo de uma avaliao preditiva, no caso a anlise SROI, permitir demonstrar a pertinncia da
interveno junto das diferentes tutelas e stakeholders. No ps-projeto, j numa perspetiva avaliativa, ser
possvel construir evidncia a apresentar tambm comunidade.
240
MES DE SUCESSO - Rarssimas
1.2. STAKEHOLDERS
A identificao dos stakeholders relevantes, na definio do papel e a deciso sobre a sua incluso ou no no
processo de anlise revelou-se um exerccio de reflexo.
A problemtica central do projeto tambm ela complexa, havendo inmeras relaes em diferentes
sentidos e esperando-se, portanto, que as mudanas ocorram em cascata, sendo difcil estabelecer fronteiras
entre grupos.
Os Peritosrgos consultivos da instituio, com peritos nos diferentes domnios cientficos (Conselho
Cientfico). A participao no projeto permitir a aquisio e/ou consolidao de conhecimentos, pela
produo de evidncia..
Os Responsveisequipa tcnica da entidade promotora envolvida nalguma das atividades. De igual modo
os mecenas, que contribuiro diretamente para o desenvolvimento do projeto, com doaes materiais e/ou
em tempo. As mes de outros doentes portadores de doena rara, que sero mentoras das mes que
integrem o programa (mes beneficirias) em regime de voluntariado. As mudanas mais significativas
centrar-se-o na promoo de uma cultura de cidadania, responsabilidade social e na capitalizao das
experincias pessoais e profissionais.
Um grupo cuja definio e deciso sobre a excluso que mereceu cuidado particular foi o dos Influentes, no
qual se incluiriam entidades representantes das diferentes tutelas da instituio, a saber: Ministrio da Sade
e Ministrio da Solidariedade, Emprego e Segurana Social. Refletindo sobre a materialidade, concluiu-se que
as mudanas produzidas com afetao direta no seriam, nesta fase, suficientemente relevantes para
conduzir mudana esperada.
241
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Mes Beneficirias Sim A sua experincia dar evidncia da relevncia do projeto, dos
resultados e do impacto da interveno.
Portadores de Doena Rara Sim Veculo de demonstrao da viabilidade de uma opo para as
mes.
(Filhos)
Restantes elementos do ncleo Sim Analise dos tipos de comportamento das pessoas de retaguarda
familiar/agregado familiar familiar dos cuidadores de portadores de Doena Rara nas diferentes
atividades que consubstanciam a rotina das mes e doentes.
Rede social de suporte Sim Fundamentais para a criao de uma alternativa real, de um espao
para que as mes possam transferir parte do tempo em que assumem
os cuidados de forma direta, para terceiros.
Promotor do projeto Sim Fomento de uma cultura profissional alinhada com a misso e viso da
instituio; Aprofundamento da consciencializao sobre a
problemtica de uma forma transversal; Posio marcada de
empreendedor social. Promotor e facilitador de recursos materiais para
o desenvolvimento das atividades do projeto e respetiva pela
coordenao.
Mes de portadores de patologia Sim Exerccio do princpio de solidariedade; Capitalizao da sua histria de
rara (mentoras) vida. Papel fundamental de mentoria e acompanhamento de
proximidade.
Entidades das tutelas No Mudanas em n pouco significativo numa fase piloto, insuficientes
para a produo das mudanas pretendidas, numa fase inicial.
242
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Relativamente aos diferentes pblicos-alvo e stakeholders, cumpre clarificar a opo por uma amostra de
convenincia. Na ausncia de dados estatsticos que dimensionem/caracterizem o universo da populao de
mes de portadores de doena rara, escolhemos as duas unidades de maior expresso na prestao de
servios aos Portadores de Doena Rara, a instituio Casa dos Marcos (Moita, Pennsula de Setbal) e
Centro Rarssimo da Maia (Maia, Grande Porto). Estas assumiro a seleo e o acompanhamento de 6 mes
beneficirias cada, a integrar o projeto pelo perodo de 1 ano.
Nesta iniciativa, no se pode tomar a amostra como representativa do universo, embora haja o cuidado de
selecionar as participantes considerando diferentes critrios (fragilidade da situao financeira; depresso e/
ou burnout; abandono de percurso formativo e manifesta vontade de o retomar; desemprego involuntrio;
abandono da atividade profissional; isolamento acentuado;.).
Naturalmente, ser necessrio efetivar um diagnstico que permita o desenho do modelo de envolvimento e
interveno, apoiado em questionrio e entrevistas estruturadas (conduzidas por psiclogo/tcnico servio
social e elemento da Direo). Idealmente, deveria selecionar-se um grupo mais alargado e definir a
participao em funo dos resultados do diagnstico, Todavia, cr-se que a criao de expetativas numa
populao to fragilizada colocaria questes ticas sensveis. Assim, a cada deciso de no participao,
sero contactadas novas mes.
A seleo das famlias decorrer, no futuro, da escolha das mes. Nesta fase piloto,e atendendo s limitaes
da amostra, optou-se por no condicionar a escolha dos elementos pertencentes ao agregado familiar e rede
social de suporte correspondncia direta com as mes participantes nesta primeira abordagem, procurando
garantir uma maior diversidade de quadros sociais em anlise (representatividade). Prev-se, para os restantes
elementos do agregado familiar (em mdia dois, acrescendo o filho raro2), alvo da aplicao de questionrio
e participao em grupo focals..
2 Perfil do doente para desenvolvimentoDoente sem afetao cognitiva, capaz de responder autonomamente
243
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Amostra
Amostra
Amostra
Questionrio
Amostra
244
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Amostra
Questionrios.
Amostra
1 ONGs atravs de questionrio com questes abertas e posteriormente na realizao do grupo focal,
Amostra
Mecenas Universo
Participao em sesses de sensibilizao e informao; Reunio com equipa do projeto. Encontros com
mes (> 12 empresas, com um mnimo de 3 momentos de participao36 momentos)
Amostra
Entidades das tutelas Convite para sesso de apresentao de resultados; Envio de Relatrio Final
(agncias pblicas)
245
MES DE SUCESSO - Rarssimas
2. RECURSOS E ATIVIDADES
A identificao das atividades e dos recursos, atendendo ao carter prospetivo da presente avaliao, exige
um grau de criatividade que teremos que ir aferindo ao longo do processo, no sentido de controlarmos o
risco do desvio face ao que confirmaremos em contexto de execuo do projeto.
2.1. INVESTIMENTOS
Encontrando-se o projeto numa fase embrionria (ainda sem execuo), em que no possumos uma
descrio detalhada das atividades, tommos como referencial de partida as mudanas expectveis para os
diferentes stakeholders. Assim, foi possvel identificar atividades-macro que permitiram chegar determinao
de resultados.
No estando ainda identificadas as entidades que integraro os grupos dos mecenas, da rede social de
suporte, outras ONGs e entidades parceiras, identificaram-se pressupostos base que permitissem uma
primeira aproximao. Assim, o racional que presidiu definio do investimento identificado foi o da
indicao do valor correspondente ao tempo e/ou bens/servios para alcanar a mudana. No caso dos
mecenase desconhecendo as exigncias dos programas individuais de intervenoestimou-se um valor
mdio de investimento de 2500 por participante/ano (num total de 30000), considerando a possibilidade
de haver a necessidade de assumir o pagamento de programas de formao, valorizao de imagem,
acompanhamento teraputico, deslocaes e atividades de lazer.
246
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Filhos (doentes) Tempo (com cuidador(es) substituindo a me) (624 horas/ano/doente (12 0
doentes))
Restantes elementos do ncleo Tempo (dedicado a tarefas habitualmente assumidas pela me) (416 horas/ 0
familiar/agregado familiar ano/agregado (12 agregados))
Entidade empregadora (atual Tempo; Dinheiro (flexibilidade do regime horrio; investimento na facilitao 0
ou futura) de meios para o teletrabalho, etc)
Mecenas Tempo, Gnero e Dinheiro (oferta de servios e produtos para valorizao da 30.000
imagem; bolsas de estudo; a
(empresas que apoiaro a
realizao das atividades) poio financeiro para criao de um fundo de apoio ao Programa de
Valorizao das Mes) (2.500/participante/ano)
Promotor do projeto (equipas Tempo (Mnimo de 156 horas/ano/participante; Avaliao inicial 36h (3 24.945,61
Rarssimas) entrevistas/me); 1 reunio semanal de equipa para follow up (52 hcom 7
colaboradores/reunio); Conduo de 4 grupo focals (12 horas, com 2
colaboradores); 1364 hTratamento e anlse de dados (1 estagirio a tempo
integral, durante 9 meses)
247
MES DE SUCESSO - Rarssimas
2.2. RESULTADOS
STAKEHOLDERS RESULTADOS
Mes de portadores de patologia rara 2 sesses de diagnstico; 3 sesses semanais de acompanhamento tcnico; 2 sesses
(participantes no programa) de mentoring/ms; sesses formativas a definir caso a caso
Restantes elementos do ncleo familiar/ Desempenho em 1/2 dia por semana de tarefas habitualmente atribudas me
agregado familiar
Rede social de suporte (pessoas e Disponibilizao de servios de cuidados 1/2 dia por semana (por utente), ao longo de
entidades) um ano
Entidade empregadora (atual ou futura) Flexibilizao das condies de trabalho (regime horrio; cedncia de condies
tcnicas para o teletrabalho;...)
Mecenas (empresas que apoiaro a Assinatura do compromisso de patrocnio (total ou parcial) do plano de interveno
realizao das atividades) individual das mes
Mes de portadores de patologia rara 4 horas de disponibilidade semanal (mdia) para preparao/realizao de 1 sesso de
(mentoras) mentoria de 15 em 15 dias
248
MES DE SUCESSO - Rarssimas
3. TEORIA DA MUDANA
A identificao das mudanas provveis resultado de um exerccio de especulao e de algumas
referncias encontradas na literatura, embora tida como representativa e referente a um universo mais
alargado, o da deficincia e/ou da doena crnica, devido escassez de produo escrita no que se refere
investigao social aplicada na esfera das doenas raras.
O desenho de um modelo que apresentasse as mudanas desejveis ao longo do projeto para cada
stakeholder evidenciou conflitos de interesse latentes entre diferentes grupos envolvidos, o que permitiu
discutir vises distintas de um mesmo problema/situao.
A categorizao das mudanas curto, mdio e longo prazos difcil, uma vez que estas podem situar-se
em qualquer um dos espaos do tempo. Frequentemente tm carter precedente, percorrendo toda uma
linha de continuidade que pressupe fases sequenciais.
MES (BENEFICIRIAS)
De acordo com o Rare Diseases Impact Report4 As doenas raras tm um impacto emocional nos doentes e
nos cuidadores, principalmente para aqueles cujas esperanas de tratamento so mnimas. No relatrio so
apresentados dados sobre a condio emocional e relacional , considerados os contextos familiar e social5.
A sobrecarga pode acarretar problemas fsicos, psicolgicos, emocionais, sociais e financeiros, que acabam
por afetar o bem-estar do doente e cuidador6.
Nunca mais tive coragem de ter outro filho () fiquei muito revoltada, e aos 22 anos
complicado D., me.
A qualidade de vida pode ser avaliada por diversas variveis, em funo da educao; da formao; da
atividade profissional; das competncias adquiridas; da resilincia pessoal; do otimismo; das necessidades
pessoais e a sade.
Qualquer doena sempre uma situao de crise, um momento de stress, que produz efeitos no doente e
famlia. O cuidador sofre, mas entrega-se e desgasta-se na arte do cuidar. E, inevitavelmente, ocorre a
desestruturao da sua vida7.
Quando foi o primeiro, prontos! O segundo oh meu Deus! E o Terceiro eu no aceitei () est
ultima foi muito muito difcil aceitar, e ela prpria tambm custa!
A., me.
Para estas mes, cuidar dos seus filhos mais do que um ato, representa uma atitude de ocupao, de
preocupao, de responsabilizao e de envolvimento total. Como relembra a Me L esqueci-me, to
frustrante que eu nem me lembro. Um dia fiz a reflexo do que fiz dos 30 aos 40 anos e acreditam que eu no
me lembro?! A vida escorrega pelas mos () ainda hoje quando ouo uma ambulncia, reajo.
4 (Shire, 2013.)
5 Assim: Cuidadores de doentes com doenas raras sentem preocupaes e sentimentos de Depresso (72% nos EUA, 65% no Reino Unido); Ansiedade e stresse (89% nos
EUA, 88% no Reino Unido); Isolamento de amigos/ familiares (64% nos EUA; 54% no Reino Unido); Menos interao com amigos/ familiares (55% nos EUA, 45% no Reino
Unido); preocupao com base em perspetivas futuras da doena (97 % nos EUA, 94% no Reino Unido); Preocupao com base na falta de informao disponvel sobre a
doena (87% nos EUA de 84% no Reino Unido)
6 (George & Gwyther, 1986, citado por Martins, Ribeiro & Garrett, 200.
7 (Rocha Vieira & Sena, 200
249
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Saber cuidar implica aprender a cuidar de si e do outro, tendo sempre noo da nossa realidade,
possibilidades e limitaes8, infelizmente, a perceo que nos foi transmitida pela me beneficirias a de
que elas prprias esquecem-se de si como mulheres. Esta foi uma das grandes dificuldades no levantamento
de informao atravs dos questionrios.
Por sua vez, estas mes esto conscientes da realidade, das suas possibilidades e limitaes.
Temos muitos entraves a nvel estatal; custos so elevados, material muito caro.
C., me.
A perceo de qualidade de vida destas mes passa pelo prprio bem-estar dos filhos, a minha qualidade
de vida muito melhor desde a entrada do meu filho na Casa dos Marcos. Agora tenho os ascendentes
para cuidar (Me L), definindo a sua qualidade de vida como aquilo que posso ir fazendo dia a dia para
tentar estar tranquila e fazer os outros felizes.
A teoria da mudana desenvolvida para este grupo parte de um processo de tomada de conscincia,
seguindo-se as fases de desenvolvimento pessoal (aumento da auto-estima), processo a partir do qual ser
possvel iniciar todos os outros.
Este o exemplo de uma mudana que percorre todo o ciclo de avaliao de projeto e que produzir
resultados em cada uma das fases conducentes, no conjunto, a uma alterao que se quer estrutural na vida
das participantes. Assim, o acompanhamento tcnico e as sesses de mentoria produziro efeitos imediatos,
proporcionando uma minimizao da condio de isolamento, pela interao necessria com um novo
conjunto de indivduos, num novo espao, que obrigar a uma alterao de rotina e deslocao regular a um
ou mais novos espaos.
Podemos identificar ainda um conjunto de mudanas no previsto ou indesejvel, que a equipa procurar
controlar, tal como, desistncia do Programa, a fraca colaborao dos restantes elementos do agregado
familiar, inflexibilidade da entidade empregadora (quando existir), provocando um descontentamento
acrescido e limitando a viabilidade da ltima mudana: melhoria da qualidade de vida.
Mes
beneficirias
Aumento do Aumento do
Aumento da Melhoria do estado Aumento da
Reduo do investimento no investimento no
auto-estima de sade mental autonomia
isolamento (C, M, L) desenvolvimento desenvolvimento
(C, M, L) (C, M, L) (M, L)
pessoal (C, M) profissional (M, L)
Auto percepo
de melhoria da
qualidade de vida (M, L)
250
MES DE SUCESSO - Rarssimas
FILHOS (DOENTES)
A mudana a promover nos doentes est intimamente ligada ao sucesso da mudana nas mes. A existncia
de tempo para dedicao ao projeto pressupe a garantia de respostas para que os filhos possam beneficiar
de cuidados de qualidade e segurana, de modo a que as mes consigam focar-se no seu desenvolvimento
pessoal.
O nascimento de uma criana deficiente ou o diagnstico de uma doena rara e/ou crnica a um filho afeta a
organizao estrutural do sistema familiar9. A incapacidade e dependncia funcional, frequentemente
associadas condio clnica, exigem o reconhecimento de um cuidador principal, quase sempre a me,
parecendo existir uma correlao positiva entre o grau de dependncia e a sobrecarga do cuidador principal.
Por outro lado, a noo de bem-estar e qualidade de vida do doente portador de deficincia ou doena rara
torna-se indissocivel das suas competncias e autonomia funcional.
Tenho de estar sempre acompanhada (...) Gostava de continuar os estudos, ir para a faculdade e
tirar a carta de conduo
N., doente.
9 (Alarco, 200
Reduo do
isolamento
(C, M, L)
Diversificao
de experincias e Melhoria da
Doentes aumento da qualidade de
estimulao vida (M, L)
(C, M)
Aumento da
autonomia e
capacitao
(C, M, L)
251
MES DE SUCESSO - Rarssimas
A famlia constitui o grupo primrio bsico de apoio e que tem o papel mais relevante no cuidado a longo
prazo, bem como de suporte ao cuidador principal10. Cada famlia tem as suas normas que no se restringem
a uma determinao social ou econmica, mas ao desempenho dos seus papis decorrentes das inter-
relaes e da intensidade da necessidade do cuidado11 .
Neri e Carvalho (2002, cit. por Sequeira, 2010) fazem a distino entre o cuidador principal (a quem
depositada a responsabilidade pela prestao de cuidados) e o cuidador secundrio (algum que ajuda na
prestao de cuidados de forma ocasional/regular, mas no tem a responsabilidade de cuidar). Este ltimo
cuidador habitualmente so os familiares. Esta ajuda pode ser ao nvel da prestao direta de cuidados ou a
outro nvel, como o econmicos, o apoio em atividades de lazer, o apoio em atividades sociais, etc. Este
cuidador pode substituir o cuidador principal nas suas ausncias ou em situaes de emergncia12.
Os familiares que esto prximos vivem verdadeiramente o dia a dia e no ajudam mais, porque o cuidador
principal no permite, tal como refere o Familiar F Ansiedade de saber qual a doena, de saber que no
curvel, ansiedade de no conseguir gerir as situaes, o dinheiro () daquelas coisas que difcil de
explicar e a Me Ctem um irmo mais velho, mas ele no tem obrigao de cuidar dele.
Cr-se que uma interveno adequada e atempada permitir apoiar eficazmente as famlias, minimizando a
carga sobre as mes permitindo, no imediato, a participao dos restantes membros do ncleo familiar nas
tarefas dirias, dando-lhes a oportunidade de adquirirem novas competncias, promover a partilha de
responsabilidade entre os elementos da famlia, o alargamento da sua rede de contactos, a melhoria da sua
sade e bem-estar, com o objetivo de atingir a mudana final esperado: melhoria da qualidade de vida.
10 (Sequeira, 2010)
11 (Aneshensel e col., 1997., cit.ado por Sequeira, 2010)
12 (Penrod, Kane, Kane e Finche, 1995; Neri e Carvalho, 2002., citado. por Sequeira, 2010)
Promoo da
incluso social Promoo de
do portador Melhoria do estado momentos de lazer
de doena rara de sade mental e partilha em
(C, M, L) (C, M, L) famlia
(M, L)
Novas Reduo do
aprendizagens isolamento
(C, M) (C, M, L)
252
MES DE SUCESSO - Rarssimas
A literatura descreve como relevante para o bem-estar dos trabalhadores o reconhecimento das
particularidades do seu quadro de vida pessoal, como a adoo de medidas favorveis conciliao das
vidas profissional e familiar produz resultados no aumento da satisfao e motivao para o desempenho
das suas atribuies.
Aumento da
Aumento da
Aumento da participao em Aumento da
satisfao dos
coscincia social modelos de motivao
colaboradores
(C, M) contratao (M, L)
(M, L)
win-win (M, L)
Entidades Aumento da
empregadoras produtividade
(M, L)
MES (MENTORAS)
As mes mentoras surgem na teoria da mudana como as grandes promotoras da mesma, oferecendo o seu
know-how para a materializao do projeto. No entanto, tambm elas so beneficirias de mudanas
previstas.
Materializao da
misso em pblico-alvo
prioritrio (C, M)
253
MES DE SUCESSO - Rarssimas
4. PROVAS E VALOR
4.1. INDICADORES (QUANTIDADE)
A escolha dos indicadores e das respetivas escalas de medidas compreendeu um percurso que teve incio
numa pesquisa de indicadores de medida de sobrecarga do cuidador e aferio do conceito de qualidade de
vida numa abordagem lata a da doena crnica e a de um estado de equilbrio remetendo para conceito
holstico de sade/bem-estar. Assim, houve uma primeira fase de identificao de medidas validadas para a
populao portuguesa, mas que rapidamente se revelaram de difcil aplicao, dado o intervalo temporal
disponvel para a respetiva execuo13 14 15 16 17.
Optou-se pelo recurso a escalas de Likert, colocando as questes em dois momentos, conduzindo o leitor a
posicionar-se no momento que precede o incio das atividades do projeto e a induzir a projeo da sua
posio no final do programa de interveno (T0 e T1, respetivamente) aferindo assim a distncia percorrida
entre aqueles dois pontos (DP expressa percentualmente).
A metodologia para a recolha de dados centrou-se no desenho e aplicao de questionrios, com a definio
de questes (indicadores) mais inteligveis para os respondentes e mais prximos das suas vivncias
concretas.
13 BSI 18 Inventrio de Sintomas Psicopatolgicos (L. Derogatis, 2000, adaptado por Maria Cristina Canavarro, 200
14 Questionrio sobre Qualidade de Vida verso abreviada da OMS (Adaptado por Canavarro et al, 200
15 Escala de Sobrecarga do Cuidador (Sequeira, 2010)
16 Classificao Internacional da Funcionalidade (OMS, adaptada pela Direo-Geral da Sade)
17 Experincias em Relaes Prximas Estruturas Relacionais [ERP-ER] (Fraley, Heffernan, Vicary, & Brumbaugh, 2011, adaptado por Fraley, Heffernan, Vicary, &
Brumbaugh, 2011)
254
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Auto-eficcia profissional;
Perceo da qualidade do produto/servio;
255
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Numa primeira anlise, destaca-se a dificuldade de obter a informao partilhada em sede de grupo focal e a
dificuldade dos respondentes se colocarem em diferentes momentos no tempo, particularmente no que diz
respeito ao futuro. Assumindo que se tratava de um problema de desenho do instrumento, houve lugar a
duas reformulaes, constatando-se inalteradas as dificuldades apresentadas inicialmente.
Refletindo sobre os respondentes que evidenciaram idntico padro de informao (mes beneficirias,
doentes e famlias), conclui-se sobre o vis criado pelo prprio quadro de vida. Note-se que temos mes
cujos filhos superaram j a esperana mdia de vida indicada pelas equipas clnicas, que desconhecem outro
doente com a mesma patologia numa idade superior do seu filho(a); que se confrontaram, ao longo das
suas vidas, com dificuldades e inexistncia de programas de apoio; no caso dos doentes que integram a
amostra (sem dfice cognitivo), temos portadores de doenas degenerativas, em que o futuro numa condio
de maior dificuldade uma certeza, dado o conhecimento sobre o curso natural da doena e o confronto,
desde o diagnstico, com a experincia de perda progressiva de competncias e agravamento dos sintomas.
Justifica-se, assim, a incapacidade para uma projeo de acontecimentos positivos no futuro. Embora nas
famlias haja alguma variao nas respostas (o que permite o apuramento de uma distncia percorrida (DP)
mais elevada, os quadros de depresso/exausto que marcam alguns dos participantes impedem que rcios
mais realistas sejam obtidos.
Importa referir que nos casos em que h recurso a mais do que um indicador, se atribuiu um peso semelhante
a todos, pelo que o valor final a sua mdia aritmtica.
Importa frisar que se tomaram como representativas do universo dos doentes as respostas de um perfil tipo:
portador de doena rara diagnosticada; sem afetao cognitiva; capacidade para interpretao autnoma
(questes e contexto). A necessidade de construir instrumentos adaptados para hetero-aplicao (doentes
com dfice cognitivo associado) tornou-se invivel no horizonte temporal disponvel. Aqui, as questes ticas
seriam tambm de maior complexidade. Cr-se que a incluso deste grupo incrementaria a quantidade..
O desenho da Teoria da Mudana para este stakeholder compreendia um conjunto de mudanas abstratas de
difcil aferio direta. Embora se tenha procurado balancear os questionrios, de modo a enriquecer a anlise,
fica a perceo de que h necessidade de detalhar, aprofundar e que a concretizao da perspetiva sobre um
momento futuro um exerccio difcil.
256
MES DE SUCESSO - Rarssimas
ENTIDADES EMPREGADORAS: 2
Os indicadoras so muito genricos quando no h a sinalizao de uma populao de base bem caraterizada.
A amostra reduzida, configurando um espetro de respostas pouco diversificado e uma limitao na aferio
da adequao dos indicadores.
As mulheres participantes atingiram um estado de equilbrio e paz/satisfao com o seu quadro de vida que
as posiciona num ponto de partida de extremo otimismo, o que limita a quantidade de mudana
perspetivada. Julga-se que no conhecimento do universo concreto de aplicao pudssemos obter rcios de
maior incremento da mudana.
4.2. DURAO
Entende-se por durao o perodo temporal (medido em anos) ao longo do qual os efeitos da interveno se
fazem sentir.
Conforme ocorreu com a quantidade de mudana, cr-se que tambm aqui h uma perceo da permanncia
da mudana pouco otimista, pelo prprio quadro de doena que envolve os participantes (mes, doentes e
famlias).
257
MES DE SUCESSO - Rarssimas
No caso das mes beneficirias, a mudana final a melhoria da qualidade de vida.. Decidiu-se pela
construo de um pack de servios que respondessem s necessidades de interveno em cada um dos
domnios:
A sade mental um aspeto crucial no bem-estar dos cuidadores, que frequentemente apresentam quadros
de depresso e exausto. Assumiu-se o valor para um acompanhamento teraputico (psicologia; psicoterapia)
semanal, com custo anual de 270019.
Para os doentes, e considerando tambm a definio de um conjunto de servios, tem-se um valor de 1400,
apurado em funo do somatrio da frequncia de aulas de natao adaptada20 (425/ano), participao em
campos de frias (Natal, Pscoa e Vero, com valor mdio de participao de 175) e o valor da carta de
258
MES DE SUCESSO - Rarssimas
conduo21 (450), fator promotor de autonomia, verbalizado por uma doente (grupo focal).
Para as famlias procurou-se uma AF que medisse a disponibilidade para pagar pela reduo da sobrecarga,
por parte do cuidador. Optou-se pelo indicador Alzheimers Disease- caregivers willingness to pay for a reduction
in the burden relating to the disease (mean household wealth)22, disponvel na base do Global Value Exchange.
Procedeu converso da moeda, da paridade do poder de compra23 e correo do valor para a data atual
pela taxa de inflao24
No caso das entidades empregadoras, partiu-se de um exemplo real, de criao de uma unidade para apoio
social a colaboradores, assumida pelo Grupo Caixa Geral de Depsitos25. Estimou-se o custo de replicao da
inciativa pelo apuramento do valor de contratao de um tcnico superior de servios social durante um ano
(vencimento base de 1000 acrescido dos benefcios e encargos sociais).
Para as mes mentoras e atendendo ao papel particular que esperado aquando da operacionalizao do
projeto apurou-se o custo mdio de uma formao e certificao de coaching. O valor de 1651 resultou da
mdia aritmtica da consulta a uma srie de ofertas no mercado26.
21 http://x-pto.com/precos/; https://pt-pt.facebook.com/escolacidadedobarreiro
22 http://www.globalvaluexchange.org/valuations/alzheimers-disease-caregivers-willingness-to-pay-for-a-reduction-in-the-burden-relating-to-the-disease-%28mean-
household-wealth%29/
23 De acordo com a informao disponvel em: http://ec.europa.eu/eurostat/web/purchasing-power-parities/statistics-illustrated
24 Utilizando a ferramenta disponvel em http://www.pordata.pt/portugal
25 Silva (201
26 http://www.mindcoach.pt/certificacoes.php?id=46; http://www.portaldoser.com/id18.html; http://www.worldcoaching.com/; http://escoladecoaching.com/site/
certificacao-internacional/; http://nlpc-incta.com/cursos_type/fundamental-coaching-skills-2/; http://www.spcoaching.pt/#!certificao-coaching/cb94
259
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Para cada mudana, em cada stakeholder, foi estabelecido um valor econmico. Foram realizadas vrias
aproximaes financeiras. Sero comentadas estimativas de compensao, que se complementam com a
taxa de reduo, atribuio I e II e deslocao.
5.1. ATRIBUIO I
5.2 ATRIBUIO II
260
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Resultado de discusso realizada com a participao de elementos das coordenaes tcnicas das valncias
sociais, equipa e representante de outra ONG (de doena especfica), decidiu-se que, nos casos das mes
beneficirias e dos doentes,a mudana atribuvel a terceiros seria reduzida, atendendo inexistncia de
respostas especficas, dirigidas, com a participao de pares,
Para os restantes grupos (famlias, mes mentoras e entidades empregadoras), seria reconhecido contributo
de outros aspetos que permitiriam a perceo de mudana para alm do contributo do projeto de uma forma
expressiva.
Para a determinao da reduo manteve-se a metodologia anterior. Aqui, estimaram-se as taxas de reduo,
segundo uma escala com um gradiente (em que 0% corresponde a inexistncia de reduo de impacto e
100% perda total do efeito aps o primeiro ano). Importa clarificar o racional que presidiu atribuio dos
valores de zero a mes beneficirias e famlias. Tratando-se de uma interveno que promove o equilbrio da
Sade Mental e o empowerment dos participantes nas diferentes dimenses das suas vidas, cr-se que os
efeitos da interveno no s no perdero o seu efeito, como provocaro alteraes estruturais na vida das
pessoas,que potenciaro os efeitos das mudanas identificadas, no longo prazo.
261
MES DE SUCESSO - Rarssimas
5.4. DESLOCAO
O mapa de impacto apresentou-se como objeto gerador de ansiedade, mas tambm espelho das reflexes e
decises, conduzindo a um valor final que indica que, por cada euro investido (1 ano), haver, de acordo com
os pressupostos enunciados, um retorno de 4,11. A equipa cr apresentar uma estimativa conservadora,
sobretudo pela dificuldade de apuramento de quantidades de mudana que se reconheam como realistas.
Importa referir que a identificao dos stakeholders, atividades e indicadores resultaram de processo de
discusso da equipa e da reflexo sobre a informao partilhada nos vrios momentos de recolha de dados.
Os indicadores foram criados pela equipa, tendo a tarefa sido precedida de trabalho de pesquisa/ reviso de
literatura que ser til em iniciativas futuras, com um calendrio mais alargado e, portanto, com a
possibilidade de diversificar a amostra e detalhar/aprofundar indicadores.
Partindo do valor apurado no mapa de impacto (4,11), esboaram-se dois cenrios alternativos: uma
projeo pessimista, na qual se procura testar a robustez do modelo, introduzindo fatores de perturbao
sucessivos ate que o ndice desa a um patamar de valor mnimo ou de inverso; uma alternativa otimista, em
que a manipulao dos pressupostos projetar um rcio de maior retorno.
A leitura da tabela abaixo permite constatar que se simularam alteraes assentes em diferentes variveis
crticas e dirigidas a diferentes stakeholders, procurando afetar o modelo naquelas que pareciam ser as suas
maiores fragilidades.
262
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Diminuir valor de 1 AF (stakeholder famlias, Reduo de 30% (calculo mais conservador do que a 2,47
disponibilidade para pagar pela reduo da sobrecarga) fonte utilizada)
Diminuio do valor de outra AF (mes beneficirias, Reduo de 30% (calculo mais conservador) 1,48
qualidade de vida)
Aumento da taxa de reduo da mudana aumento de Aumento de 50% da taxa de reduo 1,16
qualidade de vida para o stakeholder mes beneficiarias
Reduao do n de beneficirios mes (10) e famlias (20) Reduo do n final de beneficirios por fatores externos 0,99
at 1,00
Assim:
Face inexistncia de valor para a Atribuio I, aplicou-se um valor de 20% a cada um dos 5
stakeholders presentes no mapa de impacto, o que resultou numa descida imediato do rcio para
3,29;
Considerando o valor elevado (o mais elevado) da atribuio financeira escolhida para o stakeholder
Famlias, introduziu-se uma reduo de 30% do valor, resultando na reduo do SROI para 2,47;
Atendendo ao valor reduzido da Atribuio II na maioria dos stakeholders, incrementou-se o valor de
cada um destes em 10%, provocando um novo efeito de reduo, desta vez para 2,09;
A aproximao financeira adotada para as Mes Beneficirias resulta da composio de um cabaz de
servios que proporcionarem uma melhoria da qualidade de vida, nas suas diferentes dimenses e
que, somados, traduzem um valor de alguma expresso. Assim, imprimiu-se uma reduo de 30% , o
que implicou uma descida do rcio at ao valor de 1,57;
A quantidade de mudana registada no stakeholder Famlias a mais elevada em todo o Mapa de
Impacto. Simulou-se ento a reduo de um valor de 3 para um valor de 1, provocando uma perda de
valor e colocando o SROI num valor de 1,48;
A mudana ltima para as Famlias a Melhoria da Qualidade de Vida. Aqui,o exerccio incidiu sobre a
reduo da Quantidade de Mudana (em 20%), apurando-se um SROI de 1,25;
A taxa de reduo das Mes Beneficirias foi considerada nula por se prever que, ao ocorrerem
mudanas internas, estruturais, os efeitos do projeto ao longo do tempo no se diluam mas, pelo
contrrio, ao promoverem o empowerment deste grupo, potenciem mudanas maiores e mais
consistentes no longo prazo. Neste ponto, estimou-se uma reduo de 50%, o que opera uma
dimunio do rcio para um valor de 1,16;
Num ltimo teste, optou-se por manipular a dimensao da populao a intervencionar, reduzindo 12 a
10 mes e 24 elementos das famlias a 20, sem ajustar o investimento. Atingiu-se o ponto de viragem
com a produo de um rcio de 0,99.
263
MES DE SUCESSO - Rarssimas
relevante atentar no facto de se terem escolhido os pontos de maior sensibilidade do modelo, no intuito de
testar verdadeiramente a robustez do modelo.
Quanto ao cenrio otimista, procurou-se responder ao exerccio sem, contudo, criar cenrios irrealistas que
dificilmente pudessem concretizar-se.
Assim, e de acordo com o patente na tabela seguinte, optou-se por manter o mesmo nmero de parmetros
e intervir nas variveis que se afigurassem mais conservadoras.
77+11+921
REPARTIO DOS BENEFCIOS POR STAKEHOLDER (ano 0)
Famlias 66.118
Doentes 1.008
Diminuir a Taxa de reduo (stakeholder Entidades Empregadoras) Reduo de 25% face ao valor anterior 4,31
Aumento da atribuio financeira do stakholder Mes Mentoras Volunteering value to the volunteer 4,49
Reduo do valor de Atribuio II( Mes Mentoras) Reduo para 50% 4,69
Reduo da taxa de reduo da mudana aumento de qualidade de Reduo em 25% da taxa de reduo 4,88
vida para o stakeholder doentes
264
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Tem-se:
Aumentar a Quantidade de Mudana (DP) nas Mes Beneficirias em 30%, o que resulta numa
passagem do SROI de4,11 para 4,24;
Reduzir a Taxa de Reduo no stakeholder Entidades Empregadoras de 75% para 50%, o que traduz
uma passagem do rcio para 4,31;
O recurso a uma Atribuio Financeira alternativa Volunteering value for the volunteer 28no caso das
Mes Mentoras produziu um aumento que cifra o SROI em 4,49;
A reduo da Atribuio II no mesmo stakeholder para 50% coloca o rcio a 4,69;
O aumento da Quantidade de Mudana nos doentes em 30%, produz uma alterao muito ligeira -
4,70;
A Atribuio Financeira escolhida para os doentes possui uma valor modesto quando comparada com
uma alternativa de adoo por programa multidisciplinar de reabilitao. Se adotada, o valor sobre
para 4 ,83;
A reduo da Taxa de Reduo nos doentes para 25% opera uma alterao ficando o SROI em 4,88;
A reduo do valor de investimento em 20% produz uma ltima alterao mais significativa, obtendo-
se um SROI final de 5,47.
28 http://www.globalvaluexchange.org/valuations/volunteering-value-to-the-volunteer/
265
MES DE SUCESSO - Rarssimas
6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
A presente anlise SROI pretende estimar o impacto que o projeto Mes de Sucesso ter sobre os seus
beneficirios mais diretos - mes, doentes e famlias -, mas tambm nos stakeholders entidades empregadoras
e mes mentoras.
Nesta primeira anlise, os grupos que parecem mais beneficiar com a interveno so as famlias (77,8%) e as
entidades empregadoras (10,9%), cujos dados obtidos a partir de questionrio revelam ndices mais elevados
quer da distncia percorrida (quantidade de mudana), quer da respetiva durao ps projeto.
Observado o perodo total em anlise, tem-se a alterao da posio entre as entidades empregadoras (cuja
reduo se perspetiva mais significativa) e as mes beneficirias, cujo valor se defende que se mantenha, ou
que venha mesmo a revelar-se crescente, pelo processo de capacitao e empowerment entretanto produzido.
Como houve j oportunidade de explicitar, a condio de particular fragilidade emocional que atinge os que
se confrontam com a vivncia permanente com doena rara com quadro de elevado grau de incapacidade e
dependncia inviabilizam, em grande parte dos casos, o reconhecimento de um horizonte positivo. Assim, os
dois stakeholders mes beneficirias e doentes demonstram dificuldade em responder a questes que
remetam para um momento futuro e para um estado de melhoria da sua qualidade de vida. Todavia, quer a
literatura, quer a experincia j recolhida pelos profissionais da instituio que acompanham estes grupos
diariamente h cerca de 15 meses na Casa dos Marcos, quer pela sua integrao nas respostas sociais
existentes (Lar Residencial e Centro de Atividades Ocupacionais), confirmam a transformao das suas vidas
num sentido marcadamente positivo, revelando tambm a necessidade de um acompanhamento prximo e
de um trabalho de consciencializao, ainda muito incipiente, pela fraca capacidade de auto-perceo das
mudanas j ocorridas.
Nesta conformidade, julga-se poder declarar que o constrangimento destes dois grupos impe uma
limitao na anlise que lhe imprime conservadorismo, podendo uma anlise avaliativa vir a revelar um SROI
final muito mais otimista (que de 4,,11 no presente exerccio)..
O facto do projeto definir uma populao de interveno bastante reduzida (12 mes ao longo de um ano),
limita tambm uma amplificao de mudanas. Todavia - e semelhana de outras iniciativas da instituio,
como sejam as bolsas sociais ou o apadrinhamento de doentes -, espera-se que o projeto demonstre efeitos
de tal ordem positivos que permitam que venha a formar-se como atividade regular, de carter permanente,
com equipa e oramento prprio no futuro e exemplo de inovao social, ao determinar que as mes
beneficirias de hoje sejam, amanh, coaches, mentoras e/ou apoiantes de novas mes a selecionar para nova
definio de interveno, construindo uma rede solidria, socialmente consciente e responsvel que procure
intervir na criao de valor j experienciado na primeira pessoa.
Importa voltar a focar as trs grandes linhas de mudana identificadas no projeto e que so: a melhoria da
266
MES DE SUCESSO - Rarssimas
qualidadade de vida (para mes beneficirias, doentes e famlias, incluindo-se tambm aqui o stakeholder
mes mentoras); o aumento da produtividade (para entidades empregadoras) e ainda mudanas
organizacionais, tidas como alteraes de organizao interna, estrutura, conscincia, at mesmo de viso e
cultura ( para a rede social de suporte, outras organizaes da sociedade civil, conselho cientfico, mecenas e
promotor). A deciso de no levar ao Mapa de Impacto todos os intervenientes est ligada ao carter
prospetivo da anlise, numa condio muito particular que o facto do projeto se encontrar ainda numa fase
de conceo, no tendo calendrio deifnido para a sua implementao e inexistncia de iniciativas
semelhantes na mesma populao-alvo, que permitam prever com um grau de incerteza menor o que se
perspetiva seja os resultados e as mudanas geradas pelo projeto. No entanto, esta deciso em nada fere a
sua relevncia e absoluta imprescindibilidade da sua participao de um envolvimento profundo. A
intangibilidade das mudanas numa fase to embrionria, sem a possibilidade da garantia de uma anlise
triangulada (apoiada em vrias fontes) conduiziram deciso de remeter a sua integrao no mapa de
impacto para uma anlise aquando da operacionalizao do projeto. Nesta fase, estamos tambm em crer,
estaro reunidas condies para a participao de um stakeholder inicialmente identificado, mas
forosamente excludo - ,e que pressupunha a representao das entidades das tutelas (Ministrios da Sade
e da Solidariedade Social).
Observando o SROI apurado, com um valor final de 4,11 e a anlise de sensibilidade desenvolvida, de referir
que a criao do cenrio pessimista que levou o rcio at um valor de inverso (0,99), aplicou sucessivamente
alteraes de elevada agressividade em 8 parmetros crticos, que procuraram simular os cenrios mais
adversos em todas as linhas de anlise (atribuio I e II, aproximaes financeiras, durao, quantidade (DP),
taxa de reduo e dimensao da populao alvo), cuja probabilidade de se conjugarem e ocorrerem num
mesmo perodo de anlise se julga extremamente reduzida. Esta condio oferece solidez e fiabilidade ao
modelo e confirma a sua resilincia a perturbaes (externalidades ou outos fatores no previstos).
O cenrio otimista foi calculado com moderao e com facilidade se consegue elevar o rcio at um valor de
5,47, o que nos confirma a viabilidade de criao de benefcios mais marcados, o que consentneo com o
que foi sendo identificado ao longo de todo o processo de avaliao.
RECOMENDAES
Necessidade de resposta especializada, dedicada a cuidadores R I: Criar um espao de partilha, apoio e aconselhamento de
de portadores de doena rara (manifestada por representantes carter permanente.
dos stakeholders mes e famlias).
Elevado grau de abstrao na abordagem prospetiva de um R II: Confrontar a anlise prospetiva com uma abordagem
projeto ainda por iniciar limitam a anlise. avaliativa, no futuro, evidenciando novos pontos crticos, de
anlise e interveno.
Incapacidade dos stakeholders mes beneficirias e doentes em R III: Manuteno da defesa de uma poltica de interveno
perspetivar alteraes positivas no futuro. social centrada no apoio a doentes e cuidadores,
particularmente atenta sade emocional e mental.
267
MES DE SUCESSO - Rarssimas
Detalhar e aprofundar metodologias e instrumentos de colheita R VII: Recorrer tcnica de grupo focal com maior frequncia,
de dados. garantindo maior envolvimento e representatividade de todos
os stakeholders.
Perceo modesta da criao de valor pelos voluntrios. R XII: Identificar mecanismos auxiliares de compensao da
participao dos voluntrios, mantendo elevados nveis de
motivao e realizao, investindo na continuidade da ao.
268
MES DE SUCESSO - Rarssimas
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Alarco, M. (2006). (Des)equilbrios Familiares (3 Ed.). Coimbra: Quarteto.
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Rochal, M.P.F., Vieira, M.A., & Senal, R.R. (2008). Desvelando o cotidiano dos cuidadores informais de idosos.
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Positivo. Acedido Abril, 2015, em http://saldopositivo.cgd.pt/empresas/crise-leva-empresas-a-apostarem-no-
apoio-social-aos-funcionarios/
Silva, L.W.S., Francioni, F,F., Sena, E.L.S., Carraro, T.E., & Randnz, V. (2005). Revista Brasileira de Enfermagem,
58 (4), 471-475.
269
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem O que vo eles Valor Atividades em nmeros Descrio Indicador Quantidade Durao Comeo Aproximao Valor Atribuio Deslocao Atribuio Reduo QT x AF Taxa de Desconto 5.50%
afetamos/nos investir? (QT) Financeira (AF) I II - DC
afeta?
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? Que preo atribumos Ano 0 Ano 1 Ano 2
mudana?
Mes Tempo, esforo 0.00 2 sesses de diagnstico; 3 sesses Aumento da qualidade de vida Indicadores objetivos: 1.164 2 1 Pack de servios 9,351.23 0% 0% 25% 0% 8,163.62 8,163.62 8,163.62 8,163.62
Beneficirias semanais de acompanhamento (dimensao profissional, dimensao 1) Frequncia das idas ao cabeleireiro;
(12) tcnico; 2 sesses de mentoring/ emocional) 2) N de mes beneficirias que passam da situao de desemprego
ms; sesses formativas a definir para estarem empregadas;
caso a caso (1040 horas) 3) Frequncia das atividades sociais, para alm das desenvolvidas em
famlia e no mbito profissional;
4) Frequncia no consumo de medicamentos em regime SOS;
5) Frequncia de participao em atividades de lazer com a famlia;
Indicadores subjetivos:
1) Perceo do nvel energia para a vida diria;
2) Perceo do nvel de adequao entre competncias e
posicionamento remuneratrio;
3) Nvel de satisfao com as relaes pessoais;
4) Nvel de bem-estar emocional;
5) Perceo da qualidade de vida
Doentes (12) Tempo 0.00 2 sesses teraputicas/semana; Aumento da qualidade de vida Indicadores objetivos: 0.96 2 1 Pack de atividades/ 1,400.00 0% 0% 25% 50% 1,008.00 1,008.00 504.00 252.00
meio dia/frequncia CAO por (dimenso profissional, dimenso 1) Frequncia de adeso a novas atividades/ experincias; servios (mensal)
semana; 1/2 dia frequncia de emocional) 2) Frequncia das atividades sociais, para alm das desenvolvidas em
outra instituio, todas as semanas famlia e no mbito escolar/ acadmico/ ocupacional/ profissional;
(se monetizado seria 69264) 3) N de atividades quotidianas em que necessita de apoio;
4) Frequncia de participao em atividades de lazer com a famlia;
Indicadores subjetivos:
1) Nvel de perceo de participao em novas experincias;
2) Nvel de satisfao com as relaes pessoais;
3) Nvel de autonomia
4) Perceo da qualidade de vida;
Restantes Tempo 0.00 Desempenho em 1/2 dia por Aumento da qualidade de vida Indicadores objetivos: 2.449 2 1 Alzheimers disease- 35,997.35 0% 0% 25% 0% 66,118.13 66,118.13 66,118.13 66,118.13
elementos do semana de tarefas habitualmente (dimenso profissional, dimenso 1) Frequncia de participao em atividades domsticas; caregivers willingness to
nucleo atribudas me emocional) 2) Frequncia da participao em consultas de apoio/ pay for a reduction in
familiar/ acompanhamento psicolgico; the burden relating to
agregado 3) Frequncia de participao em atividades de lazer com a famlia; the disease (mean
familiar (24) Indicadores subjetivos: household wealth)
1) Nvel proximidade com os familiares
2) Nvel de bem-estar emocional
3) Perceo da qualidade de vida
Entidade Tempo; Dinheiro 0.00 Flexibilizao das condies de Aumento da produtividade. Indicadores objetivos: 2 3 1 Criao de Gabinete de 18,500.00 0% 0% 75% 75% 9,250.00 9,250.00 2,312.50 578.13
empregadora trabalho (regime horrio; cedncia 1) N de encaminhamentos de colaboradores sinalizados para Apoio Social
(atual ou de condies tcnicas para o servios especializados;
futura) (12) teletrabalho;...) 2) Taxa de absentismo dos colaboradores sinalizados;
Indicadores subjetivos:
1) Auto-eficcia profissional;
2) Perceo da qualidade do produto/servio;
Mes de Tempo 0.00 4 horas de disponibilidade semanal Capitalizao da histria de vida. Indicadores objetivos: 1.166 3 1 Curso e certificao de 1,651.00 0% 0% 75% 25% 481.27 481.27 360.95 270.71
portadores de (mdia) para preparao/realizao 1) N de contactos regulares existentes; coaching
patologia rara de 1 sesso de mentoria de 15 em Indicadores subjetivos:
(mentoras) (6) 15 dias = 156 horas por cada me 1) Perceo do impacto da sua experincia em outras mes;
mentora 2) Nvel de satisfao com as relaes sociais;
Mecenas Dinheiro; Bens 30,000.00 Assinatura do compromisso de 0.00 0.00 0.00 0.00
patrocnio (total ou parcial) do
plano de interveno individual das
mes
Total 54,945.61
EXPERIENCING
AZORES
Projeo de impacto 2016-2018
METODOLOGIA SROI
SUMRIO EXECUTIVO
A Silncio Sonoro - Associao Cultural e Juvenil surgiu em 2011 nos Aores, na cidade de Ponta Delgada.
Pretende democratizar a cultura e colaborar com os movimentos culturais, promovendo uma interligao
entre a paisagem e o que se faz a nvel cultural na regio.
Em 2015, a Silncio Sonoro sonhou com um projeto de interveno comunitria atravs da cultura - e surgiu o
Experiencing Azores, ambicionando colaborar com a comunidade da Covoada no desenvolvimento
sustentvel desta pequena freguesia/aldeia rural do Concelho de Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel.
Com o objetivo de conhecer o impacto social deste projeto, assim como, de aprofundar o planeamento de
aes, elaborou-se uma anlise SROI de cariz prospetivo sobre um ano de interveno e os dois anos
seguintes. Esta metodologia possibilitou identificar e envolver seis stakeholders, nomeadamente, os
dinamizadores (pessoas detentores de saberes populares), beneficirios de RSI, comunidade da Covoada,
junta de freguesia da Covoada, visitantes e Universidade dos Aores.
Concluiu-se que o SROI do ExAz, a 3 anos, de 1:5, o que significa, que por cada euro investido, o projeto
gera 5 euros de retorno social. A anlise de sensibilidade permitiu compreender que a diversidade de
stakeholders alm de contribuir para mitigar o risco, augura um potencial de impacto bastante diversificado.
272
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
Em 2015, a Silncio SonoroAssociao Cultural e Juvenil decidiu partir para um novo projeto com uma forte
componente social, o Experiencing Azores (ExAz), um projeto-piloto de interveno comunitria numa
freguesia rural, com cerca de 1341 habitantes dos quais, uma parte significativa, se encontra em situao de
vulnerabilidade social. A freguesia/aldeia chama-se Covoada e pertence ao concelho de Ponta Delgada, na
Ilha de S. Miguel, Aores.
A Covoada uma localidade isolada, por onde no passa a estrada regional e com uma reduzida capacidade
de atrair visitantes.
O ExAz pretende dinamizar um Centro Comunitrio e de Turismo de Experincia, que estimule a proatividade
desta populao atravs da partilha dos seus saberes, salvaguardando o seu Patrimnio Cultural Imaterial
(PCI). Espera-se que neste Centro, os moradores da Covoada dinamizem workshops relacionados com os
saberes populares para o pblico escolar, o pblico local residentes em So Miguel e para o pblico
flutuante (turistas nacionais e internacionais).
Pretende-se auscultar e envolver todos os interessados nas diversas fases de interveno do projeto, de
forma a ir ao encontro das necessidades desta comunidade. Ambiciona-se ainda dar oportunidade aos
idosose no sde transmitir os seus saberes, ativando dinmicas intergeracionais para operar mudanas
coletivas que tragam bem-estar.
Neste relatrio pretende-se efetuar uma anlise SROI preditiva sobre o 1 ano de ao do projeto, com o
objetivo de fazer uma avaliao do seu custo/benefcio, de forma a perceber o seu valor social, amadurecer a
estratgia do projeto e aumentar a probabilidade de conseguir financiamento para a execuo do mesmo.
273
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
1. STAKEHOLDERS
Entende-se por stakeholders todos os intervenientes que colaboram e/ou beneficiam do projeto. Assime
sendo este um projeto no campo da psicologia comunitria -, alm dos beneficirios diretos, pretende-se
envolver diversas foras da comunidade, que sero tambm alvo desta anlise.
A Junta de Freguesia da Covoada, alm de ceder um edifcio ao projeto, possui o poder de mobilizar parte da
comunidade.
Os dinamizadores so as pessoas detentoras de saberes populares. Iro partilhar o seu saber connosco, com
os beneficirios de RSI e, futuramente, com os visitantes da Covoada.
A comunidade: sendo o nosso objectivo geral o desenvolvimento local sustentvel, esperamos desenvolver e
mobilizar recursos locais, atravs da valorizao do seu patrimnio cultural imaterial em atividades concretas.
Tambm se pretende que o Centro Comunitrio constitua um espao acessvel a toda comunidade, para ali
se implantarem ideias que vo ao encontro dos objetivos do projeto, como por exemplo servir de incubadora
de novos negcios sociais.
O stakeholder financiadores poder ser composto por vrias entidades. Nesta anlise no foi envolvido, mas o
valor a ser financiado foi tido em conta para o clculo do SROI, enquanto recursos financeiros necessrios.
274
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
DinamizadoresPessoas Sim So essenciais ao projeto, pois iro partilhar o seu saber com os beneficirios de
detentoras do saber local RSI e os visitantes, proporcionando a viabilidade do projeto.
(PCI)
Beneficirios do RSI Sim So um grupo social com grandes necessidades de interveno, e tambm,
com potencialidades para se envolverem neste projeto.
Comunidade da Covoada Sim Os moradores da Covoada sero parte ativa durante todo o projeto, pois alm
de estarem envolvidos na sua implementao beneficiaro das mudanas
consequentes.
Junta de Freguesia da Sim Cede o edifcio para o Centro Comunitrio e de Turismo de Experincia e
Covoada colaborar no processo de envolvimento da comunidade.
Universidade dos Aores Sim Disponibilidade do Departamento de Cincias da Educao, para colaborar,
disponibilizando um consultor e alunos-voluntrios.
O envolvimento dos stakeholders um processo essencial da anlise SROI, que proporciona uma viso mais
realista das mudanas e do seu valor. Assim, esta anlise inclui dois momentos principais de envolvimento
dos stakeholders, nomeadamente, aquando da construo da teoria da mudana e no clculo do valor da
mudana.
No primeiro momento, foram realizadas entrevistas individuais e grupos focais com todos os stakeholders
includos, onde se procurou dar a conhecer o projeto e recolher informaes sobre o possvel impacto do
mesmo. Foram usados guies de entrevista, semi-diretiva, para efetuar o levantamento de possveis
mudanas e do seu valor. Tambm se procurou posicionar o stakeholder relativamente interveno que o
ExAz pretende efetuar, relativamente aos objetivos, expetativas e motivaes. A opinio destes sobre a teoria
da mudana preliminar permitiu efetuar os ajustes que possibilitaram a construo da teoria da mudana
final.
No segundo momento, aplicaram-se questionrios de opinio aos vrios stakeholders, com o objetivo de
recolher informaes que permitam conhecer a quantidade de mudana e com os respetivos descontos
chegar ao valor do retorno social.
275
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
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EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
Em termos dos recursos que ser necessrio investir para viabilizar o arranque e funcionamento do projeto
no perodo em anlise (um ano), destacamos os associados ao Centro.
O Centro ter a sua sede num edifcio que um ncleo museolgico fechado ao pblico, ao cuidado da junta
de freguesia da Covoada. Esta acordou em ceder o edifcio ao projeto e responsabilizar-se pelos gastos de
gua, luz e obras de manuteno. Porque se trata de uma casa que necessita de obras de melhoramento e
adaptao, imputam-se estes gastos ao proprietrio do edifcio e incluem-se no stakeholder financiadores.
277
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
2.2. RESULTADOS
Salienta-se que muitas atividades do Centro sero desenhadas aps o diagnstico de necessidades junto da
comunidade. No entanto, podemos j destacar algumas atividades que se pretende desenvolver no decorrer
do projeto, no perodo de um ano:
48 workshops de saberes populares, com a durao de 16h, disponveis para visitantes da Covoada;
10 formaes de saberes populares, com durao varivel, disponveis para moradores da Covoada,
com o objetivo de os dotar de novas competncias, que lhes permitam ser dinamizadores de
workshops para visitantes;
440 visitasroteiro, com a durao de 1hora e meia, disponveis para visitantes da Covoada;
96 dinmicas comunitrias, que envolvero diferentes grupos da comunidade da Covoada;
12 reunies com a Junta de freguesia da Covoada;
72 horas de consultadoria com a Prof. Doutora Isabel Estrela Rego da Universidade dos Aores;
coordenao de 192 horas de voluntariado de estudantes de psicologia comunitria.
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EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
3. TEORIA DA MUDANA
3.1. TEORIA DA MUDANA PARTIDA
A teoria da mudana uma metodologia que pretende apresentar as mudanas mais relevantes para cada
stakeholder, ou seja, uma forma de compreender as sucesses de mudanas que se espera que aconteam
para cada stakeholder, aps a interveno do projeto. Constitui um procedimento crucial pois traduz a
ambio de transformao do projeto. Na presente anlise a teoria da mudana um passo essencial para,
depois, qualtificar e valorar as mudanas efetivaamente materiais relevantes e significativas para que
enfim se conclua a anlise custo-beneficio que o SROI pretende.
Neste sentido, iniciou-se uma reflexo acerca da sequncia de mudanas que se espera que a interveno do
Experiencing Azores traga para cada parte envolvida (stakeholder). Esta reflexo baseou-se no amplo
conhecimento de terreno dos tcnicos envolvidos (nove anos de interveno psicossocial na Covoada e na
literatura de referncia. Desta ltima, destacamos o relatrio Cultura e Desenvolvimento: Um Guia para os
Decisores (GANEC, 2014), que refere que a Cultura, entre outras, considerada Uma ferramenta de produo
de identidade, atravs da permanncia no tempo e da ampla partilha emocional por parte do grupo; Uma
ferramenta de produo de coeso social, isto , um sentimento de unidade e pertena que proporciona
resilincia perante a adversidade, a desigualdade e a injustia, uma caraterstica que essencial
sobrevivncia de qualquer grupo ou comunidade; (p.29).
Assim, parece-nos claro que a valorizao do patrimnio cultural imaterial poder ser a chave para promover
o desenvolvimento sustentvel da Covoadaobjectivo geral de longo prazo, do Experiencing Azores (ExAz).
De seguida, apresenta-se uma tabela que agrega a nossa reflexo inicial sobre as mudanas que se esperam
alcanar a curto e mdio/longo prazo, para cada parte envolvida, a partir de um resumo da situao atual de
cada stakeholder:
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EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
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EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Aps esta reflexo preliminar, inicimos uma fase de entrevistas a cada stakeholder envolvido, que
possibilitaram o ajustamento da teoria da mudana de partida e enfim a consolidao de uma teoria da
mudana mais realista e identificativa da especificidades da localidade, bem como da transformao operada
em cada stakeholder.
DINAMIZADORES
Estes dinamizadores so, na sua maioria, pessoas de alguma idade que, quando envolvidos no projeto, tero
mais oportunidades de convvio, o que proporcionar um aumento da estimulao e uma diminuio do seu
isolamento. Partilhando os seus saberes, estas pessoas vo sentir-se valorizadas, o que gerar ganhos ao nvel
da sua auto-estima, assim como um sentimento de orgulho por colaborarem num projeto que promove o
desenvolvimento sustentvel da sua comunidade. Este projeto tambm poder proporcionar oportunidades
de remunerao pelo seu trabalho, se assim o desejarem.
281
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Mais partilha
Mais convvio
de saberes
Reunies, dinmicas
comunitrias e workshop
de PCI
Neste projeto, as pessoas beneficirias de RSI tero a oportunidade de se envolverem em vrias atividades,
como por exemplo as formaes, onde podero aprender saberes populares do seu interesse com os
dinamizadores do projeto. Com estas formaes e outras dinmicas comunitrias desenvolvidas pelo ExAz,
os beneficirios de RSI aumentaro as oportunidades de convvio, entre eles e com outras pessoas da
comunidade, o que gerar uma aproximao deste grupo habitualmente marginalizado da restante
comunidade da Covoada. Esta aproximao proporcionar o heteroconhecimento, o que poder aumentar o
espirito de interajuda.
O ExAz, enquanto projeto social adopta o bootstrapping1, promovendo sempre a partilha de recursos,.
Ilustrando: o Centro ter uma cozinha tradicional aoriana com forno de lenha, disponvel para toda a
comunidade. O seu uso ser promovido, principalmente junto dos mais carenciados. Este novo recurso
aumentar as possibilidades de poupana naquele grupo, principalmente se aliado s novas competncias
adquiridas nas formaes anteriormente referidas2.
Outro aspeto significativo da aprendizagem de saberes populares passa pelo sentimento de auto-valorizao
que iro sentir os benefecirios de RSI, por possuirem o domnio de determinada arte. Este sentimento,
concerteza, contribuir para uma melhoria da auto-estima e at da proatividade, visto que passam a ter um
conhecimento com o qual podero arranjar trabalho remunerado. O ExAz ir aproveitar estas formaes para
estimular o empreendedorismo deste grupo, pois considera-se ser esse o momento ideal para este tipo de
interveno.
1 Termo usado no campo do empreendedorismo para caraterizar uma postura de poupana de recursos.
2 um facto que fazer po no forno de lenha sai muito mais barato do que comprar na padaria. Salienta-se no entanto, que tendo conscincia que esta mudana poder ter
implicaes na quantidade de vendas do padeiro, que distribui po na freguesia, contabilizou-se este fenmero efetuando um desconto, ao valor do retorno social, de
nome deslocao, e que ser abordado no subcaptulo 5.4.
282
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
O conhecimento de terreno permitiu-nos verificar que muitos destes beneficirios no participam nas festas
religiosas e culturais da freguesia por se sentirem avaliados e julgados. O aumento do convvio e
estabelecimento de novas relaes de amizade, com outras pessoas da comunidade confere mais
oportunidades de participarem em eventos da Covoada, quer sejam de ndole cultural ou religiosa. Esta
aproximao a pessoas no carenciadas poder fazer com que os beneficirios de RSI sejam convidados ou
estimulados a participar nestes eventos sociais, o que far aumentar o seu sentimento de pertena ao espao,
ao grupo e cultura da Covoada, promovendo-se enfim, de forma ampla, a sua insero social.
Por ltimo, tambm contemplamos que duma melhoria da auto-estima possa surgir da oportunidade de se
virem a tornar dinamizadores do ExAz de segunda gerao, permitindo-lhes afirmarem-se na comunidade,
como pessoas com valor e um papel participativo na sociedade.
Insero social
Poupana
Mais proatividade Aumento do
sentimento
de pertena
Mais partilha
de recursos Mais auto-estima
Mais oportunidades Mais auto-estima
Mais interesse
Modelagem de de participar
nos eventos da
comportamentos nos eventos
Mais entreajuda Auto-valorizao comunidade
da comunidade
auto-afirmao
Aprendizagem
Mais convvio
de saberes Mais partilha
populares Mais convvio de saberes
Dinmicas comunitrias
COMUNIDADE
O stakeholder comunidade abarca todos os residentes da Covoada, uma freguesia rural que, apesar de
prxima da cidade de Ponta Delgada (20 minutos de carro), se encontra isolada, segundo a prpria
comunidade, por vrios motivos, como: a Estrada Regional no passar pela freguesia; no ter atualmente
atrativos tursticos ou a rede de transportes pblicos ser cara, com poucas opes de horrios dirnos e sem
opes noturnas (ltimo autocarro s 20horas). Este ltimo fator impossibilita os trabalhadores
indiferenciados da Covoada de aceitarem trabalhos por turnos na cidade, que se constituem por vezes a
nica opo para os mais carenciados.
O Experiencing Azores, atravs do Centro Comunitrio de Turismo de Experincia, espera trazer visitantes
Covoada, que traro movimentao financeira, no apenas por pagarem workshops e roteiros temticos
proporcionando remunerao a pessoas locais , mas tambm ao nvel do aumento de vendas de refeies
nos cafs, produtos do mini-mercado, artesanato local, produtos da Fbrica de Queijos da Covoada, bem
283
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
como ao nvel do aluguer de propriedades. Estes visitantes sero, portanto, um fator essencial no combate ao
isolamento referido pela comunidade e na dinamizao financeira desta localidade.
As dinmicas comunitrias que o Experiencing Azores pretende organizar tambm podero ter bons efeitos
no que toca melhoria das relaes intergeracionais (por exemplo, as formaes dos dinamizadores idosos
com jovens beneficirios de RSI) e das relaes de vizinhana (por exemplo, atravs de dinmicas
participativas de PhotoVoice), que podero proporcionar mais interajuda entre os elementos da comunidade
e, no futuro, facilitar uma maior coeso social.
A divulgao dos novos produtos tursticos criados pelo ExAz com esta comunidade, implicar um plano de
comunicao e marketing, que poder gerar orgulho em pertencer a esta comunidade e, consequentemente,
ativar uma maior coeso social.
Mais
entreajuda
Melhores Melhores
Aumento das
relaes de relaes
visitas externas
vizinhana intergeracionais
Maior oferta
turstica
Mais convvio
Reunies,
Roteiros Workshop
dinmicas
tursisticos de PCI
comunitrias
VISITANTES
O stakeholder visitantes inclui trs tipos de pblico que o Centro Comunitrio e de Turismo de Experincia
espera receber, nomeadamente: (1) o pblico escolar (alunos e professores), (2) o pblico local (residentes em
S. Miguel) e (3) o pblico flutuante (residentes fora de S. Miguel).
Junto do pblico escolar e residentes em S. Miguel, a participao nos workshops relacionados com o
patrimnio cultural imaterial (PCI) da Covoada e nos roteiros temticos (rota do leite, da l, do vinho, das
lendas, etc.) vai permitir-lhes reconhecer e valorizar o seu PCI, incrementando o sentimento de pertena aos
Aores. Deste modo, estaremos a fomentar as possibilidades de preservao do mencionado patrimnio e,
aliada prevista divulgao da cultura aoriana que o ExAz pretende efetuar, gerar um significativo impacto
ao nvel do reforo da identidade micaelense.
284
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Junto do restante pblico (residentes noutras ilhas, continentais e estrangeiros) o contacto com a oferta
turstica do ExAz proporcionar o reconhecimento do PCI da Covoada, que ao aumentar o leque de
experincias diferentes poder fomentar a criatividade dos participantes, que podero gerar novos saberes
que agreguem tradies antigas s necessidades contemporneas. O contacto direto dos turistas com a
cultura e populaes locais permite-lhes ainda valorizar a diversidade, aumentando a flexibilidade de
pensamento e assim proporcionar um conhecimento mais aprofundado da cultura micaelense.
Por ltimo, a oferta turstica e pedaggica do ExAz proporciona uma ocupao saudvel dos tempos livres,
que se espera trazer grande satisfao a todos os seus clientes.
CONHECIMENTO MAIS
APROFUNDADO DA
CULTURA MICAELENSE
Visitantes:
escolares e Ocupao
residentes saudvel dos
Reconhecimento do
tempos livres
PCI da Covoada
Turistas:
continentais
e estrangeiros
Roteiros tursticos,
workshops de PCI
A junta de freguesia da Covoada, constituda por trs pessoas com relevante poder na comunidade, acolheu
com disponibilidade e dinamismo o ExAz, reconhecendo que os saberes populares so potencialidades
capazes de atrair visitantes interessados em contactar com o Patrimnio Cultural Imaterial da Covoada. Este
poder local constata ainda que o aumento do nmero de visitantes pode trazer aspetos menos positivos,
como a poluio ou o aumento da despesa decorrente da necessidade de melhoria de determinadas infra-
estruturas, como passeios ou parques de estacionamento (mudana negativa).
Assim, o ExAz poder espoletar uma maior degradao no meio ambiente da Covoada, o que poder implicar
a necessidade de aumentar as estratgias de preservao ambiental. Outra mudana identificada em
conjunto com este stakeholder passa por uma possvel alterao/melhoria da oferta de servios da junta, quer
para a populao local, quer para os visitantes, podendo por sua vez, tornar a freguesia mais atraente para
ambos os grupos. Este aumento da atratividade da Covoada pode ter um significativo impacto ao nvel da
notoriedade, para a junta de freguesia. Acresce ainda que o ExAz, ao colocar a Covoada no mapa, poder
tambm estar a contribuir para o aumento da notoriedade da prpria freguesia e de todos os envolvidos
neste processo de coeso e desenvolvimento local.
285
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
NOTORIEDADE
Freguesia
mais atraente
Servio mais
Alterao da
Mais servio ajustados s DEGRADAO
oferta de
para visitantes necessidades AMBIENTAL
servios
da populao
Valorizao do Alterao do
potencial da meio ambiental
Covoada
Abertura do
Reunies, centro comunitrio
parceria e de turismo de
colaborao experincia
UNIVERSIDADE
Este aumento de conhecimento tambm advm da abertura do projeto para receber estagirios ou
estudantes de psicologia comunitria, interessados em colaborar voluntariamente, que possam levantar
novas questes e formular novas reflexes, que gerem conhecimento. Ainda relativamente abertura de
locais de estgio no ExAz, cr-se que esta oportunidade poder vir a melhorar as competncias profissionais
deste grupo, assim como o seu currculo, visto que o referido Departamento certificar a experincia
profissional no mbito do ExAz.
Conjuntamente, dado cientfico, mas tambm do conhecimento geral, que o voluntariado na rea social,
proporciona um aumento da empatia e de afectos positivos, gerando melhorias ao nvel da auto-estima.
286
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
MAIS
AUMENTO DO
EMPREGABILIDADE
CONHECIMENTO
MAIS
SOBRE PSICOLOGIA
AUTOESTIMA
COMUNITRIA
287
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
4. PROVAS E VALOR
4.1. INDICADORES (QUANTIDADE)
Outro conceito fundamental numa anlise SROI, a distncia percorrida (DP), que mede o caminho das
mudanas experienciadas pelos stakeholders aps o envolvimento no projeto. Para medirmos a DP
necessrio avaliar o momento antes da interveno (T0) e o momento aps interveno (T1). Desta forma, T0
permite conhecer o baseline, isto , excluir da anlise a parte que o stakeholder detinha antes da interveno.
Assim, aps a definio dos indicadores foi construdo um questionrio para cada stakeholder com base em
escalas de sentimento e opinio tendo em conta, os referidos momentos T0 e T1. Os questionrios foram
todos aplicados presencialmente, excepto no caso do stakeholder visitantes, onde se aplicaram questionrios
on-line.
A quantidade de mudana (Qt) calculada atravs da multiplicao da Distncia Percorrida (DP) e do nmero
da Populao (Pop) abrangida por essa mudana: Qt=DP x Pop. Na seguinte tabela, reunimos a informao
que nos permitiu calcular a quantidade de cada mudana, assim como os indicadores selecionados para cada
uma.
Dinamizadores menos isolamento N de novas amizades/ 60% Procurando um nmero realista que no
contatos sobre-valorizasse esta anlise, selecionou-se o n
47% 10, enquanto nmero de pessoas abrangidas por
Nvel de isolamento
este stakeholder.
288
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Nvel de orgulho em
colaborar para o
desenvolvimento local
Sentimento de
pertena
comunidade
Comunidade da coeso social Participao em 100% Sendo a freguesia da Covoada constituda por
Covoada eventos locais cerca de 1300 (Censos, 2011) pessoas e partindo do
33% pressuposto que o projeto, mesmo sendo
.Aumento da coeso
social comunitrio, no alcana todos os membros de de
uma comunidade, selecionou-se metade da
populao total, 650 pessoas.
Dinamizao da
economia local
289
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Visitantes reforo da Nvel de importncia, 78% Mudana referente ao pblico local: existem cerca
identidade da valorizao do PCI, de 131.000 habitantes em S. Miguel (Censos, 2011)
micaelense; no reforo da 36% e selecionamos cerca de 5% destes, enquanto n
identidade micaelense de pessoas que podero ser abrangidas por esta
Nvel de importncia, mudana, nomeadamente 6550. Partindo da
da valorizao do PCI, informao recolhida de um questionrio on-line
para o aumento do aplicado a 108 residentes em S. Miguel, onde 79%
sentimento de se interessa pelos saberes populares, afirmando
pertena que gostaria de os conhecer melhor e 97%afirma
vir aproveitar a oportunidade de aprender/
contatar com os saberes populares, multiplicamos
a mdia destas percentagens (88%) pelos 6550,
chegando ao valor de 5764 pessoas locais
interessadas nos produtos do ExAz.
290
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Junta de Freguesia Notoriedade N de aes 86% Este stakeholder constituido por 1 elemento, a
da Covoada relacionadas com a junta de freguesia da Covoada.
valorizao e
preservao do PCI da
Covoada
Nvel de atrao da 56%
Covoada
Universidade dos aumento do Produo cientfica na 25% A turma de alunos de final de licenciatura de
Aores conhecimento rea da psicologia psicologia composta por 40 alunos.
sobre psicologia comunitria 100% Selecionamos 10% deste grupo, como podendo
comunitria Mais conhecimento na estar interessados em participar no ExAz. A estes 4
rea da interveno alunos, acresce a Prof. Doutora Isabel Estrela Rego,
comunitria consultora do projeto, prefazendo 5 pessoas,
enquanto populao abrangida pelo stakeholder
Universidade.
*Fonte: http://estatistica.azores.gov.pt/upl/%7B0ae5287c-28c2-411e-9f2a-bd7b29c9fc04%7D.htm
291
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
4.2. DURAO
A durao consiste no espao temporal at onde se vo sentir os efeitos das mudanas. Estimar a durao
das mudanas permite-nos perceber por quanto tempo o projeto poder exercer a sua influncia. Para
efetuar este clculo, consultaram-se os stakeholders, atravs da seguinte questo, Imaginando que este
projeto termina, durante quanto tempo continuaria a sentir as seguintes mudanas?, elencando de seguida
cada uma das mudanas definidas para o stakeholder e respetivos intervalos de tempo, como resposta.
Posteriormente, cruzaram-se os dados das mdias das respostas com a nossa anlise crtica.
Consideraram-se as mudanas, que apenas acontecem enquanto se dinamiza o projeto, mudanas com
durao zero, nomeadamente mais estimulao, melhor auto-estima, trabalho remunerado, satisfao
e mais bem-estar social. As mudanas com 1 ano de durao (aps a finalizao de 1 ano de projeto) so:
menos isolamento dos Dinamizadores, menos isolamento face ao exterior e mais vendas da comunidade
e a degradao ambiental da Junta de Freguesia. As mudanas que duraro 2 ou mais anos so: orgulho,
poupana, insero social, coeso social, reforo da identidade micaelense e novos saberes,
conhecimento mais aprofundado da cultura micaelense, notoriedade, aumento do conhecimento sobre
psicologia comunitria e mais empregabilidade.
As mudanas que os projetos sociais geram, na sua maioria, no tm um preo de mercado, o que no
significa que no tenham importncia ou mesmo um valor. As aproximaes financeiras (AF) constituem
uma tentativa de estimar o preo destas mudanas. As AF podem-se determinar a partir das preferncias
reveladas e das preferncias declaradas. As primeiras resultam da comparao de servios existentes na
sociedade, com preo tabelado, que sejam capazes de alcanar resultados (mudanas) semelhantes aos
promovidos pelo projeto. As segundas obtm-se consultando os stakeholders e envolvendo-os na
determinao do valor da mudana.
Nesta anlise, usmos maioritariamente o mtodo das preferncias reveladas, pesquisando no mercado
servios que promovessem mudanas semelhantes s do Experiencing Azores. Na mudana reforo da
identidade micaelense usamos o mtodo das preferncias declaradas, devido dificuldade em encontrar
solues do mercado, que no hipervalorassem o projeto. Nesse sentido perguntou-se ao stakeholder quanto
estaria disposto a pagar para contactar/aprender os saberes populares da Covoada,atravs de wokshops que
podem gerar esta mudana.
Este valor foi definido segundo a tabela do salrio mdio de um arteso com mais de 30 anos de experincia,
para os dinamizadores de 1 gerao, que de 982,00 por ms. Partimos do princpio de que,
aproximadamente, estes dinamizadores podero em mdia trabalhar uma semana por ms (40horas), o que
perfaz a quantia de 2946 por ano, por dinamizador.
292
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Por ltimo, na mudana mais vendas do stakeholder comunidade, usou-se o valor mdio que um visitante
poder gastar na Covoada. Para encontrar este valor fez-se um pacote constitudo por 1 queijo (5), 1
souvenir de artesanato (5) e uma refeio econmica (10), prefazendo o valor total de 20.
A seguinte tabela rene a informao sobre as aproximaes financeiras, respetivos valores por mudana,
forma de clculo e fontes utilizadas, definidos para esta anlise.
Beneficirios de RSI poupana Valor de poupana gerado por 506 Questionrio aos
terem a opo de fazer po nos benefcirios de RSI
fornos de lenha do Centro
293
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Beneficirios de RSI insero social Formao em reas que 72,00 Portaria n. 60-A/2015
proporcionem facilmente o Portugal 2020
sentimento de utilidade e
participao social, assim como o
reconhecimento de outros
(p.e.,eletricidade, costura,
mecnica, culinria)
prespio de lapinha
294
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
295
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
5.1. ATRIBUIO I
Sendo a Covoada uma localidade sem instituies sociais nem empresas tursticas, a esmagadora maioria dos
inquiridos respondeu no anterior pergunta, pois considerou que atualmente no h concorrncia ao
Experiencing Azores, isto , que no h mais ningum a intervir para gerar as mudanas que este projeto
espera alcanar. Alguns membros da comunidade, nomeadamente do grupo de jovens da igreja,
responderam que sim pois revelaram estar motivados para contribuir para o desenvolvimento da sua
comunidade. Alguns vistantes, consideram que as mudanas referidas tambm se devem a outras entidades.
Por fim, os inquiridos da Universidade dos Aores, consideraram que a prpria instituio tambm colabora
para as mudanas definidas.
5.2 ATRIBUIO II
STAKEHOLDERS MUDANAS AT I AT II
mais estimulao 0% 0%
melhor auto-estima 0% 0%
orgulho 0% 0%
trabalho remunerado 0% 0%
296
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
STAKEHOLDERS MUDANAS AT I AT II
mais trabalho 0% 0%
insero social 0% 0%
melhor auto-estima 0% 0%
Universidade dos Aores aumento do conhecimento sobre psicologia comunitria 42% 67%
A taxa de reduo pretende medir a deteriorao dos efeitos das atividades do projeto ao longo do tempo.
Uma taxa de reduo de 0% significaria que a mudana suscitada nunca mais deixaria de existir e uma taxa
de 100% significaria que as mudanas acabavam assim que a interveno finalizasse.
Com base quer numa reflexo crtica relacionada com a nossa experincia profissional na rea social, quer na
anlise da reao dos inquiridos, considerou-se os valores apresentados na seguinte tabela:
orgulho 0%
297
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
insero social 0%
satisfao 100%
novos saberes 0%
mais empregabilidade 0%
5.4. DESLOCAO
A deslocao refere-se s consequncias negativas que a interveno pode ter e calcula-se perguntando aos
diferentes stakeholders se h outras pessoas impactadas pela interveno do projeto e se esse impacto
positivo ou negativo.
Verificamos que, atravs da promoo junto das famlias de RSI do uso do forno de lenha comunitrio para a
feitura do seu prprio po, provocaramos um decrscimo de clientes no padeiro que distribui diariamente o
po nesta localidade. Sendo a percentagem de famlias beneficiarias de RSI cerca de 10% da populao total
da Covoada, consideramos ser este o valor da deslocao da mudana poupana.
298
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
O impacto de cada mudana (valor da mudana) foi calculado atravs da multiplicao da quantidade de
mudana (QM), referida no subcaptulo 4.1, e a aproximao financeira (AF), referida no subcaptulo 4.3. (QM
x AF= Valor da mudana). Para se efetuar o clculo do retorno social aplicou-se aquela frmula a todas as
mudanas, subtraindo-se depois os descontos acima mencionados.
O rcio do SROI calculado pela diviso do valor atual lquido (VAL) dos benefcios pelo valor do investimento.
O primeiro consiste no valor do retorno social do projeto, em cada ano, tendo em conta o efeito cumulativo
do retorno social dos anos anteriores, com a respetiva taxa de desconto de 5,5%, ao ano (43764). O segundo
refere-se ao valor dos recursos investidos no projeto por todos os stakeholders (10015).
Assim, o SROI do Experiencing Azores, a 3 anos de 1:5, o que significa, que por cada euro investido, o projeto
gera 5 de retorno social.
A anlise de sensibilidade uma ferramenta que permite compreender os efeitos da alterao de diferentes
variveis no modelo de anlise do projeto. Desta forma, pretende-se testar a robustez do projeto e identificar
parmetros crticos, isto , variveis capazes de influenciar o rcio do SROI.
Iniciamos esta anlise comparando o impacto entre os vrios stakeholders, de forma a compreender quem
beneficiar mais e menos com este projeto. Como se pode verificar no grfico impacto por stakeholder, o
grupo mais beneficiado so os visitantes. Este um resultado que nos satisfaz, visto que a mdio/longo prazo
se espera que sejam os visitantes a garantir a sustentabilidade do Experiencing Azores.
O grupo menos beneficiado a junta de freguesia. Este facto deve-se sobretudo aos efeitos da mudana
negativa degradao ambiental provocada pelo aumento de visitantes na Covoada que foi imputada a este
stakeholder. Mesmo assim, a junta usufrui de um saldo positivo, que pode ser tanto maior quanto mais
relevantes forem os resultados deste projeto, isto , a junta de freguesia recolhe tanto mais notoriedade
quanto mais impacto tiver o ExAz, no grande pblico. Existem outras pequenas mudanas, que no foram
contabilizadas mas que podero ter um peso para que a junta queira colaborar neste projeto, como a
possibilidade de estarem a colaborar para o desenvolvimento local da sua freguesia.
Outro dado relevante, que o mesmo grfico nos d passa pela presena de impacto significativo, para todos
os stakeholders nos anos seguintes finalizao do mesmo.
Quanto anlise grfica do impacto por mudana, destacamos as trs mudanas geradoras de mais impacto,
por ordem decrescente, trabalho remunerado (beneficirios de RSI), reforo da identidade micaelense
(visitantes) e conhecimento mais aprofundado da cultura micaelense (visitantes).
As trs mudanas com menos impacto positivo pertencem ao stakeholder Universidade, possivelmente
devido ao reduzido nmero de pessoas que o compem e so elas mais empregabilidade, melhor auto-
estima e mais bem-estar social.
299
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Destaca-se uma mudana negativa, a deteriorao ambiental do stakeholder junta de freguesia, alm de ser
compensada por uma mudana positiva de valor semelhante (notoriedade), apresenta um valor baixo,
comparativamente maioria das mudanas.
Atravs da observao do grfico Valores das mudanas em 3 anos salienta-se que so muitas as mudanas
com impacto significativo, mesmo aps a finalizao do projeto, mudanas que tero tanto mais impacto
quanto mais o projeto durar.
300
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Sendo o Experiencing Azores um projeto de interveno social comunitria, um fator essencial ao seu sucesso
o envolvimento da populao. Assim, considerando o nmero de habitantes um fator crtico, fizemos a
experincia de colocar um cenrio pessimista e um otimista relativamente a este parmetro:
n de dinamizadores 5 10 20
n de beneficirios de RSI 5 34 68
Universidade 1 5 10
Este exerccio permitiu-nos verificar que este um ponto de vulnerabilidade do projeto, mas tambm uma
potencialidade, visto que a diversidade de stakeholders tambm contribui para mitigar o risco, ao mesmo
tempo que augura um potencial de impacto bastante diversificado.
Outro parmetro crtico podero ser as aproximaes financeiras, visto que surgiram dvidas na sua definio.
No clculo do SROI do ExAz optou-se por seguir uma linha mais conservadora e no inflacionria, assim fez
sentido colocar um cenrio mais otimista a este nvel e verificar o seu impacto.
Poupana 506 Nesta mudana apenas se contabilizou os ganhos em poupana no po, 700
(Benef. de RSI) mas os benef. de RSI podero aprender tcnicas de poupana noutras
reas. Assim, o valor da poupana poderia ser superior.
Mais trabalho 1710 Pelos questionrios aplicados aos visitantes parece haver um grande 2500
remunerado interesse do pblico nas ofertas do ExAz, assim poderemos ser menos
(Benf. RSI) conservadores na quantidade de trabalho remunerado que os
beneficirios de RSI podero arranjar neste projeto.
Coeso social 100 A AF desta mudana foi uma grande festa que unisse as pessoas 300
(Comunidade) (casamento), no entanto sabe-se que um evento nico no suficiente
para aproximar as pessoas. assim, numa prespetiva menos conservadores
poderia-se pensar numa AF que fossem 3 festas de Casamento.
novos saberes 11 Nesta AF pensou-se num atelier de 6horas para aprender algo de novo. 33
(Visitantes) Poderamos ter sido menos conservadores e contemplar um atelier de
18horas, visto existirem reas de saber que necessitam de mais tempo para
adquirir o conhecimento, como cestaria, tapetes de espadana, olaria, etc.
301
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
Neste cenrio otimista relativo s AF retiraram-se as atribuies das mudanas na comunidade, enquanto
parmetro critico detetado na segunda fase de envolvimento de stakeholders. Um pequeno grupo deste
referiu que outras organizaes poderiam colaborar para as mudanas apontadas pelo ExAz, depois do
projeto iniciar a sua interveno. Assim, foi contabilizado este desconto, que na realidade poderia ser
considerado uma alterao promovida pelo ExAz, visto no existir ningum atualmente a operar as mudanas
previstas para este sth. Se ao ltimo cenrio otimista (8,8) se retirarem as atribuies na comunidade, o SROI
sobe para 10,3.
Visto que se adoptou a anlise mais conservadora possvel relativamente s aproximaes financeiras,
considera-se que o cenrio pessimista apenas contempla um parmetro crtico: o nmero de habitantes
aderentes ao projeto, sendo 1,1 o SROI mnimo desta anlise de sensibilidade.
302
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
O Experiencing Azores (ExAz) um projeto social comunitrio que visa o desenvolvimento local de uma
aldeia isolada no interior da ilha de So Miguel, de nome Covoada, que consiste na valorizao, divulgao e
preservao dos saberes populares locais enquanto meio promotor de dinmicas sociais e econmicas.
Considerando o Patrimnio Cultural Imaterial (PCI), elemento identitrio fundamental de uma comunidade e
uma alavanca para o desenvolvimento local enquanto produto turstico e a crescente procura de experincias
nicas por parte dos visitantes, o projeto ExAz alia a componente social componente ldica, atravs de
propostas de turismo de experincia baseadas no contacto direto com as pessoas locais detentoras de
saberes, constituindo-se um projeto inovador nesta regio.
Com o objetivo de conhecer o possvel impacto deste projeto elaborou-se uma anlise SROI prospetiva, que
nos levou a reconsiderar o territrio e os seus atores, amadurecendo a ideia e tornando o projeto mais
consistente.
Com todos estes stakeholders, desenvolvemos a teoria da mudana que nos permitiu no s detetar
mudanas novas, assim como conhecer o seu valor social. Conclumos que destes os stakeholders visitantes e
os beneficirios de RSI detm, no primeiro ano, o maior impacto e que nos dois anos seguintes, aps a
realizao das atividades so os stakeholders visitantes e a comunidade quem recolhe os valores mais altos.
Encontrar uma mudana negativa - a degradao ambiental provocada pelo aumento significativo de
visitantes quela aldeia - permitiu-nos perceber a necessidade de prevenir os efeitos indesejveis desta
mudana. Tambm percebemos que o stakeholder junta de freguesia, recolhe pouco impacto, ao lhe ser
imputada a referida mudana negativa. Assim, recomendaramos, numa fase de melhoramento deste SROI, a
pesquisa de outras mudanas significativas para a junta de freguesia, que permitam a este stakeholder
perceber os seus ganhos na colaborao com o projeto. Destacamos, a ttulo de exemplo, a mudana
participao num projeto de desenvolvimento local como uma possvel mudana a acrescentar anlise.
Esta mudana atribui reconhecimento importante colaborao da junta e mensurvel.
A anlise de sensibilidade efetuada demonstrou que o ExAz um projeto de tipologia de interveno com
algum grau de risco, visto que apresenta uma grande oscilao de SROI, entre o cenrio pessimista (1,1) e
otimista (14,5). A grande variabilidade deste SROI est sobretudo associada ao nmero de populao que
cada stakeholder pode abranger, isto , se considerarmos que o projeto apenas consegue envolver um
nmero reduzido de pessoas, a sua sustentabilidade poder ser posta em causa, bem como o seu impacto
social. Por outro lado, se o projeto conseguir envolver um nmero elevado de pessoas, poder ter um alcance
significativo. Sublinha-se o facto deste projeto abranger uma grande diversidade de stakeholders, o que
diminuir o risco de insucesso, visto que poder haver compensaes de envolvimento entre stakeholders.
Salienta-se ainda que, aquando do envolvimento dos stakeholders na anlise, nos deparmos com uma
motivao transgeracional da populao para abraar este projeto. Foi com grande disponibilidade que
fomos sendo recebidas pelos vrios grupos envolvidos, que demonstraram vontade e, acima de tudo,
acreditaram ser o projeto ideal para a sua Comunidade.
303
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
No entanto, estamos conscientes de que manter a motivao e o interesse, bem como gerir possveis
conflitos, um trabalho desafiante, apenas ao alcance de uma equipa robusta e muito hbil nas relaes
inter-pessoais.
Outro ponto essencial a ter em conta a avaliao do projeto. Esta dever ser contnua, garantindo a
pertinncia do projeto desde da fase inicial e a coerncia de todas as suas atividades e contributos.
Consideramos que um projeto deste mbito deveria manter-se no terreno pelo menos trs anos, de forma a
permitir uma avaliao real de todas as mudanas inerentes interveno, em prol de uma avaliao que
permita o ajustamento das aes mantendo a coerncia dos nossos propsitos.
Sabendo que um projeto para uma comunidade mais sustentvel se for feito pela mesma, salientamos que
o ExAz se deve pautar por uma governana colaborativa entre as foras vivas, da comunidade e o poder
local. Assim, torna-se essencial que a equipa que dinamize este projeto garanta o estmulo e o envolvimento
de todos os atores ao longo das vrias fases do projeto.
Por fim, recomendamos que, alm das cautelas acima referidas, seja feito um SROI avaliativo, aps o 1 ano
de interveno, no sentido de monitorizar a efetividade dos resultados alcanados, assegurando a eficincia
da relao custo/beneficio do projeto. Sentindo que se esto a dar passos importantes na implementao de
uma cultura de avaliao entre as organizaes sociais, temos a responsabilidade de continuar o exerccio
avaliativo que comprove o valor da interveno social.
304
EXPERIENCING AZORES - Silncio Sonoro
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
UNESCO. (2003) Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Cultural Imaterial.
https://www.ine.pt
http://www.ipdt.pt
http://estatistica.azores.gov.pt
http://www.observatorioturismoacores.com
AGRADECIMENTOS
Gostaramos de agradecer CASES e Fundao Montepio pela oportunidade que nos deram de nos
aproximarmos da importante ferramenta que uma anlise SROI. Acreditamos que a rea social tem, cada
vez mais, de se robustecer de meios de avaliao de impacto que credibilizem a sua interveno e elevem a
sua valorizao. A metodologia SROI permite-nos caminhar nesse sentido.
Queremos tambm agradecer Equipa da 4Change, pela capacitao e por toda a disponibilidade, simpatia
e profissionalismo que nos transmitiram. Um especial muito obrigada Mariana Branco, pelo interesse e
apoio extra. E um grande muito obrigada, ao Luca Padovani, nosso mentor, por toda a dedicao e
disponibilidade fora de horas!
Agradecemos a todos os Covoadences, que nos inspiraram para criar este projeto, e a todos os que
abraaram esta ideia, com timismo, motivao e vontade de construir um mundo melhor!
Por fim, agradecemos s nossas famlias pelo apoio e compreenso pelas nossas ausncias!
FICHA TCNICA
305
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/ O que vo eles investir? Valor Atividades em Descrio Indicador (QT) Durao Aproximao Financeira (AF) Valor AT I DES AT II RED QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
nos afeta? nmeros
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? Que preo atribumos mudana? Ano 0 Ano 1 Ano 2
Dinamizadores Salrio de arteso com 30 5,237.24 10 formaes menos isolamento 1. N de novas amizades/contatos; 2. Nvel de isolamento 5 1 ir ao teatro e frequentar aulas de hidroginstica 240.00 0% 0% 0% 75% 1,200.00 1,200.00 1,200.00 0.00
anos de experincia: 4
atividades mensais de 16h.
+ IVA = 436,43 euros
mais estimulao 1. N de atividades em que se envolve; 2.Nvel de estimulao 3 0 frequncia de um ateli de pintura 360.00 0% 0% 0% 75% 1,080.00 1,080.00 0.00 0.00
(sensorial, cognitiva e social)
melhor auto-estima 1. Nvel de auto-estima;2. Satisfao que a pessoa tem com a 5 0 Consultas de psicologia (terapia breve de 12 sesses) 600.00 0% 0% 0% 75% 3,000.00 3,000.00 0.00 0.00
sua vida
orgulho 1. N de pessoas a quem revela que participa no ExAz; 2. Nvel 10 10 viagem ao Santurio de Ftima 324.00 0% 0% 0% 0% 3,240.00 3,240.00 3,240.00 3,240.00
de orgulho em colaborar para o desenvolvimento local
trabalho remunerado 1. Valor auferido em regime de prestao de servios 10 0 valor de 40 horas mensais, deprestao de servios, por ano, 2,946.00 0% 0% 0% 100% 29,460.00 29,460.00 0.00 0.00
com base na tabela salarial de um artesocom 30 anos de
experincia
Beneficirios de 10 formaes poupana 1.Quantidade de poupana quanto aos gastos em po 34 10 Valor de poupana gerado por terem a opo de fazer po 506.00 0% 10% 0% 0% 15,483.60 15,483.60 15,483.60 15,483.60
RSI nos fornos de lenha
mais trabalho remunerado 1. Valor auferido em regime de prestao de servios 34 0 valor de 40 horas mensais, de prestao de servios, por ano, 1,710.00 0% 0% 0% 20% 58,140.00 58,140.00 0.00 0.00
com base na tabela salarial de um arteso com1 ano de
experincia
insero social 1. N de participaes em eventos sociais e culturais; 2. 17 2 Formao em reas que proporcionem facilmente o 72.00 0% 0% 0% 0% 1,224.00 1,224.00 1,224.00 1,224.00
Sentimento de pertena Comunidade sentimento de utilidade e participao social, assim como o
reconhecimento de outros (p.e.,eletricidade, costura,
mecnica, culinria)
melhor auto-estima 1. Nvel da auto-estima; 2.Satisfao que a pessoa tem com a 22 0 Consultas de psicologia (terapia breve de 12 sesses) 600.00 0% 0% 0% 50% 13,200.00 13,200.00 0.00 0.00
sua vida
Comunidade da Voluntariado 8,275.00 96 dinmicas coeso social 1.Participao em eventos locais ; 2. Aumento da coeso social 433 2 Participao num casamento 100.00 15% 0% 27% 25% 26,867.65 26,867.65 26,867.65 20,150.74
Covoada comunitrias
menos isolamento face ao exterior 1.N de visitantes da Covoada; 2.Nvel de isolamento da 332 1 pacote de tm, telefone, tve internet 48.00 15% 0% 26% 50% 10,023.74 10,023.74 10,023.74 0.00
Covoada
mais vendas 650 1 Gastos mdios de um visitante Covoada 20.00 15% 0% 23% 75% 8,508.50 8,508.50 8,508.50 0.00
Visitantes Preo atividades 21300 440 visitas- reforo da identidade micaelense; Nvel de importncia, da valorizao do PCI, no reforo da 3285 2 Preferncia revelada atravs da questo quanto estariam 33.00 40% 0% 30% 50% 45,530.10 45,530.10 45,530.10 22,765.05
roteiros identidade micaelense; Nvel de importncia, da valorizao do dispostos a pagar para contactar com o PCI?
48 workshops PCI, para o aumento do sentimento de pertena
satisfao N de interessados em contactar com os saberes populares da 4459 0 Almoarfora com amigos 10.00 25% 0% 25% 100% 25,081.88 25,081.88 0.00 0.00
Covoada
novos saberes Grau de estimulao da criatividade no contato com o PCI da 1254 10 Atelis de 11.00 25% 0% 0% 0% 10,345.50 10,345.50 10,345.50 10,345.50
Covoada cestaria (vime),
escamas de peixe
prespio de lapinha
conhecimento + aprofundado da Nvel de conhecimento da regio atravs do contacto com o 2186 10 Visita a instituies culturais, monumentos naturais, jardins 34.50 15% 0% 50% 0% 32,052.23 32,052.23 32,052.23 32,052.23
cultura micaelense PCI da Covoada; Nvel de valorizao da cultura com o contacto botnicos, etc de So Miguel
do PCI da Covoada
Junta de Cedncia do edifcio e 4.831,94 12 reunies Notoriedade 1.N de aes relacionadas com a valorizao e preservao do 0.857 5 Plano de comunicao e marketing 5,000.00 0% 0% 0% 25% 4,285.00 4,285.00 4,285.00 3,213.75
Freguesia da resposabilizao pela sua PCI da Covoada; 2. Nvel de atrao da Covoada
Covoada manutno
Degradao ambiental 1.Aumento do n de estratgias de preservao ambiental 0.67 1 Equipa de cantoneiros -7,200.00 0% 0% 0% 50% -4,824.00 -4,824.00 -4,824.00 0.00
Universidade Consultadoria e 2,202.79 72h. de aumento do conhecimento sobre 1.Produo cientfica na rea da psicologia comunitria; 2.Mais 3 10 Prmio de mrito na rea da psicologia 2,525.00 42% 0% 67.% 0% 1,449.86 1,449.86 1,449.86 1,449.86
dos Aores voluntariado consultadoria + psicologia comunitria conhecimento na rea da interveno comunitria
192 h. de
voluntariado
mais empregabilidade 1.Melhoria do CV; 2.Enriquecimento de competncias 4 10 Frequncia de uma formao que promova a 600.00 42% 0% 33% 0% 932.64 932.64 932.64 932.64
profissionais empregabilidade
melhor auto-estima 1.Nvel da auto-estima; 2.Satisfao que a pessoa tem com a sua 1 1 Consultas de psicologia (terapia breve de 12 sesses) 600.00 33% 0% 33% 50% 269.34 269.34 269.34 0.00
vida
mais bem-estar social 2.Sentimento de bem-estar relativamente Sociedade 4 1 Doao de brinquedos a uma IPSS 35.00 25% 0% 0% 50% 105.00 105.00 105.00 0.00
SNOEZELEN COM
IDOSOS EM CONTEXTO
HUMANITUDE
Projeo de impacto 2016-2018
METODOLOGIA SROI
Via Hominis
307
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
SUMRIO EXECUTIVO
A Via Hominis uma cooperativa de solidariedade social, criada para investigar, desenvolver e implementar
em Portugal a geriatria enquanto especialidade clnica e orientadora de cuidados especializados, trazendo
evidncia o valor da relao nas intervenes em doentes idosos dependentes e na educao, com o objetivo
ltimo de criar e implementar o primeiro referencial de qualidade em cuidados humanizados.
Os ambientes teraputicos Snoezelen tm dado origem a muitos investimentos em salas nas instituies de
apoio, sendo j mais de 200 em todo o pas. Contudo, a maioria ou no utilizada ou no totalmente
rentabilizada, devido falta de tcnicos com formao especfica e resultados sustentveis.
Esta anlise avalia o uso concomitante das tcnicas de estimulao multissensorial Snoezelen e da
humanizao profissionalizada, proporcionada pela metodologia relacional de cuidados em Humanitude -
antes, durante e aps as sesses com idosos dementes.
Com um SROI de 5,39, este piloto leva-nos a crer que o valor revela a necessidade de mudana da tpica
abordagem aloptica, onde a pessoa palco para a aplicao de tcnicas por parte do cuidador (curador),
para um paradigma holstico e profiltico onde a forma de relacionamento com a pessoa sob cuidado,
tambm parte da equao.
Dois grandes desafios tornaram-se evidentes para que os impactos se ampliem e sustentem:
308
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
1. MBITO E STAKEHOLDERS
1.1. MBITO DA ANLISE
Em Portugal assiste-se ao envelhecimento generalizado da populao, com mais de 2 milhes acima dos 65
anos (Censos 2011). A demncia no o resultado da idade avanada e a perda grave da memria no uma
consequncia habitual do envelhecimento. Contudo as doenas do crebro parecem ser mais comuns nas
pessoas mais velhas.
A demncia consiste numa perda das funes mentais, envolvendo problemas com a memria, o raciocnio e
a privao sensorial. A demncia um problema srio de sade pblica, com impacto importante em milhes
de pessoas afetadas e nas suas famlias.
O principal fator de risco para a demncia a idade. Aproximadamente 3% dos homens e mulheres com
idades entre os 65 e os 74 anos sofrem de demncia, mas aps os 65 a percentagem de pessoas com
demncia duplica aproximadamente em cada dcada de vida. A proporo de pessoas com 85 ou mais anos
com demncia situa-se entre 25 e 35%. No entanto, importante compreender que a demncia uma
doena da idade mais avanada, mas no faz parte do envelhecimento normal.
Foi escolhida para esta anlise, como representativa daquele contexto, a freguesia de Arroios (a mais
populosa e envelhecida de Lisboa) e o Centro Social Paroquial de S. Jorge de Arroios (CSPSJA) como resposta
social tpica de apoio a esta problemtica.
Sendo a nossa misso dotar as instituies de sade e acolhimento com ferramentas de comprovado impacto
na sade e no bem-estar dos idosos portadores ou em risco de demncia, visamos:
Melhorar a eficincia e a eficcia das interaes entre os pacientes, seus cuidadores e familiares;
Manter ou melhorar os processos sensoriais e cognitivos;
Valorizar a pessoa, melhorando a sua autoestima;
Manter ou melhorar a autonomia e independncia e
Contribuir para o aumento das competncias dos cuidadores.
Deste processo vm resultando evidncias e investigao cientfica por parte dos tcnicos da Via Hominis,
que tornaram imperativa, tambm, a identificao e medio do impacto social.
Metodologia: a partir das sesses em sala (momento privilegiado de interao personalizada), perceber qual
o contributo catalisador das tcnicas relacionais humanizantes, nos resultados, sua durao e impactos
noutros stakeholders.
Pblico-alvo: organizaes que dispem de salas de Snoezelen, famlias, financiadores de projetos de apoio a
esta problemtica e a Via Hominis, Crl enquanto agente disseminador de conhecimento.
309
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
1.2. STAKEHOLDERS
A identificao dos stakeholders significativos envolveu a nossa parceria com o CSPSJA e a consulta de
literatura, tendo por base a experincia de vrios anos de implementao de salas de snoezelen e avaliao j
realizada dessa interveno.
IDOSOS
Beneficirios diretos. Partimos da constatao de que a relao interpessoal com pessoas com demncia
difcil. preciso complementar os cuidados com outros mtodos de interao e estes relacionam-se
diretamente com os sentidos. O uso do snoezelen potencia a relao e promove maior qualidade de vida,
minimizando os efeitos da privao sensorial.
FAMLIAS
Cuidar de um idoso com sndrome demencial encontra-se associado a nveis elevados de ansiedade, irritao,
depresso, somatizao, levando paulatina degradao do ambiente familiar (75%), consumo de
psicotrpicos (48%) e desenvolvimento de doenas do foro mental (17%). O snoezelen ajuda a perceber que a
estimulao sensorial dever ir para l da sala, devendo-se tambm desenvolver em atividades da vida
quotidiana.
CUIDADORES ESPECIALIZADOS
CSPSJA
Para alm da formao profissional, acompanha tecnicamente o projeto e busca medir os seus resultados a
nvel de sade e bem-estar dos idosos, orientando diretamente a implementao do mesmo. Da parceria
com a instituio ficar com o usufruto da sala para a atividade formativa. Cofinanciador da sala.
FORNECEDOR OI DESIGNS
Empresa com quem o CSPSJA estabeleceu relao comercial, para a aquisio dos equipamentos da sala.
JUNTA DE FREGUESIA
310
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
FINANCIADORES
O SROI prospetivo ser apresentado a possveis financiadores, para que estes participem na potenciao de
mais mudanas, ainda que indiretamente, com a aquisio necessria de mais equipamento para a sala de
snoezelen.
Potenciais utentes da sala de snoezelen com os seus clientes idosos. Pela parceria de utilizao validam a
replicao na sua instituio.
Cuidadores Especializados sim Participantes neste projeto para dinamizar as sesses de estimulao
sensorial, recolher dados psico-fisiolgicos e sociais e participarem na
deteo da mudana para a construo do SROI.
CSPSJ Arroios sim A resposta social Centro de Dia o elemento fulcral, cujas mudanas
sendo altamente relevantes, so contudo ao nvel da imagem, portanto
imateriais.Includo enquanto principal investidor
Fornecedor (OI designs) no stakeholder no includo porque no provoca impacto nas mudanas
nem o seu bem-estar afetado.
Poder Local (Junta de no No material. Divulgador do projeto nos meios de comunicao de que
Freguesia) dispem.
Outras Instituies locais no O seu funcionamento no afetado de forma material pela atividade.
311
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
O envolvimento dos stakeholders ocorreu em dois momentos e est diretamente ligado s atividades do
projeto e ao impacto na teoria da mudana, quer de partida quer chegada e a distncia percorrida.
Excluiram-se stakeholders que no influenciavam as mudanas tais como: Oi Designs, Junta de Freguesia de
Arroios, Outras Instituies e Financiadores.
CSPSJArroios 1 Entrevistas com o diretor tcnico e geral, para determinao dos pontos
sensiveis da inter-relao com os cuidadores, idosos e familiares, que
orientaram o decurso dos trabalhos e aplicao de questionrios.
312
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
2. RECURSOS E ATIVIDADES
2.1. INVESTIMENTOS
O processo de viabilizao das sesses de Snoezelen passa, primariamente, pela formao de profissionais de
sade (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros ou psiclogos) nas reas de animao ou de
servio social, que prestam apoio s organizaes. Sendo o Snoezelen um ambiente teraputico que faz uso
da estimulao sensorial, os profissionais so orientados para o uso consciente dos sentidos para aceder
memria emocional do paciente. Tal pode ser conseguido de forma continuada pelo uso profissionalizado
do toque, do olhar, da fala, da verticalidade (pilares dos cuidados em Humanitude) e/ou em salas desenhadas
e equipadas para, mais aprofundadamente, fazer uso da luz, sons, aromas, experincias tteis e propriocetivas.
Para definir um modelo de atuao que produza e monitorize resultados, necessrio o seguinte conjunto
de investimentos:
CSPSJ Arroios Espao e equipamento a adquirir (cama de gua com sistema 3.000
vibro-acstico).
Equipamento de monitorizao.
TOTAL 6 270
313
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Soma 1 508,33
Total 5,00
2.2. RESULTADOS
A formao a pea chave deste projeto, decorrendo em contexto terico e prtico. A metodologia base,
transversal a toda a instituio Humanitude decorre ao longo de 35h (5 dias) e prepara 12 profissionais
para serem agentes de mudana e apoio ao processo de humanizao dos cuidados na organizao. O
Snoezelen prepara 3 dinamizadores de sesses em sala de estimulao sensorial ao longo de 25h (3 dias).
Estas tm a durao aproximada de 35 minutos e esto estruturadas em ciclos de 15 sesses, 2 vezes por
semana.
Neste prottipo SROI sero testados 3 ciclos de 15 sesses por paciente (45 no total) a fim de verificar e
validar os ganhos de sade e bem-estar marginais, e assim validar a eficincia e avaliar a eficcia, determinar
o custo de cada sesso e o ponto de maximizao do seu benefcio.
No incio do projeto e no fim de cada ciclo sero realizadas entrevistas com os familiares, a fim de avaliar a
evoluo da perceo da sua condio de sade e impactos no contexto familiar. Estas entrevistas so
orientadas pela equipa da Via Hominis e executadas pelos cuidadores especializados, no mbito das suas
funes que pontualmente incluem estes momentos de ponte.
314
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
315
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
3. TEORIA DA MUDANA
3.1. TEORIA DA MUDANA PARTIDA
O envolvimento inicial dos stakeholders permite-nos desenhar uma teoria da mudana que considere a sua
perspetiva sobre o impacto da humanizao da relao, consciente e profissionalizada (Humanitude) e o
papel que o snoezelen, enquanto momento relacional privilegiado, pode ter na vida das pessoas idosas e dos
que com elas interagem.
A interveno atravs do snoezelen pretende diminuir o impacto da privao sensorial na vida dos idosos. A
sensorialidade permite-lhe manter as capacidades cognitivas, sociais e afetivas, sempre com o foco na sua
valorizao enquanto pessoa e contribuindo para a melhoria do seu estado de sade. Para concretizar os
objetivos propostos, os colaboradores do CSPSJA, sob superviso da Via Hominis, dinamizam as seguintes
atividades: formao, entrevistas e acompanhamento.
Cada atividade no afeta apenas os seus beneficirios diretos as pessoas idosas abrangendo, ainda, outros
stakeholders que podero sentir mudanas benficas, por exemplo, ao nvel de reduo de custos da
medicao, reduo dos efeitos da agitao, ansiedade, agressividade e do sndrome do pr-do-sol o que
pressupe melhor ambiente familiar e institucional.
Os cuidadores, tambm eles beneficirios diretos, sero afetados por uma mudana positiva na medida em
que verificam que a estimulao sensorial promove comportamentos mais ajustados nos idosos, o que se
traduz numa melhoria das relaes, originando por seu turno maior motivao no trabalho.
A partir deste envolvimento, desenhamos a seguinte grelha para identificar o tipo e a relevncia das
mudanas por stakeholder, a fim de as agrupar e preparar a sua monitorizao, perceber e medir as evolues
ao longo da implementao do projeto.
Idosos Demncia, Privao Acesso a estimulao Aumento das capacidades Melhoria e/ou
sensorial sensorial sensoriais manuteno das
capacidades
cognitivas
Diminuio da agitao e
agressividade
316
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Famlias Dificuldades na Maior descanso a nvel Melhoria das relaes Maior descanso
relao com a pessoa fsico (noite) emocional
idosa
Outras Instituies, Acesso terapia Acesso ao servio Acesso formao Integrao na RURH
Comunidade Local
Co-investimento em Democratizao do
novas salas e recursos conhecimento e
Investimento reduzido humanos especializados benefcios da
Humanitude e
Snoezelen
Poder Local (Junta de Respostas sociais Identificao de mais uma Compromisso visando a Valorizao das
Freguesia) para populao resposta para o desafio disseminao dos respostas que visem
envelhecida demogrfico atual benefcios a humanizao como
critrio de deciso
politica
317
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
IDOSOS
Ao utilizar-se o snoezelen em estados depressivos ou distmicos tem-se como principal objetivo aumentar a
sensibilidade atravs dos recetores sensoriais que so estimulados isolada e simultaneamente numa
abordagem multissensorial e diminuir a frequncia de consultas de foro mental. O resultado pretendido
promover processos de plasticidade neuronal que ativem os processos de estabilizao cognitiva. Apesar
dos resultados imediatos, quase toda a literatura refere que os efeitos do snoezelen no perduram para l da
sesso (para alm da reduo do nvel de ansiedade, agitao e presso arterial).
De acordo com a hiptese em teste, foi possvel comprovar e extrapolar efeitos que perduram quando as
sesses so efetuadas e contextualizadas em ambiente humanizado, fazendo o uso consciente e profissional
do olhar, fala e toque na promoo da individualidade, liberdade e verticalidade da pessoa. Uma forma
continuada de subtil estimulao multissensorial antes, durante e aps a sesso.
Contudo, foi identificada a necessidade de um apoio clinico holstico e proativo para evitar teraputicas
farmacolgicas para l da sua estrita necessidade, diminuindo situaes de iatrogenia e consequente reduo
da medicao.
FAMLIAS
Paralelamente aos cuidadores formais, semelhantes mudanas podero ser observadas nas famlias enquanto
Reduo
da medicao
318
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
cuidadores informais no que respeita melhoria relacional, levando a menor stress e consequente bem-estar
no ambiente familiar, causa e consequncia no desenvolvimento de estratgias de coping.
Toda a literatura afirma a clara correlao entre a sade dos familiares cuidadores e o nvel de desafio que
cuidar de um idoso demente: o desconhecimento da origem e da possibilidade de cura gera ansiedade,
irritao, depresso, alteraes na atividade profissional, nos tempos livres e de lazer, desaguando na
necessidade de recurso a frmacos psicotrpicos.
Apesar de no conseguirmos, no mbito deste prottipo, uma avaliao quantitativa e qualitativa num
perodo de tempo relevante e natural, foi confirmado como expectvel, a longo prazo, a reduo de custos
com a sade dos familiares, tambm designados como pacientes ocultos. No foram identificadas em curso
nenhumas outras terapias ou atividades com efeito direto na melhoria do estado de sade geral dos familiares
enquanto cuidadores.
H, no entanto, outras mudanas que podem impactar negativamente os stakeholders idosos e famlias. Ao
promover maior auto-estima nos idosos, a mesma pode estar associada a maior autonomia. Muitas vezes a
famlia habitua-se a gerir todas as decises, desde as mais bsicas das atividades da vida diria s financeiras.
Neste caso referimos, de modo especial, as AVDs (Atividades de vida diria). Momentaneamente, os idosos
podem apresentar a possibilidade de retomar alguma autonomia o que pode originar desencontros
familiares, tornando-se difcil perceber a disponibilidade intermitente para assumir as AVDs. Podem surgir
dvidas sobre como lidar com a situao.
CUIDADORES ESPECIALIZADOS
Somatizao
Foi referido pelos cuidadores que o facto de a instituio ter implementado os cuidados em Humanitude fez
diferena, permitindo em ltima anlise que, em alguns dos casos, s aps a aplicao em contnuo dessa
metodologia foi possvel criar condies para levar os idosos sala para uma interveno mais profunda,
sistematizada e complexa. Ficou claramente expresso que s a conjugao das duas abordagens, tem
permitido que os resultados em bem estar psicolgico e estabilizao cognitiva perdurem para l do tempo
e espao das sesses, potenciando a reduo da medicao. Esta informao amplamente validada por
toda a literatura.
319
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Competio
profissional
(inveja)
MUDANA
NEGATIVA
pessoas idosas. A base filosfica e as tcnicas promotoras de cuidados humanizados, por via dos seus
resultados, vo-se assim interiorizando, passando a constituir patrimnio dos cuidadores, que deles fazem a
base da sua atuao em contnuo desenvolvimento.
semelhana de um processo teraputico em que, para debelar um foco de particular dificuldade, se recorre
interveno cirrgica, unnime a informao de que a estimulao multissensorial continuada que os
cuidados em Humanitude proporcionam constitui base da mudana experimentada, onde as sesses de
snoezelen constituem o momento cirrgico para os casos mais complexos (demncias). Induzir a uma reao
humana positiva por parte de quem est sob os seus cuidados, a base da sua profisso e, por consequncia,
da sua realizao pessoal, onde o momento da sesso uma ferramenta importante para catalisar resultados.
A grande concluso, passa ento, pela perceo de que as sesses no so em si uma terapia, mas um
ambiente teraputico, se utilizado como um momento relacional privilegiado, potencialmente fonte de
realizao pessoal e profissional. A verificao desta alterao qualitativa nas relaes entre cuidadores e
idosos, permite-lhes desenvolver mais objetivamente a perceo do valor da sua profisso em geral e do seu
servio em particular.
Com os restantes cuidadores podem surgir impactos negativos1, pelo fato de nem todos poderem usufruir
do acompanhamento das sesses de snoezelen com os idosos. O snoezelen visto como um espao e
momento especial, tranquilizador para ambos. As questes da competio profissional pode ter de ser
confrontada, o que faz com que os cuidadores que acompanham os idosos no Snoezelen sejam vistos como
aqueles que esto a receber um tratamento diferenciado, j que tambm usufruem das caractersticas e
possibilidades da sala. Conseguem-se mudanas com os idosos que fora daquele ambiente no seria possvel.
E surgem questes do tipo: eu tambm sou atenciosa e no consigo os mesmos resultados, porque o
idoso prefere a outra cuidadora, o que traz desgaste emocional (por exemplo, o senhor A que no cedia a
tomar banho ajudado pela cuidadora C o que estava a originar escalada de agressividade e ansiedade foi
levado ao snoezelen pela cuidadora B encarregue das sesses e o relaxamento fez com que aceitasse
depois facilmente e se tornasse colaborante na prestao dos cuidados de higiene).
320
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
4. PROVAS E VALOR
4.1. INDICADORES (QUANTIDADE)
IDOSOS
O bem-estar psicolgico dos idosos com sndromes demenciais foi medido atravs de dois indicadores:
necessidade de consultas de foro mental e o nvel de auto-estima. Para a sua medio foi utilizado um
inqurito aplicado aos idosos pelos cuidadores durantes as sesses de snoezelen. Para a estabilizao
cognitiva usamos uma VAS (Visual Analog Scale) fsica e o SAM (Self-Assessment-Manikin), que uma medida
pictogrfica, que utiliza a sequncia de figuras humanoides, para representar a classificao das dimenses
emocionais, facilitando a compreenso a pessoas com comprometimentos cognitivos. Permitiu-nos avaliar a
experincia do snoezelen antes e depois da interveno, considerando as duas dimenses: experincia
(cognitiva) e de bem-estar (afetiva), e assim avaliar a perceo do estado geral de sade.
FAMILIARES
Cuidar de idoso com sndrome demencial est muitas vezes associado a nveis elevados de irritao,
ansiedade e depresso, com importante influncia na sade dos familiares, sendo recorrente o uso de
psicofrmacos com natural peso nos custos com a sua sade.
A diminuio das atividades sociais frequente pela vergonha e/ou falta de tempo devido diminuta
perceo da importncia das mesmas para a sade sensorial e cognitiva. O snoezelen revela a estimulao
multissensorial como ferramenta e que deve tambm desenvolver-se em atividades da vida quotidiana,
sendo necessrio dar tempo suficiente pessoa para que possa experimentar diferentes sensaes ao longo
do dia (ex: passeios aos locais de memrias emocionais positivas, jardins, terra de origem, recuperar cheiros,
imagens e sabores).
Nesta dinmica, a perceo da qualidade do ambiente familiar e o nmero de atividades ldicas mensais que
incluam o idoso foram ento os indicadores para medir mudanas no ambiente familiar
O resultado dos inquritos e da entrevista semiestruturada foram triangulados com uma validao subjetiva
dos cuidadores que fazem a ponte com as famlias, com a literatura que refere a clara interdependncia e
fundamenta adiante a aproximao financeira, e dados da Consulta Multidisciplinar de Geriatria do HPV (feita
com a presena de pelo menos um familiar cuidador) e Visita Domiciliria de Geriatria da Unidade Universitria
de Geriatria da FMUL.
321
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
CUIDADORES ESPECIALIZADOS
O burnout profissional associado aos cuidados de pessoas dementes tem vindo a ser referido como uma das
consequncias mais marcantes, caracterizando-se pela exausto emocional, muitas vezes associada a
demisses e/ou absentismo e sem capacidade para o desenvolvimento de estratgias de coping.
A melhoria das relaes com os idosos desperta para a perceo do valor do servio prestado e
consequentemente ao aumento do nvel de satisfao profissional.
A escala WHOQOL-Bref (verso portuguesa) adaptada serve de base avaliativa das mudanas relacionadas
com o bem estar e a qualidade de vida, que, de acordo com a OMS, esto assente na conjuno dos domnios
fundamentais, fsico, psicolgico, relaes sociais e meio ambiente. Atravs da Humanitude conseguimos
intervir em todos eles, e com as sesses de Snoezelen muito particularmente no fsico e psicolgico, usando-o
como porta de entrada para a interveno preconizadaholstica e sustentvel.
Os inquritos e entrevistas foram elaborados de forma a avaliar o estado inicial e prospetivar o mesmo aps a
interveno. A mdia destas diferenas nos indicadores de cada mudana a distncia percorrida (DP), cujo
valor foi multiplicado pelo n de elementos da amostra de cada stakeholder, dando-nos assim a quantidade
de mudana experimentada.
Nvel de autoestima
N psicofrmacos
Toma de psicofrmacos
322
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
4.2. DURAO
Triangulando os resultados de entrevistas com os dados da UUG (formada em Humanitude) que faz a
reavaliao anual, conclui-se que os efeitos perduram nos idosos e familiares de forma variada entre 6 meses
a 1 anos aps as intervenes, sendo muito dependente do nvel de acompanhamento.
Nos cuidadores a mudana toma um carcter mais permanente, mas a necessitar sempre de reforo cclico.
323
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
IDOSOS
Bem-estar psicolgico: devido aos compromissos cognitivos, no verosmil obter respostas credveis
declaradas, pelo que fizemos busca no mercado para o valor mdio de sesses de psicoterapia2 como
abordagem alternativa. Assumiu-se o critrio do mesmo nmero de sesses: 40/sesso x 45 sesses =
1800.
Estabilizao cognitiva: com base num estudo suo de 2015, onde cuidadores informais foram questionados
quanto estariam disponveis para pagar (ano) pela estabilizao das habilidades cognitivas e funcionais das
pessoas sob seus cuidados, fizemos a mesma pergunta aos familiares da nossa populao, colocando os
valores numa base comum de acordo com o nmero de sesses previstas (225) e cruzamos os dados. Os
resultados foram praticamente coincidentes: mdia de 45/sesso nos nossos questionrios e de 43,73 no
estudo suo. Para a transferncia do valor da realidade sua para a portuguesa, foi usado o conversor PPC
(0,52).
Dado a relevncia e consistncia do estudo suo3 (126 participantes), optmos pelos resultados deste,
obtendo assim um valor um pouco mais conservador: 43,73 x 225 sesses = 9.840.
FAMLIAS
Reduo dos custos de sade: sabendo que a maioria da populao em Centro de Dia reside, ou com o
cnjuge ou com a famlia de um filho (ou com o suporte direto deles), isso indica-nos que um idoso demente
cuidado informalmente em mdia por duas pessoas. Em consequncia direta ou indireta do papel de
cuidador, 48% tomam psicofrmacos, desenvolvendo 17% deles problemas de sade mental5. Segundo o
relatrio Psicofrmacos: Evoluo do consumo em Portugal Continental (2000 2012 INFARMED), a mdia
ponderada do consumo de ansiolticos, anti- depressivos e soporferos, de 0,5/dia. Sendo pelo menos 1
dos cuidadores tambm idoso, fizemos uso do rcio 1,75 psicofrmacos/pessoa da AF anterior, sendo ento
o custo mdio no perodo de: 0,5 x 1,75 x 180 dias = 157,50.
2http://rutelemos.com/honorarios.html
3http://www.globalvaluexchange.org/valuations/alzheimers-disease-patients-willingness-to-pay-for-the-prevention-of-further-detrioration-(median-household-
wealth)/
4http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1809-98232012000100006&script=sci_arttext
5http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/7152/2/Cuidadores%20Informais%20de%20Doentes%20de%20Alzheimer%20Sobrecarga%20Fis.pdf
324
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
CUIDADORES ESPECIALIZADOS
Perceo do valor do seu servio: na sade e no servio social, cuidar est inerente verificao de efeitos
positivos na sade e bem-estar da pessoa cuidada. A no se verificar, gera-se uma perceo de incumprimento
com o seu propsito, algo que tem a sua origem na mais profunda caracterstica humana a utilidade. Por
serem profisses sustentadas essencialmente na relao, a necessidade de satisfao com os resultados
mais evidente, verificando-se a predisposio para abdicar at 35% do salrio para a obter8. Usando da tabela
salarial de Assistente Social/Fisioterapeuta nvel VIII em IPSS (perfil mdio), temos ento: 773 x 35% x 6
meses = 1.623.
Declarada: idem
Famlias Reduo dos custos de sade Influncia da condio do idoso demente na 157,50
sade dos familiares
Toma de psicofrmacos
6 http://www.globalvaluexchange.org/outcomes/satisfaction-of-family-relationships-(change-in)/
7 http://www.innerways.pt/precario
8 http://www.globalvaluexchange.org/valuations/wage-cut-that-people-would-take-to-work-in-a-job-they-like/
325
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Quanto aos familiares no foi fcil obter uma resposta objetiva, pois a ideia de fatalidade condiciona muito
a reflexo.
5.2 ATRIBUIO II
Este tipo de atribuio foi encontrada atravs das entrevistas semi-estruturadas realizadas aos cuidadores,
respondendo por si e enquanto elementos de ligao com os idosos e familiares a quem entrevistaram sobre
outras atividades que considerem estar a contribuir para as mudanas. Nestes nada registaram, contudo h
percepo de que a interao coletiva recorrendo msica, aparenta contribuir para as suas e dos idosos.
Idosos com sndrome Bem- estar psicolgico 10% Tem frequentado outras atividades no Centro que
demencial podem contribuir para estas mudanas?
Cuidadores Perceo de valor do seu servio 10% A entrevista semi-estruturada realizada aos
especializados cuidadores revelou a percepo de que h
caractersticas pessoais que favorecem a relao
326
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Idosos com sndrome Bem- estar psicolgico 75% Entrevistas semi-estruturadas realizadas e
demencial trianguladas com enfermeiro do CSPSJA e
UGG FMUL/HPV.
Famlias Alterao dos custos de sade 50% Daqui a 1 ano quanto acha que poderia ser
a reduo dos custos em sade
Alterao no ambiente familiar 50% Daqui a 1 ano quanto acha que poderia
melhorar o ambiente familiar
Cuidadores especializados Perceo de valor do seu servio 25% Daqui a 1 ano quanto acha que poderia
melhorar o ambiente familiar
5.4. DESLOCAO
Apesar de prospetiva, a nossa avaliao pde beneficiar dos primeiros outcomes ao fim de apenas 5 sesses,
possibilitando o seu uso enquanto orientadores do processo avaliativo e dos fatores ter em conta na
construo do indicador SROI, cujo resultado est espelhado no mapa de impacto9.
Com um investimento global bsico de apenas 6.270 (uma sala de snoezelen completa custa cerca de
10.000), o resultado de 1:5,39 demonstra que a nossa proposta de conjugao com a humanizao da
relao, profissionalizada, potencia mais impacto e valor, com menos custos que o investimento na tecnologia
e os seus efeitos perduram.
327
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Importa determinar o grau de robustez do modelo e de dependncia (risco) quando exposto a variaes no
comportamento dos stakeholders ou nos fatores que condicionam as mudanas.
- uma para avaliao mais macro, procurando determinar se h risco de a avaliao estar demasiado
dependente dos parmetros de maior peso identificados na observao do mapa de impacto e dos grficos
1 e 2, impondo cortes nestes at se chegar ao rcio 1:1;
- e um segundo para uma avaliao mais qualitativa, decorrente das dificuldades ou fragilidades
metodolgicas sentidas na colheita dos dados, vertidas numa anlise de cenrios extremos.
Da observao dos grficos e do mapa de impacto, verifica-se um elevado peso do stakeholder Idosos, e
dentro destes da mudana estabilizao cognitiva, provavelmente muito condicionada pela escolha da
aproximao financeira.
Para alm do teste da reduo neste fatores, impusemos igualmente importantes redues naqueles em que
no foram encontradas relevantes condicionantes, como os descontos (atribuies I e II), testando assim o
efeito de uma eventual m identificao nestes captulos.
Pela anlise dos efeitos marginais na abordagem 1:1 e das variaes conducentes para cenrios extremos,
conclui-se que o cenrio de grande dependncia dos fatores de avaliao referentes aos idosos no tm uma
correlao direta, estando antes mais exposto ao risco de outras intervenes contributivas para as mudanas
(atribuio II) -o que est em linha com a relevncia da Humanitude no projeto ou da durao - o que est
em consonncia com a literatura.
328
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Apesar de na parte final deste piloto termos ficado convencidos que o stakeholder outros cuidadores dever
ser avaliado de forma independente e includos, a sua influncia no de todo crtica para a robustez do
modelo, representando aproximadamente apenas 0,23.
Desta anlise resulta que, em contexto real, nula a possibilidade do retorno deste projeto ser negativo, e
que as variaes, negativas ou positivas, dificilmente atingiro os 30%.
Idosos A falta de aplicao de Porque tm um grande peso na anlise, e foram Alterao na 25% 6,55
diagnstico multisdisciplinar identificadas potencias significativas alteraes numa quantidade
causa de grande nmero de avaliao sumria pela metodologia Avaliao
iatrogenias clinicas e Geriatrica Global da UGG
medicamentosas, com efeitos
diretos em todas as mudanas
medidas
Famlias Custos de Sade Dificuldade dos familiares se exporem a questes Alterao na 25% 6,57
sobre a sua sade mental, tendo ficado a sensao de quantidade
que muito ficou por ser dito e avaliado
Famlias Ambiente Familiar As respostas prospetivas sobre a possibilidade do Alterao na 30% 6,63
aumento das atividades ldicas e impacto no quantidade
ambiente familiar, so muito heterogneas e
condicionadas pela noo de fatalismo
Cuidadores Perceo do valor do servio Constrangimento na manifestao da insatisfao Alterao na 20% 6,72
Especializados durante o questionrio, pois a questo da quantidade
confidencialidade no estava expressa. Dificuldade
em assumirem um perfil representativo da classe antes
dos efeitos da Humanitude
Outros Aps 1 ms de projeto, os efeitos No foram antecipados impactos nos restantes Incluso como 50% 6,95
Cuidadores nos idosos melhorou a eficcia cuidadores, pois eles receberam igualmente formao Stakeholder.
da interao com os restantes em Humanitude para o sustento dos resultados fora Dado ser
cuidadores da instituio das sesses. Contudo, estas ampliaram para l do semelhante aos
expectvel os efeitos, melhorando as relaes de cuidadores
todos os profissionais com os idosos. especializados,
usaremos % da
Quantidade
destes
329
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
Idosos A falta de aplicao de diagnstico Porque tm um grande peso na anlise, e Alterao nas aprox. -20% 4,46
multisdisciplinar causa de foram identificadas potencias financeiras
grande nmero de iatrogenias significativas alteraes numa avaliao
clinicas e medicamentosas, com sumria pela metodologia Avaliao
efeitos diretos em todas as Geriatrica Global da UGG
mudanas medidas
Famlias Custos de Sade Dificuldade dos familiares se exporem a Alterao nas aprox. -25% 4,44
questes sobre a sua sade mental, tendo financeiras
ficado a sensao de que muito ficou por
ser dito e avaliado
Famlias Ambiente Familiar As respostas prospetivas sobre a Alterao na quantidade -20% 4,40
possibilidade do aumento das atividades
ldicas e impacto no ambiente familiar,
so muito heterogneas e condicionadas
pela noo de fatalismo
Cuidadores Perceo do valor do servio Constrangimento na manifestao da Alterao na quantidade -15% 4,33
Especializados insatisfao durante o questionrio, pois a por efeito de mudanas
questo da confidencialidade no estava negativas na relao
expressa. Dificuldade em assumirem um com os restantes
perfil representativo da classe antes dos cuidadores
efeitos da Humanitude
Outros Aps 1 ms de projeto, os efeitos No foram antecipados impactos nos Mudanas negativas por -10% 4,28
Cuidadores nos idosos melhorou a eficcia da restantes cuidadores, pois eles receberam inveja da possibilidade
interao com os restantes igualmente formao em Humanitude de privarem com os
cuidadores da instituio para o sustento dos resultados fora das idosos no ambiente
sesses. Contudo, estas ampliaram para l relaxante da sala.
do expectvel os efeitos, melhorando as Reduo da Quantidade
relaes de todos os profissionais com os
idosos.
Idosos Atribuio II de todas as mudanas Humanitude enquanto projeto autnomo Alterao na -50% 4,09
ser atribuvel s Humanitude Quantidade
330
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
6. CONCLUSO E
RECOMENDAES
O rcio SROI obtido (1:5,39) a sntese final do processo de medio dos recursos e do impacto social do
Snoezelen-Humanitude no Centro Social e Paroquial de So Jorge de Arroios (CSPSJA).
Como seria de esperar o projeto tem mais impacto nos seus beneficirios diretos - os idosos. Dentro deste
grupo, o snoezelen evidencia que o impacto maior junto dos que tm sndrome demencial, mas que
necessita de uma metodologia relacional de suporte base para a permanncia dos resultados - a a
Humanitude prova-se eficaz.
As mudanas com maior impacto nos idosos so a estabilizao cognitiva e a reduo da medicao. No
entanto, esta confirma a necessidade de diagnsticos e teraputicas mais assertivas e menos iatrognicos
pelo que estar subavaliada.
Os cuidadores especializados apresentam as sesses como ambiente teraputico atravs da relao que se
estabelece com o idoso. Referenciam que a captura sensorial, enquanto estratgia apreendida na
Humanitude, um dos pilares da sesso e da potenciao dos efeitos teraputicos, consequentemente da
sua realizao profissional e pessoal.
Verifica-se na anlise grfica (grfico 1) que as mudanas relativas estabilizao cognitiva (68%) e o bem-
estar psicolgico (15%) dos idosos so as mais relevantes. Daqui podemos concluir que se a base sensorial
-em analogia com a pirmide de Maslow - e relacional - Humanitude - estiverem satisfeitas, mais facilmente
os processos cognitivos e emocionais encontram sustentabilidade.
5+32+2315329
RETORNO POR MUDANA (grfico 1)
Reduo da medicao 3%
No grfico seguinte (grfico 2) comprova-se que os maiores beneficirios (86%) desta interveno so os
idosos.
331
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
86+6+8
RETORNO POR STAKEHOLDER (grfico 2)
Idosos 86%
Famlias 6%
Cuidadores 8%
PONTOS FRACOS
Acreditamos que os resultados positivos desta anlise no refletem a totalidade do impacto do trabalho
realizado e que devero ser tidos em conta em futuras avaliaes e na interpretao do atual SROI:
A recolha de informao junto dos idosos e famlias foi um desafio cuja soluo se revelou no muito
eficiente. As sndromes demenciais impem limitaes cognitivas, e dificuldade em detetar a
necessidade e a avaliao das mudanas. A famlia por seu turno, para l das caractersticas j descritas
nesta anlise, desconhecia o Snoezelen. Os questionrios como forma de recolha da informao foram,
apesar de tudo, a metodologia possvel no espao de tempo til disponvel, sendo necessrio recorrer
a triangulao de informaes junto de cuidadores e do diretor do CSPSJA. Por esta razo, a Via
Hominis agora j dispe de equipamento e materiais que iro ser utilizados, no futuro, como
complemento dos questionrios, sobretudo no que respeita aos idosos.
O prazo extremamente limitado para a criao da sala e a necessidade de mais equipamento para
catalisar as distncias percorridas nos idosos, indutoras das mudanas nos outros stakeholders.
PONTOS FORTES
332
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
RECOMENDAES
No foram confirmadas e portanto, no foram alvo de quantificao e valorizao, mas podem ocorrer outras
mudanas que podem impactar negativamente os stakeholders idosos e famlias. Ao promover maior auto-
estima nos idosos, a mesma pode estar associada a maior autonomia. Muitas vezes a famlia habitua-se a
gerir todas as decises, desde as mais bsicas das atividades da vida diria (AVDs) s financeiras.
Momentaneamente, os idosos podem apresentar a possibilidade de retomar alguma autonomia o que pode
originar desencontros familiares, tornando-se difcil perceber a disponibilidade intermitente para assumir as
AVDs. Podem surgir dvidas como lidar com a situao. Futuramente devem ser consideradas e quantificadas.
Um SROI prospetivo encerra a possibilidade e a oportunidade de melhorar e ser mais evidenciador. Neste
sentido, devero ser includos como stakeholders os demais cuidadores, uma vez que tambm so
beneficirios e potenciadores de mudanas.
Nos idosos com demncias, prova-se de grande utilidade a utilizao de equipamentos como neurosky,
termmetro do stress e biodots em complemento dos questionrios/escalas avaliativas.
As famlias necessitam de uma estratgia de envolvimento, pois tendem a ser demasiado distantes em
virtude do sentimento generalizado de fatalidade, impotncia e at de desdm. Aes formativas de
cuidadores informais nas tcnicas Humanitude podem ser uma boa oportunidade para as instituies, quer
para o envolvimento dirio, quer para o desenvolvimento de fontes de recolha de dados, proporcionando
melhor contextualizao para a aplicao de questionrios, entrevista e possibilitar a criao de grupos
focais.
O Snoezelen-Humanitude deve concorrer para dar aos cuidadores o calor e o humanismo que do qualidade
aos cuidados, como vimos pode alterar inteiramente o proscnio teraputico, desde que acompanhado por
uma prtica clnica conforme.
333
SNOEZELEN COM IDOSOS EM CONTEXTO HUMANITUDE - Via Hominis
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335
8. MAPA DE IMPACTO
Stakeholders Recursos Resultados Mudanas Descontos (DC) Impacto Clculo do Retorno Social
Quem afetamos/ O que vo eles Valor Atividades em nmeros Descrio Indicador (QT) Durao Aproximao Financeira (AF) Valor AT I DES AT II Reduo QT x AF - DC Taxa de Desconto 5.50%
nos afeta? investir?
O que muda nas suas vidas? Como medimos a mudana? Que preo atribumos mudana? Ano 0 Ano 1 Ano 2
Idosos com Tempo 0.00 225 sesses - 3 ciclos de 15 sesses em 5 Bem-estar Psicolgico necessidade de consultas do foro 1.41 1.75 Sesses de Psicoterapia: 40/sesso x 45 sesses 1,800.00 0% 0% 10% 75% 2278.125 2,278.13 2,278.13 569.53
sindromes idosos referenciados mental
demnciais
Nvel de auto-estima
Estabilizao Cognitiva VAS Fsica/SAM 1.19 1.5 Disponibilidade para pagar pela estabilizao das 9,840.00 0% 0% 10% 75% 10516.5 10,516.50 10,516.50 2,629.13
habilidades cognitivas e funcionais (Suia): PPC (Suia/
Perceo do estado geral de Portugal) 81,3/154,5 = 0,52 x 18.700
sade
Alterao da medicao (reduo) N medicamentos por dia 1.41 1.7 Preo mdio do medicamento em portugal 10,09; 442.00 0% 0% 10% 75% 559.406 559.41 559.41 139.85
(excluindo psicofrmacos) durao mdia 1 ms; n mdio de frmacos no
paciente idoso 7,3;periodo do piloto: 6
N psicofrmacos meses:10,09x7,3x6
Familias Tempo 0.00 15 entrevistas (3,75h) semi estruturadas Alterao dos custos de sade Influncia da condio do idoso 1.63 2 Valor dos Psicofrmacos: 0,5/dia mdia ponderada do 157.50 0% 0% 0% 50% 255.938 255.94 255.94 127.97
(15 min/entrevista) (reduo) demente na sade dos familiares consumo das vrias tipologias de psicofrmacos x 180
dias x 1,75 (n mdio de psicofrmacos nos idosos - a
Toma de psicofrmacos maioria dos cuidadores so igualmente idosos-
conjuge)
Alterao no ambiente familiar Perceo da qualidade do 1.00 2 Terapia familiar: 45/sesso para uma frequncia 540.00 0% 0% 0% 50% 540 540.00 540.00 270.00
(melhoria) ambiente familiar quinzenal x 6 meses x 2 sesses
Cuidadores Sesses 225.00 5 idosos x 45 sesses =225 Perceo de valor do seu servio Frequncia de demisses ou 0.75 3 Valor da reduo salarial que os trabalhadores estariam 1,623.00 0% 0% 10% 25% 1095.525 1,095.53 1,095.53 821.64
Especializados absentismo dispostos a abdicar por um aumento da satisfao com
o seu trabalho: Assistente Social/Fisioterapeuta nivel
nvel de satisfao profissional VIII em IPSS: 773 X35%X6 meses
CONCEITO DEFINIO
Amostra "bola de neve" Quando se pede aos inquiridos que sugiram outros potenciais respondentes que obdeam a certas
caractersticas (particularmente til quando difcil encontrar pessoas disponveis para responder)
Amostra aleatria Amostra onde toda os elementos tiveram a mesma probabilidade de ser seleccionados.
Amostra no aleatria Feita por motivos de custo-eficincia ou de convenincia (ex: amostra constituida por qualquer
pessoa que aceite responder s questes)
Anlise 1:1 Clculo de quanto seria necessrio mudar em cada parmetro para que o retorno social por 1
investido fosse igual a 1 de valor social.
Anlise apoiada na Construo de sries de valores que os parmetros crticos podem assumir e test-los,
substituio livre independentemente no SROI, para saber como se altera o rcio SROI.
Anlise de Cenrios Consiste em usar combinaes de valores otimistas e pessimistas, relacionados com uma srie de
hipteses que culminam na criao de cenrios realistas. Uma vez criados os cenrios, substituem-se
os parmetros no mapa de impacto e calcula-se o SROI de cada cenrio.
Anlise de Grficos Consiste em recorrer representao visual para perceber de que forma diferentes componentes
pesam no resultado final do SROI.
Anlise de sensibilidade Conjunto de tcnicas para avaliar como reaje o modelo analtico cajo a alteraes em parmetros
crticos.
Anlise de variaes Consiste em considerar o impacto relativo de uma variao absoluta nas diferentes componentes do
SROI.
Anlise reflexiva Consiste em refletir sobre um conjunto de categorias de parmetros e definir, com base na
experincia de terreno e no conhecimento da envolvente do projeto, quais so os fatores mais
importantes a medir.
Aproximao financeira Aproximao ao valor de uma mudana, utilizada quando impossvel obter uma medida exata e
direta.
Atividades de suporte Atividades que esto relacionadas com todas as outras e que acontecem independentemente do
nmero ou conjunto de servios fornecidos. Representam custos indiretos.
CAPEX So gastos de capitais ocorridos quando uma empresa investe na compra, melhoramento,
desenvolvimento ou extenso da vida de activos corpreos, tais como infra-estruturas,
equipamento, sistemas, propriedades, etc. que tenham um perodo de vida til (produzam
benefcios) superior ao exerccio (um ano); portanto sujeito a reconhecimento do respectivo custo
via amortizaes.
337
CONCEITO DEFINIO
Coeficiente de alocao Razo que explicita qual o consumo de despesas gerais por cada atividade.
Construes binrias Quantificao da mudana obtida atravs da diviso de um dado stakeholder em dois grupos de
individuos consoante terem ou no experienciado a mudana. A quantidade da mudana neste caso
representada pela percentagem de individuos que experenciaram a mudana.
Custeio por Atividades Mtodo para o tratamento dos custos indiretos atravs da anlise das atividades e das medidas de
atividade.
Custo indireto Custos que so partilhados entre os servios prestados, a que j nos referimos como atividades de
suporte.
Custos Diretos Custos que variam proporcionalmente em funo da quantidade de cada atividade.
Desconto Processo de recalcular ganhos e custos financeiros futuros para o valor presente, com o objetivo de
chegar ao Valor Atual Lquido (VAL).
Desgaste Componente da taxa de reduo que capta o efeito de algumas mudanas, cuja durao vai alm da
atividade, poderem simplesmente desgastar-se custa de outros fatores - e por esse motivo os
stakeholders deixam de as experienciar (por exemplo, perdem o emprego que tinham conseguido
com o projeto).
Deslocao Proporo de mudana que conseguida custa de outras mudanas. uma mudana positiva ou
negativa que geramos na comunidade de forma no intencional em consequncia dos processos de
mudana desencadeados pela nossa atividade.
"Distncia Percorrida Medida do processo de mudana expresso ocorrido entre dois perodos de tempo. Medir a distncia
percorrida requer avaliar, pelo menos, duas ocasies distintas para entender o que mudou: o
momento inicial (T0) e o momento atual (T1).
Dupla Contagem ou Falcia que ocorre quando se conta uma mudana mais do que uma vez, o que resulta numa
Duplicao quantidade de mudana errada, isto , superior real.
Entrevistas Conversa entre duas uma ou mais pessoas com um fim determinado. Diferencia-se do questionio
pois neste ltimo as perguntas e respostas so feitas de forma escrita.
Environamental Identity Foi projetada para medir em que grau os indivduos se identificam com o ambiente natural e as
Scale causas ambientais. composta por 28 items que so classificados numa escala de Likert de 5 pontos,
variando de 1 (discordo plenamente) a 5 (concordo plenamente).
Escala Converte o total de mudana nas unidades de medida que definimos previamente (portanto
converte a mudana num indicador).
Escala De Autoeficcia Escala de 10 items desenhada para medir a capacidade para lidar de forma eficaz com diferentes
Geral Percecionada situaes stressantes. Nesta escala pede-se aos respondentes que digam de 1 a 4 (em que 1 De
modo nenhum verdade e 4 Exatamente Verdade).
FSE Fornecimento de Servios Externos (por exemplo, gua, luz, contratao de pequenas reparaes,
etc.).
338
CONCEITO DEFINIO
Grupo Focal Mtodo de recolha de dados que permite encontrar-se com stakeholders de uma s vez para
discutir um conjunto de tpicos. Metodologia indicada para recolher um grande conjunto dados
num curto perodo de tempo e para compreender normas sociais.
"Impacto Valor da mudana deduzido dos descontos (atribuio I e II, deslocao e reduo).
Indicadores Diretos/ Indicadores indiretos so as aproximaes que fazemos quando no existe informao imediata
Indiretos sobre aquilo que pretendemos medir. Indicadores diretos so medidas extradas dos resultados.
Indicadores qualitativos/ Indicadores podem ser quantitativos como taxas, percentagens e rcios - ou medidas qualitativas,
quantitativos que captam as percees dos stakeholders sobre um determindado tema.
Inqurito apreciativo Mtodo de desenvolvimento organizacional que envolve todos os stakeholders no sentido de
incrementar os pontos fortes da organizao.
Inqurito com mtodo de "Mtodo de envolvimento de stakeholders que recorre a grupos estruturados de especialistas,
Delphi inquiridos individualmente sobre determinado tema.
Investimentos As contribuies monetrias e no monetrios que so feitas, ou que tm que ser feitas, para que a
atividade tome lugar.
Mapa de impacto Representao visual de como a organizao utiliza certos recursos para completar atividades que,
por sua vez, levaro os stakeholders a sentir determinadas mudanas.
Mapa Mental Diagrama construdo a partir de uma ideia central, a partir da qual se ramificam conceitos
associaodos. Muito utilizado para explorar processos criativos.
Materialidade Considera-se material a informao que, omitida ou distorcida, pode alterar o fundamento do
julgamento e decises dos stakeholders.
Medida de atividade Unidade utilizada para quantificar os custos. Este termo sinnimo de unidade de medida, uma vez
(condutor de custos) que esta medida conduz ou indica a quantidade de custos a ser alocada.
Medidas de durao Contagem da quantidade de tempo necessria para executar uma atividade
Modelo lgico Mtodo que mostra visualmente as relaes causais entre recursos, atividades, resultados e impactos.
Tambm referida como quadro lgico ou teoria da mudana, est na base da metodologia SROI.
Mudana Alterao que ocorre na vida de um stakehoder como resultado de uma atividade (outcome em
Ingls).
Mudanas Intangveis Os indicadores podem caracterizar resultados, que so mudanas facilmente verificveis, claramente
definidas e simples de quantificar (por exemplo, taxa de reincidncia dos ex-presidirios). Podem
ainda caraterizar mudanas intangveis, ou seja, mudanas mais subtis que carecerem de um grau
de anlise mais aprofundado na sua construo (por exemoplo, o nvel de segurana sentido pela
comunidade).
339
CONCEITO DEFINIO
Observao Participante Forma de recolher dados cujo objetivo compreender o dia a dia da populao que ir ser alvo da
mudana.
Preferncias Declaradas Mtodo de construo de aproximaes financeiras que recorre a fontes primrias e que se aplica
quando o comportamento do mercado no observvel. Neste mtodo os stakeholders so
convidados a expor suas preferncias em cenrios hipotticos.
Preferncias Reveladas Mtodo de construo de aproximaes financeiras que recorre a fontes secundrias, isto ,
observao das preferncias reveladas pelo comportamento do mercado atual. Representa a
evidncia do mundo real sobre as escolhas que os indivduos fazem.
Questo Recolhe informao sobre a mudana luz dos indicadores e escalas concebidos.
Questo fechada Questo onde o inquirido est sujeito a um conjunto de respostas fornecidas partida.
Questionrio Questionrio uma tcnica de investigao composta por um nmero grande ou pequeno de
questes apresentadas por escrito que tem por objetivo propiciar determinado conhecimento ao
pesquisador. Diferencia-se da entrevista pois nesta ltima as perguntas e respostas so feitas de
forma oral.
Rcio SROI Valor atual lquido do retorno social dividido pelo total do investimento.
"Receita O valor monetrio que a organizao recebe das suas vendas, doaes, contratos, subsdios ou de
outras fontes.
Recuperao dos custos Recuperao dos custos totais que uma organizao teve para desenvolver e vender o seu produto
totais ou servio.
Reduo Mede a desvalorizao a que a mudana pode estar sujeita com o passar do tempo e est
diretamente associada durao da mudana.
Resultado Forma quantitativa de descrever a atividade que decorre dos investimentos de cada stakeholder
(output em Ingls).
Role play Mtodo de envolvimento de stakeholders que incita cada participante a assumir um papel numa
situao dada, com maior ou menor liberdade de interpretao. Muito til para fazer cenrios de
comportamentos.
Sense of Coherence Scale, Escala que fem como conceito central o sentido de coerncia (SC), o qual composto por trs
Antonovsky componentes: compreenso, manejo e significado. Um forte SC permite ao indivduo enfrentar o
stress da vida quotidiana e manter-se saudvel. Esta escala foi desenvolvida em 1987 por Antonovsky
SF-36 Escala que tem por objetivo medir e avaliar o estado de sade de populaes e indivduos com ou
sem doena, monitorizar doentes com mltiplas condies, comparar doentes com condies
diversas e comparar o estado de sade de doentes com o da populao em geral. As pontuaes
por dimenso so apresentadas numa escala de orientao positiva de 0 (pior estado de sade) a
100 (melhor estado de sade).
Stakeholder Pessoas, organizaes ou entidades que experenciam mudana, seja ela positiva ou negativa, como
resultado da atividade que est a ser alvo de anlise.
340
CONCEITO DEFINIO
Taxa de desconto Taxa de juro usada para determinar o valor presente dos ganhos futuros. A taxa de desconto
incorpora o valor temporal do dinheiro (a ideia de que o dinheiro disponvel hoje mais valioso do
que o mesmo montante de dinheiro disponivel no futuro porque poderia estar a render) e o risco de
incerteza de antecipar ganhos futuros (que pode ser inferior ao esperado).
Taxa Interna de "A TIR a taxa de desconto que faz com que o Valor Atual Lquido (VAL) do projeto seja zero. Um
Rendibilidade (TIR) projeto atrativo quando sua TIR for maior do que o custo de capital do projeto.
Teoria da mudana Ferramenta de planeamento e avaliao. Explica os caminhos das mudanas que, no decorrer de
uma interveno, levam concretizao de um propsito de longo prazo. Revela tambm como
atividades, resultados e mudanas se sucedem e relacionam ao longo desse caminho.
Valor Financeiro Excedentes financeiros gerados por uma organizao no decorrer das suas atividades.
WEMWBS escala de 14 items desenhada para avaliar o bem-estar psicolgico do indivduo (pensamentos e
emoes) nas ltimas duas semanas. Foi desenvolvida pelas Universidades de Edinburgo e Warwick
em 2006.
WHOQOL-100 Medida genrica, multidimensional e multicultural desenvolvida pela OMS (Organizao Mundial de
Sade) para uma avaliao subjetiva da qualidade de vida, podendo ser utilizada num largo espectro
de distrbios psicolgicos e fsicos, bem como com indivduos saudveis. Deve o seu nome ao
nmero de items: 100 questes organizadas em 6 domnios, 24 facetas especficas e numa faceta
geral de avaliao global da qualidade de vida.
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