Mulheres e Política

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

MULHERES E POLTICA: A PARTICIPAO NOS MOVIMENTOS

ABOLICIONISTAS DO SCULO XIX*


Dossi

Diva do Couto Gontijo Muniz**


Fabiana Francisca Macena***

Resumo: no presente artigo, problematizamos a poltica de silenciamento historiogrfico


quanto participao das mulheres na poltica, particularmente nos movimentos aboli-
cionistas do sculo XIX. Embora a incluso das mulheres no territrio da histria tenha
ocorrido sob o domnio da Histria das Mulheres, a dimenso poltica de suas experincias
histricas encontra-se, todavia, ainda com limitada visibilidade. Considerar a atuao das
mulheres nos movimentos abolicionistas possibilidade que enfocamos na presente reflexo.

Palavras-chave: Guerra. Historiografia. Mulheres. Poltica. Abolicionismo.

WOMEN AND POLITICS: PARTICIPATION IN THE ABOLITIONIST MOVEMENT


OF THE NINETEENTH CENTURY

Abstract: in this paper we discuss the politics of historiographical silence regarding the par-
ticipation of women in politics, particularly in nineteenth-century abolitionist movement.
Although the inclusion of women in the historys territory took place under the domain
of History of Women, the political dimension of their historical experiences is, however,
with limited visibility. To consider the role of women in the abolitionist movement is the
possibility which we focus on the present reflection.

Keywords: Historiography. Women. Politics. Abolitionism.

Nossa literatura abolicionista escassa. Considera-se que os debates que a partir do


sculo XVIII inflamaram a Europa contra a escravido, tiveram fracos ecos entre ns.
At a dcada de 70 do sculo passado, so poucos os escritos abolicionistas mencionados
nas antologias. Nunca nelas se inclui artigos, panfletos ou livros de autoria de escritoras.
A mulher, no entanto, desempenhou um papel ativo nas lutas contra a escravido assim
como escreveu a respeito dela, fazendo propaganda abolicionista (TELLES, 1989, p. 73).

* Recebido em: 30.01.2012. Aprovado em: 27.02.2012.


** Doutora em Histria Social pela Universidade de So Paulo (USP). Professora do Departamento de Histria e
do Programa de Ps-Graduao em Histria da Universidade de Braslia (UnB). [email protected]
*** Mestre em Histria Social pela Universidade de Braslia (UnB). Doutoranda do Programa de Ps-Graduao
em Histria da Universidade de Braslia. Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). fabianama-
[email protected]

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 45


Na epgrafe acima, Norma Telles identifica a escassez de escritoras brasileiras na literatura
abolicionista e, ao mesmo tempo, denuncia as polticas de silenciamento e de excluso praticadas no/
pelo campo literrio oitocentista. Tal como vrios outros domnios da cultura e do saber, a literatura
foi um dos espaos interditados s mulheres da sociedade brasileira do sculo XIX e tambm de parte
do XX, pois abrigado sob uma cultura falocntrica que estabelecia a criao como dom exclusiva-
mente masculino (DIAS, 1984, p. 32). Assim, no obstante a existncia de artigos, panfletos ou livros
de autoria de escritoras abolicionistas, tal produo raramente foi objeto de incluso nas antologias
organizadas em torno do tema. No esforo por conferir visibilidade participao das brasileiras na
luta contra a escravido, via prtica da escritura de romances, Telles recupera a memria de duas es-
critoras abolicionistas do sculo XIX: Maria Firmina dos Reis (1859) e Narcsia Amlia (1872). Essas
mulheres, rebeldes, escritoras e abolicionistas (TELLES, 1989, p. 73), fizeram uso do ato poltico
de escrever para expressar suas crticas sociedade escravista e, sobretudo, como estratgia de luta
contra as prescries sociais de sua poca que estabeleceram a almofada e o bastidor como melhor
livro para elas. Foram autoras que, pioneiramente, escreveram e publicaram romances no Brasil,
revelando-nos, na ao de escrever, como cada uma delas se constitui de forma ativa como produtora
de si mesma, como cada uma delas se localiza como sujeito que subverte a posio de invisibilidade
pblica e poltica socialmente imposta s mulheres de sua poca (MUNIZ, 2011).
Tambm nos domnios viricntricos da histria, a presena e a protagonizao das mulheres
foram, at pouco tempo, objeto de uma poltica sexista de silenciamento. Ou, quando existe alguma
referncia a elas no discurso historiogrfico, trata-se de visibilidade processada sob a rubrica de casos
excepcionais, da exceo que foge regra (LEMAIRE, 1994, p. 60). Similarmente ao campo literrio,
o historiogrfico tambm um discurso falocntrico, informado pela lgica da partilha binria e
desigual do gnero mulheres para l, homens para c. Diviso, essa, que responde pela excluso
das mulheres do mundo pblico e da poltica, favorecendo seu confinamento na esfera privada do
lar e das atividades domsticas e maternas (RAGO, 2007, p.16). Trata-se de prtica que responde pela
invisibilidade das mulheres no discurso historiogrfico, pois, como bem atenta Tnia Navarro Swain:

Apesar de sua presena em todos os setores do social, com seu trabalho, com seu esforo, seus
ideais, com seu ventre, produzindo bens e reproduzindo seres, a atuao das mulheres foi apagada
dos registros histricos: presentes, porm invisveis. Atreladas a seus corpos, a um incensado
destino biolgico a maternidade aparecem como o outro dos agentes histricos, enquanto
mes e companheiras, incapazes de um comprometimento ideolgico ou poltico, enquanto
sujeito de suas aes (SWAIN, 2005, p. 337).

Na denncia que faz poltica de ocultamento dirigida s mulheres, uma presena ausente no
discurso historiogrfico, aquela historiadora identifica as relaes de poder que atravessam a produo
do saber histrico, ao reafirmar e legitimar representaes sociais que reduzem a atuao feminina
a tarefas e papis limitados e estereotipados (SWAIN, 2005, p. 337). Nessa prtica de excluso, que
nega s mulheres a posio de sujeitos histricos, que desconsidera suas protagonizaes, suas experi-
ncias no agenciamento de suas prprias vidas, no h como ignorar a violncia simblica do gnero
operante no discurso historiogrfico, nas atividades de pesquisa e de escrita da histria. Presentes,
porm invisveis, as mulheres no aparecem nas narrativas historiogrficas, no obstante existirem
referncias a elas em diversos registros acerca das experincias do passado. Afinal, como avalia Tnia
Navarro Swain (2005, p. 337), o que a historiografia no diz, desaparece da memria social, como se
nunca houvesse existido.
Se, contemporaneamente, no h mais dvida de que as mulheres tm histria, estiveram na
histria e dela participaram e, por conta disso, no h como desconhecer a exigncia incontornvel
aos do ofcio de consider-las como objeto/sujeito das narrativas histricas, sua incluso nesse terri-
trio, porm, ainda se apresenta bastante problemtica, com algumas possibilidades e vrios limites.
Problemtica, porque resulta de uma incorporao hierarquizada, operada de modo diferenciado e
desigual, atravessada pela lgica assimtrica do gnero, j que no se confere ao feminino a mesma
importncia dada ao masculino, ainda significado como lugar de fala e de sujeito (MUNIZ, 2010, p. 76).
O reconhecimento, no campo historiogrfico, como sujeitos histricos, isto , como indivduos
com espaos e lugares de fala, compreende um movimento cujo percurso se inscreve e se entrecruza

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 46


com o dos feminismos contemporneos com suas denncias e crticas dominao masculina e ao
sexismo, ao uso poltico da diferena para produzir/reproduzir desigualdades de gnero. So, ambos,
movimentos ancorados em um tempo social e cultural em que se processam profundas mudanas
e desestabilizaes nos quadros de pensamento que informam as leituras do mundo, incluso os do
campo disciplinar da histria, visualizadas no contexto ps Segunda Guerra Mundial.
A incluso das mulheres nos territrios da histria responde no apenas pela visibilidade de
sua presena e protagonizao histricas, mas tambm pelo alargamento do prprio discurso his-
toriogrfico at ento centrado no sujeito universal, isto , masculino, branco, cristo, ocidental e
heterossexual. A inteligibilidade do pensamento/ao das mulheres no se processou, porm, com
uma reescrita da histria nos termos propostos por Joan Scott (1998), mas com a criao de uma rea
especfica de estudos, identificada como Histria das Mulheres e/ou Estudos de Gnero.
Reconhecida na comunidade como rea de estudos, a Histria das Mulheres compreende um
domnio tensionado, marcado pela heterogeneidade de temas, mtodos e interpretaes, atravessado
por preconceitos, resistncias e disputas e, sobretudo, pelo fechamento do prprio campo ao circuito
feminista e/ou simpatizantes. Tal limitao problemtica e tambm preocupante, no apenas porque
inviabiliza a ampliao do debate no interior da prpria disciplina histria, mas tambm porque re-
vela a hierarquizao estabelecida nessa incluso. Com efeito, como ressalta Diva Muniz, as mulheres
so ainda percebidas e reconhecidas na comunidade de historiadores e historiadoras como objeto/
sujeito menos importantes nas narrativas histricas, significadas de modo diferenciado e desigual no
discurso historiogrfico (MUNIZ, 2010, p. 71).
No h como no deixar de reconhecer nesse movimento de incluso das mulheres no discurso
historiogrfico os deslocamentos operados na disciplina Histria, inspirados, direta e/ou indireta-
mente, no pensamento da diferena, particularmente a proposta libertria de Foucault. Como bem
avalia Paul Veyne (1995), Foucault revolucionou a histria, ao questionar seus fundamentos, ao pro-
jetar luz sobre campos/objetos at ento por ela ignorados e criar expresses capazes de pens-los e
traduzi-los. Para aquele historiador, Foucault revolucionou a histria, ao questionar seu regime de
verdade e propor a mudana do foco da anlise dos fatos e eventos para a anlise do discurso, para
as bases epistemolgicas das formas do discurso que os conceberam como tais; enfim, ao propor a
prtica da inverso dos objetos previamente dados para as prticas discursivas que constituem aqueles
como tais (RAGO, 1995).
Os efeitos do pensamento foucaultiano no campo da histria revelam-se nos deslocamentos
ali operados, com a incorporao de novos conceitos, perspectivas e procedimentos de anlise, com a
ampliao temtica e de objetos, com a inverso do foco da anlise e com a proposta desconstrutora
de leitura de inmeras dimenses da vida social, cultural e sexual. Esse novo olhar que se construa
no campo da histria, no obstante os preconceitos na comunidade de historiadores/as, finalmente
abria espao para se pensar a diferena e operar a incluso dos excludos, dentre estes, as mulheres.
O pensamento da diferena foi instrumental terico e metodolgico indispensvel para responder
ao desafio de incluir as mulheres no discurso historiogrfico, pois esta operao no poderia ser feita
sob os termos de um saber disciplinar que at ento as exclua. Na busca por categorias prprias, ca-
pazes de tornar visvel e dizvel, isto , inteligvel, a experincia histrica constituidora das mulheres,
o encontro com o filsofo foi extremamente enriquecedor (MUNIZ, 2007).
Reconhecer as mulheres como sujeitos histricos implica conferir visibilidade historiogrfica
ao seu pensamento/ao nas diversas dimenses constitutivas da vida em sociedade, particularmente
a poltica. Afinal, essa justamente a esfera de atuao at bem recentemente a elas interditada e, por
conta disso, objeto de silenciamento nas narrativas histricas, apesar das mltiplas evidncias em
diversos registros sobre sua presena e participao nos movimentos polticos da experincia histrica
brasileira. o caso, por exemplo, da atuao das mulheres na luta contra a escravido, de sua parti-
cipao nos movimentos abolicionistas que inflamaram principalmente, mas no exclusivamente, o
cenrio urbano brasileiro a partir de 1870. Embora revises historiogrficas tenham recusado ver o
abolicionismo como mero resultado da poltica imperial e/ou da atuao de polticos no mbito par-
lamentar, ao reconhec-lo como movimento inscrito no contexto das militncias populares nascentes
e nas franjas da poltica formalista e excludente do Imprio (MACHADO, 2009, p. 369), deixaram,
porm, de incluir, nessas militncias e nessas franjas, as mulheres.

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 47


Com efeito, para autores e autoras desse movimento historiogrfico de releitura da escravido e
da abolio,1 a protagonizao histrica dos sujeitos escravizados restringe-se aos indivduos/grupos
do sexo masculino; ou ento, as mulheres so por eles consideradas, mas subsumidas no masculino
plural, desprovidas, portanto, de existncia e atuao prprias. Se inegvel a contribuio desses
estudos para a ampliao da leitura das experincias da escravido e do abolicionismo, ao quebrar a
perspectiva da coisificao no que tange condio de escravos e escravas, so anlises que reafir-
mam, porm, a partilha binria e desigual de gnero; so construes que reafirmam a invisibilidade
histrica das mulheres.
Conferir visibilidade atuao das mulheres nos movimentos abolicionistas envolve o desafio e
o esforo de rastrear e historicizar sua participao, de modo a questionar e desestabilizar a lgica da
teoria das esferas, construo histrica que estabelece o mundo pblico como de domnio masculino e
o privado como espao feminino. Privado, percebido, portanto, no como espao de empoderamento
da rainha do lar, mas como expresso de privao, da ausncia ou do sentimento de no existir, como
defende Hannah Arendt (1995). Envolve, assim, aos do ofcio comprometidos com aquele projeto, uma
ao crtica e histrica cujo propsito o de buscar desnaturalizar essa distino generizada que, como
afirma Michele Perrot, encontra-se atravessada pelo exerccio do poder masculino, ao estabelecer como
conveniente para manter seu domnio,

limitar seus poderes [das mulheres], sua ascendncia; conter sua influncia; mas tambm usar o
imenso potencial que elas representam, no somente no domnio domstico; mas cada vez mais
no social, pela filantropia, e depois, pelo trabalho social. Da todo um arsenal, jurdico e edu-
cativo, e uma organizao racional da sociedade do qual a teoria das esferas (pblica/privada)
uma das formas mais elaboradas (PERROT, 2005, p. 268).

A incluso das mulheres nas narrativas sobre os movimentos abolicionistas permite descons-
truir essa lgica, desmontar uma de suas formas mais elaboradas de limitao de seus poderes, uma
vez que, na luta contra a escravido, a atuao das abolicionistas ocorre no espao da poltica e do
poder, independentemente das diversas estratgias adotadas: nos movimentos de protesto; nas aes
de liberdade impetradas; nas prticas de resistncia escravido; na promoo e atuao em saraus;
na participao em clubes e associaes literrias e assistencialistas; na publicao de artigos em jor-
nais; na escritura de livros; na criao de redes de apoio, de proteo e de influncias, dentre outras.
Maria Lcia de Barros Mott, ao fazer a crtica s narrativas histricas sobre as aes das mulheres
na campanha abolicionista, denuncia o enfoque de gnero que perpassa o significado conferido a tal
protagonizao. Segundo Mott (1988), a visibilidade da participao das mulheres se deu nos estreitos
limites da partilha desigual de gnero, ao significar aquela como expresso do feminino, do lugar dos
sentimentos, da emoo, da renncia de si em nome do outro. Para aquela historiadora:

O dado comum encontrado nas referncias participao feminina na campanha abolicionista


refere-se dedicao e abnegao a toda prova destas mulheres. A fraternidade, o amor ao pr-
ximo, a sensibilidade ao sofrimento do escravo so razes apontadas para a sua participao. [...]
O prprio ttulo dado princesa Isabel, a Redentora, enfatiza os aspectos cristos da campanha.
Hermes Vieira, seu bigrafo, afirma que todas as medidas tomadas pela princesa, no foram
polticas, apenas humanitrias e religiosas.
Acredito que esta viso do biografo de Isabel tem sido utilizada para caracterizar a participao
das mulheres em geral na campanha abolicionista, ou seja, uma participao esvaziada de qual-
quer sentido poltico (MOTT, 1988, 79-80).

Trata-se de perverso modo de ver e de representar a experincia abolicionista das mulheres,


pois subtrai dela seu significado poltico, ao reafirmar uma suposta essncia feminina como con-
dio e posio nos movimentos contra a escravido no Brasil. Compreende uma leitura que, como
assinala Tnia Swain, institui a imagem da verdadeira mulher: doce, amvel, devotada (incapaz,
ftil, irracional, todas iguais!) e, sobretudo, amorosa. Amorosa de seu marido, de seus filhos, de sua
famlia, alm de todo limite, de toda expresso de si (SWAIN, 2008, p. 297). No por acaso, o discurso
historiogrfico mobiliza tais imagens de modo a esvaziar politicamente a participao das mulheres

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 48


nos movimentos abolicionistas. Representadas e significadas como o bello sexo, como cidads de
segunda categoria, nomeadas mulheres, a partir de sua sexualizao, a partir de uma definio atrelada
a seu corpo e a seu sexo biolgico (SWAIN, 2008, p. 345), assim que as abolicionistas encontraram-se
includas em alguns discursos historiogrficos.
Percebe-se, desse modo, que a importncia da histria das mulheres reside no apenas na vi-
sibilidade conferida s suas experincias, fora da lgica falocntrica e patriarcal, mas, sobretudo, nos
questionamentos que faz ao prprio campo disciplinar e s suas referncias universais e totalizantes,
incapazes, portanto, de pensar a diferena. Histria das Mulheres, percebida, portanto, como rea
do conhecimento comprometida com a crtica e denncia do sexismo operante na estruturao do
saber e das relaes sociais, do exerccio do poder que atravessa o campo disciplinar da histria.
Como sublinha Joan Scott (1992, p. 78), cabe Histria das Mulheres questionar como as aes dos
homens vieram a ser consideradas uma norma representativa da histria humana em geral, e as aes
das mulheres foram subestimadas, subordinadas ou consignadas a uma arena particularizada, menos
importante (SCOTT, 1992, p. 78).
Tal partilha assimtrica revela-se no silncio produzido acerca da participao poltica das
mulheres no movimento abolicionista, reafirmado, por exemplo, na dissertao de mestrado de Luiz
Gustavo Santos Cota, intitulada O sagrado direito da liberdade, defendida na Universidade Federal
de Juiz de Fora. Tendo como objeto de estudo as aes abolicionistas em Ouro Preto e Mariana, o
autor prioriza a anlise das recepes pblicas relativas ao fim da escravido, enfocando a atuao
dos escravos, advogados e religiosos no processo de abolio na provncia mineira.
Embora identifique como tradicionais as interpretaes de Oiliam Jos (1962) e Liana Maria Reis
(1993), pois baseadas na avaliao de que o abolicionismo em Minas Gerais teria sido bem limitado,
em razo da cultura, como defendeu o primeiro autor, ou em razo das caractersticas da economia
provincial que garantia o apego utilizao da mo-de-obra cativa, como interpretou Liana Reis
(COTA, 2007, p. 69-70). O autor, porm, mantm a tradio da poltica de silenciamento no que tange
participao das mineiras no movimento. Mesmo diante das evidncias dessa participao, explicitada
em notcias dos vrios jornais por ele utilizados na pesquisa, o autor no lhes d nenhuma ateno,
no lhe confere visibilidade e importncia (COTA, 2007, p. 90-91). Sua releitura do abolicionismo
mineiro, embora amplie aspectos e dimenses envolvidos na luta contra a escravido na provncia,
mantm, porm, seus limites, ao ignorar a presena das mulheres na histria e no movimento. Par-
ticipa, assim, da poltica de silenciamento historiograficamente praticada em relao presena das
mulheres na histria. Os registros sobre a presena das mulheres em saraus, marchas abolicionistas,
declaraes a favor da abolio so desconsiderados pelo autor. Pode-se pensar, ainda, o que reafirma
aquela tradio, que sua narrativa incorpora a presena das mulheres naqueles movimentos, mas
subsumidas no masculino plural.
Evidncia de tal participao, mas que foi ignorada por Luiz Gustavo Cota, pode ser observada
em A Provncia de Minas, jornal utilizado por ele em suas pesquisas. Esse peridico noticiava um
evento organizado na capital da provncia, em 1884, para celebrar a abolio da escravido no Cear:

s 5 horas da manh do dia 25 do corrente uma chuva de bombes despertou os Ouro-Pretanos


annunciando-lhes nova era na historia patria.
O Cear quebrava, aos ltimos escravos que possuia, as algemas que os tempos coloniaes nos
legaro.
As duas sociedades desta capital [Club Abolicionista Visconde do Rio Branco e Sociedade Liber-
tadora Mineira] reuniro-se para festejar o grande dia. [...]
As Sras. das janellas atiraro sobre as bandeiras punhados de flores.
Essa exploso de enthusiasmo tinha um grande significado da parte do bello sexo.
Representantes da moral na familia, entes sensiveis por excellencia, saudando a marcha civica
em honra do Cear, como que sentio em si todo o horror que inspira essa palavra escravo
tumulo frio e sinistro da personalidade humana. que os grandes pensamentos vem do corao,
como diz Vauvenargues, e a mulher, conjuncto de sentimentos affectivos, no podia por certo
deixar de abraar essa causa humanitria...
Pois bem, entre risos, filhos da alegria sincera que tinho, ellas atiravo flores...
Hurrah! mil vezes hurrah!

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 49


a conquista maior dos abolicionistas.
Conquistando o corao da mulher, a causa ganha. [...]
O povo apinhado em borborinho confuso percorria as estreitas ruas do pequeno jardim.
Fora, a praa regorgitava de gente. [...]
Tudo era alegria, tudo era festa.
Era imponente o aspecto da assemblea provincial: de um lado as Exmas. Senhoras, de outro
a massa confusa de todos os cidados desde o presidente da provincia at o pobre operario. [...]
Seguio-se depois o concerto em que foro calorosamente applaudidas as Exmas. Abolicionistas
DD. Elisa Santos, Maria Faria, e Anna Quintiliano da Silva, e os Illms. Srs. Francisco Vicente,
Jos Felicssimo, Domingos Moenteiro e Innocencio (COMMUNICADO, 1884).

A notcia extensa, detalhada e significativa quanto ao modo como a participao das mulheres
foi vista e dada a ler. O discurso da imprensa reafirma e resume a representao das mulheres imagem
da verdadeira mulher, ou seja, ao bello sexo, a um conjunto de sentimentos afetivos, sensveis por
excelncia e, por que no dizer, por natureza. Utilizar tal imagem estratgia discursiva que possibilita
mobilizar um nmero maior de pessoas causa abolicionista e, ainda, conferir-lhe um carter ordeiro
e pacfico, considerado como prprio das mulheres e a elas apropriado. Trata-se, assim, de participao
supostamente mantida sob controle da ordem patriarcal, haja vista a partilha de gnero como critrio
de demarcao dos espaos fsicos de localizao do pblico na Assemblia Provincial: de um lado as
Exmas. Senhoras, de outro a massa confusa de todos os cidados desde o presidente da provncia at o
pobre operrio. O bello sexo encontra-se, assim, identificado como o grupo de l, o das no-cidads,
separado do grupo de c, da massa confusa de todos os cidados, sujeitos polticos.
A imprensa uma das fontes de mais fcil acesso para rastrear a participao das mulheres nos
movimentos abolicionistas das diferentes provncias do imprio, particularmente aps 1870. Todavia,
como vimos, deve ser consultada com alguns cuidados. O tom predominante da campanha feita por
aquele veculo, particularmente os de cunho mais ou menos liberal, o de defesa da abolio sob
controle e dentro da ordem proprietria e patriarcal, isto , no mbito parlamentar, por meio de um
processo lento e gradual e com indenizao. No por acaso, as referncias s participaes das mu-
lheres em vrias atividades dos movimentos so veiculadas sem que coloquem em risco a subverso
das funes e papis sociais femininos, sexualmente diferenciados dos masculinos, ou seja, cada um
deles em seus devidos lugares. Cumpre, assim, a imprensa seu papel pedaggico de formadora de
opinio acerca da causa abolicionista e tambm de orientadora dos comportamentos sociais, ao vei-
cular representaes de gnero e, ao mesmo tempo, ensinar o pblico a interpret-las. Como ressalta
Thiago SantAnna, ao referir-se funo da imprensa abolicionista em Gois:

Como dispositivo formador de opinio pblica a imprensa atuou no sentido de politizar seg-
mentos da sociedade at ento ignorados, bem como estabelecer um tipo de abolicionismo a ser
buscado, adaptado aos interesses gerais da sociedade e as particulares dos proprietrios de terra
e de escravos. Uma proposta de extino gradual do trabalho compulsrio, sem maiores rupturas
com o status quo das elites proprietrias (SANTANNA, 2005, p. 33).

Ao analisar a presena feminina nos movimentos abolicionistas no Rio de Janeiro no sculo


XIX, Marinete dos Santos Silva afirma que a poltica, enquanto atividade que se desenrolava no es-
pao pblico, estaria, portanto, vedada s mulheres (SILVA, 2009, p. 246), como recurso retrico para
questionar a naturalizada distino entre o pblico e o privado e sua identificao com o masculino
e o feminino, respectivamente. Discordando dessa construo, reiterada em diferentes discursos,
particularmente o historiogrfico, a autora enfoca justamente a arbitrariedade e artificialidade da
partilha estabelecida, ao sublinhar que:

O fato de no possurem o direito ao voto e de no fazerem parte de agremiaes polticas ou


literrias no deve, contudo, ser creditado como prova de que elas estivessem efetivamente afasta-
das desse processo, limitando-se a uma atitude de meras espectadoras (SILVA, 2009, p. 246-247).

Com efeito, a referida notcia publicada nA Provncia de Minas nos oferece evidncias quanto
luta das mulheres em prol da abolio, em Ouro Preto. Trata-se de participao que vai alm da

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 50


atitude de meras espectadoras, embora tenham atuado tambm como tais nos festejos, atirando
flores das sacadas, como assim a imprensa as retratou. Todavia, algumas mulheres, como Elisa Santos,
Maria Faria e Anna Quintiliano da Silva, tiveram atuao destacada no movimento e no por acaso
ganharam visibilidade na imprensa em prol da causa abolicionista. Essas mineiras foram destacadas
do conjunto annimo das meras espectadoras, ao terem seus nomes identificados como executoras
do concerto organizado. O ato pblico de executar um concerto, tal como o de escrever um poema,
um livro, uma crtica ou uma pesquisa (WOLF, 1985), aponta-nos para a protagonizao histrica
das mulheres graas ao exerccio de uma poltica de localizao que lhes assegurava seus espaos de
fala e lugar de sujeitos histricos (MUNIZ, 2007).
No h como no deixar de reconhecer na participao das mulheres na campanha aboli-
cionista, a operacionalidade de estratgias por elas criadas no sentido de romper com a prescrio
do confinamento no espao domstico e, assim, criar espaos para a visibilidade pblica e poltica.
Assim, por exemplo, a atuao no concerto deve ser vista como ttica de insero nos movimentos
abolicionistas da capital da provncia mineira sem a ocorrncia das dilaceraes espetaculares de
que nos fala Chartier (1995, p. 44), mas executando justamente uma atividade reconhecida como
prpria do bello sexo: a arte da msica. A execuo pblica das prendas domsticas compreendia
uma atividade autorizada, pois vista como parte do dote das mulheres preparadas para o encanto
da vida social (MUNIZ, 2003, p. 207). Mulheres prendadas, intelligentes e distinctas, amantes da
boa msica, fizeram uso desses seus dotes para atuar como integrantes dos movimentos em defesa
da causa abolicionista.
A referncia, em outro jornal da capital da provncia mineira, ao Festival Musical do Club Abo-
licionista Visconde do Rio Branco, e, nesse, presena das mulheres nos movimentos abolicionistas,
uma evidncia dessa estratgia de atuao poltica feminina sem confrontos radicais com a ordem
patriarcal, sem quebrar a lgica dos papis sexuais e sociais. Segundo notcia do referido jornal:

As Exma. Sras. DD. Margarida Pinheiro, Elisa Santos, Luiza Medrado, Carlota de Lemos e o jovem
e esperanoso Amynthas de Lemos, depois de executarem lindas peas no piano, arrancaram
franca e ruidosa admirao dos espectadores!
Duas lindas melodias religiosas foram executadas no harmonium, pela Exma. Sra. D. Luiza
Medrado.
O Club abolicionista realou com disctincta gentileza os aplausos conquistados pelas intelligentes
pianistas, offerecendo-lhes com lindos bouquets os diplomas de socias honorarias (FESTIVAL...,
1884).

As aes dessas intelligentes pianistas, ao exibir, em pblico, suas habilidades musicais,


apontam-nos para a conquista de espaos outros, alm do confinamento domstico, ao exerccio do
direito ao livre trnsito, autonomia de movimentos, ao contato com pessoas, de ambos os sexos,
fora do espao da privao. O reconhecimento por parte do Club Abolicionista, com a concesso de
diplomas de scias honorrias, expresso pblica e masculina dessa nova localizao das mulheres,
produzida e tambm produtora da ampliao dos espaos de sociabilidade entre os sexos. Esta insero
no deve ser reduzida apenas aos efeitos das mudanas ocorridas na sociedade mineira em direo
modernizao, mas tambm como resultado de tticas e estratgias de luta das mulheres que recusa-
ram o confinamento domstico e escolheram a participao na vida poltica do pas. Nessa escolha,
operada por meio de formas peculiares de resistncia, negociaes e luta, dentre essas, a ttica do
consentimento a que se refere Chartier. Ttica baseada em estratgias e escolhas minuciosas, ope-
radas no pelo confronto, rejeio ou recusa explcitos, mas pela apropriao de um modelo imposto,
mobilizando-o para seus prprios fins (CHARTIER, 1995, p. 41-42), mediante as quais as mulheres
acabaram por engressar no espao pblico do trabalho e da poltica.
Trata-se de estratgia que no se circunscreveu aos crculos mineiros. Tambm na provncia de
Gois, como explicitado nas pesquisas de Thiago SantAnna, o uso do piano foi recurso presente nos
abolicionismos das mulheres, pois dominar a arte de toc-lo lhes possibilitou fazer parte do mundo do
espetculo, mantendo a honradez e a distino, virtudes caras quela sociedade. Ao mesmo tempo,
permitiu-lhes o exerccio da poltica, com espaos outros de atuao e de sociabilidade que no o lar
(SANTANNA, 2006, p. 74-75).

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 51


Tal perspectiva parece-nos relevante para a abordagem da participao poltica das mulheres
nos movimentos abolicionistas do sculo XIX, via atuao em concertos, saraus, escritura de poemas,
romances e artigos em jornais e vrias outras atividades de ajuda causa abolicionista, freqentemente
noticiadas na imprensa. Como a historiografia e a imprensa consagraram esses espaos como lugares
e atividades autorizados atuao das mulheres, o desafio maior o de procurar localiz-las no
somente naqueles redutos, mas, tambm, nos mbitos da justia, dos atos cvicos, das sociedades lite-
rrias e cientficas, dos clubes abolicionistas, das irmandades religiosas, das iniciativas para arrecadar
fundos para a emancipao de escravos e escravas.
Conferir visibilidade presena das mulheres nesses lugares evidenciar justamente a dimenso
poltica constitutiva da experincia das mulheres como sujeitos histricos. , assim, exigncia coloca-
da aos do ofcio interpelados pelo desafio de romper com o silncio historiograficamente construdo
acerca das protagonizaes histrica e poltica das mulheres. Afinal, no podemos perder de vista,
como orientao em nossas prticas de pesquisa e de reflexo acerca da histria das mulheres, o que
nos ensina Michelle Perrot:

Em uma sociedade globalmente dominada pelo poder masculino, as mulheres exerceram, en-
tretanto, todo o poder possvel. As mulheres do sculo 19 e provavelmente em todos os tempos
no foram somente vtimas ou sujeitos passivos. Utilizando os espaos e as tarefas que lhe eram
deixados ou confiados, elas elaboravam, s vezes, contrapoderes que podiam subverter os papis
aparentes (PERROT, 2005, p. 273).

Nota

1 So trabalhos significativos dessa reviso historiogrfica, entre outros: LARA, Slvia Hunold. Campos da
violncia: escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988;
REIS, Joo Jos. Rebelio escrava no Brasil: a histria do levante dos mals (1835). So Paulo: Brasiliense,
1986; CHALHOUB, Sidney. Vises da liberdade: uma histria das ltimas dcadas da escravido na corte.
So Paulo: Companhia das Letras, 1990; MACHADO, Maria Helena. O plano e o pnico: os movimentos
sociais na dcada da abolio. Rio de Janeiro/So Paulo: Ed. UFRJ/EDUSP, 1994; GOMES, Flvio dos Santos.
Histrias de quilombolas. Mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro - sculo XIX. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 1995; REIS, Joo Jos; GOMES, Flvio dos Santos. (Orgs.). Liberdade por um
fio. Histria dos quilombos no Brasil. So Paulo: Cia das Letras, 1996; MATTOS, Hebe Maria. Das cores
do silncio: os significados da liberdade no sudoeste escravista Brasil, sculo XIX. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1998; MOURA, Clvis. (Org.). Os quilombos na dinmica social do Brasil. Macei: EDUFAL,
2001; SILVA, Eduardo. As camlias do Leblon e a abolio da escravatura: uma investigao de histria
cultural. So Paulo: Companhia das Letras, 2003; RIOS, Ana Lugo; MATTOS, Hebe Castro. Memrias
de cativeiro: famlia, trabalho e cidadania no ps-abolio. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira: 2005;
REIS, Joo Jos e SILVA, Eduardo. Negociao e conflito: a resistncia negra no Brasil escravista. So Paulo:
Companhia das Letras, 2009.

Referncias

A PROVNCIA DE MINAS. Coleo Jornais Mineiros do Arquivo Pblico Mineiro. Disponvel em:
<http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br>. Acesso em:
ARENDT, Hannah. A condio humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 1995.
CHARTIER, Roger. Diferenas entre os sexos e dominao simblica. Cadernos Pagu: Fazendo a
histria das Mulheres, Campinas, n. 4, 1995.
COMMUNICADO: O dia 25 de maro de 1884 em Ouro Preto. A Provncia de Minas. Ouro Preto,
Ano V, n. 199, 27 mar. 1884.
COTA, Luiz Gustavo Santos. O sagrado direito da liberdade: escravido, liberdade e abolicionismo
em Ouro Preto e Mariana (1871 a 1888). 239 p. Dissertao (Mestrado em Histria) Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2007.

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 52


DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e poder em So Paulo no sculo XIX. So Paulo:
Brasiliense, 1984.
FESTIVAL do club abolicionista mineiro Visconde do Rio Branco. Liberal Mineiro, Ouro Preto, Ano
VII, n. 6, 16 jan. 1884.
JOS, Oiliam. A abolio em Minas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1962.
LEMAIRE, Ria. Repensando a histria literria. In: HOLLANDA, Helosa Buarque de. (Org.).
Tendncias e impasses: o feminismo como crtica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
MACHADO, Maria Helena P. T. Teremos grandes desastres, se no houve providncias enrgicas
e imediatas: a rebeldia dos escravos e a abolio da escravido. In: GRINBERG, Keila; SALLES,
Ricardo. (Orgs.). O Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2009. v. III.
MOTT, Maria Lcia de Barros. Submisso e resistncia: a mulher na luta contra a escravido. So
Paulo: Contexto, 1988.
MUNIZ, Diva do Couto Gontijo. Um toque de gnero: histria e educao em Minas Gerais (1835-
1892). Braslia: Ed. da UnB/Finatec, 2003.
______. Mulheres na historiografia brasileira: prticas de silncio e de incluso diferenciada. In:
STEVENS, Cristina et. al. (Orgs.). Gnero e feminismos: convergncias (in)disciplinares. Braslia: Ex
Libris, 2010.
______. Escrever, verbo de localizao: modos de ver, sentir e existir de uma educadora alem no
Brasil oitocentista. In: SEMINRIO NACIONAL, 14.; SEMINRIO INTERNACIONAL MULHER
E LITERATURA, 5., ago. 2011, Braslia. Comunicao... Braslia, 2011.
______; SALLES, Eric de. Cultura historiogrfica e histria: a produo acadmica do Programa de
Ps-Graduao em Histria da UnB (1976-2006). Textos de Histria: Revista do Programa de Ps-
Graduao em Histria da UnB, Dossi A escrita da histria: os desafios da multidisciplinaridade,
Braslia, v.15, n. 1 e 2, 2007.
MUNIZ, Diva do Couto Gontijo. Mulheres na historiografia brasileira: prticas de silncio e de
incluso diferenciada. In: STEVENS, Cristina et. al. (Orgs.). Gnero e feminismos: convergncias (in)
disciplinares. Braslia: Ex Libris, 2010.
O LIBERAL MINEIRO. Coleo Jornais Mineiros do Arquivo Pblico Mineiro. Disponvel em: http://
www.siaapm.cultura.mg.gov.br. Acesso em:
PERROT, Michelle. As mulheres ou os silncios da histria. Bauru, SP: EDUSC, 2005.
RAGO, Margareth. O efeito Foucault na historiografia brasileira. Tempo Social, So Paulo, v. 7, n.
1-2, 1995.
______. Apresentao. Podemos ser amigas? In: IONTA, Marilda. As cores da amizade: cartas de
Anita Malfatti, Oneyda Alvarenga, Henriqueta Lisboa e Mrio de Andrade. So Paulo: Annablume/
FAPESP, 2007.
REIS, Liana Maria. Escravos e abolicionismo na imprensa mineira: 1850/1888. 216 p. Dissertao
(Mestrado em Histria). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1993.
SANTANNA, Thiago. Mulheres goianas em ao: prticas abolicionistas, prticas polticas (1870-
1888). 2005. Dissertao (Mestrado em Histria) Universidade de Braslia, Braslia, 2005.
______. Noites abolicionistas: as mulheres encenam o teatro e abusam do piano na Cidade de Gois
(1870-1888). OPSIS: Revista do NIESC Ncleo Interdisciplinar de Pesquisas e Estudos Culturais,
Dossi Gnero e Cultura, Catalo, v. 6, 2006.
SCOTT, Joan. Histria das mulheres. In: BURKE, Peter. (Org.). A escrita da histria: novas
perspectivas. So Paulo: Ed. UNESP, 1992.
______. Gender and politics of History. New York: Columbia University Press, 1998.
SILVA, Marinete dos Santos. Gnero, cidadania e participao poltica: as aventuras e desventuras
de uma cocotte no movimento abolicionista. Caderno Espao Feminino, v. 21, n. 1, jan./jul. 2009.
SWAIN, Tnia Navarro. Mulheres, sujeitos polticos: que diferena esta? In: SWAIN, Tnia Navarro;

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 53


MUNIZ, Diva do Couto Gontijo. (Orgs.). Mulheres em ao: prticas discursivas, prticas polticas.
Florianpolis: Mulheres; Belo Horizonte: PUC Minas, 2005.
______. Entre a vida e a morte, o sexo. In: STEVENS, Cristina; SWAIN, Tnia Navarro (Orgs.). A
construo dos corpos: perspectivas feministas. Florianpolis: Mulheres, 2008.
TELLES, Norma. Rebeldes, escritoras, abolicionistas. Revista de Histria, So Paulo, n. 120, p. 73-83,
jan./jul. 1989.
VEYNE, Paul. Como se escreve a histria: Foucault revoluciona a histria. 3. ed. Braslia: Ed.
Universidade de Braslia, 1995.
WOLF, Virgnia. Um teto todo seu. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Revista Mosaico, v. 5, n. 1, p. 45-54, jan./jun. 2012 54

Você também pode gostar