Resistencia Materiais VIÇOSA
Resistencia Materiais VIÇOSA
Resistencia Materiais VIÇOSA
ENG 350
1999
1
RESISTNCIA DOS MATERIAIS E DIMENSIONAMENTOS
DE ESTRUTURAS PARA CONSTRUES RURAIS
1.1. Tenso.
a) Tenses Normais, que atuam na direo perpendicular seo transversal da pea, e podem
ser:
-tenso de compresso, c (-) ou
-tenso de trao, t (+).
Ento:
P P
= ou =
A A
Pmax
r =
Ao
2
1.2. Resistncia
Um elemento estrutural pose ser levado ruptura de diversas maneiras, de modo que se
pode distinguir diversas espcies de RESISTNCIAS a serem oferecidas por estes elementos,
quais sejam:
a) Resistncia trao.
Verificar-se em tirantes, hastes de trelias, pendurais, armaduras de concreto armado, etc.
P P
b) Resistncia compresso.
Verifica-se em paredes, pilares, apoios, fundaes, etc.
P P
P/2 P
P/2
d) Resistncia flexo.
Verifica-se em vigas, postes engastados, etc.
P1 P2 P3
e) Resistncia flambagem.
Verifica-se nos elementos estruturais solicitados compresso e que apresentem seo
transversal com dimenses reduzidas quando comparadas com o comprimento. Por exemplo:
colunas, escoras, pilares, hastes e outros elementos estruturais com cargas de compresso
atuando paralelamente ao eixo longitudinal da pea.
3
f) Resistncia toro.
Ocorre com menor freqncia em elementos de construo. A toro produz um
deslocamento angular de uma seo transversal em relao a outra. A resistncia toro est
relacionada resistncia ao cisalhamento. Verifica-se em vigas com cargas excntricas, vigas
curvas, eixos, parafusos, etc.
g) Resistncia composta.
Verifica-se em elementos estruturais que so submetidos simultaneamente por diversos
tipos de solicitaes.
P1
P2
Nas aplicaes prticas s pode ser admitido (TENSO ADMISSVEL) uma frao das
resistncias mximas ou de ruptura (TENSO DE RUPTURA) apresentadas pelos diversos
materiais. Isto, para prevenir o aparecimento de deformaes excessivamente grandes ou, at
mesmo, o rompimento do elemento estrutural. Assim:
adm = r
4
Na escolha do coeficiente de segurana, com conseqente determinao da tenso
admissvel, o calculista deve freqentemente consultar prescries, regulamentos e resultados de
ensaios que so continuamente atualizados e publicados por rgos oficiais.
Na falta de valores de tenso admissvel determinados especificamente para o material que
se vai utilizar, as Tabelas a seguir fornecem os valores mdios para diversos materiais de
construo.
5
Propriedades Mecnica e TENSES ADMISSVEIS (de Trabalho) de Algumas Madeiras Brasileiras.
6
1.4. Aplicaes
a) A carga de ruptura por trao de uma barra redonda de ao, com dimetro de 20 mm, de
12.500 kg. Qual a resistncia trao desse ao e qual o coeficiente de segurana existente
quando adm = 1.400 kg/cm2 ?
2
Pmx 12.500 kg
12.500 kg 20mm 12.500 kg r = 3 .981 kg / cm
A0 .2 2 / 4 cm 2
r 3.981 kg / cm 2
= 2,84
adm 1.400 kg / cm 2
18,8 t
2
Pmx 11.800 kg
r = 328 kg / cm
A0 36 cm 2
r 328 kg / cm 2
adm = 82kg / cm 2
4
18,8 t
c) Um pilar est carregado com 35 t. Com que carga dever-se- registrar a ruptura se o mesmo
foi calculado com coeficiente de segurana igual a 8 ?
r P P
adm = r = . adm mx = . adm
A A
7
2. Deformao e Leis da Deformao
Todo corpo sujeito a foras externas sofre deformao. As deformaes lineares, que
ocorrem na trao e na compresso, so expressas em funo da VARIAO DE
COMPRIMENTO (L) e do COMPRIMENTO ORIGINAL (L), resultando assim, na expresso
DEFORMAO RELATIVA (), ou seja:
L
=
L
a1 L a2 a1 L a2
b2
L2 L2
b1 b1 b2
P
a1 < a2 ; b1 > b2; L = L1 + L2 a1 < a2 ; b1 > b2 ; L = L1 + L2
-cisalhamento: escorregamento
a1 a2 a1 = a2 ; b1 = b2
b1 b2
Se cessada a aplicao da fora, o corpo retoma seu estado inicial, diz-se que o corpo
ELSTICO, a exemplo do ao, borracha, madeira (at certo limite), etc.
Se cessada a fora, o corpo permanece em sua forma atual, o material PLSTICO, a
exemplo do chumbo, argila, etc.
A maioria dos materiais apresentam as duas caractersticas, dependendo da intensidade dos
esforos a que esto submetidos. At certo limite de carga atuam como elsticos e partir dai como
plsticos.
No existe material perfeitamente elstico. Permanece sempre uma deformao residual.
praticamente nula, chamada DEFORMAO PERMANENTE OU RESIDUAL.
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2.2. Deformao Transversal
Foi mostrado anteriormente que qualquer corpo sob ao de foras externas (trao e
compresso) apresenta deformao longitudinal (). Simultaneamente ocorre tambm deformao
transversal (q).
Na trao ocorre contrao transversal e na compresso ocorre alongamento transversal.
d
q =
d
Obs: Nos desenhos da pgina anterior, d = b2 b1.
Sua grandeza definida como deformao angular (), conforme desenho do item 2.1.
y
=
x
Entre o Mdulo de Elasticidade (E) e o Mdulo de Elasticidade Transversal (G), existe uma
relao devido dependncia de alongamentos transversais e longitudinais, que pode ser expressa
com o auxlio do Coeficiente de Poisson (m), ou seja:
m
G= E
2( m + 1)
9
5000
4000
Tenso de trao (kg/cm 2)
3000
2000
1000
0
0 5 10 15 20 25
Deformao (%)
10
2.6. Lei de Hooke e Mdulo de Elasticidade
= .
O mdulo de Elasticidade (E) definido como sendo a teso imaginria (ideal, e medida
em kg/cm2) que na trao seria capaz de duplicar o comprimento original da pea.
Valores aproximados de Mdulo de Elasticidade (em kg/cm2) para alguns materiais so os
seguintes:
Ao ....................................... 2.100.000
Ferro fundido.......................... 1.000.000
Concreto ................................ 20.000 400.000
Alvenaria de Tijolo.................. 20.000 200.000
Madeira de Pinho (II fibra).... 1000.000
( fibra).... 3.000
A dilatao ou compresso das peas estruturais pode ser calculada pela equao:
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O coeficiente de dilatao trmica (t), indica a variao de comprimento do elemento
estrutural para cada 1C de mudana de temperatura do mesmo.
Alguns valores aproximados de t, so
ao.......................................................... 0,000012 C-1
ferro fundido e concreto........................... 0,000010 C-1
alvenaria de tijolo..................................... 0,000005 C-1
madeira.................................................... 0,000003 C-1
2.8. Aplicaes
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c) Calcular a espessura das juntas de dilatao para um terreiro de caf de 100 x 100m, que ser
construdo em concreto. As juntas sero colocadas nas duas direes a cada 10m.
Considerando que o terreiro foi feito no inverno, possvel um t de aproximadamente
40C. E, como haver juntas nas duas direes, pode-se considerar dilao linear.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
L = t. L. t
L = 0,000010 x 100 x 40
L = 0,04 m = 4 cm = 40 mm.
100m
Como, em 100m pode-se contar com 9 juntas para acomodar a dilatao total, tem-se:
40 mm/9 juntas = 4,4 mm/junta. (mnimo).
3.1.1. Aplicaes
a) Um tirante de telhado tem 10m de comprimento e deve resistir a uma fora de trao de 8.600
kg. Calcular o dimetro do tirante a ser executado em ao redondo de forma que o mesmo tenha
rosca de 1,5mm de profundidade.
Para que seja confeccionada a rosca, o tirante dever ter um dimetro de:
dfinal = 26 mm + 3 mm = 29 mm.
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b) Substituir o tirante de ao acima por um tirante de madeira (Eucalipto citriodora), considere
um enfraquecimento de 2,0 cm, conforme desenho abaixo. Dimensionar o referido tirante
(valores de b e h).
Dados: adm. tr. = 170 kg/cm2; E = 136.000 kg/cm2; P = 8.600 kg; L = 10m.
h 2cm hmin P
= 90o
= 0o = 45o
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3.2.1. Dimensionamento de Pilares ou Colunas de Alvenaria
adm
' adm =
S
h
onde, para h/d = 1 5 10
s = 1,0 1,4 2,0
d
Normalmente, no se trabalha com h/d >10, somente em casos especiais.
3.2.1.1. Aplicao
a) Que carga pode suportar um pilar de alvenaria de tijolo macio comum, adm=10 kg/cm2, com
seo de 20 x 25cm e 2 m de altura?
adm 10 kg / cm 2
' adm = 5 kg / cm 2
S 2
Ento, a carga total admissvel para a coluna, sem considerar o peso prprio da coluna, ser:
P = adm. A = 5 x 500 = 2.500 kg.
Descontando o peso prprio do pilar, uma vez que esta carga tambm atua sobra o material
da base do mesmo, e considerando o peso especfico da alvenaria de tijolo igual a 1.800 kg/m3 ,
tem-se:
P = 2.500 - (0,20 x 0,25 x 2 x 1.800) = 2.320 kg.
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b) A tenso compresso atuante no material, ou seja:
P
at = adm do material.
A
Retangular h h x bh 3 b3h
Ix = ; Iy =
12 12
b
Circular Cheia x .r 4 .d 4
Ix = Iy = =
4 64
Circular Oca x (d 14 d 42 )
Ix = Iy =
64
A/2
16
O comprimento efetivo de flambagem depende do comprimento de suas extremidades. So
quatro os casos a serem considerados:
P P P P
Le = 2L Le = L Le = 0,7L Le = 0,5L
3.2.2.1. Aplicaes
2 E I P L2e
Pcrit = I=
L2e 2 xE
a4
= ------- a4 = 12 x 811 cm4
h=a 12
a = (12 x 811 cm4)1/4 a = 9,9 cm 10 cm
b=a
P 10.000kg
at = 2
100 kg/cm2 < 120 kg/cm2 OK!
A 100cm
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(2) Para a carga de 20.000 kg:
P 20.000kg
at = 138 kg/cm2 > 120 kg/cm2
A 12cm x 12cm
P 20.000kg
A= 166,6 cm2
at 120 kg / cm 2
2 E I P L2e
Pcrit = I=
L2e 2 xE
xr 4 9.770cm 4 x 4
I= r=4 10,6 cm e d 22 cm.
4
P 15.000
at = at = 39,46 kg/cm2 < 135 kg/cm2 OK!
A .11 2
Obs: Quando a seo for retangular, verificar a flambagem nas duas direes, x e y, e considerar a
menor carga crtica como limite.
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3.2.3. Dimensionamento de Pilares de Concreto Armado
Para concreto armado, quando a carga normal que atua sobre o pilar no se situa no seu
centro de gravidade, diz-se o mesmo est sendo solicitado por uma flexo composta normal.
Estas solicitao corresponde combinao da fora normal com o momento fletor devido
excentricidade. Praticamente, no h pilar que no esteja sobre flexo composta, e por isto, as
normas determinam que assim devem ser calculados.
Segundo as normas brasileiras, a menor largura permitida para os pilares de 20 cm,
embora, na prtica dimenses menores so usuais.
A tabela a seguir apresenta a ferragem necessria, a carga admissvel em toneladas e o
comprimento mximo de pilares engastados, de acordo com a seo, tendo como base a Norma
Brasileira, NB-1-78, empregado a teoria do Estado Limite ltimo.
Espessura Largura
20 cm 30 cm 40 cm
15 cm 20 t 30 t 40 t
L = 2,25 m 4 10 6 10 8 10
20 cm 24 t 36 t 48 t
L = 3,00 m 4 10 6 10 8 10
25 cm 34 t 51 t 68 t
L = 3,75 m 4 12,5 6 12,5 8 12,5
30 cm - 60 t 80 t
L = 4,50 m 6 12,5 8 12,5
35 cm - - 97 t
L = 5,25 m 10 12,5
40 cm - - 115 t
L = 6,00 m 12 12,5
OBS: Considerar somente metade da carga admissvel quando o pilar tive um extremo engastado
e o outro extremo livre.
Ferragem principal
Estribos d = 5mm
P/ cada 20 cm
1,5 cm de cobertura
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3.2.4. Tenses Admissveis do Solo Compresso e Clculo de Fundaes Diretas
Cada amostragem do mtodo consiste em deixar cair, de uma determinada altura, um peso
cilndrico de valor conhecido, por um determinado nmero de vezes, e verificar o
aprofundamento total causado no solo pelas quedas do mesmo.
A determinao deve ser feita na profundidade em que se vai apoiar a sapata, e deve-se
fazer no mnimo 3 amostragens em locais diferentes.
Para calculo das cargas da obra pode-se utilizar a tabela apresentada a seguir:
20
Cargas por Unidade de rea e Peso Especfico de Alguns Elementos Construtivos:
3.2.4.1. Aplicao
a) Dimensionar as sapatas isoladas de um galpo com cobertura de cimento-amianto, vo de 11
m, beiral de 0,5 m e p direito de 3 m. Os pilares so de 0,20 x.0,20m, em concreto armado,
espaados de 4 m entre si. Considere a tenso admissvel do solo igual a 1,2 kg/cm2.
- rea de telhado sobre o pilar:
(5,5 m + 0,5 m) x 4 m = 24 m2
0,5
0,5
X sapata (seo X2 m2 )
21
P (3.888 + 1.100 X 2 )kg
at = 12.000 kg / m 2 =
A X 2m2
Obs: A verificao de que a altura da sapata est aceitavel empiricamente feita pela frmula:
2 - Laje do forro
considerando espessura de 6cm.
0,5m - rea para 1m de parede
1m (5,5 m + 0,5 m) x 1 m = 6 m2
- Peso prprio: (tabela)
2.400 kg/m3 x 0,06m = 144 kg/m2
- Carga, sobrecarga e revestimento: (tabela)
(144 + 100 + 25) kg/m2 = 269 kg/m2
- Peso sobre 1m de parede
3 269 kg/m2 x 6 = 1614 kg
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4 Peso prprio da sapata (concreto ciclpico)
(2.200 kg/m3 x 0,5m x 1m x Xm) = 1.100X kg
a) As tesouras de telhado de uma construo transmitem sobre cada pilar, com 3 m de altura, uma
carga da ordem de 11.000 kg. Considerando um extremo engastado e o outro livre, e o
coeficiente de segurana igual a 3, dimensionar o pilar:
1) em alvenaria. adm. Comp. = 8 kg/cm2
2) em madeira rolias. E = 110.000 kg/cm2 e adm. Comp. = 100 kg/cm2
3) em concreto armado, especificando a seo, ferragem e resistncia do concreto.
b) A asna da tesoura de telhado deve suportar um esforo de compresso da ordem de 1.550 kg.
Dimensionar a pea estrutural de forma que uma das dimenses de sua seo seja 7,5 cm.
Considerar a pea simplesmente apoiada nos dois extremos, e coeficiente de segurana 3.
Dados: adm. comp. = 90 kg/cm2; E = 80.000 kg/cm2 e L = 2,10 m.
A resistncia ao corte tem especial importncia nas peas em balano, ligaes de madeira,
rebites, parafusos, pinos, etc.
A madeira, devido as suas caractersticas estruturais, apresenta resistncia ao cisalhamento
diferenciada com relao direo das fibras. Nas tabelas normalmente encontram-se adm paralela
e perpendicular s fibras, ao contrrio dos outros materiais.
23
4.1. Aplicaes
a) Calcular o esforo de trao admissvel na emenda abaixo considerando somente os esforos
de compresso e cisalhamento.
Dados: adm. comp. = 85 kg/cm2; adm. comp. = 9 kg /cm2
P P
A
c b d 4
20 20cm
b) Calcular o dimetro do pino de ao da figura abaixo, para que a emenda resista 10.000 kg
trao.
adm. = 1.200 kg/cm2.
P P
Seo resistindo ao
cisalhamento = 2 A
Seo A
P = 2 A. adm.
P 10.000 kg
A= = 4, 17 cm2
2. adm 2 x 1.200 kg / cm 2
A = ( d2)/4 d = 2,3 cm
c) Calcular a distncia X no n da tesoura abaixo, para que a linha resista ao esforo cortante
causado pela fora transmitida pela perna da tesoura.
24
5. Dimensionamento de Elementos Flexionados ou vigas
R1 R2
x
x
Tenso de compresso
C
A y Eixo ou linha neutra
Cdefe y T
Tenso de trao
X Seo
x
R1
Para qualquer viga o MOMENTO FLETOR MXIMO pode ser determinado em funo
dos esforos externos que atuam na mesma. Para dimensionar uma viga, capaz de suportar estes
esforos, precisa-se selecionar um elemento estrutural com uma seo transversal de FORMA,
REA e MATERIAL, que seja capaz de desenvolver um momento resistente igual ou maior que
o momento fletor mximo, e pode ser equacionado utilizando-se a FRMULA FLETORA, em
que:
M=fxS
I
S=
C
Onde: = momento de inrcia da seo; e
C = distncia do eixo neutro extremidade superior ou inferior da viga.
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Os momentos fletores mximos so tabelados e so funo do vo da viga, localizao e
tipo da carga (concentrada ou uniformemente distribuda) e condio de apoio nos extremos
(contnua, engastada ou articulada).
A nomenclatura e representao das cargas so:
a) carga concentradas b) cargas uniformemente distribudas
P1 P2 P3 w ou W
L1 L2 L3 L
O dimensionamento de Vigas, de uma forma geral, pode ser efetuado na seguinte sequncia:
a) Calcular as cargas que atuam na viga, incluindo o peso prprio, e fazer um esboo mostrando
as foras e suas lacalizaes. Determinar as reaes.
b) Determinar o MOMENTO FLETOR MXIMO e calcular o MDULO DE SEO (S =
M/f). Determinar a seo necessria flexo, tendo em vista que para a madeira , a largura da
seo transversal deve ser 1/3 a 1/2 da altura, para peas retangulares.
c) No caso de madeira, verificar se a seo encontrada atende TENSO CISALHANTE
HORIZONTAL (v), ou seja:
VQ
v=
IS
Onde: = momento de inrcia da seo
b = largura da viga no local onde v calculado,
V = fora vertical cisalhante total na seo considerada
Q = MOMENTO ESTTICO com relao ao eixo neutro ( a rea acima ou abaixo
do eixo neutro multiplicada pela distncia do seu centride at o eixo).
Para uma seo retangular:
h h b h2
Q = b = centride da seo comprimida
2 4 8
b h3
I= , ento h eixo neutro
12
3 V
v= b
2 bh
A tenso cisalhante horizontal (v) dever ser menor que a tenso admissvel cisalhante do
material na direo considerada.
d) Verificar a flecha mxima causada na viga pela ao das cargas. Normalmente, uma flecha de
vo/360 considerada como limite.
e) Quando a seo que satisfaz todos os requisitos anteriores encontrada, o comprimento de
apoio da viga deve ser determinado em funo da tenso de compresso perpendicular ao
comprimento da viga.
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Diagramas e Frmulas para Algumas Vigas Usuais.
W = Carga uniformemente distribuda total.
P = Carga concentrada.
L = Vo.
V = Esforo cortante.
M = Momento fletor.
D = Flexo mxima.
L/2 L/2 L
w
P
R1 R2 R1 R2
V
M
27
P L w L
R
V R
P.L3 W .L W .L3
M mx = P.L D= M mx = D=
3 E.I 2 8.E.I
w P P
R1 R2 R3 R1 R2 R3
W .L W .L3 6 P.L
M mx = D= M mx = Vmax = (11/16)P
8 185.E.I 32
a b R1 = V1 = Pb/L; R2 = V2 = Pa/L
P
R1 R2 P.a.b P.a 2 b 2
M mx = D=
L 3.E.I .L
L
28
Aplicaes
a) Uma viga de madeira tem vo de 4,5 m com cargas concentradas de 1.500 kg aplicadas a
cada 1/3 do vo . Existe ainda uma carga uniformemente distribuda de 300 kg/m (incluindo o
peso prprio da viga) sobre todo o vo. A flecha limitada a 1/360 do vo.
1.500 1.500kg
w = 300 kg/m
R1 R2
1,5 1,5 1,5 m
As equaes para determinar as reaes (R), o esforo cortante (v), o momento fletor (M)
e a flecha mxima (D), encontram-se na tabela anterior.
Cargas concentradas:
R1c = R2c = P = 1.500 kg
L/3 L/3 L/3
P P Vmx.c = P = 1.500 kg
R1 R2
P.L 1.500 x 4,5
M mx = 2.250 kg .m
3 3
V
23 P.L3
D= x
648 E.I
M
5 W .L3
D= x
384 E.I
29
Determinao da seo inicial da viga:
sendo f = 98 kg/cm2.
b.h 3
2
b.h 3 h b.h
S = 12 x Se b = de h, ento:
h 12 2 6
2
2
h .h h3
S= x 3.070,8 cm 3
2 6 12
Verificao da deformao.
A flecha permitida = 1/360 x L = 1/360 x 450 cm = 1,25 cm
23 P.L3 5 W .L3
Dtotal = x + x Sendo: E = 108.000 kg/cm2
648 E.I 384 E.I
L = 450 cm
W = 1.350 kg
bh3 17 x 343 P = 1.500 kg
= ---- = ---------- = 55.681 cm4
12 12
30
Caso a flecha calculada fosse maior que a flecha permitida, uma nova seo deveria ser
achada em funo da flecha mxima permitida.
2.175 kg 2.175
adm. comp. = 20 kg/cm2 = e= 6,4 cm
17 cm x e 17 x 20
Caso o apoio da viga seja de material menos resistente que a madeira o comprimento
mnimo passa a ser calculado em funo da tenso admissvel do mesmo.
b) Dimensionar as vigas de seo circular de uma ponte de madeira, cujo assoalho constitudo
de madeira rolia e terra e possui 3 m de largura. As vigas (duas de cada lado), devero ser
espaadas de forma que as rodas passaro sobre as mesmas. O peso mximo permitido aos
veculos ser de 10.000 kg, vo de 8 m e a flecha no problema.
31
1) Considerando 4 vigas: pior situao para esforo cortante
pior situao para
Vmx. c = (2.500 kg) / 2 = 1,250 kg momento fletor
P = (10.000/4) kg
P.L 2.500kg x 8m
M mx.C . = 5.000 kg .m
4 4
Porm, como a carga mvel, Vmx. c = 2.500 kg, prximo aos apoios.
W .L 5.400kg x 8m
M mx.U . = 5.400 kg.m
8 4
W .L 6.957 kg x 8m
M mx.U . . = 6.957 kg.m
8 8
32
Completando os clculos,
Mmx. = Mmx. c + Mmax.u = 5.000 kg. m + 6.957 kg. m = 11.957 kg. M
r3
S = -------- = 17.081 cm3 r = (21.748,2)1/3
4
r = 27,9 cm 28 cm d = 56 cm
.r 2 4.r 2
Q= x x r 3 (rea superior x y )
2 3. 3
2
Vmax x x r3
3 2 3 4 1 4 V
viaas = Vmax x r x .x . x max2
.r 4
3 .r 4 2.r
4
3 .r
x 2.r .
4
4 5.978,5kg
viaas = x 3,24 kg / cm 2 < adm = 7 kg/cm2 OK!
.(28cm )
2
3
4) Flecha no problema.
28cm
5.978,5 kg 5.978,5
adm. comp. = 18 kg/cm2 = e= 11,9 cm
28 cm x e 28 x 18
33
5. 2. Procedimento no Dimensionamento de Vigas de Perfis Metlicos
Para a soluo de problemas deste tipo, segue-se o procedimento do item 5.1, porm, dois
aspectos devem ser observados:
- a tenso cisalhante crtica, a ser verificada, a transversal pea; e
- normalmente trabalha-se com tabelas onde as propriedades das sees comerciais so pr-
calculadas, o que simplifica nossos clculos. Uma destas tabelas apresentada a seguir:
34
5.2.1. Aplicao
a) Se as vigas do problema anterior fossem de perfil metlico H, quais seriam suas especificaes?
Considerando: farco = 12,50 kg/mm2 e vadm = 7,60 kg/mm2
Determinando a seo:
Considerando o perfil metlico mais pesado para calcular o peso prprio, tem-se:
86 kg/m x 8 m = 688 kg
Recalculando,
W .L 6.088kg x 8m
M mx.U . = 6.088 kg.m W
8 8
Verificando o cisalhamento;
Para o perfil metlico, a resistncia ao cisalhamento mais importante aquela que considera
o corte transversal da pea, que dado pela seguinte frmula:
35
5.3. Problemas Propostos
b) No final das linhas de transmisso de eletricidade normalmente fixado um poste menor, como
mostra a figura abaixo, o qual deve apresentar resistncia flexo. Determinar o dimetro do
poste se o esforo de trao no cabo que o conecta ao ltimo poste da rede de 1.500 kg.
Considere os dados da madeira do problema anterior. A flecha limitada a 2 cm (E = 110.000
kg/cm2).
Resp.: d = 37 cm atende flexo, cisalhamento horizontal e flecha.
6. Estrutura de Telhado
40% 1/5 do vo
21o30
36
Inclinao mnima e mxima para as coberturas mais comuns
As telhas de barro apoiam-se sobre as ripas, e estas sobre os caibros, e estes sobre as teras
(trama). As teras apoiam-se sobre as tesouras de telhado que encarregam-se de transmitir a carga
permanente mais a acidental sobre os pilares ou paredes. As telhas leves, tipo cimento-amianto,
apoiam-se no sentido do seu comprimento sobre as teras, e estas sobre a tesoura (trelia) de
telhado.
As ripas, os caibros e as teras so solicitados flexo e so dimensionados como vigas. As
tesouras de telhados so sistemas estruturais (trelias) construdos de forma que todos os
elementos sejam solicitados compresso ou trao, com o objetivo de venceram maiores vos
com menor gasto de material estrutural.
37
Nas figuras abaixo pode-se observar uma tesoura simples (tipo 1), uma tesoura normal (tipo
2) e uma tesoura complexa (tipo 3) que pode vencer vo de at 25m, mesmo em madera. A
nomenclatura das partes componentes da tesoura de telhado tambm mostrada nesta ltima
figura.
As tesouras de telhado podem ser dimensionadas por meio de clculos estticos ou por
mtodos grficos. O dimensionamento grfico de uma tesoura pelo Mtodo de Cremona ser
apresentado a seguir:
Consideraes:
- Telhado com cobertura de cimento-amianto
- Vo da tesoura = 14m
- Distncia entre tesouras = 4,0m
- Distncia entre teras = 1,69m
- Inclinao do telhado = 15o
38
Determinao dos Esforos:
Por se tratar de cargas em posies simtricas, tem-se:
RA = RB = (380 x 8) / 2 = 1.520 kg
Ser aplicado o mtodo de Cremona, para a determinao dos esforos nas barras do
sistema.
Convenes:
II Em cada n a composio de foras (as externas e os esforos em cada barra) feita tambm
no sentido horrio.
III As foras em equilbrio em cada n tm seu sentido indicado por flechas no polgono de
foras, as quais so transladadas no n do esquema da estrutura, adotando-se a seguinte
conveno: na barra correspondente, se a flecha se dirige para o n de cada extremidade,
considera-se a barra em compresso, e, em trao no caso contrrio.
A Compe-se em escala grfica o polgono de foras (as externas e esforos nas barras) que
concorrem no n do apoio esquerdo (parte direita do diagrama de fora): tem-se ento a reao
RA, a fora PO = 380/2 kg, o esforo na barra 1, segundo a direo que ocupa na tesoura e o
esforo na barra 2 da mesma forma. V-se pois, que o polgono de foras RA-PO12 est em
equilbrio, por estar fechado, isto , a extremidade do esforo na barra 2 coincide com a origem
da fora que representa a reao de apoio, e o sentido indicado pelas flechas contnuo em uma
nica direo.
D Passa-se ento ao n inferior D que, embora seja constitudo de quatro barras concorrentes,
j tem determinados os esforos em duas delas, ou seja, barras 2 e 3. Na sequncia 3562, tem-
se um polgono de foras fechado, assim, pode-se determinar o sentido das foras, transportando-
se as flechas ao n.
39
E Passa-se agora, por meio da barra de transio 4, ao n E, obtendo-se novamente um
polgono de foras fechado, na sequncia 4-P2-8-7-5, onde j so conhecidos os esforos nas
barras 4 e 5. As flechas do polgono so da mesma forma transportadas estrutura, junto s
extremidades das barras que concorrem no n considerado.
Dada a simetria das cargas e da estrutura, o polgono de foras apresenta perfeita simetria
segundo o eixo de esforo da barra 2-6-10-10-6-2, pelo que as foras direita do meio so
representadas em linhas interrompidas.
40
De acordo com os esforos feitos por cada pea que concorre um determinado n,
procede-se ao desenho e dimensionamento do mesmo. A ttulo de exemplo, apresentamos a
seguir uma esquema de uma tesoura de telhado tipo 3, convencional, e os detalhes dos
respectivos ns para os vos at 15m, e trs tabelas para dimensionamento de estrutura de
madeira para telhado com cobertura de barro e com coberturas leves tipo cimento-amianto. As
tabelas devero ser empregadas para telhados com inclinao igual ou superior ao ngulo
especificado das mesmas. A madeira a ser utilizada dever ter caractersticas iguais ou superiores
quelas mencionadas nas tabelas.
41
42
Engradamento para coberturas de barro
Vo at (m) 5 7 9 11 13 15
Tesoura tipo 2 2 2 3 3 4
No de teras 5 5 5 7 7 9
Caibros 3,8 x 7,5 7,5 x 7,5 7,5 x 7,5 7,5 x 7,5 7,5 x 7,5 7,5 x 7,5
Teras 7,5 x 15 7,5 x 23 7,5 x 23 7,5 x 23 7,5 x 23 7,5 x 23
Perna 7,5 x 7,5 7,5 x 15 7,5 x 23 7,5 x 23 7,5 x 23 7,5 x 23
Asna 7,5 x 7,5 7,5 x 7,5 7,5 x 10 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 15
Escora 1 - - - 7,5 x 7,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5
Escora 2 - - - - - 7,5 x 7,5
Pendural 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 15
Tirante 1 - - - 2,2 x 7,5 2,2 x 7,5 2,2 x 7,5
Tirante 2 - - - - - 2,2 x 7,5
Linha 7,5 x 11,5 7,5 x 15 7,5 x 15 7,5 x 18 7,5 x 23 7,5 x 23
43
Engradamento para coberturas leves de cimento-amianto
Vo at (m) 5 7 9 11 13 15
Tesoura tipo 1 2 2 3 4 4
No de teras 6 8 8 10 12 12
Teras 7,5 x 15 7,5 x 15 7,5 x 15 7,5 x 15 7,5 x 15 7,5 x 15
Perna 7,5 x 7,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 15 7,5 x 15
Asna 5,0 x 6,0 3,8 x 7,5 7,5 x 7,5 5,0 x 7,0 7,5 x 7,5 7,5 x 7,5
Escora 1 - 5,0 x 7,0 5,0 x 7,0 7,5 x 7,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5
Escora 2 - - - 5,0 x 7,0 7,5 x 7,5 7,5 x 7,5
Escora 3 - - - - 5,0 x 7,0 5,0 x 7,0
Pendural 7,5 x 10 7,5 x 10 7,5 x 10 7,5 x 10 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5
Tirante 1 - 1,2 x 5,0 1,2 x 5,0 2,5 x 7,5 2,5 x 7,5 2,5 x 7,5
Tirante 2 - - - 1,2 x 5,0 2,5 x 7,5 2,5 x 7,5
Tirante 3 - - - - 1,2 x 5,0 1,2 x 5,0
Linha 7,5 x 7,5 7,5 x 11,5 7,5 x 11,5 7,5 x 15 7,5 x 23 7,5 x 23
Obs: A tabela adaptada do livro Tesouras de Telhado de autoria de J. C. REGO
MONTEIRO. As sees das peas, em cm, esto dimensionadas considerando os
enfraquecimentos dos encaixes.
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LISTA DE EXERCCIOS
1) Uma barra prismtica com rea da seo transversal de 6,25 cm2 e comprimento de 3,6 m, est
submetida a trao axial. Sabendo-se que seu alongamento foi de 2,61mm para uma fora
correspondente de 95 kN, pede-se o mdulo de elasticidade do material.
2) Os trilhos de uma estrada de ferro foram assentados com uma folga de 2 mm entre as suas
extremidades para temperatura de 16 oC. O comprimento de cada trilho 12 m, confeccionados
em ao com mdulo de elasticidade de 210 GPa e coeficiente de dilatao linear igual a 1,2.10-5
o -1
C . Determinar:
a) a folga entre os trilhos quando a temperatura 0 oC;
b) em que temperatura essa folga se anula; e
c) a tenso de compresso nos trilhos, quando a temperatura de 35oC, desprezando a
possibilidade de flambagem.
3) Os dados da tabela seguinte foram obtidos no ensaio de trao simples, com um corpo de
prova de seo uniforme com dimetro de 12,675 mm. Rompido o corpo de prova, mediu-se o
dimetro da seo de ruptura e obteve-se 13,75 mm. O comprimento de referncia, de 5 cm
aumentou para 6,875 cm. Apartir dos dados obtidos, determinar o limite de proporcionalidade do
material, o mdulo de elasticidade do material, a variao percentual do comprimento, da rea e
do volume e o limite de ruptura. Comentar sobre os resultados obtidos.
4) Uma barra de alumnio de seo circular de 0,15 m de comprimento, com dimetro de 50 mm,
est sujeita fora de compresso de 50 kN. Determinar:
a) a tenso atuante;
b) a reduo do comprimento da pea;
c) a variao do volume da pea.
Admitir: E = 80 GPa, relao deformao longitudinal por deformao transversal igual a 4
e coeficiente de segurana igual a 2. Desprezar a flambagem.
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5 Dimensionar uma pea de uma trelia, sem enfraquecimentos, em madeira e em ao, sujeita a
um esforo de trao de 1750 kg.
Dados: Tenso admissvel trao da madeira igual a 170 kg/cm2.
Tenso admissvel trao para o ao igual a 1250 kg/cm2.
9) Dimensionar a fundao para suportar a carga advinda do pilar do exerccio anterior. Fazer as
consideraes que achar necessrio.
b) 400 kg
250 kg/m
3m
400 kg
c)
3m
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