Probabilidade e Estatisca
Probabilidade e Estatisca
Probabilidade e Estatisca
ESTATSTICA
autor do original
VALRIA APARECIDA FERREIRA
1 edio
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial sergio cabral, claudete veiga, claudia regina de brito
Diagramao fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
ISBN 978-85-5548-091-1
Prefcio 7
1. Introduo Estatstica:
Anlise Exploratria de Dados 10
Breve histrico 11
Definio de Estatstica 11
Distribuio de frequncias 14
Mtodos grficos 20
2. Medidas de Posio 34
Mdia 34
Mediana (Md) 36
Moda (Mo) 37
Medidas Separatrizes: Quartis, Decis e Percentis 46
3. Medidas de Disperso 64
Exemplo Introdutrio 64
Amplitude Total (R) 65
Amplitude interquartil 66
Desvio-Padro (s) 66
Varincia (s2) 68
Coeficiente de Variao (cv) 69
Exemplo de aplicao das medidas de disperso
para dados no tabulados 69
Desvio-padro para dados tabulados 72
Varincia para dados tabulados 73
Exemplo de aplicao das medidas de disperso para dados tabulados 74
4. Noes de Probabilidade 86
Estatstica uma palavra de origem latina, que significou por muito tem-
po cincia dos negcios do Estado. Ela pode ser vista como uma Matemtica
Aplicada, uma disciplina da rea das cincias exatas que tem aplicao em pra-
ticamente todas as reas de estudo. Esse fato serve para desmistificar o temor
vivido pelos alunos com relao ao ensino da matemtica em si (aquela que
ns aprendemos at o ensino mdio). As dificuldades enfrentadas e a falta de
conexo com a prtica so talvez os fatores que mais contribuem para que este
temor ocorra.
No entanto, o ensino da Estatstica, mesmo provocando sentimentos seme-
lhantes aos estudantes, proporciona a esses uma viso prtica do contedo que
est sendo abordado. Mais que isso, ele possibilita, a quem o est aplicando, a
obteno de importantes informaes do fato que est sendo estudado. O co-
nhecimento mnimo em Estatstica se tornou pr-requisito para ler um jornal
ou uma revista conceituada, pois muitas informaes se encontram resumidas
em tabelas ou grficos que grande parte da populao no tem condies de in-
terpretar e por isso ignoram (ou no entendem) reportagens importantes para a
formao de uma pessoa esclarecida social, econmica e politicamente.
Procuramos, aqui, apresentar a Estatstica de forma clara e prtica. No com
o intuito de formar especialistas nessa rea, mas sim de proporcionar a voc,
futuro gestor, uma compreenso dos elementos bsicos que compem essa
cincia, visando a aplicao na sua rea de atuao. No tivemos a inteno de
esgotar o assunto, mas sim de apresentar os elementos necessrios para que
voc realize uma leitura satisfatria da realidade que o cerca e das informaes
que tm a sua volta.
Estudaremos duas reas da Estatstica: Estatstica Descritiva e a Probabili-
dade. No Captulo 1 apresentaremos os conceitos bsicos da Estatstica bem
como descrio de tcnicas para organizao e apresentao dos dados. Nos
Captulos 2 e 3 aprenderemos a calcular e interpretar as medidas de posio e
disperso. E, introduziremos, nos Captulos 4 e 5, conceitos de Probabilidade.
Abordaremos o clculo de probabilidades atravs do mtodo clssico e frequen-
cial e estudaremos a distribuio de probabilidade Binomial.
7
Muitos dos exemplos aqui apresentados so hipotticos. So exemplos de
situaes que ocorrem de forma semelhante na realidade, mas os dados apre-
sentados no so reais, foram criados apenas para ilustrar a aplicao do conte-
do apresentado.
1
Introduo
Estatstica: Anlise
Exploratria de Dados
1 Introduo Estatstica:
Anlise Exploratria de Dados
OBJETIVOS
Aps o estudo dos conceitos e tcnicas apresentados neste captulo, esperamos que voc
consiga identificar os diferentes tipos de variveis que podem estar presentes em uma pes-
quisa, bem como, organizar, resumir e apresentar, atravs de tabelas e grficos de frequn-
cias, as informaes contidas em grandes conjuntos de dados.
REFLEXO
Voc se lembra de j ter visto tabelas em jornais, livros ou revistas, em que eram utilizados
percentuais para indicar as frequncias de ocorrncias de respostas em uma pesquisa? Ou
com os percentuais referentes avaliao de um governo? Neste captulo, veremos como
(e para qu) construir tabelas dessa natureza, alm de elaborar grficos que representam os
resultados dessas tabelas.
10 captulo 1
1.1 Breve histrico
O interesse por levantamento de dados no algo que surgiu somente nos dias
atuais. H indcios de que 3000 anos A.C. j se faziam censos na Babilnia, Chi-
na e Egito. Havia interesse dos governantes das grandes civilizaes antigas
por informaes sobre suas populaes e riquezas. Usualmente estas informa-
es eram utilizadas para taxao de impostos e alistamento militar.
A palavra Estatstica surgiu, pela primeira vez, no sc. XVIII. Alguns autores
atribuem esta origem ao alemo Gottfried Achemmel (1719-1772), que teria uti-
lizado pela primeira vez o vocbulo Estatstica, em 1746.
Na sua origem, a Estatstica estava ligada ao Estado. Na atualidade, a Esta-
tstica no se limita apenas ao estudo de dados demogrficos e econmicos. Ela
empregada em praticamente todas as reas do conhecimento, sempre que
estiverem envolvidas coleta e anlise de dados.
CONEXO
Para saber um pouco sobre a evoluo histrica da Estatstica, assista ao vdeo Histria da
Estatstica produzido pela Fundao Universidade de Tocantins, disponvel em: http://www.
youtube.com/watch?v=jCzMPL7Ub2k&feature=related
A Estatstica uma cincia que trata de mtodos cientficos para a coleta, or-
ganizao, descrio, anlise e interpretao (concluso) de um conjunto de
dados, visando a tomada de decises.
Podemos dividir a aplicao da Estatstica basicamente em trs etapas, que
so descritas resumidamente a seguir:
1. Refere-se coleta de dados, na qual devemos utilizar tcnicas estatsti-
cas que garantiro uma amostra representativa da populao.
2. Depois dos dados coletados, devemos resumi-los em tabelas de frequ-
ncias e/ou grficos e, posteriormente, encontrar as medidas de po-
sio e variabilidade (quantidades). Esta etapa tambm conhecida
como Estatstica Descritiva ou Dedutiva.
captulo 1 11
3. Esta etapa envolve a escolha de um possvel modelo que explique o com-
portamento dos dados para posteriormente se fazer a inferncia dos
dados para a populao de interesse. Esta etapa tambm chamada de
Estatstica Inferencial ou Indutiva. Nesta etapa, se faz necessrio um
conhecimento mais aprofundado, principalmente no que se refere aos
tpicos de probabilidades.
A probabilidade fornece mtodos para quantificar a incerteza exis-
tente em determinada situao, usando ora um nmero ora uma
funo matemtica.
12 captulo 1
So inmeras e diversificadas as aplicaes de tcnicas estatsticas que o
gestor pode utilizar. No conseguiremos falar sobre todas elas, mas apresen-
taremos os principais conceitos e tcnicas que quando utilizados podem au-
xiliar na tomada de decises. Comearemos por apresentar alguns conceitos
elementares bastante utilizados no processo estatstico.
Populao: o conjunto total de elementos (objetos, itens, medidas, etc.)
que tm determinada caracterstica que se deseja estudar.
Amostra: uma parte da populao de interesse que se tem acesso para de-
senvolver o estudo estatstico. Se a amostra no for fornecida no estudo, deve-
mos retir-la da populao atravs de tcnicas de amostragem adequadas, para
que os resultados fornecidos sejam confiveis.
Estatstica Descritiva: a parte da estatstica que trata da organizao e do
resumo do conjunto de dados por meio de grficos, tabelas e medidas descriti-
vas (quantidades).
Estatstica Indutiva: a parte que se destina a encontrar mtodos para tirar
concluses (ou tomar decises) sobre a populao de interesse, geralmente, ba-
seado em informaes retiradas de uma amostra desta populao.
Varivel: a caracterstica de interesse no estudo. Vamos estudar dois tipos
de variveis: quantitativas e qualitativas.
Variveis quantitativas: so aquelas cujas respostas da varivel so expres-
sas por nmeros (quantidades). Podemos distinguir dois tipos de variveis
quantitativas: quantitativa contnua e discreta.
Variveis quantitativas contnuas: so aquelas que podem assumir, teorica-
mente, infinitos valores entre dois limites (num intervalo), ou seja, podem as-
sumir valores no inteiros. Por exemplo: altura (em metros) de alunos de uma
determinada faixa etria, peso (em kg), salrio, etc.
Variveis quantitativas discretas: so aquelas que s podem assumir valores
inteiros. Por exemplo: nmero de filhos por casal, nmero de livros em uma
biblioteca, nmero de carros vendidos, etc.
Variveis qualitativas: so as variveis cujas respostas so expressas por um atri-
buto. Podemos distinguir dois tipos de variveis qualitativas: nominal e ordinal.
Variveis qualitativas nominais: definem-se como aquelas em que as res-
postas so expressas por um atributo (nome) e esse atributo no pode ser orde-
nado. Por exemplo: tipo sanguneo, religio, estado civil, etc.
Variveis qualitativas ordinais: tm suas respostas expressas por um atributo
(nome) e esse atributo pode ser ordenado. Por exemplo: grau de instruo, classe
social, etc.
captulo 1 13
1.3 Distribuio de frequncias
Exemplo 1.1: Dada a tabela abaixo, vamos definir qual a varivel em estu-
do e qual o tipo de varivel. Depois, completaremos a tabela de distribuio de
frequncias encontrando a frequncia relativa (%).
14 captulo 1
FAIXA DE FREQUNCIA
RENDA (EM NMERO DE RELATIVA
SALRIOS OPERRIOS (f) (%) (fr)
MNIMOS)
0 | 2 43 39,09
2 | 4 39 35,45
4 | 6 16 14,55
6 | 8 8 7,27
8 | 10 4 3,64
Resoluo
A varivel em estudo a renda dos operrios de uma determinada empre-
sa. Esta varivel classificada como quantitativa contnua, pois pode assumir
qualquer valor dentro de um intervalo numrico.
As frequncias absolutas (f) so fornecidas no problema. As frequncias rela-
tivas (fr(%)) so encontradas dividindo cada frequncia absoluta (de cada classe de
frequncia) pelo total de operrios (110) e multiplicando por 100.
captulo 1 15
Uma distribuio de frequncias apresenta, basicamente, as 3 colunas
apresentadas na tabela 1.1. Desta maneira, conseguimos organizar de forma
resumida um conjunto de dados.
Em alguns estudos podemos ter interesse em outras quantidades relacio-
nadas tabela, como, por exemplo, a frequncia acumulada ou a frequncia
acumulada (%). Veremos mais adiante que a frequncia acumulada utilizada
na construo de um grfico denominado Ogiva. A tabela 1.2 apresenta a frequ-
ncia acumulada e a frequncia relativa acumulada (%).
FAIXA DE NMERO
RENDA (EM DE FREQUNCIA
SALRIOS OPERRIOS fr(%) ACUMULADA fra (%)
MNIMOS) (f) (fa)
0 | 2 43 39,09 43 39,09
2 | 4 39 35,45 82 75,55
4 | 6 16 14,55 98 89,09
16 captulo 1
NMERO DE
NMERO DE FILHOS fr (%)
OPERRIOS (f)
0 6 13,33
1 11 24,44
2 13 28,89
3 7 15,56
4 5 11,11
NMERO DE
NMERO DE FILHOS fr (%)
OPERRIOS (f)
5 1 2,22
6 2 4,44
Total 45 100,00
Como vimos no exemplo 1.1, para representar a varivel contnua renda, or-
ganizamos os dados em classes. Portanto, podemos dizer que a varivel renda
foi dividida em 5 classes de frequncias.
Quando agrupamos em classes de frequncias perdemos informaes, pois
no sabemos exatamente quais so os valores que esto contidos em cada uma das
classes (a no ser que seja possvel pesquisar esta informao no conjunto de da-
dos brutos). Na anlise das tabelas de frequncias com intervalos de classes pode-
mos identificar os seguintes valores:
captulo 1 17
Limite inferior (Li): o menor valor que a varivel pode assumir em uma
classe de frequncia.
Limite superior (Ls): serve de limite para estabelecer qual o maior valor que a
varivel pode assumir em uma classe de frequncia, mas, geralmente, os valores
iguais ao limite superior no so computados naquela classe e sim na seguinte.
Li + Ls
seja, Pm = .
2
R
k n e h
k
18 captulo 1
Os valores de k e h devem ser arredondados sempre para o maior valor. Por exemplo,
para uma amostra de tamanho n = 50 cujo menor valor 4 e o maior valor 445
temos que R = 441 (maior valor menor valor). O nmero de classes seria dado por
k n = 50 = 7, 07106 8 (maior inteiro depois de 7) e a amplitude (tamanho)
R 441
de cada uma das 8 classes acima dever ser h = = 55,125 56 (maior
k 8
inteiro depois de 55). Ou seja, deveramos, para este exemplo, montar uma tabela com
8 classes e de amplitude 56. A tabela pode ser iniciada pelo menor valor do conjunto
de dados.
k 1 + 3, 3 log n
onde:
k:nmero de classes
n:total da amostra
log n: logaritmo na base 10 de n
captulo 1 19
A amplitude de cada intervalo de classe obtida por:
amplitude total R
=h =
k k
Devemos arredondar o valor de k para o nmero inteiro mais prximo, pois o nmero
de classes deve ser sempre inteiro. O arredondamento de h deve ser sempre efetuado
para cima usando o mesmo nmero de casas decimais dos elementos da amostra para
que nenhum elemento fique fora da tabela.
Existem vrios tipos de grficos. Os mais usados so: grfico em linhas, diagra-
mas de rea (como por exemplo: grfico em colunas, grfico em barras e grfico
em setores) e grficos para representar as distribuies de frequncias cons-
trudas com intervalos de classes (como por exemplo: polgono de frequncias,
histograma e ogiva).
Vamos saber um pouco quando usar e como construir cada um destes grficos.
CONEXO
Vamos refletir um pouco sobre a necessidade de abordagens pedaggicas para o ensino e
a aprendizagem de grficos acessando o endereo http://www.ufrrj.br/emanped/paginas/
conteudo_producoes/docs_22/carlos.pdf.
20 captulo 1
1.4.1.1 Grfico em linhas
Sempre que os dados estiverem distribudos segundo uma varivel no tempo
(meses, anos, etc.), assim como sucede com os dados do exemplo 1.3 figura
1.1, os dados podem, tambm, ser descritos atravs de um grfico em linhas.
Esse tipo de grfico retrata as mudanas nas quantidades com respeito ao tem-
po atravs de uma srie de segmentos de reta. muito eficiente para mostrar
possveis tendncias no conjunto de dados.
1998 1,3
1999 1,5
2000 1,9
2001 2,4
2002 2,6
2003 3,1
2004 7,4
2005 18,6
2006 21,5
2007 29
captulo 1 21
O grfico que melhor representa este conjunto de dados o grfico em li-
nhas, j que os dados se reportam a uma srie no tempo (srie temporal). O
grfico est ilustrado na figura 1.1.
35
30 29
25 21,5
Assistentes (em milhes)
20 18,6
15
10 7,4
ATENO
Quando construmos o grfico de barras para variveis qualitativas e as barras so arranja-
das em ordem descendente de altura, a partir da esquerda para a direita, com o atributo que
ocorre com maior frequncia aparecendo em primeiro lugar, denominamos este grfico de
barras de Diagrama de Pareto.
22 captulo 1
Exemplo 1.4: Uma grande indstria de materiais de construo, com diver-
sas lojas espalhadas pelo pas, fez um levantamento das principais causas de
perda de ativos durante o ano de 2007 e as informaes esto dispostas na ta-
bela seguinte.
0
Roubos de funcionrios
Assaltos s lojas
Perda de estoque
Atendimento ruim
M administrao
captulo 1 23
Atendimento ruim
Perda do estoque
Roubos de funcionrios
M administrao
0 1 2 3 4 5 6
Valor perdido (milhes de reais)
Roubos de
Fraudes nas vendas Funcionrios
29% 21%
24 captulo 1
Os grficos que sero apresentados a seguir so grficos construdos segun-
do uma distribuio de frequncias com intervalos de classes. So eles: o histo-
grama, o polgono de frequncias e a ogiva.
1.4.1.4 Histograma
Um histograma semelhante ao diagrama de barras, porm refere-se a uma
distribuio de frequncias para dados quantitativos contnuos. Por isso,
apresenta uma diferena: no h espaos entre as barras. Os intervalos de
classes so colocados no eixo horizontal enquanto as frequncias so colo-
cadas no eixo vertical. As frequncias podem ser absolutas ou relativas.
Exemplo 1.5: A tabela a seguir apresenta o salrio de funcionrios de uma
empresa no interior de Minas Gerais.
FREQ. ACUMULADA
SALRIO (R$) FREQ. ABSOLUTA (f) (fa)
400,00 | 800,00 38 38
800,00 | 1.200,00 18 56
1.200,00 | 1.600,00 12 68
1.600,00 | 2.000,00 8 76
2.000,00 | 2400,00 8 84
2.400,00 | 2.800,00 5 89
2.800,00 | 3.200,00 3 92
3.200,00 | 3.600,00 0 92
3.600,00 | 4.000,00 2 94
4.000,00 | 4.400,00 0 94
4.400,00 | 4.800,00 1 95
Total 95
Tabela 1.6 Distribuio de frequncias dos salrios dos funcionrios de uma empresa no
interior de Minas Gerais.
captulo 1 25
Como os dados da tabela 1.6 esto apresentados em intervalos de classes po-
demos represent-los graficamente atravs de um histograma ou do polgono de
frequncias, como mostram as figuras 1.4 e 1.5, respectivamente.
40
35
30
25
Frequncia
20
15
10
5
0
1200,00 | 1600,00
1600,00 | 2000,00
2000,00 | 2400,00
2400,00 | 2800,00
2800,00 | 3200,00
3200,00 | 3600,00
3600,00 | 4000,00
4000,00 | 4400,00
4400,00 | 4800,00
800,00 | 1200,00
400,00 | 800,00
Salrio (R$)
Figura 1.4 Histograma dos salrios dos funcionrios de uma empresa no interior de Minas
Gerais.
CONEXO
Para se ter uma ideia da importncia da organizao dos dados em tabelas de frequncias e
da construo do histograma, leia A Estatstica na Prtica em: ANDERSON, David R.; SWE-
ENEY, Denis J.; WILLIAMS, Thomas A. Estatstica aplicada administrao e economia. So
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, pp. 37 e 38.
26 captulo 1
O histograma e o polgono de frequncias so grficos alternativos e con-
tm a mesma informao. Fica a critrio de quem est conduzindo o estudo a
escolha de qual deles utilizar.
Considerando os dados do exemplo 1.5, temos o polgono de frequncias
representado pela figura 1.5.
40
38
35
30
25
Frequncia
20
18
15
12
10
8 8
5 5
3
2
1
0 0 0 0
200 600 1000 1400 1800 2200 2600 3000 3400 3800 4200 4600 5000
Figura 1.5 Polgono de frequncias dos salrios dos funcionrios de uma empresa no
interior de Minas Gerais.
1.4.1.6 Ogiva
Uma ogiva um grfico para uma distribuio de frequncias acumuladas. Uti-
lizando o exemplo 1.5, a terceira coluna traz a frequncia acumulada dos dados
e a ogiva fica representada pela figura 1.6.
captulo 1 27
Para construir um grfico de ogiva, devemos usar o limite superior de cada intervalo
no eixo horizontal e a frequncia acumulada no eixo vertical. A frequncia acumulada
relacionada com o limite inferior da primeira classe sempre zero.
100
90
80
70
60
Frequncia Acumulada
50
40
30
20
10
0
400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000 4400 4800
Salrio (R$)
Figura 1.6 Ogiva dos salrios dos funcionrios de uma empresa no interior de Minas Gerais.
ATIVIDADE
1. Classifique as variveis a seguir em quantitativas (discretas ou contnuas) ou qualitativas
(nominal ou ordinal).
a) Cor dos olhos.
b) Nmero de peas produzidas por hora.
c) Dimetro externo.
d) Nmero de pontos em uma partida de futebol.
e) Produo de algodo.
f) Salrios dos executivos de uma empresa.
g) Nmero de aes negociadas na bolsa de valores.
h) Sexo dos filhos.
i) Tamanho de pregos produzidos por uma mquina.
j) Quantidade de gua consumida por uma famlia em um ms.
28 captulo 1
k) Grau de escolaridade.
l) Nvel social.
m) Tipo sanguneo.
n) Estado civil.
2. A seguir temos as idades dos funcionrios de uma determinada empresa. Fazer uma
distribuio de frequncias, agrupando os dados em classes. OBS.: A tabela de distri-
buio de frequncias deve ser completa com f, fr e fa.
48 28 37 26 29 59 27 28 30 40 42 35 23 22 31
21 51 19 27 28 36 25 40 36 49 28 26 27 41 29
3. Uma agncia de turismo est interessada em saber o perfil dos seus clientes com relao
varivel estado civil. Para isso, o gerente desta agncia pediu ao funcionrio do setor de ven-
das para fazer um grfico que resuma estas informaes. Construa o grfico e interprete-o.
Solteiro 2600
Casado 900
Vivo 345
Separado 1200
Outros 1020
Total 6065
captulo 1 29
4. Um consultor estava interessado em saber quanto, geralmente, cada pessoa gastava em um
determinado supermercado no primeiro sbado aps receberem seus pagamentos (sal-
rios). Para isso ele entrevistou 50 clientes que passaram pelos caixas entre 13h e 18h, e
anotou os valores gastos por cada um deles. Estes valores esto listados a seguir:
4,89 11,00 5,60 73,85 24,83 98,00 186,00 234,87 58,00 198,65
223,86 341,42 94,76 445,76 82,80 35,00 455,00 371,00 398,60 234,00
64,90 54,98 48,80 68,90 120,32 126,98 76,43 6,35 9,98 12,68
243,00 18,65 134,90 11,10 321,09 290,76 74,00 48,80 74,52 138,65
26,00 210,13 15,78 197,45 75,00 76,55 32,78 166,09 105,34 99,10
50 45
45
40
35
30
Frequncia
25
20 17
15 12
10 4 3 3 2
5
0
500| 800
800| 1100
1100| 1400
1400| 1700
1700| 2100
2100| 2400
2400| 2700
Salrio (R$)
30 captulo 1
d) Qual a porcentagem de funcionrios que ganham entre R$ 500,00 (inclusive) e no
mais que R$ 1.100,00?
e) A partir do histograma, monte uma tabela de distribuio de frequncias.
REFLEXO
Estamos encerrando nosso primeiro captulo. Vimos, aqui, alguns conceitos que sero funda-
mentais na compreenso do restante do contedo de Estatstica. J deve ter dado para
perceber que, mesmo estando no incio da disciplina, as aplicaes prticas que voc poder
fazer na sua rea de atuao sero muitas. A compreenso e interpretao das mais variadas
informaes, com as quais nos deparamos em nosso cotidiano, dependem, em parte, do co-
nhecimento de certos elementos estatsticos.
Estamos apenas no comeo. Muitas tcnicas (muito interessantes!) ainda sero abordadas.
E lembre-se que o conhecimento e o domnio da Estatstica certamente levaro voc, futuro
gestor, s decises mais acertadas.
LEITURA
Recomendamos a leitura do texto Como analisar de forma simples um grande nmero de
dados?, disponvel no endereo:
< http://www.klick.com.br/materia/20/display/0,5912,POR-20-91-931-,00.html >
Este texto aborda de maneira clara alguns procedimentos que podem ser utilizados quando
nos deparamos com situaes em que precisamos resumir as informaes de grandes
conjuntos de dados.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANDERSON, David R.; SWEENEY, Denis J.; WILLIAMS, Thomas A. Estatstica aplicada
administrao e economia. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatstica, So Paulo: Edgard Blucher, 2002.
captulo 1 31
FARIAS, Alfredo Alves de; SOARES, Jos Francisco; CSAR, Cibele Comini. Introduo
estatstica. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
NO PRXIMO CAPTULO
Se at agora vimos como organizar, resumir e apresentar os dados (informaes) em tabelas
e grficos, no prximo captulo iremos incrementar esse processo atravs da insero das
medidas de posio e disperso. So medidas que iro, de certa forma, representar o con-
junto como um todo. Um exemplo bem conhecido de medida de posio (ou de tendncia
central) a mdia e com relao medida de disperso podemos citar o desvio-padro. No
so raras as situaes em que a mdia utilizada para representar a tendncia central dos
dados e o desvio-padro para representar a variabilidade do conjunto de dados.
Alm destas, veremos outras tambm importantes e com larga aplicao no estudo dos dados.
32 captulo 1
2
Medidas de Posio
2 Medidas de Posio
Nesse captulo, aprenderemos como caracterizar um conjunto de dados atravs
de medidas numricas que sejam representativas de todo o conjunto.
As medidas de posio, tambm chamadas de medidas de tendncia central,
tm o objetivo de representar o ponto central de um conjunto de dados. As mais
conhecidas so a mdia, a mediana e a moda. Alm dessas medidas, podemos
citar outras medidas de posio importantes, que no necessariamente so
centrais. So ela os quartis, os decis e os percentis. Vamos estudar cada uma
dessas medidas de posio (estatsticas).
Primeiramente, vamos fazer um estudo para os dados no tabulados, ou seja,
quando os dados no estiverem na forma de distribuio de frequncia. Em se-
guida, as mesmas medidas sero calculadas com base em dados tabulados.
OBJETIVOS
Por meio do estudo deste captulo, esperamos que voc seja capaz de calcular e de interpre-
tar as medidas de posio aplicadas a conjuntos de dados.
REFLEXO
Voc se lembra das situaes para as quais j calculou uma mdia? Que tipo de informao
essa medida fornece? Para que serve? Para aplicar e interpretar medidas como ela, ne-
cessrio conhec-las bem. Vamos, ento, realizar um estudo detalhado da mdia e de outras
medidas de mesma natureza.
2.1 Mdia
A mdia aritmtica a mais comum e mais simples de ser calculada dentre to-
das as medidas de posio mencionadas.
34 captulo 2
Para calcul-la, basta fazer a diviso da soma de todos os valores (x1, x2, ..., xn )
da varivel pelo nmero deles (n):
n
xi
x= i =1
(2.1)
n
em que:
x = a mdia aritmtica;
xi = os valores da varivel;
n = o nmero de valores.
Outro tipo de mdia que podemos encontrar a mdia geomtrica. Ela muito
utilizada no clculo da taxa mdia de retorno de investimentos.
A mdia geomtrica entre nmeros reais x1 x2,,xn definida como sendo a
raiz n-sima do produto dos n termos (ou, alternativamente) o produto dos n ter-
mos elevado ao inverso do nmero de termos, ou seja:
G= n x1 x 2 x 3 ... x n
ou
( )
1 1
(x1 x 2 x 3... x n ) n = n
i =1 xi n
captulo 2 35
2.2 Mediana (Md)
A mediana outra medida de posio, dita mais robusta que a mdia, pois, da
forma como ela determinada, no permite que alguns valores muito altos ou
muito baixos interfiram de maneira significativa em seu valor. Desta forma, se
o conjunto de dados apresentar alguns poucos valores discrepantes em relao
maioria dos valores do conjunto de dados, em geral, aconselhvel usar a
mediana em vez da mdia.
ATENO
A mediana a medida de posio mais frequentemente usada quando a varivel em estudo
for renda (R$), pois algumas rendas extremamente elevadas podem inflacionar a mdia.
Neste caso, a mediana uma melhor medida de posio central.
Md = x n +1 (2.2)
2
x n + x n
+1
Md =
2 2 (2.3)
2
36 captulo 2
x n , x n + 1 x n
onde e +1 indicam as posies onde os dados
2
2 2
se encontram.
A moda de um conjunto de dados o valor (ou valores) que ocorre com maior
frequncia. A moda, diferentemente das outras medidas de posio, tambm
pode ser encontrada quando a varivel em estudo for qualitativa. Existem con-
juntos de dados em que nenhum valor aparece mais vezes que os outros. Neste
caso, dizemos que o conjunto de dados no apresenta moda.
Em outros casos, podem aparecer dois ou mais valores de maior frequncia
no conjunto de dados. Nestes casos, dizemos que o conjunto de dados bimo-
dal e multimodal, respectivamente.
Por conta das definies diferentes, a mdia, a mediana e a moda fornecem,
muitas vezes, informaes diferentes sobre o centro de um conjunto de dados,
embora sejam todas medidas de tendncia central.
No exemplo 2.1 apresentaremos os clculos das medidas de posio para
dados no tabelados (dados brutos).
Resoluo
A mdia aritmtica dada por:
n
xi 1.348 + 1.260 + 1.095 + 832 + 850 5.385
i =1
x= = = = 1.077
n 5 5
captulo 2 37
O nmero mdio de pessoas que entraram na agncia bancria na segunda
semana do ms foi 1.077 pessoas. Isto quer dizer que, alguns dias entraram me-
nos que 1.077 e outros dias entraram mais, ou seja, 1.077 um valor em torno
do qual o nmero de pessoas que entraram na agncia, durante a segunda se-
mana de cada ms, se concentra.
Para encontrar a mediana, devemos, primeiramente, ordenar os dados em
ordem crescente (pode ser decrescente tambm):
Mdia Aritmtica
No caso de dados tabulados, o clculo da mdia aritmtica dada por:
k
x i fi
i =1
x= k
(2.4)
fi
i =1
38 captulo 2
Onde:
xi o valor da varivel (ou o ponto mdio de uma classe de frequncia).
fi a frequncia referente a cada valor (ou classe).
k
a soma dos valores das frequncias.
i =1
Exemplo 2.2
Em um determinado ms, foi computado o nmero x de faltas ao trabalho,
por motivos de sade, que cada funcionrio de uma determinada empresa teve.
Os dados esto apresentados na tabela abaixo:
NMERO DE FALTAS f
0 31
1 20
2 8
3 2
4 0
5 1
6 1
Total 63
captulo 2 39
Resoluo
Mdia Aritmtica
k
x i fi (0 31)+ (1 20)+ (2 8)+ (3 2)+ (4 0)+ (5 1)+ (6 1) 53
x = i =1 k
= = @ 0, 84
63 63
fi
i =1
Mediana
Como os dados esto tabelados, eles j se encontram ordenados. Para ficar
mais fcil encontrar o valor da mediana, vamos incluir na distribuio de frequ-
ncias uma coluna com as frequncias acumuladas.
NMERO DE FALTAS f fa
0 31 31
1 20 51
2 8 59
3 2 61
4 0 61
5 1 62
6 1 63
Total 63
40 captulo 2
Agora, identificaremos a frequncia acumulada imediatamente superior
metade do somatrio das frequncias simples:
k
fi 63
i =1
= = 3,15
2 2
Md = 1 falta
k
fi
No caso do valor i = 1 ser exatamente igual a uma das frequncias acumuladas fa, o
2
clculo da mediana ser a mdia aritmtica entre dois valores da varivel: xi e x(i+1).
k
fi
O valor da varivel xi ser aquele cujo i = 1 = fa e o valor da varivel xi+1 ser aquele
2
que est imediatamente aps xi na distribuio de frequncia.
Moda
O valor que tem a maior frequncia para este conjunto de dados de x = 0,
ou seja, mais frequente encontrar funcionrios que no faltam.
No caso do Exemplo 2.3 veremos que os dados esto agrupados em interva-
los de classes. Quando o conjunto de dados for apresentado sob a forma agru-
pada perdemos a informao dos valores das observaes. Neste caso, vamos
supor que todos os valores dentro de uma classe tenham seus valores iguais ao
ponto mdio desta classe.
Os clculos da mdia, da moda e da mediana para tabelas de frequncias
agrupadas em classes esto apresentados a seguir.
captulo 2 41
Vale ressaltar que, sempre que possvel, as medidas de posio e disperso
devem ser calculadas antes dos dados serem agrupados.
ATENO
As medidas resumo calculadas quando os dados estiverem agrupados em intervalos de clas-
ses so apenas aproximaes dos verdadeiros valores, pois substitumos os valores das obser-
vaes pelo ponto do mdio do intervalo de classe.
Exemplo 2.3
A tabela abaixo apresenta a distribuio de frequncias do tempo de vida de
60 componentes eletrnicos (medido em dias) submetidos experimentao
num laboratrio especializado. Calcular as medidas de posio.
TEMPO DE VIDA
f PONTO MDIO (XI)
(DIAS)
3 18 3 10,5
18 33 4 25,5
33 48 4 40,5
48 63 8 55,5
63 78 10 70,5
78 93 28 85,5
93 108 2 100,5
Total 60
42 captulo 2
Resoluo
Neste tipo de tabela, como temos classes de frequncias, devemos encon-
trar um valor que represente cada classe, para que possamos efetuar os clcu-
los. Por exemplo, considerando a primeira classe de frequncia,
TEMPO DE VIDA
f PONTO MDIO (XI)
(DIAS)
3 18 3 10,5
Mdia Aritmtica
k
x i fi
i =1
x= k
=
fi
i =1
=
(10, 5 3)+ (25, 5 4)+ (40, 5 4)+ (55, 5 8)+ (70, 5 10)+ (85, 5 28)+ (100, 5 2)+ (115, 5 1)
60
4155
= = 69, 25
60
captulo 2 43
Mediana
Como os dados esto tabelados em classes de frequncias, o clculo da me-
diana fica um pouquinho mais complicado. Agora, teremos que encontrar a
mediana atravs da seguinte frmula:
A md fi
Md = linf md + - Fmd -1 (2.5)
Fmd 2
onde:
linfmd o limite inferior da classe que contm a mediana;
Como fi
=
60
= 30 , temos que a classe que contm a mediana de
2 2
78 93 (pois fa = 57).
44 captulo 2
Tempo PM
f x1 fa
de vida
N de observaes
3|18 3 10,5 3 da classe que
18|33 4 21,5 7 contm a mediana
fi
Alm disso, temos:
Portanto, fi = 60 .
15 60 15
Md = 78 + 29 = 78 + ( 30 29 ) = 78 + 0, 54 78, 5
28 2 28
captulo 2 45
Atravs da mediana podemos dizer que pelo menos 50% dos componentes
eletrnicos avaliados tm durao igual ou inferior a 78 dias e 12 horas.
Moda
No clculo da moda para dados agrupados devemos primeiramente iden-
tificar a classe modal, ou seja, a classe que apresenta a maior frequncia.
Aps a identificao da classe modal, utilizaremos a seguinte frmula para
calcular a moda bruta:
l+L
Mo = (2.6)
2
onde:
l:limite inferior da classe modal
L:limite superior da classe modal
CONEXO
Sugerimos os vdeos: Novo Telecurso E. Fundamental Matemtica Aula 34 (parte 1) e
Novo Telecurso E. Fundamental Matemtica Aula 34 (parte 2) disponveis, respectiva-
mente em http://www.youtube.com/watch?v=SyWbYOtAIYc&NR=1 e http://www.youtube.
com/watch?v=ejMyWfuSO5k que apresenta de modo bem prtico a utilizao das medidas
de posio.
Os quartis, decis e percentis so muito similares mediana, uma vez que tam-
bm subdividem a distribuio de dados de acordo com a proporo das frequ-
ncias observadas.
46 captulo 2
ATENO
Perceba que o 2 quartil, o 5 decil e o 50 percentil representam a prpria mediana, ou seja,
todas estas medidas separatrizes (Q2, D5, e P50), dividem a distribuio dos dados ao meio,
deixando 50% dos dados abaixo delas e 50% acima.
CONEXO
Para se entender quais so os procedimentos utilizados na construo de um boxplot, bem
como sua interpretao, leia o texto: Diagrama de Caixa (Boxplots) em: TRIOLA, Mario F..
Introduo estatstica. 10.ed.Rio de Janeiro: LTC, 2008, pp.98 a 102
captulo 2 47
2.4.1 Clculo dos quartis e dos percentis para dados no agrupados em classes
n
O primeiro quartil (Q1) ser o valor da varivel que ocupar a posio . O se-
4
3n
quartil (Q3) ser o valor da varivel que ocupar a posio . Quando fazemos
4
estas divises para encontrar as posies dos quartis, pode acontecer do resul-
tado ser um nmero inteiro ou um nmero fracionrio. Ento, adotaremos a
seguinte conveno:
Se a diviso resultar num nmero fracionrio, arredonde-o para cima e
o valor do quartil ser a resposta da varivel encontrada nesta posio.
Se a diviso for um nmero inteiro, o quartil ser a mdia aritmtica da
resposta da varivel que ocupar a posio encontrada com a resposta da
varivel que ocupar a posio seguinte.
Exemplo 2.4
Um escritrio que presta consultoria em administrao levantou os tempos
de espera de pacientes que chegam a uma clnica de ortopedia para atendimen-
to de emergncia. Foram coletados os seguintes tempos, em minutos, durante
uma semana. Encontre os quartis.
2 5 10 11 3 14 8 8 7 12 3 4 7 3 4 2 6 7
48 captulo 2
Resoluo:
Para encontrarmos os quartis, precisamos ordenar o conjunto de dados.
Ento:
2 2 3 3 3 4 4 5 6 7 7 7 8 8 10 11 12 14
n 18
Posio do primeiro quartil (Q1): = = 4, 5
4 4
Como a diviso resultou em um valor fracionrio, vamos arredondar para 5.
Portanto, o primeiro quartil o valor que est na quinta posio.
Q1 = 3
2xn 2 x 18
Posio do segundo quartil (Q2 ): = = 9
4 4
Como a diviso resultou em um valor inteiro, o segundo quartil ser o resul-
tado da mdia aritmtica entre o valor que est na nona posio e o valor que
est na dcima posio.
6+7
Q2 = = 6, 5
2
Temos que pelo menos 50% das observaes so maiores ou iguais a 6,5 mi-
nutos.
3 x n 3 x 18
Posio do terceiro quartil (Q3 ): = = 13, 5
4 4
Como a diviso resultou em um valor fracionrio, vamos arredondar para
14. Portanto, o terceiro quartil o valor que est na dcima quarta posio.
Q3 = 8
captulo 2 49
Agora que j aprendemos a calcular e interpretar os quartis para dados no
agrupados, vamos passar para o conceito de percentis.
Da mesma forma que nos quartis, o conjunto de dados deve estar ordenado.
Quando dividimos o conjunto de dados em 100 partes, obtemos 99 percentis.
Exemplo 2.5
Vamos encontrar o trigsimo quinto percentil do conjunto de dados do
exemplo 2.4.
2 2 3 3 3 4 4 5 6 7 7 7 8 8 10 11 12 14
Resoluo
O percentil p35 ser a resposta da varivel que ocupar a posio
( 35 x 18) = 6, 3 .
100
P35 = 4
50 captulo 2
2.4.2 Clculo dos quartis e dos percentis para dados agrupados em classes
A q1 fi
Q1 = linf q1 + Fq11 (2.7)
f q1 4
onde:
linf o limite inferior da classe que contm o primeiro quartil;
q1
A q3 3 x fi
Q3 = linf q3 + Fq3 1 (2.8)
f q3 4
onde:
linf o limite inferior da classe que contm o terceiro quartil;
q3
captulo 2 51
Exemplo 2.6
Vamos utilizar os dados do exemplo 2.3 para encontrar o primeiro e o ter-
ceiro quartil.
PM
TEMPO DE VIDA f fa
xI
3 18 3 10,5 3
18 33 4 25,5 7
33 48 4 40,5 11
48 63 8 55,5 19
63 78 10 70,5 29
78 93 28 85,5 57
93 108 2 100,5 59
Total 60
Resoluo
Primeiramente, temos que encontrar a classe que contm o primeiro quar-
til. Esta classe corresponde classe associada frequncia acumulada imedia-
tamente superior fi
.
4
52 captulo 2
Como fi = 60 , temos que a classe que contm o primeiro quartil de
4 4
4863 (pois fa = 19).
tanto, fi =60.
15 60 15
Q1 = 48 + 11 = 48 + (15 11) = 18 + 7, 5 = 55, 5
8 4 8
3 x fi
rior .
4
captulo 2 53
Alm disso, temos:
tanto, fi = 60.
Fq3= frequncia acumulada da classe anterior classe que contm o terceiro
quartil. Portanto, Fq3 = 29.
fq3= nmero de observaes da classe que contm o terceiro quartil. Portan-
to, fq3 = 28.
Aq3 = amplitude do intervalo da classe que contm o terceiro quartil. Portan-
to, Aq3 = 93 78 = 15.
15 3 x 60 15
Q3 = 78 + 29 = 78 + ( 45 29 ) = 78 + 8, 57 86, 57
28 4 28
A pk k x fi
Pk = linf pk + Fpk 1
f pk 100 (2.9)
em que k = 1,2,,99.
54 captulo 2
Exemplo 2.7
Vamos utilizar os dados do exemplo 2.3 para encontrar o dcimo quinto
percentil.
PM
TEMPO DE VIDA f fa
xI
3 18 3 10,5 3
18 33 4 25,5 7
33 48 4 40,5 11
48 63 8 55,5 19
63 78 10 70,5 29
78 93 28 85,5 57
93 108 2 100,5 59
Total 60
imediatamente superior
15 x fi .
100
Como
15 x fi = 15 x 60 = 9 , temos que a classe que contm o dci-
100 100
mo quinto percentil de 3348 (pois fa = 11).
captulo 2 55
Alm disso, temos:
fi = nmero total de observaes da distribuio de frequncias. Por-
tanto, fi = 60.
Fp15 = frequncia acumulada da classe anterior classe que contm o dci-
mo quinto percentil. Portanto, Fp15 = 7.
fp15 = nmero de observaes da classe que contm o dcimo quinto percen-
til. Portanto,fp15 = 4.
Ap15= amplitude do intervalo da classe que contm o dcimo quinto percen-
til. Portanto, Ap15 = 48 33=15.
15 15 x 60 15
P15 = 33 + 7 = 33 + ( 9 7 ) = 33 + 7, 5 = 40, 5
4 100 4
CONEXO
Agora que j abordamos como se calcula os quartis e percentis, faa uma leitura do texto:
Decis (Dk) em TIBONI, Conceio G.R. Estatstica bsica - para os cursos de Administra-
o, Cincias Contbeis, Tecnolgicos e de Gesto. So Paulo: Atlas, 2010.
56 captulo 2
ATIVIDADE
1. Quais as vantagens e desvantagens do modelo linear?Os dados abaixo referem-se ao
nmero de horas extras de trabalho de uma amostra de 64 funcionrios de uma deter-
minada empresa localizada na capital paulista.
10 10 12 14 14 14 15 16
18 18 18 18 18 19 20 20
20 20 20 21 22 22 22 22
22 22 22 22 22 22 22 22
23 23 24 24 24 24 24 24
24 25 25 25 25 26 26 26
26 26 26 27 27 27 28 28
29 30 30 32 35 36 40 41
Pede-se:
a) Calcule e interprete as seguintes medidas descritivas calculadas para os dados bru-
tos (dados no tabulados): mdia aritmtica; mediana; moda.
b) Construir uma distribuio de frequncias completa (com freq. absoluta, freq. relativa,
freq. acumulada e ponto mdio).
c) Com a tabela construda no item b), encontre as seguintes medidas: mdia aritmtica;
mediana; moda; 1 quartil; 7 decil; 99 percentil. Interprete os resultados.
d) Construa o histograma para este conjunto de dados.
captulo 2 57
2. Os dados abaixo representam as vendas mensais (em milhes de reais) de vendedores
de gnero alimentcios de uma determinada empresa.
12 12
23 20
34 48
45 14
56 10
Total 110
58 captulo 2
3. Numa pesquisa realizada com 91 famlias, levantaram-se as seguintes informaes com
relao ao nmero de filhos por famlia:
NMERO DE FILHOS 0 1 2 3 4 5
FREQUNCIA DE FAMLIAS 19 22 28 16 2 4
4. O histograma abaixo representa a distribuio das idades dos funcionrios de uma agn-
cia bancria. Com base no histograma abaixo, responda:
16 Histograma
15
14
13
12
11
10
9
Frequncia
8
7
6
5
4
3
2
1
0
20 | 25 25 | 30 30 | 35 35 | 40 40 | 45 45| 50
Idade
captulo 2 59
5. Define-se a mdia aritmtica de n nmeros dados como o resultado da diviso por n da
soma dos n nmeros dados. Sabe-se que 4,2 a mdia aritmtica de 2.7; 3.6; 6.2; e x.
Determine o valor de x.
REFLEXO
Que a mdia a medida de posio mais utilizada em nosso dia a dia talvez nem seria neces-
srio dizer. Mas preciso tomar certo cuidado quando utilizamos a mdia como parmetro
de um conjunto de dados. Voc sabe que, se a mdia de sua turma em Estatstica for igual
a 7,0 (por exemplo), no quer dizer que toda ela, ou a maioria, teve bom desempenho nem
que metade da turma teve desempenho igual ou superior a 7,0. Outras medidas, como vimos,
podem complementar as informaes dadas pela mdia.
LEITURA
Como a mdia uma medida descritiva muito utilizada no dia a dia, sugerimos que voc oua
o udio Mdias que interessam, da Srie: Problemas e Solues. H dois mdulos cujos
contedos alertam par ao cuidado que se deve ter na interpretao da mdia, mostram uma
aplicao da mdia ponderada e fazem uma anlise crtica da utilizao da mdia como uma
informao nica. O endereo para acesso : http://m3.ime.unicamp.br/recursos/1315.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANDERSON, David R.; SWEENEY, Denis J.; WILLIAMS, Thomas A. Estatstica aplicada
administrao e economia. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
BUSSAB, Wilton de O.; MORETTIN, Pedro A. Estatstica bsica. So Paulo: Saraiva, 2003.
COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatstica. So Paulo: Edgard Blucher, 2002.
60 captulo 2
FARIAS, Alfredo Alves de; SOARES, Jos Francisco; CSAR, Cibele Comini. Introduo
estatstica. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
NO PRXIMO CAPTULO
Abordaremos no prximo captulo aspectos especficos do desenho departamental, assim como
as diversas formas de departamentalizao utilizadas pelas organizaes, tais como a departa-
mentalizao funcional, divisional e suas diversas categorias, tais como projetos, produtos ou
servios, territorial, por clientes etc.
captulo 2 61
3
Medidas de
Disperso
3 Medidas de Disperso
Estas medidas servem para indicar o quanto os dados se apresentam dispersos em
torno da regio central. Fornecem, portanto, o grau de variao existente no con-
junto de dados. Dois ou mais conjuntos de dados podem, por exemplo, ter a mes-
ma mdia, porm os valores podero estar muito mais dispersos num conjunto do
que no outro. Ou seja, podem ter maior ou menor grau de homogeneidade.
OBJETIVOS
Por meio do estudo deste captulo, esperamos que voc seja capaz de calcular e interpretar
as medidas de disperso aplicadas a conjuntos de dados, com o objetivo de avaliar o grau
de homogeneidade.
REFLEXO
Voc se lembra de alguma vez em que saiu de casa tendo quase certeza de que ficaria preso
em um engarrafamento no trnsito? No preciso ser muito observador para perceber que,
em determinadas horas do dia, dependendo do dia da semana, o trnsito (nas grandes e nas
mdias cidades) estar congestionado. Talvez o melhor seria deixar para sair outra hora (se
isto for possvel). O fluxo de veculos, nesses momentos, apresenta certa homogeneidade,
ou seja, quase sempre est intenso. Dificilmente, num dia como esses, voc ter um fluxo
acentuadamente menor (ou maior) do que o que voc verifica todos os dias. Vamos estudar
situaes como essas, em que a informao sobre o grau de homogeneidade (ou heteroge-
neidade) nos ajudar a tomar a deciso mais adequada.
Exemplo 3.1: Imagine que estamos interessados em fazer uma viagem para
Honolulu (Hava) ou Houston (Texas) e para arrumar as malas necessitamos sa-
ber se a localidade a ser visitada faz calor, faz frio ou ambos. Se tivssemos ape-
64 captulo 3
nas a informao de que a temperatura mdia diria (medida durante um ano)
das duas localizaes fosse igual a25 C, poderamos colocar na mala apenas
roupas de vero? A resposta no. Por exemplo, se estivssemos interessados
em viajar para o Hava (em Honolulu), poderamos levar apenas roupas de ve-
ro, pois a temperatura mnima observada durante um ano foi de 21 C e a m-
xima foi de 29 C. Porm, se resolvermos ir ao Texas (Houston), devemos tomar
cuidado com a poca, pois as temperaturas, durante um ano, variaram de 4 C
(mnima) a 38 C (mxima). Com estas informaes, conclumos que as tempe-
raturas em Honolulu variam pouco em torno da mdia diria, ou seja, podemos
levar uma mala apenas com roupas leves. Porm, em Houston, as temperaturas
variam muito, com perodos de muito frio ou muito calor. Portanto, para ir
Houston sem perigo de sofrer com a temperatura, devemos analisar o perodo
do ano para saber se a temperatura estar alta ou baixa.
ATENO
As medidas de disperso indicam o grau de variabilidade das observaes. Estas medidas
possibilitam que faamos distino entre conjuntos de observaes quanto sua homoge-
neidade. Quanto menor as medidas de disperso, mais homogneo o conjunto de dados.
Percebemos, atravs desse exemplo bem simples, que uma simples medida
de disperso (a amplitude, por exemplo) j ajudaria muito a tomar certos cuida-
dos com a arrumao das bagagens.
Veremos, nos prximos itens, como calcular e interpretar as seguintes me-
didas de disperso: amplitude, amplitude interquartil, desvio-padro, varin-
cia e coeficiente de variao.
Primeiramente, vamos apresentar os clculos das medidas de disperso
para dados no-tabulados, ou seja, quando os dados no estiverem na forma de
distribuio de frequncias.
captulo 3 65
A amplitude no uma medida muito utilizada, pois s leva em conta dois
valores de todo o conjunto de dados e muito influenciada por valores extre-
mos. No prximo item estudaremos uma medida de disperso mais resistente
a valores extremos.
ATENO
O valor do desvio-padro nunca negativo. zero apenas quando todos os valores do conjunto
de dados so os mesmos. A unidade do desvio-padro a mesma unidade dos dados originais.
66 captulo 3
n
( x i - x )2 ( x1 - x ) 2 + ( x 2 - x ) 2 + + ( x n - x ) 2
i =1
s= = (3.3)
n -1 n -1
( x )
2
i
x i2 -
s= n (3.4)
n -1
onde:
x i2 a soma de cada valor da varivel ao quadrado;
( x ) o quadrado da soma de todos os valores da varivel;
2
i
CONEXO
Para se entender um pouco mais sobre o conceito de variabilidade, acesse o endereo
http://www.gaussconsulting.com.br/si/site/05072.
captulo 3 67
Para conjuntos de dados que tenham distribuio em forma de sino, valem
as seguintes consideraes:
Cerca de 68% das observaes do conjunto de dados ficam a 1 desvio-pa-
dro da mdia, ou seja, ( x s) e ( x + s).
Cerca de 95% das observaes do conjunto de dados ficam a 2 desvios-pa-
dres da mdia, ou seja, ( x 2s) e ( x + 2s) .
Cerca de 99,7% das observaes do conjunto de dados ficam a 3 desvios-
-padres da mdia, ou seja, ( x 3s) e ( x + 3s) .
n
( x i - x )2
i =1
s2 = (3.5)
n -1
ou
( x )
2
i
x i2 -
s2 = n (3.6)
n -1
68 captulo 3
3.6 Coeficiente de Variao (cv)
s
cv = 100 (3.7)
x
captulo 3 69
Exemplo 3.2: Um gerente de banco quis estudar a movimentao de pes-
soas em sua agncia na segunda semana de determinado ms. Ele constatou
que no primeiro dia entraram 1.348 pessoas, no segundo dia, 1.260 pessoas, no
terceiro, 1.095, no quarto, 832 e no ltimo dia do levantamento, 850 pessoas.
Encontre a amplitude, o desvio-padro, a varincia e o coeficiente de variao
para este conjunto de dados e interprete os resultados.
Resoluo
A amplitude dada por:
Q1 = 850
3xn 3x5
Posio do terceiro quartil (Q3 ): = = 3, 75 .
4 4
Como a diviso resultou em um valor fracionrio, vamos arredondar para 4.
Portanto, o terceiro quartil o valor que est na quarta posio.
Q3 = 1260
70 captulo 3
Ento:
Amplitude interquartil = Q3 Q1
=1260 850
=410 pessoas
n
( x i - x )2
i =1
s= =
n -1
=
(1.348 -1.077)2 + (1.260 -1.077)2 + (1.095 -1.0777)2 + (832 -1.077)2 + (850 -1.077)2 =
5 -1
=
(271)2 + (183)2 + (18)2 + (-245)2 + (-227)2 =
4
=
(73.441)+ (33.489)+ (324)+ (60.025)+ (51.529) =
4
218.808
= = 54.702 @ 233 , 88 pessoas
4
captulo 3 71
Nesse caso, no h como interpretar a expresso pessoas2. Por esse motivo,
utilizamos o desvio-padro no lugar da varincia.
O coeficiente de variao, dado pela frmula (3.7), muito fcil de ser obti-
do desde que j conheamos os valores da mdia aritmtica e do desvio-padro.
Pela frmula podemos observar que basta fazermos uma simples diviso. Para
este exemplo, temos que:
s 233, 88
cv = = @ 0, 2172 ou 21, 72%
x 1.077
k
( x i - x )2 fi
i =1
s= (3.8)
n -1
( x f )
2
x i2
i i
f -
i
s= n (3.9)
n -1
72 captulo 3
onde, para ambas as frmulas (3.8) e (3.9), xi representa cada uma das obser-
vaes do conjunto de dados ou, se os dados estiverem agrupados em classes de
frequncias, xi representa o ponto mdio da classe, x a mdia do conjunto de
dados, fi a frequncia associada a cada observao (ou classe de observaes) do
conjunto de dados e n o nmero de total de observaes no conjunto de dados.
k
( x i - x )2 fi
i =1
s2 = (3.10)
n -1
ou
( x f )
2
i i
x i2 f -
i
s2 = n
n -1 (3.11)
captulo 3 73
3.10 Exemplo de aplicao das medidas de disperso para dados
tabulados
Para demonstrao dos clculos para dados tabelados, vamos continuar utili-
zando os exemplos desenvolvidos no item 2.3 (Exemplos 2.2 e 2.3).
Exemplo 3.3: Em um determinado ms, foi computado o nmero x de faltas
ao trabalho, por motivos de sade, que cada funcionrio de uma determinada
empresa teve. Os dados esto apresentados na tabela a seguir:
NMERO DE FALTAS f
0 31
1 20
2 8
3 2
4 0
5 1
6 1
Total 63
74 captulo 3
Resoluo
NMERO DE 2
FALTAS X1 fi Xi X fi Xi - fi
0 31 0 0
1 20 20 20
2 8 16 32
3 2 6 18
4 0 0 0
5 1 5 25
6 1 6 36
Total () 63 53 131
captulo 3 75
Substituindo os valores encontrados no quadro acima na frmula 3.9, obtemos:
( x f )
2
(53)
2
i i
x i2 f -
i 131 -
s= n = 63 =
n -1 63 -1
2809
131 -
= 63 @ 131 - 44, 59 @
62 62
@ 1, 3938 @ 1,18 faltas
s 1,18
cv = = @ 1, 4048 ou 140,48%
x 0, 84
O coeficiente de variao nos diz que este conjunto de dados apresenta uma
alta disperso.
Para finalizarmos, vamos fazer os clculos para os dados agrupados em
classes de frequncias. Para isto, vamos utilizar o exemplo 2.3 que se encontra
no item 2.3.
76 captulo 3
Exemplo 3.4: A tabela a seguir apresenta a distribuio de frequncias do
tempo de vida de 60 componentes eletrnicos (medido em dias) submetidos
experimentao num laboratrio especializado.
18 33 4 25,5
33 48 4 40,5
48 63 8 55,5
63 78 10 70,5
78 93 28 85,5
93 108 2 100,5
Total 60
Resoluo
A amplitude para este conjunto de dados dada por:
R = x(mximo) X(mnimo) = 123 3 = 120 dias.
A maior diferena entre os tempos de vida (em dias) dos componentes ele-
trnicos foi de 120 dias, ou seja, o componente com maior sobrevivncia durou
120 dias a mais do que o componente que durou menos tempo.
captulo 3 77
Para o clculo da amplitude interquartil vamos utilizar os resultados obti-
dos no exemplo 2.6. Portanto:
De acordo como valor obtido, conclumos que 50% das observaes centrais do
conjunto de dados esto contidas em um intervalo cuja amplitude 31,07 dias.
Para o clculo do desvio-padro, podemos utilizar as frmulas (3.8) ou (3.9),
onde o termo xi o ponto mdio de cada classe de frequncia. Como a mdia
aritmtica envolve valores decimais, mais simples efetuar os clculos atravs
da frmula (3.9). Como no exemplo anterior, vamos construir um quadro acres-
centando as colunas que fornecero os valores que precisamos para substituir
na frmula 3.9.
CLASSES DE 2
f PM (Xi) Xi - fi Xi - fi
FREQUNCIAS
3 18 3 10,5 31,5 330,75
78 captulo 3
Com os valores obtidos, temos:
( x f )
2
(4155)2 17264025
i i
x i2 f -
i 322065 - 322065 -
s= n = 60 = 60 @
n -1 60 -1 59
322065 - 287733, 75
@ @ 581, 89 @ 24,12 dias
59
s 24,12
cv = = @ 0, 3483 ou 34,83%
x 69, 25
o que indica uma variabilidade alta no conjunto de dados.
captulo 3 79
ATIVIDADE
1. Vamos utilizar, entre outros exerccios, os mesmos da captulo 2, porm encontrando as
medidas de disperso.
Os dados abaixo referem-se ao nmero de horas extras de trabalho de uma amostra de
64 funcionrios de uma determinada empresa localizada na capital paulista.
10 10 12 14 14 14 15 16
18 18 18 18 18 19 20 20
20 20 20 21 22 22 22 22
22 22 22 22 22 22 22 22
23 23 24 24 24 24 24 24
24 25 25 25 25 26 26 26
26 26 26 27 27 27 28 28
29 30 30 32 35 36 40 41
80 captulo 3
2. Os dados abaixo representam as vendas mensais (em milhes de reais) de vendedores
de gnero alimentcios de uma determinada empresa.
1 | 2 12
2 | 3 20
3 | 4 48
4 | 5 14
5 | 6 10
Total 110
2, 5, 8, 8, 9
captulo 3 81
4. Numa pesquisa realizada com 91 famlias, levantaram-se as seguintes informaes com
relao ao nmero de filhos por famlia:
NMERO DE FILHOS 0 1 2 3 4 5
FREQUNCIA DE 19 22 28 16 2 4
FAMLIAS
5. O histograma abaixo representa a distribuio das idades dos funcionrios de uma agn-
cia bancria. Com base no histograma abaixo, responda:
Histograma
16
15
14
13
12
11
10
Frequncia
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
20 | 25 25 | 30 30 | 35 35 | 40 40 | 45 45| 50
Idade
82 captulo 3
6. Um fabricante de caixas de cartolina fabrica trs tipos de caixa. Testa-se a resistncia
de cada caixa, tomando-se uma amostra de 100 caixas e determinando-se a presso
necessria para romper cada caixa. Seguem os resultados dos testes:
TIPOS DE CAIXAS A B C
Presso mdia de ruptura (bria) 15 20 30
REFLEXO
Vimos, neste captulo, que to importante quanto conhecer a mdia de um conjunto de dados
determinar o seu grau de variabilidade (ou disperso).
Por exemplo, num bairro nobre da capital paulista est uma das maiores favelas de So Pau-
lo. Se analisarmos somente o valor da renda mdia do bairro certamente vamos concluir que
o valor obtido comparvel s melhores economias do mundo. Porm, devemos levar em
conta que a discrepncia entre os diversos valores da renda deve ser muito grande. Ento,
para quantificar a variabilidade dos valores da varivel em estudo fundamental calcular as
medidas de disperso, particularmente o desvio-padro.
LEITURA
Aqui, sugerimos a leitura do artigo E se todos fossem ao mesmo cinema ao mesmo tempo?
do professor Luiz Barco, disponvel em http://super.abril.com.br/ciencia/lei-regularidade-es-
tatistica-se-todos-fossem-ao-mesmo-cinema-ao-mesmo-tempo-439499.shtml. Ele retrata,
de forma bem interessante, a questo da regularidade dos fenmenos relacionados ao com-
portamento social.
captulo 3 83
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANDERSON, David R.; SWEENEY, Denis J.; WILLIAMS, Thomas A. Estatstica aplicada
administrao e economia. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
BUSSAB, Wilton de O.; MORETTIN, Pedro A. Estatstica bsica. So Paulo: Saraiva, 2003.
COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatstica. So Paulo: Edgard Blucher, 2002.
FARIAS, Alfredo Alves de; SOARES, Jos Francisco; CSAR, Cibele Comini. Introduo
estatstica. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
NO PRXIMO CAPTULO
Nos captulos j vistos, estudamos formas de organizar e resumir dados por meio de distribui-
es de frequncias e de medidas descritivas. So processos que, geralmente, nos passam
informaes sobre algo que j ocorreu. Tais informaes tambm so de fundamental impor-
tncia para que possamos prever o que ir acontecer no futuro. Para isso, no prximo captulo,
estudaremos a teoria de probabilidades, que, entre outras coisas, auxilia-nos na determinao
de ocorrncia de eventos futuros, tais como: vai chover amanh, qual ser minha receita no
prximo ms, qual o nvel de demanda de meu produto no prximo ano, entre muitos outros.
84 captulo 3
4
Noes de
Probabilidade
4 Noes de Probabilidade
Nos captulos anteriores vimos como organizar e descrever conjuntos de dados
atravs de grficos, tabelas e medidas resumo, tais como: medidas de posio
e disperso. Observamos que os resultados obtidos nos auxiliam na anlise e
interpretao dos dados.
Neste captulo estudaremos conceitos bsicos de probabilidade.
OBJETIVOS
Com o estudo dos conceitos abordados neste captulo, voc ser capaz de identificar ex-
perimentos aleatrios e calcular as probabilidades de ocorrncia de determinados eventos,
atravs da definio de probabilidade e de suas propriedades.
REFLEXO
Voc se lembra do significado da palavra probabilidade? Sabe qual o seu real sentido? E
qual a sua importncia em nosso dia a dia? Certamente voc j deve ter feito perguntas cujas
respostas dependiam do clculo de probabilidades. Por exemplo:
Qual a probabilidade de chover no prximo final de semana prolongado?
Qual a probabilidade de se ganhar na Mega - Sena jogando um volante com seis nmeros?
Qual a probabilidade das vendas de determinado produto decrescer se aumentarmos o
preo do produto?
O clculo destas e outras probabilidades nos auxiliam na tomada de decises.
Introduo
O clculo efetivo de uma probabilidade depende frequentemente do uso dos
resultados da anlise combinatria. A anlise combinatria a parte da Mate-
mtica que desenvolve tcnicas e mtodos de contagem.
Apresentaremos, nos itens a seguir, um resumo dos principais resultados
dessa rea da Matemtica elementar.
86 captulo 4
4.1 Princpio Fundamental da Contagem (PFC)
Exemplo 4.1
Um quiosque de praia no Rio de Janeiro lanou a seguinte promoo duran-
te uma temporada de vero:
laranja (A,L)
Atum
uva (A,U)
laranja (Q,L)
Queijo branco
uva (Q,U)
captulo 4 87
Podemos observar que o nmero de combinados possveis 32=6.
Este exemplo nos ajuda a entender a definio a seguir.
Suponha que uma sequncia ordenada seja formada por k elementos (a1,a2,
,ak ), em que:
a1 pode ser escolhido de n1 maneiras distintas;
a2 pode ser escolhido de n2 maneiras distintas, a partir de cada uma das
possibilidades anteriores;
ak pode ser escolhido de nk maneiras distintas, a partir das escolhas ante-
riores;
n1 n2 ... nk
Exemplo 4.2
Quantos nmeros de trs algarismos podemos formar com os algarismos
0,1,2,3,4,5 e 6?
Resoluo:
O primeiro algarismo pode ser escolhido de seis maneiras distintas, pois o
nmero que ser formado no pode comear por zero. Observe que 021 = 21;
O segundo algarismo pode ser escolhido de sete maneiras distintas, pois
pode haver repetio de algarismo;
O terceiro algarismo tambm pode ser escolhido de sete maneiras dis-
tintas.
6 7 7 = 294
88 captulo 4
Agora, passaremos ao conceito de fatorial de um nmero. Tal conceito
uma ferramenta de clculo importante em Anlise Combinatria.
n! = n (n 1) (n 2) ... 321,para n 2
Observao: Consideremos 0! = 1
Assim, temos, por exemplo:
3! = 3 2 1 = 6
6! = 6 5 4 3 2 1 = 720
7 ! = 7 6 5 4 3 2 1 = 7 6!
6!
Exemplo 4.3
12 !
Vamos encontrar o valor de .
8!
Resoluo
Para encontrar o valor de 12!/8!, podemos desenvolver o fatorial do nmero
maior (12) at chegarmos ao fatorial do nmero menor (8).
Ento:
12! 12 11 10 9 8!
= = 11880
8! 8!
captulo 4 89
4.3 Arranjo
n!
A n ,k = ,nk
(n - k )!
Exemplo 4.4
Dado o conjunto A={1,2,3,4,5,6}, quantos arranjos desses seis elementos
tomados dois a dois podemos formar?
Resoluo
Vamos escrever todas as sequncias ordenadas de dois elementos distintos
escolhidos entre os seis elementos do conjunto A:
(1,2) (1,3) (1,4) (1,5) (1,6) (2,1) (2,3) (2,4) (2,5) (2,6)
(3,1) (3,2) (3,4) (3,5) (3,6) (4,1) (4,2) (4,3) (4,5) (4,6)
(5,1) (5,2) (5,3) (5,4) (5,6) (6,1) (6,2) (6,3) (6,4) (6,5)
Da sequncia descrita acima, observamos que cada arranjo difere dos demais:
pela natureza dos elementos escolhidos:
(1,3) (3,5)
pela ordem dos elementos escolhidos:
(1,3) (3,1)
J sabemos que a quantidade de arranjos que pode ser formada 30. Utili-
zando a frmula, obtemos:
6! 6! 6 5 4!
A 6, 2 = = = = 30
( 6 2 )! 4! 4!
90 captulo 4
A quantidade de arranjos que pode ser formada tambm pode ser obtida atravs do PFC:
6 5 = 30
4.4 Permutao
Pn = n!
Exemplo 4.5
Quantos so os anagramas (diferentes disposies das letras de uma pala-
vra) da palavra PAZ?
Resoluo
Vamos listar todos os anagramas:
P3 = 3! = 3 2 1 = 6
captulo 4 91
4.4.1 Permutao com elementos repetidos
n!
P nn1,n 2 ,...,n r =
n1 !n 2 !...n r !
Para ficar mais claro este conceito, vamos analisar o exemplo a seguir.
Exemplo 4.6
Vamos determinar o nmero de anagramas formados com a palavra ARIT-
MTICA.
Resoluo
A palavra ARITMTICA possui 10 letras, sendo 2 letras iguais a A, 2 iguais a
I e 2 letras T. Ento, temos um caso de permutao com elementos repetidos.
O nmero de anagramas que podemos formar :
10 9 8 7 6 5 4 3 2! 1814400
P102,2,2 = = = 453600
2!2!2! 4
4.5 Combinao
n!
Cn ,k =
k !( n k )!
92 captulo 4
Exemplo 4.7
Maria quer escolher dois sabores de torta doce para servir em sua festa de
final de ano. A doceria oferece os seguintes sabores: limo (L), chocolate (C),
morango (M) e floresta negra (F). De quantas formas distintas Maria poder
fazer essa escolha?
Resoluo
Neste exemplo conseguimos perceber que no importa a ordem em que os
sabores so escolhidos. Escolher, por exemplo, torta de chocolate e morango
{C,M} o mesmo que escolher torta de morango e chocolate {M,C}. Cada pos-
svel escolha de Maria representa, portanto, uma combinao de quatro sabo-
res tomados dois a dois.
O nmero de formas distintas de Maria escolher os sabores :
4! 4 3 2!
C 4, 2 = = =6
2 !( 4 2 )! 2!2
captulo 4 93
Com o desenvolvimento das teorias de probabilidades, houve uma evoluo da
cincia atuarial e das aplicaes no mercado de seguros. Bernoulli, em 1730, pes-
quisou, com base em estudos com recm-nascidos, um novo modo de se calcular
o nmero esperado de sobreviventes aps n anos.
A etapa moderna da Teoria das Probabilidades teve incio em 1933, com Andrei
Kolmogorov. Ele lanou as bases axiomticas da probabilidade, baseada na Teoria
dos Conjuntos, reduzindo a Teoria das Probabilidades Teoria da Integrao.
CONEXO
Para voc conhecer um pouco mais sobre a histria da probabilidade sugerimos ouvir o
udio Histria da Probabilidade, disponvel em http://m3.ime.unicamp.br/recursos/1253.
Exemplo 4.8
Considere o experimento aleatrio que consiste no lanamento de um
dado. Neste experimento, o espao amostral definido como {1,2,3,4,5,6}.
94 captulo 4
Alguns dos eventos que podem ser definidos neste experimento so:
4.8.1 Unio
Dados dois eventos A e B, temos que a unio destes dois eventos o evento
que contm os pontos amostrais pertencentes a A, ou a B ou a ambos. Denota-
mos a unio por A B. O diagrama de Venn, na figura 4.1, descreve a unio dos
eventos A e B.
A B
captulo 4 95
4.8.2 Interseco
A B
A B
Observao
Quando estamos interessados na interseco de dois eventos utilizamos
a conjuno e, ou seja, queremos encontrar os elementos que pertencem ao
evento A e ao evento B. No caso da unio de dois eventos utilizamos a conjun-
o ou, ou seja, so elementos que pertencem ao evento A, ou ao B ou a ambos.
96 captulo 4
4.8.3 Complementao
AC
Exemplo 4.9
Considerando o experimento aleatrio do exemplo 4.8 temos que W
={1,2,3,4,5,6}.
Definindo os eventos A e B como:
A: sada de face par
A = {2,4,6}
B: sada de face menor ou igual a 4
B = {1,2,3,4}
Resoluo
A B = {1,2,3,4,6}
A B = {2,4}
Ac = {1,3,5}
Bc = {5,6}
Ac Bc = {1,3,5,6}
Ac Bc = {5}
Ac B = {1,3}
Bc A = {6}
captulo 4 97
4.9 Probabilidade
Exemplo 4.10
Retira-se uma carta de um baralho completo de 52 cartas. Qual a probabili-
dade de sair um rei?
Resoluo
O espao amostral deste experimento :
98 captulo 4
Utilizando a definio clssica de probabilidade temos:
4
P (A )=
52
Exemplo 4.11
Uma loja de varejo tem registrado em seus arquivos que dos
2.000 televisores, de determinada marca, vendidas em certo perodo,
400 precisaram de reparos dentro da garantia de um ano. Qual a probabilida-
de de que um consumidor que compre uma televiso dessa marca no precise
utilizar a garantia?
captulo 4 99
Resoluo
Pelas informaes, temos que 1.600 televisores no precisaram de reparos
durante a garantia. Sendo o evento A: a televiso no precisa de reparo durante
a garantia e utilizando a teoria frequencial, temos:
1.600 4
P(A) = = = 0, 8
2.000 5
Utilizamos aqui o conhecimento histrico para fazer uma previso, ou seja, utilizamos a
frequncia relativa do evento, obtida de dados coletados, para estimar a probabilidade.
c) 0 P(A) 1
d) P(W) = 1
e) P (A B) = P(A) + P(B) P(A B)
f) Se A e B forem mutuamente exclusivos, ento P (A B) = P(A) + P(B)
g) P(Ac) = 1 P(A)
Exemplo 4.12
Retira-se uma carta de um baralho completo de 52 cartas. Qual a probabili-
dade de sair um nove ou uma carta de paus?
Resoluo
Neste experimento aleatrio, temos que o espao amostral formado por
52 pontos amostrais, ou seja, W = {Ao,...,Ko, AE,... KE, AP,...KP,AC,...,Kc}. Vale re-
lembrar que todos os pontos amostrais so equiprovveis, com isso podemos
utilizar a definio clssica de probabilidade. Devemos observar tambm que o
100 captulo 4
enunciado nos pede para encontrar a probabilidade do evento sair nove ou do
evento sair carta de paus, o que caracteriza a unio de dois eventos.
Portanto devemos utilizar P(A B) = P(A) + P(B) P(A B).
Assim,
P (A B)= P (A )+ P (B)- P (A B)
4 13 1
P (A B)= + -
52 52 52
16
P (A B)=
52
Exemplo 4.13
Uma urna contm 30 bolas vermelhas, 12 bolas azuis e 7 bolas pretas. Ex-
traindo-se aleatoriamente uma bola, qual a probabilidade de ser:
a) vermelha
30
P (V )=
49
b) azul
12
P (A )=
49
captulo 4 101
c) azul ou preta
12 7 19
P (A P )= P (A )+ P (P )= + =
49 49 49
( ) ( ) () ( )
Aqui no utilizamos P A P = P A + P P - P A P , pois no h
a interseco A P (uma bola no pode ser azul e preta), ou seja, A e B so
eventos mutuamente exclusivos.
7
P (P )=
49
Exemplos 4.14
Em um congresso cientfico existem 25 administradores e 17 matemticos.
Qual a probabilidade de ser formar uma comisso com 8 membros, na qual
figurem 5 administradores e 3 matemticos?
Resoluo
Vamos definir o evento A como: a comisso formada por 5 administrado-
res e 3 matemticos.
O nmero total de comisses que conseguimos formar com 8 membros :
42
= 118.030.185
8
25 17
= 36.128.400
5 3
102 captulo 4
Portanto:
36.128.400
P (A) = = 0, 3061 x 100 = 30, 61%
118.030.185
Exemplo 4.15
Em uma prova caram dois problemas. Sabe-se que 132 alunos acertaram o
primeiro, 86 erraram o segundo, 120 acertaram os dois e 54 acertaram apenas
um problema. Qual a probabilidade de que um aluno, escolhido ao acaso:
a) no tenha acertado nenhum problema?
b) tenha acertado apenas o segundo problema?
Resoluo
Este exemplo um exerccio tpico de clculo de probabilidades envolvendo
teoria dos conjuntos.
Do enunciado, temos:
120 acertaram os dois problemas;
Se 120 acertaram os dois, 132 120 = 12 acertaram somente o primeiro;
Se 54 acertaram apenas um e 12 acertaram somente o primeiro, 54 12 =
42 acertaram somente o segundo;
A informao de que 86 erraram o segundo significa que esta quantidade
acertou somente o primeiro ou no acertou nenhum deles. Se temos 12
que s acertaram o primeiro, 86 12 = 74 erraram os dois;
Com esta anlise conseguimos encontrar o nmero total de alunos que
fizeram a prova: 120 + 12 + 42 + 74 = 248.
P1 P2
12 120 42
74
captulo 4 103
Ento:
a) Definindo o evento A: o aluno no acertou nenhum problema, temos:
74
P (A) = = 29, 84%
248
42
P (A) = = 16, 94%
248
P (A B)
P (A / B)= , com P (B)> 0 (4.3)
P (B)
104 captulo 4
Exemplo 4.16
H 100 candidatos para uma vaga numa empresa multinacional. Alguns
tm curso superior, outros no. Alguns tm experincia no ramo, outros no.
Os dados so:
POSSUI NO POSSUI
CURSO CURSO TOTAL
SUPERIOR SUPERIOR
Com experincia
35 45 80
anterior
Sem experincia
15 5 20
anterior
Total 50 50 100
Resoluo
Este exemplo se refere a um caso de probabilidade condicional, pois j sa-
bemos que o candidato escolhido possui curso superior. Definindo os eventos
e analisando o quadro temos:
captulo 4 105
50
P(B) =
100
e
35
P (A B)=
100
35 / 100 35
P (A | B)= = = 0,, 7
50 / 100 50
Note que o valor que aparece no denominador o total de casos do evento que sa-
bemos que ocorreu. Neste exemplo sabamos que o candidato escolhido tinha curso
superior e o total de candidatos com este perfil 50, justamente o valor que aparece no
denominador do clculo da probabilidade condicional.
[...] acreditar incorretamente que P(B|A) e P(A|B) sejam iguais ou usar um valor no lugar
do outro , s vezes, chamado confuso do inverso. Estudos mostram que mdicos for-
necem informaes bastante enganosas quando eles confundem os inversos. Com base
em estudos reais, eles tenderam a confundir P(cncer|teste positivo) com P(teste positi-
vo|cncer). Cerca de 95% dos mdicos estimaram P(cncer|teste positivo) como cerca
de 10 vezes mais alta, com a consequncia de que os pacientes receberam diagnsticos
enganosos e ficaram desnecessariamente angustiados pela informao incorreta.
106 captulo 4
4.12 Independncia de eventos
Sejam A e B dois eventos do espao amostral W, com P(B) > 0. O evento A dito
independente do evento B se
P (A | B)= P (A ) (4.5)
Exemplo 4.17
Numa caixa com 20 lmpadas, 4 so defeituosas. Extraindo-se aleatoria-
mente duas lmpadas, sem reposio, qual a probabilidade de:
a) nenhuma ser defeituosa;
b) ambas serem defeituosas.
c) considerando a extrao das duas lmpadas, com reposio, encontre a
probabilidade de nenhuma delas ser defeituosa.
Resoluo
Neste exemplo os eventos so dependentes, pois no h reposio das lm-
padas na caixa, ou seja, o resultado obtido na extrao da segunda lmpada
afetado pelo resultado obtido na primeira extrao.
P (P1 P2 )=
16 15 240
. = = 0, 6316
20 19 380
captulo 4 107
b) Indicando por D1 primeira lmpada ser defeituosa e por D2 segunda lm-
pada ser defeituosa temos:
P (D1 D 2 )=
4 3 12
. = = 0, 0316
20 19 380
c) Vamos indicar por primeira lmpada ser perfeita e por segunda lm-
pada ser perfeita. Neste caso, as duas extraes so independentes, pois
o resultado da segunda extrao no afetado pelo primeiro resultado.
Ento:
P ( P1 P2 ) = P ( P1 ) ( P2 )
16 16
P ( P1 P2 ) = = 64%
20 20
Exemplo 4.18:
Para testar se um sistema especialista responde satisfatoriamente a um usu-
rio, foram feitas cinco perguntas, cada uma com quatro alternativas de resposta.
Se o sistema escolhe as alternativas aleatoriamente, qual a probabilidade de ele
responder corretamente a todas as cinco perguntas?
Resoluo
Definindo os eventos:
P1: acertar a pergunta 1
P2 :acertar a pergunta 2
P3: acertar a pergunta 3
P4: acertar a pergunta 4
P5: acertar a pergunta 5
108 captulo 4
O fato do sistema ter escolhido uma alternativa (correta ou errada) em de-
terminada pergunta no afeta as probabilidades de escolhas das outras pergun-
tas. Portanto, os eventos so independentes. Ento:
1 1 1 1 1
P ( P1 P2 P3 P4 P5 ) = P ( P1 ) P ( P2 ) P ( P3 ) P ( P4 ) P ( P5 ) =
4 4 4 4 4
1
= = 0, 0977%
1024
Exemplo 4.19
Um certo programa pode ser usado com uma entre duas sub-rotinas A e
B, dependendo do problema. A experincia tem mostrado que a sub-rotina A
usada 40% das vezes e B usada 60% das vezes. Se A usada, existe 75% de
chance de que o programa chegue a um resultado dentro do limite de tempo.
Se B usada, a chance de 50%. Se o programa foi realizado dentro do limite
de tempo, qual a probabilidade de que a sub-rotina A tenha sido a escolhida?
Resoluo
A probabilidade que temos que encontrar uma probabilidade condicio-
nal, pois j sabemos que o programa foi realizado dentro do limite de tempo.
Ento, de acordo com o que estudamos no item 4.11.1, podemos definir os
seguintes eventos:
A: sub-rotina A foi a escolhida.
R: o programa foi realizado dentro do limite de tempo.
Pela frmula da probabilidade condicional, queremos encontrar:
captulo 4 109
P (A R )
P (A | R ) =
P (R )
110 captulo 4
Esta regra nos diz que a probabilidade da interseco dos dois eventos pode
ser obtida da seguinte maneira:
P (A R ) P (A R ) P (R | A) P (A)
P (A | R ) = = =
P (R ) P ( R A ) + P ( R B) P ( R | A ) P ( A ) + P ( R | B) P ( B)
0, 30 0, 30
P (A | R ) = = = 0, 5 = 50%
0, 30 + 0, 30 0, 60
captulo 4 111
Considere um evento qualquer A em . Supomos conhecidas as probabili-
dades P(Ci) e P(ACi ),i = 1,2,,n. A probabilidade de ocorrncia do evento Ci,
supondo-se a ocorrncia do evento A, dada por:
P (Ci )P (A | Ci )
P (Ci | A )=
j =1 P (C j )P (A | C j )
n
ATIVIDADE
1. Uma biblioteca acaba de receber, por doao, 40 novos livros, inclusive 15 romances his-
tricos. Se 3 desses livros so escolhidos aleatoriamente, sem reposio, qual a proba-
bilidade de:
a) nenhum ser um romance histrico;
b) todos serem romances histricos;
c) pelo menos um ser romance histrico.
2. Como parte de uma campanha de promoo em So Paulo e no Rio de Janeiro, uma in-
dstria de produtos de limpeza oferecer um prmio de R$ 50.000,00 a quem enviar seu
nome em um formulrio, com a opo de incluir um rtulo de um dos produtos da indstria.
A distribuio dos 200.000 formulrios recebidos est a seguir:
112 captulo 4
c) P(A | B)
d) P(Ac | Bc)
e) P(Ac | Bc)
f) P(B | Ac)
3. Uma loja de cosmticos tem os seguintes dados sobre a idade e o estado civil de
150 clientes.
ESTADO CIVIL
SOLTEIRO CASADO
30 70 20
IDADE
MAIS DE 30 30 30
4. Uma agncia de locao de carros fez um levantamento sobre o perfil dos seus clientes e
obteve os seguintes resultados: 45% haviam alugado um carro no ltimo ano por razes de
negcios, 50% haviam alugado um carro no ltimo ano por razes pessoais e 20% haviam
alugado um carro no ltimo ano tanto por razes de negcios como por razes pessoais.
a) Qual a probabilidade de que um cliente tenha alugado um carro durante o ltimo ano
por razes pessoais ou por razes de negcios?
b) Qual a probabilidade de que um cliente no tenha alugado um carro durante o ltimo
ano nem por razes pessoais nem por razes de negcios?
captulo 4 113
5. Um satlite em rbita tem trs painis solares, e todos eles devem permanecer ativos a fim
de garantir o bom desempenho do aparelho. Os painis funcionam independentemente uns
dos outros. A chance de falha de cada um 0,01. Qual a probabilidade de o satlite funcionar
perfeitamente durante a misso? (Essa probabilidade a chamada confiabilidade do sistema
Farias, Soares e Csar, pg. 65)
6. Uma rede local de computadores composta por um servidor e cinco clientes (A, B, C, D e
E). Registros anteriores indicam que dos pedidos de determinado tipo de processamento,
realizados atravs de uma consulta, cerca de 10% vm do cliente A, 15% do B, 15% do C,
40% do D e 20% do E. Se o pedido no for feito de forma adequada, o processamento
apresentar erro. Usualmente, ocorrem os seguintes percentuais de pedidos inadequados:
1% do cliente A, 2% do cliente B, 0,5% do cliente C, 2% do cliente D e 8% do cliente E.
a) Qual a probabilidade de o sistema apresentar erro?
b) Qual a probabilidade de que o processo tenha sido pedido pelo cliente E, sabendo-
-se que apresentou erro?
REFLEXO
O estudo de probabilidades, que iniciamos neste captulo, tem muitas aplicaes no dia a dia
do gestor. At o momento, nos preocupamos em apresentar a teoria referente ao assunto. No
entanto, as aplicaes que podemos fazer do clculo de probabilidades so muito diversifi-
cadas: determinar a margem de erro e o grau de confiana de uma pesquisa, fazer previses
(com certo grau de confiana) de eventos futuros, auxiliar na tomada de decises, calcular
riscos de certos investimentos, etc.
Procure assimilar bem todos os procedimentos e conceitos apresentados neste captulo para
que possa acompanhar o desenvolvimento dos mtodos que sero apresentados mais adiante..
LEITURA
Recomendamos a leitura do texto possvel quantificar o acaso?, disponvel no endereo
http://www.klick.com.br/materia/20/display/0,5912,POR-20-89-957-,00.html, que apre-
senta uma interessante situao sobre o estudo de probabilidades.
114 captulo 4
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANDERSON, David R.; SWEENEY, Denis J.; WILLIAMS, Thomas A. Estatstica aplicada
administrao e economia. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
BARBETTA, Pedro A.; REIS, Marcelo M.; BORNIA, Antonio C. Estatstica: para os cursos de
engenharia e informtica. So Paulo: Atlas, 2004.
BUSSAB, Wilton de O.; MORETTIN, Pedro A.. Estatstica bsica. So Paulo: Saraiva, 2003.
FARIAS, Alfredo Alves de; SOARES, Jos Francisco; CSAR, Cibele Comini. Introduo
estatstica. Rio de Janeiro,: LTC, 2003.
IEZZI, Gelson; DOLCE, Osvaldo; DEGENSZAJN David; PRIGO, Roberto. Matemtica: volu-
me nico. So Paulo: Atual, 2007.
NO PRXIMO CAPTULO
No prximo captulo apresentaremos as variveis aleatrias, que so uma forma de associar
valores aos resultados do experimento aleatrio. Isso ir nos permitir ampliar a capacidade de
aplicao da teoria de probabilidades.
captulo 4 115
5
Variveis aleatrias
5 Variveis aleatrias
O espao amostral, em muitos experimentos, no consiste s em nmeros
como, por exemplo, o espao amostral referente ao lanamento de uma moeda,
que tem como pontos amostrais cara ou coroa. Em Estatstica, muitas vezes, es-
tamos interessados em resultados numricos. Para transformar os resultados
do espao amostral em nmeros utilizamos o conceito de varivel aleatria.
OBJETIVOS
Que voc seja capaz calcular o valor esperado e o desvio padro de uma varivel aleatria
discreta e que consiga identificar as situaes nas quais podemos aplicar o modelo de pro-
babilidade binomial, bem como calcular as probabilidades associadas a tal modelo.
REFLEXO
Voc se lembra dos conceitos de mdia e desvio-padro apresentados nos captulos 2 e 3?
E dos conceitos de probabilidade abordados no captulo 4? Neste captulo, combinaremos
aqueles conceitos ao desenvolvermos as distribuies de probabilidade, que descrevem o
que provavelmente acontecer, ao invs do que realmente aconteceu.
Uma varivel aleatria (v.a.) uma varivel que associa um valor numrico a
cada ponto do espao amostral. Ela denominada discreta quando pode assu-
mir apenas um nmero finito ou infinito enumervel de valores e dita cont-
nua quando assume valores num intervalo da reta real.
comum utilizarmos letras latinas para representarmos variveis aleatrias.
Funo Discreta de Probabilidade a funo que atribui a cada valor da v.a. sua
probabilidade, ou seja,
P(X = xi) = p(xi), i = 1, 2, ...., n (5.1)
118 captulo 5
Vamos considerar aqui que a v.a. discreta tem um nmero finito de valores
possveis.
A distribuio de probabilidade de uma v.a. discreta X uma tabela que as-
socia a cada valor de X sua probabilidade.
x p(x)
x1 p(x1)
x2 p(x2)
x3 p(x3)
. .
xn p(xn)
Na tabela 5.1, os valores x1, x2, x3,..., xn so aqueles que a v.a. pode assumir e
p(x1) , p(x2), p(x3),..., p(xn) suas respectivas probabilidades.
Uma distribuio de probabilidade deve satisfazer as seguintes condies:
0 p(xi) 1, i = 1,2,...,n
captulo 5 119
De acordo com a definio da varivel aleatria podemos associar a cada ponto
amostral um nmero, como mostra o quadro seguinte:
RESULTADOS X
c,c,c 0
c,c,r 1
c,r,c 1
c,r,r 2
r,c,c 1
r,c,r 2
r,r,c 2
r,r,r 3
120 captulo 5
Na tabela 5.2 apresentamos a distribuio de probabilidade da v.a. X.
x p(x)
0 1/8
1 3/8
2 3/8
3 1/8
, para i = 1, 2, 3, 4.
1 17
2 12
3 18
4 8
captulo 5 121
VENDAS POR DIA NMERO DE DIAS
5 10
6 9
7 1
Resoluo
a) Para encontrarmos a probabilidade de cada resultado, vamos usar a de-
finio frequencial de probabilidade, ou seja, as probabilidades nada
mais so que as frequncias relativas de cada resultado:
1 17 0,1889
2 12 0,1333
3 18 0,2000
4 8 0,0889
5 10 0,1111
6 9 0,1000
7 1 0,0111
122 captulo 5
A primeira probabilidade foi encontrada fazendo , a segunda probabili-
dade e assim por diante.
1 0,1889
2 0,1333
3 0,2000
4 0,0889
5 0,1111
6 0,1000
7 0,0111
Total 1
captulo 5 123
5.3 Valor esperado e varincia de uma varivel aleatria discreta
(5.2)
Propriedades da mdia
Sejam a e b constantes e X uma varivel aleatria. Ento:
i) E(a) = a
ii) E(bX) = bE(X)
iii) E(X + a) = E(X) + a
iv) E(a + bX) = a + bE(X)
A varincia de uma v.a. X definida como:
(5.3)
(5.4)
124 captulo 5
Propriedades da varincia
Sejam a e b constantes e X uma varivel aleatria. Ento:
i) Var(a) = 0
ii) Var(bX) = b2Var(X)
iii) Var(X + a) = Var(X)
iv) Var(a + bX) = b2Var(X)
Observao: Indicaremos a mdia e a varincia de uma v.a. X por:
E(X) = m
Var(X) = s2
Resoluo
Substituindo os valores do quadro apresentado nas respectivas frmulas
temos:
captulo 5 125
Portanto, temos que o valor esperado do nmero de coroas, obtido no lana-
Exemplo 5.4
Num teste de digitao, o tempo em minutos (T) que os candidatos levam
para digitar um texto modelado, de forma aproximada, pela seguinte funo
de probabilidade:
T P(T)
3 0,1
4 0,1
5 0,2
6 0,2
7 0,2
8 0,1
9 0,1
126 captulo 5
O candidato recebe 4 pontos se faz em 9 minutos, 5 se faz em 8 minutos e
assim por diante. Determine a mdia e a varincia do nmero de pontos obti-
dos no teste.
Resoluo
Como o exerccio est pedindo a mdia e a varincia do nmero de pontos
obtidos, precisamos definir uma nova varivel aleatria:
O nmero de pontos obtidos depende do tempo que o candidato leva para digi-
tar o texto. De acordo com o texto, se o candidato digitar o texto em 3 minutos, ele
recebe 10 pontos. E, a probabilidade dele receber 10 pontos a mesma probabili-
dade dele digitar em 3 minutos, ou seja, 0,1. Portanto:
T P(T)
10 0,1
9 0,1
8 0,2
7 0,2
6 0,2
5 0,1
4 0,1
captulo 5 127
Definida a funo distribuio de probabilidade da varivel P, encontramos
a mdia e a varincia acrescentando duas colunas no quadro acima:
Total 1 7 52
128 captulo 5
Exemplo 5.5
Na produo de uma pea so empregadas duas mquinas. A primeira utili-
zada para efetivamente produzir as peas, e o custo de produo de R$ 50,00 por
unidade. Das peas produzidas nessa mquina, 90% so perfeitas. As peas de-
feituosas (produzidas na primeira mquina) so colocadas na segunda mquina
para a tentativa de recuperao (torn-las perfeitas). Nessa segunda mquina o
custo por pea de R$ 25,00, mas apenas 60% das peas so de fato recuperadas.
Sabendo que cada pea perfeita vendida por R$ 90,00, e que cada pea defei-
tuosa vendida por R$ 20,00, calcule o lucro por pea esperado pelo fabricante.
Resoluo
Neste exemplo, a varivel aleatria de interesse :
X: lucro
X
CUSTO VENDA P(X)
(LUCRO)
peas perfeitas na 1
50 90 40 0,9
mquina
peas perfeitas na 2
50+25 90 15 0,06
mquina
captulo 5 129
Na segunda linha esto as informaes das peas que precisaram ir para a se-
gunda mquina e que tornaram-se perfeitas. O custo, nesta situao, ser de R$
75,00, pois o custo por pea na segunda mquina de R$ 25,00, adicionados aos
R$ 50,00 de custo da primeira mquina. Agora, vamos entender o porqu do valor
da probabilidade ser 0,06. Se 90% das peas produzidas pela primeira mquina so
perfeitas, 10% so defeituosas.
Destas 10% de peas defeituosas, apenas 60% so recuperadas pela segunda
mquina. Portanto, 0,10*0,6 = 0,06. Ento, a probabilidade do lucro assumir o
valor R$ 15,00 de 0,06.
E, na terceira linha, temos a informao das peas defeituosas. Neste caso,
a empresa ter prejuzo, pois o custo continuar sendo de R$ 75,00, e a pea
ser vendida por R$ 20,00. A probabilidade do lucro (que ser um prejuzo) as-
sumir o valor de R$ 55,00 0,04, pois das peas defeituosas, 40% no so recu-
peradas pela segunda mquina. Portanto, 0,10*0,4 = 0,04.
Agora, com os valores obtidos no quadro, conseguimos encontrar o lucro
por pea esperado pelo fabricante.
Total 1 34,70
130 captulo 5
5.4.1 Distribuio Binomial
(5.5)
onde:
n o nmero de tentativas do experimento aleatrio;
p = P(S) a probabilidade de sucesso em uma nica tentativa;
q = P(F) a probabilidade de fracasso em uma nica tentativa;
p + q = 1.
captulo 5 131
O valor esperado e a varincia de uma v.a. binomial, com parmetros n e p
so, respectivamente, dados por:
(5.6)
Exemplo 5.6: Uma pesquisa mostrou que 60% das famlias residentes na
grande So Paulo tm pelo menos dois carros. Determine a probabilidade de
que dentre 15 famlias selecionadas aleatoriamente nesta regio:
a) exatamente 5 tenham pelo menos dois carros;
b) de 8 a 10 tenham pelo menos dois carros.
Neste exemplo vamos definir a v.a. como tendo distribuio binomial, pois:
o experimento est sendo realizado 15 vezes, ou seja, 15 famlias foram
selecionadas para o estudo;
h somente dois resultados possveis: sucesso, se a famlia tem pelo me-
nos dois carros e fracasso, se a famlia no tem pelo menos dois carros;
as respostas so independentes umas das outras, ou seja, uma famlia
ter pelo menos dois carros no afeta a probabilidade das outras famlias
terem ou no pelo menos dois carros.
132 captulo 5
a) Este item pede a probabilidade de que exatamente 5 tenham pelo
menos dois carros, ou seja,
Exemplo 5.7
Se 7% das peas produzidas por uma mquina so defeituosas, qual a pro-
babilidade de que em dez peas escolhidas aleatoriamente:
a) no haja peas defeituosas;
b) pelo menos 3 peas sejam defeituosas;
c) exatamente 5 peas sejam defeituosas;
d) entre 2 e 4 peas sejam defeituosas.
captulo 5 133
Resoluo
Temos aqui um experimento binomial com:
X: nmero de peas defeituosas
X = 0,1,2,3,...,10.
n = 10 peas
P(Sucesso) = p = 0,07
P(Fracasso) = q = 0,93
Note que a probabilidade de sucesso que a pea seja defeituosa, pois a vari-
vel aleatria est definida como o nmero de peas defeituosas.
a)
b) )
c)
d)
134 captulo 5
CONEXO
O clculo de probabilidades para variveis aleatrias cuja distribuio binomial tambm
pode ser feita no Excel. Para compreender a funo que deve ser utilizada, leia Utilizando
o Microsoft Excel para Obter Probabilidades Binomiais, que se encontra no livro Estatstica:
Teoria e Aplicaes Usando Microsoft Excel em Portugus, pp. 196.
ATIVIDADE
1. Uma urna contm 3 bolas brancas e 7 bolas verdes. Trs bolas so retiradas com repo-
sio. Seja X: nmero de bolas verdes. Calcule E(X) e Var(X).
4. O tempo T, em minutos, necessrio para um operrio processar certa pea uma v.a.
com a seguinte distribuio de probabilidade:
T 2 3 4 5 6 7
captulo 5 135
Fonte: Bussab e Morettin, pag. 140.
a) Calcule o tempo mdio de processamento.
Para cada pea processada, o operrio ganha um fixo de R$ 2,00, mas, se ele pro-
cessa a pea em menos de seis minutos, ganha R$ 0,50 em cada minuto poupado.
Por exemplo, se ele processa a pea em quatro minutos, recebe a quantia adicional
de R$ 1,00.
6. Um lote com mquinas digital recebida por uma empresa. 30 aparelhos so inspeciona-
dos. O lote rejeitado se pelo menos 3 mquinas apresentarem defeito. Sabendo-se que
1% das mquinas defeituosa, calcule a probabilidade da empresa rejeitar todo o lote.
136 captulo 5
9. Um aluno marca ao acaso as respostas em um teste mltipla escolha com 10 questes e
cinco alternativas por questo. Qual a probabilidade dele acertar exatamente 4 questes?
10. Uma pesquisa concluiu que 30% das mulheres brasileiras consideram a leitura sua ati-
vidade favorita de lazer. Voc seleciona ao acaso seis mulheres e pergunta a elas se a
leitura sua atividade favorita de lazer. Obtenha a probabilidade de que:
a) exatamente duas delas respondam sim.
b) menos do que duas respondam sim.
REFLEXO
Neste captulo vimos que a varivel aleatria fornece uma descrio numrica de um experi-
mento aleatrio. Com os resultados que uma varivel aleatria pode assumir juntamente com
suas respectivas probabilidade obtemos a distribuio de probabilidade e podemos calcular o
valor esperado (mdia) e o desvio padro para a varivel aleatria. Podemos interpretar o valor
esperado como uma mdia ponderada dos valores que a varivel aleatria pode assumir. Os
pesos so as probabilidades. Estudamos, tambm, uma distribuio discreta de probabilidade
que tem muitas aplicaes: distribuio binomial. Desde que o experimento em estudo satis-
faa os requisitos necessrios para que a varivel aleatria tenha distribuio binomial, encon-
tramos facilmente, com o auxlio de uma calculadora cientfica, as probabilidades de interesse.
LEITURA
Sugerimos que voc assista ao vdeo Revendo a Moratria, da srie: Matemtica na Escola.
Ele apresenta uma aplicao do conceito de valor esperado. O endereo para acesso http://
m3.ime.unicamp.br/recursos/1170. Vale a pena conferir!
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANDERSON, David R.; SWEENEY, Denis J.; WILLIAMS, Thomas A. Estatstica aplicada
administrao e economia. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
captulo 5 137
BUSSAB, Wilton de O.; MORETTIN, Pedro A.. Estatstica bsica. So Paulo: Saraiva, 2003.
FARIAS, Alfredo Alves de; SOARES, Jos Francisco; CSAR, Cibele Comini. Introduo
estatstica. Rio de Janeiro,: LTC, 2003.
LEVINE, David M.; BERENSON, Mark L.; STEPHAN, David. Estatstica: Teoria e Aplicaes
Usando Microsoft Excel em Portugus. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
MAGALHES, Marcos Nascimento; LIMA, Antnio Carlos Pedroso de. Noes de probabili-
dade e estatstica. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo, 2004.
EXERCCIO RESOLVIDO
Captulo 1
1.
a) qualitativa nominal
b) quantitativa discreta
c) quantitativa contnua
d) quantitativa discreta
e) quantitativa contnua
f) quantitativa contnua
g) quantitativa discreta
h) qualitativa nominal
i) quantitativa contnua
j) quantitativa contnua
k) qualitativa ordinal
l) qualitativa ordinal
m) qualitativa nominal
n) qualitativa nominal
138 captulo 5
2.
K 6 classes e amplitude da classe h 7
IDADES f fr fa
19| 26 5 0,1667 5
26| 33 13 0,4333 18
33| 40 4 0,1333 22
40| 47 4 0,1333 26
47| 54 3 0,1000 29
54| 61 1 0,0333 30
Total 30 1
a) 18
b) 13,33%
c) 17
d) 73,33%
e) 26,67%
captulo 5 139
3.
Outros
16,82%
Solteiro
42,87%
Separado
19,79%
Vivo
Casado
5,69
14,84%
Atravs do grfico, podemos dizer que aproximadamente 43% dos clientes desta agn-
cia de turismo so solteiros, 20% so separados, 17% tm outro tipo de estado civil,
15% so casados e apenas 5% so vivos. Esta informao importante na hora de
lanar pacotes de viagens. A agncia deve se lembrar que grande parte de seus clientes
so solteiros. Tambm pode criar estratgias para trazer mais clientes casados ou vivos,
que provavelmente devem ter outro tipo de perfil.
4.
a) Valores gastos com supermercado. Varivel quantitativa contnua.
b) Tabela 1: Distribuio de frequncias para a varivel Valores gastos com supermercado.
140 captulo 5
CLASSES (GASTOS EM R$) f fr fa
175,89| 232,69 5 0,10 40
Total 50 1
c)
Histograma
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
4,98 | 61,89
61,89 | 118,89
118,89 | 175,89
175,89 | 232,89
232,89 | 289,89
289,89 | 346,89
346,89 | 403,89
403,89 | 460,89
Gastos (R$)
captulo 5 141
18 Polgono de Frequncias
17
16
14
13
12
Frequncia 10
8
6
5
4 5
3
2 3 2 2
2 0 0
0 33,39 90,38 147,39 204,39 261,39 318,39 375,39 432,39 489,39
Ponto mdio das classes Gastos (R$)
5.
a) Salrio de funcionrios de uma empresa. Esta varivel classificada como quantitativa
contnua.
b) 45 funcionrios
c) 86 funcionrios
d) 9,30%
e) 72,09%
f)
SALRIO (R$) f fr fa
500,00| 800,00 17 19,77 17
142 captulo 5
1.700,00| 2.100,00 3 3,49 81
Total 86 100,00
Captulo 2
Antes das respostas, gostaramos de deixar claro que as interpretaes das questes ficam
a cargo do estudante. Se ocorrerem dvidas, entrar em contato com o tutor.
1.
a) x 23,1, Md = 22,5 e Mo = 22
b)
CLASSES f fr fa Pm
10 14 3 0,0469 3 12
14 18 5 0,0781 8 16
18 22 12 0,1875 20 20
captulo 5 143
22 26 25 0,3906 45 24
26 30 12 0,1875 57 28
30 34 3 0,0469 60 32
34 38 2 0,0313 62 36
38 42 2 0,0313 64 40
Total 64 1,0000
24
22
20
18
16
Frequncia
14
12
10
8
6
4
2
0
14
18
22
26
30
34
38
42
|
|
10
14
18
22
26
30
34
38
N de horas
2.
a) Vendas mensais. Varivel quantitativa contnua.
b) x 3,2 Md = 3,4 Mo = 3,5
c) Q3 20,7 D1 1,4 P80 = 4,1
d) 16,36%
e) 21,82%
f) 56,36%
g) 65,45%
144 captulo 5
3.
a) x 17,1
b) Md = 2
c) Mo = 2
4.
a) Idade dos funcionrios
b) 48
c) x 30,9 Md 29,7 Mo 27,8
d) Q1 25,7
e) 25
f) 4,17%
g) 47,9%
5. 4,3
Captulo 3
1.
a) R = 31s 6,1 s2 37,2 cv 0,2633 ou 26,33%
b) R = 32 s 5,8 s2 33,6 cv 0,2358 ou 23,58%
captulo 5 145
5. R = 30 s 6,9 s2 47,6 cv 0,2233 ou 22,33%
6.
a) Caixa A (menor variao absoluta (s))
b) Caixa A (maior variao relativa (cv))
Captulo 4
1.
a) 0,2328
b) 0,0461
c) 0,7672
2.
a) 0,7
b) 0,725
c) 0,6897
d) 0,7143
e) 0,2727
f) 0,75
3.
a) 0,6667
b) 0,4
c) 0,3
d) 0,2222
4.
a) 0,75 b) 0,25
146 captulo 5
5. 5. 0,9703
6.
a) 0,02875 b) 0,5565
Captulo 5
2. 2,5
3. R$ 1.400,00
4.
a) 4,6 b) E(G) = 2,75 Var(G) = 0,4125
5.
a) 0,000011 b) 0,0042 c) 0,8329
6. 0,0033
7.
a) 0,1317 c) 0,1646
b) 0,7901 d) 0,9959
captulo 5 147
8.
a) 0,0778 b) 0,2592 c) 0,9222
9.
a) 0,0881
10.
a) 0,324135 b) 0,420175
148 captulo 5