A Construção de Uma Comunidade Pedagógica - Um Diálogo

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m indo 2 aner 1a. O revrocesio antifeminista que arvalmenteafeta a cul> ‘ura como um todo mina 0 apoia 3 producio académica feminista. Vit que a producto feminisa por parte de académicas negias sempre foi marginaizada na academia, mmarginalzada tanto em rlagio 3 hegemonia académica ‘existente quanto 3 corrent principal do feminismo, aque- las entre ngs que ercem que ese tahalho & erucal para qualquer discusso imparcial da experincia negra tém de intensificar seu esforco de educarc em prol da conscitn cia critics. Aquelas académieas negas que comeraram a tratar de questes de género enquanto ainda eram ambiva lentes em relagio 4 politica feminist ¢ agora cresceram, ‘tanto.em sua consciéncia quanto em seu comprometimen- to, tim o dever de se mostrar disposas a discuir publica- mente as mudancas no seu pensament. A. construgo de uma comunidade pedagégica Un dittogo Em sua introducio a coleinea de ensaios Benen Bor ders: Pedagogy and the Polite of Cultural Saudis, 0 orga izadores Henty Giroux e Pecer MeLarensalientam que os pensadees eriticos que tabalham com pedagogia e tm tum compromisso com os estudos cultuaisdever aliar “a teoria e a pritca a fim de airmar e demonstar pricas pedaggicas engajadas na cragso de wma nova linguagem, ‘a ruptura das froneirasdisciplinaes, na descentralizasio da autoridade ena rescrita das érea limferofesinsiucio- mis dscursivas onde a politica se tomna um pré-requisito para reafimar a relacio entre atvidade, poder € luz” Dado esse programs, € crucial que os pensadoreserticos clspostos a muda nosss priticas de ensino conversem en- ‘esi, colaborem com wma discussio que tansponha fron- ‘cies e crie um espago para a intervengio. Hoje em dia, quando a “diferenga” é tema quente nos circus progres sistas, est{na moda falar de “hibridacio” e “ruzarfronte- ‘ns", mas raramente enconttamos exemplos concrews de individuos que realmente ocupem posigcs diferentes den- tro das estrurura e parilhem idsias ent si, mapeando seus terrenos, seus vinculos e suas preocupagdes comuns tno que se refere is préticas de ensino, m m Ensnande a anger ‘A prtica do dilogo & um dos meios mais simples com que ms, como professores, académicos ¢ pensadorcs ci 0s, podemos comegar a cruzar at fronteias, as bareras {que podem sr ndo erguidas pla ra, pelo gnero, pela classe socal, pela rputagio profsional © por um sem. -miimero de outras difeencas. Meu primeito didlogo de dial, do compo es refugiam numa csdo entre mente «corpo muito conservadora. Alguns colgas do sexo rmasclino se excondem por tris dio, eeprimem seus ‘compos no por deferéncia, ma por medo. { Ensinnde tansreir interessante que & nese espagosprivados onde ‘corre 0 assédio semua ~ em escrt6rios ou outros fipos de expagos ~ que preciso sofier a vinganga dos oprimidos. Mencionamos Michel Eoucaule como ‘um exemplo de alguém que na teoria parecia desafar faut oposig6es binSrias © cies simplistas entre mente © corpo. Mas, a sua pritia de vida como ‘pefesor, cle fri claramente uma separao entre 0 ‘xpayo onde se via como intelecrual praicante ~ ‘onde nio s6 se via como pensadorcritico, mas tan- ‘bem era visto pelos outros como pensadorcrtco—€ ‘espago onde era corpo. Est muito claro queoexpa- ‘coda alta cultura era onde sua mente estava, 0 6s paso da rua eda cuewraderua (eda cultura popular, da cultura marginalizads) era onde ele seria que sais podia se expressar dentro do corpo. izem que ele declarou que o lugar onde se senia ‘ais ive eram as saunas de So Francisco. Taber no Inja tanta divisio © dualism em seus escitos, mas, pelo que sei munca tive aula com ee ~ ele levara Inuitoa sétio a pore do inelecual francés tradicional Do intelectual francs brance do sexo masculine. E importante voct € eu acrescencarmos iss, pois n80 somes sequcecapazes de citar, de improviso, 0 nome de algum intelectual francs negra do sexo masculi- to. Iso apesat de sabermos que eles devem exist como o resto da Europa, a Franga jf nao exclusiva- ‘mente branca ‘Acho que um dos incimodos silenciosos que 10- diam 0 modo como tm discus sobre aca e géne- A conarufe de una comniadepecgépca 10, clase sole prftica smal perturbou a aade- mia € eatamente 0 desi 26a cisio entre mente corpo, Quando comesamos falar em sala de aula sobre o corpo, sobre como vivemos no corpo, esta ‘mos automaicamente desiando o modo como 0 poder se omuestion nese espagoinstiucionlizado ‘em parila. A pessoa mais poderosa tem o pele io de nega 0 préprio corpo. Lembro quem gre clvago, et tinkaprofesrores brancos do sexo mast ling que wsavam sempre o mesmo plet6 de ved, a mesma camisaamasada ou cos que o valha, mas todos nds sblamos que sshames de Bagi Nunca ppodlamos comenta sobre vesimenta dele, pois iso Seria smal de carénei intelecral da nous parte. A ‘questo era que todos és tnkamos de respitar fato ‘de ele estar ali para ser wma mente, nd wi corpo. ‘Algomas pensaorasfemisisas ~e 3s dus que ‘me vem 4 mente neste contexo sfo,ciosamenc, aslacaians Jane Gallop e Shoshana Felman = rena ‘am ecreversobre a pesena do profesor como cot- po nasala de aula, a presenga do professor como ak dm que tem efito wr sobre o desenvolvimento do alin, nfo somente um efio ingelects) ms ‘um efito sobre como ese ano percebe a realidad fora dasala de aula “Todas ests coisas pesam sobre of ombros de qual quer pesion qu eve a séro a hinéra do corpo de conkecimenta personifiado no professor. Eke ‘mos mencionando como, de certo modo, nosso tar balbo leva nosso eu, 2080 comp, para dentro da sala nando taser de aula. A nogio tradicional de estar nasa de aula ‘Eadeum profesor ais de uma escrivaninha ov em rene da case, imobilzado. Esttanhament, Foo lembra o corpo de conhecimento Sime imével {qu integra « imutbilidade da propia verdade. E AEF que sua roupa est suja suas casas extio mal Sjustadas ou sua casa est amarfanbada? Enquan- th a mente aida estiver funcionando com cegincia tc eloquencia, iso que se deve speci ‘Nose nogao romintica do professor etéamarada a thea nogzo da mente eansitiva, de wma mente que, fencer sentido, exh sempre em conto com @ Copa Acho que wma das razses peas qua vodas 36 pessoas nesta cultura, 6s akuns em gral ender 2 Meroe professresniversitéras como gene que ni Trabalha & com certcza esa senst¢40 do corp imé- tele Parte da separaio de cases entre 0 que nés f+ “Temos e 0 que 4 maioria das pesoas nesta culeea pode fazer (seri, teabalho,labuta) € que elas ne Sem o corpo. A peagogi ibertador eimenteex- fe que professor tabalhe na saa de aul, que Bathe com os limites do corpos trabalhe tanto com ccs Timites quanto através dels € contra ees 0s profesores tlc nsisam em que no importa oct fea em pé ais da tribuna oda excrivaninha, Thas isso importa sim. Lembro,no comero darinha ativdade de profesor, que 1a primeira vex e que temtelsaedetds da excivaninhafique muito evo fe. Lembro ae pens: “sto tem a ver com o podes Realmentesinto que tenho mais ‘contolé quando BS: ‘Acasa de ua commie pedigigia 88 estou ats da tribuna ov ass da ecrivaninha do «que quando camino a dro dos alunos, fo ex péao lao des, s vere at encoso nds.” Reconbe- ‘er que somos corpos nasal de aul oi importame para mim, especialmente no forgo para quebrar a ogo do profesor coma uma mete oniptente, (Quando voc si da trbuna¢caminha, de epenteo teu chin 01 jet de movment ame. dente part. os alunos. Além disso, voc? leva consigo um cero ipo de potencal, embora no sj garant- do, para um cero tipo de reagao face fe ede respeito por “0 que eu dig” « "que voc dz”. aluno eo professor olham um parao outee Equan- do nos aproximamos fsicament, de repente 0 que igo nao em mais de rs des ina inva, dessa smualha de demarcagso que implies que tudo 0 que vem deste ado ds ercrivaninka€ our, é verdade, ‘ou que ado 0 ques dir fora de lt € alge que eu te tho de aval, que minha nic, eagio poste & Laer “ito bem”, “core” e asim por diame. A medida que as pesoas se deslocam, se toma mais evidente que nds rales a sala de ala Alguns prfesore, especialmente os mais velhos, desjam sonar do prvilégio de dara impress de no taba: thar em sla de aula. 10 por si mesmo ¢ estanho, mas ¢ especialmente iebnio pelo fito de os mem bros do corpo docente se eeuirem fra da sala de sul flare sem para sobre o quanco estio tendo de tabula RS: rsp traagredr © arranjo corporal de que estamos falande desenfi- tina a reidade de que o& professores uivensiirios esto a sla de aula para dar algo de si para os alu- fos. O mascaramento do corpo nos encorja a pen- ‘sar que estamos owvindo fates neuros e objetvos, fatos que nao diver tespeito pessoa que panitha a Jnformagio, Somos convidads transmicrinforma- es como se elas no surgissem através dos corpos, Significaivamente, agueles entre nés que eso ten- tando critcar os preconcetes na sala de aut Foram ‘obrigados a volt o corpo para falar sobre si mes- ‘mas como sujeitos da hitéia. Todos n6s somos su jes da histéra. Temos de volar a um esado de presenga no corpo paradesconstruir 0 modo como @ poder tradicionalmente se orquestroy na sala de aula, negando subjetvidade a alguns grupos e facul- taodo-a outros. Recoohecendo a subjeividade e 08 Timites da identidade, rompemos essa objetiicagso ‘do necessria numa culeuta de dominagio. E por {sso que os esforgos para reconhecer a nossa subjeti= ‘ade ea subjeivdade das wossas alunos geraram tuma critica e uma reaio io ferozes. Embora Dinesh [D'Souza Allan Bloom apresentem ess crftica como sendo fandamentalmente uma crcca das ideias, cla também usta cca de como ess ideas so sl setidas,rompidaee desmontadas na sala de aula Se 0s profestoreslevam © corpo discente 2 sério € tm respeito por ele, so obrigados a reconhecer que ‘examos nor ditgindo a pessoas que fazem parte da histéria.E alguns deles vém de uma histéra que se ‘A contro do uma cominade piagégica ah for reconhcid, pode ser amearador para os mods estableidos do aber. Ino vale epecalmente part 0s profewores,universiirios ox otros, ie, na lt de aula seencontram face face com individvos que ‘no veem nos baizros onde moram, Nos ambients ‘esiverdscs thane, por cemplo, 86 mea pre prio compas, am bor mero dos professors no snora na cide de Nova York alguns no moram nem no cada de Nova York. Moran em Connecti cut ou Nova Jere, ou em Long ian. Miitas 60: tiunidades onde ele mora si exiemament 0- Tadas eno efletem a mistura racial de pessoas que «tio no compus.Acho que é por isso que muitos fessr profisores se consideram Iberais embora ‘mantenham uma postuea conservadora nasal de aula. lo patece especialmente vrdadcizo no que se referee quests de raga. Muitos querem agi como se 4 raga no imporase, como se estvésiemos agi pelo pro interesse mental, como se histria m0 Jmportasse mesmo que vocétenha sido prjudicado, ‘ou Seu pus tenham sido migrants ou flhos de ‘migrants que trabalharam por quienta anos © tém nada. O roconhecimento dees fitos deve er surpenso; a explcago deste mascaramento€2que- la logic que dix “Aqui farms énca, aqui fae mos hinds objeciva” = F fascinate ver como @ mascranento do corpo se liga ao mascaramenco das diferenca de classe mis Smpomanst, 30 mascaramenta do papel do ambiente suniverito como local de reproducio de uma cas Eniondo tranegrede 4c privilegiada de valores, do eltsmo. Todas esas _questies so desmascaradas quando a civlizago oci- dental ea formagso de seu cinone sio questionadas e rigorosarente interogadas. E ectamente iso que fs académicos onservadoresconsideram ameacador = possbilidade de que essas exticas desmontem a Ideia burguesa de “profesor universiitio” e de que, ‘como consequéncs, as nogis da nossa imporeinciae ‘do nosso papel como profesores na sala de aula te- nha de ser findamentalmente modifiadas. En- ‘quanto escrevia cs ensos deste livr,eupensava con- tinuamente no fto de conhecer tantos professors niversitrioe queso poitcamente progresstas, que tiveram a dispsigdo de mudar os curfeulos de seis cursos, mas na verdade se recusaram reslutamente madara natura da sua prtica palagégica, Muitos dese profesiores universitiios nfo tém ‘onscigncia de como se conduzem na sala de aula ‘Um profesor pode até apresentar as obras que voce ‘screveu, por xemplo, ou as de intelecusis de ou- tras grupos sub-representados na academia: mas cle vai trabalhar esses textos, vai trabalhar as ideias que cles partilham, de modo a dara entender que no ral no hi dfrenga entre esas obras es obras mais conservadoras exci por pessoas prvilegiadas em matéria de dase, aga ou géner. “Também é muito imporante reconhecer que os pro- fessores podem tenear desconstruir as parcialidades ttadicionais ao mesiuo tempo em que partlham es sas informagies por melo de uma postura corporal RS: bh: Aconsvugio eum comuniade pedagigia 1 sum tom de vor, uma exolha de palawns et. que perpeuam as pripriashiraguias © paralidades, (qe exo crtcando, Exatamente. O problema ¢ exe. Por um lado, a te- patio de toda aquelatidigio: por zo, qual 0 efcto dela sobre 0 texto apresentada? Paece mais seguto apresentar textos muito radicals coma outtos ‘anos vos seem acrescentados i iss tradcio- ais ao cinone jf xine © cxemplo que me vem 3 mente €o da professors ‘ranca de inglés que ead mais que disposta sin- cluir Toni Morrison no programa de seu curso, mas ‘no quer dscutir a queso da raga quando fla do lio. Véiso como um questionamento muito mais ameacador do sentido do ser profesor do que 0 apco pela mudanea do cuscul. E tem rato de ‘onsiderararrscadoo apelo pela mudanca das es teatégias pedagogica. F certo que os profesiores ‘que tentam instcucionalizar priticas pedagipias Progresitas corte 0 rsc de ser alvo de erties ‘que buscam deracrediélos. E verdade. Ox profesores tniversitiios que civ mente evocum a necnidade da traigdo poderiaen falar sobre cla de manciradiferene. Tadic deveria ser uma plava marevihosa, uma palavra ca Mas fequentemente sada sum sentido negatvo para repair a radio do poder do sans quo, Todera- ‘mos elebrar a radio dos profesores que eiram tum eure progress. Mas esa maigio munca & cizada nem valoda; mesmo quando sles tex . bh Fins a eanegredr cos radicas, a pessoas sentem necesidade de 4-0 de mancira a validar 0s estudos académicos em cujo ‘contesto foram educadas. ls 10 conseguem largar ‘ees estudos. Mesmo quando leem ceras coisas na sala de aula, ess coins tém de ser apresentadas, no fim das contas, de modo que nto paregam incompa- secs com tudo o que weio antes. Masa importincia ‘eo impacto de uma obra de Toni Morrison, ou sua, ‘io dervalorizados se a obra nio for ensinada de um jeito que vai contra a conrente:Finje em dia, nas au- las de flosois, obras sobre raca, emia e gener so tusada, mat no de um jito subversiv. Sao wtlza- das s6 para atualzar superficialmente 6 cuticulo. Hse apegn a0 passdo é determinado pela crenga profunda na legitimidade de todo 0 que veo antes. (s professores que tim essa crenga realmente tm dlffculdade para fazer expetitncias e aricar 0 sea ‘corpo ~ a ofdem socal. Querem que a sala de aula ‘se como sempre i. ‘Quero reiterar que muitos profesores que no tm dlificuldade para abrir mio das idias velhas e de abragar novos modos de pensamento podem ainda sr io resolutamente spegados as velba manciras de (praticar oensino quam seu colegas mais conserva- ores. Essa questio é crucial. Mesmo aquees entie ‘ngs que fazem experéncias com priticas pedagégi- car progresisas tim medo de mudar. Consciente de ‘mim mesina como sujeito da histria, membro de um grupo margnalizdo e oprimido,vitimada pelo cx ‘smo, sxismo eeimo de classe insitucionaliz- ‘Aconetruio de uma corunidade peigigea 91 dos cu nha um medo wereld que mes exsino views eforar esas hicrarguias. Mas eu no inka absolatamente nenkum modelo, nenboen explo deo que significa entrar na sala de aula ensinat de modo diferente. O impulio de experiment pr tas pelagigicas pode nao ct bem teebido por alunos que fequestemenceexperam que ensinemos ‘da mancia com que eles esto acostumados, © que ‘quero dier€ ue é precio uns compromisso fords Simo, una vontade de lta, de dear que nosso tr bul de prfestores fla ss pedagogis progress tas, Cena rica i pedagogin progress chga até nd somente de dentro, mas também de fora Bloom e D'Souza sleangaant um pblico de masa « conaguiram dar uma impresto distoreia da pe Alagogi progress, Consideo ssustador quam dia tenha pasado ao pic ika de que ealmen- tehouve uma revolugo na cuca onde ox brancoe conserradores do sexo masulino pasaeam et compleamente desacreditals, quando na verdade ‘berms que pouce coisa miidou, que sortente um pequeno grupo de professores defende a pedagngia progress, Habtamosinstinigbes reais onde po ulti cos parece ter mado, onde hd pug simas mudangas no cucu, quase nenhuma mu dhnga de parndigma, «onde © conhecimemo © a informasso continua sendo apresntados dara: tira comvencionalmente ata (Como vet extavadizendo hi pouco, os pensdores conserradtes conseguiram apresentar seus agi RS: draco a trnsgrie _mentos fora da universidade e chegaram ata persu- adi of alunos de que a qualidade da educagio dees vai diminuir se forem feitas mudanes. Acho, por cxemplo, que muitos alunos confundem a fala de formalidade tadicionl reconhectvel com uma fala de scriedade (© que mais me mete medo & que cri negativa da pedagogia progresista nos ae faz com que os profesoresrenham medo de madar, de experimen: far nova estate. Muitas profssors univers tas feminivas, por exemplo, comegam a carina teabalando para inseucionalizr peckicas pedags- cts mais radia: mas, quando of alunos parce fo “espeiar sua autoridade”, els sentem que eas Priicas si defeituoss ¢ indignas de conianga ¢ ‘olam is pri tradicionais.F dare que deveriam saber de antemio que os alunos educados de manc- ‘3 mais convencona se sentriam ameacados e che fata at a rss a prévcas de ensino em que se insste que 0 alunos participem de sua educagio © ‘io ej consumidorespasivos F bastante dif comunicar iso 20s shunos, pois itor dle eto convencides de que no podem responder aoe apelos para que patcpers masala de aula. J foram formas para se ver como desprovi- dor de autordade,dsprovidos de lytimidade. Re conhecer rsponsabilidade dos alunos pelo proce so de aprendiado ¢deposc-a onde, aos olhos dees proprios, la € menos legtima. Quando renames smudar a sala de aula para promoveranogio de uma be ‘Aconsugo de ura comunidad pediginin ns responsabiliade reiproca pelo aprendizado, os al- ‘ot ficam com medo de que voc? deite de ser 0 ca- pitio que trabslha com cles e pase a ser apenas, no fim das conas, mais um membro da tipulagso — als, um membro aio muito confiévl Para educa para a lberdade, portanto, temos que destfiare mudar o mado como todos pensam sobre 0s processos pedagégives. Iso vale especialmente paras alunos. Antesde entarmos envolv-los numa dliscusio de ideias dist e reefproca, emos de ‘ensinarthes © proceso. Deu aula a muitos alunos brancos e ces tém posigies politcas diversas, Mas cles chegam & aula de literatura feminina afio-ameri- ‘ana e nio querem owir discus6es sobre pollicas de raga, classe e ger, Frequentsmentereclamam: “Bu pense que eitecutso era de lreratus.” © que ‘xtio me dizendo, na verdade,é: “Ache que est ur- ‘osetia dado como qualquer outro exso de literati 1 que eu jf fiz, apenas substituindo 0s escriores brancos do sexo masculino por ecrtoras negra do sexo feminino.” les accitam a mudanga to foco de representa, mas resist mudar ax manciras como pensam sobre as ideas. Iso é ameagdor. E poriso que a crftica do molicultualisme busca fe char de novo a sala de ala ~ deter ea evoluggocm como abemor aque sabemos. E como 4 mits ge te soubesie que o enfoque das diferengas tem 0 po- tencial de tevouciona sala de aula € no quisese aque a revolugio acontecse. Uma force eagio po- cura dslegiimar a pedagogia progress. dendo: Enid a vanaredie “Ela nos impede deter pensamentos séiose uma edu- cago sti.” Bsacatica nos conduz de ola questio de ensinar de mancra diferente. Como lidar com 0 ‘modo pelo qual nossos oles nos percebem? Alguns colegas jf me diseram: “Os alunos parecem gosta muito da sua aula, O que voct est fizendo deerado?” Os colegas me dizem: "Parece que seus alunos esto sedivertindo, Sempre os veo rindo, parece que voce ‘etd numa boa.” Por tis disso est a ideia de que ‘yocé¢ umn bom piadsta, um bom ator, mas no est ensinando a si. © prazer na sala de aula provoca medi, Se existe tse, pode ser que um intercémbio reciproco extja acantecendo, Vocé esti rindo, os alunos estio rindo,alguém pasa gor al, entra na sala e diz: “Tudo bem, voct consegue fatto rir. ‘Mas ¢ da Qualquer um sabe contar uma piada.” “Tomam essa ainude porque aideia de reciprocidade, de respeito, nunca €levada em conta. Ninguém par te do principio de que as ideias do profesor podem ser diveridas, comovente, Para provar a seriedade scadémica do profesor, os alunos devem estar semi- ‘mors, silencioos, dormecidos. Nao podem estar tnimados, entusiasmados, fazendo. comentitios, {querendo petmanecer masala de aula E como se cvéssemos que imaginar que 0 conheci- mento € win doce rico e cremoso que os alunos &e ‘vem consumir ¢ do qual dever se nuttt, mas no {que 0 process de gestagdo também deve provocar prazcr. Como proféstora que trabalha para desenvol- ‘yer pedagogia liberadora, me sinto desencorajada Oh: ‘Acontrio de uma comunidade pedagcrica qwando encomtro alunos que aceditam que, se 4 petica for diferente eles serio menos compromed- dos, menos discipinados.Acho que o medo de per der 0 respeito dos alunos desencorajou muitos pro- Fessores universitris deexperimentar nova pris de ensino, Ao contri, alguns de és pens: “Te tho de war 30 jeto tradicional de ensnar, Caso contro, nie vo x repctado cos alunos nie v0 reccber a educasSo que mercer, pois ni v0 me couvie” Quando ex cr sina, poiava qualquer poker sor que quisesse ciarprivicas de ensino mals pro- resists nda me lembeo do esiamo que sent quando asi & primeira aula em que 0 profesor «is mudar nosso modo desenear, em que em vee de sentarem fliras nés fxm um circulo onde po- diam olhar uns para of outros. Essa madanga not brigou a reconhecera prensa uns dos outos. Nio podiamos-xancar como sondmbulos a caminho do ‘conhecimento. Hoje em dia, hi ocasies em que ot alunos resistem a sentar em clculo, Hesvaorizam ‘sa mudanga porque, fandamestalmente, no que- rem sx paticipativos. ‘Veen sa pritica como um gesto vaso, no como uma importance mudanga pedagogica AAs ves, pensam: "Por que tenho que fixe so na sun aula, mas no em codas as ours aula” E ex ppantozoe desinimador encontrar alunos Pearce, {8 no exo abertos& pric libertador,embora fo também veja, a0 mesmo tempo, tants alunos ‘qe ansiam por esa pica. xenando a wansgrede ‘Axé alunos que anseiam pela prétcaliberadora, {que a apreciam, se pegam resitndo porque tém de assist a outrs aula que comeyam e teminam em cdeterminado horitio, onde iniimeras regras so ins- tituldas como modes de expresso do poder, nio ‘como algo que rem de sr feito para possbiltar, pelo menos em certa medida, uma conversagio que se sustente. Como jf dissemos, podemos intervire mo- difcar esa eesisténcia partlhando nossa comprec: so da pritica. Digo as alunos que nfo confundarn ‘a informalidade com uma falta de eriedade, que tes- peirem 0 process, Como ensino de maneita infor ‘mal, os alunos Fequentemente sentem que podem simplesmente se levantar, aire volar. Nao se sen- tem 3 vontade. E 0s embro de que nas outras dsc- plinas, em que o professor diz que quem perder uma aula est fora do cuts, eles sio décise se dispéem a obedece is segras arbitriras de comportamento. ‘Tive uma experigncia interessante no semestre pass- do, quando dava aula no City College. Cerco dia ‘fo pude dar aula efi substinida por uma pessoa cde pensamento muito mais tadicional, uma profs sora autortria tradicional, e a maioria dos alunos scatou estas priticas pedagégicas. Quando voli ¢ perguntci o que tinha acontecido na aula, os alunos parclharam a percepcio de que ela tinha realmente hhumilhado um aluno, usado seu poder de coercio para silencar. "E entio, 0 que vets disseram?", per fgunte. Els admitiram que fcaram sencados em si- Tencio. Esssrevelagbes me fizeram vero quanto csth ‘A consrio deur comuniagepetagigen 97 cotranhads nos alunos percepso de que os profes sores niverstros so ¢ devem ser ditadores, Em cera mid, ele entendiam que e“mandava" que cles dedicasem & pritica libertadors, ¢ por iso ‘obedeciam. Loge quando outes professor ents na tala de alae foi mais auto, eles simples mente entrarary na linha. Mas owiunfo da pita liberador fo que is iemos espago para qustio- nat a8 attudes dels, Ees puderam olbar para sie dizer: Por que no dfendemos nosas cena? Sect que néssimplessent aeatamos a visio que cla tem de uma prtialiberadora ou estamos és mesmos comprometios com eva pritiea”™ Seri que a reagio dees nfo foi influenciads pelo habicor E mito importante chamar aatenso pars ohabio F cif madara extras existences porque o habi- to da repressio €a nota. A educagfo como priica daliberdade no tem aver somente com um conbec- tment liberador, mas tambézy com ua pra lie bertadora nasal de aula. Tatos ene ns ecaram es académicos brancs do sexo masclio que promo: ‘ema pedagogic mas nfo akeram sas prédeas con sala de aul, que afsmam os prvlgos de aga, clase ¢género sem questiona a prépiacondua [No eto com que filam com o alunos, se digem 4s lung, no controle que tent manter, nos eo- rmentitios que fazem, cles reforgam 0 statu quo sso confunde os alunos. Reforca a impressio de que, apesur daquilo que mos, apesar do que ese sujeito RS rand 2 agree di, xaminumot com edad « mandir om jue ele se expressa, quem ele recompensa, como ele tbowdan ponoan navel io hen East feuds man eda ered Mauna wc ow efi ama dct ore Opn ogra suet pais de din Goedel, bast aun material irene Se pro er um ponte devia dient, ma Sate. Mais uma ve, voct ecu eramos ded Ge um aun diac ema aa Aine palo ierador gue ma pb in Se inc ets pr pe Ura conte desi que o simple Sc mudare crcl. porte cre tooled xpesitaia-danatatva confi ‘Poul de ule, Un ds odor pele quai orc ioe au deconfam da elgg poesia Yo ‘lame deonsidesl cm profesor nro ¢ dca ques anes ot ot ema, {Bom mbm cops onh de pier me tas pod indo ne conhcineno inf tag cadena vee sents nse tae de ones Cand gue fl ded pos de vita dat ut Specimens algo ea par canon ‘tala de aula, as vézes pela primeirissima vez. O enfo- Guede penn em aio! toma oe ina ae deconbecmeto a par du gl po dem a, ‘constr de uma comunidad patgigca 8 ‘Um dos aspectos menos compreendis das meus rine ole plea ees ae ee propria vor no ésomente o ato de contr a pré- pias experi. E usar eatrgicmente exe 2t0 dleconear~acharaprpria aor paatmbém pode: falar livtemente sobre outros assuntos. E disso que suits profesor univers tim medo, xe tim momento dill no semeste pasado no City College, no meu semindio sobre Fseritoras Negras “Nettie aul ile com os alunorsobie 2 contre buigdo que cada um dele hava dado salar mas, «quando farm, ee ne mostrarim que nos en {tina dezado com medo defer outros cursos CConfésaram: "Voot nos ensinow a pensat cities: mente, a desire & confront, e nos encoraju a ter vor, Mas com podemot fer outros cursor? [Neses cuss, ninguém quer que née tenhamos vert” Ese € 3 trgetia de uma educaio que no promovealiverdade. E as prtias de wcacso re Dressvas so mas asi em intinig6s do Ext do que em lugares como Obetinow Yale. Nas faul- dades privilegiadas de artes liberi €aciivel que ‘or profesoretmspetem "vor" de qualquer aking ‘que qucra presenta um argumenta: Muito alunes ‘less insitigher se centem doades de um discito entem que nas vores merece sx ouvias. Mas cv alunos de istiniges publics a mora dees de tigem tbalhador,chegam 3 ficuldade sporido {que os profesores entendem que ler nso im nada de bom a diz, nenhuma conebuigso valoss @ apresenar para uma toca dalétia de Hei. BS: RS: Exaando a waned ‘Ac veres os professores univesitirios podem até agit como se fxs importante rconhecer cada pesoa, thas ofzem de manera suercal. Os profesor, fx os que se julgam liber, podem pensar que € thom que orahios fle, mas procedem de mancira. a denalottar o que os alunos eetvarmente dzem. Exams disportos a ouvir Sure ir, mas enti da- rmosas cosas imediatamentespalavas dla obi ‘ands. so mina uma pedagogia que busca cons tamementeafimar o vr das vous dos alunoe Sugere um procsso democtico pelo qual obler2~ zmos as palavas e sua capacidade de inluencar © afirmar, Com exaoblteraso, Sue nfo € eapar de Se vercomo um sui falantedigno dete vor. Nao ine refito somente os noms com que deserve xpritcia pessoal, mas tambm a como el qus- tiona a experncias dor outs 2 como rage 20 conhecimentoapresentado. Em muitas cass, iso vra um cteulovicioso, No fim, todos sbiam que a wor do professor er aque deveria ser ouvida. Bagora que completamos © Cireulo uma coisa exaerada ~ todos sabemos que Sor democitica, uma expreso dessa vor leva a tia conchsio bastante consevadors. Embora 0s alunos etjam alin, cles na reaidade no saber ‘ouvir os otes alunos. [No que oe celere Be pris pedagéicas,temos de ‘nerve para alterar a excutur pdagéicaexicente ccensna oaks a a, ir nas outros ‘bh: Uma das ‘Aconetrio devwa somnidude pelea ‘RS: Por isso, uma das responsabiidades do profesor & criar um ambiente onde os alunos aprendam que, além de falar, é importante ouvit 0s outros com tes pit. Isso nio significa ouvir acriticamente ou que as aulas devam se abertas de tl modo que qualquer coisa que qualquer pessoa diga sa considerada ver- dadeira, mas significa levar realmente a sério © que a ‘outta pestoa diz. Em principio, a sala de aula deve scrum lugar onde as coisas s60 dita a sério ~ aio sem prazer, flo sem alegria ~ masa sério e para se- trem levada a sci, Observo que muitor alunos tém dificuldade para levar a sétio 0 que eles mesmos di- sem, pois esto convictos de que 3 tinica pessoa que diz algo digno de nota € 0 professor. Mesmo que ‘outro aluno dia algo que © profesor considera ‘bom, di, inteligente ou sea 0 que for & somente pela validacio do professor que os outtos alunos 0 pereebem. Seo professor no der aimpressio de in- dicar que isso € algo digno de nora, poucor alunos 0 notario, Entendo como umit rsponsbilidade funda ‘mental do profesor demonstrar pelo exemplo a ca- pacidade de ouvir of outros a stio, Nosso enfoque sobre vor dos alunos levanta tod uma sie de ou ‘ras perguntas sobre o ato de silenciaz Fm que mo- ‘mento devemos dizer que © que outra pessoa esti dizendo nio deve ser desenvolvido na sala de aula? es plas quais gosto de que as pesoas fagam a ligagio do pessoal com o académico & que ppenso que, quanto mais os alunos recanhecem sua singulatidade eparcularidade, max les ouvem. Por RS: ‘elm atranegete is, uma das nha xa de esino conse em ‘edconar tengo dees dnndo- da minka vor e Girgndoa para a ves ons dos ous. Erm geal peo quis aconece mas rip quando oval hos trcam epics no contro de um ea ct Gkmico, pis ero ce ena dos ton “Agra hi pouco, menconlo diem de que os proftsores universicrosinapetes de + comuni Carbem no podem enna oralanosa Se comanicar Muito profsores que cana incsio de nara: sivas confessions ou discuss digestva na sala de aula onde Go principales o alunos que fa Tam: aegeam porque nao tim as habilidads neces srs pa fata o didlog. Una ve ue se are 9 espace pt dflogo na ala das ese momenr® tem deseronquestrad para que vot no que at lado com gente que simplemente gota do som ds propria vor ou gents napa de reaconar ua expe Finca peso com ema aden. Revere, = ‘Go imetomper os alunos dae “Mai intersan- tesmas de que modo io tem a er com o romance ‘qe eames endo?” Maia pnt alunos profesor, acreage qu do owe gente come nb indo sobre exile ‘ov alunos deem sa opnio na ala de al, nd tos sent endossando ima seo de rap eer tipads tos dizer o que sere & ala nao tem nenbuma dso, nenhum propio & no que todos sina ben ud pode ser dt, Mas € po sivelercrtico eee 20 mesmo tempo. For be ‘A contro de ua comida pedagigea a8 sive iterromperalguém € mesmo asim trvar um didlogo série respeitoso. Com demasada fequen- cia se supe que s¢ voct “der liberdade aos alunos” ~e€ um ero pensar que estamos falando de dar li- berdade aos alunos, pois a liberdade, na verdade, & tum projeto para 0 qual profesores¢ alunos tab tham juntos ~ haverdcaos¢ nenhuma discuss sia acontecert, E essa diferenga da educagio coma pritcadaliber- dade. O pressuposto inicial tem de er © de que to dos na classe sf0 capazes de agi com responsabilida- de. Esse tem desero ponto de parida~ de que somos capazes de agi juntos com responsiildade para criar um ambiente de aprendizado. Com demasiada fiequéncia, nds, profesores univers, somes for- ‘mados para supor que 0s alunos nfo sio capazes de air com responstbildade; que, s mio exrcermas control sobre eles, haver babsia © nada mais. Qu excesn Exe um medo temendo de abr mio do controle masala de aul, de cote rises. Quando 10s professoresabrem mio do contole, fo ésomen- te a vor dos alunos que tem de ilar com liberdade, é eambém ado professor. Os profesores tim de pra- ‘ica a iberdade, de fla, eanto quanto 0s alunos. Exatamente E uma questio ent que insist repetida- ‘mente nos meus enstios sobre pedagoga. Boa parte dos trabalhos académicos femiistas que ertcam a pedagogia critica ataca a nogfo da sala de aula como ‘um espago onde os alunos tém podes. Masa sala de aula deve serum espago onde todos nds temos poder RS: Emanando a transrede de wma mancra ou de outa. ss significa que nés, professors, temos de ganhar poder por meio de ossasinterag6es com os alunos. Tento mostrar em rus livros © quanto meu trabalho é influenciado pelo que os alunos dizem na sala de aula, pelo que cles fzem, pelo que me expressam. Cresco intelc- ‘ualmente 20 lado dele, deseavolvendo um enten- dlimento mais ntido de come partilhar 0 conhec- _mento e de o que fazer em met papel participativo ‘com os alunos. Essa é uma das principaisdiferengas centre a educagzo como pritica da liberdade e o sis ‘ema conservador de educasio bancitia que encors- jn os profesores a acreditarem, do fundo do seu ser, aque cles no cém nada a aprender com 08 alunos, E isso nos leva de volea 8 sua énfise na podagogia ‘engajada, no compromsso. Os incelecruais até mes- _mo of ries, ttm de tomar euidado para ng re forcar 0s proprios modos de dominagio em sua pré- tica com 0$ alunos. Usar um discurso de libertagio, _nio éo bastante quanda nés, no fim, caimos de vl ta no sistema de educagio bancira. ‘Quando enero na sla no comega do semeste,caby 2 rim esabelecer que nosso propio deve se 0 de ria juntas embora por pouco tempo, uma comuni- dade de aprendizagem. Iso me posiciona como die cente, como alguém que aprende. Mas, por outro lado, nfo afro que mio vou mais ter poder. Eni ‘sou tentando dizer que aqui somos todos igus. Es- tou tentando dizer que aqui somos todos iguais aa me- BS: ‘Aconstruste deus comunidde pelagen 28 ida em que estamos todos igualmente comprometi- dos com a ctagio de um contexto de aprendizado. ‘Correto. Isso nos eva de vota& questo do espeito. Certamente € wif fingir que todos somos iguais, pois em dims andlise & professor quem vai dar a ‘nots. Em termos tadicionais, € esa fance do po- des, e todos nds, como alunos € como professores, fazcmos algum tipo de julgamento. Na Sala de aula bem-sucedida, néo & esa a fonte verdadciea do po- der. O poder da sala de aula liberadors é, na verda- de, 0 poder do proceaso de aprendizado, o trabalho ‘que fzemos paraciar uma comunidad. ‘Ouuea difculdade que tive de resolver no comego da minha vida de professora foi a de avaliar se nossa cexperiéncia na sla de aula fei, ou no, compensade- 12 Nas dscplina que dou, os alunos frequen emen- tesedeparam com novos paradigmas se solicta que rmudem sat mancra de pensar pars levar em conta noras perspecivas. No passado, eu costumava sentie {que esse tipo de processo de aprendzado € muito dificil: dotoroso e pertutbadox. Pode ser que s0- mente seis meses depois, ou um ano, ou até dois anos depois, eles pereebam 2 importéncia do que apren- deram. Isso er dif para mim, pois acho que uma das coisas que a educasio banciriaoferece 20 profes sor & um sistema no qual queremos sentir que, no fim do semestee, todos of alunos estado seacidos Fazendo sas peoase dando testemunho de que “ea sow tas bom professor". Tudo se resume em eu me Sentit bem, bem comigo mesmo. bem com a clase bh: Enenando a anger Mas so reconccitsliar apodagoga engaads tive depercber que nosso popto aq nao €0 de nos ‘errno be. Hi alan rama de que ns go tomos mas em gel ser Bch, Temos de aprender Spec também «died como ui eto no “Ksenhimento intelectual Ow sear que ade ‘ensimento gosto, conor pode 4 vezes bo ‘year 9 posillade de damos spag0 aos shnos fa sentem que exist uma nepal ser cul Yada moto de ida comm un matric i quer ese material su fomesido or natracas onfsionas, qr por ies, qt Po discusses Os proesore verdaderament radcis tim con ciémia dso eo seus clea alguns alunos loo ampreendam plenament- Ar vrs € impor tame lembrar 0 alunos que a ales pode cm ‘om onal dre, Nem rods 08 moments Na Sal de aula ero necessramente tm pra ime- Gino, mas so fo cach a posiidade da alia ‘em nga reidade de que preset pode xe dol tose Es vse € precio mbar os anos eo o Iegas que dor asta dloroas nem sempre se taduem em danos.Cometemos ee ero nds tment o eampo todo, Nem rod do € dane nem todo pre € bom, Nios cles passa em ete 2 ums clase engajada event os luns abalhando, ‘cbn-nos quer chorand, ier rindo e gargalhan- do esupem que iso é mer emogso, (Ov, quando €emogio mesmo, supdem que x tata de uma apse de terapin de grupo, Poucos profes ‘A constr de ua comuide pages 27 sore fam ibre ola das emoyées nasal dea No capitulo intodutério deste ofl sre mi nha voncade de que a ala de aula sj um liga de nui. Se formos todor emocionalmente f- Chaos, come poder aver ents plas dias? {Quan lermos noes pido ala de aul, nose painies coletivar junta requentenese acon fece uma rag mocins, que pode ser ito Fr- tO rial ret eps da ala de ala ine Stem que io lugar paras eae emocionais Sempre que imompem 14s emaconsi, muitos entre nfs teem que nos eee wedi ficou Prejudicad, Pa mim ea € una visio diorcida ds rite intel, pois © presipos por tis dela € que pra ser verdadirament tle voct tem de evar separa ds a cmos. (Ou sendo, como voce iene, € mas ma pric de nga, onde plenieude do cone da sha da pesos nao pode entrar na sla de al Se nfo nor concentrator somene questo de saber se aemogies podem pine o dor mas omo es nor wantém atentore consents, nos Iembraremor de que elas podem mors a ul 4 ocatiges em que ento na alae o alunos pare cen mortlmenteenediados.E ther digo “O que contece? Parce qe todos exo muito enteiados te. Prec ue exsamos sem ene. O que deve ros fier! que podemos fans As vers, digo *Sem divida, aires em que eanorcaminkando do ext despernao or sentido a pades de nsinando a rms ‘oot neste momento.” Minha inteno €engaos de modo mais pleno. As eas, os alunos querem ne- gar que cucjm coleivamenteenteiados. Queren me agra. Ou ndo querem me citcar. Nesas cases, tenho de fsa: “No exoulevando iso parao lado pessoal. tarefa de fazer aula funcionarnéo cabess 4 mim. E rsponsabilidade de todos.” Entio eles re ppondem: “E época de prow, ou “E este horério", ou Eo comogo da primave, ou "Nao querlamos tar sentados aqui”. E eu teno dizer: “Entio, 0 que porlemos fixer? Como podemosabordar nosso tema part comélo mais interesante” Um dos aspectos mais intensos da prética pedagégiealibertadora é 0 esa, da parte do profesor, de mudaro programa predeterminado, Todos nésaprendemos a plangjaras alas e quetemos nos ater ao nosso plano. Quando omeos a lecionar, eu seat pico, me senia em tise, toda vez que huvia um desvio em rlagso 20 sma predetesminado. Acho que a cise que to A senior er i mada de plan de aula &0 medo de nio conseguirmos pasar todo 0 that, quando penso nso, tenho de combater ten préptio “ets pode ser que © material que eu imais qucin que eles conheyam num determinado dando sj necesariamenteaquele que mais promo- ve 0 aprendzado, Os profewores univerieiios po- dem distribuie o material eet 0 quanto quiserem; mas, sas pessoas nfo etverem dspostasarecbélo, sem da sl varias daquelainformacae, por mais que que realmente cumpriu 0 devee. ‘A constr de una comunidad dag 7 RS: Concenaarse em pasar todo o material € um dos ‘modos de car de volea numa educagio banciria. Iso Frequentemente acontece quando os professors igno- ram 0 estado de humor da clase, o estado de humor da esagio do ano, até o estado de humor do eifici. ( simples ato de reconhecer um estado de humor © perguntar °O que etd acontecendo?” & capaz de des- pertar um procesto de aprendizada empolgane. 4h: Coeto. E como nés trabalhamas com ese esado de humor ou como lidamos com ele se ndo Formos ‘apazes de wabalhar com ele, RS: Correo, Lembro-me de um momento extremamen- ‘te tocante que me aconteceu numa aula. Varas per- bagées haviam ocorrido em razi0 de problemas de horiio das alas; as alas comejavam ¢ termina ‘vam em horirosinustados. Os alunos eram obriga~ dos a sir no meio de uma aula er pata oura. A per- turbasSo envolvia cerca de cinquenta pessoas. Acer altura, havia um fluxo consinuo de pesoas entrando na sala eos ator passavar sem parar sobre o campus cdo Queens Callege- Olle pars cima e dss: "Basta por hoje. Ino n2o vai dar certo 2 menos que voces ‘queiram ir para outro lugar. Eu no posso fazer mais nada, Nao esté dando certo para mim. Cheguel 20 ‘meu limit.” Perguntei se mais alguém na classe que- ria omar o meu lugar, conduzir a dscussio, mas to- dos concordaram que aquilo nfo estava funcionan- do, Depois, as pessoas correram ats de mim para perguntar: "Voce esti chateado? Batd bravo conot- co?” Beu dise:"De eito nenhum Fssa aula foi como sna 2 waged tum jogo de beisebol que no dea ce, Est done 4 ero’ primeira entadae comesowachover. Vamos encerar por hoje.” Isso nos leva de volta & questi das notas, Mutos profesores uninestvios&m medo de permit que fs pensamentosvagueiem sem diego na sla por temer que todo desvio em lo 2 programa pre- eterminado prsjudique o proceso de avalago. A ‘ala de aula transformadsa tem de andar de mos da ds com um proceso de siagio mais flex. Os prides sempre devem se altos, A excelénci deve Ser valczada, mas ox pases no podem sr finns e soli. ‘Na nmictia dor cursos que don, assum a posigio de bseradot. Exo ali para observa eavala taba- tho que etd sendo feo Quando voce reconhece que somos obseradors, iso significa que some abalhadores nasal de aula. Para fr ber ee ello, no posemos simples ment feat em pé ante da clase ele. Para ibe et tum ako et partcpando, tenho de estar ouvindo, tenho de eta regicando, meu pensamento tm dec além daguele momen. Queto que eles pen- Sem “Fstou aul pra wabalbar com este materia par wabalhar eon ele da melhor mancir poste E fo pos ter medo da nota que vou ober, pois, seu teabalhar com ese material da melhor mania poss velo que ao vai se ret a mina now.” Tento omunear que nota algo que des poder conto- Jar por mo do seu trabalho em sala cde aula A conarigo Je ums comoniddepedagépecn 21) ‘Acho essa questo realmente importante. Muitos alunos sentem que nunca podem ter a pretensio de avalar posamente 0 pra ahalho. Outra per 50a € quem wi decidir s elesesto abalhand duro cou tabulando bem. Ou se erste waa desvalo- Finago do proprio esforg. Nosa taefs€capaciar 0s ahunos para ter habilidade para avalas adequada- mente eu erescimento académico. A obseaso por boas notas tem tudo # ver com 0 redo do facass. © ensino progress tena exra dca ese medo, anto 10 alunos quanto nos prof: sores. Hi momernoa em que me preocupo com a possbilidade de nao estar sendo uma “boa” profes- Sora, depois me vejolutando pars romper com o par bindriobom/ruim. E mais ti para mim imagi- ‘acme como uma profesora progress que td dlsposta a asumir tanto seus sue90$ quanto seus fiaczssos na ala de aula, ‘Maultas vezes falanos do “bom” professor quando queremos,naverdade, nos refer 2 um profes ple- nna €profurdamente engajado com arte de ensinat Isso me fa pens imediatamente no budisne jado, que pode sr jutaposto 20 budismo mats orto- dloxo. O budisino engajado enftiza a partcipacio ‘oenvolvimente,paricularmenteoenvolvimento com ‘um mundo forage n6s mesos. “Engajada’ € um adjeivo marailoso para descreverapritcalibera- doracm sala le ala Ele nos convida estar sempre n0 ‘momento presente, alembrar que sala de aula nune ‘cada mesma As manciras tadicionais de pensar na indo a ranged sala de aula frisam o paradigma oposto — que a sla de aula € sempre a mesma até quando os alunos si0, diferentes. Conversando com colegas no comego do ano letivo, eles fequentementereclamam dessa mes- mice, como se sala de aula fosse wm lugar intrnse- ‘camente esttica, Para mim, sla de aula engajada ‘std sempre mudando, Mas esa noso de engajs- mento ameaga as prétcas insttucionalizadas de domi nage. Quando sala de aula realmente engajada, cla é dinmica. £ fluida, Ed sempre mudando. No ‘imo semestre, dei um cuso que, quando termi- now, eu sentia que estava flurando. O curso tinha sido marie. Quando terminou, 08 alunos sa biam que nio precisavam peasar como eu, que nio ‘seavam ali para reproduzir a minka pessoa. Safran ‘com uma nogdo de engajamento, com uma nosio de si proprios como pensadores ertcos, entusissmados pea atividade intelectual, No semestre anterog, eu ‘dei um curso que simplesmente odiava. Odiavatan- to que nfo queria acordar de mania para dar aula [io conseguia sequer dormir noite, pois 0 odava tanto que tha medo de dormir e perder a hora. E comegava is 8 da manbi. Nao deu cerco. Uma das coisas que me fascinaram ness experiéncia foi que ‘nfo conseguimos ria uma comunidade de aprendi- ado na sala de aula. Nio que um ot outro aluno ‘no tenba aprendido muito; mas, no que se referea car um contexto comunititio para 0 aprendizado, foi um fracaso, Esse fracasso me partis o corasio. Foi dificil aceitar que eu mio tinka sido capa de A conseucto de wma comunidad peaagigea 213 controlar diego em que a classe exavacaminhan- do. Eu pensava:"O que posso fazer? Eo que poderia ter feito?” E fcava me lembrando de que nio podia fazer naa cornha, que ali também hava quarenta Bos parte do que flames tem relasfo com nossa no- so de tempo ¢temporalidade na sala de aula. No comego de cada semeste,teaho muita conseienca de que esse € um dos momentos mais imporeanes. [Nio ineresa que seja um ritual para os alunos — também hi um entusiatmo genulpo. Bem no come- cinho de cada semeste,tento usar ese encusiasno par aprofundar e enriquecer nossa expericia na sala de aula. Quoroaprovetar ewe entusasmo pelo aprendizado para suxenté-lo, para que ele continue ‘emmovimento duran todo o semesre. Os profer sores engajados sabem que as pesoas tendem a aprender até nas piorescircunstncias. As pesioas tendem a aprender, mas nés queremos mais que 0 simples aprendizado. E como diner que, até ns pi res crcunstncis, 28 pessoas soBrevivem; aqui 0 estamos iteressdos na simples sobtevivéncia. [Exatamente por iso que “educagSo como pritica da liberdade” & uma expresio que sempre me im- pressonou. Quer a pedagogia tenha sido engajada, ‘quer nfo, os alunos sempre saem da aula com algy- ma informasio. Lembro de uma disciplina que fiz ‘com um profesor gravemente aloodara. Ele era uma, Figura eigica, que frequentemente chegava arasado a aula efalava cosas desconexas, mas ainda era por- BS Ena awansgreie xtra algo daquele materi Por our lado, ‘xptitca fo bowie. Nés nos tornévamos cim- plios da sia dependénca do cool a cada aula fqundo ndo a viarns. Exe exemplo me fa pent {de novo em como vemos 0 corpo, 0 “eu” do pofs- Sor Embora ele exvese babado, wtpegp, dando a tesa aula que dea na semana anterior, ns no favamos nada porque nfo queiamos perturba a auroridade dele, a imagem que de tina des. Nio Gquettmos romper es ncgigi; ramos simpes- mente cmplice. ‘A camplcdade frequemtemente acontece porque tanto os prafesores quanto of alunos tém medo de ‘questions, porque is Sigiticara mais rbalho. A prdagogiaengaada€Bscamenteesgocane Piso gem om pouco aver com o nimero de pes- soas. Aréa melhor sl de aula, a mais engafala, pode nur so © peso de um nimero excesivo de pessoas. Este problema me afeou muito na minha Carri de profesor. A media que me tone mais ‘ompromztida com 2s priticas pedagopicas ibera- Alora, mis clases se tomaram grandes demas. Tor iso, esas pica so solapadss pla simples squantiade de gene. Rebelando-me contra soe de iss em impor limites ao amanho das dass ‘Aclase superotads como um edifiiosupelrado = a earuura pode ruiz ‘Aproweiands 4 metifora do edifici, digamos que tno prio aj alguém encaregado ca manurengio. $s pessoa é uma excelente tabalhadora efx rudo RS: ‘Aconaropso de ua comuitepedgsgica 28 ‘© que deve se feito, com peccisioe responsabilidar de, Mas oproprieciro ests superltando 0 wfc a tal ponto que todos of sistemas ~ 0 esgoto, os bi heros, acoleta de lix, tudo ~serornam sobrecar- reqados. Vai chegar a hora em que aquela pessoa fi cari exaust; ¢ embora esteja firendo um trabalho excelente, 0 resultado Ser4 um edificio que ainds ‘parce sujo, mal eyidado etc. No que se refre & ins Tituiglo, temor de pereeber que, se estamos taba lhando conosco mesmos para nos tornar mas ples mente engajados, hé um limite para © que podessos fazet. No fim, ainstivuigdo vai nos exauie pelo sim- ples Fto de no exstir um apoio insicucional cont!- ‘nuo ie priticas pedagogic libertadors. Isso tem me perturbado muito. Quanto mais «sala de aula engajada se torna supedorada, mais ela cone © risco de sex umn expeticulo, um lugar de dvesio. Quando isso acontce, 0 poder potencialmente tans- formador dessa sla de aula é minado e meu com promisso-com 9 ensino tambéat ‘Temos de restr & tendéncia de sermos transforma dos em expotéclos. Isso significa resitr & condigio ‘de“ast",resistra desempenkaro pape de ator. Eu dria que uma das desvantagens da sua fama talver sj oft de voot atrair certs pesos sla de aula ara assis, no para se enggar. iso € um problema {que diz respeito 4 nossa cultura em sua wlacio com fama, mas cala pessoa pode se recusat a ser sim- plesmente vista como um espericlo,

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