O Mito Da Monogamia PDF
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10, 2007
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e evitamento de relaes sexuais exclusivas com uma nica fmea) era uma
realidade bem assente na cincia biolgica, o que os autores trazem ribal-
ta a constatao recente por parte de bilogos e zologos que essa mes-
ma tendncia de evitamento de relaes sexuais exclusivas com um nico
parceiro se encontra tambm nas fmeas (poliandria). A possibilidade por
parte dos ornitlogos de levar a acabo anlises de DNA trouxe a descoberta
de no ser invulgar que 10 a 40 por cento das crias das aves monogmicas
tenham como progenitores um macho exterior ao casal (p33). Os autores
falam ento de dois tipos de monogamia: a social (dois indivduos vivem
juntos, fazem um ninho juntos, recolhem alimentos juntos e copulam mas
no de modo exclusivo juntos e partilham a responsabilidade de criar a
prole) e a sexual (igual ao modelo anterior, mas com copulao exclusiva de
qualquer outro parceiro) (p25/6).
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parte do macho com quem tem a monogamia social (caso o macho fos-
se conhecedor das CECs Cpula Extra-Casal da fmea deixaria de ter a
certeza que a prole que est a ajudar a criar realmente do seu patrim-
nio gentico, e assim deixaria de participar nas tarefas em questo, isto ,
diminuria ou retiraria totalmente o seu investimento parental); no entan-
to, e em caso de suspeio de CECs e consequente abandono por parte do
macho com quem tinha uma relao de monogamia social (p198), a fmea
teria a possibilidade de recrutar alguma ajuda por parte dos machos com
quem teve CECs que assim se tornaram progenitores de parte da sua prole.
E aqui, nas grandes vantagens materiais (p 168/9) que apontam existirem
para a fmea em ter ajuda na criao da prole, que Barash e Lipton encon-
tram as vantagens (p198) para um sistema monogmico (social e sexual)
que notoriamente dificil (porque, como dizem, no natural) (p207).
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parte da fmea do casal levam o macho a procurar a cpula com esta,
quando anteriormente referiram que ao adultrio (conhecimento por
parte do macho que a fmea copulou com outro macho), responde o
macho com o abandono ou com a violncia (cap 2).
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o ao cansao (p 114). Mesmo pondo de lado a existncia nos mamferos
quer da libertao durante o acto sexual de substncias qumicas indutoras de
bem-estar (nomeadamente endorfinas e ocitocinas), quer a prpria existncia
do orgasmo (nos primatas superiores, sem dvida), realidades que poderiam
ser suficientes para explicar a apetncia por cpulas frequentes e com parcei-
ros variados, o que no se pode pr de lado na considerao dos comporta-
mentos sexuais humanos a nossa capacidade biolgica para a cultura.
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A cultura uma forma de ordenao do mundo. Mas a cultura no somente
articula o mundo (ao dar-nos sentidos e significados para a realidade viven-
ciada), como nos d as directrizes de como agir nele (modelos comporta-
mentais). Assim perante a questo se a monogamia ou a poligamia (ou os
sistemas monogmicos ou os sistemas poligmicos) so naturais, a resposta
tem que ser que sim, pois so ambos opes culturais. A actividade sexual
humana, mais que mediada por, ela um facto de cultura. Basta contemplar
a existncia das proibies de copulao com indivduos cujos os sistemas de
ordenao que os nossos sistemas de parentesco so colocam em deter-
minados lugares dessa grelha de relacionamentos. Seguindo a estratgia dos
autores deste livro em relao monogamia, pergunta se o incesto algo
de natural, olhamos para o mundo animal e temos que dizer que sim. No
entanto, perguntem a qualquer indivduo se a relao deste/a com X que
seria uma relao classificada como incestuosa, (como por exemplo a cpula
entre progenitores e filhos ou entre irmos de sangue na cultura ocidental)
seria natural, e a afirmao ser a de um veemente no. O incesto no existe
no mundo animal porque nele no existe tambm o facto de cultura que so
os sitemas de parentesco e respectivos cdigos de relacionamento.
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famlia. E como Maurice Godellier cabalmente demonstrou no seu livro de
2004 Mtamorphoses de la Parente, os sistemas de parentesco (que so infi-
nitamente diversos e variveis) implicam uma distribuio de poder; servem
no para regulamentar ou organisar a vida econmica, poltica ou religiosa,
mas sim para regulamentar descedncia e aliana. Os seres humanos so a
nica espcie co-responsvel com a natureza pela sua evoluo. E se no pas-
sado raramente reconheceram a sua responsabilidade na criao das regras
de parentesco (remetendo os comportamentos sempre para o domnio do
natural), agora pouco possvel fazer tal. As leis e costumes que regulamen-
tam as relaes entre os sexos esto em plena mutao: frequncia cada vez
maior de famlias mono-parentais, casamentos homosexuais, reproduo
humana medicamente assistida e a possibilidade da clonagem humana so
realidades que preenchem a ordem do dia e a vida pblica. O que realmen-
te separa os seres humanos dos outros primatas que ns no s vivemos
em sociedade, como temos que produzir sociedade de modo a poder viver.
E este elemento central da nossa constituio biolgica enquanto espcie
animal est totalmente ausente do livro de Barash e Lipton.
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