Relatório de Energia Versão Final 26-10-2011
Relatório de Energia Versão Final 26-10-2011
Relatório de Energia Versão Final 26-10-2011
Outubro de 2011
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Ficha Tcnica
C.P. 2064
Website: www.ceic-ucan.org
CEIC/UCAN
Alves da Rocha
Francisco Paulo
Nelson Pestana
Paxote Gunza
Precioso Domingos
Regina Santos
Sendi Baptista
Investigadores Colaboradores
3
Amlia Quinto
Pgina
Cludio Fortuna
Emlio Londa
Fernando Pacheco
Jos Oliveira
Miguel Manuel
Milton Reis
Rui Seamba
Salim Valimamade
Vera Daves
Administrativos
Afonso Romo
Evadia Kuyota
Lcia Couto
Margarida Teixeira
4
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RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
NDICE
CAPTULO 1
Alves da Rocha
CAPTULO 2
CAPTULO 3
PETRLEO E GS EM ANGOLA.
Jos Oliveira
CAPTULO 4
Ana Alves
CAPTULO 5
PETRLEO E GS EM FRICA
Emlio Londa
5
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RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
CAPTULO 1
Alves da Rocha
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
INTRODUO
1
Na sade e educao e na educao superior e formao, o pas o ltimo classificado e ocupa a 139
posio geral no ndice agregado e sinttico de competitividade. Talvez por aqui se consiga entender uma
parte do problema da inflao em Angola: os custos operacionais da actividade econmica so muito
elevados e esto associados a nveis reduzidos de produtividade do trabalho.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
CRESCIMENTO ECONMICO
Angola tem sido invadida por muito crescimento depois de 2002, um marco
da independncia de Angola, depois de 27 anos de guerra civil. Dir-se-ia que se
8
2
Rcio dado pelo cociente entre os valores agregados do petrleo e refinados e da energia e gua, de
acordo com a classificao das contas nacionais.
3
Entrevista concedida Revista Estratgia e publicada no seu nmero de Setembro de 2011.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
FONTE: Relatrio Econmico de Angola 2010, Universidade Catlica de Angola, Centro de Estudos e Investigao
Cientfica.
4
A incluso de mais anos na regresso economtrica ensaiada no relatrio de 2007 veio confirmar os
resultados do ajustamento e mesmo 2009, embora atpico na sequncia de crescimentos positivos, no
representou qualquer infirmao dos resultados gerais.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
CONCLUSES
As anlises e reflexes anteriores possibilitam o alinhamento de algumas
concluses:
CAPTULO 2
Investigador do CEIC
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
ANTECEDENTES
Angola, pas devastado por uma longa instabilidade poltico-militar, est neste
momento a viver um clima de franco crescimento. Erros acumulados ao longo de
muitos anos por factores diversos, sendo a situao de guerra dos mais marcantes pela
destruio de infraestruturas aliada a uma flagrante escassez de recursos financeiros
para alguns dos sectores chave, a inexistncia de quadros em qualidade e quantidade
para fazer face aos inmeros desafios e outros condicionantes fizeram de Angola um
pas de difcil governao.
O sector de energia no est alheio a essa situao. Sendo um sector transversal,
o seu funcionamento tem impacto fundamental em outros sectores. No entanto, como
parte de uma estrutura, ele no pode por si s resolver os inmeros problemas
existentes, estando muito dependente de outros sectores da economia nacional. Este
apoio basilar no sentido de darem a sua contribuio para que com a melhoria do
sector de energia todo o pas se desenvolva de forma harmoniosa e sustentvel.
Assim, como meio de assegurar uma implementao adequada da reforma e
modernizao do Sector Elctrico de Angola, o Frum sobre o Desenvolvimento do
Sector Elctrico que teve lugar em Luanda, de 6 a 8 de Outubro de 2004, concluiu que
as intenes e planos de reforma do sector deveriam ser detalhados e formalizados num
programa de reforma do sector elctrico.
neste contexto que o Ministrio da Energia e guas decidiu preparar um Plano
Director da Reforma do Sector Elctrico (designado por Plano Director da Reforma)
definindo as actividades principais da reforma, prioridades, prazos, responsabilidade de
cada instituio e entidade, oramentos e potenciais fontes de financiamento, assim
como mecanismos de controlo da implementao do programa da reforma.
Convm realar, que entre os ganhos obtidos na reforma do sector podem
salientar-se a reviso da Lei Geral da Electricidade, instrumento fundamental para o
18
Energtica, que inclui os sectores do petrleo e do gs, e que teve como sustentculo
primrio um conjunto de documentos elaborados pelo MINEA.
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* - Todas as Tabelas e Grficos, ao longo deste capitulo, com (*) indicam que se tratam de
previses/programaes que podem ainda sofrer ligeiras alteraes.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Esta compilao visa dar uma noo da evoluo do sector a partir de 1996 e as
suas perspectivas at 2016, com base numa srie de estudos e seminrios realizados ao
longo de alguns anos. O princpio que orientou a sua elaborao foi o de preparar um
instrumento efectivo de trabalho que distinga o principal do secundrio e que, nestes
termos, incorpore somente as aces consideradas essenciais e indispensveis para a
realizao dos objectivos propostos para o desenvolvimento do sector de energia de
Angola.
Luanda e tem estado a receber a fraco que estava sob a responsabilidade da ENE. Est
tambm a operar na provncia do Bengo.
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EN E+
ENE GAMEK ENE EN E
NamPower
Sis temas Sis tema Sis tema Sis tema (Nambia)
I s olados Norte Centro Sul
C on su mid ores
Preos e Tarifas
O sector de electricidade de Angola tem actualmente em vigor alguns dos nveis
mais baixos de tarifas da frica Austral e da frica Oriental. A agravar esta realidade o
sector tem um ndice elevado de perdas de transporte e de distribuio e uma
produtividade das mais baixas da regio. A recuperao dos custos no sector foi
estimada apenas em pouco mais de 20% em 2005, pelo que o mesmo tem necessitado
de 80% dos custos em subveno do governo para se manter em funcionamento.
21
Neste contexto, o Executivo tem pela frente decises polticas importantes que
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toda a demanda esperada para o pas, um programa de produo de certo modo mais
realstico que muitos anteriores.
Devido aos prazos exguos para o estabelecimento de novos empreendimentos
de produo e considerando que h um elevado nvel de demanda reprimida em vrias
regies do pas, optou-se por igualar a demanda produo disponvel ano a ano,
prevista no programa de produo do MINEA, e assim, determinar o sistema de
transporte necessrio para escoar toda a capacidade instalada de produo, sem
limitaes impostas pelo sistema de transporte, j que limitar a capacidade de produo
de energia, devido falta de um sistema de transporte adequado representa uma
importante restrio no sistema elctrico de um pas.
Lubango 30MW).
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as cargas totais dos sistemas Norte, Centro, Sul e sistema isolado Leste, nas suas
subestaes, com base na populao estimada.
Nos sistemas Centro e Sul foi utilizada a populao das provncias para ajustar
as cargas das subestaes. No sistema Norte, foi dado destaque para provncia de
Luanda e atribuda a maior parcela da carga no sistema para esta provncia (83%). A
carga de Luanda foi distribuda de forma equilibrada nos centros de carga de Viana,
Cazenga, Cacuaco e Camama.
Nas demais provncias (Zaire, Uge, Kwanza Norte, Kwanza Sul e Malanje) os
17% restantes da carga foram rateados nas subestaes, de acordo com suas populaes.
Para as cargas mdia e baixa foram adoptadas relaes de 80% e 52%, em relao
carga mxima.
Devido demanda reprimida em todas as regies do pas, as taxas de
crescimento seguiro a evoluo da produo disponvel, isto , considera-se que a
demanda mxima ser igual produo mxima disponvel em todos os anos.
PROGRAMA DE PRODUO
Em operao
Sul CD Namibe 12 1 12 (alugada) T
Sul CT Namibe 58 1 58 2012 T
Sul Matala 13,6 0,5 6,8 2015 H
Sul Jamba-ya-Oma 75 0,5 37,5 2016 H
Sul Baynes 200 0,5 100 2017 H
Sul Elica Namibe 100 0,3 30 2014 E
Para esta carga, o sistema opera em condies normais dentro dos padres de
desempenho quanto aos nveis de tenses nos barramentos entre 95% e 105% da tenso
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(GAMEK)
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
SUL G 69 69
termos percentuais ao longo dos ltimos anos. O fornecimento provncia feito por
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Esta obra ser responsvel pelo transporte da energia produzida pela CT Soyo
at ao centro de carga em Luanda. Esta central est prevista no programa de produo
do MINEA para entrar em operao em 2012, com a sua primeira unidade produtora de
400MW.
Devido grande distncia envolvida (aproximadamente 340km) e a potncia a
ser transmitida (800MW), dever ser usado o nvel de tenso de 400kV. Esta linha
39
Esta linha de transporte tem como funo principal escoar a energia oriunda da
subestao de Cacuaco, reforando as suas interligaes em 220kV com o restante do
sistema, alm de melhorar o fornecimento subestao da ZEE e reduzir a carga no
eixo Viana Camama.
Esta linha, cujo comissionamento est previsto para meados de 2012, faz parte
do projecto de interligao dos sistemas Norte e Centro e refora o fornecimento
41
Note-se que, com a interligao dos sistemas Norte e Centro, pela LT 220kV
Gabela Bipio, h uma elevao na capacidade de atendimento no sistema Centro,
podendo haver transferncia de energia do sistema Norte para o Centro, respeitando o
limite da interligao, facto que resulta num atendimento maior do que a produo
disponvel no sistema Centro. No sistema Centro, a limitao no atendimento em
condio normal de operao, d-se devido carga na linha de 220kV Cambambe
Gabela e Gabela Bipio e a tenso na subestao de Bipio e regio de Benguela, que
atinge valores abaixo de 95%, para fluxos superiores a 130MVA na interligao Gabela
Bipio, mesmo considerando-se os dois bancos de condensadores de 10MVAr em
Bipio.
A diferena entre a produo total e a demanda atendida total so as perdas
elctricas no sistema. A configurao do sistema de transporte previsto para o ano de
2014 encontra-se na figura a seguir.
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Pgina
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
fluxo na interligao Norte - Centro, que poder atingir a capacidade mxima da linha
Cambambe Gabela, estimada da ordem de 200MVA.
Esta obra foi relacionada a esta data, como indicativa, pois dever ser
confirmada pelas projeces de demandas futuras, para reforar a interligao entre os
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Esta linha faz parte do sistema de ligao da AHE Laca, responsvel pelo
transporte da energia produzida pela central at aos grandes centros de carga.
outra linha, que passar a cobrir a extenso Cacuaco Catete, interligando estas duas
subestaes em 400kV.
SE Camama 400/220kV 2 e 3 transformadores de 600MVA SE Cacuaco
400/220kV 3 transformador de 600MVA, SE Viana 400/220kV 3 transformador de
300MVA
O aumento de 1500MW de potncia provenientes do AHE Laca traz a
necessidade de ampliao nas transformaes 400/220kV prximas a Luanda.
Ser necessria a instalao de um terceiro transformador de 600MVA na
subestao de Cacuaco, da 3 unidade de 300MVA em Viana, e da 2 e 3 unidades de
600MVA na subestao de Camama, para evitar sobrecargas nestas transformaes na
perda de uma das unidades.
Esta linha faz parte do sistema de ligao do AHE Jamba ya Oma, responsvel
pelo transporte da energia produzida pela central, at aos centros de carga. Esta linha
ser responsvel tambm pela interligao entre os sistemas Centro e Sul, ampliando em
aproximadamente 150MW a capacidade de atendimento da regio sul.
ambientalmente).
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evitar que toda a produo desta central seja injectada neste sistema de 220kV aps a
perda desta linha, causando sobrecargas inadmissveis e afundamento de tenso.
deve rondar os 5.000 MW, cerca de 4 vezes a capacidade actual de 1.250 MW.
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programado h uns anos, verdade, o pas vai comear a sair das constantes faltas de
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energia e caminhar para uma situao normal no que respeita electricidade. Essa
melhoria vai com certeza implicar tarifas mais elevadas para o Kwh consumido.
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Obs. Todos os dados estatsticos e configuraes foram fornecidos pelo Ministrio da Energia e guas
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CAPTULO 3
PETRLEO E GS EM ANGOLA
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Jos de Oliveira
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
RESERVAS E RECURSOS
As Reservas de Petrleo de Angola as provadas mais as provveis - estavam
no inicio de 2011 avaliadas pela SONANGOL em 13,2 mil milhes de barris (Bbs),
volume que mantm o pas na terceira posio em frica, logo a seguir Lbia e
Nigria e em 16o lugar a nvel mundial, do qual possui 1% das reservas.
O rcio reservas/produo mdia da produo destes dois ltimos anos, que
tem sido inferior a 1,8 milhes de barris dia (Mb/d), em 2010 foi de 1,76 Mb/d e em
2011 deve ser ligeiramente inferior ao ano anterior, perdura por 20 anos, apesar de as
descobertas destes ltimos 2 anos estarem apenas a cobrir cerca de dois teros da
produo acumulada. O baixo volume de descobertas nos ltimos anos est
directamente relacionado com o facto de a pesquisa estar em perodo de baixa, por se ter
anulado h uns anos um concurso que envolvia blocos em guas ultra-profundas da
Bacia do Congo, com grande potencial e, tambm, pela demora na finalizao das
negociaes com as companhias petrolferas convidadas para os 11 blocos, de guas
profundas e ultra-profundas da Bacia do Kwanza, nos quais o objectivo principal o
Pr-Sal. Contriburam ainda para que o nvel das descobertas no cobrisse a produo
nestes ltimos dois anos o facto de a pesquisa nos blocos 16, 17/06 e 18/06 ter dado, at
agora, resultados inferiores ao esperado.
A comparao dos valores das reservas de petrleo no inicio deste ano -13,2 Bbs
e as calculadas no final de 2009 12,6 Bbs depois de produzidos 641,5 milhes de
barris (Mbs) e de as descobertas no estarem a cobrir completamente a produo, nestes
ltimos tempos, constituem um bom exemplo para se abordar a dinmica do conceito de
reservas, as quais nunca so um valor absoluto mas sim um valor varivel com base na
qualidade dos vrios parmetros que se usam na indstria para o seu clculo.
Esta variao para mais 600 Mbs deve-se a um trabalho de actualizao feito
pelo Comit de Reservas da SONANGOL. Isto quer dizer que o valor de 12,6 Mbs
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constatar em que ponto est Angola na relao de transformao dos possveis recursos
petrolferos em reservas. Uma conta simples diz-nos que Angola poder vir a ter cerca
de 30,5 Bb de reservas iniciais. Ora, at final de 2010, tinha atingido o nvel de 23,1
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Bbs - valor que equivale produo acumulada desde 1956 at ao fim de 2010 que de
9,9 Bbs mais as reservas naquela data, que como vimos anteriormente so calculadas
em 13,2 Bbs.
Se aquele valor do total dos recursos petrolferos estivesse mais ao menos
correcto- este tipo de clculos tm sempre uma margem de erro Angola teria por
descobrir apenas mais cerca de 7,4 Bbs de reservas (30,5 23,1) e portanto no estaria
muito longe do pico de produo, que ao ritmo de 2 Mb/d se estenderia por 30 anos,
mas a partir de certa altura aps o pico em ritmos menores que os actuais.
O uso do condicional propositado porque naquela altura o potencial das
formaes geolgicas no Pr-Sal no estava estudado e portanto no entrou nos
clculos dos anos 90 para o potencial de Angola - e o Brasil j provou que os recursos
em petrleo dessa rea podem ser muito grandes, como ningum imaginava h apenas 7
anos . Como Angola est agora a dar os primeiros passos na pesquisa no Pr-Sal, tem de
se esperar uns anos para saber o que l se tem e o que se descobre para transformar em
reservas e, assim, ter-se uma ideia mais clara da futura capacidade de produo. At
pode acontecer que a capacidade no ultrapasse muito os 2 Mb/d que se pode atingir no
final do prximo ano, mas o que pode permitir que esse nvel se estenda por mais
tempo do que agora previsvel. E nada garante que Angola no futuro, dentro da
respectiva zona econmica em guas ultra profundas, para alm do que conhecido,
no aumente os recursos/reservas de forma considervel.
PESQUISA
ultra profundas, desde o arranque da pesquisa nos vrios blocos dessas categorias,
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refira-se que elas somam j 94 campos, dos quais o maior o gigante DALIA no bloco
17, operado pela TOTAL que teve em 2010 uma mdia de produo de 240,000 b/d.
Entre aquelas descobertas est o campo de XICOMBA que deixou de produzir no inicio
de 2011, por esgotamento das suas reservas, economicamente explorveis.
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actividade. Outro possvel novo operador em guas angolanas dever ser a STATOIL
que at agora apenas participava como associada em alguns blocos do offshore
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angolano.
Em virtude de em 2009 se terem assinado dois Contratos de Risco com a
COBALTO para a pesquisa no Pr-Sal, nos blocos 9 e 21 e de dois outros CPPs o do
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
bloco 23, operado pela MAAERSK Oil e o do bloco 26/06, operado pela PETROBRAS
terem tambm esse objectivo e de em duas dessas reas bloco 21 e 23 - j se ter
iniciado a perfurao dos primeiros poos que tm como objectivo atingir as zonas
abaixo do sal, muito provvel que antes do fim do ano o pas conhea os to esperados
primeiros resultados deste novo play, como se diz em gria de gelogos.
Alguns especialistas, tanto angolanos como estrangeiros, alertam no entanto que
pelo facto de a SONANGOL no ter desenvolvido estudos to completos e sofisticados
como a PETROBRAS o fez no Brasil, durante cerca de 5 anos, no h que desanimar se
os primeiros resultados no forem positivos e/ou apenas encontrem campos de pequena
dimenso. Angola, dada a elevada taxa de sucesso da Bacia do Congo, que em certos
anos foi das maiores do mundo luz de vrios parmetros, est mal habituada e h uma
tendncia para se passar do optimismo ao pessimismo duma maneira muito rpida, o
que em termos de indstria petrolfera negativo.
Alm disso o Pr-Sal em guas profundas um novo play sobre o qual quase
todos tm muito que aprender e, se verdade que a evoluo da ssmica est a ajudar
muito, ainda h muitos aspectos que no so completamente visveis/perceptveis antes
de se furar e confirmar depois se o modelo geolgico a ser usado est em conformidade
com a realidade observada pela broca a 4 ou 5.000 metros de profundidade.
INVESTIMENTOS DE DESENVOLVIMENTO
por ali passaro durante a vida do(s) campo(s) , pipelines, bias de exportao etc. e
se calcula o seu custo, ou seja os valores a investir at se ver fluir o primeiro petrleo
produzido, uns anos mais tarde.
O inicio da produo marca tambm o inicio dos custos operacionais que em
geral englobam tudo o que diga respeito ao dia a dia do seu controle e manuteno.
Esta diferenciao muito importante porque os investimentos de
desenvolvimento so acrescidos de um prmio antes de se calcular a amortizao em
Angola normalmente de 50% do valor investido, ou seja por cada milho de dlares
investido a companhia vai recuperar uns anos mais tarde um milho e meio ao passo
que os custos operacionais so deduzidos pelo seu valor contabilstico, no ano a que
dizem respeito, sem qualquer acrescento.
Os Investimentos de Desenvolvimento contabilizados em 2010 atingiram um
total de MUS$10.968, dos quais cerca de metade MUS$3.590 e MUS$2.196 para as
novas produes dos blocos 17 e 31, respectivamente. Destacam-se ainda com grandes
investimentos de desenvolvimento o bloco 15 com MUS$1.999, o bloco 0 com
MUS$1.321, o bloco 14 com MUS$1.110 e por ltimo o bloco 18 com MUS$652.
A perfurao de poos produtores e injectores, nos principais blocos em
produo 0, 14, 15, 17 ou em vsperas de arrancar como o 31, operado pela BP,
absorveu cerca de um quarto dos valores investidos no desenvolvimento de descobertas
atingindo MUS$2.748.
Angola tem nesta altura Outubro de 2011 cinco grandes projectos para
colocar em produo vrios campos de petrleo nos prximos anos PSVM (bloco 31),
KIZOMBA Satlites (15), WEST HUB (15/06), CLOV (17) e KAOMBO (32). O
Projecto PSVM o primeiro a produzir em guas ultra profundas, em frica, em cerca
de 2.000 m de coluna de gua -, o qual vai colocar em produo, por fases, arrancando
at meados de 2012, os campos de PLUTO, SATURNO, VNUS e MARTE operados
pela BP, atravs de um FPSO que deve chegar dentro de semanas ao pas, vindo de
62
WEST Hub esperemos que a ENI e a SONANGOL arranjem um nome angolano para
este projecto vai funcionar com um FPSO que vai sofrer uma remodelao e
modernizao em Singapura e vai servir para produzir 4 campos SANGOS,
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
2012.
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PRODUO
Angola produziu em 2010 um total de 641,52 milhes de barris (Mbs) de
petrleo a uma mdia de 1.757.601 b/d menos 53.576 b/d do que em 2009 -, e, pela
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
primeira vez desde 1992, a parte da produo global que coube directamente ao pas foi
de 47%, equivalentes a 300,7 Mbs, quase metade da produo nacional.
O volume indicado como petrleo nacional composto na sua maioria por
entregas a custo zero pelas companhias produtoras Concessionria nacional, aos quais
se somam a produo prpria a que a SONANGOL tem direito nos blocos 0, 2, 3, 4,
14, e 18 - em que detm participaes directas e indirectas atravs da CHINA
SONANGOL e da SSI -, como qualquer outra companhia e, ainda as quantidades que
couberam s pequenas companhias petrolferas nacionais SOMOIL, ACREP,
KOTOIL e POLIEDRO. Voltaremos a este assunto mais frente quando falarmos da
Renda Petrolfera de Angola, para explicar como apesar de uma menor produo a parte
que coube Concessionria aumentou.
A produo de LPG atingiu em 2010 um total de 7,25 Mbs, dos quais cerca de
6,9 Mbs em Cabinda, a maioria no FPSO-LPG SANHA e uma pequena quantidade para
o mercado local de 71,000 b, no Malongo e, por ltimo, cerca de 275.000 bs na
Refinaria de Luanda.
Entre Julho de 2010 e Agosto deste ano o maior operador, por volume de
produo, foi a CHEVRON que recuperou a posio perdida para a EXXON, sua
congnere americana, h alguns anos atrs. O segundo e o terceiro lugares vo agora ser
ocupados, por uns anos, por aquelas duas companhias americanas, embora por volume
de produo operada, a EXXON passe para o 2o lugar algures em 2012-13, quando
arrancar com os campos satlites dos KIZOMBAS. Refira-se no entanto que a
CHEVRON, como operadora em dois blocos, pelo nmero de instalaes sob seu
controle , sob vrias medidas, o maior operador petrolfero em Angola.
Com aquela nova fonte de produo Angola, em Setembro de 2011, volta a
produzir acima de 1.700.000 b/d, volume que no acontecia em mdia mensal desde
Agosto de 2010.
Os factos de que deriva esta baixa produo, naqueles 12 meses note-se que
entre Janeiro e Junho de 2010 a mdia mensal rondava os 1.850.000 b/d -, devem-se aos
problemas do FPSO Grande PLUTNIO no bloco 18, que desde Janeiro de 2010 at
agora j esteve dois meses parado para resolver problemas tcnicos e que durante a
maior parte deste tempo esteve sempre abaixo da sua capacidade nominal de 200.000
b/d chegou a estar apenas a 80.000 b/d mas tambm s perdas de produo por
avarias tcnicas ou paragens programadas, nas vrias instalaes offshore, as quais em
conjunto, em certos meses, se aproximaram de 100.000 b/d, acrescentando-se ainda
imperativos tcnicos instalao de equipamentos para a colecta de gs associado ou
outros - e diminuio normal dos ritmos de produo em vrios grandes campos
antigos, nomeadamente no bloco 15.
Uma ltima referencia ao gs associado que o pas produz, pois mesmo antes da
entrada em funcionamento da liquefaco no Soyo, conseguiu-se em 2011 com uns
anos de atraso em relao ao pretendido pela SONANGOL - atingir um nvel de queima
reduzido a pouco mais de 10% de uma produo em mdia de 3.2 bilies de ps cbicos
por dia (Bpc/d). A maior quantidade 1,9 Bcf/d injectada e depois vai ser de novo
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produzida para encaminhar para o LNG no Soyo e cerca de 1,0 Bcf/d usado nas
operaes para autoconsumo as instalaes petrolferas tm umas centenas de MW de
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COMRCIO INTERNACIONAL
Em 2010 Angola exportou um total de 624,4 Mbs menos 22,5 Mbs do que em
2009 por um valor total de MUS$48.656 mais MUS$9.437 do que no ano anterior, a
um preo mdio ponderado de US$77.92/barril mais US$17.30/b do que em 2009
beneficiando assim o pas de maiores receitas com menor volume de vendas.
Os maiores exportadores de ramas angolanas foram a SONANGOL com 281,7
Mbs mais 47,4 Mbs do que em 2009 -, seguindo-se a CHEVRON com 62,2 Mbs, em
terceiro lugar a BP com 57,1 Mbs, muito prximo TOTAL com 57 Mbs, vindo depois
a EXXON com 49,5 Mbs e, por ltimo entre os grandes a ENI com 35 Mbs.
A SONANGOL, ao ultrapassar ligeiramente a marca de vendas em cada dia til
do ano de um milho de barris, o que equivale a um petroleiro pois produz-se ou
carrega-se petrleo ao sbado, domingo e feriados, de dia ou de noite, mas s se
negoceia nos dias de trabalho da semana , est definitivamente no clube das grandes
companhias exportadoras mundiais de petrleo.
O grande volume de vendas justifica bem o facto de a SONANGOL ter
escritrios para o efeito em Londres, Houston e Singapura, os quais trabalham de forma
integrada, havendo assim as 24 horas do dia um ponto de contacto com os seus clientes,
devido diferena horria, pois quando um dos escritrios est a fechar, outro est a
abrir e assim sucessivamente.
Os principais destinos das exportaes de petrleo angolano, englobando todas
as companhias estrangeiras e nacionais, foram, como j vem sendo habitual, a Asia com
58% - dos quais 43% para a China e 10% para a ndia -, 25% para a Amrica do Norte
dos quais 18% para os Estados Unidos, o segundo maior cliente destinando-se os
restantes 17% a pases como a Frana e a frica do Sul com 4% cada, Portugal e
66
Notas (a) Petrleo do bloco 0; (b) Petrleo do Bloco 14; (c) Petrleo do Bloco 17; (d) Petrleo do Bloco
15; (e) Petrleo do Bloco 18; (f) Petrleo dos blocos 2 e 3 e do Onshore Soyo; (g) Petrleo do
Bloco 4/05; (h) mdia ponderada nacional.
salientando-se que cerca de 2,0 Mtm e 0,9 Mtm foram constitudos respectivamente por
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mais de metade do consumo com 52% do mercado e a gasolina, cerca de um quarto com
23% do total.
A baixa e desadaptada capacidade de refinao para a obteno de produtos
leves em 2010 a refinaria em Luanda, de um total de 1,48 Mtm de produtos, colocou
no mercado s 54 % dos seus refinados que se referem a 447,000 de gasleo, 40.000 tm
de gasolina e 23,300 tm de LPG o que obrigou o pas a importar 2,83 Mtm de
combustveis, dos quais 1,65 Mtm de gasleo, 0,94 Mtm de gasolina e 164.000 tm de
Jet A1.
Em termos de custos o pas despendeu MUS$2.196 mais MUS$541 do que em
2009 -, destacando-se MUS$1.242 para gasleo e MUS$754 para gasolina, o
combustvel cujo consumo mais tem crescido nos ltimos 3 anos.
Os principais mercados de origem dos combustveis foram a ndia para o
Gasleo com 35%, os Estados Unidos para o JET A1, com 77%, e 6 pases do norte da
Europa para a gasolina os quais juntos somam 53% das importaes.
As exportaes de derivados do petrleo da Refinaria de Luanda foram
constitudas principalmente por Fuel leo que em 2010 atingiu 554.400 tm, rendendo
MUS$287,2, com os Estados Unidos com 46% como mercado principal, e Nafta com
150.000 tm, vendidas por MUS$104,6, destinadas principalmente Holanda.
O mercado interno de combustveis sofre de duas carncias graves, as quais
fazem aumentar os custos de abastecimento e a complexidade das operaes, pelo que
urge tomar decises para se implementar as solues necessrias a mdio prazo, e de
uma terceira, que embora em fase de soluo progride muito lentamente. Tudo isto
acontece sob a responsabilidade da nica entidade nacional que no tem falta de
dinheiro para investir, a SONANGOL.
A primeira a questo da falta de capacidade de refinao no pas cuja soluo
mais rentvel passa pelo aumento e modernizao da Refinaria de Luanda neste
momento s se est a trabalhar para conseguir lev-la a funcionar ao limite da sua
69
capacidade nominal de 55.000 b/d o que insuficiente -, pois cada vez est mais
distante a construo da Refinaria do Lobito, pelo seu elevado investimento de cerca de
Pgina
SONANGOL e todas as companhias suas associadas nos blocos mais 90% do chamado
petrleo da Concessionria mas excluindo os lucros da SONANGOL ascendeu a
MUS$24.152 superior em cerca de MUS$7.399 de 2009 na qual os impostos em
2010 atingiram MUS$9.419 mais MUS$2.121 do que em 2009 e o petrleo da
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
seus contratos nos ltimos 20 anos, ou para os tornar mais favorveis s companhias em
poca de baixos preos nos anos 90, ou para aumentar os impostos nos ltimos anos.
O CPPA em vigor nomeadamente os negociados desde a dcada 90 que
passaram a conter parmetros de rentabilidade varivel baseado no conceito Internal
Rate Return (IRR) tem mecanismos para proteger as companhias em poca de baixas
cotaes do barril e para reverter para o pas a maioria dos chamados windfall profits
que podemos traduzir por lucros inesperados em perodo de altos preos do petrleo.
E, para os mais cpticos, a prova de que o CPPA est bem estruturado e
funciona, em qualquer nvel de cotaes do barril, que quando a SONANGOL
negociou os contratos para os blocos de guas profundas ningum sonhava com preos,
por largos perodos, acima dos US$40.00/barril, nem no pas nem em parte alguma do
mundo.
A Renda Petrolfera Angolana Global em 2010 corresponde a um pouco mais
porque deve incluir os 10% do petrleo da Concessionria que em 2010 correspondeu
a cerca de MUS$1.600 - que a SONANGOL autorizada a despender para o exerccio
das funes de controlo em nome do Estado, mais os seus lucros que em 2010 rondaram
os MUS$2.500. A estes valores ainda se devem adicionar tudo o que diz respeito a
salrios, rendas de casa e aquisies no mercado nacional, no s das companhias
petrolferas como das empresas de servios que para elas trabalham e que, num calculo
aproximado, j ultrapassam os MUS$1.000.
Em sntese, podemos afirmar que a Renda Petrolfera Angolana Global em 2010
ultrapassou ligeiramente os MUS$29.000, um rendimento aprecivel para qualquer pas
subdesenvolvido, como Angola, e que, ainda por cima, tem de construir e reconstruir
quase tudo o que respeita a infraestruturas, devido ao atraso de quase 30 anos que
acumulou com a guerra.
As urgentes necessidades, de todo o tipo, infelizmente no tm conduzido
Angola a usar da melhor forma a riqueza que obtm anualmente. Um exemplo mas h
muitos mais s que no se enquadram nesta descrio da Renda Petrolfera o que o
72
pas queima com subsdios aos preos dos combustveis, os quais teima em no subir
Pgina
para os valores reais, por fases claro, e que atingiram em 2010 mais de MUS$4.000.
Em 2004 tudo indicava que se iam subir aos poucos os preos da gasolina e do
gasleo, os quais absorvem a maioria dos subsdios, para em meia dzia de anos se
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
NOTAS FINAIS
O sector petrolfero em 2011 foi alvo de vrias decises importantes, uma das
quais a criao, num futuro prximo, de um rgo Regulador Independente para os
Petrleos, o que constituir uma alterao de fundo ao modelo, como ele est
organizada desde 1977, e levantar um desafio, nada fcil, transferncia do saber
acumulado pela SONANGOL no exerccio da funo Concessionria, ao longo de
mais de trinta anos, para a nova entidade reguladora, passando aquela empresa nacional
a ter como base da sua actividade fins empresariais de pesquisa e produo de
hidrocarbonetos, como a maioria das estatais petrolferas dos pases com uma indstria
73
CAPTULO 4
vender a sua participao companhia nacional de petrleo indiana - Oil and Natural
Gas Company (ONGC).5
O governo angolano encontrava-se desde meados de 2003 a negociar com o
EXIMBANK a primeira tranche da linha de crdito de US$2 mil milhes (MUS$), na
qual a Sonangol desempenhava um papel central enquanto garante e responsvel pelo
reembolso do emprstimo em petrleo. Delegaes de ambas as partes - no caso da
Sonangol, encabeada pelo presidente da empresa, Manuel Vicente - reuniam-se
regularmente em Luanda e em Pequim.
Em meados de 2004 tornou-se claro que a Sonangol iria exercer o seu direito de
preferncia no bloco 18 para impedir a transaco com a ONGC, em virtude da Sinopec
estar disposta a pagar mais pela participao da Shell - MUS$725. O objectivo do
governo angolano passava pela explorao do bloco em causa em parceria com a
Sinopec.6 Para esta finalidade foi constituda em Setembro de 2004 uma joint-venture
(JV) entre a Sonangol e uma subsidiria do grupo Sinopec (Sinopec Overseas Oil &
Gas, SOOG) a Sonangol Sinopec International (SSI).
Em Dezembro de 2004, apoiada por um decreto executivo - No. 148/2004, 14 de
Dezembro -, a Sonangol exerceu formalmente o seu direito de preferncia para comprar
a participao da Shell de 50% no bloco 18. Confirmando a boa vontade que a China
tinha gerado nos escales mais altos da elite poltica angolana, o ministro dos Petrleos
na altura - Desidrio Costa - sancionou formalmente a transferncia do bloco em
questo para a SSI em Fevereiro de 2005 - Dirio da Repblica, n 22, I Srie, 21 de
Fevereiro de 2005.
Por este meio a SSI assumiu o controlo da dita parcela do bloco 18 nos termos
do Acordo de Partilha de Produo (PSA)7 pr-existente.
interessante notar que, por via desta JV, a Sinopec desenvolveu tambm laos
com um fundo de investimento privado chins ao qual a Sonangol est associada. A
intrincada rede pessoal por detrs deste fundo conecta os escales de topo da elite
79
5
Africa Asia Confidential, Luanda Diversifies its portfolio, 23 September 2009, disponvel online:
Pgina
angolana - via Sonangol - a um grupo de capital privado chins com sede em Hong
Kong, o mesmo que em 2005 comeou a canalizar fundos para a construo de
infraestruturas em Angola atravs do controverso China International Fund (CIF).
A Sonangol associou-se formalmente a este fundo privado chins em Junho de
20048 na Sonangol sia, (ver diagrama). Em Agosto de 2004 foi criada a China
Sonangol International Holding Ltd (CSHI), - comummente referida como China
Sonangol -, com o objetivo de ampliar os projectos de energia do grupo em Angola, e
para facilitar Sonangol acesso a financiamento. No perodo em causa a Sonangol
estava com dificuldades em angariar capital no mercado internacional por causa dos
vrios emprstimos - garantidos com petrleo - que tinha contrado em anos anteriores.
Dayuan International Development Ltd - a empresa principal deste fundo de capital
privado chins - detm 70% do capital da China Sonangol sendo os restantes 30%
propriedade da Sonangol. O grupo Sinopec - atravs da subsidiria SOOG - tornou-se
formalmente associado a este fundo privado por meio de sua participao majoritria na
Sonangol Sinopec International (55%). Dayuan International Development Ltd detm
uma quota de 31,5% e a China Sonangol os 13,5% restantes.9 Apesar da maior
participao da empresa Dayuan, a SSI foi desde o incio gerida por Luanda como uma
JV entre a Sonangol e a Sinopec. No obstante a sua participao minoritria na JV-
atravs da sua participao de 30% na China Sonangol - a Sonangol desempenha de
facto um papel-chave nos negcios da SSI, ilustrando a sua ascendncia na estrutura.
80
Pgina
8
Atravs do estabelecimento de uma JV: Sonangol Asia Ltd - sendo 40% do capital propriedade da
Sonangol e 60% da China Beya ESCOM international (40% ESCOM, e 60% da Dayuan International
Development).
9
Alex Vines et al., Thirst for African Oil: Asian National Oil Companies in Nigeria and Angola,
Chatham House Report (London: Chatham House, August 2009).
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
New Bright
Int. Dev. Ltd Wu Yang
70%
BBBrightBrigh
30%
China Int. Fund 99%t 60%
Y China Beiya
DAYUAN
(CIF, Nov. 2003) Escom Int.
Int. Dev
40% (Abril 2004)
70%
China Sonangol Int. 31.5%
Holding
ESCOM
(CSIH, Ago. 2004)
criar uma Comisso Bilateral sobre o tema, e dois acordos de cooperao entre a
comisso para a reforma do desenvolvimento nacional - NDRC no acrnimo ingls,
ncleo poltico de coordenao das politicas de desenvolvimento na China -, o
Ministrio dos Petrleos e o Ministrio da Geologia e Minas. No mbito dos negcios
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
10
Bloco 3 / 80 era operado pela Total e a Sonangol no pretendia renovar o contrato que expirava em
2005 devido ao caso 'Angolagate', cujos protagonistas em julgamento em Franca possuam laos estreitos
com o executivo angolano.
11
Angop, Angola e China assinam nove acordos de cooperao, 25 Fevereiro 2005, disponvel online:
82
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2005/1/8/Angola-China-assinam-nove-
acordos-cooperacao,952208c2-adec-4a88-960c-1ebf143e6ea8.html (acesso a 5 Novembro 2008).
12
Energy compass, Angola: Chinas complex connections, 14 August 2009, disponvel online:
Pgina
parte do petrleo produzido pela SSI nesse bloco em virtude dos emprstimos
garantidos com petrleo.15
A estreita relao que a Sinopec estabeleceu por esta via com a Sonangol
beneficiou desta forma os interesses da Sinopec no sector de hidrocarbonetos em
Angola numa fase inicial. A elevada capacidade financeira da China e o facto de a
Sinopec estar nas boas graas da elite angolana, explica em grande parte a expanso dos
activos petrolferos da China no ano seguinte. Embora o bloco de 3 / 80 - mais tarde
classificado como 05/03 e 3/05-A - no tenha sido adjudicado Sinopec - foi atribudo
China Sonangol16 -, o grupo chins adquiriu por via da SSI activos importantes na
licitao que teve lugar entre Novembro de 2005 e Maio de 2006. Na rodada em questo
a SSI adquiriu trs participaes em alguns dos blocos mais disputados de guas ultra-
profundas - 20% no bloco 15/06, operado pela ENI, 27,5% no bloco 17/06, liderado
pela Total e 40% no bloco 18/06, operado pela Petrobras.
Quota
Reservas
Fase de produo, Produo lquida
estimadas Investimento
Activo Consrcio Profundidade e grau total estimada
* conhecido
de crude 2009 da Sinopec
(Barris)
2009***
Quota da SSI **
Pgina
15
A. Vines et al., op. cit., August 2009, p. 43.
16
Aps a visita de Manuel Vicente a Pequim no inicio de Julho de 2005, estas parcelas (25% do bloco
3/05 e 25% do bloco 3/05-A, ambas operadas pela Sonangol E.P.) foram concessionadas a China
Sonangol. Em 2007 estas participaes foram por um breve perodo entregues a SSI, de acordo com A.
Vines et al., op. cit., August 2009, p. 44.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
BA: US$207
milhes
B. Soc.: US$12
milhes
Total Reservas:
972 million
US$2.64 mil
- - - - barrels
milhes (aprox.)
Produo:
44.000 bpd
FONTES: Ministrio dos Petrleos de Angola; Africa Energy Intelligence; EIA; Sonangol; ENI; Total;
Petrobras; vrias reportagens (Upstream online, Offshore, Petrleo e Gs, Bloomberg, etc.).
17
Problemas tcnicos com FPSO Grande Plutnio fizeram baixar a produo em 2010, estimada em cerca
de 90 mil bpd. O problema dever ser resolvido em meados de 2011.
18
Scandinavian Oil and Gas, Sinopec to acquire a stake in block 18, Angola, 2 Abril 2010, disponvel
online: http://www.scandoil.com/moxie-bm2/news/sinopec-to-acquire-a-stake-in-block-18-angola.shtml
(Access a 5 December 2010)
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
em 2010 - o quinto maior em Angola19. A zona do Grande Plutnio tem uma vida de
produo esperada de 20-21 anos, e espera-se que gere MUS$63.000 em receitas (2010-
2027).20 Este activo significa um aumento potencial de 8,8% - 72.520 b/d - na produo
diria de petrleo da Sinopec no exterior, bem como de 3,6% -102 milhes de barris -
das suas reservas comprovadas. A zona Oeste ainda se encontra em fase de
desenvolvimento. Quando os blocos adquiridos em 2006 - Blocos 15/06, 17/06 e 18/06 -
, cujo potencial de reservas combinadas estimado em 3,2 mil milhes de barris,21
entrarem em produo (2014-2018), a produo petrolfera da Sinopec em Angola
poder ultrapassar os 100.000 b/d.22
19
De acordo com as estatsticas do Ministrio das Finanas de Angola, Exportaes e receitas de
85
http://business.ezinemark.com/block-18-east-zone-angola-commercial-asset-valuation-and-forecast-to-
2027-167100ffc6c.html (Access 5 December 2010)
21
Agncia Lusa - Shanghai office, Petrolfera chinesa obtm reas de explorao em Angola, 13 Junho
2006, http://www.agencialusa.com.br/gpdf.php?iden=1877 (Acesso a 8 Novembro 2008)
22
AFX News Limited , China's Sinopec wins bid for stakes in Angola oil blocks, 13 Junho 2006,
disponvel online: http://www.forbes.com/feeds/afx/2006/06/12/afx2810979.html (Access 8 November
2008)
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
23
Entrevista, Luanda, Angola, 1 Fevereiro 2011
Pgina
24
Stanley Reed, A Bidding Frenzy for Angola's Oil, 7 June 2006, disponvel online:
http://www.businessweek.com/globalbiz/content/jun2006/gb20060607_581473.htm (Access a 8
November 2008)
25
Agncia Lusa, Refinaria do Lobito pode estar operacional em 2010, 5 Dezembro 2005disponvel
online: http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=7938<b (Acesso a 8 Novembro 2008)
26
Sonangol Universo, Sonangol 35 year milestone of success beckons, in: Sonangol Universo,
Dezembro 2010, p. 39.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
27
De acordo com algumas reportagens na mdia, a elite poltica angolana preferia selar o acordo com a
Sinopec em vez da ONGC que tambm concorreu para este projecto. Projects Today, ONGC bids for
Pgina
30
No contexto da expanso das receitas do petrleo (pr-crise) o governo angolano decidiu avanar
sozinho com o projecto da Sonaref. No final de 2008, a execuo tcnica do projecto foi adjudicado a
uma empresa americana, a Kellogg Brown & Root (KBR). O custo do projecto subiu para US$ 8 mil
milhes, com a mesma capacidade de produo (200.000 bpd) projectada para comear em 2015.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
31
A lista de companhias pr-qualificadas est disponvel no site da Sonangol: http://www.sonangol.co.ao
(acesso a 8 Fevereiro 2011)
32
Um investimento promissory com reservas estimadas de 1.5 mil milhes de crude leve.
33
Marathon Press release, Marathon Announces $1.3 Billion Sale of 20 Percent Interest in Angola Block
32, 17 July 2009, disponvel online:
89
36
Upstream, Marathon wraps up block 32 sale, 9 February 2010, disponvel online:
http://www.upstreamonline.com/live/article205997.ece (acesso a 5 Dezembro 2010).
37
Scandinavian Oil and Gas, Sinopec to acquire a stake in block 18, Angola, 2 April 2010, disponvel
online: http://www.scandoil.com/moxie-bm2/news/sinopec-to-acquire-a-stake-in-block-18-angola.shtml
(acesso a 5 Dezembro 2010)
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Fevereiro de 2011
Pgina
38
Benoit Faucon and Isabel Ordonez, Angola awards oil rights in new frontier area, Dow Jones
Newswires, disponvel online: http://www.advfn.com/news_UPDATE-Angola-Awards-Oil-Rights-In-
New-Frontier-Area_46147521.html (acesso a 26 Janeiro 2011)
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Nem a SSI nem a Sinopec constaram das empresas seleccionadas pela Sonangol
para a licitao do pr-sal. Mais, a China Sonangol - na qual a Sonangol tem uma
participao de 30% - foi a nica empresa sem experincia relevante convidada a
participar nesta ronda de licenciamento, o que confirma uma vez mais a importncia
crucial da aliana com a Sonangol para prosperar no sector.
A maior parte dos activos das duas empresas est, todavia, ainda em fase de
explorao. Apenas o bloco 05/03 - China Sonangol e bloco 18 SSI - esto
actualmente em produo - 48 mil b/d e 160 mil b/d, respectivamente, em 200939. Em
termos de produo, segundo dados do Ministrio dos Petrleos de Angola40, a SSI
ocupa a stima posio no ranking das 21 empresas exportadoras de petrleo angolano.
Milhares de
SSI barris 0 3,924 25,581 25,851 23,886
Milhares
US$ 0 339,664 2,430,181 1,607,896 1,826,066
Exportaes Milhares de
Totais de barris 495,919 605,482 675,024 646,938 624,401
Angola
MilharesUS$ 30,393,320 42,357,156 62,401,503 39,219,541 48,656,445
FONTE: Ministrio dos Petrleos de Angola, Relatrio do Sector Petrolfero de 2009, Julho de 2010 e de 2010,
Agosto de 2011
92
Conforme demonstrado na tabela, apesar do revs nos ltimos anos no que toca
Pgina
a novas aquisies, a Sinopec tem no presente mais petrleo nas suas operaes em
39
Ministrio dos Petrleos, Departamento de Planeamento e Estatstica, Relatrio de Actividades do
Sector Petrolfero relativo ao ano 2009 (Luanda: Ministrio dos Petrleos, Agosto 2010) p.15.
40
Ministrio dos Petrleos, ibidem
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Angola do que a China Sonangol. A Sinopec deve este facto ao primeiro activo que
adquiriu em Angola, no bloco 18, no contexto da primeira linha de crdito estendida
pelo EXIMBANK.
Concluso
grosso das reservas angolanas. Por esta razo, e por a indstria angolana ser altamente
concorrida pelas companhias internacionais de petrleo que dominam esta tecnologia, a
margem negocial da Sonangol com a Sinopec revelou-se bem maior do que a Sinopec
havia calculado inicialmente.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
CAPTULO 5
PETRLEO E GS EM FRICA
95
Emlio Londa
Pgina
INTRODUO
PETRLEO
Reservas
Total North America Total S. & Cent. America Total Europe & Eurasia
Total Middle East Total Africa Total Asia Pacific
Produo
10000 100,00
8000 80,00
6000 60,00
4000 40,00
2000 20,00
0 0,00
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Algeria Angola Egypt Libya Nigeria Other Africa BRENT - Mdia anual (US$/barril)
Descobertas (mil milhes de barris, eixo direita) Produo (mil bppd, eixo esquerda)
101
41
No incio de 2011 as autoridades nigerianas reiteraram a inteno de limitar nos 65% o seu share nas
receitas petrolferas. Estima-se que, at ento, o share mdio do Governo era igual a 85%. Para muitos
analistas, este limitao resultaria num aumento significativo da produo da Nigria o que permitiria se
distanciar significativamente de Angola quanto a produo diria. Por outro lado, muitos mantm-se
cpticos relativamente a efectivao destas intenes.
42
A capacidade total de reposio da Arbia Saudita est estimada em 4 milhes de barris de petrleo por
dia.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
19821983198419851986198719881989199019911992199319941995199619971998199920002001200220032004200520062007200820092010
Refinao
2500 3,0%
2,5%
2000
2,0%
1500
1,5%
1000 1,0%
500 0,5%
0 0,0%
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Capacidade de refinao, mil b/d (eixo esquerdo) Participao no consumo mundial de petrleo (eixo direito)
Cameroon 1 42 0 0 7
Angola 1 39 0 0 2
Pgina
Tunisia 1 34 0 0 3
Senegal 1 27 0 0 2
Zambia 1 24 0 0 5
Congo
(Brazzaville) 1 21 0 0 2
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Gabon 1 17 0 7 1
Liberia 1 15 0 0 2
Madagascar 1 15 0 6 2
Tanzania 1 15 0 3 3
Eritrea 1 15 0 0 1
Sierra Leone 1 10 0 0 0
Africa Total 46 3,23 210 77 478
World Total 691 82,795 14,706 6,147 11,449
Africas Share 6.7% 3.9% 1.4% 1.3% 4.2%
FONTE: EIA (2005) AFRICAN ENERGY 2009
9%
40%
Total North America Total S. & Cent. America
Total Europe & Eurasia Total Middle East
Total Africa Total Asia Pacific
23%
30%
7%
4%
9%
27%
Total North America Total S. & Cent. America
Total Europe & Eurasia Total Middle East
Total Africa Total Asia Pacific
destilados mdios e leves. Esta estrutura bastante parecida com a que se verifica na
Europa e muito diferente da verificada nos EUA, onde os destilados leves dominam a
Pgina
balana de consumo.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
North America S. & Cent. Europe Former Soviet Middle East Africa Asia Pacific
America Union
mais 13 refinarias na frica do Oeste, o que permitir a regio tirar vantagem do facto
da maior parte das ramas oeste-africanas serem doces - baixo teor em enxofre - e leves
densidade superior a 30o API ou mais). Porm, a viabilidade destes projectos est muito
dependente do ritmo de industrializao, do grau de integrao atravs de redes seguras
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Comrcio Internacional
As exportaes de frica foram de 7,4 milhes de barris por dia, 8,4% abaixo do
nvel mximo histrico realizado em 2007. Este nvel de exportaes corresponde a
74,0% da produo total do continente e a 14% das exportaes mundiais.
Os principais destinos das exportaes de petrleo de frica so os EUA, a
Europa e a China.
From North Africa From West Africa From East & Southern Africa
152
East & Southern Africa
101
144
West Africa
1
250
North Africa
247
GS NATURAL
Reservas
Produo
A produo de gs natural de frica tem crescido a uma taxa anual em torno dos 7,5%,
o que lhe permitiu alcanar os 209 bilies (B - mil milhes) de metros cbicos em 2011. A
Arglia est em primeiro lugar em ordem de importncia (38,4%), seguida do Egipto (29,2%) e
da Nigria (16,0%).
100,0 6
4
50,0
2
0,0 0
1980
1983
1984
1986
1987
1989
1990
1991
1993
1994
1996
1997
2000
2001
2003
2004
2006
2007
2008
2010
1981
1982
1985
1988
1992
1995
1998
1999
2002
2005
2009
Algeria Egypt Libya Nigeria Other Africa Price: EU cif (US$ per million Btu)
110
Comrcio Internacional
continente.
As exportaes tm sido o principal destino da produo de frica. No ano de
Pgina
2010 o continente exportou cerca de 223 B de metros cbicos, tendo o comrcio entre
pases africano sido de 4,9 B de metros cbicos. Metade das exportaes de frica
feita usando gasodutos e a outra metade atravs da liquefaco, exportando-se LNG.
RELATRIO DE ENERGIA DE ANGOLA CEIC
Asia Pacific
Middle East
Africa
LNG
Europe and Eurasia by Pipeline
S. & Cent. America
North America
- 10 20 30 40 50 60 70 80 90
South Africa
Tunisia
Morroco
Ghana
Bibliografia