EADE Livro 1 PDF
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Aprofundado
da Doutrina
Esprita
Estudo
Aprofundado
da Doutrina
Esprita
5
CATALOGAO
6
ESCLARECIMENTOS
(...) Mais uma vez, [o Espiritismo] uma filosofia que repousa sobre
as bases fundamentais de toda religio e sobre a moral do Cristo (...). Allan
Kardec: Revista Esprita, 1862,maio, p.121.
Falsssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua fora lhe
vem da prtica das manifestaes materiais [...]. Sua fora est na sua filosofia,
no apelo que dirige razo, ao bom-senso. [...] Fala uma linguagem clara,
sem ambiguidades. Nada h nele de mstico, nada de alegorias suscetveis de
falsas interpretaes. Quer ser por todos compreendido, porque chegados so
os tempos de fazer-se que os homens conheam a verdade [...]. No reclama
crena cega; quer que o homem saiba por que cr. Apoiando-se na razo, ser
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ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPRITA
SUMRIO
Esclarecimentos . ...............................................................................................07
Mdulo I Antecedentes do Cristianismo.................................................13
Roteiro 1: Evoluo do pensamento religioso..............................................14
Roteiro 2: As religies no-crists (1)............................................................22
Roteiro 3: As religies no-crists (2)............................................................32
Roteiro 4: O Judasmo.......................................................................................44
Roteiro 5: Moiss, o mensageiro da primeira revelao............................59
Mdulo II O Cristianismo..........................................................................69
12
Estudo
Aprofundado
da Doutrina
Esprita
MDULO I
ANTECEDENTES DO CRISTIANISMO
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
ROTEIRO
EVOLUO DO PENSAMENTO RELIGIOSO
1
Elaborar uma linha histrica da evoluo da idia de Deus na
Objetivos Humanidade.
Explicar politesmo e monotesmo luz do entendimento
esprita.
IDIAS PRINCIPAIS
14
SUBSDIOS
MDULO I
Roteiro 1
Incapaz, pela sua ignorncia, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada,
atuando sobre a matria, conferiu-lhe o homem atributos da natureza corprea, isto
, uma forma e um aspecto e, desde ento, tudo o que parecia ultrapassar os limites da
inteligncia comum era, para ele, uma divindade. Tudo o que no compreendia devia
ser obra de uma potncia sobrenatural. Da a crer em tantas potncias distintas quantos
os efeitos que observava, no havia mais que um passo. 2
Sem dvida, porquanto, chamando deus a tudo o que era sobre-humano, os homens
tinham por deuses os Espritos. Da veio que, quando um homem, pelas suas aes, pelo
seu gnio, ou por um poder oculto que o vulgo no lograva compreender, se distinguia
dos demais, faziam dele um deus e, por sua morte, lhe rendiam culto. 3
1. Politesmo
Por definio, politesmo um sistema de crena religiosa que admite
mais de um deus. Em geral, as manifestaes politestas so acompanhadas
de idolatrias, refletindo a viso fragmentria que o homem tem da vida e do
mundo. A mitologia de cada povo adquire feio prpria. A mitologia grega e
os ensinamentos rficos de grande impacto na Civilizao Ocidental so
desenvolvidos por mestres do saber os quais, no entanto, mantm-se isolados
das massas populares. 9
Importa considerar que o desenvolvimento da idia de Deus acompanha
outra: a da imortalidade do ser.
A palavra deus tinha, entre os antigos, acepo muito ampla. No indicava, como pre-
sentemente, uma personificao do Senhor da Natureza. Era uma qualificao genrica,
que se dava a todo ser existente fora das condies da Humanidade. Ora, tendo-lhes
as manifestaes espritas revelado a existncia de seres incorpreos a atuarem como
potncia da Natureza, a esses seres deram eles o nome de deuses, como lhes damos
atualmente o de Espritos. Pura questo de palavras, com a nica diferena de que, na
ignorncia em que se achavam, mantida intencionalmente pelos que nisso tinham inte-
17
EADE - Roteiro 1 - Evoluo do pensamento religioso
resse, eles erigiram templos e altares muito lucrativos a tais deuses, ao passo que hoje os
consideramos simples criaturas como ns, mais ou menos perfeitas e despidas de seus
invlucros terrestres. Se estudarmos atentamente os diversos atributos das divindades
pags, reconheceremos, sem esforo, todos os de que vemos dotados os Espritos nos
diferentes graus da escala esprita, o estado fsico em que se encontram nos mundos su-
periores, todas as propriedades do perisprito e os papis que desempenham nas coisas
da Terra. 3
2. Monotesmo
O monotesmo, conseqncia natural, e oposta, do politesmo doutrina
religiosa que defende a existncia de uma nica divindade, culto ou adorao
de um nico Deus, Pai e Criador Supremo.
Antes da vinda do Cristo, com exceo dos hebreus, todos os povos eram idlatras e
politestas. Se alguns homens superiores ao vulgo conceberam a idia da unidade de
Deus, essa idia permaneceu no estado de sistema pessoal, em parte nenhuma foi aceita
como verdade fundamental, a no ser por alguns iniciados que ocultavam seus conhe-
cimentos sob um vu de mistrio, impenetrvel para as massas populares. Os hebreus
foram os primeiros a praticar publicamente o monotesmo; a eles que Deus transmite
a sua lei, primeiramente por via de Moiss, depois por intermdio de Jesus. Foi daquele
pequenino foco que partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a triunfar do
Dos Espritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituram a raa mais forte e
mais homognea, mantendo inalterados os seus caracteres atravs de todas as mutaes.
Examinando esse povo notvel no seu passado longnquo, reconhecemos que, se grande
era a sua certeza na existncia de Deus, muito grande tambm era o seu orgulho, dentro
de suas concepes da verdade e da vida. [...] Entretanto, em honra da verdade, somos
obrigados a reconhecer que Israel, num paradoxo flagrante, antecipando-se s conquistas
dos outros povos, ensinou de todos os tempos a fraternidade, a par de uma f soberana
e imorredoura. 5
19
EADE - Roteiro 1 - Evoluo do pensamento religioso
REFERNCIAS
20
EADE - Roteiro 1 - Evoluo do pensamento religioso
ORIENTAES AO MONITOR
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EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
ROTEIRO
AS RELIGIES NO-CRISTS (1)
2
Identificar nos mensageiros das diferentes religies os porta-
Objetivos vozes de Jesus no Planeta.
Apresentar as principais caractersticas do Hindusmo e do
Budismo.
IDIAS PRINCIPAIS
22
SUBSDIOS
MDULO I
Roteiro 2
Deus jamais deixou de revelar suas leis. A orientao divina chega Huma-
nidade em todas as pocas, utilizando todos os meios, direta ou indiretamente
pelo trabalho dos missionrios, ou porta-vozes do Senhor.
Esses gnios, que aparecem atravs dos sculos como estrelas brilhantes, deixando longo
trao luminoso sobre a Humanidade, so missionrios ou, se o quiserem, messias. O
acatamento pelo sopro de inspirao superior que as faz surgir, so como gotas de orvalho
celeste, misturadas com os elementos da terra em que caram. 15
1. Hindusmo
O Hindusmo, palavra que significa indiano, no possui um fundador,
propriamente dito, nem um credo fixo. Projeta-se na histria como uma religio
atemporal, pela capacidade de incorporar novos pensamentos e novas prticas
religiosas. Na verdade, o Hindusmo abrange vrias expresses religiosas que
se desenvolveram na ndia, h trs ou quatro mil anos. 4 Nesse caldo religioso,
encontramos manifestaes tipicamente politestas, monolatristas, pantestas
24
EADE - Roteiro 2 - As religies no-crists (1)
2. Budismo
O fundador do Budismo foi Sidarta Gautama (560-480 a.C.), o Buda, que
significa o iluminado. Gautama era filho de um raj indiano e at a idade
adulta viveu no palcio compartilhando as vantagens materiais destinadas
nobreza. O Budismo apareceu na mesma poca que o Janasmo, mas sempre
teve papel mais significativo.
Conta-se que Buda, ao percorrer o pas, em certa ocasio, encontrou [...]
os mendigos, os enfermos, os desditosos. Confrangeu-se-lhe o corao, e, certa
noite, deixou o seu palcio, no esplendor de uma festa, para compartir a sorte
dos desgraados. 9
Foi no trato com as pessoas sofredoras e vivendo em contato com a natu-
reza que Buda encontrou a inspirao para organizar a sua doutrina.
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EADE - Roteiro 2 - As religies no-crists (1)
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. A gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Ja-
neiro: FEB, 2006. Cap. 1, item 6, p. 24.
2. ______. O cu e o inferno. Traduo de Manuel Justiniano Quinto. 59. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte, cap. 1, item 12, p. 19.
3. ______. O livro dos espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 88. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006, questo 628, p. 348.
4. HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry; GAARDNER, Jostein. O livro das
religies. Traduo de Isa Mara Lando. 9. ed. So Paulo: Companhia das
Letras, 2001, p. 40-41.
5. ______. p. 41-42.
6. ______. p. 43.
7. ______. p. 49-51.
8. ______. Item: Budismo, p. 59.
9. ______. Item: A difuso do Budismo, p. 67-68.
10. ______. Os ensinamentos de Buda, p. 54-57.
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EADE - Roteiro 2 - As religies no-crists (1)
ORIENTAES AO MONITOR
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EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
ROTEIRO
AS RELIGIES NO-CRISTS (2)
3
Apresentar as principais caractersticas do Taosmo e do Con-
Objetivos fucionismo; do Islamismo e do Zoroastrismo; do Xintosmo e
das religies primais.
IDIAS PRINCIPAIS
O Taosmo uma doutrina elaborada por Lao Ts. Tao te King o livro bsico do
Taosmo que define a existncia do Tao ou caminho, manifesto sob trs formas:
caminho da realidade ntima que o Criador Supremo, caminho do universo,
da norma, do ritmo da Natureza e o caminho da existncia humana.
32
SUBSDIOS
MDULO I
Roteiro 3
1. Taosmo
A palavra Taosmo (ou Daosmo) geralmente empregada para traduzir
dois termos chineses distintos: Daojiao que se refere aos ensinamentos ou
religio do Dao e Daojia, que se refere escola do Dao, uma linha de
pensamento filosfico chins.
As raas admicas ainda no haviam chegado ao orbe terrestre e entre aqueles povos j
se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de sumo interesse para a direo e
soluo de todos os problemas da vida. A Histria no vos fala de outros, antes do gran-
de Fo-Hi, que foi o compilador de suas cincias religiosas, nos seus trigramas duplos,
que passaram do pretrito remotssimo aos estudos posteriores. Fo-Hi refere-se, no seu
Y-King, aos grandes sbios que o antecederam no penoso caminho das aquisies de
conhecimento espiritual. Seus smbolos representam os caractersticos de uma cincia
altamente evolutiva, revelando ensinamentos de grande pureza e da mais avanada me-
tafsica. Em seguida a esse grande missionrio do povo chins, o Divino Mestre envia-lhe
a palavra de Confcio ou Kong-Fo-Ts, cinco sculos antes da sua vinda, preparando os
caminhos do Evangelho no mundo, tal como procedera com a Grcia, Roma e outros
centros adiantados do planeta, enviando-lhes elevados Espritos da cincia, da religio
e da filosofia [...]. 8
chineses da etnia Han. Conta a tradio que desde criana Huang Di era muito
perspicaz, dotado de uma inteligncia fora do comum e capaz de estabelecer
raciocnios avanados sobre os mais variados temas. Durante o seu reinado
Huang Di interessou-se especialmente pela sade e pela condio humana,
questionando os seus mdicos sobre como a medicina era praticada. 17
Livro de aforismos msticos, o Dao De Jing (Tao Te Ching), cuja escri-
ta atribuda a Lao Zi (Lao Ts). Tao Te Ching ou Dao de Jing, comumente
traduzido pelo nome de O Livro do Caminho e da sua Virtude, um dos
escritos chineses mais antigos e conhecidos. A tradio diz que o livro foi es-
crito em cerca de 600 a.C. por um sbio que viveu na Dinastia Zhou, Lao Ts.
um livro de provrbios relacionados ao Tao, mas que acabou servindo de
obra inspiradora para diversas religies e filosofias, em especial o Taosmo e
o Budismo Chan, ou chins, e sua verso japonesa (Zen Budismo). 18
Trabalhos do maior filsofo chins Zhuang Zi (Chuang Ts), literal-
mente denominado Mestre Zhuang, que viveu no Sculo IV a.C. Ele era da
Cidade de Meng, no Estado de Song, hoje Shngqi. A sua filosofia influenciou
o desenvolvimento do Budismo Chan (chins) e do Budismo Zen (japons). 19
Antigo I Ching, ou O Livro Das Mudanas (ou das Mutaes), que tido
2. Confucionismo
Confucionismo um sistema filosfico chins, de natureza moral e religiosa,
criado por Kung-Fu-Tzu (Confcio) e que tem por base os princpios ensina-
dos por Lao Ts. Entre as preocupaes do Confucionismo esto a moral, a
poltica, a educao e a religio. So conhecidas pelos chineses como Junchaio
(ensinamentos dos sbios). O Confucionismo se tornaria a doutrina oficial do
imprio chins durante a dinastia Han ( sculos III a. C. III d. C.). Vrios
seguidores dessa doutrina moral deram continuidade aos ensinamentos de
Confcio, aps esse perodo.
Donz Zhong Shu, por exemplo, fez uma reforma no Confucionismo,
fundamentando-se na teoria cosmolgica dos cinco elementos. O pensamento
De um modo geral, o culto dos antepassados o princpio da sua f [do Budismo]. Esse
culto, cotidiano e perseverante, a base da crena na imortalidade, porquanto de suas
manifestaes ressaltam as provas dirias da sobrevivncia. [...] A idia da necessidade
de aperfeioamento espiritual latente em todos os coraes, mas o desvio inerente
compreenso do Nirvana a, como em numerosas correntes do Budismo, um obst-
culo ao progresso geral. O Nirvana, examinado em suas expresses mais profundas,
deve ser considerado como a unio permanente da alma com Deus, finalidade de todos
os caminhos evolutivos; nunca, porm, como sinnimo de imperturbvel quietude ou
beatfica realizao do no ser. A vida a harmonia dos movimentos, resultante das
trocas incessantes no seio da natureza visvel e invisvel. Sua manuteno depende da
atividade de todos os mundos e de todos os seres. 11
3. Xintosmo
Religio surgida no Japo, oriunda de prtica anmica ancestral misci- 37
EADE Roteiro 3 - Religies no-crists (2)
4. Islamismo e Zoroastrismo
De todas as religies no-crists, o Islamismo a mais prxima das do
Ocidente, em termos geogrficos e religiosos, pois, como religio, tem origem
judaica e, como filosofia, sofreu influncia helnica.
O Islamismo foi fundado pelo profeta Maom, da tribo Koreish, nascido
38
EADE Roteiro 3 - Religies no-crists (2)
A base de sua doutrina era a grande luta entre o bem e o mal, vivendo as criaturas in-
fluenciadas por bons e maus Espritos. O homem livre em suas aes j Zoroastro
pregava o livre-arbtrio o homem livre, mas se v sujeito s influncias das foras do
mal. Conservando a ao, a palavra e pensamento puros, afastava-se do mau Esprito e
se aproximava do bom. Devia conservar limpos o corpo e a alma. [...] Na morte, cabia-
lhe um lugar que estava em relao com o que praticara em vida. Os atos do homem,
na vida, iam determinar a sua situao na morte. A religio de Zoroastro, afirmam os
historiadores e mitlogos, tinha leis morais de extraordinria elevao. 2
H quem afirme que Zoroastro nunca existiu; mas pela leitura do Zend
Avesta e dos hinos antiqssimos temos notcias que ele no foi a um mito, mas
um homem que, semelhana dos grandes profetas ou de pessoas de maior
envergadura moral, muito lutou e sofreu: Segui o bem, fazei o bem, pensai
5. Religies Primais
As religies primais, ou tribais, so manifestaes primitivas da religio-
sidade humana. So encontradas em vrias partes do mundo, como frica,
Austrlia, sudeste Asitico, Ilhas do Pacfico, Sibria e entre os ndios da
Amrica do Norte, Centro e do Sul. Em geral, tais religies no possuem textos
escritos. Os mitos representam a sua base religiosa, tendo sobrevivido em razo
da tradio oral. Como toda religio tribal, sofre influncia de fatores externos,
sendo as suas histrias alteradas ao longo das geraes. As religies tribais
africanas acreditam na existncia de um Deus Supremo, apresentando-o sob
diversos nomes, como criador de todas as coisas e seres. Acreditam tambm
em outros deuses menores, ou espritos, encontrados nas florestas, plancies
e montanhas, lagos , rios e no cu. Esses deuses esto intimamente associados
aos fenmenos da natureza (chuva, raios, troves etc.). Outra caracterstica das
religies primitivas diz respeito ao culto dos antepassados. Acreditam que os
antepassados se mantm invisveis, guardando a mesma aparncia que tinham
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EADE Roteiro 3 - Religies no-crists (2)
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EADE Roteiro 3 - Religies no-crists (2)
REFERNCIAS
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EADE Roteiro 3 - Religies no-crists (2)
ORIENTAES AO MONITOR
42
Olha, agora, para os cus e
conta as estrelas, se as podes
contar. E disse-lhe: Assim
ser a tua semente.
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EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
ROTEIRO
O JUDASMO
4
Objetivos Destacar as principais caractersticas do Judasmo.
IDIAS PRINCIPAIS
A religio judaica tem como princpio a idia de Deus nico. Trata-se de sua
pedra fundamental. A lei moisaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus.
O protegido de Termutis (me adotiva de Moiss) [...], foi inspirado a reunir
todos os elementos teis sua grandiosa misso, vulgarizando o monotesmo
e estabelecendo o Declogo, sob a inspirao divina, cujas determinaes so
at hoje a edificao basilar da Religio da Justia e do Direito. Emmanuel:
Emmanuel, cap. 2.
44
SUBSDIOS
MDULO I
Roteiro 4
1. Informaes histricas
surpreendente a influncia exercida pelos judeus na cultura ocidental,
quando se considera a simplicidade de suas origens e o tamanho minsculo
do territrio onde se fixaram: cerca de 250 quilmetros de extenso e 80 qui-
lmetros de largura na parte mais ampla.
transferido ao seu filho Isaac (ou Isaque) e deste para Jacob (ou Jac), que, por
sua vez, o passou para seus doze filhos. 7 (Gnesis, captulo 35)
Sabe-se, porm, que o primeiro filho de Abrao no foi Isaque, este era filho
que teve com Sara, sua esposa (Gnesis, 21:1-8), gerado aps o nascimento do
primognito Ismael com a escrava egpcia Hagar ou Agar (Gnesis, 16:1-16).
Aps a morte de Sara, Abrao casa com Quetura que lhe geraram seis filhos:
Zinr, Jocs, Meda, Mdia, Isbaque e Su (Gnesis, 25: 1-7) Abro, entretanto,
considerou o seu herdeiro legtimo apenas Isaque. (Gnesis, 25: 5)
Os doze filhos de Jac, considerados os legtimos descendentes de Abrao
formam as doze tribos judaicas. Um dos filhos de Jac com Raquel (Gnesis,
30:22-26), chamado Jos, foi vendido como escravo ao fara egpcio, mas, em
razo da fama e autoridade por ele conquistadas, tornou-se vice-rei do Egito.
Por volta de 1700 a.C., o povo judeu migra para o Egito em razo da fome,
onde escravizado por aproxidamamente 400 anos. (xodo, 1:1-14) A liber-
tao do povo judeu ocorre por volta de 1300 a.C., seguida da fuga do Egito,
comandada por Moiss um judeu, criado por Termutis, irm do fara, aps
t-lo recolhido das guas do rio Nilo. (xodo, 2:1-20) Saindo do Egito, os ex-
cativos atravessam o Mar Vermelho, vivendo 40 anos no deserto e submetendo-
se a todo tipo de dificuldades, prprias da vida nmade. O grande xodo dos
Israel terra que lhe foi prometida por Deus, segundo relatos de suas escritu-
ras. (I Samuel, 1:20-28; 2:18-26) Do deserto, rio Jordo at o Lbano, da at
o rio Eufrates, abrangendo o territrio dos heteus, estendendo-se at o mar,
em direo ao poente. (Josu, 1: 4) Acontece que essa terra j era habitada
por diferentes povos (cananeus, heteus, heveus, ferezeus, girgaseus, amorreus
e os jebuseus), que foram dominados pelos judeus. (Josu, 3:10; 5:1) Tudo
isso aconteceu no sculo XIII a.C., aproximadamente. As terras conquistadas
so divididas em doze partes e entregues a cada uma das tribos judaicas. Os
cananeus e outros povos continuaram em luta com os judeus conquistadores
por algum tempo, at serem contidos pelo representante da tribo de Jud.
(Juzes, 1:1-36)
Aps a morte de Josu, cada tribo governada por juzes, como Samuel
(I Samuel, 20-28; 2:18-26). Os juizes passaram a governar as tribos porque os
judeus, abandonando o culto a Deus, passaram a adorar outros deuses, como
Baal e Astarote. (Juzes, 2:11-16) Posteriormente, os juizes foram substitudos
por reis (I Samuel, 8: 1-6; 9-12) como Saul, da tribo de Benjamin (I Samuel, 10:
1-27), Davi (I Samuel, 16: 1; 10-13. II Samuel, 5: 1-4. I Reis, 2: 11) e Salomo
(I Reis, 1:46-48), filho de Davi (II Samuel, 5:13-14; II Crnicas, 9: 30-31), que
constri o primeiro templo de Jerusalm, entre 970 e 931 a.C. Com a morte
O reino de [...] Jud manteve a antiga capital do rei David (Jerusalm) e com ela o templo
histrico do rei Salomo, o que lhe acarretou ascendncia religiosa, embora a cidade de
Jerusalm viesse a ser conquistada pelo babilnio Nabucodonosor [em 586 a.C.] e mais
tarde pelo romano Pompeu. 16
Jerusalm [...] figurou como capital do reino da Judia, sob a dinastia de Herodes. Em
conseqncia de sublevao dos judeus, foi [Jerusalm] novamente cercada e incendiada
por tropas romanas, sob o comando do general e futuro imperador Tito. Reduzida a
colnia no tempo do imperador Adriano (sob o nome de lia Capitolina), restaurou-lhe
a denominao tradicional (Jerusalm) o imperador Constantino. 15
Dos Espritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituram a raa mais
forte e mais homognea, mantendo inalterados os seus caracteres atravs de todas as
mutaes. Examinando esse povo notvel no seu passado longnquo, reconhecemos
que, se grande era a sua certeza na existncia de Deus, muito grande tambm era o seu
orgulho, dentro de suas concepes da verdade e da vida. Conscientes da superioridade
de seus valores, nunca perdeu a oportunidade de demonstrar a sua vaidosa aristocracia
espiritual, mantendo-se pouco acessvel comunho perfeita com as demais raas do
orbe. Entretanto, [...] antecipando-se s conquistas dos outros povos, ensinou de todos
os tempos a fraternidade, a par de uma f soberana e imorredoura. 20
A reencarnao fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreio. S os
saduceus, cuja crena era a de que tudo acaba com a morte, no acreditavam nisso. As
idias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros no eram claramente
Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moiss. Uma invarivel; a outra,
apropriada aos costumes e ao carter do povo, se modifica com o tempo. 1
H, na atualidade, uma corrente do Judasmo denominada Judasmo
Messinico que procura unir o Judasmo com o Cristianismo, conscientes
de que Jesus o Messias do povo judeu.
Os Profetas (Neviim)
Trata-se da mais antiga histria escrita de que h registro no mundo. Esses livros sur-
giram muito antes de haver algo como a histria comparada ou a anlise de fontes. No
entanto, o objetivo dos livros histricos do Antigo Testamento no era propriamente
registrar a histria, e sim dar a ela uma interpretao religiosa. Dois dos livros histricos
receberam nomes de mulher. Os livros de Rute e de Ester so histrias curtas e belas, com
mulheres no papel principal. Os livros profticos so Isaas, Jeremias, Ezequiel e os Doze
Profetas Menores, assim chamados por causa da brevidade de suas obras: Osas, Joel,
Ams, Abdias, Jonas, Miquias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Segundo seu prprio testemunho, os profetas foram chamados para proclamar a vontade
de Deus. Muitas vezes eles usam a frmula: Diz o Senhor. 11
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EADE - Roteiro 4 - O Judasmo
Jesus acompanha-lhe a marcha dolorosa atravs dos sculos de lutas expiatrias regene-
radoras. Novos conheci mentos dimanam do Cu para o corao dos seus patriarcas e
no tardar muito tempo para que vejamos os judeus compreendendo integralmente a
misso sublime do verdadeiro Cristianismo e aliando-se a todos os povos da Terra para
a Caminhada Salvadora, em busca da edificao de um mundo melhor. 23
54
EADE - Roteiro 4 - O Judasmo
REFERNCIAS
19. http://www.suapesquisa.com/judaismo/
20. XAVIER, Francisco Cndido. A caminho da luz. Pelo Esprito Emmanuel.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 7 (O povo de Israel), item: Israel, p.
65-66.
21. ______. Item: O Judasmo e o Cristianismo, p. 67.
22. ______. Item: A incompreenso do Judasmo, p. 70.
23. ______. Item: No porvir, p. 72.
24. ______. Emmanuel. Pelo Esprito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005. Cap. 2, (A ascendncia do evangelho), item: A lei moisaica, p. 27.
56
EADE - Roteiro 4 - O Judasmo
ORIENTAES AO MONITOR
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EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
ROTEIRO
MOISS, O MENSAGEIRO DA
5 PRIMEIRA REVELAO
IDIAS PRINCIPAIS
Moiss foi um judeu criado na casa real do fara egpcio. Estando Moiss com
na idade de quarenta anos fugiu para o deserto, aps ter agredido um egpcio
que maltratou um judeu. (xodo, 2:11-12. Atos dos Apstolos, 7:23-24)
Moiss [...] foi inspirado a reunir todos os elementos teis sua grandiosa misso,
vulgarizando o monotesmo e estabelecendo o Declogo, sob a inspirao divina
[...]. Emmanuel: Emmanuel. Cap. 2.
58
SUBSDIOS
MDULO I
Roteiro 5
1. Informaes histricas
A Bblia nos relata que Abrao teve dois filhos: Isaac, nascido de sua espo-
sa Sarah, e Ismael, de sua escrava egpcia, Hagar. (Gnesis, 21:1-21. Atos dos
Apstolos, 7: 2-8) Isaac, considerado o legtimo herdeiro, casou-se com Rebeca
(Gnesis, captulo 24) e teve dois filhos: Esa e Jac. Este, cuja progenitura
todas as coisas, tal como um sculo antes afirmara o fara Amenotep IV, que
pregava a existncia de um nico Deus (a divindade solar Athen/Athon). 4
(xodo, captulos 3 e 4)
Moiss, Moiss! Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abrao, o Deus de Isaac, e o Deus
de Jacob! Certamente vi a aflio do meu povo, que est no Egito, e ouvi o seu clamor.
Conheo-lhe o sofrimento. [...] Vem, agora, e eu te enviarei a Fara, para que tires o
meu povo, os filhos de Israel, do Egito. Ento disse Moiss a Deus: Quem sou eu para ir
a Fara e tirar do Egito os filhos de Israel? Deus lhe respondeu: Eu serei contigo; e este
ser o sinal de que eu te enviei: depois de haver tirado o povo do Egito, servireis a Deus
neste monte. (xodo, 3:1-22)
Na lei moisaica h duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a
lei civil ou disciplinar, decretada por Moiss. Uma invarivel; a outra, apropriada aos
costumes e ao carter do povo, se modifica com o tempo. A lei de Deus est formulada
nos Dez Mandamentos seguintes:
I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servido. No tereis,
diante de mim, outros deuses estrangeiros. No fareis imagem es- culpida, nem figura
alguma do que est em cima do cu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja
nas guas sob a terra. No os adorareis e no lhes prestareis culto soberano.
II. No pronunciareis em vo o nome do Senhor, vosso Deus.
III. Lembrai-vos de santificar o dia do sbado.
IV. Honrai a vosso pai e a vossa me, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor
vosso Deus vos dar.
V. No mateis.
VI. No cometais adultrio.
VII. No roubeis.
VIII. No presteis testemunho falso contra o vosso prximo.
IX. No desejeis a mulher do vosso prximo.
62
EADE - Roteiro 5 - Moiss, o mensageiro da primeira revelao
X. No cobiceis a casa do vosso prximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi,
nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertenam. 1
de todos os tempos e de todos os pases essa lei e tem, por isso mesmo, carter divino.
Todas as outras so leis que Moiss decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor,
um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arrai-
gados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravido do Egito. Para imprimir
autoridade s suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos
os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem precisava apoiar-se na
autoridade de Deus; mas, s a idia de um Deus terrvel podia impressionar criaturas
ignorantes, em as quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o senso moral e o
sentimento de uma justia reta. 1
Alm de mdium, Moiss era legislador e homem como os demais. A grande lei, diz
ele, foi transmitida diretamente por Deus. Mas, conhecidos, como hoje se conhecem, os
fenmenos psquicos, logo se percebe que um Esprito elevado foi o mensageiro daqueles
A [...] Lei ou a base da Lei, nos dez mandamentos, foi-lhe ditada pelos emissrios de Jesus,
porquanto todos os movimentos de evoluo material e espiritual do orbe se processaram,
como at hoje se processam, sob o seu augusto e misericordioso patrocnio. 8
As [...] seitas religiosas, de todos os tempos, pela influenciao dos seus sacerdotes,
procuram modificar os textos sagrados; todavia, apesar das alteraes transitrias, os
dez mandamentos, transmitidos Terra por intermdio de Moiss, voltam sempre a
ressurgir na sua pureza primitiva, como base de todo o direito no mundo, sustentculo
de todos os cdigos da justia terrestre. 7
65
EADE - Roteiro 5 - Moiss, o mensageiro da primeira revelao
REFERNCIAS
66
EADE - Roteiro 5 - Moiss, o mensageiro da primeira revelao
ORIENTAES AO MONITOR
67
Estudo
Aprofundado
da Doutrina
Esprita
MDULO II
O CRISTIANISMO
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
NASCIMENTO E INFNCIA DE JESUS
1
Elaborar uma sntese histrica a respeito das previses da
Objetivos vinda do Cristo, do seu nascimento e da sua infncia.
IDIAS PRINCIPAIS
69
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 1
venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer
e o firmar mediante o juzo e a justia, desde agora e para sempre. O zelo do
Senhor dos Exrcitos far isto. (Isaas, 9:6-7)
2. O nascimento de Jesus
A gestao de Maria aproximava-se do final quando o Imperador Csar
Augusto ordenou se realizasse o recenseamento do povo judeu.
E aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de Csar Augusto, para que todo
o mundo se alistasse. (Este primeiro alistamento foi feito sendo Cirnio, governador da
Sria). E todos iam alistar-se, cada um sua prpria cidade. E subiu da Galilia tambm
Jos, da cidade de Nazar, Judia, cidade de Davi chamada Belm (porque era da
casa e famlia de Davi), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grvida.
E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar luz. E
Ora, havia, naquela mesma comarca, pastores que estavam no campo e guardavam du-
rante as viglias da noite o seu rebanho. E eis que um anjo do Senhor veio sobre eles, e
a glria do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse:
No temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que ser para todo o povo,
pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que Cristo, o Senhor. E isto vos
ser por sinal: achareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. E, no
mesmo instante, apareceu com o anjo uma multido dos exrcitos celestiais, louvando a
Deus e dizendo: Glria a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!
E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o cu, disseram os pastores uns aos
outros: Vamos, pois, at Belm e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos fez saber.
E foram apressadamente e acharam Maria, e Jos, e o menino deitado na manjedoura. E,
vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita. (Lucas, 2:8-17)
E, tendo nascido Jesus em Belm da Judia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos
vieram do Oriente a Jerusalm, e perguntaram: Onde est aquele que nascido rei dos
judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a ador-lo. E o rei Herodes,
ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalm, com ele. E, congregados todos os prncipes
dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles
lhe disseram: Em Belm da Judia, porque assim est escrito pelo profeta: E tu, Belm,
terra de Jud, de modo nenhum s a menor entre as capitais de Jud, porque de ti sair
o Guia que h de apascentar o meu povo de Israel. (Mateus, 2:1-6)
E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia
adiante deles, at que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo
eles a estrela, alegraram-se muito com grande jbilo. E, entrando na casa, acharam o
menino com Maria, sua me, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros,
lhe ofertaram ddivas: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelao avisados em
sonhos para que no voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por
outro caminho. (Mateus, 2:9-12)
A tradio da existncia dos trs magos baseia-se em seus trs presentes: ouro, olbano
(espcie de incenso feito de resina aromtica) e mirra (ungento usado como balsmico e
em perfumes). Como so guiados por uma estrela, os magos parecem ter sido astrlogos,
possivelmente da Prsia. Magos, como so chamados, o plural de magus, palavra grega
73
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infncia de Jesus
para feiticeiro ou mgico. S muito tempo depois, foram os sbios chamados de reis e
receberam os nomes de Gaspar, Melquior e Baltazar. 4
Levanta-te, e toma o menino e sua me, e foge para o Egito, e demora-te l at que eu
te diga, porque Herodes h de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele,
tomou o menino e sua me, de noite, e foi para o Egito. E esteve l at morte de He-
rodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do
Egito chamei o meu Filho. Ento, Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos,
irritou-se muito e mandou matar todos os meninos que havia em Belm e em todos os
seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira
dos magos. (Mateus, 2:13-16)
A matana das crianas foi uma entre muitas atitudes insanas de Hero-
des. vido pelo poder e pelos benefcios materiais, no vacilou em praticar
aes criminosas, ignorando que, em conseqncia, enfrentaria nas futuras
reencarnaes dolorosos processos reparadores, assinalados pela lei de causa
e efeito.
Em relao s origens familiares de Jesus, o evangelista Mateus elaborou
Mateus comea afirmando que Jesus o Messias, ou Cristo, um ttulo que significa
o ungido. Este refere-se acalentada esperana dos judeus de que um dia enviaria
um rei ungido, descendente do rei Davi, para restaurar Israel como nao e cumprir a
promessa feita por Deus de que a dinastia de Davi ser firme para sempre (2 Samuel,
7:16). A primeira afirmao do Evangelho de Mateus que na verdade Jesus cumpre
essa promessa feita h longa data: ele o Messias.
Mateus teve que sacrificar um pouco a exatido de sua genealogia, omitindo vrias ge-
raes e incluindo alguns nomes duas vezes. Mas para o autor a importncia simblica
do padro, expressando a verdade de que Deus se envolveu nos acontecimentos que
levaram ao nascimento de Jesus, era mais significativa do que a lista exata de nomes,
que, em sua maioria, qualquer pessoa poderia consultar nas genealogias do Primeiro
Livro das Crnicas. 5
Lucas refere-se s particularidades que rodearam o seu nascimento [de Jesus] em Belm
de Jud, num estbulo abandonado, tendo por bero tosca e rude manjedoura. Marcos
apresenta o Mestre j em contato com o Batista, iniciando a sua misso exemplificadora.
Joo deixa de parte tudo o que se liga parte material com que o Messias se apresenta
no cenrio do mundo, para considerar o seu Esprito, isto , o ser propriamente dito,
sede da inteligncia, do sentimento e de todas as faculdades psquicas, dizendo: No
princpio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. [Joo, 1:1) Verbo
a palavra por excelncia, visto que anuncia ao. Jesus Verbo, paradigma por onde
todos os verbos sero conjugados. o modelo, o exemplo, o caminho cujo percurso
encerra o destino de toda a infinita criao. 6
Com o nascimento de Jesus, h como que uma comunho direta do Cu com a Terra.
Estranhas e admirveis revelaes perfumam as almas e o enviado oferece aos seres hu-
manos toda a grandeza do seu amor, da sua sabedoria e da sua misericrdia. 8
3. A infncia de Jesus
A infncia de Jesus marcada por percepes e revelaes medinicas.
Anteriormente, antes do seu nascimento, foram assinalados os sonhos de
Jos e a apario do anjo a Maria, anunciando-lhe a vinda do Senhor. Outros
acontecimentos merecem destaque, como os que se seguem:
E, quando os oito dias foram cumpridos para circuncidar o menino, foi-
lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
(Lucas, 2:21)
75
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infncia de Jesus
Aos doze anos Jesus surpreende a todos, inclusive aos seus pais, quando
dialoga com os doutores da Lei.
Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalm, Festa da Pscoa. E, tendo
ele j doze anos, subiram a Jerusalm, segundo o costume do dia da festa. E,
regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalm,
e no o souberam seus pais. Pensando, porm, eles que viria de companhia
pelo caminho, andaram caminho de um dia e procuravam-no entre os parentes
e conhecidos. E, como o no encontrassem, voltaram a Jerusalm em busca
dele. E aconteceu que, passados trs dias, o acharam no templo, assentado no
meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam 76
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infncia de Jesus
H [...] quem o veja entre os essnios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu mes-
sianismo de amor e de redeno. As prprias esferas mais prximas da Terra, que pela
fora das circunstncias se acercam mais das controvrsias dos homens que do sincero
aprendizado dos espritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opinies contra-
ditrias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas. O Mestre, porm,
no obstante a elevada cultura das escolas essnicas, no necessitou da sua contribuio.
Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que
o planeta lhe conheceu desde os tempos longnquos do princpio. 9
77
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infncia de Jesus
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. Obras pstumas. Traduo de Guillon Ribeiro. 38. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte, Item 7: Predio dos profetas com
relao a Jesus, p. 145.
2. DICIONRIO DA BBLIA. Vol. 1. As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzer e Michael D. Coogan. Traduo de Maria Luiza X. de A.
Borges. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2002, p. 112.
3. FRANCO, Divaldo Pereira. Primcias do reino. Pelo Esprito Amlia Ro-
drigues. 4. ed. Salvador [BA]: LEAL, 1987. Item: Respingos histricos, p.
20-21.
4. SELEES DO Readers Digest. Guia completo da Bblia: as sagradas es-
crituras comentadas e ricamente ilustradas. Traduo de Alda Porto... [et
al.] Rio de Janeiro: Readers Digest, 2003, p. 312.
5. ______. p. 313.
6. VINICIUS. Na seara do mestre. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Cap. No
princpio era o Verbo, p. 177.
78
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infncia de Jesus
ORIENTAES AO MONITOR
79
E o menino crescia e se
fortaleciaemesprito,cheio
de sabedoria; e a graa de
Deus estava sobre ele.
80
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
MARIA, ME DE JESUS
2
Destacar a importncia de Maria de Nazar, segundo o pen-
Objetivos samento esprita.
IDIAS PRINCIPAIS
Buscando [...] algum no mundo para exercer a necessria tutela sobre a vida
preciosa do Embaixador Divino, o Supremo Poder do Universo no hesitou em
recorrer abnegada mulher, escondida num lar apagado e simples... Emmanuel:
Religio dos espritos, p. 132.
81
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 2
Maria, segundo informaes das fontes crists antigas, era filha de pais
judeus, Joaquim e Ana. H dvidas quanto ao local exato do seu nascimen-
to ocorrido entre 18 ou 20 a.C. , em Jerusalm ou em Sforis, na Galilia.
Possivelmente, ela casou aos 14 anos de idade, como era comum poca. 4
Durante a sua infncia viveu em Nazar, onde ficou noiva do carpinteiro
Buscando [...] algum no mundo para exercer a necessria tutela sobre a vida, preciosa do
Embaixador Divino, o Supremo Poder do Universo no hesitou em recorrer abnegada
mulher, escondida num lar apagado e simples...
Humilde, ocultava a experincia dos sbios; frgil como o lrio, trazia consigo a resistncia
do diamante; pobre entre os pobres, carreava na prpria virtude os tesouros incorruptveis
do corao, e, desvalida entre os homens, era grande e prestigiosa perante Deus. 15
A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu esprito se alegra em Deus, meu Salvador, 83
EADE - Roteiro 2 - Maria, me de Jesus
porque atentou na humildade de sua serva; pois eis que, desde agora, todas as geraes
me chamaro bem-aventurada. Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e Santo o seu
nome. E a sua misericrdia de gerao em gerao sobre os que o temem. Com o seu
brao, agiu valorosamente, dissipou os soberbos no pensamento de seu corao, deps
dos tronos os poderosos e elevou os humildes; encheu de bens os famintos, despediu
vazios os ricos, e auxiliou a Israel, seu servo, recordando-se da sua misericrdia (como
falou a nossos pais) para com Abrao e sua posteridade, para sempre. Lucas, 1:46-55
desse Esprito.
Junto da cruz, o vulto agoniado de Maria produzia dolorosa e indelvel impresso. Com
o pensamento ansioso e torturado, olhos fixos no madeiro das perfdias humanas, a
ternura materna regredia ao passado em amarguradas recordaes. Ali estava, na hora
extrema, o filho bem-amado.
Maria deixava-se ir na corrente infinda das lembranas. Eram as circunstncias maravil-
hosas em que o nascimento de Jesus lhe fora anunciado, a amizade de Izabel, as profecias
do velho Simeo, reconhecendo que a assistncia de Deus se tornara incontestvel nos
menores detalhes de sua vida. Naquele instante supremo revia, a manjedoura, na sua
beleza agreste, sentindo que a Natureza parecia desejar redizer aos seus ouvidos o cntico
de glria daquela noite inolvidvel. Atravs do vu espesso das lgrimas, repassou, uma
por uma, as cenas da infncia do filho estremecido, observando o alarma interior das
mais doces reminiscncias.
Nas menores coisas, reconhecia a interveno da Providncia celestial; entretanto,
naquela hora, seu pensamento vagava tambm pelo vasto mar das mais aflitivas inter-
rogaes. [...]
Que profundos desgnios haviam conduzido seu filho adorado cruz do suplcio?
Uma voz amiga lhe falava ao esprito, dizendo das determinaes insondveis e justas de
Deus, que precisam ser aceitas para a redeno divina das criaturas. Seu corao rebentava
em tempestades de lgrimas irreprimveis; contudo, no santurio da conscincia, repetia
a sua afirmao de sincera humildade: - Faa-se na escrava a vontade do Senhor! 9
A casa de Joo, [...] ao cabo de algumas semanas, se transformou num ponto de assem-
85
EADE - Roteiro 2 - Maria, me de Jesus
blias adorveis, onde as recordaes do Messias eram cultuadas por espritos humildes
e sinceros.
Maria externava as suas lembranas. Falava dele com maternal enternecimento, en-
quanto o apstolo comentava as verdades evanglicas, apreciando os ensinos recebidos.
[...] Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao stio singelo
e generoso. A notcia que Maria descansava, agora, entre eles, espalhara um claro de
esperana por todos os sofredores. Ao passo que Joo pregava na cidade as verdades de
Deus, ela atendia, no pobre santurio domstico, aos que a procuravam exibindo-lhe
suas lceras e necessidades.
Sua choupana era, ento, conhecida pelo nome de Casa da Santssima. 11
Enlevada nas suas meditaes, Maria viu aproximar-se o vulto de um pedinte. Minha
me exclamou o recm-chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho ,
venho fazer-te companhia e receber tua beno.
Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspi-
rava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do cu, confortando-a delicadamente.
87
EADE - Roteiro 2 - Maria, me de Jesus
REFERNCIAS
88
EADE - Roteiro 2 - Maria, me de Jesus
ORIENTAES AO MONITOR
89
Ento disse Maria: Aqui
est a serva do Senhor, que
secumpraemmimconforme
a tua palavra.
90
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
JOO BATISTA - O PRECURSOR
3
Objetivos Identificar a misso de Joo Batista como precursor de Jesus.
IDIAS PRINCIPAIS
91
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 3
viso no templo. E falava por acenos e ficou mudo. E sucedeu que, terminados os dias de
seu ministrio, voltou para sua casa. E, depois daqueles dias, Isabel, sua mulher, concebeu
e, por cinco meses, se ocultou, dizendo: Assim me fez o Senhor, nos dias em que atentou
em mim, para destruir o meu oprbrio entre os homens. (Lucas, 1:5-25)
E completou-se para Isabel o tempo de dar luz, e teve um filho. E os seus vizinhos e
parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande misericrdia e alegraram-
se com ela. E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino e lhe chamavam
Zacarias, o nome de seu pai. E, respondendo sua me, disse: No, porm ser chamado
Joo. E disseram-lhe: Ningum h na tua parentela que se chame por este nome. E
perguntaram, por acenos, ao pai como queria que lhe chamassem. E, pedindo ele uma
tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome Joo. E todos se maravilharam. E
logo a boca se lhe abriu, e a lngua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus. E veio temor
sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judia foram divulgadas todas
essas coisas. E todos os que as ouviam as conservavam em seu corao, dizendo: Quem
As mos de Deus, indiscutivelmente, pousavam sobre o seu lar. Depois... Ao seguir para
o deserto, vestiu-se como o antigo profeta Elias: uma pele de camelo no corpo, em volta
dos rins um cinto de couro... Iniciara o ministrio por volta do ano 15 do imprio de
Tibrio Csar, sendo Pncio Pilatos, governador da Judia e Herodes Antipas tetrarca
da Galilia... 1
das sandlias. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com gua; ele, porm, vos batizar
com o Esprito Santo. (Marcos, 1:4-8)
Transcorridos alguns anos, vamos encontrar o Batista na sua gloriosa tarefa de preparao
do caminho verdade, precedendo o trabalho divino do amor, que o mundo conheceria
em Jesus-Cristo. Joo, de fato, partiu primeiro, a fim de executar as operaes iniciais para
a grandiosa conquista. Esclarecendo com energia e deixando-se degolar em testemunho
Verdade, ele precedeu a lio da misericrdia e da bondade. O Mestre dos mestres
quis colocar a figura franca e spera do seu profeta no limiar de seus gloriosos ensinos e,
por isso, encontramos em Joo Batista um dos mais belos de todos os smbolos imortais
do Cristianismo. [...] Joo era a verdade, e a verdade, na sua tarefa de aperfeioamento,
dilacera e magoa, deixando-se levar aos sacrifcios extremos. 8
Como a dor que precede as poderosas manifestaes da luz no ntimo dos coraes, ela
recebe o bloco de mrmore bruto e lhe trabalha as asperezas para que a obra do amor
surja, em sua pureza divina. Joo Batista foi a voz clamante do deserto. Operrio da pri-
meira hora, ele o smbolo rude da verdade que arranca as mais fortes razes do mundo,
para que o reino de Deus prevalea nos coraes. Exprimindo a austera disciplina que
94
EADE - Roteiro 3 - Joo Batista - o precursor
Enfim, Joo Batista arcaria com a responsabilidade de abrir para a Humanidade a era
evanglica. Por isso que Jesus diz que dos nascidos de mulher, nenhum foi maior do
que Joo Batista; isto , no se encarnou ainda nenhum esprito com misso maior do
que a de Joo Batista. [...] Jesus, conquanto justifique o amor que o povo consagrava a
Joo Batista, adverte-o de que no mundo espiritual existiam Espritos ainda maiores,
por serem mais evoludos que Joo Batista. 5
E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ningum conteis a viso at
que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos. E os seus discpulos o interroga-
ram, dizendo: Por que dizem, ento, os escribas que mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias vir primeiro e restaurar todas as
coisas. Mas digo-vos que Elias j veio, e no o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que
quiseram. Assim faro eles tambm padecer o Filho do Homem. Ento, entenderam os
discpulos que lhes falara de Joo Batista. (Mateus, 17:9-13)
A mensagem de Joo Batista caiu em Israel como fogo na palha. [...] As multides que
o ouviam incluam publicanos e prostitutas. [...] O Judasmo nunca se deparara com
nada exatamente igual a isso, [...]. 2
Festejando-se, porm, o dia natalcio de Herodes, danou a filha de Herodias diante dele
e agradou a Herodes, pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse. E
ela, instruda previamente por sua me, disse: D-me aqui num prato a cabea de Joo
Batista. E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento e dos que estavam mesa com
ele, ordenou que se lhe desse. E mandou degolar Joo no crcere, e a sua cabea foi tra-
zida num prato e dada jovem, e ela a levou a sua me. E chegaram os seus discpulos,
e levaram o corpo, e o sepultaram, e foram anunci-lo a Jesus. (Mateus, 14:6-12)
96
EADE - Roteiro 3 - Joo Batista - o precursor
Joo Batista o smbolo do cristo que se sacrifica pela Verdade. Todavia Joo Batista no
sofreu unicamente pela Verdade que pregava. Em virtude da lei de causa e efeito, sabemos
que no h efeito sem causa. Por conseguinte, para que Joo Batista sofresse a pena de
decapitao porque ainda tinha dvidas de encarnaes anteriores a pagar. Apesar do
alto grau de espiritualidade que tinha alcanado, Joo teve de passar pela mesma pena que
infligira aos outros. De fato, se Joo Batista era Elias, poderemos ver nessa decapitao o
saldo da dvida que tinha contrado quando, como Elias, mandou decapitar os sacerdotes
de Baal. Justia Divina que se cumpre, nada deixando sem pagamento. 7
Aps Joo Batista, o povo judeu no teve outro profeta. Foi o ltimo de
uma linhagem que se preparou para trazer ao mundo a mensagem de Jesus.
Joo o ltimo profeta enviado pelo Senhor para ensinar os homens a viverem de acordo
com os mandamentos divinos. De agora em diante Jesus legar o Evangelho ao mun-
do, como um roteiro seguro que o conduzir a Deus. E hoje temos o Espiritismo, um
profeta que est em toda parte, falando ao corao e inteligncia de todas as criaturas:
aos humildes e aos letrados, aos pobres e aos ricos, aos sos e aos doentes, espalhando
97
EADE - Roteiro 3 - Joo Batista - o precursor
REFERNCIAS
98
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
A MISSO DE JESUS - GUIA E
4 MODELO DA HUMANIDADE
IDIAS PRINCIPAIS
Tendo por misso transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua
doutrina (a do Cristo), em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Allan
Kardec: A gnese. Cap. 17, it. 26.
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de guia
e modelo?
Jesus. Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeio moral a que a
Humanidade pode aspirar na Terra. Allan Kardec: O livro dos espritos, questo
625.
99
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 4
Jesus [...], com as suas legies de trabalhadores divinos, lanou o escopo da sua miseri-
crdia sobre o bloco de matria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para
as suas mos augustas e compassivas. Operou a escultura geolgica do orbe terreno,
talhando a escola abenoada e grandiosa, na qual o seu corao haveria de expandir-se
em amor, claridade e justia. Com os seus exrcitos de trabalhadores devotados, estatuiu
os regulamentos dos fenmenos fsicos da Terra, organizando-lhes o equilbrio futuro
na base dos corpos simples de matria, cuja unidade substancial os espectroscpios te-
rrenos puderam identificar por toda a parte no universo galxico. Organizou o cenrio
100
EADE - Roteiro 4 - A Misso de Jesus: guia e modelo da Humanidade
da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensvel existncia dos seres do porvir.
Fez a presso atmosfrica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no
mundo [...]. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a
harmonia de todas as foras fsicas que presidem ao ciclo das atividades planetrias. 18
A cincia do mundo no lhe viu as mos augustas e sbias na intimidade das energias que
vitalizam o organismo do Globo. Substituram-lhe a providncia com a palavra natureza,
em todos os seus estudos e anlises da existncia, mas o seu amor foi o Verbo da criao
do princpio, como e ser a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem-fim.
[...] Da a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos,
podia-se observar a existncia de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam
dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa,
nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lanara Jesus superfcie do mundo o germe
sagrado dos primeiros homens. 19
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeio moral a que a Humanidade pode aspirar
na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou
a expresso mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos tm
aparecido na Terra, o Esprito Divino o animava. 11
2. A mensagem crist
Jesus tem por misso encaminhar a Humanidade terrestre ao bem, dispo-
nibilizando condies para que o ser humano evolua em conhecimento e em
moralidade. Tendo por misso transmitir aos homens o pensamento de Deus, 101
EADE - Roteiro 4 - A Misso de Jesus: guia e modelo da Humanidade
dos arepagos, dos fruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza.
Suas pregaes, na praa pblica, verificam-se a propsito dos seres mais desprotegidos
e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas
na mesma vibrao de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu
pacificamente todas as violncias oficiais do judasmo, renovando a Lei Antiga com a
doutrina do esclarecimento, da tolerncia e do perdo. Espalhou as mais claras vises
da vida imortal, ensinando s criaturas terrestres que existe algo superior s ptrias, s
bandeiras, ao sangue e s leis humanas. Sua palavra profunda, enrgica e misericordiosa,
refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das cincias e j teria irmanado todas as
religies da Terra, se a impiedade dos homens no fizesse valer o peso da iniqidade na
balana da redeno. 21
Jesus no veio destruir a lei, isto , a lei de Deus; veio cumpri-la, isto , desenvolv-la,
dar-lhe o verdadeiro sentido e adapt-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso
que se nos depara, nessa lei, os princpios dos deveres para com Deus e para com o
prximo, base da sua doutrina. [...] combatendo constantemente o abuso das prticas
exteriores e as falsas interpretaes, por mais radical reforma no podia faz-las passar,
do que as reduzindo a esta nica prescrio: Amar a Deus acima de todas as coisas e o
prximo como a si mesmo, e acrescentando: a esto a lei toda e os profetas. 1
devia ser procurada a lio de Jesus, no mais para qualquer exposio terica,
mas visando cada discpulo o aperfeioamento de si mesmo, desdobrando as
edificaes do Divino Mestre no terreno definitivo do Esprito. 23
Neste sentido, importante compreender que o Cristianismo [...] a
sntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas religiosos mais antigos,
expresses fragmentrias das verdades sublimes trazidas ao mundo na palavra
imorredoura de Jesus. 24
Sendo assim, o cristo verdadeiro [...] deve buscar, antes de tudo, o mo-
delo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo ensinou com amor e humildade
o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindvel que todos os discpulos
edifiquem no ntimo essas virtudes, com as quais sabero remontar ao calvrio
de suas dores, no momento oportuno. 24
Assinalamos, em seguida, alguns ensinamentos que caracterizam a
mensagem crist, sem guardarmos a menor pretenso de termos esgotado o
assunto.
A humildade
A manjedoura assinalava o ponto inicial da lio salvadora do Cristo,
Dizendo que o reino dos cus dos simples, quis Jesus significar que a ningum
concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de corao e humildade de esprito;
que o ignorante possuidor dessas qualidades ser preferido ao sbio que mais cr em
si do que em Deus. Em todas as circunstncias, Jesus pe a humildade na categoria das
virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vcios que dele afastam a criatura,
e isso por uma razo muito natural: a de ser a humildade um ato de submisso a Deus,
ao passo que o orgulho a revolta contra ele. 2
A lei de amor
O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse o sentimento por ex-
celncia, e os sentimentos so os instintos elevados altura do progresso feito. [...] E o
ponto delicado do sentimento o amor, no o amor no sentido vulgar do termo, mas
esse sol interior que condensa e rene em seu ardente foco todas as aspiraes todas
as revelaes sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fuso dos
seres; extingue as misrias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade,
104
EADE - Roteiro 4 - A Misso de Jesus: guia e modelo da Humanidade
ama com amplo amor os seus irmos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois no
conhece a misria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiro os ps e vive como que trans-
portado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra amor, os povos
sobressaltaram-se e os mrtires, brios de esperana, desceram ao circo. 5
Descendo esfera dos homens por amor, humilhando-se por amor, ajudando e sofrendo
por amor, passa no mundo, de sentimento erguido no Pai Excelso, refletindo-Lhe a von-
tade sbia e misericordiosa. E, para que a vida e o pensamento de todos ns lhe retratem
as pegadas de luz, legou-nos, em nome de Deus, a sua frmula inesquecvel: - amai-vos
uns aos outros como eu vos amei. 31
O amor, repetimos, o reflexo de Deus, Nosso Pai, que se compadece de todos e que a nin-
gum violenta, embora, em razo do mesmo amor infinito com que nos ama, determine
estejamos sempre sob a lei da responsabilidade que se manifesta para cada conscincia,
de acordo com as suas prprias obras. E, amando-nos, permite o Senhor perlustrarmos
sem prazo o caminho de ascenso para Ele, concedendo-nos, quando impensadamente
nos consagramos ao mal, a prpria eternidade para reconciliar-nos com o Bem, que
a Sua Regra Imutvel. [...] Eis por que Jesus, o Modelo Divino, enviado por Ele Terra
para clarear-nos a senda, em cada passo do seu Ministrio tomou o amor ao Pai por
inspirao de toda a vida, amando sem a preocupao de ser amado e auxiliando sem
qualquer idia de recompensa. 30
Fidelidade a Deus
Ensina-nos Jesus que a primeira qualidade a ser cultivada no corao,
acima de todas as coisas, a fidelidade a Deus. 15
105
EADE - Roteiro 4 - A Misso de Jesus: guia e modelo da Humanidade
Na causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Onde o filho e o pai
que no desejam estabelecer, como ideal de unio, a confiana integral e recproca? Ns no
podemos duvidar da fidelidade de Nosso Pai para conosco. Sua dedicao nos cerca os esp-
ritos, desde o primeiro dia. Ainda no o conhecamos e j ele nos amava. E, acaso, poderemos
desdenhar a possibilidade da retribuio? No seria repudiarmos o ttulo de filhos amorosos,
o fato de nos deixarmos absorver no afastamento, favorecendo a negao? 15
Andr, se algum dia teus olhos se fecharem para a luz da Terra, serve a Deus com a tua
palavra e com os ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua, valendo-te
das tuas mos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mos e dos ps,
poderias servir a Deus com a pacincia e a coragem, porque a virtude o verbo dessa
fidelidade que nos conduzir ao amor dos amores! 16
Amor ao prximo
por essa razo que Jesus indica quais so os mandamentos mais im-
portantes da sua Doutrina: Amars o Senhor teu Deus de todo o teu corao,
e de toda tua alma, e de todo o teu pensamento. Este o primeiro e grande
mandamento. E o segundo, semelhante a este, : Amars o teu prximo como
a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
(Mateus, 22:37-40)
Entendemos, assim, que esse ensino de Jesus representa [...] a expres-
so mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem
para com o prximo. No podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito,
que tomar para padro, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para ns
desejamos. 4
O reino de Deus
Afirma Jesus: O Reino de Deus no vem com aparncia exterior. Nem
diro: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus est entre vs.
(Lucas, 17:20-21)
A necessidade do perdo
Aproximando Pedro de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, at quantas vezes
pecar meu irmo contra mim, e eu lhe perdoarei? At sete? Jesus lhe disse:
No te digo que at sete, mas at setenta vezes sete. (Mateus, 18: 21-22)
O [...] dio e o rancor denotam alma sem elevao, nem grandeza. O esquecimento das
107
EADE - Roteiro 4 - A Misso de Jesus: guia e modelo da Humanidade
ofensas prprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir.
Uma sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra calma, toda
mansido e caridade. [...] H, porm, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma,
grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com
delicadeza, ferir o amor-prprio e a suscetibilidade do adversrio, ainda quando este
ltimo nenhuma justificativa possa ter; a segunda a em que o ofendido, ou aquele que
tal se julga, impe ao outro condies humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdo
que irrita, em vez de acalmar; se estende a mo ao ofensor, no o faz com benevolncia,
mas com ostentao, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas
circunstncias, impossvel uma reconciliao sincera de parte a parte. No, no h a
generosidade; h apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. 3
Para a conveno do mundo, o perdo significa renunciar vingana, sem que o ofendido
precise olvidar plenamente a falta do seu irmo; entretanto, para o esprito evangelizado,
perdo e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevalea para todos os instantes
da existncia a necessidade de orao e vigilncia. 26
O valor da orao
congregar um dia todos os homens sob o mesmo estandarte, ser a que melhor satisfaa
razo e s legtimas aspiraes do corao e do esprito; que no seja em nenhum ponto
desmentida pela cincia positiva; que, em vez de se imobilizar, acompanhe a Humani-
dade em sua marcha progressiva, sem nunca deixar que a ultrapassem; que no for nem
exclusivista, nem intolerante; que for a emancipadora da inteligncia, com o no admitir
seno a f racional; aquela cujo cdigo de moral seja o mais puro, o mais lgico, o mais
de harmonia com as necessidades sociais, o mais apropriado, enfim, a fundar na Terra
o reinado do Bem, pela prtica da caridade e da fraternidade universais. 10
110
EADE - Roteiro 4 - A Misso de Jesus: guia e modelo da Humanidade
REFERNCIAS
112
EADE - Roteiro 4 - A Misso de Jesus: guia e modelo da Humanidade
ORIENTAES AO MONITOR
113
Porqueummeninonosnasceu
[...] e o seu nome ser Prncipe
da Paz.
114
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
OS APSTOLOS DE JESUS. A MISSO
5 DOS DOZE APSTOLOS
IDIAS PRINCIPAIS
115
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 5
1. O colgio apostolar
No cumprimento de sua misso, Jesus contou com a colaborao dos
apstolos e de outros discpulos. Apstolo uma palavra derivada do grego
que significa enviado. Discpulo um vocbulo de origem latina que significa
aluno. Jesus escolheu doze apstolos e os enviou a diversos lugares para pre-
Jesus chamou a equipe dos apstolos que lhe asseguraram cobertura obra redentora,
no para incensar-se e nem para encerr-los em torre de marfim, mas para ergu-los
condio de amigos fiis, capazes de abenoar, confortar, instruir e servir ao povo que,
em todas as latitudes da Terra, lhe constitui a amorosa famlia do corao. 32
grande festa em sua casa, e com eles estava mesa numerosa multido de pu-
blicanos e outras pessoas. (Lucas, 5:29)
O evangelista Marcos informa que, terminada a refeio, Jesus faz um
debate sobre o jejum; alerta sobre a inconvenincia de colocar remendo novo
em roupa velha, ou vinho novo em odres velhos; explica que o sbado foi feito
para o homem, e no o homem para o sbado, e cura um homem de mo atro-
fiada. Diante desses fatos, uma grande multido passa a segui-lo, chamando-o
filho de Deus. Marcos nos fala tambm que, depois, Jesus subiu montanha, e
chamou a si os que ele queria, e eles foram at ele. E constituiu Doze para que
ficassem com ele, para envi-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os
demnios [Espritos malficos]. Ele constitui, pois, os Doze, e imps a Simo o
nome de Pedro; a Tiago, o filho de Zebedeu, e a Joo, o irmo de Tiago, imps o
nome de Boanerges, isto , filhos do trovo; depois Andr, Filipe, Bartolomeu,
Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simo, o zelota, e Judas Iscariotes, aquele que
o traiu. (Marcos, 2:18-27; e 3, 1-19)
que sereis entregues aos seus tribunais e sereis aoitados nos seus templos suntuosos,
de onde est exilada a idia de Deus.[...] Mas, nos dias dolorosos da humilhao, no
vos d cuidado como haveis de falar, porque minha palavra estar convosco e sereis
inspirados, quanto ao que houverdes de dizer. Porque no somos ns que falamos; o
esprito amoroso de Nosso Pai que fala em todos ns. 27
Como Pedro ou Simo Barjona era filho de Jona, tambm seria Andr, a menos que
ocorra uma das hipteses: parente ou irmo por parte de me. Investigaes de filiao
materna carecem de apoio, pois nem sempre textos bblicos retiram a mulher da pe-
numbra, conservando annimas a sogra de Pedro, a me dos filhos de Zebedeu, a me
dos Macabeus etc. Pescador; integrante do grupo inicialmente convocado, isto , um
dos primeiros, entre os doze. 9
Embora menos proeminente que seu irmo (Pedro), Andr est presente ao milagre
da multiplicao dos pes de Jesus e fala apocalptica do Monte das Oliveiras. [...] De
acordo com a tradio medieval tardia, Andr foi martirizado pela crucificao numa
cruz em forma de xis, que mais tarde aparece na bandeira da Gr-Bretanha representando
a Esccia, de que Andr o padroeiro. 6
abandonou suas redes para seguir os passos de Joo Batista. 3 Segundo o his-
toriador Eusbio (Histria Eclesistica III), Andr teria desenvolvido extenso
apostolado na Palestina, sia Menor, Macednia, Grcia e regies prximas
do Cucaso. As antigas narrativas indicam que, supostamente, se encontram
em Patras, cidade grega, os restos mortais do apstolo, guardados numa igreja
ortodoxa grega. 3
O seguinte relato de Joo, que Filipe teria falado sobre Jesus a Bartolomeu
(ou Natanael), apresentando-o, posteriormente, ao Mestre: Temos achado
aquele, de quem escreveu Moiss na Lei, e de quem falaram os Profetas, Jesus
de Nazar, filho de Jos. Perguntou-lhe Natanael: De Nazar pode sair coisa
que seja boa? Respondeu Filipe: Vem e v. Jesus vendo aproximar-se Natanael,
disse: Antes de Filipe chamar-te, eu vi, quando estavas debaixo da figueira.
Replicou-lhe Natanael: Mestre, tu s o Filho de Deus, Tu s o Rei de Israel.
Disse-lhe Jesus: Por eu te ver debaixo da figueira, crs? Maiores coisas do que
esta vers. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o Cu
aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Na-
tanael, aps esse encontro com o Mestre, O seguia, tornando-se um dos seus
discpulos. 22
119
EADE - Roteiro 5 - Os apstolos de Jesus. A misso dos doze apstolos
Filipe, de Betsaida, de onde tambm provinha Pedro, apregoou Cristo nas Glias e nas
naes vizinhas, trazendo seus brbaros, que estavam em trevas, luz do entendimento
e ao porto da f. Mais tarde, foi apedrejado, crucificado e morto em Hierpolis, uma
cidade da Frgia, onde foi sepultado de cabea para baixo, ao lado de suas filhas. 5
Filipe era muito ligado aos apstolos Bartolomeu, Joo, Pedro e Tiago
Maior (os trs ltimos apstolos formavam uma espcie de estado-maior do
colgio apostolar).
importante no confundir Filipe, um dos doze apstolos, com Filipe, o
evangelista, companheiro de Paulo de Tarso.
Este [...] no compunha o rol dos doze discpulos, entra em cena num momento em
que a Igreja de Jerusalm se debate com a delicada questo da discriminao sofrida
por judeus-cristos, de lngua grega e provenientes da Dispora, tambm conhecidos 120
EADE - Roteiro 5 - Os apstolos de Jesus. A misso dos doze apstolos
como helenistas. [...] Diante da possibilidade de uma diviso sem precedentes, os doze
[apstolos] sugeriram congregao local a escolha de sete vares cheios de Esprito
Santo e de sabedoria, que pudessem solucionar aquela questo de cunho administrativo,
enquanto eles prprios se dedicariam ao ensino e a pregao da Palavra. 4
Dessa forma, Filipe, assim como Estevo e mais cinco judeus da Disperso
(Dispora) ficaram responsveis pelas tarefas administrativas da congregao
(Atos dos Apstolos, 6:5; 8:5-40 e 21:8-9).
Os [...] necessitados que procuravam valer-se da obra assistencial dos discpulos [...]. O
servio de cada dia consistia no s nas pregaes evanglicas mas tambm na distri-
buio de sopa e alimentos aos pobres, dentre os quais dedicavam especial ateno s
vivas desamparadas. 19
Judas deixou-se conduzir pela [...] embriagus de seus sonhos ilusrios. Entregaria o
Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeao oficial para dirigir a atividade
dos companheiros. Teria autoridade e privilgios polticos. Satisfaria s suas ambies,
aparentemente justas, com o fim de organizar a vitria crist no seio de seu povo. Depois
de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espiri-
tuais, de modo a utiliz-los para a converso de seus amigos e protetores prestigiosos.
O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por
entre a maldade e a violncia. 28
Judas identificado pela tradio antiga como o autor da epstola de Judas, que foi escrita
a uma igreja ou grupo de igrejas desconhecido para combater o perigo representado por
ao fato de ter negado Jesus. A tradio evanglica nos informa que, replicando
ao Mestre, Pedro lhe diz que seria capaz de dar a prpria vida por ele. Ouvindo
essa afirmativa, observa o Cristo: Pedro, a tua inquietao se faz credora de
novos ensinamentos. A experincia te ensinar melhores concluses, porque,
em verdade, te afirmo que esta noite o galo no cantar sem que me tenhas
negado por trs vezes. 26 (Mateus, 26: 69-75)
A teologia catlica afirma ser Pedro o fundador da Igreja Crist de Roma,
considerando-o o primeiro Papa. Simbolicamente pode-se admitir tal fato, por-
que, em termos histricos, Pedro no a poderia ter fundado. Depois da morte
de Jesus, despontou como lder dos doze Apstolos, aparecendo, praticamen-
te, em todas as narrativas evanglicas. Exerceu autoridade na recm-nascida
comunidade crist, tendo apoiado a iniciativa de Paulo de Tarso de incluir os
no-judeus na f crist.
Foi morto em Roma, crucificado de cabea para baixo, no ano de 64 d.C.,
durante a perseguio feita por Nero aos cristos. A forma de crucificao do
apstolo foi, segundo a tradio, escolhida por ele mesmo, que no se julgava
digno de morrer como Jesus morreu. Supe-se que o seu tmulo se encontra
sob a catedral de So Pedro, no Vaticano.
Quatro pessoas no Novo testamento tm o nome Tiago (grego Iakobos), que uma de
duas formas gregas do nome hebraico Jac (a outra sendo a simples transliterao Iakob).
Como Jac era um ancestral referenciado em Israel, Tiago foi um nome comum entre
os judeus no perodo romano.Tiago, filho de Zebedeu, era um pescador galileu na rea
de Cafarnaum no mar da Galilia, um scio (juntamente com seu irmo Joo) de Simo
Pedro. Estava trabalhando no negcio encabeado por seu pai quando foi chamado por
Jesus para ser seu discpulo. Tiago e Joo formaram, ao lado de Pedro, o ncleo mais
estreito de trs entre os Doze apstolos: eles testemunharam a ressureio da filha de
Jairo, estiveram presentes transfigurao e observaram (e em parte dormiram enquanto
ela ocorria) a agonia de Jesus em Getsemni.
Ao que parece, Tiago e Joo expressavam-se explosivamente, ou esperavam que Deus
lanasse um sbito julgamento sobre os inimigos de Jesus, porque foram apelidados
125
EADE - Roteiro 5 - Os apstolos de Jesus. A misso dos doze apstolos
Boanerges (sons de troves) [...]. Fora dos Evangelhos sinticos, Tiago, filho de Zebedeu,
aparece somente em Atos. Estava presente na sala superior com o grupo que esperava
Pentecostes. A nica outra referncia a ele no Novo Testamento a notcia enigmtica
de que Herodes (Agripa I) o havia matado. Ele foi, assim, o segundo mrtir registrado
da igreja (depois de Estevo) e o primeiro do grupo apostlico a morrer (com exceo
de Judas Iscariotes, que havia sido substitudo como apstolo). 8
as cicatrizes dos ps e das mos, e a chaga do lado. Julga-se que Tom foi pregar,
aps a disperso, o Evangelho aos persas, hindus e rabes [...]. 23 Acompanhou
Jesus durante os trs anos de sua prdica, mostrando-se-lhe muito afeioado. 17
127
EADE - Roteiro 5 - Os apstolos de Jesus. A misso dos doze apstolos
REFERNCIAS
pos. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 5 (Os Discpulos), p. 38-39.
27. ______. p. 39-41.
28. ______. Cap. 24 (A iluso do discpulo), p.162.
29. ______. p. 163.
30. ______. Caminho, verdade e vida. Pelo Esprito Emmanuel. 26. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 89 (O fracasso de Pedro), p. 193-194.
31. ______. Luz acima. Pelo Esprito Irmo X. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
Cap. 44 (Do aprendizado de Judas), p. 187.
32. XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Es-
pritos Andr Luiz e Emmanuel. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 39
(Espritas, meditemos - mensagem de Emmanuel), p.223-224.
129
EADE - Roteiro 5 - Os apstolos de Jesus. A misso dos doze apstolos
ORIENTAES AO MONITOR
130
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
A ESCRITURA DOS EVANGELHOS.
6 OS EVANGELISTAS
IDIAS PRINCIPAIS
O Cristo nada escreveu. Suas palavras, disseminadas ao longo dos caminhos, foram trans-
mitidas de boca em boca e, posteriormente, transcritas em diferentes pocas, muito tempo
depois da sua morte. Uma tradio religiosa popular formou-se pouco a pouco, tradio
que sofreu constante evoluo at o sculo IV [...]. Durante [...] meio sculo depois da
morte de Jesus, a tradio crist, oral e viva, qual gua corrente em que qualquer se pode
saciar. Sua propaganda se fez por meio da prdica [sermo, discurso religioso], pelo ensino
dos apstolos, homens simples, iletrados, mas iluminados pelo pensamento do Mestre.
No seno do ano 60 ao 80 que aparecem as primeiras narraes escritas, a de Marcos a
princpio, que a mais antiga, depois as primeiras narrativas atribudas a Mateus e Lucas,
todas, escritos fragmentrios e que se vo acrescentar de sucessivas adies, como todas
(Marcos, 3:17; 5:41; 7:34; 10:46; 14:36; 15:34), assim como relatos de costumes
judaicos (Marcos, 7:3-4; 14:12; 15:42). O autor faz poucas referncias ao Antigo
Testamento. Destaca as vrias emoes dos personagens (Marcos, 3:34; 8:12;
10:14, 21,32; 16:5-6). O ponto culminante do seu evangelho a confisso de
Pedro, em Cesrea (Marcos, 8:27-30) e a resposta do Cristo, que no decla-
rara antes ser o Messias por causa do falso conceito de libertador temporal,
atribudo ao enviado de Deus. Alguns autores afirmam que Marcos usou este
segredo messinico para evitar explicaes embaraosas sobre o fato de ter
o Cristo morrido da forma como morreu, quando deveria, no entender dos
judeus, ser o libertador de um povo.
A tradio diz que a casa, citada em Atos dos Apstolos, 12:12, perten-
cia a Marcos, e a mesma onde foi celebrada a ltima ceia de Jesus (Marcos,
14:4).
Supe-se tambm que o Jardim de Getsmani lhe pertencia, que ele (Mar-
cos) era o homem do cntaro (Marcos, 14:13), sendo igualmente o jovem nu,
retratado unicamente em seu Evangelho (Marcos,14:51-52).
Marcos acompanhou Paulo e Barnab na primeira viagem do apstolo dos
gentios de Jerusalm Antioquia (Atos dos Apstolos, 13:5) , mas no
Seu plano retoma as grandes linhas do de Marcos com algumas transposies ou omis-
ses. Alguns episdios so deslocados (3, 19-20; 4, 16-30; 5, 1-11; 6, 12-19; 22, 31-34 etc),
ora por preocupao de clareza e de lgica, ora por influncia de outras tradies, entre
as quais deve-se notar a que se reflete igualmente no quarto evangelho. Outros episdios
so omitidos, seja como menos interessantes para os leitores pagos (cf. Mc 9, 11-13),
seja para evitar duplicatas (cf. Mc 12, 28-34 em comparao com Lc 10, 25-28). 7
tido como um bom escritor pelo estilo elegante da lngua (o grego) usada
Joo se move assim acima dos testemunhos dos outros escritores do evangelho, explo-
rando a natureza de Jesus em relao a Deus e humanidade, e os fundamentos para a
evanglica: Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece
nas trevas e as trevas no a compreenderam. (Joo, 1:4-5)
Finalmente, oportuno lembrar que a promessa do advento do Consolador
consta apenas do Evangelho de Joo, que assim nos transmite o feliz anncio
de Jesus: Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao
Pai, e ele vos dar outro Consolador, para que fique convosco para sempre. O
Esprito da verdade, que o mundo no pode receber, porque no o v nem o
conhece; mas vs o conheceis, porque habita convosco, e estar em vs. No
vos deixarei rfos; voltarei para vs. Mas, quando vier o Consolador, que eu
da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Esprito da verdade, que procede do
Pai, testificar de mim. E vs tambm testificareis, pois estivestes comigo desde
o princpio. (Joo, 14:15-18; 15:26-27)
143
EADE - Roteiro 6 - A escritura dos Evangelhos. Os evangelistas
REFERNCIAS
144
EADE - Roteiro 6 - A escritura dos Evangelhos. Os evangelistas
ORIENTAES AO MONITOR
145
E falou-lhe de muitas coisas por parbolas,
dizendo:Eisqueosemeadorsaiuasemear.E,
quandosemeava,umapartedasementecaiuao
pdocaminho,evieramasavesecomeram-na;
eoutrapartecaiuempedregais,ondenohavia
terrabastante,elogonasceu,porquenotinha
terrafunda.Mas,vindoosol,queimou-seese-
cou-se,porquenotinharaiz.Eoutracaiuentre
Mateus,13:3-8.
146
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
FENMENOS PSQUICOS
7 NO EVANGELHO
IDIAS PRINCIPAIS
A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como operados por Jesus
se acha hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo,
como fenmenos naturais. Allan Kardec: Obras pstumas. Primeira parte, p.
140.
147
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 7
1. Milagres
Os Fenmenos psquicos realizados por Jesus, por seus apstolos e demais
discpulos eram tidos como milagres ou de ordem sobrenatural. A Doutrina
Esprita veio esclarecer quanto origem e forma de manifestao desses
fenmenos, provando a possibilidade deles. 13
por este motivo que certos fatos cientficos so, igualmente, conside-
rados milagrosos, uma vez que o vulgo desconhece as leis que regem a sua
manifestao. Da mesma forma, o desconhecimento dos mecanismos que
148
EADE - Roteiro 7 - Fenmenos psquicos no Evangelho
A Doutrina Esprita esclarece [...] o que cada cincia fez no seu advento:
revelar novas leis e explicar, conseguintemente, os fenmenos compreendidos
na alada dessas leis. Esses fenmenos, certo, se prendem existncia dos
Espritos e interveno deles no mundo material e isso , dizem, em que
consiste o sobrenatural. 2
O Espiritismo desmistifica o carter sobrenatural dos fenmenos psquicos,
explicando-os de forma simples e consistente.
nos acerca dessa fora, o Espiritismo faculta a elucidao de uma imensidade de coisas
inexplicadas e inexplicveis por qualquer outro meio e que, por isso, passaram por pro-
dgios nos tempos idos. Do mesmo modo que o magnetismo, ele revela uma lei, seno
desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou, melhor dizendo, conheciam-se os
efeitos, porque eles em todos os tempos se produziram, porm no se conhecia a lei e
foi o desconhecimento desta que gerou a superstio. Conhecida essa lei, desaparece o
maravilhoso e os fenmenos entram na ordem das coisas naturais. 3
Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus no foi um filsofo e nem poder
ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores
divinos de sua hierarquia espiritual, na direo das coletividades terrcolas. Enviado
de Deus, Ele foi a representao do Pai junto do rebanho de filhos transviados do seu
amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas ordenaes sagradas da vida
no Infinito. Diretor anglico do orbe, seu corao no desdenhou a permanncia direta
Jesus como [...] homem, tinha a organizao dos seres carnais; porm, como Esprito
puro, desprendido da matria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida
corporal, de cujas fraquezas no era passvel. A sua superioridade com relao aos ho-
mens no derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Esprito,
que dominava de modo absoluto a matria e da do seu perisprito, tirado da parte mais
quintessenciada dos fluidos terrestres. Sua alma, provavelmente, no se achava presa
ao corpo, seno pelos laos estritamente indispensveis. Constantemente desprendida,
ela decerto lhe dava dupla vista, no s permanente, como de excepcional penetrao
e superior de muito que de ordinrio possuem os homens comuns. O mesmo havia
de dar-se, nele, com relao a todos os fenmenos que dependem dos fluidos perispi-
rituais ou psquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa fora magntica,
secundada pelo incessante desejo de fazer o bem. Agiria como mdium nas curas que
operava? Poder-se- consider-lo poderoso mdium curador? No, porquanto o m-
dium um intermedirio, um instrumento de que se servem os Espritos desencarnados
e o Cristo no precisava de assistncia, pois que era ele quem assistia os outros. Agia
150
EADE - Roteiro 7 - Fenmenos psquicos no Evangelho
por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos,
os encarnados, na medida de suas foras. Que Esprito, ao demais, ousaria insuflar-lhe
seus prprios pensamentos e encarreg-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho
recebia, esse s de Deus lhe poderia vir. Segundo definio dada por um Esprito, ele era
mdium de Deus. 4
[...] que nisto, como em muitas outras coisas, lhe cumpria apropriar sua linguagem aos
conhecimentos dos seus contemporneos. Como poderiam estes apreender os matizes
de uma palavra que ainda hoje nem todos compreendem? Para o vulgo, eram milagres
as coisas extraordinrias que ele fazia e que pareciam sobrenaturais, naquele tempo e
mesmo muito tempo depois. Ele no podia dar-lhes outro nome. Fato digno de nota
que se serviu dessa denominao para atestar a misso que recebera de Deus, segundo
suas prprias expresses, porm nunca se prevaleceu dos milagres para se apresentar
como possuidor de poder divino. 16
Nada apresentam de surpreendentes estes fatos, desde que se conhea o poder da dupla
vista e a causa, muito natural, dessa faculdade. Jesus a possua em grau elevado e pode
dizer-se que ela constitua o seu estado normal, conforme o atesta grande nmero de atos
de sua vida, os quais, hoje, tm a explic-los os fenmenos magnticos e o Espiritismo.
A pesca qualificada de miraculosa igualmente se explica pela dupla vista. Jesus no pro- 151
EADE - Roteiro 7 - Fenmenos psquicos no Evangelho
duziu espontaneamente peixes onde no os havia; ele viu, com a vista da alma, como teria
podido faz-lo um lcido vgil, o lugar onde se achavam os peixes e disse com segurana
aos pescadores que lanassem a suas redes. 5
Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele sara, so significativas. Expri-
mem o movimento fludico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram
a ao que acabara de produzir-se. de notar-se que o efeito no foi provocado por
nenhum ato da vontade de Jesus; no houve magnetizao, nem imposio das mos.
Bastou a irradiao fludica normal para realizar a cura. 6
Aqui, evidente o efeito magntico; a cura no foi instantnea, porm gradual e conse-
qente a uma ao prolongada e reiterada, se bem que mais rpida do que na magnetizao
ordinria. A primeira sensao que o homem teve foi exatamente a que experimentam
os cegos ao recobrarem a vista. Por um efeito de ptica, os objetos lhes parecem de
tamanho exagerado. 7
Os samaritanos eram cismticos, mais ou menos como os protestantes com relao aos
catlicos, e os judeus tinham em desprezo, como herticos. Curando indistintamente
os judeus e os samaritanos, dava Jesus, ao mesmo tempo, uma lio e um exemplo de
tolerncia; e fazendo ressaltar que s o samaritano voltara a glorificar a Deus, mostrava
que havia nele maior soma de f e de reconhecimento, do que nos que se diziam orto-
doxos. 8
Contrrio seria s leis da Natureza e, portanto, milagroso, o fato de voltar vida corp-
rea um indivduo que se achasse realmente morto. Ora, no h mister se recorra a essa
ordem de fatos, para ter-se a explicao das ressurreies que Jesus operou. Se, mesmo
na atualidade, as aparncias enganam por vezes os profissionais, quo mais freqentes
no haviam de ser os acidentes daquela natureza, num pas onde nenhuma precauo se
tomava contra eles e onde o sepultamento era imediato. , pois, de todo ponto provvel
que, nos dois casos acima, apenas sncope ou letargia houvesse. O prprio Jesus declara
positivamente, com relao filha de Jairo: Esta menina, disse ele, no est morta, est
apenas adormecida. Dado o poder fludico que ele possua, nada de espantoso h em
que esse fluido vivificante, acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos
em torpor; que haja mesmo feito voltar ao corpo o Esprito, prestes a abandon-lo, uma
vez que o lao perispirtico ainda se no rompera definitivamente. Para os homens da-
quela poca, que consideravam morto o indivduo desde que deixara de respirar, havia
ressurreio em casos tais; mas, o que na realidade havia era cura e no ressurreio, na
acepo legtima do termo. 10
faculdades que Jesus revelou, nenhuma se pode apontar estranhas s condies da huma-
nidade e que se no encontre comumente nos homens, porque esto todas na ordem da
Natureza. Pela superioridade, porm, da sua essncia moral e de suas qualidades fludicas,
aquelas faculdades atingiam nele propores muito acima das que so vulgares. Posto de
lado o seu envoltrio carnal, ele nos patenteava o estado dos puros Espritos. 11
Todos os evangelistas narram as aparies de Jesus, aps sua morte, com circunstanciados
pormenores que no permitem se duvide da realidade do fato. Elas, alis, se explicam
perfeitamente pelas leis fludicas e pelas propriedades do perisprito e nada de anmalo
apresentam em face dos fenmenos do mesmo gnero, cuja histria, antiga e contempor-
nea, oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as
circunstncias em que se deram as suas diversas aparies, nele reconheceremos, em tais
ocasies, todos os caracteres de um ser fludico. Aparece inopinadamente e do mesmo
modo desaparece; uns o vem, outros no [...]. Jesus, portanto, se mostrou com seu corpo
perispirtico, o que explica que s tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem. Se
estivesse com seu corpo carnal, todos o veriam, como quando estava vivo. Ignorando a
causa originria do fenmeno das aparies, seus discpulos no se apercebiam dessas
particularidades, a que, provavelmente, no davam ateno. Desde que viam o Senhor e
o tocavam, haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado. 12
155
EADE - Roteiro 7 - Fenmenos psquicos no Evangelho
O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi
a revoluo que seus ensinos produziram no mundo, mau grado exigidade dos seus
meios de ao. Com efeito, Jesus, obscuro, pobre, nascido na mais humilde condio, no
seio de um povo pequenino, quase ignorado e sem preponderncia poltica, artstica ou
literria, apenas durante trs anos prega a sua doutrina, [...] Tinha contra si tudo o que
causa o malogro das obras dos homens, razo por que dizemos que o triunfo alcanado
pela sua doutrina foi o maior dos seus milagres, ao mesmo tempo que prova ser divina
a sua misso. Se, em vez de princpios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro
espiritual do homem, ele apenas houvesse legado posteridade alguns fatos maravilhosos,
talvez hoje mal o conhecessem de nome. 14
156
EADE - Roteiro 7 - Fenmenos psquicos no Evangelho
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. A gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Ja-
neiro: FEB, 2006. Cap. 13, item 1, p. 297-298.
2. ______. item 4, p. 299.
3. ______. item 13, p. 305.
4. ______. Cap. 15, item 2, p. 354-355.
5. ______. item 9, p. 359.
6. ______. item 11, p. 361.
7. ______. item 13, p. 362.
8. ______. item 17, p. 364.
9. ______. item 27, p. 372.
10. ______. item 39, p. 379-380.
11. ______. item 44, p. 383-384.
12. ______. item 61, p.398.
13. ______. item 62, p. 399.
14. ______. item 63, p. 399-400.
157
EADE - Roteiro 7 - Fenmenos psquicos no Evangelho
ORIENTAES AO MONITOR
158
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
OS DISCPULOS DE JESUS
8
Identificar as caractersticas dos verdadeiros discpulos de
Objetivos Jesus.
Destacar os pontos mais importantes da misso dos Setenta
Discpulos e dos Quinhentos da Galilia.
IDIAS PRINCIPAIS
Deus [...] s confia misses importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir,
porquanto as grandes misses so fardos pesados que esmagariam o homem
carente de foras para carreg-los. Em todas as coisas, o mestre h de sempre saber
mais do que o discpulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e
intelectualmente, so precisos homens superiores em inteligncia e em moralidade.
O [...] discpulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo sua obra neste
mundo. Ele sabe que se acha a laborar com muito esforo num grande campo,
propriedade de seu Pai, que observa com carinho e atenta com amor nos seus
trabalhos. Humberto de Campos: Boa nova. Cap. 6.
159
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 8
1. Os discpulos do Cristo
O termo discpulo, significando literalmente aluno, aparece no Novo
Testamento somente nos evangelhos e em Atos dos Apstolos. De emprego,
em particular, para identificar os doze apstolos, designa, em geral, a ampla
variedade dos seguidores de Jesus. Entretanto, nem todos os seguidores do
Deus [...] s confia misses importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir, porquanto
as grandes misses so fardos pesados que esmagariam o homem carente de foras para
carreg-los. Em todas as coisas, o mestre h de sempre saber mais do que o discpulo; para
fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, so precisos homens
superiores em inteligncia e em moralidade. Por isso, para essas misses so sempre es-
colhidos Espritos j adiantados, que fizeram suas provas noutras existncias, visto que,
se no fossem superiores ao meio em que tm da atuar, nula lhes resultaria a ao. 1
Ama a Deus, Nosso Pai [...], com toda a tua alma, com todo o teu corao e com todo o
teu entendimento. Ama o prximo como a ti mesmo. Perdoa ao companheiro quantas
A [...] vida de cada criatura consciente um conjunto de deveres para consigo mesma,
para com a famlia de coraes que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para
com a Humanidade inteira. E no to fcil desempenhar todas essas obrigaes com
aprovao plena das diretrizes evanglicas. Imprescindvel se faz eliminar as arestas do 161
EADE - Roteiro 8 - Os discpulos de Jesus
As tradies crists nos relatam que, naquele dia, Jesus apareceu a aproxi-
madamente quinhentas pessoas denominadas, mais tarde, de Os Quinhentos
164
EADE - Roteiro 8 - Os discpulos de Jesus
Amados [...], eis que retorno a vida em meu Pai para regressar luz do meu Reino!...
Enviei meus discpulos como ovelhas ao meio de lobos e vos recomendo que lhes sigais
os passos no escabroso caminho. Depois deles, a vs que confio a tarefa sublime da
redeno pelas verdades do Evangelho. Eles sero os semeadores, vs sereis o fermento
divino. Instituo-vos os primeiros trabalhadores, os herdeiros iniciais dos bens divinos.
Para entrardes na posse do tesouro celestial, muita vez experimentareis o martrio da
cruz e o fel da ingratido... Em conflito permanente com o mundo, estareis na Terra,
fora de suas leis implacveis e egosticas, at que as bases do meu Reino de concrdia e
justia se estabeleam no esprito das criaturas. Negai-vos a vs mesmos, como neguei
a minha prpria vontade na execuo dos desgnios de Deus, e tomai a vossa cruz para
seguir-me. 11
Sculos de luta vos esperam na estrada universal. preciso imunizar o corao contra
todos os enganos da vida transitria, para a soberana grandeza da vida imortal. Vossas
sendas estaro repletas de fantasmas de aniquilamento e de vises da morte. O mundo
inteiro se levantar contra vs, em obedincia espontnea s foras tenebrosas do mal, que
ainda lhes dominam as fronteiras. Sereis escarnecidos e aparentemente desamparados;
Amados, eis que tambm vos envio como ovelhas aos caminhos obscuros e speros.
Entretanto, nada temais! Sede fiis ao meu corao, como vos sou fiel, e o bom nimo
representar a vossa estrela! Ide ao mundo, onde teremos que vencer o mal! Aperfeioe-
mos a nossa escola milenria, para que a seja interpretada e posta em prtica a lei de
amor do Nosso Pai, em obedincia feliz sua vontade augusta! 13
de Jesus-Cristo. 14
Mal sabiam eles, na sua msera condio humana, que a palavra do Mestre alcanaria
os sculos do porvir. E foi assim que, representando o fermento renovador do mundo,
eles reencarnaram em todos os tempos, nos mais diversos climas religiosos e polticos do
planeta, ensinando a verdade e abrindo novos caminhos de luz, atravs dos bastidores
eternos do Tempo. Foram eles os primeiros a transmitir a sagrada vibrao de coragem
e confiana aos que tombaram nos campos do martrio, semeando a f no corao
pervertido das criaturas. Nos circos da vaidade humana, nas fogueiras e nos suplcios,
ensinaram a lio de Jesus, com resignado herosmo. Nas artes e nas cincias, plantaram
concepes novas de desprendimento do mundo e de belezas do cu e, no seio das mais
variadas religies da Terra, continuam revelando o desejo do Cristo, que de unio e de
amor, de fraternidade e concrdia. Na qualidade de discpulos sinceros e bem-amados,
desceram aos abismos mais tenebrosos, redimindo o mal com os seus sacrifcios purifi-
cadores, convertendo, com as luzes do Evangelho, corrente da redeno, os Espritos
mais empedernidos. Abandonados e desprotegidos na Terra, eles passam, edificando no
silncio as magnificncias do Reino de Deus, nos pases dos coraes e, multiplicando
as notas de seu cntico de glria por entre os que se constituem instrumentos sinceros
do bem com Jesus-Cristo, formam a caravana sublime que nunca se dissolver. 14
Cedo ou tarde a Humanidade ter que optar por Jesus, mantendo-se fiel
ao seu Evangelho.
Em verdade, [...] ningum pode servir, simultaneamente, a dois senhores. Fora absurdo
viver ao mesmo tempo para os prazeres condenveis da Terra e, para as virtudes sublimes
do cu. O discpulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo sua obra neste mundo.
Ele sabe que se acha a laborar com muito esforo num grande campo, propriedade de seu
Pai, que o observa com carinho e atenta com amor nos seus trabalhos. [...] certo que as
foras destruidoras reclamaro a indiferena e a submisso do filho de Deus; mas, o filho 166
EADE - Roteiro 8 - Os discpulos de Jesus
de corao fiel a seu Pai se lana ao trabalho com perseverana e boa vontade. Entrar
em luta silenciosa com o meio, sofrer-lhe- os tormentos com herosmo espiritual, por
amor do reino que traz no corao plantar uma flor onde haja um espinho; abrir uma
senda, embora estreita, onde estejam em confuso os parasitos da Terra; cavar pacien-
temente, buscando as entranhas do solo, para que surja uma gota dgua onde queime
um deserto. Do ntimo desse trabalhador brotar sempre um cntico de alegria, porque
Deus o ama e segue com ateno. 8
Nos dias de calma fcil provar-se fidelidade e confiana. No se prova, porm, dedi-
cao, verdadeiramente, seno nas horas tormentosas, em que tudo parece contrariar e
perecer. [...] Andr, se algum dia teus olhos se fecharem para a luz do Terra, serve a Deus
com a tua palavra e com os teus ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua,
valendo-te das tuas mos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mos e
dos ps, poderias servir a Deus com a pacincia e a coragem, porque a virtude o verbo
dessa fidelidade que nos conduzir ao amor dos amores! 9
167
EADE - Roteiro 8 - Os discpulos de Jesus
REFERNCIAS
168
EADE - Roteiro 8 - Os discpulos de Jesus
ORIENTAES AO MONITOR
169
Derepente,veiodocuumrudo
semelhanteaosoprardeimpetuoso
vendaval,eencheutodaacasaonde
se achavam. E apareceram umas
comolnguasdefogoquesedistri-
burameforampousarsobrecada
umdeles.Todosficaramcheiosdo
170
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
A LTIMA CEIA
9
Identificar os principais ensinos e orientaes transmitidos
Objetivos por Jesus na ltima ceia.
Interpretar luz do Espiritismo acontecimentos significativos
que ocorreram antes da crucificao de Jesus.
IDIAS PRINCIPAIS
E, chegada a hora, ps-se mesa, e, com ele, os doze apstolos. E disse-lhes: Desejei
muito comer convosco esta Pscoa, antes que padea, porque vos digo que no
a comerei mais at que ela se cumpra no Reino de Deus.E, tomando o clice e
havendo dado graas, disse: Tomai-o e reparti-o entre vs, porque vos digo que
j no beberei do fruto da videira, at que venha o Reino de Deus. E, tomando
1. A ltima ceia
A ltima ceia de Jesus com os seus apstolos representa mais um apelo
do Mestre vivncia da lei de amor, segundo os princpios da verdadeira fra-
ternidade que devem reinar na Humanidade. Nessa ceia, o Mestre transmite
tambm orientaes finais aos discpulos, anuncia acontecimentos e empenha,
Amados disse Jesus, com emoo , est muito prximo o nosso ltimo instante
de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendaes de amor, feitas
desde o primeiro dia do apostolado. Este po significa o do banquete do Evangelho; este
vinho o sinal do esprito renovador dos meus ensinamentos. Constituiro o smbolo
de nossa comunho perene, no sagrado idealismo do amor, com que operaremos no
mundo at o ltimo dia. Todos os que partilharem conosco, atravs do tempo, desse
172
EADE - Roteiro 9 - A ltima Ceia
po eterno e desse vinho sagrado da alma, tero o esprito fecundado pela luz gloriosa
do Reino de Deus, que representa o objetivo santo dos nossos destinos. 7
grentos, os grandes ambiciosos que dominaram fora o esprito inquieto das multides;
entretanto, eu vim de meu Pai para ensinar como triunfam os que tombam no mundo,
cumprindo um sagrado dever de amor, como mensageiros de um mundo melhor, onde
reinam o bem e a verdade. Minha vitria a dos que sabem ser derrotados entre os
homens, para triunfarem com Deus, na divina construo de suas obras, imolando-se,
com alegria, para a glria de uma vida maior. 5
Lucas afirma que, em seguida, Jesus anuncia a traio que lhe aconteceria:
Mas eis que a mo do que me trai est comigo mesa. E, na verdade, o Filho
do Homem vai segundo o que est determinado; mas ai daquele homem por
quem trado! E comearam a perguntar entre si qual deles seria o que havia
de fazer isso. (Lucas, 22:21-23)
O impacto de tais palavras provocou angstias e ansiedades nos apstolos.
O Mestre, porm, lhes tranqiliza, dizendo:
Judas Iscariotes passou para Histria como o traidor do Cristo. (Joo, 174
EADE - Roteiro 9 - A ltima Ceia
No [...] obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se
pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princpios, em muitas ocasies
surpreendia em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado apego
a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberaes importantes. 10
Jesus promete outro consolador: o Esprito de Verdade, que o mundo ainda no conhece,
por no estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviar para ensinar
todas as coisas e para relembrar o que o Cristo h dito. [...] O Espiritismo vem, na poca
predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Esprito de Verdade. Ele
chama os homens observncia da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que
Jesus s disse por parbolas. Advertiu o Cristo: Ouam os que tm ouvidos para ouvir.
O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias;
levanta o vu intencionalmente lanado sobre certos mistrios. Vem, finalmente, trazer
a consolao suprema aos deserdados filhos da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo
causa justa e fim til a todas as dores. [...] Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse
do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde
vem, para onde vai e por que est na Terra; atrai para os verdadeiros princpios da lei
de Deus e consola pela f e pela esperana. 1
Altamente tocados pelas suas exortaes solenes, porm, maravilhados ainda mais com
as promessas daquele reinado venturoso e sem-fim, que ainda no podiam compreender
claramente, a maioria dos discpulos comeou a discutir as aspiraes e conquistas do
futuro. Enquanto Jesus se entretinha com Joo, em observaes afetuosas, os filhos de
Alfeu examinavam com Tiago as possveis realizaes dos tempos vindouros, antecipando
opinies sobre qual dos companheiros poderia ser o maior de todos, quando chegasse o
Reino com as suas inauditas grandiosidades. Filipe afirmava a Simo Pedro que, depois
do triunfo, todos deviam entrar em Nazar para revelar aos doutores e aos ricos da cidade
a sua superioridade espiritual. Levi dirigia-se a Tom e lhe fazia sentir que, verificada a
vitria, se lhes constitua uma obrigao a marcha para o Templo ilustre, onde exibiriam
seus poderes supremos. Tadeu esclarecia que o seu intento era dominar os mais fortes e
impenitentes do mundo, para que aceitassem, de qualquer modo, a lio de Jesus.
O Mestre interrompera a sua palestra ntima com Joo, e os observava. As discusses
iam acirradas. As palavras maior de todos soavam insistentemente aos seus ouvidos.
Parecia que os componentes do sagrado colgio estavam na vspera da diviso de uma
conquista material e, como os triunfadores do mundo, cada qual desejava a maior parte
da presa. Com exceo de Judas, que se fechava num silncio sombrio, quase todos dis-
cutiam com veemncia. Sentindo-lhes a incompreenso, o Mestre pareceu contempl-los 176
EADE - Roteiro 9 - A ltima Ceia
eu vos amei. Ningum tem maior amor do que este: de dar algum a sua vida
pelos seus amigos. (Joo, 15:12-13)
Jesus o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecvel brilha sobre os milnios
terrestres, como o Verbo do princpio, penetrando o mundo, h quase vinte sculos.
Lutas sanguinrias, guerras de extermnio, calamidades sociais no lhe modificaram um
til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evoluo multiforme da Terra.
Tempestades de sangue e lgrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. En-
tretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes,
no curso das existncias renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os
patrimnios da Verdade e da Vida.
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. Cada dia reforma os ttulos de
tolerncia para com as nossas dvidas; todavia, de nosso prprio interesse levantar o 178
EADE - Roteiro 9 - A ltima Ceia
Jesus a videira
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai o lavrador.Toda vara em mim
que no d fruto, a tira; e limpa toda aquela que d fruto, para que d mais
fruto. Vs j estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim,
e eu, em vs; como a vara de si mesma no pode dar fruto, se no estiver na
videira, assim tambm vs, se no estiverdes em mim. Eu sou a videira, vs,
as varas; quem est em mim, e eu nele, este d muito fruto, porque sem mim
nada podereis fazer. Se algum no estiver em mim, ser lanado fora, como
a vara, e secar; e os colhem e lanam no fogo, e ardem. Se vs estiverdes em
mim, e as minhas palavras estiverem em vs, pedireis tudo o que quiserdes, e
vos ser feito. Nisto glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis
meus discpulos. (Joo, 15:1-8)
O valor da prece
Concludas as orientaes aos apstolos, Jesus se retira para orar a Deus.
Segue para o Horto das Oliveiras (Getsmani) acompanhado de Pedro, Joo e
Tiago Maior. Mais tarde, Judas os encontraria, vindo acompanhado dos oficiais
e soldados dos principais sacerdotes que iriam aprision-lo. (Joo, 18: 1-11). 179
EADE - Roteiro 9 - A ltima Ceia
Esta a minha derradeira hora, convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha
a glorificao de Deus no supremo testemunho! Assim dizendo, afastou-se, a pequena
distncia, onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apstolos no podiam ob-
servar. Pedro, Joo e Tiago [Maior] estavam profundamente tocados pelo que viam e
ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera to solene, to convicto, como naquele instante
de penosas recomendaes. Rompendo o silncio que se fizera, Joo ponderou:
Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendao do Mestre, pois, se ele aqui nos
trouxe, apenas ns trs, em sua companhia, isso deve significar para o nosso esprito a
grandeza da sua confiana em nosso auxlio. Puseram-se a meditar silenciosamente.
Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no decurso
da orao. 9
180
EADE - Roteiro 9 - A ltima Ceia
REFERNCIAS
181
EADE - Roteiro 9 - A ltima Ceia
ORIENTAES AO MONITOR
182
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
O CALVRIO, A CRUCIFICAO
10 E A RESSUREIO DE JESUS
IDIAS PRINCIPAIS
1. O calvrio de Jesus
O calvrio de Jesus comea quando ele aprisionado, no Getsmani (Horto
das Oliveiras), no momento em que orava na companhia de Pedro, Joo, e seu
irmo Tiago. (Lucas, 22:39; Mateus, 26:36-41; Joo, 18:1-11)
Nesse momento, os soldados e oficiais romanos chegam acompanhados
A negao de Pedro serve para significar a fragilidade das almas humanas, perdidas na
invigilncia e na despreocupao da realidade espiritual, deixando-se conduzir, indi-
ferentemente, aos torvelinhos mais tenebrosos do sofrimento, sem cogitarem de um
esforo legtimo e sincero, na definitiva edificao de si mesmas. 14
Poucos [...] sabem partir, por algum tempo, do lar tranqilo, ou dos braos adorados
de uma afeio, por amor ao reino que o tabernculo da vida eterna! Quo poucos
184
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposies
psicolgicas dos discpulos, no momento doloroso. Pedro e Joo foram os ltimos a se
separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforos pela sua liber-
tao.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devo-
tamento dos companheiros mais enrgicos e decididos na f. As penas impostas a Jesus
eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial
ao palcio de ntipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e zombaria. Com exceo
do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria at ao instante derradeiro, todos
os que integravam o reduzido colgio do Senhor debandaram. Receosos da perseguio,
alguns se ocultaram nos stios prximos, enquanto outros, trocando as tnicas habituais,
seguiam, de longe, o inesquecvel cortejo, vacilando entre a dedicao e o temor.
E Pilatos lhe perguntou: Tu s o Rei dos judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.
E os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas, porm ele nada respondia.
E Pilatos o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? V quantas coisas testificam
contra ti. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava. Ora,
no dia da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem. E havia um
chamado Barrabs, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido 185
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
uma morte. E a multido, dando gritos, comeou a pedir que fizesse como sempre lhes
tinha feito. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos judeus?
Porque ele bem sabia que, por inveja, os principais dos sacerdotes o tinham entregado.
Mas os principais dos sacerdotes incitaram a multido para que fosse solto antes Barrabs.
E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis, pois, que faa daquele a quem
chamais Rei dos judeus? E eles tornaram a clamar: Crucifica-o. Mas Pilatos lhes disse:
Mas que mal fez? E eles cada vez clamavam mais: Crucifica-o. Ento, Pilatos, querendo
satisfazer a multido, soltou-lhes Barrabs, e, aoitado Jesus, o entregou para que fosse
crucificado. (Marcos, 15: 2-15)
2. A crucificao de Jesus
Prosseguindo com os relatos do Evangelho, vimos que Pilatos entregou
Jesus para ser crucificado. Ele saiu, carregando sua cruz e chegou ao chamado
Lugar da Caveira em hebraico, chamado Glgota , onde o crucificaram; e,
com ele, dois outros: um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos redigiu tambm
186
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
um letreiro e o fez colocar sobre a cruz; nele estava escrito: Jesus, Nazareno, rei
dos judeus. [...] E estava escrito em hebraico, latim e grego. (Joo, 19:17-20)
Depois da crucificao os soldados repartiram entre eles, as vestes e a t-
nica de Jesus. Ora a tnica era inconstil [pea inteira, sem costura]. Disseram
entre si: no a rasguemos, mas, lancemos sorte sobre elas, para ver de quem
ser. (Joo, 19:23-24)
Perto da cruz permaneciam Maria, a me de Jesus, sua irm, mulher de
Clopas e Maria Madalena. Vendo Jesus a sua me e, prximo a ela, o apstolo
Joo, disse: Mulher, eis a o teu filho. Depois, disse ao discpulo: Eis a tua me.
E desde aquela hora o discpulo a recebeu em sua casa. (Joo, 19:25-27)
Aps a crucificao, alguns judeus no querendo permanecer mais tempo
ali porque era o dia da Preparao da Pscoa, pediram a Pilatos para autorizar
quebrassem as pernas dos crucificados, (Jesus e os dois ladres). Os soldados,
porm, transpassaram uma lana no corpo de Jesus, de onde jorrou sangue e
gua.(Joo, 19:31-34)
A ingratido recebida por Jesus, aps os inmeros benefcios que pro-
porcionou, nos conduzem a profundas reflexes. Percebemos, de imediato o
sublime amor por todos ns.
Ensinava [...] que o amor universal era o sublime coroamento de sua obra. Entendeu que,
no futuro, a claridade do Reino de Deus revelaria aos homens a necessidade da cessao
de todo egosmo e que, no santurio de cada corao, deveria existir a mais abundante
cota de amor, no s para o crculo familiar, seno tambm para todos os necessitados do
mundo, e que no templo de cada habitao permaneceria a fraternidade real, para que a
assistncia recproca se praticasse na Terra, sem serem precisos os edifcios exteriores,
consagrados a uma solidariedade claudicante. 12
A dor material um fenmeno como o dos fogos de artifcio, em face dos legtimos
valores espirituais. Homens do mundo, que morreram por uma idia, muitas vezes no
chegaram a experimentar a dor fsica, sentindo apenas a amargura da incompreenso do
seu ideal. Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis
a contempl-Lo na imensido da sua dor espiritual, augusta e indefinvel para a nossa
apreciao restrita e singela. 13
Ainda na tormenta dos seus ltimos instantes, seu nimo era de pacincia, de benignida-
de, de compaixo. J pregado na cruz, tendo o corpo e a alma lanceados, com os pregos
a lhe dilacerarem as carnes, e os acleos da ingratido a lhe ferirem o esprito, vendo
a seus ps, indiferentes ou raivosos, aqueles a quem abenoara, protegera, ensinara e
curara, pedia ao Pai que lhes perdoasse, porque eles no sabiam o que estavam fazendo.
E assim partiu o Salvador da Humanidade. Este homem, este heri, este mrtir, este
santo, este Esprito excelso foi que regou com suas lgrimas e seu sangue a rvore hoje
bendita do Cristianismo. 6
188
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
3. A ressurreio de Jesus
Os exemplos de Jesus so roteiros que nos ensinam agir perante as provas.
No sbado, Maria de Magdala e Maria, me de Tiago, e Salom compraram
aromas param irem ungir o corpo. De madrugada, no primeiro dia da semana,
elas foram ao tmulo ao nascer do Sol. E diziam entre si: Quem rolar a pedra
da entrada do tmulo para ns? E erguendo os olhos, viram que a pedra fora
removida. Ora, a pedra era muito grande. Tendo entrado no tmulo, elas viram
um jovem sentado direita, vestido com uma tnica branca, e ficaram cheias
de espanto. Ele, porm, lhes disse: No vos espanteis! Procurais Jesus de Na-
zar, o Crucificado. Ressuscitou, no est aqui. Vede o lugar onde o puseram.
Mas ide dizer aos seus discpulos e a Pedro que ele vos precede na Galilia. L
o vereis, como vos tinha dito. (Marcos, 16:1-7)
Estava, ento, Maria junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto
chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de
branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um cabeceira
e outro aos ps. Disseram-lhe ento: Mulher, por que choras? Ela lhes diz:
Porque levaram meu Senhor e no sei onde o puseram! Dizendo isso, voltou-
se e viu Jesus de p. Mas no sabia que era Jesus. Jesus lhe diz: Mulher, por
Todos os evangelistas narram as aparies de Jesus, aps sua morte, com circunstanciados
pormenores que no permitem se duvide da realidade do fato. Elas, alis, se explicam
perfeitamente pelas leis fludicas e pelas propriedades do perisprito e nada de anmalo
apresentam em face dos fenmenos do mesmo gnero, cuja histria, antiga e contem-
pornea, oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos
as circunstncias em que se deram as suas diversas aparies, nele reconheceremos, em
tais ocasies, todos os caracteres de um ser fludico. 2
Jesus, [...] essa alma poderosa, que em nenhum tmulo poderia ser aprisionada, aparece
aos que na Terra havia deixado tristes, desanimados e abatidos. Vem dizer-lhes que a
morte nada . Com a sua presena lhes restitui a energia, a fora moral necessria para 189
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
As aparies dirias de Jesus quela gente que deveria secund-lo no ministrio da Divina
Lei, haviam abrasado seus coraes; e seus suaves e edificantes ensinamentos, cheios de
mansido e humildade, tinham exaltado aquelas almas, elevando-as s culminncias da
espiritualidade, saneando-lhes o crebro e preparando-os, vasos sagrados, para receber
190
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
os Espritos santificados pela Palavra, como antes lhes havia ele prometido, conforme
narra o Evangelista Joo. [...] Avizinhava-se o momento da partida. Ele iria, mas com
ampla liberdade de ao. Sempre que lhe aprouvesse viria observar o movimento que se
teria de operar entre as ovelhas desgarradas de Israel, as quais ele queria reconduzir
ao sagrado redil. [...] Deveriam os discpulos identificar-se com o Esprito e conhecer
o Esprito de Verdade, para, com justos motivos, anunciar s gentes, a Nova da Salvao
que libert-las-ia do mal. 7
191
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
REFERNCIAS
192
EADE - Roteiro 10 - O calvrio, a crucificao e a ressurreio de Jesus
ORIENTAES AO MONITOR
193
E, naqueles dias, apareceu
Joo Batista pregando no
desertodaJudiaedizendo:
Arrependei-vos, porque
chegado o Reino dos Cus.
194
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
ESTVO, O PRIMEIRO MRTIR
11 DO CRISTIANISMO
IDIAS PRINCIPAIS
Libertado do servio forado pelo generoso romano Srgio Paulo, Jeziel chega
extremamente enfermo a Jerusalm onde acolhido por Simo Pedro na Casa
do Caminho, instituio de auxlio aos necessitados, fundada pelo apstolo.
Emmanuel: Paulo e Estvo. Primeira parte. Cap. 3.
Estvo foi um dos mais destacados cristos nos primeiros tempos da edificao
da igreja crist. Um Esprito cheio de graa e de poder que operava prodgios
e grandes sinais entre o povo. Atos dos apstolos, 6:8.
195
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 11
A cidade, reedificada por Jlio Csar, era a mais bela jia da velha Acaia, servindo
Na primeira reunio da igreja humilde, Simo Pedro pediu, ento, nomeassem sete
auxiliares para o servio de enfermarias e refeitrios, resoluo que foi aprovada com
geral aprazimento. Entre os sete irmos escolhidos, Estvo foi designado com a sim-
patia de todos.
Comeou para o jovem de Corinto uma vida nova. Aquelas mesmas virtudes espirituais
que iluminavam a sua personalidade e que tanto haviam contribudo para a cura do
patrcio, que o restitura liberdade, difundiam entre os doentes e indigentes de Jeru-
salm os mais santos consolos. [...] Simo Pedro no cabia em si de contente, em face
das vitrias do filho espiritual. Os necessitados tinham a impresso de haver recebido
um novo arauto de Deus para o alvio de suas dores.
Em pouco tempo, Estvo tornou-se famoso em Jerusalm, pelos seus feitos quase mira-
culosos. Considerado o escolhido do Cristo, sua ao resoluta e sincera arregimentara,
em poucos meses, as mais vastas conquistas para o Evangelho do amor e do perdo. 14
198
EADE - Roteiro 11 - Estvo, o primeiro mrtir do Cristianismo
Vieram ento alguns da sinagoga chamada dos Libertos, dos Cirineus e Alexandrinos,
dos da Cilcia e da sia, e puseram-se a discutir com Estvo. Mas no podiam resis-
tir sabedoria e ao Esprito que o levavam a falar. Pelo que subornaram homens que
atestassem: ouvimo-lo pronunciar palavras blasfematrias contra Moiss e contra
Deus. Amotinaram assim o povo, os ancios e os escribas e, chegando de improviso,
arrebataram-no e levaram-no presena do Sindrio. L apresentaram falsas testemunhas
que depuseram: Esse homem no cessa de falar contra o Lugar Santo e contra a Lei.
Ouvimo-lo dizer que Jesus Nazareno destruiria este Lugar e modificaria as tradies que
Moiss nos legou. Ora, todos os membros do Sindrio estavam com os olhos fixos nele,
e viram-lhe o rosto semelhante ao de um anjo. 1
Nessa hora suprema, recordava os mnimos laos de f que o prendiam a uma vida mais
alta. Lembrou de todas as oraes prediletas da infncia. Fazia o possvel por fixar na
retina o quadro da morte do pai supliciado e incompreendido. Intimamente, repetia o
Salmo 23 de David, qual fazia junto da irm, nas situaes que pareciam insuperveis.
O Senhor meu pastor. Nada me faltar... As expresses dos Escritos Sagrados, como 200
EADE - Roteiro 11 - Estvo, o primeiro mrtir do Cristianismo
201
EADE - Roteiro 11 - Estvo, o primeiro mrtir do Cristianismo
REFERNCIAS
202
EADE - Roteiro 11 - Estvo, o primeiro mrtir do Cristianismo
ORIENTAES AO MONITOR
203
O Senhor dos Cus bom e
generoso,eohomemsbioum
pouco de suas manifestaes.
204
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
CONVERSO E MISSO
12 DE PAULO DE TARSO
IDIAS PRINCIPAIS
Paulo de Tarso conhecido como o Apstolo dos Gentios (Atos dos Apstolos,
9:15. Glatas, 1:15-23. Efsios, 3:1-6). Nasceu em Tarso, capital da Cilcia, no
incio do sc. I da nossa era (Atos dos Apstolos, 9:11; 21:39; 22:3). Fazia parte
de uma famlia judaica da tribo de Benjamim (Filipenses, 3:5 e Romanos, 11:1).
Era tambm cidado romano (Atos dos Apstolos, 16:37-40; 22:25-28; 23:27).
205
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 12
O limite, ao norte, era o Monte Tauro [ou Taurus]. Estava dividida em duas provncias:
Cilcia Traqua e Cilcia Pdias, a primeira muito montanhosa e agreste, e a segunda,
embora tambm em parte coberta de rochedos, dispunha de algumas plancies frteis.
Importante estrada cortava o pas de este a oeste, passando pela cidade de Tarso. [...] Nos
tempos romanos a Cilcia exportava grande quantidade de l caprina, chamada cilicium,
da qual se faziam tendas. Esse foi, alis o ofcio de Saulo, de vez que era praxe entre os de
sua raa, inclusive os mais ricos e ilustrados, aprender sempre um ofcio manual. 4
A Cilcia era altamente civilizada ao longo da costa, mas brbara nos altiplanos do Monte
Taurus. Tarso, a capital, era famosa pelos seus filsofos e por suas escolas. Os judeus da
dispora estabeleceram ali importante colnia, como tambm em Antioquia, Mileto,
feso, Esmirna [...]. 6
Durante trs dias, Saulo deixou-se ficar em companhia dos amigos generosos, recordando
a noiva inesquecvel. Profundamente abatido, procurava remdio para as mgoas ntimas,
na contemplao da paisagem que Abigail tanto amara. [...] Acusava a si prprio de no
haver chegado mais cedo para arrebat-la enfermidade dolorosa.
Pensamentos amargos o atormentavam, tomado de angustioso arrependimento. Afinal,
com a rigidez das suas paixes, aniquilara todas as possibilidades de ventura. Com o
207
EADE - Roteiro 12 - Converso e misso de Paulo de Tarso
Saulo de Tarso galvanizava o dio pessoal ao Messias escarnecido. Agora que se encon-
trava s [...] buscaria concentrar esforos na punio e corretivo de quantos encontrava
transviados da Lei. Julgando-se prejudicado pela difuso do Evangelho, renovaria pro-
cessos da perseguio infamante. Sem outras esperanas, sem novos ideais, j que lhe
faltavam os fundamentos para constituir um lar, entregar-se-ia de corpo e alma defesa
de Moiss, preservando a f e a tranqilidade dos compatrcios. 15
O Mestre, para estender a sublimidade do seu programa salvador, pede braos humanos
que o realizem e intensifiquem. Comeou o apostolado, buscando o concurso de Pedro
e Andr, formando, em seguida, uma assemblia de doze companheiros para atacar
o servio da regenerao. [...] Ainda mesmo quando surge, pessoalmente, buscando
algum para a sua lavoura de luz, qual aconteceu na converso de Paulo, o Mestre no
dispensa a cooperao dos servidores encarnados. Depois de visitar o doutor de Tarso,
diretamente, procura Ananias, enviando-o a socorrer o novo discpulo. 11
4. A misso de Paulo
Todos os Apstolos do Mestre haviam sado do teatro humilde de seus gloriosos en-
sinamentos; mas, se esses pescadores valorosos eram elevados Espritos em misso,
precisamos considerar que eles estavam muito longe da situao de espiritualidade do
Mestre, sofrendo as influncias do meio a que foram conduzidos. To logo se verificou
o egresso do Cordeiro s regies da Luz, a comunidade crist, de modo geral, comeou
a sofrer a influncia do judasmo, e quase todos os ncleos organizados, da doutrina,
pretenderam guardar feio aristocrtica, em face das novas igrejas e associaes que
se fundavam nos mais diversos pontos do mundo. ento que Jesus resolve chamar
o Esprito luminoso e enrgico de Paulo de Tarso ao exerccio do seu ministrio. Essa 210
EADE - Roteiro 12 - Converso e misso de Paulo de Tarso
20), sobe a Jerusalm pelo ano 39 (Glatas, 1:18; Atos dos Apstolos, 9: 30),
de onde reconduzido a Antioquia por Barnab, com o qual ensina (Atos dos
Apstolos, 9:26-27 e 11: 25-26). 3
A misso de Paulo pode ser resumida em trs palavras: f, esperana e
caridade. Agora, portanto, permanecem f, esperana e caridade, estas trs
coisas. A maior delas, porm, a caridade. (1 Corintios, 13:13)
Fica claro, assim, porque um dos mais belos textos de sua autoria o
captulo 13, da primeira epstola aos corntios, que versa sobre a caridade e o
amor. Assim como o captulo 11, epstola aos hebreus, que trata da f. 212
EADE - Roteiro 12 - Converso e misso de Paulo de Tarso
Coloca assim, sem equvoco, a caridade acima at da f. que a caridade est ao alcance
de toda gente: do ignorante, como do sbio, do rico, como do pobre, e independe de
qualquer crena em particular. Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a no s
na beneficncia, como no conjunto de todas as qualidades do corao, na bondade e na
benevolncia para com o prximo. 1
213
EADE - Roteiro 12 - Converso e misso de Paulo de Tarso
REFERNCIAS
214
EADE - Roteiro 12 - Converso e misso de Paulo de Tarso
ORIENTAES AO MONITOR
215
Disse-lhe, porm, o Senhor:
Vai,porqueesteparamimum
vasoescolhidoparalevaromeu
nomediantedosgentios,edos
reis, e dos filhos de Israel.
216
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
AS VIAGENS MISSIONRIAS
13 DO APSTOLO PAULO
IDIAS PRINCIPAIS
A ltima viagem missionria foi a Roma, saindo de Jerusalm, passando por Chipre,
Rodes e Creta, na Grcia, alcanando a Siclia e o sul da Itlia. Aps a sua estadia
em Roma, segue viagem para a Espanha, segundo informaes de Emmanuel. 217
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 13
Alguns eram claramente pessoas influentes, do tipo que levava litgios pessoais aos
tribunais de justia, e que podia se permitir fazer doaes para as boas causas. Os com-
panheiros de trabalho de Paulo desfrutavam tambm do estilo de vida tipicamente mvel
das classes mais altas; na ausncia das igrejas instaladas em prdios, a comunidade crist
dependia da generosidade de seus membros mais ricos para fornecer instalaes para
o culto coletivo e hospitalidade para pregadores ambulantes. Ao mesmo tempo, Paulo
tinha a convico de que o Evangelho transcendia as barreiras de raa, sexo e classe, e
insistia na igualdade de todos os crentes. 3 218
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
Saindo de Atenas, Paulo foi para Corinto, onde conheceu o casal quila
e Priscilla, judeus recm-chegados da Itlia. Ficou quase dois anos em Corin-
to, pregando na sinagoga e dedicando-se fabricao de tendas. Muitos se
converteram ao Cristianismo e aceitaram Jesus como o Messias. (Atos dos
Apstolos, 18:1-4) Em Corinto, ele escreveu as duas cartas aos tessalonicenses.
Sendo continuamente hostilizado por alguns judeus, regressa a Antioquia,
acompanhado, at feso, por quila e Priscila (Atos dos Apstolos, 18:19-22)
permanecendo algum tempo em Cesaria.
221
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
224
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
REFERNCIAS
225
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
ORIENTAES AO MONITOR
226
1
ANEXO
1 Viagem de Paulo
Legenda
1 Incio da viagem: Antioquia
http://www.teos.com.br/bibliaonline/bi_mapas.php
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
227
ANEXO
1
2 Viagem de Paulo
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
Legenda
1 Incio da viagem: Antioquia
2
2 Fim da viagem: Cesaria
http://www.teos.com.br/bibliaonline/bi_mapas.php
228
ANEXO
1
3 Viagem de Paulo
Legenda
1 Incio da viagem: Antioquia
http://www.teos.com.br/bibliaonline/bi_mapas.php
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
229
2
ANEXO
4 Viagem de Paulo
EADE - Roteiro 13 - As viagens missionrias do apstolo Paulo
Legenda
1 Incio da viagem: Jerusalm
http://www.teos.com.br/bibliaonline/bi_mapas.php
230
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
AS EPSTOLAS DE PAULO (1)
14
Assinalar caractersticas da personalidade de Paulo.
Objetivos Identificar os motivos que conduziram Paulo a escrever
epstolas.
Analisar os principais ensinos existentes nas epstolas des-
tinadas aos romanos e aos corntios.
IDIAS PRINCIPAIS
Paulo iniciou o movimento das [...] cartas imortais, cuja essncia espiritual
provinha da esfera do Cristo, atravs da contribuio [espiritual] amorosa de
Estvo [...].Emmanuel: Paulo e Estevo. Segunda parte, cap. 7.
Nas duas epstolas aos corntios Paulo faz uma reflexo do Cristo como sendo
a sabedoria de Deus. Bblia de Jerusalm. Item: Introduo s epstolas de So
Paulo, p.1959.
Na epstola aos glatas, assim como na que foi dirigida aos romanos, Paulo
revela o Cristo como a justia de Deus. Bblia de Jerusalm. Item: Introduo
s epstolas de So Paulo, p.1959. 231
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 14
1. As epstolas de Paulo
Atravs de suas epstolas, Paulo transmitiu aos seus discpulos uma fer-
vorosa f em Jesus Cristo e na sua ressurreio. As cartas ou epstolas de Paulo
so denominadas pastorais porque esto dirigidas a um destinatrio especfico.
Trata-se de instrues, conselhos, repreenses ou exortaes do apstolo aos
Nada menos fundamentado. [...] Ele nada tem do imaginativo, se julgarmos pelas
imagens pouco numerosas e corriqueiras que emprega [...]. Paulo , antes, cerebral. Nele
se une a um corao ardente inteligncia lcida, lgica, exigente, preocupada em expor
a f segundo as necessidades dos ouvintes. [...] Paulo argumenta muitas vezes como
rabino, segundo mtodos exegticos que recebeu do seu meio e da sua educao (por
exemplo, Gl 3:16; 4:21-31). [...] Alm disso, esse semita tem boa cultura grega, recebida
talvez desde a infncia em Tarso, enriquecida por repetidos contatos com o mundo
greco-romano, e esta influncia se reflete na sua maneira de pensar, bem como em sua
linguagem e no estilo. 3
possvel que Paulo tenha escrito muitas outras cartas, mas somente
catorze chegaram at ns. As epstolas paulinas so as seguintes, segundo a
ordem existente no Novo Testamento:
1. Romanos
2. Corntios (primeira e segunda)
3. Glatas
4. Efsios
5. Filipenses
Emmanuel esclarece como e por que Paulo teve a idia de escrever as suas
cartas. Onde quer que o apstolo estivesse sempre chegavam emissrios das
igrejas por ele fundadas, portadores de assuntos urgentes, que solicitavam a
presena de Paulo, na localidade, para resolver conflitos ali existentes. Eviden-
temente, ele no podia atender a todos, pois os deslocamentos, de uma cidade
para outra, eram demorados e nem sempre os dedicados discpulos, Silas e
Timteo, estavam disponveis para substitu-lo. Preocupado com a situao
e sem saber como atender s rogativas dos fiis, Paulo orou fervorosamente a
Jesus, pedindo-lhe soluo para o problema. 10 Aps a prece, ouviu, sob ins-
pirao, Jesus dizer-lhe:
carta se percebe que Paulo no esteve presente, nem fundou a igreja crist de
Roma, como j se pensou no passado. Na verdade, parece que ele tinha escassas
informaes a respeito dessa comunidade.
As [...] raras aluses de sua epstola deixam apenas vislumbrar uma comunidade em
que os convertidos do judasmo e do paganismo correm o perigo de se desentenderem.
Assim, para preparar sua chegada acha til enviar por sua patrona Febe (Rm 16:1) uma
carta em que expe sua soluo do problema judasmo-cristianismo, tal como acaba de
amadurecer devido crise glata. 5
sinceridade e da verdade. J por carta vos tenho escrito que no vos associeis
com os que se prostituem. (1Cor 5:1-2; 7-9)
Ora, quanto s coisas que me escrevestes, bom seria que o homem no
tocasse em mulher; mas, por causa da prostituio, cada um tenha a sua prpria
mulher, e cada uma tenha o seu prprio marido. O marido pague mulher a
devida benevolncia, e da mesma sorte a mulher, ao marido. [...] Digo, porm,
aos solteiros e s vivas, que lhes bom se ficarem como eu. Mas, se no
podem conter-se, casem-se. Porque melhor casar do que abrasar-se. (1 Cor
7:1-3; 8-9)
A necessidade da caridade
Ainda que eu falasse as lnguas dos homens e dos anjos e no tivesse
caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que
tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistrios e toda a cincia, e
ainda que tivesse toda a f, de maneira tal que transportasse os montes, e no
tivesse caridade, nada seria. E ainda que distribusse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e no tivesse caridade, nada disso me aproveitaria. A caridade sofredora,
benigna; a caridade no invejosa; a caridade no trata com leviandade, no
se ensoberbece, no se porta com indecncia, no busca os seus interesses, no
se irrita, no suspeita mal; no folga com a injustia, mas folga com a verdade;
tudo sofre, tudo cr, tudo espera, tudo suporta. A caridade nunca falha; mas,
havendo profecias, sero aniquiladas; havendo lnguas, cessaro; havendo
cincia, desaparecer; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
Mas, quando vier o que perfeito, ento, o que o em parte ser aniquilado.
tal confiana em Deus; no que sejamos capazes, por ns, de pensar alguma
coisa, como de ns mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos
fez tambm capazes de ser ministros dum Novo Testamento, no da letra,
mas do Esprito; porque a letra mata, e o Esprito vivifica.[...] Como no ser
de maior glria o ministrio do Esprito? [...] Ora, o Senhor Esprito; e onde
est o Esprito do Senhor, a h liberdade. (2 Cor 2:14-17; 3: 4-6, 8 e 17 )
243
EADE - LIVRO I Mdulo II O Cristianismo Roteiro 14 - A epstola de Paulo (1)
natural confiar no Cristo e aguardar nEle, mas que dizer da angstia da alma atormen-
tada no crculo de cuidados terrestres, esperando egoisticamente que Jesus lhe venha
satisfazer os caprichos imediatos? [...] imprescindvel, portanto, esperar em Cristo com
a noo real da eternidade. A filosofia do imediatismo, na Terra, transforma os homens
em crianas. No vos prendais idade do corpo fsico, s circunstncias e condies
transitrias. Indagai da prpria conscincia se permaneceis com Jesus. E aguardai o
futuro, amando e realizando com o bem, convicto de que a esperana legtima no
repouso e, sim, confiana no trabalho incessante. 9
244
EADE - Roteiro 14 - As epstolas de Paulo (1)
REFERNCIAS
245
EADE - LIVRO I Mdulo II O Cristianismo Roteiro 14 - A epstola de Paulo (1)
ORIENTAES AO MONITOR
246
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
AS EPSTOLAS DE PAULO (2)
15
Analisar os principais ensinos existentes nas epstolas des-
Objetivos tinadas aos glatas, aos efsios, aos filipenses e aos colos-
senses.
IDIAS PRINCIPAIS
Na epstola aos glatas, Paulo faz uma splica continuada e apaixonada sobre
as necessidades dos cristos se manterem fiis ao Evangelho.
247
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 15
Eles [...] estavam propensos a dar ouvidos a certos mestres que os exortavam a acrescentar
sua f em Cristo alguns traos caractersticos do Judasmo, em particular a circunciso.
Esses mestres tentavam tambm diminuir a autoridade de Paulo, insistindo em que ele
estava em dvida para como os lderes eclesiais de Jerusalm por sua delegao apostlica
e no tinham nenhum direito de desvia-los da prtica [judaica] de Jerusalm. A epstola
pode ser lida contra o pano de fundo do ressugirmento do nacionalismo militante da
248
EADE - Roteiro 15 - As epstolas de Paulo (2)
Judia nos anos aps 44 d.C. Esses militantes (que vieram a ser chamados de zelotes)
tratavam os judeus que confraternizavam com gentios como traidores. 3
Constncia na f crist
Maravilho-me de que to depressa passsseis daquele que vos chamou
graa de Cristo para outro evangelho, o qual no outro, mas h alguns que
vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que ns
mesmos ou um anjo do cu vos anuncie outro evangelho alm do que j vos
tenho anunciado, seja antema. Assim como j vo-lo dissemos, agora de novo
tambm vo-lo digo: se algum vos anunciar outro evangelho alm do que j
recebestes, seja antema. Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou
procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, no seria
Fidelidade ao Cristo
evidente que, pela lei, ningum ser justificado diante de Deus, porque
249
EADE - Roteiro 15 - As epstolas de Paulo (2)
o justo viver da f. Ora, a lei no da f, mas o homem que fizer estas coisas
por elas viver. [...] De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir
a Cristo, para que, pela f, fssemos justificados. Mas, depois que a f veio, j
no estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela f em Cristo
Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo j vos revestistes de
Cristo. Nisto no h judeu nem grego; no h servo nem livre; no h macho
nem fmea; porque todos vs sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo,
ento, sois descendncia de Abrao e herdeiros conforme a promessa. (Gl 3:
11-12, 22-29)
Um dos maiores desastres no caminho dos discpulos a falsa compreenso com que
iniciam o esforo na regio superior, marchando em sentido inverso para os crculos
da inferioridade. Do, assim, a idia de homens que partissem procura de ouro,
contentando-se, em seguida, com a lama do charco. [...]Observamos enfermos que se
dirigem espiritualidade elevada, alimentando nobres impulsos e tomados de precio-
sas intenes; conseguida a cura, porm, refletem na melhor maneira de aplicarem as
vantagens obtidas na aquisio do dinheiro fcil. [...]Numerosos aprendizes persistem
nos trabalhos do bem; contudo, eis que aparecem horas menos favorveis e se entregam,
inertes, ao desalento, reclamando prmio aos minguados anos terrestres em que ten-
taram servir na lavoura do Mestre Divino e plenamente despreocupados dos perodos 250
EADE - Roteiro 15 - As epstolas de Paulo (2)
multimilenrios em que temos sido servidos pelo Senhor. Tais anomalias espirituais que
perturbam consideravelmente o esforo dos discpulos procedem dos filtros venenosos
compostos pelos pruridos de recompensa. Trabalhemos, pois, contra a expectativa de
retribuio, a fim de que prossigamos na tarefa comeada, em companhia da humildade,
portadora de luz imperecvel. 11
quisadores.
A autoria da carta atribuda a Onsimo, [...] o escravo foragido men-
cionado na epstola de Paulo a Filmon, que depois identificado tambm
com o bispo de feso que usava o nome Onsimo [...]. 5
A unidade da f no Cristo
Portanto, lembrai-vos de que vs, noutro tempo, reis gentios na carne
e chamados incircunciso pelos que, na carne, se chamam circunciso feita
pela mo dos homens; que, naquele tempo, estveis sem Cristo, separados
da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, no tendo
esperana e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vs, que antes
estveis longe, j pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele a nos-
sa paz, o qual de ambos os povos fez um [...] Rogo-vos, pois, eu, o preso do
Senhor, que andeis como digno da vocao com que fostes chamados, com
toda a humildade e mansido, com longanimidade, suportando-vos uns aos
outros em amor, procurando guardar a unidade do Esprito pelo vnculo da
paz: h um s corpo e um s Esprito, como tambm fostes chamados em uma 252
EADE - Roteiro 15 - As epstolas de Paulo (2)
Cada criatura d sempre notcias da prpria origem espiritual. Os atos, palavras e pensa-
mentos constituem informaes vivas da zona mental de que procedemos. Os filhos da
inquietude costumam abafar quem os ouve, em mantos escuros de aflio. Os rebentos
da tristeza espalham o nevoeiro do desnimo. Os cultivadores da irritao fulminam o 253
EADE - Roteiro 15 - As epstolas de Paulo (2)
to, para que, quer v e vos veja, quer esteja ausente, oua acerca de vs que
estais num mesmo esprito, combatendo juntamente com o mesmo nimo
pela f do evangelho. [...] Nada faais por contenda ou por vanglria, mas
por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. [...] De
sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, no s na minha
presena, mas muito mais agora na minha ausncia, assim tambm operai a
vossa salvao com temor e tremor; porque Deus o que opera em vs tanto
o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem
murmuraes nem contendas; para que sejais irrepreensveis e sinceros, filhos
de Deus inculpveis no meio duma gerao corrompida e perversa, entre a qual
resplandeceis como astros no mundo; retendo a palavra da vida, para que, no
Dia de Cristo, possa gloriar-me de no ter corrido nem trabalhado em vo.
(Fl 1: 27; 2: 3, 12-16)
pessoas muitas vezes procuram limit-la, ocultando-lhe o esprito divino. Muitos apren-
dizes crem que pratic-la apenas oferecer ddivas materiais aos necessitados de po e
teto. Caridade, porm, representa muito mais que isso para os verdadeiros discpulos do
Evangelho. [...] Caridade essencial intensificar o bem, sob todas as formas respeitveis,
sem olvidarmos o imperativo de auto-sublimao para que outros se renovem para a
vida superior, compreendendo que indispensvel conjugar, no mesmo ritmo, os verbos
dar e saber.[...] Bondade e conhecimento, po e luz, amparo e iluminao, sentimento
e conscincia so arcos divinos que integram os crculos perfeitos da caridade. No s
receber e dar, mas tambm ensinar e aprender. 13
Colossos localizava-se no oeste da sia Menor, ao sul do rio Meandro (atual Mende-
res), 6,4 km a leste de Denilzli na Turquia de hoje. Era uma cidade comercial at ser
incorporada pela vizinha Laodicia, e abrigou a comunidade crist a quem foi dirigida
a epstola aos colossenses. 9
Paulo estava na priso (provavelmente em Roma) [...]. A epstola aos colossenses parece ter
sido escrita bastante cedo no perodo que Paulo estava na priso, por volta de 60-61 a.C.
Epafras fizera uma visita a Paulo em Roma e o informara do estado das igrejas no vale do
Lico. Embora grande parte do relato fosse animador, uma caracterstica inquietante era o
ensinamento atraente, mas falso recentemente introduzido na congregao; se no fosse
contido, subverteria o Evangelho e poria os colossenses numa servido espiritual. 9
259
EADE - Roteiro 15 - As epstolas de Paulo (2)
REFERNCIAS
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EADE - Roteiro 15 - As epstolas de Paulo (2)
ORIENTAES AO MONITOR
261
Irmos, quanto a mim, no julgo
que o haja alcanado; mas uma
coisa fao, e que, esquecendo-
me das coisas que atrs ficam e
avanandoparaasqueestodian-
te de mim, prossigo para o alvo,
Filipenses, 3:13-14
262
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
AS EPSTOLAS DE PAULO (3)
16
Analisar os principais ensinos existentes nas epstolas des-
Objetivos tinadas aos tessalonicensces, a Timteo, a Tito, a Filmon
e aos hebreus.
IDIAS PRINCIPAIS
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SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 16
Aps deixar Filipos, Paulo e seus companheiros passaram ali um tempo breve, mais longo
o suficiente para ganhar vrios convertidos entre judeus e gregos que freqentavam a
sinagoga e fundar uma igreja. Segundo Lucas, a oposio forou os missionrios a partir
precipitadamente. Eles seguiram para Acaia e trabalharam brevemente em Atenas e
depois, por um longo perodo, em Corinto. Foi durante esse perodo que Timteo fez a
visita mencionada em I Tessalonicenses, 3:1-6 e que Paulo escreveu a primeira epstola,
sem dvida de Corinto. 9
a razo das explicaes contidas nessa carta. No h dvida de que Paulo foi
o seu autor. 10
A segunda epstola suscita problemas para os quais no h respostas consensuais. Sua lin-
guagem e contedo so suficientemente semelhantes aos de Tessalonicenses para indicar
que, se autntica, foi provavelmente escrita no muito tempo depois da primeira epstola.
[...] A pungncia da linguagem de Paulo pode sugerir tambm que ele prprio estava
sendo alvode ataque particular de pessoas de fora da igreja. [...] Na parte final da carta,
encontramos indcios de que alguns membros da igreja estava vivendo na ociosidade,
custa dos outros. [...] Isso provocou forte censura de Paulo, que acreditava firmemente
que os cristos deviam trabalhar para o seu sustento. 10
Ressurreio do Cristo
Percebe-se que os habitantes da Tessalnica acreditavam que as pessoas
mortas permaneciam dormindo, nada sabendo sobre a ressurreio nem so-
bre a reencarnao, idias comuns que os demais gregos tinham informaes,
ainda que rudimentares.
No quero, porm, irmos, que sejais ignorantes acerca dos que j dor-
mem, para que no vos entristeais, como os demais, que no tm esperana. 265
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim tambm aos que em
Jesus dormem Deus os tornar a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela
palavra do Senhor: que ns, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, no
precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descer do cu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitaro primeiro; depois, ns, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros
com estas palavras. (1Ts 4:13-18)
2. Epstolas a Timteo
As duas epstolas a Timteo so classificadas de pastorais porque salientam
a firmeza doutrinria e a consagrao ao ministrio do Senhor. O carter que
se diria hoje dogmtico e moralista destas cartas julgado pelos crticos como 266
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
267
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
3. Epstolas a Tito
A epstola a Tito tambm chamada de pastoral. O discpulo foi impor-
tante associado de Paulo que, como Timteo, esteve sempre muito prximo
do apstolo.
Acompanhou Paulo em sua segunda viagem a Jerusalm, serviu como seu emissrio a
268
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
Corinto e foi por ele designado para supervisionar a igreja de Jerusalm. Paulo se refere
a Tito como seu parceiro e colaborador (2Cor 8:23). Embora Tito fosse um gentio,
no se exigiu dele que se circuncidasse, a despeito da opinio de alguns lderes cristos
judeus. Tito simboliza assim a crescente separao entre o Cristianismo e o Judasmo
medida que cristos como ele no eram obrigados a observar muitos aspectos da Leis
Judaica. 12
O homem enxerga sempre, atravs da viso interior. Com as cores que usa por dentro,
julga os aspectos de fora. Pelo que sente, examina os sentimentos alheios. Na conduta
dos outros, supe encontrar os meios e fins das aes que lhe so peculiares. Da, o im-
perativo de grande vigilncia para que a nossa Conscincia no se contamine pelo mal. 269
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
[...] Quando a treva se estende, na intimidade de nossa vida, deplorveis alteraes nos
atingem os pensamentos. Virtudes, nessas circunstncias, jamais so vistas. Os males,
contudo, sobram sempre. Os mais largos gestos de bno recebem lastimveis inter-
pretaes. Guardemos cuidado toda vez que formos visitados pela inveja, pelo cime,
pela suspeita ou pela maledicncia. Casos intrincados existem nos quais o silncio o
remdio bendito e eficaz, porque, sem dvida, cada esprito observa o caminho ou o
caminheiro, segundo a viso clara ou escura de que dispe. 15
4. Epstolas a Filmon
Filmon foi um cristo que viveu na Frigia no primeiro sculo da era
Crist.
Enviando Onsimo a Filmon, Paulo, nas suas expresses inspiradas e felizes, recomen-
dava ao amigo lanasse ao seu dbito quanto lhe era devido pelo portador. Afeioemos
a exortao s nossas necessidades prprias. Em cada novo dia de luta, passamos a ser
maiores devedores do Cristo. Se tudo nos corre dificilmente, de Jesus que nos chegam
as providncias justas. Se tudo se desenvolve retamente, por seu amor que utilizamos
as ddivas da vida e , em seu nome, que distribumos esperanas e consolaes. Estamos
empenhados sua inesgotvel misericrdia. Somos dEle e nessa circunstncia reside 270
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
nosso ttulo mais alto. Por que, ento, o pessimismo e o desespero, quando a calnia ou
a ingratido nos ataquem de rijo, trazendo-nos a possibilidade de mais vasta ascenso?
Se estamos totalmente empenhados ao amor infinito do Mestre, no ser razovel com-
preendermos pelo menos alguma particularidade de nossa dvida imensa, dispondo-nos
a aceitar pequenina parcela de sofrimento, em memria de seu nome, junto de nossos
irmos da Terra, que so seus tutelados igualmente? Devemos refletir que quando falamos
em paz, em felicidade, em vida superior, agimos no campo da confiana, prometendo
por conta do Cristo, porqanto s Ele tem para dar em abundncia. Em vista disso, caso
sintas que algum se converteu em devedor de tua alma, no te entregues a preocupaes
inteis, porque o Cristo tambm teu credor e deves colocar os danos do caminho em
sua conta divina, passando adiante. 13
Aproveitando [...] as ltimas horas de cada dia, os companheiros de Paulo viram que ele
escrevia um documento a que dedicava profunda ateno. s vezes, era visto a escrever
com lgrimas, como se desejasse fazer da mensagem um depsito de santas inspiraes.
Em dois meses entregava o trabalho a Aristarco [cooperador de e companheiro de priso,
em Roma] dizendo: Esta a Epstola aos hebreus. Fiz questo de graf-la, valendo-me
dos prprios recursos, pois que a dedico aos meus irmos de raa e procurei escrev-la
com o corao. 17
A superioridade do Cristo
Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, a ns falou-nos, nestes ltimos dias, pelo Filho, a quem
constituiu herdeiro de tudo, por quem fez tambm o mundo. O qual, sendo o
resplendor da sua glria, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas
as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificao
dos nossos pecados, assentou-se destra da Majestade, nas alturas; feito tanto
mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que
eles. [...] Pelo que, irmos santos, participantes da vocao celestial, considerai
a Jesus Cristo, apstolo e sumo sacerdote da nossa confisso, sendo fiel ao que
o constituiu, como tambm o foi Moiss em toda a sua casa. [...]Visto que te-
mos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos cus,
272
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
necessrio perseverar na f
Tendo, pois, irmos, ousadia para entrar no Santurio, pelo sangue de
No temer as provaes
Portanto, ns tambm, pois, que estamos rodeados de uma to grande
nuvem de testemunhas, deixemos todo embarao e o pecado que to de perto
nos rodeia e corramos, com pacincia, a carreira que nos est proposta, olhan-do
para Jesus, autor e consumador da f, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto,
suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se destra do trono de Deus.
Considerai, pois, aquele que suportou tais contradies dos pecadores contra si
273
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
Aceitar o poder de Jesus, guardar certeza da prpria ressurreio alm da morte, recon-
fortar-se ante os benefcios da crena, constituem fase rudimentar no aprendizado do
Evangelho. Praticar as lies recebidas, afeioando a elas nossas experincias pessoais de
cada dia, representa o curso vivo e santificante.[...] No basta situar nossa alma no prtico
274
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
REFERNCIAS
275
EADE - Roteiro 16 - As epstolas de Paulo (3)
ORIENTAES AO MONITOR
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EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
AS EPSTOLAS DE TIAGO E DE PEDRO
17
Analisar, luz do Espiritismo, os principais ensinos exis-
Objetivos tentes nas epstolas escritas por Tiago e por Pedro.
IDIAS PRINCIPAIS
277
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 17
1. Epstola de Tiago
Seja qual for a sua origem, este escrito dirigido s 12 tribos da Dispora (Tg 1:1), que
so certamente os cristos de origem judaica, dispersos no mundo greco-romano, sobre-
tudo nas regies prximas Palestina, como a Sria ou o Egito. Que esses destinatrios
timento, porque ele passar como a flor da erva. Porque sai o sol com ardor, e
a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparncia do seu aspecto perece; assim
se murchar tambm o rico em seus caminhos. Bem-aventurado o varo que
sofre a tentao; porque, quando for provado, receber a coroa da vida, a qual
o Senhor tem prometido aos que o amam. (Tg 1:2-3, 9-12)
A f com obras
Meus irmos, que aproveita se algum disser que tem f e no tiver as
obras? Porventura, a f pode salv-lo? E, se o irmo ou a irm estiverem nus
e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vs lhes disser: Ide em
paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes no derdes as coisas necessrias para o
corpo, que proveito vir da? Assim tambm a f, se no tiver as obras, morta
em si mesma. Mas dir algum: Tu tens a f, e eu tenho as obras; mostra-me a
tua f sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha f pelas minhas obras [...]
Vedes, ento, que o homem justificado pelas obras e no somente pela f.
(Tg 2:14-18, 24)
Cuidado no falar
Meus irmos, muitos de vs no sejam mestres, sabendo que receberemos
mais duro juzo. Porque todos tropeamos em muitas coisas. Se algum no
tropea em palavra, o tal varo perfeito e poderoso para tambm refrear todo
o corpo. Ora, ns pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeam;
e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede tambm as naus que, sendo to
grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme
para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim tambm a lngua
um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quo grande bosque
um pequeno fogo incendeia. A lngua tambm um fogo; como mundo de
iniqidade, a lngua est posta entre os nossos membros, e contamina todo o
corpo, e inflama o curso da natureza, e inflamada pelo inferno. Porque toda a 280
EADE - Roteiro 17 - As epstolas de Tiago e de Pedro
2. Epstolas de Pedro
As duas epstolas de Pedro foram aceitas sem contestao desde a Antigi-
dade. O apstolo escreve de Roma, tambm chamada de Babilnia (aluso
devassido moral), entre os anos 64 e 67, onde se encontra em companhia de
Joo Marcos, o evangelista, a quem considera como filho. 3
Escreve aos cristos da Dispora, especificando os nomes das cinco provncias (1Pe
1:1) que representavam praticamente o conjunto da sia Menor. (1Pe 1:1) O que diz do
passado deles sugere que so convertidos do paganismo, embora no se exclua a presena
de judeu-cristos entre eles. (1Pe 1:18; 2:9; 4:3) por isso que lhes escreve em grego; e,
se esse grego, simples, mas correto e harmonioso, parece de qualidade boa demais para
o pescador galileu, conhecemos o nome do discpulo secretrio que pode t-lo assistido
na redao: Silvano[...]. 3 (Pe 5:12)
281
EADE - Roteiro 17 - As epstolas de Tiago e de Pedro
para isto fostes chamados, para que, por herana, alcanceis a bno. Porque
quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua lngua do mal, e os seus
lbios no falem engano; aparte-se do mal e faa o bem; busque a paz e siga-a.
Porque os olhos do Senhor esto sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos
s suas oraes; mas o rosto do Senhor contra os que fazem males. E qual
aquele que vos far mal, se fordes zelosos do bem? (1Pe 3:8-1)
A vinda do Senhor
Amados, escrevo-vos, agora, esta segunda carta, em ambas as quais
desperto com exortao o vosso nimo sincero, para que vos lembreis das pa-
lavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento
do Senhor e Salvador, mediante os vossos apstolos, sabendo primeiro isto:
que nos ltimos dias viro escarnecedores, andando segundo as suas prprias
concupiscncias e dizendo: Onde est a promessa da sua vinda? Porque desde
que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princpio da
criao. Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus j desde
a antiguidade existiram os cus e a terra, que foi tirada da gua e no meio da
gua subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de ento, coberto com as
283
EADE - Roteiro 17 - As epstolas de Tiago e de Pedro
guas do dilvio. Mas os cus e a terra que agora existem pela mesma palavra
se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, at o Dia do Juzo e da
perdio dos homens mpios. Mas, amados, no ignoreis uma coisa: que um
dia para o Senhor como mil anos, e mil anos, como um dia. O Senhor no
retarda a sua promessa, ainda que alguns a tm por tardia; mas longnimo
para convosco, no querendo que alguns se percam, seno que todos venham
a arrepender-se. Mas o Dia do Senhor vir como o ladro de noite, no qual os
cus passaro com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfaro, e a
terra e as obras que nela h se queimaro. Havendo, pois, de perecer todas estas
coisas, que pessoas vos convm ser em santo trato e piedade, aguardando e
apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os cus, em fogo, se des-
faro, e os elementos, ardendo, se fundiro? Mas ns, segundo a sua promessa,
aguardamos novos cus e nova terra, em que habita a justia.(2 Pe 3:1-13)
284
EADE - Roteiro 17 - As epstolas de Tiago e de Pedro
REFERNCIAS
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EADE - Roteiro 17 - As epstolas de Tiago e de Pedro
ORIENTAES AO MONITOR
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EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
EPSTOLAS DE JOO E DE JUDAS
18
Analisar, luz do Espiritismo, os principais ensinos exis-
Objetivos tentes nas epstolas escritas por Joo e por Judas.
IDIAS PRINCIPAIS
287
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 18
1. Epstola de Joo
Alm do seu evangelho, Joo, filho de Zebedeu e irmo de Tiago Maior,
escreveu trs epstolas e o livro do apocalipse.
H muita semelhana, literria e doutrinria, entre as epstolas e o evan-
gelho de Joo, de forma que praticamente impossvel negar a sua autoria.
quase certo que essas cartas foram escritas em feso, na virada do sculo
I para o II, mesma poca da escritura do seu evangelho. 4
As trs Epstolas de Joo apresentam um ponto em comum, relacionado
aos conflitos existentes nas comunidades crists de feso e da sia Menor.
Pode-se supor que, nas diversas comunidades joaninas, tenham comeado a
aparecer grupos religiosos influenciados pelo gnosticismo. 2 A influncia das 288
EADE - Roteiro 18 - Epstolas de Joo e de Judas
Do perodo clssico ao bizantino, feso exerceu hegemonia na regio jnica. Era famosa
por seus filsofos, artistas, poetas, historiadores e retricos. Deu ntidas contribuies
Aquele que diz que est na luz e aborrece a seu irmo at agora est em
trevas. Aquele que ama a seu irmo est na luz, e nele no h escndalo. Mas
aquele que aborrece a seu irmo est em trevas, e anda em trevas, e no sabe
para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos. (1 Joo, 2:9-11)
Quem ama o prximo sabe, acima de tudo, compreender. E quem compreende sabe
livrar os olhos e os ouvidos do venenoso visco do escndalo, a fim de ajudar, ao invs de
acusar ou desservir. necessrio trazer o corao sob a luz da verdadeira fraternidade,
para reconhecer que somos irmos uns dos outros, filhos de um s Pai. 10
Quem que vence o mundo, seno aquele que cr que Jesus o Filho
de Deus? (1 Joo, 5:5)
Em todos os lugares e situaes da vida, a caridade ser sempre a fonte divina das bnos
do Senhor. [...] Assistncia, medicao e ensinamento constituem modalidades santas da
caridade generosa que executa os programas do bem. So vestiduras diferentes de uma
virtude nica. Conjugam-se e completam-se num todo nobre e digno. [...] Antes, porm,
da caridade que se manifesta exteriormente nos variados setores da vida, pratiquemos
a caridade essencial, sem o que no poderemos efetuar a edificao e a redeno de ns
mesmos. Trata-se da caridade de pensarmos, falarmos e agirmos, segundo os ensina-
mentos do Divino Mestre, no Evangelho. a caridade de vivermos verdadeiramente
nEle para que Ele viva em ns. 12
saram, nada tomando dos gentios. Portanto, aos tais devemos receber, para que
sejamos cooperadores da verdade. Tenho escrito igreja; mas Ditrefes, que
procura ter entre eles o primado, no nos recebe. Pelo que, se eu for, trarei
memria as obras que ele faz, proferindo contra ns palavras maliciosas; e, no
contente com isto, no recebe os irmos, e impede os que querem receb-los,
e os lana fora da igreja. Amado, no sigas o mal, mas o bem. Quem faz bem
de Deus; mas quem faz mal no tem visto a Deus. (3 Joo: 1:1, 9-11)
O autor tem evidentemente grande respeito pelo livro de Henoc, que citado em vv.14-15
e ressoa em outras passagens. O v.9 refere-se a um texto apcrifo no mais existente, talvez
o final perdido do testamento de Moiss. O uso desse tipo de literatura pode situar a carta 291
EADE - Roteiro 18 - Epstolas de Joo e de Judas
vindo o Senhor com milhares de seus santos, para fazer juzo contra todos e
condenar dentre eles todos os mpios, por todas as suas obras de impiedade que
impiamente cometeram e por todas as duras palavras que mpios pecadores
disseram contra ele. Estes so murmuradores, queixosos da sua sorte, andando
segundo as suas concupiscncias, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admi-
rando as pessoas por causa do interesse.(Jd, 10-16)
293
EADE - Roteiro 18 - Epstolas de Joo e de Judas
REFERNCIAS
294
EADE - Roteiro 18 - Epstolas de Joo e de Judas
ORIENTAES AO MONITOR
295
E era um o corao e a alma
da multido dos que criam [...]
296
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
ATOS DOS APSTOLOS (1)
19
Identificar os principais ensinamentos existentes em Atos
Objetivos dos Apstolos.
IDIAS PRINCIPAIS
Atos dos Apstolos um dos livros do Novo Testamento, escrito em grego pelo
evangelista Lucas, o autor do 3 evangelho. Este livro contm a histria do
Cristianismo, desde a ascenso de Jesus Cristo, at a chegada de Paulo, em Roma,
segundo dizem, no ano 63. [...] Consta de 28 captulos. Cairbar Schutel: Vida e
Atos dos Apstolos, p.14.
297
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 19
Atos dos Apstolos um dos livros do Novo Testamento, escrito em grego pelo evange-
lista Lucas, o autor do terceiro evangelho. Este livro contm a histria do Cristianismo,
desde a ascenso de Jesus Cristo, at a chegada de Paulo, em Roma, segundo dizem, no
No sabemos praticamente nada sobre ele. Sua designao excelentssimo pode assinal-
lo como um membro da ordem eqestre (a segunda ordem mais elevada na sociedade
romana), ou ser simplesmente um ttulo de cortesia. Seria possvel v-lo como um re-
presentante da classe mdia de Roma, a quem Lucas desejava apresentar uma exposio
confivel da ascenso e do progresso do Cristianismo. 6
Desde o ano 175 h um consenso das igrejas em aceitar Lucas como o autor
dos Atos dos Apstolos. Este consenso est impresso no documento romano,
chamado Cnon Muratori e nos seguintes Prlogos: o Antimarcionita, o
de santo Irineu, o de Tertuliano e os Alexandrinos. 1
Segundo seus escritos, o autor deve ser cristo da gerao apostlica, judeu bem heleni-
zado, ou melhor, grego de boa educao, conhecendo a fundo as realidades judaicas e a
Bblia grega [Septuaginta]. Ora, o que sabemos de Lucas a partir das epstolas paulinas
A despeito da atividade literria, sempre vigilante, que imprimiu em todo lugar a sua
marca e assegura a unidade do livro, percebem-se, facilmente, algumas correntes prin-
cipais nas tradies recolhidas por Lucas. Os doze primeiros captulos do livro dos Atos
contam a vida da primeira comunidade reunida ao redor de Pedro depois da Ascenso
299
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apstolos (1)
Entretanto, notvel que Lucas nunca mencionado por Paulo como companheiro de
sua obra de evangelizao. Esse ns parece mais o trao de um dirio de viagem feito
por um companheiro de Paulo (Silas?) e utilizado pelo autor de Atos. 3
Todos os Apstolos do Mestre haviam sado do teatro humilde de seus gloriosos en-
sinamentos; mas, se esses pescadores valorosos eram elevados Espritos em misso,
precisamos considerar que eles estavam muito longe da situao de espiritualidade do
Mestre, sofrendo as influncias do meio a que foram conduzidos. 11
aceitar o Cristo como o Enviado de Deus (Atos dos Apstolos, 1:1-11; 7:2-53;
13:16-41). A pregao junto aos povos politestas, por outro lado, tenta justificar
a supremacia do amor do Cristo. (Atos dos Apstolos,14:15-17; 17:22-31)
302
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apstolos (1)
REFERNCIAS
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EADE - Roteiro 19 - Atos dos apstolos (1)
ORIENTAES AO MONITOR
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EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
ATOS DOS APSTOLOS (2)
20
Destacar a importncia do fenmeno de pentecostes, re-
Objetivos latado em Atos dos Apstolos.
IDIAS PRINCIPAIS
305
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 20
1. Pentecostes
Petencostes uma palavra grega que significa qinquagsimo dia. Os judeus depois que
partiram do Egito, gastaram quarenta e nove dias at o Monte Sinai; e no qinquagsimo
dia, Moiss recebeu o Declogo; em memria disto, instituiu-se a festa de Pentecostes,
que no Cristianismo tomou um novo sentido: comemora a descida do Esprito Santo,
pelas foras superiores e discursa sob forte inspirao; lana-se ento a pedra
fundamental da primeira igreja crist do Planeta.
Aps o impacto inicial, provocado pelos fenmenos de efeitos fsicos
(lnguas de fogo e xenoglossia), o discurso de Pedro demonstra, de forma
contundente, uma ao programada do plano espiritual superior, conseguindo
transformar o nimo dos apstolos e dos demais discpulos de Jesus antes
inseguros e medrosos em cartas vivas do Evangelho.
por este motivo que o pentecostes cristo tem um significado especial
para todos ns, os seguidores do Cristo: marca o incio da pregao e da difuso
do Evangelho, na Terra, pelos cristos que, fazem surgir a primeira ekklesia
(igreja) de Jerusalm, uma humilde comunidade formada de judeus convertidos
ao Cristianismo.
Pedro foi, possivelmente, o primeiro chefe desta igreja, seguido de Tiago.
As palavras textuais dos Atos do Apstolos, sobre o pentecostes, so as
seguintes:
Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo
lugar; e, de repente, veio do cu um som, como de um vento veemente e im-
pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vs crucificastes,
Deus o fez Senhor e Cristo.
Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu corao e perguntaram a Pe-
dro e aos demais apstolos: Que faremos, vares irmos? E disse-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome de Jesus Cristo para
perdo dos pecados, e recebereis o dom do Esprito Santo. Porque a promessa
vos diz respeito a vs, a vossos filhos e a todos os que esto longe: a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar. E com muitas outras palavras isto tes-
tificava e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta gerao perversa.(Atos dos
Apstolos, 2:14-40)
Os fenmenos medinicos ocorridos no dia de pentecostes foram notveis.
Os pontos luminosos que a multido percebeu sobre a cabea de cada apstolo
nos revelam o conhecido fenmeno medinico de efeitos fsicos. Na verdade,
tais pontos nada mais eram do que Espritos [...] que no se mostraram visveis
de todo, mas apenas o suficiente para serem percebidos; e como brilhasse a parte
que os discpulos puderam ver, interpretaram-na como lnguas de fogo. 2
A mediunidade poliglota (xenoglossia), permitiu que os representantes
estrangeiros entendessem, na prpria lngua, as maravilhas de Deus (Atos,
Estamos aqui diante de duas classes de pessoas: uma que, ao se defrontar com o fenmeno,
pergunta o que e pe-se seriamente a estud-lo para compreend-lo e descobrir-lhe
as causas. Outra que se no d nem mesmo ao trabalho de perguntar o que : ante o
fenmeno, tece consideraes infantis, desairosas, e passa. Estas duas classes de pessoas
acompanham o desenvolvimento dos trabalhos evanglicos at os nossos dias e vemo-las
com a mesma atitude perante o Espiritismo: h os que o estudam para compreend-lo
e h os que, sem nunca t-lo estudado ou mesmo lido algo srio a respeito, escarnecem
dele. 3
A lio colhida pelos discpulos de Jesus, no Pentecostes, ainda um smbolo vivo para
todos os aprendizes do Evangelho, diante da multido.
A revelao da vida eterna continua em todas as direes.
Aquele som como de um vento veemente e impetuoso e aquelas lnguas de fogo a
que se refere a descrio apostlica, descem at hoje sobre os continuadores do Cristo,
entre os filhos de todas as naes. As expresses do Pentecostes dilatam-se, em todos
os pases, embora as vibraes antagnicas das trevas.
Todavia, para milhares de ouvintes e observadores, apenas funcionam alguns raros
apstolos, encarregados de preservarem a divina luz.
Realmente, so inumerveis aqueles que, consciente ou inconscientemente, recebem os
benefcios da celeste revelao; entretanto, no so poucos os zombadores de todos os
tempos, dispostos irreverncia e ironia, diante da verdade.
Para esses, os leais seguidores do Mestre esto embriagados e loucos. No compreendem
310
EADE - Roteiro 20 - Atos dos apstolos (2)
REFERNCIAS
311
EADE - Roteiro 20 - Atos dos apstolos (2)
ORIENTAES AO MONITOR
312
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
O APOCALIPSE DE JOO
21
Analisar, sob a tica da Doutrina Esprita, o Apocalipse de
Objetivos Joo.
IDIAS PRINCIPAIS
O Divino Mestre chama aos Espaos o Esprito Joo [...] e o Apstolo, atnito
e aflito, l a linguagem simblica invisvel. [...] Todos os fatos posteriores
existncia de Joo esto ali previstos. verdade que freqentemente a descrio
apostlica penetra o terreno mais obscuro; v-se que a sua expresso humana no
pde copiar fielmente a expresso divina das suas vises de palpitante interesse
313
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 21
Introduo
Os textos apocalpticos, nos dois sculos que precederam a vinda do Cristo,
tiveram muito xito em alguns ambientes judaicos. Tendo sido anteriormente
elaborados pelas vises dos profetas como Esequiel e Zacarias, esse gnero de
escritura desenvolveu-se tambm no livro de Daniel. Apenas um apocalipse
No fim do Novo Testamento est a Revelao de Joo, que, assim como o Livro de
Daniel, um apocalipse, um tipo de literatura conhecido na poca. O Apocalipse se
compe de uma srie de vises que evocam imagens de uma dramtica cena final.
Distingue-se do Livro de Daniel, que seu equivalente apocalptico judaico, de duas
maneiras importantes. Em primeiro lugar, um livro cristo, no qual Cristo ir assumir
definitivamente o controle e vencer o mal; em segundo lugar, no Apocalipse o fim do
mundo [fim do mal] j comeou. No se trata de algo que ocorrer num futuro distante.
Depois da obra de Jesus pela salvao, j teve incio a batalha decisiva entre o bem e o
mal. O Apocalipse de Joo , pois, mais que uma escritura proftica. Redigido durante
as perseguies contra os cristos travadas no reinado do (81-96), do imperador Domi-
ciano, descreve a situao dos cristos da poca, constantemente ameaados de martrio.
Acima de tudo, portanto, uma escritura consoladora destinada aos cristos que viviam
naquele perodo atribulado. Nela, o Estado romano chamado de a besta, o drago
ou a grande prostituta. Mas, no embate final Cristo, o Cordeiro, vencer as foras da
escurido. O livro chega ento ao final com uma viso de um novo cu e uma nova
terra. Com suas imagens nascidas de uma necessidade histrica, o Apocalipse pouco
familiar aos leitores modernos e j recebeu variadas interpretaes atravs dos tempos.
Pode-se dizer que nenhum outro livro da Bblia tem sido to mal empregado. Com sua
314
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
f em Deus claramente expressa, levando a uma vitria final do bem sobre o mal, ele ,
mesmo assim, uma concluso apropriada para a maneira como a Bblia descreve a grave
situao do mundo. 8
O termo apocalipse a transcrio duma palavra grega que significa revelao; todo
apocalipse supe, pois, uma revelao que Deus fez aos homens, revelao de coisas ocul-
tas e s por Ele conhecidas, especialmente de coisas referentes ao futuro. difcil definir
exatamente a fronteira que separa o gnero apocalptico do proftico, do qual, de certa
forma, ele no mais que prolongamento; mas enquanto os antigos profetas ouviam as
revelaes divinas e as transmitiam, oralmente, o autor de um apocalipse recebia suas
O apocalipse foi [...] um modo de escrever muito popular nos dois sculos antes de Cristo
e nos dois sculos depois dele. [...] O mais importante escritor apocalptico do Antigo
Testamento o autor do Livro de Daniel. Ele viveu na poca da dominao selucida
na Palestina, mas especificamente no tempo de Antoco Epifanes IV (175-162 a.C.).
Esse rei imps, pela fora, a cultura e a religio dos gregos. Esse fato provocou a revolta
dos Macabeus. A funo do Livro de Daniel era apoiar e incentivar a resistncia dos
Macabeus contra a dominao estrangeira. [...] Ningum podia dizer as coisas s claras.
Era necessrio usar uma linguagem camuflada, incentivando a resistncia e driblando a
marcao do poder opressor. 6
315
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
[...] indispensvel [...] reinser-lo no ambiente histrico que lhe deu origem: um perodo
de perturbaes e de violentas perseguies contra a Igreja nascente. Pois, do mesmo modo
que os apocalipses que o precederam (especialmente o de Daniel) e nos quais manifestamente
se inspira, escrito de circunstncia, destinado a reerguer e a robustecer o nimo dos cristos,
escandalizados, sem dvida, pelo fato de que perseguio to violenta se tenha desencadeado
contra a Igreja daquele que afirmara: No temais, eu venci o mundo (Joo, 16:33). 4
Alguns anos antes de terminar o primeiro sculo, aps o advento da nova doutrina, j
as foras espirituais operam uma anlise da situao amargurosa do mundo, em face
do porvir. Sob a gide de Jesus, estabelecem novas linhas de progresso para a civili-
zao, assinalando os traos iniciais dos pases europeus dos tempos modernos. Roma
j no representa, ento, para o plano invisvel, seno um foco infeccioso que preciso
neutralizar ou remover. Todas as ddivas do Alto haviam sido desprezadas pela cidade
imperial, transformada num vesvio de paixes e de esgotamentos.
O Divino Mestre chama aos Espaos o Esprito Joo, que ainda se encontrava preso nos
liames da Terra, e o Apstolo, atnito e aflito, l a linguagem simblica do invisvel.
Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como ad-
vertncia a todas as naes e a todos os povos da Terra, e o velho Apstolo de Patmos
transmite aos seus discpulos as advertncias extraordinrias do Apocalipse.
Todos os fatos posteriores existncia de Joo esto ali previstos. verdade que freqen-
temente a descrio apostlica penetra o terreno mais obscuro; v-se que a sua expres-
316
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
so humana no pde copiar fielmente a expresso divina das suas vises de palpitante
interesse para a histria da Humanidade. As guerras, as naes futuras, os tormentos
porvindouros, o comercialismo, as lutas ideolgicas da civilizao ocidental, esto ali
pormenorizadamente entrevistos. E a figura mais dolorosa, ali relacionada, que ainda
hoje se oferece viso do mundo moderno, bem aquela da igreja transviada de Roma,
simbolizada na besta vestida de prpura e embriagada com o sangue dos santos. 17
2.1 - Prlogo
No prlogo (1:1-3), Joo faz a abertura do seu livro, apresentando-o como
uma revelao de Jesus Cristo sobre as coisas que devem acontecer (1:1, 3).
Indica quem so os destinatrios: os servos de Jesus Cristo (1:1); a forma
como a revelao divina se deu: Ele a manifestou com sinais por meio do seu
Anjo, ao seu servo Joo (1:1); fornece uma dimenso temporal ainda que
imprecisa sobre a concretizao dos fatos revelados: o tempo est prxi-
O propsito da mensagem [...] encorajar a comunidade crist que passa por uma
terrvel provao: aps o magnfico desenvolvimento na poca de sua fundao, agora
a Igreja parece seriamente ameaada na unidade de sua f (movimentos herticos), na
pureza dos costumes (relaxamento da vida religiosa, diminuio da caridade). Devido
as perseguies, Joo pretende sustentar a coragem dos cristos at a morte (2:14),
garantindo-lhes a presena divina do Cristo, que vencer o Drago. 20
As [...] palavras que ouviu como a voz de trombeta (1:10), e a recomendao que teve 317
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
de se dirigir s sete igrejas, representadas por sete candeeiros, assistidas por sete
espritos (1:10-20). 11
Cada carta especfica e contm elogios e crticas, advertncias e incentivos, como con-
vinha. Mas o plural igrejas no final de cada carta mostra que se pretendia que fosse
lida por todas as igrejas. 8
Nessa viso salienta-se espada de dois gumes que sai da boca do excelso
Esprito (Jesus). 11
No captulo IV, o autor continua escrevendo sobre a sua viso, cheia de quadros que
se desdobram s suas vistas e que representam as letras com que se escrevem as coisas
espirituais, que as palavras humanas no podem traduzir. A linguagem espiritual se
manifesta por meio de smbolos que ferem a imaginao e do uma idia relativa das
coisas que existem. Entretanto, no podem ser percebidas pelos nossos sentidos mate-
riais, grosseiros. 13
da preparao no cu dos flagelos que recairo sobre o mundo (dos primeiros 4 selos sairo
os famosos 4 cavalos), e o som das 7 trombetas (8,2; 11,18) que significam a execuo
daqueles flagelos na terra. A segunda viso comea com um duplo acontecimento: no cu,
a luta do drago (satans) contra a mulher (que representa o povo eleito) (12,1-18); na
terra, as duas bestas (que simbolizam o Imprio Romano e os falsos profetas) (13,1-18).
A esta dupla cena contrape-se a apario do Cordeiro no monte Sio* seguido da mul-
tido de fiis (14,1-5). O juzo escatolgico expresso por meio de vrias representaes:
os 7 flagelos e as 7 taas (15-16), acompanhados da condenao da grande prostituta
(Roma tambm chamada Babilnia ou nova Babilnia) (17-18), depois a vitria sobre
as bestas (19,11-21) e sobre o Drago com que se inaugura o reinado de mil anos de
Cristo (20,1-10) e por fim a vitria definitiva sobre o mal (20,11-25). 20
A igreja de feso, que fora fundada por Paulo, e continuou sendo por muitos sculos
um dos principais centros da Igreja Oriental, era zelosa em guardar-se contra a heresia,
mas carecia de amor cristo. A igreja de Esmirna parece ter resistido bem importu-
nao (perseguio) e, por vezes, priso dos seus membros. Prgamo era um centro
religioso importante, com um famoso santurio de Zeus, um templo de Asclpio com
uma renomada escola de medicina, e um templo de Augusto; o trono de Sat pode
designar qualquer um desses, mas provavelmente refere-se ao culto do imperador. [...]
A igreja de Tiatira abundava em amor e f, servio e resignao paciente, mas tolerava
os ensinamento malignos de uma profetisa, Jesabel. A igreja de Sardes estava florescendo
externamente, mas no sem srio dano para a sua vida espiritual. Filadlfia, por outro
lado, era uma cidade em que os cristos estavam isolados do restante da comunidade,
mas a igreja permanecera fiel. Em Laodicia a igreja parecia estar florescendo, mas era
espiritualmente pobre. 9
_____________
* Sio: outro nome de Jerusalm. 319
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
O [...] livro do futuro, que, fechado para todos, s podia ser aberto pelo Cordeiro,
Jesus, o Cristo, que venceu ao romper os 7 selos. (5:5) Ento, aparece, a Joo, o Cordeiro
com sete chifres e sete olhos, que so os sete espritos de Deus enviados a toda a Terra.
O nmero sete simboliza a perfeio, o nmero completo, d idia do desenvolvimento
integral do esprito. Vemos sete virtudes, que encarnam a perfeio; as sete cores, os sete
sons, as sete formas (cone, tringulo, crculo, elipse, parbola, hiprbole, trapzio); os
sete dias etc. O chifre, na velha poesia hebraica, o smbolo da fora. 14
A Igreja Catlica [...], que tomou a si o papel de zeladora das idias e das realizaes cris-
ts, pouco aps o regresso do Divino Mestre s regies da Luz, falhou lamentavelmente
aos seus compromissos sagrados. Desde o conclio ecumnico de Nicia, o Cristianismo
vem sendo deturpado pela influenciao dos sacerdotes dessa Igreja, deslumbrados
3.8 - O juzo final a doutrina religiosa que trata das ltimas coisas
conhecida como escatologia. Todas as religies crists, exceo do Espiri-
tismo, acreditam, pregam e divulgam a idia do Juzo ou Julgamento Final,
do Fim do mundo ou dos Tempos. So interpretaes literais do Velho e do
Novo Testamentos . Neste ltimo, a parbola dos bodes e das ovelhas (Mateus,
25:31-46) uma das mais citadas.
A doutrina de um juzo final, nico e universal, pondo fim para sempre Humanidade,
repugna razo, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu
criao da Terra e durante a eternidade que se seguir sua destruio. 1
Moralmente, um juzo definitivo e sem apelao no se concilia com a bondade infinita
do Criador, que Jesus nos apresenta de contnuo como um bom Pai, que deixa sempre
322
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
aberta uma senda para o arrependimento, e que est pronto sempre a estender os braos
ao filho prdigo. 2
323
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
REFERNCIAS
ORIENTAES AO MONITOR
325
Mas,sobretudo,tendearden-
te caridade uns para com os
outros, porque a caridade co-
brir a multido de pecados.
326
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
A IGREJA CRIST PRIMITIVA
22
Relatar fatos histricos significativos relacionados igreja
Objetivos crist primitiva.
Analisar, luz do Espiritismo, as principais causas que
produziram deturpaes na mensagem crist.
IDIAS PRINCIPAIS
327
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 22
Introduo
A palavra igreja (do grego ekklesia e do latim ecclesia). Significa uma
assemblia que se rene por fora de uma convocao.
De uso especificamente cristo, adotado pelas comunidades crists logo no seu incio, o
No Novo Testamento, onde ocorre cerca de 114 vezes (das quais 65 nas epstolas de so
Paulo), mostra a sua correlao histrica e lingstica com o judasmo; a sua freqncia,
porm, corresponde ao desenvolvimento prprio e original de uma nova instituio
cujo ponto de referncia agora Jesus de Nazar, chamado o Cristo , significa uma
ruptura com uma situao anterior [...]. De modo geral, a ekklesia para o Novo Testa-
mento foi essencialmente a vivncia da f dos primeiros grupos cristos. Trata-se, no
incio, de expressar a unidade no amor em vista da instaurao do reino e do advento
iminente do Senhor. Cada igreja primitiva institucionalizava-se progressivamente em
funo de condies concretas, em grande parte de significado local [...]. 2
que Cristo a cabea do corpo que a prpria Igreja. (Epstola aos Colossenses,
1:18, 24).
Em Mateus, o conceito de uma Igreja estruturada parece evidente e coerente com a teo-
logia do povo elaborada pelo evangelista. A idia de ruptura com a oficialidade judaica
est claramente expressa na parbola dos viticultores homicidas. 2 (Mateus, 21:33-45)
1. A igreja primitiva
A igreja primitiva comea com a fundao da igreja de Jerusalm, aps o
Logo aps o martrio de Estevo a relativa paz dos cristos foi perturbada por uma cruel
perseguio movida por Herodes Agripa I, em 44 d.C. O apstolo Tiago foi decapitado,
enquanto Pedro era preso, o que o levou, posteriormente, a afastar-se de Jerusalm [...]. 3
H fortes evidncias de que tanto Pedro quanto Paulo tenham sido mar- 329
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
Ambos aceitavam a aplicao da lei de Israel aos cristos de origem judaica, divergindo
quanto sua aplicao aos conversos do paganismo. Paulo afirmava que os cristos-
gentios deviam gozar de liberdade quanto lei antiga, uma vez que no estavam a ela
obrigados. Tal problema, que se torna mais agudo com o estabelecimento da Igreja em
Antioquia, em Chipre e na Galcia, provocou a interferncia do apstolo Paulo, que se
reuniu com os lderes da Igreja em Jerusalm, onde se realizou um Conclio, de que no
resultaram possibilidades de acordo. Paulo, favorvel a um cristianismo no-legalista,
passa a trabalhar em favor de uma Igreja universal, tornando-se um fundador de uma
teologia crist. 3
2. Os pais da Igreja
Pais ou padres foram, na Antigidade, os guardies da mensagem
crist. Mais tarde, a expresso foi substituda por patriarcas e, na Idade Mdia,
por doutores da Igreja.
2.2 - Os apologistas
Compreende o perodo de 120 a 220 da Era Crist, segundo e terceiro
sculos, respectivamente. Os apologistas foram pensadores cristos que se
dedicavam tarefa de escrever apologias do Cristianismo, com o intuito de
defend-lo. Era preciso, nessa poca, defender a doutrina crist nascente de trs
correntes distintas, que lhe faziam oposio: a religio judaica, o estado romano 331
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
2.3 Os polemistas
Os polemistas defendiam as idias crists contra as vrias doutrinas que
marcaram o perodo compreendido entre os anos 180 e 250 d.C. A principal
doutrina combatida por eles foi o gnosticismo, interpretao filosfica que
tem como base os ensinamentos de filsofos gregos, especialmente os neo-
platnicos. O gnosticismo se desenvolveu em mais de 30 sistemas diferentes,
mas quase todos eles tratam da oposio entre f e razo, misturando concei-
tos da filosofia grega com preceitos da cultura oriental e do Cristianismo. Os
polemistas mais proeminentes pertenciam Escola de Alexandria, tais como:
vs que, tendo uma ovelha, e caindo ela numa cova em dia de sbado, no vai
apanh-la e tir-la dali? Ora, um homem vale muito mais do que uma ovelha!
Logo, lcito fazer bem aos sbados. (Mateus 12:9-12)
A hegemonia da Igreja de Roma, em relao de Constantinopla, con-
cedeu quela poder suficiente para se transformar numa monarquia papal. Se
na Idade Antiga os principais acontecimentos da histria da Igreja se deram
no Mediterrneo e no Oriente, na Idade Mdia os centros mais importantes
localizam-se na Itlia, Frana, Inglaterra e Alemanha. A razo histrica a
invaso islmica no mediterrneo e a adoo do Cristianismo pelos povos
germnicos e eslavos.
Em conseqncia, surgem no campo doutrinrio srias deturpaes da
mensagem crist pela incorporao de rituais pagos, de preceitos filosficos
e de deliberaes conciliares, de natureza cada vez mais polticas e menos
evanglicas. Os principais desvios ocorridos na igreja primitiva foram:
Trindade divina: uma crena de que Deus formado por uma trindade
representada como o Pai, o Filho e o Esprito Santo, sendo cada uma expresso
da perfeio.
334
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrar, por algum tempo, a resistncia das
trevas. A m-f, a ignorncia, a simonia, o imprio da fora conspiraro contra ele, mas
tempo vir em que a sua ascendncia ser reconhecida. Nos dias de flagelo e de provaes
coletivas, para a sua luz eterna que a Humanidade se voltar, tomada de esperana.
Ento, novamente se ouviro as palavras benditas do Sermo da Montanha e, atravs das
plancies, dos montes e dos vales, o homem conhecer o caminho, a verdade e a vida. 8
335
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
REFERNCIAS
336
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de Joo
ORIENTAES AO MONITOR
337
O Declogo
I - Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito,
da casa da servido. No tereis, diante de mim, outros
deuses estrangeiros.
No fareis imagem esculpida, nem figura alguma do
que est em cima do cu, nem embaixo na Terra, nem
do que quer que esteja nas guas sob a terra. No os
adorareis e no lhes prestareis culto soberano.
II - No pronunciareis em vo o nome do Senhor, vosso
Deus.
III - Lembrai-vos de santificar o dia do Sbado.
IV - Honrai a vosso pai e a vossa me, a fim de viverdes
longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos
dar.
338
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
IGREJA CATLICA APOSTLICA
23 ROMANA E ORTODOXA
IDIAS PRINCIPAIS
A Igreja Ortodoxa, uma das trs grandes divises do Cristianismo, [...] tambm
denominada Igreja do Oriente (ou Igreja Ortodoxa do Oriente), designa o grupo
de igrejas que se consideram depositrias da doutrina e do ritual dos padres
apostlicos [guardies da moral crist]. Enciclopdia mirador, vol. 11, p.
5969.
339
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 23
O termo catlico foi utilizado antes da era crist por alguns escritores (Aristteles,
Zano, Polbio), com o sentido de universal, oposto a particular. No aparece na Bblia,
340
EADE - Roteiro 23 - Igreja Catlica Apostlica Romana e Ortodoxa
nem no Antigo nem no Novo testamento, embora nela se encontre, como conceito
fundamental, a idia de universalidade da salvao [...]. Aplicado Igreja [romana e
ortodoxa], o termo aparece, pela primeira vez, por volta do ano 105 d.C., na carta de
Incio, bispo de Antioquia, aos erminenses. 6
dos membros abastados da comunidade. Cada uma dessas casas contava com
seus prprios lderes, os ancios ou presbteros. 3
Os membros da igreja eram, na maioria, imigrantes, escravos e pessoas
livres. Essa diversidade cultural favorecia a existncia de uma malha de rituais e
de doutrinas confusas e conflitantes, ortodoxas e herticas (pags). Diante desse
panorama perseguies de um lado, conflitos doutrinrios de outro , foi
natural a aceitao, pelos cristos de Roma, do episcopado monrquico.
Esse episcopado, que antecede a monarquia papal, determinou que a
direo da igreja romana caberia a um bispo, sistema oposto ao existente de
administrao da igreja por um colgio de ancios, comuns nas demais igrejas
crists do Imprio. A administrao por parte dos ancios estava fundamentada
nos preceitos da assemblia (ecklesia), herdados das tradies judaicas. 4
Embora no fosse cristo, pois s foi batizado em seu leito de morte, Constantino de-
clarava-se protetor da Igreja. O Cristianismo foi declarado religio oficial do imprio.
O Conclio de Nicia (o primeiro conclio ecumnico) foi convocado pelo imperador e
realizou-se, em 325, numa sala do palcio imperial de veraneio. As concluses do conclio,
compendiadas no smbolo de f, foram promulgadas como lei do imprio. 15
e do sacrifcio. 16
3. A monarquia papal
Durante o governo de Constantino os bispos de Roma alcanaram um
prestigio jamais imaginado.
Eles [...] se tornaram celebridades comparveis aos mais prestigiados senadores da cidade.
Era de se esperar que os bispos de todo o mundo romano assumissem, agora, o papel de
juzes, governadores, enfim, de grandes servidores do Estado. [...] No caso do bispo de
Roma, tais funes se tornavam ainda mais complexas, pois se tratava de liderar a Igreja
numa capital pag que era o centro simblico do mundo, o foco do prprio sentido de
identidade do povo romano. Constantino lavou as mos com relao a Roma, em 324,
e tratou de criar uma capital no Leste. Caberia aos papas criar uma Roma crist. Eles
deram incio a tal empreendimento construindo igrejas, transformando os modestos
tituli (centros eclesisticos comunitrios) em algo mais grandioso e criando edifcios
novos e mais pblicos, se bem que a princpio em nada rivalizassem com as grandes
baslicas imperiais de Latro e de So Pedro [esta mandada construir por Constantino].
Nos cem anos seguintes, as igrejas se espalharam pela cidade [...]. 5
mina ao seu secretrio que traduza para o latim a Bblia, pois, no seu entender,
era necessrio que a Igreja do Ocidente se tornasse latina.
O secretrio de Dmaso era Eusebius Hieronymus Sophronius, embora
fosse mais conhecido na igreja por Jernimo. Ele foi treinado nos clssicos
em latim e grego e repreendia severamente a si mesmo por sua paixo pelos
autores seculares. Jernimo j havia se tornado um dos maiores estudiosos na
poca em que comeou a trabalhar para Dmaso. Desse modo, Dmaso sugeriu
que seu secretrio produzisse uma traduo latina da Bblia, que eliminasse as
imprecises das tradues mais antigas. 5
Em 382 Jernimo inicia a sua obra, terminando a traduo em 405, no
sendo esta, porm, a nica.
Durante aqueles 23 anos, ele tambm produziu comentrios e outros escritos. [...] Jer-
nimo comeou sua traduo trabalhando a partir da Septuaginta, verso grega do Antigo
Testamento. Porm, logo estabeleceu um precedente para todos os bons tradutores do
Antigo Testamento: passou a trabalhar a partir dos originais em hebraico. Jernimo
consultou muitos rabinos e procurava com isso atingir um alto grau de perfeio. Jer-
nimo ficou surpreso com o fato de as Escrituras hebraicas no inclurem os livros que
chamamos hoje apcrifos. Por terem sido includos na Septuaginta, Jernimo foi com-
pelido a inclu-los tambm em sua traduo, mas deixou sua opinio bastante clara: eles
5. As cruzadas
As Cruzadas, tradicionalmente, so conhecidas como expedies de carter
militar, mas que foram organizadas pela Igreja, com o objetivo de combaterem
os inimigos do Cristianismo. Esse movimento teve incio no final do sculo XI
e se estendeu at meados do sculo XIII. Os Espritos superiores relatam que
esse processo comeou, na verdade, em sculos anteriores onde a vaidade e o
orgulho contaminaram os responsveis pelo catolicismo.
345
EADE - Roteiro 23 - Igreja Catlica Apostlica Romana e Ortodoxa
Em todo o sculo VI, de acordo com as deliberaes efetuadas no plano invisvel, apare-
cem grandes vultos de sabedoria, contratando a vaidade orgulhosa dos bispos catlicos,
que em vez de herdarem os tesouros da humildade e amor do Crucificado, reclamam
para si a vida suntuosa, as honrarias e prerrogativas dos imperadores. Os chefes ecle-
sisticos, guindados mais alta preponderncia poltica, no se lembravam da pobreza
e da simplicidade apostlica, nem das palavras do Messias, que afirmara no ser o seu
reino ainda deste mundo. 18
O Cristianismo [...] no aparecia com aquela mesma humildade de outros tempos. Suas
cruzes e clices deixavam entrever a cooperao do ouro e das pedrarias, mal lembrando
a madeira tosca, da poca gloriosa das virtudes apostlicas. Seus conclios, como os de
Nicia, Constantinopla, feso e Calcednia, no eram assemblias que imitassem as
reunies plcidas e humildes da Galilia. A unio com o Estado era motivo para gran-
des espetculos de riqueza e de vaidade orgulhosa, em contraposio com os ensinos
dAquele que no possua uma pedra para repousar a cabea dolorida. As autoridades
eclesisticas compreendem que preciso fanatizar o povo, impondo-lhe suas idias e
suas concepes, e, longe de educarem a alma das massas na sublime lio do Nazareno,
entram em acordo com a sua preferncia pelas solenidades exteriores, pelo culto fcil
no quarto conclio de Latro. Foi dirigida por Joo de Brienne, rei de Jerusalm
e Andr II, rei da Hungria. A sexta cruzada, sob o domnio do papa Gregrio
IX, comea em novembro de 1225, tendo como comandante o imperador
Frederico II, de Hohenstaufen. A stima cruzada decidida no conclio de
Lyon, em 1248, e tem o comando do rei francs Lus IX (So Luis). A ltima
cruzada, iniciada em maro de 1270 , tambm comandada por Lus IX, mas
o exrcito cruzado, em trs meses, arrasado pela peste, e o que sobrou, foi
dizimado por uma tempestade. 19
Ele rejeitava a utilizao do termo Theotokos, uma palavra muito usada para referir-se
a Maria e que significa literalmente Me de Deus. Nestor se ops ao termo no porque
exaltasse a pessoa da Virgem Maria, mas porque abordava a divindade de Cristo de tal
maneira que poderia ofuscar sua natureza humana. Para solucionar o problema Nestor
sugeriu um novo termo Cristotokos (Me de Cristo), querendo com isso afirmar que
Maria no era progenitora da divindade mas apenas da humanidade de Cristo. A discus-
so promoveu intrigas e manobras polticas que terminaram na convocao do terceiro
conclio ecumnico, que ocorreu em feso no dia 7 de junho de 431. A polemica ficou
349
EADE - Roteiro 23 - Igreja Catlica Apostlica Romana e Ortodoxa
REFERNCIAS
ORIENTAES AO MONITOR
351
EADE - Roteiro 23 - Igreja Catlica Apostlica Romana e Ortodoxa
ANEXO
por um bispo quando a criana tem, mais ou menos, doze anos de idade. A
criana untada com leo e, assim, confirma sua f catlica. Trata-se de uma
cerimnia realizada perto da festa de Pentecostes); eucaristia (parte do servio
divino do sacerdote que entrega ao crente o po consagrado ou hstia. A hstia
representa o corpo do Cristo. A eucaristia tambm chamada comunho);
penitncia (consiste na confisso, absolvio e atos de contrio); uno de
enfermos (o padre unge a pessoa enferma na testa e nas mos, para cur-lo);
ordem ( a ordenao sacerdotal, realizada por um bispo, utilizando oraes e
imposio de mos); matrimnio (aqui o elemento crucial no a bno do
sacerdote, mas os votos mtuos que os noivos fazem na presena do sacerdote
e das testemunhas).
Os catlicos acreditam que o povo de Deus formado pela comunidade de
crentes, que formam a comunho dos santos, fazendo parte desta comunidade
os vivos, os mortos que se encontram no purgatrio e os bem-aventurados do
cu. Os catlicos oram a Jesus, a Maria Santssima e aos santos. Os santos so
pessoas que dedicaram a vida a honrar a Deus de maneira excepcional, por
exemplo, morrendo como mrtires ou fazendo milagres. At o ano 1172 os
bispos podiam dizem quem podia ser canonizado; a partir de ento somente
o papa tem autoridade para isso.
354
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
ISLAMISMO
24
Elaborar uma linha histrica do Islamismo.
Objetivos Analisar os principais ensinamentos da religio isl, luz
do entendimento esprita.
IDIAS PRINCIPAIS
355
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 24
1. Informaes bsicas
Allan Kardec nos esclarece que h poucas informaes sobre Maom e
a religio que ele fundou: o Islamismo. Mas considera importante estud-la.
Esclarece, ainda, que, a [...] despeito de suas imperfeies, o Islamismo no
deixou de ser um grande benefcio para a poca em que surgiu e para o pas
nomear o Deus dos hebreus. Para a religio Isl, Allah um Juiz Onipotente,
mas repleto de amor e de compaixo, da a razo de todas as suras (versculos)
do Coro se iniciarem com as palavras: Em nome de Al, o Misericordioso,
o Compassivo. Al no apenas o Deus a que todos os homem devem se
submeter, tambm o nico que pode perdoar e auxiliar. 11
Isl ou Islam: palavra rabe com dupla significao: paz (sentido etimol-
gico) e submisso (sentido religioso). Trata-se de uma doutrina que teve origem
na Arbia e que, ainda hoje, guarda ntima relao com a cultura desse pas,
embora atualmente s uma minoria dos muulmanos seja rabe. A palavra
submisso tem um sentido muito especfico para o Islamismo: o de que o
homem deve se entregar a Deus e se submeter a Sua vontade em todos os ins-
tantes e setores da vida social. Esta a condio para ser muulmano. 10
Mahommad ou Maom: nome que significa o altamente louvado, re-
presenta o sumo-profeta dos muulmanos. Descende de Ismael, filho de Abrao
com a escrava rabe Hagar. Nasceu por volta de 570 d.C., em Meca, importante
centro comercial de Hedjaz regio da Pennsula Arbica, situada ao longo do
Mar Vermelho. Faleceu em Medina, com a idade de 63 anos. Na poca em que
Maom recebeu a revelao Isl, a regio era habitada por povos nmades, or-
consigo mesmo, com o seu semelhante, com outros seres da natureza, e com
o ambiente em que vive. O Din deve propiciar um estado de equilbrio s
vidas material e espiritual. Os seus princpios so simples, em harmonia com
a lgica, fornecendo respostas a todas as questes, sejam elas referentes
famlia, ao trabalho, poltica, enfim, a tudo que diz respeito existncia do
ser humano. 20
2. A filosofia do Isl
A doutrina Isl possui trs princpios, ou artigos de f, indissociveis:
o credo: trata-se de uma revelao divina e de uma religio monotesta;
os deveres religiosos: esto resumidos em cinco, sendo considerados os
pilares da revelao;
as relaes pessoais: so princpios ticos e polticos ensinados pelo
islamismo.
sorte ou azar. 24
O cu e o inferno esto descritos com detalhes no Coro, e do margem
a diferentes tipos de interpretao muulmana. 11
Uma das crticas mais severas do Islamismo contra o Cristianismo
que, por este centralizar a palavra de Deus em Jesus (E o Verbo se fez carne,
e habitou entre ns Joo 1:14), a religio crist teria produzido uma rup-
tura na essncia do monotesmo. Tal fato no aconteceu com o Islamismo,
j que o Coro , literalmente, a palavra de Deus. Na verdade, so equvocos
de interpretao, pois, se no Cristianismo a palavra de Deus est centralizada
numa pessoa (Jesus), no Islamismo est num livro (Alcoro). Sendo assim, os
muulmanos no consideram correto comparar Jesus com Maom e a Bblia
com o Coro. Aceitam que h um paralelo entre o Evangelho e o Coro, porque
ambos so de origem divina, revelados por mensageiros de Al.
Consideram a Bblia, como um todo, mais como um texto histrico, ao
passo que o Coro incriado e existe de sempre.
ofensivo chamar os seguidores do Isl de maometanos. Eles se dizem
muulmanos, ou seguidores do Isl, uma vez que Maom foi apenas um profeta
(o maior deles), no criou uma religio, mas revelou a religio verdadeira. 12
tambm proibidas. 9
No nono ms do ano muulmano o Ramad , ms sagrado do jejum,
h um dia de jejum especial. Entre o nascer e o pr-do-sol desse dia proibido
desenvolver qualquer tipo de atividade. Aps o poente, o jejum suspenso com
boa comida e bebida em todas as residncias. Em geral, costume os homens
ficarem na mesquita durante a noite especial do Ramadan, ouvindo o Coro,
alimentando-se e bebendo festivamente. O Ramadan foi o ms em que Maom
teve a sua primeira revelao. O jejum simboliza o retiro que todo muulmano
deveria fazer, como Maom fez. 17
Peregrinao a Meca ou Hajj: o quinto dever religioso. Cabe a todo
muulmano adulto, que tenha condies, realizar peregrinao a Meca, pelo
menos uma vez na vida. Para os muulmanos, Meca e Caaba so o centro do
mundo. No s os fiis se voltam para Meca quando oram: tambm as mes-
quitas so construdas com o eixo mais longo apontando para l. Os mortos
igualmente so enterrados voltados para Meca. Esta cidade visitada anual-
mente por cerca de 1,5 milho de peregrinos, metade dos quais vem de fora da
Arbia. A grande mesquita foi reconstruda para receber, atualmente, 600 mil
peregrinos. Somente as pessoas que conseguem provar que so muulmanas
lao islmica.
Maomet, nas recordaes do dever que o trazia Terra, lembrando os trabalhos que lhe
competiam na sia, a fim de regenerar a Igreja para Jesus, vulgarizou a palavra infiel, entre
as vrias famlias do seu povo, designando assim os rabes que lhe eram insubmissos,
quando a expresso se aplicava, perfeitamente, aos sacerdotes transviados do Cristianismo.
Com o seu regresso ao plano espiritual, toda a Arbia estava submetida sua doutrina,
pela fora da espada; e, todavia os seus continuadores no se deram por satisfeitos com
semelhantes conquistas. Iniciaram no exterior as guerras santas, subjugando toda a
frica setentrional, no fim do sculo VII. Nos primeiros anos do sculo atravessaram
o estreito de Gibraltar, estabelecendo-se na Espanha, em vista da escassa resistncia dos
visigodos atormentados pela separao, e somente no seguiram o alm dos Pirineus
porque o plano espiritual assinalara um limite s suas operaes, encaminhando Carlos
Martel para as vitrias de 732. 29
sanguinolentas, tiveram suas origens profundas no plano espiritual, de onde Jesus, pelas
mos carinhosas de Ismael, acompanha desveladamente a evoluo da ptria extraor-
dinria, em cujos cus fulguram as estrelas da cruz. So elas, ainda um grito de f e de
esperana aos que estacionam no meio do caminho. 30
368
EADE - Roteiro 24 - Islamismo
REFERNCIAS
370
EADE - Roteiro 24 - Islamismo
ORIENTAES AO MONITOR
371
Meus irmos, que aproveita
sealgumdisserquetemfe
no tiver obras? Porventura,
a f pode salv-lo?
372
EADE - LIVRO I CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MDULO II - O CRISTIANISMO
ROTEIRO
A REFORMA PROTESTANTE
25
Elaborar uma linha histrica que retrate os marcos signifi-
Objetivos cativos da Reforma Protestante.
Citar dados biogrficos dos principais reformadores.
Explicar a importncia da Reforma Protestante no contexto
da evoluo do pensamento religioso, segundo a viso
esprita.
IDIAS PRINCIPAIS
373
SUBSDIOS
MDULO II
Roteiro 25
1. O contexto histrico
A idade mdia, em contraste com outros perodos da histria, foi ca-
racterizada por uma cultura religiosa que influenciava e impregnava todas
atividades sociais.
374
EADE - Roteiro 25 - A reforma protestante
Para [...] criar convices slidas e estveis na mente das massas incultas, deve haver
um apelo aos olhos; uma f popular baseada unicamente em doutrinas sempre h de
ser dbil e vacilante. Mas se a autoridade da Santa S estiver visualmente exposta em
construes majestosas, em memoriais imperecveis, em testemunhos como plantados
pela prpria mo de Deus, a f h de crescer e fortalecer-se qual uma tradio que passa
de uma gerao a outra, e o mundo inteiro h de aceit-la e reverenci-la. 7
375
EADE - Roteiro 25 - A reforma protestante
2. A reforma protestante
No sculo XVI uma grande revoluo eclesistica ocorreu na Europa Ocidental, levando
a mudanas considerveis na esfera religiosa que, durante todo o perodo medieval,
estivera sob o domnio da Igreja Catlica. Essa revoluo nas mentalidades teve tanto
causas polticas como religiosas. Muitos monarcas estavam insatisfeitos com o enorme
poder que o papa exercia no mundo, ao mesmo tempo que muitos telogos criticavam
a doutrina e as prticas da Igreja, sua atitude para com a f e seu feitio organizacional.
Idias e razes distintas deram origem a diversas comunidades eclesiais novas.
Na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompeu com o papa porque este se negou a lhe dar
permisso para que se divorciasse. O rei se tornou, ento, chefe da Igreja da Inglaterra
(Igreja Anglicana). No houve cisma, mas a Igreja da Inglaterra aos poucos foi adotan-
do vrias idias da Reforma. Hoje, o anglicanismo uma Igreja que engloba diferentes
tendncias e at mesmo seitas [...].
Foi um monge alemo, Martinho Lutero, o maior responsvel por esse conflito teo-
lgico. Ele deu forte destaque f e palavra (a Bblia), como elementos mais signifi-
cativos. Diversos prncipes eleitores, nobres governantes alemes, insatisfeitos com o
poder do papa, apoiaram Lutero e transformaram as igrejas de seus prprios domnios
em igrejas estatais, partindo do princpio de que a religio do eleitor tambm era a de
seus sditos.
Os reformadores suos Calvino e Zunglio defendiam um rompimento mais radical
com o catolicismo. Davam menos valor ao batismo e eucaristia do que os catlicos e os
A Reforma e os movimentos que se lhe seguiram vieram ao mundo com a misso especial
de exumar a letra dos Evangelhos, enterrada at ento nos arquivos da intolerncia
clerical, nos seminrios e nos conventos, a fim de que, depois da sua tarefa, pudesse o
Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristo, ensinar aos homens o esprito
divinode todas as lies de Jesus. 22
376
EADE - Roteiro 25 - A reforma protestante
Por ocasio dos primeiros protestos contra o fausto desmedido dos prncipes da Igreja,
ocupava a cadeira pontifcia Leo X, cuja vida mundana impressionava desagradavel-
mente os espritos sinceramente religiosos. Sob a sua direo criara-se, em 1518, o clebre
Livro das Taxas da Sagrada Chancelaria e da Sagrada Penitenciaria Apostlica, onde
se encontrava estipulado o preo de absolvio para todos os pecados, para todos os
adultrios, inclusive os crimes hediondos. Tais rebaixamentos da dignidade eclesistica
ambientaram as pregaes de Lutero e seus companheiros de apostolado. De nada valeram
as perseguies e as ameaas ao eminente frade agostiniano. 20
Embora rompessem com a Igreja, os reformadores no pensaram estar criando uma nova
Igreja. Em vez disso, sustentavam a necessidade de recolocar a Igreja crist em suas verdadeiras
bases. Levados ao quase sempre em virtude de abusos e distores da vida eclesistica no
perodo medieval, logo compreenderam, no entanto, que a sua interpretao do Evangelho
era radicalmente diferente da sustentada pela Igreja existente. Baldados seus esforos para
renov-la, no tiveram outro recurso seno constituir instituio independente da que con-
sideravam sob o jugo romano. A histria do protestantismo, portanto, deve comear com
uma compreenso dessa tentativa da recuperao, segundo se entendia, da vida da Igreja luz
do Evangelho, dentro, contudo, do contexto scio-cultural do perodo medieval. 3
3. Os reformadores protestantes
3.1 - Martinho Lutero: fundador da Igreja Luterana, nasceu em Eisleben
a 10 de novembro de 1483, na Turngia, desencarnando em 1546.
Seus pais, Hans Luther e Margaret Ziegler, [...] eram gente modesta do campo, embora
livres, vindo de Mhra, na Turngia. [...] Lutero nunca se envergonhou de seus anteceden-
tes sociais; ao contrrio, falava com orgulho de seus ancestrais camponeses. Gente slida, 377
EADE - Roteiro 25 - A reforma protestante
Por ser de famlia catlica, assim que nasceu foi batizado na igreja chamada
Peter-Paulkirche, Igreja de So Pedro e So Paulo.
Durante [...] 13 anos, Martim viveu com os seus em Mansfeld, onde iniciou seus estudos
ainda bem jovem. [...] A disciplina era rigorosa, mais do que o currculo, pois os mestres
jamais hesitaram em usar a vara para castigar as menores faltas [...]. 12 Aos 14 anos,[...]
foi enviado a Magdeburg, pois j havia esgotado os recursos dos currculos disponveis
em Mansfeld, e seu pai queria fazer dele um sbio. As [...] dificuldades financeiras eram
muitas e o menino freqentemente ia de porta em porta, cantando em companhia de
seus colegas, para ganhar um po aqui e ali. No ano seguinte, regressou a casa. Dias
depois, seguia para Eisenach, onde se matriculou na escola de so Jorge. [...] Lutero era
estudioso e teve ali bons mestres. 13
De Eisenach Lutero foi enviado Universidade de Erfurt [...]. A faculdade era das mais
importantes e bem reputadas da Alemanha. [...] Estudava sem parar e s deixava as salas
de aula para dirigir-se biblioteca. Leu os clssicos, meditou e absorveu tudo quanto
No auge dessa crise espiritual que ameaava precipit-lo no desespero total, surge o
homem que lhe estenderia as mos generosas: Johannes Von Staupitz, [...]. Ele presidiu
a todas as novidades, a todos os primeiros combates da Reforma. Ele buscou Lutero na
sua cela, conduziu-o passo a passo no conhecimento do Evangelho, abriu sua alma
verdade, armou-a para a luta, inspirou-lhe um esprito de resistncia, contribuiu para
fazer dele o homem dessa grande revoluo. 16
Alguns historiadores enxergavam na sua misso uma simples expresso de despeito dos
seus companheiros da comunidade, em face da preferncia de Leo X encarregando os
Dominicanos da pregao das indulgncias. A verdade, contudo, que o humilde filho
de Eisleben tornara-se rgo da repulsa geral aos abusos da Igreja, no captulo da impo-
sio dogmtica e da extorso pecuniria. Os postulados de Lutero constituram, antes
obra sobre a reforma: Os estatutos da Religio Crist, obra que representa uma
espcie de enciclopdia teolgica. Passando a viver em Genebra, dedicou-se
ao trabalho de explicar as escrituras, reformar o cerimonial do casamento, e
de utilizar mais os Salmos nas prdicas.
Dentre os reformadores do sculo XVI (inclusive Lutero), foi Calvino quem
mais se destacou como argumentador e conhecedor da Bblia. As idias de Cal-
vino fizeram surgir uma reforma na Reforma, denominada presbiterianismo.
4. As igrejas protestantes
4.1- Igreja Luterana
Hoje, [...] na Alemanha, a Igreja Luterana a mais importante, ao lado
380
EADE - Roteiro 25 - A reforma protestante
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