A Ideia Do Teatro - Jose Ortega y Gasset
A Ideia Do Teatro - Jose Ortega y Gasset
A Ideia Do Teatro - Jose Ortega y Gasset
Coleo ELOS
Dlrlgidu por J. Guinsburg
A Idia
do Teatro
Jpl/,
^ /|#
Ttulo do original espanhol
Id v a d e i te a tro
ID IA D O T E A T R O
ANEXOS
I. M scaras ....................................................................... 5 9
Os C om piladores
j
N o h p a ra que ter espaventos excepcionais. O
A teneo de M adri, que voltou a seu antigo nom e, com o ao
punho volve o flco, quis in au g u rar esta sua nova etapa
falando-lhes de algo. F az m uitos, m uitos anos, talvez um
quarto de sculo, que eu n o falava nesta casa onde falei,
ou m elhor dito, balbuciei p o r p rim eira vez, e faz tam bm
dem asiados anos que ando vagando fo ra de E spanha, tan
tos anos que, quando parti, podia com certo viso de ver
dade crer que ainda conservava um a com o que retaguarda
de juventude, e agora, quando reto m o , volto j velho.
T oda um a gerao de m oos nem me viu nem me ouviu
e este encontro com ela p ara mim to problem tico que
s posso aspirar a que, depois de me ver e me ouvir, sin
tam o desejo de repetir, salvando as distncias, os versos
do velho rom ance que relatam o que o povo cantava do
C id por isso reclam ava eu um a am pla salvao de dis
tncias , o que cantava p a ra o Cid quando este, aps
longos anos de expatriao em V alncia, te rra de m ouros
naquele tem po, voltou a en trar em Castela, e que com e
am assim:
V iejo que vens el Cid,
viejo vens y flo r id o . . . *
* Velho que vindes o Cid/velho vindes e florido. (N. do T .)
I sic nico em parelham ento sem idiscreto que cabe entre a
belicoai pessoa do Cid e a m inha to pacfica notem
que isto significa fazedora de paz em parelham ento
c|iic consiste cm um a inquestionvel velhice e em um a
eventual reflorescncia, um a audcia deliberada que
me perm ite, claro, e, com o dizemos em taurom aquia,
a porta gaiola que um a sorte portuguesa , a fim
de que seu vigor de caricatura simbolize veem entem ente
o im perativo de continuidade, de continuao que a todos
devia unir-nos. [C o n tin u ar no ficar no passado nem
sequer enquistar-se no presente, m as m obilizar-se, ir mais
alm, inovar, porm renunciando ao pulo e ao salto e a
partir do nada; m uit ao contrrio, ficar os calcanha
res no passado, despegar-se do presente, e pari passu, um
p aps o u tro frente, pr-se em m archa, cam inhar,
avanar. A continuidade o fecundo contubrnio ou, se
se quer, a coabitao do passado com o futuro, e a
nica m aneira eficaz de n o ser reacionrio?] O hom em
continuidade, e quando descontinua e na 'medida em
que descontinua que deixa transitoriam ente de ser h o
mem, renuncia a ser ele m esm o e se to rn a outro alter
, que est alterado, que no pas houve alteraes.
Convm , pois, pr term o nestas radicalm ente e que o ho-
nem volte a ser ele m esm o, ou com o costum o dizer, com
um estupendo vocbulo que som ente nosso idiom a* pos
sui, que deixe de alterar-se e consiga jensim esm ar-se.i
13. Repito aqui com umas ou outras variantes as frmulas que tantas ve
zes empreguei para definir, isto , para fazer ver o fenmeno radical em que
a vida hum ana consiste. Estas expresses no so ocorrncias verbais; so
termos tcnicos com seu ar de em pregar os giros mais vulgares, habituais da
linguagem coloquial. Q ue isto seja assim, que seja preciso recorrer ao falar
cotidiano e no exista na histria in teira da filosofia um a terminologia ade
quada para falar form alm ente do fenmeno vital no tam pouco casualidade,
embora seja uma vergonha para o passado filosfico. Mas o que seria frvolo
querer variar em cada exposio desta doutrina fundam ental as expresses,
como se se tratasse m eram ente de em itir figuras retricas.
quando nos encontram os conosco m esm os. V iver achar-
-se de repente tendo que ser, que existir em um orbe
im previsto que o m undo, onde m undo significa sem pre
este m undo de ag o ra . E m este m undo de agora p ode
mos com certa dose de liberdade ir e vir, mas no nos
dado escolher previam ente o m undo em que vam os
viver. E ste nos im posto com sua figura e com ponentes
determ inados e inexorveis, e em vista de com o ele
precisam os arran jar-n o s p a ra ser, p a ra existir, p ara viver.
P o r isso cham ei eu em m eu prim eiro livro (em 1914)
a este m undo a circunstncia. V ida ter que ser, quei
ram os ou no, em vista de algum as circunstncias deter
m inadas. E sta vida, com o disse, nos foi dada, posto que
no no-la dem os ns m esm os, m as que nos encontram os
dentro dela e com ela assim, de sbito, sem saber
com o nem p o r que nem p a ra que. E la nos foi dada, p o
rm no nos foi dada j feita, seno que tem os de faz-la,
no-la fazer ns m esm os, cada qual a sua. Instante aps
instante nos vemos obrigados a fazer algo p ara subsistir.
A vida algo que no est a sem mais, com o um a coisa,
mas sem pre algo que preciso fazer, um a tarefa, um
gerundivo, um faciendum . E todavia, se nos fosse dado
j resolvido o que tem os de fazer em cada instante, a
tarefa que viver seria m enos penosa. M as no h tal
coisa; em cada instante se abrem diante de ns diversas
possibilidades de ao e no tem os outro rem dio seno
escolher um a, seno decidir neste instante o que vamos
fazer no instante seguinte sob nossa exclusiva e intransfe
rvel responsabilidade. A o sair daqui dentro de alguns
minutos, p o rta de O Sculo, cada um de vocs, queira
ou no, ter que decidir p o r si e perante si a direo em
que dar n a ru a o prim eiro passo. M as com o diz o vetus-
tssim o livro indiano, onde quer que o hom em p o n ha o
p, pisa sem pre cem sendas . T o d o pon to do espao e
todo instante de tem po p ara o hom em encruzilhada,
no saber bem o que fazer. P o r isso m esm o, te r que
decidir-se e, p a ra tanto, escolher. M as porque a vida
perplexidade e te r que escolher nosso fazer, isso nos
obriga a com preender, isto , a to m a r de fato a nosso
cargo a circunstncia. D a nascem os saberes todos a
cincia, a filosofia, a experincia de vida , o saber vital
que costum am os ch am ar p rudncia e sagesse. E stam os
consignados a esta circunstncia, som os prisioneiros dela.
A vida priso na realidade circunstancial. G hom em
pode privar-se da vida, m as se vive repito no
pode escolher o m undo em que vive. E ste sem pre o do
aqui e agora. P a ra sustentar-nos nele tem os que estar
fazendo sem pre algo. D a provm os inum erveis faze-
res do hom em . P o rq u e a vida, senhores, d m uito que
fazer. E assim o hom em faz sua com ida, faz seu ofcio,
faz casas, faz visitas de m dico, faz negcios, faz cincia,
faz pacincia, isto , espera, que fazer tem p o ; faz
poltica, faz obras de caridade, fa z . . . que faz e se fa z . . .
iluses. A vida um onm odo fazer. E to d o ele em luta
com as circunstncias e porque est prisioneiro em um
m undo que no pde escolher. E ste ca r te r que tudo
quanto nos rodeia tem , o de ser-nos im posto, queiram os
ou no, o que cham am os realidade . E stam os conde
nados priso p erptua na realidade ou m undo. P o r isso
a vida to sria, to grave, quer dizer, tem peso, nos
pesa a responsabilidade inalienvel que, de nosso ser, de
nosso fazer, tem os constantem ente.
P o r isso quando algum perguntou a B audelaire onde
preferia viver, com um gesto de dandism o displicente,
que era, com o sabido, sua religio, respondeu: E m
qualquer parte, em q u alq u er parte, contan to que seja
fora do m undo!
C om isso dava B audelaire a entender o im possvel.
O D estino tem o hom em irrem ediavelm ente encadeado
realidade e luta sem trgua com ela. A evaso im pos
svel. O fato de cada um ter que fazer sua prpria vida
e decidir em cada instante com sua exclusiva responsa
bilidade o que vai fazer com o se tivesse de sustent-la
a pulso. P o r isso a vida est cheia de pesares. A um a
criatu ra assim, o H om em , cuja condio tarefa, esforo,
seriedade, responsabilidade, fadiga e pesar, inescusavel-
m ente necessrio algum descanso. D escanso de qu? A h,
est claro! De que h de ser? D e viver ou, o que igual,
de estar na realidade , nufrago nela.
Isto o que ironicam ente B audelaire queria dizer:
que o hom em necessita de quando em quando evadir-se
do m undo da realidade, que necessita escapar. Dissem os
que isto im possvel em um sentido absoluto. Porm
no ser, em algum sentido m enos absoluto, possvel?
M as p a ra ir-se em vida deste m undo seria m ister que hou
vesse o u tro 15. E se esse outro m undo outra realidade,
p o r m uito ou tra que seja, ser realidade, contorno im
posto, circunstncia prem ente. P ara que haja outro m un
do ao qual valesse a pena ir-se seria preciso, antes de
tudo, que esse outro m undo no fosse real, que fosse um
m undo irreal. E n to estar nele, ser nele eqivaleria para
a pessoa a converter-se ela m esm a em irrealidade. Isso sim
15. O outro m undo da religio no vem ao caso, porque para ir-se a
ele preciso antes de tudo m orrer e aqui se tra ta de transm igrar em vida.
seria efetivam ente suspender a vida, deixar p o r um m o
mento de viver, d escansar do peso da existncia, sentir-se
areo, etreo, sem gravidade, invulnervel, irresponsvel,
in-existente.
P o r isso, senhores, a vida o H om em se esfor
ou sem pre em acrescentar a todos os fazeres im postos
pela realidade o m ais estranho e surpreendente fazer, um
fazer, um a ocupao que consiste precisam ente em d eixar
de fazer tudo o m ais que fazem os seriam ente. E ste fazer,
esta ocupao que nos liberta das dem ais . . . jogar.
E nq u an to jogam os n o fazem os n ad a entende-se, no
fazem os nad a a srio. O jogo a mais p u ra inveno do
hom em ; todas as dem ais vm, m ais ou m enos, im postas
e preform adas pela realidade. P orm as regras de um
jogo e no h jogo sem regras criam um m undo que
no existe. E as regras so p ura inveno hum ana. Deus
fez o m undo, este m undo; bem , m as o hom em fez o xa
drez o xadrez e todos os dem ais jogos. O hom em fez,
faz. . . o outro m undo, o v erdadeiram ente outro, o que
no existe, o m undo que b rincadeira e farsa.
O jogo, pois, a arte ou tcnica que o hom em
possui p a ra suspender virtualm ente sua escravido dentro
da realidade, p a ra evadir-se, escapar, trazer-se a si m es
mo deste m undo em que vive p a ra outro irreal. E ste
trazer-se da vida real p ara um a vida irreal im aginria,
fantasm agrica dis-trair-se*. O jogo distrao. O ho
mem necessita d escansar de seu viver e p a ra isso pr-se
cm contato, voltar-se p a ra ou verter-se em um a ultravida.
lista volta ou verso de nosso ser p a ra o ultravital ou
irreal a diverso. A distrao, a diverso algo con-
* Jogo de palavras introdiravcl, com traerse e dis-traerse cuja raiz la
tina comum trahere. (N . do T .)
substancial vida h um ana, n o um acidente, no algo
de que se possa prescindir. E no frvolo, senhores,
aquele que se diverte, seno aquele que cr que no h
que divertir-se. O que, com efeito, no tem sentido
querer fazer da vida toda puro divertim ento e distrao,
porque ento no tem os de que nos divertir, de que nos
distrair. N otem vocs que a idia de diverso supe dois
term os: um term inus a quo e um term inus ad quem
aquilo de que nos divertim os e aquilo com que nos diver
tim os16.
Eis p o r que a diverso um a das grandes dim enses
da cultura. E no pode su rpreender-nos que o m aior cria
do r e disciplinador de cultura que jam ais existiu, P lato
ateniense, at o fim de seus dias se tenha entretido fa
zendo jogos de palavras com o vocbulo grego que signi
fica cultura TTGuoea (paidea) e aquele que significa
jogo, b rincadeira, farsa xait (paidi) e nos tenha dito,
em irnico exagero, nem m ais nem m enos, que a vida
hum ana jogo e, literalm ente, h aja acrescentado que
isso que ela tem de jogo o m elhor que tem 17. N o
de estran h ar que os rom anos vissem no jogo um deus a
quem cham aram sem mais Jo g o , Lusus, a quem fize
ram filho de B aco e que consideravam vejam vocs
que casualidade! fu n d ad o r da raa lusitana.
O jogo, arte ou tcnica da diverso, ao ser todo um
lado da cultura h um ana, criou inum erveis form as de
distrair-se e essas form as esto h ierarquizadas das menos
s mais perfeitas. A fo rm a m enos perfeita o jogo de
b aralh o ; o bridge, p o r exem plo, onde d u ran te horas e
16. Ver Prlogo a Veinte aiios de caza mayor. [Includo no volume La
caza y los toros, publicado nesta coleo.]
17. Leis [803, 4],
horas as m ulheres de nosso tem po anulam sua fem inili
dade diga-se p a ra d eso n ra de ns, hom ens. A form a
mais perfeita da evaso ao outro m undo so as belas-
-artes, e se digo que so a form a m ais perfeita de jogo
evasivo no p o r nenhum a hom enagem convencional,
no porque eu sinta o que faz m uitos anos cham ei de
beatice cu ltu ral nem esteja disposto a pr-m e de joelhos
diante das belas-artes p o r mais artes que sejam ou por
mais belas que paream , mas p orque conseguem , com
efeito, libertar-nos desta vida m ais eficazm ente que ne
nhum a o u tra coisa. E n q u a n to estam os lendo um adm ir
vel rom ance podem co n tin u ar fu ncionando os m ecanis
mos de nosso corpo, porm isso que cham am os nossa
vida fica literal e radicalm ente suspenso. Sentim o-nos
dis-trados de nosso m undo e tran sp lan tad o s ao m undo
im aginrio do rom ance.
Pois bem , o que constitui o cim o desses m todos
de evaso que so as belas-artes, aquilo que mais com
pletam ente perm itiu ao H om em escap ar de seu penoso
destino, foi o T eatro em suas pocas de ser em fo rm a
quando, p o r coincidir com sua sensibilidade, ator, cena
e poeta conseguiam ser plenam ente arrebatados pela g ran
de fantasm agoria do cenrio. E m nosso tem po isto no
acontece; nem a cena, nem o ator, nem o au to r se acham
a altura de nossos nervos, e a m gica m etam orfose, a
prodigiosa transfigurao no costum am p ro d u zir-se18.
Nosso T eatro atual no est la page de nossa sensibili
dade e a runa do T eatro. M as nessas pocas a que
uo princpio me referi, geraes e geraes de hom ens
55
ANEXO I
'
M SCARAS
5. L ev y -B ruhi. _
6. W ILSO N D. W ALLIS, Iieligion in Prim itive Soriety, p. 174. 63
alguma coisa? Sim. Sou eu. Eram sobretudo meus olhos que
haviam permanecido l dentro (assinala I) para ver (!) C om o
estavam l teus olhos? Estava tudo inteifo, sobretudo meus
olhos. E o resto? Estava dentro tambm (na ca m a ).
C om o isso? Estava duas vezes. Estava em minha cama e
olhava todo o tempo. Com os olhos abertos ou fechados?
Fechados, j que era dormindo. U m instante depois Fav parece
ter com preendido a interioridade do sonho. Quando sonha
mos o sonho est em ns ou ns estam os no sonho? O sonho
est em ns porque somos ns que vemos o sonho. Est na
cabea ou fora dela? Na cabea. Voc me disse faz um
mom ento que estava fora dela; o que quer dizer isto? Que no
se via o sonho sobre os olhos. Onde est o sonho? Diante de
nossos olhos. H alguma coisa de verdade diante dos olhos?
Sim. Que coisa? O sonho. Fav sabe pois, que h algo de
interior no sonho; sabe que a aparncia de exterioridade do so
nho devida a uma iluso (no se via o sonho sobre os olh os)
e, no entanto, admite que, para haver iluso, necessrio que
exista de verdade alguma coisa diante de ns. V oc estava ali
(II) de verdade? Sim, estava duas vezes de verdade (1 e II).
-------Se eu tivesse estado ali, o teria visto? (II) No. O que
quer dizer isto: eu estava duas vezes de verdade'? Porque
quando eu estava em minha cama estava de verdade, e depois,
quando estava em meu sonho, quando estava com o diabo, estava
tambm de verdade"7.
9. O trm ino desta etapa, a digesto dessa prim eira desiluso se preci
pita na descoberta de que, alm do que (o real), h o que se cr (o que
parece ser) e o como se.
sobre nossa testa, sobre pequenos glbu los de sangue. Que
sucede quando dorm im os? V em os as coisas. Este sonho est
na cabea ou fora? Vem de fora e quan do son ham os isso vem
da cabea. Onde esto as imagens quando sonhamos? D e
dentro do crebro vm para dentro d o s olhos. H algum a coisa
diante dos olhos? N o ]0.
30. Faz j muitos anos que C artailhac e o Abade Breuil o presum iram :
Le masque devait tre connu p ar nos artistes palolithiques e aussi la danse
masque. La Caverna de Santillan p ris Santander, M naco, 1906, pp. 142-43.
Posteriorm ente esta antecipao nada fez seno confirmar-se plenam ente.
bida nem , vice-versa, porque se retifica hoje um a viso
errnea que se teve ontem , mas porque o hom em conse
gue am pliar suas potencialidades de sorte que hoje lhe
so possveis coisas que ontem estavam na esfera do im
possvel. Isto traz consigo que a lim itao ou finitude
constitutiva do hom em no um a qualquer, no se pare
ce em nada com as dem ais finitudes que existem no U ni
verso, mas que tem o paradoxal e inquieto carter de ser
uma finitude indefinida, mas lim itao ilimitvel ou els
tica qual no possvel m arcar term os absolutos. N in
gum pode dizer de que o hom em , em absoluto, incapaz,
nem correlativam ente de que ser capaz. Cabe som ente
delinear em cada instante a fronteira m om entnea entre
sua im potncia real e onipotncia que imagina. A o di
zer isto vem m ente, irrem ediavelm ente, que A uguste
Com te caracterizava a condio hum ana com o constitu
da por um a fatalit m odifiable, conceito graciosam ente
contraditrio e que prom uciado com a solenidade um p o u
co burocrtica com que devia pronunci-lo o prprio C om
te tornava-se cm ico. Cm ico, mas verdico!31
figura concreta da im potncia e sua contrapartida
que a onipotncia depende em cada etap a de com o fun
cione naquele m om ento o pensam ento hum ano ou, dito ein
outros term os, de qual seja seu estado lgico . P reten
deu-se que o hom em prim itivo era ilgico32. Isto tem toda
a aparncia de ser u m a tolice que se revelou com o tal