34 Lampiao Da Esquina Edicao 30 Novembro 1980 PDF
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34 Lampiao Da Esquina Edicao 30 Novembro 1980 PDF
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mente apoiados pelos maches presentes (quase
?O", dou espectadores), talvez por estarem sendo
sua realidade caseira io bem representada.
f'ma feminista, preocupada com o essa.'iintento da manifestaa pegai o microfone e
cii:radeceu a particieo do grupa Uma terceira
afirmava: "Mas que ahsurdd As mulheres no
esto falando na sua prpria manifesiacl"
Vencido o obstculo inicias-se a leitura de
canas-denncias. mces de apoio e vrios do'
pismenica. Lima das cartas dizia: "At quando
morrero mulheres como ngela. Araceili,
Regina, Eloisa, Esmeralda, Anne Marie? At
quando seus assassinou sero absolvidos pela farsa de uma pretensa e legitima defesa da honra?
IJma feminista - ai machista -' sada no
sei de onde, cornacu tambm a leitura de uma
carta; num determinado momento ouo a seguinte frase: "Quantas mulheres foram estupradas,
violentadas, assassinadas, geralmente por homossexuais?" Juro que pensei: Ser que ela no
trocai hetero por homa' Sal correndo de onde estava, peguei o papel de sua mo Ii, reli e pasmei,
LAMPIAO
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APPAD
ie
da parada da diversidade
pois era mesmo "homossexual" que estava escrita Quase tive uma sncope; ou representantes
de grupos homossexuais no reagiram de outra
forma. Z Maria IAut olhava espantado para
tcxlce es ladra e perguntava: "Mas oqu issc
Mas o qu e issof" Rafada Mambaba, no suportando tanta humilhao icom uma navalha
na mAce dizia: "Cada ela?"
Um representante do grupo Somou, logo
apa, leu um manifesto de apoio luta econdenai
o pensamento minutou antes expcatc pela tal
feminista. O grupo Somos marcas presena
atravs de um discurso inflamada no qual
denunciava a matana de homossexuais em vrios
pontos do pas. A atriz e feminista Gilda Guilhoti
terminal as falaes da noite - e provocas oencerramento da manifestao - dando talo o
apoio luta dos homossexuais; sugeriu que a
partir daquele momento todas as denncias fossem feitas nocentroda praa, e props a volta do
grupo "T na Rua": s assim seria desfeita a m
impresso inicial. O T na Rua, ficai l repres
entandooqueu nosei,.,
(Dolores Rodrigues).
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GRUPODIGNIDADE
REPORTAGEM
01
LAMPIO d Esuna
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APPAD
ie
da parada da d ivt'rsidadi
desagradveis no exerccio de sua profisso: algum sado-mas. por exemplo. Ele diz que no.
Saco das duas mil pratas e deposito no bolso
do bluso jean s. Reinaldo no repete o gesto grosseiro dos michs de rua - tirar o dinheiro pra
conferir. Finge que no viu nada. Me estende
unia mo calorosa, exibe um sorriso clido e me
diz: "Se gostou, telefone outra vez. E se quiser
pea que lhe mandem o Reinald&' . Ele j vai
saindo, quando, na porta, me lembro de fazer
uma ltima pergunta: "Onde que voc mora,
Reinaldo"? Ele j est abrindo a porta do ele-vador quando responde "Na Ilha do Governador". Sagrada famlia! O mich desaparece
diante de mim como num sonho, E s ento eu
me dou conta de que, na nsia de lhe Fazer at a
ltima pergunta, fui parar no corredor do hotel
sem ao menos vestir as calas. "Oh!", eu me digo,
um tom de censura, enquanto reajo apressado e
fecho a porta. Aguinaldo silva
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IREPORTAGEM1
DE CUECAS
Confisses de
um massagista
debutante
Call bovi, Atendemos a doldhlo e hotis.
Diariamente, de 2P a 6'fafra, etc. O anncio
APPAD
ic
da parada da dis'crsiil;uh'
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IREPORTAGEM1
Uma casa
que no era
da Irene
Un1 dos meus ltimos e frustrados planos de
trabalho foi um livro sobre prostituio masculina
no Brasil. Cheguei a ccmversar cosa um editor,
mas logo percebi que se tratava de mais um dentre os milhares de planos sem futuro que os todopoderosos editores acalentam s nas horas iasprovveis. Mesmo assim, cheguei a iniciaras pesquisas, que me pareciam um desafio: a juno
sexo/dinheiro sempre constituiu uma pedra no
meu sapato, porque no campo da sexualidade eu
tendo a aceitar a troca carnal exclusivamente em
termos de prazer tirado dos corpos, sem muitas
interferncias. Minha nica experincia nesse
sentido me irritou de tal modo que nem permiti
que acontecesse por completo- anos atrs, num
banheiro da Universidade da Califrnia, eia Berkeley, recebi um bilhete por debaixo da parede
divisria. onde um rapaz me ciferecia cinco dlares para transar com ele no tendo conhecido
seno minhas parira mais bvias, o que ofendia
meus brios polticos: respondi, num bilhete indignado, que eu no era objeto sexual e nem precisava de dinheiropara dissimular meu desejo; ele
mandou outro bilhetinho; propunha dez dlares.
No Brasil, eu j ouvira referncias insistentes
porm vagas sobre bordis masculinos em Fortaleza, Salvador, Rio, So Paulo, Porto Alegre.
At que um dia, casualmente, um amigo carioca
se confessou freqentador de uma dessas casas,
num distante subrbio do Rio. Pouco depois,
viajamos para l, num fim de tarde de sbado. Eu
levava unia caneta e um caderninho, que me
tranqilizavam a agitada conscincia: ia transar
por dinheiro sim; mas tratava-se, em todo caso de
uma reportagem.
Para meu espanto, o BORDEL era uma casa
igual a todas as casas de subrbio, numa rua sem
asfalto, esburacada e pouco iluminada, tambm
tpica da periferia. quela hora, crianas brincavam e mulheres conversavam nos portes.
Fomos recebidos por Manuel, o dono da casa; era
uma bicha muito branca, aparentando idade indefinida entre 45 e 60 anos. Das histrias mais
conhecidas, sei que certa vez, jogou milho sobre
alguns fregueses que comearam a namorar entre
si, dentro do seu bordel. A cozinha est cheia de
rapazes, que se agitam com nossa chegada, j que
sonsos os primeiros fregueses (o dia parece estar
fraco). Eles so todos simples, ccxii suas roupas
sem moda, sandlias havaianas, geralmente
muito jovens e amulatados. Manuel, por eles
carinhosamente chamado de tia, entra desmunhecandoe gritando cosa um certo humor teatral:
- Vocs saiam j da cozinha, meninos. Aqui
lugar das moas.
Essa diviso compulsria entre bofes e bichas
me deixa pouco vontade. Sinto-me ainda mais
inseguro Manuel nos serve bebidas variadas (que
sero rigorosamente computadas no preo geral a
ser pago na salda). Enquanto isso, na sala
propriamente dita, h um nico ocupante, que v
televiso colorida. Traia-se do amante de Manuel
(por ele chamado de marido), um mulato muito
jovem, taludo, de sorriso amplo num rosto em
geral carregado. Aparentemente, ele se mantm
fora da transao, mas na verdade faz s vezes de
leo-de-chcara, ccxii certa informalidada
Detrs da cozinha h uma espcie de ptio
coberto ccxii telhas e cheio de bancos, onde uns
quinze rapazes aguardam fregueses. Sei que
Manuel os apanha na vizinhana. Quando nos
aproximamos, eles lanam olhares que vo se intensificando na tentativa de serem sensuais. Sua
paquera carece de sutileza, bem no estilo convencional de macho. Isso soe chateia novamente;
Sinto-me num teatro barato. Manuel. por sua vez,
nos interroga sobre nossas preferncias e cochicha
elogios (pouco convincentes) s especificidades de
cada rapaz. Alude sobretudo ao tamanho dos
Paus e fogosidade dos "meninos".
Tudo soa francamente banal, porque os
rapazes no aparentam o charme que Manuel
alardeia. Apesar de gentil, ele mal disfara sua
impacincia em que comecemos logo a funo. l
sei que os preos so Cr$ 500,00 de "entrada" e
Cr$ 500,00 por rapaz (este dinheiro pago diretamente a eles), mais os gastos de bar. Como
no consigo me decidir, dali a pouco sou o nico
fregus que sobra, Me Sinto como um bife a ser
devorado, porque os rapazes me abordam, puxem assunto; espiam e piscam, feito moscas cm
volta da minha bolsa. Manuel me faz sinais pouco
L.'AMPIO"a Esquina
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APPAD
Io
da parada da divc'ridadc
Chame Babilnia/zero-zero
Mal cheguei a So Paulo, na segunda semana de setembro, me dirigi, vido, aos cader-
lar ao Rio com alguma noticia dos "massagistas" paulistanos. Mesmo porque, furar as
reprteres paulistas do Lampio seria um triunfo. Eu estava assim, completamente, obcecado,
na tarde do dia seguinte, ao ler a Folha de So
Paulo no hill do hotel, quando encontrei, na
seo "Diversos", um anncio de massagistas
"moas e rapazes". Anotei o telefone, e tratei de
discar.
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GRUPODIGNIDADE
IREPORTAGEMI
comem pizzas, paus-de-arara jovens de buos
aloirados falando "", meu!", muita coisa
acontece. Encontrei at um mjch do Eixo
Rio-'Sanspa sentado num banco ouvindo Roberto Carlos. S que nesta feira de confraterni7ao operrio-campes iria. so todos amadores.
O que e uma pedida interessante, O Metr, com
seu mictrio movimentado, exibe-se como um
cardpio underground (mesmo) na porta de
um restaurant, sob a proto da Igreja progressista (sie). Entre la soe ei le saere mon coenr
balance.
Louca viagem
aos buracos
de So Paulo
Ei,. definitivamente as pazes com a cidade
que Ltcques Lacan definiria como a capital da
Ordens do Pai. Assim como o Rio e a Capital da
Ordens da Me, generosa iocasta cheia de praias,
amem Entendi. de uma ser por todas, as ciitr.unhas do 4ILC o meu amigc'Tonunho Dansascetio
- meu guia responsasel por essas paz.es defifilhas
catalogou conto ''O estt'nago do
e que 'o ali seria pussisel acontecer a
"emana de 22. o Manifesto Antropofagico. as
llocuras dos .Andrade. Alias, em companhia desc meu amigo. sentia-se milito o clima Tarada do
..\jisaral Anda Malfaiti. Vejamos por onde oncaso satari -paulistano deitou seus dentes sedentos
de asentura e descoberta.
Toninho. que e um conhecedor de lugares
malditos no mundo - evidentemente - guri de
Sanspa. como essas pessoas especializadas em
restaurantes exticos ou especiais, ou esse colecionadores de objetos raros e originais, faz as
honras da casa com maestria absoluta. Apesar de
Ia existir uma infinidade de saunas entendidas,
sahedw de que eu transo mais a linha pasoliniana-pedoil ica. lei ou-me ao afastado bairro de
Vila Patriarca ique bandeira!), numa muito espectal
Numa rua suburbana tipo Penha-Circular do
Rio de Janeiro. sem asfalto, um prdio verdecheguei iou chez . gavi anuncia vapor generoso . A
entrada. haralissima por sinal. uma cmica
placa. "e proibida a entrada de menores',
imediatamente contrariada no seu salo principal. misto de sauna e pla y-ground. onde h o
tradicional bar e lanchonete. A temporada de
caa esta aberta: e numa confuso onde nunca se
sabe quem e a caa e quem o caador, os michs
cobram uma taxa que var-ia entre 150,00 los'
paca-se a entrada deles, na saida, claro) e
40().K). Um prazer barato e gratificante. Depende, e biti. da sorte 110 fregus, mas s cego ou
ma scxluisl a-visual 1 um tipo de masxI ue fissurado
mi gente leia) e que se no dar ao luxo de escolher gente muito bonita e gostosa. No famoso
saporgeral uma exibio total e absoluta.
amoral. narciso-exibicionista, ante-sala de pequenas cmaras individuais onde o prazer estirou
suas toalhas e seus gritos "comuns dependuradoa". Isso funciona diariamente, s tardes, e o
melhor horrio ate 1 Hh.
Outro reduto, mais comum e conhecidlssimo. e o calado da Avenida So Joo, onde a
represso policial diminuiu: durante odia todo,
nas portas dos cinemas, os michs se exibem e
batalham seu po. Depois das 20h o movimento
se intensifica, os fliperamas cheios metem inveja
a um MacIos Nobre com sua sinfonia eletrnica.
E o concerto n tpo-eoncretista-eriico-industrial.
Altas. So Pualo me da a impresso de uma
Tcxl ulo construida com a latinidade dos italianos. E essa Liiitiidade quem nos garante os
calades de Eros. entre outras coisas. O
melhor fliperama, que apelidei imediatamente
de 'PEG PAG". chama-se Plavt,me(homenagem do inconsciente ao pobre J'acques Tati?
no tem hora de fechar, est sempre cheio, e
urna espcie de rodoviria da Avenida So Joo.
Ao seu lado. na Ipiranga cuidado com os
gotos' i o famoso Jeca's i homenagens tustissima
ao nosso cineasta caipira Amncio Mararoppi? 1. bar e lanchonete poritode encontro.
O calado vai da Ipiranga iotio, ao fundo,
Caetano' "que s quando cruzo a Ipiranga e a
Avenida So Jooi Galena Metrpole. onde
no final dos 50 o homem de teatro de resista
lhuje sabiamente marehand de oabicaux em
Paraivi 7Jlk Ribeiro abriu um dos primeirssimos bares guris do Brasil: ci Barroqutinho. Na
prpria, a linha timida - michs recminiciadm travestis pirados numa de $eune.Iilk
- encosta seus ahichos espera de limousines
inexistentes. O bom mesmo rio escancaro, nas
portas dos cinemas ou nus inmeros fliperamas
- soldados em bandos gorjeiam feito periquitos
prazeirosos. D o p. louro. A "tabela sindical"
e a mesma do Rio. A iariedade que maior e o
po5o mais saudave. Juventude movida a laragna e spaghetti. Viva Marco Plo, que descobriu
na China o macarro!
Domingo. tarde. Toninho resolve me levar
numa "lix.a1" muito interessante testou escrevendo um roteiro sobre michs e travestis.
cineastas do Brasil. est aqui registrada a
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da parida da (1iseritltdr'
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* li,
APPAD
.LAM PiO.
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squiiia
GRUPODIGN IDADE
IREPORTAGEM1
Prostituio
na solido
do Planalto
difcil no acreditar que a vida de um mich
no seja montona. As aventuras so sempre as
mesmas, as surpresas so mais ou menos previs veis e os perigos costumeiros: agresses, doenas
venreas e represso policial. Alm disto, os
rapazes, com idades indo de 14 a 20 anos, repetem, diariamente, aqui em Hrasllia, uma rotina
que se inicia por volta das trs horas da tarde,
quando chegam ao Conjunto Nacional e se instalam nos dois fliperamas do segundo andar e esperam que algum os convide para entrar no jogo.
noite, muitos deles podem tambm ser encontrados na Feira do Cu, que fica no alto da
Rodovina, no estacionamento em frente ao
Tduring Club. E no so apenas eles que se repetem. Os fregueses tambm so sempre os mesmim funcionrios pblicos na faixa dos bons
salrios que chegam em seus carros, examinam,
esccihem e so embora. Antes mesmo de ir conversar com eles, os rapazes ) sabem o que vai ser
combinado. O fregus tem seu gosto, o mich tem
seu preo. E. realmente, pegar ou largar.
No bit quem no saiba que a Rodoviria e os
Setores de Diveises Sul e Norte (que ficam em
suas extremidades) so pontos de encontro. Mas
Justamente o Setor de Divers&',es Sul o local mais
elegante da cidade, onde as famlias brasilienses
fazem compras. De (ato, at certo momento, as
pessoas passam sem se verem ou se tocarem e
cada qual desempenha a sua parte no jogo: uns
fazem compras, caminham vagarosamente observando as vitrines enquanto os outros, as boutiques e os michs, oferecem o produto.
Este produto, seguindo a marcha alucinante
da inflao, no chega a ser barato. Sem uma
tabela fixa de preo, o mnimo que se pode
oferecer, com um pouco de bons senso, so 500
cruzeiros. Isto, sem incluir os outros gastos que
necessariamente vm juntos, como o motel, para
quem casado ou no tem privacidade em casa,
ou as bebidas, para quem recebe a; michn em
sua prpria residncia. Mas h tambm quem
prefira lev-los apenas para as margens do lago e
ir direto ao assunto. Assim, de um problema eles
no padecem: o baixo salrio, para alguns deles,
s (es um problema enquanto eram sustentados
pelos pais. Um deles, que gosta de deixar evidente
o cuidado coso que escolhe suas roupas, consegue
ajudar a familia. Sustentar os estudos dos irmos,
pagar o aluguel de seu apartamento e manter em
dias as prestaes de seu Volkswagen, j que
parece ter um afiadtssimo tino comercial. Mas a
maioria deles no quer se estabelecer no negcio
de maneira to definitiva - querem apenas
deixar correr o tempo, ter o suficiente para comprar roupas e cigarros, ir s discotecas (que ainda
esto em voga em Brasilia) e encontrar, todos,
uma justificativa concreta para o seu homossexualismo.
Todos, sistematicamente, do as mesmas respotias para os mesmos tipos de pergunta. Se lhes
perguntam se se consideram bicha, respondem
firmemente que no. 0u ento, pergunta se
beijam os fregueses, a resposta chega a ser engraada e altamente esclarecedora: "Eu no, mas
tem muito cara que beija". A mesma coisa quando a gente pergunta se eles do. A resposta sempre negativa, mesmo se o pagamento oferecido for
tentador. Se esta negativa fosse verdadeira,
demonstraria uma injustificvel falta de profissionalismo, j que, ao que parece, nem sempre o
fregus tem razo.
Para eles, o raciocnio simplssimo: no
aceitam ou no confessam o beijo e o fato de
darem, porque no so bichas. E so capazes de
discorrerem horas sobre as justificativas que
preparam mais para si prprios que para os
outros: ficam excitados com um homem que,
alm de ser homossexual (que eles dizem desprezar), est apenas usando o seu corpo, porque
so jovens e plenos de vigor e iriam para a cama
com qualquer um, mesmo. Para eles, como para
todo o resto da sociedade que os produz, alis, o
jogo das aparncias indispensvel. Eles so os
machos, os portadores do pnis e assim so vistos
num sistema altamente classiicat&'io que pe
todos em seus devidos lugares e que no admite
meios termos. Para que eles no se desintegrem e
no corram o risco de no saberem o que so,
aceitam muito bem a incumbncia de fazer o
papel do garanho, aquele cujo dote e bem o
pero.
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Ala, 256-0185?
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- Eu quero un nmasagbta.
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atende cavalheiros e .zaus$o? Chame-rio,
damas domicilio e um bom rilax. Moas
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Hotel! don-tic. Marcar
vio, 541-6155.
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GRUPODIGNIDADE
REPORTAGEM
Galeria
Alaska:
po, amor e
nostalgia
As chuvas de outubro, o frio, um certo sentimento de solido que s ataca aos sbados, me
levaram de volta Galeria Alaska. onde no
punha os ps h quase um ano. Eu j sabia que o
bar Miguel-Angelo est cm obras, mas mesmo as- sim me chorou ver suas portas fechadas. Para
mim. fregus de tanto tempo, era como se estivesse faltando um pulmo, um pedao da velha
Alaska, apesar deooutro bar em frente.
Para um Funcionrio do Teatro Alaska, setembro e outubro no tni sido muito satisfatrios
corno movimento de bilheteria; o show das bonecas no consegue mais lotar a casa. O dono de
um apartamento no edifcio em cima da Galeria,
que aluga o espao para encontros homossexuais,
queixa-se dos negcios, que caram quase a zero.
O porteiro da boate Sto no vive mais rodeado
de paulistas aflitos, querendo entrar. Do lado da
Atlntica tambm so s queixas. No entanto, e
apesar da formidvel corrente de ar formada na
Galeria, eu me senti nesse sbado de outubro
como se estivesse nos bons tempos: era a mesma
ebulio, o mesmo vaivm, os gritos e risca das
bichas que tornam um dos lugares de pior aspecto
do Rio, s 'ezes parecendo-se a um ptio de
milagres, num ambiente aconchegante e muito
propicio ao despertar da vontade de fazer sexo.
E as caras dos freqentadores, depois de uma
hora de viglia na entrada da Av. Copacabana.
me eram quase todas familiares. L estava a
Trgica, ponsificaudo numa mesa de bar: passeando pelo corredor gelado. "Lisa Mmdli" (a
bicha realmente se parece cca'n a artista, usa franja e tem dentes enormes) de tnis, pijama de
pelcia e um chale espanhol, faz caras e bocas
para chamar a ateno: o arquiteto famoso, de
porre e sozinho como sempre, espreita da caa,
os ltimos e desesperados meninos mal-nutridos
do fim da noite, na outra extremidade do bar, o
ex-diplomata, bebedor de vinho branco e espalhafatoso como sempre, chamando qualquer
um que passasse para sentar-se sua mesa; e na
chuva, fingindo estar espera de um txi - o
truque antigo - mas de olho no movimento, o
jornalista tmido.
"Isto um circo', me disse certa vez um
colega de picadeiro, querendo expressar sua
desaprovao "sordidez" e "promiscuidade"
do ambiente. mas acabando sempre por participar do ritual, com incio, meio e fim, ditado
pelo bofe, porque esse meu conhecido gosta de
um tipo de mich j no ocaso, ccxii mais de 35
anos, endurecido pela vida, que no incomum
na Galeria.
Mas. nessa noite de outubro a que me refiro,
estvamos todos ali a fim da mesma coisa, em
busca de uma aventura, apenas variando de gosto
quanto a tipo ou idade. Nos reconhecamos como
membros cia mesma tribo pelo olhar levemente
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APPAD
e
da parida da divc'r'idade
passou e olhou enquanto eu tomava um capuccino, como boas turista que se preza, sentado a
urna das mesas do calado do Cafe'de Paris (que
no est em Paris e sim em Rosna, e na Via
Vesseto). Nunca fui Inocente de pensar que estes
flertes no tenham razes eosumlcis, porem
Goerge me pare= diferente doa rapazes Italianos que eu me habituara a ver por ali - eram
os chamados marcheti da Via Veneto (Ida-me
"marqueil" - "batedores de calada" '1, que
deixavam evidente a profisso que exerciam
devido prinL'lpalnlente sua maneira direta de
chamar a ateno. Nos Idos de 60,. Veneto aluda
era freqentada por geme de cinema, atores e
coas botes dourado., emblema bordado no bolso, gravata listrada e cabelos relativamente eier
tos, compondo am tipo universitrio de Oxlord
ou C.mbrldge. Na passada seguinte, prximo da
minha mesa, convidei-o a sentar. Recusou o
. . --.--..-.---
"Como e onde feita esta massagem?" a respostai "Da pie luto, aia tranqUo" (por todati
parte, fique tranqililol.
Eu verdadeiramente esperava pouco do eucontra e, no abris da poeta, pieechl que a pessoa,
conforme eu presumira, aio era nada co.npadvd
coa
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---'i.AMP!O'IaEsquifla
GRUPODIGNUDADE
REPORTAGEM
Um jovem
mich pede
a palavra
Nossa Idia era encerrar cala abordagem em
P ia, geral e Irresirlia sobre a prostituio mas,
calham com um bate-papo entre os mais diretamente Interessados no assuntar alguns mkhs.
Mas encontrar alguns deles que, primeiro,
aceitassem debater sua condio; e segundo, cosilassem, alm dessa bus vontade inicial, com a
faculdade de articular frases claras e completas,
lei impossvel, no curto perodo de tempo que diapnhamos. Assim que resolvemos recorrer,
mais uma ver, ao bom Rodrigo, este menino cuja
entrevista publicamos em janeiro desse anos ela
ainda melhor coisa Jamais publicada na leuprema brasileira sobre o assunto, e Isso no um
M "0 nosso, mas sim, do entrevistado; aqui,
Rodrigo faz unia radiografia completa da
"profisso' que abalou.
Claro que nos lembramos no apenas da osIrevisia do Rodrigo, mas do prprio - um
menino ainda, que freqentou sempre de modo
fraterno e caloroso, as mesas lamplisikas em
aauluts bares d. vida (as mesas, queridinhas; as
camas, no. Mas no vejam nesse" no" sinais de
preconceito - que depressa nos tornamos
smlgoi, Irmos, e a possibilidade de um dia
chegarmos ao sexo sempre nos provocava riasdas .t. A ltima vez que o vimos foi - para 'variar
- um bar ele tinha acabado de chegar de
Ilriisilla, num asilo ministerial qualquer, segundo disse, no qual conseguira uma carona.
Onde andar ele agora? Talvez tenha comprido a promessa que lar a ai prprio na entreviata - abandonar "profisso" ao entrar no extlto talvez ainda esteja firme nraseu ponto numa
cidade qualquer, ele que conhecera tantas em tio
poucos anos de vida. Talvez(esperamos ardentemente que niol lenha se tornada conto temia,
Mfia controla tudo l. Voc vai cm qualquer esquina do Mxico, tem cigarro americano que a
ndia vende, que o camel vende: tudo contrabandeado. A prostituio l aberta. Ento,
acontece o seguinte.. (Interrupo)... O mich, o
travesti, tm uni problema: o cara quando comea a ir por dinheiro, no pra mais; ele vicia.
Lampio - Mas vida em qi1
R. - No dinheiro. Vicia no dinheiro. Enquanto ele no encontrar uma profisso, uma
coisa que renda tanto ou mais, que d mais dinheiro que aquilo, ele no vai mudar de vida.
Lampio - Voc tem um ponto fixo, no ?
Fica onde? Quer dizer, aproximadamente, no
precisa dera localizao exata.
R. - Olha, o negcio funciona da seguinte
pesso.?
pacabana.
Lampio - E voc faz o qu? Qual dilorena entre mulher, homem, ao caio?
profisso, no ?
L - . Como uma profisso mesmo. Um
Lampio - Busincra is business. Por falar Disso, voc tem dinheiro guardado? (Pequena
Pois noite, o mais pavoroso cenrio da imoralidade, tendo como atures, marinheiros, soldados e vagabundos de toda espcie, que se entregavam na impunidade das trevas ao horrendo
comrcio desse asqueroso vicio:"
A. pegaim Imperiais no se restringiam
praa pblica. Apesar de at 1840 a vida noturna no Rio de Janeiro no se estender alm das
dez horas, as opes ao Inicio de noite eram
razosvelmese variadas. Nos arredaras do Largo
do REssio, situado entre as ruas do Piolho
(Carioca), doa Ciganos , (Comiltulio), do
Cano (Sete de Setemb,o;ado Caminho Novo do
Conde da Cun.ha(Vhcesde do Rio Branco),
flore.dam pequenos render-vaus cadete podia
copular. Indistbiiammte, com homens e
mulher... E para os mais ILertinos os d~
grupaia aio ficavam de fora, chegando-se a
reproduzir as mals audaciosas narrativas do
Marqus de Sacie. fito sem contarmos os poucos
cala jade os aristocratas fartavam os Jovem
mancebos, baia mundos e andados, de sua
dane.
Aps a fuga de Fainitin Rail pare o Brasil .
da Abertura dos Portos, o Rio de Janeiro passa
pos uma mudana Infra-estrutural. Com um
Parto em constante fundomniento, despejando
e levando pestanas, as novidades esropi&aa
cume am a circular usais rapidamente, e a
cidade entra num confuso processo de urbe.lzao e pr-Industrializao. Prollerasa.se os
Tbeatros, ai Confeitarias, as Casas de Banho,
os Bilhar,, os grandes Cafs Cantantes como o
Alcazar e o Eldorado, que eram verdadeiros
Sant'anna,
otun a rua do Rosrio). Mas o g rande comedegente aluda deslocava-se par. a Travam 20 de
abril (no local da atual rua de mesmo nome),
antiga Travessa do S asado, onde nascei o
Baro do Rio Branco, e que devido .us lama
recebei os segulhes codlnomes1 Beco da Cao.da, Beco da Pstaconda, Beco da Pndegao
mais conhecido Beco da Pouca Vergonha. Pelo
visto tais locais ainda desfritam de algum pres.
tiglo de autuara.
Em 1842 surgem os primeiros baila po.
pelar,, onde a preos ba ix em a populao podia
se divertir aos fias de semana e as festas do deu
Momo. Com devida autorizao do Chefe de
Polida, caiado o Nicola, mais tarde Pavilho
Fluminense, clube que funcionava em um gal.
pio da rua dos lavlidos, com entrada pelo
Campo de Sant'anna e que promovia grandes
'MPasqjna
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cidade, alagam-se
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LAMPIAO da esquina
4(
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GRUPODIGNIDADE
1 ESQUINA 1
mente se excita e se torna libertina; tudo me permites, e isso s serve para me estragar. Aosvinte e seis anos j deveria ter-me tornado religiosa, e
ainda sou a mais livre das mulheres. No podes
fazer idia, caro amigo, daquilo a que desejaria
entregar-me. Imaginava que, dedicando-me s
mulheres, me tornaria menos louca; que os
desejos, concentrados nas pessoas do mesmo
sexo, no mais se desviariam para as do vosso;
utpicos projetos, meu amigo; os prazeres de que
desejava privar-me acabaram por encher com
mais ardor ainda o meu espirito, e constatei que.
quando se nasce, como eu, para a libertinagem,
-i
torna-se intil o desejo de se impor limites; depressa eles so ultrapassados pelos ardentes
desejos. Enfim, meu caro, sou um animal amfibio; amo tudo, com tudo me divirto, desejo
fazer todos os gneros. Mas confessa, meu irmo,
no ser uma total extravagncia querer conhecer
esse extico Dolmanc que, cm toda a sua vida,
de acordo com o que afirmas, nunca possuiu uma
mulher como os outros homens, e, pederasta por
princpios, no s adora os do seu sexo como no
cede ao nosso, seno sob especial clusula de o
presentearmos com os mesmos favores a que
habituou os homens?
- Observa, meu irmo, qual longe vai a
minha fantasia: quero ser o Ganimedes desnovo
Jpiter, quero participar do seu goro, dos seus
brinquedos, quero ser vtima dos seus erros: at
agora, sabes bem, apenas a ti me entreguei, por
complacncia, ou a alguns dos meus servos que,
pagos para isso, a tal se prestavam somente por
interesse. Agora j no se trata de complacncia
ou capricho, mas de puro desejo... Destaco, entre
as prticas que me escravizam, e as que vo escravizar-me a essa estranha mania, uma diferena inconcebvel, e quero conhec-la. Peo-te que
me descrevas esse tal Dotmanc, para que possa
imagin-lo antes que venha: pois sabes que
apenas o conheo por hav-lo encontrado h dias,
numa casa onde fiquei com ele alguns instantes
apenas.
Cavalheiro - Doimance, minha irm, acaba
de completar trinta e seis anca. alto, de muito
boa estatura, olhos brilhantes e espirituais, mas
algo de dura e levemente maldoso se desenha cm
seu semblante: possui os mais belos dentes do
mundo: e um tanto dengoso nos gestos e na figura, sem dvida devido mania de tomar
freqentes ares femininos; de uma extrema
elegncia, e possui bela voz, talentos, e sobretudo
muita filosofia de esprito.
Madame de Salnl . Ange - Espero que no
acredite em Deus...
Cavalheiro - Ah, o que dizes? o mais
famoso dos ateus, o mais imoral dos homens...
Oh, verdadeiramente a mais completa e ntegra
corrupo, o pior e mais criminoso indivduo que
pode existir no mundo.
Madame de Saint-Ange - Como tudo isso me
excita! Esse homem vai enlouquecer-me. E os
seus gostos, irmo?
Cavalheiro - J sabes; as delicias de Sod orna
so preferidas tanto como ativo, quanto como
passivo; ama apenas os homens nos seus prazeres,
e se algumas vezes, no obstante, consente em experimentar mulheres, apenas com a condio de
elas serem to complacentes a ponto de mudarem
de sexo com ele. Fale-lhe de ti, sobre as tuas in-
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ie
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E]
ESQUINA
Matador de Felpuda
quase estupra menina
A experincia
de Dercy chega
afinal TV
No ltimo dia 5 de outubro, as atenes televisiva. se desviaram da pasteurizada esttica
global para assistirem um show de reportagem e
de vida (O verdadeiro Show da Vida), no menosprezado canal 7. Acontece que a mera41bona
comediante Dercy GoaIves lii entrevis t ada pelo
Canal Livm dando um banho de vivncia e de exporlncla, no sei melhor e mais 'escrachedo"
t90,
Um dos molhos-es momentos de entrevista
ficou a cargo das respostas sobre a Legalizao do
Aborta Apia perguntarem o que ela acheis do
fato, Deicy em sei melhor, estilo responde que
no te= nade que legalizar o aborta "legalizar o
que, seo corpo meu?"E conclui . primeira rumposta dizendo que o governo no tom nade que se
mer nos problemas e com o corpo da mulher e
apontando pra vigia. diz, "Aqui quem manda
sou eu, porra!"
O eulrevbtador malaio e pergunta se coei a
legalizao a prtica no seria menos perigosa.
Dircy maIs uma vez responde debochadamente,
que Igo precisa de legalizao nenhema e que
tinha feito oito abortos e atava ali hstdrinb1,
pronta pra outra, baosenoftn,ea Idade.
Maio que marra esta seqncia entrevista
quando outro enirevbtador Indaga se coei a
legalizao o governo no daria mais uaiatnda.
e Derc:4 simplesmente diz, 'E o governo d parra
alguma a algum?"
Dery coa, sua coragem e deboche descobre
um outro Indo da moeda, que talvez as feministej
81 no termo, descoberto, ao Invs de se lutar
por uma duvldtaa legalizao do aborto, via
processos oriados pelo macho, o usaM coerente
seria brigar para uma completa libertao do corpo, eu, sua totalidade, poiscomo eias mesmos
dlzeu, "Nosso. Corpos Nos Pertencem," e em
apenas concluo, Sef. Pra que For. (Ant?ziio
Carlca Moreira)
TODA NUDEZ!
Um lbum especial, com
dez fotos de um rapaz sem
preconceitos, para voc
folhear naqueles momentos
de lazer. Todas no mais fiel
tecnicolor. Faa agora o seu
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Ri, e receba sua encomenda
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e 80
SAUNA
-A opo-
Finalmente: a UNE
ja pensa no prazer
43 anca aps sua criao, pode-se dizer que o
329 Congresso Nacional da Unio Nacional doe
Estudantes - UNE, realizado na 2 quinzena de
outubro, f oi o mais lcido, libertrio e bem
humorado Congresso de toda sua histria. Desta
ez, o costumeiro enrudecirnento provocado pela
ferrenha militncia Poltico-partidria deu lugar
aos quesitos do corpo e da mente, tornando c
debates numa autntica festa colorida, descontrada ecom muitorealce
Cerca de 6 mil estudantes locomoveram-se
para Piracicaba, cidade prxima grande So
Paulo, onde representaram durante trs dias
cerca de 1.4 milhes deuniversitnos Na entrada
da cidade; a grande recepo. Uma enorme
pichao dava boas-vindas aos herdeiros deMarx,
em uma curta e muito significativa frase; "Welcome ToThe landOfMa,.Ijuana' E realmente,
maconha foi o que no faltou, fazendo a cabea
de todos os sutaques possveis e imaginveis,
neste atrasado "dbui" do Movimento Estudantil.
A descontrao reinou nos mais recs,ditca
lugares de Piracicaba, E pasmem! O bicharel estudantil no deixo,, por menos, e rodando sua
baiana, aplicou na prtica sua mais consciente
estratgia revolucionria: A pegao. Homricas
orgias foram desencadeadas pelos grupos de
Scinl.Olimpkn
Hldroinassagens
Coas Turbilho
Andar Superior
Sala de Repouso
-.o
O filme trata do problema do menor abandonado, as instituies (Febem e polida) envolvidas cosa o tema, e abrange outros setores marginalizados da sociedade, como o negro, a mulher
e o homossexual. E sem nenhum deslize (que
tenso!) que atire (como espectador envolvido
com esse tema) balas de moralismo fatais contra
ns. Ao contrrio, Babenco e Durari falam do
problema social czan uma linguagem que humaniza atravs de seus personagens apaixonantes
(o Pisoce, o menino negro, a prostituta Suely
vivida magistralmente por Manha Pera, e o
menos- homossexual Lilica) toda a problemtica
abordada. A cena do assassinato do menino
negro, que morre vitima de policiais nos braos
do amante Lilica, um dos pontos altos do filme
- e a grandeza com que a apresenta deixa perplexa a platia da classe mdia que enche o cinema. Faz uma autpsia no sistema gerador do
problema, com bisturis de preciso, que devolvem
o sangue de suas vitimas, manchando a cara dos
culpados, sem no entanto escorregarem na adjetivao fcil dos "coitadinhos" marginalizados
- como escorrega a pea "Blue-Jeans' faca de
dois gumes montada sob o travestimento de
denncia social.
Utilizando-se de atores no-profissionais (os
meninos so favelados de So Paulo) e de competentes profissionais conhecidos de todos ns,
Babenco tece a unidade de interpretao de seu
elenco magnificamente, com uma mk-sij-sce,e
znarcadamente neo-realista mas que em nenhum
momento beira a pieguice ou a facilidade. A
critica oficial (V4, Isto ,. etc.) como sempre
colonizada, procura de defeitos estruturais sem
maior dimenso, comporta-se "bandi rosa mente", dividindo o filme em duas partes (sic), a
primeira-quando os menores vivem no reformatrio institucional, e a segunda, fora dele,
quando organiza-se em ncleo de fugitivos que se
transforma numa gang chefiada pelo menino
negro, seu amante homossexual, o Pixotinho, e mais tarde - a prostituta Suely, deixando transparecer (a critica) talvez num nvel inconsciente,
que prefere v-los no reformatrio do que fora
dele.
Outro ponto alto do filme de Babenco a
seqncia no Arpoador (Rio) onde um mar
coalhado pelos louros filhos da burguesia em suas
Pranchas carssimas serve de pano de fundo para
o dilogo dos trs meninos, O negro faz planos
pro futuro, o Pixote diz que um dia vai ser uns
homens que "no precisa mais ser perseguido", e
Ulica, o homossexual, num momento de extrema
beleza e realismo afirma: "Comigo no, Pixote.
Comigo eles vo sempre estar perseguindo. Mesmo que eu deixe de ser bandido'. Os dois riem.
Pixoce, espontaneamente, encosta a cabecinha no
ombro de Lilica, amorosos, num momento de
felicidade, grandeza, solidrios. Uma bicha e um
menino de 10 anos, Dois seres humanos, Dois
Homens. Do tamanho da dignidade que faltava
ao cinema brasileiro. (Lula Carlos Lacerda)
uma
Mala enorme
Sauna- Vapor
Sauna-Seca
Anserlcan-Bar
Pritate-Roos.
Massagistas
"Pixote",
um casamento
que deu certo
LAMPIO
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da parada (Ia di rsidadr
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GRUPODIGNIDADE
[ENTREVISTA]
Um juiz
pelas minorias
ivar Mayrink
fala de racismo,
homossexuais,
mulher submissa,
maconha,
vadiagem, etc.
No dl. 144. agosto. .a 7P Vai. Critulmi do
Rio o Juiz Alvaro M.yrlak da Costa decidia, ao
mame de um processo que Luis Alberto Parunha, 18 asna, preso na Tijuos com uma
tronileisa de maconha que sosbara de comprar,
aio contatem nasbein crime. Para maka
empenhada na desci4mhi.11sa*o do uso da
maco.ba, esta lei uma deds*o Wstiakn. Talvez,
) que da veio abrir mais uma frade sesses tempos de abertura; mas aio Inditas anus de
aprovada a ambgua Lei Antltbzlcos, em 1976, ju
havia lurhpr.diacis firmada no Supremo Tribuital Federal, ao sentido de que se absolvesse
aqueles que fossem apanhados portando pena
quantidade de maconha.
Antas deita d~, o Juh Mayrink ji era
somo cosh.ddos lei de, tambm, quem Indiciou
os policiais envolvidos no chamado "caso Ario",
lei de o primeiro jula a se pronosisdar contra a
aprovao da primo cautelar uma bandeira
que Lampio levantei, como de, sem provocar
maiores emoes nos chamados "setores liberal?'
da disse mdia. sobre os qusk sue tipo de peblo
aio se a aler*4 afinal da contas, s pobre preso
"sob suspeita" na "para avetiguam".
Foi por causa de suas posies quanto das.
criminalhaio do uso da maconha e a primo
nau idar que o procuramos para uma entrevista.
E., Francisco Blftencourt, leio Carlos Rodrigues, Lela Miccolis. Antnio Carlos Moreira e
uma converna de duas
Cyntla Martins. Api.
botas, conclumos que o Juiz titular da 7 Vara
Criminal, dr. Alvaro Mayrink da Costa, aio
apenas, como ele diz, um Juiz que tenta Interpretar a lei las da realidade social do tempo em
que vive; mila do que Isso. de um homem que
toma posio ao lado das oprimidos.
algum
ases que se
Umberto Eco disse li
uma luta verdadeiramente importante a ser
travada neste flnd de sculo, eia a de libertaio
das mlamia.r negros, houuuseiusk, mulheres
submetida, i tabus como ode virgindade e o do
casamento, usurios da maconha - que, alinal,
aio podem ser mais perseguldos que os adeptos
doileoci ei dolumo. Eatende . se por" minorias"
todos aqueles e quem o sistema oprime em suas
individealidades. E o Juiz Miyrl, roda rio
verificar nassa entrevista, est ao lado de iodo.
das.
A entrevista, duo, foi num tom emito srio e
respeitoso Afinal, tratava-se de em juiz. Mas
com um detalhe, depois que ns .amos do seu
gabinete, fizemos urna eude entre os que participaram deis, e os homens e mulheres presentes
foram unnimesi sua excelncia que nos perdoe a
ousadia, mas, aiim de ser um dos homem mais
inddos que J entrevistemos, ele , tambm, um
garbo. (Aguinaldo Silva)
e...
Mayrtidi - Mas estas prises "por suspeita"
s.. aik:..s..S...
&I.,.,.;.
- ,,.*i.,,, aLeija,,
ah.,.,, A.
.anisl.n.,as.
s,
ano
viu ai isa, cita
LAMPIO
da Esqlila
1*
APPAD
IIt
d.i i.,rid.i d,Itversid,,itc
prprio conto achar melhor, desde que esta liberdade no resulte num constrangimento da co'
icvidade geral. No caso dcs negros, por exemplo, o que 6 preciso 6 respeitar suas tradies,
seus costumes. O preconceito racial se torna ainda mais miatruoso no Brasil, um pais que nau
uma etnia prpria, que criei uma raa miscigenada. Por isso eia acredito que, quanto questo do preconceito, por causa dos movimentos de
caisaentizaio que rus surgindo e ganhando
faa, no estamos caminhando para urna posio
terrorem, ei - pelo seu nvel cultural, pela diacriminaio social - ainda no chegaram a este
rirei de conscientizalo dos seus direitos.
Aguixialdo - O problema que estas passes
presas "sob suspeita" multas veres enquadradas
por 'vadiagem" e "desacato ausodd.d?';
processos dems tipo tio muitos cemuas coem 1 inteiramente nova, si pela virada 00 SCUSIt IJC
mesma forma quanto aos homossexuais.
que Justia costuma ver estes casos?
,,
Antziio Carlos - E quarta que o senhor sipicasse melhor essa questo do "cemstrangmento" h algum meses atrs, o delegado Richetil
prendeu centema de pessoas em Sio Paulo. em
"blitz" dlrlas o objetivo dessas "blitzen" maus
prostitutas e homossexuais que, segundo ele,
"comtranglam as famIlIas".
Mayrisit - Constranger, para ruim, significa
o seguinte: nas sociedades cosmopolitas, nos
grandes centros urbanos, a expressio "constranger" desaparece, porque os padres so eclticas,
os valores culturais so eclticos. Agora nas
sociedades rurais, nos pequenos povosdca, onde
os costumes aio mais arreigados, no somos
obrigados a respeitar as tradies destes grupos.
Em outras palavras: numa sociedade pequena
onde ainda existem valores culturais muito arraigados, a virgindade, um tabu, falar dele pode
ser at uma densa; j numa sociedade mais
evoluda culturalmente. ao contrrio, a virgindade at um elemento constrangedor da mulisa', uma limitao da sua liberdade sexual, porque s serve para coloc-la numa condio de inferioridade, j que, por sua causa, ela fica sem
condies de usufruir da liberdade sexual qual
tem direito tanto quanto ohomem. Assim, quando eu falo au constranger, estou me rerindo s
comunidades de costumes mais arraigados; em
cidades cano So Paulo. Rio, etc., esse tipo de
constrangimento desaparece, j que so comunidades eclsicas, de padres univeraais, onde
ningum pode se "constranger" diante da mashdadeda vida.
Francisco - Mas o senhor adia, pessosimente, que os ti.vestis cosatraugem a so'l.ded.
brasileira?
Mayrfdi - De forma alguma! Muito ao amtrrio. Eu, inclusive, vou assistir ao Berro do
Pau listinha, ao desfile de travestia da seita-feira
de carnaval; outro dia fui ver uma pea de teatro
que at recomendo, porque acho excepcional:
Clay Girla, ali no Teatro Alastra, axn a Ntiia
Paula. Eu acho que o travestismo pertence h arte
de u m povo, cultura de um povo, est dentro do
contexto cultural dos povos civilizados. uma
xisa que existe em todo lutar - nos Estados
Unidos, na Europa! Por que estio s ns, em
relao aos travestis, ainda seremos tupiniquins?
Eu tenho muito respeito pelas passes e as admito
como das aio.
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CRU PODIGNIDADE
[ENTREVISTA]
Francisco - Mas o delegado Riobetd aio
pm assim..
Mayriob Isso problema cultural...
Aguinaldo - O senhor anuo, se tivesse de
)algar um travesti por qualquer motivo, usuca
levaria cm con te essa histrla de "comtra.gIcma-
lo,.
Mayrink - No, absolutamente. Inclusive eu
tenho um caso aqui recente em que, no ementa
leis, dois rapazes, tkss homossexuais, tiveram um
encontro com outra pessoa, e depois, como no
houve o pagamento acertado, o indivduo chamou
a polos para dar um flagrante, como se os dois o
tivessem assaltada Aqui em Juizo na tivemos
o cuidado de observar que, na verdade, nio tinha
ocorrido um assalto, mas sim, unia denunciao
caluniosa: quer dizer, por no ter pago o preo
estipulado para a relaio, e porque os dois haviam exigido seu relgio como garantia da divida,
de. para no ter que pagar o prometido, recorreu
policia. Isso . pra que vocs vejam como a gente tem uma abertura muito grande aqui, pra discutirmos todos esses aspecto., e buscarmos onde
,ara a realidade, mesmo dentro de um submundo
como este, de paga de mais cinco. roenos dez
cruzeiros, dentro de uma realidade social. Eu
acho que.o juiz de hoje vise uma realidade social;
de no pt*le ter os olhos fechados realidade.
Leda - Na Faculdade a gente sempre aprende que uma das unbes do juiz interpretar a lei
dentro da realidade social e dentro doa conceitos
que mudam no espao e no iemp* eu lhe pergunte, 5cr$ que o senhor est Interpretando, enquanto a maioria doa juizes apenas alga e enquadra o
osso espcie? Quer dizer, o senhor estaria tentando situar cada caso que cal em suas mios dentro da realidade social?
Mayi-ink - Bem, acima de tudo eu scsi um
professor de direito. Eu defendi uma teoria finalista, mas, dentro do finalismo, eu defendo a
teoria social do crime. E. portanto, entendo que
para a sua existncia necessrio a relevncia
social. Como antes de ingressar na magistratura
eu tive outras vivncias - fui diretor do sistema
penal, fundei o anexo psiquitrico para mulheres
delinqentes neste sistema, fundei um instituto
de classificao para dehnqentes, criei a primeira creche penitenciria do Brasil -, como
tambm vim da experincia jcrnal$stica e advcuei dentro da rea criminal - tive, portanto.
oque chamaramos de "academia doasfaltd'. E
para mim o juiz de hoje no o juiz modelado por
Montesquien, quer dizer, a boca que diz a lei; o
juiz um ser que vive no meio social, como os
demais, recebendo todas as influncias do prprio
modelo, e que evidentemente, ao interpretar a lei,
tem que interpretar essa lei a uivei doa seus jurisdiacuadra. Portanto, o juiz, hoje, no julga as
folhas de um processo; no um rob, porque crito seria mais simples acabar cont a Justia e cmtratar a IBM - se economizaria at muito dinheiro: mas na realidade, ns julgamos pessoas;
cada fato um processo, e cada processo uma
pessoa diferente, nAopcsive1 nivelar todas elas.
Joo Carlos - Existem muitos processos de
mulas?
Mayrtob - O Estado responsvel por
aqueles cuja custdia ele detm. Agora no
podemos nos esquecer que muitas mortes ccci
tidas dentro do sistema penitencirio so ver-
fog o cerrado, na verdade, ainda que inconscientemente, est buscando uma bala que o mate.
Joo Carica - Mas no caso especifico que es
estou falando...
Mayritik - Neste caso especifico, a resposta 6
esta: o Estado responde pela vida de todos
aqueles que esto sob sua custdia.
Joo Cano. - um prcblmna de Interpre.
taio? Quer dizer, o senhor pensa assim, mas
outro ub poderia achar o contrrio?
Mayritik - No', ai, evidentemente, seria uma
interpretao, porque a toda lei pode se dar uma
srie de interpretaes. Minha interpretao es.
ta: quem assume a custdia de uma pessoa responde por ela.
Leila - O senhor diz que necessria a cena.
clentlzaio do povo para os seus direito.. Mas
como o direito, por todas estas razes que j se
expa, est multo afastado do poro, o senhor teria
sugesto a fazer no sentido de aproximar
L
mais o povo dos seis direitos?
MaVTIMk - Eu acho que o povo pode conhecer seus direitos atravs do processo democrtico, na formao do. partidcaohticos. N'o
momento exato em que passa a pertencer a um
partido polilico, deve-se usar este partido como
balho tambm...
Mayrink - ... . Porque andando com a
Constituio o indivduo, desde os sete anca de
idade, j comeava asecooscientizardequeum
ser que tem direitos.
Joo Carlos - Ci ensino da Mciii e Ch4ca
devia ser Isso...
Mayrliik - Exato.
Leila - O que que o senhor adia da
sa?
Mayrink - De algum tempo para c, desde a
reforma da legislao sobre txicos, que de
197. passei a observar o grande nmero de
jovens - acho que chegam a 90%, nos processos
cujos rus tttn entre 18 e 23 anos de idade - enquadrados no. artigos 12 e l da Lei de Txicos,
geralmente por ser portadores de nfimas quantidades de maconha. Uma outra coisa: eu vivo no
meio universitrio, participo do meio univei'sitrio, scsi professor titular de uma universidade-, e
nesse meio tambm passei a notar algumas
mudanas de valores; ento, a partir do instante
eu que eu ereu na praia, de manh, e vejo, ao
meu redor, que vrias pessoas estio fumando
maconha vontade - e no posso sair para prende- ningum -, seria hipocrisia que tarde, em
nl arilyn ni OH rue
Do grande escritor americano Normais Mailer,
Marilyn Monroe" um livro que voei nao pode deixar
ler.
Quem podia imaginar que icm dia aquela menina as sustada do interior, rfa desde pequena, chegaria de
uma hora para mira a se envolver num mundo de sonhos
de
AP PAD
iio paraiiit'tl"t'
da parada da clii'riri,id,
1
A primeira vez na vida que eu vi um baseado
lei em 1965, ano do IV Centenrio do Rio de
Janeiro e um ano depois da malfadada revoluo militar. Eu tinha l anos e, talvez por
uma recada moralista, recusei polidamente.
Um dos meus amigos insistiu, mas outro me
disse uma frase que nunca mais esqueci: "Deixa
ele. Se o baseado tiver de pintar na vida dele, vai
pintar na hora certa".
A hora certa foi poucas semanas depois e a
maconha nunca mais me
*,.
LAMPIO da Esqina
Centro de Documentao
Prof. Dr. Luiz Mott
kqj^ y
GRUPODIGNIDADE
ENTREVISTA
Mayrlol A lei fala na apologia de crime.
Joo Carlos - Sim, mas ento, defender ouso
j seria um crime...
Mayriolt - Mas isso uma questo de interpretao que no compatvel com a nossa cultura. Apologia de crime significa ns endeusarmos a prtica de um crime. Nos estamos discutindo, a nvel cientfico e a nvel cultural, se
determinado fato, em razo de evolues histrico-culturais, dever continuar ou no a sei'
crime.
Joo Carlos - Mas se amanh os depois surgir por aqui como acouteom nos Estados
Unidos, uni comit para lutar pela alterao da
lei, de poderia ser enquadrado na prpria lei?
MayrInk - Eu creio que no; esse comit eslana apenas reclamando uma modificao na lei.
e no propagando ouso de drogas, eixo o objetivo
de lucro, ou de venda. Se esse comit fizesse
propaganda da cocana, por exemplo, como as
multinacionais fazem do cigarro e do lcool...
Francisco - Que so Igualmente nocivos...
MIyTIolt - A sim, ele estaria cometendo um
crime.
Antnio Carlos Tontos posse bo4e (a 2210) no Palcio do Casete unia Comisso de Rei.
presso e Preveno aos Tzkos ele pretende
lazer um trabalho de educao nas escolas, e criar
um servio de traUniento de ~dos...
Mayrh* - Se este servio estiver a cargo dos
organismos estaduais e federais de sade, eu cciicirdo inteiramente.
Antnio Carlos - Conto que o senhos' v o
trabalho dessa comisso?
Mayrink - Se esta comisso for s escolas, s
universidades, e se entregar ao debate coso ci
jovens, no creio que ela tenha condies de impor idias ou solues contrrias aos interesses da
juventude,
Aguinaldo - Mas o senhor acha que esta
comisso Tal realmente ou vir os Jovens?
Mayiii - Olha, eu fiz uma conferncia na
PUC, e compareceram mais de 600 jovens; toda
interessados em debater, em discutir; inteiramente impossvel para esta comisso ir s
universidades, s escolas, e se manter alheia
nsia de participao desses jovens.
Aguinaldo - O senhor pousa, ento, que
chegou hora de reformular a Lei dos Tnicos?
MaYr1I - Sim. Entre outras coisas porque a
lei atual elitista, a partir do momento em que
estabelece uma fiana para os usurios, deixando, assim, ao desabrigo aqueles que no tm condies de peg-la. Claro que essa reformulao
causar protestos de alguns setores mais conser- - como concil i ar essa posio mais costempornes
sadcres. Eu, por exemplo, logo aps a minha
de Justia com u aplicao da lei?
deciso absolvendo um usurio de maconha,
Mayrink Atravs do caminho da hipocrisia;
recebi carta de um pai, na qual ele reclamava pararquivando processa sem maiores explicaes,
que, graas a essa minha atitude, tudo o que ele
ai pela tese do conflito entre os depoimentos, ou
ensinara aos filhos sobre a erva fora desmentido.
concluindo que a matria no est suficientemenAI eu percebi que de no estava nem um pouco
te provada. So os clssica caminhos da hipopreocupadoccan o destino dofilho, mas sim, coso
crisia usados pela justia, em todo o mundo,
o desmentido s suas palavras, ou seja, com a
quando os juizes, por sua conscincia cvica, se
deteno do prestgio do ptrio poder... Essa
recusam a condenar pessoas enquadradas cio
reforma da lei uma coisa que vai aconteces
determinado tipo de Lei.
seno a conto, pelo menos a mdio prazo.
Aguinaldo - O senhor disse carta vez que o
Leda - Mas enquanto isso ito acontecer,
Cdigo Penal, que de 1940, j estava fora da
Campeo de vadiagem
LCT de S.. 34 anos, mineiro de Carangola, tambm conhecido como Mnica Vaiaria.
As Iniciais so para fugir represso; freqentador assduo da Praa Tlradentes, onde se tornos um dos campees das prises 'para averiguao" e "por vadiagem", de continua l,
noite aps noite, sempre que as ocorrncias
policiais no o levam a alguma temporada no
xadrez. O verdadeiro marginal - como ns o
conhecemos e louvamos -, aquele que no
cometem nenhum crime codificado, a no ser este, subjetivo e mais imperdovel aInda, de permanecer margem do sistema que o pariu, LC
entra aqui, com seu depoimento, como um
exemplo daqueles cidados brasileiros, citados
Pelo Juiz Alvaro Mayrink da Cosia, que ainda
no aprenderam a reclamar seus direito.. O
papo coa, Monica Valria foi gravado e editado
por Antnio Chrvsstorno.
Presidente Juscelino. Ren j tinha um problema de regime pra emagrecer. Mandou servir
caf com leite. Eu servi com acar. No podia,
mas ningum tinha me avisado nada. Ele me
xingou de urubu, na frente doe outros. Mni de
grosso, no gostava de tomar banho. Joguei a
xcara pro alto e fui embora.
- Sal do Ben quase sem dinheiro. Fui
trabalhar no Flamengo, na casa de ama famlia
mineira, multo boa, mas po-duro. Uma noite
vim pra frente do Automvel Clube, na Clnelndla, e perguntei prum estranhes "O que
aquele pessoal na calada, ali?" Ele me explicou que eram bichas, convidou preu me
maquiar, botar pomos. J gostei, n? Topei. E
comeel a fazer a vida. Uma vez dancei no 30
distrito policial. L conheci a Mafalda, a May
Brltt, a Virna Lizzl, e me dei bem. Mas a policia
sempre deu em cima. Prendem agente tn.
- Documento de bicha pobre grade. Eles
pem a gente no camburo e falam pro comissrio que a gente vagabundo, mesmo com
documento, carteira assinada co bolsa. Diz que
a gente lar baguna, diz que bicha s faia
palavro. Se no falou, lnvetam. Na Rua do
Rinchado me joguei dentro duma caiu d'gua
no meio duma blltr da polida, numa casa de
cmodos onde eu morava. Noutra casa, na Rua
do Rezende, me prenderam e abandonei o
quarto com tudo que era meu l dentro.
Roubaram. Levaram tudo, enquanto eu estava
1_w
APPAD
ie
da parada da diversidadc
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Bixrdia
Que os perdoes Cruzada Aatl-Hoooal - Setor Grande Curftltu (??7), entidade que
em isita pes4odicameate panfletos cujo objetivo nos lalormar que "a taa
dlru de Deus est
em
44444444444444444
O pior nessa crise toda
que a
gorda nos jogou que agora, a conselho do Ricardo Cravo Albim, somos
obrigados a torcer pelo censor,
ameaado pelo curador (por favor,
no currador) de menores. Perdoemnos o lugar comum, mas que Pas este?
..
.......
Vis Caucu htluo, sa bal oder.o ilustrado peio, coutoruo disisdo de do erpBatidra rapazes, saa preriulo aet. iglca de
coa., trovoadas de nus, seis reaslo de
fogo., eipaholas sem aaflrko Faad..go
tup1ulqu, um isso qUisdeuliso do AI&I
amigo do Busco, us reprter po&k4aI
oho lusco e cetros babados do arco de velba.
Tudo isso se TV Croquetes _Cai DzL
Pra quem teve oposisuldede de aisbd4os.o
perodo brabo da nepreiso. l palco Ides de 73,
ates deles se masdaro para a Europa e cortko vrlos suco e gra.dei turul matastes,
05 rapazes pareco que d~ a desejar, nesta
sou prodeio. Mas pra quo as assiste pela
primeira vaz, assina co-O eu, g ente um pique
diferente do que se costuma ver por ah, urna
proposta que alado aos o .oes. Algo que
do c4ega a ter grandes preto'es e que seus se
preseade revoludourlo, mas que consegue
mexer fendo na gente. imagino alto rapazes,
quase quarostes, fazendo de tudo um pisco,
nem verdadeiro varfej. Da stira do bal dsulco ao isaIs audodtso e ertico bal moderno,
sema inqueitIosvul performance. Da stira
sl ao mala maldoso deboche. Do tragicmico ao macabro sobrenatural. Tudo sem
simples espetcelo.
bo verdade que TV Croque*tes Canal
Dai peco pela falta de ftnsenldade o dete,
~das pessago de um quadro para o conTo,
mas luo sequer abala o ritmo do espetculo,
os dlmas propostos so realmoste eiss
4066696104
e
da parada da diversidade
*
2
Faltam oIs usergia, mis sacanagem Imoralldede mesmo, mais fora e mali anarquia. O soro Dzl Croquetes mais parece um
teatro Infantil de tio bem comportado. O espetcolo multo Irvegulars alteras bom quase geniais - co. maus - quase pssimos
- momentos. Ou melhores ficam por custa do
bom humor e da descontrao do grupo, em,
bem se comparado ao primeiro espetculo,
teslei perdido multo de sua frols e fora.
Quando os Dzl Croquetes se propenu a fazer o
pblico rir, mostram-se verdadeiros herdeiros
de chanchada e do teatro de resistas. So os
melhorei momentos do espetculo. Pese que
do sejam co nlcos.
Sim, porque o grupo se prope a ser "st'lo'
tambm. E quando Isso ocorre, o espetculo se
tOrm um peso, s suportvel porque h sempre
a esperana de uma graa bem colocada. O que
quase doacoustece,
Imo fica bem ntido nos bailados. H esodostei saques, sem dvida. E como exemplo
dto a caricatura do bal clssico. Multo Is.
tellgoste e bem boiado. Logo depois, no oau-
00606$46
966060060 3 # * Off10090 -
P Wu 16
APPAD
........
LilM p , da Esquina
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1 esI.I.I....I...
:
O
LANAMENTOS
ESCOLA DE LIBERTINAGEM
Marqus desade
172 pginas. Cr$ 30000
Um homcasexual, uma lsbica, um casal
.heterossexual e, depois, uma quinta pessoa, um
jardineiro assalariado, nainidca numa mansAQ
se tre.m a todo to de exercdica amora"; o
: abjetivq transformar a jovem e ingnua
Eugnie numa grande amante, numa adepta
. fervorosa
dopansexualismes Um dos livros mais
O BEIJO DA MULHER ARANHA
. crus e ousados jamais esczit.
os.A obra-prima do
Mafficipulil
genial
marques.
O
primeiro
lanamento
da
.
246 pginas, Ct 320,00
Esquina Editora.
.
Um esquerdista, membrodcumgrupoclan
destinq e um homossexual acusado de cormp
O ESTIGMA DO PASSIVO SEXUAL
.
Ao de menwes, presos na mesma cela de um
MlceI Missa
crcere argentino. este o ponto de partida do
72 pginas, Cri 100,00
livro mais instipnte do autor de "Boquitas
Um estudo sociolgico sobre o estigma que
Pintadas'.
. se abate sobre os passivos sexuais - a mulher
o homossexual, A concluso do autor t que,
1 como caricatura da mulher, o travesti represen.
. taria, atsOltimasconseqP.ncias, no sbainaxporaAo radical do paradigma da feminiTEOREMAMBO
lidade fundado no estigma do- passivo sexuar',
Darcy
: como tambm sua negao debochada, ex108 pginas. Cr$ 200,00
plcaiva.
Um Papai Noel muito laico, uma bichinha
HOMOSSEXUAIS
MarcDandeAndrBaudry
173 pginas, Cri 25000
Um livro pedaggico. escrito por dois es Pecialistas franceses rara substituir nas bancas
e livrarias as obras anlogas ericas. acusacionalistas, COIflTCIS, etc.. Um livro escrito
com O intuitode desmistificr o honscxua1ismo enquanto assunto tabu. Uma das primeiras
EU, RUDDY
60 pginas, Cr$ 500.00
No apenas cabeleireiro, tra vesti ai poeta,
Ruddy tudoisscs numa mistura deexacerbada
sensibilidade que desgua nestes seus poemas.
Com
aisassimas do autor, feitas por
Vnia Toledo. Obra para colecionadores.
BLUEJEANS
Zeno WUde e Wanderlei Aguiar Bragana
61 pginas. Cr$ 150,00
As aventuras e desventuras de cinco rapazes,
toda michs Um estudo em negro sobre a
prostituio masculina, escrito a partir de
depoimentos recolhidos pelos autores nos locais
de "pegad', da galeria Alaska esquina de
Ipirara com So ico, da Cinelndia ao Largo
doArcuche.
S...............S...
BARBUDO, 29 anos, alto, homossexual comcitaste, sem grilo e ama compkzo de do, dl..
ao. Desejo corresponder-me com asPas bo.
mizacizal, dlscretcs que estejam e fim de iriar uma amizade sadia, ilnceia e fretam. Paulo
Mclda Caixa Postal 040204 _ BmIb./DF -
Troca.
. DZIOJ L
.
CEM 70.300.
BONITO, 25 anos, olhos verdes, oab. mitanhas dize, 1,77, advogado, deseja corresp~
der-se com rapzes bonitos e discretos de 18 28
anos, que resida. cm So Pavio. Foto na 1'
- Marcelo Mardueili - Caixa Postal 54129 So P.uioSP CEP: 01.000.
SOU REGINA, fia histria, soa poeta. Tenho
28 anos, 1,52., 46&. Gostaria de corvespousdercm coes pessoas de sexo feminino que sejam sen
sivel., abertai, gostem de arte, nainrera, da vida
pura amizade, troce de idias. Rua Conde de
Bo.lbn, 491/203_ Rio deianelro_Rj _CEPi
20.520.
APPAD
i
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50.000.
PROFISSIONAL de ilvei superior, coes
cabaa feita, de 28 anos e 1.72m. deseja manter
correspondncia com rapazes de ao mximo 22
anos e pesco experientes. Venham com tudo que
es enfrento qualquer barra. Td - Caixa Postal
15.224 Rio de Janeiro - Ri CEPi 20.155.
VOC, que estendido e est internando em
comear uma amizade sincera e duradoura, sem
preconceitos, escreva-me que no ficar sem emposta. Soa Jovem, uivei colegial, 1,82., moreno,
discreto. Zlzzo - Rua Quivami, 50 - So
PauloSP CEP.i 05.330.
21.241.
vi,
GRUPODIGNIDADE
1 CARTAS
1 NA MESA
metrolinca queiram, porque podem distribuir
"bares" vontade. Corto, boneca?
E vuc&s do Lampio, parem com esse negcio
de defesa das minorias oprimidas: negros,
operrios, mulheres, mendIgos e marginais de
toda espcie querem que os homossexuais
sifu",.. Sem mais, no momento, subscrevo-me,
Waimir de Souza Lima - Rio.
R. Querido Waimirs tua amvel cartjnha nos
Baixando o pau
Caros Lampinicot, aqui estou novamente,
para participar de vosso debate. Fiquei muito
decepcionado com o n 29 do "nesso" jornalzinho. Rmlmence. o Lampio de outubro est um
lixo" , uma droga a entrevista com aquele bicha
"ota" metida a escritora, o tal cabeleireiro
Ruddy. Paece que vocs esto imitando caranguejo, embora eu nunca tenha visto carangueio
andar "para trs"...
Outra cessa que me chamou a ateno foi a
seo " Certas na Mesa'. Cada vez com menos
cartas publicadas. isso at, homossexual comum
no tem sei. S quem merece daataque so as estrelas como Ney Matogrcaso, Ruddy e outras
bich&imas menos votadas. Depois vocs ainda
sm coei esse papo de defesa das minorias. Ora,
queridinhas, entre ca homossexuais existem ca
iicavs, ca pobres, ca negros, ca brancca, e toda esta
pirmide social que existe na sociedade. Afinal,
para vocti mais fcil transar ocs podem
pagar.
Outra coisa que me chamou a ateno foi a
carta publicada sob titulo 'Bicha de Briga", de
algum que assinou usando as iniciais E.B.. de
Campinas, SP. Aqui vai um recadinho para EB:
queridinha. acensoristas, vigilantes de banem,
guardadores de carros. <errios do metr e da
construo civil, trrxuckues, motoristas de txi e
de caminho s querem saber de homossexuais
oano um melo de ganhar dinheiro fcil. Quanto
aos lampieicca, eles podem transar com quantos
SERVIO DE
CONTABILIDADE
'
Esquerda o qu?
eis
11
Depois de dias anca acompanhando e incentivando este jornal, venho fazer minhas queixas,
pois elogios, creio que vocs j tm recebido o
suficiente; alis, at os auto-aplausos com que
vocs vm se brindando bastariam por si. Quanto
a mim, creio que cumpri minha parte ccxnprando-o e divulgando-o entre amigos, que acredito
sejaa melhor forma de tornar patente a admirao por alguma coisa.
Minhas queixas so a respeito da tolice infantil com que Lampio vem tratando a esquerda,
que embora, no militando nela, atinge-me, pois
no pais a nica que se tem preocupado com o
Dr. OLIVEIRA
CRC-RJ 021.894-1
Latgo de S. Fraacisco 4. Paula,
2611015, IOPaiidsr _Ce,tro_ Rio
de Iandro - RI - TEL (021)
252-9076 224-1520
P.kIoto CRP,
1)5.2512
Fauna 21114.9561 .226.7147
1 lua
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Depila$O definitiva
STELA
MEMRIA GUEI
knprcsdn(bsd na ma ctkjo
'e
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de Aste,
it
da parada da d,i'rsidadi'
I./w
LAM PIO da Esauina
Pgina 18
**
APPAD
De alguns anos para c, a Imprensa Brasileira tem dado um cerlo destaque a Questao Homossexual.
Ensaios, entrevistas, matrias,
reportagens e contos, tm sido
publicados freqentemente em jornas e revistas de norte a u1 do pais.
Para que todo esse material nio
perca no tempo e no espao, o Jorna
Lampio resolveu organizar uma
Memria de tudo que tenha sido
publicado sobre homossexualismo e
as ditas minorias. Para Isto, pedimos
a colaboraio dos leitores, que enviem-nos recortes (original ou xerox)
desse material com a Indicaio da
fonte e data de publicao.
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, o
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1 CARTAS
1 NA MESA
pobre, o explorado, situao na qual me encaixo.
No coloco aqui a questo do poder. posto que
ele sempre a meta dos polticos de qualquer
credo tika(ico.
Quanto a isso, creio ser indispensvel uma
anlise mais crua e sem subterfrgios, pois muito
se tem criticado a esquerda depois que comeou
esta propagada "abertwu" que Gala com o patrocnio da burguesia encastelada no poder. ezan
a inflao galopante e cota a permisso do General Goldbery. A esquerda tem sido acusada
(no digo injustamente) de querer atingir o poder
usando os movimentos de minorias (inclusive o
nosso - homossexual), ao mesmo tempo em que
menospreza nossas lutas. em prol das 'lutas
maiores".
Bem, isso no se pretende um libelo contra a
burguesia ou a fastiw da esquerda, mas uma
opinio de algum, que alm de bicha tambm
empregado, depende totalmente de uma misria
mensal para comprar arroz, feijo e at este jornal e que como leitor/consumidor do prprio se
d o direito de opiniar quanto qualidade do
mesmo. Em primeiro lugar, gostaria de saber,
onde est a culpado Frei Beto em no compreender a questo homossexual, e de assumir essa ignorncia numa revista como Siatui, empenhada
em negociar o falso prazer para os homens de
deciso deste paraso tropical e moralista,
lendo a crtica do Lampio, no consegui descobrir a explicao, e no contente, fui ler a entrevista que por sinal pareceu-me muita clara e
elucidativa sobre a posio de parcela de Igreja
Catlica.
Quanto ao homossexualismo, li que ele no
entendia o fenmeno e temia que virasse moda.
Foi dito mais alguma cessa que me escapou
leitura, a censura cortou ou a resista no quis
publicar? Quanto a mim, discordo dele, eu cri
tendo o "fenmeno", pois com 22 anos de existncia e pelo menos lO anos de homossexualidade, acho que seria impossvel no entend-lo.
mas num pomo eu concordo cora ele, eu tambm
tenho medo que vire moda.
Entre 79 e 80, as "inchas" venderam uns
quatro tipos de ibipoo. sorvete, molhos, iogurte, modelador para cabelos, detergente e creme
para mca. Quando as resistas Manchete e Fatos
& Fotos trazem matrias sobre homossexualismo,
a tiragem bem maior, e durante essa poca, essas matrias foram publicadas cota irritante
periodicidade.
Gostaria de saber se quem escreveu a critica
ao Frei Beto leu uma outra entrevista de vocs,
com o boal Lula, onde ele afirmava que desconhecia a existncia de homossexualismo na
classe operrra, alm de que, segundo o Jaguar,
em entrevista para a revista lIayBoy,at hoje no
retificada a pblico, de teria afirmado que das
feministas queria a bocetinha.
Quando o Lampio veio luz, seio com
propostas revolucionrias, e dois anos depois
desconsolador ver que houve antes um retrocesso, pois com as matrias que anda publicando,
talvez ainda possa ser chocante s margens do
Jequitinhonha ou em Biafra, mas aqui em So
Paulo, ele s mais revolucionrio que a Veja,
mas pode ser lido tranqilamente depois da
novela das oito, cantes da Malu Mulher.
Espero que desculpem a revolta, mas que
La.ipMo.a julgar pelas atitudes atuais, traiu-me,
no s a mim, como a outros hoinonexuais. que
viram no jornal mais que um simples relator do
cotidiano homossexual, negro, feminista, etc.
Viram nele um modificador desse cotidiano. Na
certeza de ser levado em considerao, deixo aqui
um grande abrao para sacs, deixando-os livres
de qualquer presso, apenas querendo uma resposta que me permita decidir se continuo com
vocs ou no.
Valdir Lus de Albuquerque - So Paulo-SP.
Ii%
Abaixo Lampio!
Comprei o Lampio verso outubro h quatro
dias e somente agora que tive tempo de l-lo.
Mas de todos os assuntos abordados, gostei mesmo foi da carta do BB de Campinas, "Bicha de
Briga", pois ele espelhou fielmente a realidade da
burguesia podre" que ocupa o poder de tudo,
at nojornalLampict
Quem Cem coragem de ir at uma banca de
jornal e pedir um exemplar, no so os almo'
fadinhas bunda-moles, que vivem mandando
roteiros furados de locais de caao de seus Estados (a maioria s freqentvel por granfinos),
nem os aloprados da seo Troca-Troca, que se
apresentam desolados, tristes, solitrios..,
procura de um amigo que preencha seus vazios,
mas que pedem foto na primeira carta. AILI E experimente ser verdadeiro com algum deles; diga
que nero, pobre, feio, que no curte praia, pois
precisa trabalhar (pra comer), que no ouve
muito fui, rodt. no l Sartre. Marx e outros
tantos, pois a grana que sobra no d pra tanto,
Alis, nem a cabea, pois o que aprendemos deu
mais ou menos para ler revistinhas de sacanagem.
Diga a eles que tem uma crie no dente e no a
conserta porque dentista no Brasil e artigo de
lusa Experimentei Seja verdadeiro( Nem sua
primeira carta ser respondida...
Abrimos Lampio e lemos entres-latas cota
Leci Brando:
Mulher, Negra e Homossexual
"Agente j marginalizado pela sociedade, ento agente
se une, se junta e d as mos. E um ama o outro sem medoe
sem preconceito."
Quero que as pessoas enxerguem meu lado homossexual
como uma coisa sria, que haja respeito."
(Leci Brando)
Encontre um amigo
Venha
Imo
sauna e
massagem
Roteiro oiticii
TlIFL?M&i
Quero Asabia
Iome
1
Bairro.
1
,
$ Estado
-
APPAD
i4
fl
LAMPIO da Esquina
*.*
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NTREVIST
Como fotografar
um homem pelado
Cyntia Martins para quem
no conhece a mais querida
e badalada fotgrafa aqui da
redao. Alis, aproveito a
brecha para fazer uma
previso: Alm de badalada,
ser tambm a Lampinica
mais cobiada e invejada dos
ltimos tempos, afinal devemos a ela todo o trabalho
de pesquisa e escolha dos
modelos que vocs podero
encontrar no nosso primeiro e
especialissimo Calendrio de
Nus Masculinos/81.
**
APPAD
it
da tsrscta cia ciivt'rvicladc'
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