Romanos 12.1-2
Romanos 12.1-2
Romanos 12.1-2
1-2
Introduo
Paulo tem caracterstica em suas cartas de conciliar a doutrina com a prtica cotidiana.
Do captulo 1 at o captulo 11, Paulo apresenta e explica para a igreja de Roma,
aspectos da doutrina do pecado (cap 1-3); da salvao (4-8); soberania de Deus (9-11)
e a partir do captulo 12 at o 15 ele discorre sobre a prtica do cristo em relao a
essas doutrinas apresentadas por ele.
importante essa lio que Paulo nos ensina, pois de nada adiantaria o crente saber
de cor e salteado a doutrina, se na vida prtica cotidiana, essas doutrinas no so o
norte de conduta.
Paulo est na concluso de seu argumento, dizendo: vocs aprenderam e
compreenderam vrias doutrinas, agora me deixe mostrar como isso reflete na prtica.
E o reflexo das doutrinas outrora apresentadas por Paulo nos onze captulos
anteriores, uma mudana radical dos nossos relacionamentos Relacionamentos
transformados segundo a vontade de Deus 12.1 15.13.
1) Nosso relacionamento com Deus: corpos e mentes renovadas (12.1-2)
2) Nossa relao com ns mesmos: pensando em nossos dons com moderao
(12:3-8)
3) Nosso relacionamento uns com os outros: amor na famlia de Deus (12:9-16)
4) Nosso relacionamento com os inimigos: no retaliao, mas servio (12.17-21)
5) Nossa relao com o Estado: cidadania consciente (13.1-7)
6) Nossa relao com a Lei: a lei se cumpre no amor ao prximo (13.8-10)
7) Nossa relao com o tempo: vivendo entre o j e o ainda no (13:11-14)
8) Nossa relao com os mais fracos: aceitar sem desprezar, julgar ou ofender
(14.1 15:13)
cotidiana. Isso o que o evangelho faz: transformao de dentro pra fora, de cima para
baixo.
EXPOSIO DO TEXTO
Paulo, ao falar das misericrdias de Deus, lana o seu apelo tico. Ele sabe, que no
h motivao maior para se viver uma nova vida, vida de santidade, do que as
misericrdias de Deus.
O que Paulo est dizendo, ao relembrar os crentes de Roma, das misericrdias de
Deus, que em vista de tudo o que Deus fez em favor de homens pecadores
indesculpveis, devemos ser gratos para com Ele, e adotarmos uma vida condizente
com os padres dEle
que apresenteis o vosso corpo por sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus,
que o vosso culto racional.
Paulo apresenta a misericrdia de Deus como fora motriz, aquilo que ir motivar e
gerar gratido no homem, a tal ponto que, necessrio expressar essa gratido com
atos.
Paulo remete aqui concepo de adorao do AT, que tinha como base o sacrifcio.
Entretanto, pensamos erroneamente, quando falamos que sacrifcio a doao de algo
extremamente valioso para ns; a verdadeira concepo de sacrifcio quando
compreendemos que o sacrifcio a expresso de algo. Logo apresentar o vosso corpo
como sacrifcio, nesse versculo,
submisso Deus. expressar com o nosso corpo, e com tudo o que fazemos, que
por causa das misericrdias de Deus, no mais agimos para ns mesmo, mas que tudo
o que fazemos e pensamos voltado para glria de Deus. Stott diz que oferecer-nos a
Deus seria a nica resposta sensata e apropriadas aos olhos dEle, tendo em vista a
sua misericrdia auto-doadora2.
O sacrifcio a morte do eu e tudo aquilo que envolve o viver para si mesmo. Sproul
diz que quando voc entra para o servio de Jesus, voc joga sua vida fora 3. o que
Idem, p.204.
SPROUL, RC, Comentrio Expositivo de Romanos, p.335.
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Jesus fala em Mateus 16.25: Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perd-la-; e
quem perder a vida por minha causa ach-la-.
Entretanto, esse sacrifcio, vem acompanhado de alguns adjetivos: vivo, santo e
agradvel.
Vivos, pois devem proceder da nova vida interior dos crentes; santo pois o produto
da influncia santificadora do Esprito Santo; agradveis, no somente pela aceitao
da parte de Deus, mas tambm porque so sinceramente oferecidos Deus4.
de extrema importncia o sacrifcio ser agradvel Deus, pois Deus no se agrada
de sacrifcios falsos; Deus despreza a falsa adorao, observe Ams 5.21: Aborreo,
desprezo as vossas festas e com as vossas assemblias solenes no tenho nenhum
prazer.
As qualidades necessrias para um sacrifcio (adorao) agradvel ao olhos de Deus,
procedncia da vida nova e a santidade! De nada adianta uma encenao perante o
Senhor; se a vida do cristo no reflete santidade e um nova vida, o Senhor despreza
qualquer tipo de religiosidade.
Entretanto, o sacrifcio, do corpo, da totalidade do ser, em santidade e vida nova, sendo
um aroma agradvel e suave diante do Senhor, constitui-se o verdadeiro culto racional
e espiritual!
Stott diz que se o sentido correto racional, trata-se de um culto oferecido de mente e
corao,...,um ato de adorao inteligente, no qual nossa mente est completamente
engajada5!
O culto espiritual e racional no para ser vivido apenas nos edifcios das igrejas, mas,
ao apresentarmos os nossos corpos como sacrifcios vivos, santos e agradveis, isso
mostra que o culto espiritual e racional, abrange todas as reas de nossas vidas.
Em nosso trabalho, no casamento, nos momentos de lazer, na escola, em tudo que
envolve o nosso ser, h a necessidade de sermos sacrifcios vivos, santos e
agradveis perante o Senhor, e ali h um culto espiritual e racional ao nosso Deus.
Sproul diz: O que poderia ser mais racional do que oferecer a ns mesmos, a Deus em
ao de graas e louvor?
4
5
Ao falar sobre a depravao humana em Rm 13.13, Paulo diz que esta se revela
atravs do nosso corpo: 1) lnguas que praticam engano; lbios que espalham veneno,
bocas cheias de maldio, ps que se apressam em espalhar sangue, olhos que se
desviam de Deus. Por outro lado, a santidade crist deve evidenciar em nossos corpos,
oferecer nosso corpo no como instrumento de injustia, mas a Deus como instrumento
de justia (Ver Rm 6.13,16,19). A nossos ps andaro em seus caminhos, nossos
lbios falaro a verdade e divulgaro o evangelho, nossa lngua sero de cura, nossas
mos erguero o abatido com a mesma naturalidade de tarefas do cotidiano 6.
Idem, p.205.
imprescindvel que o que seja transformado seja a nossa mente/corao, pois dela
provm as fontes de vida: Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o corao, porque
dele procedem as fontes da vida. (Pro 4:23 ARA)
Paulo utiliza alguns elementos gramaticais que aprofundam a nossa compreenso
acerca dessa transformao:
1) Ele usa o tempo presente: Prossigam se transformando, essa transformao
no deve ser uma questo de impulso, ora avana, ora se retrai. Tem de ser
contnua
2) O verbo est na voz passiva: Isso quer dizer que a transformao basicamente
uma obra do Esprito Santo. Equivale santificao progressiva.
3) Verbo est no modo imperativo: Isso quer dizer que os crentes no so
completamente passivos. Sua responsabilidade no cancelada. Seu dever
cooperar ao mximo. Ver Fp 2.12,13; 2Ts 2.13
para que experimenteis qual seja a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus.