Português - Fascículo 01 - Gramática e Literatura
Português - Fascículo 01 - Gramática e Literatura
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Fascículo 01
Carlos Alberto C. Minchillo
Izeti Fragata Torralvo
Marcia Maísa Pelachin
Índice
Gramática
Resumo teórico ..................................................................................................................................1
Exercícios............................................................................................................................................6
Gabarito.............................................................................................................................................8
Literatura
Resumo teórico ................................................................................................................................10
Exercícios..........................................................................................................................................12
Gabarito...........................................................................................................................................14
Gramática
Resumo teórico
I. Pontuação
II. Algumas normas ortográficas
III. Emprego de “a”, “à”, “há”
Pontuação
O emprego dos sinais de pontuação está condicionado a dois aspectos:
a. os nexos sintáticos (entre os termos da oração e entre as orações do período) e
b. os recursos de ordem textual e subjetiva (ênfase, ironia, citação...).
Vírgula
Uso proibido
Entre termos diretamente ligados, ou seja:
• entre sujeito e predicado (ou verbo),
• entre o verbo e os complementos,
• entre um núcleo substantivo e seus adjuntos adnominais.
Uso obrigatório
Em orações cujos termos estão em ordem indireta.
Deslocamento de:
• adjunto adverbial
• nome de cidade em indicação de data
• objetos pleonásticos
Intercalação de:
• adjunto adverbial
• conjunção
• expressões explicativas ou corretivas
Indicação de:
• aposto explicativo
• vocativo
• enumeração
• termo elíptico
• zeugma (omissão de termo já expresso)
1
Entre as orações do período
Uso proibido
• Entre oração principal e a subordinada substantiva. Exceção: entre a oração principal e a oração
subordinada substantiva apositiva.
• Entre a oração principal e a subordinada adjetiva restritiva.
Uso obrigatório
• Para separar oração intercalada.
• Entre a oração principal e a subordinada adjetiva explicativa.
• Antes das orações coordenadas sindéticas. Exceção: oração coordenada sindética aditiva. A aditiva
pode ser precedida de vírgula se tiver um sujeito diferente do que a coordenada assindética possui.
• Entre a oração principal e oração subordinada adverbial anteposta ou intercalada.
Uso facultativo
• Entre a oração principal e a oração subordinada adverbial posposta para indicar ênfase.
Ponto-e-vírgula
Parênteses
Reticências
Marcam que, por alguma razão (dúvida, ironia, omissão de conclusão desnecessária,
enumeração incompleta), a frase foi interrompida.
Aspas
Dois pontos
Surgem em uma frase para introduzir informação que esclarece ou complementa palavra
ou idéia anteriormente expressa. Introduzem:
• enumerações
• fala de personagem em discurso direto
2
Travessão
É preciso lembrar, em primeiro lugar, que a grafia não é fonológica, isto é, ela não é
determinada única e exclusivamente pelo som.
Observação principal: uma palavra derivada costuma manter a grafia da palavra primitiva. Assim, se a
palavra “laranja” é escrita com “j”, “laranjeira” também se escreve com “j”.
Em verbos derivados que apresentam “s” na palavra primitiva. Analisar (de análise)
Paralisar (de paralisia)
Observação: catequese/catequisar;
batismo/batizar
Z Nos sufixos “–ez”, “eza”, formadores de substantivos a partir de adjetivos. Firmeza, grandeza, frigidez
3
Emprego dos “porquês”
Grafia Explicação
Por que Preposição + pronome interrogativo. Introduz uma frase interrogativa (direta ou indireta). Ex.: Por que faltou?
Não sei por que você faltou.
Regra prática: neste caso, pode-se supor a palavra “motivo”: Por que (motivo) faltou? Não sei por que (motivo)
você faltou.
Preposição + pronome relativo ( = pelo qual).Ex.: Desconheço o ideal por que ele luta ( = pelo qual)
Por quê Expressão interrogativa em posição tônica, como final de frase. Ex.: Você faltou. Por quê?
Porque Conjunção (causal, explicativa, final). Ex.: O edifício ruiu porque era velho. O edifício ruiu porque eu vi!
Lutamos porque todos consigam uma vida digna.
Porquê Substantivo (o artigo, um adjetivo, um pronome sempre revelam o substantivo). Ex.: Todos conhecem os seus
porquês.
Artigo feminino
Empregado antes de substantivo feminino. Altera-se, portanto, se esse substantivo
feminino for substituído por um substantivo masculino.
Pronome demonstrativo
Pronome com valor de “aquela”.
Preposição
Relaciona palavras. Não se altera se a palavra que o segue for substituída por outra, no
plural, ou no masculino, uma vez que não depende da palavra que o segue, mas da palavra que a
antecede.
A preposição:
1. ocorre na indicação de distância: A casa fica a duas quadras do hospital;
2. ocorre com alguns verbos (que exigem a preposição “a”):
a. “assistir a”: com o sentido de ver, presenciar
b. “aspirar a”: com o sentido de desejar, almejar
c. “visar a”: com o sentido de desejar, ter em vista
d. “pagar a”: se o complemento é pessoa
e. “perdoar a”: se o complemento é pessoa
4
f. “chegar a”: indicando o lugar a que se chega
g. “ir a”: indicando o lugar a que se vai
h. “obedecer a” e “desobedecer a”
i. “preferir x a y”
“À”
O acento grave ( ` ) indica a crase de duas letras iguais; no caso, do “a” preposição e o
“a”, que pode ser o artigo feminino, o pronome demonstrativo ou a letra “a” que inicia os pronomes
demonstrativos aquele, aquela, aquilo.
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Exercícios
Não é só nas dificuldades financeiras (a Vasp que o diga) e no simétrico índice de reajuste
de suas passagens que as companhias aéreas brasileiras se parecem. A TAM, até _____ pouco tempo
conhecida pelo atendimento que _____ diferenciava de suas concorrentes, é a mais recente integrante
do clube do pouco caso com o público. Numa sexta-feira do início de abril, aproximadamente _____
23h, um vôo vindo de Curitiba que deveria pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, teve
sua rota alterada para Cumbica, em Guarulhos. Até aí, coisas do tráfego. O que a companhia não fez
– e isso nada tem _____ ver com custos ou dificuldades técnicas – foi avisar quem esperava pelos
passageiros sobre a mudança. Restaram _____ estes um enigmático “ALT-GRU” no painel eletrônico e
o balcão da companhia deserto.
a. às - há -à - as - há -a
b. as -à -à - às -à -a
c. às - há -a - às -a -a
d. as -à -a - às -a -à
e. às - há -à - as - há - há
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04. Texto:
“ — Meu padrinho morreu, madrinha ficou em dificuldades e eu me vi obrigada a
abandonar os estudos. Fui trabalhar. Como sabia dar meus pontos, meti-me de costureira. É coisa um
pouco ingrata. Trabalha-se demais, não há folga. Acaba-se um vestido, pega-se logo outro. Mas pode
ser que um dia...”
Marques Rebelo
As reticências foram usadas após “dias” pela mesma razão que foram empregadas em:
a. “Fernanda, vendo que o rapaz era da mesma opinião que o seu espelho, não indagou de outras
qualidades; deu-lhe o sufrágio... não do coração, mas do espírito. O coração veio mais tarde."
Machado de Assis
b. “Logo que colocou os objetos embaixo da carteira, Pitu encontrou o bilhete. Leu, ficou vermelho,
colocou no bolso, não mostrou pra ninguém. De vez em quando, mordia-lhe uma curiosidade
grande, uma vontade de reler pra ter certeza. Era uma revelação que ele não estava esperando.
Não podia dizer que estivesse achando ruim, pelo contrário..."
Elias José
c. “Emílio saltava da cama, empunhava a garrucha. E espiando pelo buraco da fechadura, sussurrava:o
canalha estava no corredor, à espera. Porém matá-los, isso não ia acontecer, porque ele...
Não!Não! — implorava Carolina."
Orlando Bastos
d. “(...) consultei os sites que ele me indicou e vi que tudo é possível. Quinquilharias velhas e novas, às
dezenas de milhares, divididas em categorias, algumas ilustradas com fotografias, estavam ali
oferecidas a quem desse o maior lance; muitas, na verdade, a quem desse um mínimo que fosse.
Aparelhos, bíblias em miniatura, automóveis, alimentos, filmes, fotos, quadros, vinhos, empresas...
As categorias arte e antiguidades eram as mais extensas.”
Ivan Angelo
e. Quebra-luz, aconchego.
Teu braço morno me envolvendo.
A fumaça de meu cachimbo subindo.
Como estou bem nesta poltrona de humorista inglês.
O jornal conta histórias, mentiras...
Ora afinal a vida é um bruto romance
E nós vivemos folhetins sem o saber (...)”
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05. No trecho:
“Tudo o que a educação gostaria de pedir à imprensa é que fosse tratada com a mesma
competência com que trata a economia. Infelizmente, esse não é o caso, mesmo nos melhores jornais.
Há erros grosseiros de interpretação de dados em assuntos em que não há lugar para opiniões ou
“achismos”. Há erros de foco, em que o jornalista não localizou o ponto importante da notícia. Há
opiniões que se fantasiam de fatos. Há os jornalistas que não fazem o dever de casa de checar fontes,
verificar números (talvez citados de memória pelo entrevistado). Há a tendenciosidade no reportar,
dizendo o que o entrevistado não quis dizer.”
Gabarito
01. Alternativa a.
Os erros das outras alternativas são:
b. Os dois pontos separam inadequadamente a oração principal da subordinada substantiva objetiva
direta. Além disso, a vírgula está separando inadequadamente o substantivo “medo” do
complemento nominal (oração subordinada substantiva completiva nominal).
c. Não há razão para o emprego da vírgula após a conjunção “e”. A segunda vírgula separa o sujeito
(“consciência de mulher casada”) do verbo. Falta uma vírgula antes do vocativo “Fernanda”. As
aspas deveriam ser fechadas após o substantivo “perigoso”, quando termina o discurso direto.
d. A vírgula após o adjetivo “possível” separa inadequadamente o verbo “prolongar” do complemento
(objeto direto) “o tempo de preguiça”. A vírgula antes do adjunto adverbial de lugar (“sobre a
cama desarrumada") é facultativa.
e. Falta uma vírgula antes do advérbio “não” para que o sujeito não seja separado do verbo.
02. Alternativa c.
• “às cegas”: locução adverbial feminina
• “há pouco tempo”: tempo decorrido
• “a (diferenciava)”: pronome pessoal
• “às 23 h”: indicação de horas
• “nada a ver”: preposição diante de verbo no infinitivo
• “a estes”: preposição regida pelo verbo “restar”, diante de pronome masculino plural
03. Alternativa d.
O substantivo ascensão é derivado do verbo ascender e grafado com “s”.
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04. Alternativa b.
As reticências (nos dois casos) indicam uma conclusão desnecessária.
Em “a”, indicam um dúvida; em “c”, interrupção pela fala de outra personagem; em “d”
e “e”, enumeração não encerrada.
05. Alternativa b.
As aspas marcam uma recente criação vocabular (neologismo) e os parênteses, um
informação que se desvia do assunto principal.
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Literatura
Resumo teórico
Os Lusíadas – Camões
Os lusíadas celebra as grandes conquistas ultramarinas portuguesas, dos séculos XV e XVI.
Publicado em 1572, quando Portugal vive os primeiros sinais de decadência econômica e política, a
obra de Camões perpetua um momento glorioso da história lusitana: a viagem de Vasco da Gama às
Índias. Inspirado nos modelos dos poemas épicos1 clássicos, Camões adota uma linguagem erudita,
altamente figurada2. Mantém igualmente da tradição épica a estrutura do poema em cinco partes3.
Proposição Apresenta-se o herói Vasco da Gama e a missão religiosa que justificava a expansão marítima
portuguesa.
Invocação O poeta pede auxílio às Tágides, ninfas do rio Tejo, para cumprir a tarefa de produção do poema.
Dedicatória O poema é dedicado ao rei D. Sebastião, enaltecido como valoroso guerreiro.
Narração É a parte mais longa do poema, em que se narram as peripécias da viagem de Vasco da Gama,
entremeadas pela síntese da História de Portugal. Coexistem dois planos: o mítico (Baco X Vênus) e o
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humano .
Epílogo O poema encerra-se com uma avaliação dos resultados dos descobrimentos, manifestando certa
desesperança com o futuro de Portugal. Denuncia-se ainda a ganância que motivou a empresa
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ultramarina e lamenta-se a ausência de recompensas para os heróis portugueses .
Ainda que a história contada pelo poema constitua uma seqüência contínua, podem-se identificar
episódios relativamente independentes, pois estes apresentam uma narrativa completa, com começo,
meio e fim6.
1. O gênero épico, praticado desde a Antigüidade grega, caracteriza-se pela narrativa em versos que consagra um herói
responsável por extraordinários feitos. Os mais representativos exemplos de heróis épicos são Ulisses e Enéas, protagonistas
respectivamente de Odisséia e de Eneida.
2. Além de constantes antíteses, metáforas, comparações, hipérboles e prosopopéias (figuras de pensamento), a sintaxe
camoniana é caracterizada essencialmente pelas intensas inversões da ordem direta das frases (hipérbatos).
3. Os lusíadas é composto por 8816 versos decassílabos, agrupados em 1102 oitavas-rimas (estrofes de 8 versos chamadas de
estâncias), cujo esquema de rimas é abababcc (seis rimas cruzadas e duas emparelhadas).
4. Simultaneamente às ações humanas, o poema narra os conflitos entre deuses mitológicos: Baco se opõe às pretensões
portuguesas, enquanto Vênus auxilia a esquadra lusitana. Tais figuras mitológicas não têm qualquer valor religioso no
poema de Camões, que se mantém estritamente de acordo com os princípios cristãos. Trata-se, portanto, de um emprego
retórico, isto é, um instrumento de elaboração textual.
5. Essa mesma crítica está presente no episódio “O Velho do Restelo”.
6. “Inês de Castro” e “O Velho do Restelo” são episódios introduzidos ao longo da História de Portugal contada por Vasco da
Gama ao rei de Melinde.
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Inês de Castro
Em seu longo discurso ao rei de
Melinde, Vasco da Gama se atém à “Traziam-na os horríficos algozes
trágica história que viveu Pedro, filho do Ante o Rei, já movido a piedade;
rei Afonso IV. O herdeiro do trono Mas o povo, com falsas e ferozes
português, casado com D. Constança, Razões, à morte crua o persuade.
apaixona-se por Inês de Castro, dama Ela, com tristes e piedosas vozes,
de companhia da esposa. O amor Saídas só da mágoa e saudade
clandestino – assumido claramente Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
depois da morte de D. Constança – foi Que mais que a própria morte a magoava”
duramente censurado pelos nobres, que
temiam a ameaça de os filhos ilegítimos Na estrofe, os adjetivos enfatizam ora a brutalidade
de Pedro e Inês assumirem o trono. praticada contra Inês (“horríficos”; “ferozes”; “crua”)
Pressionado, o monarca decide mandar ora a fragilidade da vítima (“tristes”; “piedosas”).
matar a amante do filho, acreditando Além disso o desprendimento de Inês, ao se mostrar
com isso impedir um eventual especialmente preocupada com os filhos e com o
casamento. Em 1355, de fato, Inês de amado, acentua a injustiça de sua condenação.
Castro é executada. Seis anos depois, D. Esses recursos ampliam o caráter trágico da cena.
Pedro assume o poder, outorga
postumamente o título de rainha à
amada e persegue os assassinos de Inês.
Ao relatar os acontecimentos que envolvem a execução de Inês de Castro, Camões dá destaque à
intensidade do sentimento amoroso, assim como desperta o terror e a piedade no leitor. Esse tom lírico
e dramático é uma inovação no gênero épico, que tradicionalmente aborda ações guerreiras,
explorando a grandiosidade aventuresca.
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O Velho do Restelo
Ao narrar a partida da esquadra de
Vasco da Gama, o poeta dá a voz a um “— Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
velho que, entre a população que Desta vaidade a quem chamamos Fama!
assistia emocionada ao embarque, Ó fraudulento gosto, que se atiça
manifesta sua discordância em relação C’uma aura popular que honra se chama!
à política expansionista de Portugal. Em Que castigo tamanho e que justiça
tom de reprovação, o Velho do Restelo Fazes no peito vão que muito te ama!
acusa os portugueses de serem Que mortes, que perigos, que tormentas,
impulsionados pelo desejo de poder e Que crueldades neles experimentas!”
de enriquecimento; essas objeções
contradizem o argumento oficial de Com veemência, o Velho do Restelo identifica no
que a expansão marítima tinha por desejo de poder, na ambição desmedida e na busca
objetivo difundir a fé cristã. De modo de reconhecimento público fatores que impulsionam
profético, o velho adverte sobre os as ações humanas e causam infelicidade. Esse
perigos e sofrimentos que advêm para discurso se relaciona com as pretensões dos
aqueles que – como os navegantes navegantes portugueses que partem para conquista
portugueses – desrespeitam o de terras além mar.
bom-senso e os limites impostos à
humanidade.
7. Restelo é uma praia, à margem do rio Tejo, de onde partiam nos séculos XV e XVI as naus portuguesas.
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Este episódio constitui mais uma originalidade da epopéia camoniana, pois critica justamente o fato
que serve de assunto central do poema. O discurso do Velho do Restelo pode, nesse sentido, ser
entendido como uma voz dissonante em relação ao tom de exaltação de Os lusíadas. Pode ainda ser
interpretado como registro da opinião de setores mais tradicionais da sociedade que discordavam da
política imperialista de Portugal. Há também críticos que consideram a voz do Velho do Restelo eco dos
julgamentos particulares de Camões, sendo portanto uma espécie de artifício para que o poeta
registrasse sua visão desiludida sobre os destinos do reino português.
Exercícios
01. Leia a estrofe abaixo e assinale a afirmação incorreta sobre a linguagem empregada.
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03. Assinale a afirmação incorreta em relação aos versos:
“(...)
Põe-me em perpétuo e mísero desterro,
Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente,
Onde em lágrimas viva eternamente.
Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre leões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co’ o amor intrínseco e vontade
Naquele por quem morro, criarei
Estas relíquias suas que aqui vistes,
Que refrigério sejam da mãe triste.”
a. O trecho apresenta uma intervenção de Inês, que procura comover o rei e convencê-lo de sua
inocência.
b. O discurso de Inês pode ser considerado dissertativo, pois tem a intenção de persuadir por meio de
argumentos encadeados logicamente.
c. Na tentativa de alterar a pena sentenciada pelo rei, Inês apresenta uma comparação exagerada com o
intuito de enfatizar a desumanidade de que é vítima.
d. O exílio proposto por Inês não possibilitaria sua felicidade, mas ao menos permitiria que os netos de
D. Afonso não fossem relegados à orfandade.
e. Não faz parte da estratégia argumentativa de Inês a negação do amor que sente por Pedro.
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05. Leia os versos do episódio do “Velho do Restelo”.
“Trouxe o filho de Jápeto do céu
O fogo que ajuntou ao peito humano,
Fogo que o mundo em armas acendeu,
Em mortes, em desonras: grande engano!
Quanto melhor nos fora Prometeu,
E quanto para o mundo menos dano,
Que a tua estátua ilustre não tivera
Fogo de altos desejos que a movera!”
Gabarito
01. Alternativa b.
As expressões “furor mauro” e “fraca dama delicada” compõem uma antítese, isto é,
cada uma dessas expressões, mantendo a independência de sentido, estabelece com a outra uma
relação de oposição. Não confundir com paradoxo, que consiste na identificação de idéias opostas
que formam uma unidade de sentido, aparentemente ilógica. Em “[Amor] é um contentamento
descontente”, as expressões contrárias “contentamento” e “descontente” não podem ser
desassociadas, pois qualificam simultaneamente o substantivo “amor”. Trata-se, portanto, de um
paradoxo.
02. Alternativa e.
A afirmação III é falsa. O episódio “Inês de Castro” inclui trechos em que a amante de
Pedro se defende do castigo que lhe é imposto; no entanto, a narração do episódio é feita em 3.a
pessoa, na voz de Vasco da Gama, que conta ao rei de Melinde vários acontecimentos da História de
Portugal.
03. Alternativa a.
No trecho transcrito, é evidente que Inês pretende comover seu interlocutor, o rei D.
Afonso IV, com a finalidade de obter a alteração da pena de morte pelo exílio. Note-se nesses versos
que Inês não tenta provar sua inocência e tampouco nega que continue amando Pedro.
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04. Alternativa c.
O respeito que o Velho inspira advém da sabedoria acumulada pela vivência – “... saber
só de experiências feito”. O conhecimento maduro autoriza as críticas que o personagem faz ao
comportamento ambicioso dos navegantes portugueses.
05. Alternativa d.
A desobediência de Prometeu, ao furtar o fogo reservado aos deuses, acaba provocando
sofrimento entre os homens, já que possibilita a criação de armas e ocorrência de guerras. A referência
a esse mito tem a função de alertar contra os perigos da imprudência, quando se tenta, como ocorreu
nas navegações portuguesas, ultrapassar os limites cabíveis à humanidade. Não há, portanto,
glorificação da ousadia humana.
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