Protocolo de Inclusão em Historresina - Bianca Brasil
Protocolo de Inclusão em Historresina - Bianca Brasil
Protocolo de Inclusão em Historresina - Bianca Brasil
Prefcio
O processo de incluso em historresina no segue um protocolo rgido, e isso se
aprende somente com a experincia com o seu prprio material. No comeo pode parecer
difcil (ou at impossvel!) que os cortes saiam bonitos, mas com o tempo, e as dicas que o
prprio material nos d, o protocolo pode ser ajustado de maneira eficaz.
sempre bom lembrar que cada material tem as suas particularidades, e isso deve
ser levado em conta em cada passo do processo de incluso. Nem todos os materiais so
fceis de incluir como a maioria das folhas ou tecidos primrios. Exemplos de tecidos
particularmente difceis de incluir em historresina so: materiais com tecidos muito
lignificados, com grande quantidade de tricomas, de mucilagem, de ceras e/ou cutcula
espessa, com tecidos macios alternados com rgidos, etc.
De uma maneira bem bsica, o processo de incluso em historresina pode ser
dividido em sete passos principais:
1. FIXAO
A fixao o primeiro passo e o mais importante, pois geralmente um material
bem fixado resulta em material bem includo. Basicamente, uma operao destinada a
bloquear instantaneamente o metabolismo das clulas de modo a conserv-las em um
estado mais parecido ao que tinham quando estavam vivas. Alm disso, os fixadores
retardam os efeitos post mortem do tecido, mantendo sua arquitetura original.
Fixador Carnoy composto por lcool absoluto, cido actico glacial e clorofrmio.
um fixador indicado para material que contenha muita cera e/ou cutcula espessa.
Penetra muito rpida e facilmente nos tecidos, entretanto tambm no indicado
quando se pretende observar contedo celular. No recomendvel deixar o
material no fixador mais do que 24 horas.
Fixador FAA composto por lcool etlico (50% ou 70%), formol e cido actico. O
formol preserva a estrutura fina do citoplasma, alm de reduzir a solubilidade dos
lipdeos nos solventes utilizados no processo de desidratao. O cido actico
penetra rapidamente nos tecidos, preservando principalmente a estrutura nuclear e
dos cromossomos. O material deve permanecer no fixador, em vcuo, de 24 a 48
horas; tempos muito prolongados podem resultar em material quebradio.
Fixador Karnovsky composto por glutaraldedo 1%, formaldedo 4% e tampo
fosfato 0,2M. A formulao final possui pH de 7,2, sendo levemente bsico ao
contrrio dos fixadores mostrados anteriormente, que so cidos. Por essa razo
um fixador recomendado para anlises mais finas, incluso Microscopia Eletrnica,
uma vez que a maioria das organelas e o citoplasma mantm-se ntegros.
Entretanto, um fixador de penetrao mais lenta, sendo recomendvel a
permanncia do material, em vcuo, por no mnimo uma semana. Alm disso, aps
a fixao, aconselhvel a lavagem do material em tampo fosfato 0,2M pH 7,2
antes de passar ao processo de desidratao (2x de 05min).
DICA
Em uma primeira coleta, leve a campo frascos com diferentes fixadores, para testar
qual deles mais apropriado ao seu material!
Uma maneira bem fcil de realizar vcuo em campo a utilizao de frascos de vidro
com tampa de borracha e seringas comuns: deve-se tampar o frasco, inserir a seringa pela
tampa e puxar o ar existente diversas vezes.
importante ressaltar que quanto menor o tamanho do material a ser fixado, mais
rpida a penetrao do agente fixador e, portanto, melhor a preservao dos tecidos.
Deve-se evitar ao mximo a fixao de materiais muito volumosos, uma vez que o fixador
talvez no alcance o interior de tais peas, prejudicando as demais etapas do processo de
incluso.
Caso o material vegetal flutue no fixador, significa que ainda existe ar dentro dos
tecidos e que o fixador no penetrou de maneira satisfatria. Nesse caso, coloque o frasco
no vcuo por mais um dia.
Sempre que possvel, ou quando o material possui muita cera ou cutcula muito
espessa, interessante fazer pequenas incises para facilitar a penetrao do fixador.
2. DESIDRATAO
A desidratao deve ser realizada gradualmente, para que no se cause danos nas
clulas, como por exemplo a plasmlise. Tem a finalidade de retirar toda a gua ainda
existente nos tecidos assim como a soluo fixadora, trocando-as pelo lcool (etanol).
Deve-se passar o material em lcool de concentraes crescentes, geralmente
variando a concentrao de 10 em 10%, e seguindo at a concentrao final de 95% (uma
vez que a soluo de pr-infiltrao feita com essa concentrao de lcool).
Material fixado em Carnoy iniciar pela concentrao de 60%.
Material fixado em FAA iniciar pela concentrao de lcool correspondente
utilizada no fixador (50% ou 70%).
Material fixado em Karnovsky iniciar pela concentrao de 10%.
Depois de cada troca, colocar os frascos contendo o material no vcuo novamente
para facilitar a penetrao nos tecidos. O tempo de permanncia em cada concentrao
varia de acordo com o tamanho da amostra e sua permeabilidade, entretanto
recomendvel um mnimo de 2 horas em cada lcool; na concentrao final de 95%,
deixar o material overnight para melhores resultados.
3. INFILTRAO EM HISTORRESINA
A infiltrao o processo pelo qual a soluo de infiltrao vai penetrar nos tecidos
em troca do lcool l existente. um processo crucial na posterior incluso: caso no
ocorra penetrao da soluo de infiltrao, a incluso no ser bem sucedida e os cortes
sairo com falhas, rasgos e/ou com o material separando-se da matriz de resina do bloco.
AVISOS:
Outro aviso importante que tais solues, apesar de serem atxicas, podem causar
historresina comercializado pela Leica Microsystems, sendo este composto por: resina
bsica, ativador e endurecedor.
DICAS:
Aps a separao dos materiais, para proceder a montagem dos blocos, siga as seguintes
etapas, sempre trabalhando na capela e com o auxlio de Microscpio Estereoscpio
(lupa):
a. Retire as amostras da soluo de infiltrao e coloque-as nos moldes.
DICAS:
tambm.
polimerizao em temperatura ambiente mais lento, dando tempo para que a soluo de
incluso penetre satisfatoriamente nos tecidos.
5. SECCIONAMENTO
O seccionamento dos blocos de historresina em micrtomo pode ser feito de 2 a 10
m; geralmente seces de 5-6 m de espessura do os melhores resultados, mas a
espessura pode variar de acordo com o material e com o tipo de anlise desejada.
desejvel que a temperatura da sala de microtomia no exceda os 25C, e no
esteja sujeita a ventilao direta.
DICAS:
Caso seu material inclua tecidos rgidos e macios, como por exemplo, um pedao de
madeira contendo xilema e floema, deve-se orientar o bloco de modo que o tecido mais
macio seja cortado primeiro; caso contrrio ele pode ser esmagado devido ao atrito
causado pelo tecido rgido em relao navalha.
Posicione a lmina sobre um suporte escuro para melhor visualizao dos cortes
por contraste. desejvel tambm iluminao indireta, ou seja, utilize a luminria no
diretamente sobre a lmina, mas um pouco afastada desta.
Antes de realizar os cortes, cobrir a lmina com uma fina pelcula da gua
preparada anteriormente. Para melhores resultados, deve-se umedecer o bloco antes de
cada seco utilizando-se o retalho umedecido em gua destilada (da pisseta). Quanto
mais seco o dia, maior deve ser o umedecimento. Este processo fundamental para que
os cortes no se enrolem com tanta facilidade, diminuindo ou at pulando o processo de
esticar os cortes sobre a lmina.
Feito isso, os cortes podem ser realizados e colocados sobre a lmina, atentando
para sua ordenao. Ao final da montagem de cada lmina, retirar o excesso de gua,
absorvendo-o com papel filtro ou higinico, e colocar a lmina para secar em placa
aquecedora em temperatura mdia de 35C.
Aps etiquetar cada lmina, coloc-las em estufa aquecedora overnight, para que os
cortes acabem de aderir lmina e esta esteja pronta para o processo de colorao.
DICAS:
Umedea o bloco antes de cada seco, nem muito nem pouco, de modo que o corte
saia levemente enrugado. Este corte enrugado e mido, quando em contato com a gua
da lmina, se distende momentaneamente, sem que voc precise ficar esticando com o
auxlio de pincis.
Caso o corte saia com pequenos riscos ou rasgos verticais, significa que a navalha
est sem fio ou que existe alguma sujeira sobre a superfcie cortante. Nesse caso, limpe a
navalha com algodo umedecido em lcool absoluto e volte a cortar; se os cortes
continuarem a sair riscados, troque a navalha.
6. COLORAO
A colorao consiste em passar o material em solues de corantes ou reagentes.
As coloraes so ditas permanentes quando tm grande durabilidade, resistindo ao
desbotamento, ou semi-permanentes, quando duram algum tempo (semanas ou meses),
mas vo desbotando aos poucos, pela instabilidade do corante ou reagente.
6.1. Azul de Toluidina
O Azul de Toluidina um corante metacromtico. Isso significa dizer que o corante
apresenta alterao de cor quando em contato com elementos orgnicos diferentes (do
tecido), resultando em uma colorao que vai do rosa, prpura, azul at o verde.
Resultados:
RNA prpura
DNA azul ou azul esverdeado
Polifosfatos, polisulfatos, cidos policarboxlicos (incluindo cido pctico) rosa a prpura
Lignina e outros polifenis verde ou azul esverdeado
DICAS:
grossura dos cortes (quanto mais finos, maior deve ser o tempo de exposio).
DICAS:
A historresina dissolve se exposta ao lcool por muito tempo! Ento, atente para que
os corantes sejam aquosos.
DICAS:
montagem, Blsamo ou Entellan, esteja muito espesso, necessrio que voc faa a
diluio aplicando algumas gotas de Acetato de Butila e mexendo vagarosamente para
evitar a formao de bolhas no meio.
Referncias Bibliogrficas
Feder, N. & O'Brien, T.P. 1968. Plant Microtechnique: Some Principles and New Methods.
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Kraus, J.E. & Arduin, M. Manual bsico de mtodos em morfologia vegetal. Rio de
Janeiro: EDUR, 1997. 198p.
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Blue and Basic Fuchsin Double Staining of Plant Materials. Biotechnic and
Histochemistry 73: 235-243.
Macdo, N.A. Manual de tcnicas em histologia vegetal. Feira de Santana: Universidade
Estadual de Feira de Santana, 1997. 96p.
Anexo