Algebra Apontamentos Teoria
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Linear
Isabel Maria Teixeira de Matos
Area
Departamental de Matematica
ISEL
([email protected])
7 de Julho de 2012
Conte
udo
1 MATRIZES
1.1
1
1
1.2
Conceitos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Algebra
das Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.3
10
1.4
12
1.5
17
2 DETERMINANTES
21
2.1
Conceitos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
21
2.2
Definicao de Determinante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
22
2.3
22
2.4
O Teorema de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
24
2.5
25
2.5.1
25
2.5.2
26
3 ESPAC
OS VECTORIAIS
29
3.1
Definicao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
29
3.2
31
3.2.1
35
Subespacos vectoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
36
3.3.1
Subespaco gerado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
3.4
Base e dimensao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
41
3.5
45
3.3
4 APLICAC
OES
LINEARES
4.1
49
N
ucleo e Imagem. Classificacao de um Morfismo . . . . . . . . . . . . . .
ii
52
4.2
4.3
60
4.3.1
66
71
5.1
Definicao e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
5.2
Subespacos Proprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
78
5.3
Endomorfismos Diagonalizaveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
80
iii
Captulo 1
MATRIZES
1.1
Conceitos Gerais
Definic
ao 1 Seja F um conjunto nao vazio onde estao definidas duas operacoes
binarias1 : uma adi
c
ao e uma multiplica
c
ao, denotadas por + e , respectivamente.
Diz-se que (F, +, ) e um corpo se:
(A1) A adicao e comutativa: x, y F x + y = y + x;
(A2) A adicao e associativa: x, y, z F (x + y) + z = x + (y + z);
(A3) A adicao tem elemento neutro 0: 0 F x F x + 0 = 0 + x = x;
(A4) Todo o elemento x de F tem sim
etrico (x) em F:
x F (x) F x + (x) = (x) + x = 0.
(M1) A multiplicacao e comutativa: x, y F x y = y x;
(M2) A multiplicacao e associativa: x, y, z F (x y) z = x (y z);
(M3) A multiplicacao tem elemento neutro 1: 1 F x F x 1 = 1 x = x;
(M4) Todo o elemento x de F \ {0} tem inverso x1 em F \ {0}:
x F \ {0} x1 F \ {0} x x1 = x1 x = 1.
(D) A multiplicacao e distributiva em relacao `a adicao:
x, y, z F x (y + z) = x y + x z.
Observaco
es
1 Identifica-se o corpo (F, +, ) com o conjunto suporte F, sabendo que estao
sempre implcitas as duas operacoes nele definidas.
2 A adicao e a multiplicacao usuais de n
umeros reais verificam as propriedades
referidas na Definicao 1, pelo que, R
e um corpo o corpo dos n
umeros reais.
1
Uma operac
ao bin
aria em F e uma aplicacao que faz corresponder a cada par ordenado de elementos
de F um (e um s
o) elemento deste conjunto.
+ 0 1
0 1
0 0 1 e
0 0 0 e um corpo o menor
1 1 0
1 0 1
dos corpos finitos. Designa-se por Z2 e e o corpo dos inteiros m
odulo 2.
5 Neste captulo, bem como em todos os que se seguem, trabalhar-se-`a nos corpos
R e C (com as operacoes usuais). No entanto, toda a teoria apresentada desenvolve-se
da mesma maneira em qualquer corpo.
Definic
ao 2 Sejam m e n dois n
umeros naturais. Uma matriz do tipo m n
(com elementos num corpo) e um quadro de mn n
umeros (desse corpo) distribuidos em
m linhas e n colunas.
A cada um dos n
umeros que forma a matriz da-se o nome de entrada.
Para referenciar (e localizar) uma entrada utilizam-se dois ndices, por esta ordem:
o ndice de linha e o ndice de coluna.
Uma matriz real (resp.: complexa) e uma matriz cujas entradas sao n
umeros reais
(resp.: complexos).
Exemplo
i
h
A = 1 0 1 2 e uma matriz do tipo 1 4 (matriz linha). A sua entrada (1, 3)
e (1).
Mais geralmente, qualquer matriz do tipo 1 n diz-se uma matriz linha.
3
B = 2 e uma matriz do tipo 3 1 (matriz coluna). A sua entrada (2, 1) e 2.
1
A qualquer matriz do tipo m 1 chama-se matriz coluna.
"
#
1 2 3
C=
e uma matriz do tipo 2 3 e e uma matriz rectangular (2 6= 3).
4 5 6
Em geral, qualquer matriz do tipo m n, com m 6= n, diz-se uma matriz rectangular.
"
D=
1 1
0 4
de ordem 2.
#
e uma matriz do tipo 2 2. Tambem se diz uma matriz quadrada
Notac
ao
Se A e uma matriz do tipo m n escreve-se,
a11 a12
a21 a22
A=
..
..
..
.
.
.
a1n
a2n
..
.
am1 am2
amn
(resp.: Cmn ), Rm,n (resp.: Cm,n ) ou ainda por Mmn (R) (resp.: Mmn (C)).
Definic
ao 3 Uma submatriz de uma matriz A, do tipo m n, e uma matriz do
tipo p q, com 1 p m, 1 q n, obtida por supressao de alguma(s) linha(s) e/ou
alguma(s) coluna(s)de A.
Notac
ao
Se i1 < i2 < . . . < ip sao elementos distintos de {1, 2, . . . , m} e j1 < j2 < . . . < jq
sao elementos distintos de {1, 2, . . . , n} A[i1 , . . . , ip |j1 , . . . , jq ] representa a submatriz de
A formada pelos elementos que pertencem a` interseccao das linhas i1 , i2 , . . . , ip e das
colunas j1 , j2 , . . . , jq de A; A(i1 , . . . , ip |j1 , . . . , jq ) representa a submatriz de A que se
obtem eliminando as linhas i1 , i2 , . . . , ip e as colunas j1 , j2 , . . . , jq de A.
Exemplo
Seja A = 5
8 .
9 10 11 12
"
#
h
i
1 2 4
Entao A[1, 3|1, 2, 4] =
= A(2|3) e A[2|1, 3] = 5 7 = A(1, 3|2, 4).
9 10 12
7
Definic
ao 4 Seja A = [aij ]nn uma matriz quadrada de ordem n.
Os elementos diagonais (ou principais) de A sao os n elementos que tem ndices
de linha e coluna iguais, ou seja, a11 , a22 , . . . , ann . Ao seu conjunto da-se o nome de
diagonal principal de A. A sua soma constitui o tra
co de A, que se denota por
tr(A) (tr(A) = a11 + a22 + + ann ).
A matriz diz-se:
Triangular superior se i > j aij = 0 (sao nulas todas as entradas abaixoda
3
diagonal principal);
Triangular inferior se i < j aij = 0 (sao nulas todas as entradas acimada
diagonal principal);
Triangular se for triangular superior ou triangular inferior;
Diagonal se i 6= j aij = 0 (sao nulas todas as entradas nao diagonais);
Escalar se i 6= j aij = 0 (e Diagonal) e c F i aii = c (c constante);
Identidade se i 6= j aij = 0 e i aii = 1 (e Escalar com elemento diagonal igual a
1). Denota-se por In e e tambem chamada Identidade de ordem n. Frequentemente,
escreve-se In = [ij ]nn , onde ij = 1 se i = j e ij = 0 se i 6= j (ij e o chamado
smbolo de Kr
onecker).
Nula se ij aij = 0 (e Escalar com elemento diagonal igual a 0). Denota-se por
0n e e tambem chamada matriz nula de ordem n. Observe-se que uma matriz do
tipo m n com todas as entradas iguais a zero tambem se designa por matriz nula,
denotando-se por 0mn .
Exemplo
1 1 2
A = 0 0 1 e triangular superior.
0 0 3
1 0 0 0
1 2 0 0
B=
2 0 1 0 e triangular inferior.
3 2 1 1
1 0 0 0
0 2 0 0
e diagonal.
C=
0 0 3 0
0 0 0 4
5 0 0
D = 0 5 0 e escalar.
0 0 5
Definic
ao 5 Seja A = [aij ] uma matriz do tipo m n. A matriz transposta de A,
At , e a matriz do tipo n m cuja entrada (j, i) e aij .
Exemplo
"
#
1
A=
1
At =
1 1
B=
C= 5
9
D= 2
3
"
0
E=
1
B =
2 2 2
2 .
2
1
2 3 4
Ct =
6 7 8
3
10 11 12
4
2 3
1 2 3
Dt = 2 3 4
3 4
4 5
3 4 5
#
"
#
1
0
1
Et =
.
0
1 0
i
6 10
.
7 11
8 12
Propriedade
Resulta facilmente da definicao que, para qualquer matriz A, (At )t = A.
1.2
Algebra
das Matrizes
Igualdade
Sejam A = [aij ], B = [bij ] matrizes do mesmo tipo.
A = B se e so se i, j aij = bij .
Adic
ao
Sejam A = [aij ], B = [bij ] matrizes do tipo m n.
A matriz soma A + B e uma matriz do tipo m n, A + B = [cij ], onde
i, j cij = aij + bij .
Propriedades
Sejam A, B, C matrizes do tipo m n. Entao:
(A1) A + B = B + A;
(A2) (A + B) + C = A + (B + C);
(A3) Sendo 0mn a matriz nula (matriz com todas as entradas nulas) do tipo m n,
A + 0 = 0 + A = A;
(A4) Se A e a matriz do tipo m n cujas entradas sao simetricas das entradas de
A, A = [aij ], A + (A) = (A) + A = 0mn ;
(At) (A + B)t = At + B t .
Definic
ao de Subtracc
ao A B = A + (B) = [sij ], onde
i, j sij = aij bij .
Multiplicac
ao de uma matriz por um escalar
Sejam A uma matriz real (complexa) do tipo m n, A = [aij ] e R (C). O produto
escalar de A por , A, e uma matriz do tipo m n, A = [dij ], onde i, j dij = aij .
Propriedades
Sejam A, B matrizes do tipo m n com entradas em R (C) e , R (C). Entao:
(Pe1) (A + B) = A + B;
(Pe2) ( + )A = A + A;
(Pe3) ()A = (A);
(Pe4) 1A = A;
(Pet) (A)t = At .
Observac
ao
Se E e uma matriz escalar de ordem n com elemento diagonal a, entao E = aIn .
P
Uma expressao do tipo i i Ai chama-se (como veremos no Captulo 3) uma combinac
ao linear das matrizes Ai .
Exemplo
Sejam A = 1 0 e B =
3 4
3 6
3A = 3 0
7
3
1 . Calculemos 3A 2B.
8
2 10
, 2B = 14 2 e
9 12
16
3A 2B = 3A + (2B) = 17
2 .
15 28
Multiplicac
ao de matrizes
Sejam A uma matriz do tipo m n, A = [aij ] e B uma matriz do tipo n p,
B = [bjk ]. O produto de A por B, AB, e a matriz do tipo m p, AB = [pik ] onde,
i, k pik = ai1 b1k + ai2 b2k + + ain bnk .
Observaco
es
1 O produto de duas matrizes so e possvel se o n
umero de colunas do primeiro factor
6
for igual ao n
umero de linhas do segundo factor.
2 A matriz produto tem o n
umero de linhas do primeiro factor e o n
umero de colunas
do segundo factor.
3 Cada entrada da matriz produto e soma de multiplicacoes de todos os elementos
de uma linha do primeiro factor pelos elementos convenientes (correspondentes) de toda
uma coluna do segundo factor.
Propriedades
. Sejam A, B, C matrizes reais (complexas) compatveis para a multiplicacao (isto e,
tais que (AB)C existe) e um n
umero real (complexo). Entao:
(P1) (AB)C = A(BC);
(P2) (AB) = (A)B = A(B);
(P3) Amn In = Im Amn = A. Em particular, se A e uma matriz quadrada de ordem
n, AIn = In A = A;
(Pt) (AB)t = B t At .
. Sejam B e C matrizes do mesmo tipo e A uma matriz tal que os produtos que se
seguem sao possveis. Entao:
(PDe) A(B + C) = AB + AC;
(PDd) (B + C)A = BA + CA.
Exemplo
"
a) Sejam A = 1 0 e B =
3 4
1 1
0
1
"
AB = 1 0
3 4
1 (1) + 2 0
1 5 + 2 (1)
1
0
#
. Calculemos AB e BA.
1 1
#
=
12+21
= (1) (1) + 0 0 (1) 5 + 0 (1) (1) 2 + 0 1 =
(3) (1) + 4 0 (3) 5 + 4 (1) (3) 2 + 4 1
"
#
1 2
1 5 2
e BA =
1 0 =
0 1 1
3 4
"
# "
(1) 1 + 5 (1) + 2 (3) (1) 2 + 5 0 + 2 4
=
=
0 1 + (1) (1) + 1 (3) 0 2 + (1) 0 + 1 4
2
19 2
12 6
2
#
.
"
b) Sejam A =
1 0
"
eB=
1 0
"
e BA =
c) Sejam A =
1 0
1 0
0 0
0 0
"
eB=
"
AB =
#"
1 0
#"
=
#
0 0
0 0
"
0 0
2 0
#
.
#
. Calculemos AB e BA.
#"
1 2
1 0
1 0
"
=
1 2
1 0
"
"
1 0
1 2
1 0
1 1
1 1
e BA =
#"
1 0
"
"
. Calculemos AB e BA.
1 1
1 0
AB =
0 0
1 0
1 0
"
1 0
1 0
#
.
Observaco
es
1 Do exemplo anterior conclui-se que o produto de matrizes nao e comutativo, isto e,
em geral, AB 6= BA.
Se A e B sao matrizes quadradas de ordem n tais que AB = BA diz-se que A e B
o caso das matrizes em c).
sao permutaveis. E
2 Tambem do exemplo anterior pode concluir-se que, na multiplicacao de matrizes,
nao e valida a lei do anulamento do produto. Com efeito, em b), as matrizes A e B
consideradas sao ambas nao nulas mas AB e a matriz nula.
Definic
ao 6 Seja A uma matriz quadrada de ordem n. As potencias de expoente
inteiro nao negativo de A definem-se da seguinte forma:
(
A0
= In
Am+1 = Am A, m 0
Definic
ao 7 Seja A = [aij ] uma matriz quadrada. Diz-se que A e:
sim
etrica se At = A, ou seja, se i, j aji = aij ;
anti-sim
etrica (ou hemi-sim
etrica) se At = A, ou seja, se i, j aji = aij .
Observaco
es
Resulta imediatamente da definicao que:
. uma matriz simetrica tem elementos diagonais arbitrarios e elementos opostos em
relacao `a diagonal principal (correspondem a`s entradas (i, j) e (j, i) da matriz) iguais;
. uma matriz real ou complexa anti-simetrica tem elementos diagonais nulos
1 2 3
Definic
ao 9 Seja A = [aij ] uma matriz complexa quadrada. Diz-se que A e:
hermtica (hermitiana) se A = A, ou seja, se i, j aji = aij ;
hemi-hermtica (hemi-hermitiana, anti-hermtica) se A = A, ou seja,
se i, j aji = aij .
Observaco
es
Resulta da definicao que:
. uma matriz hermtica tem elementos diagonais reais e elementos opostos em relacao
a` diagonal conjugados;
. uma matriz hemi-hermtica tem elementos diagonais nulos e/ou imaginarios puros e
elementos opostos em relacao `a diagonal principal com mesma parte imaginaria e partes
reais simetricas.
Exemplo
2
Isto n
ao e v
alido em todos os corpos. Por exemplo, no corpo Z2 da observacao 4 da pagina 2, tem-se
1 + 1 = 0, donde 1 = 1 e 1 6= 0
2 + i 3i
2+i
3i
A matriz A = 2 i
0
4 e hermtica e B = 2 + i 2i 4 e
3i
4
1
3i
4
0
hemi-hermtica como facilmente se comprova calculando as transconjugadas respectivas.
Observaco
es
A transconjugacao goza de propriedades analogas `as da transposicao, excepto para a
transconjugacao de uma multiplicacao por escalar. Tem-se (admitindo que as matrizes
tem tipos adequados para efectuar as operacoes indicadas e que C):
(A ) = A;
(A B) = A B ;
(AB) = B A ;
(A) = A .
1.3
Operac
oes elementares. Caracterstica de uma
matriz
Definic
ao 10 Sao opera
c
oes elementares sobre as linhas (colunas) de uma
matriz:
(OE1) Trocar duas linhas (colunas);
(OE2) Multiplicar uma linha (coluna) por um escalar diferente de zero;
(OE3) Somar a uma linha (coluna) outra multiplicada por um escalar qualquer.
Exemplo
2 2
Seja A = 1
1 3 .
0 0
1 1 0 2
2 2
L3 =L3 L2
10
3 .
3
Definic
ao 11 Diz-se que uma matriz tem as linhas em escada se:
(i) As linhas nulas (caso existam) ocorrem depois das linhas nao nulas;
(ii) O primeiro elemento nao nulo de cada linha (pivot) situa-se numa coluna mais
`a esquerda que todos os pivots das linhas seguintes (ou seja, o ndice de coluna do pivot
de cada linha e menor que os ndices de coluna dos pivots das linhas seguintes).
Exemplo
0 1 3 0 2 4
0
As matrizes A =
0
0
escada.
0
0
0
2 1 1
0 5 2 1
eB=
2 tem as linhas em
0 1
0 0 3 1
0 0 3
0 0 0 0
Definic
ao 12 A caracterstica de uma matriz com as linhas em escada e igual ao
n
umero de linhas n
ao nulas da matriz.
Proposic
ao 1.3.1 Seja A uma matriz qualquer. Entao A pode ser transformada
numa matriz do mesmo tipo com as linhas em escada efectuando operacoes elementares
sobre as suas linhas.
Definic
ao 13 Seja A uma matriz qualquer. A caracterstica de A, que se denota
por c(A) ou r(A), e igual `a caracterstica da matriz com linhas em escada que se obtem
efectuando operacoes elementares sobre as linhas e/ou colunas de A.
Exemplo
2 2 0
4
1
0
0 1 1 3
1
A=
1
1
0
3
L0 = 1 L
1 2 1
0 0 1 2
0
0 0
2
1
0
1 1 0
2
1
0 1 1 3
0
0
0
2
0
5
L0 =L3 2L2
0 0 1 2
0
0 0
2
1
0
11
0
L3 =L3 L1
2
1
3
L05 =L5 L3
11
L04 =L4 + 12 L3
2
1
1 1
1 1
0 1 1 3
0 1 1 3
2
0
0
2
11
2 11
L0 =L5 12L4
0 0
L04 = 7 L4
7
0
1
0 2
0 0
0 0
0 0
0
12
0 0
0
12
1 1 0
2
0 1 1 3
2 11
0 0
, pelo que, c(A) = 4.
0
1
0 0
0 0
0
0
1 1 1
0
0 2
1 0
0
L1 L2
L3 =L3 +L1
0
1 1 3
1 1 3
1 1 1
B = 1
0 2
L03 =L3 +L2
0 2
1.4
Sistemas de Equa
co
es Lineares
Definic
ao 14 Um sistema de m equacoes lineares a n incognitas x1 , . . . , xn e da
forma (dita can
onica)
.
. .
(1.1)
Definic
ao 15 Associadas ao sistema (1.1) estao as
seguintes matrizes:
amn
x1
x2
X=
.. ,
.
xn
que e matriz coluna das inc
ognitas;
b1
B=
b2
..
.
bm
que e matriz coluna dos termos independentes;
b1
b2
..
.
amn bm
(1.2)
Definic
ao 16 Chama-se solu
c
ao do sistema (1.1) a uma lista de n
umeros reais
(complexos) (c1 , c2 , . . . , cn ) tal que, substituindo cada xi pelo respectivo valor ci (i =
1, . . . , n), as m equacoes do sistema transformam-se em proposicoes verdadeiras.
Definic
ao 17 O sistema (1.1) diz-se possvel se tem, pelo menos, uma solucao e
impossvel caso contrario.
Sendo possvel, (1.1) e determinado quando tem uma u
nica solucao e indeterminado quando tem mais de uma solucao (se o corpo considerado for infinito, como e o
caso do corpo dos reais e do corpo dos complexos, quando indeterminado, o sistema tem
uma infinidade de solucoes).
13
Definic
ao 18 Dois sistemas de equacoes lineares com o mesmo n
umero de incognitas
dizem-se equivalentes se tem as mesmas solucoes.
Proposic
ao 1.4.1 Dado o sistema (1.1), obtem-se um sistema equivalente quando
se efectuam opera
c
oes elementares sobre as linhas da sua matriz completa
[A|B] e/ou troca de colunas na sua matriz simples A (desde que se efectue a
correspondente troca nas incognitas respectivas).
Observac
ao
De acordo com as Proposicoes 1.3.1 e 1.4.1, qualquer sistema de equacoes lineares e
equivalente a um sistema cuja matriz ampliada tem as linhas em escada.
Proposic
ao 1.4.2 O sistema (1.2) e:
impossvel sse c(A) 6= c([A|B]);
possvel determinado sse c(A) = c([A|B]) = n;
possvel indeterminado sse c(A) = c([A|B]) < n.
Definic
ao 19 Se o sistema (1.2) e possvel, o n
umero inteiro nao negativo g = n c(A)
chama-se grau de indetermina
c
ao do sistema.
Exemplo
1 Consideremos o sistema
x + y z = 2
x 2y + z = 5
x + 2y + z = 3
Vamos efectuar operacoes do tipo referido na Proposicao 1.4.1 na sua matriz ampliada
ate a transformarmos numa matriz com linhas em escada (fazemos a condensacao de
[A|B]).
1
1
1 2
1 2
2
0
0 3
7
L03 =L3 +L2
1
0 0
1 2
2
2
7 .
8
x + y z = 2
3y + 2z = 7 .
2z = 8
14
x + y z = 2
x + y = 2 + 4
x = 3
3y + 2z = 7
3y = 7 8
y = 13 .
z = 4
2z = 8
z = 4
x + 2y + 3z
2 Consideremos o sistema
x+y+z
y + 2z
1 2
1 2 3 0
[A|B] = 1 1 1 10
0 1
0
0 1 2
L2 =L2 L1
= 0
= 10 . Entao
= 0
3
0 1 2 10 .
2 10
0
L3 =L3 +L2
2 0
0 0
0 10
3 Consideremos o sistema
x + 2y + z + w = 4
2x + 4y z + 2w = 11 . Entao
[A|B] = 2
1
1 2
0 1
0
x + y + 2z + 3w = 11
2 1 1 4
1 2
1 1 4
L03 =L3 L1
4 1 2 11 0 0 0 3 0 3
L2 L3
L2 =L2 2L1
1 2 3 11
0 1 1 2 7
1 1 4
1 2 7 .
3 0 3
x = 21 5w
x + 2y + z + w = 4
x
+
2y
+
w
=
5
y = 8 + 2w
, w R.
y + z + 2w = 7
y + 2w = 8
z
=
1
3z = 3
z = 1
w = w
x+y+z = 1
4 Consideremos o sistema
x y + 2z = a . Vamos discuti-lo em funcao dos
2x + bz = 2
parametros reais a e b.
1 1 1 1
1 1
1
1
L0 =L3 2L1
[A|B] = 1 1 2 a 30 0 2
1
a 1
0
2
L2 =L2 L1
b 2
1
0 2 b 2
0 2
1
a 1 .
0 0 b3 1a
15
L3 =L3 L2
Discuss
ao:
Se b 6= 3, c(A) = c([A|B]) = 3, a R, logo, SPD;
b = 3 e a = 1, c(A) = c([A|B]) = 2 < 3, donde, SPI (de grau 1);
b = 3 e a 6= 1, c(A) = 2 6= 3 = c([A|B]). Por isso, SI.
Definic
ao 20 Um sistema de equacoes lineares diz-se homog
eneo se s
ao nulos
todos os seus termos independentes, isto e, se quando escrito matricialmente e da
forma AX = 0.
A todo o sistema de equacoes lineares AX = B esta associado o sistema homogeneo
AX = 0.
Exemplo
O sistema homogeneo associado a
x + 2y + z + w = 4
2x + 4y z + 2w = 11 e
x + y + 2z + 3w = 11
x + 2y + z + w = 0
2x + 4y z + 2w = 0 .
x + y + 2z + 3w = 0
Observac
ao
Um sistema homogeneo e sempre possvel pois admite sempre a solucao nula. Se e
determinado (basta que a caracterstica da matriz simples coincida com o n
umero n de
incognitas) essa e a sua u
nica solucao. Se e indeterminado (a caracterstica da matriz
simples e menor que o n
umero de incognitas), para alem da solucao nula (que existe
sempre), admite solucoes nao nulas (recorde-se que o produto de duas matrizes nao
nulas pode ser nulo).
Proposic
ao 1.4.3 Seja Xp uma solucao particular do sistema de equacoes lineares
AX = B. Entao, X0 e solucao do sistema se e so se existe uma solucao Xh do sistema
homogeneo associado, AX = 0, tal que X0 = Xp + Xh .
Demonstrac
ao
Por hipotese, AXp = B (uma vez que Xp e uma solucao particular de AX = B)
() Supondo que X0 e (tambem) solucao de AX = B, isto e, que AX0 = B, provamos
que X0 Xp e solucao do sistema homogeneo associado. Tem-se,
A(X0 Xp ) = AX0 AXp = B B = 0,
16
logo, Xh = X0 Xp e solucao de AX = 0.
() Suponhamos que Xh e uma solucao do sistema homogeneo associado ao dado,
AX = 0. Mostramos que X0 = Xp + Xh e solucao de AX = B. Temos,
AX0 = A(Xp + Xh ) = AXp + AXh = B + 0 = B,
como queriamos.
Observac
ao
Resulta da proposicao anterior que, a solucao geral de um sistema de equacoes lineares pode ser obtida somando a uma sua solucao particular a solucao geral do sistema
homogeneo associado.
1.5
Definic
ao 21 Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Diz-se que A
e invertvel
(ou que A tem inversa) se existe uma matriz quadrada de ordem n, B, tal que
AB = BA = In .
Proposic
ao 1.5.1 A inversa de uma matriz quadrada A, quando existe, e u
nica.
Demonstrac
ao Suponhamos que B e C sao inversas de A, ou seja, que
AB = BA = In e AC = CA = In .
Tem-se B = BIn = B(AC) = (BA)C = In C = C , logo, B = C.
Definic
ao 22 Se A e invertvel, a matriz B referida na Definicao 21 chama-se inversa de A e representa-se por A1 . Assim, AA1 = A1 A = In .
Definic
ao 23 Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Diz-se que A e n
ao singular (regular) se c(A) = n.
Proposic
ao 1.5.2 Se A e uma matriz quadrada de ordem n entao A e invertvel se
e so se e regular.
Observac
ao
Dada uma matriz A, quadrada de ordem n, tal que c(A) = n (logo, invertvel), a
inversa de A e a solucao da equacao matricial AX = In . Podemos, por isso, calcular
17
3 1 0
1 0 1 1 1 0
3 1 0 1 0 0
2 1 1 0 1 0
[A|I3 ] = 2 1 1 0 1 0
0
L1 =L1 L2
0 1 1 0 0 1
0
0
0 1 1 0 0
1 0 1 1
0 1 1 1 0
0 1 3 2
1 3 2 3 0
L03 =L3 L2
1 1
0
0 1
0 0 2 2
0 1 1 1 0
1 0 0 0
L01 =L1 +L3
1 3 2 3
0 0 0 1 0 1
0
0 0
3
2
12
L2 =L2 3L3
1
2
A1 = 1 32
1 32
0 0 1 1
21
3
.
2
21
3. Calculamos A1
0
L2 =L2 2L1
1
1 0
0 01
L3 = 2 L3
3 1
1
1
2
2
23 32 .
3
3
2
12
(O resultado obtido pode ser confirmado usando a definicao de inversa. Basta verificar
que AA1 = In .)
0 1 0 0
2 Se B =
0 0 2 0
0 0 0 4
1
3
1
, e muito facil concluir que B = 0 1 0 0
0 0 1 0
2
0 0 0 41
Propriedades
Se A e B sao matrizes reais (complexas) quadradas de ordem n, invertveis e
R \ {0}(C \ {0}) entao:
(I1) A1 e invertvel e (A1 )1 = A;
(I2) A e invertvel e (A)1 = 1 A1 ;
(I3) m N, Am e invertvel e (Am )1 = (A1 )m ;
(I4) At e invertvel e (At )1 = (A1 )t ;
(I5) (A)1 = A1 ;
(I6) (A )1 = (A1 ) ;
18
(I5) A A1 = AA1 = In = In e A1 A = A1 A = In = In .
(I6) A (A1 ) = (A1 A) = In = In e (A1 ) A = (AA1 ) = In = In .
(I7) (AB)(B 1 A1 ) = A(BB 1 )A1 = AIn A1 = AA1 = In e
(B 1 A1 )(AB) = B 1 (A1 A)B = B 1 In B = B 1 B = In .
19
Captulo 2
DETERMINANTES
2.1
Conceitos Gerais
Definic
ao 24 Dados os n
umeros naturais 1, 2, . . . , n, uma sua permuta
c
ao e uma
lista desses n n
umeros apresentados por uma qualquer ordem.
Por exemplo, n, n 1, n 2, . . . , 3, 2, 1 e uma permutacao dos n
umeros 1, 2, . . . , n.
Notac
ao
O conjunto de todas as permutacoes de 1, 2, . . . , n denota-se por Sn .
Oservac
ao
Existem n! permutacoes de 1, 2, . . . , n.
Definic
ao 25 Seja i1 , i2 , . . . , in uma permutacao dos n
umeros 1, 2, . . . , n. Diz-se que
um par (ik , ij ) faz uma invers
ao se k < j e ik > ij , ou seja, ik e ij aparecem na
permutacao por ordem decrescente.
Definic
ao 26 Uma permutacao i1 , i2 , . . . , in e par (resp.: mpar) quando o n
umero
total de inversoes que nela ocorrem e par (resp.: mpar).
Exemplos
1) n = 2
Permutacao
Total de Inversoes
Paridade
1,2
par
2,1
mpar
21
2) n = 3
Permutacao
Total de Inversoes
Paridade
1,2,3
par
2,3,1
par
3,1,2
par
3,2,1
mpar
2,1,3
mpar
1,3,2
mpar
2.2
Definic
ao de Determinante
Definic
ao 27 Seja A = [aij ] uma matriz quadrada de ordem n com elementos
em R (C). O determinante de A, que se denota por det(A) ou |A|, e o n
umero real
(complexo):
det(A) =
i1 ,...,in Sn
det a21 a22 a23 = a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 a13 a22 a31 a12 a21 a33
a31 a32 a33
a11 a23 a32 .
2.3
a
11
12
1n
11 a12 a1n
.
.
.
.
..
..
..
..
..
..
.
.
(P5) ai1 ai2 ain = ai1 ai2 ain
.
.
..
..
..
..
.
.
.
.
.
.
.
.
an1 an2 ann
an1 an2 ann
tipo 2)
. (Operacao elementar do
a
11
12
1n
11
.
.
.
.
..
..
..
..
(P9) ai1 + bi1 ai2 + bi2 ain + bin = ai1
.
..
..
..
.
.
.
.
.
an1
an1
an2
ann
a12
..
.
ai2
..
.
an2
ain +
..
.
ann
a1n
..
.
a11 a12
..
..
.
.
bi1
..
.
bi2
..
.
an1 an2
23
1
.
det(A)
bin .
..
.
ann
a1n
..
.
Exemplo
Sejam A e B matrizes reais quadradas de ordem 3 tais que det(A) = 2 e det(B) = 14 .
Entao:
det(3A) = 33 det(A) = 27(2) = 54;
1
det(A) = (2)2 4 = 16;
det(AB 1 At ) = det(A)det(B 1 )det(At ) = det(A) det(B)
1
(det(A))4 det(B)
det(B)
= (2)4 = 16;
1
1
1
1
1
det( 21 (B t )1 ) = ( 12 )3 det((B t )1 ) = ( 81 ) det(B
t ) = ( 8 ) det(B) = ( 8 ) 4 = 2 .
2.4
O Teorema de Laplace
Definic
ao 28 Seja A = [aij ] uma matriz quadrada de ordem n. Recorde-se que
A(i|j) denota a submatriz de A que se obtem desta matriz por supressao da linha i e
da coluna j. Chama-se complemento alg
ebrico (ou cofactor) de aij ao n
umero
Aij = (1)i+j det(A(i|j)).
Teorema 2.4.1 (Teorema de Laplace)
Seja A = [aij ] uma matriz quadrada de ordem n. Entao:
det(A) =
n
X
j=1
aij Aij =
n
X
r=1
Exemplo
2 4 6
3 6 5
2 1 4
1 2 2
=4
1 2 3 4
1 2
8
3
4
0 4 3
9 1 3 6 5 9 2 0 0 4 3 3
2
= 2
= 2
= 21(1) 3 2 1
7
2 1 4 7
0 3 2 1
0 1 2
1 2 2 2
0 0 1 2
2
4 3
2 (3) (1)3
= 6((4)(2) (1)(3)) = 6 5 = 30.
1 2
24
2.5
Aplicac
oes dos Determinantes
2.5.1
C
alculo da Inversa de uma Matriz
Definic
ao 29 Seja A = [aij ] uma matriz quadrada de ordem n. A matriz comple e a matriz quadrada de ordem n cujos elementos
mentar de A, que se denota por A,
sao os complementos algebricos dos elementos de A, isto e, A = [Aij ].
Definic
ao 30 Seja A = [aij ] uma matriz quadrada de ordem n. A matriz adjunta
de A, que se denota por adj(A), e a transposta da matriz complementar: adj(A) = At .
1 2
1
adj(A).
det(A)
#
.
3 4
A11 A12
A21 A22
"
adj(A) = At =
"
=
"
A1 =
1
det(A)
adj(A) = 12
"
=
25
3
2
21
#
.
2.5.2
Resolu
c
ao de Sistemas Lineares Possveis e Determinados
Regra de Cramer
Dado o sistema de n equacoes lineares a n incognitas
.
. .
det(Ci )
.
det(A)
Exemplo
Consideremos o sistema
A= 1
x + y z = 2
x 2y + z = 5
x + 2y + z = 3
1 e B = 5 .
1
3
1
1 1 1
1
1
1 1
|A| = 1 2 1 = 1 2 1 = 2
1 2
1 2
1 0 0
2
x=
|A|
10
6
5
3
;y=
1
1
1
2 1
5
|A|
26
= 2(2 1) = 6.
2
6
1
3
z=
|A|
24
6
= 4.
27
Captulo 3
ESPAC
OS VECTORIAIS
3.1
Definic
ao e Exemplos
Definic
ao 31 Um espa
co vectorial (ou espa
co linear) sobre um corpo F e uma
(A1)
u +
v =
v +
u
(comutatividade da adicao)
(A2) ( u + v ) + w = u + (
v +
w ) (associatividade da adicao)
(A3) 0 E : u + 0 = u
(existencia de elemento neutro)
(A4) ( u ) E : u + ( u ) = 0
(existencia de simetricos)
(M1) ( + ) u = u + u
(distributividade)
(M2) (
u +
v ) =
u +
v
(distributividade)
(M3) ( u ) = () u
(associatividade)
(M4) 1
u =
u
Definic
ao 32 Se E e um espaco vectorial sobre F, os elementos de E designam-se
vectores e os de F escalares.
ou 0 E .
Quando F = R (resp.: F = C) o espaco vectorial diz-se real (resp.: complexo).
29
Exemplos
1 Sao espacos vectoriais reais:
a) E = R2 , com as operacoes:
(x1 , x2 ) + (y1 , y2 ) = (x1 + y1 , x2 + y2 ) e (x1 , x2 ) = (x1 , x2 );
0 R2 = (0, 0) e
(x1 , x2 ) = (x1 , x2 )
0 Rn = (0, 0, . . . , 0) e
(x1 , x2 , . . . , xn ) = (x1 , x2 , . . . , xn )
0 Rmn = 0mn
0 C2 = (0, 0) e
(z1 , z2 ) = (z1 , z2 )
0 Cn = (0, 0, . . . , 0) e
(z1 , z2 . . . , zn ) = (z1 , z2 . . . , zn )
0 Cmn = 0mn
30
Proposic
ao 3.1.1 Seja E um espaco vectorial sobre F. Entao, para quaisquer vectores e quaisquer escalares, tem-se:
a) 0
u = 0
b) 0 = 0
c)
u = 0 = 0 ou
u = 0
d) ()
u = (
u ) = (
u)
e) (
u
v ) =
u
v
f ) ( )
u =
u
u.
Demonstrac
ao de algumas afirmac
oes
a) 0 + 0 = 0 (0 + 0)
u = 0
u 0
u + 0
u = 0
u
(0
u + 0
u ) + (0
u ) = 0
u + (0
u ) 0
u + (0
u + (0
u )) = 0 0
u = 0
b) tem prova identica a a)
c) Suponhamos que
u = 0 . Se = 0 nada mais ha a provar. Se 6= 0 vamos
mostrar que
u = 0.
u = 0 1 (
u ) = 1 0 (1 )
u = 0 (por b))
u = 0
d) ()
u = (
u ) porque
()
u +
u = ( + )
u = 0
u = 0 (por a)).
3.2
Depend
encia e Independ
encia Lineares
Definic
ao 33 Seja E um espaco vectorial sobre F.
v = 1
u 1 + 2
u 2 + . . . + k
u k.
Exemplos
1) Em R3 , o vector (2, 2, 5) e combinacao linear de (1, 1, 1), (1, 1, 0) e (1, 0, 1) se
existem n
umeros reais 1 , 2 e 3 tais que
(2, 2, 5) = 1 (1, 1, 1) + 2 (1, 1, 0) + 3 (1, 0, 1),
31
ou seja, se o sistema
2 = 1 + 2 + 3
2 = 1 + 2
5 = 1 + 3
e possvel. Na forma matricial,
1
1 1 1 2
L02 =L2 L1
0
1 1 0 2
0
1 0 1
L3 =L3 L1
0 1
4 0 1 0
L2 L3
7
0 0 1
7
4
0 1 0
0 0 1
1 0 0
L02 =L2
7 0 0 1 0 7 0 0 1 0 7 ,
L1 =L1 +(L2 +L3 )
L3 =L3
4
0 0 1 4
0 0 1 4
logo,
1 = 9
2 = 7 ,
3 = 4
donde,
(2, 2, 5) = 9(1, 1, 1) + (7)(1, 1, 0) + (4)(1, 0, 1).
2) Em R3 , o vector (2, 2, 5) nao e combinacao linear de (1, 1, 0), (0, 0, 1), ja que o
sistema cuja matriz ampliada e
1 0 2
1 0 2
0 0 4
1 0 2
0
L2 =L2 L1
0 1 5
0 1 5
e impossvel.
Observac
ao
0
u 1 + 0
u 2 + . . . + 0
uk = 0.
A esta combinacao linear nula (isto e, cujo resultado e o vector nulo) da-se o nome de
combinac
ao linear nula trivial.
32
Definic
ao 34 Seja E um espaco vectorial sobre F.
1
u 1 + 2
u 2 + . . . + k
u k = 0 1 = 2 = . . . = k = 0.
Ou seja, a u
nica combinacao linear nula possvel dos vectores
u 1,
u 2, . . . ,
u k e a trivial
(a que tem os escalares todos nulos).
(ii) linearmente dependentes se
1 , 2 , . . . , k F nao todos nulos (isto e, com pelo menos um diferente de zero) tais
que
1
u 1 + 2
u 2 + . . . + k
uk = 0.
Ou seja, para alem da combinacao linear nula trivial (que existe sempre), existem outras combinacoes lineares nulas (com, pelo menos, um escalar nao nulo) dos vectores
u 1,
u 2, . . . ,
u k.
Exemplos
1) Em R3 , verificamos se os vectores (1, 1, 1), (1, 1, 0) e (1, 0, 1) sao linearmente dependentes ou independentes:
1 (1, 1, 1) + 2 (1, 1, 0) + 3 (1, 0, 1) = (0, 0, 0),
equivale a resolver o sistema homogeneo (sempre possvel),
1 + 2 + 3 = 0
1 + 2 = 0 .
1 + 3 = 0
Se o sistema for determinado os vectores sao linearmente independentes, se for indeterminado os vectores serao linearmente dependentes. Na forma matricial,
1 1 1
1 1
1
1 1
1
L02 =L2 L1
0 0 1 0 1 0 ,
1 1 0
0
L2 L3
L3 =L3 L1
1 0 1
0 1 0
0 0 1
donde, os vectores sao linearmente independentes (a caracterstica da matriz e igual ao
n
umero de vectores, logo, de escalares a determinar).
2) Em R4 , estudamos os vectores (1, 2, 2, 0), (1, 1, 3, 1) e (0, 2, 2, 2) quanto a` dependencia/independencia linear. Para tal, condensamos a matriz simples do sistema de
33
equacoes
1 + 2
2 + + 2
1
2
3
21 + 32 23
2
2
1 1
= 0
= 0
= 0
= 0
0 0 0 ,
0 1 2
2 3 2
0 =L +L
0 =L 2L
L
L
3
2
3
1
3
3
0 0 0
0 1 2
0 1 2
donde, os vectores sao linearmente dependentes (a caracterstica da matriz e menor que
o n
umero de vectores, logo, de escalares a determinar).
Proposic
ao 3.2.1 Seja E um espaco vectorial sobre F. Entao:
(ii) Se
v E,
v e linearmente independente se e so se
v 6= 0 .
(iii) Os vectores
v 1,
v 2, . . . ,
v k (k 2) sao linearmente dependentes se e so se
algum deles e combinacao linear dos restantes.
Em particular, 2 vectores
v 1,
v 2 sao linearmente dependentes se e so se um deles
e combinacao linear do outro (e, consequentemente, sao linearmente independentes se e
so se nenhum deles e combinacao linear do outro).
(iv) Se os vectores
v 1,
v 2, . . . ,
v n sao linearmente independentes entao
v 1,
v 2, . . . ,
v n,
x
(vii) Os vectores
v ,
v ,...,
v ,...,
v sao linearmente independentes se e so se
1
6= 0
v 1,
v 2 , . . . ,
v i, . . . ,
v n sao linearmente independentes.
(viii) Os vectores
v 1,
v 2, . . . ,
v i, . . . ,
v j, . . . ,
v n sao linearmente independentes se
e so se
v ,
v ,...,
v ,...,
v +
v ,...,
v sao linearmente independentes.
1
Demonstrac
ao de algumas das afirmac
oes
(ii) Seja
v E. Atendendo a (i), tudo o que ha a mostrar e que se
v =
6 0,
v e
linearmente independente.
34
Suponhamos que
v 6= 0 ,
v = 0 e que, com vista a um absurdo, 6= 0. Entao
1 (
v ) = 1 0 (1 )
v = 0
v = 0 , o que contradiz a hipotese.
1
v 1 + 2
v 2 + . . . + k
vk = 0.
Sem perda de generalidade, suponhamos que 1 6= 0. Entao,
1
v 1 = 2
v 2 . . . k
vk
v 1 = 2 11
v 2 . . . k 11
v k,
donde,
v 1 e combinacao linear dos restantes vectores.
() Por hipotese, um dos vectores dados e combinacao linear dos restantes. Sem
perda de generalidade,
v 1 = 2
v 2 + . . . + k
v k 1
v 1 2
v 2 . . . k
vk = 0,
ou seja, os vectores sao linearmente dependentes.
(vii) () 1
v 1 + 2
v 2 + . . . + i (
v i ) + . . . + n
vn= 0
1
v 1 + 2
v 2 + . . . + (i )
v i + . . . + n
v n = 0 (
v 1, . . . ,
v i, . . . ,
v n l.i.)
1 = 2 = = i = = n = 0 ( 6= 0) 1 = 2 = = i = = n = 0.
() 1
v 1 + 2
v 2 + . . . + i
v i + . . . + n
vn= 0
1
v 1 + 2
v 2 + . . . + i (1 )
v i + . . . + n
vn= 0
1
v 1 + 2
v 2 + . . . + (i 1 )(
v i ) + . . . + n
v n = 0 (
v 1 , . . . ,
v i, . . . ,
v n l.i.)
1 = 2 = = i 1 = = n = 0 (1 6= 0) 1 = 2 = = i = = n = 0.
3.2.1
Seja A uma matriz do tipo mn com entradas num corpo F. Cada uma das m linhas
de A identifica-se com um vector de Fn e cada uma das n colunas de A identifica-se com
um vector de Fm .
1 2 3 4
35
3.3
Subespacos vectoriais
Definic
ao 35 Sejam E um espaco vectorial sobre F e E1 um subconjunto nao vazio
de E. Diz-se que E1 e um subespa
co vectorial de E, e escreve-se E1 E, se E1 e um
espaco vectorial sobre F com as operacoes de adicao e multiplicacao por escalar definidas
em E (operacoes induzidas).
Proposic
ao 3.3.1 (Crit
erio de Subespa
co) Sejam E um espaco vectorial sobre
F e E1 um subconjunto de E. E1 e um subespa
co vectorial de E se e so se:
(i) E1 6=
(ii)
x ,
y E1 ,
x +
y E1
(iii) F, x E1 ,
x E1 .
Proposic
ao 3.3.2 Sejam E um espaco vectorial sobre F e E1 um subespaco vectorial
de E. Entao:
a) 0 E1
b)
x E
x E
1
c)
x ,
y E1
x
y E1 .
36
Demonstrac
ao
Como E1 6= , seja
x E1 . Dado que F e um corpo, 0 F e 1 F, logo, pela
Por u
ltimo, se
x ,
y E1 , por b),
y E1 e, pela condicao (ii) do Criterio de
Subespaco, x + ( y ) = x y E .
1
Observac
ao
Atendendo a` proposicao anterior, a condicao (i) do Criterio de Subespaco pode ser
Proposic
ao 3.3.3 Sejam E um espaco vectorial sobre F e E1 um subconjunto de E.
E1 e um subespaco vectorial de E se e so se:
(i) 0 E1
(ii) , F,
x ,
y E1 ,
x +
y E1 .
Exemplos
38
b) E1 + E2 = { f +
g : f E1 ,
g E2 } e um subespaco vectorial de E;
c) E1 E2 e um subespaco vectorial de E se e so se E1 E2 ou E2 E1 .
Demonstrac
ao
a) (Usamos a Proposicao 3.3.3)
(i) 0 E1 e 0 E2 , donde, 0 E1 E2 ;
(ii) Sejam
x ,
y E E e , F.
1
Logo, x + y E1 e x + y E2 x +
y E1 E2 .
b) Fica ao cuidado do leitor efectuar a prova (muito simples), usando a Prop. 3.3.1
ou a Prop. 3.3.3.
c) () Trivial, ja que, se E1 E2 , E1 E2 = E2 e se E2 E1 , E1 E2 = E1 .
() Suponhamos que E1 E2 e um subespaco vectorial de E e que (com vista a um
absurdo) E1 * E2 e E2 * E1 .
Entao,
e 1 E1 tal que
e1
/ E2 e
e 2 E2 tal que
e2
/ E1 .
Como E1 E1 E2 e E2 E1 E2 , e 1 , e 2 E1 E2 (E1 E2 E)
e 1 +
e 2 E1 E2
Se
e1+
e 2 E1 , como
e 1 E1 ,
e 1 E1 , donde, (
e 1 ) + (
e1+
e 2) =
e 2 E1 ,
Se
e1+
e 2 E2 conclui-se, de forma analoga, que
e 1 E2 , ou seja, um absurdo.
3.3.1
Subespa
co gerado
Proposic
ao 3.3.5 Sejam E um espaco vectorial sobre F e
v 1,
v 2, . . . ,
v n vectores
de E. Entao o conjunto G = {1 v 1 + 2 v 2 + . . . + n v n : 1 , 2 , . . . , n F} e um
Demonstrac
ao (Usamos a Prop. 3.3.3)
39
(ii) Sejam
x ,
y G e , F.
y = 1
v 1 + 2
v 2 + . . . + n
v n.
Tem-se,
x +
y = (
v +
v +. . .+
v )+(
v +
v +. . .+
v )=
1
(1 + 1 )
v 1 + (2 + 2 )
v 2 + . . . + (n + n )
v n G.
Notac
ao
L(
v ,
v ,...,
v ).
1
Exemplos
1 Em R3 , determinamos o subespaco gerado por (1, 1, 1), (1, 0, 1).
(x, y, z) < (1, 1, 1), (1, 0, 1) > sse (x, y, z) = 1 (1, 1, 1) + 2 (1, 0, 1) sse
1 1 x
1 0 y
1 1 z
e a matriz ampliada de um
1
1
1 x
x
1 1
L02 =L2 L1
0 1 y x
0 y
L03 =L3 L1
1 z
0 0 zx
0 x
1 1 y
0 2 z
2 3 w
e a matriz ampliada de um sistema linear possvel.
1 0
x
1 0 x
0 2 z
0 2
L0 =L4 3L2
0 =L 2L
L
4
1
z
4
2 3 w
0 3 w 2x
40
1 0
0 1
y+x
0 0
z 2x 2y
1 1 1 x
1 0 2 y
1 1 0 z
e a matriz ampliada de um sistema linear possvel.
1 1
1 1 1 x
L02 =L2 L1
0 1
1 0 2 y
0
L3 =L3 L1
1 1 0 z
yx
1 z x
1
3.4
Base e dimens
ao
Definic
ao 36 Seja E um espaco vectorial sobre F. Diz-se que os vectores
u 1,
u 2, . . . ,
up
E geram o (s
ao geradores do) espaco, e escreve-se E =<
u 1,
u 2, . . . ,
u p >, se
Definic
ao 37 Um espaco vectorial E diz-se finitamente gerado se existe um n
umero
finito de vectores
u ,
u ,...,
u E tais que E =<
u ,
u ,...,
u >.
1
Exemplo
Do que vimos no exemplo anterior, R3 e finitamente gerado, ja que
R3 =< (1, 1, 1), (1, 0, 1), (1, 2, 0) > .
Mais geralmente, para qualquer n N,
Rn =< (1, 0, 0, . . . , 0), (0, 1, 0, . . . , 0), . . . , (0, 0, 0, . . . , 1) >,
pelo que Rn e finitamente gerado.
41
Definic
ao 38 Seja E um espaco vectorial finitamente gerado.
Diz-se o conjunto B = {
e 1,
e 2, . . . ,
e n } E e uma base de E se:
(i) B e um conjunto de vectores linearmente independentes;
ordenada de E, e escreve-se B = (
e ,
e ,...,
e ).
1
( e 1, e 2, . . . ,
e n ) uma base de E. Entao, qualquer vector
x E escreve-se de forma
u
nica como combinacao linear dos vectores de B, ou seja, existem escalares u
nicos
a1 , a2 , . . . , an F tais que x = a1 e 1 + a2 e 2 + . . . + an e n .
Demonstrac
ao
Suponhamos que
x = a1
e 1 +a2
e 2 +. . .+an
e n e que
x = b1
e 1 +b2
e 2 +. . .+bn
e n.
Entao, a1
e 1 + a2
e 2 + . . . + an
e n = b1
e 1 + b2
e 2 + . . . + bn
en
Definic
ao 40 Sejam E um espaco vectorial sobre F de dimensao n,
x Ee
tais que
x = a1
e 1 + a2
e 2 + . . . + an
e n designam-se por coordenadas de
x na base
n B
Exemplo
Em R3 , ja vimos que os vectores (1, 1, 1), (1, 0, 1), (1, 2, 0) geram o espaco. E sao
linearmente independentes porque
1 1 1
1 1
1
L02 =L2 L1
0 1 1 ,
1 0 2
0
L3 =L3 L1
1 1 0
0 0 1
tem caracterstica 3.
Por isso, B = ((1, 1, 1), (1, 0, 1), (1, 2, 0)) e uma base de R3 .
Tem-se (1, 1, 1) = (1, 0, 0)B , (1, 0, 1) = (0, 1, 0)B , (1, 2, 0) = (0, 0, 1)B ,
(3, 3, 2) = (1, 1, 1)B , (x, y, z) = (2x + y + 2z, 2x y z, x z)B .
Proposic
ao 3.4.4 Seja E um espaco vectorial de dimensao n. Entao:
(I) Quaisquer n vectores linearmente independentes de E formam uma base de E.
(II) Quaisquer n geradores de E formam uma base de E.
(III) Qualquer sistema com mais de n vectores e sempre linearmente dependente.
(IV) Se E1 E, 0 dim(E1 ) n, tendo-se:
dim(E1 ) = 0 E1 = { 0 } e dim(E1 ) = n E1 = E.
Observac
ao
Num espaco vectorial de dimensao n, n e o n
umero maximo de vectores linearmente
independentes e o n
umero mnimo de geradores do espaco.
Exemplos de bases
Prova-se facilmente que:
a) Bc = ((1, 0), (0, 1)) e uma base de R2 a base canonica de R2 . Logo, dim(R2 ) = 2.
Tendo em conta que (x, y) = x(1, 0) + y(0, 1), (x, y) = (x, y)Bc .
b) Seja n N. Bc = ((1, 0, . . . , 0), (0, 1, . . . , 0), . . . , (0, 0, . . . , 1)) e uma base de Rn
a base canonica de Rn . Logo, dim(Rn ) = n.
Tendo em conta que (x1 , x2 , . . . , xn ) = x1 (1, 0, . . . , 0)+x2 (0, 1, . . . , 0)+. . .+xn (0, 0, . . . , 1),
(x1 , x2 , . . . , xn ) = (x1 , x2 , . . . , xn )Bc .
c1) Bc = ((1, 0), (0, 1)) e uma base de C2 como espaco vectorial complexo a base
canonica de C2 sobre C. Logo, dim(C2C ) = 2.
Tendo em conta que (z1 , z2 ) = z1 (1, 0) + z2 (0, 1), (z1 , z2 ) = (z1 , z2 )Bc .
43
c2) Bc = ((1, 0), (i, 0), (0, 1), (0, i)) e uma base de C2 como espaco vectorial real a
base canonica de C2 sobre R. Logo, dim(C2R ) = 4.
Tendo em conta que (z1 , z2 ) = z1 (1, 0) + z2 (0, 1) = (a1 + b1 i)(1, 0) + (a2 + b2 i)(0, 1) =
a1 (1, 0) + b1 (i, 0) + a2 (0, 1) + b2 (0, i), (z1 , z2 ) = (a1 + b1 i, a2 + b2 i) = (a1 , b1 , a2 , b2 )Bc .
d1) Seja n N. Bc = ((1, 0, . . . , 0), (0, 1, . . . , 0), . . . , (0, 0, . . . , 1)) e uma base de Cn
como espaco vectorial complexo a base canonica de Cn sobre C. Logo, dim(CnC ) = n.
Tendo em conta que (z1 , z2 , . . . , zn ) = z1 (1, 0, . . . , 0)+z2 (0, 1, . . . , 0)+. . .+zn (0, 0, . . . , 1),
(z1 , z2 , . . . , zn ) = (z1 , z2 , . . . , zn )Bc .
d2) Seja n N.
Bc = ((1, 0, . . . , 0), (i, 0, . . . , 0), (0, 1, . . . , 0), (0, i, . . . , 0), . . . , (0, 0, . . . , 1), (0, 0, . . . , i)) e uma
base de Cn como espaco vectorial real a base canonica de Cn sobre R.
Logo,
dim(CnR ) = 2n.
Tendo em conta que (z1 , z2 , . . . , zn ) = z1 (1, 0, . . . , 0)+z2 (0, 1, . . . , 0)+. . .+zn (0, 0, . . . , 1) =
(a1 +b1 i)(1, 0, . . . , 0)+(a2 +b2 i)(0, 1, . . . , 0)+. . .+(an +bn i)(0, 0, . . . , 1) = a1 (1, 0, . . . , 0)+
b1 (i, 0, . . . , 0) + a2 (0, 1, . . . , 0) + b2 (0, i, . . . , 0) + . . . + an (0, 0, . . . , 1) + bn (0, 0, . . . , i),
(z1 , z2 , . . . , zn ) = (a1 + b1 i, a2 + b2 i, . . . , an + bn i) = (a1 , b1 , a2 , b2 , . . . , an , bn )Bc .
"
#
"
#
"
#
"
#
1 0
0 1
0 0
0 0
e) Sendo E11 =
, E12 =
, E21 =
, E22 =
,
0 0
0 0
1 0
0 1
Bc = (E11 , E12 , E21 , E22 ) e uma base de R22 a base canonica de R22 . Logo,
dim(R22 ) = 4.
"
Tendo em conta que
a b
"
1 0
"
0 1
=a
+b
c d
0 0
0 0
"
#
a b
aE11 + bE12 + cE21 + dE22 ,
= (a, b, c, d)Bc .
c d
f) Em R2 , consideremos o subespaco vectorial
"
+c
0 0
1 0
"
+d
0 0
0 1
#
=
Logo, E1 =< (1, 0, 1), (0, 1, 1) >. Os vectores (1, 0, 1), (0, 1, 1) sao linearmente independentes (nenhum e combinacao linear do outro). Por isso, B = ((1, 0, 1), (0, 1, 1))
e uma base de E1 e dim(E1 ) = 2.
h) Em R4 , consideremos o subespaco vectorial
H = {(x, y, z, w) : x y + 2z = 0, w x z = 0}.
(
x y + 2z = 0
wxz = 0
y = x + 2z
w = x+z
3.5
Matriz de Mudan
ca de Base
Definic
ao 41 Sejam E um espaco vectorial e B1 = (
e 1,
e 2, . . . ,
e n) e
M(B1 , B2 ) = .
.. . .
..
,
.
.
.
.
.
an1 an2 . . . ann
onde
e 1 = a11
u 1 + a21
u 2 + . . . + an1
un
e 2 = a12
u 1 + a22
u 2 + . . . + an2
un
.
..
.
e
= a
u +a
u + ... + a
u
n
1n
2n
45
nn
(3.1)
e1
e 2 ...
en =
u1
u 2 ...
u n P.
(3.2)
Se
x = x1
e 1 + x2
e 2 + . . . + xn
e n = x01
u 1 + x02
u 2 + . . . + x0n
u n , entao
x1
x01
h
i
i
x2 h
x02
e 1 e 2 ... e n
.. = u 1 u 2 . . . u n .. .
.
.
x0n
xn
x1
x01
0
x2
x
0
e X = .2 , vem
Pondo X =
.
.
.
.
.
x0n
xn
i
i
h
h
u1
u 2 ...
u n X0
e1
e 2 ...
en X =
h
i
h
i
(por (3.2)) ( u 1 u 2 . . . u n P )X = u 1 u 2 . . . u n X 0
h
i
h
i
(P
X)
=
u 1 u 2 ... u n
u 1 u 2 . . . u n X 0 P X = X 0.
Observac
ao
Se Q = M(B2 , B1 ) conclui-se, analogamente, que X = QX 0 . Como P X = X 0
X = P 1 X 0 (as n colunas de P , correspondentes `as coordenadas de cada vector da
base B1 relativamente a` base B2 , sao linearmente independentes. Por isso, c(P ) = n,
donde, P e invertvel), tem-se QX 0 = P 1 X 0 . A arbitrariedade de X 0 permite concluir
que Q = P 1 .
Exemplo
Em R3 , consideremos as bases B1 e B2 tais que B1 e a base canonica e
B2 = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)). De
(1, 0, 0) = 0(1, 1, 1) + 0(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0)
(0, 1, 0) = 0(1, 1, 1) + 1(1, 1, 0) + (1)(1, 0, 0) ,
(0, 0, 1) = 1(1, 1, 1) + (1)(1, 1, 0) + 0(1, 0, 0)
vem
M(B1 , B2 ) = 0
1 .
1 1 0
46
0 0
1
3
1
0 1 1 2 = 1 ,
1 1 0
1
1
pelo que, (3, 2, 1) = (1, 1, 1)B2 , ou seja, (3, 2, 1) = 1(1, 1, 1) + 1(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0).
Como
(1, 1, 1) = 1(1, 0, 0) + 1(0, 1, 0) + 1(0, 0, 1)
(1, 1, 0) = 1(1, 0, 0) + 1(0, 1, 0) + 0(0, 0, 1) ,
(1, 0, 0) = 1(1, 0, 0) + 0(0, 1, 0) + 0(0, 0, 1)
temos
1 1 1
M(B2 , B1 ) = 1 1 0 .
1 0 0
1 1 1
(Note-se que 1 1 0 = 0 1 1 , uma vez que
1 1 0
1 0 0
1 1 1
1 0 0
1 1 0 0 1 1 = 0 1 0 .)
0 0 1
1 1 0
1 0 0
Se
x = (1, 2, 3)B2 ,
1 1 1
1 1 0 2 = 3 ,
1
3
1 0 0
donde,
x = (6, 3, 1)B1 = (6, 3, 1).
47
Captulo 4
APLICAC
OES
LINEARES
Definic
ao 42 Sejam E e E0 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F. Uma
aplicacao f : E E0 diz-se linear se:
i)
x ,
y E f (
x +
y ) = f (
x ) + f (
y)
ii) F,
x E
f (
x ) = f (
x ).
Exemplos
1 Se E e E0 sao espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F, a aplicacao f : E E0
definida por f (
x ) = 0 E0 e linear (a aplicacao linear nula), uma vez que:
i) f (
x +
y ) = 0 E0 = 0 E0 + 0 E0 = f (
x ) + f (
y)
e
ii) f (
x ) = 0 E0 = 0 E0 = f (
x ).
i) f (
x +
y)=
x +
y = f (
x ) + f (
y)
ii) f (
x ) =
x = f (
x ).
3 A aplicacao f : R3 R2 tal que f (x, y, z) = (x + y + z, 2x y) e linear, uma
vez que:
i) f ((x1 , y1 , z1 ) + (x2 , y2 , z2 )) = f (x1 + x2 , y1 + y2 , z1 + z2 ) =
= ((x1 + x2 ) + (y1 + y2 ) + (z1 + z2 ), 2(x1 + x2 ) (y1 + y2 )) =
= ((x1 + y1 + z1 ) + (x2 + y2 + z2 ), (2x1 y1 ) + (2x2 y2 )) =
= (x1 + y1 + z1 , 2x1 y1 ) + (x2 + y2 + z2 , 2x2 y2 ) =
= f (x1 , y1 , z1 ) + f (x2 , y2 , z2 )
ii) f ((x, y, z)) = f (x, y, z) = (x + y + z, 2x y) =
= ((x + y + z), (2x y)) = (x + y + z, 2x y) = f (x, y, z).
49
a) f ( 0 E ) = 0 E0
b) f (
x ) = f (
x)
c) f (
x
y ) = f (
x ) f (
y ).
Demonstrac
ao
a) 0 E + 0 E = 0 E f ( 0 E + 0 E ) = f ( 0 E )
(f linear) f ( 0 E ) + f ( 0 E ) = f ( 0 E ) f ( 0 E ) + f ( 0 E ) f ( 0 E ) = f ( 0 E ) f ( 0 E )
f ( 0 E ) = 0 E0
b) f (
x )+f (
x ) = f (
x +(
x )) = f ( 0 E ) = 0 E0 (por (a)), logo, f (
x ) = f (
x)
c) f (
x
y ) = f (
x + (
y )) = f (
x ) + f (
y ) = f (
x ) f (
y ) (por (b)).
Proposic
ao 4.0.2 Se E e E0 sao espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F, uma
aplicacao f : E E0 e linear se e so se
, F,
x ,
y E f (
x +
y ) = f (
x ) + f (
y ).
50
f (
e i) =
u i.
i {1, 2, . . . , n}
Mais ainda,
se
x = a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n entao f (
x ) = a1
u 1 + a2
u 2 + + an
u n.
Demonstrac
ao
Seja f : E E0 definida por
f (a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n ) = a1
u 1 + a2
u 2 + + an
un
Provamos que
(a) f e linear
(i) f ((a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n ) + (b1
e 1 + b2
e 2 + + bn
e n )) =
= f ((a + b ) e + (a + b ) e + + (a + b ) e ) =
1
= (a1 + b1 )
u 1 + (a2 + b2 )
u 2 + + (an + bn )
un =
= (a1 u 1 + a2 u 2 + + an u n ) + (b1 u 1 + b2 u 2 + + bn
u n) =
= f (a
e +a
e + + a
e ) + f (b
e +b
e + + b
e )
1
(ii) f ((a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n )) = f ((a1 )
e 1 + (a2 )
e 2 + + (an )
e n) =
= (a ) u + (a ) u + + (a ) u = (a u + a u + + a u ) =
1
= f (a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n)
(b) i {1, 2, . . . , n} f (
e i) =
ui
f (
e i ) = f (0
e 1 +0
e 2 + +1
e i + +0
e n ) = 0
u 1 +0
u 2 + +1
u i + +0
un =
= u
i
(c) f e u
nica
Se g : E E0 e uma aplicacao linear tal que
i {1, 2, . . . , n} g(
e i) =
u i,
entao, dado
x E arbitrario, tem-se:
g(
x ) = 1 g(a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n ) = a1 g(
e 1 ) + a2 g(
e 2 ) + + an g(
e n) = 2
= a f (
e ) + a f (
e ) + + a f (
e ) = f (a
e +a
e ++a
e ) = f (
x ), logo,
1
f = g.
x = a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n , para certos escalares a1 , a2 , . . . , an , dado que B e uma base de E
2
g( e i ) = u i = f ( e i )
51
Observac
ao
Traduz a Proposicao 4.0.3 que uma aplicacao linear cujo domnio e um espaco vectorial de dimensao finita fica perfeitamente definida quando se conhecem as imagens dos
vectores de uma qualquer base desse mesmo domnio.
Exemplos
1 Consideremos a aplicacao linear : R2 R3 tal que
(1, 1) = (1, 0, 1) e (1, 0) = (0, 2, 1).
Determinamos a expressao geral de .
(x, y) = y(1, 1) + (x y)(1, 0) (x, y) = (y(1, 1) + (x y)(1, 0)) =
= y(1, 1)+(xy)(1, 0) = y(1, 0, 1)+(xy)(0, 2, 1) = (y, 0, y)+(0, 2x2y, xy) =
= (y, 2x 2y, x 2y).
2 Determinamos uma aplicacao linear g : R3 R3 tal que
g(1, 2, 3) = (0, 0, 0) e (1, 2, 3) g(R3 ).
facil mostrar que os vectores (1, 2, 3), (0, 1, 0), (0, 0, 1) constituem uma base de R3
E
(cf. com o Captulo 3). Entao, a aplicacao linear g : R3 R3 tal que
g(1, 2, 3) = (0, 0, 0), g(0, 1, 0) = (1, 2, 3)g(0, 0, 1) = (0, 0, 1),
e (x, y, z) = x(1, 2, 3) + (y 2x)(0, 1, 0) + (z 3x)(0, 0, 1)
g(x, y, z) = x(0, 0, 0)+(y2x)(1, 2, 3)+(z3x)(0, 0, 1) = (y2x, 2y4x, 9x+3y+z)
satisfaz as duas condicoes requeridas.
3 A aplicacao linear f : R2 R2 tal que f (1, 0) = (0, 1), f (0, 1) = (1, 0) e a
simetria do plano em relacao a` recta y = x. Com efeito, (x, y) R2 ,
f (x, y) = f (x(1, 0) + y(0, 1)) = xf (1, 0) + yf (0, 1) = x(0, 1) + y(1, 0) = (y, x).
4 A aplicacao linear h : R2 R2 tal que h(1, 0) = (0, 1), h(0, 1) = (1, 0) e a
rotacao do plano em torno da origem, no sentido directo, de um angulo de amplitude 2 .
Com efeito, (x, y) R2 ,
h(x, y) = h(x(1, 0) + y(0, 1)) = xh(1, 0) + yh(0, 1) = x(0, 1) + y(1, 0) = (y, x).
4.1
N
ucleo e Imagem. Classifica
c
ao de um Morfismo
Definic
ao 43 Seja f : E E0 uma aplicacao linear. Chama-se:
52
a) N
ucleo de f , e denota-se por N uc(f ) ou por Ker(f ), ao subconjunto de E
formado por todos os vectores cuja imagem por f e o vector nulo de E0 , ou seja,
N uc(f ) = {
x E : f (
x ) = 0 E0 }.
b) Imagem de f , e denota-se por Im(f ), ao contradomnio de f , isto e,
Im(f ) = {f (
x):
x E} = f (E).
Proposic
ao 4.1.1 Nas condicoes da definicao anterior, tem-se que:
a) N uc(f ) E
b) Im(f ) E0 .
Demonstrac
ao
a) (i) f ( 0 E ) = 0 E0 0 E N uc(f )
(ii) Sejam
x ,
y N uc(f ) e , F quaisquer. Por definicao, f (
x ) = f (
y ) = 0 E0 .
Tem-se,
f (
x +
y ) = f (
x )+f (
y ) = 0 E0 + 0 E0 = 0 E0 + 0 E0 = 0 E0
x +
y N uc(f ).
b) (i) f ( 0 E ) = 0 E0 0 E0 Im(f )
(ii) Sejam
u ,
v Im(f ) e , F quaisquer. Entao,
a , b E tais que
f (
a)=
u e f( b ) =
v . Tem-se,
u +
v = f (
a ) + f ( b ) = f (
a + b )
u +
v Im(f ).
Proposic
ao 4.1.2 Sejam E um espaco vectorial de dimensao finita, B = (
e 1,
e 2, . . . ,
e n)
uma base de E e f : E E0 uma aplicacao linear. Entao
Im(f ) =< f (
e 1 ), f (
e 2 ), . . . , f (
e n) > .
Demonstrac
ao
Vamos mostrar que qualquer vector de Im(f ) pode escrever-se como combinacao
Seja
y Im(f ). Entao,
x E tal que
y = f (
x ). Como B e uma base do espaco,
a1 , a2 , . . . , an F tais que x = a1 e 1 + a2 e 2 + + an
e n . Donde,
y = f (
x ) = f (a1
e 1 + a2
e 2 + + an
e n ) = a1 f (
e 1 ) + a2 f (
e 2 ) + + an f (
e n)
y < f (
e 1 ), f (
e 2 ), . . . , f (
e n) > .
53
Observac
ao
Se E e um espaco vectorial de dimensao finita e f : E E0 e uma aplicacao linear,
resulta imediatamente da proposicao 4.1.2 que Im(f ) tambem tem dimensao finita. Mais
ainda, dim(Im(f )) dim(E).
Por outro lado, como N uc(f ) E, tambem N uc(f ) tem dimensao finita e
dim(N uc(f )) dim(E).
Veremos adiante como se relacionam as dimensoes de N uc(f ), Im(f ) e E.
Definic
ao 44 Se E e um espaco vectorial de dimensao finita e f : E E0 e uma
aplicacao linear, `a dimensao de N uc(f ) chama-se nulidade de f , denotando-se por nf
e `a dimensao de Im(f ) chama-se caracterstica de f , e denota-se por cf .
Exemplos
1 Consideremos a aplicacao linear f : R3 R2 definida por
f (x, y, z) = (x+y +z, 2xy). Determinamos N uc(f ), Im(f ) e as dimensoes respectivas.
N uc(f ) = {(x, y, z) R3 : f (x, y, z) = (0, 0)} = {(x, y, z) R3 : (x+y+z, 2xy) = (0, 0)}
(
(
(
x+y+z = 0
x + 2x + z = 0
z = 3x
,
2x y = 0
y = 2x
y = 2x
donde,
N uc(f ) = {(x, 2x, 3x) : x R} = {x(1, 2, 3) : x R} =< (1, 2, 3) >
(1, 2, 3) 6= (0, 0, 0), pelo que, o gerador de N uc(f ) e linearmente independente e, por
isso, B = ((1, 2, 3)) e uma base de N uc(f ) e nf = 1.
Im(f ) = {f (x, y, z) : (x, y, z) R3 } = {(x + y + z, 2x y) : x, y, z R}
(x + y + z, 2x y) = (x, 2x) + (y, y) + (z, 0) = x(1, 2) + y(1, 1) + z(1, 0)
Im(f ) =< (1, 2), (1, 1), (1, 0) > Im(f ) = R2 e cf = 2
(porque, em R2 , tres vectores sao sempre linearmente dependentes mas quaisquer dois
geradores dos indicados para Im(f ) sao linearmente independentes).
Alternativamente, podemos usar a proposicao 4.1.2 para determinar Im(f ):
atendendo a que ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) e uma base de R3 , tem-se
Im(f ) =< f (1, 0, 0), f (0, 1, 0), f (0, 0, 1) >=< (1, 2), (1, 1), (1, 0) >= R2 .
2 Seja g : R3 R4 a aplicacao linear tal que g(x, y, z) = (xz, 0, y +2z, xy +z).
Determinamos N uc(g), Im(g), ng e cg .
N uc(g) = {(x, y, z) R3 : g(x, y, z) = (0, 0, 0, 0)} =
54
xz = 0
x = 0
0 = 0
y = 2z
y = 0 ,
y + 2z = 0
z + 2z + z = 0
z = 0
xy+z = 0
x = z
donde,
N uc(g) = {(0, 0, 0)} e ng = 0.
Im(g) =< g(1, 0, 0), g(0, 1, 0), g(0, 0, 1) >=< (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1), (1, 0, 2, 1) >
1 0 1 x
1 0 1 x
1 1 1 w
0 0
0
y
0 1
0
2 z
2 z
L2 L4 0 1
L2 =L2 L1
1 1 1 w
0 0
0 y
1 0 1
x
1 0 1
x
0 1 2 w x
0 1 2
wx
0 =L +L
L02 =L2 L1
L
3
2
2
z 3
4 z+wx
0 1
0 0
0 0
0
y
0 0
0
y
logo,
Im(g) = {(x, y, z, w) R4 : y = 0} e, atendendo a que a caracterstica da matriz e 3 , cg = 3.
Alternativamente,
Im(g) = {g(x, y, z) : (x, y, z) R3 } = {(x z, 0, y + 2z, x y + z) : x, y, z R} =
= {(x, 0, 0, x) + (0, 0, y, y) + (z, 0, 2z, z) : x, y, z R} =
= {x(1, 0, 0, 1) + y(0, 0, 1, 1) + z(1, 0, 2, 1) : x, y, z R}
Im(g) =< (1, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1), (1, 0, 2, 1) > .
A utilizacao do resultado que enunciaremos de seguida teria evitado alguns dos
calculos efectuados nestes dois exemplos.
Proposic
ao 4.1.3 (Teorema da Dimensao) Sejam E um espaco vectorial de dimensao finita e f : E E0 uma aplicacao linear. Entao,
dim(E) = dim(N uc(f )) + dim(Im(f ))
ou, abreviadamente,
dim(E) = nf + cf .
55
Demonstrac
ao
Sejam B1 = (
u 1,
u 2, . . . ,
u p ) (0 p dim(E)) uma base de N uc(f ) e
B = ( u 1 , u 2 , . . . , u p , e p+1 ,
e p+2 , . . . ,
e n ) uma base de E que contem B1 . Vamos
provar que B = (f ( e
), f ( e
), . . . , f (
e )) e uma base de Im(f ), de onde resultara
2
p+1
p+2
imediatamente a tese.
Seja
y Im(f ). Entao,
x E tal que
y = f (
x ).
Como B e uma base de E, a1 , a2 , . . . , ap , bp+1 , bp+2 , . . . , bn F tais que
x = a1
u 1 + a2
u 2 + + ap
u p + bp+1
e p+1 + bp+2
e p+2 + + bn
e n.
Donde,
y = f (
x ) = f (a1
u 1 + a2
u 2 + + ap
u p + bp+1
e p+1 + bp+2
e p+2 + + bn
e n) =
= a1 f (
u 1 ) + a2 f (
u 2 ) + + ap f (
u p ) + bp+1 f (
e p+1 ) + bp+2 f (
e p+2 ) + + bn f (
e n) = 3
e p+1 ) + bp+2 f (
e p+2 ) + + bn f (
e n) =
= a1 0 E0 + a2 0 E0 + + ap 0 E0 + bp+1 f (
= 0 E0 + 0 E0 + + 0 E0 + bp+1 f (
e p+1 ) + bp+2 f (
e p+2 ) + + bn f (
e n) =
= b f (
e
) + b f (
e
) + + b f (
e )
p+1
p+1
p+2
p+2
Im(f ) =< f (
e p+1 ), f (
e p+2 ), . . . , f (
e n) > .
f (1
e p+1 + 2
e p+2 + + np
e n ) = 0 E0
1
e p+1 + 2
e p+2 + + np
e n N uc(f ) 4
1 , 2 , . . . , p F : 1
e p+1 +2
e p+2 + +np
e n = 1
u 1 +2
u 2 + +p
up
u +
u + +
u
e
e
e = 0 5
1
p+1
p+2
np
1 = 2 = . . . = p = 1 = 2 = . . . = np = 0,
como queramos.
Definic
ao 45 Uma aplicacao linear f : E E0 diz-se um:
(i) monomorfismo se e injectiva;
(ii) epimorfismo se e sobrejectiva;
(iii) isomorfismo se e bijectiva;
(iv) endomorfismo se E0 = E;
(v) automorfismo se e um endomorfismo bijectivo.
Os vectores
u 1, . . . ,
u p pertencem a N uc(f ), logo, tem imagem nula
56
Proposic
ao 4.1.4 Uma aplicacao linear f : E E0 e um monomorfismo se e so se
N uc(f ) = { 0 E }.
Demonstrac
ao
x N uc(f ) f (
x ) = 0 E0 = 6 f ( 0 E ) 7
x = 0 E.
() Suponhamos que f (
x ) = f (
y ). Provamos que
x =
y , usando a hipotese
(N uc(f ) = { 0 E }).
f (
x ) = f (
y ) f (
x ) f (
y ) = 0 E0 f (
x
y ) = 0 E0
x
y N uc(f ) = { 0 E }
x
y = 0E
x =
y.
Observac
ao
Se f : E E0 e linear e E tem dimensao finita entao:
(i) f e um monomorfismo sse nf = 0;
(ii) f e um epimorfismo (Im(f ) = E0 ) sse cf = dim(E0 );
(iii) f e um isomorfismo sse nf = 0 e cf = dim(E0 ) = dim(E).
Proposic
ao 4.1.5 Sejam E e E0 espacos vectoriais com a mesma dimensao (finita)
e
f : E E0 uma aplicacao linear. Entao, f e um monomorfismo se e so se e um
epimorfismo.
Demonstrac
ao
Seja n = dim(E) = dim(E0 ). Pelo Teorema da Dimensao (Proposicao 4.1.3),
n = n f + cf .
f monomorfismo nf = 0 n = cf f epimorfismo.
Observac
ao
1 Resulta da Proposicao anterior que, para que uma aplicacao linear entre espacos
vectoriais com a mesma dimens
ao seja bijectiva, basta que seja injectiva ou sobrejectiva.
6
7
Pela Proposic
ao 4.0.1
f e injectiva
57
Proposic
ao 4.1.6 Seja f : E E0 uma aplicacao linear. Entao f transforma
vectores linearmente independentes em vectores linearmente independentes se e so se f
e um monomorfismo.
Demonstrac
ao
() Por hipotese, f transforma vectores linearmente independentes em vectores li
x N uc(f ) f (
x ) = 0 E0 f (
x ) linearmente dependente
independentes de E .
1 f (
e 1 ) + 2 f (
e 2 ) + + p f (
e p ) = 0 E0 f (1
e 1 + 2
e 2 + + p
e p ) = 0 E0
1
e 1 + 2
e 2 + + p
e p N uc(f ) = { 0 E } 1
e 1 + 2
e 2 + + p
ep= 0E
(
e ,...,
e linearmente independentes) = = . . . = = 0.
1
Observac
ao
Das Proposicoes 4.1.2 e 4.1.6 conclui-se que, se E e um espaco vectorial de dimensao
finita, B = (
e 1,
e 2, . . . ,
e n ) uma base de E e f : E E0 um monomorfismo, entao
B 0 = (f (
e ), f (
e ), . . . , f (
e )) e uma base de Im(f ), pelo que dim(Im(f )) = dim(E).
1
4.2
Soma, Multiplica
c
ao por Escalar, Composta e
Inversa de Aplica
c
oes Lineares
Proposic
ao 4.2.1 Sejam E e E0 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F, F,
f : E E0 e g : E E0 aplicacoes lineares. Entao as aplicacoes,
58
b) (f ) : E E0 definida por (f )(
x ) = f (
x ),
x E
sao lineares.
Demonstrac
ao
a) (f + g)(
x +
y ) = f (
x +
y ) + g(
x +
y)=8
= (f (
x ) + f (
y )) + (g(
x ) + g(
y )) = (f (
x ) + g(
x )) + (f (
y ) + g(
y )) =
= (f + g)(
x ) + (f + g)(
y)
b) tem prova analoga a a)
Proposic
ao 4.2.2 Sejam E, E0 e E00 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F,
g : E E0 e f : E0 E00 aplicacoes lineares. Entao (f g) : E E00 definida por
(f g)(
x ) = f (g(
x )),
x E e uma aplicacao linear.
Demonstrac
ao
(f g)(
x +
y ) = f (g(
x +
y )) = 9 f (g(
x ) + g(
y )) = 10
= f (g(
x )) + f (g(
y )) = (f g)(
x ) + (f g)(
y ).
Proposic
ao 4.2.3 Sejam E e E0 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F e
f : E E0 um isomorfismo. Entao f 1 : E0 E ainda e um isomorfismo.
Demonstrac
ao
A inversa de uma bijeccao e ainda uma bijeccao. Por outro lado,
f 1 (
x +
y ) = 11 f 1 (f (
a ) + f ( b )) = f 1 (f (
a + b )) =
= (f 1 f )(
a + b ) =
a + b = f 1 (
x ) + f 1 (
y ).
Donde, f 1 e um isomorfismo.
Observac
ao
De acordo com os dois resultados anteriores, podemos afirmar que a composta de duas
aplicacoes lineares ainda e linear e que a inversa de um isomorfismo e um isomorfismo.
8
f e g s
ao lineares
g e linear
10
f e linear
9
59
4.3
mensoes n e p respectivamente, B1 = (
e 1,
e 2, . . . ,
e n ) uma base (ordenada) de E,
0
0
0
B2 = ( e 1 , e 2 , . . . , e p ) uma base (ordenada) de E0 e f : E E0 uma aplicacao linear.
Entao, a matriz de f em relacao `as bases B1 e
a11
a21
M(f ; B1 , B2 ) =
..
.
B2 , M(f ; B1 , B2 ) , e
a12 . . . a1n
a22 . . . a2n
,
.. . .
..
. .
.
f (
e 1 ) = a11 e0 1 + a21 e0 2 + + ap1 e0 p
f (
e 2 ) = a12 e0 1 + a22 e0 2 + + ap2 e0 p
.
..
f (
e n ) = a1n e0 1 + a2n e0 2 + + apn e0 p
(4.1)
Observaco
es
1 As relacoes (4.1) podem ser traduzidas matricialmente da seguinte forma:
h
f (
e 1 ) f (
e 2 ) . . . f (
e n)
h
0
i
e 1 e0 2 . . . e0 p A,
onde A = M(f ; B1 , B2 ).
2 Tendo em conta a definicao de caracterstica de uma matriz, a Proposicao 4.1.2
e a forma como se constroi a matriz de uma aplicacao linear, e facil concluir que, se f e
linear e A e a matriz de f em relacao a certas bases, dim(Im(f )) = cf = c(A).
Exemplos
1 Sejam f : R2 R3 a aplicacao linear definida por f (x, y) = (2x, x y, 3y),
B1 = ((1, 0), (0, 1)), B2 = ((1, 1), (1, 2)) bases de R2 e B 0 1 = ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)),
B 0 2 = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)) bases de R3 . Escrevemos:
a) M(f ; B1 , B 0 1 )
f (1, 0) = (2, 1, 0) = 2(1, 0, 0) + 1(0, 1, 0) + 0(0, 0, 1)
f (0, 1) = (0, 1, 3) = 0(1, 0, 0) + (1)(0, 1, 0) + 3(0, 0, 1), logo,
2 0
M(f ; B1 , B 0 1 ) = 1 1 .
0
60
b) M(f ; B2 , B 0 2 )
f (1, 1) = (2, 0, 3) = 3(1, 1, 1) + (3)(1, 1, 0) + 2(1, 0, 0)
f (1, 2) = (2, 3, 6) = 6(1, 1, 1) + (9)(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0), logo,
3
6
M(f ; B2 , B 0 2 ) = 3 9 .
2
A = M(g; ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)), ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1))) = 1
0
1
1
2
0 .
1
x 1 +y 1 +z 0 = 1
0
2
1
0
1
2
xy
0 y = A y = x + y ,
1
z
z
2y + z
Como ja vimos, uma aplicacao linear fica perfeitamente definida quando se conhece
a sua expressao geral ou as imagens dos vectores de uma base do domnio. Outra forma
de a definir e a partir da sua matriz em relacao a bases previamente fixadas no domnio
e no espaco de chegada. Concretamente,
Proposic
ao 4.3.1 Sejam E e E0 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F,
B1 = (
e 1,
e 2, . . . ,
e n ) uma base (ordenada) de E, B2 = ( e0 1 , e0 2 , . . . , e0 p ) uma base
(ordenada) de E0 , f : E E0 uma aplicacao linear e A = M(f ; B1 , B2 ). Se X e a coluna
de coordenadas de
x E relativamente `a base B1 entao AX e a coluna de coordenadas
0
de f ( x ) E relativamente `a base B .
2
Demonstrac
ao
h
i
x =
e1
e 2 ...
en X
h
i
h
0
0
0 i
X
=
f (
x ) = f (
e 1) f ( e 2) . . . f ( e n)
e 1 e 2 . . . e p AX.
Exemplo
Seja f : R2 R3 a aplicacao linear cuja matriz em relacao a`s bases B1 = ((1, 1), (1, 2))
3
6
2
3
13
= 3 9
2
1
"
2
3
13
= 1 ,
1
logo,
f (1, 0) = 0(1, 1, 1) + 1(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0) = (2, 1, 0).
Analogamente,
(x, y) =
y+2x
(1, 1)
3
"
A
yx
(1, 2),
3
y+2x
3
yx
3
e
3
= 3 9
2
1
"
y+2x
3
yx
3
3y
= x 4y ,
x+y
logo,
f (x, y) = 3y(1, 1, 1) + (x 4y)(1, 1, 0) + (x + y)(1, 0, 0) = (2x, x y, 3y).
62
Proposic
ao 4.3.2 Sejam E e E0 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F, F,
f : E E0 e g : E E0 aplicacoes lineares, B1 uma base de E, B2 uma base de E0 .
Se A = M(f ; B1 , B2 ) e B = M(g; B1 , B2 ) entao
A + B = M(f + g; B1 , B2 ) e A = M(f ; B1 , B2 ).
Proposic
ao 4.3.3 Sejam E, E0 e E00 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F,
f : E E0 e g : E0 E00 aplicacoes lineares, B1 uma base de E, B2 uma base de E0 , B3
uma base de E00 .
Se A = M(f ; B1 , B2 ) e B = M(g; B2 , B3 ) entao
BA = M(g f ; B1 , B3 ).
Proposic
ao 4.3.4 Sejam E e E0 espacos vectoriais sobre um mesmo corpo F,
f : E E0 um isomorfismo, B1 uma base de E, B2 uma base de E0 .
Se A = M(f ; B1 , B2 ) entao
A1 = M(f 1 ; B2 , B1 ).
Exemplo
Sejam f1 : R2 R3 , f2 : R2 R3 , g : R3 R3 as aplicacoes lineares definidas por
f1 (x, y) = (2x, x y, 3y) , f2 (x, y) = (x + 2y, y, 0) , g(x, y, z) = (x + y, y z, x z),
B1 = ((1, 0), (0, 1)) a base canonica de R2 e B2 = ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) a base
canonica de R3 .
1 2
1 1 0
B = M(g; B2 , B2 ) = 0 1 1 . Entao:
1 0 1
M(f1 + f2 ; B1 , B2 ) = A1 + A2 = 1 2 ,
0 3
e
63
"
(A1 + A2 )
3x + 2y
10
M(5f1 ; B1 , B2 ) = 5A1 = 5
0
5 ,
15
e
"
(5A1 )
x
y
10x
3 1
M(g f1 ; B1 , B2 ) = BA1 = 1 4 ,
2 3
e
"
(BA1 )
x
y
3x y
Vamos agora obter estes mesmos resultados usando as expressoes gerais das funcoes
dadas:
(f1 +f2 )(x, y) = f1 (x, y)+f2 (x, y) = (2x, xy, 3y)+(x+2y, y, 0) = (3x+2y, x2y, 3y),
(gf1 )(x, y) = g(f1 (x, y)) = g(2x, xy, 3y) = (2x+xy, xy3y, 2x3y) = (3xy, x4y, 2x3y).
Finalmente, verificamos se g e um automorfismo de R3 . Tendo em conta que cg = c(B)
e c(B) = 3 (confirmar), g e um epimorfismo, logo, um isomorfismo.
12
64
1
2
1
2
1
2
M(g 1 ; B2 , B2 ) = B 1 =
B 1 y =
z
1
x
2
1
x
2
1
x
2
21 y + 12 z
12
1
2
12
1
2
21 , e
21
1 1 1
1 1 1
1 1
1
+ 12 y 12 z g 1 (x, y, z) = ( x y+ z, x+ y z, x y z),
2
2 2 2
2 2 2
2 2
21 y 21 z
1 1 1
M(g 1 ; B2 , B2 ) = B 1 = 21 1 1 1 , e
1 1 1
xy+z
x
1
1
B 1 y = x + y z g 1 (x, y, z) = (x y + z, x + y z, x y z).
2
2
xyz
z
Invertemos g a partir da sua expressao geral:
x+y = u
g(x, y, z) = (u, v, w) (x + y, y z, x z) = (u, v, w)
yz = v
xz = w
u
1 1 0 u
1 1
0
0 1 1
v
0 1 1 v
0
0
1 0 1 w
1 1
0
0
1 1
L3 =L3 L1
u
v
0 1 1 w u
1 1 0
01 0 1 1
L3 = 2 L3
L3 =L3 +L2
0
L2 =L2 +L3
0 0 1 12 (u v w)
1 0
u
1 0 0 12 (u v + w)
0 1 0 12 (u + v w) , donde,
1 0 12 (u + v w)
0
L1 =L1 L2
0 0 1 12 (u v w)
0 0 1 12 (u v w)
x = 2 (u v + w)
y = 12 (u + v w) .
z = 12 (u v w)
0 2 w u + v
Assim,
1
1
1
g 1 (u, v, w) = ( (u v + w), (u + v w), (u v w))
2
2
2
1
g 1 (x, y, z) = (x y + z, x + y z, x y z).
2
65
4.3.1
Rela
c
ao entre as diferentes Matrizes de uma Aplicac
ao
Linear
E0
(B 0 1 )
(B1 )
Q 1E
1E0 P
f
E0
(B 0 2 )
(B2 )
Como,
f = 1E0 f 1E ,
M(f ; B2 , B 0 2 ) = M(1E0 ; B 0 1 , B 0 2 )M(f ; B1 , B 0 1 )M(1E ; B2 , B1 ),
ou seja,
B = P AQ.
66
Exemplo
Vimos num exemplo anterior que, dadas a aplicacao linear f : R2 R3 definida
por f (x, y) = (2x, x y, 3y), B1 = ((1, 0), (0, 1)), B2 = ((1, 1), (1, 2)) bases de R2 e
B 0 1 = ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)), B 0 2 = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)) bases de R3 ,
2 0
3
6
A = M(f ; B1 , B 0 1 ) = 1 1 , B = M(f ; B2 , B 0 2 ) = 3 9 .
0 3
2
1
Vamos obter B, a partir de A e de matrizes de mudanca de base convenientes. Tem-se,
A
R2
R3
(B 0 1 )
(B1 )
Q 1R2
1R3 P
f
R2
R3
(B 0 2 )
(B2 )
"
Q = M(B2 , B1 ) =
1 1
1
#
,
P = M(B 0 1 , B 0 2 )
e,
(1, 0, 0) = 0(1, 1, 1) + 0(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0)
(0, 1, 0) = 0(1, 1, 1) + 1(1, 1, 0) + (1)(1, 0, 0) ,
(0, 0, 1) = 1(1, 1, 1) + (1)(1, 1, 0) + 0(1, 0, 0)
donde,
1 .
1 1 0
"
#
"
#
0 0
1
2 0
0 3
3
6
1 1
1 1
= 1 4
= 3 9 .
B = P AQ = 0 1 1 1 1
1 2
1 2
1 1 0
0 3
1 1
2
1
P = 0
Caso Particular
Sejam f : E E um endomorfismo de E, B1 , B2 duas bases de E, A = M(f ; B1 , B1 )
e B = M(f ; B2 , B2 ). Entao B = P 1 AP porque, se P = M(B2 , B1 ), P 1 = M(B1 , B2 )
(cf. com o Captulo 3).
Definic
ao 48 Sejam A e B matrizes do tipo n n com entradas num corpo F.
Diz-se que A e B sao semelhantes se existe uma matriz invertvel P Fnn tal que
B = P 1 AP .
67
0 1
A= 0
1 0
1 .
1
Determinamos a matriz de B, de g, em relacao `a base B 0 = ((1, 0, 1), (0, 1, 1), (0, 0, 1)),
usando matrizes de mudanca de base.
1 0 0
1
0 0
1 0 1
1 0 0
B= 0
1 0 0 1 1 0 1 0 =
1 1 1
1 0 1
1
0
1 0 0
1
0 1
= 0
1
1 0 1 0 = 1
1
1 1 1
2 1 1
1 1
1 1
1 .
1
2
0
g(x, y, z) =
xz
0 1
0 1
1 0
1 y =
1
z
y + z = (x z, y + z, x + z).
x + z
g(1, 0, 1) = (0, 1, 0) = 0(1, 0, 1) + 1(0, 1, 1) + (1)(0, 0, 1),
(1, 0, 0) (0, 1, 0) (0, 0, 1)
0 1 1
B = M(g; B 0 , B 0 ) = 1
2
1 .
1
Terminamos este Captulo com uma
68
Observac
ao
Se E e E0 sao espacos vectoriais sobre o corpo F, o conjunto de todas as aplicacoes
lineares de E para E0 , que se denota por L(E, E0 ), e um espaco vectorial sobre F, para
as operacoes de adicao e de multiplicacao por um escalar definidas na seccao 2 deste
Captulo.
Se E e E0 tem dimensao finita, digamos dim(E) = n e dim(E0 ) = m, e fixando uma
base B em E e uma base B 0 em E0 , existe um isomorfismo natural entre L(E, E0 ) e Fmn :
a funcao (linear) que a cada aplicacao linear de E em E0 faz corresponder a sua matriz
em relacao a`s bases B e B 0 .
69
Captulo 5
VECTORES e VALORES
PROPRIOS
5.1
Definic
ao e Exemplos
Definic
ao 49 Sejam E um espaco vectorial sobre o corpo F e f : E E um endo
morfismo de E. Um vector
v E diz-se um vector pr
oprio de f , associado ao valor
pr
oprio F, quando:
i)
v 6= 0
ii) f (
v ) =
v.
Definic
ao 50 Sejam E um espaco vectorial sobre o corpo F e f : E E um endomorfismo de E. Ao conjunto de todos os valores proprios de f da-se o nome de espectro
de f .
Exemplos
1 Seja f o endomorfismo de R2 definido por
f (x, y) = (x, y).
Determinamos os vectores proprios de f e os (
valores proprios associados.
(
x = x
x( + 1) = 0
f (x, y) = (x, y) (x, y) = (x, y)
y = y
y( 1) = 0
Se x = y = 0, (x, y) = (0, 0) nao e vector proprio de f .
Se x = 0, y 6= 0, = 1, pelo que (0, y) e vector proprio de f associado ao valor proprio
1, para qualquer y R \ {0}.
71
a = b
a = 2 a
(
b = a
a(2 1) = 0
Se a = 0 entao b = 0 e (a, b) = (0, 0) nao e vector proprio de g.
Se a 6= 0 entao 2 = 1 = 1 ou = 1.
Quando = 1, b = a pelo que, (a, a) e vector proprio de g associado ao valor
proprio (1), para qualquer a R \ {0}.
Quando = 1, b = a pelo que, (a, a) e vector proprio de g associado ao valor proprio
1, para qualquer a R \ {0}.
O espectro de g e {1, 1}.
Observac
ao
Um endomorfismo de R2 pode ser interpretado geometricamente como uma transformacao do plano. As direcc
oes dos vectores pr
oprios respectivos sao as direcc
oes
principais da transformacao.
Relativamente aos dois exemplos anteriores, f e a simetria em relacao a` recta x = 0
(o eixo dos yy) e as suas direccoes principais sao os eixos coordenados e g e a simetria
em relacao a` recta y = x, sendo as rectas y = x e y = x as suas direccoes principais.
De seguida, enunciamos um resultado muito u
til, que permite determinar facilmente
os vectores e os valores proprios de um endomorfismo de um espaco vectorial de dimensao
finita.
Proposic
ao 5.1.1 Sejam E um espaco vectorial sobre F de dimensao finita n, B
uma sua base, f um endomorfismo de E e A = M(f ; B, B). Entao:
1) e valor proprio de f se e so se det(A In ) = 0.
2) Se 0 e um valor proprio de f , os vectores proprios de f associados a 0 sao os
vectores cujas coordenadas, em relacao `a base B, sao as solucoes nao nulas do sistema
homogeneo (indeterminado) (A 0 In )X = 0.
72
Demonstrac
ao
1) e valor proprio de f
x 0 E \ { 0 } tal que f (
x 0 ) =
x0
1 X0 Fn1 \ {0} tal que AX0 = X0
X0 Fn1 \ {0} tal que AX0 X0 = 0
X0 Fn1 \ {0} tal que (A In )X0 = 0
o sistema homogeneo (A In )X = 0 e indeterminado (tem solucao nao nula)
det(A In ) = 0.
2) Se 0 e valor proprio de f e X0 e uma solucao nao nula do sistema (A0 In )X = 0
entao (A 0 In )X0 = 0, ou seja, AX0 = 0 X0 .
Seja
x 0 E o vector cuja coluna de coordenadas em relacao a` base B e X0 . Como
X0 6= 0,
x 0 6= 0 e AX0 = 0 X0 f (
x 0 ) =
x 0 , donde,
x 0 e um vector proprio de f
associado a 0 .
Definic
ao 51 Nas condicoes da Proposicao 5.1.1, o polinomio p() = det(A In )
chama-se polin
omio caracterstico de A e a equacao det(A In ) = 0 e a equa
c
ao
caracterstica de A. As solucoes da equacao caracterstica que pertencam ao corpo F
(ou seja, as razes do polinomio caracterstico em F) sao os valores proprios de f e da
matriz A. Os vectores coluna correspondentes `as coordenadas, em relacao `a base B, dos
vectores proprios de f sao os vectores proprios de A.
Observac
ao
Atendendo a que o polinomio caracterstico de A, p() = det(AIn ), e um polinomio
de grau n e que um polinomio de grau n tem, no maximo, n razes, conclui-se que f tem,
no maximo, n valores proprios.
Proposic
ao 5.1.2 Sejam E um espaco vectorial de dimensao finita n, B e B 0 duas
bases de E, f um endomorfismo de E, A = M(f ; B, B) e A0 = M(f ; B 0 , B 0 ). Entao o polinomio caracterstico de A coincide com o de A0 e designa-se por polinomio caracterstico
de f .
Demonstrac
ao
Tendo em conta a relacao entre duas matrizes de um endomorfismo (cf. com o
Captulo 4), A0 = P 1 AP para certa matriz regular P (matriz de mudanca de base).
Tem-se:
det(A0 In ) = det(P 1 AP In ) = det(P 1 AP P 1 In P ) =
1
X0 e a coluna de coordenadas de
x 0 na base B
73
1
det(P ) = det(A In ).
det(P )
Observac
ao
Resulta desta proposicao que, matrizes semelhantes tem os mesmos valores proprios.
Definic
ao 52 Seja p() o polinomio caracterstico de um endomorfismo f de um
espaco vectorial de dimensao finita. Seja 0 F uma raz de p() (isto e, um valor
proprio de f ). A multiplicidade alg
ebrica de 0 , que se denota por ma (0 ), e a
multiplicidade de 0 enquanto raz de p().
Mais precisamente, se p() = ( 0 )k q(), onde q() e um polinomio que nao
admite a raz 0 , ma (0 ) = k.
Exemplos
1 Seja f o endomorfismo de R3 definido por
f (x, y, z) = (3x + y z, 7x + 5y z, 6x + 6y 2z).
Determinamos os valores proprios de f e os vectores proprios associados.
Primeiramente, escrevemos a matriz A, de f , em relacao `a base canonica de R3 .
f (1, 0, 0) = (3, 7, 6), f (0, 1, 0) = (1, 5, 6), f (0, 0, 1) = (1, 1, 2), logo,
3 1 1
A = 7 5 1 .
6 6 2
A I3 =
6
6
2
3
1
1
p() = |A I3 | = 7
5
1
6
6
2
74
1 1 1
1 1 1
L0 =L2 7L1
A (2)I3 = 7 7 1 20 0 0 6
0
6 6
1 1 1
1 1 1
L3 =L3 L2
1 1 0
0
6 01 0 0 1
0
L1 =L1 +L2
L2 = 6 L2
0 0
0
0 0 0
(
(
x + y = 0
y = x
,
z = 0
z = 0
0
0
L3 =L3 L2
L3 =L3 6L1
0 1
0 0
logo, os vectores proprios associados a = 2 sao os vectores da forma (x, x, 0), com
x 6= 0.
Vectores proprios associados a = 4 (resolvemos o sistema (A 4I3 )X = 0):
7
1
1
7 1 1
L03 = 61 L3
0 0 0
A 4I3 = 7 1 1
0
1 1 1
0
L3 L1
0 0
L3 =L3 7L1
7 1 1
1 1
1 1
0
0 0 1
1 0
L03 = 6 L3
0 1
L3 L2
1
(
L3 L1
L2 =L2 L1
6 6 6
0
x = 0
y + z = 0
0
(
1 1 1
1
0 01
L3 = 6 L3
0 6 6
1
1 0 0
0 1 1
1
0
L1 =L1 +L2
0
0
0 0
0
x = 0
z = y
logo, os vectores proprios associados a = 4 sao os vectores da forma (0, y, y), com
y 6= 0.
2 Seja g o endomorfismo de R3 cuja matriz, em relacao `a base
B = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)), e
1 0
A = 1
0
2
1
75
1 .
1
1 1
0
A I3 = 1 2
1
0
1 1
0
p() = |A I3 | = 1 2
1
0
1
1
1 0
1 1 0
0
1
L02 =L2 +L1
0
1 1
(
(
xy = 0
x
y+z = 0
z
A 0I3 = A = 1
1 1 0
0
1
L03 =L3 L2
1
0
1
1
= y
= y
1
0
1 0
0
1 0
L03 =L3 +L2
1 0
0
1
(
(
x + y + z = 0
z = x
,
y = 0
y = 0
A 1I3 = 1
1 0
L1 L2
0
0
2 1
A 3I3 = 1 1
0
1 1
1 2 1 0 0
L1 L2
L2 =L2 2L1
2
0
1 2
1 1
0 0
L2 =L2 2L1
1 1
0
2
0
L3 =L3 L2
2
0
76
1
0
2
0
1 0
0 0
x y + z = 0
y 2z = 0
x = z
y = 2z
1 2 0 1
0 1 1 0
.
A=
0
0
1
2
0 0 0 2
Calculamos os valores proprios de h e os vectores proprios associados.
1
2
0
1
1
0
A I4 =
0
0
1
0
0
0
2
1
2
0
1
0
1
1
0
p() = |A I4 | =
=
0
1 2
0
0
0
0
2
= (1 )(1 )(1 )(2 ).
Os valores proprios de h sao 1, 1 e 2, sendo ma (1) = ma (2) = 1 e ma (1) = 2.
Para = 1:
0
A(1)I4 =
0
2 0 1
2 2 0 1
2 2 0 1
0
0 0 1 0 0 0 1 0
0
3
0 2 2
L3 =L3 2L2 0 0 0 2 L04 =L4 + 2 L3 0 0 0 2
0 0 3
0 0 0 3
0 0 0 0
2x
+
2y
w
=
0
y = x
,
z = 0
z = 0
2w = 0
w = 0
0 1
1 0
0 0
"
+ (x)
0 1
0 0
"
=
77
x x
0
#
, com x 6= 0.
Para = 1:
0 2 0 1
0 2 1 0 L03 = 12 L3
A 1I4 =
0 =L +L
L
2
1
0
0
0
2
2
0 0 0 1
0 2 0 1
0 2 0 1
0 0 1 1
0 0 1 1
0
0 0 0 1
L4 =L4 L3 0 0 0 1
0 0 0 0
0 0 0 1
2y
w
=
0
y = 0
zw = 0
z = 0 ,
w = 0
w = 0
logo, os vectores proprios associados a = 1 sao os vectores da forma
"
x
1 0
0 0
Para = 2:
"
=
x 0
, com x 6= 0.
0 0
0 3 1
0
A 2I4 =
0 1 2
0
0
0
0
0
7
x + 2y w = 0
x = 2y w
x = 3w
3y + z = 0
y = 31 z
y = 23 w ,
z 2w = 0
z = 2w
z = 2w
7
( w)
3
"
1 0
0 0
2
+ ( w)
3
"
0 1
0 0
"
+ (2w)
0 0
1 0
"
+w
0 0
0 1
"
=
73 w 23 w
2w
#
,
com w 6= 0.
5.2
Subespacos Pr
oprios
Proposic
ao 5.2.1 Sejam E um espaco vectorial sobre o corpo F, f : E E um
endomorfismo de E e F. Entao o conjunto
E = {
x E : f (
x ) =
x}
e um subespaco vectorial de E.
78
Demonstrac
ao
(i) f ( 0 ) = 0 = 0 0 E
(ii) Sejam , F e
x ,
y E . Provamos que
x +
y E
f (
x +
y ) = f (
x ) + f (
y ) = 2 (
x ) + (
y ) = (
x +
y)
x +
y E .
Observac
ao
E 6= { 0 } se e so se e um valor proprio de f .
Definic
ao 53 Nas condicoes da Proposicao 5.2.1, se 0 e um valor proprio de f o
subespaco E0 , formado pelo vector nulo e por todos os vectores proprios associados a
0 , chama-se subespa
co pr
oprio associado ao valor pr
oprio 0 .
Se E tem dimensao finita, a dimensao de E0 designa-se por multiplicidade geom
etrica do valor pr
oprio 0 e denota-se por mg (0 ).
Proposic
ao 5.2.2 Sejam E um espaco vectorial de dimensao finita sobre o corpo F,
f : E E um endomorfismo de E e 0 F um valor proprio de f . Entao
1 mg (0 ) ma (0 ).
Demonstrac
ao
Seja 0 F um valor proprio de f , n = dim(E), k = dim(E0 ) = mg (0 ) e
B0 = (
u 1, . . . ,
u k ) uma base de E0 .
Seja B = ( u , . . . ,
u ,
e
,...,
e ) uma base de E que contem a base B
1
k+1
Entao,
...
A = M(f ; B, B) =
0
..
.
0 . . .
.. . .
.
.
0
..
.
A1,2
. . . 0
0 0 ... 0
0
..
.
0 ...
.. . .
.
.
0
..
.
0 0 ... 0
por hip
otese, f (
x ) =
x , f (
y ) =
y
79
A2,2
de E0 .
Observac
ao
Resulta da proposicao anterior que, se ma (0 ) = 1 (isto e, se 0 e uma raz simples
do polinomio caracterstico) entao mg (0 ) = 1.
5.3
Endomorfismos Diagonaliz
aveis
Proposic
ao 5.3.1 Sejam E um espaco vectorial sobre F, f : E E um endomorfismo de E e 1 , 2 , . . . , k F valores proprios de f , distintos dois a dois. Se
u 1,
u 2, . . . ,
u k sao vectores proprios de f associados a 1 , 2 , . . . , k , respectivamente,
entao u , u , . . . ,
u sao linearmente independentes.
1
Demonstrac
ao
A prova e feita por inducao em k.
Se k = 1,
u 1 e linearmente independente uma vez que e nao nulo (um vector proprio
Sejam
u 1,
u 2, . . . ,
u k vectores proprios de f associados aos valores proprios
1 , 2 , . . . , k , respectivamente, onde i 6= j para quaisquer i, j {1, 2, . . . , k}, i 6= j.
Suponhamos que
Entao,
1
u 1 + 2
u 2 + + k
uk = 0
f (1
u 1 + 2
u 2 + + k
u k) = f ( 0 )
1 f (
u 1 ) + 2 f (
u 2 ) + + k f (
u k) = 0 3
f (
u i ) = i
ui
80
(5.1)
1 (1
u 1 ) + 2 (2
u 2 ) + + k (k
u k) = 0
(5.2)
1 1
u 1 + 2 1
u 2 + + k 1
uk = 0
(5.3)
2 (2 1 )
u 2 + + k (k 1 )
uk = 0 4
2 (2 1 ) = . . . = k (k 1 ) = 0
Como i {2, . . . , n}, i 6= 1 ,
2 = . . . = k = 0.
Substituindo, em (5.1), 2 , . . . , k por 0 vem
1
u 1 = 0 5 1 = 0.
Definic
ao 54 Sejam E um espaco vectorial de dimensao finita e f um endomorfismo
de E. Diz-se que f e diagonalizavel se existe uma base de E em relacao `a qual a matriz
de f e diagonal.
Proposic
ao 5.3.2 Sejam E um espaco vectorial de dimensao finita n e f um endomorfismo de E. Entao sao equivalentes:
(i) f e diagonalizavel
(ii) existe uma base de E formado por vectores proprios de f
(iii) a soma das multiplicidades geometricas dos valores proprios de f e igual a n.
A prova deste resultado e muito simples e fica ao cuidado do leitor.
Exemplos
Averiguamos se os endomorfismos seguintes sao diagonalizaveis e, em caso afirmativo,
escrevemos a matriz diagonal que os representa, relativamente a uma certa base do espaco
(formada por vectores proprios desses mesmos endomorfismos).
1 f : R2 R2 tal que f (x, y) = (x + y, 3x y)
4
por hip
otese de induc
ao,
u 2, . . . ,
u k s
ao linearmente independentes, pois sao k 1 vectores proprios
associados a k 1 valores pr
oprios distintos
5
u 1 6= 0
81
1
1
|AI2 | =
3
1
"
A I2 =
3 1
= (1)(1)3 = 2 13 = 2 4 = (+2)(2)
"
A 2I2 =
"
0
1 1
0
L2 =L2 +3L1
x + y = 0 y = x,
logo,
E2 = {(x, x) : x R} = {x(1, 1) : x R} =< (1, 1) >
Para = 2:
"
A (2)I2 =
3 1
3 1
"
0
L2 =L2 L1
3 1
0 0
3x + y = 0 y = 3x,
donde,
E2 = {(x, 3x) : x R} = {x(1, 3) : x R} =< (1, 3) >
Como vectores proprios de f associados a valores proprios distintos sao linearmente
independentes, os vectores (1, 1) e (1, 3) formam uma base de R2 , Bvp = ((1, 1), (1, 3)).
Tem-se,
f (1, 1) = 2(1, 1) = 2(1, 1) + 0(1, 3) e f (1, 3) = (2)(1, 3) = 0(1, 1) + (2)(1, 3),
logo,
"
D = M(f ; Bvp , Bvp ) =
0 2
#
.
Vamos confirma-lo.
"
P = M(Bvp , Bc ) =
1 3
"
1
4
, P 1 = M(Bc , Bvp ) =
3
4
1
4
14
e
"
P 1 AP =
3
4
1
4
1
4
14
#"
#"
3 1
1 3
"
=
#"
1
4
3
4
1
4
41
2 2
2
"
0 2
= D.
1 0
2 1
1
0
|A I2 | =
2
1
"
A I2 =
= (1 )(1 ) = (1 )2 ,
"
A 1I2 =
0 0
2 0
"
2 0
0 0
L2 L1
#
2x = 0 x = 0,
pelo que,
E1 = {(0, y) : y R} = {y(0, 1) : y R} =< (0, 1) > mg (1) = 1
e g nao e diagonalizavel.
3 h : R3 R3 tal que h(x, y, z) = (x 3y + 3z, 3x 5y + 3z, 6x 6y + 4z)
h(1, 0, 0) = (1, 3, 6) , h(0, 1, 0) = (3, 5, 6) e h(0, 0, 1) = (3, 3, 4),
logo,
1 3 3
A = M(h; Bc , Bc ) = 3 5 3 A I3 =
6 6 4
1
3
3
|A I3 | = 3
5
3
6
6
4
83
3 3 3
A 4I3 = 3
6
12 6
L03 =L3 L2
12 6
1 1 1
L01 = 31 L1
12 6 01 0 2 1
L3 =L3 L2
L2 = 6 L2
0
0 0
0
0 0
(
(
x y + z = 0
x = y
,
2y + z = 0
z = 2y
0
0
donde,
E4 = {(y, y, 2y) : y R} = {y(1, 1, 2) : y R} =< (1, 1, 2) >
Para = 2:
3 3 3
3 3 3
L0 =L3 2L1
A (2)I3 = 3 3 3 30 0
L2 =L2 L1
6 6 6
0
0
0
1 1 1
0 01 0
L1 = 3 L1
0
0
0
0
0
0
x y + z = 0 x = y z,
donde,
E2 = {(yz, y, z) : y, z R} = {y(1, 1, 0)+z(1, 0, 1) : y, z R} =< (1, 1, 0), (1, 0, 1) >
e h e diagonalizavel.
Como vectores proprios de h associados a valores proprios distintos sao linearmente
independentes, Bvp = ((1, 1, 2), (1, 1, 0), (1, 0, 1)) e uma base de R3 formada por vectores
proprios de h.
0
2
1 1 1
P = M(Bvp , Bc ) = 1 1
0
1
2 0
e
12
1
2
A I2 =
P 1 = M(Bc , Bvp ) = 12
3
2
12 .
0
"
1
2
1 0
1
p() = |A I2 | =
1
= 2 + 1,
logo, f nao tem qualquer valor proprio (uma vez que o polinomio caracterstico de f nao
razes reais).
Se, no entanto, fe for o endomorfismo do espaco vectorial complexo C2 , cuja matriz
em relacao a` base canonica de C2 e
"
A=
#
,
1 0
entao fe tem dois valores proprios: = i e = i que, por serem razes simples de p(),
permitem imediatamente concluir que fe e diagonalizavel.
Determinamos uma base para cada subespaco proprio de fe.
Para = i:
"
A iI2 =
"
0
1 i
i 1
0
L2 =L2 +iL1
#
ix + y = 0 y = ix,
pelo que,
Ei = {(x, ix) : x C} = {x(1, i) : x C} =< (1, i) >
Para = i:
"
A + iI2 =
1 i
"
0
L2 =L2 iL1
i 1
0 0
#
ix + y = 0 y = ix,
pelo que,
Ei = {(x, ix) : x C} = {x(1, i) : x C} =< (1, i) >
85
Os vectores (1, i) e (1, i) formam uma base de C2 , Bvp = ((1, i), (1, i)). Tem-se,
fe(1, i) = i(1, i) = i(1, i) + 0(1, i) e fe(1, i) = i(1, i) = 0(1, i) + (i)(1, i),
logo,
"
D = M(fe; Bvp , Bvp ) =
0 i
#
.
Observac
ao
1 Se f e um endomorfismo de um espaco vectorial E, de dimensao n, com n valores
proprios distintos entao f e diagonalizavel.
Com efeito, como a multiplicidade algebrica de cada valor proprio e 1, a multiplicidade
geometrica respectiva tambem e 1. Por isso, a soma das multiplicidades geometricas dos
n valores proprios de f e igual a n, ou seja, existe uma base de E formada por vectores
proprios de f .
2 Como C e um corpo algebricamente fechado (o que significa que, todo o polinomio
de grau n 1 com coeficientes complexos tem, exactamente, n razes (iguais ou distintas)
em C), todas as razes do polinomio caracterstico de um endomorfismo de um espaco
vectorial complexo sao valores proprios desse endomorfismo (o que ja nao acontece com
endomorfismos de espacos vectoriais reais ou racionais).
Definic
ao 55 Uma matriz A, quadrada de ordem n, diz-se diagonaliz
avel se for
semelhante a uma matriz diagonal, isto e, se existem matrizes P e D, quadradas de
ordem n, com P invertvel e D diagonal, tais que D = P 1 AP .
Se P e uma matriz tal que P 1 AP e diagonal, diz-se que P e uma diagonalizadora
de A.
Observac
ao
Do que foi visto anteriormente para endomorfismos conclui-se que, se A e uma matriz
quadrada de ordem n, A e diagonalizavel se e so se tem n vectores proprios linearmente
independentes. Uma matriz P , diagonalizadora de A, tem por colunas as coordenadas
dos vectores proprios de A linearmente independentes. Se P e uma matriz diagonalizadora de A e D = P 1 AP , os elementos diagonais de D sao os valores proprios de A
correspondentes `as colunas de P .
86